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POLÍCIA

FEDERAL
Agente de Polícia Federal
Volume I
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com
base no Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

FV101-A-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Federal

Cargo: Agente de Polícia Federal

Atualizado até 03/2018

(Baseado no Edital Nº 55/2014 – DGP/DPF, de 25 De Setembro de 2014)

Volume I
• Língua Portuguesa • Noções de Informática
• Atualidades • Raciocínio Lógico
• Noções de Administração

Volume II
• Noções de Contabilidade • Noções de Economia
• Noções de Direito Penal • Noções de Direito Processual Penal
• Noções de Direito Administrativo • Noções de Direito Constitucional
• Legislação Especial

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Julia Antoneli
Mirian Astorga

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1 Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. ......................................................................................................... 83


2 Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. ......................................................................................................................................... 86
3 Domínio da ortografia oficial. ..............................................................................................................................................................................
4 Domínio dos mecanismos de coesão textual. .......................................................................................................................................... 44
4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de se-
quenciação textual. ........................................................................................................................................................................................... 44
4.2 Emprego de tempos e modos verbais. ...................................................................................................................................................
5 Domínio da estrutura morfossintática do período. ................................................................................................................................ 63
5.1 Emprego das classes de palavras. ........................................................................................................................................................ 07
5.2 Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. ..................................................................................... 63
5.3 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. .................................................................................... 63
5.4 Emprego dos sinais de pontuação. ..................................................................................................................................................... 50
5.5 Concordância verbal e nominal.............................................................................................................................................................. 52
5.6 Regência verbal e nominal. ..................................................................................................................................................................... 58
5.7 Emprego do sinal indicativo de crase. ................................................................................................................................................ 71
5.8 Colocação dos pronomes átonos. ....................................................................................................................................................... 74
6 Reescrita de frases e parágrafos do texto. ................................................................................................................................................. 88
6.1 Significação das palavras. ........................................................................................................................................................................ 76
6.2 Substituição de palavras ou de trechos de texto. .......................................................................................................................... 88
6.3 Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. ............................................................................................ 90
6.4 Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. ...................................................................................... 88
7 Correspondência oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República). ......................................................... 91
7.1 Aspectos gerais da redação oficial........................................................................................................................................................ 91
7.2 Finalidade dos expedientes oficiais...................................................................................................................................................... 91
7.3 Adequação da linguagem ao tipo de documento. ....................................................................................................................... 91
7.4 Adequação do formato do texto ao gênero..................................................................................................................................... 91

Noções de Informática

1 Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows)......................................................................................................... 01


2 Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e BrOffice). ........................................................... 28
3 Redes de computadores. ................................................................................................................................................................................158
3.1 Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. ..................................................158
3.2 Programas de navegação (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome). .....................................158
3.3 Programas de correio eletrônico (Outlook Express e Mozilla Thunderbird). ....................................................................194
3.4 Sítios de busca e pesquisa na Internet. ............................................................................................................................................207
3.5 Grupos de discussão. ..............................................................................................................................................................................207
3.6 Redes sociais. ..............................................................................................................................................................................................207
3.7 Computação na nuvem (cloud computing). ..................................................................................................................................209
4 Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas. .....................................211
5 Segurança da informação. .............................................................................................................................................................................217
5.1 Procedimentos de segurança. .............................................................................................................................................................217
5.2 Noções de vírus, worms e pragas virtuais. .....................................................................................................................................222
5.3 Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, anti-spyware etc.). .......................................................................................222
5.4 Procedimentos de backup. ...................................................................................................................................................................224
5.5 Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage)................................................................................................................227
SUMÁRIO

Atualidades

1 Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educa-
ção, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia....................... 01

Raciocínio Lógico

1 Estruturas lógicas............................................................................................................................................................................................ 13
2 Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. ............................................................................. 09
3 Lógica sentencial (ou proposicional). ..................................................................................................................................................... 01
3.1 Proposições simples e compostas. ...................................................................................................................................................... 01
3.2 Tabelas verdade............................................................................................................................................................................................ 01
3.3 Equivalências. ............................................................................................................................................................................................... 19
3.4 Leis de De Morgan. .................................................................................................................................................................................... 23
3.5 Diagramas lógicos. ..................................................................................................................................................................................... 13
4 Lógica de primeira ordem. ......................................................................................................................................................................... 13
5 Princípios de contagem e probabilidade. ............................................................................................................................................. 30
6 Operações com conjuntos. ......................................................................................................................................................................... 37
7 Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais.................................................................. 42

Noções de Administração

1 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO: Abordagem Clássica, burocrática e Sistêmica da Administração. .......................................1


1.2. Evolução da Administração Pública no Brasil após 1930...............................................................................................................6
1.2.1 Reformas Administrativas.........................................................................................................................................................................6
1.2.2 O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA / A NOVA GESTÃO PÚBLICA...........................7
1.3 PRINCÍPIOS E SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO FEDERAL............................................................................................................ 15
2 PROCESSO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, FASES E MODALIDADES..................................................................... 19
2.1 Funções Administrativas: planejamento, organização, direção, coordenação e controle.............................................. 21
2.2 Estrutura Organizacional........................................................................................................................................................................... 25
2.3 Cultura Organizacional.............................................................................................................................................................................. 26
3 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA................................................................................................................................ 34
3.1 ORÇAMENTO PÚBLICO:............................................................................................................................................................................. 35
3.2 Princípios Orçamentários.......................................................................................................................................................................... 36
3.3 Lei de Diretrizes Orçamentárias............................................................................................................................................................. 42
3.4 SIDOR E SIAFI................................................................................................................................................................................................ 43
3.5 RECEITA PÚBLICA: Categorias, fontes, estágios e dívida ativa................................................................................................... 44
3.6 Despesa Pública: categoria e estágios................................................................................................................................................. 44
3.7 Suprimento de Fundos (Regime de adiantamento)....................................................................................................................... 49
3.8 Restos a Pagar............................................................................................................................................................................................... 52
3.9 Despesas de exercícios anteriores......................................................................................................................................................... 55
3.10 Conta Única do Tesouro......................................................................................................................................................................... 55
3.10 CONTA ÚNICA DO TESOURO............................................................................................................................................................... 60
4. Ética no serviço público: Comportamento profissional, atitudes no serviço, organização do trabalho............................ 60
LÍNGUA PORTUGUESA

Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA

PROF. ZENAIDE AUXILIADORA PACHEGAS BRANCO

Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp

LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi

- O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

- A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

Classificação dos Fonemas


Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entrea- 1) Ditongo


berta. As vogais podem ser:
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-
- Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
/o/, /u/. - Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal:
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
- Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na- - Decrescente: quando a vogal vem antes da semivo-
sais. gal: pai (a = vogal, i = semivogal)
/ã/: fã, canto, tampa - Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
/ ẽ /: dente, tempero - Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na-
/ ĩ/: lindo, mim sais: mãe
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum 2) Tritongo

- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).

2) Semivogais Encontros Consonantais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.

3) Consoantes Dígrafos

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.

Encontros Vocálicos Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ fo-


ram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante para representar um único fonema (di = dois + grafo = le-
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em tra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o triton- que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos:
go e o hiato. consonantais e vocálicos.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).

Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.

cant-á-va-mos: Palavras simples: aquelas que possuem um só radical:


cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência mo- azeite, cavalo.
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicati-
vo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primei- Palavras compostas: aquelas que possuem mais de
ra pessoa do plural) um radical: couve-flor, planalto.
* As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
cant-á-sse-is: mentos ligados por hífen.
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência mo-
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjunti- Processos de Formação de Palavras
vo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pessoa do plural) Na Língua Portuguesa há muitos processos de forma-
ção de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação,
Vogal temática a composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge Derivação por Acréscimo de Afixos
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical
às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A deri-
tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as de- vação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
sinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vo-
gais temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª
acréscimo de prefixo.
conjugação = escrever) e –i (3.ªconjugação = partir).
In feliz des leal
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
Prefixo radical prefixo radical
átonas finais, como em mesa, artista, perda, escola, base,
combate. Nestes casos, não poderíamos pensar que essas
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
mesa e escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. acréscimo de sufixo.
A estas vogais temáticas se liga a desinência indicadora
de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados Feliz mente leal dade
em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não Radical sufixo radical sufixo
apresentam vogal temática.
Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que ca- simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
racterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de se principalmente verbos.
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a per-
tencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática En trist ecer
é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal Prefixo radical sufixo
temática -i pertencem à terceira conjugação.
Em tard ecer
Interfixos prefixo radical sufixo

São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- Outros Tipos de Derivação


tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por Há dois casos em que a palavra derivada é formada
exemplo: sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. regressiva e a derivação imprópria.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por re-
Formação das Palavras dução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
das, palavras simples, palavras compostas. (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

5
LÍNGUA PORTUGUESA

Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é ob- Fontes de pesquisa:


tida pela mudança de categoria gramatical da palavra pri-
mitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
na classe gramatical. formacao-de-palavras-i.htm
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
deriva da conjunção porque) coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
do verbo olhar). ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
** Dica: A derivação regressiva “mexe” na estrutura da Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
palavra e geralmente transforma verbos em substantivos: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
caça = deriva de caçar, saque = deriva de sacar.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
apenas faz com que ela pertença a uma classe gramatical Questões sobre Estrutura das Palavras
“imprópria” da qual ela realmente, ou melhor, costumeira-
mente faz parte. A alteração acontece devido à presença de 1-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-
outros termos, como artigos, por exemplo: CIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é for-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a fun- mada pelo seguinte processo:
cionar como substantivo devido à presença do artigo “o”) A) sufixação
Composição B) prefixação
C) parassíntese
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais D) justaposição
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de E) aglutinação
composição: justaposição e aglutinação.
1-) Infra = prefixo + estrutura – temos a junção de um
Justaposição: ocorre quando os elementos que for- prefixo com um radical, portanto: derivação prefixal (ou
mam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapos-
prefixação).
tos: para-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira,
girassol.
RESPOSTA: “B”.
Composição por aglutinação: ocorre quando os ele-
mentos que formam o composto aglutinam-se e pelo me-
2-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
nos um deles perde sua integridade sonora: aguardente
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014)
(água + ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna +
alta), vinagre (vinho + acre). O vocábulo “entristecido”, presente na terceira estrofe, é
um exemplo de:
Outros processos de formação de palavras: a) palavra composta
b) palavra primitiva
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir c) palavra derivada
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. d) neologismo

Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

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LÍNGUA PORTUGUESA

de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal

7
LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

Plural dos adjetivos simples

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.

Veja outros exemplos:


Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas pectivamente.
o último elemento concorda com o substantivo a que se b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande
invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- mentos.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará duas qualidades de um mesmo elemento.
invariável. Veja:
Camisas rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
Ternos rosa-claro.
rioridade
Olhos verde-claros.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in- vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos apresenta as seguintes modalidades:
cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. senta-se nas formas:
1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio
Grau do Adjetivo de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten- 2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
o comparativo e o superlativo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Comparativo
benéfico - beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características bom - boníssimo ou ótimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual- comum - comuníssimo
dade, de superioridade ou de inferioridade.
cruel - crudelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade difícil - dificílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da doce - dulcíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão. fácil - facílimo
fiel - fidelíssimo
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
rioridade Analítico Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
No comparativo de superioridade analítico, entre os um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- Essa relação pode ser:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do 1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
que” ou “mais...que”.
todas.
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
todas.
rioridade Sintético

Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de * Note bem:


superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, an-
grande/maior, baixo/inferior. tepostos ao adjetivo.

9
LÍNGUA PORTUGUESA

2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)

Advérbio Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


bio pode ser de:
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
O ônibus chegou.
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo,
O ônibus chegou ontem.
aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,
afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen-
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à es-
tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo,
querda, ao lado, em volta.
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio fim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
(bem) imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessiva-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje- mente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
tivo (claros) vez em quando, de quando em quando, a qualquer momen-
to, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen- Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
tar ideia de: acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
Tempo: Ela chegou tarde. toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse
Lugar: Ele mora aqui. modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
Modo: Eles agiram mal. a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em
Negação: Ela não saiu de casa. “-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa-
Dúvida: Talvez ele volte. cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen-
te, bondosamente, generosamente.
Flexão do Advérbio Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti-
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
porém, admitem a variação em grau. Observe: Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Grau Comparativo Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, as-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo saz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo,
que o comparativo do adjetivo: de muito, por completo, extremamente, intensamente, gran-
- de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- demente, bem (quando aplicado a propriedades graduá-
nato fala tão alto quanto João. veis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen- Locução Adverbial


te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando, o
vento apenas move a copa das árvores. Quando há duas ou mais palavras que exercem função
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres-
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria-
adolescência. mente por uma preposição. Veja:
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus dentro, por aqui, etc.
amigos por comparecerem à festa. afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
* Saiba que: geral, frente a frente, etc.
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei em dia, nunca mais, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível. * Observações:
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, - tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O aluno cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
respondeu calma e respeitosamente. Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido De repente correram para a rua. (verbo)

Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.

* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.

* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Fontes de pesquisa:


numeral “ambos”: http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Saraiva, 2010.
do artigo, outros não: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCO-
NI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed.
* Quando indicado no singular, o artigo definido pode Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indicar toda uma espécie: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho dignifica o homem. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
* No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso Conjunção
do artigo:
Marcela é a mais extrovertida das irmãs. Além da preposição, há outra palavra também invariá-
O Pedro é o xodó da família. vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con-
junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
* No caso de os nomes próprios personativos estarem de mesma função em uma oração:
no plural, são determinados pelo uso do artigo: O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Os Maias, os Incas, Os Astecas... São Paulo.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
* Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele Morfossintaxe da Conjunção
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
* Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
facultativo: De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
Preparei o meu curso. Preparei meu curso. conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
* A utilização do artigo indefinido pode indicar uma pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
ideia de aproximação numérica: lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos. sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo
caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de-
* O artigo também é usado para substantivar palavras pende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais:
Não sei o porquê de tudo isso. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
* Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
usado:
- antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
O professor visitará Roma. quentemente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”.
Já em:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Espero que eu seja aprovada no concurso! As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-


Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a grantes e adverbiais:
segunda “completa” o sentido da primeira (da oração prin-
cipal): 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja,
a função de objeto direto do verbo da oração principal). as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Conjunções Coordenativas
2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acor-
e independente ou termos da oração que têm a mesma do com a circunstância que expressam, classificam-se em:
a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em:
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
(= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não),
que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas também, não só... como também, bem como, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não só... mas ainda.
A sua pesquisa é clara e objetiva. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Não só dança, mas também canta. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: etc.
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se que, a menos que, sem que, etc.
realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção con-
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
dicional “se” também é conjunção integrante. A diferença é
clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima,
4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
ela nos dá a ideia da condição para que recebamos um
que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por Não sei se farei o concurso...
isso, assim. Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: o
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto
ficou nervosa. direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. a oração em destaque exerce a função de objeto direto da
oração principal, sendo classificada como oração subordi-
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração nada substantiva objetiva direta.
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: d) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. me a conformidade de um fato com outro. São elas: confor-
Não demore, que o filme já vai começar. me, como (= conforme), segundo, consoante, etc.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! O passeio ocorreu como havíamos planejado.

Conjunções Subordinativas e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fina-


lidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal.
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que),
que, etc.
dependente da outra. A oração dependente, introduzida
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado f) Proporcionais: introduzem uma oração que expres-
quando ela chegou. sa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
O baile já tinha começado: oração principal expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) que, ao passo que e as combinações quanto mais... (mais),
ela chegou: oração subordinada quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto
menos... (menos), etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”

O bom relacionamento entre as conjunções de um Psiu!


texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa- contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!”
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios puxa: interjeição; tom da fala: euforia
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o con- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
junto das relações que garantem a coesão do enunciado. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
O sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
estas interferem semanticamente no enunciado.
tristeza, dor, etc.
Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
Ah, deve ser muito interessante!
junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
b) Sintetizar uma frase apelativa.
são de circunstâncias fundamentais à condução da história, Cuidado! Saia da minha frente.
como as noções de tempo, finalidade, causa e consequên-
cia. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes a li- As interjeições podem ser formadas por:
nha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso das a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
exposições e argumentações construídas por meio de con- b) palavras: Oba! Olá! Claro!
trastes e oposições, que implicam o uso das adversativas e c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
concessivas. Ora bolas!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-


frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Aten- Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
ção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! Âni- quá!, etc.
mo! Adiante!
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! 5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Essa não! Chega! Basta! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Deus! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Desculpa: Perdão!
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! Fontes de pesquisa:
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! php
Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Pô! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ora! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! Numeral
Silêncio: Psiu! Silêncio!
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determi-
* Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
nada sequência.
isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
se trata de um processo natural desta classe de palavra, a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. trata de numerais, mas sim de algarismos.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
Locução Interjetiva vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma dúzia, par, ambos(as), novena.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Classificação dos Numerais
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise - Cardinais: indicam quantidade exata ou determina-
dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha- da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
me Deus!, Quem me dera! sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé-
cada, bimestre.
* Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. - Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou
Por exemplo: alguma coisa ocupa numa determinada sequência: primei-
Ué! (= Eu não esperava por essa!) ro, segundo, centésimo, etc.
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
* Observação importante:
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
gramaticais podem aparecer como interjeições. Por exem- são classificadas como adjetivos, não ordinais.
plo:
Viva! Basta! (Verbos) - Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Fora! Francamente! (Advérbios) seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por


dois zeros, usa-se o “e”:
Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: Dicas sobre preposição


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.
php - O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: nino.
Saraiva, 2010. A matéria que estudei é fácil!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
Preposição termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Irei à festa sozinha.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Entregamos a flor à professora!
normalmente há uma subordinação do segundo termo em *o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.
relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
e possuem valores semânticos indispensáveis para a com- lugar e/ou a função de um substantivo.
preensão do texto. Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos.

Tipos de Preposição Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas


por meio das preposições:
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi-
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, Destino = Irei a Salvador.
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
atrás de, dentro de, para com.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
Causa = Chorei de saudade.
gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, ex-
Instrumento = Escreveu a lápis.
ceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
Companhia = Estarei com ele amanhã.
lendo como uma preposição, sendo que a última palavra é Matéria = copo de cristal.
uma (preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado Meio = passeio de barco.
de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, Origem = Nós somos do Nordeste.
em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por Conteúdo = frascos de perfume.
causa de, por cima de, por trás de. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gê- * Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
nero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela. cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.
* Essa concordância não é característica da preposição,
mas das palavras às quais ela se une. Fontes de pesquisa:
Esse processo de junção de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra pode se dar a partir dos processos de: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
bulos não sofrem alteração. Saraiva, 2010.
2. Contração: união de uma preposição com outra pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o = do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = da- Pronome
quele, em + isso = nisso. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” prepo- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
sição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do forma.
pronome “aquilo”). O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: Pronome Reto


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
a destrói... Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
(homem e natureza).
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 1.ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 2.ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 3.ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
pessoa do discurso.
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usa-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. dos como complementos verbais na língua-padrão. Frases
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem me até aqui”.
se fala]
* Observação: frequentemente observamos a omissão
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- as próprias formas verbais marcam, através de suas desi-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto:
através do pronome seja coerente em termos de gênero Fizemos boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome Oblíquo

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

19
LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: - As preposições essenciais introduzem sempre prono-


- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome forma:
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não há mais nada entre mim e ti.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
diretos como objetos indiretos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Não vá sem mim.
objetos diretos.
* Atenção: Há construções em que a preposição, ape-
- Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- sar de surgir anteposta a um pronome, serve para introdu-
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- zir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
mas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. pronome, deverá ser do caso reto.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Trouxeste o pacote? Não vá sem eu mandar.
Sim, entreguei-to ainda há pouco.
Não contaram a novidade a vocês? * A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
Não, no-la contaram. está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
No Brasil, essas combinações não são usadas; até mes- mim!
mo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
especiais depois de certas terminações verbais.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
companhia.
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Ele carregava o documento consigo.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
dizer + a = dizê-la
Ela veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de)
- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: inclusão, usaremos as formas retas:
viram + o: viram-no Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu)
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
tem + as = tem-nas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Pronome Oblíquo Tônico todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. notícias.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Ele disse que iria com nós três.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte. Pronome Reflexivo
Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
- 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
- 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco expressa pelo verbo.
- 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Quadro dos pronomes reflexivos:
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas - 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me lembro disso.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Conhece a ti mesmo.

20
LÍNGUA PORTUGUESA

- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. * Observações:


Guilherme já se preparou. * Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente. tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em
Antônio conversou consigo mesmo. relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se-
nhor Ministro, compareça a este encontro.
- 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
Lavamo-nos no rio. ** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua
- 2.ª pessoa do plural (vós): vos. Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro-
Vós vos beneficiastes com esta conquista. priedade.

- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)

21
LÍNGUA PORTUGUESA

* Note que: A forma do possessivo depende da pessoa *Em relação ao tempo:


gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam - Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- relação à pessoa que fala:
ção naquele momento difícil. Esta manhã farei a prova do concurso!

* Observações: - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-


- A forma “seu” não é um possessivo quando resultar rém relativamente próximo à época em que se situa a pes-
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, soa que fala:
seu José. Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!

- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta-


- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo
se. Podem ter outros empregos, como:
remoto:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Naquele tempo, os professores eram valorizados.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 *Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala-
anos. rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or-
tografia, concordância.
- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência - Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
trouxe sua mensagem? fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- mos!
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - Este e aquele são empregados quando se quer fa-
zer referência a termos já mencionados; aquele se refere
ao termo referido em primeiro lugar e este para o referido
- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
por último:
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe
os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
- O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- aquele [Palmeiras])
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para ou
que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
lugares. Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
Pronomes Demonstrativos aquele [Palmeiras])

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.

22
LÍNGUA PORTUGUESA

- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos - O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com


o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
São aqueles que representam nomes já mencionados quente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo”
as orações subordinadas adjetivas. equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Existem pessoas cujas ações são nobres.
um grupo racial sobre outros. (antecedente) (consequente)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
= oração subordinada adjetiva). *interpretação do pronome “cujo” na frase acima: ações
das pessoas. É como se lêssemos “de trás para frente”. Ou-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” tro exemplo:
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro)
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- ** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
me demonstrativo o, a, os, as. nome:
Não sei o que você está querendo dizer. O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem se a)
expresso.
Quem casa, quer casa. - “Quanto” é pronome relativo quando tem por an-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
Observe: tudo:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os Emprestei tantos quantos foram necessários.
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, (antecedente)
quantas. Ele fez tudo quanto havia falado.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. (antecedente)

Note que: - O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem-


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, pre precedido de preposição.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs- É um professor a quem muito devemos.
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu (preposição)
antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
qual) casa onde morava foi assaltada.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ou em que.
quais) Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que lavras:
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- - como (= pelo qual) – desde que precedida das pala-
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por vras modo, maneira ou forma:
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: Não me parece correto o modo como você agiu semana
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual passada.
me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio - quando (= em que) – desde que tenha como antece-
de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou dente um nome que dê ideia de tempo:
encantado: o sítio ou minha tia?). Bons eram os tempos quando podíamos jogar videoga-
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas me.
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-
se o qual / a qual) - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste es-
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou porte.
de ser poeta, que era a sua vocação natural. = O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode -lugares: Alemanha, Portugal


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de -sentimentos: amor, saudade
gente que conversava, (que) ria, observava. -estados: alegria, tristeza
-qualidades: honestidade, sinceridade...
Pronomes Interrogativos -ações: corrida, pescaria...

São usados na formulação de perguntas, sejam elas di- Morfossintaxe do substantivo


retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
quanto (e variações). do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou
Com quem andas?
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
Qual seu nome?
nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto,
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como
Sobre os pronomes: núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos
como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo grupos de palavras.
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Classificação dos Substantivos
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar. Substantivos Comuns e Próprios

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Observe a definição:


exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca-
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para oposição aos bairros).
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos comum.
de preposição. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
eu estava fazendo. homem, mulher, país, cachorro.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim Estamos voando para Barcelona.
o que eu estava fazendo.
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
Fontes de pesquisa: pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. que designa os seres de uma mesma espécie de forma par-
php ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Substantivos Concretos e Abstratos
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
Saraiva, 2010. existe, independentemente de outros seres.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observação: os substantivos concretos designam se-
res do mundo real e do mundo imaginário.
Substantivo
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, Brasília.
as quais denominam todos os seres que existem, sejam Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- ma.
nos, os substantivos também nomeiam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que enxoval roupas


dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode falange soldados, anjos
ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes- fauna animais de uma região
soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
feixe lenha, capim
para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
tantivo abstrato. flora vegetais de uma região
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- frota navios mercantes, ônibus
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
girândola fogos de artifício
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). horda bandidos, invasores
médicos, bois, credores,
Substantivos Coletivos junta
examinadores

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,


Substantivos Simples e Compostos que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra. - Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo se
O substantivo chuva é formado por um único elemento faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fêmea”: a
ou radical. É um substantivo simples. cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
- Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
Substantivo Simples: é aquele formado por um único pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a víti-
elemento. ma, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e a
colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sis-
tema, o sintoma, o teorema.
Substantivos Primitivos e Derivados
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne- variam em seu significado:
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz)
tantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se originou o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo)
a partir da palavra limão. o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba)
tra palavra. o lente (professor) e a lente (vidro de aumento)
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão)
Flexão dos substantivos o praça (soldado raso) e a praça (área pública)
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora)
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
meninão / Diminutivo: menininho - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão de Gênero masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja - Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados


de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon feitos
- cânones. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
em “ns”: homem - homens.
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- formados de:
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al-
to-falantes
* Atenção: O plural de caráter é caracteres.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re-
cos
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul formados de:
e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
duas maneiras: lo-vapor e cavalos-vapor
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis substantivo + substantivo que funciona como determi-
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). da - peixes-espada.

- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o louva-a-deus e os louva-a-deus


de três maneiras.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães o bem-me-quer e os bem-me-queres
3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Plural das Palavras Substantivadas


o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
- A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de palavras O aluno errou na prova dos noves.
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, gi- * Observação: numerais substantivados terminados
rassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmeque- em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais con-
res. segui muitos seis e alguns dez.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Diminutivos Singular Plural


Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final Corpo (ô) corpos (ó)
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. esforço esforços
fogo fogos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos forno fornos
animai(s) + zinhos = animaizinhos fosso fossos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
imposto impostos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
olho olhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
osso (ô) ossos (ó)
tren(s) + zinhos = trenzinhos
ovo ovos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
poço poços
flore(s) + zinhas = florezinhas porto portos
mão(s) + zinhas = mãozinhas posto postos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
tijolo tijolos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
pai(s) + zinhos = paizinhos * Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
pé(s) + zinhos = pezinhos de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
pé(s) + zitos = pezitos
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Plural dos Nomes Próprios Personativos
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
sempre que a terminação preste-se à flexão. - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Os Napoleões também são derrotados. - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
As Raquéis e Esteres. singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- Aqui morreu muito negro.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. improvisadas.

Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- Flexão de Grau do Substantivo


do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
quiens. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:

Observe o exemplo: - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-


Este jogador faz gols toda vez que joga. do normal. Por exemplo: casa
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural com Mudança de Timbre
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Certos substantivos formam o plural com mudança de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
fonético chamado metafonia (plural metafônico).
cador de aumento. Por exemplo: casarão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificação dos Verbos


do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Classificam-se em:
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- - Regulares: são aqueles que apresentam o radical
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. inalterado durante a conjugação e desinências idênticas às
de todos os verbos regulares da mesma conjugação. Por
Fontes de pesquisa: exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, conju-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php gados no presente do Modo Indicativo:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- canto falo
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: cantas falas
Saraiva, 2010.
canta falas
Verbo cantamos falamos
cantais falais
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantam falam
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre * Dica: Observe que, retirando os radicais, as desi-
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno nências modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju-
Estrutura das Formas Verbais gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do ver-
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar bo andar). Viu? Fácil!
os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
(radical fal-) * Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
fala-r. São três as conjugações: Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - fonema permanece inalterado.
E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) putar, reaver, abolir, falir.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (sin- - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, nor-
gular ou plural): malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- principais verbos impessoais são:
dica a 3.ª pessoa do plural.)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
* Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados se ou fazer (em orações temporais).
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, pois a Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar tiam)
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Faz invernos rigorosos na Europa.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Era primavera quando o conheci.
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento Estava frio naquele dia.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical):
opinei, aprenderão, amaríamos.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

* São impessoais, ainda:


- o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

- os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.

- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).

* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

* Observação: todos os sujeitos apontados são oracionais.

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Eleger Elegido Eleito


Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

33
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

35
LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.

* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

36
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Modo Indicativo

Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

39
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

40
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: 3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. – VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir.
php Já __________ alguns anos que estudos a respeito da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos para
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: prolongado desses aparelhos, e _________ alertado os pais
Saraiva, 2010. para que avaliem a necessidade de estabelecer limites aos
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- seus filhos.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
pectivamente, com:
Questões sobre Verbo (A) faz … haver … têm
(B) fazem … haver … tem
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – (C) faz … haverem … têm
2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é: (D) fazem … haverem … têm
A) Houveram eleições em outros países este ano. (E) faz … haverem … tem
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos. 3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns
D) Fazem três anos que não tiro férias. anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos
E) Esse homem possue muitos bens. smartphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas
acreditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos
1-) Correções à frente: para associar alguns comportamentos dos adolescentes ao
A) Houveram eleições em outros países este ano = uso prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o
houve termo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha chegado a necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos Temos: faz, haver, têm.
RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”.
Vozes do Verbo
2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con-
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância.
que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque
as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - preté-
rito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agente
da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o ver-
bo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica “veio”, - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que ele não agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa B. Como
não há outro item com a mesma opção, chegamos à res-
posta rapidamente!
RESPOSTA: “A”.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

O menino feriu-se. Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões

2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.

43
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç

2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.

O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- CH e não X


sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
verbos derivados de nomes cujo radical termina com mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
As letras “e” e “i”
Z e não S
Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: “i”, só o ditongo interno cãibra.
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con- “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
cretizar. possui, contribui.
consoante de ligação se o radical não terminar com “s”:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal * Atenção para as palavras que mudam de sentido
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (super-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. fície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estân-
O fonema j cia, que anda a pé), pião (brinquedo).

G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).

O fonema ch Fontes de pesquisa:


http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
X e não CH tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
xucro. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
tixa. Saraiva, 2010.
depois de ditongo: frouxo, feixe. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Exceção: quando a palavra de origem não derive de


outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Hífen ** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- Lembrete da Zê!
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). -inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica: Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões Armandinho, personagem do cartunista Alexandre


Beck, sabe perfeitamente empregar os parônimos “cestas”
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) “sestas” e “sextas”. Quanto ao emprego de parônimos, da-
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que das as frases abaixo,
todas as palavras estão corretas: I. O cidadão se dirigia para sua _____________ eleitoral.
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial. II. A zona eleitoral ficava ___________ 200 metros de um
B) supracitado – semi-novo – telesserviço. posto policial.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som. III. O condutor do automóvel __________ a lei seca.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto. IV. Foi encontrada uma __________ soma de dinheiro no
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor. carro.
V. O policial anunciou o __________ delito.
1-) Correção:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta Assinale a alternativa cujos vocábulos preenchem cor-
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo retamente as lacunas das frases.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi- A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
droelétrica, ultrassom B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes- D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
trutura E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
RESPOSTA: “A”.
3-) Questão que envolve ortografia.
I. O cidadão se dirigia para sua SEÇÃO eleitoral. (setor)
2-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) II. A zona eleitoral ficava A CERCA DE 200 metros de um
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que
posto policial. (= aproximadamente)
todas as palavras estão corretas:
III. O condutor do automóvel INFRINGIU a lei seca. (re-
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
lacione com infrator)
B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
IV. Foi encontrada uma VULTOSA soma de dinheiro no
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
carro. (de grande vulto, volumoso)
D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
V. O policial anunciou o FLAGRANTE delito. (relacione
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
com “pego no flagra”)
2-) Correção: Seção / a cerca de / infringiu / vultosa / flagrante
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta RESPOSTA: “D”.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi-
droelétrica, ultrassom
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto ACENTUAÇÃO
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes-
trutura
RESPOSTA: “A”.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
UFAL/2014) isso, vamos às regras!

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica está relacionada à intensidade


com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju –
papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai


na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – sapato
– passível

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LÍNGUA PORTUGUESA

Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.

Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas Antes Agora


em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos. assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos
geléia geleia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, jibóia jiboia
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen- apóia (verbo apoiar) apoia
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
paranóico paranoico
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos).
Acento Diferencial
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: tâma-
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
ra – Atlântico – pêsames – supôs .
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
e/ou tempos verbais. Por exemplo:
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen-
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em
de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: mülle-
tivo do mesmo verbo).
riano (de Müller)
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
Regras fundamentais
Os demais casos de acento diferencial não são mais
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
Palavras oxítonas:
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati-
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
cais são definidos pelo contexto.
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
Polícia para o trânsito para realizar blitz. = o primeiro
pó(s) – Belém.
“para” é verbo; o segundo, preposição (com relação de fi-
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
nalidade).
- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
** Quando, na frase, der para substituir o “por” por
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
“colocar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: Faço isso por
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Paroxítonas:
Regra do Hiato:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is: táxi – lápis – júri
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, for a se-
- us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
- l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
fórceps
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
- ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, Lu-iz,
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
sa-ir, ju-iz
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Observação importante:
Regras especiais:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Questões

bocaiúva bocaiuva 1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL


feiúra feiura TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assi-
nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
Sauípe Sauipe
conforme a mesma regra.
(A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
(B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
abolido:
(C) “Índice” e “dólares”.
(D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
Antes Agora (E) “Atribuídos” e “índice”.
crêem creem
1-)
lêem leem
(A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = pa-
vôo voo roxítona
enjôo enjoo (B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paro-
xítona
** Dica: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos (C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxí-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais tona
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. (D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra
Repare: do hiato
1-) O menino crê em você. / Os meninos creem em você. (E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparo-
2-) Elza lê bem! / Todas leem bem! xítona
3-) Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que RESPOSTA: “B”.
os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 2-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à – FUNDATEC/2014 - adaptada)
tarde! Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação
As formas verbais que possuíam o acento tônico na gráfica.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
portuguesa.
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
Antes Depois rios’ e ‘país’ não é a mesma.
apazigúe (apaziguar) apazigue III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente.
averigúe (averiguar) averigue IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em si-
tuação de uso, quanto à flexão de número.
argúi (arguir) argui Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa B) Apenas II e IV.
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo C) Apenas I, II e IV.
vir) D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.
A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles 2-)
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
Fontes de pesquisa: portuguesa = teremos “transito” e “especifico” – serão ver-
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao. bos (correta)
htm II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- rios’ e ‘país’ não é a mesma = vários é paroxítona terminada
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. em ditongo; país é a regra do hiato (correta)
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há um
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: hiato, por isso a acentuação (da - í) = incorreta.
Saraiva, 2010. IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em
situação de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é uti-
lizado para a terceira pessoa do plural (correta)
RESPOSTA: “C”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dois pontos (:)


PONTUAÇÃO
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que 2- Antes de um aposto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. tarde e calor à noite.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente a rotina de sempre.
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
4- Em frases de estilo direto
Principais funções dos sinais de pontuação
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Ponto (.)

1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Ponto de Exclamação (!)


cerrando o período.
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- susto, súplica, etc.
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: 2- Depois de interjeições ou vocativos
Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e não Ai! Que susto!
“etc..”) João! Há quanto tempo!

3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do Ponto de Interrogação (?)


ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) vedo)

4- Os números que identificam o ano não utilizam pon- Reticências (...)


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os nú-
meros de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
canetas, cadernos...
Ponto e Vírgula ( ; )
2- Indica interrupção violenta da frase.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
mal... pega doutor?
(VIEIRA)

2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

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LÍNGUA PORTUGUESA

- entre o verbo e seus objetos: Fontes de pesquisa:


O trabalho custou sacrifício aos http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
realizadores. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
V.T.D.I. O.D. O.I. la.htm
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere-
Usa-se a vírgula: ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Para marcar intercalação: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
dância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão Questões
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
querem abrir mão dos lucros altos.

- Para marcar inversão:


a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar: (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-


- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei- gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontuação
ra, possui um trânsito caótico. está correta em:
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. A) Hagar disse, que não iria.
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bi-
Observações: fes e lagostas, aos vizinhos.
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria dis- para Hagar e Helga
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Ha-
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. gar à Helga.
precedido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você 1-) Correções realizadas:
falou isso para ela?! A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre ver-
bo e seu complemento (objeto)
- Temos, ainda, sinais distintivos: B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
ração de siglas (IOF/UPC); seu complemento (objeto)
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção para Hagar e Helga.
aos parênteses, principalmente na matemática; D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a gar à Helga.
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
nome que não se quer mencionar. los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA- Concordância Verbal


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al- É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo seu sujeito.
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”. a) Sujeito Simples - Regra Geral
( ) CERTO ( ) ERRADO O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- A prova para ambos os cargos será aplicada
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo às 13h.
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separado 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
entre pontuações. Exemplos:
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
RESPOSTA: “CERTO”.
Casos Particulares
3-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em
apenas uma das opções a vírgula foi corretamente empre- 1) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
gada. Assinale-a. titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- no singular ou no plural.
plexas. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
fundamental. proposta.
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque-
na parte do território. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
3-) los destruiu / destruíram o monumento.
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- destaque aos elementos que formam esse conjunto.
plexas = não se separa sujeito do predicado.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e fun- 2) Quando o sujeito é formado por expressão que in-
damental = não se separa sujeito do predicado. dica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de,
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo con-
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado corda com o substantivo.
RESPOSTA: “A”. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observação: quando a expressão “mais de um” asso-
ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
Os concurseiros estão apreensivos. (ofenderam um ao outro)
Concurseiros apreensivos.
3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta a
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve ficar
sivos” está concordando em gênero (masculino) e núme- o plural.
ro (plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Estados Unidos possui grandes universidades.
nero correspondem-se. Alagoas impressiona pela beleza das praias.
A correspondência de flexão entre dois termos é a con- As Minas Gerais são inesquecíveis.
cordância, que pode ser verbal ou nominal. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.

5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.

Observação: quando a palavra “só” equivale a “somen-


te” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
invariável: Eles só desejam ganhar presentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Bastante - Caro - Barato - Longe Questões

Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.

Fontes de pesquisa: 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada a


http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. substituição do segmento grifado pelo que está entre pa-
php rênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá perma-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- necer no singular está em:
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Saraiva, 2010. quisadores)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- (C) No sistema havia também uma estação... (várias es-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. tações)
(D) ... a civilização maia da América Central tinha um
método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
que habitavam a América Central)
(E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
blicado).

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) 1-) Verbos Intransitivos


(A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con- Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
tribuíram) (as mudanças do clima) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
no singular - Chegar, Ir
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti- Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
nham) (os povos que habitavam a América Central) biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos- indicar destino ou direção são: a, para.
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado). Fui ao teatro.
RESPOSTA: “C”. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome último jogo.
(regência nominal) e seus complementos.
2-) Verbos Transitivos Diretos
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Os verbos transitivos diretos são complementados por
A regência verbal estuda a relação que se estabelece objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
o que corresponde à diversidade de significados que estes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
forem empregados. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
tentar. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
do ou prazer”, satisfazer. admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
dar a alguém”. eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- Amam aquele rapaz. / Amam-no.
do dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-

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LÍNGUA PORTUGUESA

ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.

- Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação: o verbo responder, apesar de transitivo Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
voz passiva analítica: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen- Pedi-lhe favores.
te.
Objeto Indireto Objeto Direto
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora. Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover- tantiva Objetiva Direta
nam para uma minoria privilegiada.
Saiba que:
4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos - A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- licença estiver subentendida.
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Agradeço aos ouvintes a audiência. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Indireto Objeto Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto
direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado: Prefiro trem a ônibus.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Paguei minhas contas. / Paguei-as. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- CHAMAR


cado - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen- má-la.
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
estão: cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
AGRADAR A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Aquele comerciante agrada os clientes.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar CUSTAR
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in- - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
troduzido pela preposição “a”. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
O cantor não agradou aos presentes. Frutas e verduras não deveriam custar muito.
O cantor não lhes agradou.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
*O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
O cantor desagradou à plateia. duzida de infinitivo.

ASPIRAR Muito custa viver tão longe da família.


- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi- Verbo Intransitivo Oração Subordinada
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBEDECER - DESOBEDECER Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


- Sempre transitivo indireto: brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Todos obedeceram às regras. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Ninguém desobedece às leis. gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
*Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
PROCEDER Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter momentos é sujeito)
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR
adverbial de modo. - São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
As afirmações da testemunha procediam, não havia Não simpatizei com os jurados.
como refutá-las. Simpatizei com os alunos.
Você procede muito mal.
Importante: A norma culta exige que os verbos e ex-
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- pressões que dão ideia de movimento sejam usados com
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido a preposição “a”:
pela preposição “a”) é transitivo indireto. Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
O avião procede de Maceió. Cláudia desceu ao segundo andar.
Procedeu-se aos exames. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O delegado procederá ao inquérito.
Regência Nominal
QUERER
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter É o nome da relação existente entre um nome (subs-
vontade de, cobiçar. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
Querem melhor atendimento. nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
Queremos um país melhor. sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
VISAR nomes correspondentes: todos regem complementos in-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- troduzidos pela preposição a. Veja:
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo. Obedecer a algo/ a alguém.
O gerente não quis visar o cheque. Obediente a algo/ a alguém.

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,


exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro viajar (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
de ônibus a dirigir sujeito e predicado.
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
nome em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
C) Você assistiu à cena toda? = correta tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
oficina pela manhã que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe- a declaração do que se atribui ao sujeito.
deço às leis de trânsito Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in-
RESPOSTA: “C”. dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signi-
ficativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
guinte trecho para responder à questão. que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imuno- (predicado verbal)
lógica melhor a essa medida, similar _______________ . A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: cleo é “fácil” (predicado nominal)
(A) das mulheres
(B) às mulheres Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
(C) com das mulheres por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
(D) à das mulheres completo. O período pode ser simples ou composto.
(E) ao das mulheres
Período simples é aquele constituído por apenas uma
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da
Chove.
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
A existência é frágil.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
RESPOSTA: “D”.
Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais da oração
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem orações
formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que es-
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por tabelece concordância com o verbo.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- O candidato está preparado.
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou Os candidatos estão preparados.
muito ontem à noite.
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu no singular: candidato = está).
sentido global: A função do sujeito é basicamente desempenhada por
- frases interrogativas = o emissor da mensagem for- substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
mula uma pergunta: Que dia é hoje? ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
- frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
um pedido: Dê-me uma luz! dem exercer a função de sujeito.
- frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
afetivo: Que dia abençoado! tantivo)
- frases declarativas = o emissor constata um fato: A Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
prova será amanhã. plo: substantivo)

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina- Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
do de duas maneiras: Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento

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LÍNGUA PORTUGUESA

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões

O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan-


tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
cativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
junto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Coordenadas Assindéticas


... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- São orações coordenadas entre si e que não são liga-
plemento que o da frase acima está em: das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
(A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... tas.
(B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
da Idade Média.
(C) ... viajavam por cordilheiras... Coordenadas Sindéticas
(D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
(E) O maquinista empurra a manopla do acelerador. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
2-) Acompanhar é transitivo direto (acompanhar quem denativa, que dará à oração uma classificação. As orações
ou o quê - não há preposição): coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemento, aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicati-
mas sim, predicativo do sujeito (rota única); vas.
B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios =
adjunto adverbial); ** Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
adverbial); cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
D = cair = intransitivo; só... como, assim... como.
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
quê?) Comprei o protetor solar e fui à praia.
RESPOSTA: “E”.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
Período Composto por Coordenação principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
O período composto se caracteriza por possuir mais de Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
uma oração em sua composição. Sendo assim: Li tudo, porém não entendi!
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas seja...seja.
orações) Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
orações). principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer Passei no concurso, portanto comemorarei!
entre as orações de um período composto: uma relação de A situação é delicada; devemos, pois, agir.
coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- de, pois (anteposto ao verbo).
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. mingo.
(Período Composto) Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar. Período Composto Por Subordinação
2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independen- Quero que você seja aprovado!
tes. Tal período é classificado como Período Composto Oração principal oração subordinada
por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Observe que na oração subordinada temos o verbo
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
Sindéticas. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas

A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.

Não sei se sairemos hoje. Observação: quando a oração subordinada substanti-


Oração Subordinada Substantiva va é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na
3.ª pessoa do singular.
Temos medo de que não sejamos aprovados.
Oração Subordinada Substantiva b) Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
do verbo da oração principal:
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem Todos querem sua aprovação no concurso.
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Objeto Direto
como).
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
O garoto perguntou qual seu nome. querem isso)
Oração Subordinada Subs- Oração Principal oração Subordinada Substantiva
tantiva Objetiva Direta

Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva

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LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)

d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:

Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação: a classificação das orações subordinadas


O homem, que se considera racional, muitas vezes age adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos
animalescamente. adjuntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa pela oração.
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
Orações Subordinadas Adverbiais
em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici-
ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
“homem”. a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
** Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicati- que se declara na oração principal. Principal conjunção su-
va é separada da oração principal por uma pausa que, na bordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à
a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as ora- oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
ções explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm que.
sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
3-) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce sindética explicativa é que esta “explica” o fato que aconte-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. ceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, a “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela
causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem se subordina. Repare:
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
1-) Faltei à aula porque estava doente.
exclusão das integrantes, que introduzem orações subor-
2-) Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con-
junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro que o
acontece com as coordenadas sindéticas). fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar
doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. sublinhada relata um fato que aconteceu depois, já que
Oração Subordinada Adverbial primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal. São in-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- troduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que,
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tan-
que indicam uma circunstância referente, via de regra, a to...que, tamanho...que.
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
exata compreensão da circunstância que exprime. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais CRASE


comparativas estabelecem uma comparação com a ação
indicada pelo verbo da oração principal. Principal conjun-
ção subordinativa comparativa: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
Você age como criança. (age como uma criança age) idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
*geralmente há omissão do verbo. nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
execução do que se declara na oração principal. Principal quais.
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Outras O uso do acento indicativo de crase está condicionado
conjunções conformativas: como, consoante e segundo (to- aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
das com o mesmo valor de conforme). minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
direitos iguais. é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s).

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Antes de numeral. Questões


O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. 1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente
Observação: as lacunas da frase a seguir.
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio- Quando________ três meses disse-me que iria _________
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. -la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
A-) a - há - à - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está B-) há - à - a - a – às
confirmada, visto que estes não podem ser empregados C-) há - a - há - à - as
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira D-) a - à - a - à - às
aluna da classe. E-) a - a - à - há – as
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan- 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
do essa não se apresentar determinada: Chegamos todos
me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para vi-
exaustos a casa.
sitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la A
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
(ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais tinha
nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaus-
direito (tinha direito a quê? às milhas – regência nominal).
tos à casa de Marcela.
Teremos: há, à, a, a, às.
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa RESPOSTA: “B”.
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a
terra, já era noite. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
Contudo, se o termo estiver precedido por um deter- VUNESP/2014)
minante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu-
O astronauta voltou à Terra. mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart,
sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem o Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente morreu
uso do artigo. de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada cardía-
Os livros foram entregues a mim. ca – que tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou
Dei a ela a merecida recompensa. se sua morte se deve ______ envenenamento.
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)
o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no
caso de o termo regente exigir a preposição. Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. cunas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
vamente, por
*não ocorre crase antes de nome feminino utilizado em (A) a ... à ... a ... a
sentido genérico ou indeterminado: (B) as ... à ... a ... à
Estamos sujeitos a críticas. (C) às ... a ... à ... a
Refiro-me a conversas paralelas. (D) à ... à ... à ... a
(E) a ... a ... a ... à
Fontes de pesquisa:
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
html
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural, ge-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. neralizando) necessárias à (regência nominal pede prepo-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- sição) exumação dos restos mortais do ex-presidente João
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
Saraiva, 2010. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presi-
dente morreu de causas naturais, ou seja, devido a uma
(artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a versão
considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a
(regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
RESPOSTA: “A”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!

74
LÍNGUA PORTUGUESA

- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente foi
Emprego de o, a, os, as realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: 2-)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = cor-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. reta
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, (C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na, (D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.

* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B”
Saraiva, 2010. e “D”. Ao iniciarmos um parágrafo ( já que no enunciado
temos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzan-
Questões do-os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.
A) Há políticas que a reconhecem.
B) Há políticas que reconhecem-a.
C) Há políticas que reconhecem-na.
D) Há políticas que reconhecem ela.
E) Há políticas que lhe reconhecem.

75
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras e
das suas mudanças de significação através do tempo ou - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
em determinada época. A maior importância está em dis- rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor-
Sinônimos rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
em determinado enunciado (aguardar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
afundar).
Observação: A contribuição greco-latina é responsá-
vel pela existência de numerosos pares de sinônimos: ad- Hiperonímia e Hiponímia
versário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô-
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperôni-
mo, mais abrangente.
Antônimos
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipôni-
mo, criando, assim, uma relação de dependência semânti-
São palavras que se opõem através de seu significado:
ca. Por exemplo: Veículos está numa relação de hiperoní-
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mia com carros, já que veículos é uma palavra de significa-
mal - bem. do genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é
um hiperônimo de carros.
Observação: A antonímia pode se originar de um pre- Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- repetição desnecessária de termos.
ticomunista; simétrico e assimétrico.
Fontes de pesquisa:
Homônimos e Parônimos http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
- Homônimos = palavras que possuem a mesma grafia SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Podem coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ser Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Saraiva, 2010.
rentes na pronúncia: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rego (subst.) e rego (verbo); ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
colher (verbo) e colher (subst.); XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
jogo (subst.) e jogo (verbo); tuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo). Denotação e Conotação

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)

76
LÍNGUA PORTUGUESA

As variações nos significados das palavras ocasionam Polissemia


o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
Denotação um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando de seu próprio campo semântico.
apresenta seu significado original, independentemente Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
do e muitas vezes associado ao primeiro significado que consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infini-
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da dade de exemplos em que podemos verificar a ocorrência
palavra. da polissemia:
A denotação tem como finalidade informar o receptor O rapaz é um tremendo gato.
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- O gato do vizinho é peralta.
ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi- Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, sobrevivência
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe- O passarinho foi atingido no bico.
daço de madeira. Outros exemplos:
O elefante é um mamífero. Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
As estrelas deixam o céu mais bonito! computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
Conotação de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in- formato quadriculado que têm.
terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão Polissemia e homonímia
além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei quando duas ou mais palavras com origens e significados
pau no concurso). distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- monímia.
tos no receptor da mensagem, através da expressividade e A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em polissemia porque os diferentes significados para a pala-
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra
blicitários, entre outros. Exemplos: polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
Você é o meu sol! o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado
Minha vida é um mar de tristezas. indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in-
Você tem um coração de pedra! terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da
escrita.
* Dica: Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado Polissemia e ambiguidade
com o sentido que consta no dicionário.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Fontes de pesquisa: interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota- ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
cao/ ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: temente são felizes.
Saraiva, 2010. Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
tes:

77
LÍNGUA PORTUGUESA

As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.

Observe outros exemplos:


1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a
fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar


(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- algum.
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que
indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente
mas duas seriam:
inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é
Corte e coloração capilar
tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de
ou
terra que leva a lugar algum.
Faço corte e pintura capilar
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Fontes de pesquisa:
Em sua mente povoa só inveja.
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
htm Metonímia
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: É a substituição de um nome por outro, em virtude de
Saraiva, 2010. existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pode acontecer dos seguintes modos:
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Figura de Linguagem, Pensamento e Construção Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (=
Figura de Palavra As lâmpadas iluminam o mundo).
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes
A figura de palavra consiste na substituição de uma da cruz. (= Não te afastes da religião).
palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
por uma associação, uma comparação, uma similaridade. 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só-
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - crates tomou veneno).
permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
a metáfora e a metonímia. trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo).
Metáfora 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfo-
lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em vir- nes foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
tude da circunstância de que o nosso espírito as associa dos jogadores).
e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apres-
palavra fora de seu sentido normal. sadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).

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LÍNGUA PORTUGUESA

10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so- Fontes de pesquisa:


frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
mundo). php
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
chamadas, não apenas uma mulher). Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
(= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). Saraiva, 2010.
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
Alguns astronautas foram à Lua). Antítese
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Consiste no emprego de palavras que se opõem quan-
to ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essen-
Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de cialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos
extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquanto que não se conseguiria com a exposição isolada dos mes-
que a metonímia abrange apenas os casos de analogia ou mos. Observe os exemplos:
de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fazer “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
distinção entre ambas as figuras. O corpo é grande e a alma é pequena.
“Quando um muro separa, uma ponte une.”
Catacrese Não há gosto sem desgosto.

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

79
LÍNGUA PORTUGUESA

Prosopopeia ou Personificação Elipse

É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.

Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femi-


Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
nino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descenden-
faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
te (anticlímax). Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor
com seus olhos claros e brincalhões...
intenso.
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere ao
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a
céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. cidade de Porto Velho).
Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decres-
cente de intensidade. Outros exemplos: 2) Vossa Excelência está preocupado.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
amor”. (Olavo Bilac) soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu- Excelência.
se.” (Padre Antônio Vieira)
Silepse de Número - Os números são singular e plural.
Fontes de pesquisa: A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5. concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas
php com a ideia que nele está contida. Exemplos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de Salvador.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe) tos das orações (que se encontram no singular, procissão
ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
maior expressividade que se dá ao sentido. isso que os verbos estão no plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.

Pleonasmo Observação: o anacoluto deve ser usado com finalida-


de expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é real- Hipérbato / Inversão
çar a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e sujeito venha depois do predicado:
“lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. As- Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor
sim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pro- venceu ao ódio)
nome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. Ou- Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
tro exemplo: Eu cuido dos meus problemas)
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto * Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- tumbante de um povo heroico”.
nástico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos:


“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade:


Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.

1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

82
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.

84
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia.  textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E)  a energia e o barulho.   dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma


modalidade na qual as ações são prescritas de forma se- COESÃO E COERÊNCIA
quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo,
infinitivo ou futuro do presente: Misture todos os ingredien-
te e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
se pelo predomínio de operadores argumentativos, revela- do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que
dos por uma carga ideológica constituída de argumentos estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou
e contra-argumentos que justificam a posição assumida falado - são os referentes textuais, que buscam garantir
acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu es- elementos que compõem a oração, como também entre a
paço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam-
estão em complementação, não em disputa. bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado
em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-
cesso têm com o tema.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ginária - composta de termos e expressões - que une os
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
GÊNEROS TEXTUAIS de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-
mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases,
São os textos materializados que encontramos em orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor-
nosso cotidiano; tais textos apresentam características só- re daí a coerência textual.
cio-comunicativas definidas por seu estilo, função, com- Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
posição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
A escolha de um determinado gênero discursivo de- prejudica o entendimento do texto. Construído com os ele-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, mentos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
a finalidade do texto a ser produzido, quem são os locu- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
tores e os interlocutores, o meio disponível para veicular o não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
texto, etc. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência
e independência sintática e semântica, recobertos por unida-
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a es- des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
feras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exem- Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é
plo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, edito- imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases
riais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se
são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enci- de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre
clopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência. os elementos que compõem a estrutura textual.

Fontes de pesquisa: Formas de se garantir a coesão entre os elementos


http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex- de uma frase ou de um texto:
tual.htm
1. Substituição de palavras com o emprego de sinôni-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
mos - palavras ou expressões do mesmo campo associa-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: tivo.
Saraiva, 2010. 2. Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa / desgaste / desgastante).
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. 3. Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Embora não gostassem de estudar, participaram da aula.
4. Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
posições, artigos:
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com Questões


base na maior especificidade do significado de um deles.
Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais gené- * As questões abaixo também envolvem o conteúdo
rico). “Conjunção”. Eu as coloquei neste tópico porque abordam
6. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de - inclusive - coesão e coerência.
sentido mais amplo com outros de sentido mais específico.
Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com 1-) (SEDUC/AM – ASSISTENTE SOCIAL – FGV/2014) As-
gato. sinale a opção que indica o segmento em que a conjunção
7. Substitutos universais, como os verbos vicários.
e tem valor adversativo e não aditivo.
* Ajuda da Zê: verbo vicário é aquele que substitui (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
outro já utilizado no período, evitando repetições. Geral- da população na escolha dos governantes,...”.
mente é o verbo fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Faço porque preciso. O “faço” foi empregado no lugar de derno e dinâmico, no cotejo com a restrita experiência elei-
“estudo”, evitando repetição desnecessária. toral anterior”.
(C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais, buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan- de hoje”.
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida (D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se ela na história nacional, inventou o que mais perto se pode
cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter- chegar de um Estado de Bem-Estar num país de renda mé-
mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
dia”.
relação entre as duas orações).
(E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta de
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao políticas públicas social-democratas”.
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de
progressão textual, dada sua característica: são elementos 1-)
que não significam, apenas indicam, remetem aos compo- (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
nentes da situação comunicativa. = adição
Já os componentes concentram em si a significação. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: derno e dinâmico”. = adição
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- (C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
monstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da de hoje”. = adição
enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade
(D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento
(presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns ela na história nacional”. = adição
dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo (E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
ano, depois de (futuro).” está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta =
adversativa (dá para substituirmos por “mas”)
A coerência de um texto está ligada: RESPOSTA: “E”.
- à sua organização como um todo, em que devem es-
tar assegurados o início, o meio e o fim;
- à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto 2-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/
técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamentada DF – ANALISTA DE APOIO À ASSISTÊNCIA JURÍDICA –
em comprovações, apresentação de estatísticas, relato de FGV/2014) A alternativa em que os elementos unidos pela
experiências; um texto informativo apresenta coerência se conjunção E não estão em adição, mas sim em oposição, é:
trabalhar com linguagem objetiva, denotativa; textos poé- (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
ticos, por outro lado, trabalham com a linguagem figurada,
fazer justiça com as próprias mãos...”
livre associação de ideias, palavras conotativas.
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas
Fontes de pesquisa: instituições:...”
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/ (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos
COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html anarquistas e mais nos fascistas italianos...”
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática (D) “...desprezando o passado e a tradição...”
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa (E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. velocidade e do progresso...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) A Ordem dos Termos na Frase


(A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
fazer justiça com as próprias mãos”. = adição Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
instituições”. = adição Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-
(C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von-
anarquistas e mais nos fascistas italianos”. = ideia de opo- tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém,
sição acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di-
(D) “...desprezando o passado e a tradição”. = adição zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões
(E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von-
velocidade e do progresso”. = adição tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos
RESPOSTA: “C”. transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode-
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira:

No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-


sando desemprego.
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
ESTRUTURAS Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a
alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que,
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen- facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga-
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem nizadas aos nossos leitores.
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
experiência de vida antecedem o ato de escrever. O básico para a organização sintática das frases é a or-
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estrutu-
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne- ram tal ordem da seguinte maneira:
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as- SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIR-
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores. CUNSTÂNCIAS
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia- A globalização + está causando + desemprego + no
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Brasil nos dias de hoje.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem to-
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das das contêm todos estes elementos, portanto cabem algu-
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases mas observações:
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu-
ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ- 1) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas normalmente são representadas por adjuntos adverbiais
mensagens. Observe: de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan-
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está La- a tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases:
tina América causando.
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
na América Latina. nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e ou-
tros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de Observações:
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação a) tais construções não estão erradas, mas rompem
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de com a ordem direta;
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul- tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
tural do mundo atual. exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
burgo. São quatro horas agora;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/

Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.

89
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução

1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O

90
LÍNGUA PORTUGUESA

segundo caso acontece quando quem redige tem muitas


ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, REDAÇÃO OFICIAL
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha
lógica de raciocínio.
Pronomes de tratamento na redação oficial
Conclusão
A redação oficial é a maneira utilizada pelo poder públi-
Considerada como a parte mais importante do texto, co para redigir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo- fazem-se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, con-
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa cisa, sem muito comprometimento, bem como um uso ade-
parte, em que a exposição ou discussão se fecha. quado das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, asse-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou seja, guram que os atos normativos sejam bem executados.
possui atributos de síntese. A discussão não deve ser en- No Poder Público, nós nos deparamos com situações em
cerrada com argumentos repetitivos, como por exemplo: que precisamos escrever – ou falar – com pessoas com as
“Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em quais não temos familiaridade. Nestes casos, os pronomes de
conclusão...”. tratamento assumem uma condição e precisam estar adequa-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve dos à categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos.
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das E mais, exige-se, em discurso falado ou escrito, uma homoge-
características de textos bem redigidos. neidade na forma de tratamento, não só nos pronomes como
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- também nos verbos. No entanto, as formas de tratamento
cam muito longas: não são do conhecimento de todos.
Abaixo, seguem as discriminações de usos dos pronomes
- O problema aparece quando não ocorre uma explo- de tratamento, com base no Manual da Presidência da Repú-
ração devida do desenvolvimento, o que gera uma invasão blica.
das ideias de desenvolvimento na conclusão.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda- São de uso consagrado:
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar
de maiores explicações, ficando bastante vazia. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no tex- a) do Poder Executivo
to em que o autor fica girando em torno de ideias redun- Presidente da República, Vice-Presidente da República, Mi-
dantes ou paralelas. nistro de Estado, Secretário-Geral da Presidência da República,
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamen- Consultor-Geral da República, Chefe do Estado-Maior das For-
te dispensáveis. ças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da Re-
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- pública, Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República,
são, o autor acaba se perdendo na argumentação final. Secretários da Presidência da República, Procurador – Geral da
República, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Em relação à abertura para novas discussões, a con- Distrito Federal, Chefes de Estado – Maior das Três Armas, Ofi-
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes ciais Generais das Forças Armadas, Embaixadores, Secretário
fatores: Executivo e Secretário Nacional de Ministérios, Secretários de
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre temas Estado dos Governos Estaduais, Prefeitos Municipais.
polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
- Para estimular o leitor a ler uma possível continuidade b) do Poder Legislativo:
do texto, o autor não fecha a discussão de propósito. Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
- Por apenas apresentar dados e informações sobre o Deputados e do Senado Federal, Presidente e Membros do Tri-
tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o as- bunal de Contas da União, Presidente e Membros dos Tribunais
sunto. de Contas Estaduais, Presidente e Membros das Assembleias
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o autor Legislativas Estaduais, Presidente das Câmaras Municipais.
enumera algumas perguntas no final do texto.
c) do Poder Judiciário:
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au- Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal, Presi-
tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica dente e Membros do Superior Tribunal de Justiça, Presidente e
é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos. Membros do Superior Tribunal Militar, Presidente e Membros do
Naquele devem estar indicadas as melhores sequências a Tribunal Superior Eleitoral, Presidente e Membros do Tribunal
serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais enxuto Superior do Trabalho, Presidente e Membros dos Tribunais de
possível. Justiça, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais,
Fonte de pesquisa: Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho,
http://producao-de-textos.info/mos/view/Caracter%- Juízes e Desembargadores, Auditores da Justiça Militar.
C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/

91
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas A Impessoalidade


aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
go respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Ex- alguém que comunique; b) algo a ser comunicado; c) alguém
celentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. que receba essa comunicação. No caso da redação oficial,
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vo- quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atri-
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento buições do órgão que comunica; o destinatário dessa comu-
“Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
públicos sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto- decorre:
rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminada- a) da ausência de impressões individuais de quem comu-
mente tal termo. nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assina-
do por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
As Comunicações Oficiais Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
uma desejável padronização, que permite que comunicações
1. Aspectos Gerais da Redação Oficial elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
entre si certa uniformidade;
O que é Redação Oficial b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do homogênea e impessoal;
Poder Executivo. c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalida- universo temático das comunicações oficiais restringe-se a
de, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, for- questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
malidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.
decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A admi- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impres-
nistração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer sões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali- mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publi- da interferência da individualidade que a elabora.
cidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
administração pública, claro que devem igualmente nortear a que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con-
elaboração dos atos e comunicações oficiais. tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes-
Não se concebe que um ato normativo de qualquer na- soalidade.
tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le- gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do
gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro,
pois, necessariamente, clareza e concisão. de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos
Fica claro também que as comunicações oficiais são ne- de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta
cessariamente uniformes, pois há sempre um único comuni- dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públi-
cador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações cos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empre-
ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigi- gada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
dos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou dientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
instituições tratados de forma homogênea (o público). clareza e objetividade.
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à As comunicações que partem dos órgãos públicos fede-
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar rais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão
com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâ- brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de
metros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa da- uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dú-
quele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência vida de que um texto marcado por expressões de circulação
particular, etc. restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jar-
Apresentadas essas características fundamentais da re- gão técnico, tem sua compreensão dificultada.
dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
uma delas. tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâ-
mica, reflete de forma imediata qualquer alteração de cos-

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LÍNGUA PORTUGUESA

tumes, e pode eventualmente contar com outros elementos Concisão e Clareza


que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lenta- mitir o máximo de informações com um mínimo de palavras.
mente as transformações, tem maior vocação para a perma- Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se
nência e vale-se apenas de si mesma para comunicar. tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se es-
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua creve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pron-
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, to. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
que o padrão culto é aquele em que se observam as regras O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da gramática formal e se emprega um vocabulário comum princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não
que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação se deve, de forma alguma, entendê-la como economia de
oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, pas-
essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos sagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
os cidadãos. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi-
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a sim- cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita
plicidade de expressão, desde que não seja confundida com imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
da língua literária. tações que poderia decorrer de um tratamento personalista
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um dado ao texto;
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá pre- entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
ferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obe- circulação restrita, como a gíria e o jargão;
decida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas - a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
isso não implica, necessariamente, que se consagre a utiliza- prescindível uniformidade dos textos;
ção de uma forma de linguagem burocrática. O jargão buro- - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
crático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre linguísticos que nada lhe acrescentam.
sua compreensão limitada. É pela correta observação dessas características que se
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei-
situações que a exijam, evitando o seu uso indiscriminado. tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,
Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, principal-
próprio à determinada área, são de difícil entendimento por mente, da falta da releitura que torna possível sua correção.
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cui- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa
dado, portanto, de explicitá-los em comunicações encami- com que são elaboradas certas comunicações quase sempre
nhadas a outros órgãos da administração e em expedientes compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de
dirigidos aos cidadãos. um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há as-
suntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
Formalidade e Padronização pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- Pronomes de Tratamento
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto Concordância com os Pronomes de Tratamento
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordân-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento cia verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segun-
para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a for- da pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem
malidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfo- se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira
que dado ao assunto do qual cuida a comunicação. pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que in-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- tegra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administra- nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
ção federal é una, é natural que as comunicações que expede Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
exige que se atente para todas as características da redação “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. so...”).
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que
dispensáveis para a padronização. se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente


Excelentíssimo Senhor Presidente da República da República por um Ministro de Estado.
Senhora Ministra Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Senhor Chefe de Gabinete Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as de interministerial.
seguintes informações do remetente:
– nome do órgão ou setor; Forma e Estrutura - Formalmente, a exposição de mo-
– endereço postal; tivos tem a apresentação do padrão ofício. A exposição de
– telefone e e-mail. motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Observação: Estas informações estão ausentes no exclusivamente informativo e outra para a que proponha al-
memorando, pois se trata de comunicação interna - des- guma medida ou submeta projeto de ato normativo.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
tinatário e remetente possuem o mesmo endereço. Se o
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presiden-
Aviso é de um Ministério para outro Ministério, também
te da República, sua estrutura segue o modelo antes referido
não precisa especificar o endereço. O Ofício é enviado para para o padrão ofício.
outras instituições, logo, são necessárias as informações do
remetente e o endereço do destinatário para que o ofício Mensagem
possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Definição e Finalidade - É o instrumento de comunica-
Memorando ção oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder
Definição e Finalidade Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública,
O memorando é a modalidade de comunicação entre expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem legislativa, submeter ao Congresso Nacional matérias que de-
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife- pendem de deliberação de suas Casas, apresentar veto, enfim,
rente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de inte-
eminentemente interna. resse dos poderes públicos e da Nação.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá
etc. a serem adotados por determinado setor do serviço a redação final.
público. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela ra- - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. mentar ou financeira;
Para evitar desnecessário aumento do número de comu- - encaminhamento de medida provisória;
nicações, os despachos ao memorando devem ser dados - indicação de autoridades;
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-
folha de continuação. Este procedimento permite formar sidente da República ausentarem-se do País por mais de 15
dias;
uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
- encaminhamento de atos de concessão e renovação de
transparência à tomada de decisões e permitindo que se
concessão de emissoras de rádio e TV;
historie o andamento da matéria tratada no memorando.
- encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
terior;
Forma e Estrutura - mensagem de abertura da sessão legislativa;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - comunicação de sanção (com restituição de autógrafos);
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário - comunicação de veto;
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex: - outras mensagens.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Forma e Estrutura - As mensagens contêm:


Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda;
Exposição de Motivos b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
Definição e Finalidade - Exposição de motivos é o ex- esquerda (Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Fede-
pediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Pre- ral);
sidente para: c) o texto, iniciando a 2,0 cm do vocativo;
a) informá-lo de determinado assunto; b) propor algu- d) o local e a data, verticalmente a 2,0 cm do final do
ma medida; ou c) submeter a sua consideração projeto de texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a
ato normativo. margem direita.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
Definição e Finalidade - O fax (forma abreviada já Elementos de Ortografia e Gramática
consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação
que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento Problemas de Construção de Frases
da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens
urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
cujo conhecimento há premência, quando não há condi- principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
ções de envio do documento por meio eletrônico. Quando nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e Celso Pedro Luft.
na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
modelos, deteriora-se rapidamente.
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
Forma e Estrutura - Os documentos enviados por fax
bos não auxiliares que o constituem.
mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
forme exemplo a seguir: Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
[Órgão Expedidor] de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
[setor do órgão expedidor] complemento adverbial). Função acessória desempenham
[endereço do órgão expedidor] os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Destinatário:____________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
Remetente: ____________________________________ o início da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________ No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Correio Eletrônico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Definição e finalidade - O correio eletrônico (“e-mail”), orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na princi- (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
pal forma de comunicação para transmissão de documen- ocorrer em ordem diversa):
tos.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

96
LÍNGUA PORTUGUESA

O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.

97
LÍNGUA PORTUGUESA

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.

Senhor Deputado 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO


Em complemento às informações transmitidas pelo te- – CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di-
legrama n.º 154, de 24 de abril último, informo _____ de que recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso
as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
procedimento administrativo de demarcação de terras in- ( ) CERTO (
dígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de ) ERRADO
1991 (cópia anexa).
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado) 3-) Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
A alternativa que completa, correta e respectivamen- para todas as modalidades de comunicação oficial:
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
da língua portuguesa e atendendo às orientações oficiais da República: Respeitosamente,
a respeito do uso de formas de tratamento em correspon- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,
dências públicas, é:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
A) Vossa Senhoria … tua.
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
B) Vossa Magnificência … sua.
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
C) Vossa Eminência … vossa.
Redação do Ministério das Relações Exteriores.
D) Vossa Excelência … sua. RESPOSTA: “CERTO”.
E) Sua Senhoria … vossa.

1-) Podemos começar pelo pronome demonstrativo.


Mesmo utilizando pronomes de tratamento “Vossa” (mui-
tas vezes confundido com “vós” e seu respectivo “vosso”),
os pronomes que os acompanham deverão ficar sempre na
terceira pessoa (do plural ou do singular, de acordo com o
número do pronome de tratamento). Então, em quaisquer

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LÍNGUA PORTUGUESA

Não encontramos as pessoas que saíram.


FUNÇÕES DO “QUE” E DO “SE” • pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar
como pronome substantivo ou pronome adjetivo.
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando
for pronome substantivo, a palavra que exercerá as fun-
A palavra que em português pode ser: ções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto
Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa. indireto, etc.)
Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de Que aconteceu com você?
exclamação. Usa-se também a variação  o quê! A pala-
vra que não exerce função sintática quando funciona como • pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse
interjeição. caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.

Quê! Você ainda não está pronto? Que vida é essa?


O quê! Quem sumiu?
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Substantivo: equivale a alguma coisa. caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro vra que pode relacionar tanto orações coordenadas quan-
determinante, e receberá acento por ser monossílabo tô- to subordinadas, daí classificar-se como conjunção coorde-
nativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
nico terminado em e. Como substantivo, designa também
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que
a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for
recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:
substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa ex-
classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto,
plicativa)
predicativo, etc.) Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa
consecutiva)
Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função
de núcleo do objeto direto) Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a
palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa
Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal integrante.
em que o auxiliar é o verboter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não Desejo que você venha logo.
exerce função sintática.

Tenho que sair agora. A palavra se 


Ele tem que dar o dinheiro hoje.
A palavra se, em português, pode ser:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
frase, sem prejuízo algum para o sentido. Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Nesse caso, a palavra que  não exerce função sintáti- caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
ca; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar vra se pode ser:
realce. Como partícula expletiva, aparece também na ex- * conjunção subordinativa integrante: inicia uma ora-
pressão é que. ção subordinada substantiva.
Perguntei se ele estava feliz.
Quase que não consigo chegar a tempo. * conjunção subordinativa condicional: inicia uma ora-
Elas é que conseguiram chegar. ção adverbial condicional (equivale a caso).
Advérbio:  modifica um adjetivo ou um advérbio. Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a pala-
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
vra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no
frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a pa-
caso, de intensidade.
lavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome
indica, é usada apenas para dar realce.
Que lindas flores!
Passavam-se os dias e nada acontecia.
Que barato!
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função
• pronome relativo: retoma um termo da oração an- sintática.
tecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale Ele arrependeu-se do que fez.
a o qual e flexões.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li-


gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
A linguagem é a característica que nos difere dos de- As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona-
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, so- lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando
bretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os nais da área de informática, dentre outros.
níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de formali-
dade e o de informalidade. Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo Vício na fala
geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma ma- Para dizerem milho dizem mio
neira que falamos. Este fator foi determinante para a que Para melhor dizem mió
a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Para pior pió

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário


escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E AS
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada con- Comunicação
forme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma
culta. A comunicação constitui uma das ferramentas mais im-
portantes que os líderes têm à sua disposição para desem-
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: penhar as suas funções de influência. A sua importância é
tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san-
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se
nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada. essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni-
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação cação efetiva ser possível:
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem,
estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e não apenas os interesses da organização, mas também os
a evoluções. interesses de todos os seus membros.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importân-
cia. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a lín- - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
gua falada com base na língua escrita, considerada supe- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, a es-
rior. Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, trutura organizacional, quer ao nível do desenho organiza-
a que os professores sempre estão atentos. cional, quer ao nível da distribuição de autoridade, respon-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- sabilidade e tarefas.
trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
ou inferioridade, que em verdade inexiste. bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de-
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de respeitadas por todos os membros da organização.
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de diale-
tos, consequência natural do enorme distanciamento entre - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to-
uma modalidade e outra. dos os membros da organização.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne-
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra-
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa-
processam-se lentamente e em número consideravelmente ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma
menor, quando cotejada com a modalidade falada. a aumentar a sua motivação.
Importante é fazer o educando perceber que o nível da
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com Elementos do Processo de Comunicação
a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Para perceber desenvolver políticas de comunicação
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen-
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim,
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as- fazem parte do processo de comunicação o emissor, um
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos,
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível um receptor e ainda o feedback do receptor.
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e - Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação):
na sala de aula. representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- da mensagem pode ser feita transformando o pensamento
diano, a que já fizemos referência. que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
  exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função

104
LÍNGUA PORTUGUESA

específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a

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LÍNGUA PORTUGUESA

própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...

A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)

107
LÍNGUA PORTUGUESA

As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA
As atitudes e reações dos comunicantes são também
referentes e exercem influência sobre a comunicação 1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al-
Lembramo-nos: ternativa correta quanto à concordância, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no (A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade
“eu” do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta social está no centro dos debates atuais.
função está, por norma, a poesia lírica. (B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de men- lação aos efeitos da desigualdade social.
sagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
assuma determinado comportamento; há frequente uso mais pobres é um fenômeno crescente.
do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é (D) A má distribuição de riquezas tem sido muito
frequentemente usada por oradores e agentes de publici- criticado por alguns teóricos.
dade. (E) Os debates relacionado à distribuição de rique-
- Função metalinguística: função usada quando a lín- zas não são de exclusividade dos economistas.
gua explica a própria linguagem (exemplo: quando, na aná-
lise de um texto, investigamos os seus aspectos morfossin- Realizei a correção nos itens:
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so-
táticos e/ou semânticos).
cial está = estão
- Função informativa (ou referencial): função usada
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver-
quando o emissor informa objetivamente o receptor de
gem
uma realidade, ou acontecimento.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
mais pobres é um fenômeno crescente.
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
textos publicitários (centra-se no canal de comunicação). cado = criticada
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensa- (E) Os debates relacionado = relacionados
gem com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, rit-
mos agradáveis, etc. RESPOSTA: “C”.
Também podemos pensar que as primeiras falas cons- 2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
cientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
evoluíram para o que podemos reconhecer como “interjei- – Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
ções”. As primeiras ferramentas da fala humana. ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo (A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
que mais profundamente distingue o homem dos outros americanos consomem em média 357 calorias, diárias
animais. dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
Podemos considerar que o desenvolvimento desta fun- americanos consomem, em média 357 calorias diárias
ção cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a dessa fonte.
libertação da mão, que permitiram o aumento do volume (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes
do cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores americanos consomem, em média, 357 calorias diárias
e da mímica facial dessa fonte.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes
Devido a estas capacidades, para além da linguagem americanos, consomem em média 357 calorias diárias
falada e escrita, o homem, aprendendo pela observação de dessa fonte.
animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos sur- (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
dos em diferentes países, não só para melhorar a comuni- americanos, consomem em média 357 calorias diárias,
cação entre surdos, mas também para utilizar em situações dessa fonte.
especiais, como no teatro e entre navios ou pessoas e não
animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada
que se podem observar entre si. ou faltante:
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X)
diárias dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias
dessa fonte.

108
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes Distribuímos = regra do hiato


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des- (A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
sa fonte. (B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome
(D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes oblíquo. Nunca!)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (C) lúcidos = proparoxítona
diárias dessa fonte. (D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui”
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes – oxítona: cons-ti-tui)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
diárias, (X) dessa fonte.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – A concordância verbal está plenamente observada na
FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de frase:
concordância verbal na frase: (A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas
visibilidade social. públicas.
b) As duas tábuas em que se comprimem o famige- (B) Sempre deverão haver bons motivos, junto
rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino
como “compro ouro”. religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa ciativa privada.
a exposição pública a que se submetem os guardadores (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
de carros. to, contra os que votam a favor do ensino religioso na
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na escola pública, consistem nos altos custos econômicos
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de- que acarretarão tal medida.
monstração de mau gosto. (D) O número de templos em atividade na cidade
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve- proporção maior do que ocorrem com o número de es-
lhos carros-placa. colas públicas.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Fiz as correções entre parênteses: como a regulação natural do mercado sinalizam para
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu- as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri- religioso nas escolas públicas.
mida a visibilidade social.
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime) (A) Provocam = provoca (o posicionamento)
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô- (B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver
nicos, como “compro ouro”. (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto,
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a contra os que votam a favor do ensino religioso na escola
exposição pública a que se submetem os guardadores de pública, consistem = consiste.
carros. (D) O número de templos em atividade na cidade de
d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros- São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
-placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma ção maior do que ocorrem = ocorre
demonstração de mau gosto. (E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in- a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve-
teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da- niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas
queles velhos carros-placa. escolas públicas.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “E”.

4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.

109
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows 7, 8 e 10). ......................................................................................... 01


Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office 2010, 2013 e LibreOffice 5 ou superior). ...... 28
Redes de computadores: Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e Intranet; ...........158
Programas de navegação (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome); ...................................................158
Programas de correio eletrônico (Microsoft Outlook e Mozilla Thunderbird); .............................................................................194
Sítios de busca e pesquisa na Internet; ........................................................................................................................................................207
Grupos de discussão; ...........................................................................................................................................................................................207
Redes sociais; ..........................................................................................................................................................................................................207
Computação na nuvem (cloud computing). ...............................................................................................................................................209
Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas. .........................................211
Segurança da informação: Procedimentos de segurança; ....................................................................................................................217
Noções de vírus, worms e outras pragas virtuais; ....................................................................................................................................222
Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, anti-spyware etc.); ....................................................................................................222
Procedimentos de backup; ................................................................................................................................................................................224
Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage)............................................................................................................................227
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Por exemplo, o kernel 2.6.2 é a segunda versão do kernel 2.6.0.


NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL A numeração da versão do kernel é bastante usada, po-
(AMBIENTES LINUX E WINDOWS 7, 8 E 10). rém você não precisa lembrar de cada detalhe exposto. Mas
certamente é útil entender o número de revisão e a necessi-
dade de possíveis atualizações.
AMBIENTE LINUX
O PROJETO GNU
O que é GNU/Linux GNU is Not Unix! Muitos conhecem e divulgam o siste-
Linux é o núcleo do sistema operacional, programa res- ma operacional do pinguim apenas como Linux, porém o ter-
ponsável pelo funcionamento do computador, que faz a mo correto é GNU/Linux. Em palavras simplificadas, Linux é
comunicação entre hardware (impressora, monitor, mouse, apenas o kernel do sistema operacional, ele depende de uma
teclado) e software (aplicativos em geral). O conjunto do série de ferramentas para funcionar, a começar pelo progra-
kernel e demais programas responsáveis por interagir com ma usado para compilar seu código-fonte. Essas ferramentas
este é o que denominamos sistema operacional. O kernel é são providas pelo projeto GNU, criado por Richard Stallman.
o coração do sistema. Em outras palavras, o sistema operacional tratado neste
Os principais programas responsáveis por interagir documento é a união do Linux com as ferramentas GNU, por
com o kernel foram criados pela fundação GNU. Por este isso o termo GNU/Linux.
motivo é mais correto nos referenciarmos ao sistema ope-
racional como GNU/Linux ao invés de apenas Linux. GNU/LINUX X WINDOWS
A diferença mais marcante entre Linux e Windows é o
Uma distribuição nada mais é que o conjunto de ker-
fato do primeiro ser um sistema de código aberto, desen-
nel, programas de sistema e aplicativos reunidos num úni-
volvido por programadores voluntários espalhados por toda
co CD-ROM (ou qualquer outro tipo de mídia). Hoje em
internet e distribuído sob a licença pública GPL. Enquanto o
dia temos milhares de aplicativos para a plataforma GNU/
Windows é software proprietário, não possui código-fonte
Linux, onde cada empresa responsável por uma distro es- disponível e você ainda precisa comprar uma licença pra ter
colhe os aplicativos que nela deverão ser inclusos. o direito de usá-lo.
Você não precisa pagar nada para usar o Linux! Não é
O KERNEL crime fazer cópias para instalá-lo em outros computadores. A
Você já deve ter encontrado diversas vezes a palavra vantagem de um sistema de código aberto é que ele se tor-
kernel quando lê sobre Linux. O que vem a ser isso? O ker- na flexível às necessidades do usuário, tornando assim suas
nel é o núcleo do sistema operacional e dá aos softwares a adaptações e “correções” muito mais rápidas. Lembre-se que
capacidade de acessar o hardware. ao nosso favor temos milhares de programadores espalha-
Por isso o kernel do Linux é atualizado constantemen- dos pelo mundo pensando apenas em fazer do Linux um sis-
te, acrescentando suporte a novas tecnologias. Usa módu- tema cada vez melhor.
los para adicionar suporte ou para melhorar no suporte a O código-fonte aberto do sistema permite que qualquer
itens já existentes. pessoa veja como ele funciona, corrija algum problema ou
faça alguma sugestão sobre sua melhoria, esse é um dos
Os módulos são muito úteis, pois desobrigam o admi- motivos de seu rápido crescimento, assim como da compati-
nistrador da mudança do kernel inteiro, sendo necessário bilidade com novos hardwares, sem falar de sua alta perfor-
apenas a instalação do novo módulo. Mas às vezes você mance e de sua estabilidade.
pode sentir a necessidade de recompilar o kernel inteiro,
talvez para ganhar mais estabilidade, performance ou au- DISTRIBUIÇÕES GNU/LINUX
O Linux possui vários sabores e estes são denominados
mentar o suporte ao seu hardware como um todo. Por usar
distribuições. Uma distribuição nada mais é que um kernel
um sistema de numeração simples, os usuários do Linux
acrescido de programas escolhidos a dedo pela equipe que
podem identificar sua versão em uso. a desenvolve. Cada distribuição possui suas particularidades,
tais como forma de se instalar um pacote (ou software), in-
VERSÕES DO KERNEL - SISTEMA DE NUMERAÇÃO terface de instalação do sistema operacional em si, interface
O sistema de numeração é bastante simples e você terá gráfica, suporte a hardware. Então resta ao usuário definir
facilidade de aprendê-lo. Veja abaixo o significado de cada que distribuição atende melhor suas necessidades.
item:
Número principal: é o ‘primeiro’ número, o número GNU/LINUX E SUA INTERFACE GRÁFICA
mais à esquerda, indica as mudanças realmente principais O sistema X-Window (sim! sem o “s”), também chama-
no kernel. do de X, fornece o ambiente gráfico do sistema operacional.
Número secundário: é o número ‘do meio’, indica a es- Diferentemente do OSX (Macintosh) e Windows, o X torna o
tabilidade de um kernel particular. Números pares indicam gerenciador de janelas (a interface visual em si) um proces-
uma versão estável e números ímpares indicam uma versão so separado. Na verdade, a vantagem de separar o geren-
em desenvolvimento. ciador de janelas é que você pode escolher entre uma varie-
Número ‘de revisão’: é o ‘último’ número, indica a versão. dade de gerenciadores existentes para Linux o que melhor
lhe convém, tais como Gnome, KDE, XFCE dentre outros.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A HISTÓRIA DO GNU/LINUX Sobre o YaST:


O sistema Linux tem sua origem no Unix, um sistema YaST talvez seja a mais poderosa ferramenta de gestão
operacional multitarefa e multiusuário que tem a vanta- do ambiente Linux. É um projeto open source patrocinado
gem de rodar em uma grande variedade de computado- pela Novell e ativamente em desenvolvimento.
res. O desenvolvimento do YaST começou em janeiro de
O Linux surgiu de forma muito interessante. Tudo co- 1995. Ele foi escrito em C++ com um ncurses GUI por Thoa-
meçou em 1991, quando um programador finlandês de mas Fehr (um dos fundadores SuSE) e Michael Andres.
21 anos, Linus Benedict Torvalds, enviou a seguinte men- YaST é a ferramenta de instalação e configuração para
sagem para uma lista de discussão na Internet: “Olá para openSUSE, SUSE Linux Enterprise e o antigo SuSE Linux.
todos que estão usando Minix. Estou fazendo um sistema Possui uma atraente interface gráfica capaz de personali-
operacional free (como passatempo) para 386, 486, AT e zar o seu sistema rapidamente durante e após a instalação,
clones”. Minix era um limitado sistema operacional ba- podendo também ser utilizada em modo texto.
YaST pode ser usado para configurar o sistema inteiro,
seado em Unix que rodava em microcomputadores ma-
como por exemplo configurar periféricos como: placa de
quiavélicos como o AT. Linus pretendia desenvolver uma
vídeo, placas de som, rede, configurar serviços do sistema,
versão melhorada do Minix e mal sabia que seu suposto
firewall, usuários, boot, repositórios, idiomas, instalar e re-
“passatempo” acabaria num sistema engenhosamente mover softwares etc.
magnífico. Muitos acadêmicos conceituados ficaram inte-
ressados na idéia do Linus e, a partir daí, programadores DEBIAN
das mais variadas partes do mundo passaram a trabalhar Debian é uma das distribuições mais antigas e popula-
em prol desse projeto. Cada melhoria desenvolvida por res. Ela serviu de base para a criação de diversas outras dis-
um programador era distribuída pela Internet e, imediata- tribuições populares, tais como Ubuntu e Kurumin. Como
mente, integrada ao núcleo do Linux. suas características de maior destaque podemos citar:
No decorrer dos anos, este trabalho árduo e volun- • Sistema de empacotamento .deb;
tário de centenas de sonhadores tornou-se num sistema • Apt-get, que é um sistema de gerenciamento de
operacional bem amadurecido e que hoje está explodin- pacotes instalados mais práticos dentre os existentes (se
do no mercado de servidores corporativos e PCs. Linus, não o mais!);
que hoje coordena uma equipe de desenvolvedores do • Sua versão estável é exaustivamente testada, o
núcleo de seu sistema, foi eleito em pesquisa pública a que o torna ideal para servidor (segurança e estabilidade);
personalidade do ano de 1998 do mundo da informática. • Possui um dos maiores repositórios de pacotes
dentre as distros (programas pré-compilados disponíveis
COMO OBTER O GNU/LINUX para se instalar).
Uma vez escolhida a distribuição que você utilizará, o
próximo passo é fazer o download de uma imagem ISO SLACKWARE
para gravação e instalação em seu computador. É extre- Slackware, ao lado de Debian e Red Hat, é uma das
mamente recomendável optar por uma distribuição po- distribuições “pai” de todas as outras. Idealizada por Patrick
pular, bem testada e na qual você encontrará documenta- Volkerding, Slack - apelido adotado por sua comunidade
ção abundante na internet caso precise de ajuda. de usuários - tem como características principais leveza,
simplicidade, estabilidade e segurança.
UBUNTU Embora seja considerada por muitos uma distribuição
difícil de se usar, voltada para usuário expert ou hacker, pos-
Ubuntu é uma das distribuições Linux mais populares
sui um sistema de gerenciamento de pacotes simples, assim
da atualidade e isso se deve ao fato dela se preocupar
como sua interface de instalação, que é uma das poucas que
muito com o usuário final (desktop). Originalmente ba-
continua em modo-texto, mas nem por isso se faz complicada.
seada no Debian, diferencia-se além do foco no desktop, Se você procura por uma distribuição voltada para ser-
em sua forma de publicação de novas versões, que são vidor, deseja aprofundar seus conhecimentos no Linux ou
lançadas semestralmente. procura um desktop sem frescuras, Slack é pra você!
OPENSUSE História do Slackware:
openSUSE é a versão livre do belíssimo sistema ope- Slackware foi criado por Patrick Volkerding em 1993
racional Novell SuSE. Além de se comportar de forma (algumas fontes dizem 1992). Foi baseada na distribuição
muito estável e robusta como servidor, também é muito SLS (Softlanding Linux System) e era fornecida em forma de
poderoso quando o assunto é desktop. imagens para disquetes de 3.5 polegadas.
Seu diferencial é o famoso YaST (Yeah Another Setup É a distribuição mais antiga e ainda ativa. Até 1995 era
Tool), um software que centraliza todo o processo de ins- considerado como o «Linux padrão», mas sua popularida-
talação, configuração e personalização do sistema Linux. de diminuiu muito depois do surgimento de distribuições
Podemos dizer que esta é uma das cartas-mestre do SuSE, mais amigáveis. Mesmo assim o Slackware continua sendo
pois pode se comparar ao painel de controle do Windows. uma distribuição muito apreciada e respeitada, pois não
mudou sua filosofia, continua fiel aos padrões UNIX e é
composta apenas por aplicações estáveis.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em 1999 a versão do Slackware pulou de 4.0 para 7.0. Ele conta com um ciclo de desenvolvimento rápido.
Uma jogada de marketing para mostrar que o Slackware es- A cada seis meses, em média, um novo Fedora é liberado
tava tão atualizado como as outras distribuições. Acontece pelo Fedora Project para a comunidade. A própria comu-
que muitas distribuições tinham versões bem elevadas, e isso nidade em si é uma das mais ativas da internet e o Fedora
podia causar a impressão de que o Slackware estava desa- conta com uma farta ajuda online, mesmo sem oferecer o
tualizado. A demora para lançamento de novas versões do suporte técnico direto da Red Hat.
Slackware também contribuiu para isso. O manuseio de pacotes é feito de forma inteligente
Em 2004 Patrick Volkerding esteve seriamente doente - e automática com a ajuda do YUM que cuida das atua-
com um tipo de infecção, e o desenvolvimento do Slackware lizações e resolve as dependências de todos os pacotes,
tornou-se incerto. baixando o que for necessário ao sistema dos repositórios
Muitos acharam que ele iria morrer. Mas ele melhorou e e gerenciando a instalação. Encontra-se para o fedora todo
retomou o desenvolvimento do Slackware, embora não este- o tipo de aplicações, desde suites de escritório poderosas
ja completamente curado até hoje.
como o OpenOffice.org até players de vídeo e de áudio
Em 2005 o ambiente gráfico GNOME foi removido do
(MPlayer e Amarok) com execução de quase todos os for-
projeto Slackware, o que desagradou muitos usuários. A jus-
matos conhecidos e também uma generosa coleção de jo-
tificativa de Patrick foi de que leva-se muito tempo para em-
pacotar os binários. Porém, muitas comunidades desenvol- gos, todos instaláveis com alguns simples cliques ou uma
vem projetos de GNOME para o Slackware. Alguns exemplos única linha de comando. “
de projetos são: Gnome Slackbuild, Gnome Slacky e Dropline CENTOS
Gnome. Por isso, Gnome de alta qualidade é o que não falta “CentOS é uma distribuição de classe Enterprise deri-
para o Slackware, apesar de não ser um ambiente nativo. vada de códigos fonte gratuitamente distribuídos pela Red
Em 2007 foi lançada a versão 12.0 do Slackware, uma Hat Enterprise Linux e mantida pelo CentOS Project.
versão inovadora e que de certa forma causou algumas con- A numeração das versões é baseada na numeração do
trovérsias. Foi a primeira versão do Slackware que foi um Red Hat Enterprise Linux. Por exemplo, o CentOS 4 é ba-
pouco contra a sua própria filosofia. Primeiro, porque passou seado no RHEL 4. A diferença básica entre um e outro é o
a montar dispositivos automaticamente, segundo porque fornecimento de suporte pago na aquisição de um RHEL.
alguns pacotes antigos não eram mais compatíveis coma a Funcionalmente, pode-se considerar os sistemas clones.
nova versão devido ao novo GCC 4.1.2. e por último, porque CentOS proporciona um grande acesso aos softwares
foi a primeira versão a vir com a última versão do Kernel (na padrão da indústria, incluindo total compatibilidade com
época). os pacotes de softwares preparados especificamente para
Vale destacar também que a versão 12.0 vem com Com- os sistemas da RHEL. Isso lhe dá o mesmo nível de segu-
piz instalado, mas que por falta de ferramentas gráficas para rança e suporte, através de updates, que outras soluções
configuração, muitos usuários não sabiam como usar. Linux Enterprise, porém sem custo.
Suporta tanto ambientes de servidores para aplicações
KURUMIN de missão crítica quanto ambientes de estações de traba-
Idealizada por Carlos Morimoto, Kurumin foi uma das lho e ainda possui uma versão Live CD.
distribuições mais usadas em território nacional. Original- CentOS possui numerosas vantagens, incluindo: uma
mente baseada no Knoppix, que veio do Debian, esse siste- comunidade ativa e crescente, um rápido desenvolvimen-
ma operacional se destacou por ser um desktop fácil de se to e teste de pacotes, uma extensa rede para downloads,
instalar e agradável de se usar. desenvolvedores acessíveis, múltiplos canais de suporte in-
Sua característica mais marcante são os ícones mágicos,
cluindo suporte em português e suporte comercial através
que transformam tarefas relativamente complexas (hoje nem
de parceiros.”
tanto) como configurar um modem ou instalar um codec de
vídeo numa experiência NNF (next, next, finish), como no
LINUXMINT
Windows.
A proposta do Linux Mint é ser uma distribuição de
FEDORA desktop com visual elegante, amigável, confortável de usar
“Fedora é uma das mais populares e estáveis distribui- e bem atualizada.
ções que existem atualmente. Ele era, no começo, um fork A distribuição foi lançada inicialmente como uma va-
para a comunidade, liberado e mantido pela gigante Red Hat riante do Ubuntu que contava com os codecs de mídia já
que, na época, estava fechando seu sistema e concentran- na instalação. A evolução foi rápida e hoje é uma distribui-
do-se no mercado corporativo. Isso significa que, desde o ção completa e bem resolvida, com ferramentas próprias
princípio, o Fedora já contava com o que há de mais moder- de configuração, aplicativo de instalação de pacotes basea-
no em tecnologia de software, assim como também contava do na web, menus personalizados, entre outras caracterís-
com uma das mais competentes e dedicadas equipes em seu ticas únicas e sempre com um visual bem clean e elegante.
desenvolvimento. Se o que você procura é uma distribuição O fundador, líder e principal desenvolvedor da distri-
com poderes de ser um servidor estável, mas com as facili- buição se chama Clement Lefebvre, ele iniciou usando Li-
dades das ferramentas de configuração gráficas, ou se, sim- nux em 1996 (Slackware) e vive na Irlanda.
plesmente, deseja um desktop mais robusto, o Fedora será a Algumas razões do sucesso do Linux Mint listados na
sua melhor escolha. página do projeto são:

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A velocidade com que a comunidade responde às de- Grupos


mandas, uma solicitação postada no fórum do site pode O Linux também possui o conceito de “grupo”. Um
estar já implementada no current em menos de uma se- grupo é, como o próprio nome diz, um agrupamento de
mana; vários usuários que devem compartilhar algumas carac-
Por ser derivada do Debian conta com toda a base só- terísticas em comum como, por exemplo, permissões de
lida de pacotes e do gerenciador de pacotes do Debian; acessos a arquivos e dispositivos.
É compatível com os repositórios do Ubuntu;
Tem um desktop preparado para o usuário comum Superusuário
sentir-se confortável; O superusuário é aquele que tem plenos poderes
Se esforça para que os recursos, tais como suporte dentro do Linux. É o superusuário quem pode criar novos
multimídia, resolução de vídeo, placas e cartões Wifi e ou- usuários, alterar direitos, configurar e fazer a atualização
tros, funcionem bem. do sistema. Somente ele tem direito de executar essas ati-
À exceção do Mandrake, e depois do Kurumin, esta foi vidades.
a primeira distro a fazer sucesso com os usuários pelos se- É recomendado utilizar a conta de superusuário so-
guintes motivos: facilidade em instalar programas, instala- mente quando for necessário configurar algo no sistema.
ção e configuração automática de dispositivos e afins. Ainda assim é recomendado utilizá-la o mínimo possível
O Mint agregou essas facilidades e incorporou outras, para evitar que algum erro danifique o sistema.
sendo considerado um Ubuntu mais polido, com excelente
seleção de softwares, belo desempenho e design. Entrando e Saindo do Sistema
Ao iniciar o Linux, um prompt semelhante ao ilustrado
APLICATIVOS PARA GNU/LINUX a seguir será mostrado:
O GNU/Linux possui uma riqueza incomparável de Mandrake Linux (tty1) ldalcero login:
aplicativos, oferecendo mais de uma solução à certas ne- Informe o seu login/nome de usuário. A seguir será so-
cessidades. A maior dificuldade está em encontrar um apli- licitada a senha (Password) do usuário. Digite a senha do
cativo que sirva às suas necessidades. Como há inúmeros seu usuário.
aplicativos para as mesmas funções, eles apresentam certas Após informar o nome de usuário e a senha correta-
características, estas que se adaptam ou não ao gosto do mente, você será levado ao prompt do sistema:
[aluno@ldalcero aluno] $
usuário, por isto temos tanta variedade de aplicativos dis-
OBS.: O linux tem terminais virtuais. Você pode alterar
poníveis hoje em dia.
entre eles utilizando as teclas Alt-Fn, onde n pode variar de
O fato de quase 100% dos aplicativos serem Open-
1 até 6 na configuração padrão.
Source ajuda para que esta lista cada vez mais venha cres-
Pode-se utilizar o comando logout na linha de coman-
cer. Dentre outras coisas, os aplicativos permitem ser alte-
do para se desconectar do sistema:
rados conforme as necessidades dos usuários, por termos
[aluno@ldalcero aluno]$ logout
acesso liberado ao código-fonte deles.
Desligando o Sistema
A fim de evitar danos ao sistema de arquivos, é neces-
COMANDOS DO TERMINAL sário que o superusuário pare o sistema antes de desligar o
A linha de comando é o método mais usado por admi- computador. Um dos comandos que podem ser utilizados
nistradores de sistemas Linux, pois é o que oferece o maior é o comando shutdown. Este comando permite tanto des-
número de possibilidades, além de ser o método mais rá- ligar quanto reiniciar o computador.
pido de fazer as coisas. [aluno@ldalcero aluno]$ shutdown -h now
O comando acima permite desligar o computador ime-
Usuário diatamente, enviando uma mensagem a todos os usuários
Como o Linux foi concebido para que várias pessoas que estão utilizando o sistema.
pudessem utilizar os mesmos recursos presentes em uma [aluno@ldalcero aluno]$ shutdown -h -t 30 “Atenção:
única máquina, surgiu o conceito de usuário para diferen- O sistema será desligado dentro de 30 segundos”
ciar o que cada pessoa estivesse fazendo e quais recursos O comando acima finaliza todos os processos e desliga
ela estivesse ocupando. O usuário é a identificação da pes- o computador dentro de 30 segundos, enviando a mensa-
soa que irá utilizar o sistema. gem de aviso a todos os usuários logados no sistema.
A identificação do usuário é feita por um “número de O comando halt diz ao sistema que ele deverá desligar
identificação” ou id, que é atribuído ao usuário durante a imediatamente.
criação de sua conta no sistema. [aluno@ldalcero aluno]$ halt
Com a finalidade de garantir a integridade do trabalho Para reinicializar o sistema, pode-se utilizar, além do
de cada usuário, impedindo que um usuário altere o tra- comando shutdown, o comando reboot:
balho de outro, no momento de entrada no sistema, você [aluno@ldalcero aluno]$ shutdown -r -t 30 “Atenção: O
deve informar a senha do seu usuário. O nome de usuário sistema será reiniciado dentro de 30 segundos”
associado à senha é a sua “chave de entrada” no sistema, Esta opção finaliza todos os processos e reinicia o com-
portanto deve ser guardada com cuidado. putador após 30 segundos.
[aluno@ldalcero aluno]$ reboot

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O comando reboot chama o comando shutdown e ao final deste reinicia o sistema. Após executar os comandos deve-
se aguardar até que o sistema esteja parado (com a mensagem o sistema está parado ou Power down) para então poder
desligar seu computador ou esperar que ele reinicie.

Gerenciamento de Arquivos e Diretórios


Listando Arquivos
O comando ls mostra o conteúdo de um diretório.
O formato do comando é o seguinte:
ls [ - l ] [ - a ] [ - F ] [dir]
Onde [-l] é o formato longo, e [-a] serve para mostrar todos os arquivos, incluindo arquivos ocultos (os quais têm seu
nome indicado por um ponto). Existem várias outras opções, embora estas sejam mais usadas. Finalmente, [-F] coloca no
final dos nomes de arquivo um símbolo indicando o seu tipo.
Um exemplo do uso do ls é mostrado a seguir:
[aluno@ldalcero X11]$ ls
LessTif bin doc etc fonts include lib man share
[aluno@ldalcero X11]$
Um exemplo do uso do ls usando parâmetros:
[aluno@ldalcero X11]$ ls -laF

drwxr-xr-x 11 root root 4096 Ago 27 2002 ./


drwxr-xr-x 22 root root 4096 Mar 22 2003 ../
drwxr-xr-x 3 root root 4096 Mar 22 2003 LessTif/
drwxr-xr-x 2 root root 8192 Jul 24 08:45 bin/
drwxr-xr-x 2 root root 4096 Jul 24 2003 doc/
drwxr-xr-x 4 root root 4096 Ago 27 2002 etc/
drwxr-xr-x 2 root root 4096 Mar 22 2003 fonts/
drwxr-xr-x 4 root root 4096 Mar 22 2003 include/
drwxr-xr-x 9 root root 4096 Jul 24 2003 lib/
drwxr-xr-x 7 root root 4096 Jul 24 2003 man/
drwxr-xr-x 15 root root 4096 Jul 24 08:45 share/

[aluno@ldalcero X11] $

No exemplo acima, como são nomes de diretórios; o parâmetro [-F] adiciona uma barra indicando nome de diretório.
O parâmetro [-l] coloca várias informações sobre o arquivo (permissões, links, dono, grupo, tamanho, data, hora, nome do
arquivo).

Metacaracteres
Existem sinais, chamados metacaracteres, usados para facilitar a utilização de comandos no Linux.
Quando se trabalha com os comandos de manipulação de arquivos, frequentemente é útil empregarmos metacaracte-
res. Estes símbolos – como *, ?, [], {} - são úteis para se referenciar arquivos que possuam características em comum.
Para os exemplos dados nesta seção, será usada a seguinte lista de arquivos:
[aluno@ldalcero aluno]$ ls
12arquivo 1arquivo 2arquivo arquivo arquivo3 arquivo34 arquivo5arquivo
• O asterisco “*”:
O asterisco é usado para representar “qualquer quantidade de qualquer caractere”. Por exemplo, arquivo* retornaria
todos os arquivos em que o nome iniciasse com “arquivo”. Veja o efeito da utilização prática deste metacaractere.
[aluno@ldalcero aluno]$ ls arquivo* arquivo arquivo3 arquivo34 arquivo5arquivo
• O Ponto de Interrogação “?”:
O ponto de interrogação é utilizado para representar “um único e qualquer caractere”. Ao digitar ls arquivo?, o usuário
estará pedindo a lista de arquivos cujos nomes são indicados por “arquivo” e terminal com um único caractere qualquer.
Como no exemplo que segue:
[aluno@ldalcero aluno]$ ls arquivo?
arquivo3
Agora digitando ls ??arquivo o resultado seria:
12arquivo

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os colchetes “[]”: O comando também pode ser usado para criar uma
Os colchetes são utilizados para indicar uma lista de árvore de diretórios, como será mostrado a seguir:
caracteres. Para entender melhor; verifique os exemplos. [aluno@ldalcero aluno]$ mkdir -p meu_dir/meu_sub_
[aluno@ldalcero aluno]$ ls arquivo[123] arquivo3 dir/sub_sub_dir
[aluno@ldalcero aluno]$ ls [123]arquivo O comando anterior cria um diretório chamado meu_
1arquivo 2arquivo dir, e dentro dele cria um subdiretório chamado meu_sub_
dir e dentro deste, um subdiretório chamado sub_sub_dir.
As chaves “{}”: Também é possível criar vários diretórios em simultâ-
As chaves têm sua utilização muito assemelhada a dos neo; simplesmente colocando vários nomes de diretórios
colchetes. A diferença está na possibilidade de referenciar junto com o comando, como será mostrado a seguir:
seqüências de caracteres separadas por vírgulas, conforme [aluno@ldalcero aluno]$ mkdir dir_1 dir_2 dir_3
o exemplo a seguir: O comando anterior criará os diretórios dir_1, dir_2 e
[aluno@ldalcero aluno]$ ls arquivo{1,34} arquivo34 dir_3 dentro do diretório atual.
[aluno@ldalcero aluno]$ ls arquivo{1,2,3,34} arquivo3
arquivo34 Removendo Diretórios
O comando rmdir é usado para remover diretórios. Por
Estrutura de Diretórios exemplo; para remover o diretório meu_dir basta digitar o
O sistema Linux possui a seguinte estrutura básica de seguinte comando:
diretórios: [aluno@ldalcero aluno]$ rmdir meu_dir
/bin O comando também pode remover árvores de diretó-
Contém arquivos, programas do sistema que são usa- rios. Para tal, utiliza-se o parâmetro [-p ], como será mos-
dos com freqüência pelos usuários. trado a seguir:
/boot [aluno@ldalcero aluno]$ rmdir -p temp/sub_dir/sub_
Contém arquivos necessários para a inicialização do dir_2
sistema. O comando anterior apagou o subdiretório sub_dir_2,
/cdrom depois apagou o subdiretório sub_dir e finalmente apagou
Ponto de montagem da unidade de CD-ROM. o temp.
/dev Porém, o comando remove diretórios e não arquivos;
Contém arquivos usados para acessar dispositivos (pe- se existir algum arquivo dentro do diretório este não será
riféricos) existentes no computador. removido.
/etc Para conseguir remover diretórios com arquivos deve-
Arquivos de configuração de seu computador local. se utilizar em conjunto o comando rm, que será visto mais
/floppy adiante.
Ponto de montagem de unidade de disquetes. Copiando Arquivos
/home O comando cp é utilizado para efetuar a cópia de ar-
Diretórios contendo os arquivos dos usuários. quivos no Linux, Sua sintaxe é mostrada a seguir:
/lib cp [parametros] arquivo_original [destino]
Bibliotecas compartilhadas pelos programas do siste- Observações importantes relativas à cópia de arquivos:
ma e módulos do kernel. Copiar um arquivo para outro diretório onde já existe
/mnt outro arquivo com mesmo nome: o arquivo será sobres-
Ponto de montagem temporário. crito.
/usr Copiar um arquivo para outro diretório que, por sua
Contém maior parte de seus programas. Normalmente vez, possui um diretório com mesmo nome do arquivo a
acessível somente como leitura. ser copiado: não é permitido, pois no Linux um diretório
/var também é um arquivo.
Contém maior parte dos arquivos que são gravados Copiar um arquivo, especificando como arquivo_desti-
com freqüência pelos programas do sistema, e-mails, spool no outro nome: o arquivo será renomeado durante a cópia.
de impressora, cache, etc.
/sbin
Opção Descrição
Diretório de programas usados pelo superusuário
(root) para administração e controle do funcionamento do Preserva as permissões do arquivo_original
-a
sistema. quando possível.
-b Faz backup de arquivos que serão sobrescritos.
Criando e Removendo Diretórios
Criando Diretórios Solicita confirmação antes de sobrescrever
-i
O comando mkdir é usado para criar diretórios. A sin- arquivos.
taxe do comando será mostrado a seguir: Copia diretórios recursivamente, ou seja, toda a
mkdir [parâmetros] nome_dir -R árvore abaixo do diretório de origem. O destino
A linha de comando a seguir cria um diretório: sempre será um diretório.
[aluno@ldalcero aluno]$ mkdir meu_diretorio

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Iniciando pela forma mais simples do comando, ou Removendo Arquivos


seja, copiar um arquivo para um novo arquivo. O comando O comando rm (remove) é usado para remover arqui-
pode ser visto a seguir: vos e diretórios. É possível remover vários arquivos simulta-
[aluno@ldalcero aluno]$ cp doc.txt documento.txt neamente, bastando para tal colocar o nome dos arquivos
Neste caso ocorre a criação do arquivo documento.txt a remover, logo depois do comando. O formato básico do
a partir do arquivo doc.txt. Também é possível copiar para comando é mostrado a seguir:
outro local como será mostrado a seguir: rm [parametros] arquivo
[aluno@ldalcero aluno]$ cp doc.txt /tmp Como primeiro exemplo será emitido um comando
Como não foi mencionado o nome do arquivo de desti- para apagar o arquivo documento.txt.
no, será criado um arquivo com o mesmo nome do atual, É [aluno@ldalcero aluno]$ rm documento.txt
sempre bom ter um pouco de cuidado no uso do comando É também possível remover vários arquivos listados
cp; para tal será usado o parâmetro -i. A menos que se uti- logo após o comando. Por exemplo: [aluno@ldalcero alu-
lize essa opção, o comando cp irá sobrescrever os arquivos no]$ rm documento.txt doc.txt documento-2.txt
existentes, como pode ser visto a seguir: A maneira mais segura de se usar o comando rm é com
[aluno@ldalcero aluno]$ cp -i doc.txt /tmp cp: sobres- o parâmetro -i, ou seja, é solicitada uma confirmação para
crever `/tmp/doc/txt`? y cada arquivo a apagar.
Um método mais seguro seria usar o parâmetro -b [aluno@ldalcero aluno]$ rm -ri /tmp
(backup); então, quando o cp encontra um arquivo com No comando anterior, além de se usar o parâmetro -i
o mesmo nome cria uma cópia acrescentando um “~” ao foi também usado o parâmetro - r (recursivo), isto remove
nome do arquivo. Como pode-se observar a seguir: todos os arquivos do diretório /tmp de forma recursiva. Já
[aluno@ldalcero aluno]$ cp -b doc.txt /tmp [aluno@ o parâmetro -i irá pedir uma confirmação para cada arqui-
ldalcero aluno]$ ls /tmp/doc.txt* doc.txt doc.txt~ vo a apagar.
Também é possível copiar vários arquivos simultanea- Caso não seja necessária uma confirmação, pode-se
mente; para tal, basta colocar os nomes dos arquivos a co- forçar a remoção de toda a árvore de diretórios; para tal
piar logo depois do comando, como mostrado a seguir: utiliza-se o parâmetro -f.
[aluno@ldalcero aluno]$ cp arq_1 arq_2 arq_3 arq_4 [aluno@ldalcero aluno]$ rm -rf /tmp
dir_1 O que ocorre é a remoção total do diretório e de todos
Vale lembrar que o último nome na cadeia é o destino, os seus subdiretórios.
ou seja, os arquivos arq_1, arq_2, arq_3 e arq_4 são copiados Lembre-se de evitar o uso do comando rm desneces-
para o diretório dir_1. sariamente quando estiver trabalhando como root, ou seja,
superusuário, para prevenir que arquivos necessários ao
Mover ou Renomear sistema sejam apagados acidentalmentes.
As habilidades para mover e renomear arquivos no Linux É possível utilizar o comando com metacaracteres,
são básicas para organizar informações no sistema. A seguir, conforme mostrado a seguir:
será apresentado como fazê-lo utilizando o comando mv. [aluno@ldalcero aluno]$ rm *.txt *.doc
O formato básico do comando é mostrado a seguir:
mv arquivo destino Links
O comando mv é basicamente usado pra mover um ar- Links, são referências, atalhos ou conexões lógicas entre
quivo dentro do sistema de arquivos do Linux. arquivos ou diretórios. Estas referências podem ser de dois
[aluno@ldalcero aluno]$ mv documento.txt /tmp tipos: Hard Links (diretas) ou Symbolic Links (simbólicas).
O comando anterior move o arquivo documento.txt
para o diretório /tmp. É possível também usar o comando Hard Links
para renomear arquivos, como mostrado no exemplo a se- Ocupam apenas um inode na área de inodes. E são
guir: usados quando estas referências estiverem no mesmo sis-
[aluno@ldalcero aluno]$ mv doc.txt documento.txt tema de arquivos.
Para não sobrescrever arquivos deve-se utilizar o parâ- A quantidade de links fazendo referência ao mesmo
metro -i, como mostrado a seguir: arquivo pode ser vista usando o comando ls -l. O valor que
[aluno@ldalcero aluno]$ mv -i doc.txt documento.txt aparece após as permissões é o número de conexões ló-
mv: sobrescrever `documento.txt`? y gicas.
[aluno@ldalcero aluno]$ ls documento* documento.txt Exemplo:
documento.txt~ [aluno@ldalcero aluno]$ ls – l doc*
Também é possível renomear um arquivo durante a mo- -rwxr-xr-x 4 aluno grupo01 36720 Jun 2 14:25
vimentação do mesmo: documento.txt
[aluno@ldalcero aluno]$ mv documento.txt /tmp/do- Nesse caso, o arquivo documento.txt possui 4 links as-
cumento-2.txt sociados a ele. Quando qualquer um dos links é alterado,
No exemplo a seguir será movido um diretório: o original também é modificado; visto que são o mesmo
[aluno@ldalcero aluno]$ mv dir_1 dir_2 arquivo, apenas com nomes diferentes. O original só será
O comando acima move toda a árvore do dir_1 para eliminado quando todos os seus links também forem. O
dentro do dir_2. Caso o dir_2 não exista, o dir_1 será reno- formato do comando para criar um hard link é mostrado
meado para dir_2. a seguir:

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ln arquivo link
OBS.: Não é possível criar hard links para diretórios, e também é impossível criar links diretos entre sistemas de arquivos.

Links Simbólicos
O link simbólico é como um “atalho” para um arquivo. O ato de se apagar um link simbólico não faz com que o arquivo
original desapareça do sistema, somente o vínculo será apagado.
Existem vários motivos para se criar um link simbólico, dentre eles pode-se destacar:
Quando se deseja criar nomes mais significativos para chamadas a comandos. Existe um exemplo prático na chamada
dos shells tais como csh e sh, que na realidade são links simbólicos para os shells tsch, bash.
Um outro exemplo bastante significativo é com relação aos comandos mtools, tais como o mformat e vários outros,
que nada mais são do que links simbólicos para o comando mtools.
Um outro uso para o comando é como atalho para diretórios com nomes complicados; o que não pode ser feito com
hard links.
O formato do comando para criação de links simbólicos é:
ln -s arquivo link
Observe o exemplo a seguir:
[aluno@ldalcero aluno]$ ln -s /usr/X11R6/ /usr/X11
O comando anterior cria um link /usr/X11 que aponta para o diretório real /usr/X11R6. Desta forma, é possível acessar
este diretório por qualquer caminho.
Como se pode observar, a única diferença nos comandos entre a ligação simbólica e a ligação direta é o parâmetro -s.

Permissões de Arquivos
Este tópico trata do sistema de direitos de acesso a arquivos do Linux, incluindo também informações de como alterar
estes direitos.

Conceitos
O sistema de arquivos do Linux possibilita que sejam atribuídos direitos de acesso diferenciados para os usuários do
sistema. A cada arquivo ou diretório do sistema é associado um proprietário, um grupo e seus respectivos direitos de aces-
so, ou permissões. O método mais simples e comum de verificar estes atributos de um arquivo é através do comando ls,
como exemplificado a seguir:
[aluno@ldalcero aluno]$ ls -l documento.txt
-rw-r--r-- 4 aluno grupo01 36720 Jun 2 14:25 documento.txt
O dono do arquivo no exemplo citado é o usuário aluno, e o grupo a que está relacionado o arquivo é o grupo01. A pri-
meira informação retornada por esta listagem é um conjunto de caracteres, o qual indica o tipo do arquivo e as permissões
de acesso ao mesmo. O caractere inicial indica o tipo de arquivo, e a tabela abaixo mostra os tipos de arquivos existentes:

Caractere Tipo de arquivo

- Arquivo regular

d Diretório

l Link simbólico

b Dispositivos orientados a blocos (HD)


Dispositivos orientados a caracteres
c
(modem, porta serial)
s Socket (comunicação entre processos)

p Pipe (comunicação entre processos)

Os demais nove caracteres, divididos em três grupos de três caracteres cada, definem as permissões do dono do ar-
quivo, dos membros do grupo a que está relacionado o arquivo e de outros usuários, respectivamente. As permissões de
acesso aos arquivos são representadas pela letras r, w e x, conforme detalhado na tabela abaixo:

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Modo de acesso Arquivo regular/especial Diretório

Leitura (r) Examinar conteúdo de arquivo Listar arquivos do diretório

Escrita (w) Modificar o conteúdo de arquivo Alterar diretório

Execução (x) Executar arquivo Pesquisar no diretório

Observe novamente os atributos do arquivo anteriormente citado:


-rw-r--r-- 4 aluno grupo01 36720 Jun 2 14:25 documento.txt
Para este arquivo, o usuário aluno possui permissões de leitura e escrita, os membros do grupo grupo01, assim como
os demais usuários possuem apenas permissões de leitura.

Utilizando o chmod
O comando chmod permite que se altere as permissões de um ou mais arquivos. Existem duas notações para se aplicar
o comando: o modo simbólico e o octal. Somente o superusuário ou o dono do arquivo podem executar esta operação.
Veja a sintaxe do comando abaixo:
chmod [opções] arquivos
Uma das opções mais usadas no chmod é a opção -R que permite que se altere recursivamente as permissões de ar-
quivos e diretórios.
No modo simbólico, deve ser indicado quem será afetado (u, g, o, a) e qual, ou quais, permissões serão concedidas ou
suprimidas conforme tabelas abaixo.
Notação simbólica do chmod

Símbolo Descrição

u Usuário, ou dono do arquivo

g Grupo do arquivo

Outros usuários que não são os donos, nem


o
estão cadastrados no grupo especificado

a Afeta todos os anteriores (u, g, o)

Operadores

Operador Descrição

+ Concede permissão(ões) especificada(s)

- Remove permissão(ões)

Atribui somente estas permissão(ões) ao arquivo, retirando


=
as que não se encontram explicitas

A segunda forma de alterar permissões consiste em definir uma seqüência de três algarismos octais. Ela é mais utilizada
quando se deseja alterar permissões. Cada algarismo se refere a um grupo de permissões (u, g, o).
Para facilitar o seu entendimento, associamos um valor decimal com cada permissão, conforme tabela abaixo: Permis-
sões octais

Decimal Associado Permissão

4 Leitura (read)

2 Escrita (write)

1 Execução (execute)

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para se obter o octal referente às permissões seleciona- O comando useradd ou adduser


das, se deve executar uma operação de soma entre elas. Veja O comando useradd ou adduser permite que se crie
abaixo um exemplo de definição simbólica de permissões: usuários especificados em opções. Somente o superusuá-
[aluno@ldalcero aluno]$ chmod u+rw, g+x documento. rio poderá utilizar este comando. Veja abaixo a sua sintaxe:
txt useradd [opções] [usuário]
Neste caso, são concedidas permissões de leitura e gra- Este comando altera os seguintes arquivos:
vação ao dono, e execução ao grupo para o arquivo docu- /etc/passwd – informações de contas de usuários
mento.txt. Exemplo de definição octal de permissões: /etc/shadow – informações de contas de usuários e se-
[aluno@ldalcero aluno]$ chmod 651 documento.txt nhas criptografadas
Neste exemplo, será concedida permissão de leitura e /etc/group – informações de grupos
gravação ao dono (rw- =4+2 conforme tabela de octais), lei- O comando useradd
tura e execução para o grupo (r-x = 4+1), e execução para
qualquer outro (--x = 1). Opção Descrição

Permissões Padrão (umask) Define em “dir” qual será o diretório pessoal


O comando umask é o comando que define as permis- -d dir do usuário. Este será, também, o diretório
sões padrão dos arquivos quando são criados pelo usuário. inicial daquele usuário.
Veja a sintaxe abaixo: Grupo ou número do grupo inicial, ao qual
umask [opções] modo -g grupo
pertencerá. Na maioria das distribuições
O parâmetro modo informa as permissões que serão Linux é criado por padrão um grupo como
dadas ao usuário/grupo/outros. Ele pode ser informado de mesmo nome do usuário.
duas maneiras: -s shell Informa qual o shell a ser usado no login.
Como um número octal (022)
Como uma máscara semelhante à utilizada pelo coman-
Exemplo:
do chmod (u=rwx, g=rx, o=rx)
[aluno@ldalcero aluno]$ useradd -d /home/aluno01
Desta maneira é possível controlar automaticamente as
aluno1
permissões dos arquivos que são criados pelo usuário. Cria o usuário aluno1 e designa o diretório /home/alu-
no01 como diretório pessoal deste.
Utilizando chown [aluno@ldalcero aluno]$ useradd -g turma -d /home/
Veja a sintaxe do comando abaixo: aluno02 aluno2
chown [novo_proprietário][:novo_grupo] arquivos Cria o usuário aluno 2, pertecendo ao grupo turma e
O comando chown permite ao root a alteração do dono designa /home/aluno 02 como diretório pessoal.
e do grupo relacionado ao arquivo, ou arquivos, seleciona-
dos. Em casos especiais o usuário pode alterar o grupo caso O comando passwd
ele pertença tanto ao grupo de origem como ao grupo de O comando passwd permite que se troque a senha de
destino. Exemplos: determinado usuário. O superusuário pode trocar a senha
[aluno@ldalcero aluno]$ chown :grupo02 documento.txt de qualquer outro. O usuário comum, porém, pode trocar
Altera o grupo do arquivo documento.txt para grupo02. somente a sua senha. As senhas são armazenadas no ar-
[aluno@ldalcero aluno]$ chown aluno:grupo02 docu- quivo /etc/shadow, e as demais informações dos usuários
mento.txt são armazenadas no arquivo /etc/passwd.
Altera o dono do arquivo documento.txt para aluno e o Após a criação do usuário será necessário criar uma se-
grupo do mesmo para grupo02. nha para este, caso contrário, não será permitido que este
usuário faça login no sistema. Para tal, deve-se utilizar o
Gerenciamento de Contas de Usuários comando passwd. Veja abaixo a sua sintaxe:
Um bom gerenciamento do sistema, com o uso das fer- passwd [usuário]
ramentas administrativas adequadas, torna-o estável e se- Exemplos:
guro, mantendo-o dentro dos padrões esperados em qual- [root@ldalcero root]$ passwd aluno1
quer área de atuação. O superusuário irá alterar a senha do usuário aluno1.
[aluno@ldalcero aluno]$ passwd
Contas de Usuário O usuário aluno1 irá alterar a sua senha.
O Linux é um sistema operacional multiusuário, portan-
O comando userdel
to é necessário que todos os usuários sejam cadastrados e
O comando userdel permite que se elimine usuários
tenham permissões de acesso diferenciados, É possível tam-
do sistema. Somente o superusuário poderá utilizar este
bém cadastrá-los em grupos para facilitar o gerenciamento. comando. Veja abaixo sua sintaxe:
Neste tópico serão abordados justamente estes aspectos do userdel [opções] [usuário]
Linux e os comandos necessários para a administração do Exemplo:
sistema. [aluno@ldalcero aluno]$ userdel aluno1
Primeiramente será visto como é possível criar os usuá- Elimina a conta do usuário aluno1.
rios.

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O comando groupadd ou addgroup Gerenciamento de Processos


Para facilitar a administração do sistema, pode-se usar O Linux, por ser um sistema operacional multitarefa,
o conceito de grupos de usuários com perfis semelhantes. executa diversos processos simultaneamente. De um modo
Por exemplo, definir grupos conforme os departamentos geral, um processo é um programa em execução, embora
de uma empresa. Para isto, precisa-se criar estes grupos possa se apenas parte de um programa mais complexo.
através do comando groupadd ou addgroup.
Sintaxe: Criar, Monitorar e Eliminar Processos
groupadd [opções] grupo Para cada processo, o sistema fornece um código (PID)
Exemplos: que o identificará. Há também uma hierarquia de proces-
[root@ldalcero root]$ groupadd alunos sos, ou seja, um processo pode chamar outro, que por sua
Cria o grupo alunos. vez chama um terceiro, e assim por diante.
O processo que executa um segundo processo, é cha-
O comando gpasswd mado de processo “pai”, e o novo processo, chamado de
O gpasswd é utilizado para administrar o arquivo /etc/ “filho”.
group (e o arquivo /etc/gshadow, caso seja compilado com Como já foi dito, o Linux é um sistema multitarefa, o
SHADOWGRP). Todos os grupos podem ter administrado- que lhe permite executar mais de um processo ou sistema.
res, membros e uma senha. O administrador do sistema Portanto, é possível ter processos em primeiro plano (fore-
pode usar a opção -A para definir o administrador do gru- ground), bem como em segundo plano (background).
po e -M para definir os membros e todos os seus direitos, Os comandos para se trabalhar com processos serão
assim como os do administrador. Veja a sintaxe abaixo: vistos a seguir.
gpasswd grupo gpasswd -a usuário grupo gpasswd -d
usuário grupo gpasswd -R grupo gpasswd -r grupo gpass- O comando ps
wd [-A usuário,...] [-M usuário,...] grupo O comando ps mostra os processos ativos no sistema.
Administradores de grupos podem adicionar e excluir Veja abaixo a sintaxe do comando:
usuários utilizando as opções -a e -d respectivamente. Ad- ps [opções]
ministradores podem usar a opção -r para remover a senha
de um grupo. Quando não há senhas definidas para um
Opção Descrição
grupo, somente os membros do grupo podem usar o co-
mando newgrp para adicionar novos usuários ao grupo. A -a Mostra todos os processos.
opção -R desabilita o acesso ao grupo através do comando
newgrp. Mostra os processos em formato de “árvore”,
O gpasswd executado pelo administrador do grupo, -f
ou seja, com seus caminhos completos.
seguido pelo nome, solicitará a senha do grupo. Caso o
comando newgrp esteja habilitado pera outros usuários do -u
Inclui na lista os usuários e hora do ínicio do
grupo sem o uso de senha, não-membros do grupo podem processo.
também executar o comando, informando, entretanto, a -x Inclui processos não associados a um terminal.
senha do grupo.
Exemplos:
Verificando informações do usuário
[aluno@ldalcero aluno]$ ps
Uma vez criados os usuários e grupos no sistema uti-
Exibe os processos ativos daquele usuário.
lizamos o comando id para verificar informações sobre os
[aluno@ldalcero aluno]$ ps -xf
usuários do sistema. Ele nos fornece dados como a identifi-
Mostra todos os processos do usuário, incluindo pro-
cação do usuário no sistema (UID) e os grupos aos quais o
cessos sem controle do terminal, no formato “árvore”.
usuário está associado (GID). Veja a sintaxe abaixo:
id [opções] [nome]
O comando kill
Utilizado sem nenhuma opção o comando id retorna
O comando kill permite que o superusuário ou os do-
os dados do usuário corrente.
nos dos processos possam eliminar processos ativos. A sin-
[aluno@ldalcero aluno]$ id uid = 790(aluno) gid =
taxe desse comando é apresentada a seguir:
790(aluno) grupos = 790(aluno)
kill [opções] [-sinal] [processo] Exemplos:
Quando informamos o nome de um usuário como op-
[aluno@ldalcero aluno]$ kill -l
ção, ele nos retorna as informações do usuário indicado.
Este comando mostra os sinais que se pode enviar para
[aluno@ldalcero aluno]$ id root
um processo.
uid = 0(root) gid = 0(root) grupos = 0(root), 1(bin),
[aluno@ldalcero aluno]$ kill -9 907
2(daemon), 3(sys), 4 (adm), 6(disk), 10(wheel)
Este comando acima elimina o processo (PID) 907 en-
viando um sinal 9.
Todos os sinais passam pelo kernel. Quando é enviado
qualquer sinal para um processo este sinal vai para o kernel
que o envia ao processo de destino.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O sinal 9(SIGKILL), quando enviado para um processo, Compactadores de Arquivos


termina a sua execução. Na realidade, o que acontece é O Linux tem diversos aplicativos para compressão de
que o kernel, quando recebe o sinal, não o repassa para o arquivos, sendo que cada um deles utiliza um algoritmo
processo, e sim, remove o processo diretamente. de compressão diferente. Serão abordados, neste tópico,
O sinal 20(SIGTSTP) suspende a execução de um pro- os mais usados.
grama. Quando existe um programa em execução em
foreground e deseja-se suspender o seu processamento GZIP
basta enviar esse sinal; pode-se usar as teclas Ctrl-z. O comando gzip é usado para a compactação/des-
Se for utilizado o comando sem o parâmetro -sinal, compactação de arquivos.
será enviado ao processo o sinal SIGTERM ou terminate O arquivo original é substituído por um arquivo com-
possivelmente terminando sua execução. pactado com a extensão .gz, mantendo o dono, permis-
sões e datas de modificação.
O comando top Caso nenhum arquivo seja especificado, ou se o nome
O comando top mostra uma lista (atualizada perio- do arquivo for “-”, a entrada padrão será compactada na
dicamente) dos processos ativos no sistema. Esta lista é saída padrão. O gzip somente tentará compactar arquivos
ordenada por consumo de recursos de CPU, veja a sintaxe normais; em particular, ele ignorará links simbólicos.
abaixo: O formato básico deste comando é mostrado a se-
top [opções] guir: gzip [opções] arquivos gunzip [opções] arquivos
Exemplos: Como primeiro exemplo, o arquivo será compactado:
[aluno@ldalcero aluno]$ top -d1 -i [aluno@ldalcero aluno]$ gzip arquivo
Este comando exibe a lista dos processos, por ordem No exemplo a seguir, o arquivo será descompactado:
de consumo de recursos de CPU, exceto os ociosos ou [aluno@ldalcero aluno]$ gunzip arquivo.gz
“zombies”, e atualiza a lista a cada segundo.
BZIP2
O comando jobs O comando bzip2 é usado para a compactação/des-
O comando jobs exibe os processos parados ou em compactação de arquivos.
execução que se encontram em segundo plano. Veja abai- O arquivo original é substituído por um arquivo com-
xo a sintaxe: pactado com a extensão .bz2, mantendo o dono, permis-
jobs [opções] sões e datas de modificação.
Exemplos: Caso nenhum arquivo seja especificado, ou se o nome
[aluno@ldalcero aluno]$ jobs - l do arquivo for “-”, a entrada padrão será compactada na
O comando acima exibe os trabalhos em segundo pla- saída padrão. O formato básico deste comando é indica-
no, com seus respectivos PIDs. do a seguir:
bzip2 [opções] arquivos bunzip2 [opções] arquivos.
O comando bg bz2
Veja a sintaxe do comando: Como primeiro exemplo, o arquivo será compactado:
bg [ jobId] [aluno@ldalcero aluno]$ bzip2 arquivo
Como foi visto anteriormente é possível parar um No exemplo a seguir, o arquivo será descompactado:
processo digitando CTRL-Z. Para reativar este processo e [aluno@ldalcero aluno]$ bunzip2 arquivo.bz2
o colocar em segundo plano use o comando bg %JobId.
Exemplos: Compress
[aluno@ldalcero aluno]$ bg %3 O comando compress é usado para a compactação/
O comando acima coloca em segundo plano o terceiro descompactação de arquivos. O arquivo original é subs-
job. tituído por um arquivo compactado com a extensão .Z,
mantendo o dono, permissões e datas de modificação.
O comando fg Caso nenhum arquivo seja especificado, ou se o nome
Ao contrário do comando bg, o fg (foreground) coloca do arquivo for “-”, a entrada padrão será compactada na
o job em primeiro plano. Sintaxe: saída padrão. O formato básico deste comando é indica-
fg [ jobId] do a seguir:
Exemplos: compress [opções] arquivos uncompress [opções] ar-
[aluno@ldalcero aluno]$ fg %2 quivos.Z
Coloca em primeiro plano o job número 2. Como primeiro exemplo, o arquivo será compactado:
[aluno@ldalcero aluno]$ compress arquivo
Compactação e Empacotamento de Arquivos No exemplo a seguir, o arquivo será descompactado:
Este tópico irá apresentar os comandos para compac- [aluno@ldalcero aluno]$ compress arquivo.Z
tação de arquivos mais utilizados, assim como o comando
tar, o qual pode ser utilizado para efetuar backup do sis-
tema.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ZIP Essas opções podem ser usadas conjuntamente, alguns


O comando zip é usado para a compactação e em- exemplos são mostrados a seguir.
pacotamento de arquivos. Ele é compatível com o pkzip Exemplos:
e similares. [aluno@ldalcero aluno]$ tar -cvf /dev/fd0 /home
O programa é útil para empacotamento de uma série Grava os arquivos do diretório /home para um disquete.
de arquivos para distribuição, para arquivamento e para [aluno@ldalcero aluno]$ tar -xvpf arquivo.tar
economizar espaço em disco temporariamente, compac- Extrai todos os arquivos do arquivo arquivo.tar, man-
tando arquivos e diretórios sem uso. Veja a seguir a sintaxe tendo as permissões originais.
do comando:
zip [opções] arquivo_zip arquivos Instalação de Aplicativos
Como primeiro exemplo, os arquivos do diretório cor- Neste tópico serão mostrados meios de atualizar o sis-
tema, instalar novos pacotes e gerenciar os pacotes que já
rente serão compactados e empacotados e colocados no
estão instalados no sistema.
arquivo:
[aluno@ldalcero aluno]$ zip arquivo *
Gerenciamento de Pacotes RPM
No exemplo a seguir, o arquivo será descompactado e
Esta seção aborda o RPM, que é um poderoso geren-
desempacotado: ciador de pacotes. Após sua conclusão, o aluno estará apto
[aluno@ldalcero aluno]$ unzip arquivo a instalar, verificar, atualizar e desinstalar pacotes de soft-
O comando tar wares.
Permite copiar arquivos e depois restaurá-los, para
efeito de backup de segurança e/ou transporte de dados Conceitos Básicos
através de um meio físico. Pode ser utilizado em máquinas O RPM disponibiliza uma série de implementações que
diferentes, pois é padrão no ambiente UNIX. Também per- facilitam a manutenção do sistema. A instalação, desinsta-
mite realizar cópias multivolume. Veja a sintaxe: lação e atualização de um programa que esteja no formato
tar [opções] arquivos de um pacote RPM podem ser feitas através de um único
O comando tar permite que se crie, atualize ou recupe- comando, sendo que o gerenciador cuidará de todos os
re backups do sistema segundo as opções. detalhes necessários ao processo.
A tabela a seguir mostra as principais opções do co- Para desenvolvedores, o RPM permite manter fontes e
mando tar. binários e suas atualizações separadamente, empacotando
-os de forma configurável para os usuários.
O gerenciador mantém uma base de dados com os pa-
Opção Descrição cotes instalados e seus arquivos, o que permite executar
-c Cria um arquivo tar. pesquisas complexas e verificações de maneira ágil e segu-
ra. Durante atualizações de programas, ele administra, por
-r Acrescenta novos arquivos no arquivo tar. exemplo, arquivos de configuração, mantendo as configu-
rações já realizadas no sistema.
-x Extrai conteúdo de um arquivo tar.
Vantagens da utilização do RPM
-t Gera uma lista dos arquivos. Atualização de Softwares
Restarua os arquivos no seu modo de Com o gerenciador de pacotes é possível atualizar
-p componentes individuais do sistema, sem a necessidade de
permissão original.
Usa a hora de extração do arquivo como a reinstalação total. Os arquivos de configuração são manti-
-m
hora da última alteração. dos durante o processo, não se perdendo assim uma per-
sonalização já efetuada.
-v Modo detalhado.
Pesquisas
Obtém o nome dos arquivos a incluir ou O RPM faz pesquisas sobre os pacotes já instalados e
-T
extrair a partir de “arquivolista”. seus arquivos, É possível pesquisar a que pacote pertence
Especifica o arquivo a ser usado como entrada determinado arquivo e qual a sua origem.
-f
ou saída. Verificação do sistema
Extrai os arquivos para o diretório Caso algum arquivo importante de algum pacote te-
-C
especificado. nha sido removido, pode-se inicialmente verificar se o pa-
Compacta/descompacta os arquivos através do cote apresenta alguma anormalidade.
-z
programa gzip.
Código fonte
Compacta/descompacta os arquivos através do
-j O RPM possibilita a distribuição dos arquivos fonte,
programa bzip.
idênticos aos distribuídos pelos autores dos programas e
as alterações separadamente.

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Instalando / Atualizando
Os pacotes RPM têm nomes de arquivos com o seguinte formato:
foo-1.0-1.i386.rpm
Onde:
foo : nome do arquivo
1.0 : versão 1 : Release i386 : plataforma
A instalação é feita através de uma única linha de comando, como por exemplo:
[root@ldalcero root]$ rpm -ivh foo-1.0-1.i386.rpm
Preparing... ############################################# [100%]
1: foo ############################################# [100%]
Como se pode observar, o RPM apresenta o nome do pacote (o qual não tem necessariamente o mesmo nome do
programa) e apresenta uma sucessão de caracteres # atuando como uma barra de status no processo de instalação.
Para atualizar um pacote utilize o comando:
[root@ldalcero root]$ rpm -Uvh foo-1.0-1.i386.rpm
Preparing... ############################################# [100%]
1: foo ############################################# [100%]
Qualquer versão anterior do pacote será desinstalada e será feita uma nova instalação guardando as configurações
anteriores do programa para um possível uso caso o formato dos arquivos de configuração não tenha sido alterado.

Desinstalando
Para desinstalar um pacote utilize o comando:
[root@ldalcero root]$ rpm -e foo
Onde foo é o nome do pacote e não do arquivo utilizado na instalação.

Consultando / Verificando
Para consultar a base de dados de pacotes instalados utilize o comando:
[root@ldalcero root]$ rpm -q nome_do_pacote
Com a sua utilização são apresentados o nome do pacote, versão e release.
Em vez de especificar o nome do pacote, pode-se utilizar as seguintes opções após o parâmetro q, mostrados na tabela
abaixo:

Opção Descrição

a Consulta todos os pacotes instalados.

f Consulta o pacote do qual o arquivo faz parte

i Apresenta as informações do pacote.

l Apresenta a lista de arquivos pertencentes ao pacote.

s Apresenta o status dos arquivos do pacote.

d Apresenta um lista dos arquivos de documentação.

c Apresenta uma lista dos arquivos de configuração.

A opção de verificação pode ser útil caso haja alguma suspeita de que a base de dados RPM esteja corrompida.

Instalação de Aplicativos em código binário


Na maioria das vezes os aplicativos em código binário são empacotados pelo comando tar e dentro dele é necessário
fazer três tipos de comando, para que o aplicativo seja instalado no sistema, a seguir vamos ver detalhadamente esses
comandos.

O comando configure
Esse comando é utilizado para que seja feita uma verificação no sistema e nas dependências dos pacotes necessários
para o aplicativo ser instalado, se o comando obtiver algum erro de checagem do sistema ele retorna uma mensagem de
erro e para a verificação. Exemplo:
[root@ldalcero foo]$ ./configure

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O comando make e make install em execução e o documento no qual você está trabalhan-
Esses dois comandos são responsáveis pela criação das do. Logo abaixo da Barra de Título está a Barra de Menu,
configurações necessárias ao aplicativo no sistema, bem onde se encontra as guias: Arquivo, Editar e assim sucessi-
como sua instalação, eles só podem ser utilizados sem pro- vamente, clicando em cada um delas aparecerá vários ele-
blemas, caso o comando configure tenha sido executado mentos de acesso com diversas funções diferentes. Logo
com sucesso. Exemplos: abaixo da Barra de Título está a Barra de Ferramentas, que
[root@ldalcero foo]$ make consiste de um ou mais ícones, cada um equivalente a um
[root@ldalcero foo]$ make install elemento de menu, pode-se dizer que são atalhos para os
elementos de menu mais usados no programa. A Barra de
Uso e Configuração do Ambiente Gráfico Status se encontra na parte inferior e mostra informações
Neste tópico será mostrado como você interagir com do arquivo que está sendo acessado no momento.
o ambiente gráfico do Linux e também como fazer a sua
configuração de acordo com sua necessidade e facilidade. Adicionando Ícones na Área de Trabalho
Como padrão vamos utilizar o ambiente gráfico GNOME. Para adicionar ícones na sua Área de Trabalho você
pode fazer de duas maneiras:
Gerenciadores de Janelas Escolhendo qual programa que deseja fazer o atalho, e
A principal função de um gerenciador de janelas é, arrastá-lo até a Área de Trabalho e soltar, será perguntando
como o próprio nome diz, gerenciar a apresentação das se deseja criar um atalho para o arquivo ali.
janelas e fornecer métodos para controlar aplicações, criar Clicando com o botão direito do mouse na Área de
e acessar menus. Além de fornecer meios para que o usuá- Trabalho e escolher a opção criar novo lançador, e adicio-
rio possa personalizar o seu ambiente. Mas, como é feito o nar as informações necessárias para o referente atalho do
relacionamento com o sistema? programa.
No Linux, este relacionamento é feito pelo Servidor de
Usando a Lixeira
Janelas X. Seu objetivo é fornecer acesso aos dispositivos
Em circunstâncias normais, apagar um arquivo no UNIX
existentes em seu computador (mouse, teclado) e fornecer
é uma operação sem retorno. No entanto, com o geren-
um ambiente agradável para a manipulação de aplicações, ciador de arquivos do GNOME, você pode escolher Mover
através de componentes chamados Janelas. para a Lixeira ao invés de Apagar. Isto irá mover o arquivo
Mas, não confunda estes dois conceitos: o servidor de para a Pasta Lixeira, que por padrão é acessível via ícone
janelas possui recursos para implementar as aplicações em em sua Área de Trabalho. Nesta pasta, sempre é possível
forma de janelas e formar um ambiente agradável para o recuperar arquivos apagados. Lembre-se de esvaziá-la re-
usuário; já o gerenciador de janelas vai fornecer métodos gularmente clicando nela com o botão direito do mouse,
para que o usuário possa modificar o tamanho das janelas, e então escolhendo Esvaziar Lixeira, sob pena de ficar sem
o papel de parede, enfim, o layout da interface gráfica. espaço em disco, pois os arquivos que estão na Lixeira con-
tinuam ocupando espaço. Note que, uma vez esvaziada a
Usando a Área de Trabalho Lixeira, os arquivos que estavam lá estarão perdidos para
Usar a Área de Trabalho é tão simples como arrastar sempre.
itens que se queira utilizar rotineiramente. A Área padrão
inclui uma pasta do diretório pessoal (/home/nome_do_ Configurando a Área de Trabalho
usuario). Existem várias maneiras de configurarmos a Área de
Todos os itens armazenados na Área de Trabalho estão Trabalho, essas configurações incluem:
localizados no diretório: Tela de Fundo;
/home/nome_do_usuario/.gnome-desktop/ Proteção de Tela;
Isto pode ser útil para relembrar quando se desejar que Tema da Área de Trabalho;
um item que apareça na Área de Trabalho, porém com as Entre outras.
quais não se pode utilizar as funções de arrastar e soltar. Podemos configurar nossa Área de Trabalho, através
No painel inferior da Área de Trabalho, você encontra íco- do Menu Preferências -> Centro de Controle, abrirá uma
nes, que na verdade são atalhos para acessar alguns aplica- janela com várias ícones, correspondentes cada um a uma
tivos e para acessar o menu de programas. configuração de sua Área de Trabalho.
Trocando a Configuração do seu Teclado
Vista a grande quantidade de layouts (idiomas) de te-
Gerenciador de Arquivos
clados que existe hoje no mercado de informática, iremos
Se você der um clique no ícone que se encontra na
abordar neste tópico, como você pode configurar o layout
Área de Trabalho com o nome de Pessoal ou Pasta de Início
do seu teclado.
ou algo semelhante, irá abrir um programa que nada mais Existem duas maneiras de configurar o seu teclado,
é do que o seu gerenciador de arquivos, no qual abrirá uma pode ser via modo texto ou via modo gráfico.
janela mostrando o conteúdo do seu diretório pessoal. Este Modo Texto
é o diretório onde estão armazenados todos os seus do- Digite no terminal o seguinte comando:
cumentos, e é permitido ser acessado somente por você. kbdconfig
Uma janela se compõe de várias partes. Na parte superior Observe que o comando pode variar de uma distribui-
está a Barra de Título, a qual mostra o título do programa

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ção para outra, as outras variâncias do comando são: keyb- porém é possível haver diversas filas para a mesma impres-
config ou ainda keyboardconfig. sora.
Modo Gráfico O processamento de uma tarefa de impressão, enviada
Vá até o Menu de Configurações do Sistema, e em por uma estação remota ou local, é realizado em três passos:
seguida na opção Teclado, na janela que será mostrada 1. Os arquivos de dados são copiados no diretório da
escolha o idioma do seu teclado. fila de impressão e associado com um arquivo de controle
que é criado naquele momento;
Impressão de Arquivos 2. Os arquivos de dados passam por um programa de
Vamos abordar neste tópico a impressão de arquivos, filtros que os converte para um formato específico de im-
levando-se em conta que a impressora já tenha sido con- pressão (por exemplo Ghost Script). Esta conversão pode ser
figurada no computador pelo administrador do sistema e feita em diversos passos individuais;
esta esteja funcionando corretamente. 3. O arquivo específico para a impressora conectada
àquela fila é impresso.
Imprimindo Arquivos
WINDOWS 7
O método mais usado pelos aplicativos do Linux para
a impressão é o Ghost Script. O Ghost Script (chamado de
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de
gs) é um interpretador do formato Pos Script (arquivos .ps)
julho de 2009, e começou a ser vendido livremente para
e pode enviar o resultado de processamento tanto para usuários comuns dia 22 de outubro de 2009.
a tela como impressora. Ele está disponível para diversas Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas no-
plataformas e sistemas operacionais além do Linux, inclu- vidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e di-
sive o DOS, Windows, OS/2, etc. O formato .ps esta se tor- recionada para a linha Windows, tem a intenção de torná-lo
nando uma padronização para a impressão de gráficos em totalmente compatível com aplicações e hardwares com os
Linux devido a boa qualidade da impressão, liberdade de quais o Windows Vista já era compatível.
configuração, gerenciamento de impressão feito pelo gs Apresentações dadas pela companhia no começo de
e por ser um formato universal, compatíveis com outros 2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas va-
sistemas operacionais. riações como uma barra de tarefas diferente, um sistema de
A maioria das distribuições Linux já vem com o pacote “network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na perfor-
do Ghost Script instalado e configurado, e quando você mance.
manda o comando de impressão para a sua impressora, · Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tarefas
através de qualquer software, desde editores de textos até e suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi-touch)
editores de imagens, o Linux já faz todo o trabalho de cha- · Internet Explorer 8;
mar o Ghost Script e comandar para que sua impressão · Novo menu Iniciar;
saia correta na impressora, por isso o único trabalho que · Nova barra de ferramentas totalmente reformulada;
você tem ao imprimir seus arquivos é clicar no botão “Im- · Comando de voz (inglês);
primir” do software que você estiver utilizando. · Gadgets sobre o desktop;
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.;
Filas de Impressão · Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows
Impressoras são acessadas pelo Linux através de um Media Player, integrado ao Windows Explorer;
mecanismo de armazenamento temporário, como é co- · Arquitetura modular, como no Windows Server 2008;
mum ocorrer em sistemas multitarefas, ou sejam, as ta- · Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Win-
refas de impressão ficam armazenadas temporariamente dows (Paint e WordPad, por exemplo), como no Office 2007;
· Aceleradores no Internet Explorer 8;
em um arquivo e são processadas posteriormente por um
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória
segundo programa de controle denominado servidor de
RAM;
impressão. Esta sistemática garante que muitos usuários
· Home Groups;
podem enviar tarefas de impressão simultaneamente para
· Melhor desempenho;
uma única impressora sem o risco de conflitos. Após en- · Windows Media Player 12;
viar a tarefa para impressão, o usuário pode continuar com · Nova versão do Windows Media Center;
as suas atividades normais, enquanto a tarefa ficará na fila · Gerenciador de Credenciais;
ou será impressa. · Instalação do sistema em VHDs;
Uma fila de impressão consiste em: · Nova Calculadora, com interface aprimorada e com
uma entrada no arquivo /etc/printcap, onde a fila será mais funções;
criada; · Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, Ga-
um diretório, normalmente sob /var/spool/lpd, onde mão Internet e Internet Damas;
ficarão armazenados arquivos de tarefas de impressão, ar- · Windows XP Mode;
quivos de dados, arquivos de controle de configuração de · Aero Shake;
impressoras e filas.
Cada fila é processada por somente uma impressora, Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o número de capacidades e certos programas que faziam Grupo Doméstico


parte do Windows Vista não estão mais presentes ou mu- Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais
daram, resultando na remoção de certas funcionalidades. computadores em sua casa. Permitir a comunicação entre
Mesmo assim, devido ao fato de ainda ser um sistema várias estações vai te poupar de ter que ir fisicamente aon-
operacional em desenvolvimento, nem todos os recursos de a outra máquina está para recuperar uma foto digital
podem ser definitivamente considerados excluídos. Fixar armazenada apenas nele.
navegador de internet e cliente de e-mail padrão no menu Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica sim-
Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixados plificada e segura. Você decide o que compartilhar e qual
manualmente). os privilégios que os outros terão ao acessar a informação,
se é apenas de visualização, de edição e etc.
Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Win-
dows Mail e Windows Tela sensível ao toque
Calendar foram substituídos pelas suas respectivas
contrapartes do Windows Live, com a perda de algumas O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensí-
funcionalidades. O Windows 7, assim como o Windows Vis- vel ao toque com opção a multitoque, recurso difundido
ta, estará disponível em cinco diferentes edições, porém pelo iPhone.
apenas o Home Premium, Professional e Ultimate serão O recurso multitoque percebe o toque em diversos
vendidos na maioria dos países, restando outras duas edi- pontos da tela ao mesmo tempo, assim tornando possí-
ções que se concentram em outros mercados, como mer- vel dimensionar uma imagem arrastando simultaneamente
cados de empresas ou só para países em desenvolvimento. duas pontas da imagem na tela.
Cada edição inclui recursos e limitações, sendo que só o O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de apli-
Ultimate não tem limitações de uso. Segundo a Microsoft, cativos e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Col-
os recursos para todas as edições do Windows 7 são arma- lage é um aplicativo para organizar e redimensionar fotos.
zenadas no computador. Nele é possível montar slide show de fotos e criar papeis de
Um dos principais objetivos da Microsoft com este parede personalizados. Essas funções não são novidades,
novo Windows é proporcionar uma melhor interação e in- mas por serem feitas para usar uma tela sensível a múlti-
tegração do sistema com o usuário, tendo uma maior oti- plos toques as tornam novidades.
mização dos recursos do Windows 7, como maior autono-
mia e menor consumo de energia, voltado a profissionais
ou usuários de internet que precisam interagir com clientes
e familiares com facilidade, sincronizando e compartilhan-
do facilmente arquivos e diretórios.

Recursos
Segundo o site da própria Microsoft, os recursos en-
contrados no Windows 7 são fruto das novas necessidades
encontradas pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor,
Windows Vista, mas existem novas funcionalidades exclusi-
vas, feitas para facilitar a utilização e melhorar o desempe-
nho do SO (Sistema Operacional) no computador.
Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras
versões do Windows, não terá que jogar todo o conheci-
mento fora. Apenas vai se adaptar aos novos caminhos e
aprender “novos truques” enquanto isso. Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela
sensível ao toque.
Tarefas Cotidianas
Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia Lista de Atalhos
se tornou comum. Não precisamos mais estar em alguma
empresa enorme para precisar sempre de um computador Novidade desta nova versão, agora você pode abrir di-
perto de nós. O Windows 7 vem com ferramentas e fun- retamente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir
ções para te ajudar em tarefas comuns do cotidiano. o programa que você utilizou. Digamos que você estava
editando um relatório em seu editor de texto e precisou fe-
chá-lo por algum motivo. Quando quiser voltar a trabalhar
nele, basta clicar com o botão direito sob o ícone do editor
e o arquivo estará entre os recentes.
Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se
preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e
vai diretamente para a informação, ganhando tempo.

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua bus-


ca pode ser dividido.
· Programas
· Painel de Controle
· Documentos
· Música
· Arquivos

Exemplo de arquivos recentes no Paint.

Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere im-


portante. Se a edição de um determinado documento é
constante, vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto
que a lista de recentes se modifica conforme você abre e
fecha novos documentos.

Snap
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum
ver várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recur- Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras
so de Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e em seu nome.
divertido. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da
tela para obter diferentes posicionamentos. Windows Explorer
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena
comparação de janelas. Por exemplo, jogue uma para a es- parte do total disponível.
querda e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e divi- Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é acio-
dindo igualmente o espaço pela tela, permitindo que você nado automaticamente quando você navega pelas pastas
as veja ao mesmo tempo. do seu computador – você encontrará uma busca mais
abrangente.
Windows Search Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e es- se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de bus-
tendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas ca. No 7, precisamos apenas digitar os termos na caixa de
diretamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada busca, que fica no canto superior direito.
a busca enquanto você navega pelas pastas.

Menu iniciar
As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do
menu iniciar. É útil quando você necessita procurar, por
exemplo, pelo atalho de inicialização de algum programa
ou arquivo de modo rápido.
“Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do
Windows Search, a pesquisa do menu início não olha ape-
nas aos nomes de pastas e arquivos.
Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e proprieda-
des também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
Os resultados são mostrados enquanto você digita e Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce;
são divididos em categorias, para facilitar sua visualização. Windows 7 Bible, pg 774).

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A busca não se limita a digitação de palavras. Você


pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas,
todas as canções do gênero Rock. Existem outros, como
data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você
procura, podem existir outras classificações disponíveis.
Imagine que todo arquivo de texto sem seu computa-
dor possui um autor. Se você está buscando por arquivos
de texto, pode ter a opção de filtrar por autores.
Você observará que o Windows Explorer traz a janela
dividida em duas partes.

A central de ações e suas opções.


- Do seu jeito
O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para
nossa qualidade de vida quanto para o desempenho no
trabalho. O computador é uma extensão desse ambiente.
O Windows 7 permite uma alta personalização de ícones,
Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/ cores e muitas outras opções, deixando um ambiente mais
print/index.php?id=53&chapterid=56 confortável, não importa se utilizado no ambiente profis-
sional ou no doméstico.
Controle dos pais Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão
Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que na página de Personalização1, que pode ser acessada por
um clique com o botão direito na área de trabalho e em
visualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda
seguida um clique em Personalizar.
a limitar o que pode ser visualizado ou não. Para que essa
É importante notar que algumas configurações podem
funcionalidade fique disponível, é importante que o com-
deixar seu computador mais lento, especialmente efeitos
putador tenha uma conta de administrador, protegida por
de transparência. Abaixo estão algumas das opções de per-
senha, registrada. Além disso, o usuário que se deseja res-
sonalização mais interessantes.
tringir deve ter sua própria conta.
As restrições básicas que o 7 disponibiliza:
Papéis de Parede
· Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou
dia que o PC pode ser utilizado. praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos
· Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agra-
horário e também pela classificação do jogo. Vale notar de. Uma das novidades fica por conta das fotos que você
que a classificação já vem com o próprio game. encontra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma
· Bloquear programas: É possível selecionar quais apli- única folha numa floresta até uma montanha.
cativos estão autorizados a serem executados. A outra é a possibilidade de criar um slide show com
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a várias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a
quantidade de restrições, como controlar as páginas que impressão que sua área de trabalho está mais viva.
são acessadas, e até mesmo manter um histórico das ativi-
dades online do usuário. Gadgets
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista,
Central de ações mas eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar
A central de ações consolida todas as mensagens de em qualquer local do desktop.
segurança e manutenção do Windows. Elas são classifica- Servem para deixar sua área de trabalho com ele-
das em vermelho (importante – deve ser resolvido rapida- mentos sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena
mente) e amarelas (tarefas recomendadas). agenda – até as de gosto mais duvidosas – como uma que
O painel também é útil caso você sinta algo de estra- mostra o símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário
nho no computador. Basta checar o painel e ver se o Win- o que e como utilizar.
dows detectou algo de errado. O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir
necessidade, pode baixar ainda mais opções da internet.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Personalização
Você pode adicionar recursos ao seu computador alte-
rando o tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área de
trabalho, a proteção de tela, o tamanho da fonte e a ima-
gem da conta de usuário. Você pode também selecionar
“gadgets” específicos para sua área de trabalho.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na
área de trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da
janela sons e, às vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é
um visual premium dessa versão do Windows, apresentan-
do um design como o vidro transparente com animações
de janela, um novo menu Iniciar, uma nova barra de tare-
fas e novas cores de borda de janela. Use o tema inteiro ou
crie seu próprio tema personalizado alterando as imagens,
cores e sons individualmente. Você também pode locali-
zar mais temas online no site do Windows. Você também
pode alterar os sons emitidos pelo computador quando,
por exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou
desliga o computador.
Gadgets de calendário e relógio. O plano de fundo da área de trabalho, chamado de
papel de parede, é uma imagem, cor ou design na área de
Temas
trabalho que cria um fundo para as janelas abertas. Você
Como nem sempre há tempo de modificar e deixar to-
das as configurações exatamente do seu gosto, o Windows pode escolher uma imagem para ser seu plano de fundo
7 disponibiliza temas, que mudam consideravelmente os de área de trabalho ou pode exibir uma apresentação de
aspectos gráficos, como em papéis de parede e cores. slides de imagens. Também pode ser usada uma proteção
de tela onde uma imagem ou animação aparece em sua
ClearType tela quando você não utiliza o mouse ou o teclado por
“Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes pare- determinado período de tempo. Você pode escolher uma
cerem mais claras e suaves no monitor. É particularmente variedade de proteções de tela do Windows. Aumentando
efetivo para monitores LCD, mas também tem algum efeito o tamanho da fonte você pode tornar o texto, os ícones e
nos antigos modelos CRT(monitores de tubo). O Windows 7 outros itens da tela mais fáceis de ver. Também é possível
dá suporte a esta tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, reduzir a escala DPI, escala de pontos por polegada, para
pg 163, tradução nossa). diminuir o tamanho do texto e outros itens na tela para
que caibam mais informações na tela.
Novas possibilidades Outro recurso de personalização é colocar imagem de
Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, no- conta de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um
vas possibilidades de configuração, maior facilidade na na- computador. A imagem é exibida na tela de boas vindas e
vega, dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades no menu Iniciar. Você pode alterar a imagem da sua conta
foram diretamente aplicadas no computador em uso, mas
de usuário para uma das imagens incluídas no Windows
no 7 podemos também interagir com outros dispositivos.
ou usar sua própria imagem. E para finalizar você pode
Reproduzir em adicionar “gadgets” de área de trabalho, que são minipro-
Permitindo acessando de outros equipamentos a um gramas personalizáveis que podem exibir continuamente
computador com o Windows 7, é possível que eles se comu- informações atualizadas como a apresentação de slides
niquem e seja possível tocar, por exemplo, num aparelho de de imagens ou contatos, sem a necessidade de abrir uma
som as músicas que você tem no HD de seu computador. nova janela.
É apenas necessário que o aparelho seja compatível
com o Windows 7 – geralmente indicado com um logotipo Aplicativos novos
“Compatível com o Windows 7”. Uma das principais características do mundo Linux é
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
Streaming de mídia remoto não precisa ficar baixando arquivos após instalar o siste-
Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do ma, o que não ocorre com as versões Windows.
computador para outros lugares da casa. Se quiser levar O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora
para fora dela, uma opção é o Streaming de mídia remoto. existe uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7,
Com este novo recurso, dois computadores rodando para que o usuário não precisa baixar programas para ati-
Windows 7 podem compartilhar músicas através do Win- vidades básicas.
dows Media Player 12. É necessário que ambos estejam Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk-
associados com um ID online, como a do Windows Live. top e também suportar entrada por caneta e toque.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,


equações matemáticas escritas na tela são convertidas em
texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.
O print screen agora tem um aplicativo que permite cap-
turar de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela
inteira, partes ou áreas desenhadas da tela com o mouse.

WordPad remodelado

Requisitos
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado
sem problemas de desempenho.
Aplicativo de copiar tela (botão print screen). Esta é a configuração mínima:
· Processador de 1 GHz (32-bit)
O Paint foi reformulado, agora conta com novas ferra- · Memória (RAM) de 1 GB
mentas e design melhorado, ganhou menus e ferramentas
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de
que parecem do Office 2007.
memória (sem Windows Aero)
· Espaço requerido de 16GB
Paint com novos recursos.
· DVD-ROM
· Saída de Áudio
O WordPad também foi reformulado, recebeu novo vi-
sual mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len-
ferramentas, assim se tornando um bom editor para quem
não tem o Word 2007. tidão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o reco-
A calculadora também sofreu mudanças, agora conta mendado é a seguinte configuração.
com 2 novos modos, programador e estatístico. No modo Configuração Recomendada:
programador ela faz cálculos binários e tem opção de álge- · Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits)
bra booleana. A estatística tem funções de cálculos básicos. · Memória (RAM) de 2 GB
Também foi adicionado recurso de conversão de uni- · Espaço requerido de disco rígido: 16 GB
dades como de pés para metros. · Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di-
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do
Windows Aero)
· Unidade de DVD-R/W
· Conexão com a Internet (para obter atualizações)

Atualizar de um SO antigo

O melhor cenário possível para a instalação do Win-


dows 7 é com uma máquina nova, com os requisitos apro-
priados. Entretanto, é possível utilizá-lo num computador
antigo, desde que atenda as especificações mínimas.
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista
instalado, você terá a opção de atualizar o sistema opera-
cional. Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá
fazer a re-instalação do sistema operacional.
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito prova-
velmente seu computador não atende aos requisitos míni-
Calculadora: 2 novos modos. mos. Entretanto, nada impede que você tente fazer a re-
instalação.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualização PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES


“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Win-
dows 7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as Windows 7 Starter
configurações e os programas do Windows Vista no lugar” Como o próprio título acima sugere, esta versão do
(Site da Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt- Windows é a mais simples e básica de todas. A Barra de
BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to- Tarefas foi completamente redesenhada e não possui su-
windows-7). porte ao famoso Aero Glass. Uma limitação da versão é
É o método mais adequado, se o usuário não possui que o usuário não pode abrir mais do que três aplicativos
conhecimento ou tempo para fazer uma instalação do mé- ao mesmo tempo.
todo tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse Esta versão será instalada em computadores novo ape-
tomar cuidado com a compatibilidade dos programas, o nas nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e
que funciona no Vista nem sempre funcionará no 7. Brasil. Disponível apenas na versão de 32 bits.

Windows 7 Home Basic


Instalação
Esta é uma versão intermediária entre as edições Star-
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser
ter e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá
efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viá-
também a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais
vel. de três aplicativos ao mesmo tempo.
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero
se deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, Glass nem para as funcionalidades sensíveis ao toque,
pois todas as informações no computador serão perdidas. fugindo um pouco da principal novidade do Windows 7.
Quando iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas Computadores novos poderão contar também com a ins-
que você havia instalado e com as configurações padrão. talação desta edição, mas sua venda será proibida nos Es-
tados Unidos.
Desempenho
De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7 Windows 7 Home Premium
se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida Edição que os usuários domésticos podem chamar de
por seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem “completa”, a Home Premium acumula todas as funciona-
ganhou alguns pontos na velocidade. lidades das edições citadas anteriormente e soma mais al-
O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho: gumas ao pacote.
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do Dentre as funções adicionadas, as principais são o suporte
processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7 à interface Aero Glass e também aos recursos Touch Windows
Bible, pg 1041, tradução nossa). (tela sensível ao toque) e Aero Background, que troca seu papel
Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de de parede automaticamente no intervalo de tempo determina-
não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 do. Haverá ainda um aplicativo nativo para auxiliar no geren-
prioriza o que o usuário está interagindo (tarefas “foregrou- ciamento de redes wireless, conhecido como Mobility Center.
nd”).
Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
visão” do usuário, dando a impressão que o computador
não está lento.
Essa característica permite que o usuário não sinta uma
lentidão desnecessária no computador.
Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada
vez mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o
sistema operacional se torne um forte consumidor de me-
mória e processamento. O 7 disponibiliza vários recursos de
ponta e mantêm uma performance satisfatória.

Monitor de desempenho
Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma ferra-
menta poderosa para verificar como o sistema está se por- Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e
tando. Podem-se adicionar contadores (além do que já exis- também poderá ser encontrada em computadores novos.
te) para colher ainda mais informações e gerar relatórios.
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas
Monitor de recursos Mais voltada para as pequenas empresas, a versão
Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra Professional do Windows 7 possuirá diversos recursos que
informações sobre o uso do processador, da memória, dis- visam facilitar a comunicação entre computadores e até
co e conexão à rede. mesmo impressoras de uma rede corporativa.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
Domain Join, que ajuda os computadores de uma rede a Se você estiver conectado à Internet, verifique se o
“se enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location Centro de Ajuda e Suporte do Windows está configurado
Aware Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar mui- como Ajuda Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da
to mais fácil o compartilhamento de impressoras. Ajuda e as versões mais recentes dos tópicos existentes.
Como empresas sempre estão procurando maneiras Clique no botão Iniciar  e em Ajuda e Suporte.
para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows,
o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados. clique em Opções e em Configurações.
Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
computadores novos. Em Resultados da pesquisa, marque a caixa de sele-
Windows 7 Enterprise, apenas para vários ção Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma online (recomendado) e clique em OK. Quando você estiver
versão mais voltada para empresas de médio e grande por- conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no can-
te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver- to inferior direito da janela Ajuda e Suporte.
sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na Pesquisar na Ajuda
edição Professional e possui recursos mais sofisticados de A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma
segurança. ou duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para
Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável obter informações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e
pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a pressione Enter. Será exibida uma lista de resultados, com
execução de programas não-autorizados. Além disso, há os mais úteis na parte superior. Clique em um dos resulta-
ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arqui- dos para ler o tópico.
vos grandes e também o DirectAccess, que dá uma super
ajuda com a configuração de redes corporativas.

Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro


Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
pois contém todas as funcionalidades já citadas neste ar-
tigo e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita A caixa de pesquisa na Ajuda e Suporte do Windows
às empresas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade
limitada desta versão do sistema. Pesquisar Ajuda
Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique
presentes na Ultimate são dedicados às corporações, não no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um item
interessando muito aos usuários comuns. na lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos
podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de assuntos.
Clique em um tópico da Ajuda para abri-lo ou clique em outro
título para investigar mais a fundo a lista de assuntos.

Usando a Ajuda e Suporte do Windows


A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda
interno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas
a dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e
instruções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de
ajuda com relação a um programa que não faz parte do
Windows, consulte a Ajuda desse programa (consulte “Ob-
tendo ajuda sobre um programa”, a seguir).
Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no
botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte. Navegando em tópicos da Ajuda por assunto

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WINDOWS 8 Muitos que já tiveram contato com o Windows 8 acha-


ram estranho, porque se não tem o botão iniciar, como
O Windows 8 veio com uma nova característica para Desk- desligar o computador? Bom, aí está mais uma mudança,
tops e Tablets, o Windows Style, que já é conhecido por muitos pensando no uso comum para todos os dispositivos foi
com o nome de Windows Metro, presente no Windows Phone criada uma Barra Lateral (lado direito), onde temos as op-
7. O que significa que uma aplicação feita com Windows Style ções de Pesquisa, Compartilhar, Iniciar, Dispositivos, Confi-
vai poder ser executada no seu Desktop, Tablet ou smarthphone gurações (Figura 3).
que utiliza o Windows 8 que traz um visual diferenciado possi-
bilitando maior interação do usuário com os aplicativos. Ape-
sar de trazer esta grande novidade, o Windows 8 não perdeu
a compatibilidade e nem a forma de trabalhar com aplicativos
na versão x86, feitos em versões mais antigas deste Sistema
Operacional. Isso porque o Windows 8 para Desktop usa duas
interfaces, a interface Style também chamada de Windows RT e
a Interface Win32. Isso significa que os aplicativos desenvolvi-
dos para Windows Win32 não serão executados em tablets ou
smarthphones. Além das características citadas acima, outra
novidade interessante do Windows 8 é a interface Win32 que
foi modificada, além de trazer novas funções até então (até
então porque até o lançamento oficial pode acontecer algu-
ma mudança), ele não trás o botão iniciar (Figura 1).
Figura 3: Barra Lateral
É nessa barra lateral, na opção configurações onde va-
mos encontrar a configuração das conexões com redes a
cabo ou sem fio (wireless), configuração de volume, con-
figuração de brilho, configuração do idioma teclado, con-
figuração das notificações, a opção de desligar que inclui,
desligar, reiniciar, hibernar ou suspender a máquina, além
das outras configurações que são: Área de trabalho, Painel
de controle, Personalização Informações do PC e ajuda (Fi-
gura 4).

Figura 1: Interface do Windows Win32

Ao invés disso temos um painel onde todos os progra-


mas são listados com seus ícones no modo paisagem e que
pode ser movido com a barra de rolagem horizontal que se
encontra no rodapé da página. Então qualquer programa
instalado tanto para a interface Style quanto para a interfa-
ce Win32 pode ser acessado (Figura 2).

Figura 4: Barra Lateral Configuração

A interface Style está muito voltada para o conteúdo,


onde temos ícones dinâmicos também conhecidos como
tiles que podem mostrar informações em tempo real, de
acordo com a característica de cada aplicativo e obviamen-
te quando houver uma conexão com a internet.(Figura 5)

Figura 2: Painel contendo todos os aplicativos do Win-


dows 8

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a versão de avaliação acesse o endereço http://windows.


microsoft.com/pt-BR/windows-8/download. Após acessar
este endereço escolha o idioma e a versão para máquinas
32 ou 64 bits, não se esqueça de anotar a chave do pro-
duto, depois baixe a imagem no formato ISO, grave em
um DVD e pronto, agora é só instalar. Se você já tiver uma
outra versão do Windows instalada na máquina, pode criar
uma partição e instalar o Windows 8, assim será criado um
Dual Boot, ou seja você poderá escolher qual sistema ope-
racional vai utilizar.

8.1
O Windows 8.1 é a primeira grande atualização do
Figura 5: Interface Windows Style Windows 8 e traz diversas mudanças que, em alguns as-
pectos – principalmente nas opções de personalização –,
O uso da memória na interface Style foi otimizado para se aproximam da versão desktop do Windows Phone. Com
obter o máximo de desempenho para o aplicativo construí- a possível unificação das lojas de ambos os sistemas, esta
do para a essa interface, que está sendo executado naquele tendência aumentará. Mas isso é só o começo, não perca
momento. E como o Windows faz isso? O Windows 8 au- tempo para baixar o Windows 8.1 e conhecer as novidades
tomaticamente suspende o aplicativo anterior para então desta atualização.
executar o aplicativo atual, liberando mais memória para
ele. Isso significa que o usuário pode iniciar a quantidade Iniciando o sistema pela interface desktop
de aplicativos que quiser, porque isso não vai comprome- Boa parte das mudanças estão relacionadas à questão
ter a memória ou a bateria do dispositivo. O Windows pode da personalização e dão ao usuário mais controle sobre
eventualmente encerrar um aplicativo que está em segun- o sistema. Uma das principais é a possibilidade de iniciá
do plano para liberar memória para outro aplicativo que -lo diretamente na interface tradicional do Windows. Essa,
está sendo executado. com certeza, é a alteração que muitos usuários estavam
Essa característica requer que os desenvolvedores esperando.
de aplicativos Windows Style sejam muito cuidadosos ao
construírem suas aplicações, para que o usuário não perce- A volta do botão Iniciar ou quase isso
ba o que está acontecendo “por trás” no sistema operacio- Outra modificação bastante aguardada é a volta do
nal. Então o desenvolvedor deve gravar o estado em que botão “Iniciar”. No entanto, ele não retornou como todos
a aplicação foi suspensa ou encerrada, para que o usuário esperavam. A função do botão é a mesma da tecla “Windo-
não perceba a alteração ao alternar entre um aplicativo e ws”. Ele é apenas um atalho para levar o usuário da interfa-
outro. ce tradicional para a nova, chamada Modern e voltada para
É bom frisar que esta característica é apenas para o dispositivos com tela touch.
Windows 8 RT ou Style e estão direcionados para melhorar
o desempenho de aplicativos móveis. Uma busca mais completa e um acesso mais fácil às
O Windows Win32 não tem essa característica e con- configurações
sequentemente os aplicativos já existentes e construídos A ferramenta de busca foi redesenhada, mas continua
para Windows Win32 vão trabalhar da mesma forma, es- simples. Agora esta função está mais eficiente e abrangen-
tarão sendo executados em segundo plano, consumindo te, pois pesquisa na web, em arquivos locais e contas do
memória e processamento, deixando a cargo do usuário SkyDrive. Houve, também, uma mudança em seu compor-
encerrar o aplicativo que mais estiver consumindo recursos tamento. Ao ser chamada no desktop, a busca não redire-
do computador. ciona mais o usuário para a tela inicial e sim, para uma tela
Espero que com estas breves explanações, estejam que se sobrepõe ao desktop com novos resultados.
prontos para instalar o Windows 8 e as ferramentas de de- Com a busca se tornando mais abrangente e integra-
senvolvimento para esta plataforma, pois a intenção neste da ao sistema, a Microsoft trabalha para que seus usuá-
deste tópico é apenas dar uma ideia básica das novidades rio usem o seu buscador, o Bing. Assim, a empresa de Bill
do Windows 8. Gates tenta afastá-los do serviço do Google. Para facilitar
Então para desenvolver alguma aplicação para dispo- ainda mais a customização do dispositivo, a busca também
sitivos móveis que utilizam Windows 8, devemos ter ins- localiza as configurações do sistema.
talados o Windows 8 e também o Visual Studio 2012, que Falando em configuração, o sistema de edição de con-
conta também com a versão Express que é gratuita. Apesar figurações foi melhorado. No Windows 8, era preciso abrir
de não ter sido lançado oficialmente já podemos iniciar o a tela inicial e, em seguida, o Painel de Controle para fazer
desenvolvimento de aplicativos para Windows 8 baixando modificações. Porém, no Windows 8.1 elas estão disponí-
a versão de avaliação do Windows 8 Release Preview, que veis já na tela inicial, sem a necessidade de um passo inter-
será válida até 15 de fevereiro de 2013, o que é suficien- mediário.
te para testar e desenvolver alguns aplicativos. Para baixar

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uma tela inicial mais personalizável janelas abertas quando alguma operação está sendo reali-
A tela inicial recebeu algumas novas opções que permi- zada – como a cópia ou exclusão de itens – receberam uma
tem personalizá-la. Agora, é possível customizar a tela ini- aparência renovada. Os detalhes sobre essas novidades
cial com mais cores e imagens de fundo. Há a possibilidade, você confere neste artigo.
inclusive, de usar imagens animadas. Além disso, o fundo
do desktop e da tela inicial podem ficar com os seus blocos Ribbon: uma revolução no Explorer
dinâmicos iguais. A mudança mais sentida nesta nova versão do Windo-
Para evitar que os usuários reorganizem a tela por aci- ws Explorer é a alteração da aparência do menu superior
dente ao passar o mouse ou os dedos sobre os blocos dinâ- da tela, nas quais todas as funcionalidades e opções de
micos, a tela inicial possui novos tamanhos de ícones. Eles interação podem ser acessadas. Esta seção do gerenciador
podem ser ordenados facilmente ao clicar com o botão di- é mais comumente chamada de Ribbon.
reito ou, então, ao tocá-lo e segurá-lo. É possível, também,
agrupar muitos ícones ao mesmo tempo para redimensio-
nar, desinstalar ou arranjá-los. Para completar, a edição de
grupos de apps está mais simples. Para não encher a tela
inicial ao instalar um aplicativo da Windows Store, ele não é
adicionado automaticamente à tela inicial.

Tela de bloqueio estilo Windows Phone


Muito da convergência entre o Windows 8 e Windows
Phone está na tela de bloqueio. Isso fica perceptível na con-
figuração, que permite colocar papéis de parede, slidshows,
escolher quais aplicativos serão executados em segundo
plano, além de exibir informações na tela de bloqueio. Com
a atualização, é possível transformar um computador ou ta-
blet em uma moldura que mostra fotos do HD, ou direto
do SkyDrive.
A reformulação da estrutura do menu do Windows Ex-
Aplicativos redimensionáveis
plorer tem a pretensão de centralizar as principais funcio-
No Windows 8, quando o usuário ocupava a tela com
nalidades do gerenciador de pastas em um lugar de fácil
duas aplicações, os apps ficavam com proporções de-
acesso, sendo que você pode personalizar a localização e o
siguais. Ou seja, a divisão da tela não era feita em partes
tamanho dos botões. A aparência do novo Ribbon lembra
iguais, ficando assim: um dos aplicativos ocupava um tama-
bastante as telas do Office, principalmente porque todas
nho maior e o outro ocupa uma pequena parte. Contudo,
as funções estão categorizadas de acordo com a sua fi-
a Microsoft eliminou esta restrição e, agora, permite que nalidade. Ou seja, se você quer copiar, colar ou excluir um
usuário possa dividir a tela em qualquer proporção. Com arquivo, você encontra todas essas funções – de gerencia-
isso, o espaço é usado de acordo com cada necessidade. mento de itens – reunidas na mesma aba, o que facilita a
realização de tarefas semelhantes de forma repetida.
Integração com o SkyDrive
O SkyDrive foi completamente integrado ao novo sis-
tema operacional. Dessa maneira, o 8.1 permite salvar ar-
quivos direto no serviço, acessar arquivos offline e enviar as
edições ao ficar online.

Internet Explorer 11
Esta nova versão do Windows disponibiliza o Internet
Explorer 11 com diversas melhorias. Entre elas, estão: a ca-
pacidade de abrir até 100 abas simultaneamente por janela,
um processo de troca de abas mais fácil, melhoria do uso
de memória, melhor reconhecimento de toque, uma barra
de endereços melhorada, uma tela de leitura para mostrar
o texto da web de uma forma mais elegante e em tela cheia
para facilitar a leitura dentro do navegador, e muitas outras
funcionalidades.
Além disso, o novo Ribbon possibilitou a apresentação
Windows Explorer de uma gama maior de funcionalidades. Algumas dessas
O Windows Explorer também foi englobado nas mu- funções já estavam presentes nas versões anteriores, mas,
danças e a sua interface ganhou uma nova roupagem. Tanto por elas não estarem tão acessíveis quanto agora, a maior
as telas do gerenciador de pastas e de arquivos quanto as parte das pessoas nem sequer faz ideia da existência delas.

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Melhorias no espaço útil das telas O novo Windows Explorer também traz uma barra de
Algumas abas ficam escondidas e só aparecem quando ferramentas de acesso rápido, que permite adicionar os
é selecionado ou aberto algum arquivo que tenha a ver com botões mais utilizados em uma espécie de lista de favoritos
a funcionalidade que ela representa. Um exemplo disso é e que está presente nos programas do Office. A nova ver-
a opção de busca conceitual, que fica oculta e apenas se são do gerenciador de pastas possibilita que você escolha
torna ativa quando você inicia a pesquisa por algum item. onde essa seção será mostrada.
Dessa forma, a tela do Windows Explorer não fica tomada
por botões e categorias que são pouco utilizadas por você. Ajuda e Suporte
Para dar mais espaço para a tela do Windows Explorer, Voce pode acessar a ajuda e suporte do Windows atra-
mesmo com a adição do Ribbon, os desenvolvedores res- vés do menu Arquivo/Ajuda ou clicar no botão Windows e
ponsáveis pelo projeto reavaliaram a localização de outras digitar “ajuda”
funções e seções que diminuem o espaço útil da janela.

As duas telas mostram 35 arquivos, mas o novo Explo-


rer aproveita melhor o espaço útil da interface. (Fonte da
imagem: MSDN/Microsoft)
Exemplos disso são a eliminação do cabeçalho e a re-
moção das propriedades dos arquivos, que antes apare-
ciam na parte inferior da tela e agora são mostradas do
lado direito. Entretanto, a barra de status que fica locali-
zada na parte inferior da janela foi mantida, para que o
sistema possa mostrar informações importantes sobre as
atividades realizadas.
Com essa mudança a barra que exibe as propriedades
dos arquivos ficou muito mais fácil de ser visualizada, já
que as informações não ficam espremidas em um espa-
ço muito pequeno e podem ocupar um tamanho maior da
tela para mostrar outros dados sobre os itens.
Acesso facilitado aos botões mais utilizados
Todas as funcionalidades presentes no Ribbon pos-
suem atalhos que podem ser acessados por meio do tecla-
do. As letras, os números ou as combinações que permitem
utilizar cada função são mostrados juntamente com os bo-
tões, para tornar mais fácil a aprendizagem dos “corta-ca-
minhos”.

*Fonte: http://equipe.nce.ufrj.br/antonio/windows
http://www.devmedia.com.br/windows-8-visao-geral
-e-preparacao-do-ambiente-de-desenvolvimento/26170
(Fonte da imagem: MSDN/Microsoft)

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No cabeçalho de nosso programa temos a barra de


EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E títulos do documento ,
APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT que como é um novo documento apresenta como título
OFFICE 2010, 2013 E LIBREOFFICE 5 OU “Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápi-
SUPERIOR). do, que permite acessar alguns comandos
mais rapidamente como salvar, desfazer. Você pode per-
sonalizar essa barra, clicando no menu de contexto (flecha
MS OFFICE para baixo) à direita dela.

O Microsoft Office é uma suíte de aplicativos para es-


critório que contém programas como processador de tex-
to, planilha de cálculo, banco de dados (Também conheci-
do como DB “Data Base”), apresentação gráfica e gerencia-
dor de tarefas, de e-mails e contatos.
O Word é o processador de texto do Microsoft Office,
sendo o paradigma atual de WYSIWYG. Facilita a criação, o
compartilhamento e a leitura de documentos. Desde a ver-
são 2.0 (1992) já se apresentava como um poderoso editor
de textos que permitia tarefas avançadas de automação de
escritório. Com o passar do tempo, se desenvolveu rapida-
mente e, atualmente, é o editor mais utilizado pelas gran-
des empresas e por outros usuários.
O Microsoft Excel faz parte do pacote Microsoft Of-
fice da Microsoft e atualmente é o programa de folha de
cálculo mais popular do mercado. As planilhas eletrônicas
agilizam muito todas as tarefas que envolvem cálculos e
segundo estudos efetuados, são os aplicativos mais utiliza-
dos nos escritórios do mundo inteiro. Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.
O Microsoft PowerPoint é uma aplicação que permite
o design de apresentações para empresas, apresentações
escolares..., sejam estas texto ou gráficas. Tem um vasto
conjunto de ferramentas, nomeadamente a inserção de
som, imagens, efeitos automáticos e formatação de vários
elementos.

MS WORD

O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é


considerado um dos principais produtos da Microsoft sen-
do a suíte que domina o mercado de suítes de escritório,
mesmo com o crescimento de ferramentas gratuitas como
Google Docs e LibreOffice.

Interface

Através dessa ABA, podemos criar novos documentos,


abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, pre-
parar o documento (permite adicionar propriedades ao do-
cumento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os
grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Página Inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para
os usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior .
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.

Trabalhando com documentos


Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco que é sua área de edição de texto.

Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo,
salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar seu documento em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou
outro dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma
tela onde você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode mudar o local do arquivo a ser salvo, bastando clicar no botão “Procurar” e selecionar o local desejado pela
parte esquerda da janela.

No campo nome do arquivo, o Word normalmente preenche com o título do documento, como o documento não
possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e
que se aproxime do conteúdo de seu texto. Até a versão 2003, os documentos eram salvos no formato .DOC, a partir da
versão 2007, os documentos são salvos na versão .DOCX, que não são compatíveis com as versões anteriores. Para poder
salvar seu documento e manter ele compatível com versões anteriores do Word, clique na direita dessa opção e mude para
Documento do Word 97-2003.

Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na barra de títulos.

Abrindo um arquivo do Word


Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na esquerda da janela, localizamos o botão abrir, observe também que ele mostra uma relação de documentos recen-
tes, nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos pelo Word facilitando a abertura. Ao clicar em abrir, será
necessário localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, outro local ou outro nome, clique na aba arquivo e escolha Salvar
Como.

Visualização do Documento

Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento. No rodapé a direta da tela temos o controle de Zoom.·. An-
terior a este controle de zoom temos os botões de forma de visualização de seu documento,
que podem também ser acessados pela Aba Exibição.

Os primeiros botões são os mesmos que temos em miniaturas no rodapé.


Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é o formato de como seu documento ficará na folha impressa.
Leitura: Ele oculta as barras de seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do documento à
direita, ele possui uma flecha apontado para a próxima página. Para sair desse modo de visualização, clique no botão fechar
no topo à direita da tela.
Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários postam
textos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão Zoom
o Word apresenta a seguinte janela:

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido, ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visualizar
o documento em várias páginas. E finalizando essa aba temos as formas de exibir os documentos aberto em uma mesma
seção do Word.

Configuração de Documentos

Um dos principais cuidados que se deve ter com seus documentos é em relação à configuração da página.
No Word 2013 a ABA que permite configurar sua página é a ABA Layout da Página.

O grupo “Configurar Página”, permite definir as margens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-definidos,
como também personalizá-las.

Ao personalizar as margens, é possível alterar as margens superior, esquerda, inferior e direita, definir a orientação da
página, se retrato ou paisagem, configurar a fora de várias páginas, como normal, livro, espelho. Ainda nessa mesma janela
temos a guia Papel.
Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de alimentação do papel.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Colunas

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as


suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-
definidas, mas você pode colocar em um número maior de
colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a largura
e o espaçamento entre as colunas. Observe que se você
pretende utilizar larguras de colunas diferentes é preciso
A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primei- desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”. Atente
ra opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como
também que se preciso adicionar colunas a somente uma
será uma nova seção do documento, vamos aprender mais
parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto.
frente como trabalhar com seções.

Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos


utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares
e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabeçalho
e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se definir o
alinhamento do conteúdo do texto na página. O padrão é
o alinhamento superior, mesmo que fique um bom espa-
ço em branco abaixo do que está editado. Ao escolher a
opção centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical. A
opção números de linha permite adicionar numeração as
linhas do documento.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Números de Linha O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos


É bastante comum em documentos acrescentar nume- o item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção.
ração nas páginas dos documentos, o Word permite que
você possa fazer facilmente, clicando no botão “Números
de Linhas”.

Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”,


abre-se a janela que vimos em Layout.

Plano de Fundo da Página Nesta janela podemos definir uma imagem como mar-
ca d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a
imagem e depois definir a dimensão e se a imagem fica-
rá mais fraca (desbotar) e clicar em OK. Como também é
possível definir um texto como marca d’água. O segundo
botão permite colocar uma cor de fundo em seu texto, um
recurso interessante é que o Word verifica a cor aplicada e
automaticamente ele muda a cor do texto.

Podemos adicionar as páginas do documento, marcas


d’água, cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página,
localizado na Aba Design possui três botões para modificar
o documento.
Clique no botão Marca d’água.
O botão Bordas da Página, já estudamos seu funciona-
mento ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos
Embora seja um processo simples, a seleção de tex-
tos é indispensável para ganho de tempo na edição de seu
texto. Através da seleção de texto podemos mudar a cor,
tamanho e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse


Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o
cursor aponta para a direita.
Ao dar um clique ele seleciona toda a linha
Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo.
Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi clicado
Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo
Podemos também clicar, manter o mouse pressionado
e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que
se o mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar
o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar
ao final da seleção desejada. Podemos também clicar onde
começa a seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde
termina a seleção. É possível selecionar palavras alternadas.
Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecio-
nando as partes do texto que deseja modificar.

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de atalho
CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Colar), ou o primeiro grupo na ABA Página Inicial.

Este é um processo comum, porém um cuidado importante é quando se copia texto de outro tipo de meio como, por
exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem formatações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao copiar um
texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao seu documento, não basta apenas clicar em colar, é necessário clicar na
setinha apontando para baixo no botão Colar, escolher Colar Especial.

Observe na imagem que ele traz o texto no formato HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa manipulá-lo,
marque a opção Texto não formatado e clique em OK.

Localizar e Substituir
Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro dela temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique na opção
Substituir.

A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite subs-
tituir em seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita uma a uma, clicando em substituir, ou pode
ser todas de uma única vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente quando
escrita em maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:
Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pesquisa;
Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você digitou
*ão o Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para palavras
em inglês.
Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da palavra, não será permitida se as opções usar caractere coringa
e semelhantes estiverem marcadas.
Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especificado como formatação.
Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto

Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibilidade de se formatar o texto. No Office 2013 a ABA res-
ponsável pela formatação é a Página Inicial e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.

Formatação de Fonte

A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para
formatar uma palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser formatar
somente uma letra também é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra, tamanho, botões
de aumentar fonte e diminuir fonte, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao lado de sublinhado
temos uma seta apontando para baixo, ao clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado – que coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito e
sobrescrito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Este botão permite alterar a colocação de letras maiús- Formatação de parágrafos


culas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos A principal regra da formatação de parágrafos é que
o de realce – que permite colocar uma cor de fundo para independentemente de onde estiver o cursor a formatação
realçar o texto e o botão de cor do texto. será aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma linha
ou mais. Quando se trata de dois ou mais parágrafos será
necessárioselecionar os parágrafos a serem formatados. A
formatação de parágrafos pode ser localizada na ABA Ini-
cio, e os recuos também na ABA Layout da Página.

No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcado-


res (bullets e numeração e listas de vários níveis), diminuir
e aumentar recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na
segunda linha temos os botões de alinhamentos: esquer-
da, centralizado, direita e justificado, espaçamento entre li-
nhas, observe que o espaçamento entre linhas possui uma
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte. seta para baixo, permitindo que se possa definir qual o es-
paçamento a ser utilizado.

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

A janela fonte contém os principais comandos de forma-


tação e permite que você possa observar as alterações antes
de aplica. Ainda nessa janela temos a opção Avançado.

Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento en-


tre os caracteres que pode ser condensado ou comprimido,
a posição é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo
que se faça algo como: .

Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras,


pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com espaça-
mento entre elas de forma diferente. Uma ferramenta interes-
sante do Word é a ferramenta pincel, pois com ela você pode
copiar toda a formatação de um texto e aplicar em outro.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Bordas no parágrafo. As opções disponíveis são praticamente as mesmas


disponíveis pelo grupo.
Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas
réguas superiores.

Marcadores e Numeração
Os marcadores e numeração fazem parte do grupo pará-
grafos, mas devido a sua importância, merecem um destaque.
Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e Numeração.

Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos


apenas os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao
clicar na Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de
Formatação de Parágrafos.

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto


tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos.
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado.

Você pode observar que o Word automaticamente adi-


cionou outros símbolos ao marcador, você pode alterar os
símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado do botão
Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo Marcador.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-


selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você
poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão Podemos começar escolhendo uma definição de bor-
importar, poderá utilizar uma imagem externa. da (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar
cada uma das bordas na direita onde diz Visualização.
Bordas e Sombreamento Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da
Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso linha da borda. A Guia Sombreamento permite atribuir
texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e pará- um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você
grafos. Bordas na página como vimos quando estudamos a pode escolher uma cor base, e depois aplicar uma textura
ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto junto dessa cor.
ou o parágrafo a ser aplicado à borda e ao clicar no botão
de bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma Cabeçalho e Rodapé
borda pré-definida ou então clicar na última opção Bordas O Word sempre reserva uma parte das margens para o
e Sombreamento. cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e


Número de Página.
Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas
opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao
clicar em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeça-
lho e a barra superior passa a ter comandos para alteração
do cabeçalho.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.

Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.

Data e Hora

O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo
Texto, temos o botão Data e Hora.

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No sentido horário da parte superior esquerda: a ima-


Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. gem original, a imagem com aumento de suavização, con-
Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque traste e brilho.
a opção Atualizar automaticamente.
Aplicar correções a uma imagem
Inserindo Elementos Gráficos Clique na imagem cujo brilho deseja alterar.
O Word permite que se insira em seus documentos Em Ferramentas de Imagem, na guia Formatar, no gru-
arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as po Ajustar, clique em Correções.
opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemen-
to Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com
o mesmo nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na
janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu
computador.
A imagem será inserida no local onde estava seu cursor. Dependendo do tamanho da sua tela, o botão de cor-
O que será ensinado agora é praticamente igual para reções pode aparecer diferente.
todos os elementos gráficos, que é a manipulação dos ele-
mentos gráficos. Ao inserir a imagem é possível observar
que a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pon-
tilhadas em sua volta, para mover a imagem de local, basta
clicar sobre ela e arrastar para o local desejado, se precisar
redimensionar a imagem, basta clicar em um dos peque- Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas
nos quadrados em suas extremidades, que são chamados de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez
por Alças de redimensionamento. Para sair da seleção da seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná
imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do -la e abrir a guia Formatar.
texto. Ao clicar sobre a imagem, a barra superior mostra as Siga um ou mais destes procedimentos:
configurações de manipulação da imagem. Em Nitidez/Suavização, clique na miniatura desejada.
As miniaturas à esquerda mostram mais nitidez e à direita,
mais suavização.
Em Brilho/Contraste, clique na miniatura desejada. Mi-
niaturas à esquerda mostram menos brilho e à direita, mais
brilho. Miniaturas na parte superior mostram menos con-
Alterar o brilho, contraste ou nitidez de uma imagem traste e na parte inferior, mais contraste.
Você pode ajustar o brilho relativo de uma imagem, Mova o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das
seu contraste (a diferença entre suas áreas mais escuras miniaturas para ver a aparência de sua foto antes de clicar
e mais claras) e como nitidez ou desfocado aparece. Estes na opção desejada.
são também denominados correções de imagem. Para ajustar qualquer correção, clique em Opções de
correção de imagem e, em seguida, mova o controle desli-
zante para nitidez, brilho ou contraste ou insira um número
na caixa ao lado do controle deslizante.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no efeito artístico desejado. Você pode mover


o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das imagens
em miniatura efeito e usar visualização dinâmica para ver
como sua imagem ficará com esse efeito aplicado, antes de
clicar no efeito desejado.
Para ajustar o efeito artístico, clique em Opções de
efeitos artísticos na parte inferior da lista de imagens em
miniatura. No painel Formatar imagem, você pode aplicar
uma variedade de efeitos adicionais, incluindo a sombra,
reflexo, brilho, bordas suaves e efeitos 3D.

Recolorir
Clique duas vezes na imagem que deseja recolorir.
Em Ferramentas de Imagem, clique em Formatar e, no
grupo Ajustar, clique em Cor.

Compactar Imagem
A opção Compactar Imagens permite deixar sua ima-
Clique na miniatura desejada. Você pode mover o pon- gem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta
teiro do mouse sobre qualquer efeito para ver como ficará opção o Word mostra a seguinte janela:
sua imagem com esse efeito aplicado antes de clicar no
efeito desejado.
Para usar cores adicionais, incluindo as cores de tema,
cores da guia Padrão ou cores personalizadas, clique em
Mais Variações e, em seguida, clique em Mais Cores. O efei-
to de Recoloração será aplicado usando a cor selecionada.

Aplicar um efeito artístico


Clique na imagem à qual deseja aplicar um efeito ar-
tístico.
Clique em Ferramentas de imagem > Formatar e clique
em Efeitos artísticos no grupo Ajustar.

Pode-se aplicar a compactação a imagem seleciona-


Grupo Ajustar na guia Formatar em Ferramentas de da, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a re-
Imagem solução da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a
Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alte-
de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez rações feitas.
seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná
-la e abrir a guia Formatar.

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No grupo Organizar é possível definir a posição da


imagem em relação ao texto.

O primeiro dos botões é a Posição, ela permite definir


em qual posição a imagem deverá ficar em relação ao texto.

O último grupo é referente às dimensões da imagem.

Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redi-


mensionar a imagem definindo Largura e Altura.

Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem

Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a


janela Layout Avançado que permite trabalhar a disposição
da imagem em relação ao bloco de texto no qual ela esta
inserida. Essas mesmas opções estão disponíveis na opção
Quebra Automática de Texto nesse mesmo grupo. Ao colo-
car a sua imagem em uma disposição com o texto, é habi-
litado alguns recursos da barra de imagens. Como bordas

Através deste grupo é possível acrescentar bordas a


sua imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções de
Trazer para Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no
botão Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer para
Frente e Avançar, são utilizadas quando houver duas ou
mais imagens e você precisa mudar o empilhamento delas.
A opção Trazer para Frente do Texto faz com que a ima-
gem flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma imagem e ao
selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT), você poderá
alinhar as suas imagens.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserindo Elementos Gráficos

O Word permite que se insira em seus documentos arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as opções
de inserção estão disponíveis na ABA Inserir, grupo ilustrações.

Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do texto

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir
as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter as propriedades para modificar a forma.

SmartArt
O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu documento. Basta selecionar o tipo de organograma a ser
trabalhado e clique em OK.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WordArt
Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office, ele
ainda mantém a mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt
Selecione um formato de WordArt e clique sobre ele.

Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt

Um dos grupos é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No
grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar
e Tamanho.

Controlar alterações no Word


Quando quiser verificar quem está fazendo alterações em seu documento, ative o recurso Controlar Alterações.
Clique em Revisar > Controlar Alterações.

Agora, o Word está no modo de exibição Marcação Simples. Ele marca todas as alterações feitas por qualquer pessoa
no documento e mostra para você onde elas estão, exibindo uma linha ao lado da margem.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word mostra um pequeno balão no local em que Desativar o controle de alterações


alguém fez um comentário. Para ver o comentário, clique Para desativar esse recurso, clique no botão Controlar
no respectivo balão. Alterações. O Word deixará de marcar novas alterações,
mas todas as alterações já realizadas continuarão marcadas
no documento até que você as remova.
Remover alterações controladas

IMPORTANTE:  A única maneira de remover alterações


controladas de um documento é aceitá-las ou rejeitá-las.
Ao escolherSem Marcação na caixa Exibir para Revisão aju-
da a ver qual será a aparência do documento final, mas isso
Para ver as alterações, clique na linha próxima à mar- apenas oculta temporariamente as alterações controladas.
gem. Isso alterna para o modo de exibição Toda a Marca- As alterações não são excluídas e aparecerão novamente
ção do Word. da próxima vez em que o documento for aberto. Para ex-
cluir permanentemente as alterações controladas, aceite
-as ou rejeite-as.
Clique em Revisar > Próxima > Aceitar ou Rejeitar.

Manter o recurso Controlar Alterações ativado


É possível bloquear o recurso Controlar Alterações com
uma senha para impedir que outra pessoa o desative. (Lem- O Word aceita a alteração ou a remove e depois passa
bre-se da senha para poder desativar esse recurso quando para a próxima alteração.
estiver pronto para aceitar ou rejeitar as alterações.) Para excluir um comentário, selecione-o e clique em Re-
visão  >  Excluir. Para excluir todos os comentários, clique
Clique em Revisar. em Excluir >Excluir Todos os Comentários do Documento.
Clique na seta ao lado de Controlar Alterações e clique DICA:  Antes de compartilhar a versão final do seu do-
em Bloqueio de Controle. cumento, é uma boa ideia executar o Inspetor de Docu-
mento. Essa ferramenta verifica comentários e alterações
controladas, além de texto oculto, nomes pessoais em pro-
priedades e outras informações que talvez você não que-
ria compartilhar amplamente. Para executar o Inspetor de
Documento,

Imprimir um documento no Word


Antes de imprimir, você pode visualizar o documento e
especificar as páginas que você deseja imprimir.
Visualizar o documento
No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para visualizar cada página, clique nas setas para frente
e para trás, na parte inferior da página.
Digite uma senha e depois digite-a mais uma vez na
caixa Redigite para confirmar.
Clique em OK.

Enquanto as alterações controladas estiverem blo-


queadas, você não poderá desativar o controle de altera-
ções, nem poderá aceitar ou rejeitar essas alterações.
Para liberar o bloqueio, clique na seta ao lado de Con- Quando o texto é pequeno demais e difícil de ler, use
trolar Alterações e clique novamente em Bloqueio de Con- o controle deslizante de zoom na parte inferior da página
trole. O Word solicitará que você digite sua senha. Depois para ampliá-lo.
que você digitá-la e clicar em OK, o recurso Controlar Alte-
rações continuará ativado, mas agora você poderá aceitar
e rejeitar alterações.

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Escolha o número de cópias e qualquer outra opção Imprimir páginas específicas


desejada e clique no botão Imprimir. No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para imprimir apenas determinadas páginas, algumas
das propriedades do documento ou alterações controladas
e comentários, clique na seta em  Configurações, ao lado
de Imprimir Todas as Páginas (o padrão), para ver todas as
opções.

Para imprimir somente determinadas páginas, siga um


destes procedimentos:
Para imprimir a página mostrada na visualização, sele-
cione a opção Imprimir Página Atual.
Para imprimir páginas consecutivas, como 1 a 3, esco-
lha Impressão Personalizada e insira o primeiro e o último
número das páginas na caixa Páginas.
Para imprimir páginas individuais e intervalo de pági-
nas (como a página 3 e páginas 4 a 6) ao mesmo tempo,
escolhaImpressão Personalizada e digite os números das
páginas e intervalos separados por vírgulas (por exemplo,
3, 4-6).

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Estilos Podemos também se necessário criarmos nossos pró-


Os estilos podem ser considerados formatações pron- prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.
tas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word dis-
ponibiliza uma grande quantidade de estilos através do
grupo estilos.

Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você


clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti-
lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém
se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado
somente ao que foi selecionado.

Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí- Será mostrado todos os estilos presentes no documento
tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela existem três
somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na botões, o primeiro deles chama-se Novo Estilo, clique sobre ele.
linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo, defini


que ele será aplicado a parágrafos, que a base de criação dele
foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar um novo pará-
grafo o próximo será também corpo. Abaixo definir a forma-
tação a ser aplicada no mesmo. Na parte de baixo mantive a
opção dele aparecer nos estilos rápidos e que o mesmo está
disponível somente a este documento. Ao finalizar clique em
OK. Veja um exemplo do estilo aplicado:

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserir uma tabela


Para inserir rapidamente uma tabela, clique em Inserir > Tabela e mova o cursor sobre a grade até realçar o número
correto de colunas e linhas desejado.

Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas em
uma tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.

Use as Ferramentas de Tabela para escolher diferentes cores, estilos de tabela, adicionar uma borda a uma página ou
remover bordas de uma tabela. Você pode até mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma coluna ou linha
de números em uma tabela.
Se você tem um texto que ficará melhor em uma tabela, o Word pode convertê-lo em uma tabela.
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comportamentos de largura personalizada
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as colunas, use o comando Inserir Tabela.

Assim, você pode criar uma tabela com mais de dez colunas e oito linhas, além de definir o comportamento de largura
das colunas.
Clique em Inserir > Tabela > Inserir Tabela.
Defina o número de colunas e linhas.

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na seção Comportamento de Ajuste Automático, há três opções para configurar a largura das colunas:
Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word definir automaticamente a largura das colunas com Automático ou
pode definir uma largura específica para todas as colunas.
Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria colunas muito estreitas que são expandidas conforme você adiciona conteúdo.
Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará automaticamente a largura de toda a tabela para ajustar-se ao ta-
manho de seu documento. Se quiser que as tabelas criadas tenham uma aparência semelhante à da tabela que você está
criando, marque a caixa Lembrar dimensões para novas tabelas.

Projetar sua própria tabela


Se quiser ter mais controle sobre a forma das colunas e linhas de sua tabela ou algo diferente de uma grade básica, a
ferramenta Desenhar Tabela ajuda a desenhar exatamente a tabela que você deseja.

Você mesmo pode desenhar linhas diagonais e células dentro das células.
Clique em Inserir > Tabela > Desenhar Tabela. O ponteiro é alterado para um lápis.
Desenhe um retângulo para fazer as bordas da tabela. Depois, desenhe linhas para as colunas e linhas dentro do re-
tângulo.

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Ferramentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha que você
quer apagar.

ABA Revisão

A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.

O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.

O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu documento em busca de erros. Os de ortografia ele marca em ver-
melho e os de gramática em verde. É importante lembrar que o fato dele marcar com cores para verificação na impressão
sairá com as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada pelo Word como errada você pode:
Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa parte do texto.
Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer em qualquer parte do texto.
Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro texto ela
não será grafada como errada. Esta opção deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que ainda não façam parte
do Word.
Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se você a
corrigiu no quadro superior.
Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras que estejam da mesma forma no texto.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Índices

Sumário
O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele normalmente aparece no início de documentos. A principal regra
é que todo parágrafo que faça parte de seu índice precisa estar atrelado a um estilo. Clique no local onde você precisa que
fique seu índice e clique no botão Sumário, localizado na guia referência. Serão mostrados alguns modelos de sumário,
clique em Inserir Sumário.

Será mostrada uma janela de configuração de seu índice. Clique no botão Opções.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos os estilos presentes no documento, então é nela que você define
quais estilos farão parte de seu índice. No exemplo apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título 1, o nível 2 ao Título 2 e o nível
3 ao Título 3. Após definir quais serão suas entradas de índice clique em OK. Retorna-se a janela anterior, onde você pode
definir qual será o preenchimento entre as chamadas de índice e seu respectivo número de página e na parte mais abaixo,
você pode definir o Formato de seu índice e quantos níveis farão parte do índice. Ao clicar em Ok, seu índice será criado.

Quando houver necessidade de atualizar o índice, basta clicar com o botão direito do mouse em qualquer parte do
índice e escolher Atualizar Campo.

Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro.

Verificar Ortografia e gramatica

Na guia Revisão, no grupo Revisão de Texto, clique em Ortografia e Gramática.

Você pode acessar esse comando rapidamente, adicionando-o à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Para isso,
clique com o botão direito do mouse em Ortografia e Gramática e, em seguida, clique em Adicionar à Barra de Ferramentas
de Acesso Rápido, no menu de atalho.
Quando o programa encontra erros de ortografia, uma caixa de diálogo ou painel de tarefas é exibido mostrando a
primeira palavra incorreta encontrada pelo verificador ortográfico.
Depois que solucionar cada palavra incorreta, o programa sinalizará a próxima palavra incorreta para que você possa
decidir o que fazer.
Apenas no Outlook ou no Word, quando o programa conclui a sinalização de erros ortográficos, ele mostra os erros
gramaticais. Para cada erro, clique em uma opção na caixa de diálogo Ortografia e Gramática.

Como funciona a verificação ortográfica automática


Quando você verifica a ortografia automaticamente enquanto digita, por certo não vai precisar corrigir muitos erros or-
tográficos. O programa do Microsoft Office pode sinalizar as palavras com ortografia incorreta à medida que você trabalha,
para que você possa localizá-las facilmente, como no exemplo a seguir.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique com o botão direito do mouse em uma palavra Proteger um documento com senha
escrita incorretamente para ver as sugestões de correção. Ajude a proteger um documento confidencial contra
edições indesejadas atribuindo uma senha. Também é pos-
sível evitar que um documento seja aberto.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Docu-
mento > Criptografar com Senha.

Dependendo do programa do Microsoft Office que


você está usando, clique com o botão direito do mouse em
uma palavra para obter outras opções, como adicionar a
palavra ao dicionário personalizado.
Como funciona a verificação gramatical automática
(aplica-se somente ao Outlook e ao Word)
Após ativar a verificação gramatical automática, o
Word e o Outlook sinalizam os possíveis erros gramaticais Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e
e estilísticos à medida que você trabalha nos documentos clique em OK.
do Word e em itens abertos do Outlook (exceto Anota- Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e
ções), conforme mostrado no exemplo a seguir. clique em OK.
Observações : 
Você sempre pode alterar ou remover sua senha.
As senhas diferenciam maiúsculas de minúsculas. Veri-
fique se a tecla CAPS LOCK está desativada quando digitar
Clique com botão direito do mouse no erro para ver uma senha pela primeira vez.
mais opções. Se você perder ou esquecer uma senha, o Word não
conseguirá recuperar suas informações. Portanto, guarde
uma cópia da senha em um local seguro ou crie uma senha
forte da qual se lembrará.

Uma sugestão de correção pode ser exibida no menu


de atalho. Você pode também optar por ignorar o erro ou
clicar em Sobre esta sentença para ver por que o programa
considera o texto um erro.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MS EXCEL1 Criar uma fórmula simples


Somar números é uma das coisas que você poderá fa-
O Excel é uma ferramenta incrivelmente poderosa para zer, mas o Excel também pode executar outras operações
tornar significativa uma vasta quantidade de dados. Mas matemáticas. Experimente algumas fórmulas simples para
ele também funciona muito bem para cálculos simples e adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir seus valores.
para rastrear de quase todos os tipos de informações. A Escolha uma célula e digite um sinal de igual (=).
chave para desbloquear todo esse potencial é a grade de Isso informa ao Excel que essa célula conterá uma fórmula.
células. As células podem conter números, texto ou fórmu- Digite uma combinação de números e operadores de
las. Você insere dados nas células e as agrupa em linhas e cálculos, como o sinal de mais (+) para adição, o sinal de
colunas. Isso permite que você adicione seus dados, classi- menos (-) para subtração, o asterisco (*) para multiplicação
fique-os e filtre-os, insira-os em tabelas e crie gráficos in- ou a barra (/) para divisão.
críveis. Vejamos as etapas básicas para você começar. Por exemplo, insira =2+4, =4-2, =2*4 ou =4/2.
Pressione Enter.
Criar uma nova pasta de trabalho Isso executa o cálculo.
Os documentos do Excel são chamados de pastas de tra- Você também pode pressionar Ctrl+Enter (se você de-
balho. Cada pasta de trabalho contém folhas que, normalmen- seja que o cursor permaneça na célula ativa).
te, são chamadas de planilhas. Você pode adicionar quantas
planilhas desejar a uma pasta de trabalho ou pode criar novas Aplicar um formato de número
pastas de trabalho para guardar seus dados separadamente. Para distinguir entre os diferentes tipos de números,
Clique em Arquivo e em Novo. adicione um formato, como moeda, porcentagens ou datas.
Em Novo, que em Pasta de trabalho em branco Selecione as células que contêm números que você de-
seja formatar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique na
seta na caixa Geral.

Selecione um formato de número


Insira os dados
Clique em uma célula vazia.
Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As células
são referenciadas por sua localização na linha e na coluna da
planilha, portanto, a célula A1 fica na primeira linha da coluna A.
Inserir texto ou números na célula.
Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula seguinte.

Usar a AutoSoma para adicionar seus dados


Ao inserir números em sua planilha, talvez deseje so-
má-los. Um modo rápido de fazer isso é usar o AutoSoma.
Selecione a célula à direita ou abaixo dos números que
você deseja adicionar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique
em AutoSoma no grupo Edição.

A AutoSoma soma os números e mostra o resultado na


célula selecionada. Caso você não veja o formato de número que está pro-
1 Fonte: https://support.office.com/pt-br/excel curando, clique em Mais Formatos de Número.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserir dados em uma tabela

Um modo simples de acessar grande parte dos recur-


sos do Excel é colocar os dados em uma tabela. Isso per-
mite que você filtre ou classifique rapidamente os dados.

Selecione os dados clicando na primeira célula e arras-


tar a última célula em seus dados.

Para usar o teclado, mantenha a tecla Shift pressionada


ao mesmo tempo em que pressiona as teclas de direção
para selecionar os dados.

Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior


direito da seleção.

Para classificar os dados, clique em  Classificar de A a


Z ou Classificar de Z a A.

Clique em Tabelas, mova o cursor para o botão Tabe-


la para visualizar seus dados e, em seguida, clique no bo-
tão Tabela.

Clique na seta   no cabeçalho da tabela de uma co-


luna.

Para filtrar os dados, desmarque a caixa de seleção Se-


lecionar tudo e, em seguida, selecione os dados que você
deseja mostrar na tabela.

Clique em OK.

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mostrar totais para os números Mostrar os dados em um gráfico


As ferramentas de Análise Rápida permitem que você A ferramenta Análise Rápida recomenda o gráfico cor-
totalize os números rapidamente. Se for uma soma, média reto para seus dados e fornece uma apresentação visual
ou contagem que você deseja, o Excel mostra os resultados com apenas alguns cliques.
do cálculo logo abaixo ou ao lado dos números. Selecione as células contendo os dados que você quer
Selecione as células que contêm os números que você mostrar em um gráfico.
somar ou contar. Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior direito da seleção.
direito da seleção. Clique na guia Gráficos, mova entre os gráficos reco-
Clique em Totais, mova o cursos entre os botões para mendados para ver qual tem a melhor aparência para seus
ver os resultados dos cálculos dos dados e clique no botão dados e clique no que desejar.
para aplicar os totais.

OBSERVAÇÃO:  O Excel mostra diferentes gráficos


Adicionar significado aos seus dados nesta galeria, dependendo do que for recomendado para
A formatação condicional ou minigráficos podem des-
seus dados.
tacar os dados mais importantes ou mostrar tendências de
dados. Use a ferramenta Análise Rápida para um Visualiza-
Salvar seu trabalho
ção Dinâmica para experimentar.
Clique no botão Salvar na Barra de Ferramentas de
Selecione os dados que você deseja examinar mais de-
Acesso Rápido ou pressione Ctrl+S.
talhadamente.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.
Explore as opções nas guias  Formatação  e  Minigráfi-
cos para ver como elas afetam os dados.
Se você salvou seu trabalho antes, está pronto.
Se esta for a primeira vez que você salva este arquivo:
Em Salvar Como, escolha onde salvar sua pasta de tra-
balho e navegue até uma pasta.
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a pas-
ta de trabalho.
Clique em Salvar.

Imprimir o seu trabalho


Clique em Arquivo e, em seguida, clique em Impri-
mir ou pressione Ctrl+P.
Por exemplo, selecione uma escala de cores na gale- Visualize as páginas clicando nas setas Próxima Pági-
ria Formatação para diferenciar as temperaturas alta, média na e Página Anterior.
e baixa.

A janela de visualização exibe as páginas em preto e


branco ou colorida, dependendo das configurações de sua
impressora.
Se você não gostar de como suas páginas serão im-
pressas, você poderá mudar as margens da página ou adi-
cionar quebras de página.
Quando gostar da opção, clique nela. Clique em Imprimir.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Localizar ou substituir texto e números em uma DICA: Se você deseja localizar células que correspon-
planilha do Excel para Windows dam a uma formato específico, exclua qualquer critério
Localize e substitua textos e números usando curin- da caixa Localizar e selecione a célula que contenha a
gas ou outros caracteres. Você pode pesquisar planilhas, formatação que você deseja localizar. Clique na seta ao
linhas, colunas ou pastas de trabalho. lado de Formato, clique em Escolher formato da célula e,
Em uma planilha, clique em qualquer célula. em seguida, clique na célula que possui a formatação a
Na guia Página Inicial, no grupo Edição, clique em Lo- ser pesquisada.
calizar e Selecionar. Siga um destes procedimentos:
Para localizar texto ou números, clique em Localizar
Tudo ou Localizar Próxima.
DICA: Quando você clicar em Localizar Tudo, todas as
ocorrências do critério que você estiver pesquisando serão
listadas, e você poderá ir para uma célula clicando nela na
lista. Você pode classificar os resultados de uma pesqui-
sa Localizar Tudo clicando em um título de coluna.
Para substituir texto ou números, digite os caracteres
Siga um destes procedimentos: de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa caixa
Para localizar texto ou números, clique em Localizar. em branco para substituir os caracteres por nada) e clique
Para localizar e substituir texto ou números, clique em Localizar ou Localizar Tudo.
em Substituir. OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver dis-
Na caixa Localizar, digite o texto ou os números que ponível, clique na guia Substituir.
você deseja procurar ou clique na seta da caixa Locali- Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em
zar e, em seguida, clique em uma pesquisa recente na andamento pressionando ESC.
lista. Para substituir a ocorrência realçada ou todas as ocor-
Você pode usar caracteres curinga, como um asterisco rências dos caracteres encontrados, clique em Substi-
(*) ou ponto de interrogação (?), nos critérios da pesquisa: tuir ou Substituir tudo.
Use o asterisco para localizar qualquer cadeia de ca- DICA: O Microsoft Excel salva as opções de formata-
racteres. Por exemplo, s*r localizará “ser” e “senhor”. ção que você define. Se você pesquisar dados na planilha
Use o ponto de interrogação para localizar um único novamente e não conseguir encontrar caracteres que você
caractere. Por exemplo, s?m localizará “sim” e “som”. sabe que estão lá, poderá ser necessário limpar as opções
DICA: Você pode localizar asteriscos, pontos de in- de formatação da pesquisa anterior. Na caixa de diálo-
terrogação e caracteres de til (~) nos dados da planilha go Localizar e Substituir, clique na guia Localizar e depois
precedendo-os com um til na caixa  Localizar. Por exem- em Opções para exibir as opções de formatação. Clique
plo, para localizar dados que contenham “?”, use ~? como na seta ao lado de Formato e clique em Limpar ‘Localizar
critério de pesquisa. formato’.
Clique em Opções para definir ainda mais a pesquisa
e siga um destes procedimentos: Alterar a largura da coluna e a altura da linha
Para procurar dados em uma planilha ou em uma Em uma planilha, você pode especificar uma largura
pasta de trabalho inteira, na caixa Em, clique em Plani- de coluna de 0 (zero) a 255. Esse valor representa o núme-
lha ou Pasta de Trabalho. ro de caracteres que podem ser exibidos em uma célula
Para pesquisar dados em linhas ou colunas, na cai- formatada com a fonte padrãoTE000127106. A largura de
xa Pesquisar, clique em Por Linhas ou Por Colunas. coluna padrão é 8,43 caracteres. Se a largura da coluna for
Para procurar dados com detalhes específicos, na cai- definida como 0 (zero), a coluna ficará oculta.
xa Examinar, clique em Fórmulas, Valores ou Comentá- Você pode especificar uma altura de linha de 0 (zero)
rios. a 409. Esse valor representa a medida da altura em pontos
OBSERVAÇÃO:  As opções  Fórmulas,  Valores  e  Co- (1 ponto é igual a aproximadamente 1/72 pol. ou 0,035
mentários só estão disponíveis na guia Localizar, e so- cm). A altura de linha padrão é 12,75 pontos (aproximada-
mente Fórmulas está disponível na guia Substituir. mente 1/6 pol. ou 0,4 cm). Se a altura da linha for definida
Para procurar dados que diferenciam maiúsculas de como 0 (zero), a linha ficará oculta.
minúsculas, marque a caixa de seleção Diferenciar maiús- Se estiver trabalhando no modo de exibição de La-
culas de minúsculas. yout da Página (guia Exibir, grupo Modos de Exibição da
Para procurar células que contenham apenas os ca- Pasta de Trabalho, botão Layout da Página), você poderá
racteres que você digitou na caixa Localizar, marque a cai- especificar uma largura de coluna ou altura de linha em
xa de seleção Coincidir conteúdo da célula inteira. polegadas. Nesse modo de exibição, a unidade de medida
Se você deseja procurar texto ou números que tam- padrão é polegada, mas você poderá alterá-la para centí-
bém tenham uma formatação específica, clique em  For- metros ou milímetros (Na guia Arquivo, clique em Opções,
mato e faça as suas seleções na caixa de diálogo Localizar clique na categoria Avançado e, em Exibir, selecione uma
Formato. opção na lista Unidades da Régua).

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Definir uma coluna com uma largura específica

Selecione as colunas a serem alteradas.

Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-


matar.

Clique com o botão direito do mouse na coluna de


Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna. destino, aponte paraColar Especial e clique no botão Man-
Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado. ter Largura da Coluna Original 
Clique em OK.
DICA: Para definir rapidamente a largura de uma única Alterar a largura padrão de todas as colunas em uma
coluna, clique com o botão direito do mouse na coluna planilha ou pasta de trabalho
selecionada, clique em Largura da Coluna, digite o valor O valor da largura de coluna padrão indica o número
desejado e clique em OK. médio de caracteres da fonte padrão que cabe em uma
Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica- célula. É possível especificar outro valor de largura de co-
mente ao conteúdo (AutoAjuste) luna padrão para uma planilha ou pasta de trabalho.
Selecione as colunas a serem alteradas. Siga um destes procedimentos:
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For- Para alterar a largura de coluna padrão de uma plani-
matar. lha, clique na guia da planilha.
Para alterar a largura de coluna padrão da pasta de
trabalho inteira, clique com o botão direito do mouse em
uma guia de planilha e, em seguida, clique em Selecionar
Todas as Planilhas no menu de atalhoTE000127572.

Em Tamanho da Célula, clique em Ajustar Largura da


Coluna Automaticamente.
OBSERVAÇÃO: Para ajustar automaticamente de forma
rápida todas as colunas da planilha, clique no botão Sele- Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
cionar Tudo e, em seguida, clique duas vezes em qualquer matar.
limite entre dois títulos de coluna.

Em Tamanho da Célula, clique em Largura Padrão.


Na caixa Largura padrão da coluna, digite uma nova
medida e clique em OK.
DICA: Para definir a largura de coluna padrão de todas
as novas pastas de trabalho ou planilhas, você poderá criar
um modelo de pasta de trabalho ou de planilha e utilizá-lo
Fazer com que a largura da coluna corresponda à de como base para as novas pastas de trabalho ou planilhas.
outra coluna
Selecione uma célula da coluna com a largura dese- Alterar a largura das colunas com o mouse
jada. Siga um destes procedimentos:
Pressione Ctrl+C ou, na guia  Página Inicial, no gru- Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite
po Área de Transferência, clique em Copiar. do lado direito do título da coluna até que ela fique do
tamanho desejado.

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para alterar a largura de várias colunas, selecione as


colunas desejadas e arraste um limite à direita do título de
coluna selecionado.
Para alterar a largura das colunas a fim de ajustá-la ao
conteúdo, selecione as colunas desejadas e clique duas ve-
zes no limite à direita do título de coluna selecionado. Alterar a altura das linhas com o mouse
Para alterar a largura de todas as colunas da planilha, Siga um destes procedimentos:
clique no botãoSelecionar Tudo e arraste o limite de qual- Para alterar a altura de uma linha, arraste o limite abaixo
quer título de coluna. do título da linha até que ela fique com a altura desejada.

Para alterar a altura de várias linhas, selecione as linhas


desejadas e arraste o limite abaixo de um dos títulos de
linha selecionados.
Para alterar a altura de todas as linhas da planilha, cli-
Definir uma linha com uma altura específica
que no botão Selecionar Tudo e arraste o limite abaixo de
Selecione as linhas a serem alteradas.
qualquer título de linha.

Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-


matar.

Em Tamanho da Célula, clique em Altura da Linha.


Na caixa Altura da linha, digite o valor que você deseja
e, em seguida, clique em OK.
Alterar a altura da linha para ajustá-la ao conteúdo
Selecione as linhas a serem alteradas.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
matar. Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao con-
teúdo, clique duas vezes no limite abaixo do título da linha.

Formatar números como moeda no Excel


Para exibir números como valores monetários, forma-
te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de
número Moeda ou Contábil às células que deseja formatar.
As opções de formatação de número estão disponíveis na
guia Página Inicial, no grupo Número.

Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Altura


da Linha.
DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápi-
da todas as linhas da planilha, clique no botão Selecionar
Tudo e, em seguida, clique duas vezes no limite abaixo de
um dos títulos de linha.

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatar números como moeda OBSERVAÇÃO:  A caixa  Números negativos  não está
Você pode exibir um número com o símbolo de moeda disponível para o formato de número Contábil. O motivo
padrão selecionando a célula ou o intervalo de células e disso é que constitui prática contábil padrão mostrar nú-
clicando em Formato de Número de Contabilização   no meros negativos entre parênteses.
grupo Número da guia Página Inicial. (Se desejar aplicar Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, clique
o formato Moeda, selecione as células e pressione Ctr- em OK.
l+Shift+$.) Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que você
Alterar outros aspectos de formatação aplicar formatação de moeda em seus dados, isso signifi-
Selecione as células que você deseja formatar. cará que talvez a célula não seja suficientemente larga para
Na guia Página Inicial, clique no Iniciador de Caixa de exibir os dados. Para expandir a largura da coluna, clique
Diálogo ao lado deNúmero. duas vezes no limite direito da coluna que contém as cé-
lulas com o erro #####. Esse procedimento redimensiona
automaticamente a coluna para se ajustar ao número. Você
também pode arrastar o limite direito até que as colunas
fiquem com o tamanho desejado.

DICA: Você também pode pressionar Ctrl+1 para abrir


a caixa de diálogoFormatar Células.
Na caixa de diálogo Formatar Células, na lista Catego-
ria, clique em Moedaou Contábil.
Remover formatação de moeda
Selecione as células que têm formatação de moeda.
Na guia Página Inicial, no grupo Número, clique na cai-
xa de listagem Geral.
As células formatadas com o formato Geral não têm
um formato de número específico.

Operadores e Funções
A função é um método utilizado para tornar mais fácil
e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos
mais complexos e vários valores. Existem funções para os
cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos. Por exem-
plo, na função: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo que (A1+
A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que com a fun-
ção o processo passa a ser mais fácil. Ainda conforme o
exemplo pode-se observar que é necessário sempre iniciar
um cálculo com sinal de igual (=) e usa-se nos cálculos a
referência de células (A1) e não somente valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma
função depende do tipo de função a ser utilizada. Os ar-
Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda dese- gumentos podem ser números, textos, valores lógicos, re-
jado. ferências, etc...
OBSERVAÇÃO:  Se desejar exibir um valor monetário
sem um símbolo de moeda, clique em Nenhum.
Na caixa Casas decimais, insira o número de casas de-
cimais desejadas para o número.
Por exemplo, para exibir  R$138.691  em vez de colo-
car  R$ 138.690,63  na célula, insira  0  na caixa  Casas deci-
mais. Conforme você faz alterações, preste atenção ao nú-
mero na caixa Amostra. Ela mostra como a alteração das
casas decimais afetará a exibição de um número.
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exi-
bição que você deseja usar para números negativos.
Se não quiser usar as opções existentes para exibir nú-
meros negativos, você pode criar seu próprio formato de
número.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem fazer cálculos e comparações entre as células. Os operadores são:

Criar uma fórmula simples


Você pode criar uma fórmula simples para adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir valores na planilha. As fórmulas
simples sempre começam com um sinal de igual (=), seguido de constantes que são valores numéricos e operadores de
cálculo como os sinais de mais (+), menos (-), asterisco (*) ou barra (/).
Por exemplo, quando você inserir a fórmula =5+2*3, o Excel multiplicará os últimos dois números e adicionará o pri-
meiro número ao resultado. Seguindo a ordem padrão das operações matemáticas, a multiplicação e executada antes da
adição.
Na planilha, clique na célula em que você deseja inserir a fórmula.
Digite o = (sinal de igual) seguido das constantes e dos operadores que você deseja usar no cálculo.
Você pode inserir quantas constantes e operadores forem necessários em uma fórmula, até 8.192 caracteres.
DICA : Em vez de digitar as constantes em sua fórmula, você pode selecionar as células que contêm os valores que
deseja usar e inserir os operadores entre as células da seleção.
Pressione Enter.
Para adicionar valores rapidamente, você pode usar a AutoSoma em vez de inserir a fórmula manualmente (guia Página
Inicial, grupo Edição ).
Você também pode usar funções (como a função SOMA) para calcular os valores em sua planilha.
Para avançar mais uma etapa, você pode usar as referências de célula e nomes em vez dos valores reais em uma fórmula
simples.
Exemplos
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.

Dados
2
5
Fórmula Descrição Resultado
‘=A2+A3 Adiciona os valores nas células A1 e A2 =A2+A3
‘=A2-A3 Subtrai o valor na célula A2 do valor em A1 =A2-A3
‘=A2/A3 Divide o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2/A3
‘=A2*A3 Multiplica o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2*A3
Eleva o valor na célula A1 ao valor exponencial especificado em
‘=A2^A3 =A2^A3
A2
Fórmula Descrição Resultado
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2
‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
‘=5^2 Eleva 5 à segunda potência =5^2

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usar referências de célula em uma fórmula


Ao criar uma fórmula simples ou uma fórmula que usa uma função, você pode fazer referência aos dados das células
de uma planilha incluindo referências de célula nos argumentos da fórmula. Por exemplo, quando você insere ou seleciona
a referência de célula A2, a fórmula usa o valor dessa célula para calcular o resultado. Você também pode fazer referência
a um intervalo de células.
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.

Na barra de fórmulas  , digite = (sinal de igual).

Faça o seguinte: selecione a célula que contém o valor desejado ou digite sua referência de célula.
Você pode fazer referência a uma única célula, a um intervalo de células, a um local em outra planilha ou a um local em
outra pasta de trabalho.
Ao selecionar um intervalo de células, você pode arrastar a borda da seleção da célula para mover a seleção ou arrastar
o canto da borda para expandir a seleção.

1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul e o intervalo de células tem uma borda azul com cantos quadrados.
2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde e o intervalo de célula tem uma borda verde com cantos quadra-
dos.
OBSERVAÇÃO : Se não houver um canto quadrado em uma borda codificada por cor, significa que a referência está
relacionada a um intervalo nomeado.
Pressione Enter.
DICA :  Você também pode inserir uma referência a um intervalo ou célula nomeada.
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colu-
nas para ver todos os dados. Use o comando Definir Nome (guia Formulas, grupo Nomes Definidos) para definir “Ativos”
(B2:B4) e “Passivos” (C2:C4).

Departamento Ativos Passivos


TI 274000 71000
Administrador 67000 18000
RH 44000 3000
Fórmula Descrição Resultado
Retorna o total de ativos dos três departamentos
‘=SOMA(Ativos) no nome definido “Ativos”, que é definido como =SOMA(Ativos)
o intervalo de células B2:B4. (385000)
‘=SOMA(Ativos)- Subtrai a soma do nome definido “Passivos” da =SOMA(Ativos)-
SOMA(Passivos) soma do nome definido “Ativos”. (293000) SOMA(Passivos)

Criar uma fórmula usando uma função


Você pode criar uma fórmula para calcular valores na planilha usando uma função. Por exemplo, as fórmulas  =SO-
MA(A1:A2) e SOMA(A1,A2) usam ambas a função SOMA para adicionar os valores nas células A1 e A2. As fórmulas sempre
começam com um sinal de igual (=)
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Para iniciar a fórmula com a função, clique em Inserir Função  .
O Excel insere o sinal de igual (=) para você.
Na caixa Ou selecione uma categoria, selecione Tudo.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se você estiver familiarizado com as categorias de função, também poderá selecionar uma categoria.
Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na cai-
xa Procure por uma função (por exemplo, “adicionar números” retorna a função SOMA).
Na caixa Selecione uma função, selecione a função que deseja utilizar e clique em OK.
Nas caixas de argumento que forem exibidas para a função selecionada, insira os valores, as cadeias de caracteres de
texto ou referências de célula desejadas.
Em vez de digitar as referências de célula, você também pode selecionar as células que deseja referenciar. Clique em 
 para expandir novamente a caixa de diálogo.
Depois de concluir os argumentos para a fórmula, clique em OK.
DICA :  Se você usar funções frequentemente, poderá inserir suas fórmulas diretamente na planilha. Depois de digitar o sinal de
igual (=) e o nome da função, poderá obter informações sobre a sintaxe da fórmula e os argumentos da função pressionando F1.
Exemplos
Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de fórmulas
que usam funções.

Dados
5 4
2 6
3 8
7 1
Fórmula Descrição Resultado
‘=SOMA(A:A) Adiciona todos os números na coluna A =SOMA(A:A)
‘=MÉDIA(A1:B4) Calcula a média de todos os números no intervalo A1:B4 =MÉDIA(A1:B4)

Função Soma
A função soma , uma das funções matemáticas e trigonométricas, adiciona os valores. Você pode adicionar valores
individuais, referências de células ou intervalos ou uma mistura de todos os três.
Sintaxe: SOMA(número1,[número2],...)
Por exemplo:
=SOMA(A2:A10)
= SOMA(A2:A10, C2:C10)

Nome do argumento Descrição


número1    (Obrigatório) O primeiro número que você deseja somar. O número pode ser como “4”, uma referência de
célula, como B6, ou um intervalo de células, como B2:B8.
número2-255    (Opcional) Este é o segundo número que você deseja adicionar. Você pode especificar até 255 números
dessa forma.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Soma rápida com a barra de Status Use o Assistente de AutoSoma para rapidamente os
Se você quiser obter rapidamente a soma de um inter- intervalos contíguos de soma
valo de células, tudo o que você precisa fazer é selecionar o A caixa de diálogo de AutoSoma também permite que
intervalo e procure no lado inferior direito da janela do Excel. você selecione outras funções comuns, como:
Média
Contar números
Máx
Min
Mais funções
Exemplo 2 – AutoSoma verticalmente

Barra de Status
Esta é a barra de Status e exibe as informações sobre
tudo o que você selecionou, se você tiver uma única célula
ou várias células. Se você com o botão direito na barra de AutoSoma verticalmente
Status de uma caixa de diálogo do recurso será pop-out O Assistente de AutoSoma detectou automatica-
exibindo todas as opções que você pode selecionar. Obser- mente células B2: B5 como o intervalo a serem soma-
ve que ele também exibe valores para o intervalo selecio- dos. Tudo o que você precisa fazer é pressione Enter para
nado se você tiver esses atributos marcados.  confirmá-la. Se você precisar adicionar/excluir mais cé-
lulas, você pode manter a tecla Shift > tecla de direção
Usando o Assistente de AutoSoma da sua escolha até que corresponde à sua seleção dese-
A maneira mais fácil de adicionar uma fórmula de soma jado e pressione Enter quando terminar. Guia de função
à sua planilha é usar o Assistente de AutoSoma. Selecione Intellisense: a soma (Número1, [núm2]) flutuantes marca
uma célula vazia diretamente acima ou abaixo do intervalo abaixo a função é o guia de Intellisense. Se você clicar
que você quer somar e nas guias página inicial ou fórmula no nome de função ou soma, ele se transformará em um
na faixa de opções, pressione AutoSoma > soma. O Assis- hiperlink azul, que o levará para o tópico de ajuda para
tente de AutoSoma automaticamente detecta o intervalo essa função. Se você clicar nos elementos de função indi-
para ser somados e criar a fórmula para você. Ele também vidual, as peças representantes na fórmula serão realça-
pode trabalhar horizontalmente se você selecionar uma das. Nesse caso somente B2: B5 seria realçadas como há
célula para a esquerda ou à direita do intervalo a serem apenas uma referência numérica nesta fórmula. A marca
somados. de Intellisense será exibido para qualquer função.
Exemplo 3 – AutoSoma horizontalmente

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

AutoSoma horizontalmente Em seguida, tente validar se suas entradas estão cor-


Exemplo 4 – somar células não-contíguas retas. É muito mais fácil colocar esses valores em células
individuais e usar uma fórmula de soma. Além disso, você
pode formatar os valores quando eles estão nas células,
tornando-as muito mais legível e quando ela estiverem em
uma fórmula.

Somar células não-contíguas


O Assistente de AutoSoma geralmente só funcionará
para intervalos contíguos, portanto se você tiver linhas ou
colunas vazias no seu intervalo de soma, Excel vai parada o
primeiro espaço. Nesse caso você precisaria soma por sele- #VALUE! erros de referência de texto em vez de nú-
ção, onde você pode adicionar os intervalos individuais, um meros.
por vez. Neste exemplo se você tivesse dados na célula B4, Se você usar um fórmula como:
o Excel seria gerar =SOMA(C2:C6) desde que ele reconheça = A1 + B1 + C1 ou = A1 + A2 + A3
um intervalo contíguo.
Você pode selecionar rapidamente vários intervalos
não-contíguas com Ctrl + LeftClick. Primeiro, insira “= soma
(“, selecione seu diferentes intervalos e Excel adicionará au-
tomaticamente o separador de vírgula entre intervalos para
você. Pressione enter quando terminar.
Dica:  você pode usar ALT + = para adicionar rapida-
mente a função soma para uma célula. Tudo o que você
precisa fazer é selecionar o intervalo (s).
Observação: você pode perceber como o Excel tem
realçado os intervalos de função diferente por cor, e eles
correspondem dentro da própria fórmula, portanto C2: C3 Evite usar o = 1 + 2 ou = métodos A + B
é azul e C5: C6 é vermelho. Excel fará isso para todas as Sua fórmula pode quebrar se houver quaisquer valores
funções, a menos que o intervalo referenciado esteja em não numéricos (texto) nas células referenciadas, que retor-
uma planilha diferente ou em outra pasta de trabalho. Para narão um #VALUE! erro. SOMA ignorará valores de texto e
acessibilidade aprimorada com tecnologia assistencial, lhe dar a soma dos valores numéricos.
você pode usar intervalos nomeados, como “Semana1”,
“Semana2”, etc. e, em seguida, fazer referência a eles, sua
fórmula:
=SOMA(Week1,Week2)

Práticas Recomendadas
Esta seção aborda algumas práticas recomendadas
para trabalhar com as funções soma. Grande parte desse
pode ser aplicada a trabalhar com outras funções também.
♣ a = 1 + 2 ou = A + B Method – enquanto você pode
inserir = 1 + 2 + 3 ou = A1 + B1 + C2 e obter resultados
totalmente precisos, esses métodos estão sujeitos a erros
por vários motivos:
Erros de digitação – Imagine tentando inserir valores
mais e/ou muito maiores assim:
= 14598.93 + 65437.90 + 78496.23

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

SOMA ignora valores de texto É igualmente erro sujeitos ao inserir ou excluir linhas
#REF! Erro de excluir linhas ou colunas dentro do intervalo referenciada pelas mesmas razões. É
muito melhor usar intervalos individuais, como:
=SOMA(A1:A3,B1:B3)
Qual será atualizada ao adicionar ou excluir linhas.
Usando operadores matemáticos com soma
Digamos que você deseja aplicar uma porcentagem
de desconto para um intervalo de células que você já so-
mados.

Se você excluir uma linha ou coluna, a fórmula não se-


rão atualizados para excluir a linha excluída e retornará um
#REF! erro, onde uma função soma atualizará automatica-
mente.

Fórmulas não atualizar referências ao inserir linhas ou


colunas

= SOMA(A2:A14) *-25%
Resultará em 25% do intervalo somado, entretanto,
que rígido códigos a 25% da fórmula, e pode ser difícil
= Style A + B fórmulas não os atualizará ao adicionar encontrar mais tarde se precisar alterá-lo. É muito melhor
linhas ou colunas colocar os 25% em uma célula e referenciando que em vez
disso, onde ele está check-out em Abrir e facilmente alte-
Se você inserir uma linha ou coluna, a fórmula não será rados, assim:
atualizada para incluir a linha adicionada, onde uma função = SOMA(A2:A14) * E2
soma atualizará automaticamente (contanto que você não Dividir em vez de multiplicar você simplesmente subs-
estiver fora do intervalo referenciado na fórmula). Isso é es-
titua a “*” com “/”: = SOMA(A2:A14)/E2
pecialmente importante se você esperar sua fórmula para
Adicionando ou retirando de uma soma
atualizar e não, como ele deixará incompletos resultados
i. você pode facilmente adicionar ou subtrair de uma
que você não pode capturar.
soma usando + ou - assim:
= SOMA(A1:A10) + E2
= SOMA(A1:A10)-E2

SOMA 3D
Às vezes você precisa somar uma determinada célula
em várias planilhas. Pode ser tentador clique em cada pla-
nilha e a célula desejada e use apenas «+» para adicionar a
SOMA com referências de célula individuais versus in- célula valores, mas que é entediante e pode ser propensa,
tervalos muito mais assim que apenas tentando construir uma fór-
Usando uma fórmula como: mula que faz referência apenas uma única folha.
=SOMA(A1,A2,A3,B1,B2,B3) i = Planilha1! A1 + Plan2! A1 + Planilha3! A1

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode fazer isso muito mais fácil com um 3D ou Função SE


soma 3 dimensionais: A função SE é uma das funções mais populares do Ex-
cel e permite que você faça comparações lógicas entre um
valor e aquilo que você espera. Em sua forma mais simples,
a função SE diz:
SE(Algo for Verdadeiro, faça tal coisa, caso contrário,
faça outra coisa)
Portanto, uma instrução SE pode ter dois resultados.
O primeiro resultado é se a comparação for Verdadeira, o
segundo se a comparação for Falsa.
Exemplos de SE simples

= SOMA(Sheet1:Sheet3! A1)
Qual somará a célula A1 em todas as planilhas da pla-
nilha 1 para a planilha 3.
Isso é especialmente útil em situações em que você
tem uma única folha para cada mês ( janeiro a dezembro) e
você precisa total-las em uma planilha de reSOMAo.

=SE(C2=”Sim”;1,2)
No exemplo acima, a célula D2 diz: SE(C2 = Sim, a fór-
mula retorna um 1 ou um 2)

= SOMA(January:December! A2)
Qual somará célula A2 em cada planilha de janeiro a
dezembro.
Observação: se suas planilhas tem espaços em seus
nomes, como “Janeiro vendas”, então você precisa usar um
apóstrofo ao fazer referência os nomes de planilha em uma
fórmula:
= SOMA(‘January Sales:December Sales’! A2)
SOMA com outras funções
Absolutamente, você pode usar soma com outras fun-
ções. Aqui está um exemplo que cria um cálculo da média
mensal:
=SE(C2=1;”Sim”;”Não”)
Neste exemplo, a fórmula na célula D2 diz: SE(C2 = 1, a
fórmula retorna Sim e, caso contrário, retorna Não)
Como você pode ver, a função SE pode ser usada
para avaliar texto e valores. Ela também pode ser usada
para  avaliar erros. Você não está limitado a verificar ape-
nas se um valor é igual a outro e retornar um único resul-
tado; você também pode usar operadores matemáticos e
=SOMA(A2:L2)/COUNTA(A2:L2) executar cálculos adicionais dependendo de seus critérios.
Que usa a soma de A2:L2 dividido pela contagem de Também é possível aninhar várias funções SE juntas para
células não vazias em A2:L2 (maio a dezembro estão em realizar várias comparações.
branco).
OBSERVAÇÃO : Se você for usar texto em fórmulas, será
preciso quebrar o texto entre aspas (por exemplo, “Texto”).
A única exceção é usar VERDADEIRO ou FALSO que o Excel
reconhece automaticamente.

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Introdução

A melhor maneira de começar a escrever uma instru-


ção SE é pensar sobre o que você está tentando realizar.
Que comparação você está tentando fazer? Muitas vezes,
escrever uma instrução SE pode ser tão simples quanto
pensar na lógica em sua cabeça: “o que aconteceria se
essa condição fosse atendida vs. o que aconteceria se não
fosse?” Você sempre deve se certificar de que suas etapas
sigam uma progressão lógica; caso contrário, sua fórmula
não executará aquilo que você acha que ela deveria exe-
cutar. Isso é especialmente importante quando você cria
instruções SE complexas (aninhadas).

Mais exemplos de SE

=SE(E7=”Sim”;F5*0,0825;0)
Neste exemplo, a fórmula em F7 está dizendo SE(E7 =
“Sim”, calcule o Valor Total em F5 * 8,25%, caso contrário,
nenhum Imposto sobre Vendas é cobrado, retorne 0)

Práticas Recomendadas - Constantes


No último exemplo, você vê dois “Sim” e a Taxa de
=SE(C2>B2;”Acima do orçamento”;”Dentro do orça- Imposto sobre Vendas (0,0825) inseridos diretamente na
mento”) fórmula. Geralmente, não é recomendável colocar constan-
No exemplo acima, a função SE em D2 está dizen- tes literais (valores que talvez precisem ser alterados oca-
do  SE(C2 é maior que B2, retorne “Acima do orçamento”, sionalmente) diretamente nas fórmulas, pois elas podem
caso contrário, retorne “Dentro do orçamento”) ser difíceis de localizar e alterar no futuro. É muito melhor
colocar constantes em suas próprias células, onde elas fi-
cam fora das constantes abertas e podem ser facilmente
encontradas e alteradas. Nesse caso, tudo bem, pois há
apenas uma função SE e a Taxa de Imposto sobre Vendas
raramente será alterada. Mesmo se isso acontecer, será fá-
cil alterá-la na fórmula.
Usar SE para verificar se uma célula está em branco
Às vezes, é preciso verificar se uma célula está em bran-
co, geralmente porque você pode não querer uma fórmula
exiba um resultado sem entrada.

= SE(C2>B2,C2-B2,0)
Na ilustração acima, em vez de retornar um resultado
de texto, vamos retornar um cálculo matemático. A fórmula
em E2 está dizendo SE(Valor real for maior que o Valor or-
çado, subtraia o Valor orçado do Valor real, caso contrário,
não retorne nada).

Nesse caso, usamos SE com a função ÉCÉL.VAZIA:


=SE(ÉCÉL.VAZIA(D2),”Em branco”,”Não está em branco”)
Que diz  SE(D2 está em branco, retorne “Em branco”,
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Você também
poderia facilmente usar sua própria fórmula para a condição
“Não está em branco”. No próximo exemplo usamos “” em
vez de ÉCÉL.VAZIA. “” basicamente significa “nada”.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nome do argumento Descrição


O grupo de células que você
deseja contar. Intervalo pode
conter números, matrizes,
intervalo    (obrigatório) um intervalo nomeado ou
referências que contenham
números. Valores em branco e
texto são ignorados.
Um número, expressão,
referência de célula ou cadeia
de texto que determina quais
células serão contadas.
Por exemplo, você pode usar
=SE(D3=””,”Em branco”,”Não está em branco”) um número como 32, uma
Essa fórmula diz  SE(D3 é nada, retorne “Em branco”, critérios    (obrigatório) comparação, como “> 32”, uma
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Veja um célula como B4 ou uma palavra
exemplo de um método muito comum de usar “” para im- como “maçãs”.
pedir que uma fórmula calcule se uma célula dependente CONT.SE usa apenas um
está em branco: único critério. Use CONT.
=SE(D3=””;””;SuaFórmula()) SES se você quiser usar vários
SE(D3 é nada, retorne nada, caso contrário, calcule sua critérios.
fórmula).

Exemplo de SE aninhada Função SOMASE


Você pode usar a função SOMASE para somar os valo-
res em uma intervalo que atendem aos critérios que você
especificar. Por exemplo, suponha que, em uma coluna que
contém números, você quer somar apenas os valores que
são maiores do que 5. Você pode usar a seguinte fórmu-
la: = SOMASE (B2:B25,”> 5”).

Sintaxe
SOMASE(intervalo, critérios, [intervalo_soma])
A sintaxe da função SOMASE tem os seguintes argu-
mentos:
intervalo    Necessário. O intervalo de células a ser ava-
Em casos onde uma simples função SE tem apenas dois liada por critérios. Células em cada intervalo devem ser nú-
resultados (Verdadeiro ou Falso), as funções se aninhadas meros ou nomes, matrizes ou referências que contenham
SE podem ter de 3 a 64 resultados. números. Valores em branco e texto são ignorados. O inter-
=SE(D2=1;”SIM”;SE(D2=2;”Não”;”Talvez”)) valo selecionado pode conter datas no formato padrão do
Na ilustração acima, a fórmula em E2 diz: SE(D2 é igual Excel (exemplos abaixo).
a 1, retorne “Sim”, caso contrário, SE(D2 é igual a 2, retorne critérios   Obrigatório. Os critérios na forma de um
“Não”, caso contrário, retorne “Talvez”). número, expressão, referência de célula, texto ou função
que define quais células serão adicionadas. Por exemplo,
CONT.SE os critérios podem ser expressos como 32, “>32”, B5, “32”,
Use CONT.SE, uma das funções estatísticas, para con- “maçãs” ou HOJE().
tar o número de células que atendem a um critério; por IMPORTANTE : Qualquer critério de texto ou qualquer
exemplo, para contar o número de vezes que uma cidade critério que inclua símbolos lógicos ou matemáticos deve
específica aparece em uma lista de clientes. estar entre aspas duplas (“). Se os critérios forem numéri-
cos, as aspas duplas não serão necessárias.
Sintaxe intervalo_soma   Opcional. As células reais a serem adi-
CONT.SE(intervalo, critério) cionadas, se você quiser adicionar células diferentes das
Por exemplo: especificadas no argumento intervalo. Se o argumento in-
tervalo_soma for omitido, o Excel adicionará as células es-
=CONT.SE(A2:A5;”maçãs”)
pecificadas no argumento intervalo (as mesmas células às
=CONT.SE(A2:A5,A4)
quais os critérios são aplicados).

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode usar os caracteres curinga – o ponto de interrogação (?) e o asterisco (*) – como o argumento critérios. O
ponto de interrogação corresponde a qualquer caractere único; o asterisco corresponde a qualquer sequência de caracte-
res. Para localizar um ponto de interrogação ou asterisco real, digite um til (~) antes do caractere.

Comentários
A função SOMASE retorna valores incorretos quando você a utiliza para corresponder cadeias de caracteres com mais
de 255 caracteres ou para a cadeia de caracteres #VALOR!.
O argumento intervalo_soma não precisa ter o mesmo tamanho e forma que o argumento intervalo. As células reais
adicionadas são determinadas pelo uso da célula na extremidade superior esquerda do argumentointervalo_soma como a
célula inicial e, em seguida, pela inclusão das células correspondentes em termos de tamanho e forma no argumento in-
tervalo. Por exemplo:

Se o intervalo for e intervalo_soma for Então, as células reais serão


A1:A5 B1:B5 B1:B5
A1:A5 B1:B3 B1:B5
A1:B4 C1:D4 C1:D4
A1:B4 C1:C2 C1:D4

Porém, quando os argumentos intervalo e intervalo_soma na função SOMASE não contêm o mesmo número de células,
o recálculo da planilha pode levar mais tempo do que o esperado.

MÁXIMO (Função MÁXIMO)


Descrição
Retorna o valor máximo de um conjunto de valores.
Sintaxe
MÁXIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função MÁXIMO tem os seguintes argumentos:
Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números subsequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor máximo
você deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes ou referências que contenham números.
Os valores lógicos e representações em forma de texto de números digitados diretamente na lista de argumentos são
contados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, apenas os números nesta matriz ou referência serão usados. Células
vazias, valores lógicos ou texto na matriz ou referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÁXIMO retornará 0.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que não podem ser traduzidos em números causam erros.
Se você deseja incluir valores lógicos e representações de texto dos números em uma referência como parte do cálculo,
utilize a função MÁXIMOA.

Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.

Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado
=MÁXIMO(A2:A6) Maior valor no intervalo A2:A6. 27
=MÁXIMO(A2:A6; 30) Maior valor no intervalo A2:A6 e o valor 30. 30

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MÍNIMO (Função MÍNIMO)


Descrição
Retorna o menor número na lista de argumentos.
Sintaxe
MÍNIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função MÍNIMO tem os seguintes argumentos:
Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números subsequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor MÍNIMO
você deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes ou referências que contenham números.
Os valores lógicos e representações em forma de texto de números digitados diretamente na lista de argumentos são
contados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, apenas os números daquela matriz ou referência poderão ser usados.
Células vazias, valores lógicos ou valores de erro na matriz ou referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÍNIMO retornará 0.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que não podem ser traduzidos em números causam erros.
Se você deseja incluir valores lógicos e representações de texto dos números em uma referência como parte do cálculo,
utilize a função MÍNIMOA.
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.

Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado
=MÍNIMO(A2:A6) O menor dos números no intervalo A2:A6. 2
=MIN(A2:A6;0) O menor dos números no intervalo A2:A6 e 0. 0

Média
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte
função =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encon-
trado.

Mesclar células
A mesclagem combina duas ou mais células para criar uma nova célula maior. Essa é uma excelente maneira de criar
um rótulo que se estende por várias colunas. Por exemplo, aqui, as células A1, B1 e C1 foram mescladas para criar o rótulo
“Vendas Mensais” e descrever as informações nas linhas de 2 a 7.

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecione duas ou mais células adjacentes que você


deseja mesclar.
IMPORTANTE : Verifique se os dados que você deseja
agrupar na célula mesclada estão contidos na célula supe-
rior esquerda. Os dados nas outras células mescladas serão
excluídos. Para preservar os dados das outras células, copie
-os em outra parte da planilha antes de fazer a mesclagem.
Clique em Início > Mesclar e Centralizar.

Se o botão Mesclar e Centralizar estiver esmaecido, ve-


rifique se você não está editando uma célula e se as células
que você quer mesclar não estão dentro de uma tabela.
DICA :  Para mesclar células sem centralizar, clique na
seta ao lado de Mesclar e Centralizar e clique em Mesclar
Através ou Mesclar Células.
Se você mudar de ideia, é possível dividir as células que DICA : Se não vir um tipo de gráfico que agrade você,
foram mescladas. clique na guia Todos os Gráficos para ver todos os tipos de
gráfico disponíveis.
Criar um gráfico no Excel para Windows Quando você encontrar o tipo de gráfico desejado, cli-
Use o comando Gráficos Recomendados na guia Inse- que nele e clique emOK.
rir para criar rapidamente um gráfico ideal para seus dados. Use os botões Elementos do Gráfico, Estilos de Gráfi-
Selecione os dados que você deseja incluir no seu grá- co e Filtros de Gráficopróximos ao canto superior direito do
fico. gráfico para adicionar elementos de gráfico como  títulos
Clique em Inserir > Gráficos Recomendados. de eixo ou rótulos de dados, para personalizar a aparência
do seu gráfico ou alterar os dados exibidos no gráfico.

Na guia Gráficos Recomendados, percorra a lista de ti-


pos de gráficos recomendados pelo Excel para seus dados.
Clique em qualquer tipo de gráfico para ver como os
seus dados aparecem naquele formato.

DICAS : 
Use as opções nas guias Design e Formatar para perso-
nalizar a aparência do gráfico.

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se você não vir essas guias, adicione as Ferramentas Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os
de gráfico  à faixa de opções clicando em qualquer lugar dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
no gráfico. Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica Recomen-
Criar uma Tabela Dinâmica no Excel para analisar dada.
dados da planilha
A capacidade de analisar todos os dados da planilha
pode ajudar você a tomar decisões de negócios melhores.
Porém, às vezes é difícil saber por onde começar, espe-
cialmente quando há muitos dados. O Excel pode ajudar,
recomendando e, em seguida, criando automaticamente
Tabelas Dinâmicas que são um excelente recurso para re-
SOMAir, analisar, explorar e apresentar dados. Por exem-
plo, veja uma lista simples de despesas:

O Excel cria uma Tabela Dinâmica em uma nova plani-


lha e exibe a Lista de Campos da Tabela Dinâmica.

Siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque
a caixa de seleção para o campo. Por
padrão, campos não numéricos são
Adicionar um campo adicionados à áreaLinha, as hierarquias
de data e hora são adicionadas à
área Coluna e os campos numéricos
são adicionados à área Valores.
Na área NOME DO CAMPO,
Remover um campo desmarque a caixa de seleção para o
campo.
Arraste o campo de uma área
da Lista de Campos da Tabela
Mover um campo
Dinâmica para outra, por exemplo,
de Colunas para Linhas.
Atualizar a Tabela Na guia Analisar Tabela Dinâmica,
Dinâmica clique em Atualizar.

Aqui estão os mesmos dados reSOMAidos em uma Ta- Criar uma Tabela Dinâmica manualmente
bela Dinâmica: Se você sabe como organizar seus dados, pode criar
uma Tabela Dinâmica manualmente.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Ta-
bela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os
dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica.

Criar uma Tabela Dinâmica Recomendada


Se você tiver experiência limitada com Tabelas Dinâ-
micas ou não souber como começar, uma Tabela Dinâmica
Recomendada é uma boa opção. Quando você usa este
recurso, o Excel determina um layout significativo, combi-
nando os dados com as áreas mais adequadas da Tabela
Dinâmica. Isso oferece um ponto inicial para experimentos
adicionais. Depois que uma Tabela Dinâmica básica é cria-
da, você pode explorar orientações diferentes e reorgani-
zar os campos para obter os resultados desejados.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Ta-
bela Dinâmica.

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na planilha, os seus dados devem estar envolvidos por uma linha tracejada. Se não estiverem, clique e arraste para
selecionar os dados. Quando você fizer isso, a caixa Tabela/Intervalo será preenchida automaticamente com o intervalo de
células selecionado.
Em Escolher onde deseja que o relatório de tabela dinâmica seja colocado, escolha Nova planilha para colocar a Tabela
Dinâmica em uma nova guia de planilha. Se preferir, clique em Planilha existente e clique na planilha para especificar o local.
DICA : Para analisar várias tabelas em uma Tabela Dinâmica, marque a caixaAdicionar estes dados ao Modelo de Dados.
Clique em OK.
Na Lista de Campos da Tabela Dinâmica, siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por padrão,
Adicionar um campo campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de data e hora são
adicionadas à área Colunae os campos numéricos são adicionados à área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para outra, por
Mover um campo
exemplo, de Colunas para Linhas.
Clique na seta ao lado do campo em Valores > Definições do Campo de Valor e, na
caixa Definições do Campo de Valor, altere o cálculo.

Alterar o cálculo usado em um


campo de valor

Atualizar a Tabela Dinâmica Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.

Proteger com senha uma pasta de trabalho


O Excel oferece várias maneiras de proteger uma pasta de trabalho. Você pode solicitar uma senha para abri-la, uma
senha para alterar dados e uma senha para alterar a estrutura do arquivo (adicionar, excluir ou ocultar planilhas). Você pode
também definir uma senha no modo de exibição Backstage para criptografar a pasta de trabalho.
Lembre-se, no entanto, de que esse tipo de proteção nem sempre criptografa os seus dados. Isso só é possível com a
senha criptografada criada no modo de exibição Backstage. Os usuários podem ainda usar ferramentas de terceiros para
ler dados não criptografados.
Vamos começar solicitando senhas para abrir um arquivo e alterar dados.
Clique em Arquivo > Salvar como.
Clique em um local, como Computador ou a página da Web Meu Site.
Clique em uma pasta, como Documentos ou uma das pastas no seu OneDrive, ou clique em Procurar.
Na caixa de diálogo Salvar como, vá até a pasta que você quer usar, abra a lista Ferramentas e clique em Opções Gerais.
Insira a sua senha e clique em OK. Insira a mesma senha para confirmar e clique novamente em OK.
OBSERVAÇÃO:  Para remover uma senha, siga as etapas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha em
branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de senha usado no Excel.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criptografar a pasta de trabalho com uma senha


No modo de exibição Backstage, você pode definir
uma senha para a pasta de trabalho que fornece cripto-
grafia.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Pasta de
Trabalho >Criptografar com Senha.
Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e
clique em OK.
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente
e clique em OK.
OBSERVAÇÃO :  Para remover uma senha, siga as eta-
Você pode digitar uma das duas senhas aqui, uma para pas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a
abrir o arquivo, outra para mudar o arquivo. senha em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo
de senha usado no Excel.
Por que minha senha desaparece quando salvo no for-
mato do Excel 97-2003?
Você deseja enviar a sua pasta de trabalho protegida
por senha para outras pessoas, mas eles ainda estão usan-
do o Excel 2003, que salva no formato de arquivo Excel 97-
2003 (*.xls). Você escolhe “Salvar como” usando o formato
97-2003, mas então você descobre que a senha definida
na pasta de trabalho desapareceu.
Isso acontece porque a sua versão do Excel usa um
novo esquema para salvar senhas, e o formato de arqui-
vo anterior não o reconhece. Como resultado, a senha é
descartada ao salvar seu arquivo para o formato do Excel
97-2003. Defina a senha no arquivo *.xls para proteger a
Consulte as anotações abaixo para mais informações.
pasta de trabalho novamente.
Para proteger a estrutura da sua pasta de trabalho, faça
isto:
Proteger uma planilha com ou sem uma senha no
Clique em Revisar > Proteger Pasta de Trabalho.
Excel
Clique em Estrutura.
Para ajudar a proteger seus dados de alterações não
Consulte as anotações abaixo para saber mais sobre
essa opção e a opçãoWindows. intencionais ou intencionais, proteja sua planilha, com ou
Digite uma senha na caixa Senha. sem senha. Ela impede que outras pessoas removam a
Clique em OK e redigite a senha para confirmá-la. proteção da planilha: a senha deve ser inserida para des-
OBSERVAÇÕES :  proteger a planilha.
Se você digitar a mesma senha para abrir e alterar a Por padrão, quando você protege uma planilha, o ex-
pasta de trabalho, os usuários somente precisarão digitar cel bloqueia todas as células nessa planilha. Antes de pro-
a senha uma vez. teger a planilha, desbloqueie quaisquer células que dese-
Se você solicitar somente uma senha para alterar a jar alterar antes de seguir essas etapas.
pasta de trabalho, os usuários podem abrir uma cópia so- Clique na guia Revisão e clique em Proteger Planilha.
mente leitura do arquivo, salvá-la com outro nome e alterar Verifique se a caixa de seleção Proteger a planilha e o
seus dados. conteúdo de células bloqueadas está marcada.
Selecionar a opção Estrutura previne outros usuários Para usar uma senha, digite-a na caixa Senha para des-
de visualizar planilhas ocultas, adicionar, mover, excluir ou proteger a planilha. 
ocultar planilhas e renomear planilhas. Outros usuários podem remover a proteção se você
Você pode ignorar a opção Windows. Ela está desabili- não usar uma senha.
tada nessa versão do Excel.
Sempre é possível saber quando a estrutura da pasta IMPORTANTE :  Anote sua senha e armazene-a em lo-
de trabalho está protegida. O botão Proteger Pasta de Tra- cal seguro. Nós sinceramente não podemos ajudar você a
balho acende. recuperar senhas perdidas.
Se você digitou uma senha na etapa 3, redigite-a para
confirmá-la.

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em Cores do Tema ou Cores Padrão, selecione a cor


desejada.

Marque ou desmarque as caixas de seleção em Permitir


que todos os usuários desta planilha possam e clique em OK.
OBSERVAÇÕES : 
Para remover a proteção da planilha, clique em Revi-
são, clique emDesproteger Planilha e digite a senha, se ne-
cessário.
Se uma macro não pode executar na planilha protegi-
da, você verá uma mensagem e a macro será interrompida

Adicionar ou alterar a cor do plano de fundo das Para utilizar uma cor personalizada, clique em Mais Co-
células res, e em seguida, na caixa de diálogo Cores, selecione a
É possível realçar dados em células utilizando Cor de cor desejada.
preenchimento para adicionar ou alterar a cor do plano de DICA : Para aplicar a cor selecionada mais recentemen-
fundo ou padrão das células. Veja como: te, clique em Cor de Preenchimento  . Você também
Selecione as células que deseja realçar. encontrará até 10 cores personalizadas selecionadas mais
DICAS : Para utilizar uma cor de fundo diferente para recentemente em Cores recentes.
a planilha inteira, clique no botão Selecionar Tudo. Isso Aplicar um padrão ou efeitos de preenchimento.
irá ocultar as linhas de grade, mas é possível melhorar a Quando você deseja algo mais do que apenas um
legibilidade da planilha exibindo bordas ao redor de to- preenchimento de cor sólida, experimente aplicar um pa-
das as células. drão ou efeitos de preenchimento.
Selecione a célula ou intervalo de células que deseja
formatar.
Clique em Página Inicial > iniciador da caixa de diálo-
go Formatar Células ou pressione Ctrl + Shift + F.

Clique em  Página Inicial  > seta ao lado de  Cor de


Preenchimento  .

Na guia Preenchimento, em Cor de Fundo, selecione a


cor desejada.

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na guia Folha, em Imprimir, desmarque as caixas de


seleção Preto e branco e Qualidade de rascunho.
OBSERVAÇÃO :  Se você não visualizar cores em sua
planilha, talvez esteja trabalho no modo de alto contraste.
Se não visualizar cores ao visualizar antes de imprimir, tal-
vez nenhuma impressora colorida esteja selecionada.

Principais atalhos
CTRL+Menos (-)  — Exibe a caixa de diálogo Excluir
para excluir as células selecionadas.
CTRL+; — Insere a data atual.
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da célu-
la e a exibição de fórmulas na planilha.
Para utilizar um padrão com duas cores, selecione uma CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está acima
cor na caixa Cor do Padrão e, em seguida, selecione um da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
padrão na caixa Estilo do Padrão. CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células.
Para utilizar um padrão com efeitos especiais, clique CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito.
em Efeitos de Preenchimento, e, em seguida, selecione as CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico.
opções desejadas. CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado.
DICA : Na caixa Amostra, é possível visualizar o plano CTRL+5 — Aplica ou remove tachado.
de fundo, o padrão e os efeitos de preenchimento selecio- CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir objetos
nados. e exibir espaços reservados para objetos.
Remover cores de célula, padrões, ou efeitos de preen- CTRL+8  —  Exibe ou oculta os símbolos de estrutura
chimento de tópicos.
Para remover quaisquer cores de fundo, padrões ou CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas.
efeitos de preenchimento das células, basta selecioná-las. CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas.
Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de Preenchi- CTRL+A  — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha
mento, e então selecione Sem Preenchimento. contiver dados, este comando seleciona a região atual.
Pressionar CTRL+A novamente seleciona a região atual e
suas linhas de reSOMAo. Pressionar CTRL+A novamente
seleciona a planilha inteira.
CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses do
argumento quando o ponto de inserção está à direita de
um nome de função em uma fórmula.
CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito.
CTRL+C — Copia as células selecionadas.
CTRL+C (seguido por outro CTRL+C)  — exibe a Área
Imprimir cores de célula, padrões ou efeitos de preen- de Transferência.
chimento em cores CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para co-
Se as opções de impressão estiverem definidas piar o conteúdo e o formato da célula mais acima de um
como Preto e branco ouQualidade de rascunho — seja intervalo selecionado nas células abaixo.
propositalmente ou porque a pasta de trabalho contém CTRL+F — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substi-
planilhas e gráficos grandes ou complexos que resultaram tuir com a guia Localizar selecionada.
na ativação automática do modo de rascunho — não será SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto SHIF-
possível imprimir as células em cores. Veja aqui como re- T+F4 repete a última ação de Localizar.
solver isso: CTRL+SHIFT+F  — Abre a caixa de diálogo Formatar
Clique em Layout da Página > iniciador da caixa de diá- Células com a guia Fonte selecionada.
logo Configurar Página. CTRL+G  —  Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 tam-
bém exibe essa caixa de diálogo.)
CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substi-
tuir com a guia Substituir selecionada.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico.


CTRL+K — Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink para novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink para
os hiperlinks existentes que estão selecionados.
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou localizar um arquivo.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que contêm comentários.
CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.
CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar Células com a guia Fonte selecionada.
CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para copiar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda de um
intervalo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de arquivo, local e formato atual.
CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redução da barra de fórmulas.
CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Disponível
somente depois de ter recortado ou copiado um objeto, texto ou conteúdo de célula.
CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial, disponível somente depois que você recortar ou copiar um
objeto, textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou em outro programa.
CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho selecionada.
CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se possível.
CTRL+Z — Usa o comando Desfazer para reverter o último comando ou excluir a última entrada digitada.
CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer para reverter ou restaurar a correção automática quando Mar-
cas Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células selecionadas.
CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células selecionadas.
CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem casas decimais.
CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Exponencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês e ano.
CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora e os minutos, AM ou PM.
CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-) para
valores negativos.
CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e colunas
vazias).
CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inserir para inserir células em branco.

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é dife-
rente.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Para aplicar a fórmula de =SOMA(A1;A2).
soma você precisa, apenas, Dica: Sempre separe a
selecionar as células que indicação das células
estarão envolvidas na adição, com ponto e vírgula (;).
Adição =SOMA(célulaX;célula Y)
incluindo a sequência no Dessa forma, mesmo
campo superior do programa as que estiverem em
junto com o símbolo de igual localizações distantes serão
(=) consideradas na adição
Segue a mesma lógica da
adição, mas dessa vez você
usa o sinal correspondente
Subtração =(célulaX-célulaY) a conta que será feita (-) no =(A1-A2)
lugar do ponto e vírgula (;),
e retira a palavra “soma” da
função
Use o asterisco (*) para indicar
Multiplicação = (célulaX*célulaY) = (A1*A2)
o símbolo de multiplicação
A divisão se dá com a barra
Divisão =(célulaX/célulaY) de divisão (/) entre as células =(A1/A2)
e sem palavra antes da função

Fórmulas bastante requisitadas


Outros algoritmos que são bastante importantes nas planilhas são aqueles que mostram valores de média, máxima e
mínimo. Mas para usar essas funções, você precisa estabelecer um grupo de células.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Você deve usar a palavra “media”
antes das células indicadas, que
Média =MEDIA(célula X:célulaY) são sempre separadas por dois =MEDIA(A1:A10)
pontos (:) e representam o grupo
total que você precisa calcular
Segue a mesma lógica, mas usa a
Máxima =MAX(célula X:célulaY) =MAX(A1:A10)
palavra “max”
Mínima =MIN(célula X:célulaY) Dessa vez, use a expressão “min” =MIN(A1:A10)

Função Se
Essa função trata das condições de valores solicitados. Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que precisa
saber se os produtos ainda estão no estoque ou precisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Veja por que:

Cálculo Fórmula Exemplo


=se(B1<=0 ; “a ser enviado” ; “no estoque”)
Essa linguagem diz ao Excel que se o conteúdo da célula B1
=se(célulaX<=0 ; “O que precisa saber
Função Se é menor ou igual a zero ele deve exibir a mensagem “a ser
1” ; “o que precisa saber 2”)
enviado” na célula que contem a fórmula. Caso o conteúdo
seja maior que zero, a mensagem que aparecerá é “no estoque”

*Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-sua-
vida-no-excel#ixzz48neY9XBW

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MS POWERPOINT2 Escolha uma variação de cor e clique em Criar.

As apresentações do PowerPoint funcionam como


apresentações de slide. Para transmitir uma mensagem ou
uma história, você a divide em slides. Considere cada slide
com uma tela em branco para as imagens, palavras e for-
mas que ajudarão a criar sua história.
Escolha um tema
Ao abrir o PowerPoint, você verá alguns modelos e te-
mas internos. Um tema é um design de slide que contém
correspondências de cores, fontes e efeitos especiais como
sombras, reflexos, dentre outros recursos.
Escolher um tema.
Clique em Criar ou selecione uma variação de cor e
clique em Criar.

Alterar o tema ou variação da sua apresentação


Se você mudar de ideia, poderá sempre alterar o tema
ou variação na guia Design.
Na guia Design, escolha um tema com as cores, as fon-
tes e os efeitos desejados.
DICA : Para visualizar a aparência que o slide terá com
um tema aplicado, coloque o ponteiro do mouse sobre a
miniatura de cada tema.
Para aplicar uma variação de cor diferente a um tema
Adicionar cor e design aos meus slides com temas específico, no grupo Variantes, selecione uma variante.
Você não é um designer profissional, mas você quiser O grupo de variantes aparece à direita do grupo temas e
sua apresentação pareça que você está. “Temas” tudo o as opções variam dependendo do tema que você selecionou.
que fazer para você — você apenas escolha um e crie!
Quando você abre o PowerPoint, vê os designs de slide
coloridos internos (ou ‘temas’) que pode aplicar às apre-
sentações.
Escolher um tema quando você abre o PowerPoint
Escolha um tema.

OBSERVAÇÃO :  Se você não vir quaisquer variantes,


pode ser porque você está usando um tema personalizado,
um tema mais antigo projetado para versões anteriores do
PowerPoint, ou porque você importou alguns slides de outra
apresentação com um tema personalizado ou mais antigo.
Criar e salvar um tema personalizado
Você pode criar um tema personalizado modificando
um tema existente ou começar do zero com uma apresen-
tação em branco.
Clique primeiro slide e, em seguida, na guia Design, cli-
que na seta para baixo no grupo variantes.
DICA : Esses temas internos são ótimos para wides- Clique em cores, fontes, efeitos ou Estilos de plano de
creen (16:9) e apresentações de tela padrão (4:3). fundo e escolha uma das opções internas ou personalizar
o seu próprio.
Quando terminar de personalizar estilos, clique na seta
para baixo no grupo temas e clique em Salvar tema atual.
Dê um nome para seu tema e clique em Salvar. Por
padrão, ele é salvar com seus outros temas do PowerPoint
e estará disponível no grupo temas em um cabeçalho per-
2 Fonte: https://support.office.com/pt-br/powerpoint sonalizado

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar um novo slide Reorganizar a ordem dos slides


Na guia Exibir, clique em Normal. No painel à esquerda, clique na miniatura do slide que
deseja mover e então arraste-o para o novo local.

No painel de miniaturas de slides à esquerda, clique no


slide depois do qual deseja adicionar o novo slide.
Na guia Início, clique em Novo Slide.

DICA : Para selecionar vários slides, pressione e mante-


nha pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide
que deseja mover e arraste-os como um grupo para o novo
local.

Na galeria de layouts, clique no layout desejado para o


seu novo slide. Cada opção na galeria é um layout de slide
diferente que pode conter espaços reservados para texto,
vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, uma tela de fundo e
formatação de temas, como cores, fontes e efeitos. 
Seu novo slide é inserido, e você pode clicar dentro de
um espaço reservado para começar a adicionar conteúdo.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Excluir um slide Salvar a sua apresentação


No painel à esquerda, clique com o botão direito do Na guia Arquivo, escolha Salvar.
mouse na miniatura de slide que você deseja excluir (man- Selecionar ou navegar até uma pasta.
tenha pressionada a tecla CTRL para selecionar vários sli- Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a
des) e então clique em Excluir Slide. apresentação e escolha Salvar.
OBSERVAÇÃO : Se você salvar arquivos com frequência
em uma determinada pasta, você pode ‘fixar’ o caminho
para que ele fique sempre disponível (conforme mostrado
abaixo).

DICA :  Salve o trabalho à medida que o fizer. Pressio-


ne CTRL + S com frequência.

Adicionar texto
Selecione um espaço reservado para texto e comece
a digitar.

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatar seu texto


Selecione o texto.
Em Ferramentas de desenho, escolha Formatar.

Siga um destes procedimentos:


Para alterar a cor de seu texto, escolha Preenchimento de Texto e escolha uma cor.
Para alterar a cor do contorno de seu texto, escolha Contorno do Texto e, em seguida, escolha uma cor.
Para aplicar uma sombra, reflexo, brilho, bisel, rotação 3D, uma transformação, escolha Efeitos de Texto e, em seguida,
escolha o efeito desejado.

Adicionar imagens
Na guia Inserir, siga um destes procedimentos:
Para inserir uma imagem que está salva em sua unidade local ou em um servidor interno, escolha Imagens, procure a
imagem e escolha Inserir.
Para inserir uma imagem da Web, escolha Imagens Online e use a caixa de pesquisa para localizar uma imagem.

Escolha uma imagem e clique em Inserir.


Adicionar anotações do orador
Os slides ficam melhores quando você não insere informações em excesso. Você pode colocar fatos úteis e anotações
nas anotações do orador e consultá-los durante a apresentação.
Para abrir o painel de anotações, na parte inferior da janela, clique em Anotações  .
Clique no painel de Anotações abaixo do slide e comece a digitar suas anotações.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fazer sua apresentação


Na guia Apresentação de Slides, siga um destes procedimentos:
Para iniciar a apresentação no primeiro slide, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo.

Se você não estiver no primeiro slide e desejar começar do ponto onde está, clique em Do Slide Atual.
Se você precisar fazer uma apresentação para pessoas que não estão no local onde você está, clique em Apresentar
Online para configurar uma apresentação pela Web e escolher uma das seguintes opções:
Apresentar-se online usando o Office Presentation Service
Iniciar uma apresentação online no PowerPoint usando o Skype for Business

Sair da exibição Apresentação de Slides


Para sair da exibição de Apresentação de Slides a qualquer momento, pressione a tecla Esc do teclado.

O que é um layout de slide?


Cada layout de slide contém espaços reservados para texto, vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, um plano de fundo
e muito mais, contendo também a formatação, como cores de tema, fontes e efeitos para esses objetos.
Cada tema (paleta de cores, fontes e efeitos especiais) que você usa em sua apresentação inclui um slide mestre e um
conjunto de layouts relacionados. Se usar mais de um tema na apresentação, você terá mais de um slide mestre e vários
conjuntos de layouts.
Você alterar os layouts de slide que são criados para o PowerPoint no modo de exibição de Slide mestre. A imagem
abaixo mostra o slide mestre e dois dos dez layouts do tema base no modo de exibição de Slide mestre.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em seguida, ao incluir conteúdo nos slides, você pode escolher os layouts de slide mais adequados ao conteúdo, como
mostrado aqui no Modo de Exibição Normal.

O diagrama a seguir mostra as várias partes de um layout que você pode incluir em um slide do PowerPoint.

O que é um slide mestre?


Slides mestres foram projetados para ajudá-lo a criar apresentações com ótima aparência em menos tempo, sem muito
esforço. Quando desejar que todos os slides para conter as mesmas fontes e imagens (como logotipos), você poderá fazer
essas alterações no Slide mestre e elas vai ser aplicadas a todos os slides.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para acessar o modo de exibição de Slide mestre, na guia Exibição, localizamos o bloco Modos de Exibição Mestre.

Os layouts de slide relacionados aparecem logo abaixo do slide mestre.

Quando você edita o slide mestre, todos os slides que seguem aquele mestre conterá essas alterações. No entanto, a
maioria das alterações feitas serão provavelmente ser os layouts de slide relacionada ao mestre.
Quando fizer alterações em layouts e o slide mestre no modo de exibição de Slide mestre, outras pessoas que traba-
lham na sua apresentação (no modo de exibição Normal) não podem excluir acidentalmente ou editar que você já fez.
Dica final: é recomendável editar o slide mestre e os layouts antes de começar a criar os slides individuais. Dessa ma-
neira, todos os slides adicionados à sua apresentação se basearão em suas edições personalizadas. Se você editar o slide
mestre ou os layouts após criar cada slide, precisará aplicar novamente os layouts alterados aos slides da apresentação no
modo de exibição Normal. Caso contrário, as alterações não aparecerão nos slides.

Temas
Um tema é uma paleta de cores, fontes e efeitos especiais (como sombras, reflexos, efeitos 3D e muito mais) que com-
plementar uns com os outros. Um designer competente criado cada tema no PowerPoint. Podemos disponibilizar esses
temas predefinidos na guia Design na exibição Normal.
Todos os temas usados em sua apresentação incluem um slide mestre e um conjunto de layouts relacionados. Se você
usar mais de um tema na apresentação, terá mais de um slide mestre e vários conjuntos de layouts.

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Layouts de Slide Cada layout de slide é configurada de forma diferente


— com tipos diferentes de espaços reservados em locais
Altere e gerenciar layouts de slide no modo de exibição diferentes em cada layout.
de Slide mestre. Para acessar o modo de exibição de Slide Cada slide mestre tem um layout de slide relacionados
mestre, na guia Exibir, selecione Mestre de lado. Os layouts chamado Layout de Slide de título, e cada tema organiza
estão localizados embaixo do slide mestre no painel de mi- o texto e outros espaços reservados de objeto para que o
niatura no lado esquerdo da tela. layout diferente, com efeitos, fontes e cores diferentes. A
imagem abaixo mostra primeiro, a versão do tema base do
layout chamado Layout do Slide de título. E para compa-
rá-lo, o layout de slide abaixo dele é o Layout de Slide de
título do tema Integral.

Cada tema tem um número diferente de layouts. Você


provavelmente não usar todos os layouts fornecidos com
um tema específico, mas escolher os layouts que melhor
correspondem conteúdo do slide.
No modo de exibição Normal, você aplicará os layouts
aos slides (mostrado abaixo).

Você pode alterar nada sobre um layout para atender às


suas necessidades. Quando você altera um layout e vá para
Normal visualização, todos os slides que você adiciona de-
pois que será baseado neste layout e refletirão a aparência
alterada de layout. No entanto, se houver slides existentes
na sua apresentação que se baseiam a versão antiga do la-
yout, você precisará reaplicar o layout para esses slides.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aplicar ou alterar um layout de slide


Todos os temas no PowerPoint incluem um slide mes-
tre e um conjunto de layouts de slide. O layout de slide que
você escolher dependerá da cor, tipos de letra e como você
quer que o texto e outro conteúdo sejam organizados nos
slides. Se os layouts predefinidos não funcionarem, você
poderá alterá-los.
Aplicar um layout de slide no Modo de Exibição Normal
Escolha um layout predefinido que coincida com o ar-
ranjo do texto e outros espaços reservados de objeto que
você planeja incluir no slide.
Na guia Exibição, clique em Normal.
No Modo de Exibição Normal, no painel de miniaturas
à esquerda, clique no slide ao qual você deseja aplicar um
layout.
Na guia Página Inicial, clique em Layout e selecione o
layout desejado.

Na guia Slide Mestre, para alterar o layout, execute um


ou mais dos seguintes procedimentos:
Para adicionar um espaço reservado, clique em Inserir
Espaço Reservado e, em seguida, escolha um tipo de espa-
ço reservado na lista.
Para reorganizar um espaço reservado, clique na bor-
da do espaço reservado até ver uma seta de quatro pontas
e arraste o espaço reservado para o novo local no slide.
Para excluir um espaço reservado, selecione-o e, em
Alterar um layout de slide no Modo de Exibição de seguida, pressione Delete no teclado.
Slide Mestre Para adicionar um novo layout, clique em  Inserir La-
Se você não encontrar um layout de slide que funcio- yout.
ne com o texto e outros objetos que você planeja incluir Para renomear um layout, no painel de miniaturas à
nos slides, altere um layout no Modo de Exibição de Slide esquerda, clique com o botão direito do mouse layout que
Mestre. você deseja renomear, clique em Renomear Layout, digite
Na guia Exibição, clique em Normal. o novo nome do layout e clique em Renomear.
No Modo de Exibição de Slide Mestre, no painel de IMPORTANTE: Se você alterar um layout que você usou
miniaturas à esquerda, clique em um layout de slide que em sua apresentação, ir para o modo de exibição Normal
você deseja alterar. e reaplicar o novo layout para esses slides se desejar ob-
ter suas alterações. Por exemplo, se você alterar o layout
de slide de demonstração, os slides da sua apresentação
usando o layout de demonstração mantêm a aparência
original, se você não aplicar o layout revisado para cada
uma delas.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alterar a orientação dos slides Na guia Exibir, clique em Slide Mestre.


Você pode alterar a orientação de todos os slides pa- No painel de miniaturas esquerdo, clique no layout de
drão, widescreen ou um tamanho personalizado, e você slide ao qual você deseja adicionar um ou mais espaços
pode especificar a orientação retrato ou paisagem de slides reservados.
e anotações. A seguir é mostrado o layout de slide Título e Conteú-
Na guia Design, clique em Tamanho do Slide e selecio- do, que contém um espaço reservado para o título e outro
ne uma opção. para qualquer tipo de conteúdo:

Na guia Slide Mestre, clique em Inserir Espaço Reserva-


Alterar a orientação, clique em Tamanho do Slide per- do e, em seguida, clique no tipo de espaço reservado que
sonalizado e, em seguida, selecione na orientação desejada você deseja adicionar.
em orientação.

Para criar um tamanho de slide personalizado, clique


em Tamanho do Slide personalizado e selecione tela, lar-
gura e altura opções no lado esquerdo da caixa de diálo-
go Tamanho do Slide.

Adicione espaços reservados para slide layouts para


conter texto, imagens, vídeos, etc.
Espaços reservados são caixas com bordas pontilhadas
que armazenam conteúdo em seu lugar em um layout de
slide. Você pode adicionar um espaço reservado para um
layout de slide para conter conteúdo, como texto, imagens,
tabelas, gráficos, SmartArt gráficos, clip-art, vídeos e muito
mais. Clique em um local no layout de slide e arraste para
IMPORTANTE : Só podem ser adicionados a espaços desenhar o espaço reservado. Você pode adicionar quan-
reservados em layouts, slides não individuais em uma apre- tos espaços reservados como desejar.
sentação de slides. Quando terminar, na guia Slide mestre, clique em Fe-
char modo de exibição mestre.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Siga um destes procedimentos:


Para reaplicar o layout alterado recentemente a um slide existente, na lista de miniaturas de slide, selecione o slide e,
em seguida, na guia página inicial, clique em Layout e, em seguida, selecione o layout revisado.
Para adicionar um novo slide que contém o layout (com os recém-adicionado espaços reservados), na guia  página
inicial, clique em Novo Slide e, em seguida, selecione o layout revisado do slide.
Você pode alterar um espaço reservado para redimensioná-lo, reposicione, ou alterando a fonte, o tamanho, o caso, a
cor ou o espaçamento do texto dentro dele. Você também pode excluir um espaço reservado de um layout de slide ou um
slide individual selecionando-a e pressionando Delete.

Atalhos usados com frequência


A tabela a seguir relaciona os atalhos mais usados no PowerPoint.

Para Pressione
Aplicar negrito ao texto
Ctrl+B
selecionado.
Altere o tamanho da fonte do
ALT + C, F e, em seguida, S
texto selecionado.
Altere o zoom do slide. ALT + W, P
Recorte o texto selecionado,
Ctrl+X
objeto ou slide.
Copie o texto selecionado,
Ctrl+C
objeto ou slide.
Colar recortado ou copiado
Ctrl+V
texto, objetos ou slide.
Desfazer a última ação. Ctrl+Z
Salve a apresentação. Ctrl+B
Inserir uma imagem. ALT + N, P
Inserir uma forma. ALT + H, S e H
Selecione um tema. ALT + G, H
Selecione um layout de slide. ALT + H, L
Ir para o próximo slide. Page Down
Vá para o slide anterior. Page Up
Vá para a guia página inicial. Alt+C
Mover para a guia Inserir. ALT+T
Inicie a apresentação de slides. ALT + S, B
Encerre a apresentação de Painel com scorecard e mapa estratégico;
slides. perguntas
Feche o PowerPoint. ALT + F, X

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

LIBREOFFICE documento reside e exibir um ícone em cima à direita para ex-


cluir a miniatura do painel e da lista dos documentos recentes.
O LibreOffice é uma uma suíte de aplicativos livre para Clique na miniatura para abrir o documento subjacente.
escritório disponível para Windows, Unix, Solaris, Linux e Obs,.: Nem todos os arquivos mostrarão uma miniatura
Mac OS X; sua interface limpa e suas poderosas ferramen- do seu conteúdo. No lugar, pode ser mostrado um ícone
tas libertam sua criatividade e melhoram sua produtivida- grande que representa o tipo de arquivo.
de. LibreOffice incorpora várias aplicações que a tornam
a mais avançada suite office livre e de código aberto do Histórico
mercado. O processador de textos Writer, a planilha Calc, Uma empresa pequena e produtiva, chamada StarDivi-
o editor de apresentações Impress, a aplicação de dese- sion, da Alemanha, desenvolvia uma suíte de aplicativos para
nho e fluxogramas Draw, o banco de dados Base e o editor escritório. A Sun, uma grande companhia de software, ante-
de equações Math são os componentes do LibreOffice. vendo a briga pelas suítes de escritório, compra-a e absorve o
trabalho da suíte, em 1999. Em 2000, a Sun liberou o código-
Libre de liberdade, agora e para sempre. fonte da suíte sob as licenças LGPL/SISSL, com o nome comer-
O LibreOffice é um software livre e de código fon- cial StarOffice 5.0. A comunidade Open Source lança, ainda em
te aberto. É desenvolvido de forma colaborativa por todo 2000, a primeira versão livre do pacote (suíte) OpenOffice.org.
desenvolvedor interessado em desenvolver seus talentos No Brasil, houveram problemas com a marca OpenOffi-
e novas ideias. O software é testado e usado diariamente ce.org. Em 1998, uma empresa do Rio de Janeiro (BWS Infor-
por uma ampla e dedicada comunidade de usuários. Você mática) registrou a marca “Open Office” junto ao INPI. Dado
também pode participar e influenciar seu desenvolvimento. o sucesso da marca / suíte OpenOffice.org, a companhia
carioca que havia registrado o nome Open Office perpetrou
Janela Inicial uma campanha de ameaças de processos por uso indevido
A Janela inicial aparece quando não houver documen- da sua marca, obrigando a comunidade brasileira a adotar
tos abertos no LibreOffice. Ela é dividida em dois painéis. um novo nome: BrOffice.org.
Clique num dos ícones para abrir um novo documento ou
Surgimento da TDF (The Document Foundation)
para abrir uma caixa de diálogo de arquivo.
Após algum tempo, nova reviravolta: a Sun é comprada
pela Oracle, a conhecida gigante do mundo dos Bancos de
Dados Corporativos. Com a aquisição da Sun, no que tange
a SL e suas especificidades, a comunidade internacional se
viu compelida a adotar uma nova marca para a sua suíte, ao
mesmo tempo aproveitando todo o código-fonte existente do
OpenOffice.org. Foi criada assim a OpenDocument Founda-
tion, já contando com o aporte de importantes programado-
res de companhias como a IBM, Canonical, BrOffice.org, Col-
labora, FSF (Free Software Foundation), dentre muitas outras,
além, é claro, de toda ajuda desta e de outras companhias em
questões extradesenvolvimento, como, por exemplo, questões
jurídicas. Veja a relação completa de entidades endossantes
do TDF em http://www.documentfoundation.org/supporters/.
Espere-se que o LibreOffice.org difira bastante, no de-
correr do seu longo e necessário processo de desmembra-
mento e bifurcação (fork), pelas razões aqui elencadas. A
interface do LibreOffice.org já recebe, por ora, inúmeras su-
Cada ícone de documento abre um novo documento gestões de redesenho; o Projeto Renaissance, por exemplo,
do tipo especificado. que provê para o LibreOffice.org uma interface similar ao
• Documento de texto abre o LibreOffice Writer Ribbon, da suíte da Microsoft (Office 2007 em diante).
• Planilha abre o LibreOffice Calc Dizer que a fundação BrOffice.org apoia a TDF é pouco
• Apresentação abre o LibreOffice Impress preciso: o BrOffice.org, junto com a fundação responsável
• Desenho abre o LibreOffice Draw pela suíte OxigenOfice se fundem ao projeto TDF e passam a
• Banco de dados abre o LibreOffice Base ser o mesmo software. Se você executar o ícone do BrOffice.
• Fórmula abre o LibreOffice Math org e vir, ao invés do logo do próprio, o logo com a pala-
• O ícone Modelos abre a caixa de diálogo Modelos vra “LibreOffice.org”, não se assuste, pois é uma questão
e documentos. meramente cosmética. Na verdade, são ambos o mesmo
• O ícone Abrir um documento apresenta uma caixa software.
de diálogo para abrir arquivos. Ao visitar o sítio http://www.documentfoundation.org/
ver-se-á o manifesto da fundação, que diz:
O painel da direita contém miniaturas dos documentos [TDF] É uma organização autônoma, independente e
recém-abertos. Passe o mouse por cima da miniatura para meritocrática, criada pelos líderes da Comunidade Ope-
destacar o documento, exibir uma dica sobre o local onde o nOffice.org (a fundação, não a Oracle).

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Continuamos o trabalho de dez (10) anos da Comuni- Assim, daqui a 100 anos ou mais, certamente será pos-
dade OpenOffice.org; sível abrir documentos armazenados em ODF, o que pode não
Fomos criados com a crença de que a cultura gerada em ocorrer com arquivos binários e proprietários, que podem se
uma organização independente agrega que há de melhor nos transformar em verdadeiros hieróglifos, cujo código pode não
desenvolvedores e provê aos clientes o que há de melhor em ser acessível em alguns anos.
software; Paralelamente, o padrão ODF possibilita a concorrência,
Somos abertos a quem quiser colaborar com as nossas ati- pois permite adquirir software de mais de um fornecedor, já que
vidades, dentro de nossos valores básicos; o formato não é propriedade de uma empresa.
Aceitamos colaboração corporativa, por exemplo, para nos Também possibilita que as pessoas tenham comunicabi-
ajudar no custeio de colaboradores dentro da comunidade. lidade e interoperabilidade na troca de documentos. Obvia-
Pelos motivos aqui elencados, doravante adotaremos LibreOf- mente, quando se usa um padrão aberto a sociedade é o maior
fice.org para nos referimos ao pacote, salvo menção em contrário. beneficiário já que o texto digitado poderá ser lido por vários
programas.
Formato Open Document Vários governos estão aprovando a preferência pelo uso de
O openDocument 1.0 foi publicado pelo grupo OASIS formatos abertos para trocar informações e textos. O ODF é o
(“Organization for the Advancement of Structured Information formato escolhido para documentos pela Comunidade Europeia.
Standards”), como um padrão aberto e padronizado. Portanto, várias outras empresas e instituições estão ado-
ODF significa Open Document Format (Formato de docu- tando ou estudando adotar o formato ODF para escrever docu-
mento aberto) e é um conjunto de regras para a criação de mentos. Ou, pelo menos, suportar em seus programas, evitando
diversos tipos de arquivos. o favorecimento de qualquer fornecedor.
O ODF surgiu quando a Sun Microsystemas comprou a Star É importante lembrar que os formatos de empresas como a
Division, que fabricava a suíte Star Office, e iniciou o projeto do Microsoft ( .doc, docx, .xls, xlsx, .ppt, pptx) são fechados, proprie-
OpenOffice. Na época, foi criado um subcomitê na OASIS, que tários, e seguem unicamente os desejos e prioridades daquela
incluiu profissionais de software livre e de empresas privadas, empresa. E que, evidentemente, o monopólio mundial de soft-
para trabalhar com armazenamento de documentos, baseado ware é contrário ao padrão aberto. Assim, essas empresas ten-
na linguagem aberta XML (eXtensible Markup Language) e tem tam impedir que os governos, instituições e quaisquer pessoas
suporte em pacotes como OpenOffice / Br-Office.org, StarOffi- ou empresas adotem o padrão ODF.
ce, KOffice e IBM WorkPlace.
Assim, qualquer empresa pode desenvolver produtos com Abrir um arquivo do Microsoft Office
base nesse padrão e atualmente há mais de 40 aplicativos que Escolha Arquivo - Abrir. Selecione um arquivo do Microsoft
podem manipular o ODF. Office na caixa de diálogo do LibreOffice.
Como o ODF é um conjunto de especificações, para cada O arquivo do MS Office... ...será aberto no módulo
situação é utilizada uma parte delas. Assim, se aplica a docu- do LibreOffice
mentos de texto, gerando o formato odt, de cálculo (extensão MS Word, *.doc, *.docx = LibreOffice Writer
ods) e de apresentações ( terminação odp). MS Excel, *.xls, *.xlsx = LibreOffice Calc
É norma ISO 26300 e ABNT NBR-26300. MS PowerPoint, *.ppt, *.pps, *.pptx = LibreOffice Impress

Extensões ODF Salvar como arquivo do Microsoft Office


Um documento ODF pode ter as seguintes extensões: Escolha Arquivo - Salvar como.
• odt: documentos de texto (text) Na caixa Tipo de arquivo, selecione um formato de arquivo
• ott: documentos de texto modelo (template text) do Microsoft Office.
• ods: planilhas eletrônicas (spreadsheets) Sempre salvar documentos em formatos do Microsoft Office
• ots: planilhas eletrônicas - modelo (template spread- Selecione Ferramentas - Opções - Carregar / Salvar - Geral.
sheets) Na área Formato de arquivo padrão e configurações ODF,
• odp: apresentações (presentations) selecione primeiro o tipo de documento e depois selecione o
• otp: apresentações - modelo (template presentations) tipo de arquivo para salvar.
• odg: desenhos vetoriais (draw) De agora em diante, ao salvar um documento, o Tipo de
• otg: desenhos vetoriais - modelo (template draw) arquivo será definido de acordo com sua escolha. Você ainda
• odf: equações (formulae) poderá selecionar outro tipo de arquivo na caixa de diálogo
• odb: banco de dados (database) usada para salvar arquivos.
• odm: documentos mestre (document master)
Converter vários arquivos do Microsoft Office em arquivos
Vantagens do ODF com o formato do OpenDocument
A adoção do padrão ODF é uma garantia de preservação O Assistente de conversão de documentos copiará e con-
de documentos eletrônicos sem restrição no tempo, um item verterá todos os arquivos do Microsoft Office existentes em uma
muito precioso na administração pública e privada de longo pasta em documentos do LibreOffice no formato de arquivo
prazo. É só imaginar o que pode acontecer se documentos do OpenDocument. Você pode especificar a pasta a ser lida e
não puderem ser lidos após algum tempo, simplesmente a pasta em que os arquivos convertidos serão salvos.
porque a empresa proprietária do tipo de arquivo resolveu Escolha Arquivo - Assistentes - Conversor de documen-
mudar algo na criação ou na leitura de seus formatos. tos para iniciar o assistente.

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

LIBREOFFICE WRITER

O Writer é um aplicativo de processamento de texto que lhe permite criar documentos, como cartas, currículos, li-
vros ou formulários online. Alternativa gratuita e open source ao tradicional pacote Microsoft Office. Surgido a partir de
um fork do OpenOffice, o LibreOffice traz soluções completas para edição de texto, criação de planilhas, apresentações de
slides, desenhos, base de dados e ainda fórmulas matemáticas.
O Writer do LibreOffice suporta os seguintes formatos: ODT, OTT, SXW, STW, DOC (Word), DOCX (Word 2007), RTF,
SDW, VOR, TXT, HTML, PDB, XML, PSW e UOT.

Formato Open Document


No Writer o formato padrão dos arquivos passou de sdw (formato do antigo StarWriter) para odt (Open document
text), que dota os arquivos de uma estrutura XML, permitindo uma maior interoperabilidade entre as várias aplicações.
Aliás, este foi um dos principais motivos pelos quais a Microsoft tem mantido o monopólio nas aplicações de escritório:
a compatibilidade ou a falta dela. É importante notar que versões mais antigas do OpenOffice já abriam e gravavam arqui-
vos com a terminação doc. Entretanto, não havia compatibilidade de 100% e os documentos perdiam algumas formatações.
A proposta da Sun, da IBM e de outras empresas foi normalizar os tipos de documento, num formato conhecido por
todos, o odt.

Layout

O Writer aparece sob a forma de uma janela genérica de documento em branco, a tela de edição, que é composta por
vários elementos:
Barra de Título: Apresenta o nome do arquivo e o nome do programa que está sendo usado nesse momento. Usando-
se os 3 botões no canto superior direito pode-se minimizar, maximizar / restaurar ou fechar a janela do programa.
Barra de Menus: Apresenta os menus suspensos onde estão as listas de todos os comandos e funções disponíveis do programa.
Barra de Formatação: Apresenta os atalhos que dão forma e cor aos textos e objetos.
Área para trabalho: Local para digitação de texto e inserção de imagens e sons.
Barra de Status: Apresenta o número de páginas / total de páginas, o valor percentual do Zoom
e a função inserir / sobrescrever está na parte inferior e central da tela.
Réguas: Permite efetuar medições e configurar tabulações e recuos.

Barra de menus

Arquivo
Esses comandos se aplicam ao documento atual, abre um novo documento ou fecha o aplicativo.

-Novo:
Cria um novo documento do LibreOffice.
Escolha Arquivo - Novo
Ícone Novo na Barra de ferramentas (o ícone mostra o tipo do novo documento)

Novo

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tecla Ctrl+N
Para criar um documento a partir de um modelo, escolha Novo - Modelos.
Um modelo é um arquivo que contém os elementos de design para um documento, incluindo estilos de formatação,
planos de fundo, quadros, figuras, campos, layout de página e texto.

Ícone Nome Função


Documento de texto Cria um novo documento de texto (LibreOffice Writer).
Planilha Cria um novo documento de planilha (LibreOffice Calc).
Cria um novo documento de apresentação (LibreOffice Impress). Se
Apresentação
ativado, será exibida a caixa de diálogo Assistente de apresentações.
Desenho Cria um novo documento de desenho (LibreOffice Draw).
Abre o Assistente de Bancos de dados para criar um arquivo de banco
Banco de dados
de dados.
Documento HTML Cria um novo documento HTML.
Documento de formulário XML Cria um novo documento XForms.
Documento mestre Cria um novo documento mestre.
Fórmula Cria um novo documento de fórmula (LibreOffice Math).
Abre a caixa de diálogo  Etiquetas, para definir as opções para suas
Etiquetas etiquetas e, em seguida, cria um novo documento de texto para as
etiquetas (LibreOffice Writer).
Abre a caixa de diálogo  Cartões de visita  para definir as opções para
Cartões de visita os cartões de visita e, em seguida, criar um novo documento de texto
(LibreOffice Writer).
Modelos Criar um novo documento a partir de um modelo.

- Abrir
Abre ou importa um arquivo.
Escolha Arquivo - Abrir
Ctrl+O
Na Barra de ferramentas, clique em

Abrir arquivo
Locais: Mostra os locais favoritos. Por exemplo, os atalhos das pastas locais ou remotas.
Área de exibição: Mostra os arquivos e pastas existentes em que você está. Para abrir um arquivo, selecione-o e clique
em Abrir.
Para abrir mais de um documento ao mesmo tempo, cada um em sua própria janela, pressione a tecla Ctrl ao clicar
nos arquivos e, em seguida, clique em Abrir.
Para classificar os arquivos, clique em um cabeçalho de coluna. Para inverter a ordem de classificação, clique novamente.
Para excluir um arquivo, clique com o botão direito do mouse sobre ele e, em seguida, escolha Excluir.
Para renomear um arquivo, dê um clique com o botão direito do mouse sobre ele e, em seguida, escolha Renomear.
Nome do arquivo: Insira um nome de arquivo ou um caminho para o arquivo. Você também pode inserir um URL que
começa com o nome de protocolo ftp, http, ou https.
Caso deseje, utilize caracteres curinga na caixa Nome do arquivo para filtrar a lista de arquivos exibida.
Por exemplo, para listar todos os arquivos de texto em uma pasta, insira o caractere asterisco (*) com a extensão de
arquivo de texto (*.txt) e, em seguida, clique em Abrir. Utilize o caractere curinga ponto de interrogação (?) para repre-
sentar qualquer caractere, como em (??3*.txt), o que só exibe arquivos de texto com um ‘3’ como terceiro caractere no
nome do arquivo.
O LibreOffice possui uma função autocompletar que se ativa sozinha em alguns textos e caixas de listagem. Por exem-
plo, entre ~/a no campo da URL e a função autocompletar exibe o primeiro arquivo ou o primeiro diretório encontrado
no seu diretório de usuário que começa com a letra “a”.

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Utilize a seta para baixo para rolar para outros arquivos - Documentos recentes
e diretórios. Utilize a seta para a direita para exibir também Lista os arquivos abertos mais recentemente. Para abrir
um subdiretório existente no campo da URL. A função au- um arquivo da lista, clique no nome dele.
tocompletar rápida está disponível se você pressionar a
tecla End após inserir parte da URL. Uma vez encontrado o - Assistentes
documento ou diretório desejado, pressione Enter. Guia você na criação de cartas comerciais e pessoais,
Versão: Se houver várias versões do arquivo seleciona- fax, agendas, apresentações, etc.
do, selecione a versão que deseja abrir. Você pode salvar
e organizar várias versões de um documento, escolhendo - Fechar
Arquivo - Versões. As versões de um documento são aber- Fecha o documento atual sem sair do programa.
tas em modo somente leitura. Escolha Arquivo - Fechar
Tipo de arquivo: Selecione o tipo de arquivo que deseja O comando Fechar fecha todas as janelas abertas do
abrir ou selecione Todos os arquivos(*) para exibir uma lista documento atual.
de todos os arquivos na pasta. Se foram efetuadas alterações no documento atual,
Abrir: Abre o(s) documento(s) selecionado(s). você será perguntado se deseja salvar as lterações.
Inserir: Se você tiver aberto a caixa de diálogo esco- Ao fechar a última janela de documento aberta, apare-
lhendo Inserir - Arquivo, o botão Abrir será rotulado Inserir. cerá a Tela inicial.
Insere no documento atual, na posição do cursor, o arquivo
- Salvar
selecionado.
Salva o documento atual.
Somente leitura: Abre o arquivo no modo somente lei-
Escolha Arquivo - Salvar
tura.
Ctrl+S
Abrir documentos com modelos: O LibreOffice reco-
Na Barra de ferramentas ou de tabela de dados, clique em
nhece modelos localizados em qualquer uma das seguintes
pastas:
• Pasta de modelos compartilhados Salvar
• Pasta de modelos do usuário em Documents and
Settingsno diretório inicial do usuário Salvar como: Salva o documento atual em outro local
• Todas as pastas de modelos definidas em Ferra- ou com um nome de arquivo ou tipo de arquivo diferente.
mentas - Opções - LibreOffice - Caminhos Escolha Arquivo - Salvar como
Ao utilizar Arquivo - Modelo - Salvar como mode-
lo para salvar um modelo, o modelo será armazenado na
sua pasta de modelos do usuário. Ao abrir um documento
baseado neste modelo, o documento será verificado para
detectar uma mudança do modelo, como descrito abaixo.
O modelo é associado com o documento e pode ser cha-
mado de “modelo vinculado”.
Ao utilizar Arquivo - Salvar como e selecionar um filtro
de modelo para salvar um modelo em qualquer outra pas-
ta que não esteja na lista, então os documentos baseados
nesse modelo não serão verificados.
Ao abrir um documento criado a partir de um “modelo
vinculado” (definido acima), O LibreOffice verifica se o mo-
delo foi modificado desde a última vez que foi aberto. Se o
modelo tiver sido alterado, uma caixa de diálogo aparecerá
para você poder selecionar os estilos que devem ser apli-
cados ao documento.
Para aplicar os novos estilos do modelo ao documento,
clique em Sim.
Nome do arquivo: Insira um nome de arquivo ou um
Para manter os estilos que estão sendo usados no do- caminho para o arquivo. Você também pode inserir um URL
cumento, clique em Não. • Tipo de arquivo: Selecione o formato de arquivo
Se um documento tiver sido criado por meio de um para o documento que você está salvando. Na área de exi-
modelo que não possa ser encontrado, será mostrada uma bição, serão exibidos somente os documentos com esse
caixa de diálogo perguntando como proceder na próxima tipo de arquivo.
vez em que o documento for aberto. • Salvar com senha: Protege o arquivo com uma se-
Para quebrar o vínculo entre o documento e o modelo nha que deve ser digitada para que o usuário possa abrir
que está faltando, clique em Não; caso contrário, o LibreOf- o arquivo.
fice procurará o modelo na próxima vez que você abrir o
documento. Salvar tudo: Salva todos os documentos do LibreOffice
que foram modificados.

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Recarregar - Imprimir
Substitui o documento atual pela última versão salva.
Todos as alterações efetuadas após o último salvamen- Imprime o documento atual, a seleção ou as páginas
to serão perdidas. que você especificar. Você também pode definir as opções
Escolha Arquivo - Recarregar de impressão para o documento atual. Tais opções variam
de acordo com a impressora e com o sistema operacional
- Versões utilizado.
Salva e organiza várias versões do documento atual no
mesmo arquivo. Você também pode abrir, excluir e compa- Escolha Arquivo - Imprimir
rar versões anteriores. Ctrl+P
Escolha Arquivo - Versões Na Barra de ferramentas, clique em
Novas versões - Define as opções para salvar uma nova
versão do documento. - Configuração da impressora
Salvar nova versão - Salva o estado atual do documen-
to como nova versão. Caso deseje, antes de salvar a nova Selecione a impressora padrão para o documento
versão, insira também comentários na caixa de diálogo In- atual.
serir comentário da versão. Escolha Arquivo - Imprimir - Configurações da impres-
Inserir comentário da versão - Insira um comentário sora
aqui quando estiver salvando uma nova versão. Se você Fecha todos os programas do LibreOffice e pede para
tiver clicado em Mostrar para abrir esta caixa de diálogo, salvar as modificações.
não poderá editar o comentário.
Salvar sempre uma versão ao fechar - Se você tiver fei- - Sair
to alterações no documento, o LibreOffice salvará automa-
ticamente uma nova versão quando você o fechar. Escolha Arquivo - Sair
Se salvar o documento manualmente, e não alterar o Ctrl+Q
documento após salvar, não será criada uma nova versão.
Versões existentes - Lista as versões existentes do do- Editar
cumento atual, a data e a hora em que elas foram criadas,
o autor e os comentários associados.
- Exportar
Salva o documento atual com outro nome e formato
em um local a especificar.
Escolha Arquivo – Exportar
- Exportar como PDF
Salva o arquivo atual no formato Portable Document
Format (PDF) versão 1.4. Um arquivo PDF pode ser visto e
impresso em qualquer plataforma com a formatação ori-
ginal intacta, desde que haja um software compatível ins-
talado.
Escolha Arquivo - Exportar como PDF

- Visualizar impressão

Exibe uma visualização da página impressa ou fecha a


visualização.
Menu Arquivo - Visualizar impressão
Utilize os ícones na barra Visualização de impressão
para folhear as páginas do documento ou para imprimir o
documento.
Você também pode pressionar as teclas Page Up e
Page Down para folhear as páginas.
Obs: Não é possível editar seu documento enquanto
estiver na visualização de impressão.

Este menu contém comandos para editar o conteúdo


do documento atual.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Desfazer - Localizar e substituir


Desfaz o último comando ou a última entrada digitada. Procura ou substitui textos ou formatos no documento
Para selecionar o comando que deseja desfazer, clique na seta atual.
ao lado do ícone Desfazer na barra de ferramentas Padrão. Escolha Editar - Localizar e substituir
Ctrl+H
- Refazer Na Barra de ferramentas, clique em
Reverte a ação do último comando Desfazer. Para sele-
cionar a etapa Desfazer que deseja reverter, clique na seta - Autotexto
ao lado do ícone Refazer na barra de ferramentas Padrão. Cria, edita ou insere Autotexto. Você pode armazenar
texto formatado, texto com figuras, tabelas e campos como
- Repetir Autotexto. Para inserir Autotexto rapidamente, digite o ata-
Repete o último comando. Esse comando está disponí- lho do Autotexto no documento e pressione F3.
vel no Writer e no Calc. Escolha Editar – Autotexto
Ctrl+F3
- Recortar
Remove e copia a seleção para a área de transferência. - Trocar banco de dados
Altera a fonte de dados do documento atual. Para
- Copiar exibir corretamente o conteúdo dos campos inseridos, o
Copia a seleção para a área de transferência. banco de dados que foi substituído deve conter nomes de
Escolha Editar - Copiar campos idênticos.
Ctrl+C
- Campos
- Colar Abre um caixa de diálogo na qual você pode editar as
Insere o conteúdo da área de transferência no local do propriedades de um campo. Clique antes de um campo e
cursor, e substitui qualquer texto ou objeto selecionado.
selecione este comando. Na caixa de diálogo, você pode
Escolha Editar - Colar
usar as setas para ir para o próximo campo ou voltar para
Ctrl+V
o anterior.
- Colar especial
- Notas de rodapé
Insere o conteúdo da área de transferência no arquivo
Edita a âncora de nota de rodapé ou de nota de fim
atual em um formato que você pode especificar.
selecionada. Clique na frente da nota de rodapé ou da nota
Escolha Editar - Colar especial
de fim e, em seguida, escolha este comando.
- Selecionar texto - Entrada de índice
Você pode ativar um cursor de seleção em um texto Edita a entrada de índice selecionada. Clique antes da
somente leitura ou na Ajuda. Escolha Editar - Selecionar entrada de índice ou na própria entrada e, em seguida, es-
texto ou abra o menu de contexto de um documento so- colha este comando.
mente leitura e escolha Selecionar texto. O cursor de sele-
ção não fica intermitente. - Entrada bibliográfica
Use o ícone Editar arquivo para ativar ou desativar o Edita a entrada bibliográfica selecionada.
modo de edição.
- Hiperlink
- Modo de seleção Abre uma caixa de diálogo que permite que você crie
Escolha o modo de seleção do submenu: modo de se- e edite hiperlinks.
leção normal, ou modo de seleção por bloco.
- Vínculos
- Selecionar tudo Permite a edição das propriedades de cada vínculo no
Seleciona todo o conteúdo do arquivo, quadro ou ob- documento atual, incluindo o caminho para o arquivo de
jeto de texto atual. origem. Este comando não estará disponível se o docu-
Escolha Editar - Selecionar tudo mento atual não contiver vínculos para outros arquivos.
Ctrl+A
- Plug-in
- Alterações Permite a edição de plug-ins no seu arquivo. Escolha
Lista os comandos que estão disponíveis para rastrear este comando para ativar ou desativar este recurso. Quan-
as alterações em seu arquivo. do ativado, aparecerá uma marca de seleção ao lado do
comando, e você verá comandos para editar o plug-in em
- Comparar documento seu menu de contexto. Quando desativado, você verá co-
Compara o documento atual com um documento que mandos para controlar o plug-in no menu de contexto.
você seleciona.

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Mapa de imagem - Régua


Permite que você anexe URLs a áreas específicas, deno- Mostra ou oculta a régua horizontal, que é utilizada
minadas pontos de acesso, em uma figura ou em um grupo para ajustar as margens da página, paradas de tabulação,
de figuras. Um Mapa de imagem é um grupo com um ou recuos, bordas, células de tabela e para dispor objetos na
mais pontos de acesso. página. Para mostrar a régua vertical, escolha Ferramentas
- Opções - LibreOffice Writer - Exibir, e selecione a caixa
- Objeto Régua vertical na área Réguas.
Permite editar um objeto selecionado no arquivo, inse-
rido com o comando Inserir - Objeto. - Limites do texto
Mostra ou oculta os limites da área imprimível da pági-
Exibir na. As linhas de limite não são impressas.
Este menu contém comandos para controlar a exibição
do documento na tela. - Sombreamentos de campos
Mostra ou oculta os sombreamentos de campos no
documento, incluindo espaços incondicionais, hifens per-
sonalizados, índices e notas de rodapé.

- Nomes de campos
Alterna a exibição entre o nome e o conteúdo do cam-
po. A presença de uma marca de seleção indica que os no-
mes dos campos são exibidos e a ausência dessa marca
indica que o conteúdo é exibido. O conteúdo de alguns
campos não pode ser exibido.

- Caracteres não-imprimíveis
Mostra os caracteres não imprimíveis no texto, como
marcas de parágrafo, quebras de linha, paradas de tabula-
ção e espaços.

- Parágrafos ocultos
Mostra ou oculta parágrafos ocultos. Esta opção afeta
somente a exibição de parágrafos ocultos. Ela não afeta a
impressão desses parágrafos.

- Fontes de dados
Lista os bancos de dados registrados para o LibreOffice
e permite que você gerencie o conteúdo deles.
- Layout de impressão - Navegador
Exibe a forma que terá o documento quando este for Mostra ou oculta o Navegador. Você pode usá-lo para
impresso. acessar rapidamente diferentes partes do documento e
para inserir elementos do documento atual ou de outros
- Layout da Web documentos abertos, bem como para organizar documen-
Exibe o documento como seria visualizado em um na- tos mestre. Para editar um item do Navegador, clique com
vegador da Web. Esse recurso é útil ao criar documentos o botão direito do mouse no item e, em seguida, escolha
HTML. um comando do menu de contexto. Se preferir, você pode
encaixar o Navegador na borda do espaço de trabalho.
- Código-fonte HTML - Tela inteira
Exibe o código fonte do documento HTML atual. Para Exibe ou oculta os menus e as barras de ferramentas
exibir o código fonte HTML de um novo documento, é ne- no Writer ou no Calc. Para sair do modo de tela inteira,
cessário primeiro salvar o novo documento como um do- clique no botão Ativar/Desativar tela inteira.
cumento HTML.
- Zoom
- Barra de status Reduz ou amplia a exibição de tela do LibreOffice.
Mostra ou oculta a barra de status na borda inferior
da janela. Inserir
O menu Inserir contém os comandos necessários para
- Status do método de entrada inserir novos elementos no seu documento. Isso inclui se-
Mostra ou oculta a janela de status do IME (Input Me- ções, notas de rodapé, anotações, caracteres especiais, fi-
thod Engine). guras e objetos de outros aplicativos.

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Hiperlink
Abre uma caixa de diálogo que permite que você crie
e edite hiperlinks.

- Cabeçalho
Adiciona ou remove um cabeçalho do estilo de página
que você selecionar no submenu. O cabeçalho é adiciona-
do a todas as páginas que usam o mesmo estilo de página.
Em um novo documento, é listado apenas o estilo de pági-
na “Padrão”. Outros estilos de páginas serão adicionados à
lista depois que você aplicá-los ao documento.

- Rodapé
Adiciona ou remove um rodapé do estilo de página se-
lecionado no submenu. O rodapé é adicionado a todas as
páginas que usam o mesmo estilo. Em um novo documen-
to, somente o estilo de página “Padrão” é listado. Outros
estilos serão adicionados à lista depois que forem aplica-
dos ao documento.

- Nota de rodapé / Nota de fim


Insere uma nota de rodapé ou uma nota de fim no do-
cumento. A âncora para a nota será inserida na posição
atual do cursor. Você pode escolher entre numeração au-
tomática ou um símbolo personalizado.

- Legenda
Adiciona uma legenda numerada à figura, tabela, qua-
dro, quadro de texto ou objeto de desenho selecionado. Você
também pode acessar este comando clicando com o botão
direito do mouse no item ao qual deseja adicionar a legenda.

- Marcador
Insere um indicador na posição do cursor. Use o Na-
- Quebra manual vegador para saltar rapidamente para a posição indicada
Insere uma quebra manual de linha, de coluna ou de em outra hora. em um documento HTML, os indicadores
página na posição atual em que se encontra o cursor. são convertidos em âncoras para você navegar através de
hyperlinks.
- Campos
Insere um campo na posição atual do cursor. O sub- - Referência
menu lista os tipos de campos mais comuns. Para exibir Esta é a posição em que você insere as referências ou
todos os campos disponíveis, escolha Outro. os campos referidos no documento atual. As referências
são os campos referidos no mesmo documento ou em
- Caractere especial subdocumentos de um documento mestre.
Insere caracteres especiais a partir das fontes instala-
das. - Anotação
Insere uma anotação.

- Marca de formatação - Script


Abe um submenu para inserir marcas especiais de for- Insere um script na posição atual do cursor em um do-
matação. Ative o CTL para mais comandos. cumento HTML ou de texto.

- Seção - Índices e índices gerais


Insere uma seção de texto no mesmo local em que o Abre um menu para inserir entradas de índice e inserir
cursor está posicionado no documento. Também é possível índices e tabelas.
selecionar um bloco de texto e, em seguida, escolher esse
comando para criar uma seção. Use as seções para inserir - Envelope
blocos de texto de outros documentos, para aplicar layouts Cria um envelope. Nas três guias, você pode especificar
de colunas personalizados ou para proteger ou ocultar os o destinatário e o remetente, a posição e o formato de am-
blocos de texto quando uma condição for atendida. bos os endereços, o tamanho e a orientação do envelope.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Quadro - Limpar formatação direta


Insere um quadro que você pode usar para criar um Remove a formatação direta e a formatação por estilos
layout com uma ou mais colunas de texto e objetos. de caracteres da seleção.

- Tabela - Caractere
Insere uma tabela no documento. Você também pode Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres
clicar na seta, arrastar o mouse para selecionar o número selecionados.
de linhas e colunas a serem incluídas na tabela e, em segui-
da, clicar na última célula. - Parágrafo
Modifica o formato do parágrafo atual, por exemplo,
- Figura alinhamento e recuo.
Selecione a origem da figura que deseja inserir.
- Marcadores e numeração
- Objeto de desenho Adiciona marcadores ou numeração ao parágrafo atual
Insere um objeto no documento. Para vídeo e áudio e permite que você edite o formato da numeração ou dos
utilize Inserir - Multimídia - Áudio ou vídeo. marcadores.

- Quadro flutuante - Página


Insere um quadro flutuante no documento atual. Qua- Especifique os estilos de formatação e o layout do es-
dros flutuantes são utilizados em documentos HTML para tilo de página atual, incluindo margens da página, cabeça-
exibir conteúdo de outro arquivo. lhos, rodapés e o plano de fundo da página.

- Áudio ou vídeo - Alterar caixa


Insere um arquivo de vídeo ou áudio no documento. Altera a caixa dos caracteres selecionados. Se o cursor
estiver no meio de uma palavra e não houver texto selecio-
- Arquivo nado, então a palavra será a seleção.
Insere um arquivo de texto na posição atual do cursor.
- Guia fonético asiático
Formatar Permite que você adicione comentários sobre carac-
Contém comandos para formatar o layout e o conteú- teres asiáticos para serem usados como manual de pro-
do de seu documento. núncia.

- Colunas
Especifica o número de colunas e o layout de coluna
para um estilo de página, quadro ou seção.

- Seções
Altera as propriedades das seções definidas no docu-
mento. Para inserir uma seção, selecione o texto ou clique
no documento e, em seguida, escolha Inserir - Seção.

- Estilos e formatação
Use a janela Estilos e formatação para aplicar, criar, edi-
tar, adicionar e remover estilos de formatação. Clique duas
vezes para aplicar o estilo.

- Autocorreção
Formata automaticamente o arquivo de acordo com
as opções definidas em Ferramentas - Opções da auto-
correção.

- Ancorar
Define as opções de ancoramento para o objeto sele-
cionado.

- Quebra Automática
Define as opções de quebra automática de texto para
figuras, objetos e quadros.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Alinhar (objetos) - Inserir


Alinha os objetos selecionados em relação a outro. Tabela
Insere uma nova tabela.
- Alinhamento (objetos de texto)
Define as opções de alinhamento para a seleção atual. Colunas
Insere colunas.
- Dispor
Altera a ordem de empilhamento do(s) objeto(s) sele- Linhas
cionado(s). Insere linhas.

- Inverter - Excluir
Inverte o objeto selecionado, horizontalmente ou ver- Tabela
ticalmente. Exclui a tabela atual.

- Agrupar Colunas
Agrupa os objetos selecionados de forma que possam Exclui as colunas selecionadas.
ser movidos ou formatados como um único objeto.
Linhas
- Objeto Exclui as linhas selecionadas.
Abre um submenu para editar propriedades do objeto
selecionado. Selecionar
Tabela
- Quadro Seleciona a tabela atual.
Insere um quadro que você pode usar para criar um
layout com uma ou mais colunas de texto e objetos. Coluna
Seleciona a coluna atual.
- Imagem
Formata o tamanho, a posição e outras propriedades Linha
da figura selecionada. Seleciona a linha atual.

Tabela Célula
Seleciona a célula atual.
- Mesclar células
Combina o conteúdo das células selecionadas da tabe-
la em uma única célula.

- Dividir células
Divide a célula ou grupo de células horizontalmente ou
verticalmente em um número especificado de células.

- Mesclar tabela
Combina duas tabelas consecutivas em uma única ta-
bela. As tabelas devem estar lado a lado, e não separadas
por um parágrafo vazio.

- Dividir tabela
Divide a tabela atual em duas tabelas separadas na po-
sição do cursor. Você também pode clicar com o botão di-
reito do mouse em uma célula da tabela para acessar este
comando.

- Autoformatação de tabela
Aplica automaticamente formatos à tabela atual, in-
cluindo fontes, sombreamento e bordas.

Autoajustar
Largura da coluna
Abre a caixa de diálogo Largura da coluna para alterar
a largura de uma coluna.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Largura de coluna ideal Propriedades da tabela


Ajusta automaticamente a largura das colunas para Especifica as propriedades da tabela selecionada,
coincidir com o conteúdo das células. A alteração da lar- como, por exemplo, nome, alinhamento, espaçamento, lar-
gura de uma coluna não afeta a largura das outras colunas gura da coluna, bordas e plano de fundo.
na tabela. A largura da tabela não pode exceder a largura
da página. Ferramentas
Contém ferramentas de verificação ortográfica, uma
- Distribuir colunas uniformemente galeria de objetos artísticos que podem ser adicionados ao
Ajusta a largura das colunas selecionadas para a largu- documento, bem como ferramentas para configurar menus
ra da coluna mais larga da seleção. A largura total da tabela e definir preferências do programa.
não pode exceder a largura da página.

Altura da linha
Abre a caixa de diálogo Altura da linha para alterar a
altura de uma linha.

- Altura de linha ideal


Ajusta automaticamente a altura das linhas para que
corresponda ao conteúdo das células. Esta é a definição
padrão para novas tabelas.

- Distribuir linhas uniformemente


Ajusta a altura das linhas selecionadas para a altura da
linha mais alta na seleção.

Permitir quebra de linha em páginas e colunas


Permite uma quebra de página na linha atual.

Repetir linhas de cabeçalho


Repete os cabeçalhos das tabelas nas páginas subse-
quentes quando a tabela se estende por uma ou mais pá-
ginas.

Converter
Texto em tabela
Abre uma caixa de diálogo para poder converter em
tabela o texto selecionado. - Verificação ortográfica
Verifica a ortografia manualmente.
Tabela para texto
Abre uma caixa de diálogo para converter a tabela - Idioma
atual em texto. Abre um submenu para escolher comandos específicos
do idioma.
Classificar
Classifica alfabeticamente ou numericamente os pará- - Contagem de palavras
grafos ou linhas de tabela selecionados. Você pode definir Conta as palavras e caracteres, com ou sem espaços,
até três chaves de classificação bem como combinar chaves na seleção atual, e em todo o documento. A contagem é
alfabéticas com numéricas. mantida atualizada enquanto digita, ou altera a seleção.

Fórmula - Numeração da estrutura de tópicos


Abre a Barra de fórmulas para inserir ou editar uma Especifica o formato de número e a hierarquia para a
fórmula. numeração de capítulos no documento atual.

Formato numérico - Numeração de linhas


Abre uma caixa de diálogo para especificar o formato Adiciona ou remove e formata números de linha no
de números na tabela. documento atual. Para desativar a numeração de linhas em
um parágrafo, clique no parágrafo, escolha Formatar - Pa-
Limites da tabela rágrafo, clique na guia Numeração e, em seguida, desmar-
Mostra ou oculta os limites em torno das células da ta- que a caixa de seleção Incluir este parágrafo na numeração
bela. Os limites só são visíveis na tela e não são impressos. de linhas

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Notas de rodapé Janela


Especifica as configurações de exibição de notas de
rodapé e notas de fim.

- Galeria
Abre a Galeria, onde você poderá selecionar figuras e
sons para inserir em seu documento.

- Banco de dados bibliográfico


Insira, exclua, edite e organize arquivos no banco de
dados bibliográfico. Contém comandos para manipulação e exibição de ja-
nelas de documentos.
- Assistente de Mala Direta
Inicia o Assistente de Mala Direta para criar cartas- - Nova janela
modelo ou enviar mensagens de e-mail a vários destina-
tários. Abre uma nova janela que exibe os conteúdos da jane-
la atual. Você pode agora ver diferentes partes do mesmo
- Classificar documento ao mesmo tempo.
Classifica alfabeticamente ou numericamente os pa-
rágrafos ou linhas de tabela selecionados. Você pode de- - Fechar a janela
finir até três chaves de classificação bem como combinar
chaves alfabéticas com numéricas. Fecha a janela atual. Escolha Janela - Fechar janela,
ou pressione Ctrl+F4. Na visualização de impressão do Li-
- Calcular breOffice Writer e Calc, você pode fechar a janela ao clicar
Calcula a fórmula selecionada e copia o resultado no botão Fechar visualização.
para a área de transferência.
- Lista de documentos
- Atualizar
Atualiza os itens do documento atual com conteúdo Lista os documentos abertos no momento atual. Sele-
dinâmico, como campos e índices. cione o nome de um documento na lista para alternar para
esse documento.
- Player de mídia
Abre a janela do Player de mídia, para poder visuali- Ajuda
zar arquivos de vídeo e áudio e inseri-los no documento
atual. O menu da Ajuda permite iniciar e controlar o sistema
de Ajuda do LibreOffice.
- Macros
Permite gravar, organizar e editar macros.
- Gerenciador de extensão
O Gerenciador de extensão adiciona, remove, desati-
va, ativa e atualiza extensões do LibreOffice.

- Filtros XML
Abre a caixa de diálogo Configurações do filtro XML,
onde você pode criar, editar, excluir e testar filtros para
importar e exportar arquivos XML.

- Opções da Autocorreção
Configura as opções para substituir texto automatica-
mente ao digitar. Barras de ferramentas

- Personalizar Barra de objetos de texto


Personaliza menus, teclas de atalho, barras de ferra- Contém comandos de formatação para o texto de um
mentas e atribuições de macros do LibreOffice para even- objeto de desenho. A barra Objetos de texto aparece quan-
tos. do você faz um duplo clique dentro de um objeto de de-
senho.
- Opções
Este comando abre uma caixa de diálogo para confi-
guração personalizada do programa.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Nome da fonte - Centralizar


Permite que você selecione um nome de fonte na lista Centraliza na página os parágrafos selecionados.
ou digite um nome de fonte diretamente.
Você pode inserir várias fontes, separadas por ponto
-e-vírgulas. O LibreOffice usará cada fonte nomeada em
sucessão se as fontes anteriores não estiverem disponíveis.
- Direita
Alinha os parágrafos selecionados em relação à mar-
Nome da fonte gem direita da página.

- Tamanho da fonte Alinhar à direita


Permite que você escolha entre diferentes tamanhos
de fonte na lista ou que digite um tamanho manualmente. - Justificar
Alinha os parágrafos selecionados às margens es-
- Negrito querda e direita da página. Se preferir, você pode espe-
Aplica o formato negrito ao texto selecionado. Se o cificar as opções de alinhamento para a última linha de
cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda em negri- um parágrafo, escolhendo Formatar - Parágrafo - Alinha-
to. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a forma- mento.
tação será removida.
Justificado
Negrito
- Suporte a idiomas asiáticos
- Itálico Esses comandos só podem ser acessados após ativar
o suporte para idiomas asiáticos em  Ferramentas - Op-
Aplica o formato itálico ao texto selecionado. Se o cur-
ções - Configurações de idioma - Idiomas.
sor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda em itálico. Se
a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será
- Texto escrito da esquerda para a direita
removida.
Especifica a direção horizontal do texto.

Itálico Direção do texto da esquerda para a direita


- Sublinhado - Texto escrito de cima para baixo
Sublinha o texto selecionado ou remove o sublinhado Especifica a direção vertical do texto.
do texto selecionado.

Texto escrito de cima para baixo


Sublinhado
- Selecionar tudo
- Sobrescrito Seleciona todo o conteúdo do arquivo, quadro ou
Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e le- objeto de texto atual.
vanta o texto acima da linha de base.
Selecionar tudo
Sobrescrito
- Caractere
- Subscrito Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres
Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e po- selecionados.
siciona o texto abaixo da linha de base.
Caractere
Subscrito
- Parágrafo
- Esquerda Aqui você pode definir recuos, espaçamento, alinha-
Alinha o parágrafo selecionado em relação à margem mento e espaçamento de linha para o parágrafo selecio-
esquerda da página. nado.

Alinhar à esquerda Parágrafo

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionando e editando texto • Para selecionar uma frase inteira, clique três vezes em
qualquer lugar na frase.
Você pode adicionar texto ao documento das seguin- • Para selecionar uma única palavra, clique duas vezes
tes maneiras: em qualquer lugar na palavra.
• Digitando texto com o teclado • Para acrescentar mais de um trecho a uma seleção,
• Copiando e colando texto de outro documento selecione o trecho, mantenha pressionada a tecla Ctrl e se-
• Importando texto de outro arquivo lecione outro trecho de texto.

Digitando texto Selecionando texto com o teclado


• Para selecionar o documento inteiro, pressione Ctrl+A.
A maneira mais fácil de inserir texto no documento é • Para selecionar uma única palavra em um dos lados do
digitar o texto. Ao digitá-lo, a ferramenta AutoCorreção cursor, mantenha pressionadas as teclas Ctrl+Shift e pres-
corrige automaticamente possíveis erros de ortografia co- sione a seta para a esquerda <- ou a seta para a direita ->.
muns, como “catra” em vez de “carta”. • Para selecionar um único caractere em um dos lados
Por padrão, a ferramenta Completar palavras coleta
do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione
palavras longas enquanto você digita. Ao começar a digitar
a seta para a esquerda <- ou a seta para a direita ->. Para
novamente a mesma palavra, o
selecionar mais de um caractere, mantenha pressionada a
LibreOffice.org completa automaticamente a palavra.
tecla Shift enquanto pressiona a tecla de direção.
Para aceitar a palavra, pressione Enter ou continue digitando.
• Para selecionar o texto restante na linha à esquerda
do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione
a tecla Home.
• Para selecionar o texto restante na linha à direita do
cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a
tecla End.

Copiando, colando e excluindo texto


Você pode copiar texto de um lugar para outro no
mesmo documento ou de um documento para outro.

Dica – Para desativar as ferramentas de completar e - Para copiar e colar texto


substituir automaticamente procure na ajuda on-line os Etapas
seguintes termos: 1. Selecione o texto que deseja copiar e siga um destes
• Função de AutoCorreção procedimentos:
• Função de AutoEntrada • Escolha Editar – Copiar.
• Completar palavras • Pressione Ctrl+C.
• Reconhecimento de números • Clique no ícone Copiar na barra Padrão.
• Função de AutoFormatação • Clique com o botão direito do mouse no texto sele-
cionado e escolha Copiar.
Selecionando texto O texto continua na área de transferência até você co-
piar outra seleção de texto ou item.
Você pode selecionar texto com o mouse ou com o
teclado.
2. Clique ou mova o cursor para onde deseja colar o
texto. Siga um destes procedimentos:
• Escolha Editar – Colar.
• Pressione Ctrl+V.
• Clique no ícone Colar na barra Padrão.
• Clique com o botão direito do mouse onde deseja
Selecionando texto com o mouse colar o texto e escolha Colar.
• Para selecionar um trecho de texto, clique no início
do trecho, mantenha pressionado o botão esquerdo do - Para excluir texto
mouse e arraste o mouse até o fim do texto. Etapas
Pode também clicar na frente do trecho, mover o mou- 1. Selecione o texto que deseja excluir.
se até o fim do texto, manter pressionada a tecla Shift e 2. Siga um destes procedimentos:
clicar novamente. • Escolha Editar - Recortar ou pressione Ctrl+X.

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O texto é excluído do documento e adicionado à área • Para substituir a ocorrência do texto encontrada pela
de transferência, para você colar o texto onde pretender. que você inseriu na caixa Substituir por, clique em Substituir.
• Pressione a tecla Delete ou Backspace. • Para substituir todas as ocorrências do texto encon-
Observação – Você pode usar essas teclas para tam- tradas pela que você inseriu na caixa Substituir por, clique
bém excluir caracteres individuais. em Substituir tudo.
Se desejar desfazer uma exclusão, escolha Editar - Des- • Para ignorar o texto encontrado e continuar a procu-
fazer ou pressione Ctrl+Z. ra, clique em Localizar próxima.
6. Clique em Fechar quando concluir a procura.
-Para inserir um documento de texto
Você pode inserir o conteúdo de qualquer documento Verificando ortografia
de texto no documento do Writer, desde que o formato do
arquivo seja conhecido pelo LibreOffice.org. O Writer pode verificar possíveis erros ortográficos en-
Etapas quanto você digita ou em um documento inteiro.
1. Clique no documento do Writer onde deseja inserir
o texto. - Para verificar ortografia enquanto digita
2. Escolha Inserir – Arquivo. O Writer pode avisar sobre possíveis erros de ortogra-
3. Localize o arquivo que deseja inserir e clique em In- fia enquanto você digita.
serir. Para ativar e desativar esse recurso, clique no ícone Au-
Localizando e substituindo texto toOrtografia e gramatica na barra de Ferramentas. Quando
Você pode usar o recurso Localizar e substituir no Li- esse recurso está ativado, uma linha vermelha ondulada
breOffice.org Writer para procurar e substituir palavras em marca possíveis erros ortográficos.
um documento de texto.

- Para localizar e substituir texto

1. Clique com o botão direito do mouse em uma pala-


vra com um sublinhado ondulado em vermelho.

2. Siga um destes procedimentos:


• Escolha uma das palavras de substituição sugeridas
no alto do menu de contexto.
A palavra incorreta é substituída pela palavra que você
escolher.

• Escolha uma das palavras de substituição no sub-


Etapas menu AutoCorreção.
1. Escolha Editar – Localizar e substituir. A palavra incorreta é substituída pela palavra que você
Abre-se a caixa de diálogo Localizar e substituir. escolher.
2. Na caixa Pesquisar por, digite o texto que você dese- As duas palavras são acrescentadas automaticamen-
ja localizar no documento. te à lista de substituição da ferramenta AutoCorreção. Na
Pode selecionar também a palavra ou a frase que dese- próxima vez que cometer o mesmo erro ortográfico, o Wri-
ja procurar no documento de texto e escolher Editar - Lo- ter fará a correção ortográfica automaticamente.
calizar e substituir. O texto selecionado é inserido automa- • Escolha Ortografia e gramatica para abrir a caixa de
ticamente na caixa Procurar. diálogo Ortografia e gramatica.
3. Na caixa Substituir por, insira a palavra ou a frase de • Para adicionar a palavra a um dos dicionários, escolha
substituição. Adicionar e clique no nome do dicionário.
4. Clique em Localizar para iniciar a procura. Observação – O número de entradas em um dicionário
5. Quando o Writer localizar a primeira ocorrência da definido pelo usuário é limitado, mas você pode criar quan-
palavra ou frase, siga um destes procedimentos: tos dicionários definidos pelo usuário forem necessários.

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Para verificar a ortografia em um documento inteiro


Se não deseja verificar a ortografia enquanto digita, você pode usar a ferramenta Ortografia e gramatica para corrigir
erros manualmente. A ferramenta Ortografia e gramatica começa a partir da posição atual do cursor ou a partir do início
do texto selecionado.

Etapas

1. Clique no documento ou selecione o texto que deseja corrigir.

2. Escolha Ferramentas - Ortografia e gramatica.

3. Quando um possível erro de ortografia é localizado, a caixa de diálogo Ortografia e gramatica sugere uma correção.

4. Siga um destes procedimentos:


• Para aceitar uma correção, clique em Corrigir.
• Substitua a palavra incorreta na caixa no alto pela palavra correta e clique em Alterar.
• Para ignorar a palavra atual uma vez e continuar a Ortografia e gramatica, clique em Ignorar uma vez.
• Para ignorar a palavra atual no documento inteiro e continuar a Ortografia e gramatica, clique em Ignorar sempre.

Formatando texto
O Writer permite-lhe formatar o texto manualmente ou ao usar estilos. Com os dois métodos, você controla tamanho,
tipo de fonte, cor, alinhamento e espaçamento do texto. A principal diferença é que a formatação manual aplica-se apenas
ao texto selecionado, enquanto a formatação de estilo aplica-se toda vez que o estilo é usado no documento.

Formatando texto manualmente

Para uma formatação simples, como alterar o tamanho e a cor do texto, use os ícones na barra Formatação. Se desejar,
pode também usar os comandos de menu no menu Formato, assim como teclas de atalho.

Selecione o texto que deseja alterar e siga um destes procedimentos:


• Para alterar o tipo de fonte usado, selecione uma fonte diferente na caixa Nome da fonte.
• Para alterar o tamanho do texto, selecione um tamanho na caixa Tamanho da fonte.
• Para alterar o tipo de letra do texto, clique no ícone Negrito, Itálico ou Sublinhado.

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pode também usar as seguintes teclas de atalho: Ctr-


l+B para negrito, Ctrl+I para itálico ou Ctrl+U para subli-
nhado. Para restaurar o tipo de letra padrão, selecione o
texto novamente e clique no mesmo ícone, ou pressione
as mesmas teclas de atalho.
• Para alterar o alinhamento do texto, clique no ícone
Alinhar à esquerda, Centralizar, Alinhar à direita ou Justi-
ficado.
• Para adicionar ou remover marcadores ou números
de uma lista, clique no ícone Ativar/desativar numeração
ou Ativar/desativar marcadores.
• Para alterar um recuo do texto, use os ícones de
recuo.
• Para alterar a cor do texto, clique no ícone Cor da
fonte.
• Para alterar a cor do plano de fundo do texto, clique
no ícone Cor do plano de fundo ou no ícone Realce.
Dica – Consulte a ajuda on-line para obter informação
sobre a diferença desses dois ícones.

Formatando texto com estilos Usando o navegador


No Writer, a formatação padrão de caracteres, pará-
grafos, páginas, quadros e listas é feita com estilos. Um O Navegador exibe as seguintes categorias de objetos
estilo é um conjunto de opções de formatação, como tipo no documento:
e tamanho da fonte. Um estilo define o aspecto geral do • Títulos
texto, assim como o layout de um documento. • Folhas
Você pode selecionar alguns estilos comuns, e todos • Tabelas
os estilos aplicados, a partir da lista drop-down Aplicar • Quadros de texto
estilo na barra Formatar. • Gráficos
• Objetos OLE
• Seções
• Hyperlinks
• Referências
• Índices
• Notas

Uma maneira fácil de aplicar um estilo de formatação


é com a janela Estilos e formatação. Para abrir a janela
Estilos e formatação, escolha Formatar – Estilos e forma-
tação.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Para visualizar o conteúdo de uma categoria, clique no sinal de mais na frente do nome da categoria.
• Para exibir o conteúdo de uma única categoria no Navegador, selecione a categoria e clique no ícone Exibição do
conteúdo.

Observação – Para exibir todo o conteúdo, clique novamente no ícone Exibição do conteúdo.
• Para saltar rapidamente para o local no documento, clique duas vezes em qualquer entrada na lista do Navegador.
• Para editar propriedades de um objeto, clique no objeto com o botão direito do mouse.
Você pode encaixar o Navegador na borda de qualquer janela do documento.
Para desanexar o Navegador da borda de uma janela, clique duas vezes na área cinza do Navegador encaixado. Para
redimensionar o Navegador, arraste as bordas do Navegador.
Dica – Em um documento de texto, você pode usar o modo Exibição do conteúdo para títulos para arrastar e soltar
capítulos inteiros em outras posições dentro do documento. Para obter mais informações, consulte a ajuda on-line sobre
o Navegador.

Usando tabelas em documentos do Writer


Você pode usar tabelas para apresentar e organizar informações importantes em linhas e colunas, para as informações
serem lidas com facilidade. A interseção de uma linha e uma coluna é chamada de célula.
- Para adicionar uma tabela a um documento do Writer
Etapas
1. Escolha Tabela - Inserir – Tabela.
2. Na área Tamanho, digite o número de linhas e colunas para a tabela.

3. (Opcional) Para usar um layout de tabela predefinido, clique em AutoFormatar, selecione o formato desejado e clique em OK.

4. Na caixa de diálogo Inserir tabela, especifique opções adicionais, como o nome da tabela, e clique em OK.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Para adicionar uma linha ou coluna a uma tabela


Etapas
1. Clique em qualquer linha ou coluna da tabela.
2. Clique no ícone Inserir coluna ou Inserir linha na barra Tabela.

- Para excluir uma linha ou coluna de uma tabela


Etapas
1. Clique na linha ou coluna que deseja excluir.
2. Clique no ícone Excluir coluna ou Excluir linha na barra Tabela.

Cabeçalho e rodapé
Cabeçalhos e rodapés são áreas nas margens superior e inferior das páginas para adiciona textos ou figuras. Os ca-
beçalhos e rodapés são adicionados ao estilo de página atual. Todas as páginas que usarem o mesmo estilo receberão
automaticamente o cabeçalho ou rodapé adicionado. É possível inserir Campos, tais como números de páginas e títulos de
capítulos, nos cabeçalhos e rodapés de um documento de texto.
Obs.: O estilo de página para a página atual será exibido na Barra de status.
Para adicionar um cabeçalho a uma página, escolha Inserir - Cabeçalho e, em seguida, no submenu, selecione o estilo
de página para a página atual.
Para adicionar um rodapé a uma página, escolha Inserir - Rodapé e, em seguida, selecione o estilo de página para a
página atual no submenu.
Você também pode escolher Formatar - Página, clicar na guia Cabeçalho ou Rodapé, e selecionar Ativar cabeçalho ou
Ativar rodapé. Desmarque a caixa de seleção Mesmo conteúdo esquerda/direita se desejar definir cabeçalhos e rodapés
diferentes para páginas pares e ímpares.
Para utilizar diferentes cabeçalhos e rodapés documento, adicione-os a diferentes estilos de páginas e, em seguida,
aplique os estilos às páginas nas deseja exibir os cabeçalhos ou rodapés.

Marcadores e numeração
Para adicionar marcadores
Selecione o(s) parágrafo(s) ao(s) qual(is) deseja adicionar marcadores.
Na barra de Formatação, clique no ícone Ativar/desativar marcadores.

Para remover marcadores, selecione os parágrafos com marcadores e, em seguida, clique no ícone Ativar/Desativar
marcadores na barra Formatação.
Para formatar marcadores
Para alterar a formatação da lista com marcadores, escolha Formatar - Marcadores e numeração.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Por exemplo, para mudar o símbolo do marcador, cli- Para formatar o estilo dos números de página
que na guia Opções , clique no botão de seleção (...) per- Você deseja que os números da página sejam em
to de Caractere, e selecione um caractere especial. Pode- numerais romanos: i, ii, iii, iv e assim por diante.
se também clicar na guia Figura, e clicar num estilo de Clique duas vezes imediatamente na frente do campo
símbolo na área Seleção. de número da página. A caixa de diálogo Editar campos
se abrirá.
Números de página Selecione um formato de número e clique em OK.
No Writer, o número da página é um campo que Utilizar diferentes estilos de número de página
pode ser inserido no texto. Você precisa que algumas páginas apresentem o esti-
lo em numerais romanos e o restante das páginas, outro
Para inserir números de página estilo.
Escolha Inserir - Campos - Número da página para No Writer, serão necessários vários estilos de página.
inserir um número de página na posição atual do cursor. O primeiro estilo de página apresenta um rodapé com um
Obs.: Se, em vez do número, aparecer o texto “Núme- campo de número de página formatado em numerais ro-
ro da página”, escolha Exibir - Nome de campos. manos. O estilo de página seguinte apresenta um rodapé
No entanto, esses campos mudarão de posição quan- com um campo de número de página formatado em outro
do um texto for adicionado ou removido. Assim, é melhor estilo.
inserir o campo de número da página em um cabeçalho Ambos estilos de página devem estar separados por
ou rodapé que se encontram na mesma posição e se re- uma quebra de página. No Writer, é possível inserir que-
petem em todas as páginas. bras de página automática ou manualmente.
Escolha Inserir - Cabeçalho - (nome do estilo de pá- Uma quebra de página automática aparece no final de
gina) ou Inserir - Rodapé - (nome do estilo de rodapé) uma página quando o estilo de página possui um “próxi-
para adicionar um cabeçalho ou um rodapé em todas as mo estilo” diferente.
páginas com o estilo de página atual. Por exemplo, o estilo de página da “Primeira página”
apresenta “Padrão” como próximo estilo. Para comprovar
Para iniciar com um número de página definido essa possibilidade, pressione F11 para abrir a janela Estilos
Agora você que ter um pouco mais de controle sobre e formatação, clique no ícone Estilos de página e clique
o número da página. Você está editando um documento com o botão direito do mouse na entrada Primeira página.
de texto que deve começar com o número de página 12. Escolha Modificar no menu de contexto. Na guia Organi-
zador, pode ser visto o “próximo estilo”.
Clique no primeiro parágrafo do documento. A quebra de página manual pode ser aplicada com ou
Escolha Formatar - Parágrafo - Fluxo de texto. sem alterações dos estilos de página.
Em Quebras, ative Inserir. Ative Com estilo de página Se pressionar Ctrl+Enter, será aplicada a quebra de
para poder definir o novo Número da página. Clique em página sem alterações nos estilos de página.
OK. Se escolher Inserir - Quebra manual, a quebra de pá-
gina pode ser inserida com ou sem alterações no estilo ou
com alterações no número da página.
Dependendo do documento, é melhor: utilizar a que-
bra de página inserida manualmente entre os estilos de
página, ou utilizar uma mudança automática. Se for neces-
sária apenas uma página de título com estilo diferente, o
método automático pode ser utilizado:

Para aplicar um estilo de página diferente na primeira


página
Clique na primeira página do documento.
Escolha Formatar - Estilos e formatação.
Na janela Estilos e formatação, clique no ícone Estilos
de página.
Clique duas vezes no estilo “Primeira página”.
A página de título apresentará o estilo “Primeira pági-
na” e as páginas seguintes apresentarão automaticamente
o estilo “Padrão”.
Você pode agora por exemplo, inserir um rodapé so-
O novo número da página é um atributo do primeiro mente para o estilo de página “Padrão”, ou inserir rodapés
parágrafo da página. em ambos estilos de página, mas com os campos de nú-
mero de página formatados de modo diferente.

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para aplicar uma alteração de estilo de página inserida F7 - Verificação ortográfica


manualmente Ctrl+F7 - Dicionário de sinônimos
Clique no início do primeiro parágrafo da página onde F8 - Modo de extensão
será aplicado um estilo de página diferente. Ctrl+F8 - Ativar/Desativar sombreamentos de campos
Escolha Inserir - Quebra manual. A caixa de diálogo Editar Shift+F8 - Modo de seleção adicional
quebra se abrirá. Ctrl+Shift+F8 - Modo de seleção por bloco
Na caixa de listagem Estilo, selecione um estilo de pági- F9 - Atualiza os campos
na. Você pode definir um novo número de página também. Ctrl+F9 - Mostra os campos
Clique em OK. Shift+F9 - Calcula a tabela
O estilo de página selecionado será usado a partir do pa- Ctrl+Shift+F9 - Atualiza os campos e as listas de entrada
rágrafo atual até a próxima quebra de página com estilo. Você Ctrl+F10 - Ativar/Desativar caracteres não imprimíveis
pode precisar criar primeiro um novo estilo de página. F11 - Ativar/Desativar janela Estilos e formatação
Shift+F11 - Cria um estilo
Gráfico em um documento de texto do Writer Ctrl+F11 - Define o foco para a caixa Aplicar estilos
Em um documento do Writer, você pode inserir um gráfi- Ctrl+Shift+F11 - Atualiza o estilo
co com valores provenientes de uma tabela do Writer.#Clique F12 - Ativar numeração
dentro da tabela do Writer. Ctrl+F12 - Insere ou edita a tabela
Selecione Inserir – Objeto – Gráfico. Shift+F12 - Ativa marcadores
Ctrl+Shift+F12 - Desativa Numeração / Marcadores

Teclas de atalho para o LibreOffice Writer


Teclas de atalho - Efeito
Ctrl+A - Selecionar tudo
Ctrl+J - Justificar
Ctrl+D - Sublinhado duplo
Ctrl+E - Centralizado
Ctrl+H - Localizar e substituir
Ctrl+Shift+P - Sobrescrito
Ctrl+L - Alinhar à esquerda
Ctrl+R - Alinhar à direita
Ctrl+Shift+B - Subscrito
Ctrl+Y - Refaz a última ação
Ctrl+0 (zero) - Aplica o estilo de parágrafo Padrão
Ctrl+1 - Aplica o estilo de parágrafo Título 1
Ctrl+2 - Aplica o estilo de parágrafo Título 2
Ctrl+3 - Aplica o estilo de parágrafo Título 3
Ctrl+4 - Aplica o estilo de parágrafo Título 4
Ctrl+5 - Aplica o estilo de parágrafo Título 5
Ctrl + tecla mais - Calcula o texto selecionado e copia o
Você verá uma visualização do gráfico e o Assistente de resultado para a área de transferência.
gráfico. Ctrl+Hífen(-) - Hifens personalizados; hifenização defini-
Siga as instruções no Assistente de gráfico para criar um da pelo usuário.
gráfico. Ctrl+Shift+sinal de menos (-) - Traço incondicional (não
utilizado na hifenização)
Teclas de atalho do LibreOffice Writer Ctrl+sinal de multiplicação * (somente no teclado numé-
Você pode utilizar teclas de atalho para executar rapida- rico) - Executar campo de macro
mente tarefas comuns no LibreOffice. Esta seção relaciona as Ctrl+Shift+Espaço - Espaços incondicionais. Esses es-
teclas de atalho padrão do LibreOffice Writer. paços não serão usados para hifenização nem serão expandi-
dos se o texto estiver justificado.
Teclas de função para o LibreOffice Writer Shift+Enter - Quebra de linha sem mudança de parágrafo
Teclas de atalho - Efeito Ctrl+Enter - Quebra manual de página
F2 - Barra de fórmulas Ctrl+Shift+Enter - Quebra de coluna em textos com vá-
Ctrl+F2 - Insere campos rias colunas
F3 - Completa o autotexto Alt+Enter - Insere um novo parágrafo sem numeração
Ctrl+F3 - Edita o autotexto numa lista. Não funciona se o cursor estiver no fim da lista.
F4 - Abre a exibição da fonte de dados Alt+Enter - Insere um novo parágrafo antes ou depois de
Shift+F4 - Seleciona o próximo quadro uma seção ou antes de uma tabela.
F5 - Ativar/Desativar o Navegador Seta para a esquerda - Move o cursor para a esquerda
Ctrl+Shift+F5 - Ativar Navegador, vai para número da Shift+Seta para a esquerda - Move o cursor para a es-
página querda com seleção

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ctrl+Seta para a esquerda - Vai para o início da palavra LIBREOFFICE CALC


Ctrl+Shift+Seta para a esquerda - Seleciona à esquerda,
uma palavra de cada vez O LibreOffice Calc é um programa de planilha que você
Seta para a direita - Move o cursor para a direita pode usar para organizar e manipular dados que contêm
Shift+Seta para a direita - Move o cursor para a direita texto, números, valores de data e tempo, e mais, por exem-
com seleção plo para o orçamento doméstico.
Ctrl+Seta para a direita - Vá para o início da próxima palavra O Calc nos permite:
Ctrl+Shift+Seta para a direita - Seleciona à direita, uma • Aplicar fórmulas e funções a dados numéricos e
palavra de cada vez efetuar cálculos
Seta para cima - Move o cursor uma linha acima • Aplicação de uma muitas formatações, como tipo,
Shift+Seta para cima - Seleciona linhas de baixo para cima tamanho e coloração das fontes, impressão em colunas,
Ctrl+Seta para cima - Move o cursor para o começo do alinhamento automático etc ...,
parágrafo anterior • Utilização de figuras, gráficos e símbolos,
CtrlShift+Seta para cima - Seleciona até o começo do pa- • Movimentação e duplicação dos dados e fórmulas
rágrafo. Ao repetir, estende a seleção até o início do parágrafo dentro das planilhas ou para outras planilhas,
anterior • Armazenamento de textos em arquivos, o que
Seta para baixo - Move o cursor uma linha para baixo permite usá-los ou modificá-los no futuro.
Shift+Seta para baixo - Seleciona linhas de cima para baixo
Ctrl+Seta para baixo - Move o cursor para o final do pa- Fundamentos da planilha
rágrafo. Uma planilha (“sheet”) é uma grande tabela, já prepa-
CtrlShift+Seta para baixo - Seleciona até o fim do pará- rada para efetuar cálculos, operações matemáticas, proje-
grafo. Ao repetir, estende a seleção até o fim do próximo pa- ções, análise de tendências, gráficos ou qualquer tipo de
rágrafo operação que envolva números.
Home - Vai até o início da linha Cada planilha se compõe de colunas e linhas, cuja in-
Home+Shift - Vai e seleciona até o início de uma linha tersecção delimita as células:
End - Vai até o fim da linha Colunas: Estão dispostas na posição vertical e são iden-
End+Shift - Vai e seleciona até o fim da linha tificadas da esquerda para a direita, começando com A até
Ctrl+Home - Vai para o início do documento Z. Depois de Z, são utilizadas 2 letras: AA até AZ, que são
Ctrl+Home+Shift - Vai e seleciona o texto até o início do seguidas por BA até BZ, e assim por diante, até a última (IV),
documento num total de 256 colunas.
Ctrl+End - Vai para o fim do documento Linhas: Estão dispostas na posição horizontal e são
Ctrl+End+Shift - Vai e seleciona o texto até o fim do do- numeradas. Portanto, a intersecção entre linhas e colunas
cumento gera milhões de células disponíveis.
Ctrl+PageUp - Alterna o cursor entre o texto e o cabe- Cada planilha possui 1.048.576 linhas e as colunas vão
çalho até AMJ.
Ctrl+PageDown - Alterna o cursor entre o texto e o ro- Valores: Um valor pode representar um dado numérico
dapé ou textual entrado pelo usuário ou pode ser resultado de
Insert - Ativa / Desativa modo de inserção uma fórmula ou função.
PageUp - Move uma página da tela para cima Fórmulas: A fórmula é uma expressão matemática
Shift+PageUp - Move uma página da tela para cima com dada ao computador (o usuário tem que montar a fórmula)
seleção para calcular um resultado, é a parte inteligente da pla-
PageDown - Move uma página da tela para baixo nilha; sem as fórmulas a planilha seria um amontoado de
Shift+PageDown - Move uma página da tela para baixo textos e números.
com seleção Funções: São fórmulas pré-definidas para pouparem
Ctrl+Del - Exclui o texto até o fim da palavra tempo e trabalho na criação de uma equação.
Ctrl+Backspace - Exclui o texto até o início da palavra Uma célula é identificada por uma referência que con-
Em uma lista: exclui um parágrafo vazio na frente do pa- siste na letra da coluna a célula seguida do número da li-
rágrafo atual nha da célula. Por exemplo, a referência de uma célula na
Ctrl+Del+Shift - Exclui o texto até o fim da frase interseção da coluna A e da linha 2 é A2. Além disso, a
Ctrl+Shift+Backspace - Exclui o texto até o início da frase referência do intervalo de células nas colunas de A a C e
Ctrl+Tab - Próxima sugestão com Completar palavra au- linhas 1 a 5 é A1:C5.
tomaticamente Endereço ou Referência: Cada planilha é formada
Ctrl+Shift+Tab - Utiliza a sugestão anterior com Comple- por linhas numeradas e por colunas ordenadas alfabetica-
tar palavra automaticamente mente, que se cruzam delimitando as células. Quando se
Ctrl+Alt+Shift+V - Cola o conteúdo da área de transfe- clica sobre uma delas, seleciona-se a célula.
rência como texto sem formatação. Célula: corresponde à unidade básica da planilha, ou
Ctrl + clique duplo ou Ctrl + Shift + F10 - Utilize esta com- seja, cada retângulo da área de edição.
binação para encaixar ou desencaixar rapidamente a janela Célula Ativa: É a célula onde os dados serão digitados,
do Navegador, a janela Estilos e Formatação ou outras janelas ou seja, onde está o cursor no instante da entrada de dados.

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dá-se o nome Endereço ou Referência ao conjunto das coordenadas que uma célula ocupa em uma planilha. Por exem-
plo, a intersecção entre a coluna B e a linha 3 é exclusiva da casela B3, portanto é a sua referência ou endereço.
A figura abaixo mostra a célula B3 ativa (ou atual, ou selecionada), ou seja, o cursor está na intersecção da linha 3 com
a coluna B. (Notar que tanto a linha 3 como a coluna B destacam-se em alto relevo).

A célula ativa ou célula atual é a que está clicada, ou seja,


é aquela na qual serão digitadas os dados nesse momento.

Apenas uma célula pode ficar ativa de cada vez e a seleção é representada pelas bordas da célula que ficam negritadas.
Para mudar a posição da célula ativa pode-se usar o mouse ou as teclas de seta do teclado.
Observação - Você pode também incluir o nome do arquivo e o nome da folha em uma referência a uma célula ou
a um intervalo de células. Pode atribuir um nome a uma célula ou intervalo de células, para usar o nome em vez de uma
referência à coluna/número. Para obter detalhes, pesquise o termo eferências na ajuda on-line.

Layout

Barra de título
A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o nome da planilha atual. Quando a planilha for recém criada, seu
nome é Sem título X, onde X é um número. Quando a planilha é salva pela primeira vez, você é solicitado a dar um nome
a sua escolha.

Barra de Menus
A Barra de Menus é composta por 9 menus, que são: Arquivo, Editar, Exibir, Inserir, Formatar, Tabela, Ferramentas, Ja-
nela e Ajuda. Onde encontra-se todos os comandos do Calc.
Menu Arquivo: Este menu contém os comandos para Criar uma planilha, salva-la, abrir os documentos já salvos e os
mais recentes e por fim fechar a planilha.

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Menu Editar: Responsável pelos comando de copiar, mover e excluir os dados, desfazer e refazer uma ação além de
localizar e substituir dados.
Menu Exibir: Esse menu é utilizado para estruturar a área de trabalho. A partir de suas opções, podem ser exibidas ou
ocultadas as barras do LibreOffice.Calc. Ainda podem ser trabalhadas a aparência e o tamanho da tela de trabalho.
Menu Inserir: É responsável pela inserção de elementos como linhas, colunas, comentários nas células, figuras, gráficos,
fórmulas músicas, vídeos entre outros.
Menu Formatar: É responsável pela formatação de fontes e números, alinhamento dados nas células inserção de bordas
nas células e alteração de cores tanto de fonte quanto de plano de fundo.
Menu Ferramentas: Possui comandos para proteger o documento impedindo que alterações sejam feitas, personaliza
menus e as teclas de atalho, além de possuir recurso Galeria, onde podemos selecionar figuras e sons do próprio LibreOf-
fice para inserir no documento.
Menu Dados: Seleciona um intervalo e Classifica as linhas selecionadas de acordo com as condições especificas além
de outras funções.
Menu Janela: É utilizado para Abrir uma nova janela, Fecha a janela atual, Dividir a janela atual e listar todas as janelas
do documento.
Menu Ajuda: Abre a página principal da Ajuda de OpenOffice.org.br para o aplicativo atual. Você pode percorrer as
páginas da Ajuda e procurar pelos termos do índice ou outro texto.
Você pode personalizar a Barra de menu conforme as suas necessidades, para isso, vá em Ferramentas → Personalizar...
e vá na guia Menu.

Barra de ferramentas
Três barras de ferramentas estão localizadas abaixo da Barra de menus, por padrão: A Barra de ferramentas padrão, a
Barra de ferramentas de formatação, e a Barra de fórmulas.
Na Barra de ferramentas padrão estão várias opções tais como, gráficos, impressão, ajuda, salvar, outros.
Na Barra de ferramentas de formatação existem opções para alinhamento, numeração, recuo, cor da fonte e o outros.

Barra de fórmulas

Apresentando a barra de fórmulas.


À direita da Caixa de nome estão os botões do Assistente de Funções, de Soma, e de Função.
Clicando no botão do Assistente de Funções abre-se uma caixa de diálogo onde pode-se pesquisar em uma lista de
funções disponíveis em várias categorias como data e hora, matemática, financeira, dados, texto e outras. Isso pode ser
muito útil porque também mostra como as funções são formatadas.
Clicando no botão Soma insere-se uma fórmula na célula selecionada que soma os valores numéricos das células acima
dela. Se não houver números acima da célula selecionada, a soma será feita pelos valores das células à esquerda.
Clicando no botão Função insere-se um sinal de igual (=) na célula selecionada e na Linha de Entrada de dados, ati-
vando a célula para aceitar fórmulas.
Quando você digita novos dados numa célula, os botões de Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e
Aceitar.
O conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula, ou função) são exibidos na Linha de Entrada de Dados, que é um
lembrete da Barra de Fórmulas. Você pode editar o seu conteúdo na própria Linha de Entrada de Dados. Para editá-la, cli-
que na Linha de Entrada de Dados e digite suas alterações. Para editar dentro da célula selecionada, clique duas vezes nela.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Células individuais
A seção principal da tela exibe as células na forma de uma tabela, onde cada célula fica na interseção de uma coluna
com uma linha. É nela que colocaremos valores, referências e formatos.
No alto de cada coluna, e à esquerda de cada linha, há uma célula cinza, contendo letras (colunas) e números (linhas).
Esses são os cabeçalhos das colunas e linhas. As colunas começam em A e seguem para a direita, e as linhas começam em
1 e seguem para baixo.
Os cabeçalhos das colunas e linhas formam a referência da célula que aparece na Caixa de Nome na Barra de Fórmulas.
Você pode desligar esses cabeçalhos em Exibir → Cabeçalhos de Linhas e Colunas.
Abas de folhas
Abaixo da tabela com as células estão as abas das folhas. Essas abas permitem que você acesse cada folha da planilha
individualmente, com a folha visível (ativa) estando na cor branca. Você pode escolher cores diferentes para cada folha.
Clicando em outra aba de folha exibe-se outra folha e sua aba fica branca. Você também pode selecionar várias folhas
de uma só vez, pressionando a tecla Ctrl ao mesmo tempo que clica nas abas.

Barra de estado
Na parte inferior da janela do Calc está a barra de estado, que mostra informações sobre a planilha e maneiras con-
venientes de alterar algumas das suas funcionalidades. A maioria dos campos é semelhante aos outros componentes do
LibreOffice.
Partes esquerda e direita da barra de estado, respectivamente:

Criando uma planilha


Para criar uma nova planilha a partir de qualquer programa do Libreoffice, escolha Arquivo - Novo – Planilha.
Movendo-se em uma folha
Você pode usar o mouse ou o teclado para mover-se em uma folha do Calc ou para selecionar itens na folha. Se sele-
cionou um intervalo de células, o cursor permanece no intervalo ao mover o cursor.
- Para mover-se em uma folha com o mouse
Etapa
Use a barra de rolagem horizontal ou vertical para mover para os lados ou para cima e para baixo em uma folha.
• Clique na seta na barra de rolagem horizontal ou vertical.
• Clique no espaço vazio na barra de rolagem.
• Arraste a barra na barra de rolagem.
Dica – Para mover o cursor para uma célula específica, clique na célula.

- Para mover-se em uma folha com o teclado


Etapa
Use as seguintes teclas e combinações de teclas para mover-se em uma folha:
• Para mover uma célula para baixo em uma coluna, pressione a tecla de seta para baixo ou Enter.
• Para mover uma célula para cima em uma coluna, pressione a tecla de seta para cima.
• Para mover uma célula para a direita, pressione a tecla de seta para a direita ou Tab.
• Para mover uma célula para a esquerda, pressione a tecla de seta para a esquerda.
Dica – Para mover para a última célula que contém dados em uma coluna ou linha, mantenha pressionada a tecla Ctrl
enquanto pressiona uma tecla de direção.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecionando células em uma folha 3. Arraste a alça de preenchimento até realçar o inter-
Você pode usar o mouse ou o teclado para selecionar valo de células no qual deseja inserir a série.
células em uma folha do Calc. 4. Solte o botão do mouse.
• Para selecionar um intervalo de células com o mouse,
clique em uma célula e arraste o mouse para outra célula. Os itens consecutivos na série são adicionados auto-
• Para selecionar um intervalo de células com o teclado, maticamente às células realçadas.
certifique-se de que o cursor esteja em uma célula, man-
tenha pressionada a tecla Shift e pressione uma tecla de
direção.

Dica – Para copiar sem alterar os valores em uma série,


pressione a tecla Ctrl enquanto arrasta.

Editando e excluindo o conteúdo de células


Você pode editar o conteúdo de uma célula ou interva-
lo de células em uma folha.
- Para editar o conteúdo de células em uma folha
Digitando ou colando dados
Etapas
A maneira mais simples de adicionar dados a uma fo-
1. Clique em uma célula ou selecione um intervalo de
lha é digitar, ou copiar e colar dados de outra folha do Calc
ou de outro programa. células.
- Para digitar ou colar dados em uma planilha Dica – Para selecionar um intervalo de células, clique
Etapas em uma célula. Em seguida arraste o mouse até cobrir o
1. Clique na célula à qual deseja adicionar dados. intervalo que deseja selecionar.
2. Digite os dados. Para selecionar uma linha ou coluna inteira, clique no
Se desejar colar dados da área de transferência na cé- rótulo da linha ou coluna.
lula, escolha Editar - Colar. 2. Para editar o conteúdo de uma única célula, clique
3. Pressione Enter. duas vezes na célula, faça as alterações necessárias e pres-
Você pode também pressionar uma tecla de direção sione Return.
para inserir os dados e mover a próxima célula na direção Observação – Pode também clicar na célula, digitar as
da seta. alterações na caixa de Linha de entrada da barra Fórmula e
Dica – Para digitar texto em mais de uma linha em uma clicar no ícone verde da marca de seleção.
célula, pressione Ctrl+Return no fim de cada linha e, quan- No entanto, não pode inserir quebras de linha na caixa
do concluir, pressione Return. de Linha de entrada.
- Para inserir rapidamente datas e números consecu- 3. Para excluir o conteúdo da célula ou do intervalo de
tivos células, pressione a tecla Backspace ou Delete.
O Calc oferece um recurso de preenchimento para a. Na caixa de diálogo Excluir conteúdo, selecione as
você inserir rapidamente uma série sucessiva de dados, opções que deseja.
como datas, dias, meses e números. O conteúdo de cada b. Clique em OK.
célula sucessiva na série é incrementado por um. 1 é incre-
mentado para 2, segunda-feira é incrementada para tercei- Formatando planilhas
ra-feira, e assim por diante. O Calc permite-lhe formatar a folha manualmente ou
Etapas ao usar estilos. A diferença principal é que a formatação
1. Clique em uma célula e digite o primeiro item da manual aplica-se apenas às células selecionadas. A forma-
série, por exemplo, segunda-feira. Pressione Return. tação de estilo aplica-se toda vez que o estilo é usado no
2. Clique na célula novamente para ver a alça de preen- documento de planilha.
chimento — a caixa preta pequena no canto direito inferior
da célula.

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando AutoFormatação
A maneira mais fácil de formatar um intervalo de células é usar o recurso AutoFormatação do Calc.

- Para aplicar formatação automática a um intervalo de células


Etapas
1. Selecione o intervalo de células que deseja formatar.
Selecione ao menos um intervalo de células 3 x 3.
2. Escolha Formatar - AutoFormatar.
Abre-se a caixa de diálogo AutoFormatação.
3. Na lista de formatos, clique no formato que deseja usar e clique em OK.

Formatando células manualmente


Para aplicar formatação simples ao conteúdo de uma célula, como alterar o tamanho do texto, use os ícones na barra
Formatar objeto.
- Para formatar células com a barra Formatar objeto
A barra Formatar objetos permite-lhe aplicar formatos rapidamente a células individuais ou intervalos de células.
Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja formatar.
2. Na barra Formatar objeto, clique no ícone que corresponde à formatação que deseja aplicar.
Observação – Pode também selecionar uma opção das caixas Nome da fonte ou Tamanho da fonte.

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Para aplicar formatação manual com a caixa de diálo- Formatando células e folhas com estilos
go Formatar células No Calc, a formatação padrão de células e folhas fa-
Se precisar de mais opções de formatação do que a z-se com estilos. Um estilo é um conjunto de opções de
barra Objeto fornece, use a caixa de diálogo Formatar cé- formatação que define o aspecto do conteúdo da célula,
lulas. assim como o layout de uma folha. Quando você altera a
formatação de um estilo, as alterações são aplicadas toda
vez que o estilo é usado na planilha.

Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que de-
seja formatar e escolha Formatar - Células.
Abre-se a caixa de diálogo Formatar células.
2. Clique em uma das guias e escolha as opções de
formatação.

Guia Números
Altera a formatação de números nas células, como a
alteração do número de casas decimais exibidas - Para aplicar formatação com a janela Estilos e for-
matação
Guia Fonte Etapas
Altera a fonte, o tamanho da fonte e o tipo de letra 1. Escolha Formatar - Estilos e formatação.
usado na célula 2. Para alterar a formatação de células, clique em uma
célula ou selecione um intervalo de células.
Guia Efeitos de fonte a. Clique no ícone Estilos de célula na parte superior
Altera a cor da fonte e os efeitos de sublinhado, tacha- da janela Estilos e formatação.
do ou alto-relevo do texto b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
3. Para alterar o layout de uma folha, clique em qual-
Guia Alinhamento quer lugar na folha.
Altera o alinhamento do texto e a orientação do texto a. Clique no ícone Estilos de página na parte superior
no interior das células da janela Estilos e formatação.
b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
Guia Bordas
Altera as opções de bordas das células Usando fórmulas e funções
Você pode inserir fórmulas em uma planilha para efe-
Guia Plano de fundo tuar cálculos.
Altera o preenchimento do plano de fundo das células Se a fórmula contiver referências a células, o resultado
será atualizado automaticamente toda vez que você alte-
Guia Proteção de célula rar o conteúdo das células. Você pode também usar uma
Protege o conteúdo das células no interior de folhas das várias fórmulas ou funções pré-definidas que o Calc
protegidas. oferece para efetuar cálculos.

3. Clique em OK.

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criando fórmulas
Uma fórmula começa com um sinal de igual (=) e pode conter valores, referências a células, operadores, funções e
constantes.

- Para criar uma fórmula


Etapas
1. Clique na célula à qual deseja exibir o resultado da fórmula.
2. Digite = e, a seguir, digite a fórmula.
Por exemplo, se desejar adicionar o conteúdo da célula A1 ao conteúdo da célula A2, digite =A1+A2 em outra célula.
3. Pressione Return.

Usando operadores

Você pode usar os seguintes operadores nas fórmulas:

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo de Fórmulas do Calc

=A1+15
Exibe o resultado de adicionar 15 ao conteúdo da células A1
=A1*20%
Exibe 20 por cento do conteúdo da célula A1
=A1*A2
Exibe o resultado da multiplicação do conteúdo das células A1 e A2

Usando parênteses

O Calc segue a ordem de operações ao calcular uma fórmula. Multiplicação e divisão são feitas antes de adição e sub-
tração, independentemente de onde esses operadores aparecem na fórmula. Por exemplo, para a fórmula =2+5+5*2, o
Calc retorna o valor de 17 e não de 24.

Editando uma fórmula


Uma célula que contém uma fórmula exibe apenas o resultado da fórmula. A fórmula é exibida na caixa de Linha de
entrada.

- Para editar uma fórmula


Etapas
1. Clique em uma célula que contém uma fórmula.
A fórmula é exibida na caixa de Linha de entrada da barra Fórmula.

* Você também pode editar uma célula pressionado F2 ou dando um clique duplo na célula
2. Clique na caixa de Linha de entrada e efetue as alterações.
Para excluir parte da fórmula, pressione a tecla Delete ou Backspace.
3. Pressione Return ou clique no ícone na barra Fórmula para confirmar as alterações.
Para rejeitar as alterações feitas, pressione Esc ou clique no ícone na barra Fórmula.

Usando funções
O Calc é fornecido com várias fórmulas e funções predefinidas. Por exemplo, em vez de digitar =A2+A3+A4+A5, você
pode digitar =SUM(A2:A5) .

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Para usar uma função


Etapas
1. Clique na célula à qual deseja adicionar uma função.
2. Escolha Inserir – Função.
Abre-se a caixa de diálogo Assistente de função.
3. Na caixa Categoria, selecione a categoria que contém o tipo de função que você deseja usar.
4. Na lista Funções, clique na função que deseja usar.
5. Clique em Próximo.
6. Insira os valores necessários ou clique nas células que contêm os valores que você deseja.
7. Clique em OK.

Usando gráficos
Gráficos podem ajudar a visualizar padrões e tendências nos dados numéricos.
O LibreOffice fornece vários estilos de gráfico que você pode usar para representar os números.
Observação – Gráficos não se restringem a planilhas. Você pode também inserir um gráfico ao escolher Inserir - Objeto
- Gráfico nos outros programas do LibreOffice.

- Para criar um gráfico


Etapas
1. Selecione as células, inclusive os títulos, que contêm dados para o gráfico.
2. Escolha Inserir – Gráfico.
Abre-se a caixa de diálogo Assistente de Graficos. O intervalo de célula selecionado é exibido na caixa Intervalo.
Observação – Se desejar especificar um intervalo de célula diferente para os dados, clique no botão Encolher ao lado
da caixa de texto Intervalo e selecione as células. Clique no botão Encolher novamente quando concluir.
3. Clique em Próximo.
4. Na caixa Escolher tipo de gráfico, clique no tipo de gráfico que deseja criar.
5. Clique em Próximo.
6. Na caixa Escolher variante, clique na variante que deseja usar.
7. Clique em Próximo.
8. Na caixa Título do gráfico, digite o nome do gráfico.
9. Clique em Concluir.

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Editando gráficos
Depois de criar um gráfico, poderá voltar e alterar, mover, redimensionar ou excluir o gráfico.
- Para redimensionar, mover ou excluir um gráfico
Etapa
Clique no gráfico e siga um destes procedimentos:
• Para redimensionar o gráfico, mova o ponteiro do mouse sobre uma das alças, pressione o botão do mouse e arraste
o mouse.
O Calc exibe uma linha pontilhada do novo tamanho do gráfico enquanto você arrasta.
• Para mover o gráfico, mova o ponteiro do mouse para dentro do gráfico, pressione o botão do mouse e arraste o
mouse para um novo lugar.
• Para excluir o gráfico, pressione a tecla Delete.

- Para alterar a aparência de um gráfico


Você pode usar os ícones na barra de ferramentas Padrão do gráfico para alterar a aparência do gráfico.
Etapas
1. Clique duas vezes em um gráfico para exibir a barra de ferramentas Padrão do gráfico.
A barra de ferramentas aparece ao lado da barra padrão do Calc ou Writer.

2. Use os ícones na barra de ferramentas para alterar as propriedades do gráfico.


3. Para modificar outras opções do gráfico você pode dar um clique duplo sobre o respectivo elemento ou acessar as
opções através do menu Inserir e Formatar.

Navegando dentro das planilhas


O Calc oferece várias maneiras para navegar dentro de uma planilha de uma célula para outra, e de uma folha para
outra. Você pode utilizar a maneira que preferir.
Indo para uma célula específica
Utilizando o mouse: posicione o ponteiro do mouse sobre a célula e clique.
Utilizando uma referência de célula: clique no pequeno triângulo preto invertido na Caixa de nome. A referência da
célula selecionada ficará destacada. Digite a referência da célula que desejar e pressione a tecla Enter. Ou, clique na Caixa de
nome, pressione a tecla backspace para apagar a referência da célula selecionada. Digite a referência de célula que desejar
e pressione Enter.
Utilizando o Navegador: para abrir o Navegador, clique nesse ícone na Barra de ferramentas padrão, ou pressione
a tecla F5, ou clique em Exibir → Navegador na Barra de menu, ou clique duas vezes no Número Sequencial das Folhas
na Barra de estado. Digite a referência da célula nos dois campos na parte superior, identificados como Coluna e Linha, e
pressione Enter.
Você pode embutir o Navegador em qualquer lado da janela principal do Calc, ou deixá-lo flutuando. (Para embutir ou
fazer flutuar o navegador, pressione e segure a tecla Ctrl e clique duas vezes em uma área vazia perto dos ícones dentro
da caixa de diálogo do Navegador.)

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A tecla Page Down move uma tela completa para baixo


e a tecla Page Up move uma tela completa para cima.
Combinações da tecla Ctrl e da tecla Alt com as teclas
Home, End, Page Down, Page Up, e as teclas de seta mo-
vem o foco da célula selecionada de outras maneiras.

Localização e substituição de dados

Este recurso é muito útil quando há a necessidade de


serem localizados e substituídos dados em planilhas.
Para localizar e substituir escolha o menu Editar→Loca-
lizar e substituir ou pressione Ctrl + H; Você pode somente
localizar, ou localizar e substituir;

Figura 5: Apresentando o navegador.


O Navegador exibe listas de todos os objetos em um
documento, agrupados em categorias. Se um indicador (si-
nal de mais (+) ou seta) aparece próximo a uma categoria,
pelo menos um objeto daquele tipo existe. Para abrir uma
categoria e visualizar a lista de itens, clique no indicador.
Para esconder a lista de categorias e exibir apenas os
ícones, clique no ícone de Conteúdo. Clique neste íco-
ne de novo para exibir a lista.
Trabalhando com colunas e linhas
Movendo-se de uma célula para outra
Em uma planilha, normalmente, uma célula possui uma Inserindo colunas e linhas
borda preta. Essa borda preta indica onde o foco está. Se Você pode inserir colunas e linhas individualmente ou
um grupo de células estiver selecionado, elas são desta- em grupos.
cadas com a cor azul, enquanto a célula que possui o foco Coluna ou linha única
terá uma borda preta. Utilizando o menu Inserir:
Utilizando o mouse: para mover o foco utilizando o Selecione a célula, coluna ou linha onde você quer in-
mouse, simplesmente coloque o ponteiro dele sobre a cé- serir a nova coluna ou linha.
lula que deseja e clique com o botão esquerdo. Isso muda Clique em Inserir → Colunas ou Inserir → Linhas.
o foco para a nova célula. Esse método é mais útil quando Utilizando o mouse:
duas células estão distantes uma da outra. Selecione a célula, coluna ou linha onde você quer in-
serir a nova coluna ou linha.
Utilizando as teclas de Tabulação e Enter Clique com o botão direito do mouse no cabeçalho da
Pressionando Enter ou Shift+Enter move-se o foco coluna ou da linha.
para baixo ou para cima, respectivamente.
Pressionando Tab ou Shift+Tab move-se o foco para a Clique em Inserir Linhas ou Inserir Colunas.
esquerda ou para a direita, respectivamente.
Utilizando as teclas de seta Múltiplas colunas ou linhas
Pressionando as teclas de seta do teclado move-se o Você pode inserir várias colunas ou linhas de uma só
foco na direção das teclas. vez, ao invés de inseri-las uma por uma.
Utilizando as teclas Home, End, Page Up e Page Down Selecione o número de colunas ou de linhas pressio-
A tecla Home move o foco para o início de uma linha. nando e segurando o botão esquerdo do mouse na primei-
A tecla End move o foco para a ultima célula à direita ra e arraste o número necessário de identificadores.
que contenha dados. Proceda da mesma forma, como fosse inserir uma úni-
ca linha ou coluna, descrito acima.

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Trabalhando com folhas


Como qualquer outro elemento do Calc, as folhas po-
dem ser inseridas, apagadas ou renomeadas.

Inserindo novas folhas


Há várias maneiras de inserir uma folha. A mais rápida,
é clicar com o botão Adicionar folha. Isso insere uma nova
folha naquele ponto, sem abrir a caixa de diálogo de Inserir
planilha. Utilize um dos outros métodos para inserir mais
de uma planilha, para renomeá-las de uma só vez, ou para
inserir a folha em outro lugar da sequência. O primeiro
passo para esses métodos é selecionar a folha, próxima da
qual, a nova folha será inserida. Depois, utilize as seguintes
opções.
Clique em Inserir → Planilha na Barra de menu.
Clique com o botão direito do mouse e escolha a op-
ção Inserir Planilha no menu de contexto.
Inserindo 3 linhas abaixo da linha 1. Clique em um espaço vazio no final da fila de abas de
Apagando colunas e linhas folhas.
Colunas e linhas podem ser apagadas individualmente
ou em grupos.
Coluna ou linha única
Uma única coluna ou linha pode ser apagada utilizan-
do-se o mouse:
Selecione a coluna ou linha a ser apagada.
Clique com o botão direito do mouse no identificador
da coluna ou linha.
Selecione Excluir Colunas ou Excluir Linhas no menu
Criando uma nova planilha.
de contexto.
Veja na imagem a seguir, a caixa de diálogo Inserir
Planilha. Nela você pode escolher se as novas folhas serão
Múltiplas colunas e linhas
inseridas antes ou depois da folha selecionada, e quantas
Você pode apagar várias colunas ou linhas de uma vez
folhas quer inserir. Se você for inserir apenas uma folha,
ao invés de apagá-las uma por uma. existe a opção de dar-lhe um nome.
Selecione as colunas que deseja apagar, pressionando
o botão esquerdo do mouse na primeira e arraste o núme-
ro necessário de identificadores.
Proceda como fosse apagar uma única coluna ou linha
acima.

Apagando folhas
As folhas podem ser apagadas individualmente ou em
grupos.
Folha única: clique com o botão direito na aba da folha
Excluir 3 linhas abaixo da linha 1. que quer apagar e clique em Excluir Planilha no menu de
contexto, ou clique em Editar → Planilha → Excluir na barra
de menu.

126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Múltiplas folhas: selecione-as como descrito anterior- Dividir células


mente, e clique com o botão direito do mouse sobre uma
das abas e escolha a opção Excluir Planilha no menu de Posicione o cursor na célula a ser dividida.
contexto, ou clique em Editar → Planilha → Excluir na barra Escolha Formatar - Mesclar células - Dividir células.
de menu. Botão direito do mouse/dividir células.

Renomeando folhas
O nome padrão para uma folha nova é PlanilhaX, onde
X é um número. Apesar disso funcionar para pequenas
planilhas com poucas folhas, pode tornar-se complicado
quando temos muitas folhas.
Para colocar um nome mais conveniente a uma folha,
você pode:
• Digitar o nome na caixa Nome, quando você criar a
folha, ou
• Clicar com o botão direito do mouse e escolher a
opção Renomear Planilha no menu de contexto e trocar o
nome atual por um de sua escolha.
• Clicar duas vezes na aba da folha para abrir a caixa de
diálogo Renomear Planilha.

Mesclando várias células


Um recurso útil do Calc é a possibilidade de mesclar
várias células contíguas para formar um título de uma fo-
lha de planilha, por exemplo. Para isso selecione as células
contíguas a serem mescladas e vá em Formatar → Mesclar
células → Mesclar ou Formatar → Mesclar células → Mes-
clar e centralizar células, para centralizar e mesclar ou ainda Inserir uma anotação (comentário)
botão diretito do mouse/mesclar células. As células podem conter observações de outros usuá-
rios ou lembretes que ficam ocultos, isto é, não são im-
pressos. Uma célula contendo uma anotação apresenta um
pequeno triângulo vermelho no canto superior direito.
Para inserir uma anotação clique com o botão direito
do mouse na célula que conterá a anotação e selecione a
opção Inserir anotação ou pressione Ctrl + Alt + C. Em se-
guida digite o texto e clique fora da caixa de texto quando
tiver terminado.
Para visualizar a anotação, basta posicionar o ponteiro
do mouse em cima do triângulo vermelho. Você pode ain-
da clicar com o botão direito sobre a célula que possui a
anotação e clicar em Mostrar anotação para deixá-la sem-
pre a amostra ou clicar em Excluir anotação para excluí-la.

Formatando várias linhas de texto


Múltiplas linhas de texto podem ser inseridas em uma
única célula utilizando a quebra automática de texto, ou
quebras manuais de linha. Cada um desses métodos é útil
em diferentes situações.

Utilizando a quebra automática de texto


Ferramenta pincel de estilo Para configurar a quebra automática no final da célula,
clique com o botão direito nela e selecione a opção Forma-
Serve para copiar a formatação para outras células da tar Células (ou clique em Formatar → Células na barra de
mesma planilha ou para outras planilhas. menu, ou pressione Ctrl+1). Na aba Alinhamento embaixo
de Propriedades, selecione Quebra automática de texto e
Para copiar o estilo de uma célula clique uma ou duas vezes clique em OK. O resultado é mostrado na figura abaixo.
no ícone . E clique na célula a ser formatada em seguida.

127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Utilizando quebras manuais de linha


Para inserir uma quebra manual de linha enquanto digita dentro de uma célula, pressione Ctrl+Enter. Quando for editar
o texto, primeiro clique duas vezes na célula, depois um clique na posição onde você quer quebrar a linha. Quando uma
quebra manual de linha é inserida, a largura da célula não é alterada.
Encolhendo o texto para caber na célula
O tamanho da fonte pode ser ajustado automaticamente para caber na célula. Para isso, clique com o botão direito na
célula a ser formatada e clique em Formatar Células → na aba Alinhamento marque o campo Reduzir para caber na célula.
Formatando a largura ideal da coluna para exibir todo o conteúdo da célula
A largura da coluna pode ser ajustada automaticamente para que consigamos visualizar todo o conteúdo da célula.
Para isso, clique com o botão direito na coluna a ser formatada e clique em Largura ideal da coluna e aceite clicando em OK.

Largura ideal de coluna.

Resultado da figura anterior.

128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Congelando linhas e colunas


O congelamento trava um certo número de linhas no alto, ou de colunas à esquerda de uma planilha, ou ambos. Assim,
quando se mover pela planilha, qualquer linha ou coluna congelada permanecerá à vista.
A Figura abaixo mostra algumas linhas e colunas congeladas. A linha horizontal mais forte entre as linhas 1 e 3 e entre
as colunas A e E, denotam áreas congeladas. As linhas de 4 a 6 foram roladas para fora da página. As três primeiras linhas
e colunas permaneceram porque estão congeladas.

Congelando células.
Congelando uma única coluna ou linha
Clique no cabeçalho da linha abaixo, ou da coluna à esquerda da qual quer congelar.
Clique em Janela → Congelar.
Uma linha escura aparece, indicando onde o ponto de congelamento foi colocado.
Congelando uma coluna ou linha
Clique em uma célula que esteja imediatamente abaixo da linha, ou na coluna imediatamente à direita da coluna que
quer congelar.
Clique em Janela → Congelar.
Duas linhas aparecem na tela, uma horizontal sobre essa célula e outra vertical à esquerda dela. Agora, quando você
rolar a tela, tudo o que estiver acima, ou à esquerda dessas linhas, permanecerá à vista.
Descongelando
Para descongelar as linhas ou colunas, clique em Janela → Congelar. A marca de verificação da opção Congelar desa-
parecerá.

Dividindo a tela
Outra maneira de alterar a visualização é dividir a janela, ou dividir a tela. A tela pode ser dividida, tanto na horizontal,
quanto na vertical, ou nas duas direções. É possível, além disso, ter até quatro porções da tela da planilha à vista, ao mesmo
tempo.
Por que fazer isso? Imagine que você tenha uma planilha grande, e uma das células tem um número que é utilizado em
outras células. Utilizando a técnica de divisão da tela, você pode alterar o valor da célula que contém o número e verificar
nas outras células as alterações sem perder tempo rolando a barra.

Dividindo células.

129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dividindo a tela horizontalmente


Mova o ponteiro do mouse para dentro da barra de rolagem vertical, na lateral direita da tela, e posicione-o sobre o pe-
queno botão no alto com um triângulo preto. Imediatamente acima deste botão aparecerá uma linha grossa preta.

Barra de divisão de tela na barra de rolagem vertical.


Mova o ponteiro do mouse sobre essa linha, e se transformará em uma linha com duas.
Pressione e segure o botão esquerdo do mouse. Uma linha cinza aparece cruzando a página na horizontal. Arraste o
mouse para baixo, e essa linha seguirá o movimento.
Solte o botão do mouse e a tela será dividida em duas partes, cada uma com sua própria barra de rolagem vertical. Você
pode rolar as partes inferior e superior independentemente.

Dividindo a tela verticalmente


Mova o ponteiro do mouse para dentro da barra de rolagem horizontal, na parte de baixo da tela, e posicione-o sobre
o pequeno botão à direita, com um triângulo preto. Imediatamente, à direita desse botão aparece uma linha preta grossa.

Barra de divisão de tela na barra de rolagem horizontal.


Mova o ponteiro do mouse sobre essa linha, e se transformará em uma linha com duas setas.
Pressione e segure o botão esquerdo do mouse, e uma linha cinza aparece cruzando a página na vertical. Arraste o
mouse para a esquerda, e essa linha seguirá o movimento.
Solte o botão do mouse e a tela será dividida em duas partes, cada uma com sua barra de rolagem horizontal. Você
pode rolar as partes direita e esquerda independentemente.

Removendo as divisões
Para remover as divisões, siga uma das seguintes instruções:
Clique duas vezes na linha divisória.
Clique na linha divisória e arraste-a de volta ao seu lugar no final das barras de rolagem.
Clique em Janela → Dividir para remover todas as linhas divisórias de uma só vez.

Sintaxe Universal de uma Planilha


Observe a seguinte fórmula para efeito de exemplos de sintaxe:
=B2*(SE(SOMA(C2:C6)>=3;$H$1;SOMA(A3^A5)*5));
repare que há parenteses, sinais de Operadores de Comparação (>, = <, etc.), além de ponto e vírgula e dois pontos.
Mesmo sendo possível o uso de fórmulas sofisticadas em planilhas, virtualmente qualquer tipo de planilha pode ser imple-
mentada utilizando-se das quatro operações básicas, por exemplo, seu orçamento mensal (receitas x despesas). As quatro
operações básicas são:
Somar ( + ), Subtrair ( - ); Multiplicar ( * ), Dividir ( / ).
Índice de Referenciação Absoluto ( $ )
Para exponenciação utiliza-se o circunflexo (^).
As tabelas abaixo representam de forma sucinta, a função de cada letra / símbolo / instrução para uma compreensão
básica do significado destes.

130
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Operadores Aritméticos

Operadores de Comparação

Comandos / Instruções

131
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Comportamento das teclas Convencionais / Especiais


As teclas TAB, Enter e Setas de Cursor, quando utilizadas em edição de dados, apresentam comportamento um pouco
diferente do convencional. TAB, por exemplo, confirma a edição atual e avança lateralmente para a próxima célula. Neste
caso, pode-se pensar na próxima célula como o próximo campo, que e o comportamento natural de TAB, além da possibi-
lidade de utilizá-la como tabuladora, claro.
Vemos abaixo uma pequena compilação do comportamento destas teclas:

Imprimindo
Imprimir no Calc é bem parecido com imprimir nos outros componentes do LibreOffice, mas alguns detalhes são dife-
rentes, especialmente quanto a preparação do documento para a impressão.
Utilizando intervalos de impressão
Intervalos de impressão possuem várias utilidades, incluindo imprimir apenas uma parte específica dos dados, ou im-
primir linhas ou colunas selecionadas de cada página.

Definindo um intervalo de impressão


Para definir um intervalo de impressão, ou alterar um intervalo de impressão existente:
Selecione o conjunto de células que correspondam ao intervalo de impressão.
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Definir.
As linhas de quebra de página são exibidas na tela.
Você pode verificar o intervalo de impressão utilizando Arquivo → Visualizar página. O LibreOffice exibirá apenas as
células no intervalo de impressão.

Aumentando o intervalo de impressão


Depois de definir um intervalo de impressão, é possível incluir mais células a ele. Isso permite a impressão de múltiplas
áreas separadas na mesma folha da planilha. Depois de definir um intervalo de impressão:
Selecione um conjunto de células a ser incluído ao intervalo de impressão.
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Adicionar. Isso adicionará as células extras ao intervalo de impressão.
As linhas de quebra de página não serão mais exibidas na tela.
O intervalo de impressão será impresso em uma página separada, mesmo que ambos os intervalos estejam na mesma
folha.

Removendo um intervalo de impressão


Pode ser necessário remover um intervalo de impressão definido anteriormente, por exemplo, se for necessário impri-
mir a página inteira mais tarde.
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Remover. Isso removera todos os intervalos de impressão definidos na
folha. Feito isso, as quebras de página padrão aparecerão na tela.

132
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Editando um intervalo de impressão Você pode especificar os detalhes que serão impressos.
A qualquer tempo, é possível editar diretamente um Os detalhes incluem:
intervalo de impressão, por exemplo, removê-lo ou redi- Cabeçalhos das linhas e colunas
mensionar parte dele. Clique em Formatar → Intervalo de Grade da folha—imprime as bordas das células como
impressão → Editar. uma grade
Selecionando a ordem das páginas, detalhes e a escala Comentários—imprime os comentários definidos na
Para selecionar a ordem das páginas, detalhes e a es- sua planilha, em uma página separada, junto com a refe-
cala da impressão: rência de célula correspondente
Clique em Formatar → Pagina no menu principal Objetos e imagens
Selecione a aba Planilha Gráficos
Faça as seleções necessárias e clique em OK. Objetos de desenho
Fórmulas—imprime as fórmulas contidas nas células,
ao invés dos resultados
Valores zero—imprime as células com valor zero
Lembre-se que, uma vez que as opções de impressão
dos detalhes são partes das propriedades da página, elas
também serão parte das propriedades do estilo da página.
Portanto, diferentes estilos de páginas podem ser configu-
rados para alterar as propriedades das folhas na planilha.

Escala
Utilize as opções de escala para controlar o número
de páginas que serão impressas. Isso pode ser útil se uma
grande quantidade de dados precisa ser impressa de ma-
neira compacta, ou se você desejar que o texto seja au-
mentado para facilitar a leitura.
Reduzir/Aumentar a impressão—redimensiona os da-
dos na impressão tanto para mais, quanto para menos. Por
exemplo, se uma folha for impressa, normalmente em qua-
tro páginas (duas de altura e duas de largura), um redimen-
sionamento de 50% imprime-a em uma só página (tanto a
altura, quanto a largura, são divididas na metade).
Selecionando a ordem das páginas Ajustar intervalo(s) de impressão ao número de pá-
ginas—define, exatamente, quantas páginas, a impressão
Ordem das páginas terá. Essa opção apenas reduzirá o tamanho da impressão,
Quando uma folha será impressa em mais de uma pá- mas não o aumentará. Para aumentar uma impressão, a
gina, é possível ajustar a ordem na qual as páginas serão opção Reduzir/Aumentar deve ser utilizada.
impressas. Isso é especialmente útil em documentos gran- Ajustar intervalo(s) de impressão para a largura/altu-
des; por exemplo, controlar a ordem de impressão pode ra—define o tamanho da altura e da largura da impres-
economizar tempo de organizar o documento de uma ma- são, em páginas.
neira determinada. As duas opções disponíveis são mos-
tradas abaixo. Imprimindo linhas ou colunas em todas as páginas
Se uma folha for impressa em várias páginas é possível
configurá-la para que certas linhas ou colunas sejam repe-
tidas em cada página impressa. Por exemplo, se as duas li-
nhas superiores de uma folha, assim como a coluna A, pre-
cisam ser impressas em todas as páginas, faça o seguinte:
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Editar.
Na caixa de diálogo Editar Intervalo de Impressão, digite as
linhas na caixa de texto abaixo de Linhas a serem repetidas.
Por exemplo, para repetir as linhas de 1 a 4, digite $1:$4.
Isso altera automaticamente as Linhas a serem repetidas
de, - nenhum - para – definido pelo usuário-.

Ordem das páginas 2

Detalhes

133
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimindo linhas ou colunas


Para repetir, digite as colunas na caixa de texto abaixo de Colunas a serem repetidas. Por exemplo, para repetir a coluna
A, digite $A. Na lista de Colunas a serem repetidas, a palavra - nenhum - muda para - definido pelo usuário-.
Clique em OK.
Não é necessário selecionar todo o intervalo de linhas a serem repetidas; selecionar uma célula de cada linha também
funciona.

Assistente de Funções
Na criação de fórmulas podemos contar com o recurso de assistente de funções, situado na barra de fórmulas do Calc,
onde encontramos todas as funções disponíveis do programa e selecionamos as células que pertencerá determinada fun-
ção selecionada. Para acionar o assistente de funções execute os seguintes procedimentos:
Primeiramente deve-se selecione a célula a qual deverá conter a fórmula matemática e que posteriormente exibirá o
seu resultado, por exemplo, neste caso selecionaremos a célula F5.
Clique sobre o assistente de funções situado na barra de fórmulas. Veja a figura abaixo.

Em seguida surgira a guia Assistente de funções nesta guia encontra-se todas a fórmulas matemáticas disponíveis do
LibreOffice.org Calc. Para nosso exemplo criaremos uma função de multiplicação, para isso clique na aba Funções e sele-
cione MULT para a multiplicação e clique em Próximo. Veja na figura a seguir.

134
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Assistente de Funções 2
Selecione as células farão parte da multiplicação, neste caso as células D5 e E5. Para selecionar a célula volte para a
planilha, se preferir clique em cima da opção Encolher figura 34, para diminuir o tamanho da caixa e em seguida selecione
a célula de D5 e depois clique no campo abaixo, ou então apenas digite o endereço da célula correspondente e clique em
OK e coloque o valor em formato Moeda.

Opção Encolher.
Repita esse procedimento com as células D6 e E6, D7 e E7, D8 e E8. Ao final a tabela estará conforme a figura abaixo.

Figura 35: Exemplo de tabela Controle de Estoque 3

Fórmulas mais utilizadas do Assistente de Fórmulas:

Nome da fórmula Operação Aritmética


SOMA Adição e Subtração
MULT Multiplicação
QUOCIENTE Divisão
POTÊNCIA Potenciação
RAIZ Raiz Quadrada
MÉDIA Retorna a Média de uma sequência de valores

Fórmulas mais utilizadas do Assistente de Fórmulas


Obs: a fórmula Quociente retorna apenas a parte inteira de uma divisão, ou seja o resultado de 9 dividido por 2 segundo essa
função é 4 e não 4,5. Neste caso é recomendado fazer a função usando os operadores aritméticos conforme o exemplo abaixo.

Nome da fórmula Operação Aritmética


Adição = D5+E 5
Subtração = D5-E 5
Multiplicação = D5*E 5
Divisão = D5/E 5
Potenciação = D5^E 5
Não há simbolo que represente essa operação aritmética
Raiz Quadrada
usamos =RAIZ( o endereço da célula desejada)

Fórmulas mais utilizadas da forma livre

135
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Funções
As funções agregam muitos recursos ao software de planilhas. Um software como o LibreOffice – Calc contém muitas
funções nativas e o usuário é livre para implementar as suas próprias funções, há de se imaginar como sendo quase ilimi-
tado o poder do usuário em estender a funcionalidade da planilha eletrônica. Exemplo de função nativa é a função SE, que
contém a seguinte sintaxe: =SE(“Condição a Ser Testada”;Valor_Então;Valor_Senão). Decodificando, se a “Condição a Ser
Testada” for verdadeira, aloque na célula atual o primeiro valor (Valor_Então); caso contrario, aloque o segundo valor da
função (Valor_Senão).
Funções I
Funções são na verdade uma maneira mais rápida de obter resultados em células. Imagine você ter que somar todos
os valores das peças de um veículo dispostos um abaixo do outro...
A1+B1+C1+D1+E1+F1...
Existem vários tipos de funções, que vão desde as mais simples até mais complexas. Iremos mostrar as mais comuns.
Basicamente, todas elas oferecem o mesmo “molde”:
= Nome da Função (primeira célula a ser calculada: última célula a ser calculada ) Veja a figura a seguir e depois expli-
caremos o que está sendo feito:

Tabela de Preços 1
Primeiro foi digitado =soma(), depois foi pressionado e arrastado sobre as células que farão parte da soma (B3:B7). Não
há a necessidade de fechar o parêntese, pois o Calc fará automaticamente este procedimento, mas é aconselhável que você
sempre faça isto, pois haverá funções que se não fechar dará erro.
Após selecionar as células, basta pressionar a tecla Enter.
Agora vá para a célula D3. Digite =B3*C3. Pressione a tecla Enter, que no caso você já sabe que irá calcular as células.
Selecione novamente a célula e observe que no canto inferior esquerdo da célula há um pequeno quadrado preto.
Este é a Alça de Preenchimento. Coloque o cursor sobre o mesmo, o cursor irá mudar para uma pequena cruz. Pressione e
arraste para baixo até a célula D7. Veja a figura mais adiante.
Para checar se as fórmulas calcularam corretamente, basta selecionar uma célula que contenha o resultado e pressionar
a tecla F2. Isto é bastante útil quando se quer conhecer as células que originaram o resultado.
Funções II
Vamos ver agora mais funções, bastando usar o molde abaixo e não esquecendo de colocar os acentos nos nomes das
funções.
= Nome da Função (primeira célula a ser calculada: última célula a ser calculada ) Média
Máxima
Mínima

136
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tabela de Preços 2
Funções III
Usaremos agora a função SE. Como o nome já diz, a função SE será usada quando se deseja checar algo em uma célula.
Acompanhe o molde desta função: =SE (Testar; Valor_então; De outraforma_valor; ou se outra forma: = se (eu for de carro;
então vou; se não... não vou )
Na célula E3 é para descontar R$ 2,00 para produtos com a Quantidade maior que 20. Vamos juntar as informações
para resolver esta função:
Nome da função: SE
Condição: Quantidade > 20
Valor Verdadeiro: Se a condição for verdadeira, o que deverá ser descontado R$ 2, 00 Valor Falso: Se a condição for
falsa, não deverá receber desconto.
Então a nossa função deverá ficar assim:
= se (b3>20;d3-2;d 3)
Ou seja: Se a Quantidade for maior que 20, então desconte R$ 2,00, senão mostre o valor sem desconto.

Figura 59: Tabela Demonstrativa

Classificação e filtragem de dados


Por mais que a nossa planilha seja bem organizada, geralmente nos deparamos com algum problema em relação a
ordem e a busca dos dados na tabela. Pensando nisso veremos agora algumas funções que o LibreOffice.org Calc oferece
afim de resolver esses e outros problemas de classificação e filtragem de dados.

Classificação de dados
Classificar dados numa planilha nada mais é do que ordená-los de acordo com os nossos critérios. Para que os dados
possam ser classificados, é necessário que estejam dispostos em uma tabela e que tenha sido desenvolvida na forma de
banco de dados, ou seja que cada coluna tenha informações referentes há uma classe ou tipo, que deverá estar descrita no
rotulo de cada coluna.

Exemplo de tabela desenvolvida na forma de banco de dados

Classificando
A classificação pode ser feita através dos critérios de ordem crescente ou decrescente , lembro que isto vale tanto para
os numero quanto para letras deixando-as em ordem alfabética. Agora a partir da figura 64 que esta logo acima, iremos
realiza o procedimento de classificação de dados na ordem alfabética na coluna “Produto”.
Para classificar os dados é necessário, antes de tudo, selecionar corretamente toda a área de dados que será classificada.
Abra o menu Dados e clique no comando Classificar, note que será exibida a caixa Classificar.

137
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Caixa classificar
No menu desdobrável Classificar por, selecionamos o rotulo da coluna que queremos efetuar a classificação, neste caso
selecione o rotulo “Produto”.
Em seguida clique na opção Crescente, para efetuar o classificação na ordem crescente das letras, mais conhecida como
ordem alfabética. 5- Por fim clique em OK.

Tabela classificada em ordem alfabética

Classificação por até três Critérios


Podemos também classificar os dados de uma tabela utilizando-se até de três campos, onde cada campo representa
uma informação diferente, um exemplo bem básico dessa função é quando queremos classificar os produtos em ordem
alfabética, esta que realizamos anteriormente e se caso apareça produtos com o mesmo nome o critério de classificação é
valor total ou qualquer outro campo. Para exemplificar esta função vamos utilizar a tabela abaixo.

138
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tabela exemplo para classificação por três critérios


Agora iremos classificar a tabela nos seguintes critérios: Marca, Modelo e Valor. Para realizar esta classificação devemos
seguir os procedimentos abaixo.
Para classificar os dados é necessário, antes de tudo, selecionar corretamente toda a área de dados que será classificada.
Abra o menu Dados e clique no comando Classificar, note que será exibida a caixa Classificar.

Classificação por três critérios.

No menu desdobrável Classificar por, selecione o rotulo “Marca”.


Em seguida clique na opção Crescente, para efetuar o classificação na ordem crescente.
Logo abaixo temos o campo Em seguida por, selecione o rotulo “Modelo”.
Em seguida clique na opção Crescente.
Logo abaixo temos outro campo Em seguida por, selecione o rotulo “Valor total”.
Em seguida clique na opção Crescente. 9- Por fim clique em OK.
O resultado final deverá estar semelhante ao da figura abaixo.

139
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tabela após classificação por três critérios.


Opções de Classificação
A partir da caixa classificar figura abaixo, podemos definir algumas opções de classificação dos dados.

Opções de classificação
Distinção entre maiúsculas e minúsculas: esta opção considera diferentes as palavras que contenha as mesmas letras
porém com a forma maiúsculas e minúsculas diferentes.
O intervalo contém rótulos de coluna/linh a: Omite da classificação a primeira linha ou a primeira coluna da seleção.
A opção Direção na parte inferior da caixa de diálogo define o nome e a função dessa caixa de seleção.
Incluir formatos: Preserva a formatação da célula atual.
Copiar resultados de classificação em: Copia a lista classificada no intervalo de células que você especificar. Ao ativar
esta opção
Ordem de classificação personalizada: Clique aqui e, em seguida, selecione a ordem de classificação personalizada que
deseja.
Idioma: Selecione o idioma para as regras de classificação.
Opções: Selecione uma opção de classificação para o idioma. Por exemplo, selecione a opção de “lista telefônica” para
o alemão a fim de incluir um caractere especial “trema” na classificação.
Direção: De cima para baixo (Classificação de linhas), Classifica as linhas por valores nas colunas ativas do intervalo sele-
cionado. Esquerda à direita (Classificar colunas), Classifica as colunas por valores nas linhas ativas do intervalo selecionado.

Filtragem de dados
A filtragem de dados nada mais é do que visualizar apenas os dados desejados de uma tabela. Existem três métodos
de filtragem: o Autofiltro, Fitro padrão e o Filtro avançado. Suas principais diferenças são:
Autofiltro: Uma das utilizações para a função Auto-filtro é a de rapidamente restringir a exibição de registros com en-
tradas idênticas em um campo de dados.
Filtro padrão: Na caixa de diálogo Filtro, você também pode definir intervalos que contenham os valores em determina-
dos campos de dados. É possível utilizar o filtro padrão para conectar até três condições com um operador lógico E ou OU.
Filtro avançado: excede a restrição de três condições e permite um total de até oito condições de filtro. Com os filtros
avançados, você insere as condições diretamente na planilha.

Aplicando o Autofiltro
O Autofiltro é o tipo de filtragem mais simples e rápida de ser aplicada. Para uma maior compreensão desta função
aplicar o autofiltro na tabela da figura 67 página 44 deste modulo. Nesta tabela execute os seguintes procedimentos:
Selecione qualquer célula da tabela desde que seja abaixo da linha do cabeçalhos.
Abra o menu Dados e posicione o mouse sobre Filtro.
Clique sobre o comando Autofiltro.
Note que foram inseridos botões de seta, que ao clica-los abra-se uma lista dos dados pertencentes a coluna, cuja a
filtragem pode ser aplicada.

140
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para filtrar os dados, basta clicar sobre a seta da coluna que contenha os dados que servirá base para a filtragem. Por
exemplo agora faremos a seguinte filtragem, para que só os carros Volkswagen sejam exibidos. Então clique sobre a seta
do cabeçalho “Marca” e na lista de dados que aparece, selecione a marca Volkswagen.

Lista de dados

Tabela após filtragem de dados


Note que ao final desse procedimento a tabela ocultará a linhas que não pertence a filtragem e destacará a seta do
cabeçalho utilizada como base da filtragem. Caso queira realizar outra filtragem basta desfazer a filtragem anterior e repetir
este procedimento em outro cabeçalho.

Filtro padrão
O filtro padrão é uma especialização do autofiltro, ele possui algumas funcionalidades a mais, é muito utilizado quando
é necessário obedecer um critério de filtragem muito especifico.
Para melhor exemplificar este procedimento iremos realizar a seguinte filtragem na tabela da figura 67, onde só deve-
rão conter os carros da Marca: “Fiat”, acima do Ano: 2005 e com o valor inferior a 29.000 mil reais.
Para criar um filtro padrão basta executar os procedimentos a seguir:
Selecione qualquer célula da tabela desde que seja abaixo da linha do cabeçalhos.
Abra o menu Dados e posicione o mouse sobre Filtro.
Clique sobre o comando Filtro padrão.

141
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na caixa Nome do campo é onde define qual critério deverá ser comparado. Em nosso exemplo estamos comparando
a “Marca”, portanto devemo seleciona-la.
Na caixa seguinte definimos a condição ( maior, menor, igual e etc), neste caso selecione o operador “ = ” (igual).
A caixa Valor serve como valor de comparação, ou seja todas as células do campo
“Marca” por exemplo vão ser comparados segundo a condição estabelecida com esse “Valor” que precisa ser necessa-
riamente numérico e conforme for o resultado este campo será ou não exibido.

A caixa Operador serve para adicionar mais condições na filtragem, através dos operadores ( “E” e “OU”), podendo
conter no máximo três condicionais.
Preencha a Caixa Filtro padrão conforme a figura 74 logo abaixo para ver este exemplo na pratica.

Se a tabela e a filtragem estiver conforme citadas acima o resultado será igual ao da figura 75 logo abaixo.

Resultado da filtragem
Para Desfazer a filtragem, selecione a tabela, clique em Dados, vá em filtros e clique sobre Remover filtro.
Filtro Avançado
A filtragem avançada nada mais é do que definir os critérios em um determinado campo da planilha. Para uma boa
compreensão dessa função Iremos repetir a filtragem utilizada no filtro padrão que era a seguinte: de acordo com a tabela
da figura 67, realizar uma filtragem onde só deverão conter os carros da Marca: “Fiat”, acima do Ano: 2005 e com o valor
inferior a 29.000 mil reais, para realizaremos os seguintes passos:
Copie os cabeçalhos de coluna dos intervalos de planilha a serem filtrados para uma área vazia da planilha e, em segui-
da, insira os critérios para o filtro em uma linha abaixo dos cabeçalhos. Os dados dispostos horizontalmente em uma linha
serão sempre conectados logicamente com E e dados dispostos verticalmente em uma coluna serão sempre conectados
logicamente com OU.

142
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cópia dos cabeçalhos da planilha


Uma vez que você criou uma matriz de filtro, selecione os intervalos de planilha a serem filtrados. Abra a caixa de diá-
logo Filtro avançado escolhendo Dados - Filtro - Filtro avançado e defina as condições do filtro.

Intervalo de critérios de filtragem


Em seguida, clique em OK e você verá que somente as linhas da planilha original nas quais o conteúdo satisfez os crité-
rios da pesquisa estarão visíveis. Todas as outras linhas estarão temporariamente ocultas e poderão reaparecer através do
comando Formatar - Linha – Mostrar ou então desfaça a filtragem.

Resultado da filtragem avançada

Teclas de atalho para planilhas


Navegar em planilhas
Teclas de atalho/Efeito
Ctrl+Home / Move o cursor para a primeira célula na planilha (A1).
Ctrl+End / Move o cursor para a última célula que contém dados na planilha.
Home / Move o cursor para a primeira célula da linha atual.
End / Move o cursor para a última célula da linha atual.
Shift+Home / Seleciona todas as células desde a atual até a primeira célula da linha.
Shift+End / Seleciona todas as células desde a atual até a última célula da linha.
Shift+Page Up / Seleciona as células desde a atual até uma página acima na coluna ou extende a seleção existente uma
página para cima.
Shift+Page Down / Seleciona as células desde a atual até uma página abaixo na coluna ou estende a seleção existente
uma página para baixo.
Ctrl+Seta para a esquerda / Move o cursor para o canto esquerdo do intervalo de dados atual. Se a coluna à esquerda
da célula que contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para a esquerda da próxima coluna que contenha dados.
Ctrl+Seta para a direita / Move o cursor para o canto direito do intervalo de dados atual. Se a coluna à direita da célula
que contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para a direita da próxima coluna que contenha dados.
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto superior do intervalo de dados atual. Se a linha acima da célula que
contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para cima da próxima linha que contenha dados.
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto inferior do intervalo de dados atual. Se a linha abaixo da célula que
contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para baixo da próxima linha que contenha dados.

143
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ctrl+Shift+Seta / Seleciona todas as células contendo Ctrl+F2 / Abre o Assistente de funções.


dados da célula atual até o fim do intervalo contínuo das Shift+Ctrl+F2 / Move o cursor para a Linha de entrada
células de dados, na direção da seta pressionada. Um inter- onde você pode inserir uma fórmula para a célula atual.
valo de células retangular será selecionado se esse grupo de Ctrl+F3 / Abre a caixa de diálogo Definir nomes.
teclas for usado para selecionar linhas e colunas ao mesmo F4 / Mostra ou oculta o Explorador de Banco de dados.
tempo. Shift+F4 / Reorganiza as referências relativas ou absolu-
Ctrl+Page Up / Move uma planilha para a esquerda. tas (por exemplo, A1, $A$1, $A1, A$1) no campo de entrada.
Na visualização de impressão: Move para a página de F5 / Mostra ou oculta o Navegador.
impressão anterior. Shift+F5 / Rastreia dependentes.
Ctrl+Page Down / Move uma planilha para a direita. Shift+F7 / Rastreia precedentes.
Na visualização de impressão: Move para a página de Shift+Ctrl+F5 / Move o cursor da Linha de entrada para
impressão seguinte. a caixa Área da planilha.
Alt+Page Up / Move uma tela para a esquerda. F7 / Verifica a ortografia na planilha atual.
Alt+Page Down / Move uma página de tela para a di- Ctrl+F7 / Abre o Dicionário de sinônimos se a célula atual
reita. contiver texto.
Shift+Ctrl+Page Up / Adiciona a planilha anterior à se- F8 / Ativa ou desativa o modo de seleção adicional. Nes-
leção de planilhas atual. Se todas as planilhas de um do- se modo, você pode usar as teclas de seta para estender a
cumento de planilha forem selecionadas, esta combinação seleção. Você também pode clicar em outra célula para es-
de teclas de atalho somente selecionará a planilha anterior. tender a seleção.
Torna atual a planilha anterior. Ctrl+F8 / Realça células que contém valores.
Shift+Ctrl+Page Down / Adiciona a próxima planilha à F9 / Recalcula as fórmulas modificadas na planilha atual.
seleção de planilhas atual. Se todas as planilhas de um do- Ctrl+Shift+F9 / Recalcula todas as fórmulas em todas as
cumento de planilha forem selecionadas, esta combinação planilhas.
de teclas de atalho somente selecionará a próxima planilha. Ctrl+F9 / Atualiza o gráfico selecionado.
Torna atual a próxima planilha. F11 Abre a janela Estilos e formatação para você aplicar um
Ctrl+ * onde (*) é o sinal de multiplicação no teclado estilo de formatação ao conteúdo da célula ou à planilha atual.
numérico Shift+F11 / Cria um modelo de documento.
Seleciona o intervalo de dados que contém o cursor. Shift+Ctrl+F11 / Atualiza os modelos.
Um intervalo é um intervalo de células contíguas que con- F12 / Agrupa o intervalo de dados selecionado.
tém dados e é delimitado por linhas e colunas vazias. Ctrl+F12 / Desagrupa o intervalo de dados selecionado.
Ctrl+ / onde (/) é o sinal de divisão no teclado numérico Alt+Seta para baixo / Aumenta a altura da linha atual
Seleciona o intervalo de fórmulas de matriz que contém (somente no Modo de compatibilidade legada do OpenOf-
o cursor. fice.org).
Ctrl+tecla de adição / Insere células (como no menu In- Alt+Seta para cima / Diminui a altura da linha atual (somen-
serir - Células) te no Modo de compatibilidade legada do OpenOffice.org).
Ctrl+tecla de subtração / Exclui células (tal como no Alt+Seta para a direita / Aumenta a largura da coluna
menu Editar - Excluir células) atual.
Enter ( num intervalo selecionado) / Move o cursor uma Alt+Seta para a esquerda / Diminui a largura da coluna
célula para baixo no intervalo selecionado. Para especificar atual.
a direção do movimento do cursor, selecione Ferramentas - Alt+Shift+Tecla de seta / Otimiza a largura da coluna ou
Opções - LibreOffice Calc - Geral. o tamanho da linha com base na célula atual.
Ctrl+ ` / Exibe ou oculta as fórmulas em vez dos valores
em todas as células. Formatar células com as teclas de atalho
A tecla ` está ao lado da tecla “1” na maioria dos tecla- Os formatos de célula a seguir podem ser aplicados com
dos em Inglês. Se seu teclado não possui essa tecla, você o teclado:
pode atribuir uma outra tecla: Selecione Ferramentas - Per- Teclas de atalho / Efeito
sonalizar, clique na guia Teclado. Selecione a categoria “Exi- Ctrl+1 (não use o teclado numérico) / Abre a caixa de
bir” e a função “Exibir fórmula”. diálogo Formatar células
Ctrl+Shift+1 (não use o teclado numérico) / Duas casas
Teclas de função utilizadas em planilhas decimais, separador de milhar
Teclas de atalho / Efeito Ctrl+Shift+2 (não use o teclado numérico) / Formato ex-
Ctrl+F1 / Exibe a anotação anexada na célula atual ponencial padrão
F2 / Troca para o modo de edição e coloca o cursor Ctrl+Shift+3 (não use o teclado numérico) / Formato de
no final do conteúdo da célula atual. Pressione novamente data padrão
para sair do modo de edição. Ctrl+Shift+4 (não use o teclado numérico) / Formato
Se o cursor estiver em uma caixa de entrada de uma monetário padrão
caixa de diálogo que possui o botão Encolher, a caixa de Ctrl+Shift+5 (não use o teclado numérico) / Formato
diálogo ficará oculta e a caixa de entrada permanecerá vi- de porcentagem padrão (duas casas decimais)
sível. Pressione F2 novamente para mostrar a caixa de diá- Ctrl+Shift+6 (não use o teclado numérico) / Formato
logo inteira. padrão

144
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

LIBREOFFICE IMPRESS

O LibreOffice Impress é o editor de apresentações da família LibreOffice.org e apresenta soluções atuais para esta
finalidade.
O Impress permite criar apresentações de slides profissionais que podem conter gráficos, objetos de desenho, texto,
multimídia e vários outros itens. Se desejar, você poderá importar e modificar apresentações do Microsoft PowerPoint.
O usuário poderá criar slides com complexidades variadas, indo de uma simples apresentação escolar até as mais
complexas apresentações profissionais. De uma forma geral, poderá ser criado e editado com o LibreOffice.org Impress:
a) Apresentações: Conjunto de slides, folhetos, anotações do apresentador e estruturas de tópicos, agrupados em um
arquivo;
b) Slides: É a página individual da apresentação. Pode conter títulos, textos, elementos gráficos, desenhos (clipart), etc;
c) Folhetos: É uma pequena versão impressa dos slides, para distribuir entre os ouvintes.
d) Anotações do Apresentador: Anotações que o apresentador queira adicionar ao slide sem que sejam visualizadas na
apresentação.
e) Estrutura de Tópicos: É o sumário da apresentação. Aparecem apenas os títulos e os textos principais de cada slide.

Layout

Antes de iniciar a utilização do Impress, é interessante ter alguns conceitos básicos de informática bem fixados, como
por exemplo:
– Cursor de Ponto de Inserção: barra que indica posição dentro do documento;
– Menu: conjunto de opções (comandos) utilizados durante a tarefa, que podem dividir-se em sub-menus. As opções
podem ser acessadas pela barra de menu, barra de ferramentas e teclas de atalho; – Janela: espaço onde fica um conjunto
de configurações de um comando.
– Barra de Menu: dá acesso a menus suspensos, onde estão todas as opções (comandos) do programa;
– Barra de Ferramentas: dá acesso a um conjunto de botões com as mesmas funcionalidades da barra de menu;
– Barra de Rolagem Horizontal e Vertical: facilita a navegação na página quando o zoom de visualização excede o
tamanho da tela;
– Barra de Status: exibe na parte inferior da janela do documento alguns status de comportamento e edição do texto
no programa.

Painel de slides
O Painel de Slides contém imagens em miniaturas dos slides de sua apresentação, na ordem em que serão mostrados
(a menos que se mude a ordem de apresentação dos slides). Clicando em um slide deste painel, isto o selecione e o coloca
na Área de Trabalho. Quando um slide está na Área de Trabalho, pode-se aplicar nele as alterações desejadas.

145
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Várias operações adicionais podem ser aplicadas em um ou mais slides simultaneamente no Painel de slides:
• Adicionar novos slides para a apresentação.
• Marcar um slide como oculto para que ele não seja mostrado como parte da apresentação.
• Excluir um slide da apresentação, se ele não é mais necessário.
• Renomear um slide.
• Duplicar um slide (copiar e colar) ou movê-lo para uma posição diferente na apresentação (cortar e colar).
Também é possível realizar as seguintes operações, apesar de existirem métodos mais eficientes do que usando o Pai-
nel de Slides:
• Alterar a transição de slides para o slide seguinte ou após cada slide em um grupo de slides.
• Alterar a sequência de slides na apresentação.
• Alterar o modelo do slide.
• Alterar a disposição do slide ou para um grupo de slides simultaneamente.

Painel de tarefas
O Painel de Tarefas tem cinco seções. Para expandir a seção que se deseja, clique no triângulo apontando para
a esquerda da legenda. Somente uma seção por vez pode ser expandida.

Páginas mestre
Aqui é definido o estilo de página para sua apresentação. O Impress contém Páginas Mestre pré-preparadas (slides
mestres). Um deles, o padrão, é branco, e os restantes possuem um plano fundo.
Layout
Os layouts pré-preparados são mostrados aqui. Você pode escolher aquele que se deseja, usálo como está ou modifi-
cá-lo conforme suas próprias necessidades. Atualmente não é possível criar layouts personalizados.

Modelos de tabela
Os estilos de tabela padrão são fornecidos neste painel. Pode-se ainda modificar a aparência de uma tabela com as
seleções para mostrar ou ocultar linhas e colunas específicas, ou aplicar uma aparência única às linhas ou colunas.

Animação personalizada
Uma variedade de animações/efeitos para elementos selecionados de um slide são listadas. A animação pode ser adi-
cionada a um slide, e também pode ser alterada ou removida posteriormente.

Transição de slide
Muitas transições estão disponíveis, incluindo Sem transição. Pode-se selecionar a velocidade de transição (lenta, média,
rápida), escolher entre uma transição automática ou manual, e escolher por quanto tempo o slide selecionado será mostrado.

Área de trabalho
A Área de Trabalho tem cinco guias: Normal, Estrutura de tópicos, Notas, Folheto e Classificador de slide. Estas cinco guias
são chamadas botões de Visualização. A Área de Trabalho abaixo dos botões muda dependendo da visualização escolhida.

146
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de status
A Barra de status, localizada na parte inferior da janela do Impress, contém informações que podem ser úteis quando
trabalhamos com uma apresentação. Ela mostra algumas informações sobre o documento e maneiras convenientes de al-
terar algumas funcionalidades. Ela é parecida, tanto no Writer, como no Calc, Impress e Draw, mas cada componente inclui
alguns itens específicos.

Canto esquerdo da barra de status no Impress

Canto direito da barra de status do Impress


Os itens da barra de status estão descritos abaixo.
Número do slide
Mostra o número do slide e o número total deles no documento. Clique duas vezes nesse campo para abrir o Nave-
gador.
Estilo do slide

Mostra o estilo atual do slide. Para editá-lo, clique duas vezes nesse campo.

Alterações não salvas

Um ícone aparece aqui se alterações feitas no documento não foram salvas.

Assinatura digital

Se o documento foi assinado digitalmente, um ícone é mostrado aqui. Você pode clicar duas vezes sobre ele para
ver o certificado.
Informação do objeto
Mostra informações importantes relativas à posição do cursor ou do elemento selecionado no documento. Clicar duas
vezes nessa área normalmente abre uma caixa de diálogo.
Zoom e proporção
Para alterar a visualização para mais perto ou mais longe, arraste o botão de Zoom, ou clique nos botões + e –, ou cli-
que com o botão direito do mouse no marcador de nível de zoom para mostrar uma lista de valores que se podem escolher
para a exibição.
Clicando duas vezes sobre o Zoom e proporção, aparece a caixa de diálogo Zoom & Visualização do Layout.

147
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegador Use a exibição Estrutura de tópicos para as seguintes


O Navegador exibe todos os objetos contidos em finalidades:
um documento. Ele fornece outra forma conveniente de Fazer alterações no texto de um slide :
se mover em um documento e encontrar itens neste. Para Adicione e exclua o texto em um slide assim como no
exibir o Navegador, clique no ícone na barra de ferra- modo de exibição Normal.
mentas Padrão, ou escolha Exibir → Navegador na barra de Mova os parágrafos do texto no slide selecionado para
menu, ou pressione Ctrl+Shift+F5. cima ou para baixo usando as teclas de seta para cima e
O Navegador é mais útil se se der aos slides e objetos para baixo (Mover para cima ou Mover para baixo) na barra
(figuras, planilhas, e assim por diante) nomes significativos, de ferramenta Formatação de Texto.
ao invés de deixá- los como o padrão “Slide 1” e “Slide 2” Altere o nível da Estrutura de tópicos para qualquer um
mostrado na Figura abaixo. dos parágrafos em um slide usando as teclas seta esquerda
e direita (Promover ou Rebaixar).
Move um parágrafo e altera o seu nível de estrutura de
tópicos usando a combinação destas quatro teclas de seta.
Comparar os slides com sua estrutura (se tiver prepa-
rado uma antecipadamente). Observe a partir do seu es-
quema que outros slides são necessários, pode-se criá-los
diretamente na exibição Estrutura de tópicos ou pode-se
voltar ao modo de exibição normal para criá-lo.

Exibição Notas
Use a exibição Notas para adicionar notas para um sli-
de.
Clique na guia Notas na Área de trabalho.
Selecione o slide ao qual se deseja adicionar notas.
Clique o slide no painel Slides, ou Duplo clique no
nome do slide no Navegador.
Na caixa de texto abaixo do slide, clique sobre as pala-
vras Clique para adicionar notas e comece a digitar.
Exibições da área de trabalho
Cada uma das exibições da área de trabalho é projeta- Pode-se redimensionar a caixa de texto de Notas uti-
da para facilitar a realização de determinadas tarefas; por- lizando as alças de redimensionamento verdes que apare-
tanto, é útil se familiarizar com elas, a fim de se realizar cem quando se clica na borda da caixa. Pode-se também
rapidamente estas tarefas. mover a caixa colocando o cursor na borda, então clicando
A exibição Normal é a principal exibição para traba- e arrastando. Para fazer alterações no estilo de texto, pres-
lharmos com slides individuais. Use esta exibição para sione a tecla F11 para abrir a janela Estilos e formatação.
projetar e formatar e adicionar texto, gráficos, e efeitos de
animação.
Para colocar um slide na área de projeto (Exibição nor-
mal), clique na miniatura do slide no Painel de slides ou
clique duas vezes no Navegador.

Exibição estrutura de tópicos


A visualização Estrutura de tópicos contém todos os
slides da apresentação em sua sequência numerada. Mos-
tra tópico dos títulos, lista de marcadores e lista de nu-
meração para cada slide no formato estrutura de tópicos.
Apenas o texto contido na caixa de texto padrão em cada
slide é mostrado, portanto se o seu slide inclui outras cai-
xas de texto ou objetos de desenho, o texto nesses objetos
não é exibido. Nome de slides também não são incluídos.

148
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exibição Folheto Exibição classificador de slides


A exibição Folheto é para configurar o layout de seu A exibição Classificador de slides contém todas as mi-
slide para uma impressão em folheto. Clique na guia Fo- niaturas dos slides. Use esta exibição para trabalhar com
lheto na Área de trabalho, então escolha Layouts no painel um grupo de slides ou com apenas um slide.
de Tarefas. Pode-se então optar por imprimir 1,2,3,4,6 ou 9
slides por página

Personalizando a exibição classificador de slides

Para alterar o número de slides por linha:


Escolha Exibir → Barra de ferramentas → Exibição de sli-
des para fazer a barra de ferramenta Exibição de slide visível.

Use esta exibição também para personalizar as infor-


mações impressas no folheto.
Selecione a partir do menu Inserir → Número da pagi- Ajuste o número de slides (até um máximo de 15).
na ou Inserir → Data e hora e na caixa de diálogo que abre,
e clique na guia Notas e Folheto. Use esta caixa de diálogo Movendo um slide usando o Classificador de slide
para selecionar os elementos que se deseja para aparecer Para mover um slide em um apresentação no Classifi-
em cada página do folheto e seus conteúdos. cador de slides:
1) Clique no slide. Uma borda grossa e preta é dese-
nhada em torno dele. 2) Arraste-o e solte-o no local de-
sejado.
Conforme o slide se move, uma linha vertical preta
aparece para um lado do slide.
Arraste o slide até que esta linha vertical preta esteja
localizada onde deseja-se que o slide seja movido.

Selecionando e movendo grupos de slides


Para selecionar um grupo de slides, use um destes mé-
todos:
Use a tecla Ctrl: Clique no primeiro slide e, mantendo a
tecla Ctrl pressionada, selecione os outros slides desejados.
Use a tecla Shift: Clique no primeiro slide e, enquanto
pressiona a tecla Shift, clique no slide final do grupo. Isto
seleciona todos os slides entre o primeiro e o último.
Use o mouse: Clique ligeiramente à esquerda do pri-
meiro slide a ser selecionado.
Mantenha pressionado o botão esquerdo do mouse e
arraste o ponteiro do mouse para o ponto um pouco à di-
reita do último slide a ser incluído. (Pode-se também fazer
isto da direita para a esquerda) Um contorno tracejado re-
tangular se forma enquanto arrasta-se o cursor através das
miniaturas dos slides e uma borda é desenhada em torno
de cada slide selecionado. Certifique-se de que o retângulo
incluiu todos os slides desejados para a seleção.

Para mover um grupo de slides:


Selecione o grupo.
Arraste e solte o grupo para sua nova localização. Um
linha vertical preta aparece para mostrar para onde o gru-
po de slides será movido.

149
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Trabalhando na exibição Classificador de slides Clique em Próximo. A Figura seguinte mostra o passo 2
Pode-se trabalhar com slides na exibição Classificador do Assistente de Apresentação como aparece ao selecionar
de slides assim como se trabalha no Painel de slides. Apresentação vazia no passo 1. Se selecionar A partir do mo-
Para fazer alterações, clique com o botão direito do delo, um slide de exemplo é mostrado na caixa de visualização.
mouse em um slide e escolha qualquer uma das seguintes
opções do menu suspenso:
Adicionar um novo slide após o slide selecionado.
Renomear ou excluir o slide selecionado.
Alterar o layout do slide.
Alterar a transição do slide.
– Para um slide, clique no slide para selecioná-lo e en-
tão adicione a transição desejada.
– Para mais de um slide, selecione o grupo de slides e
adicione a transição desejada.
Marcar um slide como oculto. Slides ocultos não serão
mostrados na exibição de slides.
Copiar ou cortar e colar um slide.

Renomeando slides

Clique com o botão direito do mouse em uma miniatura


no Painel de slides ou o Classificador de slides e escolha Re- Escolha um modelo em Selecione um modelo de slide.
nomear slide no menu suspenso. No campo Nome, apague o A seção modelo de slide oferece duas escolhas principais:
nome antigo do slide e digite o novo nome. Clique OK. Planos de fundo para apresentação e Apresentações.
Cada uma tem uma lista de escolhas para modelos de
Criando uma nova apresentação através do assis- slide. Se quiser usar um desses que não seja < Original>,
tente clique nele para selecioná-lo.
• Os tipos de Planos de fundo para apresentação
Para acessar o assistente devemos ir até o menu Arquivo são mostrados na Figura acima. Clicando em um item, te-
/ Assistentes / Apresentação, que ira exibir a seguinte tela: remos uma visualização do modelo de slide na janela Vi-
sualização.
• < Original> é para um projeto em branco na apre-
sentação de slides.
Selecione como a apresentação será usada em Selecio-
ne uma mídia de saída. Na maioria das vezes, as apresen-
tações são criadas para exibição na tela do computador.
Selecione Tela. Pode-se alterar o formato da página a qual-
quer momento.
Obs.: A página de Tela é otimizada para uma exibição
de 4:3 (28 cm x 21 cm) por isso não é apropriado para os
modernos monitores widescreen. Pode-se alterar o tama-
nho do slide a qualquer momento, mudando para visão
Normal e selecionando Formatar → Página.
Clique em Próximo e o passo 3 do Assistente de apre-
sentação é aberto.

Deixe a opção Visualizar selecionada para que mode-


los, apresentação de slides e transições de slides apareçam
na caixa de visualização ao selecioná-los.
• Selecione Apresentação vazia em Tipo. Ele cria
uma apresentação a partir do zero.
• A partir do modelo usa um modelo já criado como
base para uma nova apresentação. O Assistente muda para
mostrar uma lista de modelos disponíveis. Escolha o mo-
delo que se deseja.
• Abrir uma apresentação existente continua tra-
balhando em uma apresentação criada anteriormente. O
Assistente muda para mostrar uma lista de apresentações
existentes. Escolha a apresentação que se deseja.

150
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Escolha a transição de slides no menu suspenso Efeito. Pode-se escolher o tipo de conteúdo clicando no ícone
• Selecione a velocidade desejada para a transição correspondente que é exibido no meio da caixa de con-
entre os diferentes slides na apresentação no menu sus- teúdo, como mostrado na Figura abaixo. Para texto, basta
penso. Velocidade. Média e uma boa escolha no momento. clicar no local indicado na caixa para se obter o cursor.
Clique Criar. Uma nova apresentação é criada.

Formatando uma apresentação


A nova apresentação contém somente um slide em
branco. Nesta seção vamos iniciar a adição de novos slides
e prepará-los para o conteúdo pretendido.

Inserindo slides
Isto pode ser feito de várias maneiras, faça a sua es-
colha:
• Inserir → Slide.
• Botão direito do mouse no slide atual e selecione
Slide → Novo slide no menu suspenso.
• Clique no ícone Slide na barra de ferramenta
Apresentação.
Às vezes, ao invés de partir de um novo slide se deseja
duplicar um slide que já está inserido. Para fazer isso, sele-
cione o slide que se deseja duplicar no painel de Slides e
escolha Inserir → Duplicar slide.
Para selecionar ou alterar o layout, coloque o slide na
Selecionando um layout Área de trabalho e selecione o layout desejado da gaveta
No painel de Tarefas, selecione a aba Layouts para exi- de layout no Painel de tarefas.
Se tivermos selecionado um layout com uma ou mais
bir os layouts disponíveis. O Layout difere no número de
caixas de conteúdo, este é um bom momento para decidir
elementos que um slide irá conter, que vai desde o slide
qual tipo de conteúdo se deseja inserir.
vazio (slide branco) ao slide com 6 caixas de conteúdo e um
título (Título, 6 conteúdos).
Modificando os elementos de slide
Atualmente cada slide irá conter os elementos que es-
tão presentes no slide mestre que se está usando, como
imagens de fundo, logos, cabeçalho, rodapé, e assim por
diante. No entanto, é improvável que o layout pré-definido
irá atender todas as suas necessidades. Embora o Impress
não tenha a funcionalidade para criar novos layouts, ele
nos permite redimensionar e mover os elementos do la-
yout. Também é possível adicionar elementos de slides sem
ser limitado ao tamanho e posição das caixas de layout.
Para redimensionar uma caixa de conteúdo, clique so-
bre o quadro externo para que as 8 alças de redimensiona-
mento sejam mostradas. Para movê-la coloque o cursor do
mouse no quadro para que o cursor mude de forma. Pode-
se agora clicar com o botão esquerdo do mouse e arrastar
a caixa de conteúdos para uma nova posição no slide.
Nesta etapa pode-se também querer remover quadros
indesejados. Para fazer isto:
Clique no elemento para realçá-lo. (As alças de redi-
mensionamento verdes mostram o que é realçado).
Pressione a tecla Delete para removê-lo.

O Slide de título (que também contém uma seção para Adicionando texto a um slide
um subtítulo) ou Somente título são layouts adequados Se o slide contém texto, clique em Clique aqui para
para o primeiro slide, enquanto que para a maioria dos sli- adicionar um texto no quadro de texto e então digite o
des se usará provavelmente o layout Título, conteúdo. texto. O estilo Estrutura de esboço 1:10 é automaticamente
Vários layouts contém uma ou mais caixas de conteú- aplicado ao texto conforme o que insere. Pode-se alterar o
do. Cada uma dessas caixas pode ser configurada para nível da Estrutura de cada parágrafo assim como sua posi-
conter um dos seguintes elementos: Texto, Filme, Imagem, ção dentro do texto usando os botões de seta na barra de
Gráfico ou Tabela. ferramenta Formatação de texto.

151
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Modificando a aparência de todos os slides Clique e arraste para desenhar uma caixa para o texto
Para alterar o fundo e outras características de todos no slide. Não se preocupe com o tamanho e posição ver-
os slides em uma apresentação, é melhor modificar o slide tical; a caixa de texto irá expandir se necessário enquanto
mestre ou escolher um slide mestre diferente como expli- se digita.
cado na seção Trabalhando com slide mestre e estilos na Solte o botão do mouse quando terminar. O cursor apa-
página 28. rece na caixa de texto, que agora está no modo de edição.
Se tudo que se necessita fazer é alterar o fundo, pode- Digite ou cole seu texto na caixa de texto.
se tomar um atalho: Clique fora da caixa de texto para desmarcá-la.
1. Selecione Formatar → Página e vá para a aba Plano Pode-se mover, redimensionar e excluir caixas de texto.
de fundo.
2. Selecione o plano de fundo desejado entre cor só- Adicionando imagens, tabelas, gráficos e filme
lida, gradiente, hachura e bitmap. Como foi visto, além de texto uma caixa pode conter
3. Clique OK para aplicá-lo. também imagens, tabelas, gráficos ou filme. Esta seção for-
Uma caixa de diálogo se abrirá perguntando se o fun- nece uma visão rápida de como trabalhar estes objetos.
do deve ser aplicado para todos os slides. Se clicar em sim,
o Impress irá modificar automaticamente o slide mestre.

Modificando a apresentação de slides


Por padrão a apresentação de slides irá mostrar todos
os slides na mesma ordem em que aparecem na apresenta-
ção, sem qualquer transição entre os slides, e precisa-se do
teclado ou da interação com o mouse para mover de um
Adicionando imagens
slide para o próximo.
Para adicionar uma imagem a uma caixa de conteúdo:
Pode-se usar o menu apresentação de slides para al- Clique no ícone Inserir imagem.
terar a ordem dos slides, escolher quais serão mostrados, Use o navegador de arquivos para selecionar o arquivo
automaticamente mover de um slide para outro e outras de imagem que se quer incluir. Para ver uma pré-visuali-
configurações. Para alterar a transição, animação de slides, zação da imagem, selecione Visualizar na parte inferior da
adicionar uma trilha sonora na apresentação e fazer outras caixa de diálogo Inserir imagem.
melhorias, necessita-se o uso de funções do Painel de ta- Clique Abrir.
refas. A imagem será redimensionada para preencher a área
da caixa de conteúdo. Siga as instruções da nota abaixo e
Adicionando e formatando texto cuidado quando redimensioná-la a mão.
Muitos dos slides podem conter algum texto. Esta se-
ção lhe dá algumas orientações de como adicionar texto e Adicionando tabelas
alterar sua aparência. O texto em um slide está contido em Para a exibição de dados tabulares, pode-se inserir
caixas de texto. tabelas básicas diretamente nos slides escolhendo o tipo
Há dois tipos de caixas de texto que pode-se adicionar de conteúdos na Tabela. Também é possível adicionar uma
a um slide: tabela fora da caixa de conteúdo de uma série de formas:
Escolha de um layout pré-definido na seção Layouts Escolha Inserir → Tabela na barra de menu.
no Painel de tarefas e não selecionar qualquer tipo de con- Com o botão Tabela na barra de ferramenta Principal
teúdo especial. Estas caixas de texto são chamadas texto
Layout automático . Com o botão Modelos de tabela na barra de ferramen-
Criar uma caixa de texto usando a ferramenta texto na ta tabela.
barra de ferramenta Desenho.
Selecione uma opção de estilo na seção Modelos de
Usando caixas de texto criadas a partir do painel Layouts tabela do painel de Tarefas.
Na exibição Normal: Cada método abre a caixa de diálogo Inserir tabela. Al-
ternativamente, clicando na seta preta ao lado do botão
Clique na caixa de texto que se lê Clique para adicio-
Tabela mostra um gráfico que pode-se arrastar e selecionar
nar texto, Clique para adicionar o título, ou uma notação
o número de linhas e colunas para a tabela.
similar.
Com a tabela selecionada, a barra de ferramentas Ta-
Digite ou cole seu texto na caixa de texto.
bela deve aparecer. Se não, pode-se acessá-la selecionan-
do Exibir → Barra de ferramentas → Tabela. A barra de fer-
Usando caixa de texto criadas a partir da ferramen- ramentas Tabela oferece muito dos mesmos botões como
ta caixa de texto Na exibição Normal: a barra de ferramentas Tabela no Writer, com a exceção de
Clique no ícone na barra de ferramenta Desenho. funções como Classificar e Soma para realização de cálcu-
Se a barra de ferramenta com o ícone texto não é visível, los. Para estas funções, é preciso usar uma planilha do Calc
escolha Exibir → Barra de ferramentas → Desenho. inserida (discutido abaixo).

152
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Depois que a tabela é criada, pode-se modificá-la de Trabalhando com slide mestre e estilos
forma semelhante ao que se faria em uma tabela no Writer: Um slide mestre é um slide que é usado como ponto
adicionando e excluindo linhas e colunas, ajustando largura de partida para outros slides. É semelhante a página de
e espaçamento, adicionando bordas, cores de fundo, etc... estilos no Writer: controla a formatação básica de todos os
Modificando o estilo da tabela a partir da seção Modelos slides baseados nele. Uma apresentação de slides pode ter
de tabela no painel de Tarefas, pode-se alterar rapidamente a mais de um slide mestre. O slide mestre também pode ser
aparência da tabela ou quaisquer tabelas recém-criadas com chamado de slide principal ou página mestre.
base nas opções de estilo que se selecionou. Pode-se esco- Um slide mestre tem um conjunto definido de caracte-
lher optar por dar enfase ao cabeçalho e as linhas de totais, rísticas, incluindo a cor de fundo, gráfico, ou gradiente; ob-
bem como a primeira e a ultima colunas da tabela, e aplicar jetos (como logotipos, linhas decorativas e outros gráficos)
uma faixa aparecendo nas linhas e colunas. no fundo; cabeçalhos e rodapés; localização e tamanho dos
Tendo concluído o modelo da tabela, inserir dados den- quadros de texto; e a formatação do texto.
tro das células é semelhante a trabalhar com objetos caixa
de texto. Clique na célula que se deseja adicionar dados, e Estilos
comece a digitar. Para se deslocar rapidamente nas células, Todas as características de slide mestre são controladas
use as seguintes opções de teclas: por estilos. Os estilos de qualquer novo slide que se crie
As teclas Seta move o cursor para a próxima célula da são herdados do slide mestre do qual ele foi criado. Em
tabela se a célula está vazia, caso contrário, elas movem o outras palavras, o estilo do slide mestre estão disponíveis
cursor para o próximo caractere na célula. e aplicados a todos os slides criados a partir desse slide
A tecla Tab move para a próxima célula, pulando sobre o mestre. Alterando um estilo em um slide mestre resulta em
conteúdo da célula; Shift+Tab move para trás pulando para o mudança para todos os slides com base nesse slide mestre,
início do conteúdo se houver. mas pode-se modificar slides individualmente sem afetar o
slide mestre.
Adicionando gráficos O slide mestre tem dois tipos de estilos associados a
Para inserir um gráfico em um slide pode-se usar o recurso In-
ele: estilos de apresentação e estilos gráficos. Os estilos de
serir gráfico ou selecionar gráfico como tipo de uma caixa de con-
apresentação pré-configurados não podem ser modifica-
teúdo. Em ambos os casos o Impress irá inserir um gráfico padrão.
dos mas novos estilos de apresentação podem ser criados.
No caso de estilos gráficos, pode-se modificar os préconfi-
Adicionando clips de mídia
gurados e também criar novos.
Pode-se inserir vários tipos de músicas e clips de filme
Estilos de apresentação afetam três elementos de um
em seu slide selecionando o botão Inserir filme em uma caixa
de conteúdo vazia. Um reprodutor de mídia será aberto na slide mestre: o plano de fundo, fundo dos objetos (como
parte inferior da tela, o filme será aberto no fundo da tela e ícones, linhas decorativas e quadro de texto) e o texto co-
pode-se ter uma visualização da mídia. No caso de um arqui- locado no slide. Estilos de texto são subdivididos em No-
vo de áudio, a caixa de conteúdo será preenchida com uma tas, Alinhamento 1 ate Alinhamento 9, Subtítulo, e Título.
imagem de alto falante. Os estilos de alinhamento são usados para os diferentes
níveis de alinhamento a que pertencem. Por exemplo, Ali-
Adicionando gráficos, planilhas, e outros objetos nhamento 2 é usado para os subpontos do Alinhamento
Gráficos tais como formas, textos explicativos, setas, etc... 1, e Alinhamento 3 e usado para os subpontos do Alinha-
são muitas vezes úteis para complementar o texto em um mento 2.
slide. Estes objetos são tratados da mesma forma como um Estilos gráficos afetam muitos dos elementos de um
gráfico no Draw. slide. Repare que estilos de texto existem tanto na seleção
Planilhas embutidas no Impress incluem a maioria das do estilo de apresentação como no estilo gráfico.
funcionalidades de planilhas no Calc e, portanto, capaz de
realizar cálculos extremamente complexos e análise de da- Slides mestres
dos. Se houver necessidade de analisar seus próprios dados O Impress vem com vários slides mestres pré-configu-
ou aplicar fórmulas, essas operações podem ser melhor exe- rados. Eles são mostrados na seção
cutadas em uma planilha Calc e os resultados mostrados em Páginas mestre no painel de Tarefas. Esta seção tem
uma planilha incorporada no Impress ou ainda melhor em três subseções: Utilizadas nesta apresentação, Recém utili-
uma tabela Impress nativa. zadas e Disponível para utilização. Clique no sinal + ao lado
Alternativamente, escolha Inserir → Objeto → Objeto OLE do nome de uma subseção para expandi-la para mostrar
na barra de menu. Isso abre uma planilha no meio do slide e miniaturas dos slides, ou clique o sinal – para esconder as
o menu e as barras de ferramentas mudam para os utilizados miniaturas.
no Calc para que se possa começar a adicionar os dados, Cada um dos slides mestres mostrados na lista Dispo-
embora talvez seja necessário redimensionar a área visível no nível para utilização é de um modelo de mesmo nome. Se
slide. Pode-se também inserir uma planilha já existente e usar tivermos criado nossos próprios modelos, ou adicionado
o visor para selecionar os dados que se deseja exibir no slide. modelos de outras fontes, os slides mestres a partir destes
O Impress oferece a capacidade de inserir em um slide modelos também aparecem nesta lista.
vários outros tipos de objetos como documentos Writer,
Fórmulas matemáticas, ou mesmo uma outra apresentação.

153
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aplicando um slide mestre


No Painel de tarefas, certifique-se de que a seção Pági-
nas mestre é mostrada.
Para aplicar um dos slides mestre para todos os slides de
sua apresentação, clique sobre ele na lista.
Para aplicar um slide mestre diferente para um ou mais
slides selecionados:
No Painel de slides, selecione o slide que se deseja al-
terar.
No Painel de tarefas, com o botão direito do mouse no
slide mestre que se deseja aplicar aos slides selecionados,
e clique Aplicar aos slides selecionados no menu suspenso.

Adicionando comentários a uma apresentação


O Impress suporta comentários semelhantes ao do Wri-
ter e Calc.
No modo de exibição Normal, escolha Inserir → Anota-
ção da barra de menu. Uma pequena caixa contendo suas
iniciais aparece no canto superior esquerdo do slide, com
uma caixa de texto maior ao lado. O Impress adiciona auto-
maticamente seu nome (se preenchido em Dados do usuá-
rio conforme dica acima) e a data atual na parte inferior da
caixa de texto.

Criando um slide mestre


Criar um novo slide mestre é semelhante ao modificar
o slide mestre padrão. Para começar, permita a edição de
slides mestres em Exibir → Mestre → Slide mestre.

Digite ou cole o seu comentário na caixa de texto. Op-


cionalmente, pode-se aplicar alguma formatação básica para
partes do texto selecionando-o, botão direito do mouse, e
escolhendo no menu suspenso. (A partir deste menu, pode-
se também excluir a anotação atual, todas as anotações do
Na barra de ferramenta Exibição mestre, clique no íco- mesmo autor, ou todas as anotações no documento).
ne Novo mestre. Pode-se mover os marcadores pequenos dos comentá-
Um segundo slide mestre aparece no Painel de slides. rios para qualquer lugar que se deseje na página. Normal-
Modifique este slide mestre para atender suas necessida- mente, pode-se colocá-lo em ou perto de um objeto a que
des. Também é recomendável renomear este novo slide se refere no comentário.
mestre: clique com o botão direito do mouse no slide no Para mostrar ou ocultar os marcadores de anotação, es-
Painel de slides e selecione Renomear mestre no menu sus- colha Exibir → Anotações.
penso. Selecione Ferramentas → Opções → LibreOffice → Da-
Quando terminar, feche a barra de ferramenta Exibi- dos do usuário para configurar o nome que se deseja para
ção mestre para retornar para o modo de edição de slide aparecer no campo Autor da anotação, ou mudá-lo.
normal. Se mais de uma pessoa edita o documento, a cada autor
é automaticamente atribuída uma cor de fundo diferente.

154
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Configurando a apresentação de slide Executando a apresentação de slides


Impress aloca configurações padrão para apresenta- Para executar a apresentação de slides, execute um
ção de slide, enquanto ao mesmo tempo permite a per- dos seguintes comandos:
sonalização de vários aspectos da experiência para apre- Clique Apresentação de slides → Apresentação de sli-
sentação de slide. des.
A maioria das tarefas são melhor realizadas tendo em Clique no botão Apresentação de slides na barra de
exibição classificador de slide onde pode-se ver a maioria ferramenta Apresentação.
dos slides simultaneamente. Escolha Exibir → Classificador
de slide na barra de menu ou clique na guia Classificador
de slide na parte superior da área de trabalho.

Um conjunto de slides – várias apresentações


Em muitas situações, pode-se achar que se tenha sli-
des mais do que o tempo disponível para apresentá-los
ou pode-se querer dar uma visão rápida sem se deter Pressione F5 ou F9 no teclado.
em detalhes. Ao invés de ter que criar uma nova apre- Se a transição de slides é Automaticamente após x se-
sentação; pode-se usar duas ferramentas que o Impress gundos. Deixe a apresentação de slides executar por si só.
oferece: slides escondidos e apresentação de slide per- Se a transição de slides é Ao clique do mouse, escolha
sonalizada. uma das seguintes opções para se mover de um slide para
Para ocultar um slide, clique com o botão direito do o outro:
mouse sobre a miniatura do slide senão na área de traba- Use as teclas setas do teclado para ir para o próximo
lho se se estiver usando a exibição classificador de slide slide ou voltar ao anterior.
e escolha Ocultar slide no menu suspenso. Slides ocultos Clique com o mouse para mover para o próximo slide.
são marcados por hachuras no slide. Pressione a barra de espaço para avançar para o pró-
Se deseja reordenar a apresentação, escolha Apresen- ximo slide.
tação de slides → Apresentação de slides personalizada. Use o botão direito do mouse em qualquer lugar na
tela para abrir um menu a partir do qual se pode navegar
Clique no botão Nova para criar uma nova sequência de
os slides e definir outras opções.
slides e salvá-lo.
Para sair da apresentação de slide a qualquer momen-
Pode-se ter muitas apresentações de slides como se
to, inclusive no final, pressione a tecla Esc.
quer a partir de um conjunto de slides.
Mostrar uma apresentação de slides automática (modo
Transições de slide
quiosque)
Transição de slide é a animação que é reproduzida
Para uma mudança automática para o próximo slide,
quando um slide for alterado. Pode-se configurar a tran-
você deve atribuir uma transição de slides para cada slide.
sição de slide a partir da aba Transição de slides no painel No painel de Tarefas, clique em Transição de slides
de Tarefas. Selecione a transição desejada, a velocidade para abri-la.
da animação, e se a transição deve acontecer quando se Na área Avançar slide, clique em Automaticamente
clica com o mouse (de preferência) ou automaticamente após, e selecione o tempo de duração.
depois de um determinado número de segundos. Clique Clique em Aplicar para todos os slides.
Aplicar a todos os slides, a menos que prefira ter diferen- Você pode aplicar um tempo diferente para cada slide
tes transições na apresentação. para avançar para o próximo. A função de ensaio crono-
metrado poderá auxiliá-lo no sincronismo correto.
Avançar slides automaticamente Para avançar para o primeiro slide, após todos os sli-
Pode-se configurar a apresentação para avançar au- des terem sido exibidos, você deverá configurar a apre-
tomaticamente para o próximo slide após um determina- sentação de slides com repetição automática.
do período de tempo (por exemplo na forma de quiosque
ou carrocel) a partir do menu Apresentação de slide → Escolha Apresentação de slides - Configurações da
Configurações da apresentação de slides ou para avançar apresentação de slides.
automaticamente após um período preestabelecido de Na área Tipo, clique em Automático e selecione o
tempo diferente para cada slide. Para configurar este últi- tempo de espera entre as apresentações.
mo, escolha Apresentação de slide → Cronometrar. Quan- Quando criar uma nova apresentação de slides uti-
do usamos esta ferramenta, um temporizador de peque- lizando o Assistente de apresentação, você poderá sele-
no porte é exibido no canto inferior esquerdo. Quando cionar a duração e o tempo de espera de cada slide, na
estiver pronto para avançar para o próximo slide, clique terceira página do assistente.
no temporizador. O Impress vai memorizar os intervalos
e na próxima apresentação dos slides, estes irão avançar
automaticamente após o tempo expirar.

155
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para aplicar um efeito de transição a um slide Teclas de atalho no LibreOffice Impress


Na exibição Normal, selecione o slide ao qual você
deseja adicionar efeito de transição. Teclas de função para o LibreOffice Impress
No painel de Tarefas, clique em Transição de slides. Teclas de atalho/Efeito
Selecione uma transição de slides na lista. F2 / Editar o texto.
Você pode visualizar o efeito de transição na janela do F3 / Entrar no grupo
documento. Ctrl+F3 / Sair do grupo
Shift+F3 / Duplicar
F4 / Posição e tamanho
F5 / Exibir apresentação de slides.
Ctrl+Shift+F5 / Navegador
F7 / Verificação ortográfica
Ctrl+F7 / Dicionário de sinônimos
F8 / Editar pontos.
Ctrl+Shift+F8 / Ajustar o texto ao quadro.
F11 / Estilos e formatação

Teclas de atalho em apresentações de slides


Teclas de atalho / Efeito
Esc / Finalizar a apresentação.
Barra de espaço ou seta para direita ou seta para bai-
xo ou Page Down ou Enter ou Return ou N / Reproduzir
o próximo efeito (se houver, caso contrário ir para o pró-
ximo slide).
Alt+Page Down / Ir para o próximo slide sem repro-
duzir os efeitos.
[número] + Enter / Digite o número de um slide e
pressione Enter para ir para o slide.
Seta para a esquerda ou seta para cima ou Page Up
ou Backspace ou P / Reproduz o efeito anterior novamen-
te. Se não houver efeito anterior nesse slide, exibir slide
anterior.
Alt+Page Up / Ir para o slide anterior sem reproduzir
os efeitos.
Home / Saltar para o último slide da apresentação.
End / Saltar para o último slide da apresentação.
No painel de slides, um Fade effect indicator.png ícone Ctrl+ Page Up / Ir para o slide anterior.
aparece perto da visualização dos slides, indicando que há Ctrl+ Page Down / Ir para o próximo slide.
uma transição de slide. Ao passar a apresentação com a con- B ou . / Exibir tela em preto até o próximo evento de
sole do apresentador, um Presenterscreen-Transition.png tecla ou da roda do mouse.
ícone indicará que o próximo slide possui uma transição.
W ou , / Exibir tela em branco até o próximo evento
Para aplicar o mesmo efeito de transição a mais de um
de tecla ou da roda do mouse.
slide
Na exibição Classificador de slides, selecione os slides
Teclas de atalho na exibição normal
os quais você deseja adicionar efeitos.
Teclas de atalho / Efeito
Se desejar, você pode utilizar a barra de ferramentas Tecla de adição (+) / Mais zoom.
Zoom Ícone para alterar a ampliação da exibição dos slides. Tecla de subtração (-) / Menos zoom.
No painel Tarefas, clique em Transição de slides. Tecla de multiplicação (×) (teclado numérico) / Ajustar
Selecione uma transição de slides na lista. a página à janela.
Para visualizar o efeito de transição de um slide, clique Tecla de divisão(÷) (teclado numérico) / Aplicar mais
no ícone pequeno abaixo do slide no Painel de slides. zoom na seleção atual.
Shift+Ctrl+G / Agrupar os objetos selecionados.
Para remover um efeito de transição Shift+Ctrl+Alt+A / Desagrupar o grupo selecionado.
Na exibição Classificador de slides, selecione os slides Ctrl+ clique / Entre em um grupo para que você pos-
os quais você deseja remover os efeitos de transição. sa editar os objetos individuais do grupo. Clique fora do
Escolha Sem transição na caixa de listagem no painel grupo para retornar à exibição normal.
Tarefas. Shift+Ctrl+ K / Combinar os objetos selecionados.

156
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Shift+Ctrl+ K / Dividir o objeto selecionado. Essa Ctrl+Backspace / Exclui o texto até o início da palavra
combinação funcionará apenas em um objeto que tenha Numa lista: exclui um parágrafo vazio na frente do pa-
sido criado pela combinação de dois ou mais objetos. rágrafo atual
Ctrl+ tecla de adição /Trazer para a frente. Ctrl+Shift+Del / Exclui o texto até ao final da frase
Shift+Ctrl + tecla mais /Trazer para frente. Ctrl+Shift+Backspace / Exclui o texto até o início da
Ctrl + tecla menos Enviar para trás. frase
Shift+Ctrl + tecla menos / Enviar para o fundo.
Teclas de atalho no LibreOffice Impress
Teclas de atalho ao editar texto Teclas de atalho / Efeito
Teclas de atalho /Efeito Tecla de seta / Move o objeto selecionado ou a exibi-
Ctrl+Hífen(-) / Hifens personalizados; hifenização defi- ção da página na direção da seta.
nida pelo usuário. Ctrl+ tecla Seta / Mover pela exibição da página.
Ctrl+Shift+Sinal de menos (-) / Traço incondicional Shift + arrastar / Limita o movimento do objeto sele-
(não utilizado na hifenização) cionado no sentido horizontal ou vertical.
Ctrl+Shift+Barra de espaços / Espaços incondicionais. Ctrl+ arrastar (com a opção Copiar ao mover ativa) /
Os espaços incondicionais não são utilizados na hifeniza- Mantenha pressionada a tecla Ctrl e arraste um objeto para
ção e não se expandem se o texto estiver justificado. criar um cópia desse objeto.
Shift+Enter / Quebra de linha sem mudança de pará- Tecla Alt / Mantenha pressionada a tecla Alt para de-
grafo senhar ou redimensionar objetos arrastando do centro do
Seta para a esquerda / Move o cursor para a esquerda objeto para fora.
Shift+Seta para esquerda / Mover cursor com seleção Tecla Alt+clique / Selecionar o objeto que está atrás do
para a esquerda objeto atualmente selecionado.
Ctrl+Seta para a esquerda / Ir para o início da palavra Alt+Shift+clique / Selecionar o objeto que está na
Ctrl+Shift+Seta para a esquerda / Selecionar palavra a frente do objeto atualmente selecionado.
palavra para a esquerda Shift+clique / Seleciona os itens adjacentes ou um tre-
Seta para a direita / Move o cursor para a direita cho de texto. Clique no início de uma seleção, vá para o fim
Shift+Seta para a direita / Move o cursor com seleção da seleção e mantenha pressionada a tecla Shift enquanto
para a direita clica.
Ctrl+Seta para a direita / Ir para o início da palavra se- Shift+arrastar (ao redimensionar) / Mantenha pressio-
guinte nada a tecla Shift enquanto arrasta um objeto para redi-
Ctrl+Shift+Seta para a direita / Seleciona palavra a pa- mensioná-lo mantendo suas proporções.
lavra para a direita Tecla Tab / Selecionar os objetos na ordem em que fo-
Seta para cima / Move o cursor para cima uma linha ram criados.
Shift+Seta para cima / Seleciona linhas para cima Shift+Tab / Selecionar objetos na ordem inversa em
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o início do que foram criados.
parágrafo anterior Escape / Sair do modo atual.
Ctrl+Shift+Seta para cima / Seleciona até ao inicio do Enter / Ativa um objeto de espaço reservado em uma
parágrafo. Ao repetir, estende a seleção até o início do pa- nova apresentação (somente se o quadro estiver selecio-
rágrafo anterior nado).
Seta para baixo / Move o cursor para baixo uma linha Ctrl+Enter / Move para o próximo objeto de texto no
Shift+Seta para baixo / Seleciona linhas para baixo slide.
Ctrl+Seta para baixo / Move o cursor para o final do Se não houver objetos de texto no slide, ou se você
parágrafo. Ao repetir, move o cursor até ao final do pará- chegou ao último objeto de texto, um novo slide será inse-
grafo seguinte. rido após o slide atual. O novo slide usará o mesmo layout
CtrlShift+Seta para baixo / Seleciona até ao final do do atual.
parágrafo. Ao repetir, estende a seleção até ao final do pa- PageUp / Alternar para o slide anterior. Sem função no
rágrafo seguinte primeiro slide.
Home / Ir para o início da linha PageDown / Alternar para o próximo slide. Sem função
Shift+Home / Ir e selecionar até o início de uma linha no último slide.
End / Ir para o fim da linha
Shift+End / Ir e selecionar até ao final da linha Navegar com o teclado no classificador de slides
Ctrl+Home / Ir para o inicio do bloco de texto do Teclas de atalho / Efeito
slide Home/End / Define o foco para o primeiro/último sli-
Ctrl+Shift+Home / Ir e selecionar até ao inicio do bloco de.
de texto do slide Seta para a direita/esquerda ou Page Up/Page Down /
Ctrl+End / Ir para o final do bloco de texto do slide Define o foco para o slide anterior/seguinte.
Ctrl+Shift+End / Ir e selecionar até ao final do bloco de Enter / Mudar para o modo normal com o slide ativo.
texto do slide
Ctrl+Del / Exclui o texto até ao final da palavra

157
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Topologia
REDES DE COMPUTADORES: CONCEITOS • Estrela: Um computador central controla a rede;
BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E • Anel: Computadores conectados em forma circular;
PROCEDIMENTOS DE INTERNET E INTRANET; • Barramento: Conecta todos os nós em uma linha e
pode preservar a rede se um computador falhar.
PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT
INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E As estruturas formadas pelos meios de conexão entre-
GOOGLE CHROME); gam ao usuário o serviço de comunicação que ele necessita.
Esta estrutura pode ser formada por:
• Cabo Coaxial: Utiliza cabos rígidos de cobre e na atua-
lidade é utilizada em parceria com a fibra óptica para distri-
REDES DE COMPUTADORES
buição de TV a cabo;
• Onda de Rádio: Também conhecida por Wireless, subs-
As redes de computadores são interconexões de sistemas
titui o uso dos pares metálicos e das fibras, utilizando o ar
de comunicação de dados que podem compartilhar recursos como meio de propagação dos dados;
de hardware e de software, assim, rede é um mecanismo • Fibra Óptica: Baseada na introdução do uso da fibra
através do qual computadores podem se comunicar e/ou óptica, substituindo o par metálico;
compartilhar hardware e software; • Par Metálico: Constituída pela rede de telefonia, porém
A tecnologia hoje disponível permite que usuários se trafegando dados, voz e imagem;
liguem a um computador central, a qualquer distância, • Satélite: O equipamento funciona como receptor, repe-
através de sistemas de comunicação de dados. tidor e regenerador do sinal que se encontra no espaço, de
Um sistema de comunicação de dados consiste em modo que reenvia à terra um sinal enviado de um ponto a
estações, canais, equipamentos de comunicação e programas outro que faz uso do satélite para conexão;
específicos que unem os vários elementos do sistema, • Rede Elétrica: Faz uso dos cabos de cobre da rede de
basicamente estações, a um computador central. energia para a transmissão de voz, dados e imagens.
Estação é qualquer tipo de dispositivo capaz de se
comunicar com outro, através de um meio de transmissão, Dispositivos
incluindo computadores, terminais, dispositivos periféricos,
telefones, transmissores e receptores de imagem, entre outros. • Modem
Os elementos básicos de uma rede são:
• Host: Equipamento conectado na rede;
• Nó ou Processamento: Ponto de conexão e comunicação
de hosts;
• Transporte ou Transmissão: Faz interligação dos nós
através da transmissão em longas distâncias;
• Acesso: Elemento que faz a interligação do usuário ao nó; Converte um sinal analógico em digital e vice-versa;

Tipos de Rede • Hub


Quanto ao alcance:
• Rede Local (LAN – Local Area Network);
Rede de abrangência local e que geralmente não
ultrapassa o prédio onde a mesma se encontra, ou seja, rede
formada por um grupo de computadores conectados entre
si dentro de certa área;
• Rede Metropolitana (MAN – Metropolitan Area
Network);
Rede de abrangência maior e que geralmente não Equipamento de rede indicado para conexão de poucos
ultrapassa a área de uma cidade; terminais;
• Rede de Longa Distância (WAN – Wide Area Network);
Rede de longa distância e que em sua maioria não • Switch
ultrapassa a área do país;
• Rede Global (GAN – Global Area Network) Denominadas
de redes globais pois abrangem máquinas em conexão em
qualquer área do globo.
Quanto à conexão:
• Internet: Rede internacional de computadores.
• Intranet: Rede interna de uma empresa.
• Extranet: Conexão de redes, que utilizam como meio a
internet. Equipamento de rede que divide uma rede de computa-
dores de modo a não torná-la lenta;

158
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Bridge Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do


Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aqui-
lo que conhecemos hoje como internet, auxiliando portan-
to o processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a
nível mundial, além de alimentar as forças armadas brasi-
leiras de informação de todos os tipos, até que em 1990
caísse no domínio público.
Com esta popularidade e o surgimento de softwares
de navegação de interface amigável, no fim da década de
Dispositivo de rede que liga uma ou mais redes que se
90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos de
encontram com certa distância; informática começaram a utilizar a rede internacional.

Acesso à Internet
• Roteador O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço
de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In-
ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de
sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam
à Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela
relacionados, e em função do serviço classificam-se em:
• Provedores de Backbone: São instituições que cons-
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja,
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer
acesso à Internet para redes locais;
Equipamento que permite a comunicação entre compu-
• Provedores de Acesso: São instituições que se conec-
tadores e redes que se encontram distantes; tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi-
bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações;
• Provedores de Informação: São instituições que dis-
INTERNET ponibilizam informação através da Internet.

“Imagine que fosse descoberto um continente tão Endereço Eletrônico ou URL


vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
um mundo novo, com tantos recursos que a ganância conhecer o seu endereço.
do futuro não seria capaz de esgotar; com tantas opor- Este endereço, que é único, também é considerado sua
tunidades que os empreendedores seriam poucos para URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recur-
aproveitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que sos Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim:
se expandiria com o desenvolvimento.” www.xxxx.com.br
John P. Barlow
Onde:
www = protocolo da World Wide Web
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nu- xxx = domínio
clear ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e o com = comercial
Pentágono. br = brasil
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da dé-
cada de 60, ficou em poder exclusivo do governo conec- WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
tando bases militares, em quatro localidades. É um serviço disponível na Internet que possui um con-
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições junto de documentos espalhados por toda rede e disponi-
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar bilizados a qualquer um.
a tecnologia, logo vinte e três computadores foram conec- Estes documentos são escritos em hipertexto, que uti-
tados, porém o padrão de conversação entre as máquinas liza uma linguagem especial, chamada HTML.
se tornou impróprio pela quantidade de equipamentos.
Era necessário criar um modelo padrão e univer- Domínio
Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
sal para que as máquinas continuassem trocando da-
tão, e onde os hipertextos deste empreendimento estão
dos, surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permi- localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:
tiria portanto que mais outras máquinas fossem inseridas .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
àquela rede. .edu = Instituição acadêmica
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio ele- .gov = Instituição governamental
trônico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre .mil = Instituição militar norte-americana
as máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, .net = Provedor de serviços em redes
assim no ano seguinte a rede se torna internacional. .org = Organização sem fins lucrativos

159
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de como os serviços oferecidos são de fato implementados.
Trasferência em Hipertexto A camada n em uma máquina estabelece uma con-
É um protocolo ou língua específica da internet, res- versão com a camada n em outra máquina. As regras e
ponsável pela comunicação entre computadores. convenções utilizadas nesta conversação são chamadas
Um hipertexto é um texto em formato digital, e coletivamente de protocolo da camada n, conforme ilus-
pode levar a outros, fazendo o uso de elementos espe- trado na Figura abaixo para uma rede com sete camadas.
ciais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa As entidades que compõem as camadas correspondentes
Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de informação na em máquinas diferentes são chamadas de processos par-
forma de blocos de textos, imagens ou sons. ceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros que
Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o se comunicam utilizando o protocolo.
mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente
outro documento. da camada n em uma máquina para a camada n em outra
Home Page máquina. Em vez disso, cada camada passa dados e infor-
Sendo assim, home page designa a página inicial, prin- mações de controle para a camada imediatamente abaixo,
até que o nível mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível
cipal do site ou web page.
1 está o meio físico de comunicação, através do qual a co-
É muito comum os usuários confundirem um Blog ou
municação ocorre. Na Figura abaixo, a comunicação virtual
Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas dis-
é mostrada através de linhas pontilhadas e a comunicação
tintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é
física através de linhas sólidas.
um Profile, ou seja um hipertexto que possui informações
de um usuário dentro de uma comunidade virtual.

HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de


Marcação de Hipertexto
É a linguagem com a qual se cria as páginas para a
web.
Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML de-
vem ter aparência semelhante nas diversas plataformas de
trabalho);
• Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “cus-
tomizar” diversos elementos do documento, como o tama-
nho padrão da letra, as cores, etc);
• Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter
um tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na
transmissão através da Internet, evitando longos perío-
dos de espera e congestionamento na rede). Entre cada par de camadas adjacentes há uma interfa-
ce. A interface define quais operações primitivas e serviços
Browser ou Navegador a camada inferior oferece à camada superior. Quando os
É o programa específico para visualizar as páginas da projetistas decidem quantas camadas incluir em uma rede
web. e o que cada camada deve fazer, uma das considerações
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em mais importantes é definir interfaces limpas entre as cama-
HTML, apresentando as páginas formatadas para os das. Isso requer, por sua vez, que cada camada desempe-
nhe um conjunto específico de funções bem compreendi-
usuários.
das. Além de minimizar a quantidade de informações que
deve ser passada de camada em camada, interfaces bem
ARQUITETURAS DE REDES
definidas também tornam fácil a troca da implementação
As modernas redes de computadores são projetadas
de uma camada por outra implementação completamente
de forma altamente estruturada. Nas seções seguintes exa- diferente (por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas
minaremos com algum detalhe a técnica de estruturação. por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova
implementação é que ela ofereça à camada superior exa-
HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS tamente os mesmos serviços que a implementação antiga
Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das oferecia.
redes é organizada em camadas ou níveis, cada uma cons- O conjunto de camadas e protocolos é chamado de
truída sobre sua predecessora. O número de camadas, o arquitetura de rede. A especificação de arquitetura deve
nome, o conteúdo e a função de cada camada diferem de conter informações suficientes para que um implementa-
uma rede para outra. No entanto, em todas as redes, o pro- dor possa escrever o programa ou construir o hardware de
pósito de cada camada é oferecer certos serviços às cama- cada camada de tal forma que obedeça corretamente ao
das superiores, protegendo essas camadas dos detalhes de protocolo apropriado. Nem os detalhes de implementação

160
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

nem a especificação das interfaces são parte da arquitetura, tro de uma rede, quanto para identificá-lo na internet.
pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com-
não são visíveis externamente. Não é nem mesmo neces- putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma má-
sário que as interfaces em todas as máquinas em uma rede quina em outra rede pode ter este mesmo número, afinal,
sejam as mesmas, desde que cada máquina possa usar cor- ambas as redes são distintas e não se comunicam, sequer
retamente todos os protocolos. sabem da existência da outra. Mas, como a internet é uma
O endereço IP rede global, cada dispositivo conectado nela precisa ter um
Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nesta,
Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um cada dispositivo conectado deve receber um endereço úni-
recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo: co. Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se
quando você quer enviar um presente a alguém, você ob- então um problema chamado “conflito de IP”, que dificulta
tém o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma a comunicação destes dispositivos e pode inclusive atrapa-
transportadora para entregar. É graças ao endereço que é lhar toda a rede.
possível encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada. Para que seja possível termos tanto IPs para uso em re-
Também é graças ao seu endereço - único para cada resi- des locais quanto para utilização na internet, contamos com
dência ou estabelecimento - que você recebe suas contas um esquema de distribuição estabelecido pelas entidades
IANA (Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (In-
de água, aquele produto que você comprou em uma loja
ternet Corporation for Assigned Names and Numbers) que,
on-line, enfim.
basicamente, divide os endereços em três classes principais
Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu
e mais duas complementares. São elas:
computador seja encontrado e possa fazer parte da rede
Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128
mundial de computadores, necessita ter um endereço úni- redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conecta-
co. O mesmo vale para websites: este fica em um servidor, dos;
que por sua vez precisa ter um endereço para ser localiza- Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até
do na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP Address), 16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
recurso que também é utilizado para redes locais, como a Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
existente na empresa que você trabalha, por exemplo. 2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;
O endereço IP é uma sequência de números composta Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast re-
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um servado.
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já As três primeiras classes são assim divididas para aten-
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10 der às seguintes necessidades:
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú-
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso.
- Os endereços IP da classe A são usados em locais
onde são necessárias poucas redes, mas uma grande quan-
tidade de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utili-
zado como identificador da rede e os demais servem como
identificador dos dispositivos conectados (PCs, impresso-
ras, etc);
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos
onde a quantidade de redes é equivalente ou semelhante
à quantidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois
primeiros bytes do endereço IP para identificar a rede e os
A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi- restantes para identificar os dispositivos;
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que
zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en-
requerem grande quantidade de redes, mas com poucos
dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível
dispositivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes
a organização das casas da região onde você mora. Neste
são usados para identificar a rede e o último é utilizado
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po-
para identificar as máquinas.
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em Quanto às classes D e E, elas existem por motivos es-
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos peciais: a primeira é usada para a propagação de pacotes
e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma especiais para a comunicação entre os computadores, en-
rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos quanto que a segunda está reservada para aplicações futu-
octetos são usados na identificação de computadores. ras ou experimentais.
Vale frisar que há vários blocos de endereços reserva-
Classes de endereços IP dos para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço
Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem começa com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto
ser utilizados tanto para identificar o seu computador den- é, inexistente, utilizada para testes. No caso do endereço

161
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

127.0.0.1, este sempre se refere à própria máquina, ou seja, Você percebe então que podemos ter redes com más-
ao próprio host, razão esta que o leva a ser chamado de cara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indi-
localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utilizado para cando uma classe. Mas, como já informado, ainda pode ha-
propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de ver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha
maneira simultânea. que uma faculdade tenha que criar uma rede para cada um
de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 computadores.
Endereços IP privados A solução seria então criar cinco redes classe C? Pode ser
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desper-
privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados dício. Uma forma de contornar este problema é criar uma
na internet, sendo reservados para aplicações locais. São, rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as
essencialmente, estes: máscaras novamente entram em ação.
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255; Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255; estes, na verdade, representam bytes (linguagem binária).
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255. 255 em binário é 11111111. O número zero, por sua vez,
Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe C,
com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es- 255.255.255.0, é:
tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, 11111111.11111111.11111111.00000000
por exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O Perceba então que, aqui, temos uma máscara forma-
que fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. da por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para
Na verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipa- criarmos as nossas sub-redes, temos que ter um esquema
mento de rede - como um roteador - que receba a cone- com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e as pos-
xão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos sibilidades. Em outras palavras, precisamos trocar alguns
conectados a ele. Com isso, somente este equipamento zeros do último octeto por 1.
precisará de um endereço IP para acesso à rede mundial Suponha que trocamos os três primeiros bits do últi-
de computadores. mo octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita),
resultando em:
Máscara de sub-rede 11111111.11111111.11111111.11100000
As classes IP ajudam na organização deste tipo de en- Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de
dereçamento, mas podem também representar desperdí- bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub-re-
cio. Uma solução bastante interessante para isso atende des. Em nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possi-
bilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para
pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte
o endereçamento dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5
dos números que um octeto destinado a identificar dis-
= 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada sub-rede (esta-
positivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a
mos fazendo estes cálculos sem considerar limitações que
capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos en-
possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
xergar as classes A, B e C da seguinte forma:
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultan-
- A: N.H.H.H;
te é 255.255.255.224.
- B: N.N.H.H; Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser
- C: N.N.N.H. empregado também em endereços classes A e B, conforme
a necessidade. Vale ressaltar também que não é possível
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se IP estático e IP dinâmico
“transformar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanen-
de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits temente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda,
são destinados para a identificação da rede e quantos são exceto se tal ação for executada manualmente. Como
utilizados para identificar os dispositivos. exemplo, há casos de assinaturas de acesso à internet via
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se ADSL onde o provedor atribui um IP estático aos seus as-
um octeto é usado para identificação da rede, este receberá sinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará
a máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado o mesmo IP.
para os dispositivos, seu valor na máscara de sub-rede será O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado
0 (zero). A tabela a seguir mostra um exemplo desta relação: a um computador quando este se conecta à rede, mas que
muda toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que
você conectou seu computador à internet hoje. Quando
Identificador você conectá-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para en-
Identificador Máscara
Classe Endereço IP
da rede
do
de sub-rede tender melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa
computador tem 80 computadores ligados em rede. Usando IPs dinâ-
A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0 micos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais
máquinas. Como nenhum IP é fixo, um computador rece-
B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0 berá, quando se conectar, um endereço IP destes 90 que
C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0 não estiver sendo utilizado. É mais ou menos assim que os
provedores de internet trabalham.

162
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâ- Durante essa fase, que podemos considerar de transição,
micos é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration o que veremos é a “convivência” entre ambos os padrões.
Protocol). Não por menos, praticamente todos os sistemas operacio-
nais atuais e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos
IP nos sites a lidar tanto com um quanto com o outro. Por isso, se você
Você já sabe que os sites na Web também necessitam é ou pretende ser um profissional que trabalha com redes
de um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.in- ou simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure se
fowester.com, por exemplo, como é que o seu computador aprofundar nas duas especificações.
sabe qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá A esta altura, você também deve estar querendo des-
-lo? cobrir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, forma de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. exemplo, pode fazê-lo digitando cmd em um campo do
Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis- Menu Iniciar e, na janela que surgir, informar ipconfig /all
tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante e apertar Enter. Em ambientes Linux, o comando é ifconfig.
a uma árvore (termo conhecido por programadores). Se,
por exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o
sistema envia a solicitação a um servidor responsável por
terminações “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do
endereço e responderá à solicitação. Se o site solicitado
termina com “.br”, um servidor responsável por esta termi-
nação é consultado e assim por diante.

IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um
passado não muito distante, você conectava apenas o PC
da sua casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu
notebook em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e
assim por diante. Somando este aspecto ao fato de cada Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a
vez mais pessoas acessarem a internet no mundo inteiro, partir de uma rede local - tal como uma rede wireless -
nos deparamos com um grande problema: o número de visualizará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para
IPs disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras) saber o endereço IP do acesso à internet em uso pela rede,
aplicações. você pode visitar sites como whatsmyip.org.
A solução para este grande problema (grande mesmo,
afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo Provedor
nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
até - respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607. oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
431.768.211.456 de endereços, um número absurdamente sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
alto! ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
que é a conexão física que interliga o provedor de acesso
com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como
backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Bra-
sil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma ave-
nida de três pistas e os links como se fossem as ruas que
estão interligadas nesta avenida.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite
os dados. Esta velocidade é dada em bps (bits por segun-
O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no au- do). Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
mento da quantidade de octetos. Um endereço do tipo que fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso
pode ser, por exemplo: e um endereço eletrônico na Internet.
FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
Finalizando URL - Uniform Resource Locator
Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma iden-
a especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do tificação de onde está localizado o computador e quais re-
mapa. Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. cursos este computador oferece. Por exemplo, a URL:

163
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

http://www.novaconcursos.com.br Home Page


Será mais bem explicado adiante. Pela definição técnica temos que uma Home Page é
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu-
Como descobrir um endereço na Internet? tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o
acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí-
Para que possamos entender melhor, vamos exempli- dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações
ficar. dentro das Home Pages.
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu- O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as infor- http://www.endereço.com/página.html
mações que preciso? Por exemplo, a página principal da Pronag:
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de http://www.pronag.com.br/index.html
procura, que são sites que possuem um enorme banco de
dados (que contém o cadastro de milhares de Home Pa- PLUG-INS
ges), que permitem a procura por um determinado assun-
Os plug-ins são programas que expandem a capacida-
to. Caso a palavra ou o assunto que foi procurado exista
de do Browser em recursos específicos - permitindo, por
em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação
exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes
de páginas encontradas.
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, refe- em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft-
rente ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesqui- ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im-
sar sobre amortecedores, caso não encontre nada como pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu-
amortecedores, procure como autopeças, e assim suces- g-ins são encontradas na página:
sivamente. http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi-
Barra de endereços ces/
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
temos uma relação de alguns deles:
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar etc.).
em páginas da internet, bastando para isto digitar o ende- - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
reço da página. - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
Alguns sites interessantes: PCX, etc.).
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) - Negócios e Utilitários
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) - Apresentações
• www.cefetrs.tche.br (Cefet)
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor pú- FTP - Transferência de Arquivos
blico) Permite copiar arquivos de um computador da Internet
• www.siapenet.gog.br (contracheque) para o seu computador.
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) Os programas disponíveis na Internet podem ser:
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação) • Freeware: Programa livre que pode ser distribuí-
do e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para
Identificação de endereços de um site sua utilização, e não é considerado “pirataria” a cópia deste
Exemplo: http://www.pelotas.com.br
programa.
http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de
• Shareware: Programa demonstração que pode ser
comunicação
utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns
WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial
pelotas -> empresa ou organização que mantém o site limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra-
.com -> tipo de organização ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa
......br -> identifica o país mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas
exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando
Tipos de Organizações: que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm
.edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam. tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de
edu teste, é necessário que seja feito a compra deste programa.
.com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.
com Navegar nas páginas
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov Consiste percorrer as páginas na internet a partir de
.mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil um documento normal e de links das próprias páginas.
.net -> computadores com funções de administrar re-
des. Exemplo: embratel.net Como salvar documentos, arquivos e sites
.org -> organizações não governamentais. Exemplo: Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.
care.org

164
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Como copiar e colar para um editor de textos Busca e pesquisa na web


Os sites de busca servem para procurar por um deter-
Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com minado assunto ou informação na internet.
o botão direito do mouse e escolha a opção Copiar. Alguns sites interessantes:
• www.google.com.br
• http://br.altavista.com
• http://cade.search.yahoo.com
• http://br.bing.com/

Como fazer a pesquisa


Digite na barra de endereço o endereço do site de pes-
quisa. Por exemplo:

www.google.com.br
Abra o editor de texto clique em colar

Navegadores

O navegador de WWW é a ferramenta mais importante


para o usuário de Internet. É com ele que se podem vi-
sitar museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até
participar de novelas interativas. As informações na Web
são organizadas na forma de páginas de hipertexto, cada
um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para
começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços
no campo chamado Endereço no navegador. O software
estabelece a conexão e traz, para a tela, a página corres-
pondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes-
especial para exibir uma página da Web, mas é necessário quisa.
ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
e receber algumas mensagens de correio eletrônico e aces-
sar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no
Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la
Recherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era
um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na
suas pesquisas através da exibição de páginas de texto. Fi- pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala-
cou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW vras com ou sem acento.
possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não
científicas. Opções de pesquisa
O WWW não dispunha de gráficos em seus primór-
dios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto
WWW ganhou força extra com a inserção de um visualiza-
dor (também conhecido como browser) de páginas capaz
não apenas de formatar texto, mas também de exibir grá- Web: pesquisa em todos os sites
ficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas.
desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por Exemplo do resultado se uma pesquisa.
Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi espetacular.
Depois disto, várias outras companhias passaram a
produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao
Mosaic. Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape
Communications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic,
o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos
outros browsers.

165
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. INTRANET


Exemplo: A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza- da empresa.
dos por assunto em categorias. Exemplo: O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
ram o acesso à informação através de redes de computa-
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
Como escolher palavra-chave usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
cluam a palavra digitada. queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
sequência de termos que foram digitadas. nante explosão na informação disponível na Internet, que
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
páginas que incluam todas Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
• as palavras aleatoriamente na página. que tem interessado um número cada vez maior de em-
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
cam antes do sinal de sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
• menos são excluídas da pesquisa. advento e disseminação promete operar uma revolução
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
cálculo em um site de pesquisa. cimento das primeiras redes locais de computadores, no
final da década de 80.

Por exemplo: 3+4 O que é Intranet?


O termo “intranet” começou a ser usado em meados de
1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe-
rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias
Irá retornar: projetadas para a comunicação por computador entre em-
presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma
rede privativa de computadores que se baseia nos padrões
O resultado da pesquisa de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte for- tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP,
ma: etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre
as razões para este sucesso, estão o custo de implantação
relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos
programas de navegação na Web, os browsers.

Objetivo de construir uma Intranet


Organizações constroem uma intranet porque ela é
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis-
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital-
funcionários com conhecimentos das operações e produ-
tos da empresa.

166
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aplicações da Intranet Protocolos - São os diferentes idiomas de comunica-


Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu- ção utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos.
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o O primeiro é o HTTP, responsável pela comunicação do
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. browser com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao
De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet envio de mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transfe-
vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os rência de arquivos. Independentemente das aplicações uti-
diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas lizadas na intranet, todas as máquinas nela ligadas devem
áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
• Marketing e Vendas - Informações sobre produ-
tos, listas de preços, promoções, planejamento de eventos; Identificação do Servidor e das Estações - Depois de
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação definidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as
de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades informações e como requisitá-las. Falta apenas saber o
de membros das equipes, situações de projetos; nome de quem pede e de quem solicita. Para isso existem
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis- dois programas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP
temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma- (Dinamic Host Configuration Protocol) que atribui nome às
nuais de qualidade; estações clientes.
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcio-
tilas, políticas da companhia, organograma, oportunidades nários acessam as informações colocadas à sua disposição
de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, be- no servidor. Para isso usam o Web browser, software que
nefícios. permite folhear os documentos.
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo-
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Comparando Intranet com Internet
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume Na verdade as diferenças entre uma intranet e a In-
quase somente em clicar nos links que remetem às novas ternet, é uma questão de semântica e de escala. Ambas
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- utilizam as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa protocolos de rede e os mesmos produtos servidores. O
complexa e exige a presença de profissionais especializa- conteúdo na Internet, por definição, fica disponível em es-
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, cala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de al-
sua diversidade de funções e a quantidade de informações guém com seis anos de idade até as previsões do tempo.
nela armazenadas. A maior parte dos dados de uma empresa não se destina
A intranet é baseada em quatro conceitos: ao consumo externo, na verdade, alguns dados, tais como
• Conectividade - A base de conexão dos computa- as cifras das vendas, clientes e correspondências legais, de-
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir vem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista da
qualquer tipo de informação digital entre si; escala, a Internet é global, uma intranet está contida den-
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- tro de um pequeno grupo, departamento ou organização
dores e sistemas operacionais podem ser conectados de corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela
forma transparente; ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.
• Navegação - É possível passar de um documento a A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão,
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir-
facilitam o acesso não linear aos documentos; relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma
acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra- medida da necessidade de uma abordagem organizada.
ças à execução de programas aplicativos, que podem es- Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
tar no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a num ambiente controlado e seguro.
rede (também chamados de clientes, daí surgiu à expres-
são que caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servi- Vantagens e Desvantagens da Intranet
dor). A vantagem da intranet é que esses programas são Alguns dos benefícios são:
ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade. • Redução de custos de impressão, papel, distribuição
Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande de software, e-mail e processamento de pedidos;
importância no desenvolvimento de softwares aplicativos • Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
que obedeçam aos três conceitos anteriores. suporte telefônico;
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações
Como montar uma Intranet técnicas e de marketing;
Basicamente a montagem de uma intranet consiste em • Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações
usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das remotas;
empresas, e em instalar um servidor Web. • Incrementando o acesso a informações da concor-
Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repo- rência;
sitório das informações contidas na intranet. É lá que os • Uma base de pesquisa mais compreensiva;
clientes vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail • Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e par-
ou qualquer outro tipo de arquivo. ceiros (revendas);

167
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso Segurança da Intranet


à informação; Três tecnologias fornecem segurança ao armazena-
• Uma única interface amigável e consistente para mento e à troca de dados em uma rede: autenticação, con-
aprender e usar; trole de acesso e criptografia.
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); Autenticação - É o processo que consiste em verificar
• As informações disponíveis são visualizadas com cla- se um usuário é realmente quem alega ser. Os documen-
reza; tos e dados podem ser protegidos através da solicitação
• Redução de tempo na pesquisa a informações; de uma combinação de nome do usuário/senha, ou da ve-
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e rificação do endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os
informação; usuários autenticados têm o acesso autorizado ou negado
• Redução no tempo de configuração e atualização dos a recursos específicos de uma intranet, com base em uma
sistemas; ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
• Simplificação e/ou redução das licenças de software
e outros; Criptografia - É a conversão dos dados para um for-
• Redução de custos de documentação; mato que pode ser lido por alguém que tenha uma chave
• Redução de custos de suporte; secreta de descriptografia. Um método de criptografia am-
• Redução de redundância na criação e manutenção plamente utilizado para a segurança de transações Web é a
de páginas; tecnologia de chave pública, que constitui a base do HTTPS
• Redução de custos de arquivamento; - um protocolo Web seguro;
• Compartilhamento de recursos e habilidade.
Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação
segura entre uma intranet e a Internet através de servi-
Alguns dos empecilhos são: dores proxy, que são programas que residem no firewall
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de cola- e permitem (ou não) a transmissão de pacotes com base
boração, não são tão poderosos quanto os oferecidos pe- no serviço que está sendo solicitado. Um proxy HTTP, por
los programas para grupos de trabalho tradicionais. É ne- exemplo, pode permitir que navegadores Webs internos
cessário configurar e manter aplicativos separados, como
da empresa acessem servidores Web externos, mas não o
e-mail e servidores Web, em vez de usar um sistema unifi-
contrário.
cado, como faria com um pacote de software para grupo
Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
de trabalho;
Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número
ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de especial
limitado de ferramentas para conectar um servidor Web a
importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis
bancos de dados ou outros aplicativos back-end. As intra-
com grande capacidade de armazenamento, tapes...
nets exigem uma rede TCP/IP, ao contrário de outras solu-
Queremos ainda referir que para o funcionamento de
ções de software para grupo de trabalho que funcionam
com os protocolos de transmissão de redes local existentes; uma rede existem outros conceitos como topologias/con-
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não figurações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede
apresentam nenhuma replicação embutida para usuários em árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos
remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen- de cabos, protocolos de comunicação, velocidade de trans-
volver aplicativos cliente/servidor. missão …
Como a Intranet é ligada à Internet
EXTRANET
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
computadores que faz uso da Internet para partilhar com
segurança parte do seu sistema de informação.
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
computadores que faz uso da Internet para partilhar com
segurança parte do seu sistema de informação.
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o concei-
to confunde-se com Intranet. Uma Extranet também pode
ser vista como uma parte da empresa que é estendida a
usuários externos (“rede extra-empresa”), tais como repre-
sentantes e clientes. Outro uso comum do termo Extranet
ocorre na designação da “parte privada” de um site, onde
somente “usuários registrados” podem navegar, previa-
mente autenticados por sua senha (login).

168
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um
Portal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas
e funcionários de uma empresa consigam ter acesso à in-
tranet através de redes externas ao ambiente da empresa.
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via
Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in-
tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas
tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages,
servidor FTP etc.
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação en-
tre os funcionários e parceiros além de acumular uma base
de conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar
novas soluções.
Exemplificando uma rede de conexões privadas, basea- Multitarefas com guias e janelas
da na Internet, utilizada entre departamentos de uma em- Com as guias, você pode ter muitos sites abertos em
presa ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, uma só janela do navegador, para que seja mais fácil abrir,
trocando informações sobre compras, vendas, fabricação, fechar e alternar os sites. A barra de guias mostra todas
distribuição, contabilidade entre outros. as guias ou janelas que estão abertas no Internet Explorer.
Para ver a barra de guias, passe o dedo de baixo para cima
Internet Explorer3 (ou clique) na tela.
O Internet Explorer facilita o acesso a sites e ajuda a ver
com o máximo de qualidade todo o conteúdo incrível que
você pode encontrar. Depois de aprender alguns gestos
e truques comuns, você poderá usar seu novo navegador
com todo o conforto e aproveitar ao máximo seus sites
favoritos.

Noções básicas sobre navegação


Mãos à obra. Para abrir o Internet Explorer, toque ou
clique no bloco Internet Explorer na tela Inicial.
Uma barra de endereços, três formas de usar
A barra de endereços é o seu ponto de partida para
navegar pela Internet. Ela combina barra de endereços e
caixa de pesquisa para que você possa navegar, pesquisar
ou receber sugestões em um só local. Ela permanece fora
do caminho quando não está em uso para dar mais espaço Abrindo e alternando as guias
para os sites. Para que a barra de endereços apareça, passe Abra uma nova guia tocando ou clicando no botão
o dedo de baixo para cima na tela ou clique na barra na Nova guia . Em seguida, insira uma URL ou um termo de
parte inferior da tela se estiver usando um mouse. Há três pesquisa ou selecione um de seus sites favoritos ou mais
maneiras de utilizá-la: visitados.
Alterne várias guias abertas tocando ou clicando nelas
Para navegar. Insira uma URL na barra de endereços na barra de guias. Você pode ter até 100 guias abertas em
para ir diretamente para um site. Ou toque, ou clique, na uma só janela. Feche as guias tocando ou clicando em Fe-
barra de endereços para ver os sites que mais visita (os char no canto de cada guia.
sites mais frequentes).
Para pesquisar. Insira um termo na barra de endereços
e toque ou clique em Ir para pesquisar a Internet com o
mecanismo de pesquisa padrão.
Para obter sugestões. Não sabe para onde deseja ir?
Digite uma palavra na barra de endereços para ver suges-
tões de sites, aplicativos e pesquisa enquanto digita. Basta
tocar ou clicar em uma das sugestões acima da barra de
endereços.

3 Fonte: Ajuda do Internet Explorer

169
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando várias janelas de navegação Toque ou clique em Opções e, em Home pages, toque
Também é possível abrir várias janelas no Internet Ex- ou clique em Gerenciar.
plorer 11 e exibir duas delas lado a lado. Para abrir uma Insira a URL de um site que gostaria de definir como
nova janela, pressione e segure o bloco Internet Explorer home page ou toque ou clique em Adicionar site atual se es-
(ou clique nele com o botão direito do mouse) na tela Ini- tiver em um site que gostaria de transformar em home page.
cial e, em seguida, toque ou clique em Abrir nova janela.
Duas janelas podem ser exibidas lado a lado na tela. Para salvar seus sites favoritos
Abra uma janela e arraste-a de cima para baixo, para o lado Salvar um site como favorito é uma forma simples de
direito ou esquerdo da tela. Em seguida, arraste a outra memorizar os sites de que você gosta e que deseja visitar
janela a partir do lado esquerdo da tela. sempre. (Se você tiver feito a atualização para o Windo-
Dica ws 8.1 a partir do Windows 8 e entrado usando sua conta
Você pode manter a barra de endereços e as guias en- da Microsoft, todos os favoritos já existentes terão sido im-
caixadas na parte inferior da tela para abrir sites e fazer portados automaticamente.)
pesquisas rapidamente. Abra o botão Configurações, to- Vá até um site que deseja adicionar.
que ou clique em Opções e, em Aparência, altere Sempre Passe o dedo de baixo para cima (ou clique) para exibir
mostrar a barra de endereços e as guias para Ativado. os comandos de aplicativos. Em seguida, toque ou clique
no botão Favoritos  para mostrar a barra de favoritos.
Personalizando sua navegação Toque ou clique em Adicionar a favoritos e, em se-
Depois de ter aprendido as noções básicas sobre o uso guida, toque ou clique em Adicionar.
do navegador, você poderá alterar suas home pages, adi-
cionar sites favoritos e fixar sites à tela Inicial.
Para escolher suas home pages

Para fixar um site na tela Inicial


A fixação de um site cria um bloco na tela Inicial, o
que fornece acesso com touch ao site em questão. Alguns
sites fixados mostrarão notificações quando houver novo
conteúdo disponível. Você pode fixar quantos sites quiser e
organizá-los em grupos na tela Inicial.

As home pages são os sites que se abrem sempre que


você inicia uma nova sessão de navegação no Internet Ex-
plorer. Você pode escolher vários sites, como seus sites de
notícias ou blogs favoritos, a serem carregados na abertura
do navegador. Dessa maneira, os sites que você visita com
mais frequência estarão prontos e esperando por você.
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Con- Para exibir os comandos de aplicativos, passe o dedo
figurações. de baixo para cima (ou clique).
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o can- Toque ou clique no botão Favoritos , toque ou clique
to inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para no botão Fixar site  e, em seguida, toque ou clique em
cima e clique em Configurações.) Fixar na Tela Inicial.

170
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica
Você pode alternar rapidamente os favoritos e as guias
tocando ou clicando no botão Favoritos ou no botão
Guias nos comandos de aplicativos.

Lendo, salvando e compartilhando conteúdo da In-


ternet
Ao examinar seu conteúdo online favorito, procure
pelo ícone Modo de exibição de leitura na barra de en-
dereços. O Modo de exibição de leitura retira quaisquer
itens desnecessários, como anúncios, para que as matérias
sejam destacadas. Toque ou clique no ícone para abrir a
página no modo de exibição de leitura. Quando quiser re-
tornar à navegação, basta tocar ou clicar no ícone nova-
mente.

Um artigo da Internet com o modo de exibição de lei-


tura desativado
Para salvar páginas na Lista de Leitura
Quando você tiver um artigo ou outro conteúdo que
deseje ler mais tarde, basta compartilhá-lo com sua Lista
de Leitura em vez de enviá-lo por email para você mesmo
ou de deixar mais guias de navegação abertas. A Lista de
Leitura é a sua biblioteca pessoal de conteúdo. Você pode
adicionar artigos, vídeos ou outros tipos de conteúdo a ela
diretamente do Internet Explorer, sem sair da página em
que você está.
Passe o dedo desde a borda direita da tela e toque em
Compartilhar.
(Se usar um mouse, aponte para o canto superior direi-
to da tela, mova o ponteiro do mouse para baixo e clique
em Compartilhar.)
Um artigo da Internet com o modo de exibição de lei- Toque ou clique em Lista de Leitura e, em seguida, em
tura ativado Adicionar. O link para o conteúdo será armazenado na Lista
Para personalizar as configurações do modo de exibi- de Leitura.
ção de leitura
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Con- Ajudando a proteger sua privacidade
figurações. Interagir em redes sociais, fazer compras, estudar,
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o can- compartilhar e trabalhar: você provavelmente faz tudo isso
to inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para diariamente na Internet, o que pode disponibilizar suas in-
cima e clique em Configurações.) formações pessoais para outras pessoas. O Internet Explo-
Toque ou clique em Opções e, em Modo de exibição de rer ajuda você a se proteger melhor com uma segurança
leitura, escolha um estilo de fonte e um tamanho de texto. reforçada e mais controle sobre sua privacidade. Estas são
Estas são algumas opções de estilo que você pode se- algumas das maneiras pela quais você pode proteger me-
lecionar.

171
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

lhor a sua privacidade durante a navegação: sincronização de dados na nuvem.


Use a Navegação InPrivate. Os navegadores armaze- Principais características
nam informações como o seu histórico de pesquisa para · Navegação em abas;
ajudar a melhorar sua experiência. Quando você usa uma · A mesma janela pode conter diversas páginas. Abrin-
guia InPrivate, pode navegar normalmente, mas os dados do os links em segundo plano
como senhas, o histórico de pesquisa e o histórico de pá- Eles já estarão carregados quando você for ler;
ginas da Internet são excluídos quando o navegador é fe- · Bloqueador de popups:
chado. Para abrir uma nova guia InPrivate, passe o dedo · O Firefox já vem com um bloqueador embutido de
de baixo para cima na tela (ou clique nela) para mostrar popups;
os comandos de aplicativos, ou toque ou clique no botão · Pesquisa inteligente;
Ferramentas de guia e em Nova guia InPrivate. · O campo de pesquisa pelo Google fica na direita na
Use a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do barra de ferramentas e abre direto a página com os resul-
Not Track para ajudar a proteger sua privacidade. O ras- tados, poupando o tempo de acesso à página de pesquisa
treamento refere-se à maneira como os sites, os provedo- antes de ter que digitar as palavras chaves. O novo localiza-
res de conteúdo terceiros, os anunciantes, etc. aprendem dor de palavras na página busca pelo texto na medida em
a forma como você interage com eles. Isso pode incluir o que você as digita, agilizando a busca;
rastreamento das páginas que você visita, os links em que · Favoritos RSS;
você clica e os produtos que você adquire ou analisa. No · A integração do RSS nos favoritos permite que você
Internet Explorer, você pode usar a Proteção contra Ras- fique sabendo das atualizações e últimas notícias dos seus
treamento e o recurso Do Not Track para ajudar a limitar sites preferidos cadastrados. Essa função é disponibilizada
as informações que podem ser coletadas por terceiros so- a partir do Firefox 2;
bre a sua navegação e para expressar suas preferências de · Downloads sem perturbação;
privacidade para os sites que visita. · Os arquivos recebidos são salvos automaticamente na
área de trabalho, onde são fáceis de achar. Menos interrup-
FIREFOX4 ções significam downloads mais rápidos. Claro, essa função
Firefox é um navegador web de código aberto e mul- pode ser personalizada sem problemas;
tiplataforma com versões para Windows, OS X (Mac), Linux · Você decide como deve ser seu navegador;
e Android, em variantes de 32 e 64 bits, dependendo da · O Firefox é o navegador mais personalizável que exis-
plataforma. O Firefox possui suporte para extensões, nave- te. Coloque novos botões nas barras de ferramentas, ins-
gação por abas, alerta contra sites maliciosos, suporte para
tale extensões que adiciona novas funções, adicione temas
sincronização de informações, gerenciador de senhas, blo-
que modificam o visual do Firefox e coloque mais mecanis-
queador de janelas pop-up, pesquisa integrada, corretor
mos nos campos de pesquisa.
ortográfico, gerenciador de download, leitor de feeds RSS
e outros recursos.
O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado
Além de ser multiplataforma, o Firefox também supor-
para a sua necessidade:
ta diferentes linguagens, incluindo o português do Brasil
· Fácil utilização;
(Pt Br).
Surgido de um projeto criado por Dave Hyatt e Blake · Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Firefox
Ross em 2002, somente dois anos depois a plataforma de tem todas as funções que você está acostumado - favori-
navegação pela internet se desmembrou de outras ferra- tos, histórico, tela inteira, zoom de texto para tornar as pá-
mentas e se tornou um browser independente. No começo, ginas mais fáceis de ler, e diversas outras funcionalidades
o Firefox se popularizou apenas entre o nicho de adeptos intuitivas;
do “software livre”, e mesmo assim já alcançou dezenas de · Compacto;
milhões de downloads. · A maioria das distribuições está em torno dos 5MB.
Não demorou muito para que o navegador começasse Você leva apenas alguns minutos para copiar o Firefox para
a receber melhorias relevantes e o seu potencial fosse ob- o seu computador em uma conexão discada e segunda em
servado por outros perfis de internautas. E foi basicamente uma conexão banda larga. A configuração é simples e in-
assim que o produto da Fundação Mozilla ganhou seu es- tuitiva. Logo você estará navegando com essa ferramenta.
paço e quase desbancou a hegemonia do Internet Explorer.
Seu sistema de abas permite que o usuário navegue Principais novidades
em diversos sites sem a necessidade de abrir várias instân- Tudo começa pelo novo e intuitivo menu
cias do programa. A função de navegação privativa é muito - As opções que você mais acessa, todas no mesmo
útil, pois com ela, o Mozilla Firefox não memoriza histórico, lugar
dados fornecidos a páginas e ao campo de pesquisa, lista - Pensado para facilitar o acesso
de downloads, cookies e arquivos temporários. Serão pre- - Converse por vídeo com qualquer pessoa diretamen-
servados apenas arquivos salvos por downloads e novos te do Firefox
favoritos. Além dessas opções, o navegador continua com
as funções básicas de qualquer outro aplicativo semelhan-
te: gerenciador de favoritos, suporte a complementos e
4 Fonte: Ajuda do Firefox

172
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Seus sites favoritos estão mais perto do que nunca


- Adicione e visualize seus Favoritos rapidamente
- Salve qualquer site com apenas um clique

Conheça o Firefox Hello


- Converse por vídeo com qualquer pessoa, em qual-
quer lugar
- É grátis! Não é preciso ter conta ou baixar comple- Como funcionam as sugestões de sites?
mentos. O Firefox exibe links de sites como miniaturas ou lo-
- Escolha como você quer pesquisar gotipos na página Nova Aba. Quando usar o Firefox pela
primeira vez, verá links para sites da Mozilla. Esses sites
serão eventualmente substituídos por sites visitados com
mais frequência.

Uma nova maneira de pesquisar, ainda mais inteligente


- Sugestões de pesquisa aparecerão conforme você
digita
- Escolha o site certo para cada pesquisa
- Use a estrela para adicionar Favoritos
Ocultar ou exibir Sugestões na Nova Aba

Você pode determinar sua página Nova Aba para exibir


seus sites mais visitados ou até mesmo nada. Para acessar
estes controles clique no ícone da engrenagem no canto
superior direito da nova aba.

Exibir seus sites principais

Clique no ícone de engrenagem na página Nova Aba e


marque Exibir os sites mais visitados.

Mostrar uma Nova Aba em branco

Para remover todos os sites da página Nova Aba, sele-


cione Exibir página em branco.

173
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no “X” no canto superior direito do site para ex-


cluí-lo da página.
Nota: Se acidentalmente remover um site, pode recu-
perá-lo clicando em Desfazer no topo da página. Se muitos
sites foram removidos clique em Restaurar tudo.

Reorganizar

Clique e arraste uma Sugestão para dentro da posição


que desejar. Ela será “fixada” nesse novo local.
Desativar os controles da Nova Aba Adicionar um dos seus favoritos
Para ocultar tudo na sua página Nova Aba, incluindo os Você também pode abrir a biblioteca de favoritos e ar-
controles da Nova Aba (ou para escolher a página que abre rastá-los para a página Nova Aba.
em uma nova aba) você pode instalar o complemento New Antes de iniciar, configure o Firefox para lembrar o his-
Tab Override (browser.newtab.url replacement). tórico.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
Personalizar a página Nova aba os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
O comportamento padrão do Firefox é exibir os sites Arraste um favorito para dentro da posição que você
em destaque em uma nova aba. Aprenda como personali- quiser.
zar, fixar, remover e reorganizar esses sites.

Fixar

Clique no ícone no canto superior esquerdo da suges-


tão para fixá-la naquela posição na página.
Dica: Configure o Firefox Sync para sincronizar suas Su- Como faço para configurar o Sync no meu compu-
gestões fixadas entre os seus outros computadores. tador?
O Sync permite compartilhar seus dados e preferên-
Remover cias (como favoritos, histórico, senhas, abas abertas, Lista
de Leitura e complementos instalados) com todos os seus
dispositivos. Aprenda como configurar o Firefox Sync.
Importante:  O  Sync  requer a versão mais recente do
Firefox. Certifique-se de que você atualizou o Firefox em
quaisquer computadores ou dispositivos Android.
Configurar o Sync requer duas partes: A criação de
uma conta no seu dispositivo principal e entrar nesta conta
usando outros dispositivos. Aqui estão os passos em de-
talhes:

174
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Crie uma conta do Sync Crie favoritos para salvar suas páginas favoritas
Clique no botão de menu   e depois em Entrar no Os favoritos são atalhos para as páginas da web que
Sync. A página de acesso será aberta em uma nova aba. você mais gosta.
Como eu crio um favorito?
Fácil — é só clicar na estrela!
Para criar um favorito, clique no ícone da estrela na
Barra de ferramentas. A estrela ficará azul e seu favorito
será adicionado na pasta “Não organizados”. Pronto!

Nota:  Se não visualizar uma seção do Sync no menu,


você ainda está usando uma versão antiga do Sync. 
Clique no botão Começar.
Preencha o formulário para criar uma conta e clique
em Sign Up. Anote o endereço de e-mail e a senha usada, Dica: Quer adicionar todas as abas de uma só vez?
você precisará disso mais tarde para entrar. Clique com o botão direito do mouse em qualquer aba e
Verifique nas suas mensagens se recebeu o link de selecione Adicionar todas as abas.... Dê um nome a pasta
verificação e clique nele para confirmar seu endereço de e escolha onde quer guardá-la. Clique adicionar favoritos
e-mail. Você já está pronto para começar a usar! para finalizar.

Conecte dispositivos adicionais ao Sync Como eu mudo o nome ou onde fica guardado um
Tudo que precisa fazer é entrar e deixar o Sync fazer o favorito?
resto. Para entrar você precisa do endereço de e-mail e a Para editar os detalhes do seu favorito, clique novamen-
senha que usou no começo da configuração do sync. te na estrela e a caixa Propriedades do favorito aparecerá.
Clique no botão de menu   , e, em seguida, clique
em Entrar no Sync.
Clique no botão Começar para abrir a página Crie uma
conta Firefox.
Clique no link Already have an account? Sign in na par-
te inferior da página.

Na janela Propriedades do favorito você pode modifi-


car qualquer um dos seguintes detalhes:
Nome: O nome que o Firefox exibe para os favoritos
Insira o e-mail e a senha que você usou para criar sua em menus.
nova conta do Sync. Pasta: Escolha em que pasta guardar seu favorito sele-
Depois que você tiver entrado, o Firefox Sync começará cionando uma do menu deslizante (por exemplo, o Menu
a sincronização de suas informações através dos seus dis- Favoritos ou a Barra dos favoritos). Nesse menu, você tam-
positivos conectados. bém pode clicar em Selecionar... para exibir uma lista de
todas as pastas de favoritos.
Remover um dispositivo do Sync Tags: Você pode usar tags para ajudá-lo a pesquisar e
organizar seus favoritos. Quando você terminar suas modi-
Clique no botão   para expandir o Menu. ficações, clique em Concluir para fechar a caixa.
Clique no nome da sua conta no Sync (geralmente seu
endereço de e-mail) para abrir as preferências do Sync. Onde posso encontrar meus favoritos?
Clique em Desconectar. Seu dispositivo não será mais A forma mais fácil de encontrar um site para o qual
sincronizado. você criou um favorito é digitar seu nome na Barra de En-
dereços. Enquanto você digita, uma lista de sites que já

175
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

você visitou, adicionou aos favoritos ou colocou tags apa- Como eu ativo a Barra de favoritos?
recerá. Sites com favoritos terão uma estrela amarela ao Se você gostaria de usar a Barra de Favoritos, faça o
seu lado. Apenas clique em um deles e você será levado até seginte:
lá instantaneamente. Clique no botão e escolhe Personalizar.
Clique na lista Exibir/ocultar barras e no final selecione
Barra dos favoritos.
Clique no botão verde Sair da personalização.

Removendo apenas uma página dos Favoritos


Acesse a página que deseja remover nos Favoritos.
Clique no ícone da estrela à direita da sua barra de pes-
quisa.
Na janela Editar este favorito, clique Remover Favorito.
Como eu organizo os meus favoritos?
Na Biblioteca, você pode ver e organizar todos os seus
favoritos.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.

Removendo mais de uma página ou pasta dos Favo-


ritos
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
No painel esquerdo da janela do gerenciador, clique na
pasta que deseja visualizar. Seu conteúdo será mostrado
no painel direito.
No painel direito, selecione os itens que deseja remo-
ver.
Com os itens a serem removidos selecionado, clique no
botão Organizar e selecione Excluir.
Por padrão, os favoritos que você cria estarão localiza-
dos na pasta “Não organizados”. Selecione-a na barra late-
ral da janela “Biblioteca” para exibir os favoritos que você
adicionou. Dê um clique duplo em um favorito para abri-lo.
Enquanto a janela da Biblioteca está aberta, você também
pode arrastar favoritos para outras pastas como a “Menu Fa-
voritos”, que exibe seus favoritos no menu aberto pelo botão
Favoritos. Se você adicionar favoritos à pasta “Barra de favo-
ritos”, eles aparecerão nela (embaixo da Barra de navegação).

Criando novas pastas

Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos


os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique com o botão direito do mouse na pasta que irá
conter a nova pasta, então selecione Nova pasta....

176
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no favorito que você quer mover e arraste-o


para a posição desejada.

Na janela de nova pasta, digite o nome e (opcional-


mente) uma descrição para a pasta que você deseja criar.
Para mover um favorito para uma pasta diferente, ar-
Adicionando favoritos em pastas raste-o para cima da pasta.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos As alterações efetuadas na janela Biblioteca serão re-
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. fletidas na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.
Clique na pasta que contém atualmente o favorito que
você deseja mover. Ordenar visualizações na janela Biblioteca
Arraste o favorito sobre a pasta e solte o botão para Para ver os seus favoritos em várias ordens de classifi-
mover o favorito para a pasta. cação, use a janela Biblioteca:
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
Ordenando por nome os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos No painel esquerdo, clique na pasta que deseja visuali-
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. zar. O conteúdo será exibido no painel da direita.
Clique com o botão direito do mouse na pasta que de- Clique no botão Exibir, selecione Ordenar e depois
seja ordenar e selecione Ordenar pelo nome. Os Favoritos escolha uma ordem de classificação.
serão colocados em ordem alfabética. A ordem de classificação na janela Biblioteca é apenas
para visualização, e não vai ser refletido na barra lateral, no
menu ou no botão de favoritos.

Definindo a Página Inicial


Veja como abrir automaticamente qualquer página
web na inicialização do Firefox ou clicando no botão Pági-
na inicial .
Abra a página web que deseja definir como sua página
inicial.
Clique e arraste a aba para cima do botão Página Inicial
.

As alterações efetuadas na janela Biblioteca será refle-


tido na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.
Reorganizando manualmente
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique na pasta que contém o favorito que você deseja
mover para expandi-la.

177
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Sim para definir esta página como sua pá-


gina inicial.

Dica: Mais opções de configuração da página inicial es-


tão disponíveis na janela Opções .

Clique no botão menu e depois em Opções, na ja- Como as sugestões de pesquisa funcionam
nela que foi aberta vá para o painel Geral. Se você ver uma sugestão de pesquisa que correspon-
A partir do menu drop-down, selecione Abrir página de ao que você está procurando, clique nela para ver re-
em branco na inicialização ou Restaurar janelas e abas an- sultados para aquele termo de pesquisa. Isso pode poupar
teriores. tempo e ajudar você a encontrar o que está procurando
Clicando em Usar as páginas abertas, as páginas que com menos digitação.
estiverem abertas serão configuradas como páginas ini- Ativar as sugestões de pesquisa enviará as palavras-
ciais, abrindo cada página em uma aba separada. chave que você digita num campo de busca para o me-
canismo de pesquisa padrão - a menos que pareça que
Para restaurar as configurações da página inicial, siga você está digitando uma URL ou hostname. Os campos de
os seguintes passos: pesquisa incluem:
- a barra de pesquisa
Clique no botão , depois em Opções - páginas iniciais (como mostrado na imagem acima)
Selecione o painel Geral. - a barra de endereço (onde as Sugestões de Pesquisa
Clique no botão Restaurar o padrão localizado logo podem ser desativadas separadamente)
abaixo do campo Página Inicial.
O mecanismo de pesquisa padrão pode coletar essas
informações de acordo com os termos da política de pri-
vacidade deles, e os usuários preocupados sobre essas in-
formações sendo coletadas podem desejar não ativar as
sugestões de pesquisa. As sugestões de pesquisa estão de-
sativadas por padrão no modo de Navegação Privada. Você
deve ativá-las explicitamente em uma janela de navegação
privativa para ativá-las nesse modo.

Ativando ou desativando as sugestões de pesquisa


As sugestões de pesquisa podem ser ativadas ou de-
sativadas a qualquer momento marcando ou desmarcando
a caixa Fornecer sugestões de pesquisa na seção Pesquisar
das opções do Firefox:
Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações
feitas serão salvas automaticamente.

Sugestões de pesquisa no Firefox


Muitos mecanismos de pesquisa (incluindo Yahoo,
Google, Bing e outros) fornecem sugestões de pesquisa,
as quais são baseadas em pesquisas populares que outras
pessoas fazem e que estão relacionadas com uma pala-
vra ou palavras que você inserir. Quando as Sugestões de
Pesquisa estão ativadas, o texto que você digita em um
campo de pesquisa é enviado para o mecanismo de busca,
o qual analisa as palavras e exibe uma lista de pesquisas
relacionadas. Para ver sugestões de pesquisa na barra de endereços,
marque a opção Mostrar sugestões de pesquisa na barra
de localização.

178
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando a Barra de Pesquisa Gerenciador de Downloads


Basta digitar na barra de Pesquisa na sua barra de fer- A Biblioteca e o painel de downloads controlam os ar-
ramentas ou na página de Nova Aba. quivos baixado pelo Firefox. Aprenda a gerenciar seus ar-
quivos e configurar as definições de download.

Como faço para acessar meus downloads?


Você pode acessar seus downloads facilmente clicando
no icone download (a seta para baixo na barra de ferra-
mentas). A seta vai aparecer azul para que você saiba
que existem arquivos baixados.
Durante um download, o icone de download muda
para um timer que mostra o progresso do seu download.
O timer volta a ser uma seta quando o download for con-
cluído.

Enquanto você digita na busca da barra de ferramen-


tas, o seu mecanismo de pesquisa padrão mostra suges-
tões para ajudá-lo a procurar mais rápido. Essas sugestões
são baseadas em pesquisas populares ou em suas pesqui-
sas anteriores (se estiver ativado).

Clique no icone download para abrir o painel de down-


loads. O painel Downloads exibe os últimos três arquivos baixa-
dos, juntamente com o tempo, tamanho e fonte do download:

Pressione Enter para pesquisar usando o seu mecanis-


mo de pesquisa padrão, ou selecione outro mecanismo de Para ver todos os seus downloads, acesse a Biblioteca
pesquisa clicando no logotipo. clicando em Exibir todos os downloads na parte inferior do
Mecanismos de pesquisa disponíveis painel de Downloads.
O Firefox vem com os seguintes mecanismos de pes-
quisa por padrão:
- Google para pesquisar na web através do Google
Nota: O padrão de busca do Google é criptografado
para evitar espionagem.
- Yahoo para pesquisar na web através do Yahoo
- Bing para pesquisar na web através do Microsoft Bing
- BuscaPé para procurar comparações de preços, pro-
dutos e serviços no site BuscaPé.
- DuckDuckGo como mecanismo de pesquisa para
para usuários que não querem ser rastreados.
- Mercado Livre para procurar por itens à venda ou em
leilão no Mercado Livre
- Twitter para procurar pessoas no Twitter
- Wikipédia (pt) para pesquisar na enciclopédia online
gratuita Wikipédia Portuguesa.

179
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A Biblioteca mostra essas informações para todos os Como deixar o Firefox em tela inteira
seus arquivos baixados, a menos que você tenha removido
eles do seu histórico. Tela inteira é um recurso do Firefox que permite que
ele ocupe a tela toda, ótimo para aquelas telinhas aperta-
das de netbooks, aproveitando o máximo da sua HDTV ou
só porque quer!
Ative o modo Tela inteira
Maior é melhor! Preencha sua tela com o Firefox.
Clique no botão menu no lado direito da barra de
ferramentas e selecione Tela inteira.

Como posso gerenciar meus arquivos baixados?


No painel Downloads e na sua Biblioteca, existe um
botão icone a direita de cada arquivo que muda de acordo
com o progresso atual do download.

Pausar: Você pode pausar qualquer download em pro-


gresso clicando com o botão direito no arquivo e selecio-
nando Pausar. Isto pode ser útil, por exemplo, se você preci-
Desative o modo Tela inteira
sa abrir um pequeno download que começou depois de um
Traga o meu computador de volta! Encolha o Firefox
download grande. A Pausa de downloads lhe dá a opção
para seu tamanho normal.
de decidir qual dos seus downloads são mais importantes.
Quando você quiser continuar o download desses arquivos, Mova o mouse para o topo da tela para fazer a barra de
clique com o botão direito no arquivo e selecione Continue. ferramentas reaparecer
Cancelar : Se depois de iniciar o download você de- Clique no botão menu no lado direito da barra de
cidir que não precisa mais do arquivo, cancelar o download ferramentas e selecione Tela inteira.
é simples: apenas clique no botão X ao lado do arquivo. Atalhos de teclado
Este botão se transformará em um símbolo de atualização, Para aqueles de boa memória. Use a tela inteira através
clique novamente para reiniciar o download. do teclado.
Abrir o arquivo: Quando o download acabar, você pode
dar um clique no arquivo para abrir-lo. Atalho para alternar o modo Tela inteira: Pressione a
Abrir pasta : Uma vez que o arquivo tenha concluído tecla F11.
o download, o ícone à direita da entrada do arquivo torna- Nota: Em computadores com teclado compacto (como
se uma pasta. Clique no ícone da pasta para abrir a pasta netbooks e laptops), pode ser necessário usar a combina-
que contém esse arquivo. ção de teclas fn + F11.
Remover arquivo da lista: Se você não quiser manter o
registro de um determinado download, simplesmente cli- Histórico
que com o botão direito no arquivo, então selecione Excluir
da lista. Isto irá remover a arquivo da lista, mas não vai Toda vez que você navega na internet o Firefox guarda
apagar o arquivo em si. várias informações suas, como por exemplo: sites que você
Repetir um download : Se por qualquer razão um visitou, arquivos que você baixou, logins ativos, dados de
download não completar, clique no botão a direita do ar- formulários, entre outros. Toda essa informação é chamada
quivo - um simbolo de atualizar - para reiniciar. de histórico. No entanto, se estiver usando um computador
Limpar downloads: Clique no botão Limpar Downloads público ou compartilha um computador com alguém, você
no topo da janela da Biblioteca para limpar todo o histórico pode não querer que outras pessoas vejam esses dados.
de itens baixados.

180
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Que coisas estão incluídas no meu histórico? Como limpo meu histórico?

Clique no botão de menu , selecione Histórico e, em


seguida, Limpar dados de navegação….
Selecione o quanto do histórico você deseja limpar:
Clique no menu suspenso ao lado de Intervalo de tem-
po a limpar para escolher quanto de seu histórico o Firefox
limpará.

Em seguida, clique na seta ao lado de Detalhes para


Histórico de navegação e downloads: Histórico de na- selecionar exatamente quais informações você quer que
vegação é a lista de sites que você visitou que são exibidos sejam limpas.
no menu Histórico, a lista do Histórico na janela Biblioteca
e a lista de endereços da função de completar automati-
camente da Barra de endereços. Histórico dos downloads
é a lista de arquivos que foram baixados por você e são
exibidos na janela Downloads.
Dados memorizados de formulários e Barra de Pesqui-
sa: O histórico de dados memorizados de formulários inclui
os itens que você preencheu em formulários de páginas
web para a funcionalidade de Preenchimento Automático
de Formulários. O histórico da Barra de Pesquisa inclui os
itens que você pesquisou na Barra de Pesquisa do Firefox.
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os
websites que você visita, tais como o estado da sua auten-
ticação e preferências do site. Também incluem informa-
ções e preferências do site armazenadas por plugins como
o Adobe Flash. Cookies podem também ser usados por
terceiros para rastreá-lo entre páginas.
Nota: Para poder limpar cookies criados pelo Flash Finalmente, clique no botão Limpar agora. A janela
você precisa estar usando a versão mais recente do plugin. será fechada e os itens selecionados serão limpos.
Cache: O cache armazena arquivos temporariamente, Como faço para o Firefox limpar meu histórico auto-
tais como páginas web e outras mídias online, que o Firefox maticamente?
baixou da Internet para tornar o carregamento das páginas Se você precisa limpar seu histórico sempre que usar
e sites que você já visitou mais rápido. o Firefox, você pode configurá-lo para que isso seja feito
Logins ativos: Caso você tenha se logado em um web- automaticamente assim que você sair, assim você não es-
site que usa autenticação HTTP desde a vez mais recente quece.
que você abriu o Firefox, este site é considerado “ativo”. Ao
limpar estes registros você sai destes sites.
Dados offline de sites: Se você permitir, um website
pode guardar informações em seu computador para que
você possa continuar a utilizá-lo mesmo sem estar conec-
tado à Internet.
Preferências de sites: Preferências de sites, incluindo
o nível de zoom salvo para cada página específica, codi-
ficação de caracteres e as permissões de páginas (como
excessões para bloqueadores de anúncios) estão descritas
em janela de Propriedades da Página.

181
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no botão , depois em Opções Clique no botão , depois em Histórico, em seguida,


Selecione o painel Privacidade. clique no link no final da lista Exibir todo o histórico, para
Defina O Firefox irá: para Usar minhas configurações. abrir a janela da Biblioteca.
Use o campo Localizar no histórico no canto superior
direito e pressione a tecla Enter para procurar pelo site que
você deseja remover do histórico.
Nos resultados da busca, clique com o botão direito no
site que você deseja remover, e selecione Limpar tudo so-
bre este site. Ou simplesmente selecione o site que deseja
excluir e pressione a tecla ‘Delete’.
Todos os dados de histórico (histórico de navegação e
downloads, cookies, cache, logins ativos, senhas, dados de
formulários, exceções para cookies, imagens, pop-ups) do
site serão removidos.

Marque a opção Limpar histórico quando o Firefox fe-


char.

Para especificar que tipos de histórico devem ser lim-


pos, clique no botão Configurar..., ao lado de Limpar histó-
rico quando o Firefox fechar.
Na janela Configurações para a limpeza do histórico, Finalmente, feche a janela Biblioteca.
marque os itens que você quer que sejam limpos automa-
ticamente sempre que você sair do Firefox. O leitor de PDF

O visualizador de PDF integrado de maneira nativa ao


navegador. Isto significa que agora não é mais necessário
ter que instalar um plugin externo no Mozilla Firefox para
fazê-lo visualizar um documento neste formato. Este visua-
lizador, inclusive, funciona da mesma forma como ocorre
no Google Chrome, que também suporta a visualização de
arquivos PDF nativamente.
Agora, sempre que você clicar em um documento PDF
no navegador, ele será aberto diretamente na tela. Os con-
troles são exibidos na parte superior, com os quais você
pode salvar ou imprimir o documento, bem como usar re-
cursos como zoom, ou ir diretamente para uma página es-
pecífica. Também é possível alternar para o modo de apre-
sentação e exibir o PDF em tela cheia.
Durante os testes realizados, conseguimos abrir vários
PDFs em diversas abas sem nenhum problema, já que não
Após selecionar os itens a serem limpos, clique em OK houve travamentos. O segredo por trás do leitor é que ele
para fechar a janela Configurações para a limpeza do his- converte os PDFs para o HTML 5.
tórico.
Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações
feitas serão salvas automaticamente.
Como faço para remover um único site do meu histó-
rico?

182
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimindo uma página web Seção Intervalo de impressão - Especifique quais pági-
nas da página web atual será impressa:
Clique no menu e depois em Imprimir. Selecione Tudo para imprimir tudo.
Selecione Páginas e coloque o intervalo de páginas
que você quer imprimir. Por exemplo, selecionando “de 1 a
1” imprimirá somente a primeira página.
Selecione Seleção para imprimir somente a parte da
página que você selecionou.
Seção Cópias - Especifique quantas cópias você quer
imprimir.
Se colocar mais do que 1 no campo Número de cópias,
você também pode escolher se quer agrupá-las. Por exem-
plo, se você escolheu fazer 2 cópias e selecionou Juntar,
elas serão impressas na ordem 1, 2, 3, 1, 2, 3. Caso contrá-
rio, elas serão impressas na ordem 1, 1, 2, 2, 3, 3.
Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
ferências do Firefox em uma base por impressora.
SeçãoImprimir bordas - Se você está vendo uma pá-
gina web com bordas, poderá selecionar como as bordas
serão impressas:

Na janela de impressão que foi aberta, ajuste as con-


figurações do que você está prestes a imprimir, se for ne-
cessário.
Clique em OK para iniciar a impressão.
Janela de configurações de impressão

Como apresentado na tela irá imprimir da mesma for-


ma que você vê a página web no Firefox.
O campo selecionado irá imprimir somente o conteúdo
dentro da última borda que você clicou.
Cada campo separadamente irá imprimir o conteúdo
de todas as bordas, mas em páginas separadas.
Mudando a configuração da página
Para alterar a orientação da página, alterar se as cores
e imagens de fundo são impressas, as margens da página,
o que incluir no cabeçalho e rodapé das páginas impressas,
na parte superior da janela do Firefox, clique no botão Fi-
Seção Impressoras: refox, veja mais em Imprimir... (menu Arquivo no Windows
XP) e selecione Configurar página.... A janela de configura-
Clique no menu drop-down ao lado de Name para mu- ção de página irá aparecer.
dar qual a impressora imprimirá a página que você está Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
vendo. ferências do Firefox em uma base por impressora.
Nota: A impressora padrão é a do Windows. Quando
uma página da web é impressa com a impressora selecio-
nada, ela se torna a impressora padrão do Firefox.
Cique em Propiedades... para mudar o tamanho do pa-
pel, qualidade de impressão e outras configurações espe-
cíficas da impressora.

183
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formato e Opções Cabeçalho e Rodapé: Use os menus dropdown para


selecionar o que irá aparecer na página impressa. O valor
do dropdown superior esquerdo aparece no canto superior
esquerdo da página; o valor do dropdown superior central
aparece na parte superior central da página, e assim por
diante. Você pode escolher entre:
--em branco--: Nada será impresso.
Título: Imprime o título das páginas web.
Endereço: Imprime o endereço das páginas web.
Data/Hora: Imprime a data e hora em que a página foi
impressa.
Página #: Imprime o número da página.
Página # de #: Imprime o número da página e o total
de páginas.
Personalizar...: Coloque seu próprio texto de cabeçalho
ou rodapé. Isso pode ser usado pra mostrar o nome da
empresa ou organização no alto ou na parte de baixo de
toda página impressa.
Clique em OK para concluir as alterações e fechar a
janela de configuração de páginas.

Na aba Formato e Opções você pode alterar: Visualizar impressão


Formato: Para ver como a página web que você quer imprimir
Selecione Retrato para a maioria dos documentos e ficará quando impressa, na parte superior da janela do Fire-
páginas web. fox, clique no botão Firefox, veja mais em Imprimir...(menu
Selecione Paisagem para páginas e imagens largas. Arquivo no Windows XP), e selecione Visualizar impressão.
Escala: Para tentar uma página web em menos folhas A janela de pré-visualização permite mudar algumas
impressas, você pode ajustar a escala. Reduzir para caber das opções descritas acima. Acesse a janela de impressão
ajusta automaticamente a escala. clicando em Imprimir..., ou a janela de configuração de pá-
Opções: Selecione Imprimir cores e imagens de fundo gina clicando em Configurar página.... Clique nas setas ao
para que o Firefox imprima as páginas com cor e imagens lado do campo Página: para trocar as páginas do docu-
de fundo como elas são mostradas na tela, caso contrário, mento. As setas duplas mudam para a primeira ou última
Firefox imprimirá com o fundo branco. página, as setas únicas vão para a próxima página ou a
Margens e Cabeçalho/ Rodapé anterior. Você também pode ajustar a escala e o formato
(veja acima).

Clique em Fechar para sair da visualização da impres-


são.
Firefox Hello - conversas por vídeo e voz online
O Firefox Hello lhe deixa navergar e discutir páginas
web com seus amigos diretamente no navegador. Tudo
que você precisa é uma webcam (opcional), um microfone,
e a versão mais recente do Firefox para ligar para os ami-
gos que estão em navegadores suportados pelo WebRTC
como Firefox, Chrome, ou Opera.
Nota: O Firefox Hello não está disponível na Navega-
ção Privada.
Iniciar uma conversa
Clique no botão Hello .
Clique em Navegar nessa página com um amigo.

Na aba Margens e Cabeçalhos/Rodapé você pode al-


terar:
Margens: Você pode colocar a largura da margem se-
paradamente para cima, baixo, esquerda e direita.

184
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegação Privativa
Quando navega na web, o Firefox lembra de varias in-
formação para você - como os sites visitados. No entan-
to, pode haver momentos em que não deseja que outros
usuários tenham acesso a tais informações, como quando
estiver comprando um presente de aniversário. A navega-
ção privativa permite que navegue na internet sem salvar
informações sobre os sites e páginas visitadas.
A navegação privativa também inclui Proteção contra
rastreamento na navegação privada, a qual impede que
seja rastreado enquanto navega.
Mostraremos a você como funciona.
Importante: A navegação privativa não o torna anôni-
mo na Internet. Seu provedor de acesso a internet ou os
próprios sites ainda podem rastrear as páginas visitadas.
Use as seguintes opções para convidar seus amigos: Além disso, a navegação privativa não o protege de key-
loggers ou spywares que podem estar alojados em seu
computador

Como abrir uma nova janela privativa?


Existem duas maneiras de se abrir uma nova Janela Pri-
vativa.
Abrir uma nova Janela Privativa vazia
Clique no botão de menu e depois em Nova janela
privativa.

Copie e cole o link para a sua ferramenta de mensa-


gens preferida clicando em Copiar Link.
Envie o link por e-mail para o seu amigo clicando no
botão Enviar link por E-mail. Isso abrirá sua aplicação de
e-mail padrão.

Compartilhar no Facebook.
Quando seu amigo se juntar à conversa, você verá um
alerta.
Para encerrar a chamada, clique em .
Se juntar a uma conversa

Recebeu um convite? Se juntar a uma conversa é fácil! Abrir um link em nova janela privativa
Apenas clique no link do seu convite e clique no botão na Clique com o botão direito do mouse e escolha Abrir
página para entrar na conversa. link em uma nova janela privativa no menu contextual.

Controlar suas notificações


Você pode desligar as notificações no Firefox se você
preferir não ser notificado quando um amigo se juntar:

Clique no botão do Hello .


Clique na engrenagem na parte de baixo do painel e
escolha Desligar notificações.

185
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica: Janelas de navegação privativas tem uma másca- Como saber se a minha conexão com um site é se-
ra roxa no topo. gura?
O botão de Identidade do Site (um cadeado) aparece
na sua barra de endereço quando você visita um site segu-
ro. Você pode descobrir rapidamente se a conexão para o
site que estar visualizando é criptografado. Isso deve lhe
ajudar a evitar sites maliciosos que estão tentando obter
sua informação pessoal.

O que a navegação privativa não salva?


Páginas visitadas: Nenhuma página será adicionada à
lista de sites no histórico, lista de história da janela da Bi-
blioteca, ou na lista de endereços da Awesome Bar. O botão de Identidade do Site estar na barra de ende-
Entradas em formulário e na barra de pesquisa: Nada
reço à esquerda do endereço web. Mais comumente, quan-
digitado em caixas de texto em páginas web ou na barra de
do visualizando um site seguro, o botão de Identidade do
busca será salvo para o autocomplete.
Site será um cadeado verde.
Senhas: Nenhuma senha será salva.
Lista de arquivos baixados: os arquivos que você baixar
não serão listados na Janela de Downloads depois de de-
sativar a Navegação Privativa.
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os si-
tes que você visita como preferências, status de login, e os
dados utilizados por plugins, como o Adobe Flash. Cookies No entanto, em algumas circunstâncias raras, ele tam-
também podem ser utilizados por terceiros para rastreá-lo bém pode ser um cadeado verde com um triângulo de
através dos sites. alerta cinza, um cadeado cinza com um triângulo de alerta
Conteúdo web em Cache e Conteúdo Web off-line e amarelo, ou um cadeado cinza com uma linha vermelha.
de dados do usuário ‘: Nenhum arquivo temporário da In-
ternet (cache) ou arquivos armazenados para o uso off-line
serão salvo.
Nota:
Favoritos criados ao usar a Navegação Privativa serão
salvos. Nota: Clicando no botão à esquerda da barra de en-
Todos os arquivos que você baixar para o seu compu- dereço nos traz o Centro de Controle, o qual lhe permite
tador durante o uso de navegação privada serão salvos. visualizar mais informações detalhadas sobre o estado de
O Firefox Hello não está disponível na navegação pri- segurança da conexão e alterar algumas configurações de
vativa. segurança e privacidade. Aviso: Você nunca deve enviar
Posso definir o Firefox para sempre usar a navegação qualquer tipo de informação sensível (informação bancá-
privativa? ria, dados de cartão de crédito, Números de Seguridade
O Firefox está definido para lembrar o histórico por Social, etc.) para um site sem o ícone de cadeado na barra
padrão, mas você pode alterar essa configuração de pri- de endereço - neste caso não é verificado que você está se
vacidade no Firefox Opções (clique no menu Firefox , comunicando com o site pretendido nem que seus dados
escolha Opções e selecione o painel Privacidade). Quando estão seguros contra espionagem!
alterar a configuração do histórico para nunca lembrar o
histórico, isto equivale a estar sempre no modo de nave-
Cadeado verde
gação privativa.
Um cadeado verde (com ou sem um nome de organi-
Importante: Quando o firefox está definido para nunca
zação) indica que:
lembrar o histórico você não verá uma máscara roxa na
parte superior de cada janela, mesmo que esteja efetiva- Você está realmente conectado ao website cujjo en-
mente no modo de navegação privativa. Para restaurar a dereço é exibido na barra de endereço; a conexão não foi
navegação normal, vá para o painel privacidade Opções e interceptada.
defina o Firefox para lembrar o histórico. A conexão entre o Firefox e o website é criptografada
Outras formas de controlar as informações que o Fire- para evitar espionagem.
fox salva
Você sempre pode remover a navegação recente, as
pesquisas e histórico de download depois de visitar um
site.

186
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um cadeado verde mais o nome da empresa ou or- Configurações de segurança e senhas


ganização, também em verde, significa que o website está Este artigo explica as configurações disponíveis no pai-
usando um Certificado de Validação Avançada. Um certi- nel Segurança da janela Opções do Firefox.
ficado de Validação Avançada é um tipo especial de cer- O painel Segurança contém Opções relacionadas à sua
tificado do site que requer um processo de verificação de segurança ao navegar na internet.
identidade significativamente mais rigoroso do que outros
tipos de certificados.

Para sites usando certificados VE, o botão de identida-


de do site exibe tanto um cadeado verde e o nome legal
da companhia ou organização do website, então você sabe
quem está operando ele. Por exemplo, isto mostra que o
mozilla.org é de propriedade da Fundação Mozilla. Configurações de Segurança
Cadeado verde com um triângulo cinza de alerta Alertar se sites tentarem instalar extensões ou temas
Um cadeado verde com um triângulo cinza de alerta O Firefox sempre pedirá a sua confirmação para a ins-
indica que o site é seguro; no entanto, o firefox bloqueou talação de complementos. Para evitar que tentativas de
o conteúdo inseguro e, assim, o site pode não necessaria- instalação não requisitadas resultem em instalações aci-
mente exibir ou funcionar inteiramente correto. dentais, o Firefox exibe um aviso quando um site tentar ins-
talar um complemento e bloqueia a tentativa de instalação.
Cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta Para permitir que sites específicos instalem complementos,
Um cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta você deve clicar em Exceções…, digitar o endereço do site
indica que a conexão entre o Firefox e o website é apenas e clicar em Permitir. Desmarque essa opção para desativar
parcialmente criptografada e não impede espionagem. esse aviso para todos os sites.
Bloquear sites avaliados como focos de ataques: Mar-
que isso se você quer que o Firefox verifique se o site que
você está visitando pode ser uma tentativa de interfirir nas
funções normais do computador ou mandar dados pes-
soais sobre você sem autorização através da Internet.
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível A ausência deste aviso não garante que o site seja con-
(informação bancária, dados de cartão de crédito, Números fiável.
de Seguridade Social, etc.) para sites onde o botão de iden- Bloquear sites avaliados como falsos: Marque isso se
tidade do site tem o ícone de triângulo de alerta amarelo. você quer que o Firefox verifique ativamente se o site que
Cadeado cinza com um traço vermelho você está visitando pode ser uma tentativa de enganar
Um cadeado cinza com um traço vermelho indica que você fazendo com que passe suas informações pessoais
a conexão entre o Firefox e o website é apenas parcial- (isto é frequentemente chamado de “phishing”).
mente criptografada e não previne contra espionagem ou
Logins
ataque man-in-the-middle.
Memorizar logins de sites: I Firefox pode salvar com
segurança senhas que você digita em formulários web para
facilitar seu acesso aos websites. Desmarque essa opção
para impedir o Firefox de memorizar suas senhas. No en-
tanto, mesmo com isso marcado, você ainda será questio-
nado se deseja salvar ou não as senhas para um site quan-
Esse ícone não aparecerá a menos que você manual- do você visitá-lo pela primeira vez. Se você selecionar Nun-
mente desativou o bloqueio de conteúdo misto. ca para este site, aquele site será adicionado à uma lista de
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível exceções. Para acessar essa lista ou para remover sites dela,
(informação bancária, dados de cartão de crédito, números clique no botão Exceções….
de seguridade social, etc.) para sites onde o botão de iden- Usar uma senha mestra: O Firefox pode proteger infor-
tidade do site tem o ícone de um cadeado cinza com uma mações sensíveis, como senhas salvas e certificados, crip-
listra vermelha. tografando eles usando uma senha mestra. Se você criar
uma senha mestra, cada vez que você iniciar o Firefox, será
solicitado que você digite a senha na primeira vez que for
necessário acessar um certificado ou uma senha salva. Você

187
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

pode definir, alterar, ou remover a senha mestra marcando


ou desmarcando essa opção ou clicando no botão Modifi-
car senha mestra…. Se uma senha mestra já estiver defini-
da, você precisará digitá-la para alterar ou remover a senha
mestra.
Você pode gerenciar senhas salvas e excluir senhas in-
dividuais clicando no botão Logins salvos….

Encontrar e instalar complementos para adicionar


funcionalidades ao Firefox
Complementos são como os aplicativos que você ins-
tala para adicionar sinos e assobios para o Firefox. Você
pode obter complementos para comparar preços, verificar
o tempo, mudar o visual do Firefox, ouvir música, ou mes-
mo atualizar o seu perfil no Facebook. Este artigo aborda
os diferentes tipos de complementos disponíveis e como
encontrar e instalá-los.

Existem três tipos de complementos:

- Extensões
Extensões adicionam novas funcionalidades ao Firefox
ou modificam as já existentes. Existem extensões que per-
mitem bloquear anúncios, baixar vídeos de sites, integrar
o Firefox com sites, como o Facebook ou o Twitter, e até
mesmo adicionar recursos de outros navegadores.

- Aparência
Existem dois tipos de complementos de aparência:
temas completos, que mudam a aparência de botões e
menus, e temas de fundo, que decoram a barra de menu e O Firefox irá fazer o download do complemento e pode
faixa de abas com uma imagem de fundo pedir que você confirme a sua instalação.
Clique em Reiniciar agora se ele aparecer. Seus abas
- Plugins serão salvas e restauradas após a reinicialização.
Plugins permitem adicionar suporte para todos os tipos Algumas extensões colocam um botão na barra de fer-
de conteúdo da Internet. Estes geralmente incluem forma- ramentas após a instalação..
tos patenteados como o Flash, QuickTime e Silverlight que
são usados para vídeo, áudio, jogos on-line, apresentações Como desativar extensões e temas
e muito mais. Plugins são criados e distribuídos por outras Ao desativar um complemento ele deixará de funcio-
empresas. nar sem ser removido:
Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
Para visualizar quais complementos estão instalados: tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
Clique no botão escolha complementos. A aba com- No gerenciador de complementos, selecione o pai-
plementos irá abrir. nel Extensões ou Aparência.
Selecione o painel Extensões, Aparência ou Plugins. Selecione o complemento que deseja desativar.
Como faço para encontrar e instalar complementos? Clique no botão Desativar.
Aqui está um resumo para você começar: Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em  Rei-
Clique no botão de menu e selecione Complemen- niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos. reiniciar.
No gerenciador de complementos, selecione o painel Para reativar um complemento, encontre-o na lista de com-
Get Add-ons. plementos e clique em Ativar, será solicitado reiniciar o Firefox.

Para ver mais informações sobre um complemento ou Como desativar plugins


tema, clique nele. Você pode em seguida clicar no botão Ao desativar um plugin ele irá deixar de funcionar sem
verde Adicionar ao Firefox para instalá-lo. ser removido:
Você também pode pesquisar por complementos es- Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
pecíficos usando a caixa de busca na parte superior. Po- tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
dendo então instalar qualquer complemento que encon- No gerenciador de complementos, selecione o pai-
trar, com o botão Instalar. nel Plugins.

188
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecione o plugin que deseja desativar. Pop-ups


Selecione Nunca Ativar no menu de seleção. Bloquear janelas popup: Por padrão, o Firefox bloqueia
Para reativar um plugin, encontre-o na sua lista de plu- janelas popup inconvenientes em sites da web. Desmarque
gins e clique em Sempre ativo no menu de seleção. essa opção para desativar o Bloqueador de Popups. Alguns
sites utilizam popups com funções importantes. Para per-
Como remover extensões e temas mitir que sites específicos utilizem popups, clique em Exce-
Clique no botão de menu   e selecione Complemen- ções…, digite o domínio do site e clique em Permitir. Para
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos. excluir um site da lista de sites permitidos, selecione-o e
No gerenciador de complementos, selecione o pai- clique em Excluir o site. Para limpar a lista completamente,
nel Extensões ou Aparência. clique em Excluir tudo.
Selecione o complemento que você deseja remover.
Clique no botão Excluir. Fontes e cores
Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em  Rei- Fonte padrão e Tamanho: Normalmente as páginas da
niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao web são exibidas na fonte e tamanho especificados aqui.
reiniciar. Entretanto, páginas da web podem definir fontes diferen-
Como desinstalar plugins tes, que serão exibidos a não ser que você especifique o
Geralmente os plugins vem com seus próprios desins- contrário na janela Fontes. Clique no botãoAvançado… para
taladores. Se precisar de ajuda para desinstalar alguns dos acessar mais opções de fontes.
plugins mais populares, vá para lista de artigos de plugins e Diálogo de fontes
selecione o artigo do respectivo plugin que você quer de- Na lista Fontes padrão para, escolha um grupo de
sinstalar. caracteres/idioma. Por exemplo, para configurar o grupo
de fontes padrão dos idiomas ocidentais (latinos), clique
Configurações de Conteúdo em Latin.. Para um grupo de caracteres/idioma que não es-
teja na lista, clique em Outros Sistemas de Escrita.
Escolha se a fonte proporcional deverá ser com serifa
(como “Times New Roman”) ou sem serifa (como “Arial”),
e então especifique o tamanho padrão da fonte propor-
cional.
Especifique as fontes utilizadas para fontes com seri-
fa, sem serifa e monoespaçada (largura fixa). Você também
pode especificar o tamanho para as fontes monoespaça-
das.
Você também pode especificar o tamanho mínimo de
fonte que pode ser exibido na tela. Isso pode ser útil em
sites que utilizam tamanhos de fonte muito pequenos e
pouco legíveis.
Páginas podem usar outras fontes: Por padrão, o Fi-
refox exibe as fontes especificadas pelo autor da página.
Desative essa opção para forçar todos os sites a usar as
fontes padrão.
Codificação de texto para conteudo legado: A codifica-
ção de caracteres selecionada nessa caixa será a codifica-
ção padrão utilizada para exibir páginas que não especifi-
quem uma codificação.
Diálogo de cores
Cores padrão: Aqui você pode modificar as cores pa-
DRM Content drão de texto e fundo que serão utilizadas nas páginas em
Reproduzir conteúdo DRM: Por padrão, o Firefox per- que essas cores não foram especificadas por seu autor. Cli-
mite a reprodução de conteúdo de áudio e vídeo protegi- que nas amostras de cores para modificá-las.
do por Gerencimento de Direitos Digitais (DRM). Ao des- Usar cores do sistema: Marque essa opção para usar as
marcar esta opção essa funcionalidade será desligada. cores de fonte e fundo definidas pelo seu Sistema Opera-
cional em vez das cores definidas acima.
Notificações Aparência padrão dos links: Aqui você pode modificar
O Firefox lhe permite escolher quais websites tem as cores padrão dos links das páginas. Clique nas amostras
permissão para lhe enviar notificações. Clique em  Esco- de cores para modificá-las.
lher para fazer alterações na lista de sites permitidos. Sublinhar: Por padrão, o Firefox sublinha os links das
Não me perturbe: Selecione esta opção para suspen- páginas. Desmarque essa opção para modificar esse com-
der temporariamente todas as notificações até você fechar portamento. Note que vários sites especificam seus pró-
e reiniciar o Firefox. prios estilos de links e nesses sites essa opção não tem
efeito.

189
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Páginas podem usar outras cores: Por padrão, o Firefox Atalhos de teclado
exibe as cores especificadas pelo autor da página. Desa- Navegação
tive essa opção para forçar todos os sites a usar as cores
padrão.
Idiomas Comando Atalho
Algumas páginas oferecem mais de um idioma para Alt + ←
exibição. Clique no botão  Selecionar…para especificar o Voltar
Backspace
idioma ou idiomas de sua preferência.
Alt + →
Idiomas: Para adicionar um idioma à lista de idiomas Avançar
Shift + Backspace
clique emSelecione um idioma para adicionar…, clique so-
bre o idioma escolhido e clique no botãoAdicionar. Exclua Página inicial Alt + Home
um idioma da lista selecionando-o e clicando no botão Ex-
cluir. Você também pode reordenar os idiomas usando os Abrir arquivo Ctrl + O
botões Para cima e Para baixo para determinar a ordem de
F5
preferência no caso de haver mais de um idioma disponí- Atualizar a página
Ctrl + R
vel.
Ctrl + F5
Atualizar a página (ignorar o cache)
Use atalhos do mouse para executar tarefas comuns Ctrl + Shift + R
no Firefox Parar o carregamento Esc
Esta é uma lista dos atalhos do mouse mais comuns no
Mozilla Firefox.
Página atual

Comando Atalho
Comando Atalho
Voltar Shift + Rolar para baixo
Ir uma tela para baixo Page Down
Avançar Shift + Rolar para cima
Ir uma tela para cima Page Up
Aumentar Zoom Ctrl + Rolar para cima
Ir para o final da página End
Diminuir Zoom Ctrl + Rolar para baixo
Ir para o início da página Home
Clicar com botão do
Fechar Aba Ir para o próximo frame F6
meio na Aba
Clicar com botão do Ir para o frame anterior Shift + F6
Abrir link em uma nova Aba
meio no link Imprimir Ctrl + P
clicar com o botão do Salvar página como Ctrl + S
Nova aba
meio na barra de abas
Mais zoom Ctrl + +
Ctrl + Clicar com botão
Abrir em nova Aba em segun- esquerdo no link Menos zoom Ctrl + -
do plano* Clicar com botão do tamanho normal Ctrl + 0
meio no link
Ctrl + Shift + Botão es- Editando
Abrir em nova Aba em pri-
querdo
meiro plano*
Shift + Botão do meio Comando Atalho
Shift + Clicar com bo- Copiar Ctrl + C
Abrir em uma Nova Janela
tão esquerdo no link
Recortar Ctrl + X
Duplicar Aba ou Favoritos Ctrl + Arrastar Aba
Apagar Del
Recarregar (ignorar cache) Shift + Botão recarregar
Colar Ctrl + V
Salvar como... Alt + Botão esquerdo
Colar (como texto simples) Ctrl + Shift + V
* Os atalhos para abrir Abas em primeiro e segun- Refazer Ctrl + Y
do plano serão trocadas se a opção Ao abrir um link em Selecionar tudo Ctrl + A
uma nova Aba, carregá-la em primeiro plano estiver ativa
Desfazer Ctrl + Z
no Painel de configurações geral..

190
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

GOOGLE CHROME Para Iniciantes


O Chrome é o mais novo dos grandes navegadores e Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem dú-
já conquistou legiões de adeptos no mundo todo. O pro- vidas básicas sobre essa categoria de programas, continue
grama apresenta excelente qualidade em seu desenvolvi- lendo este parágrafo. Do contrário, pule para o próximo e
mento, como quase tudo o que leva a marca Google. O poupe seu tempo. Aqui falaremos um pouco mais sobre os
browser não deve nada para os gigantes Firefox e Internet conceitos e ações mais básicas do programa.
Explorer e mostra que não está de brincadeira no mundo Com o Google Chrome, você acessa os sites da mesma
dos softwares. forma que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao exe-
Confira nas linhas abaixo um pouco mais sobre o ótimo cutar o programa, tudo o que você precisa fazer é digitar
Google Chrome. o endereço do local que quer visitar. Para acessar o portal
Baixaki, por exemplo, basta escrever baixaki.com.br (hoje é
Funções visíveis possível dispensar o famoso “www”, inserido automatica-
Antes de detalhar melhor os aspectos mais complica- mente pelo programa.)
dos do navegador, vamos conferir todas as funções dis- No entanto nem sempre sabemos exatamente o link
poníveis logo em sua janela inicial. Observe a numeração que queremos acessar. Para isso, digite o nome ou as pa-
na imagem abaixo e acompanhe sua explicação logo em lavras-chave do que você procura na mesma lacuna. Desta
seguida: forma o Chrome acessa o site de buscas do Google e exibe
os resultados rapidamente. No exemplo utilizamos apenas
a palavra “Baixaki”.

1.    As setas são ferramentas bem conhecidas por to-


dos que já utilizaram um navegador. Elas permitem avançar
ou voltar nas páginas em exibição, sem maiores detalhes.
Ao manter o botão pressionado sobre elas, você fará com
que o histórico inteiro apareça na janela. Abas
2.    Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página. A segunda tarefa importante para quem quer usar o
Todos são sinônimos desta função, ideal para conferir no- Chrome é lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito
vamente o link em que você se encontra, o que serve para úteis e facilitam a navegação. Como citado anteriormente,
situações bem específicas – links de download perdidos, basta clicar no botão com um “+” para abrir uma nova guia.
imagens que não abriram, erros na diagramação da página. Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao
3.   O ícone remete à palavra home (casa) e leva o na- pressionar a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda
vegador à página inicial do programa. Mais tarde ensinare- mais rápido. Também é possível utilizar o botão direito so-
mos você a modificar esta página para qualquer endereço bre o novo endereço e escolher a opção “Abrir link em uma
de sua preferência. nova guia”.
4.   A estrela adiciona a página em exibição aos favo-
ritos, que nada mais são do que sites que você quer ter a Liberdade
disposição de um modo mais rápido e fácil de encontrar. É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É
5.   Abre uma nova aba de navegação, o que permite possível arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar
visitar outros sites sem precisar de duas janelas diferentes. a aba da janela e desta forma abrir outra independente.
6.   A barra de endereços é o local em que se encontra Basta segurar a aba com o botão esquerdo do mouse para
o link da página visitada. A função adicional dessa parte no testar suas funções. Clicar nelas com a rodinha do mouse
Chrome é que ao digitar palavras-chave na lacuna, o me- faz com que fechem automaticamente.
canismo de busca do Google é automaticamente ativado e
exibe os resultados em questão de poucos segundos.
7. Simplesmente ativa o link que você digitar na la-
cuna à esquerda.
8. Abre as opções especiais para a página aberta no
navegador. Falaremos um pouco mais sobre elas em se-
guida.
9. Abre as funções gerais do navegador, que serão me-
lhor detalhadas nos próximos parágrafos.

191
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O botão direito abre o menu de contexto da aba, em Básicas


que é possível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do
a guia ou cancelar todas as outras. No teclado você pode navegador. Basta selecionar a melhor opção para você e
abrir uma nova aba com o comando Ctrl + T ou simples- configurar as páginas que deseja abrir.
mente apertando o F1. Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba
anterior, defina qual será a página inicial do Chrome. Tam-
Fechei sem querer! bém é possível escolher se o atalho para a home (aquele
em formato de casinha) aparecerá na janela do navegador.
Quem nunca fechou uma aba importante acidental- Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro,
mente em um momento de distração? Pensando nisso, aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar
o Chrome conta com a função “Reabrir guia fechada” no na lacuna do programa. O botão “Gerenciar” mostra a lista
menu de contexto (botão direito do mouse). Basta selecio- de mecanismos.
ná-la para que a última página retorne ao navegador. Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo
como seu navegador padrão. Se você optar por isso, sem-
pre que algum software ou link for executado, o Chrome
será automaticamente utilizado pelo sistema.
Coisas pessoais

Senhas: define basicamente se o programa salvará ou


não as senhas que você digitar durante a navegação. A op-
ção “Mostrar senhas salvas” exibe uma tabela com tudo o
que já foi inserido por você.
Preenchimento automático de formulário: define se os
formulários da internet (cadastros e aberturas de contas)
serão sugeridos automaticamente após a primeira digita-
ção.
Configuração Dados de navegação: durante o uso do computador, o
Chrome salva os dados da sua navegação para encontrar
Antes de continuar com as outras funções do Google sites, links e conteúdos com mais facilidade. O botão “Lim-
Chrome é legal deixar o programa com a sua cara. Para par dados de navegação” apaga esse conteúdo, enquanto
isso, vamos às configurações. Vá até o canto direito da tela a função “Importar dados” coleta informações de outros
e procure o ícone com uma chave de boca. Clique nele e navegadores.
selecione “Opções”. Temas: é possível modificar as cores e todo o visual do
navegador. Para isso, clique em “Obter temas” e aplique
um de sua preferência. Para retornar ao normal, selecione
“Redefinir para o tema padrão”.

Configurações avançadas
Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado
para usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade,
que podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com
suas preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em
“Local de download” é possível escolher a pasta em que os
arquivos baixados serão salvos. Você também pode definir
que o navegador pergunte o local para cada novo down-
load.

192
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Downloads Navegação anônima


Todos os navegadores mais famosos da atualidade
contam com pequenos gerenciadores de download, o que Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros
facilita a vida de quem baixa várias coisas ao mesmo tem- ou históricos de navegação no computador, utilize a nave-
po. Com o Google Chrome não é diferente. Ao clicar em gação anônima. Basta clicar no menu com o desenho da
um link de download, muitas vezes o programa pergunta- chave de boca e escolher a função “Nova janela anônima”,
rá se você deseja mesmo baixar o arquivo, como ilustrado que também pode ser aberta com o comando Ctrl + Shift
abaixo: + N.

Gerenciador de tarefas
Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embai-
xo da janela, mostrando o progresso do download. Você Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno
pode clicar no canto dela e conferir algumas funções es- gerenciador de tarefas incluso no programa. Clique com o
peciais para a situação. Além disso, ao selecionar a função botão direito no topo da página (como indicado na figura)
“Mostrar todos os downloads” (Ctrl + J), uma nova aba é e selecione a função “Gerenciador de tarefas”.
exibida com ainda mais detalhes sobre os arquivos que
você está baixando

Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela.


Ela controla todas as abas e funções executadas pelo na-
vegador. Caso uma das guias apresente problemas você
pode fechá-la individualmente, sem comprometer todo o
programa. A função é muito útil e evita diversas dores de
Pesquise dentro dos sites cabeça.

Outra ferramenta muito prática do navegador é a pos-


sibilidade de realizar pesquisas diretamente dentro de al-
guns sites, como o próprio portal Baixaki. Depois de usar a
busca normalmente no nosso site pela primeira vez, tudo o
que você precisa fazer é digitar baixaki e teclar o TAB para
que a busca desejada seja feita diretamente na lacuna do
Chrome.

193
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão pre-


PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO sentes:
(MICROSOFT OUTLOOK E MOZILLA » Para – é o campo onde será inserido o endereço do
THUNDERBIRD); destinatário.
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da
mesma mensagem, ao usar este campo os endereços apa-
recerão para todos os destinatários.
CORREIO ELETRÔNICO » Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior,
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos
O correio eletrônico5 se parece muito com o correio donos.
tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma » Assunto – campo destinado ao assunto da mensa-
caixa postal, o carteiro é a Internet. Você escreve sua men- gem.
sagem, diz pra quem quer mandar e a Internet cuida do » Anexos – são dados que são anexados à mensagem
resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão depressa? (imagens, programas, música, arquivos de texto, etc.).
A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por uma » Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a
comunicação via e-mail, apenas os custos de conexão com
mensagem.
a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tra-
dicional levaria dias para entregar uma mensagem, o ele-
trônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor,
papel. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário, porém representando as mesmas funções. Além dos destes
não precisa passa de mão-em-mão (funcionário do correio, campos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e
carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o dono EXCLUIR as mensagens, este botões bem como suas fun-
tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço pró- cionalidades veremos em detalhes, mais à frente.
prio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computa- Para receber seus e-mails você não precisa estar co-
dor conectado à Internet. Bem, o e-mail mesclou a faci- nectado à Internet, pois o e-mail funciona com provedores.
lidade de uso do correio convencional com a velocidade Mesmo você não estado com seu computador ligado, seus
do telefone, se tornando um dos melhores e mais utilizado e-mail são recebidos e armazenados na sua caixa postal,
meio de comunicação. localizada no seu provedor. Quando você acessa sua caixa
postal, pode ler seus e-mail on-line (diretamente na Inter-
Estrutura e Funcionalidade do e-mail net, pelo WebMail) ou baixar todos para seu computador
através de programas de correio eletrônico. Um programa
Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais
os endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão, à frente.
nome do usuário + @ + host, onde: A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de
» Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo
e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode
usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecas-
enviar mensagens para você. Também é possível enviar
tro.
mensagens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto
» @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa
o nome do usuário do seu provedor. basta usar os campos “Cc” e “Cco” descritos acima.
» Host – é o nome do provedor onde foi criado o ende- Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a
reço eletrônico. Exemplo: click21.com.br . maioria das pessoas acessa seu e-mail diretamente na In-
» Provedor – é o host, um computador dedicado ao ternet através do navegador. Este tipo de correio é cha-
serviço 24 horas por dia. mado de WebMail. O WebMail é responsável pela grande
popularização do e-mail, pois mesmo as pessoas que não
Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21. tem computador, podem acessar sua caixa postal de qual-
com.br quer lugar (um cyber, casa de um amigo, etc.). Para ter um
endereço eletrônico basta querer e acessar a Internet, é
A caixa postal é composta pelos seguintes itens: claro. Existe quase que uma guerra por usuários. Os pro-
» Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as men- vedores, também, disputam quem oferece maior espaço
sagens recebidas. em suas caixas postais. Há pouco tempo encontrar um
» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil. Lembro
enviadas.
que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com 30 Mb,
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails
que foram enviados. achei que era muito espaço, mas logo o iBest ofereceu
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda 120 Mb e não parou por ai, a “guerra” continuo culmi-
não terminou de redigir. nando com o anúncio de que o Google iria oferecer 1
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas. Gb (1024 Mb). A última campanha do GMail, e-mail do
5 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronico-
Google, é de aumentar sua caixa postal constantemente,
ewebmail001.asp a última vez que acessei estava em 2663 Mb.

194
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WebMail sugestões ou informe outro nome (não desista, você vai


conseguir), finalize seu cadastro que seu e-mail vai está
O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação pronto para ser usado.
acessada diretamente na Internet, sem a necessidade de
usar programa de correio eletrônico. Praticamente todos » Entendendo a Interface do WebMail
os e-mails possuem aplicações para acesso direto na In- A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que
ternet. É grande o número de provedores que oferecem nos liga do mundo externo aos comandos do programa.
correio eletrônico gratuitamente, logo abaixo segue uma Estes conhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail
lista dos mais populares. que você tiver e também para o Outlook, que é um progra-
» Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com ma de gerenciamento de e-mails, vamos ver este programa
» GMail – http://www.gmail.com mais adiante.
» Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br 1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua
» iG Mail – http://www.ig.com.br caixa de entrar, verificando se há novas mensagens no ser-
» Yahoo – http://www.yahoo.com.br vidor.
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição
Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e
de e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no
seguir as instruções do site. Outro importante fator a ser
qual você vai redigir, responder e encaminhar mensagens.
observado é o tamanho máximo permitido por anexo, este
Semelhante à função novo e-mail do Outlook.
foi outro fator que aumentou muito de tamanho, há pouco
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus
tempo a maioria dos provedores permitiam em torno de 2
Mb, mas atualmente a maioria já oferecem em média 25 endereços de e-mail são previamente guardados para uti-
Mb. Além de caixa postal os provedores costumam ofere- lização futura, nesta seção também é possível criar grupos
cer serviços de agenda e contatos. para facilitar o gerenciamento dos seus contatos.
Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a crité- 4. Configurações – Este botão abre (como o próprio
rio de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, nome já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem
por exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface ser feitas diversas configurações, tais como: mudar senha,
com o menor propaganda possível. definir número de e-mail por página, assinatura, resposta
» Criando seu e-mail automática, etc.
Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamente 5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma
simples, eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste seção com vários tópicos de ajuda.
WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os en- 6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através
tendimentos, no entanto você pode acessar qualquer dos dele que você vai fechar sua caixa postal, muito recomen-
endereços informados acima ou ainda qualquer outro que dado quando o uso de seu e-mail ocorrer em computado-
você conheça. O processo de cadastro é muito simples, res de terceiros.
basta preencher um formulário e depois você terá sua con- 7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu
ta de e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos: endereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta;
1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com. parte utilizada em porcentagem e um pequeno gráfico.
br) ou qualquer outro de sua preferência. 8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você
2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será está, no exemplo a Caixa de Entrada.
aberto um formulário, preencha-o observando todos os 9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de men-
campos. Os campos do formulário têm suas particularida- sagens que estão na tela e também o total da seção sele-
des de provedor para provedor, no entanto todos trazem cionada.
a mesma ideia, colher informações do usuário. Este será a 10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão
primeira parte do seu e-mail e é igual a este em qualquer todos os comandos relacionados com as mensagens exi-
cadastro, no exemplo temos “@outlook.com”. A junção do
bidas. Para usar estes comandos, selecione uma ou mais
nome de usuário com o nome do provedor é que será seu
mensagens o comando desejado e clique no botão “OK”. O
endereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte: seuno-
botão “Bloquear”, bloqueia o endereço de e-mail da men-
me@outlook.com.
sagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já o botão
3. Após preencher todo o formulário clique no botão
“Criar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado. “Contas externas” abre uma seção para configurar outras
Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é co- contas de e-mails que enviarão as mensagens a sua caixa
mum que muitos nomes já tenham sido cadastrados por postal. Para o correto funcionamento desta opção é preci-
outros usuários, neste caso será exibida uma mensagem so que a conta a ser acessada tenha serviço POP3 e SMTP.
lhe informando do problema. Isso acontece porque den- 11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista
tro de um mesmo provedor não pode ter dois nomes de de página, que aumenta conforme a quantidade de e-mails
usuários iguais. A solução é procurar outro nome que ainda na seção. Para acessar selecione a página desejada e clique
esteja livre, alguns provedores mostram sugestões como: no botão “OK”. Veja que todos os comandos estão dispo-
seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você níveis também na parte inferior, isto para facilitar o uso de
(o que é bem provável que acontecerá) escolha uma das sua caixa postal.

195
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um MOZILLA THUNDERBIRD


correio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas;
Rascunho e Lixeira. Um detalhe importante é o estilo do O Thunderbird é o cliente de e-mails produzido pela
nome, quando está normal significa que todas as mensa- Mozilla Foundation (também criadora do Mozilla Firefox),
gens foram abertas, porém quando estão em negrito, acu- está entre os mais famosos e mais utilizados no mundo.
sam que há uma ou mais mensagens que não foram lidas, Lançado em 2003, com interface simples e objetiva que
o número entre parêntese indica a quantidade. Este deta- facilita a organização de suas caixas de e-mail. Com ele,
lhe funciona para todas as pastas e mensagens do correio. podemos: Acessar arquivos XML; Feeds (Atom e RSS); Blo-
13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir queia imagens; Filtro anti-spam; Alterar o tema de fundo.
as mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exi- Este cliente de e-mails vem pré-instalado em versões de
bido o conteúdo da Caixa de Entrada, mas este painel exibe sistemas operacionais Linux e Ubuntu, mas pode ser bai-
também as mensagens das diversas pastas existentes na xado gratuitamente para Windows e Mac OS X também.
sua caixa postal. A observação feita no item anterior, sobre Quais são as vantagens? Segundo pesquisas de produtivi-
negrito, também é válida para esta seção. Observe as caixas dade, visualizar os e-mails, apesar de tarefa importantíssi-
de seleção localizadas do lado esquerdo de cada mensa- ma, não deve ocupar muito tempo de seu trabalho. O ideal
gem, é através delas que as mensagens são selecionadas. A é que se tenha oportunidades determinadas para se de-
seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode dicar ao envio e resposta para e-mails. E é neste caso que
ser feito pela caixa de seleção do lado esquerdo do título o Thunderbird entra. Você reúne suas contas de e-mail e
da coluna “Remetente”. O título das colunas, além de no- um único programa, e sempre que você precisar enviar ou
meá-las, também serve para classificar as mensagens que receber uma mensagem, pode tê-las numa mesma interfa-
por padrão estão classificadas através da coluna “Data”, ce, ordenadas. Além do mais, você recebe notificações de
para usar outra coluna na classificação basta clicar sobre recebimento de e-mail assim que o programa – de forma
nome dela. automática – faz este check-in.
14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adi- O Thunderbird é um software livre, grátis, e que está
cionar, renomear e apagar as suas pastas. As pastas são batendo de frente com os grandes. Possui os melhores re-
um modo de organizar seu conteúdo, armazenando suas cursos ou até mais ferramentas que o software que você
mensagens por temas. Quando seu e-mail é criado não precisa comprar para usá-lo legalmente. Além do software
existem pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário ser livre de cobranças, o código fonte do produto também
de acordo com suas necessidades. é disponibilizado pelo Mozilla, permitindo assim que você
15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a faça alterações que achar necessário (neste caso você pre-
seção onde pode ser feita uma configuração que permitirá cisa ser um programador ou manjar de programação).
você acessar outras caixas postais diretamente da sua. O
próximo link, como o nome já diz, abre a janela de confi- Assistente de configuração de conta de e-mail
guração dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para Antes deste recurso, você precisava saber suas con-
baixar um plug-in que lhe permite fazer uma configuração figurações de IMAP, SMTP e SSL/TLS. Agora tudo o que
automática do Outlook Express. Estes dois primeiros links precisa fornecer é o seu nome, endereço de e-mail e senha
são os mesmos apresentados no item 10. para que o assistente verifique o nosso banco de dados e
encontre as configurações de e-mail para você.

Catálogo de endereços em um clique


Livro de endereços de um clique é uma maneira rá-
pida e fácil de adicionar pessoas à sua lista de endereços.
Adicione pessoas, basta clicar sobre o ícone de estrela da
mensagem que receber. Dois cliques e você pode adicionar
mais detalhes como uma foto, aniversário e outras infor-
mações de contato.

196
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Lembrete de anexos Pesquisa


O lembrete de anexos procura pela palavra fixada (e ou-
tras palavras como tipos de arquivo ) no corpo da sua men- A interface de busca no Thunderbird contém ferramen-
sagem e lembra-lhe para adicionar um anexo antes de clicar tas de filtro e linha do tempo para identificar o e-mail exato
enviar. que você está procurando. O Thunderbird também indexa
todos os seus e-mails para te ajudar a procurar ainda mais
rápido. Seus resultados de busca são mostrados em uma
aba para que você possa ficar alternando entre os resulta-
dos e outro e-mail.

Abas e pesquisa

Arquivamento de mensagens

Abas Se você acha que irá precisar de um e-mail no futuro


mas quer ele fora da sua caixa de entrada sem excluí-lo, ar-
Se você gosta de navegar no Firefox com abas, você quive-o! Arquivar te ajuda a gerenciar sua caixa de entrada
vai amar um e-mail com abas. Um e-mail com abas per- e pôr seus e-mails em um sistema de pasta de arquivos.
mite a você carregar e-mails em abas separadas para que Clicar no botão Arquivo ou pressionar a tecla ‘A’ irá
você possa pular entre elas rapidamente. Talvez você esteja arquivar seu e-mail.
respondendo a um e-mail e precisa fazer referência a um
e-mail anterior. Um e-mail com abas permite-lhe abrir múl-
tiplos e-mails para uma fácil referência.
Dar um clique duplo ou apertar enter em uma mensa-
gem de e-mail agora irá abrir aquela mensagem em uma
nova aba. Clicar com o botão direito em uma mensagem
ou pastas irá abri-las em uma aba no plano de fundo.

Barra de ferramentas de filtro rápido


A Quick Filter Toolbar permite a você filtrar seu e-mail
mais rapidamente. Comece digitando na caixa de pesqui-
sas do Quick Filter e os resultados serão mostrados ins-
tantaneamente. Ou você pode filtrar seu e-mail por Novas
Mensagens, Marcadores, e pessoas em sua Agenda. Você
pode também “Alfinetar” ou salvar um Filtro e usá-lo atra-
vés de múltiplas pastas. Gerenciador de atividade

O Gerenciador de Atividades memoriza todas as inte-


rações entre o Thunderbird e seu provedor de e-mails em
um só lugar. Não tem mais trabalho de procurar. Você ape-
nas tem que procurar em um lugar pra ver tudo que está
acontecendo em seu e-mail.

197
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Privacidade robusta
O Thunderbird oferece suporte a privacidade do usuá-
rio e proteção de imagem remota. Para garantir a privaci-
dade do usuário, o Thunderbird bloqueia automaticamente
imagens remotas em mensagens de e-mail.

Personalize sua experiência de e-mail

Aparência do Thunderbird
O Personas permite alterar a aparência do Thunderbird
com “temas” leves num instante. Estão disponíveis cente-
nas de temas do últimos filmes, ponto de interesse famo- Proteção contra phishing
sos e tatuagens japonesas. Pode também escolher a partir O Thunderbird protege-o de scams de correio que
de vários Temas que personalizam todos os diferentes íco- tentam enganar os utilizadores, para que estes forneçam
nes do Thunderbird. informação pessoal e confidencial, indicando quando uma
mensagem é uma tentativa potencial de phishing. Como
Pastas inteligentes uma segunda linha de defesa, o Thunderbird avisa-o quan-
Pastas inteligentes ajudam a gerenciar várias contas de do clica em um link que parece estar a encaminhá-lo para
e-mail, combinando pastas especiais como a pasta caixa de um site web diferente do que o indicado na URL na men-
entrada, enviadas ou arquivadas. Em vez de ir para a caixa sagem.
de entrada para cada uma das suas contas de correio, você
pode ver todos seus e-mails recebidos em uma pasta de
caixa de entrada.

Gerenciador de complementos
Encontre e instale complementos diretamente do
Thunderbird. Você já não precisa visitar o site de comple-
mentos - em vez disso, simplesmente vá até o Gerenciador
de complementos. Não tem certeza qual complemento é
certo para você? Avaliações, recomendações, descrições e
fotos dos complementos em ação podem ajudá-lo a fazer Atualização automática
sua seleção. O sistema de atualização do Thunderbird confirma se
está a executar a versão mais recente e notifica-o quando
uma atualização de segurança está disponível. Estas atua-
lizações de segurança são pequenas (usualmente 200KB -
700KB), fornecendo apenas o que precisa e fazendo com
que a atualização de segurança seja rápida de baixar e ins-
talar. O sistema de atualizações automáticas fornece atuali-
zações para o Thunderbird no Windows, Mac OS X, e Linux
em mais de 40 idiomas diferentes.

Segurança e proteção para o seu e-mail

198
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cortando fora o lixo Atualmente, os mecanismos de busca mais conhecidos


As ferramentas populares do Thunderbird para men- e utilizados em todo o mundo são:
sagens indesejadas foram atualizadas para se manterem Google (https://www.google.com.br/); Yahoo (http://
mais avançadas do que o spam. Cada e-mail que você re- br.cade.yahoo.com); Bing (http://search.msn. com); AOL
cebe passa através dos filtros de correio mais avançados do (http://search.aol.com); Ask (http://www.ask.com). A Tabela
Thunderbird. Cada vez que marca mensagens como Spam, 1 mostra o total de pesquisas realizadas nestes mecanis-
o Thunderbird “aprende” e melhora o seu sistema de fil- mos [10] (dados de março/2006, em milhões de cliques,
tragem para que possa passar mais tempo lendo o correio somente nos Estados Unidos).
que interessa. O Thunderbird pode também utilizar os fil-
tros do seu fornecedor de correio para manter as mensa- Tabela 1: Quantidade de Pesquisas em
gens indesejadas fora da sua caixa de entrada. Mecanismos de Busca

Código-fonte aberto
No coração do Thunderbird está um processo de de- Ferramentas Por Dia Por Mês
senvolvimento de código aberto dirigido por milhares de Google 91 2773
desenvolvedores apaixonados e experientes, bem como Yahoo 60 1792
especialistas de segurança dispersos um pouco por todo
o mundo. A nossa abertura e comunidade dinâmica de es- MSN 28 845
pecialistas ajudam a garantir que os nossos produtos são AOL 16 486
mais seguros e rapidamente atualizados, permitindo ainda, Ask 13 378
tirar partido das melhores ferramentas de análise e de ava-
liação de terceiros para melhorar ainda mais a segurança Outros 6 166
geral. Total 213 6400

Mecanismos de Busca6 O grande número de usuários dos mecanismos de


Mecanismos (ou sistema) de busca são conjuntos or- busca, se comparados aos diretórios, pode ser explicado
ganizados de robôs (Subseção abaixo) que rastreiam a principalmente pelo fato destas ferramentas serem fáceis
Internet em busca de páginas; índices e bases de dados de usar (consulta por palavra-chave), e serem geralmente
que organizam e armazenam as páginas encontradas; e al- rápidas no tempo de resposta, apesar de consultar milhões
goritmos para tratamento e recuperação das páginas. Eles de páginas em seu banco de dados para selecionar um re-
permitem que seus usuários realizem buscas na Internet, sultado.
principalmente através de palavras-chave.
Pelo fato dos mecanismos de busca realizarem rastrea-
Quando um usuário realiza uma busca, o mecanismo
mento e indexação de forma automática, estes conseguem
de busca procura o termo em sua base de dados e fornece
armazenar grande quantidade de páginas. Isto, na maioria
os resultados desta pesquisa ao usuário. Todas essas fun-
das vezes, significa mais informações sobre as quais seus
ções realizam-se em um site da Web (Figura 1).
usuários realizam pesquisas. A atualização das informações
no seu banco de dados também é considerada mais efi-
ciente.
O rastreamento é realizado por robôs que varrem a
rede, indexando e armazenando automaticamente os sites
que encontram. Neste caso, a pesquisa é feita por palavra-
chave.
Se comparado aos diretórios, os mecanismos de busca
são mais eficientes porque possuem um sistema de motor
de buscas. Este sistema é o que faz a pesquisa mais ampla e
detalhada na Internet. Entretanto, os mecanismos de busca
ainda apresentam uma série de problemas:
- Mesmo realizando busca e rastreamento automático,
os mecanismos de busca têm dificuldade para acompanhar
o ritmo de expansão da rede, no que diz respeito ao cres-
cimento do número de páginas (algo em torno de 30% ao
ano).
- Problemas relacionados a conjuntos de informações
apresentadas a seus usuários através de páginas dinâmicas,
que acessam bancos de dados, e que não são visualizados
Figura 1: Visão geral dos mecanismos de busca pelos mecanismos de recuperação de informações atuais.
6 Fonte: MORAIS, E. A.; AMBRÓSIO, Ana Paula L. Ferramentas Este problema é conhecido como Web Oculta.
de busca na Internet. 2007.

199
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Dificuldade em manter os sites atualizados em seus disso auxiliam também na tarefa de manutenação, ou seja,
bancos de dados. Quando um site é indexado, seu con- localização de links “quebrados” em páginas Web. Alguns
teúdo é armazenado no banco de dados do mecanismo. robôs também realizam espelhamento (mirroring), armaze-
Com frequência o conteúdo destes sites deve ser atualiza- nando na sua memória estruturas inteiras de sites ou arqui-
do para que as buscas sejam eficazes e não ocorram links vos para download.
“quebrados”, ou seja, links para páginas que não existem Os robôs também são conhecidos como crawlers, bots,
mais. robots ou spiders. Atualmente, os mais conhecidos são o
- Problemas na hierarquização dos resultados pesqui- GoogleBot, o Yahoo!Slurp, e o msnBot.
sados por seus usuários, ou seja, em que ordem os sites Existem três tipos básicos de robôs [2]: robôs para da-
encontrados numa pesquisa devem ser ordenados. O Goo- dos ocultos; robôs escaláveis e extensíveis; search engines.
gle, por exemplo, utiliza como critério (subjetivo) a maior • Robôs para dados ocultos
relevância dos sites. Algumas páginas Web podem ter seu conteúdo “ocul-
- Problemas na busca por arquivos de vídeo. Atual- to” em páginas dinâmicas. Estas páginas, conhecidas como
mente, já é possível transformar falas de vídeos em texto, forms ou simplesmente formulários, apresentam este con-
mas ainda não se sabe como descrever uma cena de ma- teúdo gerado em tempo real, retornando conteúdo dife-
neira que possa ser buscada. renciado, mediante o preenchimento online do usuário
- Problemas em lidar com palavras-chave com duplo
ou através da execução de códigos ASP, JSP ou PHP, por
sentido nas pesquisas. Uma busca pelo termo “jaguar” por
exemplo.
exemplo, retorna informações sobre o animal felino jaguar
Buscas nesse tipo de página é uma tarefa difícil, por
e a marca de automóveis jaguar. Neste caso a pesquisa
duas razões básicas. Algumas estimativas indicam que o
deve ser refinada para que seu usuário encontre o que real-
mente procura. conteúdo disponibilizado por este tipo de página, e pá-
- Problemas com o volume de páginas retornadas ginas que realizam consultas a bancos de dados on-line
numa pesquisa. Determinadas palavraschave podem retor- (Web dinâmica) é da ordem de 500 vezes maior do que o
nar milhões de links numa pesquisa. Muitas vezes, a maior conteúdo disponíbilizado pela Web estática. Além disso, o
parte destes links não levam a uma página que o usuário acesso a esses bancos de dados está disponível para inter-
realmente busca. Isso faz com que o usuário perca muito faces de busca restrita, que requerem acesso através de cri-
tempo para localizar o que realmente deseja. Além disso, térios de segurança que não são conhecidos pelos robôs.
existe um grande risco deste usuário encontrar resultados Segundo Bastos [2], a proposta para resolver este pro-
repetidos ou dados desatualizados. blema é a construção de um robô que percorre a Web
Para evitar o problema da grande quantidade de resul- escondida e a Web dinâmica, através da abordagem “hu-
tados retornados pelos mecanismos de busca, é possível man-assisted” ou assistida pelo usuário. Nesse caso, o robô
aprimorar uma busca através da utilização de palavras-cha- deve possuir o conhecimento necessário para o preenchi-
ve combinadas com símbolos lógicos (AND ou OR, basica- mento dos formulários disponíveis na Web para que esses
mente). conteúdos dinâmicos sejam obtidos. Esse conhecimento é
Entretanto, o principal problema da utilização de co- baseado em solicitações de uma aplicação particular, em
nectores lógicos para restringir as pesquisas está no fato informações de domínio ou de perfil do usuário.
de que nem todos os usuários têm noção de lógica. Por • Robôs escaláveis e extensíveis
isso, como adicional, os principais mecanismos de busca Robôs escaláveis são projetados para visitar dezenas
normalmente trazem um recurso chamado “Pesquisa Avan- de milhões de documentos da Web. Esta escalabilidade
çada”. Este tipo de recurso permite que seu usuário preen- está relacionada ao fato do robô implementar estruturas
cha uma série de campos que auxiliam no refinamento de de dados que armazenam muitas informações, que são ar-
uma pesquisa. mazenadas em disco, enquanto que uma pequena parte da
Finalmente, para compreender o funcionamento dos informação é armazenada em memória.
mecanismos de busca, é necessário entender os seus qua- Extensibilidade está relacionada ao fato de que o robô
tro mecanismos básicos: Rastreamento, Indexação, Arma-
projetado de forma modular, onde novas funcionalidades
zenamento e Busca. Estes tópicos são implementados por
podem ser agregadas ao código sem afetar as funcionali-
agentes de busca conhecidos como robôs.
dades já existentes.
3.1 Robôs
Este tipo de robô é mais adequado para coleta de da-
Robôs são softwares que buscam informações na In-
ternet, organizando, interpretando, filtrando e categori- dos na Web.
zando estas informações. Estes softwares atuam de forma • Search engines
automática ou semi-automática, observando a estrutura de Este é o tipo de robô mais comum. Sua principal fun-
links entre as páginas e seus conteúdos para criar hierar- ção é “percorrer” a estrutura de links da Web indexando e
quia de documentos. armazenando as páginas que encontra.
Inicialmente, os robôs foram criados para realizar uma O restante desta seção descreve em detalhes o fun-
série de tarefas, tais como, análise estatística de servidores, cionamento deste tipo de robô. Deste ponto em diante do
auxiliando na localização e contagem de servidores Web, texto, todas as referências feitas ao termo robô correspon-
além da calcular a média de páginas por servidor. Além dem aos robôs desta categoria.

200
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3.2 Search Engines Caso um site esteja “ilhado”, ou seja, não esteja “linka-
O algoritmo implementado pelos robôs possui três do” por nenhum outro site, seu link deve ser adicionado
componentes básicos [2]: Crawler e Parser; Tabelas de Da- manualmente ao banco de dados. No Google, por exem-
dos; Base de Dados. plo, basta acessar o endereço http://www.google.com.br/
• Crawler e Parser intl/pt-BR/add-url.html e adicionar o URL7. A partir deste
O Crawler “navega” pela página referenciada pelo URL momento todos os links contidos no site adicionado tam-
origem, efetuando o download de seus termos, enquanto bém serão rastreados automaticamente (crawling).
o Parser avalia cada termo obtido, identificando sua rele-
vância. Cada novo URL referenciado na página em questão A atividade de rastreamento de páginas Web envolve
é armazenada em uma fila to-do, para posterior crawling duas etapas: a identificação do URL e a leitura dos dados
e parsing. A fila to-do deve ser do tipo FIFO (First-in First de entrada da URL.
-out) para determinar o próximo URL a ser “visitada”. • Identificação da URL
• Tabelas de Dados É a de identificação do endereço de um site. Normal-
São necessárias duas tabelas, uma para guardar os ter- mente, os URL’s seguem padrões sintáticos e semânticos
mos coletados durante o crawling e outra para armazenar de construção, que pode ser como domínio próprio (“www.
os URL’s a serem visitadas e que fazem parte do mesmo meusite.com.br”) ou sublocado (“www.servidor.com.br/
domínio do URL origem. A tabela de termos deve identifi- meusite”). A esta indetificação dá-se o nome de identifi-
car os termos de cada página. cador do URL.
• Base de Dados Normalmente, o identificador de um URL define expli-
Os termos coletados nas páginas rastreadas devem ser citamente o tipo de linguagem que foi utilizada na cons-
armazenadas em um banco de dados, onde esses termos trução de uma página, por exemplo, HMTL, PHP ou ASP,
são usados como chave primária da tabela de termos, se- e indica também se o URL faz referência a algum tipo de
guida da lista de URL´s onde o termo aparece. Outras in- arquivo texto, documentos ou arquivos PDF, por exemplo.
formações adicionais, tais como: as freqüência, posição do • Leitura do Dados de Entrada do URL
termo no documento, dentre outras, podem estar presen- Para os casos em que um URL aponta para uma página
tes também nessa tabela. no formato HTML, nesta estapa são extraídas informações
sobre a página (dados de entrada): título, cabeçalhos, pará-
Para diminuir o tempo de processamento do robôs e
grafos, listas, links para outras páginas, permitindo a conti-
tornar seu funcionamento mais eficiente, algumas estra-
nuidade da navegação.
tégias são adotadas [2]. Por exemplo, são implementadas
A extração das informações de entrada nas páginas
três threads, uma para o crawler, outra para o parser e ou-
Web é feita através da leitura de suas tags. Tags são estru-
tra a atualização dos dados das tabelas, permitindo sua
turas de linguagem de marcação, que podem ser interpre-
execução em paralelo.
tadas por navegadores Web, que consistem em breves ins-
O crawling é realizado primeiro nas páginas mais im-
truções com uma marca de início e outra de fim. O Código
portantes do site (nos casos em que é possível determinar
1 mostra um exmplo de tags HTML.
essa importância), evitando que a análise de alguns links
sejam perdidas caso o espaço em disco ou memória seja Código 1 – Tags HTML
limitado. Além disso, estas páginas consideradas mais im-
portantes são visitadas com mais freqüência, para que es- <html>
tejam sempre atualizadas nos bancos de dados dos meca- <head>
nismos de busca. <title> Minha Página </title>
Estes três componentes implementados pelos robôs, </head>
são responsáveis pelos mecanismos de rastreamento, in- <body> Meu Conteúdo </body>
dexação e armazenamento, que em conjunto com as bus- </html>
cas formam os elementos que compõem estes mecanis-
mos. As próximas seções descrevem o funcionamento de No exemplo do Código 1, as tags <html> e <\html>
cada uma deles. indicam que esta é uma página escrita na linguagem HTML.
3.3 Rastreamento As tags <head> e <\head> delimitam o cabeçalho da pági-
É a forma pela qual outros sites são localizados e adi- na. As tags <title> e <\title> definem o título da página. As
cionados à base de dados dos mecanismos de busca. Isto tags <body> e <\body> delimitam o conteúdo da página.
ocorre devido à necessidade que os usuários da Internet Para ativar ou desativar o bloqueio da navegação de
têm de adicionar seus sites às pesquisas nos mecanismos robôs em uma página Web, pode ser utilizada a tag robot.
de busca. Estes, por sua vez, necessitam rastrear o maior O Código 2 mostra um exemplo de utilização desta tag.
número de links possível.
Se um site estiver “linkado” em algum outro site que 7 URL (Uniform Resource Locator ou Localizador Uniforme (ou
já esteja armazenado no banco de dados do mecanismo Universal) de Recursos): Designa a localização de uma página na Internet,
de busca, este link vai ser automaticamente “seguido” pelo segundo determinado padrão de atribuição de endereços em redes, isto é,
URL é o link ou endereço de uma página Web, por exemplo, “http://www.inf.
robô e adicionado ao banco de dados. ufg.br”. Na Internet não existem dois URL’s iguais.

201
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Código 2 – Tag robot Ao requisitar uma página os robôs incluem no seu


cabeçalho informações sobre si, como, por exemplo, seu
<html> nome. Desta forma, a maioria dos log analysers dos ser-
<head> vidores de Internet conseguem identificar os robôs, e por
<meta name=”robots” content=”noindex, nofollow”> isso é possível acompanhar a freqüência com que um site é
<title> Minha Página </title> visitado. Caso o administrador do servidor Web não tenha
</head> acesso aos log analysers, uma forma de conhecer a última
<body> Meu Conteúdo </body> visita de determinado robô a um site é por meio do cache
</html> da página no mecanismo de busca. O cache é uma cópia
do conteúdo desta página na última visita do robô. O cache
O parâmetro Noindex determina aos robôs que a pá- traz no seu topo a data em que a página foi recuperada.
gina não seja indexada. O parâmetro Nofollow determina Além do rastreamento de páginas Web, os robôs tam-
que os links eventualmente existentes na página não sejam
bém são responsáveis pela recuperação dos dados conti-
seguidos.
O bloqueio do acesso dos robôs a um site ou uma pá- dos nelas, e o pré-processamento dos termos que com-
gina é necessário em alguns casos. Por exemplo, sites em põem cada página [2]. Estas duas últimas tarefas fazem
construção, ou de acesso restritos a um grupo de pessoas. parte do processo de indexação dos mecanismos de busca.
Em [7] pode ser encontrado um guia para construção 3.4 Indexação
de robôs, onde são detalhados quais são as características Os mesmos robôs que fazem o processo de rastrea-
que devem ser consideradas na construção destes agentes: mento também fazem a indexação. Indexação é o trata-
Um robô deve ser “responsável” mento dado a uma página rastreada, antes que esta seja
Deve se identificar enquanto navega pela Web; armazenada. Este tratamento irá auxiliar na futura localiza-
Deve se “anunciar” antes de entrar em um servidor;; ção desta página pelo mecanismo de busca.
Deve “anunciar” qual sua intenção entes de entrar em À medida em que os robôs vão rastreando a Internet,
um servidor; as páginas encontradas vão sendo armazenadas em seus
Deve ser informativo, isto é, conter informações ao seu discos rígidos. Antes do armazenamento, estas páginas
respeito para facilitar sua identificação pelos servidores; passam primeiramente por um processo de compressão,
Deve visitar os servidores com uma certa periodicida- mas todo seu texto é armazenado.
de, para que seja sempre “lembrado”; Cada página rastreada recebe um identificador. O
Uma vez dentro do servidor, deve tomar ciência so- Google, por exemplo, denomina esse identificador como
bre suas autorizações, ou seja, devem fazer somente aquilo
docID (identificador de documento). Qualquer referência à
que é permitido.
página rastreada a partir deste momento passa a ser feita
Um robô deve ser testado localmente.
Desenvolvedores de robôs devem ter o cuidado de por meio deste identificador. Entretanto, nesse formato de
testar seus agentes localmente, antes de colocá-lo em fun- armazenamento, torna-se difícil a pesquisa por palavras-
cionamento nos servidores da Internet. chave, uma vez que para análise do conteúdo de uma pá-
Um robô não deve monopolizar os recursos dos ser- gina, seria necessário recuperá-la, ler seu conteúdo e arma-
vidores. zená-la novamente.
Os robôs devem “andar”, não “correr”, ou seja, quando Neste caso, para tornar possível o trabalho de pesqui-
um robô monopoliza centenas de documentos por minuto sa, o próximo passo é criar um índice, chamado índice in-
num servidor, significa que está consumindo muitos recur- vertido (inverted index).
sos daquela máquina; Basicamente o mecanismo de indexação funciona da
Um robô não deve entrar em loop, ou seja, é impor- seguinte forma:
tante que sejam criados métodos de forma que não haja Atribuição de um identificador para o documento a ser
excesso de visitas a uma página ou site; indexado (docId).
Um robô deve procurar somente por aquilo que pre- O texto do documento é ajustado: todas as palavras
cisa, e sempre deve “perguntar” antes se pode acessar um têm seus acentos removidos; a caixa é convertida para mi-
determinado arquivo; núsculo; os sinais de pontuação são eliminados do texto.
Um robô deve respeitar uma “hora apropriada” para Cada palavra remanescente no texto do documento
rastreamento, ou seja, deve dar preferência para um horá-
recebe um identificador único (wordId).
rio com menos visitas de usuários ao site; – O rastreamento
Criação do índice invertido (Inverted Index), isto é, de
não deve ser realizado com freqüência exagerada.
Um robô deve ser controlado por seu desenvolvedor. um banco de dados que armazena, para cada palavra (wor-
O robô deve possuir um log com as tarefas que reali- dId), os documentos (docId) em que elas ocorreram, bem
zou; como detalhes da apresentação do termo.
Um robô deve conter instruções para que seu rastrea- Além dos índices invertidos, os mecanismos de bus-
mento seja suspenso ou cancelado. ca mantêm em sua memória um dicionário formado por
Um robô deve compartilhar resultados. milhões de palavras em diferentes línguas (Lexicon). Os
Um robô deve ser capaz de produzir informações a vocabulários que são encontradas em novas páginas são
partir de dados, além de prover o compartilhamento des- pesquisados neste dicionário. Caso ainda não possuam re-
tes dados. ferência (wordId), estas são adicionadas.

202
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3.5 Armazenamento
O armazenamento ocorre por meio de um banco de dados que o mecanismo de busca utiliza para guardar os sites
rastreados e indexados.
As estruturas de armazenamento mais comuns e eficazes para armazenamento de informações textuais utilizam as
chamadas técnicas lexicográficas. Estas técnicas são baseadas nos caracteres existentes e na sua ordenação. A estrutura
chamada arquivo invertido, que pertence a este grupo, representa a estrutura de armazenamento mais utilizada pelos me-
canismos de busca.
Os arquivos invertidos são estruturados da seguinte forma: contêm uma lista ordenada de palavras onde cada um
possui apontadores (links ou ponteiros) para os documentos onde ela ocorre.
Normalmente, essa estrutura é composta por três arquivos (Figura 2): o dicionário ou lista de palavras, a lista de in-
versão e os documentos. A entrada para o índice é o dicionário - uma lista que contém todas as palavras da coleção de
documentos indexada. Assim que a palavra no dicionário é localizada, identifica-se sua lista invertida de documentos cor-
respondentes. Essa estrutura é muito eficiente em termos de acesso, porém, consome muito espaço (variando entre 10% e
100% ou mais do tamanho do documento indexado) [11].
Devido à sua rapidez de acesso e facilidade de identificação de documentos relevantes a um termo, essa estrutura é
uma das mais utilizadas em Sistemas de Recuperação de Informações.

Figura 2: Arquivo Invertido

A ocorrência de um WordId num documento é chamado Hit. Utilizando um exemplo bem simplificado, é possível ar-
mazenar apenas os hits e a posição da palavra no texto (Figura 3).

Figura 3: Hits

Este processo é repetido para todas as palavras encontradas. Se no documento seguinte uma palavra nova é localizada,
ela recebe um novo WordId, é adicionada ao banco de dados, e os hits correspondentes passam a ser registrados.
3.6 Busca
Representa a maneira pela qual usuários realizam suas pesquisas nas ferramentas. Em seu atual formato de armaze-
namento (tabela invertida e hits) é possível saber, para cada palavra pesquisada, em quantos documentos ela ocorre e em
qual posição do texto elas se encontram.
É dessa forma que o Google, por exemplo, informa “Resultados 1 - 10 de aproximadamente 61.000.000 para [brasil]”.
Em casos que são necessárias pesquisas com duas ou mais palavras, são realizadas duas ou mais pesquisas no índice
invertido. Os documentos comuns a todas as pesquisas conterão todas as palavras (mas não necessariamente na ordem
pesquisada).
É possível melhorar as buscas através do aprimoramento do índice invertido. Para aumentar as potencialidades do
índice invertido, normalmente, os mecanismos de busca armazenam muito mais informações nos hits.
Pode-se criar, por exemplo, um campo para indicar que determinada palavra foi escrita em negrito ou itálico e, portan-
to, teria mais destaque do que o restante do texto (Figura 4):

203
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

thread, enfilade ou topic) que correspondem cada um a um


intercâmbio sobre um assunto específico. A primeira men-
sagem de um thread define a discussão, e as mensagens
seguintes (situadas geralmente abaixo) tentam responder.

Pseudônimo
Não é aconselhável mostrar num fórum o seu nome
real porque as discussões de um fórum são assíncronas, o
Figura 4: Arquivo Invertido Aprimorado que significa que uma mensagem deixada um dia num fó-
rum tem vocação para aí permanecer eternamente. Assim,
Neste caso o campo (destacado em negrito) armaze- se postar com o seu nome verdadeiro, é possível encontrar
naria o valor “1” para palavras que estão negrito ou itálico os vestígios de todas as discussões sobre o conjunto dos
na página Web, e “0” para as demais. fóruns que frequentou. A lei informática e de liberdades
3.7 Hierarquização de Resultados prevê um direito de acessos e retificação a todos os dados
Um dos principais problemas relacionados aos meca- pessoais que se relacionam consigo. Contudo, pode ser
nismos de busca é a ordem pela qual estes retornam seus difícil contatar o conjunto dos responsáveis dos sites nos
resultados. Esta ordem (hierarquia) é um critério subjetivo e quais postou um dia e extremamente vinculativo para estes
nem sempre atende aos requisitos dos usuários. últimos suprimir os vestígios das suas discussões.
Normalmente, são os robôs que estabelecem regras Por conseguinte, é aconselhável escolher um pseudó-
gerais para classificar a relevância dos sites pesquisados e nimo (pseudo ou nickname), permitindo aos seus interlo-
assim estabelecer a ordem em que aparecem na página cutores reconhecê-lo de uma discussão para outra, mas
de resposta. Um endereço estará, em geral, em maior rele- protegendo de certa maneira o seu anonimato.
vância quando a palavra-chave utilizada na pesquisa fizer
parte do nome do documento, estiver no título e nos pri- Noção de carta
meiros parágrafos ou se repetir com grande freqüência ao Cada fórum de discussão tem um funcionamento que
longo do texto. lhe é próprio e possui às vezes os seus “Usos e costumes”.
Apesar de possuírem mecanismos de rastreamento, Estes são frequentemente tácitos e às vezes inscritas num
indexação, armazenamento e busca semelhantes, os re- documento chamado “carta de utilização” que precisa as
sultados das pesquisas diferem entre cada mecanismo de condições nas quais uma mensagem pode ser acrescenta-
busca. Isso ocorre porque alguns indexam mais páginas da ao fórum e os critérios que podem conduzir à modera-
que outros. ção de uma mensagem.
Antes de postar uma mensagem num fórum de discus-
Além disso, a maneira pela qual cada robô aplica as re- são, é sempre aconselhável ver o seu funcionamento e, se
gras de pesquisa de palavras-chave nas páginas é diferente for caso disso, ler a sua carta de utilização.
entre cada mecanismo. Isso é um segredo que os mecanis-
mos de busca preservam. Moderação
Existem várias técnicas que os mecanismos de busca O conjunto das discussões presentes num fórum de
utilizam para “medir” a importância de uma página numa discussão compromete a responsabilidade dos seus auto-
busca. Cálculo de métricas, como similaridade a uma con- res, bem como a do responsável de publicação, ou seja, o
sulta direcionada, contagem de links de páginas visitadas, editor do site que aloja o fórum.
PageRank e métrica de localização, dentre outras, podem Assim, para garantir o bom funcionamento do fórum
ser utilizadas para investigar a importância da página en- de acordo com os termos da carta de utilização e para se
contrada. Estas técnicas estão descritas em [2]. Os nomes proteger juridicamente, os sites que propõem um fórum
utilizados para referenciá-las não são padronizados na li- de discussão instalam geralmente um sistema de modera-
teratura. ção, ou seja, um dispositivo humano e técnico que permite
Entretanto, existem algumas técnicas que permitem supervisionar e suprimir as mensagens não conformes à
melhorar hierarquização de uma página, isto é, melhorar o carta ou podendo provocar processos jurídicas. As pessoas
ranking de página no resultado de uma pesquisa. O Goo- encarregadas desta tarefa são chamadas moderadores.
gle, por exemplo, considera vários fatores na hierarquiza-
ção dos resultados de suas buscas. Existe dois tipos de moderação:
A moderação a priori: as mensagens devem ser valida-
Fórum de discussão8 das por um regulador para serem publicadas e por conse-
Um fórum de discussão (em inglês “bulletin board”) é guinte aparecer em linha;
um espaço web dinâmico que permite a diferentes pessoas A moderação a posteriori: as mensagens acrescentadas
comunicar. O fórum de discussão é composto geralmente são publicadas automaticamente (aparecem em linha). O
por diferentes fios de discussão (o termo “fio de discus- site reserva-se a possibilidade de suprimir as mensagens
são” é às vezes substituído por assunto de discussão, post, a posteriori.
8 Fonte: http://br.ccm.net/

204
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O fórum enquanto ferramenta de aprendizagem Para configurar uma conta automaticamente


O fórum enquanto ferramenta de aprendizagem per- Abra o Outlook e, quando o Assistente Automático de
mite o registro e a comunicação de significados por todo o Conta for aberto, escolha Avançar.
coletivo através da tecnologia. Emissão e recepção se im- Observação : Se o Assistente não abrir ou se você qui-
bricam e se confundem permitindo que a mensagem cir- ser adicionar uma outra conta de email, na barra de ferra-
culada seja comentada por todos os sujeitos do processo mentas, escolha a guia Arquivo.
de comunicação. A Inteligência coletiva é alimentada pela
conexão da própria comunidade na colaboração todos-to-
dos. Essa é uma das características fundamentais do cibe-
respaço.
Obviamente devemos considerar que o coletivo forma
uma comunidade virtual. Logo, essa comunidade compõe
um mesmo espaço (não lugar) junto com a infraestrutura
técnica que denominamos ciberespaço. De acordo com
Lévy, “por intermédio de mundos virtuais, podemos não
só trocar informações, mas verdadeiramente pensar juntos,
pôr em comum nossas memórias e projetos para produzir
um cérebro cooperativo” (LÉVY, 1998, p. 96).
Embora seja uma ferramenta de comunicação assín- Na página Contas de Email, escolha Avançar > Adicio-
crona, permite a acessibilidade dos participantes a qual- nar Conta.
quer momento para contribuições livres, mas respeitan-
do-se os temas da discussão e os prazos estabelecidos. A
possibilidade de diálogos a distância entre indivíduos geo-
graficamente dispersos favorece a criação coletiva, fazendo
com que o ciberespaço seja muito mais que um meio de
informação TV, rádio etc.
Teorias modernas da aprendizagem têm mostrado que
a interação é fundamental para o desenvolvimento cog-
nitivo do aluno. Em particular, há uma forte indicação de
que o sujeito aprendente e aquele que ensina mantêm uma
relação que se reflete nas ações realizadas na sala de aula
interativa (Sawer, 2006).
A comunicação assíncrona proporciona não só a cria-
ção de temas de discussões entre estudantes e professores,
mas, sobretudo, a troca de sentidos construídos por cada
singularidade. Cada sujeito na sua diferença pode expres-
sar e produzir saberes, desenvolver suas competências co-
municativas, contribuindo e construindo a comunicação e
o conhecimento coletivamente.

OUTLOOK Na página Configuração Automática de Conta, insira o


seu nome, endereço de email e senha e escolha Avançar.
O Microsoft Outlook é um software de automação de
escritório e cliente de correio electrónico que faz parte do Observação : Se você receber uma mensagem de erro
pack Microsoft Office. Mas não é apenas um gerenciador após escolher Avançar, verifique novamente seu endere-
de e-mails, o Outlook possui funcionalidades de grupos ço de email e senha. Se ambos estiverem corretos, escolha
de discussão com base em padrões avançados de inter- Configuração manual ou tipos de servidor adicionais..
net, além de possuir calendário integral e gerenciamento
de tarefas e de contatos. Além disso, possui capacidades Escolha Concluir.
de colaboração em tempo de execução e em tempo de
criação robustos e integrados. A configuração automática não funcionou
Se a instalação não tiver sido concluída, o Outlook
Configurando uma conta9 pode solicitar que você tente novamente usando uma co-
Em muitos casos, o Outlook pode configurar a sua nexão não criptografada com o servidor de email. Se isso
conta para você apenas com um endereço de email e uma não funcionar, escolha Configuração manual ou tipos de
senha. Ao iniciar o Outlook pela primeira vez, o Assistente servidor adicionais.
Automático de Conta é iniciado. Observações: Se estiver usando o Outlook 2016, você
não poderá usar o tipo de configuração manual para as
9 Fonte: Ajuda do MSOutlook contas do Exchange. Contate o seu administrador se hou-

205
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ver falha na configuração automática de conta. Ele infor-


mará a você o nome do Exchange Server para seu email e
o ajudará a configurar o Outlook.
Se você atualizar para o Outlook 2016 a partir de uma
versão anterior e receber mensagens de erro informando
que não é possível fazer logon ou iniciar o Outlook, é por-
que o serviço Descoberta Automática do Exchange não foi
configurado ou não está funcionando corretamente.

Para configurar uma conta manualmente

Escolha Configuração manual ou tipos de servidor adi-


cionais > Avançar.

Na lista de contas de email, selecione a conta que de-


seja excluir e escolha Remover.

Selecione o tipo de conta desejado e escolha Avançar.


Preencha as seguintes informações:
Seu Nome, Endereço de Email, Tipo de Conta, Servidor
de Entrada de Emails, Servidor de Saída de Emails, Nome
de Usuário e Senha.
Escolha Testar Configurações da Conta para verificar as
informações inseridas.
Observação : Se o teste falhar, escolha Mais Configu-
rações. O administrador poderá solicitar que você faça ou-
tras alterações, incluindo inserir portas específicas para o
servidor de entrada (POP3 ou IMAP) ou o servidor de saída
(SMTP).
Escolha Avançar > Concluir.
Obs.: Microsoft Exchange Server é uma aplicação ser-
Excluir uma conta de email vidora de e-mails de propriedade da Microsoft Corp e que
Para excluir uma conta de email pode ser instalado somente em plataformas da família
No painel direito da guia Arquivo, selecione Configura- Windows Server.
ções de Conta > Configurações de Conta.
Criar uma mensagem de email
Clique em Novo Email, ou pressione Ctrl + N.

206
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se várias contas de email configuradas no Microsoft Esta Semana – para pesquisar quando o email foi re-
Outlook, o botão de aparece e a conta que enviará a men- cebido. Há vários períodos de tempo para escolher (Hoje,
sagem é mostrada. Para alterar a conta, clique em de. Ontem, Mês Passado, etc.)
Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem. Enviado para – para localizar emails enviados a você,
Insira os endereços de email dos destinatários ou os não enviados diretamente a você ou enviados por outro
nomes na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatários destinatário
com um ponto e vírgula. Sinalizado – para localizar emails sinalizados por você
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lis- apenas
ta no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e Importante – para localizar somente emails rotulados
clique nos nomes desejados. como importantes
Não vejo a caixa Cco. Como posso ativá-lo?
Para exibir a caixa Cco para esta e todas as mensagens
futuras, clique em Opções e, no grupo Mostrar Campos, SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA INTERNET;
clique em Cco.
Clique em Anexar arquivo para adicionar um anexo.
Ou clique em Anexar Item para anexar itens do Outlook, “Caro Candidato, o tópico acima foi abordado no
como mensagens de email, tarefas, contatos ou itens de decorrer da matéria”
calendário.

GRUPOS DE DISCUSSÃO;

“Caro Candidato, o tópico acima foi abordado no


decorrer da matéria”

Dica : Se você não gostar a fonte ou o estilo do seu email,


você pode alterar sua aparência. Também é uma boa ideia
Verificar a ortografia em sua mensagem antes de enviar. REDES SOCIAIS;
Após terminar de redigir sua mensagem, clique em
Enviar.
Observação : Se você não consegue encontrar o botão
Enviar, talvez você precise configurar uma conta de email. Quando as pessoas ouvem o termo “rede social”, pen-
sam automaticamente em redes sociais online. Também
Pesquisar email conhecidas como sites de rede social, elas foram uma ex-
Da Caixa de Entrada, ou de qualquer outra pasta de plosão em termos de popularidade. Sites como MySpace,
email, localize a caixa Pesquisar na parte superior de suas Facebook e Linkedln estão entre os sete dos 20 Websites
mensagens. mais visitados no mundo, e o site de relacionamentos cria-
Para encontrar uma palavra que você sabe que está do pelo Google, o Orkut, acabou virando o predileto dos
em uma mensagem ou uma mensagem de uma pessoa em brasileiros. Para muitos usuários, principalmente aqueles
particular, digite a palavra ou o nome da pessoa na cai- que ficam muito conectados e que fazem parte da chama-
xa Pesquisar. Mensagens que contenham a palavra ou o da Geração Internet, as redes sociais online não são apenas
nome que você especificou serão exibidas com o texto de uma maneira de manter contato, mas um modo de vida.
pesquisa destacado nos resultados. Muitos dos recursos das redes sociais online são co-
muns para cada um dos mais de 300 sites de rede social
Restrinja os resultados de pesquisa existentes atualmente. A capacidade de criar e comparti-
No grupo Escopo na faixa de opções, escolha onde lhar um perfil pessoal é o recurso mais básico. Essa página
você deseja pesquisar: Todas as Caixas de Correio, Caixa de de perfil normalmente possui uma foto, algumas informa-
Correio Atual, Pasta Atual, Subpasta ou Todos os Itens do ções pessoais básicas (nome, idade, sexo, local) e um es-
Outlook. paço extra para que a pessoa informe suas bandas, livros,
No grupo Refinar na faixa de opções, escolha se você programas de TV, filmes, hobbies e Websites preferidos.
está procurando pela pessoa que enviou a mensagem ou A maioria das redes sociais na Internet permite pos-
pelo assunto. tar fotos, vídeos e blogs pessoais na sua página de perfil.
Você pode filtrar ainda mais os resultados da pesquisa Mas o recurso mais importante das redes sociais online é
ao selecionar: encontrar e fazer amigos com membros de outro site. Na
Com Anexos – para localizar somente emails com sua página de perfil, esses amigos aparecem como links,
anexos assim os visitantes podem navegar facilmente na sua rede
Categorizado – para localizar emails que tenham sido de amigos online.
atribuídos a uma categoria específica

207
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cada rede social online possui regras e métodos dife- Na maioria dos sites de rede social você pode enviar
rentes de busca e contato com amigos potenciais. A rede do um e-mail convidando amigos para participar do Website e
MySpace é a mais aberta. No MySpace, você pode buscar e fazer parte da sua rede social online. Em alguns casos, como
entrar em contato com pessoas em toda a rede, sejam elas no Facebook ou Linkedln, você pode importar sua lista de en-
membros afastados da sua rede social ou estranhos. Mas dereços das suas contas de e-mail, como o Google ou Yahoo.
você só vai ter acesso às informações completas de seus Depois de convidar seus amigos atuais, você pode co-
perfis se elas concordarem em aceitar você como amigo e meçar a procurar pessoas que têm interesses parecidos com
fazer parte da sua rede. os seus. Por exemplo, se você gosta de ler os livros da Jane
A rede do Facebook, que começou como um aplicativo Austen, você pode procurar outras pessoas que gostam de
de rede social de uma faculdade, é muito mais restrita e Jane Austen e convidá-las para participar da sua rede.
orientada a grupos. No Facebook, só é possível encontrar Ou, ainda, você pode procurar pessoas que estudaram
pessoas que estão em uma das suas “redes” existentes. Elas no mesmo colégio ou faculdade que você, pessoas que têm
podem incluir a empresa onde você trabalha, a faculdade a mesma marca de carro ou que gostam do mesmo tipo de
onde você estudou e até o seu colégio; mas você também música. Você pode convidar essas pessoas para também par-
pode participar de várias das centenas de redes menores ticiparem da sua rede, aumentando, assim, a sua rede social.
“groups” criadas por usuários da Facebook, algumas basea- Mesmo que tenha a impressão de que conhece as pes-
das em organizações reais, outras que só existem na mente soas que encontra no ciberespaço, você deve ter cuidado
de seus fundadores. porque a ação de hackers é bastante comum.
A Linkedln, que é a rede social online mais popular para
profissionais de negócios, permite que você busque cada A ação de hackers e as redes sociais
um dos membros do site, e você também tem acesso aos Quando as pessoas falam sobre a ação de hackers em
perfis completos e informações de contato dos seus conta- redes sociais, elas não estão usando a definição comum de
tos já existentes, ou seja, as pessoas que aceitaram o con- hackers, que são aqueles que usam códigos ou brechas em
vite para participar da sua rede (ou que convidaram você redes de computadores de forma mal-intencionada, para
para participar da rede delas). No entanto, seus contatos causar danos aos sistemas ou roubar informações confiden-
ciais. A ação dos hackers em redes sociais requer muito pou-
podem apresentá-lo a pessoas que estão distantes de você
ca habilidade técnica. Trata-se mais de um jogo psicológico:
duas ou três posições na rede maior da Linkedln. Ou você
usar informações dos perfis pessoais para ganhar a confiança
pode pagar um adicional para entrar em contato direto com
de um estranho.
qualquer usuário por meio de um serviço chamado InMail.
Este segundo tipo de hacker é chamado de engenheiro
O Orkut, rede social do Google, foi a mais popular entre
social. A engenharia social usa técnicas psicológicas persua-
os brasileiros por um bom tempo. Seu uso era tão fácil que
sivas para explorar o elo mais fraco do sistema de segurança
os brasileiros acabaram dominando a rede e chegaram a da informação: as pessoas. Veja alguns exemplos de enge-
80% de seus usuários. Uma vez cadastrado na rede, o usuá- nharia social:
rio tinha uma página pessoal onde podia adicionar, além • chamar um administrador de sistemas fingindo ser
de seus dados pessoais e profissionais, amigos, amigos dos um executivo irritado que esqueceu sua senha e precisa aces-
amigos, amigos dos amigos dos amigos, criar comunidades sar seu computador imediatamente;
online e participar das já existentes, enviar recados para sua • fingir ser um funcionário de banco e ligar para um
rede de contatos e para quem ainda não faz parte dela, criar cliente pedindo o número do seu cartão de crédito;
álbuns de fotos e paquerar, flertar, namorar. E, o mais im- • fingir ter perdido seu crachá e pedir gentilmente a
portante para grande parte dos participantes, xeretar a vida um funcionário para deixar você entrar no escritório.
das pessoas através das páginas de recados. Muitas pessoas não levam os possíveis riscos de segu-
rança em consideração quando criam uma página de perfil
Fazendo contatos em uma rede social online em uma rede social. Quanto mais informações pessoais e
Você precisa criar um perfil em uma rede social antes de profissionais você incluir no seu perfil público, mais fácil será
fazer contatos online. Você vai precisar escolher um nome para um hacker explorar essas informações para ganhar sua
para login e uma senha. Depois de fazer isso, você vai for- confiança.
necer algumas informações pessoais básicas, como nome, Vamos supor que você seja um engenheiro e faz um blog
sexo, idade, local e alguns hobbies ou interesses específicos. sobre um dos seus projetos atuais na sua página do Face-
Você pode personalizar seu perfil adicionando fotos, book. Um hacker pode usar essas informações para fingir ser
música ou vídeos. Mas lembre-se de que o seu perfil é a um funcionário da empresa. Ele sabe seu nome e seu cargo
imagem que você está apresentando ao mundo online. Na na empresa, então você está sujeito a confiar nele. Assim; ele
maioria dos sites você pode ter um controle sobre quem pode tentar conseguir de você uma senha ou informação
pode visualizar seu perfil completo. confidencial para vender aos concorrentes.
Em alguns sites, só amigos ou aqueles que você con- A segurança da maioria das redes sociais online é que
vidou podem visualizar seu perfil. Quando tiver terminado somente seus “amigos” ou membros da sua rede podem ver
de criar seu perfil, você pode começar a procurar amigos e seu perfil completo. Mas isso só é eficaz se você for extre-
fazer contatos. Isso acontece quando você convida amigos mamente seletivo sobre quem você inclui em sua rede. Se
que estão offline no momento para participar ou procurar você aceita convites de qualquer pessoa, uma delas pode
amigos que já são membros. ser um hacker.

208
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O problema com as redes sociais online é que elas não Redes do mal
possuem um sistema integrado de autenticação para veri- As redes sociais tem o lado bom de aproximar pessoas
ficar se alguém é realmente quem diz ser [fonte: SearchSe- de diferentes lugares, mas a facilidade de criar perfis e co-
curity.com]. Um hacker pode criar um perfil qualquer em munidades também tem um lado negro. Em março de 2008,
um site como o Linkedln para se encaixar perfeitamente o Orkut foi obrigado a revelar à polícia os dados de usuários
nos interesses comerciais de seu alvo. Se o alvo aceita o pedófilos. A Polícia brasileira descobriu uma rede de pedo-
hacker como contato, ele pode ter acesso às informações filia infiltrada nas páginas do Orkut e obrigou a empresa a
de todos os outros contatos de seu alvo. Com essas infor- revelar os dados dos usuários envolvidos. Em maio de 2006,
mações, é possível criar uma elaborada identidade falsa. a rede social foi obrigada a retirar do ar comunidades consi-
Para lutar contra a engenharia social, a chave é a aten- deradas pelas autoridades como criminosas e racistas.
ção. Se você sabe que hackers de engenharia social exis-
tem, deve ter mais cuidado com aquilo que vai postar em
seus perfis online. Se você está familiarizado com as trapa-
ças mais comuns da engenharia social, vai reconhecer uma COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD
enquanto ela está acontecendo, e não quando for tarde COMPUTING).
demais.

Redes sociais para adultos


Além de participarem de redes sociais online que antes Computação em nuvem
eram dominadas por adolescentes, como o MySpace e o
Facebook, os usuários adultos também estão participando Vamos dizer que você é um executivo de uma grande
de redes sociais online destinadas a eles. As redes sociais empresa. Suas responsabilidades incluem assegurar que to-
para adultos não têm um conteúdo “adulto” especializado dos os seus empregados tenham o software e o hardware de
(embora também exista). Elas são redes sociais para profis- que precisam para fazer seu trabalho. Comprar computado-
sionais, e não somente para amigos. res para todos não é suficiente - você também tem de com-
Com mais de 15 milhões de membros, o LinkedIn é a prar software ou licenças de software para dar aos emprega-
maior rede social online para profissionais. No LInkedln, as dos as ferramentas que eles exigem. Sempre que você tem
páginas de perfil são mais parecidas com currículos, com um novo contratado, você tem de comprar mais software
informações sobre experiência profissional e formação ou assegurar que sua atual licença de software permita ou-
acadêmica, deixando de fora informações como livros e tro usuário.  Isso é tão estressante que você tem dificuldade
bandas favoritos. Até pouco tempo atrás, o Linkedln não para dormir todas as noites.
permitia que os usuários postassem uma foto em seu perfil, Breve, deve haver uma alternativa para executivos como
temendo que o site estritamente profissional se tornasse você. Em vez de instalar uma suíte de aplicativos em cada
uma desculpa para namoros online. computador, você só teria de carregar uma aplicação. Essa
Os usuários do Linkedln podem fortalecer os contatos aplicação permitiria aos trabalhadores logar-se em um ser-
e relacionamentos existentes para encontrar novos empre- viço baseado na web que hospeda todos os programas de
gos e parcerias. No Linkedln, por exemplo, você pode fazer que o usuário precisa para seu trabalho. Máquinas remotas
uma busca por emprego na sua rede. Se acontecer de o seu de outra empresa rodariam tudo - de e-mail a processador
melhor amigo ter estudado com a pessoa que está contra- de textos e a complexos programas de análise de dados. Isso
tando, isso pode dar a você uma vantagem significativa em é chamado computação em nuvem e poderia mudar toda a
relação a outros candidatos. indústria de computadores.
Os recrutadores de profissionais também estão garim- Em um sistema de computação em nuvem, há uma re-
pando os enormes bancos de dados profissionais em sites dução significativa da carga de trabalho. Computadores lo-
como o Linkedln. Eles podem pagar um adicional pelo Lin- cais não têm mais de fazer todo o trabalho pesado quando
kedln Corporate Services, um serviço que permite realizar se trata de rodar aplicações. Em vez disso, a rede de com-
buscas direcionadas por membros que atendem aos seus putadores que faz as vezes de nuvem lida com elas. A de-
requisitos de experiência e localização. A vantagem de um manda por hardware e software no lado do usuário cai. A
serviço como o LInkedln é que os recrutadores podem única coisa que o usuário do computador precisa é ser capaz
atingir “candidatos passivos,” isto é, profissionais altamente de rodar o software da interface do sistema da computação
qualificados que não estão necessariamente procurando em nuvem, que pode ser tão simples quanto um navegador
um novo emprego. Eles são mais atraentes para os empre- web, e a rede da nuvem cuida do resto.
gadores, pois têm sua capacidade provada, já que perma- Há uma boa chance de você já ter usado alguma forma
necem em seus cargos. de computação em nuvem. Se você tem um conta de e-mail
Várias redes sociais para adultos são dedicadas a pro- com um serviço baseado na web, como Hotmail, Yahoo! ou
fissões específicas. De acordo com um artigo do Wall Street Gmail, então você já teve experiência com computação em
Journal, médicos estão se encontrando em um site de rede nuvem. Em vez de rodar um programa de e-mail no seu
social para médicos chamado Sermo e executivos de publi- computador, você se loga numa conta de e-mail remota-
cidade, marketing e mídia estão trocando dicas e truques mente pela web. O software e o armazenamento da sua
em um outro site de rede social chamado AdGabber [fonte: conta não existem no seu computador - estão na nuvem de
Wall Street Journal]. computadores do serviço. 

209
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Arquitetura da computação em nuvem Clientes poderiam acessar suas aplicações e dados de qual-
quer lugar e a qualquer hora. Eles poderiam acessar o sistema
Quando falamos sobre um sistema de computação usando qualquer computador conectado à internet. Os dados
em nuvem, é de grande ajuda dividi-lo em duas seções: o não estariam confinados em um disco rígido no computador do
front end e o back end. Eles se conectam através de uma usuário ou mesmo na rede interna da empresa.
rede, geralmente a Internet. O front end é o lado que o Ela reduziria os custos com hardware. Sistemas de computa-
usuário do computador, ou cliente, vê. O back end é a se- ção em nuvem reduziriam a necessidade de hardware avançado
ção “nuvem” do sistema. do lado do cliente. Você não precisaria comprar o computador
O front end inclui o computador do cliente (ou rede de mais rápido com a maior memória, porque o sistema de nuvem
computadores) e a aplicação necessária para acessar o sis- cuidaria dessas necessidades. Em vez disso, você poderia com-
tema de computação em nuvem. Nem todos os sistemas prar um terminal de computador baratinho. O terminal poderia
de computação em nuvem tem a mesma interface para o incluir teclado, mouse e poder de processamento suficiente ape-
usuário. Serviços baseados na Web, como programas de nas para conectar seu computador  à nuvem. Você também não
e-mail, aproveitam navegadores de internet já existentes, precisaria de um disco rígido grande, porque você armazenaria
como o Internet Explorer e o Firefox. Outros sistemas têm toda a sua informaçãp em um computador remoto. Esse tipo de
aplicações próprias que fornecem acesso à rede aos clientes. terminal é conhecido como “terminal burro”, “thin client” e “zero
No back end do sistema estão vários computadores, servi- client”.
dores e sistemas de armazenamento de dados que criam Empresas que dependem de computadores têm que ter
a “nuvem” de serviços de computação. Na teoria, um sis- certeza de estar com software certo no lugar para atingir seus
tema de computação em nuvem inclui praticamente qual- objetivos. Sistemas de computação em nuvem dão a essas em-
quer programa de computador que você possa imaginar, presas acesso às aplicações para toda a corporação. As compa-
do processamento de dados aos videogames. Cada aplica- nhias não têm de comprar um conjunto de softwares ou licenças
ção tem seu próprio servidor dedicado. de software para cada empregado. Em vez disso,  a companhia
Um servidor central administra o sistema, monito- pagaria uma taxa a uma empresa de computação em nuvem.
Servidores e dispositivos de armazenamento digital ocupam
rando o tráfego e as demandas do cliente para assegurar
espaço. Algumas empresas alugam espaço físico para armazenar
que tudo funcione tranquilamente. Ele segue um conjun-
servidores e bases de dados porque elas não têm espaço dispo-
to de regras chamadas protocolos e usa um tipo especial
nível no local. A computação em nuvem dá a essas empresas a
de software chamado middleware. O middleware permite
opção de armazenar dados no hardware de terceiros, removen-
que computadores em rede se comuniquem uns com os
do a necessidade de espaço físico no back end.
outros.
Empresas podem economizar dinheiro com suporte técnico.
Se uma empresa de computação em nuvem tem mui-
O hardware otimizado poderia, em teoria, ter menos problemas
tos clientes, é provável que haja uma alta demanda por que uma rede de máquinas e sistemas operacionais heterogê-
muito espaço de armazenamento. Algumas companhias neos.
requerem centenas de dispositivos de armazenamento Se o back end do sistema de computação em nuvem for um
digitais. Sistemas de computação em nuvem precisam de sistema de computação em grade, então o cliente poderia tirar
pelo menos o dobro do número de dispositivos de arma- vantagem do poder de processamento de uma rede inteira. Fre-
zenamento exigidos para manter todas as informações dos quentemente, os cientistas e pesquisadores trabalham com cál-
clientes armazenadas. Isso porque esses dispositivos, as- culos tão complexos que levaria anos para que um computador
sim como todos os computadores, ocasionalmente saem individual os completasse. Em um sistema em grade, o cliente
do ar. Um sistema de computação em nuvem deve fazer poderia  enviar o cálculo para a nuvem processar. O sistema de
uma cópia de toda a informação dos clientes e a armaze- nuvem tiraria vantagem do poder de processamento de todos
nar em outros dispositivos. As cópias habilitam o servidor os computadores do back end que estivessem disponíveis,
central a acessar máquinas de backup para reter os dados aumentando significativamente a velocidade dos cálculos.
que, de outra forma, poderiam ficar inacessáveis. Fazer có- Preocupações com a computação em nuvem
pias de dados como um backup é chamado redundância.
Talvez as maiores preocupações sobre a computação em
Aplicações da computação em nuvem nuvem sejam segurança e privacidade. A idéia de entregar
dados importantes para outra empresa preocupa algumas
As aplicações da computação em nuvem são pratica- pessoas. Executivos corporativos podem hesitar em tirar van-
mente ilimitadas. Com o middleware certo, um sistema de tagem do sistema de computação em nuvem porque eles não
computação em nuvem poderia executar todos os progra- podem manter a informação de sua companhia guardadas a
mas que um computador normal rodaria. Potencialmente, sete chaves.
tudo - do software genérico de processamento de textos aos O contra-argumento a essa posição é que as empresas
programas de computador personalizados para um empresa que oferecem serviços de computação em nuvem vivem de
específica - funcionaria em um sistema de computação em suas reputações. É benéfico para essas empresas ter medi-
nuvem. das de segurança confiáveis funcionando. Do contrário, ela
Por que alguém iria querer recorrer a outro sistema de perderia todos os seus clientes. Portanto, é de seu interesse
computador para rodar programas e armazenar dados? Aqui empregar as técnicas mais avançadas para proteger os dados
estão algumas razões: de seus clientes.

210
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Privacidade é um outro assunto. Se um cliente pode lo- Já Rondinelli (2004) cita a definição do Comitê de Do-
gar-se de qualquer local para acessar aplicações, é possível cumentos Eletrônicos do Conselho Internacional de Arqui-
que a privacidade do cliente esteja comprometida. Empre- vos (CIA) onde a “informação registrada, independente da
sas de computação em nuvem vão precisar encontrar for- forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da
mas de proteger a privacidade do cliente. Uma delas seria atividade de uma instituição ou pessoa e que possui con-
usar técnicas de autenticação, como usuário e senha. Outra teúdo, contexto e estrutura suficientes para servir de evi-
forma é empregar um formato de autorização (níveis de dência dessa atividade”.
permissionamento) - cada usuário acessa apenas os dados Por meio destas definições podemos observar uma una-
e as aplicações que são relevantes para o seu trabalho. nimidade no que diz respeito à importância da informação
Algumas questões a cerca da computação em nuvem contida no documento, independente do seu suporte, para
são mais filosóficas. O usuário ou a empresa que contrata as atividades humanas; isso devido à sua natureza compro-
o serviços de computação em nuvem é dono dos dados? O batória de fatos ocorridos ao longo de uma atividade.
sistema de computação em nuvem, que fornece o espaço No tocante ao termo Arquivo, Schellenberg (2004, p.
de armazenamento, é o dono? É possível para uma empre- 41) define-o como “Os documentos de qualquer instituição
sa de computação em nuvem negar a um cliente o acesso pública ou privada que hajam sido considerados de valor,
a esses dados? Várias companhias, empresas de advocacia merecendo preservação permanente para fins de referência
e universidades estão debatendo essas e outras questões e de pesquisa e que hajam sido depositados ou seleciona-
sobre a natureza da computação em nuvem. dos para depósito, num arquivo de custódia permanente”.
Como a computação em nuvem vai afetar outras in- Quando falamos de arquivos, devemos ter em mente
dústrias? Há uma preocupação crescente na indústria de que existem dois tipos: o de caráter privado e o público.
TI sobre como a computação em nuvem poderia afetar os Ao se tratar de Arquivos Públicos, podemos encontrar
negócios de manutenção e reparo de computadores. Se as sua definição no artigo 7º da Lei nº 8159 de 1991, que dis-
empresas trocarem para sistemas de computadores sim- põe que “Os arquivos públicos são os conjuntos de docu-
plificados, elas terão poucas necessidades de TI. Alguns mentos produzidos e recebidos, no exercício de suas ativi-
experts da indústria acreditam que a necessidade por em- dades, por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do
pregos de TI vá migrar de volta para o back end do sistema Distrito Federal e municipal, em decorrência de suas fun-
de computação em nuvem. ções administrativas, legislativas e judiciárias”.
Ao analisarmos o verdadeiro objeto de um arquivo
concluímos que é o conteúdo dos seus documentos ou o
próprio documento, e sua importância está na forma com
CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE que foi empregado dentro de um processo de tomada de
GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, decisão.
ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS. A organização e gestão de acervos arquivísticos tor-
nou-se bastante problemática para as instituições nas últi-
mas três décadas, devido à rápida e ininterrupta evolução
tecnológica que a humanidade sofreu. Evolução essa que
Sobre o que é Documento, encontramos na literatu-
afetou todos os meios de produção existentes.
ra diversos entendimentos. Primeiramente temos Houaiss,
Segundo SANTOS (2002), as tecnologias desenvolvidas
Villar e Franco (2001) que, em seu Dicionário, definem o
para permitir essa evolução também afetaram diretamente
verbete “documento” como “qualquer escrito usado para
esclarecer determinada coisa [...] qualquer objeto de valor a produção informacional e documental.
documental (fotografia, peças, papéis, filmes, construções, Para se ter uma ideia do volume de informação disponí-
etc.) que elucide, instrua, prove ou comprove cientifica- vel nos dias de hoje, ao fazer uma pesquisa sobre um assun-
mente algum fato, acontecimento, dito etc.” to de seu interesse na Internet, o pesquisador irá encontrar
No campo da Arquivologia, temos Schellenberg (2004, tanta informação que será praticamente impossível ler to-
p. 41) que define “documento (records)” da seguinte forma: dos os documentos encontrados sobre o assunto. Também
Todos os livros, papéis, mapas, fotografias ou outras iremos encontrar documentos que, apesar de terem sido
espécies documentárias, independentemente de sua apre- indexados para um determinado assunto, ele não contém
sentação física ou características, expedidos ou recebidos nada sobre o termo indexado.
por qualquer entidade pública ou privada no exercício de Uma das tecnologias que mais se destacaram nesse
seus encargos legais ou em funções das suas atividades e desenvolvimento, foi a da área da informática essa tecnolo-
preservados ou depositados para preservação por aquela gia, onde acabou criando uma nova forma de documento:
entidade ou por seus legítimos sucessores como prova de o Arquivo Digital.
suas funções, sua política, decisões, métodos, operações ou Para o Arquivo Nacional, em sua obra Subsídios para
outras atividades, ou em virtude do valor informativo dos um Dicionário Brasileiro de Termos Arquivísticos, Arquivo
dados neles contidos. Digital é um conjunto de Bits que formam uma unidade
lógica interpretável por computador e armazenada em su-
porte apropriado.

211
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A Wikipédia trata o termo Arquivo Digital como Arqui- À medida que a tecnologia avança, seus meios (hardware
vo de Computador e o traduz da seguinte forma: e software) sofrem mutações consideráveis em suas estruturas
No disco rígido de um computador, os dados são guar- a ponto de criarem sérios problemas de preservação, principal-
dados na forma de arquivos (ou ficheiros, em Portugal). O mente quando se pretende abrir arquivos de programas mais
arquivo é um agrupamento de registros que seguem uma antigos ou de versões ultrapassadas.
regra estrutural, e que contém informações (dados) sobre No tocante à preservação de acervos digitais, podemos
uma área específica. contar atualmente com a existência de uma vasta e rica literatu-
Estes arquivos podem conter informações de qualquer ra sobre o assunto.
tipo de dados que se possa encontrar em um computador: Não podemos nos bastar somente na forma de manter o
textos, imagens, vídeos, programas, etc. Geralmente o tipo documento digital através da sua preservação, também temos
de informação encontrada dentro de um arquivo pode ser que organizá-lo para ter acesso às informações que ele contém.
previsto observando-se os últimos caracteres do seu nome, Schellenberg (2004, p. 68) dá uma ideia do que vem a ser
após o último ponto (por exemplo, txt para arquivos de um modo de gestão de documentos quando nos diz que do-
texto sem formatação). Esse conjunto de caracteres é cha- cumentos são eficientemente administrados quando, uma vez
mado de extensão do arquivo. necessários, podem ser localizados com rapidez e sem transtor-
Como os arquivos em um computador são muitos (só no ou confusão
o sistema operacional costuma ter milhares deles), esses Segundo o autor, a maneira com que os documentos são
arquivos são armazenados em diretórios (também conhe- mantidos para uso corrente determina a exatidão com que po-
cidos como pastas). dem ser fixados os valores da documentação recolhida. Tam-
No Brasil, o responsável pela regulamentação e práti- bém nos diz que o uso dos documentos para fins de pesquisa
cas de gestão arquivística no âmbito do poder público é o depende, igualmente, da maneira pela qual foram originalmen-
Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ. Sua atribuição te ordenados (2004, p. 53).
é definir a política nacional de arquivos públicos e privados, Paes (1991, p. 17) diz que devemos ter por base a análise
como órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos, das atividades da instituição e de como os documentos são so-
licitados ao arquivo, para podermos definir o melhor método
bem como exercer orientação normativa visando a gestão
arquivístico a ser adotado pela instituição.
documental e a proteção especial aos documentos de ar-
Para o CONARQ (Resolução nº 25. art. 1), gestão arquivísti-
quivo.
ca de documentos é o conjunto de procedimentos e operações
Para o CONARQ, o termo Documento Digital é o mes-
técnicas referentes à produção, tramitação, uso, avaliação e ar-
mo que Documento em Meio Eletrônico, ou seja, aquele
quivamento de documentos em fases corrente e intermediária,
que só é legível por computador.
visando à sua eliminação ou recolhimento para guarda perma-
O parágrafo 2º, do artigo 1º, da Resolução do CONARQ
nente.
nº 20, de 16 de julho de 2004, define Documento Arqui- A característica que o documento digital apresenta pode
vístico Digital como: o documento arquivístico codificado comprometer a sua autenticidade pois está sujeito à degrada-
em dígitos binários, produzido, tramitado e armazenado ção física dos seus suportes, à rápida obsolescência tecnológica
por sistema computacional. São exemplos de documen- e às intervenções que podem causar adulterações e destruição.
tos arquivísticos digitais: planilhas eletrônicas, mensagens Na tentativa de se coibir estes tipos problemas, o CONARQ,
de correio eletrônico, sítios na internet, bases de dados e através da sua Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos, edi-
também textos, imagens fixas, imagens em movimento e tou a Resolução nº 25, de 27 de abril de 2007, onde recomenda
gravações sonoras, dentre outras possibilidades, em for- aos órgãos e instituições que adotem o “Modelo de Requisitos
mato digital. para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Docu-
Atualmente existe uma variedade muito grande de do- mentos e-ARQ Brasil”, para definir, documentar, instituir e man-
cumentos digitais e os tipos mais comuns que podemos ter políticas, procedimentos e práticas para a gestão arquivística
encontrar são: de documentos, com base nas diretrizes estabelecidas por ele.
1) Textos: arquivos com a extensão “.txt”, “.doc”, Para o CONARQ, somente com procedimentos de gestão
“.pdf” etc.; arquivística é possível assegurar a autenticidade dos documen-
2) Vídeos: arquivos com a extensão “.avi”, “.mov”, tos arquivísticos digitais.
“.wmv” etc.; Para se ter sucesso na implantação deste Sistema nos ór-
3) Áudio: arquivos com a extensão “.wma”, “.mp3”, gãos públicos e empresas privadas é necessário que todos os
“.midi” etc.; funcionários estejam envolvidos na política arquivística de do-
4) Fotografia: arquivos com a extensão “.jpg”, “.bmp”, cumentos e as responsabilidades devem ser distribuídas de
“.tiff”, “.gif” etc.; acordo com a função e hierarquia de cada um.
5) Arquivos de planilhas: arquivos com a extensão A Constituição Federal de 1988 e, particularmente, a Lei
“.pps” etc.; nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política
6) Arquivos da Internet: arquivos com a extensão nacional de arquivos públicos e privados, delegaram ao Poder
“.htm”, “.html” etc. Público algumas responsabilidades, consubstanciadas pelo De-
Porém, ao mesmo tempo em que este tipo de tecnolo- creto nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002, que consolidou os de-
gia vem nos ajudar a executar nossas tarefas diárias, a sua cretos anteriores - nsº 1.173, de 29 de junho de 1994; 1.461, de
veloz e constante evolução também está nos criando um 25 de abril de 1995, 2.182, de 20 de março de 1997 e 2.942, de
problema muito sério no tocante à sua preservação. 18 de janeiro de 1999.

212
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O artigo 3º, da Lei nº 8.159 de 08 de janeiro de 1991, O CONARQ reconhece a instabilidade da informação
que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e arquivística digital e sobre a necessidade de estabeleci-
privados, diz que gestão de documentos é o conjunto de proce- mento de políticas públicas, diretrizes, programas e proje-
dimentos e operações técnicas à sua produção, tramitação, uso, tos específicos, legislação, metodologias, normas, padrões
avaliação e arquivamento em fases corrente e intermediária, visan- e protocolos que possam minimizar os efeitos da fragilida-
do à sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente., e de e da obsolescência de hardwares, softwares e formatos
o seu artigo 17, do Capítulo IV, afirma que a administração da do- e que assegurem, ao longo do tempo, a autenticidade, a in-
cumentação pública ou de caráter público compete às instituições tegridade, o acesso contínuo e o uso pleno da informação.
arquivísticas federais, estaduais do Distrito Federal e municipais.
Tal dispositivo torna claro a importância e a responsabilidade
Metadados
que devemos ter com o trato da documentação pública.
A definição mais simples de metadados é que eles são
Dentre estas responsabilidades, a mais discutida pelos auto-
res de hoje é a da preservação dos documentos. dados sobre dados – mais especificamente, informações
Hoje, encontramos uma vasta bibliografia que trata especifi- (dados) sobre um determinado conteúdo (os dados).
camente sobre o tema da preservação de documentos, tanto em Os metadados são utilizados para facilitar o entendi-
suporte de papel quanto em meios eletrônicos. mento, o uso e o gerenciamento de dados. Os metadados
A guarda e a conservação dos documentos, visando à sua necessários para este fim variam conforme o tipo de dados
utilização, são as funções básicas de um arquivo (PAES, 1991, p. 5). e o contexto de uso. Assim, no contexto de uma biblioteca,
Para Arellano (2004): onde os dados são o conteúdo dos títulos em estoque, os
A natureza dos documentos digitais está permitindo ampla metadados a respeito de um título normalmente incluem
produção e disseminação de informação no mundo atual. É fato uma descrição do conteúdo, o autor, a data de publica-
que na era da informação digital se está dando muita ênfase à ção e sua localização física. No contexto de uma câmera,
geração e/ou aquisição de material digital, em vez de manter a onde os dados são a imagem fotográfica, os metadados
preservação e o acesso a longo prazo aos acervos eletrônicos normalmente incluem a data na qual a foto foi tirada e
existentes. O suporte físico da informação, o papel e a superfície detalhes da configuração da câmera. No contexto de um
metálica magnetizada se desintegram ou podem se tornar irrecu- sistema de informações, onde os dados são o conteúdo de
peráveis. Existem, ademais, os efeitos da temperatura, umidade, arquivos de computador, os metadados a respeito de um
nível de poluição do ar e das ameaças biológicas; os danos pro- item de dados individual normalmente incluem o nome
vocados pelo uso indevido e o uso regular, as catástrofes naturais
do arquivo, o tipo do arquivo e o nome do administrador
e a obsolescência tecnológica. A aplicação de estratégias de pre-
dos dados.
servação para documentos digitais é uma prioridade, pois sem
elas não existiria nenhuma garantia de acesso, confiabilidade e Um registro de metadados consiste de alguns elemen-
integridade dos documentos a longo prazo. tos pré-definidos que representam determinados atribu-
Na Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digi- tos de um recurso, sendo que cada elemento pode ter um
tal (2004), o CONARQ diz que: ou mais valores. Segue abaixo um exemplo de um registro
As facilidades proporcionadas pelos meios e tecnologias di- de metadados simples:
gitais de processamento, transmissão e armazenamento de infor-
mações reduziram custos e aumentaram a eficácia dos processos
de criação, troca e difusão da informação arquivística. O início do Nome do
século XXI apresenta um mundo fortemente dependente do do- Valor
Elemento
cumento arquivístico digital como um meio para registrar as fun- Título Catálogo da Web
ções e atividades de indivíduos, organizações e governos.
Criador Dagnija McAuliffe
Porém, o CONARQ alerta sobre a importância de voltarmos
nossas atenções para os meios de preservar este tipo de acervo, University of Queensland
Editora
pois essas tecnologias digitais sofrem uma obsolescência muito Library
rápida pois a tecnologia digital é comprovadamente um meio http://www.library.uq.edu.au/
Identificador
mais frágil e mais instável de armazenamento, comparado iad/mainmenu.html
com os meios convencionais de registrar informações. Formato Texto / html
A Carta também nos alerta: Relação Website da Biblioteca
A preservação da informação em formato digital não
se limita ao domínio tecnológico, envolve também ques-
tões administrativas, legais, políticas, econômico-financei- Os esquemas de metadados normalmente apresenta-
ras e, sobretudo, de descrição dessa informação através de rão as seguintes características:
estruturas de metadados que viabilizem o gerenciamento • Um número limitado de elementos
da preservação digital e o acesso no futuro. Desta forma,
• O nome de cada elemento
preservar exige compromissos de longo prazo entre os vá-
• O significado de cada elemento
rios segmentos da sociedade: poderes públicos, indústria
de tecnologia da informação, instituições de ensino e pes-
quisa, arquivos e bibliotecas nacionais e demais organiza-
ções públicas e privadas.

213
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Normalmente, a semântica é descritiva do conteúdo, - Planilhas Eletrônicas


localização, atributos físicos, tipo (texto ou imagem, mapa XLS – Este tipo de arquivo é usado pelo Excel para criar e
ou modelo, por exemplo) e forma (folha impressa ou ar- editar planilhas. O XLS foi usado até a versão 2003, a partir da
quivo eletrônico, por exemplo). Os principais elementos versão 2007 passou a usar o formato XLSX
de metadados que fornecem suporte para acesso a docu- ODS (Open document spreadsheets) - Extensão padrão
mentos publicados são o criador de uma obra, seu título, da planilha eletrônica Calc, contida no pacote LibreOffice.
quando e onde ele foi publicado e as áreas que ela aborda.
Quando a informação é publicada sob forma analógica, - Apresentações
como material impresso, são fornecidos metadados adi- PPT – Esta extensão é exclusiva para o Microsoft Power-
cionais para auxiliar na localização das informações, como point, aplicativo que permite criar apresentações de slides
os números de identificação utilizados nas bibliotecas. para palestrantes e situações semelhantes.
ODP (Open document presentation) - Extensão padrão
Extensões de Arquivos do criador/editor de apresentações Impress, contida no pa-
As extensões de arquivos são sufixos que distinguem cote LibreOffice.
seu formato e principalmente a função que cumprem no
computador. Cada extensão de arquivo possui funções e PDF
aspectos próprios, por isso a maioria necessita de progra- Formato criado pela Adobe, atualmente é um dos pa-
mas específicos para serem executadas. drões utilizados na informática para documentos importan-
Como tudo que há em um computador é formado por tes, impressões de qualidade e outros aspectos. Pode ser vi-
arquivos, existem diversos formatos, como de textos, sons, sualizado no Adobe Reader, aplicativo mais conhecido entre
imagens, planilhas, vídeos, slides entre diversos outros. os usuários do formato.
A principal
Sem dúvida alguma, a principal extensão é o EXE. A Áudio
extensão significa basicamente que o arquivo é um exe- MP3 – Esta é atualmente a extensão para arquivos de áu-
cutável, ou seja, pode ser executado e produzir efeitos em dio mais conhecida entre os usuários, devido à ampla utiliza-
computadores com sistema operacional Windows. Isso dá ção dela para codificar músicas e álbuns de artistas. O grande
a ele inúmeras possibilidades, desde realizar a instalação sucesso do formato deve-se ao fato dele reduzir o tamanho
de um programa no seu computador até mesmo executar natural de uma música em até 90%, ao eliminar freqüências
um vírus dentro dele, pois ao se executar um arquivo com que o ouvido humano não percebe em sua grande maioria.
a extensão EXE, o usuário está dando autorização ao siste- WMA – Esta extensão, muito semelhante ao MP3, foi
ma para executar todas as instruções contidas dentro dele. criada pela Microsoft e ganhou espaço dentro do mundo da
Quando tal ficheiro é de origem desconhecida ou não informática por ser o formato especial para o Windows Me-
confiável, como por exemplo o que vem anexado a um dia Player. Ao passar músicas de um CD de áudio para o seu
e-mail de remetente desconhecido, é possível que este fi- computador usando o programa, todos os arquivos formados
cheiro instrua o computador a realizar tarefas indesejadas são criados em WMA. Hoje, praticamente todos os players de
pelo usuário, tais como a instalação de vírus ou spywares. música reproduzem o formato sem complicações.
Deve-se estar bastante atento ao clicar em arquivos com AAC – Sigla que significa codificação avançada de áudio,
esta extensão. o AAC foi criado pela Apple a fim de concorrer diretamente
com o MP3 e o WMA, visando superá-los em qualidade sem
DLL aumentar demasiadamente o tamanho dos arquivos. Me-
Também conhecida como biblioteca de vínculo dinâ- nos conhecido, o formato pode ser reproduzido em iPods e
mico, é um arquivo que é usada geralmente junto como similares, além de players de mídia para computador.
EXE como parte complementar de um software. OGG – Um dos formatos menos conhecidos entre os
usuários, é orientado para o uso em streaming, que é a
Documentos transmissão de dados diretamente da Internet para o com-
- Editores de texto putador, com execução em tempo real. Isso se deve ao fato
TXT – É um arquivo texto ou texto puro como é mais do OGG não precisar ser previamente carregado pelo com-
conhecido. Arquivos dos Word também são textos, mas ele putador para executar as faixas.
gera um texto com formatação. O TXT é um formato que AC3 – Extensão que designa o formato Dolby Digi-
indica um texto sem formatação, podendo ser aberto ou tal, amplamente utilizado em cinemas e filmes em DVD. A
criado no Bloco de Notas do Windows, por exemplo. grande diferença deste formato é que as trilhas criadas nele
DOC – O formato de arquivos DOC é de propriedade envolvem diversas saídas de áudio com freqüências bem di-
da Microsoft e usado no Microsoft Word como padrão na vididas, criando a sensação de imersão que percebemos ao
gravação de arquivos textos. As versões mais recentes do fazer uso de home theaters ou quando vamos ao cinema.
Word incorporaram a extensão DOCX como evolução do WAV – Abreviação de WAVE, ou ainda WAVEForm audio
DOC, isto aconteceu a partir da versão 2007 do Microsoft format, é o formato de armazenamento mais comum  ado-
Word. tado pelo Windows. Ele serve somente para esta função,
ODT (Open document text) – Extensão padrão do edi- não podendo ser tocado em players de áudio ou aparelhos
tor de texto Writer contido no pacote LibreOffice. de som, por exemplo.

214
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vídeo Além destes formatos, há outros menos conhecidos referentes


AVI – Abreviação de audio vídeo interleave, menciona à gráficos e ilustrações vetoriais, que são baseadas em formas geo-
o formato criado pela Microsoft que combina trilhas de métricas aplicadas de forma repetida na tela, evitando o desenho pi-
áudio e vídeo, podendo ser reproduzido na maioria dos xelado feito no padrão Bitmap. Algumas delas são o CRD, do Corel, e
players de mídia e aparelhos de DVD, desde que sejam o AI, do Adobe Ilustrator.
compatíveis com o codec DivX. Compactadores
MPEG – Um dos padrões de compressão de áudio e ZIP – A extensão do compactador Winzip se tornou tão famosa
vídeo de hoje, criado pelo Moving Picture Experts Group, que já foi criado até o verbo “zipar” para mencionar a compactação
origem do nome da extensão. Atualmente, é possível en- de arquivos. O programa é um dos pioneiros em sua área, sendo
contrar diversas taxas de qualidade neste formato, que amplamente usado para a tarefa desde sua criação.
varia de filmes para HDTV a transmissões simples. RAR – Este é o segundo formato mais utilizado de compacta-
MOV – Formato de mídia especialmente desenhado ção, tido por muitos como superior ao ZIP. O Winrar, programa que
para ser reproduzido no player QuickTime. Por esse moti- faz uso dele, é um dos aplicativos mais completos para o formato,
vo, ficou conhecido através dos computadores da Apple, além de oferecer suporte ao ZIP e a muitos outros.
que utilizam o QuickTime da mesma forma que o Windo- 7z – Criado pelos desenvolvedores do 7-Zip, esta extensão faz
ws faz uso do seu Media Player. menção aos arquivos compactados criados por ele, que são de alta
RMVB - RealMedia Variable Bitrate, define o forma- qualidade e taxa de diminuição de tamanho se comparado às pastas
to de arquivos de vídeo desenvolvido para o Real Pla- e arquivos originais inseridos no compactado.
yer, que já foi um dos aplicativos mais famosos entre os
players de mídia para computador. Embora não seja tão Onde ficam os documentos?
utilizado, ele apresenta boa qualidade se comparado ao Qualquer coisa que exista no seu computador está armazenada
tamanho de seus arquivos. em algum lugar e de maneira hierárquica. Em cima de tudo, estão
MKV – Esta sigla denomina o padrão de vídeo cria- os dispositivos que são, basicamente, qualquer peça física passível de
do pela Matroska, empresa de software livre que busca armazenar alguma coisa. Os principais dispositivos são o disco rígido;
CD; DVD; cartões de memória e pendrives.
ampliar o uso do formato. Ele apresenta ótima qualidade
Tais dispositivos têm uma quantidade de espaço disponível limi-
de áudio e vídeo e já está sendo adotado por diversos
tada, que pode ser dividida em pedaços chamados partições. Assim,
softwares, em especial os de licença livre.
cada uma destas divisões é exibida como umaunidade diferente no
sistema. Para que a ideia fique clara, o HD é um armário e aspartições
Imagem
são as gavetas: não aumentam o tamanho do armário, mas permi-
BMP – O Bitmap é um dos formatos de imagem
tem guardar coisas de forma independente e/ou organizada.
mais conhecidos pelo usuário. Pode-se dizer que este
Em cada unidade estão as pastas que, por sua vez, contém ar-
formato é o que apresenta a ilustração em sua forma quivos ou outras pastas que, por sua vez, podem ter mais arquivos... e
mais crua, sem perdas e compressões. No entanto, o assim, sucessivamente. A organização de tudo isso é assim:
tamanho das imagens geralmente é maior que em outros
formatos. Nele, cada pixel da imagem é detalhado especi-
ficamente, o que a torna ainda mais fiel.
GIF – Sigla que significa Graphics Interchange For-
mat, é um formato de imagem semelhante ao BMP, mas
amplamente utilizado pela Internet, em imagens de sites,
programas de conversação e muitos outros. O maior di-
ferencial do GIF é ele permitir a criação de pequenas ani-
mações com imagens seguidas, o que é muito utilizado
em emoticons, blogs, fóruns e outros locais semelhantes.
JPEG - Joint Photographic Experts Group é a origem
da sigla, que é um formato de compressão de imagens,
sacrificando dados para realizar a tarefa. Enganando o
olho humano, a compactação agrega blocos de 8X8 bits,
tornando o arquivo final muito mais leve que em um
Bitmap.
JPG - É basicamente o principal formato de arquivos
de imagens digitais atualmente. Além do computador,
este tipo de arquivo é usado também nas câmeras digitais
ou telefones com recurso de câmera. Ao tirar uma foto, o
JPG geralmente é o formato que eles usam para gravar o
arquivo.
PNG – Este formato surgiu em sua época pelo fato
dos algoritmos utilizados pelo GIF serem patenteados,
encarecendo a utilização dele. O PNG suporta canais alga
e apresenta maior gama de cores.

215
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Dispositivos Você acessa cada uma destas unidades em “Meu Com-


putador”, como na figura abaixo:

São todos os meios físicos possíveis de gravar ou salvar


dados. Existem dezenas deles e os principais são:
HD ou Disco Rígido: é o cérebro da máquina. Nele está
tudo: o sistema operacional, seus documentos, programas
e etc. A conta não fecha? Aparecem mais unidades do que
DVD: Um DVD permite que você leia o conteúdo que você realmente tem? Então, provavelmente, o seu HD está
está gravado nele. Há programas gravadores de DVD que particionado: o armário e as gavetas, lembra? Uma parti-
permitem criar DVDs de dados ou conteúdo multimídia. ção são unidades criadas a partir de pedaços de espaço de
CD: Como um DVD, mas sem a possibilidade de gravar um disco. Para que você tenha uma ideia, o gráfico abaixo
vídeos e com um espaço disponível menor. mostra a divisão de espaço entre três partições diferentes:
Pendrive: São portáteis e conectados ao PC por meio
de entradas USB. Têm como vantagem principal o tamanho
reduzido e, em alguns casos, a enorme capacidade de ar-
mazenamento.
Cartões de Memória: como o próprio nome diz, são
pequenos cartões em que você grava dados e são prati-
camente iguais aos Pendrives. São muito usados em note-
books, câmeras digitais, celulares, MP3 players e ebooks.
Para acessar o seu conteúdo é preciso ter um leitor insta-
lado na máquina. Os principais são os cartões SD, Memory
Stick, CF ou XD.
HD Externo ou Portátil: são discos rígidos portáteis,
que se conectam ao PC por meio de entrada USB (geral-
mente) e têm uma grande capacidade de armazenamento.
Disquete: se você ainda tem um deles, parabéns! O 3. Pastas
disquete faz parte da “pré-história” no que diz respeito a As pastas - que, há “séculos” eram conhecidas por di-
armazenamento de dados. Eram São pouco potentes e de retórios - não contém informação propriamente dita e sim
curta durabilidade. arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organi-
zar tudo o que está dentro de cada unidade.
2. Unidades e Partições
Para acessar tudo o que armazenado nos dispositivos
acima, o Windows usa unidades que, no computador, são
identificadas por letras. Assim, o HD corresponde ao C:; o
leitor de CD ou DVD é D: e assim por diante. Tais letras po-
dem variar de um computador para outro.

216
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4. Arquivos
Os arquivos são o computador. Sem mais, nem menos. SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO:
Qualquer dado é salvo em seu arquivo correspondente. PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA;
Existem arquivos que são fotos, vídeos, imagens, progra-
mas, músicas e etc.
Também há arquivos que não nos dizem muito como, CONCEITOS DE SEGURANÇA
por exemplo, as bibliotecas DLL ou outros arquivos, mas
que são muito importantes porque fazem com que o Win- A Segurança da Informação refere-se à proteção exis-
dows funcione. Neste caso, são como as peças do motor de tente sobre as informações de uma determinada empresa,
um carro: elas estão lá para que o carango funcione bem. instituição governamental ou pessoa, isto é, aplica-se tanto
as informações corporativas quanto as pessoais.
Entende-se por informação todo e qualquer conteúdo
ou dado que tenha valor para alguma organização ou pes-
soa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou exposta
ao público para consulta ou aquisição.
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não
de ferramentas) para a definição do nível de segurança
existente e, com isto, serem estabelecidas as bases para
análise da melhoria ou piora da situação de segurança exis-
tente.
A segurança de uma determinada informação pode ser
afetada por fatores comportamentais e de uso de quem
se utiliza dela, pelo ambiente ou infraestrutura que a cerca
ou por pessoas mal intencionadas que tem o objetivo de
5. Atalhos furtar, destruir ou modificar a informação.
Antes de proteger, devemos saber:
O conceito é fácil de entender: uma maneira rápida de • O que proteger.
abrir um arquivo, pasta ou programa. Mas, como assim? • De quem proteger.
Um atalho não tem conteúdo algum e sua única função é • Pontos vulneráveis.
“chamar o arquivo” que realmente queremos e que está • Processos a serem seguidos.
armazenado em outro lugar.
Podemos distinguir um atalho porque, além de estar na MECANISMOS DE SEGURANÇA
área de trabalho, seu ícone tem uma flecha que indicativa O suporte para as recomendações de segurança pode
se tratar de um “caminho mais curto”. Para que você tenha ser encontrado em:
uma ideia, o menu “Iniciar” nada mais é do que um aglo- • CONTROLES FÍSICOS: são barreiras que limitam o
merado de atalhos. contato ou acesso direto a informação ou a infraestrutura
Se você apagar um atalho, não se preocupe: o arquivo (que garante a existência da informação) que a suporta.
original fica intacto. Devemos atentar para ameaças sempre presentes, mas
nem sempre lembradas; incêndios, desabamentos, relâm-
6. Bibliotecas do Windows 7 pagos, alagamentos, problemas na rede elétrica, acesso
O Windows 7 trouxe um novo elemento para a lista bá- indevido de pessoas aos servidores ou equipamentos de
sica de arquivos e pastas: as bibliotecas. Elas servem ape- rede, treinamento inadequado de funcionários, etc.
nas para colocar no mesmo lugar arquivos de várias pastas. Medidas de proteção física, tais como serviços de guar-
Por exemplo, se você tiver arquivos de músicas em “C:\ da, uso de nobreaks, alarmes e fechaduras, circuito interno
Minha Música” e “D:\MP3”, poderá exibir todos eles na bi- de televisão e sistemas de escuta são realmente uma parte
blioteca de música. da segurança da informação. As medidas de proteção física
são frequentemente citadas como “segurança computacio-
nal”, visto que têm um importante papel também na pre-
venção dos itens citados no parágrafo acima.
O ponto-chave é que as técnicas de proteção de dados
por mais sofisticadas que sejam, não têm serventia nenhu-
ma se a segurança física não for garantida.

Instalação e Atualização

A maioria dos sistemas operacionais, principalmente


as distribuições Linux, vem acompanhada de muitos apli-
cativos que são instalados opcionalmente no processo de
instalação do sistema.

217
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sendo assim, torna-se necessário que vários pontos De acordo com os mecanismos de funcionamentos dos fi-
sejam observados para garantir a segurança desde a insta- rewalls podemos destacar três tipos principais:
lação do sistema, dos quais podemos destacar: • Filtros de pacotes
• Seja minimalista: Instale somente os aplicativos ne- • Stateful Firewalls
cessários, aplicativos com problemas podem facilitar o • Firewalls em Nível de Aplicação
acesso de um atacante;
• Devem ser desativados todos os serviços de sistema - Filtros de Pacotes
que não serão utilizados: Muitas vezes o sistema inicia au- Esse é o tipo de firewall mais conhecido e utilizado. Ele con-
tomaticamente diversos aplicativos que não são necessá- trola a origem e o destino dos pacotes de mensagens da Inter-
rios, esses aplicativos também podem facilitar a vida de um net. Quando uma informação é recebida, o firewall verifica as
atacante; informações sobre o endereço IP de origem e destino do pacote
• Deve-se tomar um grande cuidado com as aplicações e compara com uma lista de regras de acesso para determinar
de rede: problemas nesse tipo de aplicação podem deixar o se pacote está autorizado ou não a ser repassado através dele.
sistema vulnerável a ataques remotos que podem ser reali- Atualmente, a filtragem de pacotes é implementada na
zados através da rede ou Internet; maioria dos roteadores e é transparente aos usuários, porém
• Use partições diferentes para os diferentes tipos de pode ser facilmente contornada com IP Spoofers. Por isto, o uso
dados: a divisão física dos dados facilita a manutenção da de roteadores como única defesa para uma rede corporativa
segurança; não é aconselhável.
• Remova todas as contas de usuários não utilizadas: Mesmo que filtragem de pacotes possa ser feita direta-
Contas de usuários sem senha, ou com a senha original de mente no roteador, para uma maior performance e controle,
instalação, podem ser facilmente exploradas para obter-se é necessária a utilização de um sistema específico de firewall.
acesso ao sistema. Quando um grande número de regras é aplicado diretamente
Grande parte das invasões na Internet acontece devi- no roteador, ele acaba perdendo performance. Além disso, Fire-
do a falhas conhecidas em aplicações de rede, as quais os wall mais avançados podem defender a rede contra spoofing e
administradores de sistemas não foram capazes de corrigir ataques do tipo DoS/DDoS.
a tempo. Essa afirmação pode ser confirmada facilmente
pelo simples fato de que quando uma nova vulnerabilidade - Stateful Firewalls
é descoberta, um grande número de ataques é realizado
com sucesso. Por isso é extremamente importante que os Outro tipo de firewall é conhecido como Stateful Firewall.
administradores de sistemas se mantenham atualizados Ele utiliza uma técnica chamada Stateful Packet Inspection, que
sobre os principais problemas encontrados nos aplicati- é um tipo avançado de filtragem de pacotes. Esse tipo de fire-
vos utilizados, através dos sites dos desenvolvedores ou wall examina todo o conteúdo de um pacote, não apenas seu
específicos sobre segurança da Informação. As principais cabeçalho, que contém apenas os endereços de origem e des-
empresas comerciais desenvolvedoras de software e as tino da informação. Ele é chamado de ‘stateful’ porque examina
principais distribuições Linux possuem boletins periódicos os conteúdos dos pacotes para determinar qual é o estado da
informando sobre as últimas vulnerabilidades encontradas conexão, Ex: Ele garante que o computador destino de uma in-
e suas devidas correções. Alguns sistemas chegam até a formação tenha realmente solicitado anteriormente a informa-
possuir o recurso de atualização automática, facilitando ção através da conexão atual.
ainda mais o processo. Além de serem mais rigorosos na inspeção dos pacotes, os
stateful firewalls podem ainda manter as portas fechadas até
Firewalls que uma conexão para a porta específica seja requisitada. Isso
permite uma maior proteção contra a ameaça de port scanning.
Definimos o firewall como sendo uma barreira inteli-
gente entre duas redes, geralmente a rede local e a Inter- - Firewalls em Nível de Aplicação
net, através da qual só passa tráfego autorizado. Este trá- Nesse tipo de firewall o controle é executado por aplica-
fego é examinado pelo firewall em tempo real e a seleção ções específicas, denominadas proxies, para cada tipo de servi-
é feita de acordo com um conjunto de regras de acesso ço a ser controlado. Essas aplicações interceptam todo o tráfego
Ele é tipicamente um roteador (equipamento que liga as recebido e o envia para as aplicações correspondentes; assim,
redes com a Internet), um computador rodando filtragens cada aplicação pode controlar o uso de um serviço.
de pacotes, um software Proxy, um firewall-in-a-box (um Apesar desse tipo de firewall ter uma perda maior de per-
hardware proprietário específico para função de firewall), formance, já que ele analisa toda a comunicação utilizando
ou um conjunto desses sistemas. proxies, ele permite uma maior auditoria sobre o controle no
Pode-se dizer que firewall é um conceito ao invés de tráfego, já que as aplicações específicas podem detalhar melhor
um produto. Ele é a soma de todas as regras aplicadas a os eventos associados a um dado serviço.
rede. Geralmente, essas regras são elaboradas consideran- A maior dificuldade na sua implementação é a necessidade
do as políticas de acesso da organização. de instalação e configuração de um proxy para cada aplicação,
Podemos observar que o firewall é único ponto de sendo que algumas aplicações não trabalham corretamente
entrada da rede, quando isso acontece o firewall também com esses mecanismos.
pode ser designado como check point.

218
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Considerações sobre o uso de Firewalls Ela utiliza uma função chamada one-way hash function,
também conhecida como: compression function, cryptogra-
Embora os firewalls garantam uma maior proteção, e são phic checksum, message digest ou fingerprint. Essa função
inestimáveis para segurança da informação, existem alguns gera uma string única sobre uma informação, se esse valor
ataques que os firewalls não podem proteger, como a inter- for o mesmo tanto no remetente quanto destinatário, signifi-
ceptação de tráfego não criptografado, ex: Interceptação de ca que essa informação não foi alterada.
e-mail. Além disso, embora os firewalls possam prover um Mesmo assim isso ainda não garante total integridade,
único ponto de segurança e auditoria, eles também podem pois a informação pode ter sido alterada no seu envio e um
se tornar um único ponto de falha – o que quer dizer que os novo hash pode ter sido calculado.
firewalls são a última linha de defesa. Significa que se um ata- Para solucionar esse problema, é utilizada a criptografia
cante conseguir quebrar a segurança de um firewall, ele vai assimétrica com a função das chaves num sentido inverso,
ter acesso ao sistema, e pode ter a oportunidade de roubar onde o hash é criptografado usando a chave privada do re-
ou destruir informações. Além disso, os firewalls protegem metente, sendo assim o destinatário de posse da chave pú-
a rede contra os ataques externos, mas não contra os ata- blica do remetente poderá decriptar o hash. Dessa maneira
ques internos. No caso de funcionários mal intencionados, garantimos a procedência, pois somente o remetente possui
os firewalls não garantem muita proteção. Finalmente, como a chave privada para codificar o hash que será aberto pela
mencionado os firewalls de filtros de pacotes são falhos em sua chave pública. Já o hash, gerado a partir da informação
alguns pontos. - As técnicas de Spoofing podem ser um meio original, protegido pela criptografia, garantirá a integridade
efetivo de anular a sua proteção. da informação.
Para uma proteção eficiente contra as ameaças de segu-
rança existentes, os firewalls devem ser usados em conjunto Mecanismos de garantia da integridade da informação
com diversas outras medidas de segurança.
Existem, claro, outros mecanismos de segurança que Usando funções de “Hashing” ou de checagem, consis-
apoiam os controles físicos: Portas / trancas / paredes / blin- tindo na adição.
dagem / guardas / etc.
Mecanismos de controle de acesso
• CONTROLES LÓGICOS: são barreiras que impedem ou
limitam o acesso à informação, que está em ambiente con- Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, cartões
trolado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo, ficaria inteligentes.
exposta a alteração não autorizada por elemento mal inten-
cionado. Mecanismos de certificação
Existem mecanismos de segurança que apoiam os con-
troles lógicos: Atesta a validade de um documento. O Certificado Di-
gital, também conhecido como Certificado de Identidade
Mecanismos de encriptação Digital associa a identidade de um titular a um par de cha-
ves eletrônicas (uma pública e outra privada) que, usadas em
A criptografia vem, na sua origem, da fusão de duas pa- conjunto, fornecem a comprovação da identidade. É uma
lavras gregas: versão eletrônica (digital) de algo parecido a uma Cédula de
• CRIPTO = ocultar, esconder. Identidade - serve como prova de identidade, reconhecida
• GRAFIA = escrever diante de qualquer situação onde seja necessária a compro-
Criptografia é arte ou ciência de escrever em cifra ou em vação de identidade.
códigos. É então um conjunto de técnicas que tornam uma O Certificado Digital pode ser usado em uma grande va-
mensagem incompreensível permitindo apenas que o desti- riedade de aplicações, como comércio eletrônico, groupware
natário que conheça a chave de encriptação possa decriptar (Intranets e Internet) e transferência eletrônica de fundos.
e ler a mensagem com clareza. Dessa forma, um cliente que compre em um shopping
Permitem a transformação reversível da informação de virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certificado
forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para tal, de Identidade Digital deste Servidor para verificar: a iden-
algoritmos determinados e uma chave secreta para, a par- tidade do vendedor e o conteúdo do Certificado por ele
tir de um conjunto de dados não encriptados, produzir uma apresentado. Da mesma forma, o servidor poderá solicitar ao
sequência de dados encriptados. A operação inversa é a de- comprador seu Certificado de Identidade Digital, para identi-
sencriptação. ficá-lo com segurança e precisão.
Caso qualquer um dos dois apresente um Certificado de
Assinatura digital Identidade Digital adulterado, ele será avisado do fato, e a
comunicação com segurança não será estabelecida.
Um conjunto de dados encriptados, associados a um O Certificado de Identidade Digital é emitido e assinado
documento do qual são função, garantindo a integridade do por uma Autoridade Certificadora Digital (Certificate Autho-
documento associado, mas não a sua confidencialidade. rity). Para tanto, esta autoridade usa as mais avançadas téc-
A assinatura digital, portanto, busca resolver dois pro- nicas de criptografia disponíveis e de padrões internacionais
blemas não garantidos apenas com uso da criptografia para (norma ISO X.509 para Certificados Digitais), para a emissão e
codificar as informações: a Integridade e a Procedência. chancela digital dos Certificados de Identidade Digital.

219
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos destacar três elementos principais: Integridade: Medida em que um serviço/informação é


- Informação de atributo: É a informação sobre o objeto genuino, isto é, esta protegido contra a personificação por
que é certificado. No caso de uma pessoa, isto pode incluir intrusos.
seu nome, nacionalidade e endereço e-mail, sua organização
e o departamento da organização onde trabalha. Honeypot: É o nome dado a um software, cuja função é
- Chave de informação pública: É a chave pública da enti- detectar ou de impedir a ação de um cracker, de um spam-
dade certificada. O certificado atua para associar a chave pú- mer, ou de qualquer agente externo estranho ao sistema,
blica à informação de atributo, descrita acima. A chave pública enganando-o, fazendo-o pensar que esteja de fato explo-
pode ser qualquer chave assimétrica, mas usualmente é uma rando uma vulnerabilidade daquele sistema.
chave RSA.
- Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A CA AMEAÇAS À SEGURANÇA
assina os dois primeiros elementos e, então, adiciona credi-
bilidade ao certificado. Quem recebe o certificado verifica a Ameaça é algo que oferece um risco e tem como foco
assinatura e acreditará na informação de atributo e chave pú- algum ativo. Uma ameaça também pode aproveitar-se de
blica associadas se acreditar na Autoridade em Certificação. alguma vulnerabilidade do ambiente.
Existem diversos protocolos que usam os certificados di- Identificar Ameaças de Segurança – Identificar os Tipos
gitais para comunicações seguras na Internet: de Ataques é a base para chegar aos Riscos. Lembre-se que
• Secure Socket Layer ou SSL; existem as prioridades; essas prioridades são os pontos que
• Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME; podem comprometer o “Negócio da Empresa”, ou seja, o
• Form Signing; que é crucial para a sobrevivência da Empresa é crucial no
• Authenticode / Objectsigning. seu projeto de Segurança.
O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os cer- Abaixo temos um conjunto de ameaças, chamado de
tificados digitais e é usado em praticamente todos os sites FVRDNE:
que fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lojas de CD, Falsificação
bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de adoção onde
apenas os servidores estavam identificados com certificados Falsificação de Identidade é quando se usa nome de
digitais, e assim tínhamos garantido, além da identidade do usuário e senha de outra pessoa para acessar recursos ou
servidor, o sigilo na sessão. Entretanto, apenas com a chegada executar tarefas. Seguem dois exemplos:
dos certificados para os browsers é que pudemos contar tam- • Falsificar mensagem de e-mail;
bém com a identificação na ponta cliente, eliminando assim a • Executar pacotes de autenticação.
necessidade do uso de senhas e logins. Um ataque de Falsificação pode ter início em um PostIt
O S/Mime é também um protocolo muito popular, pois com sua senha, grudado no seu monitor.
permite que as mensagens de correio eletrônico trafeguem
encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta forma os Violação
e-mails não podem ser lidos ou adulterados por terceiros du-
rante o seu trânsito entre a máquina do remetente e a do A Violação ocorre quando os dados são alterados:
destinatário. Além disso, o destinatário tem a garantia da • Alterar dados durante a transmissão;
identidade de quem enviou o e-mail. • Alterar dados em arquivos.
O Form Signing é uma tecnologia que permite que os
usuários emitam recibos online com seus certificados digitais. Repudiação
Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Banking e solicita A Repudiação talvez seja uma das últimas etapas de
uma transferência de fundos. O sistema do banco, antes de um ataque bem sucedido, pois é o ato de negar algo que
fazer a operação, pede que o usuário assine com seu certifi- foi feito. Isso pode ser feito apagando as entradas do Log
cado digital um recibo confirmando a operação. Esse recibo após um acesso indevido. Exemplos:
pode ser guardado pelo banco para servir como prova, caso o • Excluir um arquivo crítico e negar que excluiu;
cliente posteriormente negue ter efetuado a transação. • Comprar um produto e mais tarde negar que com-
O Authenticode e o Object Signing são tecnologias que prou.
permitem que um desenvolvedor de programas de compu-
tador assine digitalmente seu software. Assim, ao baixar um Divulgação
software pela Internet, o usuário tem certeza da identidade
do fabricante do programa e que o software se manteve ínte- A Divulgação das Informações pode ser tão grave e/
gro durante o processo de download. Os certificados digitais ou custar tão caro quanto um ataque de “Negação de Ser-
se dividem em basicamente dois formatos: os certificados de viço”, pois informações que não podiam ser acessadas por
uso geral (que seriam equivalentes a uma carteira de identi- terceiros, agora estão sendo divulgadas ou usadas para
dade) e os de uso restrito (equivalentes a cartões de banco, obter vantagem em negócios.
carteiras de clube etc.). Os certificados de uso geral são emiti- Dependendo da informação ela pode ser usada como
dos diretamente para o usuário final, enquanto que os de uso objeto de chantagem. Abaixo exemplos de Divulgação:
restrito são voltados basicamente para empresas ou governo. • Expor informações em mensagens de erro;
• Expor código em sites.

220
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Negação de Serviço (DoS) (Denial of Service, DoS) VULNERABILIDADES

A forma mais conhecida de ataque que consiste na per- Os ataques com mais chances de dar certo são aqueles
turbação de um serviço, devido a danos físicos ou lógicos que exploram vulnerabilidades, seja ela uma vulnerabilida-
causados no sistema que o suportam. Para provocar um DoS, de do sistema operacional, aplicativos ou políticas internas.
os atacantes disseminam vírus, geram grandes volumes de Veja algumas vulnerabilidades:
tráfego de forma artificial, ou muitos pedidos aos servidores • Roubo de senhas – Uso de senhas em branco, senhas
que causam subcarga e estes últimos ficam impedidos de previsíveis ou que não usam requisitos mínimos de com-
processar os pedidos normais. plexidade. Deixar um Postit com a sua senha grudada no
O objetivo deste ataque é parar algum serviço. Exemplo: monitor é uma vulnerabilidade.
• “Inundar” uma rede com pacotes SYN (Syn-Flood); • Software sem Patches – Um gerenciamento de Ser-
• “Inundar” uma rede com pacotes ICPM forçados. vice Packs e HotFixes mal feito é uma vulnerabilidade co-
O alvo deste tipo de ataque pode ser um Web Server mum. Veja casos como os ataques do Slammer e do Blaster,
contendo o site da empresa, ou até mesmo “inundar” o DHCP sendo que suas respectivas correções já estavam disponí-
Server Local com solicitações de IP, fazendo com que nenhu- veis bem antes dos ataques serem realizados.
ma estação com IP dinâmico obtenha endereço IP. • Configuração Incorreta – Aplicativos executados com
contas de Sistema Local, e usuários que possuem permis-
Elevação de Privilégios sões acima do necessário.
• Engenharia Social – O Administrador pode alterar
Acontece quando o usuário mal-intencionado quer exe- uma senha sem verificar a identidade da chamada.
cutar uma ação da qual não possui privilégios administrativos • Segurança fraca no Perímetro – Serviços desneces-
suficientes: sários, portas não seguras. Firewall e Roteadores usados
• Explorar saturações do buffer para obter privilégios do incorretamente.
sistema; • Transporte de Dados sem Criptografia – Pacotes de
• Obter privilégios de administrador de forma ilegítima. autenticação usando protocolos de texto simples, dados
Este usuário pode aproveitar-se que o Administrador da importantes enviados em texto simples pela Internet.
Rede efetuou logon numa máquina e a deixou desbloqueada, Identifique, entenda como explorá-las e mesmo que
e com isso adicionar a sua própria conta aos grupos Domain não seja possível eliminá-las, monitore e gerencie o risco
Admins, e Remote Desktop Users. Com isso ele faz o que qui- de suas vulnerabilidades.
ser com a rede da empresa, mesmo que esteja em casa. Nem todos os problemas de segurança possuem uma
solução definitiva, a partir disso inicia-se o Gerenciamento
Quem pode ser uma ameaça? de Risco, analisando e balanceando todas as informações
sobre Ativos, Ameaças, Vulnerabilidades, probabilidade e
Quem ataca a rede/sistema são agentes maliciosos, mui- impacto.
tas vezes conhecidos como crackers, (hackers não são agentes
maliciosos, tentam ajudar a encontrar possíveis falhas). Estas NÍVEL DE SEGURANÇA
pessoas são motivadas para fazer esta ilegalidade por vários
motivos. Os principais motivos são: notoriedade, autoestima, Depois de identificado o potencial de ataque, as orga-
vingança e o dinheiro. É sabido que mais de 70% dos ata- nizações têm que decidir o nível de segurança a estabele-
ques partem de usuários legítimos de sistemas de informação cer para um rede ou sistema os recursos físicos e lógicos a
(Insiders) -- o que motiva corporações a investir largamente necessitar de proteção. No nível de segurança devem ser
em controles de segurança para seus ambientes corporativos quantificados os custos associados aos ataques e os asso-
(intranet). ciados à implementação de mecanismos de proteção para
É necessário identificar quem pode atacar a minha rede, e minimizar a probabilidade de ocorrência de um ataque .
qual a capacidade e/ou objetivo desta pessoa.
• Principiante – não tem nenhuma experiência em pro- POLÍTICAS DE SEGURANÇA
gramação e usa ferramentas de terceiros. Geralmente não
tem noção do que está fazendo ou das consequências da- De acordo com o RFC 2196 (The Site Security Han-
quele ato. dbook), uma política de segurança consiste num conjunto
• Intermediário – tem algum conhecimento de progra- formal de regras que devem ser seguidas pelos usuários
mação e utiliza ferramentas usadas por terceiros. Esta pessoa dos recursos de uma organização.
pode querer algo além de testar um “Programinha Hacker”. As políticas de segurança devem ter implementação
• Avançado – Programadores experientes, possuem co- realista, e definir claramente as áreas de responsabilidade
nhecimento de Infraestrutura e Protocolos. Podem realizar dos usuários, do pessoal de gestão de sistemas e redes e
ataques estruturados. Certamente não estão só testando os da direção. Deve também adaptar-se a alterações na orga-
seus programas. nização. As políticas de segurança fornecem um enquadra-
Estas duas primeiras pessoas podem ser funcionários da mento para a implementação de mecanismos de seguran-
empresa, e provavelmente estão se aproveitando de alguma ça, definem procedimentos de segurança adequados, pro-
vulnerabilidade do seu ambiente. cessos de auditoria à segurança e estabelecem uma base
para procedimentos legais na sequência de ataques.

221
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O documento que define a política de segurança deve dei- Para contaminarem os computadores, os vírus antiga-
xar de fora todos os aspetos técnicos de implementação dos mente usavam disquetes ou arquivos infectados. Hoje, os vírus
mecanismos de segurança, pois essa implementação pode va- podem atingir em poucos minutos milhares de computadores
riar ao longo do tempo. Deve ser também um documento de em todo mundo. Isso tudo graças à Internet. O método de
fácil leitura e compreensão, além de resumido. propagação mais comum é o uso de e-mails, onde o vírus usa
Algumas normas definem aspectos que devem ser leva- um texto que tenta convencer o internauta a clicar no arquivo
dos em consideração ao elaborar políticas de segurança. Entre em anexo. É nesse anexo que se encontra o vírus. Os meios de
essas normas estão a BS 7799 (elaborada pela British Stan- convencimento são muitos e costumam ser bastante criativos.
dards Institution) e a NBR ISO/IEC 17799 (a versão brasileira O e-mail (e até o campo assunto da mensagem) costuma ter
desta primeira). textos que despertam a curiosidade do internauta. Muitos ex-
Existem duas filosofias por trás de qualquer política de ploram assuntos eróticos ou abordam questões atuais. Alguns
segurança: a proibitiva (tudo que não é expressamente per- vírus podem até usar um remetente falso, fazendo o destinatá-
mitido é proibido) e a permissiva (tudo que não é proibido é
rio do e-mail acreditar que se trata de uma mensagem verda-
permitido).
deira. Muitos internautas costumam identificar e-mails de vírus,
Enfim, implantar Segurança em um ambiente não de-
mas os criadores destas “pragas digitais” podem usar artifícios
pende só da Tecnologia usada, mas também dos Processos
inéditos que não poupam nem o usuário mais experiente.
utilizados na sua implementação e da responsabilidade que
as Pessoas têm neste conjunto. Estar atento ao surgimento de O computador (ou, melhor dizendo, o sistema operacio-
novas tecnologias não basta, é necessário entender as necessi- nal), por si só, não tem como detectar a existência deste pro-
dades do ambiente, e implantar políticas que conscientizem as graminha. Ele não é referenciado em nenhuma parte dos seus
pessoas a trabalhar de modo seguro. arquivos, ninguém sabe dele, e ele não costuma se mostrar an-
Seu ambiente nunca estará seguro, não imagine que ins- tes do ataque fatal.
talando um bom Antivírus você elimina as suas vulnerabilida- Em linhas gerais, um vírus completo (entenda-se por com-
des ou diminui a quantidade de ameaças. É extremamente ne- pleto o vírus que usa todas as formas possíveis de contaminar
cessário conhecer o ambiente e fazer um estudo, para depois e se ocultar) chega até a memória do computador de duas for-
poder implementar ferramentas e soluções de segurança. mas.
A primeira e a mais simples é a seguinte: em qualquer disco
(tanto disquete quanto HD) existe um setor que é lido primeiro
pelo sistema operacional quando o computador o acessa. Este
setor identifica o disco e informa como o sistema operacional
NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E OUTRAS (SO) deve agir. O vírus se aloja exatamente neste setor, e espera
PRAGAS VIRTUAIS; que o computador o acesse.
APLICATIVOS PARA SEGURANÇA A partir daí ele passa para a memória do computador e
(ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE entra na segunda fase da infecção. Mas antes de falarmos da
ETC.); segunda fase, vamos analisar o segundo método de infecção: o
vírus se agrega a um arquivo executável (fica pendurado
mesmo nesse arquivo). Acessar o disco onde este arquivo está
não é o suficiente para se contaminar.
NOÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE VÍRUS DE COMPU- É preciso executar o arquivo contaminado. O vírus se ane-
TADOR xa, geralmente, em uma parte do arquivo onde não interfira no
seu funcionamento (do arquivo), pois assim o usuário não vai
DEFINIÇÃO E PROGRAMAS ANTIVÍRUS
perceber nenhuma alteração e vai continuar usando o progra-
ma infectado.
O que são vírus de computador?
O vírus, após ter sido executado, fica escondido agora na
Os vírus representam um dos maiores problemas para
usuários de computador. memória do computador, e imediatamente infecta todos os
Consistem em pequenos programas criados para causar discos que estão ligados ao computador, colocando uma cópia
algum dano ao computador infectado, seja apagando dados, de si mesmo no tal setor que é lido primeiro (chamado setor de
seja capturando informações, seja alterando o funcionamen- boot), e quando o disco for transferido para outro computador,
to normal da máquina. Os usuários dos sistemas operacionais este ao acessar o disco contaminado (lendo o setor de boot),
Windows são vítimas quase que exclusivas de vírus, já que os executará o vírus e o alocará na sua memória, o que por sua
sistemas da Microsoft são largamente usados no mundo todo. vez irá infectar todos os discos utilizados neste computador, e
Existem vírus para sistemas operacionais Mac e os baseados assim o vírus vai se alastrando.
em Unix, mas estes são extremamente raros e costumam ser Os vírus que se anexam a arquivos infectam também todos
bastante limitados. Esses “programas maliciosos” receberam o os arquivos que estão sendo ou e serão executados. Alguns às
nome vírus porque possuem a característica de se multiplicar vezes re-contaminam o mesmo arquivo tantas vezes e ele fica
facilmente, assim como ocorre com os vírus reais, ou seja, os tão grande que passa a ocupar um espaço considerável (que é
vírus biológicos. Eles se disseminam ou agem por meio de fa- sempre muito precioso) em seu disco. Outros, mais inteligen-
lhas ou limitações de determinados programas, se espalhando tes, se escondem entre os espaços do programa original, para
como em uma infecção. não dar a menor pista de sua existência.

222
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cada vírus possui um critério para começar o ataque pro- Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem
priamente dito, onde os arquivos começam a ser apagados, o vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos,
micro começa a travar, documentos que não são salvos e várias destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. O
outras tragédias. Alguns apenas mostram mensagens chatas, objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
outros mais elaborados fazem estragos muitos grandes. Hijackers são programas ou scripts que “sequestram”
navegadores de Internet, principalmente o Internet Explo-
TIPOS rer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial do
browser e impede o usuário de mudá-la, exibe propagan-
Cavalo-de-Tróia das em pop-ups ou janelas novas, instala barras de ferra-
mentas no navegador e podem impedir acesso a determi-
A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi atribuí- nados sites (como sites de software antivírus, por exemplo).
da aos programas que permitem a invasão de um computador Os spywares e os keyloggers podem ser identificados
alheio com espantosa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo por programas anti-spywares. Porém, algumas destas pra-
ao famoso artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. gas são tão perigosas que alguns antivírus podem ser pre-
Um “amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de parados para identificá-las, como se fossem vírus. No caso
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo o exe- de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma ferramen-
cuta, o programa atua de forma diferente do que era esperado. ta desenvolvida especialmente para combater aquela pra-
Ao contrário do que é erroneamente informado na mídia, ga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar no sistema
que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não se re- operacional de uma forma que nem antivírus nem anti-s-
produz e não tem nenhuma comparação com vírus de com- pywares conseguem “pegar”.
putador, sendo que seu objetivo é totalmente diverso. Deve-se
levar em consideração, também, que a maioria dos antivírus faz Hoaxes, o que são?
a sua detecção e os classificam como tal. A expressão “Trojan”
deve ser usada, exclusivamente, como definição para progra- São boatos espalhados por mensagens de correio ele-
mas que capturam dados sem o conhecimento do usuário. trônico, que servem para assustar o usuário de computa-
O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como um dor. Uma mensagem no e-mail alerta para um novo vírus
arquivo no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar totalmente destrutivo que está circulando na rede e que in-
informações como passwords, logins e quaisquer dados, sigilo- fectará o micro do destinatário enquanto a mensagem esti-
sos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando a máquina ver sendo lida ou quando o usuário clicar em determinada
contaminada por um Trojan conectar-se à Internet, poderá ter tecla ou link. Quem cria a mensagem hoax normalmente
todas as informações contidas no HD visualizadas e capturadas costuma dizer que a informação partiu de uma empresa
por um intruso qualquer. Estas visitas são feitas imperceptivel- confiável, como IBM e Microsoft, e que tal vírus poderá da-
mente. Só quem já esteve dentro de um computador alheio nificar a máquina do usuário. Desconsidere a mensagem.
sabe as possibilidades oferecidas.
FIREWALL
Worm
Firewall é um programa que monitora as conexões fei-
Os worms (vermes) podem ser interpretados como um tas pelo seu computador para garantir que nenhum recur-
tipo de vírus mais inteligente que os demais. A principal dife- so do seu computador esteja sendo usado indevidamente.
rença entre eles está na forma de propagação: os worms po- São úteis para a prevenção de worms e trojans.
dem se propagar rapidamente para outros computadores, seja
pela Internet, seja por meio de uma rede local. Geralmente, a ANTIVÍRUS
contaminação ocorre de maneira discreta e o usuário só nota
o problema quando o computador apresenta alguma anorma- Existe uma variedade enorme de softwares antivírus
lidade. O que faz destes vírus inteligentes é a gama de possi- no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-o
bilidades de propagação. O worm pode capturar endereços de sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos todos
e-mail em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema os dias e seu antivírus precisa saber da existência deles
de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio que per- para proteger seu sistema operacional.
mita a contaminação de computadores (normalmente milha- A maioria dos softwares antivírus possuem serviços de
res) em pouco tempo. atualização automática. Abaixo há uma lista com os antiví-
rus mais conhecidos:
Spywares, keyloggers e hijackers Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br -
Possui versão de teste.
Apesar de não serem necessariamente vírus, estes três no- McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Possui
mes também representam perigo. Spywares são programas versão de teste.
que ficam “espionando” as atividades dos internautas ou captu- AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga
ram informações sobre eles. Para contaminar um computador, e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun-
os spywares podem vir embutidos em softwares desconheci- cionalidades).
dos ou serem baixados automaticamente quando o internauta Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoftwa-
visita sites de conteúdo duvidoso. re.com.br - Possui versão de teste.

223
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É importante frisar que a maioria destes desenvolvedo- 3- Passe um antivírus atualizado no anexo salvo para se
res possuem ferramentas gratuitas destinadas a remover ví- certificar de que este não está infectado.
rus específicos. Geralmente, tais softwares são criados para Riscos dos “downloads”- Simplesmente baixar o pro-
combater vírus perigosos ou com alto grau de propagação. grama para o seu computador não causa infecção, seja por
FTP, ICQ, ou o que for. Mas de modo algum execute o pro-
PROTEÇÃO grama (de qualquer tipo, joguinhos, utilitários, protetores
de tela, etc.) sem antes submetê-lo a um bom antivírus.
A melhor política com relação à proteção do seu com-
putador contra vírus é possuir um bom software antivírus O que acontece se ocorrer uma infecção?
original instalado e atualizá-lo com frequência, pois surgem Você ficará à mercê de pessoas inescrupulosas quan-
vírus novos a cada dia. Portanto, a regra básica com rela- do estiver conectado à Internet. Elas poderão invadir seu
ção a vírus (e outras infecções) é: Jamais execute progra- computador e realizar atividades nocivas desde apenas ler
mas que não tenham sido obtidos de fontes absolutamente seus arquivos, até causar danos como apagar arquivos, e
confiáveis. O tema dos vírus é muito extenso e não se pode até mesmo roubar suas senhas, causando todo o tipo de
pretender abordá-lo aqui senão superficialmente, para dar prejuízos.
orientações essenciais. Vamos a algumas recomendações.
Os processos mais comuns de se receber arquivos são Como me proteger?
como anexos de mensagens de e-mail, através de progra- Em primeiro lugar, voltemos a enfatizar a atitude básica
mas de FTP, ou por meio de programas de comunicação, de evitar executar programas desconhecidos ou de origem
como o ICQ, o NetMeeting, etc. duvidosa. Portanto, mais uma vez, Jamais execute progra-
Note que: mas que não tenham sido obtidos de fontes absolutamen-
Não existem vírus de e-mail. O que existem são vírus te confiáveis.
escondidos em programas anexados ao e-mail. Você não Além disto, há a questão das senhas. Se o seu micro
infecta seu computador só de ler uma mensagem de cor- estiver infectado outras pessoas poderiam acessar as suas
reio eletrônico escrita em formato texto (.txt). Mas evite ler senhas. E troca-las não seria uma solução definitiva, pois
o conteúdo de arquivos anexados sem antes certificar-se os invasores poderiam entrar no seu micro outra vez e
de que eles estão livres de vírus. Salve-os em um diretório rouba-la novamente. Portanto, como medida extrema de
e passe um programa antivírus atualizado. Só depois abra prevenção, o melhor mesmo é NÃO DEIXAR AS SENHAS
o arquivo. NO COMPUTADOR. Isto quer dizer que você não deve usar,
Cuidados que se deve tomar com mensagens de cor- ou deve desabilitar, se já usa, os recursos do tipo “lembrar
reio eletrônico – Como já foi falado, simplesmente ler a senha”. Eles gravam sua senha para evitar a necessidade de
mensagem não causa qualquer problema. No entanto, se digitá-la novamente. Só que, se a sua senha está gravada
a mensagem contém anexos (ou attachments, em Inglês), é no seu computador, ela pode ser lida por um invasor. Atual-
preciso cuidado. O anexo pode ser um arquivo executável mente, é altamente recomendável que você prefira digitar
(programa) e, portanto, pode estar contaminado. A não ser a senha a cada vez que faz uma conexão. Abra mão do
que você tenha certeza absoluta da integridade do arquivo, conforto em favor da sua segurança.
é melhor ser precavido e suspeitar. Não abra o arquivo sem
antes passá-lo por uma análise do antivírus atualizado
Mas se o anexo não for um programa, for um arquivo
apenas de texto, é possível relaxar os cuidados? PROCEDIMENTOS DE BACKUP;
Não. Infelizmente, os criadores de vírus são muito ati-
vos, e existem hoje, disseminando-se rapidamente, vírus
que contaminam arquivos do MS Word ou do MS Excel. São
os chamados vírus de macro, que infectam os macros (exe- CÓPIAS DE SEGURANÇA (BACKUP)
cutáveis) destes arquivos. Assim, não abra anexos deste tipo
sem prévia verificação. Existem muitas maneiras de perder informações em
É possível clicar no indicador de anexo para ver do que um computador involuntariamente. Uma criança usando o
se trata? E como fazer em seguida? teclado como se fosse um piano, uma queda de energia,
Apenas clicar no indicador (que no MS Outlook Express um relâmpago, inundações. E algumas vezes o equipamen-
é uma imagem de um clip), sim. Mas cuidado para não dar to simplesmente falha. Em modos gerais o backup é uma
um clique duplo, ou clicar no nome do arquivo, pois se o tarefa essencial para todos os que usam computadores e
anexo for um programa, será executado. Faça assim: / ou outros dispositivos, tais como máquinas digitais de
1- Abra a janela da mensagem (em que o anexo apare- fotografia, leitores de MP3, etc.
ce como um ícone no rodapé); O termo backup também pode ser utilizado para hard-
2- Salve o anexo em um diretório à sua escolha, o que ware significando um equipamento para socorro (funciona
pode ser feito de dois modos: como um pneu socorro do veículo) pode ser uma impres-
a) clicar o anexo com o botão direito do mouse e em sora, cpu ou monitor etc.. que servirá para substituir tem-
seguida clicar em “Salvar como...”; porariamente um desses equipamentos que estejam com
b) sequência de comandos: Arquivo / Salvar anexos... problemas.

224
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualmente os mais conhecidos meios de backups • Para ver o conteúdo de uma subpasta (uma pasta
são: CD-ROM, DVD e Disco Rígido Externo, pendrives e dentro de outra pasta) clique duas vezes sobre a pasta de-
fitas magnéticas. Na prática existem inúmeros softwares sejada do lado direito do “Windows Explorer”;
para criação de backups e a posterior reposição. Como por • Depois de visualizar os arquivos ou pastas que se
exemplo o Norton Ghost da Symantec. deseja copiar no lado direito do “Windows Explorer”, se-
Se você costuma fazer cópias de backup dos seus ar- lecione-os (clicando sobre o arquivo ou pasta, este ficará
quivos regularmente e os mantêm em um local separado, destacado);
você pode obter uma parte ou até todas as informações • Clique com o botão direito do mouse sobre o arquivo
de volta caso algo aconteça aos originais no computador. “Copiar”;
A decisão sobre quais arquivos incluir no backup é • Clique na unidade correspondente ao dispositivo no
muito pessoal. Tudo aquilo que não pode ser substituído lado esquerdo do “Windows Explorer”;
facilmente deve estar no topo da sua lista. Antes de co- • Clique com o botão direito do mouse no espaço em
meçar, faça uma lista de verificação de todos os arquivos a branco do lado direito, e escolha “Colar”;
serem incluídos no backup. Isso o ajudará a determinar o
que precisa de backup, além de servir de lista de referência Selecionando Vários Arquivos
para recuperar um arquivo de backup.
Eis algumas sugestões para ajudá-lo a começar: • Para selecionar vários arquivos ou pastas, após sele-
• Dados bancários e outras informações financeiras cionar o primeiro segure a tecla “Ctrl” e clique nos outros
• Fotografias digitais arquivos ou pastas desejadas. Todos os arquivos (ou pas-
• Software comprado e baixado através da Internet tas) selecionados ficarão destacados.
• Projetos pessoais
• Seu catálogo de endereços de e-mail Fazendo Backup do seu Outlook
• Seu calendário do Microsoft Outlook
• Seus favoritos do Internet Explorer Todos sabem do risco que é não termos backup dos
O detalhe mais importante antes de fazer um backup nossos dados, e dentre eles se inclui as informações que
é formatar o dispositivo. Isso pode ser feito clicando com guardamos no OUTLOOK.
o botão direito do mouse sobre o ícone do dispositivo, Já imaginou ter que entrar com todos os contatos no-
dentro do ícone “Meu Computador” e selecionar a opção vamente? E seus compromissos no calendário? Pior, como
formatar. é que vai recuperar as mensagens de e-mail que você tinha
Para ter certeza que o dispositivo não está danificado, guardado?
escolha a formatação completa, que verificará cada setor Como fazer o backup das informações do Outlook, não
do disquete e mostrará para você se o disquete tem algum é uma atividade muito simples (pelo menos não há nele
dano. Sempre que um disquete tiver problemas, não copie nada automatizado), listamos aqui algumas maneiras de
arquivos de backups para ele. executar este backup e se garantir contra qualquer proble-
Bem, agora que você já sabe fazer cópias de segurança, ma! Exemplo para Outlook.
conheça os dois erros mais banais que você pode cometer 1 - Copie todas as mensagens para uma pasta separa-
e tornar o seu backup inútil: da (com isso você terá feito o backup das mensagens)
1- Fazer uma cópia do arquivo no mesmo disco. Isso 2 - Vá em Ferramentas -> Contas lá selecione todas as
não é backup, pois se acontecer algum problema no disco contas que deseja salvar e selecione Exportar. Cada conta
você vai perder os dois arquivos. será salva com a extensão (IAF) na pasta que você quiser.
2- Fazer uma cópia e apagar o original. Isso também 3 - Para exportar todos os seus contatos, abra o seu
não é backup, por motivos óbvios. catálogo de endereços do seu Outlook, então clique em
Procure utilizar arquivos compactados apenas como Arquivo -> Exportar -> Catálogo de endereços (WAB). Com
backups secundários, como imagens que geralmente ocu- esse procedimento todos os seus contatos serão armaze-
pam um espaço muito grande. nados num arquivo de extensão (WAB) com o nome que
você quiser e na pasta que você quiser.
Copiando Arquivos de um Disco Rígido (H.D.) para 4 - Para as assinaturas é simples, basta copiar o con-
um Dispositivo (Fazendo Backup) teúdo de cada assinatura que você utiliza em arquivos de
texto (TXT) separados. Depois você poderá utilizar as suas
• Clique no botão “Iniciar” (canto inferior esquerdo); assinaturas a partir dos arquivos que criou.
• Escolha “Programas”; e no menu que abre escolha 5 - Para as regras (ou filtros), você deverá ir em Ferra-
“Windows Explorer”. mentas -> Assistente de Regras -> Clicar em OPÇÕES ->
• O Windows Explorer é dividido em duas partes. Do Clicar em Exportar Regras. Será salvo um arquivo com a
lado esquerdo são exibidas as pastas (diretórios) e do lado extensão RWZ. Fazer todos esses procedimentos é mais
direito o conteúdo das pastas; trabalhoso, porém muito mais seguro.
• Para ver o conteúdo de uma pasta clique uma vez so- Outra solução, é utilizar programas específicos para
bre a pasta desejada (no lado esquerdo), e ele será exibido backup do Outlook.
do lado direito.

225
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MEIOS DISPONÍVEIS PARA BACKUPS EM ARMAZE- Isso é tudo. Não se esqueça de verificar o backup para se
NAMENTO EXTERNO certificar que ele coube na unidade de backup e o mantenha
protegido.
Entende-se por armazenamento externo qualquer me-
canismo que não se encontre dentro do seu PC. Existem Utilizando a ferramenta inclusa no Windows XP Pro-
várias opções, e apresentamos uma tabela com os mais co- fessional.
muns, vantagens e desvantagens: Se você trabalha com o Windows XP Professional, você
CD-RW dispõe de uma ferramenta muito útil que se encarrega de
fazer os backups que você marcar. Siga estes passos para uti-
É um CD em que pode guardar/gravar suas informa- lizá-la:
ções. Arquivos realmente preciosos que precisam ser guar- 1. Clique em “Iniciar” e depois em “Todos os Programas”.
dados com 100% de certeza de que não sofrerão danos 2. Dentro de “Acessórios”, aponte para “Ferramentas de Siste-
com o passar do tempo devem ser becapeados em CDs. A ma”. 3. Escolha a opção “Backup”.
maioria dos computadores atuais inclui uma unidade para Se for a primeira vez que você utiliza essa ferramenta,
gravar em CD-RW. O CD-ROM é a forma mais segura de aparecerá o “Assistente de backup ou restauração”. Clique em
fazer grandes backups. Cada CD armazena até 700 Mb e, Avançar e siga as instruções na tela. Se você deseja um guia
por ser uma mídia ótica, onde os dados são gravados de passo a passo de como usar essa ferramenta, pode obtê-lo
maneira física, é muito mais confiável que mídias magnéti- em Backup do Windows XP Facilitado (em inglês).
cas sujeitas a interferências elétricas. Sugestão: Se você não sabe qual versão de sistema ope-
racional utiliza, dê um clique com o botão direito sobre o
DVD-RW ícone “Meu Computador” e escolha “Propriedades”. Dentro
da guia “Sistema” você encontrará a versão do seu sistema
A capacidade de armazenamento é muito maior, nor- operacional.
malmente entre 4 e 5 gibabytes.
Para utilizar a ferramenta de backups no Windows XP
Pen Drive
Home Edition
São dispositivos bastante pequenos que se conectam a
Se seu PC tem o Windows XP Home Edition, você precisa
uma porta USB do seu equipamento.
adicionar a ferramenta de backups que vem no seu CD origi-
São muito portáteis, frequentemente são do tipo “cha-
nal seguindo estes passos:
veiro”, ideais para backups rápidos e para mover arquivos
entre máquinas. 1. Insira o CD do Windows XP (ou o que veio com seu
Você deve escolher um modelo que não seja muito frá- equipamento se ele foi pré-carregado) na unidade de CD. Se
gil. a tela de apresentação não aparecer, dê um clique duplo so-
bre o ícone da unidade de CD dentro de “Meu Computador”.
HD Externo 2. Na tela de apresentação, escolha a opção “Executar
tarefas adicionais”.
O HD externo funciona como um periférico, como se 3. Clique em “Explorar este CD”.
fosse um Pen Drive, só que com uma capacidade infinita- 4. O Windows Explorer se abrirá. Localize a pasta “ValueA-
mente maior. dd” e dê um clique duplo sobre ela, depois em Msft e depois
em NtBackup.
Backups utilizando o Windows 5. Agora, dê um clique duplo sobre o arquivo NtBackup.
msi para instalar a ferramenta de backup.
Fazer backups de sua informação não tem que ser um Nota: Ao terminar a instalação, é provável que seja solici-
trabalho complicado. Você pode simplesmente recorrer ao tado que você reinicie seu equipamento.
método Copiar e Colar, ou seja, aproveitar as ferramentas Para utilizar a ferramenta, siga estes passos:
dependendo da versão do Sistema Operacional (Windows, 1. Clique em “Iniciar” e depois em “Todos os Programas”.
Linux, etc.) que você utiliza. 2. Dentro de “Acessórios”, aponte para “Ferramentas de
Sistema”.
Cópias Manuais 3. Escolha a opção “backup”.
Se for a primeira vez que você utiliza essa ferramenta,
Você pode fazer backups da sua informação com estes aparecerá o “Assistente de backup ou restauração”. Clique em
passos simples: Avançar e siga as instruções na tela. Se você deseja um guia
1. Clique com o botão direito sobre o arquivo ou pasta passo a passo de como usar essa ferramenta, pode obtê-lo
de que seja fazer backup e depois clique na opção “Copiar” em Backup do Windows XP Facilitado (em inglês).
no menu exibido. 2. Agora marque a unidade de backup, Sugestão: Se você não sabe qual versão de sistema ope-
clique com o botão direito sobre ela e escolha “Colar” no racional utiliza, dê um clique com o botão direito sobre o
menu exibido. Você pode marcar a unidade de backup ao ícone “Meu Computador” e escolha “Propriedades”. Dentro
localizá-la no ícone “Meu Computador”, ou seja, como uma da guia “Sistema” você encontrará a versão do seu sistema
das unidades do Windows Explorer. operacional.

226
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Recomendações para proteger seus backups Vantagens do armazenamento em nuvem

Fazer backups é uma excelente prática de segurança As principais vantagens do armazenamento em nuvem
básica. Agora lhe damos conselhos simples para que você são:
esteja a salvo no dia em que precisar deles:  A empresa ou pessoa não necessita possuir har-
1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escritório, dware ou software complexo para armazenar os dados
e, se for possível, em algum recipiente à prova de incên- dentro da empresa: a criação e manutenção de recursos
dios, como os cofres onde você guarda seus documentos e computacionais de uma empresa podem ser elevados
valores importantes. e passar, boa parte do tempo, abaixo de sua capacidade
2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as man- de utilização. Ao contratar o armazenamento em nuvem,
tenha em lugares separados. a empresa pode contratar um produto aderente às suas
3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups, é necessidades de utilização e, dependendo da evolução da
melhor comprimir os arquivos que já sejam muito antigos massa de dados da empresa, contratar um serviço com me-
(quase todos os programas de backup contam com essa nor ou maior capacidade conforme sua demanda. O usuá-
opção), assim você não desperdiça espaço útil. rio comum, por exemplo, pode não possuir capacidade de
4. Proteja seus backups com uma senha, de maneira armazenamento adequada em seu computador e utilizar
que sua informação fique criptografada o suficiente para armazenamento de dados na nuvem de acordo com a sua
que ninguém mais possa acessá-la. Se sua informação é conveniência, baixando os dados quando necessário.
importante para seus entes queridos, implemente alguma  Acessibilidade: o acesso aos dados pode ser rea-
forma para que eles possam saber a senha se você não lizado em qualquer ambiente interno ou externo, em di-
estiver presente. versos tipos de equipamento, desde que atendidos os re-
quisitos de segurança. Em geral, no ambiente de empresa
*texto adaptado do material disponivel em: comum, os dados podem ser acessados unicamente dentro
https://www.vivaolinux.com.br/linux/ da empresa. Para usuários comuns, normalmente os dados
www.petropolis.rj.gov.br/intranet/images/intro_linux eram armazenados em um único computador, sendo ne-
http://www.paulobarbosa.com.br/downloads/grupos.pdf cessário utilizar pendrives e CDs para copiar dados. Atual-
mente, com os serviços em nuvem, o usuário pode utilizar
dados no seu computador e posteriormente usar/modifi-
car os mesmos dados em um tablet ou smartphone. 
 Segurança e recuperação de dados:  os dados
ARMAZENAMENTO DE DADOS NA NUVEM armazenados na nuvem, por estar em um ambiente em
(CLOUD STORAGE) geral mais seguro, são mais difíceis de serem acessados
ou apagados por terceiros. Também possuem mais garan-
tias contra apagamento acidental. Desta forma, em caso de
perda de dados de um computador de uma empresa ou de
Cloud Storage (Armazenamento na Nuvem) uma pessoa, é mais fácil recuperar os dados armazenados
Modelo de armazenamento de dados, baseado no mo- na nuvem.
delo de computação em nuvem, no qual os dados (arqui-  Compartilhamento: em geral, os serviços de ar-
vos, textos, imagens, vídeos, etc.) de uma pessoa ou de uma mazenamento na nuvem possuem políticas de segurança
empresa são armazenados em ambientes de terceiros (ge- e acesso que permitem que o dono de um conjunto de
ralmente empresas que possuem armazéns de dados ade- dados possa compartilhar quais dados podem ser vistos e
quados para armazenar e gerenciar grandes volumes de quais dados podem ser alterados.  Este compartilhamento
dados). O usuário que utiliza este serviço  não depende pode ser realizado de diferentes formas para diferentes ti-
de possuir uma infraestrutura de hardware e software, de- pos de usuários. 
legando a um terceiro esta responsabilidade mediante o
pagamento do serviço. O acesso aos dados armazenados  
na nuvem (tanto para guardar como para obter os dados Desvantagens do armazenamento em nuvem
posteriormente) é realizado através de aplicativos que uti-  Disponibilidade da rede de computadores: nos
lizam uma rede de computadores (comumente a Internet) casos em que a rede em questão não estiver em operação
para acessar os armazéns de dados do provedor de serviço. ou não puder ser acessada, os dados  podem não ser facil-
A diferença básica entre o armazenamento em nuvem mente acessíveis.
para usuários comuns e usuários corporativos envolve não  Privacidade dos dados: comumente, empresas
apenas o espaço oferecido (em geral, usuários comuns que fornecem serviços de armazenamento na nuvem pos-
utilizarão menor capacidade de armazenamento do que suem políticas rígidas de manipulação e acesso aos dados.
usuários corporativos), mas também envolve os tipos de Porém, nunca há garantia que eles não acessem e leiam
ferramentas integradas, políticas de segurança e outros re- os seus dados. Desta forma, em geral, recomenda-se que
cursos. dados sensíveis não sejam armazenados na nuvem.

227
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alguns serviços de armazenamento em nuvem 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser ex-
Usuários comuns cluído permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pres-
 Amazon S3  sionando-se simultaneamente as teclas
 Google Drive (A) Ctrl + Delete.
 OneDrive (B) Shift + End.
Usuários corporativos (C) Shift + Delete.
 Amazon Web Services (D) Ctrl + End.
 Google Cloud Storage (E) Ctrl + X.
 Windows Azure
Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
Fonte: http://www.revistabw.com.br/revistabw/infor- mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
matica-cloud-storage/ para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjun-
to com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem
QUESTÕES GERAIS do tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanente-
mente este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que
1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi- deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
nale a opção correta. Resposta: C
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve
ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Con-
trole, de modo a garantir a correta remoção dos arquivos 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de
relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema opera- arquivos, sem que haja perda de informação?
cional. (A) Compactação
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e (B) Deleção
DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos (C) Criptografia
diretórios de programas instalados na máquina em uso. (D) Minimização
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de (E) Encolhimento adaptativo
um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha
da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuá- Comentários: A compactação de arquivos é uma téc-
rios possivelmente cadastrados nessa máquina. nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem-
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, entre plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar,
eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint. SolusZip, etc.
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do bo- Resposta: A
tão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o
Windows, dar saída no usuário correntemente em uso na
máquina e, em seguida, desligar o computador. 5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel:

Comentários: Para desinstalar um programa de forma


segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou
remover programas
Resposta – Letra A

2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as in-


formações estão contidas em arquivos de vários formatos,  
que são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e co-
mídias removíveis do computador, organizados em: lado (Ctrl+V) na célula D3, seu valor será:
(A) telas. (A) 7
(B) pastas. (B) 56
(C) janelas. (C) 448
(D) imagens. (D) 511
(E) programas. (E) uma mensagem de erro
 
Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando
bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada copiamos uma célula que contém uma fórmula e colamos
mais são do que compartimentos que ajudam a organizar em outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à nova po-
os arquivos em endereços específicos, como se fosse um sição. Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser
sistema de armário e gavetas. copiada de D1 para D3:
Resposta: Letra B  

228
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

  A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL,


ou seja, não é instalado no computador local. Logo, é o ga-
barito da questão.
Resposta: B.

7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e correio


eletrônico, analise:
I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pelos na-
vegadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Google Chro-
me) para localizar recursos e páginas da Internet (Exemplo:
http://www.google.com.br).
Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para so- II. Download significa descarregar ou baixar; é a transfe-
mar todas as células de A3 até C3(dois pontos significam rência de dados de um servidor ou computador remoto para
‘até’), sendo assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obten- um computador local.
do-se o resultado 448. III. Upload é a transferência de dados de um computa-
Resposta: C. dor local para um servidor ou computador remoto.
IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail significa
movê-lo definitivamente da máquina local, para envio a um
6- “O correio eletrônico é um método que permite destinatário, com endereço eletrônico.
compor, enviar e receber mensagens através de sistemas Estão corretas apenas as afirmativas:
eletrônicos de comunicação”. São softwares gerenciadores A) I, II, III, IV
de email, EXCETO: B) I, II
A) Mozilla Thunderbird. C) I, II, III
B) Yahoo Messenger. D) I, II, IV
C) Outlook Express. E) I, III, IV
D) IncrediMail.
Comentários: O URL é o endereço (único) de um recur-
E) Microsoft Office Outlook 2003.
so na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de
página, mas na verdade uma página é um recurso (o mais
Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de
conhecido, creio) da Web. Item verdadeiro.
e-mail (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos
É comum confundir os itens II e III, por isso memorize:
memorizar que os sistemas que trabalham o correio eletrô-
down = baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e III
nico podem funcionar por meio de um software instalado são verdadeiros.
em nosso computador local ou por meio de um progra-
ma que funciona dentro de um navegador, via acesso por
Internet. Este programa da Internet, que não precisa ser
instalado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o software
local é o gerenciador de e-mail citado pela questão.
Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:
• Pode ler e escrever mensagens mesmo quando
está desconectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no
computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo
tempo;
Maiores Desvantagens: No item IV encontramos o item falso da questão, o que
• Ocupam espaço em disco; nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em men-
• Compatibilidade com os servidores de e-mail sagem de e-mail significa copiar e não mover!
(nem sempre são compatíveis). Resposta: C.
A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em ne-
grito os mais conhecidos e utilizados atualmente):
Microsoft Office Outlook 8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos do
Microsoft Outlook Express; ambiente MS Office, assinale a opção correta.
Mozilla Thunderbird; (A) Ao se clicar no nome de um documento gravado
IcrediMail com a extensão .xls a partir do Meu Computador, o Windo-
Eudora ws ativa o MS Access para a abertura do documento em tela.
Pegasus Mail (B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas
Apple Mail (Apple) ao se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL
Kmail (Linux) + V,respectivamente, estão disponíveis no menu Editar de
Windows Mail todos os aplicativos da suíte MS Office.

229
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das apli- letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma
cações do MS Office, permite que o usuário salve o docu- forma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede
mento correntemente aberto com outro nome. Nesse caso, é restrito a uma rede local e não a internet como um todo.
a versão antiga do documento é apagada e só a nova ver- letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu-
são permanece armazenada no computador. tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma
(D) O menu Exibir permite a visualização do documen- forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim
to aberto correntemente, por exemplo, no formato do MS acessar redes locais.
Word para ser aberto no MS PowerPoint. letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com-
(E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a ela- putação que fornece serviços a uma rede de computado-
boração de apresentações de slides que utilizem conteúdo res. E não necessariamente armazena nomes de usuários e/
e imagens de maneira estruturada e organizada. ou restringe acessos.
Resposta: D
Comentários: O menu editar geralmente contém os co-
mandos universais dos programas da Microsoft como é o 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
caso dos atalhos CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Inter-
localizar. net, pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde
Em relação às outras letras: está localizada tal máquina.
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários
Excel e não o Access se conectarem a uma mesma máquina simultaneamente,
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma como no caso de salas de bate-papo.
cópia do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebi-
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de mento de arquivos na Internet.
exibição do documento dentro do contexto de cada pro- (D) Quando se digita o endereço de uma página web,
grama e não de um programa para o outro como é o caso o termo http significa o protocolo de acesso a páginas em
da afirmativa. formato HTML, por exemplo.
Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação
(E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de
de slides e sim o Ms Power Point.
correio eletrônico envia uma mensagem com anexo para
Resposta: B
outro destinatário de correio eletrônico.
9- Com relação a conceitos de Internet e intranet, assi-
Comentários: Os itens apresentados nessa questão es-
nale a opção correta.
tão relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os
(A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla
a entrada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre protocolos mais comuns:
na Internet. - HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car-
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da regamento de páginas de Hipertexto –  HTML
Internet que possuam uma conexão http, ao digitarem na - IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma
barra de endereços do navegador: http://intranet.com. máquina na rede
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma - POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimen-
rede local, pois sua função é conectar um computador à to de emails direto no PC via gerenciador de emails
rede de telefonia fixa. - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa-
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina drão de envio de emails
denominada cliente requisita serviços a outra, denominada - IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhan-
servidor, ainda é o atual paradigma de acesso à Internet. te ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário
(E) Um servidor de páginas web é a máquina que ar- a possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensa-
mazena os nomes dos usuários que possuem permissão de gens de email direto no servidor.
acesso a uma quantidade restrita de páginas da Internet. - FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transfe-
rência de arquivos
Comentários: O modelo cliente/servidor é questiona- Resposta: D
do em termos de internet pois não é tão robusto quanto
redes P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda
do servidor central impede o acesso aos usuários clientes, 11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor-
no segundo mesmo que um servidor “caia” outros servi- reta.
dores ainda darão acesso ao mesmo conteúdo permitindo (A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas-
que o download continue. Ex: programas torrent, Emule, tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o
Limeware, etc. Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão
Em relação às outras letras: Iniciar do Windows.
letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve (B) Para se obter a listagem completa dos arquivos sal-
para localizar e identificar conjuntos de computadores na vos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de
Internet e corresponde ao endereço que digitamos no na- modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de
vegador. Modos de Exibição.

230
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede Comentários: Sempre que se copia células de uma pla-
oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para nilha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam
acesso direto a elas. como uma tabela simples, onde as fórmulas são esqueci-
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e das e só os números são colados.
a opção Renomear for acionada no Windows Explorer com Resposta: E
o botão direito do mouse,será salva uma nova versão do
arquivo e a anterior continuará aberta com o nome antigo.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutu- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio
ra de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de bus- do correio eletrônico, deve considerar as operações de
ca Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de (A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços
máquinas ligadas à Internet. eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui- dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu-
(C) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
ras e Detalhes.
ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
Resposta: B
(D) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
Atenção: Para responder às questões de números
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: (E) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão ços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do  
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
de computadores. correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve- seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, va- bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
lores e totais. de a segurança solicitada no enunciado.
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de- Resposta: A
vem ser tomados para a recuperação em caso de perda e 14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio
informações guardadas. de arquivos em lotes, também denominados scripts, o
Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas shell de comando é um programa que fornece comuni-
na internet visando o atendimento do nível de qualidade da cação entre o usuário e o sistema operacional de forma
informação prestada à sociedade, pelo órgão. direta e independente. Nos sistemas operacionais Win-
O ambiente operacional de computação disponível para dows XP, esse programa pode ser acessado por meio de
realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do um comando da pasta Acessórios denominado
MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio (A) Prompt de Comando
eletrônico, em português e em suas versões padrões mais (B) Comandos de Sistema
utilizadas atualmente. (C) Agendador de Tarefas
Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes, (D) Acesso Independente
CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acopla- (E) Acesso Direto
da em portas do tipo USB) e outras funcionalmente seme-
lhantes.
Resposta: “A”
12- As células que contêm cálculos feitos na planilha
Comentários
eletrônica,
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe-
resultados diferentes do original. rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do
(B) não podem ser “coladas” no editor de textos. MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros coman-
(C) somente podem ser copiadas para o editor de tex- dos do computador. O mais importante é o fato de que, ao
tos dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco co- digitar comandos, você pode executar tarefas no computa-
lunas. dor sem usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de
(D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma Comando é normalmente usado apenas por usuários avan-
a uma. çados.
(E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
“coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de
tabela.
 

231
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário 18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
Novo - CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir di-
gitado no aplicativo Word. Aplicativos para edição de
textos. Aplicando-se a esse texto o efeito de fonte Ta-
chado, o resultado obtido será

Resposta: “C”

Comentários:
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d,
e. Entretanto, temos que observar que na questão os itens a) 3, 0 e 7.
d, e, além de receberem taxado, também ficaram em caixa b) 5, 0 e 7.
alta. O único que recebe apenas o taxada, sem alterar outras c) 5, 1 e 2.
formatações foi o item c. d) 7, 5 e 2.
e) 8, 3 e 4.
16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
Novo - CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento Resposta: “C”
de um arquivo de textos ou de imagens na internet, en-
tre um servidor e um cliente, constituem, em relação ao Comentário:
cliente, respectivamente, um Expressão =MÉDIA(A1:A3)
(A) download e um upload São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
(B) downgrade e um upgrade dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
(C) downfile e um upfile Expressão =MENOR(B1:B3;2)
(D) upgrade e um downgrade Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
(E) upload e um download que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números
em ordem crescente.
Resposta: “E”. Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número,
Comentários: que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números
 Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar; em ordem decrescente.
Upload – Carregar para cima (enviar).
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”) 19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II)

17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)


Assinale a alternativa que contém os nomes dos menus
do programa Microsoft Word XP, em sua configuração
padrão, que, respectivamente, permitem aos usuários:
(I) numerar as páginas do documento, (II) contar as pa-
lavras de um parágrafo e (III) adicionar um cabeçalho
ao texto em edição.
a) Janela, Ferramentas e Inserir.
b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
c) Formatar, Editar e Janela.
d) Arquivo, Exibir e Formatar.
e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.
a) 1
Resposta: “B” b) 2
Comentário: c) 3
• Ação numerar - “INSERIR” d) 4
• Ação contar paginas - “FERRAMENTAS” e) 5
• Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”

232
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: “D” 20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po-


werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode
Comentário: ser feita na guia
Passo 1 a) Geral.
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1 b) Inserir.
c) Animações.
d) Apresentação de slides.
e) Revisão.

Resposta: “E”
Comentário:

Passo 2
que foi propagada pela alça de preenchimento para A2
e A3
21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbi-
to das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.
zzz.br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em
inglês) utilizado para classificar o tipo de instituição, no
exemplo dado acima, é o
a) protocolo.
b) xxx.
c) zzz.
d) yyy.
e) br.

Resposta: “C”
Comentários:
Click na imagem para melhor visualizar a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
Passo 3 c) zzz. o tipo de domínio
Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a d) yyy. subdomínios
propagação, o resultado e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio

22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012)


Analise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua
configuração padrão, exibida na figura.

Assinale a alternativa que contém apenas os indica-


dores de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.

233
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: D
Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais


no lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do do-
cumento não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir
Régua no topo da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no
seletor de tabulação na extremidade esquerda da régua
até que ela exiba o tipo de tabulação que você deseja. Em
seguida, clique na régua no local desejado.
Uma tabulação Direita define a extremidade do texto
à direita. Conforme você digita, o texto é movido para a es-
querda.
Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de
um ponto decimal. Independentemente do numero de dígi-
tos, o ponto decimal ficará na mesma posição.
Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere
uma barra vertical na posição de tabulação.
Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrin-
chadas no exemplo acima (arredondamento, mínimo e so-
23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) matório) em uma única questão. A função ARRED é para
Uma planilha do Microsoft Excel, na sua configuração arredondamento e pertence a mesma família de INT(parte
padrão, possui os seguintes valores nas células: B1=4, inteira) e TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento).
B2=1 e B3=3. A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA A resposta está no item 2 que indica a quantidade de casas
(B1:B3)/3;2,7);2) inserida na célula B5 apresentará o se- decimais. Sendo duas casas decimais, não poderia ser letra
guinte resultado: A, C ou D. A função SOMA efetua a soma das três células
(A) 2 (B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre o menor
(B) 1,66 entre os dois valores informados (2,66666 - dízima periódi-
(C) 2,667 ca - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
(D) 2,7 casas decimais.
(E) 2,67

Resposta: E
Comentário:

234
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Considere a figura que mostra o Windows Explorer 25. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ao
do Microsoft Windows XP, em sua configuração origi-
nal, e responda às questões de números 24 e 25. se clicar em , localizado abaixo do menu Favori

tos, será fechado


(A) o Meu computador.
(B) o Disco Local (C:).
(C) o painel Pastas.
(D) Meus documentos.
(E) o painel de arquivos.

Resposta: C
Comentário:

24. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) O


arquivo zaSetup_en se encontra
(A) no disquete.
(B) no DVD.
(C) em Meus documentos.
(D) no Desktop.
(E) na raiz do disco rígido.

Resposta: E

Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil
para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza-
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta); oculta o painel PASTAS.
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)

235
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Na conversão mencionada, será utilizada a opção


de separar texto com tabulação. Assim, assinale a alter-
01. (SERGIPE GÁS S.A. - ASSISTENTE TÉCNICO AD- nativa com a quantidade de linhas de texto resultante.
MINISTRATIVO - RH – FCC/2013) - Paulo utiliza em seu a) 4.
trabalho o editor de texto Microsoft Word 2010 (em b) 10.
português) para produzir os documentos da empresa. c) 12.
Certo dia Paulo digitou um documento contendo 7 pá- d) 1.
ginas de texto, porém, precisou imprimir apenas as pá- e) 3.
ginas 1, 3, 5, 6 e 7. Para imprimir apenas essas páginas,
Paulo clicou no Menu Arquivo, na opção Imprimir e, na Para converter uma tabela em texto, devemos acionar
divisão Configurações, selecionou a opção Imprimir In- a guia Ferramentas da Tabela, Layout, Converter em Texto.
tervalo Personalizado. Em seguida, no campo Páginas,
digitou 
a) 1,3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
b) 1;3-5;7 e clicou na opção enviar para a Impres-
sora.
c) 1?3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
d) 1+3,5;7 e clicou na opção enviar para a Impres-
sora.
e) 1,3,5;7 e clicou no botão Imprimir.

A questão fala sobre as opções de intervalo de impres-


são que são exibidas quando clicamos na opção Arquivo,
Imprimir.

Converter em Texto

A conversão pode separar o texto por marcas de pará-


grafo, tabulações, ponto-e-vírgula ou outro caractere se-
lecionado pelo usuário e tende a preservar ao máximo a
estrutura do texto, ou seja, se temos 4 linhas na tabela, a
conversão gerará 4 linhas de texto. No entanto, a preserva-
ção da estrutura original da tabela pode não ser garantida
quando a opção marcas de parágrafo for selecionada.
Veja o resultado da conversão da nossa tabela em tex-
to, com a configuração padrão:

Imprimir

Quando desejamos páginas não sequenciais, usamos


vírgula para separar as páginas: 1,3.
Quando há um intervalo de páginas consecutivas, por RESPOSTA: “A”.
exemplo, de5 a 7, podemos separar as páginas apenas por
um traço: 5-7. 03. (PC/SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – VU-
NESP/2013) - Um usuário do MS-Word 2010, em sua
RESPOSTA: “A”. configuração padrão, digitou o seguinte texto em uma
página em branco:
02. (PC/SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – VU-
NESP/2013) - A tabela a seguir será convertida em tex-
to pelo MS-Word 2010, na sua configuração padrão:

Assinale a alternativa que contém somente palavras


com aplicação de efeitos na fonte.
a) Estado e Paulo.
b) Civil, Estado, São e Paulo.
c) Polícia, Estado e Paulo.
d) Polícia, do e de.
e) Civil e São.

236
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os efeitos de fonte são encontrados na guia Página 05. (CODATA - TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO - FI-
Inicial, grupo Fonte, botão mostrar caixa de diálogo Fonte, NANÇAS – FUNCAB/2013) - Considere que o espaça-
conforme figura a seguir: mento entre linhas de um parágrafo num documento
criado no Microsoft Office Word 2007 seja “1,5 linha”.
Isso significa que o espaçamento entre as linhas do pa-
rágrafo é:
a) 1,5 pontos.
b) uma vez e meia maior que o espaçamento de li-
nha simples.
c) uma vez e meia menor que o espaçamento de
Mostrar a caixa de diálogo Fonte linha simples.
d) pelo menos 1,5 pontos.
Feito este caminho, teremos a caixa de diálogo a se- e) até 1,5 pontos.
guir, onde encontramos os efeitos: Tachado, Tachado du-
plo, Sobrescrito, Subscrito, Sombra, Contorno, Relevo, Bai- O espaçamento entre linhas é o espaço vazio que as
xo-relevo, Versalete, Todas em Maiúsculas, Oculto. separa. Quando o espaço é 1,0, significa a maior fonte que
houver na linha poderá ser visualizada adequadamente e
ainda terá um espaço vazio entre ela e a linha de cima.
Quando o espaçamento é 1,5, significa que ele será
uma vez e meia maior que o espaçamento de linha simples.

RESPOSTA: “B”.

06. (PC/SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VU-


NESP/2013) - Assinale a alternativa que contém o tipo
de quebra indicado pelo ícone,  encontrado no
menu Layout da Página do MS-Word 2010.
a) Próxima Página.
b) Página.
c) Quebra Automática de Texto.
d) Coluna.
Fonte e) Contínuo.

Olhando para o texto proposto na questão e compa- A quebra de coluna faz com que um texto, após a que-
rando com as opções de Efeitos, temos que: bra, seja levado para a próxima coluna. Pode ser executada
- Sobrescrito: eleva levemente a palavra selecionada pelo atalho de teclado CTRL+SHIFT+ENTER.
acima da linha do texto.
- Tachado: aplica um traço horizontal no meio da pala- RESPOSTA: “D”.
vra selecionada.
07. (SABESP - ADVOGADO  - FCC/2014) - Marcos
RESPOSTA: “E”. possui o seguinte texto digitado no Microsoft Word
2010, em português:
04. (TELEBRAS - NÍVEL MÉDIO - CONHECIMENTOS
BÁSICOS – CESPE/2013) - Acerca de edição de textos, Nome-Salário
planilhas e apresentações, julgue os itens que se se- Ana Maria–R$1590,00
guem. Paulo César–R$5.460,89
No Microsoft Word, a funcionalidade de inserir nu- Mauro Gomes–R$2.890,78
meração automática é um recurso utilizado para enu-
merar os parágrafos de um texto ou as linhas de uma Deseja utilizar um procedimento para transformar
tabela, de maneira automática e sequencial. o texto acima na tabela:
( ) Certo
( ) Errado

O recurso numeração é encontrado na guia Inserir,


grupo Parágrafo e insere números sequenciais e automáti-
cos a uma lista.

RESPOSTA: “CERTO”.

237
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para isto, selecionou o texto, clicou na guia Inse- 09. (PC/SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP/2014)
rir, selecionou a opção Tabela e clicou na opção ........ . -  Os documentos editados no MS-Word 2010 podem
Na janela que se abriu, no campo Número de colunas ser melhor formatados quando se inserem quebras no
do grupo Tamanho da tabela, selecionou 2. No grupo texto. No caso das quebras de seção, alguns dos tipos
Comportamento de ajuste automático selecionou a op- permitidos são:
ção Ajustar-se automaticamente ao conteúdo. No gru- a) Página, Coluna e Documento.
po Texto separado em, selecionou Outro e digitou no b) Próxima Página, Página Par e Página Ímpar.
campo à direita o valor – (hífen). Para concluir, clicou c) Início do Texto, Fim do Texto e Meio do Texto.
no botão OK. d) Contínuo, Alternado e Aleatório.
Preencher corretamente a lacuna acima: e) Tabela, Caixa de Texto e Quebra Automática.
a) Transformar.
b) Tabelas Rápidas. As quebras podem ser inseridas pela guia Layout da
c) Converter Texto em Tabela. Página, grupo Configurar Página. Os tipos de quebra exis-
d) Desenhar Tabela. tentes são: página, coluna, quebra automática de texto,
e) Ferramenta de Tabela. próxima página, contínuo, página par e página ímpar.

Converter um texto em tabela é possível através do re- RESPOSTA: “B”.


curso “Converter Texto em Tabela”, presente na guia Inserir,
grupo Tabelas. 10. (PC/SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP/2014)
- No MS-Word 2010, na guia Layout da Página, existe o
grupo Configurar Página, onde podem ser visualizados
os seguintes botões:

Os nomes dos recursos relacionados com esses bo-


tões, da esquerda para a direita, são, respectivamente,
a) Mostrar Régua, Reduzir uma Página e Dimensões.
b) Cabeçalho & Rodapé, Zoom Out e 100%.
c) Régua, Próxima Página e Margens.
Converter d) Uma Página, Duas Páginas e Largura da Página.
e) Margens, Orientação e Tamanho.
RESPOSTA: “C”.
Pela figura a seguir, que retrata o caminho proposto
08. (PC/SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP/2014) pela questão, observamos os nomes dos ícones, respecti-
- No MD-Word 2010, por padrão, ao se clicar no botão vamente: Margens, Orientação e Tamanho.
Imagem, acessível por meio da guia Inserir, grupo Ilus-
trações, abre-se:
a) uma janela para que o arquivo de imagem possa
ser selecionado, a partir do computador ou da rede.
b) o aplicativo Paint possibilita a edição de uma
imagem que será transportada do Paint para o Word.
c) a janela de edição no próprio aplicativo, para que
se possa editar uma figura.
d) um menu de figuras geométricas predefinidas,
presentes no computador. Configurar Página
e) uma biblioteca para a escolha de um símbolo
predefinido, presente no computador. RESPOSTA: “E”.

É aberta a janela Inserir Imagem após clicarmos no


botão de comando Imagem, do grupo Ilustrações. Por ela
conseguimos buscar no computador ou em outro disposi-
tivo de armazenamento a imagem desejada.

RESPOSTA: “A”

238
ATUALIDADES

1 Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educa-
ção, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia....................... 01
ATUALIDADES

O MPF reforça ainda que, apesar dos indícios de corrup-


1 TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE ção, não houve movimentação no sentido de afastar Nuzman
DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO SEGURANÇA, e Gryner de suas funções junto ao COB. “Assim, ambos conti-
nuam gerindo os contratos firmados pelo COB, mediante uso
TRANSPORTES, POLÍTICA, ECONOMIA, de dinheiro público além do pleno acesso a documentos e
SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA, informações necessárias à produção probatória”.
TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
INTERNACIONAIS, DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA. TUCANOS QUEREM TIRAR AÉCIO DA PRESIDÊNCIA
DO PARTIDO
Cresceu dentro do PSDB o movimento para forçar a re-
núncia do senador Aécio Neves (MG) da presidência do par-
POLÍTICA tido. Ele está licenciado do cargo desde maio, quando entrou
na mira da delação da JBS. Na ocasião, caciques tucanos es-
TENTATIVA DE OCULTAR DINHEIRO E 16 BARRAS DE peravam a renúncia do político mineiro. Mas ele resistiu.
OURO LEVOU NUZMAN À PRISÃO, DIZ MPF. Agora, com o novo afastamento de Aécio do mandato
DE ACORDO COM INVESTIGAÇÃO, NOS ÚLTIMOS 10 de senador pelo Supremo Tribunal Federal, o partido voltou a
DOS 22 ANOS DE PRESIDÊNCIA DO COB, NUZMAN AM- articular a saída definitiva dele do comando tucano. A percep-
PLIOU SEU PATRIMÔNIO EM 457%, NÃO HAVENDO INDI- ção é que a permanência dele no cargo tem trazido grande
CAÇÃO CLARA DE SEUS RENDIMENTOS. desgaste à imagem da legenda. A pressão é para que ele dei-
A prisão temporária cumprida nesta quinta-feira (5) con- xe a presidência do PSDB ainda em outubro.
tra Carlos Arthur Nuzman teve como um dos motivos a ten- Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
tativa de o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)
ocultar bens, segundo o Ministério Público Federal (MPF). En- DELATOR DIZ QUE CONHECEU SUPOSTO OPERADOR
tre eles, valores em espécie e 16 quilos de ouro que estariam DE PROPINA DE EX-PRESIDENTE DA PETROBRAS.
em um cofre na Suíça. CHEFE DO SETOR DE PROPINAS DA ODEBRECHT DIS-
De acordo com os investigadores da força-tarefa da Lava SE QUE SE ENCONTROU COM HOMEM QUE PEDIU DI-
Jato no Rio, as apreensões na primeira etapa da Operação NHEIRO A ALDEMIR BENDINE.
“Unfair Play”, em 5 de setembro, levaram Nuzman a fazer uma O ex-funcionário da Odebrecht, Fernando Migliaccio,
retificação na declaração de imposto de renda. Segundo o afirmou ao juiz Sérgio Moro que se encontrou mais de uma
MPF, foi uma tentativa de regularizar os bens não declarados. vez com um suposto intermediário de propinas, que seriam
Um dos objetos apreendidos foi uma chave, que estava guar- pagas ao ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine.
dada junto a cartões de agentes de serviços de locação na Suíça. Migliaccio atuava no Setor de Operações Estruturadas,
Segundo o MPF, são indícios de que Nuzman guardou lá o ouro. que era usado pela empreiteira para fazer pagamentos ilíci-
De acordo com o texto do documento de pedido de pri- tos a funcionários públicos e agentes políticos. Ele prestou
são, “ao fazer a retificação da declaração de imposto de renda depoimento em um processo em que Bendine é acusado de
para incluir esses bens, em 20/09/2017, [Nuzman] claramente receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, para ajudar a
atuou para obstruir investigação da ocultação de patrimônio” empresa a fechar contratos com a Petrobras.
e “sequer apontou a origem desse patrimônio, o que indica Em depoimentos anteriores, ex-executivos da Odebrecht
a ilicitude de sua origem”. Com as inclusões destes bens, os confirmaram a história e apresentaram uma planilha com o
investigadores acreditam que os rendimentos declarados são suposto pagamento. No arquivo, consta que o dinheiro foi
insuficientes para justificar a variação patrimonial em 2014. A entregue a alguém com o codinome “Cobra”. Para o Ministé-
omissão, segundo o MPF, seria de no mínimo R$ 1,87 milhões. rio Público Federal (MPF), trata-se de Bendine.
Ainda de acordo com o MPF, nos últimos 10 dos 22 anos No depoimento desta quarta-feira, Moro perguntou a Mi-
de presidência do COB, Nuzman ampliou seu patrimônio em gliaccio se ele conhecia Bendine ou André Gustavo Vieira, o
457%, não havendo indicação clara de seus rendimentos. Um homem que é apontado como o operador da suposta propina.
relatório incluído no pedido de prisão diz ainda que, em 2014, Moro: O senhor conhece o senhor Aldemir Bendine ou o
o patrimônio dobrou, com um acréscimo de R$ 4.276.057,33. senhor André Gustavo Vieira?
“Chama a atenção o fato de que desse valor, R$ 3.851.490,00 Migliaccio: O senhor Aldemir Bendine eu não conheço e o se-
são decorrentes de ações de companhia sediada nas Ilhas Vir- nhor André, eu não sei se é esse o nome, mas eu imagino que sim
gens Britânicas, conhecido paraíso fiscal”, diz o texto. Moro: O senhor pode esclarecer?
O advogado Nélio Machado, que representa Nuzman, Migliaccio: Ele foi à minha sala algumas vezes no escri-
questionou a prisão desta terça: “É uma medida dura e não tório pra saber dos pagamentos
é usual dentro do devido processo legal”. Moro: Desses pagamentos?
Além de Nuzman, foi preso na operação “Unfair Play” Migliaccio: É.
seu braço-direito Leonardo Gryner, diretor de marketing do Moro: O senhor mencionou que esse setor foi desman-
COB e de comunicação e marketing do Comitê Rio-2016. telado, mas esses pagamentos que foram lhe mostrados
Segundo o MPF, as prisões foram necessárias como “garan- [pagamentos ao codinome Cobra] pelo Ministério Público,
tia de ordem pública”, para permitir bloquear o patrimônio, pela procuradora, esse pagamentos foram feitos pelo setor
além de “impedir que ambos continuem atuando, seja cri- de operações estruturadas?
minosamente, seja na interferência” das provas.

1
ATUALIDADES

Migliaccio: Sim. Quer fizer, eu não tenho certeza se todos entre as formas de trabalho para presos, a preferência
eles, mas se está no sistema, que eu não tenho mais domínio, para o trabalho de produção de alimentos dentro do presídio,
nunca mais vi, se está lá é porque foi feito. como forma de melhorar a comida;
Outro lado deverão ser incluídos produtos de higiene entre os itens
Em nota, a defesa de Aldemir Bendine afirmou que ele de assistência material ao preso;
não recebeu qualquer valor. Os advogados de André Gustavo deverá ser informatizado o acompanhamento da execu-
Vieira não foram encontrados para comentar o teor do de- ção penal.
poimento.
Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017 O texto também promove alterações na lei que institui o
sistema nacional de políticas públicas sobre drogas.
SENADO APROVA REFORMA DA LEI DE EXECUÇÃO No ponto sobre consumo pessoal, a proposta estabelece
PENAL; PROJETO VAI À CÂMARA que compete ao Conselho Nacional de Política sobre Drogas,
PROPOSTA FOI ELABORADA POR COMISSÃO DE JU- em conjunto com o Conselho Nacional de Política Criminal e
RISTAS CRIADA PARA DEBATER O TEMA. ENTRE AS MU- Penitenciária, estabelecer os indicadores referenciais de na-
DANÇAS, ESTÁ O ESTABELECIMENTO DE LIMITE MÁXIMO tureza e quantidade da substância apreendida, compatíveis
DE OITO PRESOS POR CELA. com o consumo pessoal.
Cumprimento de pena
Senado aprovou nesta quarta-feira (4) um projeto que A proposta também prevê a possibilidade do cumpri-
promove uma reforma da Lei de Execução Penal. mento de pena privativa de liberdade em estabelecimento
Entre as mudanças previstas na proposta, está a definição administrado por organização da sociedade civil, observadas
de limite máximo de oito presos por cela. A redação em vigor as vedações estabelecidas na legislação, e cumpridos os se-
da lei, que é de 1984, prevê que o condenado “será alojado guintes requisitos:
em cela individual”, situação rara nos presídios brasileiros. Aprovar projeto de execução penal junto ao Tribunal de
Pela proposta, “em casos excepcionais”, serão admitidas Justiça da Unidade da Federação em que exercerá suas ativi-
celas individuais. dades;
A medida também possibilita, como direito do preso, a cadastrar-se junto ao Departamento Penitenciário Nacio-
progressão antecipada de regime no caso de presídio super- nal (Depen);
lotado (veja mais detalhes da proposta abaixo). habilitar-se junto ao órgão do Poder Executivo competen-
O projeto é derivado de uma comissão de juristas criada te da Unidade da Federação em que exercerá suas atividades;
pelo Senado para debater o tema. A proposta segue agora encaminhar, anualmente, ao Depen, relatório de reinci-
para análise da Câmara dos Deputados. dência e demais informações solicitadas;
A comissão trabalhou pautada em seis eixos: submeter-se à prestação de contas junto ao Tribunal de
Humanização da sanção penal; Contas da Unidade da Federação em que desenvolva suas ati-
efetividade do cumprimento da sanção penal; vidades.
ressocialização do sentenciado; Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
desburocratização de procedimentos;
informatização; CONGRESSO PROMULGA EMENDA QUE EXTINGUE
previsibilidade da execução penal. COLIGAÇÕES EM 2020 E CRIA CLÁUSULA DE BARREIRA
Entre os objetivos do projeto, está a tentativa de desin- COM A PROMULGAÇÃO, CLÁUSULA DE DESEMPE-
char o sistema penitenciário no país. Para o relator da pro- NHO ELEITORAL PARA ACESSO DE PARTIDOS A RECUR-
posta, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG),o atual sistema SOS DO FUNDO PARTIDÁRIO E AO TEMPO GRATUITO DE
carcerário não está “estruturado para cumprir a sua missão RÁDIO E TV VALERÁ A PARTIR DAS ELEIÇÕES DE 2018.
legal: ressocializar”. O Congresso Nacional promulgou, em sessão solene
“Trata-se de um sistema [o atual] voltado para o encar- nesta quarta-feira (4), a Emenda Constitucional que cria uma
ceramento e para a contenção antecipada de pessoas, sem cláusula de desempenho, a partir de 2018, para as legendas
julgamento definitivo. Como resultado, cria-se um ambiente terem acesso ao Fundo Partidário e ao tempo gratuito de rá-
propício para as revoltas e as rebeliões”, justificou Anastasia. dio e TV.
Mudanças O texto também prevê o fim das coligações proporcio-
Entre outros pontos, a proposta prevê que: nais, a partir das eleições de 2020.
O trabalho do condenado passa a ser visto como par- A alteração à Constituição foi aprovada nesta terça-feira
te integrante do programa de recuperação do preso, e não (3) pelo Senado. As votações dos dois turnos da proposta na
como benesse, e passa a ser remunerado com base no salário Casa aconteceram em menos de 30 minutos. Na semana pas-
mínimo cheio, não mais com base em 75% do salário mínimo; sada, o texto havia sido aprovado pela Câmara.
estabelecimentos penais serão compostos de espaços re- A classe política tem pressa na aprovação de novas regras
servados para atividades laborais; eleitorais. Isso porque, para valerem em 2018, as modificações
gestores prisionais deverão implementar programas de precisam passar pelo Congresso até a próxima sexta-feira (6),
incentivo ao trabalho do preso, procurando parcerias junto um ano antes das próximas eleições.
às empresas e à Administração Pública Com a promulgação, a cláusula de desempenho eleitoral
deverão ser ampliadas as possibilidades de conversão para acesso de partidos a recursos do Fundo Partidário e ao
da prisão em pena alternativa; tempo gratuito de rádio e TV valerá a partir das eleições
de 2018.

2
ATUALIDADES

A emenda tem origem no Senado, onde foi aprovada em A emenda acaba com as coligações partidárias a partir de
2016. No entanto, durante análise na Câmara, os deputados 2020. Para 2018, continuam valendo as regras atuais, em que
promoveram mudanças e flexibilizaram o texto, o que levou o os partidos podem se juntar em alianças para disputar a eleição
projeto para uma nova análise dos senadores. e somar os tempos de rádio e televisão e podem ser desfeitas
Cláusula de desempenho passado o pleito. As coligações também são levadas em conta na
O texto estabelece a chamada cláusula de desempenho hora da divisão das cadeiras. Hoje, deputados federais e estaduais
nas urnas para a legenda ter acesso ao Fundo Partidário e ao e vereadores são eleitos no modelo proporcional com lista aberta.
tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV. Como tran- É feito um cálculo para a distribuição das vagas com base
sição, até 2030, a cláusula de barreira crescerá gradualmente. nos votos no candidato e no partido ou coligação. São eleitos
Nas eleições posteriores a 2030, o desempenho mínimo exigi- os mais votados nas legendas ou nas coligações.
do seria o mesmo do pleito de 2030. Saiba abaixo os critérios: Federações partidárias
Eleições de 2018 - Os partidos terão de obter, nas elei- Além de abrandar a cláusula de barreira, os deputados
ções para deputado federal, pelo menos 1,5% dos votos vá- excluíram do projeto a possibilidade de partidos com afini-
lidos, distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da dade ideológica se unirem em federações. A medida era uma
federação, com ao menos 1% dos votos válidos em cada uma saída para substituir, em parte, as coligações.
delas; ou ter eleito pelo menos 9 deputados, distribuídos em, Na prática, o fim das federações deverá prejudicar parti-
no mínimo, um terço das unidades da federação. dos pequenos que contam com as alianças com outras legen-
Eleições de 2022 - Os partidos terão de obter, nas eleições das para somar o tempo de rádio e TV e para garantir cadeiras
para a Câmara, pelo menos 2% dos votos válidos, distribuídos na Câmara e nas Assembleias.
em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com ao A proposta era que os partidos com programas afins pu-
menos 1% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter eleito dessem se juntar em federações. As legendas teriam de atuar
pelo menos 11 deputados, distribuídos em, no mínimo, um juntas não apenas durante as eleições, mas como um bloco
terço das unidades da federação. parlamentar durante toda a legislatura.
Eleições de 2026 - Os partidos terão de obter, nas eleições A ideia era garantir maior coesão entre os partidos, já que
para a Câmara, pelo menos 2,5% dos votos válidos, distribuí- atualmente siglas com pouca afinidade formam coligações e
dos em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com as desfazem após as eleições. Desse modo, se juntos atingis-
ao menos 1,5% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter sem as exigências da cláusula de desempenho, não perderiam
eleito pelo menos 13 deputados, distribuídos em, no mínimo, o acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de rádio e TV.
um terço das unidades da federação. Janela partidária
Eleições de 2030 - Os partidos terão de obter, nas eleições Durante análise na Câmara, os deputados também retiraram
para a Câmara, pelo menos 3% dos votos válidos, distribuídos do texto um trecho que acabava com a janela partidária seis meses
em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com ao antes da eleição. Com isso, ficam mantidas as regras atuais em que os
menos 2% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter eleito detentores de mandato eletivo podem mudar de partido no mês de
pelo menos 15 deputados, distribuídos em pelo menos um março do ano eleitoral sem serem punidos com perda do mandato.
terço das unidades da federação. Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
Levantamento feito pelo G1 mostrou que, se as regras
previstas para 2018 estivessem em vigor nas eleições de 2014, GEDDEL, SAUD E FUNARO PROMOVEM BARRACO
14 partidos que hoje possuem acesso ao Fundo Partidário e COM AMEAÇAS DE MORTE NA PAPUDA
ao tempo gratuito de rádio e TV perderiam esses direitos. A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, do operador
Entre os partidos que teriam sido afetados caso a regra Lúcio Funaro e de Ricardo Saud, executivo da JBS, tem provo-
estivesse valendo na eleição de 2014, seis têm atualmente re- cado uma sessão de gritaria no presídio da Papuda, em Brasília,
presentantes na Câmara: PEN, PHS, PRP, PSL, PT do B e Pode- onde estão recolhidos. Segundo relatos, Funaro aguarda o fim
mos (antigo PTN). do banho de sol e antes de voltar para a cela manda aos gritos
Outros oito, que não elegeram deputados em 2014, tam- recado para Saud, preso do outro lado: “Saud, vou te matar”,
bém seriam atingidos: PCB, PCO, PMN, PPL, PRTB, PSDC, PSTU aterroriza o delator que o entregou. Do seu lado “do muro”,
e PTC. Geddel faz coro: “Saud, também vou te matar”. Saud devolve
O levantamento não levou em consideração as legendas as provocações, mas só para Geddel. “Cala boca, seu gordo!”
criadas após 2014 e que têm bancadas na Câmara: Rede e No seu quadrado. Os três estão separados e não se en-
PMB. contram no banho de sol, justamente para evitar que cum-
A proposta atual foi flexibilizada com relação à que foi pram a promessa. Há, inclusive, revezamento entre os advo-
aprovada pelo Senado em 2016. Se prevalecesse a versão gados para que eles não se esbarrem nem no parlatório.
original do texto, 19 partidos seriam barrados. Siglas tradi- Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
cionais, como o PPS e o PC do B, seriam afetadas. Outras, de
criação mais recente, também seriam prejudicadas. É o caso CÂMARA GARANTE FUNDO BILIONÁRIO PARA
de PSOL, PROS e PV. ABASTECER CAMPANHAS EM 2018
A flexibilização da cláusula de barreira foi necessária Em uma sessão tumultuada, a Câmara aprovou na noi-
para que a proposta pudesse ser aprovada na Câmara. te desta quarta-feira, 4, o projeto que cria um fundo pú-
Diante do prazo exíguo, os senadores aceitaram o texto blico bilionário para financiar as campanhas do ano que
modificado pelos deputados para garantir que a cláusula vem. Assim que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
valha em 2018. (DEM-RJ), proclamou o resultado, deputados protestaram
Fim das coligações contra a votação e quase partiram para a agressão física.

3
ATUALIDADES

O texto segue agora para a sanção presidencial. Para que Desde 2016, com as mudanças ocorridas no Poder Execu-
os partidos possam ter acesso ao dinheiro para realizar o pro- tivo, os advogados afirmam que há notícias de que o gover-
cesso eleitoral em 2018, as novas regras têm de ser sanciona- no italiano pretende intensificar as pressões sobre o governo
das pelo presidente Michel Temer até 7 de outubro. brasileiro para obter a extradição.
Apesar de os parlamentares afirmarem que o fundo será O alegado risco levou à impetração do HC 136898, que
de R$ 1,7 bilhão, o texto não estabelece um teto para o valor, teve seguimento negado. Naquele habeas corpus, o ministro
e sim um piso, ao dizer que o fundo será “ao menos equiva- Luiz Fux entendeu que não havia ato concreto de ameaça ou
lente” às duas fontes estabelecidas pelo projeto. restrição ilegal do direito de locomoção que justificasse a con-
A proposta estabelece que pelo menos 30% do valor das cessão da ordem.
emendas de bancadas sejam direcionadas para as campanhas No novo HC, a defesa argumenta que, segundo notícias
eleitorais. A segunda fonte de recursos virá da transferência veiculadas recentemente, há um procedimento sigiloso em
dos valores de compensação fiscal cedidos às emissoras de curso visando à revisão do ato presidencial que negou a ex-
rádio e televisão que transmitem propagandas eleitorais, que tradição em 2010.
serão extintas. O horário eleitoral durante o período de cam- Os advogados também informam que Battisti tem soli-
panha, no entanto, foi mantido. citado certidões e informações ao Ministério Público Fede-
O fundo público para abastecer as campanhas é uma me- ral, Ministério da Justiça, Ministério das Relações Exteriores e
dida alternativa ao financiamento empresarial de campanha, Casa Civil a fim de obter cópias de procedimentos sobre ele,
proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015. mas até o momento nenhuma informação foi prestada. Ou-
No começo da discussão, o Congresso chegou a cogi- tro argumento é a existência de ação civil pública pela qual o
tar um fundo que chegaria a R$ 3,6 bilhões. A articulação foi Ministério Público pretende a declaração da nulidade do ato
encabeçada pelo líder do governo no Senador, Romero Jucá que concedeu visto de permanência a Battisti, e, consequen-
(PMDB-RR), com apoio de partidos da oposição, como o PT, temente, sua deportação.
PDT e PCdoB. O juízo da 20ª Vara Federal do Distrito Federal julgou pro-
. A sessão que aprovou a proposta foi tumultuada. O prin- cedente a ação e determinou a imediata prisão administrativa
cipal protesto dos deputados foi pelo fato de a votação do do italiano, mas a ordem foi suspensa liminarmente pelo Tri-
texto-base do projeto ter sido simbólica. Um dos que prota- bunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Finalmente, ale-
gonizaram a confusão foi o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). gam que Battisti casou-se com uma brasileira e tem um filho
Ele foi à tribuna e classificou como “vergonha” a votação ter que depende econômica e afetivamente dele, o que impede
sido nominal. Para ele, os deputados que apoiam o fundo não a sua expulsão.
quiseram deixar a “digital” na aprovação da medida. Apontando risco iminente e irreversível, a defesa pede a
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 concessão de liminar para obstar eventual extradição, depor-
tação ou expulsão a ser levada a efeito pelo presidente da
PF AUTUA BATTISTI EM FLAGRANTE POR EVASÃO DE República. No mérito, pede-se a confirmação da liminar ou a
DIVISAS E LAVAGEM DE DINHEIRO conversão do HC em reclamação a fim de preservar a auto-
A Polícia Federal indiciou o ativista italiano Cesare Battisti ridade de decisão do STF que reconheceu que a negativa de
por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Battisti foi preso extradição é insindicável pelo Poder Judiciário (RCL 11423),
em flagrante nesta quarta-feira, 4, quando estava tentando determinando-se assim o trancamento da ação civil pública.
atravessar a fronteira para a Bolívia com US$ 6 mil – quantia Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
superior a R$ 10 mil em dinheiro.
Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália sob acusa- FICHA LIMPA ATINGE CONDENADOS ANTES DE 2010,
ção de quatro assassinatos. No último dia de seu segundo man- DECIDE STF
dato, em 2012, o então presidente Lula assinou decreto no qual POR 6 A 5, MINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL FE-
negou ao governo italiano o pedido de extradição do ativista. DERAL NEGARAM RECURSO DO VEREADOR DE NOVA
O italiano não teria declarado o dinheiro. Os federais que- SOURE, NA BAHIA, QUE FOI BARRADO DAS ELEIÇÕES
rem saber o que o ativista pretendia fazer com a quantia no DE 2012 POR UMA CONDENAÇÃO EM 2004, ANTES DA
país vizinho. APROVAÇÃO DA LEI
Após ser detido, segundo a PF, ‘agentes da Delegacia de Por 6 a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta
Corumbá averiguaram a situação em que Battisti se encontra- quarta-feira (4) que o prazo de oito anos de inelegibilidade fixa-
va na região de fronteira’. do pela Lei da Ficha Limpa pode ser aplicado inclusive para can-
Em 27 de setembro, os advogados de Battisti entraram didatos que tenham sido condenados antes da publicação da lei,
com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2010. Com o plenário dividido, coube à presidente da Corte,
para barrar a possibilidade de extradição, deportação ou ex- ministra Cármen Lúcia, desempatar o placar e definir o resultado.
pulsão pelo presidente da República. O relator é o ministro Os ministros ainda definirão nesta quinta-feira (5) se vão
Luiz Fux. Battisti teve sua extradição pedida pela Itália. modular a decisão da Corte, o que poderia limitar o alcance
Em 2011, o Supremo arquivou uma Reclamação ajuiza- do entendimento firmado no julgamento. O relator do caso,
da pelo governo da Itália contra o ato de Lula, e determi- ministro Ricardo Lewandowski, alertou ao final da sessão
nou a soltura do italiano. para o risco de prefeitos, vereadores e deputados atual-
A defesa de Battisti sustenta que, desde então, têm ha- mente no exercício do mandato serem cassados.
vido ‘várias tentativas ilegais’ de remetê-lo para o exterior “Essa matéria foi exaustivamente analisada pelo Tribu-
por meio de outros mecanismos, como a expulsão e a de- nal Superior Eleitoral, prevalecendo esse entendimento (de
portação. retroatividade) de maneira correta”, disse Cármen Lúcia.

4
ATUALIDADES

A Lei da Ficha Limpa prevê que são inelegíveis os candidatos O relator não verificou um dos requisitos para a conces-
condenados por abuso de poder econômico ou político para a elei- são da medida cautelar – a plausibilidade jurídico do pedido
ção na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como (fumus boni iuris).
para as que se realizarem nos oito anos seguintes. A legislação an- As informações foram divulgadas no site do Supremo.
terior previa um prazo de apenas três anos. Em 2011, o STF decidiu Para a defesa de Jatene, o suposto crime apontado pelo
que a Lei da Ficha Limpa valeria apenas a partir das eleições de 2012. Ministério Público Federal ocorreu em setembro de 2002,
“Jamais vi uma situação idêntica em que se coloca em se- portanto, aplicando o prazo prescricional do artigo 109, in-
gundo plano, de forma clara, ostensiva, a segurança jurídica. ciso III, do Código Penal (CP), a extinção da punibilidade teria
A sociedade não pode viver em sobressaltos, muito menos ocorrido em setembro de 2014.
sobressaltos provocados pelo Supremo. Retroação da lei, pra O relator do caso no STJ reconheceu monocraticamente a
mim, é o fim em termos de Estado Democrático de Direito”, prescrição da pretensão punitiva.
disse o ministro Marco Aurélio Mello, que votou nesta quarta- Em exame de agravo regimental, no entanto, a Corte enten-
feira contra a retroatividade da lei. deu que o suposto crime teve continuação em 2003, quando Jate-
“A questão é muito séria, porque inaugura mediante a voz ne, ao assumir o governo, teria repactuado a proposta original para
do Supremo o vale tudo, que não se coaduna com o Estado que o pagamento das vantagens indevidas fosse feito em parcelas.
Democrático de Direito”, concluiu Marco Aurélio. Com isso, o STJ, levando em conta outros aspectos para
A aplicação do prazo de oito anos de inelegibilidade para a definição da prescrição – como a incidência de causa de
políticos condenados antes da publicação da Lei da Ficha Lim- aumento da pena referente a ocupação de função pública -,
pa também foi criticada pelo ministro Gilmar Mendes. afastou a prescrição e manteve a tramitação do processo para
“Quando o legislador concebe mudanças – e são neces- posterior análise do recebimento da denúncia.
sárias mudanças – é óbvio que faz pra frente. ‘Ah, mas nós O ministro Luiz Fux apontou que ‘a matéria de fundo do
queremos atingir fatos passados’. Então rasgue a Constitui- habeas exige uma análise mais detida, pois a pretensão da
ção, porque isso não passa no teste inclusive do ato jurídico defesa impõe a avaliação aprofundada entre os fatos citados
perfeito, da coisa julgada. ‘Ah, mas queremos aplicar o princí- na denúncia e o que foi decidido pelo STJ’.
pio da moralidade’. Isso é direito nazifascista, não tem nada a O ministro lembrou ainda que ‘a concessão de medida
ver conosco, com o nosso sistema”, disse Gilmar. cautelar pressupõe o atendimento concomitante dos requisi-
O plenário do STF se dividiu na questão. Além de Cár- tos do fumus boni iuris e do perigo da demora, não tendo sido
men, votaram pela retroatividade do prazo de inelegibilidade demostrado, de plano, o preenchimento do primeiro requisito’.
os ministros Luiz Fux, Rosa Weber, Edson Fachin, Dias Toffoli Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
e Luís Roberto Barroso. Em sentido contrário se posicionaram
Gilmar, Marco Aurélio, Lewandowski, Alexandre de Moraes e ECONOMIA
o decano da Corte, Celso de Mello. LATAM VENDE SUBSIDIÁRIA DE SERVIÇOS NO CHILE
A discussão girou em torno do caso do ex-vereador Diler- POR US$ 38,4 MILHÕES
mando Fereira Soares contra decisão do Tribunal Superior Elei- OPERAÇÃO VAI RENDER À EMPRESA UM LUCRO DE
toral (TSE) que rejeitou o registro de sua candidatura à reeleição US$ 20 MILHÕES NO BALANÇO DO QUARTO TRIMESTRE
no município de Nova Soure, na Bahia, nas eleições de 2012. DESTE ANO, INFORMOU A COMPANHIA.
Como o caso tem repercussão geral, a tese a ser firmada nesta O grupo aéreo Latam anunciou nesta quinta-feira (5) que
quinta-feira valerá para diversas instâncias em todo o País. assinou acordo de venda de 100% do capital da empresa de
Dilermando foi alvo de condenação judicial que transitou serviços aeroportuários Andes Aiport Services SA, que era
em julgado em 2004. Depois de cumprir o prazo de três anos controlado pela holding, para a Acciona Airport Services SA
de inelegibilidade baseado na legislação anterior, conseguiu por 24,3 bilhões de pesos chilenos (US$ 38,4 milhões).
se eleger vereador em 2008. Em 2012, tentou a reeleição, mas A operação vai render à Latam um lucro de US$ 20 mi-
teve o registro de candidatura impugnado com base no novo lhões no balanço do quarto trimestre deste ano, informou a
prazo de oito anos de impedimento fixado pela Lei da Ficha companhia em comunicado.
Limpa, que já estava em vigor. De acordo com o texto, a Andes Aiport Services SA realiza
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 serviços aeroportuários, como manuseio de bagagens, abas-
tecimento de combustível, limpeza e suprimento de alimen-
FUX NEGA LIMINAR E MANTÉM PROCESSO CONTRA tos e bebidas nas aeronaves.
SIMÃO JATENE POR CORRUPÇÃO Juntamente com a venda, foi assinado acordo por meio
GOVERNADOR DO PARÁ, DENUNCIADO PELO MI- do qual a Andes Aiport Services vai continuar atendendo a
NISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, TENTAVA POR MEIO DE Latam em Santiago por pelo menos cinco anos.
HABEAS CORPUS SUSPENDER AÇÃO EM QUE É ACUSA- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
DO DE RECEBIMENTO DE ‘VANTAGENS INDEVIDAS’ DA
CERVEJARIA CERPA SOB ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO ALTA NAS VENDAS DE CARROS NOVOS NÃO IMPEDE
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, negou AUMENTO DE NEGOCIAÇÃO DE USADOS
liminar no Habeas Corpus (HC) 148138 por meio da qual a PUXADAS PELOS SEMINOVOS, VENDAS DE VEÍ-
defesa do governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), pedia CULOS DE ‘SEGUNDA MÃO’ SOBEM 8,4% DE JANEIRO
para suspender processo no Superior Tribunal de Justiça A SETEMBRO, NA COMPARAÇÃO COM 2016. AS DOS
(STJ) em que foi denunciado pela suposta prática de cor- ZERO QUILÔMETRO ACUMULAM AUMENTO DE 8%.
rupção passiva, pelo suposto recebimento de vantagens O reaquecimento das vendas de carros zero no Brasil não
indevidas da cervejaria Cerpa. impede que a procura pelos usados continue aumentando.

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ATUALIDADES

As negociações desses veículos cresceram 4,7% em se- Para o final de novembro de 2017, quando tipicamente se
tembro, na comparação com 1 ano atrás, de acordo com da- inicia o replecionamento dos reservatórios devido ao aumen-
dos da federação dos distribuidores, a Fenabrave. to das afluências, a expectativa é que os armazenamentos
A entidade considera os registros de transferência de do- equivalentes dos subsistemas Sul, Nordeste e Norte atinjam
cumentos do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). valores inferiores aos verificados em 2014, ano mais crítico do
De janeiro a setembro, foram negociados 7,9 milhões de histórico recente.
automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) usados, um O subsistema Sudeste/Centro-Oeste deve alcançar arma-
volume 8,5% mais alto que o registrado no mesmo período zenamento próximo ao verificado em 2014, segundo o CMSE.
do ano passado. Dessa forma, “o CMSE reiterou a importância de viabiliza-
Já as vendas de carros novos cresceram 7,9% sobre os 9 ção de recursos adicionais de usinas termelétricas que se en-
primeiros meses de 2016, com 1,5 milhão de unidades. contram no momento operacionalmente disponíveis, porém
Base fraca sem combustível”.
O aumento na venda dos zero quilômetro, no entanto, “Assim, o Comitê encaminhará correspondência à Petro-
é em relação a uma base mais fraca que a dos carros usa- bras solicitando gestão da empresa no sentido de viabilizar
dos, que, no ano passado, terminaram com estabilidade sobre o fornecimento de combustível a essas usinas”, disse a nota,
2015, enquanto as vendas de carros novos caíram ainda mais. sem identificar motivos para a falta de combustível.
Segundo a Fenabrave, a cada 4 automóveis zero quilôme- No caso de uma operação térmica da Eletrobras no Norte
tro emplacados em setembro último, 6 usados foram nego- do país, a Petrobras tem sido forçada por decisão judicial a
ciados. A entidade diz que uma média normal é de 1 para 3. fornecer o combustível, uma vez que a estatal do setor elé-
Seminovos lideram trico tem uma dívida bilionária com a petroleira, que tem se
Quando analisada a venda por “idade” dos veículos usa- negado a vender o produto.
dos, os seminovos, como são chamados os que têm até 3 Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
anos rodados, foram os únicos a registrar alta no mês pas-
sado, segundo a Fenauto, federação que também contabiliza BNDES ESPERA DESEMBOLSOS DE R$ 110 BILHÕES A
dados do segmento. R$ 120 BILHÕES EM 2018
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 VALOR REPRESENTA UM CRESCIMENTO DE ATÉ 50% EM
RELAÇÃO AOS R$ 80 BILHÕES PREVISTOS PARA ESTE ANO.
GOVERNO DIZ QUE ABASTECIMENTO DE ELETRICI- Os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento
DADE ESTÁ ASSEGURADO APESAR DE SECA Econômico e Social (BNDES) devem oscilar entre R$ 110 bi-
NO FIM DO PERÍODO SECO, HIDRELÉTRICA DE SO- lhões e R$ 120 bilhões em 2018, um crescimento de até 50%
BRADINHO, NO RIO SÃO FRANCISCO, TERÁ ARMAZENA- em relação aos R$ 80 bilhões previstos para este ano, disse
MENTO ZERO, APONTAM ESTIMATIVAS DO COMITÊ DE nesta quarta-feira (4) o diretor da área financeira da institui-
MONITORAMENTO DO SETOR ELÉTRICO (CMSE) ção, Carlos Thadeu de Freitas.
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) afir- “Hoje, o que puxa a economia ainda é o consumo, apesar
mou nesta quarta-feira (4) que as condições de abastecimen- de restrições, mas no ano que vem será o investimento que
to de energia elétrica no país estão asseguradas, apesar das está num patamar pífio”, disse Freitas em entrevista à Reuters.
previsões de chuvas abaixo da média em grande parte das Neste ano até agosto, os desembolsos do BNDES somam
regiões de hidrelétricas do Brasil e dos níveis críticos dos re- cerca de R$ 45 bilhões, com isso, a expectativa do banco é de
servatórios do Nordeste. uma aceleração nos últimos meses do ano.
Segundo nota do órgão formado por autoridades da O superintendente da área financeira do BNDES, Selmo
área de energia do governo após reunião nesta quarta-feira, Aronovich, afirmou que espera que no último trimestre de 2017
o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou os desembolsos operem em no mínimo R$ 10 bilhões ao mês.
simulações atualizadas de expectativa de armazenamento nas “A média do último trimestre será de pelo menos 10 bilhões de
hidrelétricas Três Marias e Sobradinho ao longo do período reais...Concessões, retomada da economia e juros baixos justifi-
seco, utilizando os piores cenários de afluências verificados cam esse otimismo”, disse o superintendente à Reuters.
no histórico, “que têm se aproximado da realidade vivenciada Segundo Freitas, as consultas de interessados em em-
atualmente”. préstimos do BNDES “estão melhorando razoavelmente bem,
E os resultados apontam para o atingimento dos níveis por isso a expectativa de desembolso para o ano que vem é
de armazenamento, ao final do período seco, em novembro de entre 110 bilhões e 120 bilhões de reais”, afirmou ele citan-
de 2017, de 4,2% na hidrelétrica de Três Marias e de zero para do as Finame e para capital de giro. A expectativa é baseada
Sobradinho, no rio São Francisco. em um crescimento do PIB de 3% a 4% em 2018.
Ainda assim, com a região Nordeste sendo suprida por O diretor da área financeira comentou que o banco deve
outras fontes de energia, como eólica e térmica, o CMSE ava- captar entre 2 bilhões e 3 bilhões de dólares nos mercados
lia que é zero o risco de qualquer déficit de energia em 2017 externos em 2018, como forma de fazer frente a obrigações
para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste. de desembolsos e atender em parte à chamada do governo
Com base nos resultados apresentados pelo ONS para federal para devolver recursos ao Tesouro.
diferentes cenários de período úmido, o CMSE reiterou a “Hoje é possível captar 2 bilhões a 3 bilhões (de dóla-
importância de que sejam adotadas medidas necessárias res) no exterior...Obviamente, o banco vai se voltar a cap-
para preservação dos estoques dos reservatórios das usi- tações externas, que é mais barato, porém não tão barato
nas hidrelétricas do Rio São Francisco, a fim de proporcio- quando o dinheiro que veio do Tesouro Nacional”, disse
nar segurança hídrica para a bacia no próximo ano. Freitas.

6
ATUALIDADES

Ele estimou que em nome da prudência bancária o BN- O rombo cresce há 7 anos e atinge, sobretudo, fundos de
DES precisa ter em caixa, livre e disponível em 2018, 8 por cen- pensão de estatais. Do déficit total, 88% do valor está concen-
to do total das operações ativas, o equivalente a um “caixa pru- trado em apenas 10 planos, segundo a associação.
dencial entre 60 e 70 bilhões” de reais. O banco tinha em caixa O total de participantes ativos nos fundos supera 2,5 mi-
até final de agosto cerca de R$ 170 bilhões, sendo que boa lhões e os assistidos chegam a mais de 735 mil, segundo a
parte dos recursos já estava comprometida em financiamentos. associação.
Mais cedo, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Cas- A Abrapp informou também que os ativos totais do siste-
tro, afirmou durante evento em São Paulo que a devolução ma somavam R$ 808 bilhões em junho. A rentabilidade média
em 2018 de 130 bilhões de reais cobrada do banco pelo go- do setor no primeiro semestre foi de 4,24%, pouco abaixo da
verno “é materialmente improvável”. meta atuarial de 4,44%.
Questionado a respeito das demandas do governo, Frei- A Superintendência Nacional de Previdência Comple-
tas lembrou que como o Brasil mergulhou em crise em 2015 mentar (Previc), vinculada ao Ministério da Fazenda, decretou
e 2016, a demanda por recursos do banco foi fraca e por isso nesta quarta-feira intervenção no fundo de pensão dos fun-
os valores que o BNDES tem a receber nos próximos meses cionários dos Correios, o Postalis, por um prazo de 180 dias.
também será fraca. “Vai haver uma defasagem de uma volta A Abrapp considera que a intervenção no Postalis é uma
fraca e demanda forte. Temos que atentar a isso e o banco exceção dentro do sistema.
tem que ter caixa mínimo”, disse o diretor. “O sistema está conseguindo pagar seus benefícios nor-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 malmente”, disse o presidente da Abrapp, Luis Ricardo Mar-
tins, a jornalistas na abertura do congresso anual da Abrapp.
FUNDO DE PENSÃO DA CAIXA DECIDE VENDER FATIA “Temos um sistema sólido, que paga sem atrasos os direitos
NA ELDORADO dos participantes”.
J&F FECHOU EM SETEMBRO ACORDO DE VENDA DO Para o presidente da Abrapp, o mais importante nesse
CONTROLE DA ELDORADO PARA O GRUPO HOLANDÊS momento é garantir aos participantes do Postalis todos os be-
PAPER EXCELLENCE POR CERCA DE R$ 15 BILHÕES. nefícios a que eles têm direito.
A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Eco- Outro fundo de pensão com alto déficit é o dos funcio-
nômica Federal, anunciou nesta quarta-feira (4) que decidiu nários da Petrobras, o Petros. Em setembro, foi anunciado que
exercer o direito de vender a participação de 8,53% na Eldo- os funcionários da Petrobras terão de pagar parcelas extras
rado Brasil Celulose. Segundo a agência Reuters, o valor da de R$ 236 a R$ 3,6 mil mensais como parte do plano para
operação é avaliado em cerca de R$ 650 milhões. equacionar um rombo de mais de R$ 27 bilhões.
O fundo de pensão innveste na Eldorado por meio de O acordo prevê que a Petrobras deverá gastar R$ 12,8
cotas do fundo de investimento FIP Florestal. bilhões ao longo de 18 anos para equacionar o déficit do Pe-
“A Fundação agora iniciará as negociações do contrato tros. Apenas no primeiro ano, o desembolso previsto para a
de compra e venda de cotas com a Paper Excellence, empresa empresa será de R$ 1,4 bilhão. Já a BR Distribuidora entrará
com sede na Holanda que fez uma oferta para adquirir a fa- com R$ 900 milhões.
bricante de celulose”, informou a Funcef. Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
No dia 2 de setembro, o grupo J&F, holding que controla
a JBS, anunciou que fechou acordo de venda do controle da UBER LIMITA PODER DO EX-PRESIDENTE E ABRE ES-
Eldorado para o grupo holandês Paper Excellence por cerca PAÇO PARA INVESTIMENTO DE GRUPO JAPONÊS
de R$ 15 bilhões. AS ALTERAÇÕES NA POLÍTICA DE GESTÃO APROVA-
A Funcef, assim como a Petros, fundo de pensão dos em- DAS PELA DIRETORIA, QUE DEPENDEM DO INVESTIMEN-
pregados da Petrobras, tinham o direito de exercer sua opção TO DO SOFTBANK, INCLUEM A ELIMINAÇÃO DO ‘SUPER-
de venda na companhia em até 30 dias. VOTO’ DE ALGUMAS AÇÕES, COMO AS CONTROLADAS
Atualmente, a J&F detém 80,98% do capital da Eldorado. POR KALANICK.
A fatia restante pertence a Petros (8,53%), Funcef (8,53%) e FIP O conselho de administração do Uber aprovou em reu-
Olimpia (1,96%). nião nesta terça-feira (3) um plano que reduz a influência do
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 ex-presidente executivo da empresa Travis Kalanick e abre a
porta para um investimento colossal do grupo de telecomu-
DÉFICIT ACUMULADO DE FUNDOS DE PREVIDÊNCIA nicações japonês SoftBank.
COMPLEMENTAR SOBE PARA R$ 77,6 BI, DIZ ABRAPP A proposta adotada pela diretoria do Uber também pro-
PARA O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA mete acabar com os confrontos entre partidários de Kalanick
DAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLE- e investidores que suspeitam que o fundador da empresa
MENTAR, SITUAÇÃO DO POSTALIS É EXCEÇÃO E SISTEMA pretende voltar à direção.
ESTÁ BEM CAPITALIZADO. “Hoje, após dar as boas-vindas aos novos diretores Ursu-
O déficit acumulado dos fundos fechados de previdência com- la Burns e John Thain, a diretoria aprovou, por unanimidade,
plementar subiu para R$ 77,6 bilhões em junho, ante R$ 71,7 bilhões avançar com o investimento do SoftBank e modificar a po-
no fim de 2016, informou nesta quarta-feira (4) a Associação Brasilei- lítica de administração empresarial para fortalecer sua inde-
ra das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). pendência e garantir a igualdade entre todos os acionistas”,
O déficit é a diferença entre o patrimônio de um plano e informou o Uber em e-mail.
seus compromissos com pagamentos atuais e futuros. Segun- “O interesse do SoftBank é um incrível voto de confiança
do o balanço da Abrapp, dos 681 fundos de pensão no país, no negócio do Uber e em seu potencial a longo prazo, e es-
220 apresentam déficit, ao passo que 461 registram superávit. peramos concluir este investimento nas próximas semanas”.

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ATUALIDADES

A previsão é de que o Softbank injete entre US$ 1 bi- PREÇO DA CESTA BÁSICA DE MANAUS REDUZ 0,70%
lhão e US$ 1,25 bilhão na empresa com sede em San Fran- E FICA EM R$ 355,47 EM SETEMBRO
cisco, cujo valor atual é de US$ 69 bilhões, segundo uma COM QUEDA DO VALOR DA CESTA, MANAUS PAS-
fonte ligada ao assunto. SOU A OCUPAR A 14° COLOCAÇÃO NO RANKING DAS
Como medida de investimento secundário, o grupo ja- CESTAS BÁSICAS MAIS CARAS DO PAÍS.
ponês lançaria uma oferta pública para comprar entre 14% O custo da cesta básica de Manaus diminuiu em relação
e 17% das ações em circulação de grandes investidores, ao mês anterior ficando em R$ 355,47, de acordo com pes-
segundo a fonte. quisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística
As alterações na política de gestão aprovadas pela e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com a queda do valor
diretoria, que dependem do investimento do SoftBank, da cesta, Manaus passou a ocupar a 14° colocação no ran-
incluem a eliminação do “super-voto” de algumas ações, king das cestas básicas, dentre as 21 capitais onde, atualmen-
como as controladas por Kalanick, visando limitar a in- te é realizada. Açúcar (-9,60%) foi o produto que apresentou
fluência dos fundadores do Uber. maior queda no mês seguido da farinha (-6,74%).
Também há a exigência de mais de dois terços dos vo- O preço da cesta básica de Manaus, composta por 12 pro-
tos da diretoria para a aprovação de um novo diretor-exe- dutos, teve variação de -0,70% em relação ao mês de agosto. No
cutivo. mês anterior o conjunto de itens alimentícios essenciais custava R$
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 357,97. Em setembro de 2016 a cesta básica custou R$ 401,44 e a
variação acumulada nos últimos doze meses ficou em -11,45%.
LUCRO DA MONSANTO CRESCE 70% NO ANO FIS- Na capital amazonense, sete produtos apresentaram
CAL DE 2017, PARA US$ 2,26 BILHÕES queda e cinco tiveram alta no mês analisado.
COMPANHIA ATRIBUIU MAIORES VENDAS A À Em setembro de 2017, houve predominância de queda
ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS PARA A SOJA NA nos preços do açúcar, da farinha, óleo de soja e tomate. Por
AMÉRICA E AOS PREÇOS GLOBAIS DO MILHO. outro lado, houve aumento da banana, pão e manteiga o que
A norte-americana Monsanto reportou lucro líquido de influenciou na diminuição do custo da Cesta em Manaus.
US$ 2,26 bilhões no ano fiscal de 2017, encerrado em 31 de O açúcar (-9,60%) foi o produto que apresentou maior
agosto, resultado cerca de 70% maior em comparação com queda no mês seguido da farinha (-6,74%), do óleo de soja
US$ 1,33 bilhão registrados em 2016. (-5,28%), do tomate (-4,00%), do feijão (-3,84%), do leite
No resultado trimestral, a companhia reverteu o pre- (-2,33%) e do arroz (-0,61%). A banana (3,40%) foi o produto
juízo líquido de US$ 191 milhões do quarto trimestre fiscal que apresentou maior alta no mês seguido do pão (1,67%), da
do ano passado, em lucro de US$ 20 milhões no mesmo manteiga (1,09%), da carne (1,08%) e do café (0,48%).
período de 2017. Os dados foram divulgados na manhã Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
desta quarta-feira (4) em balanço financeiro da empresa.
O lucro por ação ficou em US$ 5,09 no ano fiscal de QUANTIDADE DE PEDIDOS DE RECUPERAÇÃO JUDI-
2017, superior aos US$ 2,99 obtidos um ano antes. CIAL CAI 58,6% EM SETEMBRO, DIZ SERASA.
De acordo com a Monsanto, este desempenho “deverá COMPARAÇÃO É COM O MESMO MÊS DE 2016; NÚ-
crescer no primeiro trimestre do ano fiscal de 2018”. Para MERO DE FALÊNCIAS TAMBÉM CAIU.
o quarto trimestre, a empresa registrou lucro por ação de O número de empresas que pediram recuperação judicial
US$ 0,05, em comparação com uma perda por ação de US$ caiu 58,6% em setembro ante o mesmo mês do ano passa-
0,44 em 2016. do. Foram 101 requerimentos. Na comparação com agosto, a
A receita do quarto trimestre subiu 4,8%, para US$ 2,69 queda foi de 41,3%.
bilhões, ante US$ 2,56 bilhões em igual intervalo de um Os dados são da Serasa Experian e foram divulgados nes-
antes, enquanto o consenso dos analistas consultados pela ta quarta-feira (4).
FactSet apontava para uma queda a US$ 2,50 bilhões. De acordo com os economistas da instituição, a retomada
A companhia atribuiu os resultados de vendas à ado- do crescimento econômico e a redução da taxa de juros estão
ção de novas tecnologias para a soja na América e os pre- contribuindo para a diminuição dos pedidos de recuperação ju-
ços globais do milho. dicial em 2017, após os níveis recordes atingidos no ano passado.
O Ebit (lucro antes de juros e impostos) ficou em US$ As micro e pequenas empresas foram as que mais preci-
3,26 bilhões no acumulado de 2017, em comparação com saram de intervenção da Justiça nos negócios, com 59 pedi-
US$ 2,41 bilhões registrados no ano fiscal anterior. Na aná- dos em setembro. As médias vieram na sequência, com 26. As
lise trimestral, houve retração de US$ 62 milhões, porém, grandes companhias fizeram 16 pedidos.
inferior à redução de US$ 103 milhões do quarto trimestre No acumulado de janeiro a setembro, foram 1.087 solicita-
de 2016. ções de recuperação judicial, 26,5% menos que no mesmo perío-
Considerando a pendente fusão com a Bayer, que de- do de 2016, quando haviam sido registradas 1.479 ocorrências.
verá ser concluída apenas no início de 2018, a Monsanto Nos primeiros nove meses do ano, as micro e peque-
disse que não forneceria guidance para 2018. No entanto, nas empresas fizeram 632 pedidos, enquanto as médias
um dos segmentos que continuará sendo chave é a tec- requisitaram 292 e as grandes, 163.
nologia Intacta RR2 PROTM para a soja da América do Sul. Falências
O acordo com a Bayer envolve o volume financeiro de Ainda de acordo com o levantamento da Serasa, os pe-
US$ 57 bilhões e deverá criar o maior fornecedor mundial didos de falência caíram 4,3% em setembro na comparação
de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas. anual (178 ante 186). Frente a agosto deste ano, porém, foi
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 registrado aumento de 7,9%.

8
ATUALIDADES

Novamente as micro e pequenas empresas lideraram a A cidade é uma das últimas grandes localidades do Iraque sob
lista, com 99 requerimentos de falência, seguidas pelas gran- controle do EI, depois que os extremistas foram expulsos nos últimos
des empresas, com 40, e pelas médias, com 39. meses de grande parte dos territórios que dominavam desde 2014.
No acumulado do ano até setembro foram contabiliza- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
dos 1.329 pedidos de falência, queda de 5,4% ante o mesmo
período de 2016, quando foram registrados 1.405. CINCO RAZÕES PELAS QUAIS AS LEIS SOBRE ARMAS
Nos primeiros nove meses deste ano, as micro e peque- NÃO MUDAM NOS ESTADOS UNIDOS
nas empresas fizeram 705 pedidos, enquanto as grandes soli- APESAR DE ONDA DE CLAMORES POR MAIOR CON-
citaram 337 e as médias, 287. TROLE DE ARMAS TODA VEZ QUE HÁ UM MASSACRE
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 COMETIDO POR UM ATIRADOR, EM ÂMBITO FEDERAL,
PELO MENOS, QUASE NÃO HOUVE AVANÇO NESSA DI-
INTERNACIONAL REÇÃO EM DÉCADAS.
Se a história soa familiar é porque uma dinâmica parecida
WASHINGTON QUER MIL SOLDADOS ADICIONAIS tem se repetido nos últimos anos toda vez que um novo inciden-
DA OTAN NO AFEGANISTÃO te envolvendo violência armada ganha as manchetes nos EUA.
MINISTROS DA DEFESA DOS 29 PAÍSES DO GRUPO SE Após o massacre em Las Vegas, em que 58 pessoas foram
REUNIRÃO EM NOVEMBRO EM BRUXELAS PARA DEBA- mortas e mais de 500 feridas por um único atirador, ativistas
TER DE FORMA MAIS PRECISA AS SUAS CONTRIBUIÇÕES. novos e antigos foram a público pedir leis que restrinjam a
O governo dos Estados Unidos vai pedir a seus aliados da aquisição e o porte de armas.
Otan que contribuam com mil soldados adicionais para ajudar na Em âmbito federal, pelo menos, os clamores por uma nova
luta contra os talibãs no Afeganistão, afirmou a nova embaixado- legislação não levaram a quase nenhuma ação em décadas,
ra da Washington na Organização do Tratado do Atlântico Norte. apesar de inúmeras pesquisas mostrando apoio público gene-
Kay Bailey Hutchison indicou que os mil soldados das ralizado a medidas como reforço na checagem de antecedentes
forças aliadas se uniriam aos 3.000 militares adicionais ame- e proibição de armas de alto poder letal, como fuzis de assalto.
ricano que seguem para o Afeganistão, como parte da nova Com um índice tão alto de vítimas fatais desta vez, no ata-
estratégia do presidente Donald Trump para o país. que em Las Vegas, talvez a pressão por mudança seja maior. Mas
A embaixadora disse que o pedido americano à Otan - aqui estão cinco grandes obstáculos que existem nesse caminho.
cuja missão contribui para a formação do exército afegão - 1. A Associação Nacional do Rifle
ainda não é definitivo. A Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês) é um
“Nosso objetivo é dizer muito rapidamente, em duas se- dos grupos de interesse mais influentes da política americana -
manas, o que precisamos exatamente”, afirmou. não apenas por causa do dinheiro gasto com lobby, mas também
Os ministros da Defesa dos 29 países da Aliança Atlântica por causa do engajamento de seus cinco milhões de membros.
se reunirão em novembro em Bruxelas para debater de forma A entidade se opõe à maioria das propostas para forta-
mais precisa as suas contribuições. lecer a regulamentação de armas de fogo e está por trás de
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 esforços em âmbitos federal e estadual para reverter várias
restrições a propriedade de armas.
FORÇAS IRAQUIANAS RETOMAM DO ESTADO ISLÂ- Em 2016, a NRA gastou US$ 4 milhões em lobby e con-
MICO O CONTROLE DO CENTRO DE HAWIJA tribuições diretas a políticos, assim como mais de US$ 50
CIDADE ERA ÚLTIMO REDUTO DO GRUPO EXTREMIS- milhões em campanhas políticas, incluindo cerca de US$ 30
TA NO NORTE DO IRAQUE. milhões para eleger o presidente Donald Trump.
As forças iraquianas anunciaram nesta quinta-feira (5) que O orçamento anual global da associação gira em torno de
retomaram o controle do centro Hawija, o último reduto do US$ 250 milhões, distribuídos entre programas educacionais,
grupo extremista Estado Islâmico (EI) no norte do Iraque, e afir- centros ligados ao uso de armas, eventos para associados, pa-
maram que prosseguem em seu “avanço” para libertar a região. trocínios, assessoria legal e esforços afins.
As unidades do exército e da polícia, assim como as for- Mas para além dos números, a NRA tem construído repu-
ças paramilitares de Hashd Al-Shaabi, “libertaram o centro de tação em Washington como uma força política capaz de fazer
Hawija em sua totalidade e continuam seu avanço”, afirma ou derrubar até mesmo os políticos mais fortes.
em um comunicado o general Amir Yarallah, que coordena A associação classifica os políticos de acordo com seus
as operações. votos e aloca seus recursos e os de seus membros - tanto
A vitória na batalha por Hawija, iniciada em 21 de setem- financeiros quanto organizacionais - para apoiar seus defen-
bro, acontece ao mesmo tempo em que as forças iraquianas sores mais ferozes e derrotar adversários.
continuam seus combates em outra frente, no deserto próxi- Como um ex-congressista republicano disse ao jornal “The
mo da fronteira com a Síria. New York Times” em 2013: “Esse foi o único grupo em que eu
Na área ao longo da fronteira síria, os extremistas contro- disse: ‘Enquanto estiver no cargo, não vou me opor à NRA’”.
lam duas localidades: Rawa e Al-Qaim, do outro lado da pro- Será que isso pode mudar?
víncia de Deir Ezzor, na Síria. Em 19 de setembro, as forças ira- Os grupos pró-controle de armas, apoiados por ri-
quianas iniciaram uma ofensiva para reconquistar ambas. cos benfeitores como o ex-prefeito de Nova York Michael
Hawija, a 230 km de Bagdá, é uma cidade sunita de Bloomberg, se tornaram mais organizados nos últimos
mais de 70.000 habitantes que recebeu o apelido de “Kan- anos, tentando igualar o poder político da NRA. Mas en-
dahar do Iraque” pela presença de combatentes extremis- quanto os defensores das armas continuarem a acumular
tas e em referência ao reduto dos talibãs no Afeganistão. vitórias legislativas e eleitorais, eles serão dominantes.

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ATUALIDADES

2. Demografia do Congresso 4. Os tribunais


As tentativas mais recentes de aprovar novas leis federais Com o Congresso mais interessado em reverter as re-
que regulassem as armas de fogo fracassaram antes mesmo gulamentações existentes sobre armas de fogo do que em
de começar, bloqueadas na Câmara dos Deputados dos EUA implantar novas regras, os Estados com tendência mais à es-
- que está nas mãos dos republicanos desde 2011. querda nos Estados Unidos assumiram um papel maior na
Em junho de 2016, um grupo de políticos democratas or- implementação de medidas de controle de armas.
ganizou um ato na Casa para protestar contra a decisão da li- Após o tiroteio na escola em Newtown, 21 Estados apro-
derança republicana de não colocar em votação dois projetos varam novas leis de armas, incluindo a imposição de proibições
de lei sobre o tema. de armas de combate em Connecticut, Maryland e Nova York.
A Câmara tende aos direitos pró-armas pela mesma razão No entanto, algumas dessas leis enfrentaram outra barrei-
que levou o Partido Republicano a dominá-la recentemente - ra - o sistema judicial dos EUA. Nos últimos anos, a Suprema
por causa da forma como os distritos são distribuídos por cada Corte do país decidiu duas vezes que o direito de possuir armas
Estado (através de legislações estaduais), o partido tem conse- pessoais, como pistolas ou revólveres, está na Constituição.
guido mais “assentos seguros” e uma proporção de cadeiras A Segunda Emenda diz que “sendo necessária à segurança
bem maior do que a indicada pelos votos absolutos recebidos. de um estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o
Os representantes desses distritos costumam responder direito das pessoas a manter e portar armas não deve ser violado”.
diretamente à vontade de seus eleitores fiéis - aqueles que Os ativistas por controle de armas argumentam que o
votam em eleições primárias do partido - e que não querem enfoque da cláusula estaria no princípio de criar uma milícia
ser contrariados, principalmente em questões controversas “bem regulamentada”. Em 2008, no entanto, a corte - alta-
como o direito de portar armas. mente dividida - considerou que a Segunda Emenda estabe-
A demografia também desempenha um papel no senti- lece um amplo direito à titularidade de armas de fogo que
mento pró-armas na Casa, já que existem mais distritos rurais proíbe exigências rigorosas de registro de armas pessoais.
com níveis mais altos de posse de armamentos que urbanos. Desde então, instâncias inferiores tem desafiado proibi-
Ou seja: alcançar uma maioria pró-controle nas áreas urbanas ções de armas de combate impostas por Estados, requisitos
é pouco para mudar essa realidade política na Câmara. de registro e proibições de porte de arma em público. Até
A não ser que ocorra uma migração em massa de liberais agora, no entanto, a Suprema Corte declinou de ouvir novos
urbanos sonhando com uma vida no campo, os dados demo- casos ligados ao assunto.
gráficos continuarão como estão. Será que isso pode mudar?
No entanto, têm havido esforços para dar uma represen- O juiz Neil Gorsuch, nomeado por Trump, deixou claro
tação mais justa na distribuição e apontamento de distritos. que vê os direitos da Segunda Emenda de forma ampla. O
Barack Obama fez disso um de seus objetivos pós-presidên- presidente está preenchendo tribunais inferiores com juízes
cia, e a Suprema Corte atualmente está analisando um ques- pró-direitos a armas. Pelo menos nessa questão, o Judiciário
tionamento legal aos distritos legislativos de Wisconsin, que parece estar se movendo para a direita.
dão uma nítida vantagem aos republicanos. Mas não será fácil 5. A diferença de entusiasmo
conseguir alguma mudança expressiva. Talvez o segundo maior obstáculo para novas leis de con-
3. Tática de obstrução trole de armas em âmbito nacional seja que os oponentes
Se um projeto de lei de controle de armas conseguisse sair tendem a manter e defender fortemente suas crenças, en-
da Câmara dos Deputados, ainda enfrentaria um desafio no quanto o apoio à nova regulamentação tende a retroceder e
Senado, onde também pesa a divisão rural-urbana. Os Estados fluir em torno de cada novo caso de violência.
dominados pelos eleitores das grandes cidades, como Nova A estratégia da NRA e dos políticos pró-armas é aguardar
York, Massachusetts ou Califórnia, são superados em número a tempestade passar - e reter esforços legislativos até que a
por Estados rurais e do sul com sentimentos pró-armas. atenção se mova para outra direção e protestos desapareçam.
As regras do Senado também permitem que sejam frus- Os políticos pró-armas oferecem seus pensamentos
trados esforços no sentido de promulgar uma regulamentação e orações, observam momentos de silêncio e pedem que
de armas de fogo mais rigorosa graças a uma tática de obstru- bandeiras sejam hasteadas a meio mastro. Então, durante a
ção conhecida como filibuster - que, em linhas gerais, acaba calmaria, os esforços legislativos são protelados e, em última
fazendo com que um projeto que precisava de maioria simples instância, retirados do caminho.
de 51 votos para ser aprovado acabe precisando de 60 votos. Na segunda-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca,
Em 2013, após o tiroteio em uma escola de Newtown, Con- Sarah Huckabee Sanders, disse a jornalistas que “há tempo e lugar
necticut, parecia que medidas para fortalecer as verificações de para um debate político, mas agora é hora de se unir como país”.
antecedentes de compra de armas contavam com um significa- Trump, em comentários ao sair da Casa Branca para via-
tivo apoio bipartidário no Senado. Após um esforço combinado gem a Porto Rico, disse que “falaremos sobre leis de armas
de lobby da NRA, no entanto, o projeto recebeu apenas 56 votos com o passar do tempo”.
a favor, quatro menos que o necessário para quebrar a obstrução. Será que isso pode mudar?
Nenhuma medida de controle de armas chegou perto De acordo com uma pesquisa realizada durante a cam-
de avançar desde então. panha presidencial de 2016, armas foram uma questão im-
Será que isso pode mudar? portante tanto para democratas quanto para republicanos.
Donald Trump tem defendido o fim dessa obstrução, Isso pode ter sido um reflexo do tiroteio em massa recorde
que vê como obstáculo para a promulgação de sua agenda daquele ano em uma discoteca de Orlando - mas também
legislativa. A maioria dos senadores está, no entanto, publi- uma primeira indicação de uma nova tendência.
camente contra a mudança das regras. Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017

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ATUALIDADES

HOMEM QUE VENDEU ARMAS PARA ATIRADOR Ele prossegue: “Seria como se culpassem o hotel Manda-
DOS EUA SOFRE AMEAÇAS E DIZ QUE NÃO QUERIA ‘MA- lay Bay por alugar um quarto (para ele), ou as autoridades por
CHUCAR NINGUÉM’ nos darem permissão para fornecer a arma - isso obviamente
STEPHEN PADDOCK, AUTOR DO MAIOR MASSACRE DA não foi feito com intenções maldosas.”
HISTÓRIA AMERICANA, FEZ APENAS UMA VISITA À LOJA NO Famiglietti também diz, na nota enviada à reportagem,
INÍCIO DO ANO E COMPROU ‘VÁRIAS ARMAS’; PROPRIETÁ- que ele e seus funcionários vêm sendo alvos de ameaças e
RIO REITERA QUE TODAS AS VENDAS FORAM LEGAIS. difamação desde o massacre.
A loja de armas dirigida por David Famiglietti, que tem “Desde que saiu a notícia de que nós somos uma das vá-
30 e poucos anos e gosta de caçar animais de grande porte, rias lojas onde Paddock comprou armas de fogo nesta área,
fica em uma pequena ilha comercial entre as montanhas e a eu e meus empregados estamos recebendo mensagens de
areia cinzenta do deserto de Nevada, a meia hora de carro do ódio com ameaças, telefonemas e SMSs ameaçadores”, diz.
centro de Las Vegas. “Mesmo sabendo que isso não é o importante neste mo-
Desde o último domingo, quando um de seus clientes mento, pedimos que as pessoas deixem sua raiva onde ela
abriu fogo contra uma multidão de 20 mil pessoas e deixou está em vez de ameaçar e machucar outras pessoas.”
59 mortos e mais de 500 feridos, o movimento da loja, até en- A loja vem recebendo ataques em comentários e avalia-
tão formado por donos de pequenos sítios, militares da reser- ções no Google e em portais especializados. “Ótimo lugar para
va e famílias inteiras de entusiastas de armas pesadas, ganhou se abastecer para um assassinato em massa”, diz um recente.
companhia indigesta: jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas de Por dentro da loja
todo o mundo em busca de informações. A tensão, entretanto, não parece ter abatido as vendas.
Na última terça-feira, a BBC Brasil estava entre os novos Nas duas horas em que a reportagem esteve presente, duas
visitantes da New Frontier Armory. pistolas foram vendidas, além de vários acessórios e materiais
Quando a reportagem se aproximou do balcão, um jo- de proteção.
vem atendente de barba interrompeu uma explicação sobre Atrás do balcão, pai e filho perguntavam sobre um fuzil
as pistolas da vitrine e se adiantou, apontando para uma equi- belga, vendido por US$ 2.549 (R$ 7,9 mil).
pe de chineses que carregavam câmaras com lentes enormes. “Que caro, pai!”, disse o menino. Ambos se interessaram
“Você é um deles?” mais por uma Colt semiautomática (US$ 1059, equivalente a
Antes da resposta, o homem estendeu um papel gasto R$ 3,3 mil).
com o email de Famiglietti, também vice-presidente da Coa- Pelo menos 200 armas ficam em exposição no estabeleci-
lizão de Armas de Fogo de Nevada, ligada a Associação Na- mento, que abre de domingo a domingo.
cional do Rifle - principal grupo lobista pró-armamento dos As prateleiras não têm só armas, silenciadores e munição.
Estados Unidos e doador de US$ 30 milhões para a campanha Também são vendidas camisetas como a que diz “Apo-
de Donald Trump à Presidência. calipse Zumbi - ajudando os vivos a continuarem vivos e os
Do lado de fora, um homem magro na casa dos 60 anos, mortos a continuarem mortos”.
notando a frustração deste repórter, pede um isqueiro e diz Uma série de DVDs da marca “Táticas Vikings, feita de
que “o dono (da loja) está aí, sim, vem todos os dias. Mas não guerreiros para guerreiros” ocupa uma prateleira inteira e en-
quer falar pessoalmente com jornalistas”. sina desde fundamentos básicos para tiros de carabina e rifle,
‘Não era a intenção’ até dicas para acompanhar animais de caça sem ser percebi-
Famiglietti proibiu pessoalmente todos os funcionários e do.
funcionárias de responder a qualquer pergunta da imprensa. No caixa, um recipiente plástico com uma espécie de crâ-
Deu ordem para que informassem a todos que apenas nio guardava chocolates. A reportagem quis provar um e não
ele, o presidente da New Frontier Armory, seria a fonte para conteve o susto ao tirar o bombom: “Bang! Você está morto”,
perguntas sobre o ocorrido. “disse” a caveira.
A reportagem esperou duas horas até que um alerta no ce- Nas paredes, alvos de tiro em formato humano se enfilei-
lular mostrasse uma resposta em formato de nota oficial, na qual ram por 99 centavos de dólar. Um deles, chamado “homem
Famiglietti confirmava que o atirador Stephen Paddock, que se mau”, retrata um homem com cara de poucos amigos apon-
suicidou quando a polícia estava prestes a arrombar seu quarto, tando uma pistola.
havia comprado “várias armas de fogo” ali no início do ano. ‘Armas alteradas’
Ele fez apenas uma visita à New Frontier Armory. Após receber a nota oficial, a reportagem retornou o
O texto também ressaltava que todos os requisitos locais, email de Famiglietti de dentro da loja, perguntando se pode-
estaduais e federais haviam sido preenchidos pelo atirador, e ria tirar mais algumas dúvidas.
apontava que, desde o evento, a loja vinha colaborando “de “Responderei com prazer”, respondeu o proprietário em
todas as maneiras possíveis” com as investigações do FBI. poucos minutos.
As respostas técnicas satisfizeram boa parte da impren- As novas perguntas se referiam a um eventual “estigma”,
sa americana, que vem repetindo as aspas de Famiglietti à destacado por veículos de imprensa americanos, que defen-
exaustão. sores do armamento estariam enfrentando após o maior as-
Mas os jornais acabaram deixando de lado trechos sassinato em massa da história do país.
mais pessoais do texto. Após o episódio, políticos do partido Democrata vêm
“Não vendemos estas armas com a intenção de que pressionando o governo por leis federais mais exigentes
ele pudesse machucar alguém de qualquer maneira, caso no controle de vendas de armas e acessórios - algo que o
se prove que ele usou essas armas específicas neste crime presidente Trump voltou a se recusar a comentar em visita
terrível”, diz o proprietário. rápida a Las Vegas na terça-feira.

11
ATUALIDADES

A BBC Brasil também perguntou qual era o perfil dos Trump se reuniu ainda com policiais, membros de equi-
clientes da loja e se há planos de mudanças ou reforços nas pes de emergência e cidadãos civis que ajudaram a socorrer
verificações feitas sobre quem pretende comprar armamento. vítimas no domingo, a quem também elogiou. “Vocês mos-
As respostas, até a publicação desta reportagem, não ha- traram ao mundo e o mundo está assistindo, e vocês mostra-
viam chegado. ram o que é profissionalismo”.
Na única nota enviada, o dono da loja também afirmou Na sede da Polícia Metropolitana de Las Vegas, ele fez
que as armas vendidas ao atirador “não saíram do estabele- uma declaração à imprensa, na qual disse que “os EUA são
cimento com a capacidade de fazer o que vimos e ouvimos, verdadeiramente um país em luto”.
sem modificações”. “Não podemos ser definidor pelo mal que nos ameaça
“Não eram armas completamente automáticas e não ha- ou pela violência que incita esse terror. Somos definidos por
viam (sido) modificadas de nenhuma forma (legal ou ilegal) nosso amor, nosso cuidado e nossa coragem”, afirmou.
quando compradas de nós.” O chefe de Estado americano classificou o massacre
Desde que o Congresso americano aprovou a Lei de Pro- como “ato de pura maldade” no primeiro pronunciamento
teção dos Proprietários de Armas de Fogo, em 1986, o acesso que fez após um atirador atingir a multidão. Nesse primeiro
de civis a armas novas e totalmente automáticas se tornou discurso, Trump não fez nenhuma referência a um aumento
extremamente restrito. no controle na venda de armas. Desde a campanha eleitoral
Milhares de armas consideradas “de direito adquirido” de 2016, ele está alinhado com a postura da Associação Na-
- fabricadas e registradas antes de 1986 - ainda podem ser cional de Rifles (NRA).
compradas, mas por preços bastante altos e com necessida- Nesta quarta, questionado por jornalistas, Trump voltou a
de de aprovação pelo Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de evitar a discussão sobre controle de armas e disse mais uma
Fogo e Explosivos do governo americano, em Washington. vez que este não é o momento apropriado para discutir a
A polícia americana diz que o atirador usou um acessório questão.
legal em 12 de seus rifles semiautomáticos para que eles pu- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
dessem disparar centenas de rodadas por minuto.
Os dispositivos foram encontrados no quarto de Paddock GÁS SARIN É ENCONTRADO NAS ROUPAS DAS ACU-
no hotel Mandalay Bay - junto a um total de 23 armas de fogo. SADAS PELA MORTE DO IRMÃO DE KIM JONG-UN
Os “bump-stocks”, ou adaptadores deslizantes de fogo”, KIM JONG-NAM MORREU 20 MINUTOS DEPOIS DE
permitem que os rifles semiautomáticos disparem a uma ve- SER ATINGIDO NO ROSTO PELO AGENTE NEUROTÓXICO
locidade semelhante à de uma metralhadora - e podem ser VX, UM TIPO ALTAMENTE LETAL DO GÁS SARIN.
comprados sem as checagens exigidas para a compra de ar-
mas automáticas. Vestígios de um tipo altamente letal do gás sarin, o agen-
De acordo com o site de vendas online da loja, o produto te neurotóxico VX, foram encontrados nas roupas das duas
não é comercializado pela New Frontier Armory. acusadas pelo assassinato na Malásia do meio-irmão do líder
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 norte-coreano, afirmou um químico durante o julgamento.
Esta é a 1ª prova que vincula diretamente as duas mu-
TRUMP VISITA SOBREVIVENTES DE MASSACRE DE lheres ao agente neurotóxico VX, considerado uma arma de
LAS VEGAS destruição em massa.
ATIRADOR MATOU 58 PESSOAS E DEIXOU MAIS DE No dia 13 de fevereiro, Kim Jong-Nam, meio-irmão do
500 FERIDAS DURANTE FESTIVAL DE MÚSICA COUNTRY líder norte-coreano Kim Jong-Un, morreu 20 minutos depois
NO DOMINGO (2).’EUA SÃO VERDADEIRAMENTE UM de ser atingido no rosto por este produto quando estava no
PAÍS EM LUTO’, DISSE PRESIDENTE, QUE ELOGIOU MÉ- aeroporto internacional de Kuala Lumpur.
DICOS E POLICIAIS E TEVE ENCONTRO PRIVADO DE 90 A indonésia Siti Aisyah e a vietnamita Thi Huong, acusa-
MINUTOS COM VÍTIMAS. das pelo crime, estão sendo julgadas desde segunda-feira na
Alta Corte de Shah Alam, subúrbio de Kuala Lumpur, onde fica
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esteve o aeroporto.
nesta quarta-feira (4) em Las Vegas para se encontrar com “Encontramos VX na camisa sem mangas de Siti Aisyah”,
sobreviventes do maior ataque a tiros da história dos Estados declarou o químico Raja Subramaniam durante seu depoi-
Unidos. Um atirador matou 58 pessoas e deixou mais de 500 mento nesta quinta-feira como testemunha.
feridas durante um festival de música country no domingo (2). A camisa usada por Huong tinha VX em estado puro e
Acompanhado da primeira-dama, Melania, o presidente uma substância usada para fabricar veneno. Também havia
visitou um hospital para conversar com vítimas e médicos que vestígios de veneno em suas unhas, completou.
trabalharam no atendimento às vítimas. O casal passou 90 mi- As imagens das câmeras de segurança do aeroporto
nutos em um encontro privado com as vítimas e suas famílias, mostram o momento em que as duas mulheres se aproxima-
sem cobertura da imprensa. ram de Kim antes de jogar o líquido em seu rosto.
Ainda no hospital presidente cumprimentou médicos e As duas foram detidas pouco depois do assassinato e po-
responsáveis pelo primeiro atendimento no dia do ataque dem ser condenadas à pena de morte.
e agradeceu ao trabalho deles. Trump disse que conheceu Na abertura do julgamento, na segunda-feira, as duas se
“algumas das pessoas mais incríveis” e convidou alguns declararam inocentes. Ao longo da investigação, elas nega-
dos profissionais a visitá-lo em Washington. “É de deixar ram que desejavam cometer um assassinato e afirmaram
qualquer um muito orgulhoso por ser americano quando que foram enganadas, que acreditavam estar participando
vemos o trabalho que eles fizeram”, comentou. de um programa de televisão do tipo “pegadinha”.

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ATUALIDADES

Os advogados de defesa afirmam que os culpados são Os dirigentes catalães garantem que venceram o referen-
norte-coreanos que fugiram da Malásia. do com 90% dos votos – 2,02 milhões de apoios sobre um
A Coreia do Sul acusa o Norte de ter organizado o as- censo de 5,3 milhões de eleitores – e agora querem decla-
sassinato, o que Pyongyang nega. Kim Jong-Nam criticava o rar a independência de maneira unilateral. O governo catalão
regime norte-coreano e vivia no exílio. liderado por Carles Puigdemont parece disposto a declarar
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 unilateralmente a independência, o que poderia acontecer já
na próxima segunda-feira (9), durante uma sessão do Parla-
APÓS PRISÃO NO BRASIL, ITÁLIA NEGOCIA EXTRA- mento regional, de acordo com uma fonte do governo.
DIÇÃO DE BATTISTI “No último domingo conseguimos fazer um referendo
CESARE BATTISTI FOI PRESO NESTA QUARTA EM CO- diante de um oceano de dificuldades e de uma repressão sem
RUMBÁ. ELE FOI CONDENADO À PRISÃO PERPÉTUA NA precedentes. Ontem demos um exemplo no respeito à greve-
ITÁLIA. geral. E nos próximos dias voltaremos a mostrar a melhor cara
do nosso país quando as instituições da Catalunha terão que
O governo italiano confirmou, sua vontade de obter do aplicar o resultado do referendo”, disse o presidente catalão.
Brasil a extradição do ex-militante de extrema-esquerda Ce- Centenas de policiais intervieram em centros de votação,
sare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália e detido utilizando cassetetes para dispersar os militantes concentra-
ontem na fronteira brasileira com a Bolívia. dos na frente desses espaços para protegê-los e conseguir
Battisti foi preso nesta quarta em Corumbá, cidade fron- realizar a votação. Mais de 800 pessoas ficaram feridas. O go-
teiriça com a Bolívia, levando mais de R$ 10 mil em dinheiro verno espanhol considera o referendo ilegal, alegando que a
sem declarar à Polícia Federal. É suspeito de cometer crime Constituição declara que o país é indivisível.
de evasão de divisas. Durante seu pronunciamento, Puigdemont criticou o rei
“Hoje trabalhamos com o embaixador (italiano no Brasil, Filipe VI, que em seu discuso “ignorou as pessoas que foram
Antonio) Bernardini para trazer Battisti para a Itália e entregá vítimas de violência policial”.
-lo à Justiça. Continuamos trabalhando com as autoridades “O rei faz dele o discurso e as políticas do governo de Ma-
brasileiras”, declarou o ministro italiano das Relações Exterio- riano Rajoy, que têm sido catastróficos em relação à Catalu-
res, Angelino Alfano. nha, e ignora deliberadamente a milhões de catalães que não
Ex-integrante do grupo Proletários Armados pelo Co- pensamos como eles”, afirmou o presidente catalão, dizendo
munismo, Battisti, hoje com 62 anos, foi condenado à prisão que “não podemos compartilhar nem aceitar” a mensagem
perpétua na Itália por quatro homicídios ocorridos na década do rei.
de 1970 e fugiu para o Brasil em 2004, onde viveu na clandes- Nesta terça, o rei criticou a conduta dos líderes catalães,
tinidade. Foi detido no Rio de Janeiro em 2007. dizendo que eles violaram as leis do Estado espanhol e de-
Dois anos depois, a pedido do país europeu, o Suprema monstraram uma “deslealdade inadmissível”.
Tribunal Federal autorizou sua extradição, que foi negada em A Espanha vive uma de suas piores crises políticas dos
2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. últimos 40 anos, desde que o executivo separatista catalão
Desde 2007, Battisti ficou detido por quatro anos antes decidiu organizar este referendo de autodeterminação apesar
de ser posto em liberdade em junho de 2011. de sua proibição.
O último pedido de extradição por parte da Itália foi em Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
25 de setembro e, segundo a imprensa italiana, o presiden-
te Michel Temer teria-se mostrado favorável, o que pode ter UNIÃO EUROPEIA PEDE DIÁLOGO NA CATALUNHA,
motivado a “tentativa de fuga” de Battisti para a Bolívia. MAS DEFENDE MADRI
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 ‘CHEGOU O MOMENTO DE ENCONTRAR UMA SAÍDA
PARA O BECO SEM SAÍDA’, DIZ AUTORIDADE EUROPEIA.
PRESIDENTE DA CATALUNHA PEDE MEDIAÇÃO PARA DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DA CATALUNHA
RESOLVER CRISE COM GOVERNO ESPANHOL PODE SER FEITA NA PRÓXIMA SEGUNDA, SEGUNDO
CARLES PUIGDEMONT CONTINUA DEFENDENDO FONTE.
APLICAÇÃO DE REFERENDO INDEPENDENTISTA. GO-
VERNO CATALÃO DEVE DECLARAR INDEPENDÊNCIA NA A Eurocâmara pediu “diálogo”, nesta quarta-feira (4),
PRÓXIMA SEGUNDA, DIZ FONTE. diante da crise aberta na Espanha com o referendo de inde-
pendência na Catalunha, ao mesmo tempo em que a Comis-
O presidente do governo da Catalunha, Carles Puigde- são Europeia justificou o uso da força em alguns momentos
mont, afirmou nesta quarta-feira (4) que a crise envolvendo para garantir “a supremacia do Direito”.
esta região autônoma e o governo espanhol precisa de uma Os eurodeputados dos principais grupos também pedi-
mediação, sem voltar atrás na sua defesa pela aplicação do ram às autoridades da Catalunha que evitem uma declaração
resultado do referendo independentista do último domingo. unilateral de independência, cuja adoção, segundo o porta-
“Este momento precisa de mediação. Recebemos inúme- voz dos social-democratas Gianni Pittella “colocaria mais le-
ras propostas nas últimas horas e vamos receber mais. Todas nha na fogueira”.
elas sabem que estou pronto para iniciar um processo de No entanto, o governo catalão liderado por Carles
mediação”, afirmou. “Vou repetir quantas vezes for neces- Puigdemont parece disposto a declarar unilateralmente a
sário: diálogo e acordo são parte da cultura política do nos- independência, o que poderia acontecer já na próxima se-
so povo. No entanto, o Estado não deu nenhuma resposta gunda-feira (9), durante uma sessão do Parlamento regio-
positiva a essas ofertas”, acrescentou. nal, de acordo com uma fonte do governo.

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ATUALIDADES

“Chegou o momento de dialogar, de encontrar uma O G1 não conseguiu localizar o advogado Eduardo Sia-
saída para o beco sem saída, de trabalhar dentro da ordem no, que defende Talita, para comentar a decisão liminar do
constitucional da Espanha”, declarou em nome da Comissão desembargador Newton Neves, da 16ª Câmara de Direito
seu vice-presidente, Frans Timmermans, durante um debate Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, que na últi-
convocado pela Eurocâmara sobre a situação na Catalunha, ma terça-feira (3) negou o habeas corpus em caráter liminar
após a resposta policial de Madri para impedir a celebração feito pela defesa da motorista.
do referendo do último domingo (1º). Siano havia pedido para o TJ reverter a tipificação cri-
As imagens da atuação policial no domingo na Catalu- minal de homicídio doloso para homicídio culposo, no qual
nha, com apreensão de urnas e agressões contra pessoas que não há intenção de matar, e, desse modo, soltasse sua cliente
desejavam votar no referendo de independência considerado para que ela respondesse ao processo em liberdade.
ilegal, obrigaram a UE a fazer um pronunciamento além de Assumiu risco
sua habitual resposta de considerar a situação um “assunto O desembargador não atendeu à solicitação da defesa,
interno” da Espanha. lembrando que, segundo a polícia, Talita “após ter ingerido
Timmermans, autoridade europeia sobre o Estado de Di- bebida alcoólica e mesmo assim ter dirigido veículo automo-
reito e a Carta de Direitos Fundamentais, afirmou que “a vio- tor por uma via tão perigosa, ter assumido o risco de causar
lência não resolve nada na política”, mas destacou que “todos um acidente com vítima fatal”. O mérito do pedido ainda será
os governos têm que respeitar a supremacia do Direito e isto julgado futuramente por outros desembargadores do TJ.
exige, às vezes, um uso proporcional da força”. Foi a terceira derrota da defesa de Talita na Justiça. A
‘Consenso’ primeira havia sido na audiência de custódia do último do-
“Há um consenso geral de que o governo regional da Cata- mingo (1º), quando a juíza Carolina Nabarro Munhoz Rossi,
lunha optou por ignorar a lei ao organizar o referendo celebrado do Fórum da Barra Funda, Zona Oeste, converteu a prisão
no domingo passado”, o qual havia sido proibido pela Justiça es- em flagrante da motorista em prisão preventiva para que ela
panhola, completou o vice-presidente da Comissão, para quem fique detida até seu eventual julgamento.
a União Europeia é uma “comunidade baseada no Direito”. Dias depois disso, o juiz Luis Gustavo Esteves Ferreira, da
Timmermans evitou responder, durante o discurso, os 5ª Vara do Júri, também no Fórum da Barra Funda, negou o
pedidos das autoridades catalãs por uma “mediação interna- pedido do advogado de Talita para anular a prisão preventiva
cional”, reiterando a demanda da UE “a todos os atores perti- determinada pela juíza da audiência de custódia.
nentes a avançar para passar do confronto ao diálogo”. “Os delitos, em tese, imputados à indiciada, além de
“Isto é um assunto interno da Espanha, que deve ser re- ostentarem gravidade acentuada, geram inequívoca intran-
solvido com base no âmbito constitucional espanhol”, reite- quilidade social, já que, a despeito das inúmeras campanhas
rou o vice-presidente da Comissão, que reproduz, assim, os públicas educativas, infelizmente, tem-se tornado fato corri-
principais argumentos do governo espanhol do primeiro-mi- queiro mortes no trânsito por conta da nefasta combinação
nistro conservador Mariano Rajoy. entre álcool, condução de veículo automotor, excesso de ve-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 locidade e impunidade, motivos que, por si sós, já reclamam
diferenciado rigor na imposição das medidas cautelares, de
VIOLÊNCIA modo a assegurar o primado da lei e a garantia da ordem
pública”, havia escrito.
JUSTIÇA NEGA LIBERDADE E MANTÉM PRISÃO DE O teste de bafômetro feito logo depois do acidente
MOTORISTA QUE MATOU 3 NA MARGINAL TIETÊ apontou que a motorista tinha 0,48 miligrama de álcool por
TJ NEGOU NESTA SEMANA HABEAS CORPUS FEITO litro de ar em seu organismo. Segundo o artigo 306 do Códi-
PELA DEFESA DE TALITA TAMASHIRO, QUE EM 30 DE SE- go Brasileiro de Trânsito, dirigir sob influência de álcool acima
TEMBRO ATROPELOU E MATOU VÍTIMAS QUANDO DIRI- de 0,34 miligrama dá de seis meses a 3 anos de prisão, além
GIA EMBRIAGADA, AO CELULAR E COM CNH SUSPENSA. da suspensão da habilitação.
Talita já estava com a carteira suspensa desde junho des-
A Justiça de São Paulo negou nesta semana o pedido de te ano por ter atingido 36 pontos (o limite é 20). Ela está
liberdade feito pela defesa da motorista que atropelou e ma- presa atualmente na Penitenciária Feminina de Tremembé,
tou três pessoas na Marginal Tietê. Talita Sayuri Tamashiro, de interior do estado.
28 anos, foi presa em flagrante no último dia 30 de setembro Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
por homicídio doloso - quando há intenção ou se assume o
risco de matar - e embriaguez ao volante. SUSPEITO DE ABUSAR SEXUALMENTE DE ENTEADA
Na madrugada daquele sábado, Talita saiu embriagada É PRESO EM ITUIUTABA
da balada Villa Mix, na Vila Olímpia, Zona Sul da capital, pe- SEGUNDO A POLÍCIA CIVIL, INVESTIGAÇÕES APU-
gou seu Honda Fit verde, mesmo com a carteira de habilita- RAM SE ATOS DE VIOLÊNCIA SERIAM COMETIDOS CON-
ção suspensa, e dirigiu o veículo enquanto usava o celular. TRA MENINA DESDE QUE ELA TINHA 6 ANOS DE IDADE.
Na sequência, ela bateu o veículo em uma BMW preta,
estacionada no acostamento da via expressa, altura da Ponte Um homem de 44 anos foi preso nesta quarta-feira (4)
dos Remédios da marginal, sentido Rodovia Ayrton Sen- sob suspeita de abusar sexualmente da enteada de 11 anos
na. Na colisão, atropelou o fisioterapeuta Raul Fernando em Ituiutaba. De acordo com a Polícia Civil, um inquérito
Nantes Antonio, de 48, a auxiliar administrativa Aline Jesus sobre o caso foi aberto no dia 29 de setembro, depois que
Souza, 28, e a gerente de estacionamento Vanessa Lopes a criança relatou para um funcionário da escola onde es-
Relva, também de 28. O trio morreu no local. tuda que sofria violência sexual desde os 6 anos de idade.

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ATUALIDADES

Ainda segundo a polícia, o relato da criança foi passa- SEGURANÇA DE CRECHE EM JANAÚBA ATEIA FOGO
do para o Conselho Tutelar, que encaminhou a denúncia para EM CRIANÇAS DEIXANDO MORTOS E FERIDOS
a Delegacia de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Idoso. ELE TAMBÉM ATEOU FOGO NELE
No Posto Médico Legal, o exame de corpo de delito confir- Pelo menos três crianças morreram queimadas em uma
mou que a menina teve relações sexuais. creche em Janaúba, no Norte de Minas, na manhã desta quin-
A delegada Daniela Diniz Medeiros, que está à frente do ta-feira (5). Segundo as primeiras informações da Polícia Mi-
caso, disse que testemunhas já começaram a ser ouvidas e as litar, o guarda da creche ateou fogo em algumas crianças e
investigações apontam que a criança era abusada pelo pa- em seu próprio corpo. Ainda não há informações sobre o seu
drasto há cerca de cinco anos. Conforme relato da enteada, o estado de saúde.
homem aproveitava os momentos em que a mãe da criança O Samu foi acionado e está no local. O número de feridos
saía para trabalhar para cometer o abuso. ainda não foi divulgado, mas segundo o Samu, várias crianças
O suspeito do crime foi encaminhado para o presídio. sofreram queimaduras.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017

JUSTIÇA DECRETA PRISÃO DE PROFESSOR SUSPEITO MORADORES FIXAM PLACA EM RUA PARA AVISAR
DE ABUSAR DE ALUNAS NO MARANHÃO SOBRE ALTO ÍNDICE DE ASSALTOS EM CARUARU
O PROFESSOR COSTUMAVA ACARICIAR AS ALUNAS, RUA ESTÁ LOCALIZADA NO BAIRRO PETRÓPOLIS, EM
ALÉM DE PEDIR QUE ELAS LHE FIZESSEM MASSAGENS, CARUARU. PADRE JÁ FOI ASSALTADO NO LOCAL.
SOB PENA DE SEREM SUSPENSAS DA SALA DE AULA Moradores da rua Visconde de Cairú fixaram placas para
CASO RECUSASSEM. avisar sobre o alto índice de assaltos no local. A rua está locali-
zada no Bairro Petrópolis, em Caruaru, Agreste de Pernambu-
Justiça decretou, na última segunda-feira (2), a prisão co, e fica próxima a uma faculdade, colégio particular, e uma
temporária de um professor de Bom Jardim (MA) após de- escola pública do município.
núncias de que ele estaria abusando sexualmente de alunas Perto da rua ainda há um hotel e um posto de combustí-
de uma escola municipal. veis. A dona de casa Sônia Cavalcante foi uma das moradoras
A Denúncia, assinada pelo promotor de justiça Fábio San- que teve a iniciativa de colocar as placas no local.
tos de Oliveira, enquadra as condutas praticadas por Jânio de “A insegurança está grande. Teve um dia que perto das
Abreu como estupro de vulnerável, assédio sexual, ato obsce- 12h levaram o carro de um vizinho. Eu já fui abordada por
no. Além disso, o professor transmitiu vídeos e fotos contendo assaltantes na frente da minha casa. Eles estavam armados e
cenas de sexo com crianças e adolescentes, e armazenou em eu saí correndo. Na minha casa tem câmeras de segurança e
seu celular pornografia envolvendo criança ou adolescente. eu sempre denuncio esse tipo de crime”, detalhou.
No pedido de prisão preventiva, o promotor afirma que Segundo Sônia, até o padre da paróquia do bairro foi víti-
o denunciado representa perigo para a sociedade, podendo ma de assalto. “Nós queremos alertar para essa falta de segu-
continuar com as práticas. “Trata-se verdadeiramente de um rança. Depois das denúncias, vejo que o carro da polícia tem
pedófilo, que certamente continuará a estuprar, praticar ato passado mais vezes na rua”, contou a dona de casa.
libidinoso, assediar, constranger outras crianças e adolescen- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
tes, ainda que não sejam elas suas alunas em sala de aula”,
ressalta. MEIO AMBIENTE
O professor costumava acariciar as alunas, além de pedir
que elas lhe fizessem massagens, sob pena de serem suspen- ONG DIZ QUE ANIMAIS DA AMAZÔNIA SOFREM
sas da sala de aula caso recusassem. Além disso, ele fazia ges- COM SELFIES DE TURISTAS
tos obscenos e mostrava vídeos pornográficos aos alunos no BOTO-COR-DE-ROSA É PRINCIPAL ANIMAL OFERECIDO
espaço de aprendizagem. POR AGÊNCIAS PARA INTERAÇÃO COM OS VISITANTES.
Além da prisão preventiva, o juiz Raphael Leite Guedes Os animais da Amazônia sofrem com a atividade turística
também atendeu ao pedido do Ministério Público para que na região, que em muitos casos submete espécies como o
o telefone celular de Jânio Silva de Abreu seja periciado em boto-cor-de-rosa e o bicho-preguiça a longas sessões de fo-
busca de fotografias, vídeos e conversas que comprovem os tos, alertam ativistas da ONG World Animal Protection.
crimes praticados pelo professor. O magistrado determinou A organização, com sede na Inglaterra, publicou esta sema-
que o aparelho seja encaminhado à Polícia Civil, que deverá na um relatório em que afirma que desde 2014 as fotos de pes-
apresentar um laudo pericial no prazo de 20 dias. soas com animais no Instagram aumentaram 292% no mundo
Penas todo. E em 40% delas, os humanos aparecem “abraçando ou
O crime de estupro de vulnerável tem pena prevista de interagindo de forma inadequada com um animal selvagem”.
reclusão de oito a 15 anos. Para o assédio sexual, o Código Com frequência, os animais são capturados e maltratados
Penal prevê pena de detenção de um a dois anos. Por ato antes de serem exibidos aos turistas, aponta a World Animal
obsceno, o professor estaria sujeito a detenção de três meses Protection, que se infiltrou em excursões na selva amazôni-
a um ano ou multa. ca do Brasil e do Peru para registrar estas interações.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, em seu “Atrás das câmeras, estes animais costumam ser espancados,
artigo 241-A, pena de reclusão pelo período de três a seis separados de suas mães quando bebês e guardados secretamen-
anos, além de multa. Já no art. 241-B, a pena prevista é de te em lugares sujos e apertados; ou são cevados reiteradamente
reclusão de um a quatro anos, mais multa. com alimentos que podem ter um impacto negativo a longo pra-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 zo em seu organismo e comportamento”, afirma o grupo.

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ATUALIDADES

“Com muita frequência os turistas desconhecem com- A pesquisa, publicada na revista Science, descobriu 289
pletamente esta crueldade que torna os animais submissos e espécies diferentes até o momento. Os mexilhões são os
disponíveis”, acrescenta. mais comuns, mas há também caranguejos, mariscos, anê-
Em Manaus, capital do estado do Amazonas, 94% dos 18 monas e estrelas do mar.
passeios turísticos visitados pela World Animal Protection ofe- Os cientistas ainda estavam identificando novas espécies
reciam a oportunidade de “segurar e tocar animais selvagens” quando o estudo chegou ao fim, em 2017, seis anos após o
para tirar fotografias. tsunami.
Em tais pacotes, o boto-cor-de-rosa era o animal mais De acordo com os pesquisadores, muitas outras espé-
oferecido pelos agentes para este tipo de contato, seguido cies provavelmente fizeram a jornada e até agora não foram
da preguiça-de-três-dedos, crocodilos, anacondas verdes e descobertas. Atualmente, nenhuma colônia de invasores foi
macacos. estabelecida, mas a equipe acredita que isso pode acontecer.
Roberto Cabral, coordenador das operações de fiscaliza- “Quando vimos espécies do Japão chegarem ao Oregon,
ção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), disse ficamos chocados. Nunca pensamos que pudessem viver
em uma entrevista à AFP que manter animais em cativeiro tanto tempo, em condições tão difíceis”, disse John Cha-
para estes fins é ilegal no Brasil, mas que infelizmente isto pman, da Universidade de Oregon, coautor do estudo.
“acontece”. “Não me surpreenderia se houvesse espécies do Japão
Porém, “no contexto geral de tráfico de animais e de caça que estão por aí vivendo ao longo da costa do Oregon. Na
que existe no Brasil, embora (a exploração turística de ani- verdade, me surpreenderia se não houvesse”.
mais) seja impactante, é algo mínimo”, apontou. O elemento chave que tornou isso possível, de acordo
“A ironia é que o turista que normalmente tira fotos com com os pesquisadores, é a presença na água de plástico, fibra
o animal é aquele turista que adora os animais e, na realidade, de vidro e outros produtos que não se decompõem.
está contribuindo para o seu mal-estar, captura e matança”, “A madeira levada pelo tsunami durou pouco tempo em
acrescentou Cabral. comparação com a natureza duradoura do plástico”, disse
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 Carlton.
“Por muito tempo, se uma planta ou um animal fosse
COMO ANIMAIS DA COSTA DO JAPÃO FORAM PA- transportado por uma jangada pelos oceanos, seu barco lite-
RAR NOS EUA - GRAÇAS A UM TSUNAMI ralmente se dissolveria por baixo deles. O que fizemos agora
ONDAS GIGANTES ARRASTARAM CENTENAS DE é fornecer a essas espécies jangadas bastante duradouras,
OBJETOS PARA O MAR -- DE PEQUENOS PEDAÇOS DE mudamos a natureza de seus barcos”.
PLÁSTICO A BARCOS DE PESCA --, QUE SERVIRAM DE Movendo-se muito mais devagar do que as embarca-
TRANSPORTE PARA CENTENAS DE ESPÉCIES DE CRIATU- ções, as balsas de plástico ou de fibra de vidro deram tempo
RAS MARINHAS. às espécies para se adaptar gradualmente ao seu novo am-
Cientistas identificaram centenas de espécies marinhas biente, tornando mais fácil a reprodução e para suas larvas se
japonesas na costa dos Estados Unidos. Elas cruzaram o Ocea- prenderem aos detritos.
no Pacífico após o tsunami causado pelo terremoto de 2011. Os pesquisadores estão preocupados com o fato de que,
Mexilhões, estrelas do mar e centenas de outras famílias com tanto plástico nos oceanos, e com a mudança climáti-
de criaturas marinhas foram transportadas pelas águas, mui- ca tornando os ciclones e as tempestades mais intensas, a
tas vezes pegando carona em resíduos plásticos. ameaça de invasão de espécies marinhas nunca foi tão gran-
Os pesquisadores ficaram surpresos com o fato de que de. A pesquisa sobre o tsunami apenas mostra o impacto que
muitos sobreviveram à longa jornada, com novas espécies de- esse transporte pode ter.
sembocando nas praias ainda em 2017. “Não há nada comparável em escala do que já vimos an-
Em março de 2011, um forte terremoto abalou o nordeste tes na história da ciência do mar”, afirmou Carlton.
do Japão, desencadeando um enorme tsunami que atingiu Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
quase 39 metros de altura, varrendo a costa do país. Mais de
15 mil pessoas morreram. NOVA ESPÉCIE DE RATAZANA GIGANTE É DESCO-
As ondas gigantes arrastaram centenas de objetos para BERTA POR CIENTISTA AUSTRALIANO
o mar - de pequenos pedaços de plástico a barcos de pesca. QUATRO VEZES MAIOR QUE ROEDORES COMUNS, A
Um ano depois, os cientistas começaram a encontrar RATAZANA SOBE EM ÁRVORES E CHEGA A MEIO METRO
destroços do tsunami, com criaturas vivas agarradas a eles, DE COMPRIMENTO.
desembocando no Havaí e na costa oeste dos EUA, do Alasca Uma nova espécie da roedor, quatro vezes maior que o
à Califórnia. comum, foi descoberta nas Ilhas Salomão, no Oceano Pací-
“Centenas de milhares de criaturas foram transportadas fico.
e chegaram à América do Norte e às ilhas do Havaí - a maio- O animal, que chega a atingir quase meio metro de com-
ria dessas espécies nunca esteve no nosso radar como seres primento, vive entre as árvores e se alimenta de castanhas
transportados pelo oceano em detritos marinhos”, afirmou que abre com seus dentes.
à BBC James Carlton, do Williams College e Mystic Seaport, As Ilhas Salomão, a 1.800 km da Austrália, já têm outras
principal autor do estudo. oito espécies de ratazanas, mas essa é a primeira nova des-
“Muitos dos destroços ainda estão por aí e pode ser coberta em 80 anos.
que algumas dessas espécies japonesas ainda cheguem. Da mesma família de ratos e camundongos (Muridae),
Não ficaria surpreso se um pequeno barco de pesca japo- a nova espécie, chamada Uromys vika, já fazia parte do fol-
nês perdido em 2011 aparecesse 10 anos após o evento”. clore da ilha.

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ATUALIDADES

Escondidos nas árvores De acordo com a agência, essa ruptura produziu o ice-
A cadeia de ilhas onde a nova espécie se encontra é bio- berg B-44, visível em outras imagens capturadas em 23 de
logicamente isolada. setembro pelo satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Euro-
A maioria dos mamíferos que vivem lá não é encontrada peia (ESA), com descoberta do analista Matthew Welshans, do
em nenhum outro lugar do planeta. Centro Nacional do Gelo nos Estados Unidos (USNIC).
“Quando conheci o povo da ilha Vangunu, eles me con- O novo pedaço de gelo flutua na baía de Pine Island, no
taram sobre uma ratazana nativa que eles chamavam de vika, mar de Amundsen, e tem 185 km² -- cerca de duas vezes a
que vivia nas árvores”, diz Tyrone Lavery, biólogo australiano área da capital do Espírito Santo, Vitória. Ele é maior do que
que fez a descoberta. o iceberg descoberto em janeiro deste ano na mesma região,
Pesquisador do Field Museum, em Chicago, e pesquisa- mas menor do que o descoberto em julho de 2015 (225 km²).
dor associado da Universidade de Queensland, na Austrália, Larsen C
ele procurava pelo bicho desde 2010. Mas nunca havia con- Um iceberg de um trilhão de toneladas, um dos maiores
seguido encontrá-lo. já registrados, se desprendeu em outra região da Antártica, a
“Comecei a me questionar se era realmente uma espeé- Larsen C. O anúncio foi feito em julho deste ano por cientistas
cie diferente, ou se as pessoas estavam apenas chamando os da Universidade de Swansea, no Reino Unido.
ratos normais de ‘vika’”, conta ele. Os cientistas estudavam o bloco de gelo há muitos anos.
Em novembro de 2015, no entanto, um guarda ambiental Os olhares voltaram à região após notar as rupturas da plata-
viu um rato enorme rolando de uma árvore de 10 metros der- forma de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002. Larsen
rubada por lenhadores. C é a maior plataforma de gelo da Antártica e o pedaço que
A queda matou o animal, mas o guarda enviou o corpo se desprendeu tem 5.800 km².
para o Museu de Queensland, na Australia, onde Lavery era Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
um pesquisador associado.
“Assim que examinei o espécime, sabia que havia algo de JOVENS PERCORREM CIDADES EM NAVIO PARA
diferente”, diz ele. ALERTAR SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
“Só existem oito espécies de ratos nativos das Ilhas Salo- Ashwa Faheem é uma repórter fotográfica de 26 anos
mão, e olhando as características do crânio, consegui excluir que nasceu nas Ilhas Maldivas, uma das nações-ilha do Pací-
boa parte das espécies imediatamente.” fico, lugar paradisíaco, ideal para quem pensa numa viagem
Depois de um teste de DNA, Lavery confirmou que era turística para descansar e observar a natureza. Para Ashwa,
uma nova espécie, que ele nomeou de Uromys vika. porém, este lado quase celestial de sua terra é apenas uma
O rato recém descoberto tem um longo e escamoso faceta, distante de sua rotina. Ela já convive também, desde
rabo, que os pesquisadores acreditam que o ajuda a se agar- pequena, com outro lado menos divino, digamos assim, das
rar quando passa de uma árvore para outra. ilhas em que nasceu e que, de uns tempos para cá, vêm so-
Os ancestrais do bicho provavelmente viajaram até as frendo com o aumento dos oceanos, fenômeno causado pelo
ilhas em pedaços de vegetação flutuante. Uma vez ali, eles aquecimento global:
evoluiram para ter dentes grandes e afiados que usam, de “Nem tudo nas Maldivas é bonito. Quando o nível das
acordo com a população local, para mordiscar castanhas e águas sobe, perdemos muita terra. E quando a terra desapa-
cocoquinhos. rece, perdemos recursos, a agricultura e a pesca. Muita gente
A espécie provavelmente será classificada de imediato usa a pesca e o turismo para sobreviver. Afeta tudo. É um efei-
como em perigo crítico de extinção devido à ameaça que so- to de dominó”.
frem da indústria madeireira. Cerca de 90% das árvores das Para levar essa mensagem mundo afora, aproveitando o
ilhas já foram derrubadas. momento pré-Conferência do Clima (COP-23), que acontece-
“A região onde a espécie foi encontrada é um dos únicos rá em novembro na cidade alemã de Bonn, Ashwa se juntou
lugares que ainda têm florestas”, diz Lavery. a um grupo de seis jovens, todos residentes em Pequenos
“É necessário documentar essa ratazana urgentemente e Estados Insulares em Desenvolvimento, como Maldivas. Eles
encontrar mais apoio para a área de conservação de Zaira, na estão a bordo de um navio da ONG internacional Peace Boat
ilha de Vangunu, onde a espécie vive.” e estão sendo chamados de “Embaixadores” do clima e da
O estudo sobre a nova espécie foi publicado na publica- paz. Vão visitar sete capitais e acabaram de deixar Lisboa, de
ção científica Journal of Mammalogy. onde me chegaram as notícias do grupo via jornal “O Público”.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 Os jovens embaixadores visitarão Barcelona, Nova York,
Edimburgo, Londres, Bordeaux e outras capitais, mas não vi-
NOVO ICEBERG SE DESPRENDE DE GELEIRA NA AN- rão ao Brasil. Em cada um desses locais vão contar sobre seus
TÁRTICA, DIZ NASA esforços para se manter num território que vai ser engolido
PEDAÇO DE GELO ESTÁ LOCALIZADO EM REGIÃO DI- pelo mar até o fim deste século.
FERENTE DE LARSEN C, ONDE ICEBERG GIGANTESCO SE Nessa mesma linha de pensamento, o premiê de outra
SOLTOU COM ANÚNCIO EM JULHO DESTE ANO. ilha ameaçada, Fiji, Frank Bainimarama, que também é presi-
Um novo iceberg se desprendeu da região da geleira de dente da COP, saudou os participantes da última Assembleia
Pine Island, oeste da Antártica. A fotografia acima foi divulgada Geral da ONU. Para ele, não há como escapar do fato de
pela agência espacial americana (Nasa) nesta quarta-feira (27). que as mudanças climáticas constituem uma ameaça tão
A imagem de cor original foi capturada no último dia grande para a segurança global como qualquer outra fonte
21 de setembro pelo satélite Landsat 8 da Nasa. Ela mostra de conflito que a humanidade vive hoje. E não há “escolha
o início da fenda no centro da plataforma de gelo. a ser feita entre prosperidade e um clima saudável.

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ATUALIDADES

“Milhões de pessoas já estão em movimento por causa da JAPÃO MATA 177 BALEIAS NA COSTA DO PACÍFICO
seca e as mudanças na agricultura ameaçando sua segurança PARA ‘FINS CIENTÍFICOS’
alimentar. Ao longo da história, sabemos que os seres humanos ORGANIZAÇÕES DE DEFESA DOS ANIMAIS DENUN-
irão lutar pelo acesso à água. E, a menos que abordemos as cau- CIAM A ALEGAÇÃO JAPONESA.
sas subjacentes das mudanças climáticas, já sabemos que alguns Os japoneses mataram 177 baleias na costa nordeste do
lugares se tornarão inviáveis e outros desaparecerão completa- arquipélago no Pacífico, em uma missão que teria “fins cien-
mente. Na minha região, três de nossos vizinhos estão em risco, tíficos”, segundo anunciou nesta terça-feira (26) a agência de
e é por isso que Fiji ofereceu refúgio às pessoas de Kiribati e Tu- pesca japonesa.
valu se suas casas vierem a se afundar por completo”, disse ele. Três navios especializados em caça às baleias iniciaram a
Fiji já perdeu parte de sua terra agricultável por causa da missão em junho e capturaram 43 baleias Minke e 143 ba-
salinidade excessiva trazida pelo mar. Bainimarama disse que leias-sei, de acordo com a agência. Segundo os japoneses, a
escolheu ser presidente da COP para poder levar adiante esse caça às baleias seria “necessária” para calcular a quantidade
recado. Pelas regras das Conferências, já que ele é o presiden- de potenciais capturas a longo prazo, justificou a agência, que
te, a reunião deveria acontecer em Fiji, mas o país não tem tem como objetivo “retomar algum dia a pesca comercial”,
condições para sediar um encontro tão grande, não ofereceria segundo explicou o funcionário da agência Kohei Ito.
segurança aos líderes. Foi feito, então, um acordo com a Ale- O Japão é signatário da moratória da caça às baleias da
manha, que aceitou receber os conferencistas em Bonn. Comissão Baleeira Internacional (CBI), mas afirma que recorre
“Esse é um exemplo para o mundo de como países em à medida com fins de pesquisa, no Pacífico e na Antártica. As
extremos opostos da Terra e de meios e tamanho muito dife- organizações de defesa das baleias denunciam a alegação ja-
rentes podem trabalhar efetivamente em direção a um objeti- ponesa, assim como vários países, que consideram que Tóquio
vo comum. Fiji está profundamente consciente de que os go- utiliza de maneira desonesta uma exceção da proibição da
vernos sozinhos não podem enfrentar esse desafio. É por isso caça aos cetáceos, de 1986. Em 2014, o Tribunal Internacional
que estamos colocando essa ênfase na noção de uma Grande de Justiça exigiu de Tóquio o fim da caça às baleias no Atlânti-
Coalizão de governos em todos os níveis, a sociedade civil, o co, por considerar que os japoneses não cumpriam os critérios
setor privado e os cidadãos comuns movendo esta agenda científicos exigidos. O Japão cancelou a temporada de caça de
para a frente. Estou dialogando com governadores, prefeitos, inverno de 2014-2015, mas retomou a pesca no ano seguinte.
líderes de todos os tipos em nossas sociedades. Pessoas de Confrontos entre baleeiros japoneses e defensores dos
fé. Pessoas na linha de frente da luta climática. Mulheres. E os animais
jovens, que representam o nosso futuro”, continuou o premiê. O Oceano Antártico já foi cenário de confrontos en-
Todo o discurso de Frank Bainimarama é um forte apelo tre baleeiros japoneses e defensores dos cetáceos. No mês
porque ele tem certeza de que é preciso aumentar a resiliência passado, a organização ecologista Sea Shepherd anunciou a
de seu país contra as tormentas que virão pela frente, cada vez desistência de tentar impedir a ação dos baleeiros japoneses
mais fortes. Para isso, quer juntar sociedade civil, empresários no Sul, reconhecendo seus próprios limites ante a potência
e governos. Para isso, conta também com a performance dos marítima nipônica.
jovens que estão navegando no Peace Boat. De fato, não há A Noruega, que se opôs à moratória de 1986 e considera
como ficar imune a depoimentos como o de Selina Leem, que que esta não a afeta, e a Islândia, são os únicos dois países no
na COP-21, em Paris, foi a mais jovem delegada. No encerra- mundo que praticam abertamente a caça comercial. O Japão
mento do encontro, ela emocionou a todos com suas palavras: tenta provar que a população de cetáceos é suficientemente
“Tenho 18 anos e desde que nasci fico muito nervosa grande para suportar a retomada da caça comercial.
quanto à minha casa. Hoje estou ainda mais. O meu país é O consumo da baleia tem uma longa tradição no Japão,
muito afetado pela subida do nível das águas. Quando a água onde a caça é praticada há muitos séculos. A indústria baleeira
sobe, arrasta-se por todo o lado. Toda a ilha é inundada.” teve seu auge depois da Segunda Guerra Mundial. Mas a de-
Hoje com a equipe do Peace Boat, a jovem deu entrevista manda dos consumidores japoneses caiu consideravelmente
à reportagem do jornal “O Público” e listou o que, para ela, nos últimos anos, o que provoca muitos questionamentos so-
pode ser feito para acabar com seu problema: bre o sentido das missões científicas.
“Educar as pessoas. Falar com os líderes políticos. Tirar fo- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
tografias. Fazer discursos públicos. Há muitas pequenas coisas
que todos podemos fazer”, disse ela. CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Selina vai precisar mesmo desse discurso quando o navio Pea- A SURPREENDENTE RAZÃO PELA QUAL OS INVEN-
ce Boat chegar a Nova York, o que está previsto para o mês que TORES DA PÍLULA ANTICONCEPCIONAL DECIDIRAM QUE
vem. Lá ela vai se encontrar com representantes das Nações Uni- AS MULHERES DEVERIAM CONTINUAR MENSTRUANDO
das, e o pedido não é qualquer coisa: os países-ilha querem uma VOCÊ JÁ SE PERGUNTOU POR QUE A PÍLULA DEVE SER
mudança radical no consumo de combustíveis fósseis do mundo TOMADA POR TRÊS SEMANAS E SEU USO, INTERROMPI-
todo para que o aquecimento se mantenha a 1.5 grau acima do DO NA QUARTA? ALGUNS PODEM IMAGINAR QUE SEUS
que era na Revolução Industrial. É este o único jeito, afirmam CRIADORES TENHAM FEITO ISSO POR RAZÕES MÉDICAS,
os cientistas, de os impactos não aumentarem de intensidade. MAS O MOTIVO NÃO FOI CIENTÍFICO, MAS CULTURAL.
Além disso, querem também um financiamento. Vão precisar A pílula anticoncepcional é considerada por muitos
de dinheiro para enfrentar os problemas causados por furacões, como um símbolo da emancipação feminina ao permitir a
como o Irma, que recentemente atingiu parte da costa dos Esta- elas ter relações sexuais sem medo de engravidar. No en-
dos Unidos, México e ilhas do Caribe. Não vai ser fácil convencer. tanto, a história por trás do seu desenvolvimento não teve
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 muito a ver com essa ideia.

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ATUALIDADES

Por exemplo: você já se perguntou por que o ciclo de uso Por sua vez, Ettachfini afirmou em seu artigo que na ver-
pílula envolve tomá-la por três semanas e interromper o uso dade existem dois anticoncepcionais orais que podem ser
(ou adotar um placebo) na quarta semana? Alguns podem tomados de forma contínua, sem sangramentos mensais. O
imaginar que seus criadores, John Rock e Gregory Pincus, Seasonale foi lançado em 2003 e propõe só quatro menstrua-
tenham feito isso por razões médicas, mas o motivo não foi ções por ano: uma a cada estação. E, em 2007, foi aprovada a
científico, mas cultural. primeira pílula sem pausas para menstruar, a Lybrel.
Rock era um católico devoto, e para ele era importante Críticos
obter a aprovação do Vaticano. Por isso, ele queria que o siste- Ainda que chame atenção o fato de que poucas mulheres
ma anticoncepcional fosse o mais parecido possível com outro saibam que podem optar por não menstruar, também não há
já aprovado pela Igreja Católica, o método rítmico, conhecido um consenso de que isso seja uma boa ideia.
popularmente como tabelinha, que consiste em não fazer sexo Há cientistas que inicialmente advertiram não haver es-
no período de ovulação, quando a mulher está fértil. tudos consistentes sobre o efeito para uma mulher de não
Por isso, Rock pensou que, se a pílula emulasse o ciclo menstruar por longos períodos de tempo. Mas especialistas
natural, poderia ser vista com bons olhos pelo papa. Mas seu concordam que isso não gera problemas de saúde.
plano fracassou. Há ainda quem alerte sobre os perigos de se tomar a pí-
A pílula foi aprovada em 1960 e tornou-se muito popu- lula, em especial por períodos prolongados.
lar, mas a Igreja levou quase uma década para se manifestar O site Broadly publicou um ano atrás que há cada vez
publicamente e, quando o fez, condenou o método por con- mais estudos que falam da existência de um vínculo entre o
siderá-lo “artificial”. uso de anticoncepcionais hormonais e a depressão, citando
Esquecimento um uma pesquisa dinamarquesa que mostrou que adolescen-
A essa altura, a principal preocupação já não era a Igreja, tes que tomavam a pílula tinham “um risco 80% maior” de
mas as mulheres. Como se tratava da reprodução (de evitá-la, terem de tomar antidepressivos.
para ser mais preciso), alguns homens se preocupavam em Por outro lado, para algumas mulheres, menstruar é uma
deixar essa responsabilidade na mão delas. parte fundamental de sua identidade, ainda que outras se
O sistema criado por Rock e Pincus exige que as mulheres recusem a associar o ciclo reprodutivo com a identidade de
sigam com muita atenção seu ciclo de uso, tomando a pilula gênero.
por 21 dias e interrompendo por sete. Caso se esqueçam de A certeza é que, no fim das contas, o importante é que as
alguma dose, perde-se o efeito anticoncepcional. mulheres saibam que têm mais de uma opção.
Preocupado com a possibilidade de sua mulher se es- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
quecer da pílula diária, um homem chamado David Wagner,
que era pai de quatro filhos, criou em 1961 uma embalagem INJEÇÃO DE ANTICORPOS É PROPOSTA DE TRATA-
redonda que permite ver se a mulher está tomando a pílula MENTO PREVENTIVO CONTRA ZIKA EM GESTANTES
corretamente. Várias empresas farmacêuticas copiaram o mo- CIENTISTAS TESTARAM ANTICORPOS SELECIONA-
delo, que segue popular ainda hoje em alguns países. DOS EM LABORATÓRIO EM PRIMATAS COM PROTEÇÃO
A forma de promover essa nova apresentação da pílula DE 100%.
revela muito sobre aquela época, como ressaltou a jornalista
Leila Ettachfini em um artigo no site Broadly. “Fácil para que Um grupo de pesquisadores da Universidade de Miami,
você explique... e para que ela use”, dizia um anúncio de 1964 do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade
da empresa Ortho-Novum. Outra publicidade, de 1969, da de São Paulo (USP) obteve respostas positivas em macacos
marca Lyndiol dizia aos médicos para “proteger sua paciente rhesus para um futuro tratamento preventivo contra zika em
do próprio esquecimento”. gestantes. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira
‘Nenhuma razão médica’ (4), na revista científica “Science Translational Medicine”.
Muitos especialistas acreditam que os inventores da pí- O macaco rhesus tem reação parecida ao ser humano ao
lula podiam ter evitado tudo isso -- e não apenas porque a entrar em contato com o zika: o vírus consegue infectar, se
sociedade finalmente aceitou, com o tempo, que as mulheres replicar e causar danos aos fetos. Por isso, os cientistas esco-
não precisavam de um homem para lhes explicar nada. lheram a espécie para os testes em animais.
O médico baiano Elsimar Coutinho, coautor do livro Antes de chegar à fase com os primatas, os cientistas
Menstruação, a Sangria Inútil (Gente, 1996), argumenta que “a passaram por algumas etapas. Anticorpos são moléculas li-
ovulação incessante não cumpre nenhum propósito” e que as beradas pelas células para “proteger” o corpo. As primeiras
mulheres, se assim quiserem, podem tomar a pílula por perío- referências à existência deles na ciência são datadas do final
dos mais longos para evitar não apenas a gravidez, mas a pró- do século XIX.
pria menstruação, que é muitas vezes incômoda e dolorosa. Se eles são conhecidos há tanto tempo, por que só agora
O jornalista e sociólogo Malcom Gladwell apoiou essa resolveram usá-los em um tratamento contra o zika?
ideia em 2000 em um ensaio publicado na revista “The New O trabalho dos cientistas foi identificar quais são as cé-
Yorker” sobre o ciclo de 28 dias idealizado por Rock e Pincus lulas de imunização mais eficientes contra o zika, trabalho de
dizendo: “Não havia e não há nenhuma razão médica para engenharia genética eficiente, mas recente e não populariza-
isso”. do. Primeiro, eles extraíram, isolaram e purificaram 91 an-
Coutinho, diz Gladwell, destaca que a menstruação ticorpos monoclonais do sangue humano, a partir de um
gera uma série de problemas de saúde que poderiam ser paciente que estava infectado pelo vírus -- ou seja: nesta
evitados ao suprimi-la: dores abdominais, alterações no es- época, a pessoa estava produzindo uma grande quantida-
tado de ânimo, enxaquecas, endometriose e anemia. de para combater a doença.

19
ATUALIDADES

Depois, os cientistas precisaram identificar entre esse vasto Faça você mesmo
número de moléculas produzidas pelo paciente quais eram os A palavra hacking não é novidade. No Brasil, costuma
mais eficientes contra o zika. Foram feitos testes em laboratório ser associada à ideia de hackers que invadem computado-
para ver as opções que melhor neutralizavam o vírus. Os anti- res e roubam dados, os «piratas de computadores».
corpos monoclonais chamados SMZAb1, SMZAb2 e SMZAb5 Mas o conceito de hacking na verdade é muito mais
foram os mais eficazes. Chegou-se a um coquetel com esse trio. amplo – e não está necessariamente ligado à ações mali-
Testes em macacos ciosas. Em seu sentido original, significa fazer modificações
Nos Estados Unidos, um grupo de oito macacos rhesus em sistemas ou programas para obter um recurso que an-
passou por testes para verificar a eficiência de proteção com tes não estava disponível, encontrar uma melhoria ou cor-
esse coquetel. Quatro receberam o trio de anticorpos e os ou- rigir um problema.
tros quatro receberam um placebo. Um dia depois, foram in- Existe inclusive a chamada “cultura hacker”, uma ideo-
fectados pelo vírus da zika isolado pela equipe do IOC/Fiocruz logia que prega amplo acesso à tecnologia, livre circulação
em 2016, extraído de um paciente do Rio de Janeiro.
de informação, descentralização de conhecimento e ino-
De acordo com o artigo publicado nesta quarta, a taxa de
vação.
proteção nos animais chegou a 100%. Testes adicionais de-
O hacking também não precisa estar restrito ao mundo
monstraram que os anticorpos continuaram ativos e em altas
quantidades seis meses após a injeção. da informática: o biohacking une o universo da biologia
Uma dose desta junção de anticorpos pode ser uma saí- com a cultura hacker, formando a Biologia DIY, que quer
da mais segura para gestantes durante a gestação. De acor- dizer “do it yourself”, ou “faça você mesmo”.
do com a pesquisadora e uma das autoras do artigo, Myrna “A ideia é democratizar a tecnologia, mostrar que a
Bonaldo, do IOC/Fiocruz, as vacinas são boas soluções, mas ciência não precisa se restringir à área da universidade. É
podem apresentar ainda algum risco para as grávidas porque ampliar o número de experiências possíveis com menos re-
são feitas com o vírus atenuado (“enfraquecido”). cursos”, diz o colombiano Andres Ochoa, consultor de tec-
“Para as pessoas em geral, a infecção pelo vírus da zika nologia e criador da rede SynTechBio, que reúne biohackers
não causa grandes problemas. Uma vacina resolve. Agora, du- da América Latina. A rede tem como membros pelo menos
rante a gravidez que ocorre o problema é maior. Não podemos 14 grupos espalhados pelo continente, três deles no Brasil.
correr o risco de tentar prevenir a mãe e atingir o bebê», disse. O biohacking é essencialmente interdisciplinar, ou seja,
O próximo passo será a administração do coquetel em atrai pessoas de áreas como Física, Design, Artes, Compu-
primatas gestantes e, na fase seguinte, em seres humanos. tação e Matemática. “Elas juntam seus conhecimentos à
Já prevendo uma possível ocorrência de reação adversa do Biologia para desenvolver projetos”, diz Ochoa.
sistema imunológico em caso de infecção por dengue, que é da Claro que, assim como hackers de computadores, os
família dos flavivírus, assim como o zika, os especialistas realiza- interessados precisam ter um bom conhecimento no as-
ram pequenas modificações na estrutura genética dos anticorpos sunto para poder se aventurar em ações mais inovadoras.
monoclonais para tornar sua administração ainda mais segura. Mas isso não significa ter doutorado em Biotecnologia, diz
Desta forma, o coquetel também poderia ser utilizado por pes- a professora Liza Felicori, da Universidade Federal de Minas
soas com histórico de infecção por dengue, incluindo gestantes. Gerais (UFMG).
A descoberta também contou com a colaboração de es- “A Biologia é bastante acessível, é possível fazer o co-
pecialistas do Instituto de Pesquisa Scripps, da Universidade nhecimento se popularizar. Tanto que às vezes a gente faz
de Emory, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Uni- experimentos com alunos de ensino médio e eles enten-
dos e do Instituto Ragon. dem, fazem bem. Conseguem tranquilamente extrair o
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
DNA de um morango, por exemplo”, afirma ela, que está
montando um laboratório aberto para pessoas de fora da
DE TESTE DE DNA CASEIRO A ORGANISMOS GENE-
TICAMENTE MODIFICADOS: OS PROJETOS DOS BIOHAC- universidade.
KERS BRASILEIROS “Muitas vezes, a universidade fica fechada demais em
ENTUSIASTAS DA BIOLOGIA “FAÇA VOCÊ MESMO” si mesma. Os jovens não têm os bloqueios de quem lida
CRIAM SEUS PRÓPRIOS EQUIPAMENTOS, FAZEM EXPE- com as dificuldades da ciência há anos e acabam trazendo
RIMENTOS FORA DA UNIVERSIDADE E PROCURAM SO- novas soluções.”
LUÇÕES PARA PROBLEMAS DO COTIDIANO. Chips e DNA
Parece um papo comum: um grupo de jovens que ainda Há três principais subdivisões na Biologia DIY. Grupos
não se formou na faculdade se reúne ao redor de um porção de focados em fazer experimentos para encontrar soluções;
esfirras baratas e discute se aquela carne tem origem duvidosa. pessoas interessadas em desenvolver e baratear equipa-
A paranoia sobre a origem da proteína animal é fre- mentos e em montar laboratórios coletivos que possibili-
quente, mas, nessa turma, a conversa não fica só na teoria tem esses experimentos; e uma terceira vertente, interessa-
conspiratória: reunidas em um laboratório de garagem, as da em modificações corporais tecnológicas.
amigas estão testando protocolos para fazer um teste de Nessa última área estão, por exemplo, pessoas que in-
procedência da carne. Isso mesmo: checar se o DNA da- jetam chips e ímãs sob a pele e fazem experimentações co-
quela amostra é realmente bovino. locando substâncias e até mesmo circuitos eletrônicos no
Bem-vindo ao mundo do biohacking: um universo onde entu- próprio corpo. Essa é a vertente do biohacking que acaba
siastas fazem uso da biologia de maneira amadora em resposta a uma chamando mais atenção, mas também atrai críticas dentro
curiosidade científica, uma dúvida pessoal ou um problema coletivo. do movimento.

20
ATUALIDADES

“É um grupo muito pequeno que faz isso. Chamam instrução que serve de base para a produção da substância,
atenção, mas são minoria. Estamos falando de tecnologias usada no tratamento de diabetes, de maneira mais barata
que estão evoluindo cada vez mais rápido. Não faz senti- e acessível. O projeto conseguiu arrecadar U$ 16 mil ( R$
do você colocar em seu corpo um negócio que em pouco 50 mil) no Experiment, uma plataforma de financiamento
tempo vai ficar obsoleto”, diz Andres Ochoa. coletivo para pesquisas científicas.
Ele argumenta que a grande tendência são as tecno- No Brasil, não há legislação específica para “laborató-
logias “usáveis”, como relógios inteligentes e circuitos que rios de garagem”, no entanto, tudo o que é produzido fica
podem ser colados sobre a pele e removidos com facilida- sujeitos à legislação específica para aquele produto. Remé-
de. dios, por exemplo, terão de passar por aprovação da Anvisa
“Em geral, quem faz isso na verdade está fazendo uma antes de serem distribuídos.
declaração, é mais um ato simbólico do que uma coisa que Por isso, os biohackers acabam criando empresas e
tenha uma grande função prática”, diz o biohacker Otto muitas vezes profissionalizando o que era um hobby. A en-
Heringer, de São Paulo, que começou a fazer experimentos genheira química Clarissa Lopes, o estudante de Engenha-
como distração e acabou criando uma pequena empresa ria Aeroespacial Lucas Milagres e o estudante de Bioinfor-
para criar um novo defensivo agrícola através do desliga- mática Carlos Gonçalves criaram uma empresa para tocar
mento de um gene de pragas. seu projeto de usar bactérias na produção de calcitriol, um
Um de seus sócios, Erico Perrella, implantou um chip medicamento usado no tratamento de insuficiência crônica
RFID na mão em 2014 - sua intenção era usar o mecanismo renal.
para dar partida em sua kombi, mas o carro acabou vendi- “A indústria farmacêutica usa hoje outro processo, de
do, e o chip, que ainda está em sua mão, hoje não tem mais bem mais difícil acesso. Não há nenhum produtor local”,
utilidade para ele. afirma Gonçalves, que evita divulgar mais detalhes do pro-
Já dentro do campo das experimentações, as possibi- jeto por ainda não ter registrado uma patente. Sua expec-
lidades trazidas pela Biologia DIY são inúmeras. A ideia de tativa é chegar a um forma de produção mais barata do
analisar a origem de alimentos, por exemplo, se baseia em remédio.
uma técnica chamada DNA Barcoding (Codigo de Barras de Laboratórios
DNA, em tradução livre). O Brasil já tem diversos laboratórios “de garagem”
Todo segundo sábado do mês o centro Genspace, em abertos, com impressoras 3D e outros materiais para quem
Nova York, abre seu laboratório para que as pessoas levem é adepto do faça-você-mesmo — como o Olabi, no Rio de
suas próprias amostras de alimentos e façam testes do tipo. Janeiro, e o Garoa Hackerspace e os FabLabs da Prefeitura
Há quem invista na divulgação científica e nas possibilida- de São Paulo.
des educacionais da Biologia DIY. Para trabalhar com “Biologia de Garagem”, no entanto,
É o caso do carioca Filipe Oliviera, um dos criadores é preciso um pouco mais: áreas separadas, estéreis, com
do Conector Ciência, iniciativa que visa colocar em conta- equipamentos específicos e protocolos de biossegurança.
to escolas com métodos de ensino de baixo custo e fazer São os chamados wetlabs, laboratórios “molhados”, porque
os próprios alunos construírem os equipamentos. Dá para lidam com componentes vivos.
descobrir a biodiversidade com um microscópio de papel, O espaço aberto pela professora Liza Felicori, da Uni-
fazer a automação de luzes com sensores de luminosidade, versidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um deles. Ele
entre outros usos. já recebeu os equipamentos e deve abrir até o fim do ano.
Outro caminho comum é o desenvolvimento de novos Há microscópios, estufa, pipetas, uma centrífuga (para se-
materiais, como fez o estudante de Biotecnologia baiano parar componentes de soluções), uma impressora 3D, uma
Geisel Alves, que ajudou uma ONG a criar um mecanismo máquina de PCR (para reproduzir DNA em grandes quanti-
que converte fibra do coco verde em papel reciclável usan- dades) e um nanodrop (que mede a concentração de mo-
do métodos caseiros e materiais acessíveis. léculas).
“É um material fibroso genérico que você mistura com A estudante Carol Gonzaga também montou um des-
outros materiais para fazer várias coisas. Além do papel, dá ses espaços, o Hub, com outros cinco biohackers no Rio de
pra fazer telha, piso, tijolo”, explica Alves. “Aqui, o alto con- Janeiro. O laboratório fica atualmente em um local improvi-
sumo de coco é um problema grande, porque eles acabam sado, mas será levado para um galpão de 320 m².
empilhados nas praias. Atrai ratos, mosquito da dengue.” “Terá um espaço de fabricação digital, uma cozinha ex-
“Novos materiais são um nicho”, diz Andres Ochoa. “No perimental, laboratório de biohacking e um laboratório de
Brasil já se trabalha com produção de um tecido ecológico mídia para lidar com eletrônica e comunicação”, explica ela,
que parece com couro a partir dos micro-oganismos que que conseguiu apoio do parque tecnológico da Universida-
fazem kombucha (uma bebida fermentada).” de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Manipular micro-organismos também é muito útil para Interessado em baratear equipamentos para esses la-
tornar alguns tipos de fármacos mais acessíveis. Andrés boratórios, o brasileiro André Maia Chagas desenvolveu
Ochoa participou da fase inicial do projeto Open Insulin, projetos nesse sentido e acabou lançando a start-up [em-
em que um grupo de 16 biohackers se uniu para criar um presa iniciante de tecnologia] Prometheus Science, na Ale-
protocolo open source (aberto) de insulina - espécie de manha.

21
ATUALIDADES

Sua empresa é parte da enorme comunidade criando QUESTÃO


equipamentos baratos e mais acessíveis. “Possibilitando
que um experimento que custa 100 euros possa ser feito 01) “‘Monopólio’ brasileiro do nióbio gera cobiça mun-
por 3, você quebra um das principais barreiras da ciência, dial, controvérsia e mitos. Com 98% das reservas, Brasil não
que é a dificuldade de acesso por causa de dinheiro”, diz tem política específica para o mineral. Exportações cres-
ele. ceram 110% em 10 anos e somaram US$ 1,8 bi em 2012.”
Nós e eles Em relação ao nióbio brasileiro, assinale a alternativa
Nos Estados Unidos e na Europa, o movimento Biologia correta.
DIY foi surgindo conforme tecnologias biológicas, como A O depósito localizado no carbonatito do barreiro em
sequenciamento de DNA, foram ficando mais acessíveis. Já Araxá (MG) é responsável pela maior produção brasileira. O
no Brasil e em países como Índia e África do Sul, contam os nióbio é considerado fundamental para a indústria de alta
biohackers, o movimento surgiu da necessidade. tecnologia, como os tomógrafos de ressonância magnéti-
“Nos Estados Unidos, o acesso é tão fácil, tudo é tão ca, para a indústria aeroespacial, entre outras.
barato que a galera consegue montar laboratórios na pró- B As maiores reservas de nióbio estão localizadas na
pria garagem. Aqui em São Paulo, não tem como fazer isso. Amazônia (75%), onde a empresa Vale detém o monopólio
Para começar, a gente nem tem garagem”, diz Otto Herin- de exploração e comercialização.
ger, que faz especialização na Universidade de São Paulo C O nióbio é um mineral nobre e raro encontrado em
(USP). poucos países e seu preço está muito próximo do valor do
Há mais de 80 espaços de Biologia DIY pelo mundo, ouro, o que levou Walter Moreira Salles, banqueiro brasilei-
de acordo com o site DIYBio. A maioria é em cidades do ro, a investir na extração desse minério.
hemisfério norte como Amsterdã (Holanda), Berlim (Ale- D O fato de o Brasil possuir cerca de 98% das reser-
manha), Paris (França), Nova York e São Francisco (Estados vas conhecidas garante ao país muitos anos de monopólio
Unidos). da oferta. Devido ao crescimento da intensidade de uso e
“Não posso reclamar da USP, mas muitas universidades das inúmeras possibilidades de aplicações, a relevância e
federais não têm os laboratórios que os caras na Europa a valorização desse mineral são comparadas ao ouro e ao
têm em casa”, afirma o Heringer. Nos Estados Unidos, por petróleo.
exemplo, é possível comprar kits prontos de engenharia E A oferta de nióbio está praticamente toda nas mãos
genética pela internet. das duas gigantes mineradoras que operam no país, a es-
No Brasil, por conta dos preços e das dificuldades, a tatal Companhia Siderúrgica Nacional e a Anglo American.
maioria dos laboratórios abertos na área de biologia ainda
são, de algum modo, ligados às universidades - ocupando Resposta: A
espaços ou reaproveitando equipamentos.
“Mesmo a ciência ‘oficial’ que fazemos muitas vezes é
em uma salinha minúscula, com material improvisado, com
muita dificuldade. A gente está acostumado com a gam-
biarra. Sair dos muros da universidade ou dos laboratórios
das grandes indústrias é quase uma questão de sobrevi-
vência pra gente. O biohacking faz muito mais sentido para
nós do que para eles”, afirma.
Ele também aponta a diferença nos tipos de iniciativas:
enquanto no Brasil os projetos tendem a ser voltados para
resolver problemas reais, nos Estados Unidos e na Europa,
muitos deles são mais recreativos ou tem um quê de hobby
excêntrico.
Nos locais onde o movimento é mais desenvolvido, já
começaram as surgir as preocupações com possíveis ris-
cos – laboratórios amadores não poderiam criar organis-
mos nocivos? O FBI, a polícia federal americana, monitora o
movimento, mas não há regulamentação específica.
Os entusiastas dizem que todos os locais seguem pro-
tocolos de biossegurança e cartilhas de bom funcionamen-
to. O cientista francês Thomas Landrain, que estuda o mo-
vimento, diz em sua pesquisa que os espaços ainda não
têm sofisticação suficiente para gerar problemas.
Mas, apesar da relativa limitação técnica, os biohackers
seguem entusiasmados. “Tornar a ciência mais acessível
tem um enorme potencial transformador”, diz André Maia
Chagas, do Prometheus Science.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

1 Conceitos básicos de raciocínio lógico: proposições; valores lógicos das proposições; sentenças abertas; número de
linhas da tabela verdade; conectivos; proposições simples; proposições compostas. 2 Tautologia....................................... 01
Lógica de argumentação....................................................................................................................................................................................... 09
Diagramas lógicos e lógica de primeira ordem............................................................................................................................................ 13
Equivalências.............................................................................................................................................................................................................. 19
Leis de demorgan..................................................................................................................................................................................................... 23
Sequëncia lógica....................................................................................................................................................................................................... 26
Princípios de contagem e probabilidade........................................................................................................................................................ 30
Operações com conjunto...................................................................................................................................................................................... 37
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais............................................................................ 42
Porcentagem.............................................................................................................................................................................................................. 63
RACIOCÍNIO LÓGICO

PROF. EVELISE LEIKO UYEDA AKASHI Vamos ver alguns princípios da lógica:
Especialista em Lean Manufacturing pela Pontifícia
Universidade Católica- PUC Engenheira de Alimentos pela
I. Princípio da não Contradição: uma proposição não
Universidade Estadual de Maringá – UEM. Graduanda em
pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Matemática pelo Claretiano.
II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição
“ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se
sempre um desses casos e nunca um terceiro caso.
1 CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO
LÓGICO: PROPOSIÇÕES; VALORES LÓ- Valor Lógico das Proposições
GICOS DAS PROPOSIÇÕES; Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a
SENTENÇAS ABERTAS; NÚMERO DE verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se
LINHAS DA TABELA VERDADE; CONECTIVOS; a proposição é falsa (F).
PROPOSIÇÕES SIMPLES; PROPOSIÇÕES
COMPOSTAS. 2 TAUTOLOGIA. Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)= V essa é a simbologia para indicar que o valor
lógico de p é verdadeira, ou
Proposição V(p)= F
Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos
que exprimem um pensamento de sentido completo. Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou fal-
so, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor
Nossa professora, bela definição! lógico falso.
Não entendi nada!
Classificação
Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que
fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas Proposição simples: não contém nenhuma outra pro-
também no sentido lógico. posição como parte integrante de si mesma. São geral-
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser mente designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r,s...
proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verda- E depois da letra colocamos “:”
deira ou falsa.
Exemplo:
Exemplos: p: Marcelo é engenheiro
(A) A Terra é azul. q: Ricardo é estudante
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é
uma proposição. Proposição composta: combinação de duas ou mais
(B) >2 proposições. Geralmente designadas pelas letras maiúscu-
las P, Q, R, S,...
Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico
falso. Exemplo:
P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante.
Todas elas exprimem um fato. Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante.

Agora, vamos pensar em uma outra frase: Se quisermos indicar quais proposições simples fazem
O dobro de 1 é 2? parte da proposição composta:
Sim, correto?
Correto. Mas é uma proposição? P(p,q)
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos
declarar se é falso ou verdadeiro. Se pensarmos em gramática, teremos uma proposição
composta quando tiver mais de um verbo e proposição
Bruno, vá estudar. simples, quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que para
É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não ser proposição, temos que conseguir definir o valor lógico.
conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não
é proposição. Conectivos
Agora vamos entrar no assunto mais interessante: o
Passei! que liga as proposições.
Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos Antes, estávamos vendo mais a teoria, a partir dos co-
de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque nectivos vem a parte prática.
é uma sentença exclamativa.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

Definição - Disjunção Exclusiva


Palavras que se usam para formar novas proposições,
a partir de outras. Extensa: Ou...ou...
Símbolo: ∨
Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma
coisa? p: Vitor gosta de estudar.
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conetivo q: Vitor gosta de trabalhar
terá um nome, vamos ver?
p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra-
-Negação
balhar.

-Condicional
Extenso: Se...,então..., É necessário que, Condição ne-
Exemplo cessária
p: Lívia é estudante. Símbolo: →
~p: Lívia não é estudante.
Exemplos
q: Pedro é loiro. p→q: Se chove, então faz frio.
¬q: É falso que Pedro é loiro. p→q: É suficiente que chova para que faça frio.
p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio.
r: Érica lê muitos livros. p→q: É necessário que faça frio para que chova.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros. p→q: Fazer frio é condição necessária para chover.

s: Cecilia é dentista. -Bicondicional


¬s: É mentira que Cecilia é dentista. Extenso: se, e somente se, ...
Símbolo:↔
-Conjunção
p: Lucas vai ao cinema
q: Danilo vai ao cinema.

p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai


ao cinema.
Nossa, são muitas formas de se escrever com a con-
junção. Referências
Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais: “e”, ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica mate-
“mas”, “porém” mática – São Paulo: Nobel – 2002.

Exemplos
p: Vinícius é professor.
q: Camila é médica. Questões
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica. 01. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica. FCM/2017) Considere que os valores lógicos de p e q são
V e F, respectivamente, e avalie as proposições abaixo.
- Disjunção I- p → ~(p ∨ ~q) é verdadeiro
II- ~p → ~p ∧ q é verdadeiro
III- p → q é falso
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q é falso
p: Vitor gosta de estudar.
q: Vitor gosta de trabalhar Está correto apenas o que se afirma em:

p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de traba- (A) I e III.


lhar. (B) I, II e III.
(C) I e IV.
(D) II e III.
(E) III e IV.

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. (TERRACAP – Técnico Administrativo – QUA- 05. (EBSERH – Médico – IBFC/2017) Sabe-se que p,
DRIX/2017) Sabendo-se que uma proposição da forma q e r são proposições compostas e o valor lógico das pro-
“P→Q” — que se lê “Se P, então Q”, em que P e Q são pro- posições p e q são falsos. Nessas condições, o valor lógico
posições lógicas — é Falsa quando P é Verdadeira e Q é Fal- da proposição r na proposição composta {[q v (q ^ ~p)] v r}
sa, e é Verdadeira nos demais casos, assinale a alternativa cujo valor lógico é verdade, é:
que apresenta a única proposição Falsa.
(A) falso
(A) Se 4 é um número par, então 42 + 1 é um número (B) inconclusivo
primo. (C) verdade e falso
(B) Se 2 é ímpar, então 22 é par. (D) depende do valor lógico de p
(C) Se 7 × 7 é primo, então 7 é primo. (E) verdade
(D) Se 3 é um divisor de 8, então 8 é um divisor de 15.
(E) Se 25 é um quadrado perfeito, então 5 > 7. 06. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS-
CONCURSOS/2017) Qual das seguintes sentenças é clas-
03. (IFBAIANO – Assistente Social – FCM/2017) sificada como uma proposição simples?
Segundo reportagem divulgada pela Globo, no dia
17/05/2017, menos de 40% dos brasileiros dizem praticar (A) Será que vou ser aprovado no concurso?
esporte ou atividade física, segundo dados da Pesquisa Na- (B) Ele é goleiro do Bangu.
cional por Amostra de Domicílios (Pnad)/2015. Além disso, (C) João fez 18 anos e não tirou carta de motorista.
concluiu-se que o número de praticantes de esporte ou de (D) Bashar al-Assad é presidente dos Estados Unidos.
atividade física cresce quanto maior é a escolaridade.
(Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/menos-
07.(EBSERH – Assistente Administrativo –
de-40-dos-brasileiros-dizem-praticar-esporte-ou-ativida-
IBFC/2017) Assinale a alternativa incorreta com relação
de-fisica-futebol-e-caminhada-lideram-praticas.ghtml.
aos conectivos lógicos:
Acesso em: 23 abr. 2017).
Com base nessa informação, considere as proposições
p e q abaixo: (A) Se os valores lógicos de duas proposições forem
falsos, então a conjunção entre elas têm valor lógico falso.
p: Menos de 40% dos brasileiros dizem praticar esporte (B) Se os valores lógicos de duas proposições forem
ou atividade física falsos, então a disjunção entre elas têm valor lógico falso.
q: O número de praticantes de esporte ou de atividade (C) Se os valores lógicos de duas proposições forem
física cresce quanto maior é a escolaridade falsos, então o condicional entre elas têm valor lógico ver-
dadeiro.
Considerando as proposições p e q como verdadeiras, (D) Se os valores lógicos de duas proposições forem
avalie as afirmações feitas a partir delas. falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
falso.
I- p ∧ q é verdadeiro (E) Se os valores lógicos de duas proposições forem
II- ~p ∨ ~q é falso falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
III- p ∨ q é falso verdadeiro.
IV- ~p ∧ q é verdadeiro
08. (DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de
Está correto apenas o que se afirma em: direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu-
(A) I e II. mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e
(B) II e III. as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu
(C) III e IV. vocabulário particular constava, por exemplo:
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV. P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
04. (UFSBA - Administrador – UFMT /2017) Assinale R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
a alternativa que NÃO apresenta uma proposição.
são no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
(A) Jorge Amado nasceu em Itabuna-BA.
(B) Antônio é produtor de cacau.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não re-
(C) Jorge Amado não foi um grande escritor baiano.
(D) Queimem os seus livros. cordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue
o item que se segue.

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

A proposição “Caso tenha cometido os crimes A e B, 02. Resposta:.E.


não será necessariamente encarcerado nem poderá pagar Vamos fazer por alternativa:
fiança” pode ser corretamente simbolizada na forma (P∧- (A) V→V
Q)→((~R)∨(~S)). V
( )Certo ( )Errado
(B) F→V
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Administrador - V
PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere-se a seguinte
proposição: “Se chove, então Mariana não vai ao deserto”. (C)V→V
Com base nela é logicamente correto afirmar que: V
(A) Chover é condição necessária e suficiente para Ma-
riana ir ao deserto. (D) F→F
V
(B) Mariana não ir ao deserto é condição suficiente
para chover.
(E) V→F
(C) Mariana ir ao deserto é condição suficiente para
F
chover.
(D) Não chover é condição necessária para Mariana ir
03. Resposta: A.
ao deserto.
p∧q é verdadeiro
~p∨~q
10. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi-
nistração – PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere- F∨F
se a seguinte proposição: F
p∨q
P: João é alto ou José está doente. V∨V
V
O conectivo utilizado na proposição composta P cha-
ma-se: ~p∧q
(A) disjunção F∧V
(B) conjunção F
(C) condicional
(D) bicondicional 04. Resposta: D.
As frases que você não consegue colocar valor lógico
(V ou F) não são proposições.
RESPOSTAS Sentenças abertas, frases interrogativas, exclamativas,
imperativas
01. Resposta: D.
I- p → ~(p ∨ ~q) 05. Resposta: E.
(V) →~(V∨V) Sabemos que p e q são falsas.
V→F q∧~p =F
F q∨( q∧~p)
F∨F
II- ~p → ~p ∧ q F
F→F∧V Como a proposição é verdadeira, R deve ser verdadeira
F→F para a disjunção ser verdadeira.
V
06. Resposta: D.
III- p → q A única que conseguimos colocar um valor lógico.
V→F A C é uma proposição composta.
F
07. Resposta: D.
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q Observe que as alternativas D e E são contraditórias,
~(F∨F) →V∧V portanto uma delas é falsa.
V→V Se as duas proposições têm o mesmo valor lógico, a
→V bicondicional é verdadeira.

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

08. Resposta: Errado. -Negação


“...encarcerado nem poderá pagar fiança”. p ~p
“Nem” é uma conjunção(∧) V F
F V
09. Resposta: D.
Não pode chover para Mariana ir ao deserto. Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico
oposto, faz sentido, não?
10. Resposta: A. - Conjunção
O conectivo ou chama-se disjunção e também é repre-
sentado simbolicamente por ∨ Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se
eu tiver as duas coisas, certo?
Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
Tabela-verdade
chocolate.
Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor
E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
lógico de proposições compostas facilmente, analisando
cada coluna.
p q p ∧q
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V ou V V V
V(p)=F V F F
F V F
p F F F
V
F -Disjunção

Quando temos duas proposições, não basta colocar só Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o co-
nectivo “ou”.
VF, será mais que duas linhas.
Eu comprei bala ou chocolate.
p q Eu comprei bala e também comprei o chocolate, está
V V certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
V F Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
F V forma se eu comprei apenas chocolate.
F F Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
certo.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF
E a segunda intercalou VFVF.
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 possi- p q p ∨q
bilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver um V V V
padrão para se tornar mais fácil! V F V
As possibilidades serão 2n,
F V V
Onde:
n=número de proposições F F F
p q r -Disjunção Exclusiva
V V V
V F V Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
chocolate OU comprei bala.
V V F
Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mesmo
V F F tempo.
F V V
F F V p q p∨q
V V F
F V F
V F V
F F F F V V
F F F
A primeira proposição, será metade verdadeira e me-
tade falsa.
A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF.
E a terceira VVFFVVFF.
Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos
operadores lógicos?

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Condicional A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da


não contradição. Está lembrado?
Se chove, então faz frio.
Princípio da não Contradição: uma proposição não
Se choveu, e fez frio pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Estamos dentro da possibilidade.(V)
P ~p p∧~p ~(p∧p)
Choveu e não fez frio V F F V
Não está dentro do que disse. (F) F V F V
Não choveu e fez frio.. A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do
Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover, Terceiro excluído.
certo?(V)
Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é
Não choveu, e não fez frio verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses
Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V) casos e nunca um terceiro caso.
p q p →q
V V V P ~p p∨~p
V F F V F V
F V V F V V
F F V
Esses são os exemplos mais simples, mas normalmente
-Bicondicional conseguiremos resolver as questões com base na tabela
verdade, por isso insisto que a tabela verdade dos opera-
Ficarei em casa, se e somente se, chover. dores, têm que estar na “ponta da língua”, quase como a
tabuada da matemática.
Estou em casa e está chovendo.
A ideia era exatamente essa. (V) Veremos outros exemplos

Estou em casa, mas não está chovendo. Exemplo 1


Você não fez certo, era só pra ficar em casa se choves- Vamos pensar nas proposições
se. (F) P: João é estudante
Q: Mateus é professor
Eu sai e está chovendo. Se João é estudante, então João é estudante ou Ma-
Aiaiai não era pra sair se está chovendo. (F) teus é professor.
Não estou em casa e não está chovendo. Em simbologia: p→p∨q
Sem chuva, você pode sair, ta? (V)
P Q pVq p→p∨q
p q p ↔q V V V V
V V V V F V V
V F F F V V V
F V F F F F V
F F V
A coluna inteira da proposição composta deu verda-
Tentei deixar de uma forma mais simples, para enten- deiro, então é uma tautologia.
der a tabela verdade de cada conectivo, pois sei que será
difícil para decorar, mas se você lembrar das frases, talvez Exemplo 2
fique mais fácil. Bons estudos! Vamos às questões!
Com as mesmas proposições anteriores:
Tautologia João é estudante ou não é verdade que João é estu-
dante e Mateus é professor.
Definição: Chama-se tautologia, toda proposição com- p∨~(p∧q)
posta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se P Q p∧q ~(p∧q) p∨~(p∧q)
a coluna da proposição composta for verdadeira é tauto- V V V F V
logia. V F F V V
Vamos ver alguns exemplos. F V F V V
F F F V V

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

Novamente, coluna deu inteira com valor lógico verda-


deiro, é tautologia.

Exemplo 3
Se João é estudante ou não é estudante, então Mateus
é professor.

P Q ~p p∨~p p∨~p→q
V V F V V
V F F V F
F V V V V
F F V V V

Deu uma falsa e agora?


Não é tautologia.
Completando a tabela, se necessário, assinale a opção
que mostra, na ordem em que aparecem, os valores lógi-
cos na coluna correspondente à proposição S, de cima para
Referências baixo.
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemá- (A) V / V / F / F / F / F / F / F
tica – São Paulo: Nobel – 2002. (B) V / V / F / V / V / F / F / V
(C) V / V / F / V / F / F / F / V
(D) V / V / V / V / V / V / V / V
Questões (E) V / V / V / F / V / V / V / F

01. (TRT 7ªREGIÃO – Conhecimentos Básicos – CES- 03. (UTFPR – pedagogo – UTFPR/2017) A operação
PE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P lógica descrita pela tabela verdade da função Z, cujos ope-
A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- randos são p e q, é:
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga-
mento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
A quantidade mínima de linhas necessárias na tabela-
verdade para representar todas as combinações possíveis
para os valores lógicos das proposições simples que com-
põem a proposição P do texto CB1A5AAA é igual a:

(A) 32.
(A) Conjunção.
(B) 4.
(B) Disjunção.
(C) 8.
(C) Disjunção exclusiva.
(D) 16. (D) Implicação.
(E) Bicondicional.
02. (SERES/PE – Agente de Segurança Penitenciária 04. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017)
– CESPE/2017) A partir das proposições simples P: “Sandra Considere a tabela-verdade abaixo, em que nas duas pri-
foi passear no centro comercial Bom Preço”, Q: “As lojas meiras colunas encontram-se os valores-verdade de duas
do centro comercial Bom Preço estavam realizando liquida- proposições A e B. Considere que V é usado para proposi-
ção” e R: “Sandra comprou roupas nas lojas do Bom Preço” ção verdadeira e F para proposição falsa.
é possível formar a proposição composta S: “Se Sandra foi
passear no centro comercial Bom Preço e se as lojas desse
centro estavam realizando liquidação, então Sandra com-
prou roupas nas lojas do Bom Preço ou Sandra foi passear
no centro comercial Bom Preço”. Considerando todas as
possibilidades de as proposições P, Q e R serem verdadei-
ras (V) ou falsas (F), é possível construir a tabela-verdade da
proposição S, que está iniciada na tabela mostrada a seguir.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

Assinale a sequência que completa correta e respecti- 08. A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre ver-
vamente a tabela com os valores-verdade de x, y, z, t. dadeira, independentemente das valorações de P e Q como
verdadeiras ou falsas.
(A) V, F, V, V ( )certo ( )errado
(B) V, F, F, F
(C) F, V, V, F
(D) F, V, F, V 09. Tendo como referência essa situação hipotética,
julgue o item que se segue.
05. (AGREBRA – Técnico em Regulação – IBFC/2017)
A sentença P→S é verdadeira.
Assinale a alternativa correta. O valor lógico do bicondicio-
nal entre duas proposições é falso se:
( )certo ( )errado
(A) os valores lógicos das duas proposições forem fal-
sos .
(B) o valor lógico de cada uma das proposições for ver- 10. Tendo como referência essa situação hipotética,
dade. julgue o item que se segue.
(C) o valor lógico da primeira proposição for falso.
(D) o valor lógico da segunda proposição for falso. A sentença Q→R é falsa.
(E) somente uma das proposições tiver valor lógico fal- ( )certo ( )errado
so.

06. (PREF. DE SÃO JOSÉ DO CERRITO/SC – Assitente 11. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere as
Social – IESES/2017) Assinale a alternativa INCORRETA so- seguintes proposições:
bre lógica proposicional:
I) p ∧ ~p
(A) A disjunção inclusiva é falsa apenas quando ambas II) p → ~p
as proposições são falsas. III) p ∨ ~p
(B) A negação de uma proposição é falsa se ela for ver-
IV) p →~q
dadeira, e vice-versa.
(C) A conjunção é verdadeira apenas quando ambas as
proposições são verdadeiras. Assinale a alternativa correta.
(D) A implicação ou condicional é falsa quando ambas
as proposições são falsas. (A) Somente I e II são tautologias.
(B) Somente II é tautologia.
07. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS- (C) Somente III é tautologia.
CONCURSOS/2017) A tabela-verdade da proposição (p (D) Somente III e a IV são tautologias.
->q) ^r <->(p^~r) possui: (E) Somente a IV é tautologia.

(A) 4 linhas
(B) 8 linhas 12 (FUNDAÇÃO HEMOCENTRO DE BRASILIA/DF – Ad-
(C) 16 linhas ministração – IADES/2017) Assinale a alternativa que apre-
(D) 32 linhas senta uma tautologia.

(DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de di- (A) p∨(q∨~p)


reito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou (B) (q→p) →(p→q)
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu- (C) p→(p→q∧~q)
mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e (D) p∨~q→(p→~q)
as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu (E) p∨q→p∧q
vocabulário particular constava, por exemplo:

P: Cometeu o crime A.
Respostas
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
são no regime fechado. 01. Resposta: C.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança. P: A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não denciárias.
recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafian- Q: apresentou os comprovantes de pagamento.
çável. R: o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue Número de linhas: 2³=8.
os itens que se seguem.

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. Resposta: D. -Bicondicional


A proposição S é composta por: (p∧q)→(r∨p) p q p ↔q
V V V
P Q R p∧q r∨p S(p∧q)→(r∨p) V F F
V V V V V V F V F
F F V
V V F V V V
V F V F V V 09. Resposta: Errado
Apesar da tendência de falar que é verdadeira, pois fala
V F F F V V que o crime B é inafiançável, logo A é pode optar por pagar
F V V F V V a fiança, não é correto, pois não sabemos sobre o crime A,
F V F F F V se ele é inafiançável ou não.
F F V F V V
10. Resposta: Errado.
F F F F F V Se temos V(Q)=V
Para a proposição Q→R ser falsa, R deve ser falso.
03. Resposta: A. Mas, se o crime B é inafiançável, então R é verdadeiro,
É uma conjunção, pois só é verdadeira quando as duas tornando Q→R verdadeira, por isso está errado.
proposições são verdadeiras.
11. Resposta: C.
04. Resposta:A. P ou a própria negação é tautologia.
A B ¬A ¬A ou B
V V F V 12. Resposta: A.
V F F F Antes de entrar em desespero que tenha que fazer to-
F V V V das as tabela verdade, vamos analisar:
F F V V Provavelmente terá uma alternativa que tenha uma
proposição com conectivo de disjunção e a negação:
05. Resposta: E. p∨~p
p q p ↔q Logo na alternativa A, percebemos que temos algo pa-
V V V recido.
V F F Para confirmar, podemos fazer a tabela verdade:
F V F P Q ~p q∨~p p∨(q∨~p)
F F V V V F V V
V F F F V
06. Resposta: D. F V V V V
A condicional é falsa, apenas quando a primeira for F F V V V
verdadeira e a segunda falsa.

07. Resposta: B.
São três proposições: 2³=8 LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
08. Resposta: Certo.
Analisando as duas tabelas, qualquer valor lógico que
colocarmos dará verdadeiro. Argumentos
Exemplo:
V(P)=V Um argumento é um conjunto finito de premissas (pro-
V(Q)=V posições ), sendo uma delas a consequência das demais.
V(~P)=F Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou
V(~Q)=F consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Um
V(P→Q)=V argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q
V(~Q→~P)=V OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ ...
V((P→Q)↔((~Q→(~P))==V ∧ Pn → Q, também poderá ser representada pela seguinte
forma:
-Condicional
p q p →q
V V V
V F F
F V V
F F V

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

Argumentos válidos Se Antônio é inocente então Carlos é inocente


Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a
Um argumento é válido quando a conclusão é verda- condicional só será verdadeira se a segunda proposição
deira (V), sempre que as premissas forem todas verdadeiras também for.
(V). Dizemos, também, que um argumento é válido quando
a conclusão é uma consequência obrigatória das verdades Então, temos:
de suas premissas. Pedro é inocente, João é culpado, Antônio é inocente
e Carlos é inocente.
Argumentos inválidos

Um argumento é dito inválido (ou falácia, ou ilegítimo Questões


ou mal construído), quando as verdades das premissas são
insuficientes para sustentar a verdade da conclusão. Caso a
01. (PREF. DE SALVADOR – Técnico de Nível Supe-
conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências geradas
rior – FGV/2017) Carlos fez quatro afirmações verdadeiras
pelas verdades de suas premissas, tem-se como conclusão
sobre algumas de suas atividades diárias:
uma contradição (F).
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
Métodos para testar a validade dos argumentos
(IFBA – Administrador – FUNRIO/2016) Ou João é cul- ▪ Almoço, ou vou à academia.
pado ou Antônio é culpado. Se Antônio é inocente então ▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
Carlos é inocente. João é culpado se e somente se Pedro é ▪ Visto bermuda, ou não vou à academia.
inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo:
Certo dia, Carlos vestiu uma calça pela manhã.
(A) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são
culpados. É correto concluir que Carlos:
(B) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são
culpados. (A) almoçou e foi à academia.
(C) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são (B) foi ao restaurante e não foi à academia.
culpados. (C) não foi à academia e não almoçou.
(D) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são (D) almoçou e não foi ao restaurante.
culpados. (E) não foi à academia e não almoçou.
(E) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é cul-
pado. 02. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário-
FGV/2017) Sabe-se que:
Resposta: E.
Vamos começar de baixo pra cima. • Se X é vermelho, então Y não é verde.
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado. • Se Y é verde, então Z é azul.
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente
João é culpado se e somente se Pedro é inocente Logo, deduz-se que:
Ora, Pedro é inocente
(V) (A) X é vermelho;
(B) X não é vermelho;
Sabendo que Pedro é inocente,
(C) Y é verde;
João é culpado se e somente se Pedro é inocente
(D) Y não é verde;
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
(E) Z não é azul.
ambas forem verdadeiras ou ambas falsas.

João é culpado se e somente se Pedro é inocente 03. (PC/AC – Agente de Polícia Civil – IBADE/2017)
(V) (V) Sabe-se que se Zeca comprou um apontador de lápis azul,
Ora, Pedro é inocente então João gosta de suco de laranja. Se João gosta de suco
de laranja, então Emílio vai ao cinema. Considerando que
(V)
Emílio não foi ao cinema, pode-se afirmar que:
Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primeira
(A) Zeca não comprou um apontador de lápis azul.
premissa
(B) Emílio não comprou um apontador de lápis azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
(C) Zeca não gosta de suco de laranja.
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva só
(D) João não comprou um apontador de lápis azul.
é verdadeira se apenas uma das proposições for.
(E) Zeca não foi ao cinema.

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (UFSBA – Administrador – UFMT/2017) São da- É correto concluir que, nesse dia, Carlos:
dos os seguintes argumentos:
ARGUMENTO 1 (A) correu e andou;
(B) não correu e não andou;
P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so- (C) andou e não teve companhia;
teropolitana. (D) teve companhia e andou;
P2: Iracema é soteropolitana. (E) não correu e não teve companhia.
C:
07. (PREF. DE SÃO PAULO – Assistente de Gestão de
Políticas Públicas – CESPE/2016) As proposições seguin-
ARGUMENTO 2
tes constituem as premissas de um argumento.
P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
dutora de cacau. • Bianca não é professora.
P2: Aurélia não é ilheense. • Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é
C: professora.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então
ARGUMENTO 3 Paulo é técnico de contabilidade.
P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista. • Carlos é especialista em recursos humanos, ou Ana
P2: Lucíola não é bailarina. não trabalha na área de informática, ou Bianca é professora.
C:
Assinale a opção correspondente à conclusão que tor-
ARGUMENTO 4 na esse argumento um argumento válido.
P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
P2: Cecília não gosta de vatapá. (A) Carlos não é especialista em recursos humanos e
C: Paulo não é técnico de contabilidade.
(B) Ana não trabalha na área de informática e Paulo é
Pode-se inferir que técnico de contabilidade.
(C) Carlos é especialista em recursos humanos e Ana
(A) Lucíola é turista.
trabalha na área de informática.
(B) Cecília é baiana.
(D) Bianca não é professora e Paulo é técnico de con-
(C) Aurélia é produtora de cacau. tabilidade.
(D) Iracema gosta de acarajé. (E) Paulo não é técnico de contabilidade e Ana não tra-
balha na área de informática.
05. (COPERGAS/PE – Auxiliar Administrativo –
FCC/2016) Considere verdadeiras as afirmações a seguir: 08. (PREF. DE SÃO GONÇALO – Analista de Contabi-
lidade – BIORIO/2016) Se Ana gosta de Beto, então Beto
I. Laura é economista ou João é contador. ama Carla. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz.
II. Se Dinorá é programadora, então João não é con- Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora. Mas
tador. Luiz não briga com Débora. Assim:
III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.
IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista. (A) Ana gosta de Beto e Beto ama Carla.
(B) Débora não ama Luiz e Ana não gosta de Beto.
A partir dessas informações é possível concluir, corre- (C) Débora ama Luiz e Ana gosta de Beto.
tamente, que : (D) Ana não gosta de Beto e Beto não ama Carla.
(E) Débora não ama Luiz e Ana gosta de Beto.
(A) Beatriz é digitadora.
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador –
(B) João é contador.
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Considerem-se verda-
(C) Dinorá é programadora.
deiras as seguintes proposições:
(D) Beatriz não é digitadora.
(E) João não é contador. P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-
terraba.
06. (MPE/RJ – Analista do Ministério Público – P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos-
FGV/2016) Sobre as atividades fora de casa no domingo, ta de jiló.
Carlos segue fielmente as seguintes regras: P3: Carlos gosta de jiló e Daniel não gosta de cenoura.
- Ando ou corro.
Assim, uma conclusão necessariamente verdadeira é a
- Tenho companhia ou não ando.
- Calço tênis ou não corro. seguinte:
Domingo passado Carlos saiu de casa de sandálias.

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) André não gosta de chuchu se, e somente se, Daniel 03. Resposta: A.
gosta de cenoura. Considerando que Emílio não foi ao cinema:
(B) Se André não gosta de chuchu, então Daniel gosta
de cenoura. Se João gosta de suco de laranja, então Emílio vai ao
(C) Ou André gosta de chuchu ou Daniel não gosta de cinema.
cenoura. F F
(D) André gosta de chuchu ou Daniel gosta de cenou- Zeca comprou um apontador de lápis azul, então João
ra. gosta de suco de laranja.
F F
10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016)
Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras. 04. Resposta: A.
Vamos analisar por alternativa, pois fica mais fácil que
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. analisar cada argumento.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. OBS: Como a alternativa certa é a A, analisarei todas as
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. alternativas, para mostrar o porquê de ser essa a correta.
• Quando Fernando está estudando, não chove.
• Durante a noite, faz frio. (A) Lucíola é turista.
Eu acho mais fácil fazer sempre com as premissas ver-
Tendo como referência as proposições apresentadas, dadeiras.
julgue o item subsecutivo. ARGUMENTO 3
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estu- P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista.
dando. F V
certo errado P2: Lucíola não é bailarina.(V)

Respostas (B) Cecília é baiana


P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
V F
01. Resposta: B.
P2: Cecília não gosta de vatapá.
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
▪ Almoço, ou vou à academia.
Mas se Cecília não gosta de vatapá a P2 seria incorreta,
V f
por isso não é essa alternativa.
▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
V F
(C) Aurélia é produtora de cacau
▪ Visto bermuda, ou não vou à academia. P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
F V dutora de cacau.
F F
02. Resposta: D. P2: Aurélia não é ilheense.
Vamos tentar fazendo que X é vermelho para ver se Aurélia seria ilheense.
todos vão ter valor lógico correto.
(D) Iracema gosta de acarajé.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so-
V V teropolitana.
• Se Y é verde, então Z é azul. F V
F F/V P2: Iracema é soteropolitana.(F)
• Se X não é vermelho, então Z não é azul. Também entrou em contradição.
F F/V
05. Resposta: B.
Se x não é vermelho: Começamos sempre pela conjunção.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista.
F V V V
• Se Y é verde, então Z é azul.
F F I. Laura é economista ou João é contador.
F V
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
V V II. Se Dinorá é programadora, então João não é con-
tador.
F F

III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.


V/F V

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: D. (A) na bicondicional, as duas deveriam ser verdadeiras,


- Calço tênis ou não corro. ou as duas falsas
F V (B) como a primeira proposição é verdadeira, a segun-
da também deveria ser.
- Ando ou corro. (D) Como a primeira é falsa, a segunda deveria ser ver-
V F dadeira.
- Tenho companhia ou não ando.
V F 10.Resposta: Errado
Resumindo: ele calçou sandálias, andou e teve com-
panhia. • Durante a noite, faz frio.
V
07. Resposta: C.
• Bianca não é professora.(V) • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
• Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é F F
professora.
F F • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então V V
Paulo é técnico de contabilidade.
F F • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
• Carlos é especialista em recursos humanos, F F
V
ou Ana não trabalha na área de informática, ou Bianca • Quando Fernando está estudando, não chove.
é professora. V/F V
F F Portanto, Se Maria foi ao cinema, então Fernando es-
tava estudando.
08. Resposta: D. Não tem como ser julgado.
Sabendo que Luiz não briga com Débora
Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora.
F F DIAGRAMAS LÓGICOS E LÓGICA DE
. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz PRIMEIRA ORDEM
F F
Se Ana gosta de Beto, então Beto ama Carla.
F V
As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro-
09 Resposta: C. posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução
Vamos começar pela P3, pois é uma conjunção, assim requer que desenhemos figuras, os chamados diagramas.
é mais fácil definirmos o valor lógico de cada proposição.
Para a conjunção ser verdadeira, as duas proposições Definição das proposições
devem ser verdadeiras.
Portanto: Todo A é B.
Carlos gosta de jiló.
Daniel não gosta de cenoura. O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos- elemento de A também é elemento de B.
ta de jiló.
Carlos não gosta de jiló. (F) Podemos representar de duas maneiras:
e par a condicional ser verdadeira a primeira também deve
ser falsa.
Bruno gosta de beterraba. (F)

P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-


terraba.
A segunda é falsa, e para a disjunção ser verdadeira, a
primeira é verdadeira.
André não gosta de chuchu. (V).
Vamos enumerar as verdadeiras:
1- Carlos gosta de jiló.
2-Daniel não gosta de cenoura.
3-Bruno não gosta de beterraba Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como
4-André não gosta de chuchu ficam os valores lógicos das outras?

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

Pensemos nessa frase: Toda criança é linda. a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen-
tos em comum.
Nenhum A é B é necessariamente falsa.
Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
que TODA criança é linda? Por isso é falsa.

Algum A é B é necessariamente verdadeira


Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
lindas.

Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está


contido em B.
Alguma criança não é linda, bem como já vimos impos-
sível, pois todas são.
b) Todos os elementos de A estão em B.
Nenhum A é B.

A e B não terão elementos em comum.

c) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras?

Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex-


trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)

Todo A é B é necessariamente falsa.


Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?

Algum A é B é necessariamente falsa.


Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.

Algum A não é B necessariamente verdadeira.


Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos
d) O conjunto A é igual ao conjunto B.
não sejam mas, se já está dizendo algum vou concordar.

Algum A é B.

Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em


comum com o conjunto B.

Temos 4 representações possíveis:

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como c) Não há elementos em comum entre os dois conjun-
ficam os valores lógicos das outras? tos
Frase: Algum copo é de vidro.

Nenhum A é B é necessariamente falsa


Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né?
Porque assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei de
falar que algum copo é de vidro, ou seja, tenho pelo menos
1 copo de vidro.

Todo A é B , não conseguimos determinar, podendo ser


verdadeira ou falsa (podemos analisar também os diagra-
mas mostrados nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
Algum A não é B não conseguimos determinar, poden- como ficam os valores lógicos das outras?
do ser verdadeira ou falsa(contradiz com as figuras b e d) Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se to- Frase: Algum copo não é de vidro.
dos os copos são de vidros, pode ser verdadeira.
Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as
Algum A não é B. figuras a e b)
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
pertence ao conjunto B. todos não são de vidro.

Aqui teremos 3 modos de representar: Todo A é B , é necessariamente falsa


Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen- não era.
tos em comum
Algum A é B é indeterminada
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem
algum de vidro ou não.

Quantificadores são elementos que, quando associa-


dos às sentenças abertas, permitem que as mesmas sejam
avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser
qualificadas como sentenças fechadas.

O quantificador universal

O quantificador universal, usado para transformar sen-


tenças (proposições) abertas em proposições fechadas, é
indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que seja”,
“para todo”, “para cada”.
b) Todos os elementos de B estão em A.
Exemplo:
(∀x)(x + 2 = 6)
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6” (fal-
sa).
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a
afirmação ser verdadeira.

O quantificador existencial

O quantificador existencial é indicado pelo símbolo


“∃” que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe
um”.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos: 02. (TRT - 20ª REGIÃO /SE - Técnico Judiciário –


(∃x)(x + 5 = 9) FCC/2016) que todo técnico sabe digitar. Alguns desses
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verda- técnicos sabem atender ao público externo e outros desses
deira). técnicos não sabem atender ao público externo. A partir
Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...claro dessas afirmações é correto concluir que:
que existe algum número que essa afirmação será verda-
deira. (A) os técnicos que sabem atender ao público externo
não sabem digitar.
Ok?? Sem maiores problemas, certo? (B) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
terno não sabem digitar.
Representação de uma proposição quantificada (C) qualquer pessoa que sabe digitar também sabe
atender ao público externo.
(∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15) (D) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
Quantificador: ∀ terno sabem digitar.
Condição de existência da variável: x ∈ N . (E) os técnicos que sabem digitar não atendem ao pú-
Predicado: x + 3 > 15. blico externo.

(∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)] 03. (COPERGAS – Auxiliar Administrativo –


Quantificador: ∃ FCC/2016) É verdade que existem programadores que não
Condição de existência da variável: não há. gostam de computadores. A partir dessa afirmação é cor-
Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”. reto concluir que:

Negações de proposições quantificadas ou funcionais (A) qualquer pessoa que não gosta de computadores é
Seja uma sentença (∀x)(A(x)). um programador.
Negação: (∃x)(~A(x)) (B) todas as pessoas que gostam de computadores não
são programadores.
Exemplo (C) dentre aqueles que não gostam de computadores,
(∀x)(2x-1=3) alguns são programadores.
Negação: (∃x)(2x-1≠3) (D) para ser programador é necessário gostar de com-
putador.
(E) qualquer pessoa que gosta de computador será um
bom programador.
Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
Negação: (∀x)(~Q(x)).
04. (COPERGAS/PE - Analista Tecnologia da Infor-
(∃x)(2x-1=3)
mação
Negação: (∀x)(2x-1≠3)
- FCC/2016) É verdade que todo engenheiro sabe ma-
temática. É verdade que há pessoas que sabem matemática
Questões e não são engenheiros. É verdade que existem administra-
dores que sabem matemática. A partir dessas afirmações é
01. (UFES - Assistente em Administração – possível concluir corretamente que:
UFES/2017) Em um determinado grupo de pessoas:
(A) qualquer engenheiro é administrador.
• todas as pessoas que praticam futebol também pra- (B) todos os administradores sabem matemática.
ticam natação, (C) alguns engenheiros não sabem matemática.
• algumas pessoas que praticam tênis também prati- (D) o administrador que sabe matemática é engenhei-
cam futebol, ro.
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam (E) o administrador que é engenheiro sabe matemática.
natação.
05. (CRECI 1ª REGIÃO/RJ – Advogado – MSCON-
É CORRETO afirmar que no grupo CURSOS/2016) Considere como verdadeiras as duas pre-
missas seguintes:
(A) todas as pessoas que praticam natação também
praticam tênis. I – Nenhum professor é veterinário;
(B) todas as pessoas que praticam futebol também pra- II – Alguns agrônomos são veterinários.
ticam tênis.
(C) algumas pessoas que praticam natação não prati- A partir dessas premissas, é correto afirmar que, neces-
cam futebol. sariamente:
(D) algumas pessoas que praticam natação não prati- (A) Nenhum professor é agrônomo.
cam tênis. (B) Alguns agrônomos não são professores.
(E) algumas pessoas que praticam tênis não praticam (C) Alguns professores são agrônomos.
futebol. (D) Alguns agrônomos são professores.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. (EMSERH - Auxiliar Administrativo – FUN- (C) Mirian é escrevente


CAB/2016) Considere que as seguintes afirmações são (D) Mirian não é escrevente.
verdadeiras: (E) se Arnaldo é escrevente, então Arnaldo é primo de
Mirian
“Algum maranhense é pescador.”
“Todo maranhense é trabalhador.”
10. (DPE/MT – Assistente Administrativo –
Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que: FGV/2015) Considere verdadeiras as afirmações a seguir.
(A) Algum maranhense pescador não é trabalhador • Existem advogados que são poetas.
(B) Algum maranhense não pescar não é trabalhador • Todos os poetas escrevem bem.
(C) Todo maranhense trabalhadoré pescador
(D) Algum maranhense trabalhador é pescador
Com base nas afirmações, é correto concluir que
(E) Todo maranhense pescador não é trabalhador.
(A) se um advogado não escreve bem então não é poe-
07. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Assistente Ad- ta.
ministrativo – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2015) Em certa (B) todos os advogados escrevem bem.
comunidade, é verdade que: (C) quem não é advogado não é poeta.
(D) quem escreve bem é poeta.
- todo professor de matemática possui grau de mestre; (E) quem não é poeta não escreve bem.
- algumas pessoas que possuem grau de mestre gos-
tam de empadão de camarão;
- algumas pessoas que gostam de empadão de cama- Respostas
rão não possuem grau de mestre.
01. Resposta: E.
Uma conclusão necessariamente verdadeira é:

(A) algum professor de matemática gosta de empadão


de camarão.
(B) nenhum professor de matemática gosta de empa-
dão de camarão.
(C) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
gosta de matemática.
(D) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
não é professor de matemática.

08. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Se todo estudante de uma disciplina A é tam-
bém estudante de uma disciplina B e todo estudante de
uma disciplina C não é estudante da disciplina B, e ntão é 02. Resposta: D.
verdade que: Podemos excluir as alternativas que falam que não sa-
bem digitar, pois todos os técnicos sabem digitar.
(A) algum estudante da disciplina A é estudante da dis-
ciplina C.
(B) algum estudante da disciplina B é estudante da dis-
ciplina C.
(C) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina C.
(D) nenhum estudante da disciplina B é estudante da
disciplina A.
(E) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina B.

09. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Considere verdadeira a seguinte afirmação:
“Todos os primos de Mirian são escreventes”.

Dessa afirmação, conclui­se corretamente que


(A) se Pâmela não é escrevente, então Pâmela não é
prima de Mirian.
(B) se Jair é primo de Mirian, então Jair não é escre-
vente.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. Resposta: C. 07. Resposta: D.

Podemos ter esses dois modelos de diagramas:

(A) não está claro se os mestres que gostam de empa-


dão são professores ou não.
(B) podemos ter o primeiro diagrama
04. Resposta: E. (C) pode ser o segundo diagrama.

08. Resposta: C.
O diagrama C deve ficar para fora, pois todo estudante
de C não é da disciplina B, ou seja, não tem ligação nenhuma.

05. Resposta: B.
Alguns agrônomos são veterinários e podem ser só
agrônomos.
Assim, os estudantes da disciplina A, também não fa-
zem disciplina C e vice-versa.

09. Resposta: A.

06. Resposta: D.

Como Pâmela não é escrevente, ela está em um diagra-


ma a parte, então não é prima de Mirian.
Analisando as alternativas erradas:

(B) Todos os primos de primo são escrevente.


(C) e (D) Não sabemos se Mirian é escrevente ou não.
(E) Não necessariamente, pois há pessoas que são es-
creventes, mas não primos de Mirian.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: A. Regra de Absorção


Se o advogado não escreve bem, ele faz parte da área p→p∧q⇔p→q
hachurada, portanto ele não é poeta.
p q p∧q p→p∧q p→q
V V V V V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

Condicional

Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são


as mais pedidas nos concursos
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-
verdades idênticas

p ~p q p∧q p→q ~p∨q


V F V V V V
V F F F F F
Referências
F V V F V V
Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Pro-
F V F F V V
vas e Concursos, 2010.
Exemplo
p: Coelho gosta de cenoura
q: Coelho é herbívoro.
EQUIVALÊNCIAS
p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é her-
bívoro.
~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her-
bívoro
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se
as tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊNTI- p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
CAS. V V F F V V
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguinte V F F V V V
notação: F V V F F F
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..) F F V V V V

Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, Equivalência fundamentais (Propriedades Funda-
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas. mentais): a equivalência lógica entre as proposições goza
das propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.
Regra da Dupla negação
~~p⇔p 1 – Simetria (equivalência por simetria)
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p
p q p∧q q∧p
p ~p ~~p
V F V V V V V
F V F V F F F
F V F F
São iguais, então ~~p⇔p F F F F

Regra de Clavius b) p ∨ q ⇔ q ∨ p
~p→p⇔p p q p∨q q∨ p
V V V V
p ~p ~p→p V F V V
V F V F V V V
F V F F F F F

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

c) p ∨ q ⇔ q p b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
p q p∨q q∨p
V V F F q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∨ (p
p q r
V F V V ∨r ∨ r) q ∨r ∨ r)
F V V V V V V V V V V V
F F F F V V F V V V V V
V F V V V V V V
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p V F F F V V V V
p q p↔q q↔p F V V V V V V V
V V V V F V F V V V F V
V F F F F F V V V F V V
F V F F F F F F F F F F
F F V V
3 – Idempotência
Equivalências notáveis: a) p ⇔ (p ∧ p)
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas
1 - Distribuição (equivalência pela distributiva) colunas com p:
a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
p p p∧p
V V V
q p ∧ (q p∧ p (p ∧ q) ∨ (p
p q r F F F
∨r ∨ r) q ∧r ∧ r)
V V V V V V V V b) p ⇔ (p ∨ p)
V V F V V V F V
V F V V V F V V p p p ∨p
V F F F F F F F V V V
F V V V F F F F F F F
F V F V F F F F
F F V V F F F F 4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se
F F F F F F F F outra condicional equivalente à primeira, apenas inverten-
do-se e negando-se as proposições simples que as com-
b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) põem.

p q r
q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∧ (p Da mesma forma que vimos na condicional mais acima,
∧r ∧ r) q ∨r ∨ r) temos outros modos de definir a equivalência da condicio-
V V V V V V V V nal que são de igual importância
V V F F V V V V
V F V F V V V V 1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p)
V F F F V V V V p q ~p ~q p → q ~q → ~p
F V V V V V V V V V F F V V
F V F F F V F F V F F V F F
F F V F F F V F F V V F V V
F F F F F F F F F F V V V V
2 - Associação (equivalência pela associativa) 2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p)
a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V
q p ∧ (q p (p ∧ q) ∧ (p
p q r p∧q V F F V V V
∧r ∧ r) ∧r ∧ r)
V V V V V V V V F V V V F V
V V F F F V F F F F V F V F
V F V F F F V F
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p)
V F F F F F F F
F V V V F F F F p q ~q p → ~q ~p q → ~p
F V F F F F F F V V F F F F
F F V F F F F F V F V V F V
F F F F F F F F F V F V V V
F F V V V V

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

5 - Pela bicondicional Questões


a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição
p q p ↔ q p → q q → p (p → q) ∧ (q → p) 01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
V V V V V V NESP/2017) Uma afirmação equivalente para “Se estou fe-
liz, então passei no concurso” é:
V F F F V F
F V F V F F (A) Se passei no concurso, então estou feliz.
F F V V V V (B) Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(C) Não passei no concurso e não estou feliz.
b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q) (D) Estou feliz e passei no concurso.
p
~q → ~p → (~q → ~p) ∧ (E) Passei no concurso e não estou feliz.
p q ↔ ~q ~p
~p ~q (~p → ~q)
q 02. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere a
V V V F F V V V frase:
V F F V F F V F Se Marco treina, então ele vence a competição.
F V F F V V F F A frase equivalente a ela é:
F F V V V V V V
(A) Se Marco não treina, então vence a competição.
c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q) (B) Se Marco não treina, então não vence a competição.
p p (C) Marco treina ou não vence a competição.
~p ∧ (p ∧ q) ∨ (~p (D) Marco treina se e somente se vence a competição.
p q ↔ ∧ ~p ~q
~q ∧ ~q) (E) Marco não treina ou vence a competição.
q q
V V V V F F F V
V F F F F V F F 03. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES-
F V F F V F F F PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
F F V F V V V V
próximo item.
Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é
6 - Pela exportação-importação
equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]
( ) Certo
p q r p ∧ q (p ∧ q) → r q → r p → (q → r) ( ) Errado
V V V V V V V
V V F V F F F 04. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário – FGV/2017)
V F V F V V V Considere a sentença: “Se Pedro é torcedor do Avaí e Marce-
V F F F V V V la não é torcedora do Figueirense, então Joana é torcedora
F V V F V V V da Chapecoense”.
F V F F V F V Uma sentença logicamente equivalente à sentença dada é:
F F V F V V V
(A) Se Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
F F F F V V V
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
pecoense.
Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)
(B) Se Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torce-
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
Chama-se proposições associadas a p → q as três pro- pecoense.
posições condicionadas que contêm p e q: (C) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
– Proposições recíprocas: p → q: q → p do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q (D) Se Joana não é torcedora da Chapecoense, então
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torcedora do Fi-
gueirense.
Observe a tabela verdade dessas quatro proposições: (E) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
q do Figueirense e Joana é torcedora da Chapecoense.
p→ ~p → ~q →
p q ~p ~q →
q ~q ~p 05. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Considere
p
V V F F V V V V como verdadeira a seguinte sentença: “Se todas as flores são
V F F V F V V F vermelhas, então o jardim é bonito”.
F V V F V F F V É correto concluir que:
F F V V V V V V
(A) se todas as flores não são vermelhas, então o jardim
Observamos ainda que a condicional p → q e a sua não é bonito;
recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO (B) se uma flor é amarela, então o jardim não é bonito;
(C) se o jardim é bonito, então todas as flores são ver-
EQUIVALENTES.
melhas;

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

(D) se o jardim não é bonito, então todas as flores não Respostas


são vermelhas;
(E) se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor 01. Resposta: B.
não é vermelha. p→q⇔~q→~p
p: Estou feliz
06. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017) q: passei no concurso
Uma proposição equivalente a Se há fumaça, há fogo, é: A equivalência ficaria:
Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(A) Se não há fumaça, não há fogo.
(B) Se há fumaça, não há fogo. 02. Resposta: E.
(C) Se não há fogo, não há fumaça. Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(D) Se há fogo, há fumaça. “~p∨q”
P: Marcos treina
07. (DPE/RR – Técnico em Informática – INAZ DO Q: ele vence a competição
PARÁ/2017) Diz-se que duas preposições são equivalen- Marcos não treina ou ele vence a competição
tes entre si quando elas possuem o mesmo valor lógico. A
sentença logicamente equivalente a: “ Se Maria é médica, 03. Resposta: Certo.
então Victor é professor” é: Uma dica é que normalmente quando tem vírgula é
condicional, não é regra, mas acontece quando você não
(A) Se Victor não é professor então Maria não é médica acha o conectivo.
(B) Se Maria não é médica então Victor não é professor
(C) Se Victor é professor, Maria é médica 04. Resposta: C.
(D) Se Maria é médica ou Victor é professor Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(E) Se Maria é médica ou Victor não é professor “~p∨q”
~p: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
08. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador – dora do Figueirense
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma proposição lo- ~q→~p: Se Joana não é torcedora da Chapecoense,
então Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
gicamente equivalente a “se eu não posso pagar um táxi,
do Figueirense
então vou de ônibus” é a seguinte:
~p∨q: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
dora do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
(A) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi
(B) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus
05. Resposta: E.
(C) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
Equivalência: p→q⇔~q→~p
(D) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar
Para negar Todos:
um táxi Pelo menos faz o contrário, ou seja, no nosso caso,
pelo menos uma flor não é vermelha
09. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi- ~p: Pelo menos uma flor não é vermelha
nistração – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma pro- Se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor
posição logicamente equivalente a “todo ato desonesto é não é vermelha.
passível de punição” é a seguinte:
06. Resposta: C.
(A) todo ato passível de punição é desonesto. Nega as duas e troca de lado.
(B) todo ato não passível de punição é desonesto. Se não há fogo, então não há fumaça.
(C) se um ato não é passível de punição, então não é
desonesto. 07. Resposta: A.
(D) se um ato não é desonesto, então não é passível Nega as duas e troca de lado.
de punição. Se Victor não é professor, então Maria não é medica.

10. (TJ/PI – Analista Judiciário – FGV/2015) Conside- 08. Resposta: A.


re a sentença: “Se gosto de capivara, então gosto de javali”. Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p
~p∨q
Uma sentença logicamente equivalente à sentença Nesse caso, como temos apenas condicional nas alter-
dada é: nativas.
Nega as duas e troca
(A) Se não gosto de capivara, então não gosto de javali. p: não posso pagar um táxi
(B) Gosto de capivara e gosto de javali. q: vou de ônibus
(C) Não gosto de capivara ou gosto de javali. ~p: Posso pagar um táxi
(D) Gosto de capivara ou não gosto de javali. ~q: Não vou de ônibus
(E) Gosto de capivara e não gosto de javali. Se não vou de ônibus, então posso pagar um táxi

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

09. Resposta: C.
Vamos pensar da seguinte maneira:
Se todo ato é desonesto, então é passível de punição
Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou “~p∨q”
Nesse caso, as alternativas nos mostram condicional.
Se um ato não é passível de punição, então não é desonesto.

10. Resposta: C.
Lembra da tabela da teoria??
p q p→q ~p ~p∨q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

Então
p: Gosto de capivara
q: Gosto de javali

Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p, mas não temos essa opção.
Portanto, deve ser ~p∨q
Não gosto de capivara ou gosto de javali.

Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.

LEIS DE DEMORGAN

Negação de uma proposição composta


Definição: Quando se nega uma proposição composta primitiva, gera-se outra proposição também composta e equi-
valente à negação de sua primitiva.
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que saber qual a equivalência da negação para compor uma frase, por
exemplo.

Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
~(p ∧ q) ⇔ (~p ∨ ~q)
p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q) ~p ∨ ~q
V V F F V F F
V F F V F V V
F V V F F V V
F F V V F V V

Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.
~(p ∨ q) ⇔ (~p ∧ ~q)

p q ~p ~q p∨q ~(p ∨ q) ~p ∧ ~q
V V F F V F F
V F F V V F F
F V V F V F F
F F V V F V V

23
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resumindo as negações, quando é conjunção nega as duas e troca por “ou”


Quando for disjunção, nega tudo e troca por “e”.
Negação de uma disjunção exclusiva
~(p ∨ q) ⇔ (p ↔ q)
p q p∨q ~( p∨q) p↔q
V V F V V
V F V F F
F V V F F
F F F V V

Negação de uma condicional


Famoso MANE
Mantém a primeira e nega a segunda.
~(p → q) ⇔ (p ∧ ~q)
p q p→q ~q ~(p → q) p ∧ ~q
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F V
F F V V F F

Negação de uma bicondicional


~(p ↔ q) = ~[(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]
~[(p → q) ∧ [(p ∧ ~q) ∨
P Q p ↔ q p → q q → p p → q) ∧ (q → p)] p ∧ ~q q ∧ ~p
(q → p)] (q ∧ ~p)]
V V V V V V F F F F
V F F F V F V V F V
F V F V F F V F V V
F F V V V V F F F F

Dupla negação (Teoria da Involução)


De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)
P ~P ~ (~p)
V F V
F V F

b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte da
condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2a parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1a vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2a vez: ~(p
∧ ~q) ⇔ ~p ∨ q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equivalente
à sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q

Questões
01. (CORREIOS – Engenheiro de Segurança do Trabalho Júnior – IADES/2017) Qual é a negação da proposição
“Engenheiros gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.”?
(A) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(B) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.
(C) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos gostam de exatas.
(D) Engenheiros gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(E) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos não gostam de exatas.

02. (ARTES - Agente de Fiscalização à Regulação de Transporte - Tecnologia de Informação - FCC/2017) A afirma-
ção que corresponde à negação lógica da frase ‘Vendedores falam muito e nenhum estudioso fala alto’ é:
(A) ‘Nenhum vendedor fala muito e todos os estudiosos falam alto’.
(B) ‘Vendedores não falam muito e todos os estudiosos falam alto’.
(C) ‘Se os vendedores não falam muito, então os estudiosos não falam alto’.
(D) ‘Pelo menos um vendedor não fala muito ou todo estudioso fala alto’.
(E) ‘Vendedores não falam muito ou pelo menos um estudioso fala alto’

24
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IGP/RS – Perito Criminal 0 FUNDATEC/2017) A Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obriga-
negação da proposição “Todos os homens são afetuosos” ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovantes
é: de pagamento.
(A) Toda criança é afetuosa. A proposição Q, anteriormente apresentada, está pre-
(B) Nenhum homem é afetuoso. sente na proposição P do texto CB1A5AAA.
(C) Todos os homens carecem de afeto. A negação da proposição Q pode ser expressa por:
(D) Pelo menos um homem não é afetuoso.
(E) Todas as mulheres não são afetuosas.
(A) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
04. (TRT – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma afir- previdenciárias ou apresentou os comprovantes de paga-
mação que corresponda à negação lógica da afirmação: mento.
todos os programas foram limpos e nenhum vírus perma- (B) A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
neceu, é: denciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
mento.
(A) Se pelo menos um programa não foi limpo, então (C)A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
algum vírus não permaneceu. denciárias e apresentou os comprovantes de pagamento.
(B) Existe um programa que não foi limpo ou pelo me-
(D) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
nos um vírus permaneceu.
(C) Nenhum programa foi limpo e todos os vírus per- previdenciárias nem apresentou os comprovantes de pa-
maneceram. gamento.
(D) Alguns programas foram limpos ou algum vírus
não permaneceu.
(E) Se algum vírus permaneceu, então nenhum progra- 09. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
ma foi limpos. mação:
Ontem trovejou e não choveu.
05. (TRF 1ª REGIÃO – cargos de nível superior – CES- Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação
de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 ta afirmação é
contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Bas- (A) se ontem não trovejou, então não choveu.
ta um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente (B) ontem trovejou e choveu.
modificada.” (C) ontem não trovejou ou não choveu.
Considerando a situação apresentada e a proposição (D) ontem não trovejou ou choveu.
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item. (E) se ontem choveu, então trovejou.
A negação da proposição pode ser corretamente ex-
pressa por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a deci-
são não será totalmente modificada”. 10. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
Certo Errado mação:
Se sou descendente de italiano, então gosto de macar-
06. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES- rão e gosto de parmesão.
PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
ta afirmação é
próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por (A) Sou descendente de italiano e, não gosto de macar-
“Quem não pode mais, não chora menos” rão ou não gosto de parmesão.
Certo Errado (B) Se não sou descendente de italiano, então não gos-
to de macarrão e não gosto de parmesão.
07. (CFF – Analista de Sistema – INAZ DO PARÁ/2017) (C) Se gosto de macarrão e gosto de parmesão, então
Dizer que não é verdade que “Todas as farmácias estão não sou descendente de italiano.
abertas” é logicamente equivalente a dizer que: (D) Não sou descendente de italiano e, gosto de ma-
carrão e não gosto de parmesão.
(A) “Toda farmácia está aberta”. (E) Se não gosto de macarrão e não gosto de parme-
(B) “Nenhuma farmácia está aberta”. são, então não sou descendente de italiano.
(C) “Todas as farmácias não estão abertas”.
(D) “Alguma farmácia não está aberta”.
(E) “Alguma farmácia está aberta”. Respostas
08. (TRT 7ª REGIÃO – Conhecimentos básicos cargos 01. Resposta: A.
1, 2, 7 e 8 – CESPE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P Nega as duas e muda o conectivo para ou
A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
|Engenheiros não gostam de biológicas OU médicos
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga-
não gostam de exatas.
mento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.

25
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. Resposta: E.
Nega as duas e coloca ou. SEQUËNCIA LÓGICA
Vendedores não falam muito
Para negar nenhum, devemos colocar pelo menos e a
afirmativa
Pelo menos um estudioso fala muito. As sequências lógicas aparecem com frequências nas
provas de concurso. São vários tipos: números, letras, figu-
OBS: Se fosse Todos a negação seria pelo menos 1 es- ras, baralhos, dominós e como é um assunto muito abran-
tudioso não fala muito. gente, e pode ser pedido de qualquer forma, o que ajudará
nos estudos serão as práticas de exercícios e algumas dicas
03. Resposta: D. que darei. Em cada exemplo, darei algumas dicas para toda
Para negar todos, colocamos pelo menos um... vez que você visualizar esse tipo de questão já ajude a ana-
E negamos a frase. lisar que tipo será. Vamos lá?
Pelo menos um homem não é afetuoso.
Sequência de Números
04. Resposta:B.
Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multipli-
Negação de Todos: Pelo menos um (existe um, alguns)
e a negação: cação.
Pelo menos um programa não foi limpo. Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA, ela
Negação de nenhum : pelo menos um e a afirmação. vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão, alguns
Pelo menos um vírus permaneceu. serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se assuste se
Ou achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será isso e pon-
Alguns vírus permaneceram. to.
Vamos ver alguns tipos de sequências:
05. Resposta: Errado.
CUIDADO! -Progressão Aritmética
O basta traz sentido de condicional. 2 5 8 11
Se um de nós mudar de ideia, então a decisão será
totalmente modificada. Progressão aritmética sempre terá a mesma razão.
Portanto, mantém a primeira e nega a segunda (MANÈ) No nosso exemplo, a razão é 3, pois para cada número
Basta um de nós mudar de ideia e a decisão não será seguinte, temos que somar 3.
totalmente modificada.
-Progressão Geométrica
06. Resposta: Errado. 9 18 36 72
Negação de uma condicional: mantém a primeira e
nega a segunda. E agora para essa nova sequência?
Se somarmos 9, não teremos uma sequência, então
07. Resposta: D. não é soma.
Para negar todos: pelo menos uma, alguma, existe uma O próximo que tentamos é a multiplicação,9x2=18
Alguma farmácia não está aberta. 18x2=36
36x2=72
08. Resposta: A.
Opa, deu certo?
Nega as duas e troca por “e” por “ou”
Progressão geométrica de razão 2.
A empresa não alegou ter pago suas obrigações previ-
denciárias ou apresentou os comprovantes de pagamento.
-Incremento em Progressão
09. Resposta: D. 1 2 4 7
Negação de ontem trovejou: ontem não trovejou
Negação de não choveu: choveu Observe que estamos somando 1 a mais para cada nú-
Ontem não trovejou ou choveu. mero.
1=1=2
10. Resposta: A. 2+2=4
Negação de condicional: mantém a primeira e nega a 4+3=7
segunda.
Negação de conjunção: nega as duas e troca “e” por “ou” -Série de Fibonacci
Vamos fazer primeiro a negação da conjunção: gosto 1 1 2 3 5 8 13
de macarrão e gosto de parmesão. Cada termo é igual à soma dos dois anteriores.
Não gosto de macarrão ou não gosto de parmesão.
-Números Primos
Sou descendente de italiano e não gosto de macarrão 2 3 5 7 11 13 17
ou não gosto de parmesão. Naturais que possuem apenas dois divisores naturais.

26
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrados Perfeitos Resolução


1 4 9 16 25 36 49 Primeiro tentamos número de sílabas ou letras.
Números naturais cujas raízes são naturais. Letras já não deu certo.

Exemplo 1 Galo=4
Pato=4
(UFPB – Administrador – IDECAN/2016) Considere a Carneiro=8
sequência numérica a seguir: Cobra=4
3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . . Jacaré=6
Não tem um padrão
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de
formação a partir do terceiro termo, então o denominador Número de sílabas
do próximo termo da sequência é: Está dividido em 2 e 3 e sem padrões
(A) 9.
(B) 11. Começadas com as letras dos meses?não...
(C) 26. Difícil...
(D) 27. São animais, então:

Resolução Galo e pato são aves


Quando há uma sequência que não parece progressão Cobra e jacaré são répteis
aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para soma os O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
dois anteriores, soma 1, e assim por diante. procurar outro mamífero que no caso é o boi
No caso se somarmos os dois primeiros para dar o ter- Resposta: A.
ceiro: 3+6=9
Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3 Exemplo 2
Vamos ver se ficará certo com o restante (IBGE - Técnico em Informações Geográficas e Esta-
6+3=9 tísticas – FGV/2016) Considere a sequência infinita
9/3=3
3+2=5 IBGEGBIBGEGBIBGEG...
5/3
Opa...parece que deu certo A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respec-
Então: tivamente:
(A) BG;
(B) GE;
(C) EG;
(D) GB;
(E) BI.

Resposta: E.
Resposta: D.
É uma sequência com 6
Sequência de Letras Cada letra equivale a sequência
Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difícil I=1
de falar, pois podem ser de vários tipos. B=2
Às vezes temos que substituir por números, outras ana- G=3
lisar o padrão de como aparecem. Vamos ver uns exemplos? E=4
G=5
Exemplo 1 B=0
(AGERIO – Analista de Desenvolvimento – FDC/2015)
Considerando a sequência de vocábulos: 2016/6=336 resta 0
galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré 2017/6=336 resta 1
Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será equiva-
A alternativa lógica que substitui X é: lente a última letra

(A) boi E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira


(B) siri letra.
(C) sapo
(D) besouro
(E) gaivota

27
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sequência de Figuras 02. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITU-


Do mesmo modo que a sequência de letras, é um tema TO AOCP/2017) Uma máquina foi programada para dis-
abrangente, pois a banca pode pedir a figura que convém. tribuir senhas para atendimento em uma agência bancária
alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
(FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tecno- estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha
logia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que contém o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na se-
a próxima figura da sequência. guinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas informações
mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª senhas,
respectivamente, são:
(A) 69 e Z.
(B) 90 e Y.
(C) T e 88.
(A) (D) 77 e Z.
(E) Y e 100.

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Na


(B) figura abaixo, encontram-se representadas três etapas da
construção de uma sequência elaborada a partir de um
triângulo equilátero.

(C)

(D)

Na etapa 1, marcam-se os pontos médios dos lados


(E) do triângulo equilátero e retira-se o triângulo com vértices
nesses pontos médios, obtendo-se os triângulos pretos. Na
etapa 2, marcam-se os pontos médios dos lados dos triân-
gulos pretos obtidos na etapa 1 e retiram-se os triângulos
com vértices nesses pontos médios, obtendo-se um novo
Resposta: B. conjunto de triângulos pretos. A etapa 3 e as seguintes
Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado mantêm esse padrão de construção.
E depois 2 riscos e assim por diante.
Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D? Mantido o padrão de construção acima descrito, o nú-
É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de mero de triângulos pretos existentes na etapa 7 é
todos.
(A) 729.
Questões (B) 1.024.
01. ( TRE/RJ - Técnico Judiciário - Operação de (C) 2.187.
Computadores – CONSULPLAN/2017) Os termos de uma (D) 4.096.
determinada sequência foram sucessivamente obtidos se- (E) 6.561.
guindo um determinado padrão:
04. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Ob-
(5, 9, 17, 33, 65, 129...) serve a sequência: 43, 46, 50, 55, 61, ...

O décimo segundo termo da sequência anterior é um O próximo termo é o:


número (A) 65.
(B) 66.
(A) menor que 8.000. (C) 67.
(B) maior que 10.000. (D) 68.
(C) compreendido entre 8.100 e 9.000. (E) 69.
(D) compreendido entre 9.000 e 10.000.

28
RACIOCÍNIO LÓGICO

05. (TRT 24ª REGIÃO – Analista Judiciário – (A) 5.


FCC/2017) Na sequência 1A3E; 5I7O; 9U11A; 13E15I; (B) 4.
17O19U; 21A23E; . . ., o 12° termo é formado por algaris- (C) 6.
mos e pelas letras (D) 7.
(A) EI. (E) 8.
(B) UA.
(C) OA. 10. (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) A se-
(D) IO. quência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui deter-
(E) AE. minada lógica em sua formação. O número corresponden-
te ao décimo elemento dessa sequência é:
06. (EBSERH – Assistente Administrativo –
IBFC/2017) Considerando a sequência de figuras @, % , &, (A) 91
(B) 88.
# , @, %, &, #,..., podemos dizer que a figura que estará na
(C) 87
117ª posição será:
(D) 84
(A) @
(B) %
(C) & Respostas
(D) #
(E) $ 01. Resposta: C.
Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
07. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217) Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos
Considere a seguinte sequência de figuras formadas por 213+1=8193
círculos:
02. Resposta: D.
A 51ª senha segue a sequência ímpar que são: (2, 5,
8,...)
51/2=25 e somamos 1, para saber qual posição ocupa-
rá na sequência. Portanto será a 26
A26=a1+25r
Continuando a sequência de maneira a manter o mes- A26=2+25⋅3
mo padrão geométrico, o número de círculos da Figura 18 é: A26=2+75=77
(A) 334.
(B) 314. A 52ª senha ocupará a posição 26 também, mas na se-
(C) 342. quência par, ou seja, a 26ª letra do alfabeto que é a letra Z.
(D) 324.
(E) 316. 03 Resposta:C
É uma PG de razão 3 e o a1 também é 3.
08. (CODEBA – Guarda Portuário – FGV/2016) Para
passar o tempo, um candidato do concurso escreveu a si-
gla CODEBA por sucessivas vezes, uma após a outra, for-
mando a sequência:
C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ... 04. Resposta: D.
Observe que de 43 para 46 são 3
A 500ª letra que esse candidato escreveu foi: 50-46=4
55-50=5
(A) O 61-55=6
(B) D Portanto, o próximo será somando 7
(C) E 61+7=68
(D) B
(E) A 05. Resposta: D.
A partir do 5º termo começa a repetir as letras, por-
09. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VU- tanto:
NESP/2016) A sequência ((3, 5); (3, 3, 3); (5; 5); (3, 3, 5); 12/5=2 e resta 2
...) tem como termos sequências contendo apenas os nú- Assim, será igual ao segundo termo, IO.
meros 3 ou 5. Dentro da lógica de formação da sequência,
cada termo, que também é uma sequência, deve ter o me- 06. Resposta: A.
nor número de elementos possível. Dessa forma, o número 117/4=29 e resta 1
de elementos contidos no décimo oitavo termo é igual a: Portanto, é igual a figura 1 @

29
RACIOCÍNIO LÓGICO

07. Resposta: D.
Figura 1:1 PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E
Figura 2:4 PROBABILIDADE
Figura 3:9
Figura 4:16
O número de círculos é o quadrado da posição
Figura 18: 18²=324
Análise Combinatória
08. Resposta: A.
É uma sequência com 6 letras: A Análise Combinatória é a área da Matemática que
500/6=83 e resta 2 trata dos problemas de contagem.
C=1
O=2 Princípio Fundamental da Contagem
D=3
E=4 Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrên-
B=5 cia de um evento composto de duas ou mais etapas.
A=0 Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a
decisão E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número
Como restaram 2, então será igual a O. de maneiras de se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
09. Resposta: A. Exemplo
Vamos somar os números:
3+5=8
3+3+3=9
5+5=10
3+3+5=11
Observe que
os termos formam uma PA de razão 1.
a18=?
a18=a1+17r
a18=8+17
a18=25
O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(cal-
Para dar 25, com o menor número de elementos possí-
veis, devemos ter (5,5,5,5,5) ças). 3(blusas)=6 maneiras

10. Resposta: A. Fatorial


A princípio, queremos ver a sequência com os termos
seguidos mesmo, o que seria: É comum nos problemas de contagem, calcularmos o
99+4=103 produto de uma multiplicação cujos fatores são números
103-7=96 naturais consecutivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
96+4=100
100-7=93
Alternando essa sequência, mas se conseguirmos vi-
sualizar uma outra maneira, ficará mais fácil.
Arranjo Simples
Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam
uma PA de razão r=-3 Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão p, toda sequência de p elementos distintos de E.
também r=-3

Como a10 é par, devemos tomar como base a sequên-


cia par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos tra-
tando apenas dela, a10=a5
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por
diante.
A5=a1+4r
A5=103-12
A5=31

30
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
de 2 algarismos distintos podemos formar? Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Per-
mutações. Como temos uma letra repetida, esse número
será menor.
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos,
podemos formar subconjuntos com p elementos. Cada sub-
conjunto com i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos
que podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos.
Solução
Observe que os números obtidos diferem entre si:
Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo sim-
ples dos 3 elementos tomados 2 a 2. Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados
Indica-se p a p, também é representado pelo número binomial .

Binomiais Complementares
Permutação Simples Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma
Chama-se permutação simples dos n elementos, qual- dos denominadores é igual ao numerador são iguais:
quer agrupamento(sequência) de n elementos distintos de
E.
O número de permutações simples de n elementos é
indicado por Pn.
Relação de Stifel

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução Triângulo de Pascal
A palavra tem 8 letras, portanto:

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n ob-
jetos, dos quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são
iguais a C etc.

31
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros


diferentes estão distribuídos em uma estante de vidro, con-
forme a figura abaixo:

Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da Considerando-se essa mesma forma de distribuição,
forma , com n∈N. Vamos desenvolver alguns bi- de quantas maneiras distintas esses livros podem ser orga-
nômios: nizados na estante?
(A) 30 maneiras
(B) 60 maneiras
(C) 120 maneiras
(D) 360 maneiras
(E) 720 maneiras

04. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação


– UTFPR/2017) Em um carro que possui 5 assentos, irão
Observe que os coeficientes dos termos formam o viajar 4 passageiros e 1 motorista. Assinale a alternativa
triângulo de Pascal. que indica de quantas maneiras distintas os 4 passageiros
podem ocupar os assentos do carro.
(A) 13.
(B) 26.
(C) 17.
(D) 20.
(E) 24.

Questões 05. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação –


UTFPR/2017) A senha criada para acessar um site da inter-
01. (UFES - Assistente em Administração – net é formada por 5 dígitos. Trata-se de uma senha alfanu-
UFES/2017) Uma determinada família é composta por pai, mérica. André tem algumas informações sobre os números
por mãe e por seis filhos. Eles possuem um automóvel de e letras que a compõem conforme a figura.
oito lugares, sendo que dois lugares estão em dois ban-
cos dianteiros, um do motorista e o outro do carona, e os
demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no
automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um
dos dois bancos dianteiros. O número de maneiras de dis-
por os membros da família nos lugares do automóvel é
igual a:
Sabendo que nesta senha as vogais não se repetem e
(A) 1440 também não se repetem os números ímpares, assinale a
(B) 1480 alternativa que indica o número máximo de possibilidades
(C) 1520 que existem para a composição da senha.
(D) 1560 (A) 3125.
(E) 1600 (B) 1200.
(C) 1600.
02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) To- (D) 1500.
mando os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números (E) 625.
pares de 4 algarismos distintos podem ser formados?
06. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSUF-
(A) 120. GO/2017) Uma empresa de limpeza conta com dez faxi-
(B) 210. neiras em seu quadro. Para atender três eventos em dias
(C) 360. diferentes, a empresa deve formar três equipes distintas,
(D) 630. com seis faxineiras em cada uma delas. De quantas manei-
(E) 840. ras a empresa pode montar essas equipes?

32
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) 210 04. Resposta: E.


(B) 630 P4=4!= 4⋅3⋅2⋅1=24
(C) 15.120
(D) 9.129.120 05. Resposta: B.
Vogais: a, e, i, o, u
07. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/ Números ímpares: 1,3,5,7,9
IAUPE – 2017) No carro de João, tem vaga apenas para
3 dos seus 8 colegas. De quantas formas diferentes, João
pode escolher os colegas aos quais dá carona?
(A) 56
(B) 84
(C) 126 5⋅5⋅4⋅4⋅3=1200
(D) 210
(E) 120 06. Resposta: D.

08. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/


IAUPE – 2017) Num grupo de 15 homens e 9 mulheres,
quantos são os modos diferentes de formar uma comissão Como para os três dias têm que ser diferentes:
composta por 2 homens e 3 mulheres? __ __ __
(A) 4725 210⋅209⋅208=9129120
(B) 12600
(C) 3780 07. Resposta: A.
(D) 13600
(E) 8820

09. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Um


torneio de futebol de várzea reunirá 50 equipes e cada
equipe jogará apenas uma vez com cada uma das outras. 08. Resposta: E.
Esse torneio terá a seguinte quantidade de jogos:
(A) 320.
(B) 460.
(C) 620.
(D) 1.225.
(E) 2.450.

10. (IFAP – Engenheiro de Segurança do Trabalho 09. Resposta: D.


– FUNIVERSA/2016) Considerando-se que uma sala de
aula tenha trinta alunos, incluindo Roberto e Tatiana, e que
a comissão para organizar a festa de formatura deva ser
composta por cinco desses alunos, incluindo Roberto e Ta-
tiana, a quantidade de maneiras distintas de se formar essa 10. Resposta: D.
comissão será igual a:
(A) 3.272. Roberto Tatiana __ ___ ___
(B) 3.274.
(C) 3.276. São 30 alunos, mas vamos tirar Roberto e Tatiana que
(D) 3.278. terão que fazer parte da comissão.
(E) 3.280. 30-2=28

Respostas

01. Resposta: A.
P2⋅P6=2!⋅6!=2⋅720=1440
Experimento Aleatório
02. Resposta: C.
__ ___ __ __ Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é im-
6⋅ 5⋅ 4⋅ 3=360 previsível, por depender exclusivamente do acaso, por
exemplo, o lançamento de um dado.
03. Resposta: E.
P6=6!=6⋅5⋅4⋅3⋅2⋅1=720

33
RACIOCÍNIO LÓGICO

Espaço Amostral Note que


Num experimento aleatório, o conjunto de todos os
resultados possíveis é chamado espaço amostral, que se
indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face volta- Exemplo
da para cima, tem-se: Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas
E={1,2,3,4,5,6} coloridas. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retira-
No lançamento de uma moeda, observando a face vol- da uma bola vermelha é Calcular a probabilidade de ter
tada para cima: sido retirada uma bola que não seja vermelha.
E={Ca,Co}
Solução
Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que são complementares.
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}:
Ocorrer um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo Adição de probabilidades


Considere o seguinte experimento: registrar as faces Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E,
voltadas para cima em três lançamentos de uma moeda. finito e não vazio. Tem-se:

a) Quantos elementos tem o espaço amostral?


b) Descreva o espaço amostral. Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de
Solução se obter um número par ou menor que 5, na face superior?
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lan-
çamento, há duas possibilidades. Solução
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
2x2x2=8 Sejam os eventos
b) E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(- A={2,4,6} n(A)=3
C,R,R),(R,R,R)} B={1,2,3,4} n(B)=4

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amos-
tral E com n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento
com n(A) amostras.

Probabilidade Condicional
Eventos complementares É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A ocorreu o evento B, definido por:
um evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se
por , o evento formado por todos os elementos de E que
não pertencem a A.
E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

34
RACIOCÍNIO LÓGICO

Eventos Simultâneos 06. (PREF. DE PIRAUBA/MG – Assistente Social –


Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espa- MSCONCURSOS/2017) A probabilidade de qualquer uma
ço amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por: das 3 crianças de um grupo soletrar, individualmente, a pa-
lavra PIRAÚBA de forma correta é 70%. Qual a probabili-
dade das três crianças soletrarem essa palavra de maneira
errada?
Questões (A) 2,7%
(B) 9%
01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Em (C) 30%
cada um de dois dados cúbicos idênticos, as faces são nu- (D) 35,7%
meradas de 1 a 6. Lançando os dois dados simultaneamen-
te, cuja ocorrência de cada face é igualmente provável, a 07. (UFTM – Tecnólogo – UFTM/2016) Lançam-se si-
probabilidade de que o produto dos números obtidos seja multaneamente dois dados não viciados, a probabilidade
um número ímpar é de:
de que a soma dos resultados obtidos seja nove é:
(A) 1/4.
(A) 1/36
(B) 1/3.
(B) 2/36
(C) 1/2.
(D) 2/3. (C) 3/36
(E) 3/4. (D) 4/36

02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária 08. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
- MSCONCURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pes- AOCP/2016) Um empresário, para evitar ser roubado, es-
soas, entre homens e mulheres. Numa escolha ao acaso, a condia seu dinheiro no interior de um dos 4 pneus de um
probabilidade de se sortear um homem é de 5/12 . Quan- carro velho fora de uso, que mantinha no fundo de sua
tas mulheres foram à excursão? casa. Certo dia, o empresário se gabava de sua inteligência
(A) 20 ao contar o fato para um de seus amigos, enquanto um
(B) 24 ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão tinha
(C) 28 tempo suficiente para escolher aleatoriamente apenas um
(D) 32 dos pneus, retirar do veículo e levar consigo. Qual é a pro-
babilidade de ele ter roubado o pneu certo?
03. (UPE – Técnico em Administração – UPE- (A) 0,20.
NET/2017) Qual a probabilidade de, lançados simulta- (B) 0,23.
neamente dois dados honestos, a soma dos resultados ser (C) 0,25.
igual ou maior que 10? (D) 0,27.
(A) 1/18 (E) 0,30.
(B) 1/36
(C) 1/6 09. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Em
(D) 1/12 uma urna há quinze bolas iguais numeradas de 1 a 15. Re-
(E) ¼ tiram-se aleatoriamente, em sequência e sem reposição,
duas bolas da urna.
04. (UPE – Técnico em Administração – UPE-
NET/2017) Uma pesquisa feita com 200 frequentadores
A probabilidade de que o número da segunda bola re-
de um parque, em que 50 não praticavam corrida nem ca-
tirada da urna seja par é:
minhada, 30 faziam caminhada e corrida, e 80 exercitavam
corrida, qual a probabilidade de encontrar no parque um (A) 1/2;
entrevistado que pratique apenas caminhada? (B) 3/7;
(A) 7/20 (C) 4/7;
(B) 1/2 (D) 7/15;
(C)1/4 (E) 8/15.
(D) 3/20
(E) 1/5 10. (CASAN – Advogado – INSTITUTO AOCP/2016)
Lançando uma moeda não viciada por três vezes consecu-
05. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Perito Criminal – tivas e anotando seus resultados, a probabilidade de que a
IBFC/2017) A probabilidade de se sortear um número face voltada para cima tenha apresentado ao menos uma
múltiplo de 5 de uma urna que contém 40 bolas numera- cara e ao menos uma coroa é:
das de 1 a 40, é: (A) 0,66.
(A) 0,2 (B) 0,75.
(B) 0,4 (C) 0,80.
(C) 0,6 (D) 0,98.
(D) 0,7 (E) 0,50.
(E) 0,8

35
RACIOCÍNIO LÓGICO

Respostas 09. Resposta: D.


Temos duas possibilidades
01. Resposta: A. As bolas serem par/par ou ímpar/par
Para o produto ser ímpar, a única possibilidade, é que Ser par/par:
os dois dados tenham ímpar:
Os números pares são: 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14

02. Resposta: C.
Como para homens é de 5/12, a probabilidade de es- Ímpar/par:
colher uma mulher é de 7/12
Os números ímpares são: 1, 3, 5, 7, 9, 11 ,13, 15

12x=336
X=28
A probabilida de é par/par OU ímpar/par
03. Resposta: C.
P=6x6=36
Pra ser maior ou igual a 10:
4+6
5+5
5+6 10. Resposta: B.
6+4
São seis possibilidades:
6+5
Cara, coroa, cara
6+6

Cara, coroa, coroa


04. Resposta: A.
Praticam apenas corrida: 80-30=50
Apenas caminhada:x
X+50+30+50=200
70
P=70/200=7/20 Cara, cara, coroa

05. Resposta: A.
M5={5,10,15,20,25,30,35,40}
P=8/40=1/5=0.2
Coroa, cara, cara
06. Resposta:A.
A probabilidade de uma soletrar errado: 0,3
__ __ __
0,3⋅0,3⋅0,3=0,027=2,7%
Coroa, coroa, cara
07. Resposta: D. Coroa, cara, coroa
Para dar 9, temos 4 possibilidades
3+6
6+3
4+5
5+4

P=4/36

08. Resposta: C.
A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o
dinheiro está em 1.
1/4=0,25

36
RACIOCÍNIO LÓGICO

A Relação de inclusão possui 3 propriedades:


OPERAÇÕES COM CONJUNTO Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Representação
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,
2, 3, 4, 5} boca aberta para o maior conjunto.
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando es-
ses elementos temos: Subconjunto
B={3,4,5,6,7} O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de
- por meio de diagrama: A é também elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

Operações

União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro
formado pelos elementos que pertencem pelo menos um
dos conjuntos a que chamamos conjunto união e represen-
tamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se


de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

Igualdade
Interseção
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado
exatamente os mesmos elementos. Em símbolo: pelos elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é
representada por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa-


mos saber apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência

Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação


que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉) Exemplo:
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5} A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
0∈A A∩B={d,e}
2∉A
Diferença
Relações de Inclusão Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que
Relacionam um conjunto com outro conjunto. a cada par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), definido por:
⊃(contém), (não contém) A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o
complementar de B em relação a A.

37
RACIOCÍNIO LÓGICO

A este conjunto pertencem os elementos de A que não mens que são altos e não são barbados nem carecas. Sa-
pertencem a B. be-se que existem 5 homens que são barbados e não são
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são
A\B = {x : x∈A e x∉B}. carecas e não são altos e nem barbados. Dentre todos es-
ses homens, o número de barbados que não são altos, mas
são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

B-A = {x : x∈B e x∉A}. Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre come-


çamos pela interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e
por fim, cada um

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do
conjunto A menos os elementos que pertencerem ao con-
junto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto for-
mado pelos elementos do conjunto universo que não per-
tencem a A.

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas


homens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)
-n(A∩C)-n(B C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés


de fazer todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula,
o resultado é mais rápido, o que na prova de concurso é
interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você en-
tender melhor e perceber que, dependendo do exercício é
melhor fazer de uma forma ou outra.

(MANAUSPREV – Analista Previdenciário –


FCC/2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22
são barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados
que não são carecas são seis. Todos homens altos que são Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e
carecas, são também barbados. Sabe-se que existem 5 ho- não são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens
que são carecas e não são altos e nem barbados

38
RACIOCÍNIO LÓGICO

Então o número de barbados que não são altos, mas


são carecas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula,
ficou grande devido as explicações, mas se você fizer tudo
no mesmo diagrama, mas seguindo os passos, o resultado
sairá fácil.

(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015)


Suponha que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo
de perito criminal:

1) 80 sejam formados em Física;


2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física;
6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
Sabemos que 18 são altos 7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Bio-
logia.

Considerando essa situação, assinale a alternativa cor-


reta.

(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são


físicos nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são for-
mados apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecio-
nados, a probabilidade de ele ter apenas as duas forma-
ções, Física e Química, é inferior a 0,05.
Quando somarmos 5+x+6=18
X=18-11=7 Resolução
Carecas são 16
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de
candidatos que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n(F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩-
Q)-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88

Resposta: A.

7+y+5=16
Y=16-12
Y=4

39
RACIOCÍNIO LÓGICO

Questões 05. (SAP/SP – Agente de Segurança Penitenciária –


MSCONCURSOS/2017) Numa sala de 45 alunos, foi feita
01. (CRF/MT - Agente Administrativo – QUA- uma votação para escolher a cor da camiseta de formatura.
DRIX/2017) Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de mú- Dentre eles, 30 votaram na cor preta, 21 votaram na cor
sica, esporte e leitura; 48 gostam de música e esporte; 60 cinza e 8 não votaram em nenhuma delas, uma vez que não
gostam de música e leitura; 44 gostam de esporte e leitu- farão as camisetas. Quantos alunos votaram nas duas cores?
(A) 6
ra; 12 gostam somente de música; 18 gostam somente de
(B) 10
esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao escolher ao
(C) 14
acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele não (D) 18
gostar de nenhuma dessas atividades?
06. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-
(A) 1/75 sor – FGV/2017) Na assembleia de um condomínio, duas
(B) 39/75 questões independentes foram colocadas em votação para
(C) 11/75 aprovação. Dos 200 condôminos presentes, 125 votaram a
(D) 40/75 favor da primeira questão, 110 votaram a favor da segunda
(E) 76/75 questão e 45 votaram contra as duas questões.

02. (CRMV/SC – Recepcionista – IESES/2017) Sabe- Não houve votos em branco ou anulados.
se que 17% dos moradores de um condomínio tem gatos,
22% tem cachorros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). O número de condôminos que votaram a favor das
duas questões foi:
Qual é o percentual de condôminos que não tem nem ga-
(A) 80;
tos e nem cachorros? (B) 75;
(C) 70;
(A) 53 (D) 65;
(B) 69 (E) 60.
(C) 72
(D) 47 07. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
FCM/2017) Em meio a uma crescente evolução da taxa de
03. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017) obesidade infantil, um estudioso fez uma pesquisa com um
Em uma pesquisa sobre a preferência entre dois candida- grupo de 1000 crianças para entender o comportamento
tos, 48 pessoas votariam no candidato A, 63 votariam no das mesmas em relação à prática de atividades físicas e aos
candidato B, 24 pessoas votariam nos dois; e, 30 pessoas hábitos alimentares.
não votariam nesses dois candidatos. Se todas as pessoas Ao final desse estudo, concluiu-se que apenas 200
crianças praticavam alguma atividade física de forma regu-
responderam uma única vez, então o total de pessoas en-
lar, como natação, futebol, entre outras, e apenas 400 crian-
trevistadas foi: ças tinham uma alimentação adequada. Além disso, apenas
100 delas praticavam atividade física e tinham uma alimen-
(A) 141. tação adequada ao mesmo tempo.
(B) 117. Considerando essas informações, a probabilidade de
(C) 87. encontrar nesse grupo uma criança que não tenha alimen-
(D) 105. tação adequada nem pratique atividade física de forma re-
(E) 112. gular é de:
(A) 30%.
04. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário – INSTITU- (B) 40%.
TO AOCP/2017) Para realização de uma pesquisa sobre a (C) 50%.
preferência de algumas pessoas entre dois canais de TV, (D) 60%.
canal A e Canal B, os entrevistadores colheram as seguintes (E) 70%.
informações: 17 pessoas preferem o canal A, 13 pessoas
08. (TRF 2ª REGIÃO – Analista Judiciário – CONSUL-
assistem o canal B e 10 pessoas gostam dos canais A e
PLAN/2017) Uma papelaria fez uma pesquisa de mercado
B. Assinale a alternativa que apresenta o total de pessoas entre 500 de seus clientes. Nessa pesquisa encontrou os se-
entrevistadas. guintes resultados:

(A) 20 • 160 clientes compraram materiais para seus filhos que


(B) 23 cursam o Ensino Médio;
(C) 27 • 180 clientes compraram materiais para seus filhos que
(D) 30 cursam o Ensino Fundamental II;
(E) 40 • 190 clientes compraram materiais para seus filhos
que cursam o Ensino Fundamental I;

40
RACIOCÍNIO LÓGICO

• 20 clientes compraram materiais para seus filhos que Respostas


cursam o Ensino Médio e Fundamental I;
• 40 clientes compraram materiais para seus filhos que 01. Resposta: C.
cursam o Ensino Médio e Fundamental II;
• 30 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Fundamental I e II; e,
• 10 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Médio, Fundamental I e II.
Quantos clientes da papelaria compraram materiais,
mas os filhos NÃO cursam nem o Ensino Médio e nem o
Ensino Fundamental I e II?

(A) 50.
(B) 55.
(C) 60.
(D) 65.

09. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suple-


mentar – FUNCAB/2016) Foram visitadas algumas resi-
dências de uma rua e em todas foram encontrados pelo
menos um criadouro com larvas do mosquito Aedes ae- 32+10+12+18+16+28+12+x=150
gypti. Os criadouros encontrados foram listados na tabela X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades
a seguir: P=22/150=11/75

P. pratinhos com água embaixo de vasos de planta. 02. Resposta: B.


R. ralos entupidos com água acumulada.
K. caixas de água destampadas

Número de criadouros
P 103
R 124
K 98
PeR 47
PeK 43
ReK 60
P, R e K 25
9+8+14+x=100
De acordo com a tabela, o número de residências vi- X=100-31
sitadas foi: X=69%
(A) 200.
(B) 150. 03. Resposta: B.
(C) 325.
(D) 500.
(E) 455.

10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016) Na


zona rural de um município, 50% dos agricultores cultivam
soja; 30%, arroz; 40%, milho; e 10% não cultivam nenhum
desses grãos. Os agricultores que produzem milho não cul-
tivam arroz e 15% deles cultivam milho e soja.
Considerando essa situação, julgue o item que se se-
gue.
Em exatamente 30% das propriedades, cultiva-se ape-
nas milho.
( )Certo ( )Errado 24+24+39+30=117

41
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. Resposta: A. 10. Resposta: errado


N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
N(A∪B)=17+13-10=20

05. Resposta: C.
Como 8 não votaram, tiramos do total: 45-8=37
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
37=30+21- n(A∩B)
n(A∩B)=14

06. Resposta: A.
N(A ∪B)==200-45=155
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
155=125+110- n(A∩B)
n(A∩B)=80

07. Resposta: C.
Sendo x o número de crianças que não praticam ativi-
dade física e tem uma alimentação adequada
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
1000-x=200+400-100
X=500 O número de pacientes que apresentaram pelo menos
P=500/1000=0,5=50% dois desses sintomas é:
Pois pode ter 2 sintomas ou três.
08. Resposta:A. 6+14+26+32=78
Sendo A=ensino médio
B fundamental I
C=fundamental II
X=quem comprou material e os filhos não cursam en-
sino médio e nem ensino fundamental RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO
n(A∪B∪C) =n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B) PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
-n(A∩C)-n(B∩C) GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS.
500-x=160+190+180+10-20-40-30
X=50

09. Resposta: A. Números Naturais


Os números naturais são o modelo mate-
mático necessário para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unida-
de, obtemos o conjunto infinito dos números naturais.

- Todo número natural dado tem um sucessor


a) O sucessor de 0 é 1.
b) O sucessor de 1000 é 1001.
c) O sucessor de 19 é 20.

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero.

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um


antecessor (número que vem antes do número dado).
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente
de zero.
38+20+42+18+25+22+35=200 residências a) O antecessor do número m é m-1.
Ou fazer direto pela tabela: b) O antecessor de 2 é 1.
P+R+K+(P∩R∩K)-( P∩R)- (R∩K)-(P∩K) c) O antecessor de 56 é 55.
103+124+98+25-60-43-47=200 d) O antecessor de 10 é 9.

42
RACIOCÍNIO LÓGICO

Expressões Numéricas 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o núme-


Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra- ro decimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex-
pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos:

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro


operações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão
primeiramente, na ordem em que elas aparecerem e so-
mente depois a adição e a subtração, também na ordem
em que aparecerem e os parênteses são resolvidos primei-
ro.
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vír-
Exemplo 1 gula, mas lembrando que a dízima deve ser periódica para
10 + 12 – 6 + 7 ser número racional.
22 – 6 + 7 OBS: período da dízima são os números que se repe-
16 + 7 tem, se não repetir não é dízima periódica, e sim números
23 irracionais, que trataremos mais a frente.

Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27

Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25 Representação Fracionária dos Números Decimais
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar
Números Inteiros com o denominador seguido de zeros.
 Podemos dizer que este conjunto é composto pelos O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
números naturais, o conjunto dos opostos dos números um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.
naturais e o zero. Este conjunto pode ser representado por:

Z-{...,-3,-2,-1,0,1,2,3...}
Subconjuntos do conjunto  :
1)Z*={...-3,-2,-1, 1, 1, 2, 3...}
2) Z+={0,1,2,3,...}
3) Z-={...,-3,-2,-1}

Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que
pode ser expresso na forma , onde a e b são inteiros
quaisquer, com b≠0 2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, en-
São exemplos de números racionais: tão como podemos transformar em fração?
-12/51 Exemplo 1
-3 Transforme a dízima 0, 333... em fração.
-(-3) Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízi-
-2,333... ma dada de x, ou seja
X=0,333...
As dízimas periódicas podem ser representadas por Se o período da dízima é de um algarismo, multiplica-
fração, portanto são consideradas números racionais. mos por 10.
Como representar esses números? 10x=3,333...
E então subtraímos:
Representação Decimal das Frações 10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em X=3/9
decimais X=1/3

43
RACIOCÍNIO LÓGICO

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de Representação na reta


período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99 INTERVALOS LIMITADOS
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou
Números Irracionais iguais a e menores do que b ou iguais a b.
Identificação de números irracionais
- Todas as dízimas periódicas são números racionais.
- Todos os números inteiros são racionais.
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irra- Intervalo:[a,b]
cionais. Conjunto: {x∈R|a≤x≤b}
- Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- A soma de um número racional com um número irra- Intervalo aberto – números reais maiores que a e me-
cional é sempre um número irracional. nores que b.
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um
número racional.
-Os números irracionais não podem ser expressos na
forma , com a e b inteiros e b≠0.
Intervalo:]a,b[
Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional. Conjunto:{x∈R|a<x<b}
- O quociente de dois números irracionais, pode ser
um número racional. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores
que a ou iguais a a e menores do que b.
Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.
- O produto de dois números irracionais, pode ser um
número racional.

Exemplo:  .  =  = 7 é um número racional. Intervalo:{a,b[


Conjunto {x∈R|a≤x<b}
Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um nú- Intervalo fechado à direita – números reais maiores
mero natural, se não inteira, é irracional. que a e menores ou iguais a b.

Números Reais

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

INTERVALOS IIMITADOS

Semirreta esquerda, fechada de origem b- números


reais menores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}

Fonte: www.estudokids.com.br

44
RACIOCÍNIO LÓGICO

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ím-
reais menores que b par, resulta em um número negativo.
.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}
5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas-
Semirreta direita, fechada de origem a – números reais sar o sinal para positivo e inverter o número que está na
maiores ou iguais a a. base. 

Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais


maiores que a. 6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o
valor do expoente, o resultado será igual a zero. 

Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x>a}

Potenciação Propriedades
Multiplicação de fatores iguais 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de
2³=2.2.2=8 mesma base, repete-se a base e  soma os expoentes.

Casos Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. (2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma


base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio Exemplos:


número. 96 : 92 = 96-2 = 94

3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multi-


plica-se os expoentes.
Exemplos:
3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, (52)3 = 52.3 = 56
resulta em um número positivo.

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores eleva-


dos a um expoente, podemos elevar cada um a esse mes-
mo expoente.

(4.3)²=4².3²

45
RACIOCÍNIO LÓGICO

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente,


podemos elevar separados. De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * , então:

a na
n =
b nb
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação O radical de índice inteiro e positivo de um quociente
indicado é igual ao quociente dos radicais de mesmo índi-
ce dos termos do radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo Operações


A determinação da raiz quadrada de um número torna-
se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em
números primos. Veja: 

Operações

Multiplicação

Exemplo

Divisão
64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-


se” um e multiplica.

Exemplo

1 1
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
1
Observe: 2 2 2

Adição e subtração
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , então:

n
a.b = n a .n b Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.

O radical de índice inteiro e positivo de um produto


indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
dos fatores do radicando.

Raiz quadrada de frações ordinárias


1 1
2  2 2 22 2
=  = 1 =
Observe: 3 3 3
32

46
RACIOCÍNIO LÓGICO

Caso tenha: (A) José


(B) Isabella
(C) Maria Eduarda
(D) Raoni
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária -
Racionalização de Denominadores MSCONCURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
Normalmente não se apresentam números irracionais (A) 0,2222...
com radicais no denominador. Ao processo que leva à eli- (B) 0,6666...
minação dos radicais do denominador chama-se racionali- (C) 0,1616...
zação do denominador. (D) 0,8888...
1º Caso:Denominador composto por uma só parcela
04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
NESP/2017) Se, numa divisão, o divisor e o quociente são
iguais, e o resto é 10, sendo esse resto o maior possível,
então o dividendo é:
(A) 131.
(B) 121.
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas. (C) 120.
(D) 110.
(E) 101.

05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expres-


Devemos multiplicar de forma que obtenha uma dife- sões numéricas abaixo apresentam resultados que seguem
rença de quadrados no denominador: um padrão específico:

1ª expressão: 1 x 9 + 2

2ª expressão: 12 x 9 + 3
Questões
3ª expressão: 123 x 9 + 4
01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível
Superior II - Direito – FGV/2017) Em um concurso, há ...
150 candidatos em apenas duas categorias: nível superior
e nível médio. 7ª expressão: █ x 9 + ▲
Sabe-se que: Seguindo esse padrão e colocando os números ade-
quados no lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª
• dentre os candidatos, 82 são homens; expressão será
• o número de candidatos homens de nível superior é (A) 1 111 111.
igual ao de mulheres de nível médio; (B) 11 111.
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mu-
(C) 1 111.
lheres.
(D) 111 111.
O número de candidatos homens de nível médio é: (E) 11 111 111.
(A) 42.
(B) 45. 06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um
(C) 48. treinamento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio
(D) 50. comercial informou que, nos cinquenta anos de existência
(E) 52. do prédio, nunca houve um incêndio, mas existiram muitas
situações de risco, felizmente controladas a tempo. Segun-
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária do ele, 1/13 dessas situações deveu-se a ações criminosas,
- MSCONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, enquanto as demais situações haviam sido geradas por di-
Isabella e José foram a uma prova de hipismo, na qual ga- ferentes tipos de displicência. Dentre as situações de risco
nharia o competidor que obtivesse o menor tempo final. geradas por displicência,
A cada 1 falta seriam incrementados 6 segundos em seu − 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inade-
tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria Eduarda fez quadamente;
1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni fez − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a − 1/3 deveu-se a vazamentos de gás; e
colocação, é correto afirmar que o vencedor foi: − as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.

47
RACIOCÍNIO LÓGICO

De acordo com esses dados, ao longo da existência 02. Resposta: D.


desse prédio comercial, a fração do total de situações de Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o
risco de incêndio geradas por descuidos ao cozinhar cor- vencedor.
responde à
(A) 3/20. 03. Resposta: B.
(B) 1/4. Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
(C) 13/60. X=0,4444....
(D) 1/5. 10x=4,444...
(E) 1/60. 9x=4

07. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técnico


I - Técnico em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a al-
ternativa que apresenta o valor da expressão

(A) 1.
(B) 2.
(C) 4.
(D) 8. 04. Resposta: A.
(E) 16. Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número
11 que é igua o quociente.
08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRV- 11x11=121+10=131
GO/2017) Qual o resultado de ?
05. Resposta: E.
(A) 3 A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111
(B) 3/2
(C) 5 06. Resposta: D.
(D) 5/2

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


Gerado por descuidos ao cozinhar:
sor – FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .

Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:


(A) 1;
(B) 2;
Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-
(C) 3;
(D) 4; 1/13)
(E) 6.

10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de deter-
minada empresa tem o mesmo número de mulheres e de 07.Resposta: C.
homens. Certa manhã, 3/4 das mulheres e 2/3 dos homens
dessa equipe saíram para um atendimento externo.

Desses que foram para o atendimento externo, a fração


de mulheres é

(A) 3/4;
(B) 8/9;
(C) 5/7; 08. Resposta: D.
(D) 8/13;
(E) 9/17.
Respostas

01.Resposta: B.
150-82=68 mulheres 09. Resposta: C.
Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 2-2(1-2N)=12
são de nível médio. 2-2+4N=12
Portanto, há 37 homens de nível superior. 4N=12
82-37=45 homens de nível médio. N=3

48
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: E. Ângulo Raso:


Como tem o mesmo número de homens e mulheres:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Dos homens que saíram:

Saíram no total

Ângulo Reto:
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendi-
culares.

Ângulos
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas
semirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome
de lados do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.

Triângulo

Elementos

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que
liga um vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo in-


tercepta o lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da


bissetriz de um ângulo do triângulo que liga um vértice a
um ponto do lado oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do
que 90º.

49
RACIOCÍNIO LÓGICO

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vér- Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.
tice a um ponto da reta suporte do lado oposto e é perpen-
dicular a esse lado.
Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo equilátero: três lados iguais.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpen-


dicular a esse segmento pelo seu ponto médio.
Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do


triângulo que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.
Triângulo retângulo: tem um ângulo reto.

Classificação
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso.
Quanto aos lados
Triângulo escaleno:três lados desiguais.

50
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos Polígono


Chama-se polígono a união de segmentos que são
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é me- chamados lados do polígono, enquanto os pontos são cha-
nor que a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao mados vértices do polígono.
maior ângulo opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS

Quadrilátero é todo polígono com as seguintes pro-


priedades:

- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero que tem dois paralelos. Diagonal de um polígono é um segmento cujas extre-
midades são vértices não-consecutivos desse polígono.

- é paralelo a

- Losango: 4 lados congruentes


- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Número de Diagonais

Ângulos Internos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polí-
- Observações: gono convexo de n lados é (n-2).180
Unindo um dos vértices aos outros n-3, conveniente-
- No retângulo e no quadrado as diagonais são con- mente escolhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das
gruentes (iguais) medidas dos ângulos internos do polígono é igual a soma
- No losango e no quadrado as diagonais são per- das medidas dos ângulos internos dos n-2 triângulos.
pendiculares entre si (formam ângulo de 90°) e são bisse-
trizes dos ângulos internos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base


maior, b é a medida da base menor e h é medida da altura.
2- Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da
base e h é a medida da altura.
3- Retângulo: A = b.h

4- Losango: , onde D é a medida da diagonal


maior e d é a medida da diagonal menor.
5- Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

51
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulos Externos Casos de Semelhança


1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de
vértices correspondentes, então esses triângulos são con-
gruentes.

A soma dos ângulos externos=360°

Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais,
então a razão de dois segmentos quaisquer de uma trans-
versal é igual à razão dos segmentos correspondentes da
outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que
são válidas as seguintes proporções:
2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes
proporcionais e os ângulos compreendidos entre eles con-
gruentes, então esses dois triângulos são semelhantes.

Exemplo

3º Caso: LLL(lado-lado-lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes
proporcionais, então esses dois triângulos são semelhan-
tes.

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os
seus ângulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas
medidas, e os lados correspondentes forem proporcionais.

52
RACIOCÍNIO LÓGICO

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo

Considerando o triângulo retângulo ABC.

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado


triangulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos
Temos: são:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipo-
tenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes en-
tre os diversos segmentos desse triângulo. Assim:
Fórmulas Trigonométricas
1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da
Relação Fundamental hipotenusa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.
Existe uma outra importante relação entre seno e cos-
seno de um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

53
RACIOCÍNIO LÓGICO

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipo-


tenusa pela altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das pro-


jeções dos catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos


quadrados dos catetos (Teorema de Pitágoras).

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo
plano. Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem
também não estar no mesmo plano. Nesse caso, são deno-
minadas retas reversas. Questões
Retas Coplanares 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previden-
ciários- VUNESP/2017) Um terreno retangular ABCD,
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum com 40 m de largura por 60 m de comprimento, foi dividi-
do em três lotes, conforme mostra a figura.

-Duas retas concorrentes podem ser:

1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.

Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é


864 m², o perímetro do lote 2 é
(A) 100 m.
(B) 108 m.
(C) 112 m.
(D) 116 m.
2. Oblíquas:r e s não são perpendiculares. (E) 120 m.

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)


Considere um triângulo retângulo de catetos medindo
3m e 5m. Um segundo triângulo retângulo, semelhante
ao primeiro, cuja área é o dobro da área do primeiro, terá
como medidas dos catetos, em metros:
(A) 3 e 10.
(B) 3√2 e 5√2 .
(C) 3√2 e 10√2 .
b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são (D) 5 e 6.
coincidentes. (E) 6 e 10.

54
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, encontra-se representada uma cinta estica-
da passando em torno de três discos de mesmo diâmetro
e tangentes entre si.

A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é

(A) 25√5.
(B) 50√2.
(C) 50√5.
Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o (D) 100√2 .
comprimento da cinta acima representada é (E) 100√5.

(A) 8/3 π + 8 . 06. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária


(B) 8/3 π + 24. - MSCONCURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a
(C) 8π + 8 . seguir, de vértices A, B e C, representa uma praça de uma
(D) 8π + 24. cidade. Qual é a área dessa praça?
(E) 16π + 24.

04. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H
são pontos médios dos lados do quadrado ABCD e são os
centros de quatro círculos tangentes entre si.

(A) 120 m²
(B) 90 m²
(C) 60 m²
(D) 30 m²

07. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) A figura, com dimensões indicadas em cen-
tímetros, mostra um painel informativo ABCD, de formato
retangular, no qual se destaca a região retangular R, onde
x > y.

A área da região sombreada, da figura acima apresen-


tada, é

(A) 100 - 5π .
(B) 100 - 10π .
(C) 100 - 15π .
(D) 100 - 20π .
(E) 100 - 25π .

05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  No


cubo de aresta 10, da figura abaixo, encontra-se represen-
tado um plano passando pelos vértices B e C e pelos pon-
tos P e Q, pontos médios, respectivamente, das arestas EF
e HG, gerando o quadrilátero BCQP. 

55
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é,
correspondentes do retângulo ABCD e da região R é igual em metros, igual a
a 5/2 , é correto afirmar que as medidas, em centímetros, (A) 54.
dos lados da região R, indicadas por x e y na figura, são, (B) 48.
respectivamente, (C) 36.
(D) 40.
(A) 80 e 64. (E) 42.
(B) 80 e 62.
(C) 62 e 80. Respostas
(D) 60 e 80.
(E) 60 e 78. 01. Resposta: D.

08. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) O piso de um salão retangular, de 6 m de
comprimento, foi totalmente coberto por 108 placas qua-
dradas de porcelanato, todas inteiras. Sabe-se que quatro
placas desse porcelanato cobrem exatamente 1 m2 de
piso. Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro
desse piso é, em metros, igual a
(A) 20.
(B) 21.
(C) 24.
(D) 27.
(E) 30.

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular
resolveu cercá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de ma-
deira. Colocou uma estaca em cada um dos quatro cantos
do terreno e as demais igualmente espaçadas, de 3 em 3
metros, ao longo dos quatro lados do terreno.
O número de estacas em cada um dos lados maiores
do terreno, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do nú-
mero de estacas em cada um dos lados menores, também
incluindo os dois dos cantos.
A área do terreno em metros quadrados é: 96h=1728
(A) 240; H=18
(B) 256;
(C) 324; Como I é um triângulo:
(D) 330; 60-36=24
(E) 372. X²=24²+18²
X²=576+324
10. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário- VU- X²=900
NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão X=30
indicadas em metros, mostra as regiões R1 e R2 , ambas Como h=18 e AD é 40, EG=22
com formato de triângulos retângulos, situadas em uma Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116
praça e destinadas a atividades de recreação infantil para
faixas etárias distintas. 02. Resposta: B.

56
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: C
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x.

17²=x²+8²
Lado=3√2 289=x²+64
Outro lado =5√2 X²=225
X=15
03. Resposta: D.
Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente
a mesma medida da parte reta da cinta. 07. Resposta: A.
Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado
esticado tem 8x3=24 m
A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo,
como são três partes, é a mesma medida de um círculo. 5y=320
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π
Y=64
Portanto, a cinta tem 8π+24

04. Resposta: E.
Como o quadrado tem lado 10,a área é 100.
5x=400
X=80

08. Resposta: B.
108/4=27m²
6x=27
X=27/6
O perímetro seria

O ladao AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o


ponto Médio
09. Resposta: C.
X²=5²+5² Número de estacas: x
X²=25+25 X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contan-
X²=50 do duas vezes o canto
X=5√2 6x=30
X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos, X=5
temos 2 círculos inteiros.
Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas
A área de um círculo é
a cada 3m
4 espaços de 3m=12m
Lado maior 10 estacas
9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m²

A sombreada=100-25π 10. Resposta: B.

05. Resposta: C.
CQ é hipotenusa do triângulo GQC.
01. CQ²=10²+5²
CQ²=100+25
CQ²=125
CQ=5√5 9x=108
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC X=12
A=5√5⋅10=50√5 Para encontrar o perímetro do triângulo R2:

57
RACIOCÍNIO LÓGICO

Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α,
Y²=16²+12² um ponto V que não pertence ao plano.
Y²=256+144=400 A figura geométrica formada pela reunião de todos os
Y=20 segmentos de reta que tem uma extremidade no ponto V
Perímetro: 16+12+20=48 e a outra num ponto do círculo denomina-se cone circular.

Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de
centro O contido num deles, e uma reta s concorrente com
os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião
de todos os segmentos paralelos a s, com extremidades no
círculo e no outro plano.

Classificação

-Reto:eixo VO perpendicular à base;


Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângu-
lo em torno de um de seus catetos. Por isso o cone reto é
também chamado de cone de revolução.
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é
denominado cone equilátero.

Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando
as geratrizes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é
equilátero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Área
Área da base: Sb=πr²

58
RACIOCÍNIO LÓGICO

Área Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião


de todos os segmentos paralelos a r, com extremidades no
Área lateral: polígono R e no plano β.

Área da base:

Área total:

Volume

Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao nú-
mero de lados da base.

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces con-


gruentes e paralelas cujas outras faces são paralelogramos
obtidos ligando-se os vértices correspondentes das duas
Área e Volume faces paralelas.

Área lateral: Classificação


Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares
Onde n= quantidade de lados às bases
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.

Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R
contido em α e uma reta r concorrente aos dois.

Classificação pelo polígono da base

-Triangular

59
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrangular Volume
Paralelepípedo:V=a.b.c
Cubo:V=a³

Demais:

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Um


cilindro reto de altura h tem volume V. Para que um cone
reto com base igual a desse cilindro tenha volume V, sua
altura deve ser igual a
(A) 1/3h.
(B) 1/2h.
(C) 2/3h.
(D) 2h.
E assim por diante... (E) 3h.

Paralelepípedos 02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária –


Os prismas cujas bases são paralelogramos denomi- MSCONCURSOS/2017) Qual é o volume de uma lata de
nam-se paralelepípedos. óleo perfeitamente cilíndrica, cujo diâmetro é 8 cm e a al-
tura é 20 cm? (use π=3)
(A) 3,84 l
(B) 96 ml
(C) 384 ml
(D) 960 ml

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-


NESP/2017) Inicialmente, um reservatório com formato
de paralelepípedo reto retângulo deveria ter as medidas
indicadas na figura.

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces


quadradas.

Em uma revisão do projeto, foi necessário aumentar


em 1 m a medida da largura, indicada por x na figura, man-
Prisma Regular tendo-se inalteradas as demais medidas. Desse modo, o
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regu- volume inicialmente previsto para esse reservatório foi au-
lares, o prisma é dito regular. mentado em
As faces laterais são retângulos congruentes e as bases
são congruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...) (A) 1 m³ .
(B) 3 m³ .
Área (C) 4 m³ .
Área cubo: (D) 5 m³ .
Área paralelepípedo: (E) 6 m³ .
A área de um prisma:
Onde: St=área total 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
Sb=área da base NESP/2017) A figura mostra cubinhos de madeira, todos
Sl=área lateral, soma-se todas as áreas das faces late- de mesmo volume, posicionados em uma caixa com a for-
rais. ma de paralelepípedo reto retângulo.

60
RACIOCÍNIO LÓGICO

07. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017)


Um recipiente na forma de um prisma reto de base quadra-
da, com dimensões internas de 10 cm de aresta da base e
25 cm de altura, está com 20% de seu volume total preen-
chido com água, conforme mostra a figura. (Figura fora de
escala)

Se cada cubinho tem aresta igual a 5 cm, então o volu-


me interno dessa caixa é, em cm³ , igual a
(A) 3000.
(B) 4500.
(C) 6000.
(D) 7500. Para completar o volume total desse recipiente, serão
(E) 9000. despejados dentro dele vários copos de água, com 200 mL
cada um. O número de copos totalmente cheios necessá-
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- rios para completar o volume total do prisma será:
GO/2017) Frederico comprou um aquário em formato de (A) 8 copos
paralelepípedo, contendo as seguintes dimensões: (B) 9 copos
(C) 10 copos
(D) 12 copos
(E) 15 copos

08. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSU-


FG/2017) figura a seguir representa um cubo de aresta a.

Estando o referido aquário completamente cheio, a sua


capacidade em litros é de:
(A) 0,06 litros.
(B) 0,6 litros.
(C) 6 litros.
(D) 0,08 litros.
(E) 0,8 litros.

06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU- Considerando a pirâmide de base triangular cujos vér-
NESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos de tices são os pontos B, C, D e G do cubo, o seu volume é
madeira A, B e C, sendo A e B de formato cúbico e C com dado por
formato de paralelepípedo reto retângulo, cujos respecti- (A) a³/6
vos volumes, em cm³, são representados por VA, VB e VC. (B) a³/3
(C) a³/3√3
(D) a³/6√6

09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017)


De um reservatório com formato de paralelepípedo reto re-
tângulo, totalmente cheio, foram retirados 3 m³ de água.
Após a retirada, o nível da água restante no reservatório fi-
cou com altura igual a 1 m, conforme mostra a figura.

Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do


bloco C, indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a
(A) 15,5.
(B) 11.
(C) 12,5.
(D) 14.
(E) 16

61
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desse modo, é correto afirmar que a medida da altura


total do reservatório, indicada por h na figura, é, em me-
tros, igual a
(A) 1,8. 180h=2250
(B) 1,75. H=12,5
(C) 1,7.
(D) 1,65.
(E) 1,6. 07. Resposta: C.

10. (PREF. DE ITAPEMA/SC – Técnico Contábil – MS- V=10⋅10⋅25=2500 cm³


CONCURSOS/2016) O volume de um cone circular reto, 2500⋅0,2=500cm³ preenchidos.
cuja altura é 39 cm, é 30% maior do que o volume de um Para terminar de completar o volume:
cilindro circular reto. Sabendo que o raio da base do cone 2500-500=2000 cm³
é o triplo do raio da base do cilindro, a altura do cilindro é: 2000/200=10 copos
(A) 9 cm
(B) 30 cm
(C) 60 cm 08. Resposta: A.
(D) 90 cm A base é um triângulo de base a e altura a

Respostas

01. Resposta:
Volume cilindro=πr²h

Para que seja igual a V, a altura tem que ser igual a 3h

09. Resposta: E.
V=2,5⋅2⋅1=5m³
02. Resposta: D Como foi retirado 3m³
V= πr²h 5+3=2,5⋅2⋅h
V=3⋅4²⋅20=960 cm³=960 ml 8=5h
H=1,6m
03. Resposta:E.
V=2⋅3⋅x=6x
Aumentando 1 na largura 10. Resposta: D.
V=2⋅3⋅(x+1)=6x+6 Cone
Portanto, o volume aumentou em 6.

04. Resposta:E.
São 6 cubos no comprimento: 6⋅5=30
São 4 cubos na largura: 4⋅5=20
3 cubos na altura: 3⋅5=15
V=30⋅20⋅15=9000
Cilindro
05. Resposta: C. V=Ab⋅h
V=20⋅15⋅20=6000cm³=6000ml==6 litros V=πr²h
Como o volume do cone é 30% maior:
06. Resposta:C. 117πr²=1,3 πr²h
VA=125cm³ H=117/1,3=90
VB=1000cm³

62
RACIOCÍNIO LÓGICO

(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala


PORCENTAGEM de aula com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está
com gripe. Se x% das meninas dessa sala estão com gripe,
o menor valor possível para x é igual a
(A) 8.
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, (B) 15.
seu símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que (C) 10.
a encontramos nos meios de comunicação, nas estatísticas, (D) 6.
em máquinas de calcular, etc. (E) 12.
Os acréscimos e os descontos é importante saber por-
que ajuda muito na resolução do exercício. Resolução
45------100%
Acréscimo X-------60%
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um deter- X=27
minado valor, podemos calcular o novo valor apenas multi- O menor número de meninas possíveis para ter gripe
plicando esse valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. é se todos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2
Se o acréscimo for de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim meninas estão.
por diante. Veja a tabela abaixo:
Fator de
Acréscimo ou Lucro
Multiplicação
10% 1,10 Resposta: C.
15% 1,15
20% 1,20 Questões
47% 1,47
67% 1,67 01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária
  - MSCONCURSOS/2017) Um aparelho de televisão que
    Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 te- custa R$1600,00 estava sendo vendido, numa liquidação,
mos:  com um desconto de 40%. Marta queria comprar essa te-
levisão, porém não tinha condições de pagar à vista, e o
vendedor propôs que ela desse um cheque para 15 dias,
Desconto pagando 10% de juros sobre o valor da venda na liquida-
No caso de haver um decréscimo, o fator de multipli- ção. Ela aceitou e pagou pela televisão o valor de:
cação será: (A) R$1120,00
Fator de Multiplicação =  1 - taxa de desconto (na for- (B) R$1056,00
ma decimal) (C) R$960,00
Veja a tabela abaixo: (D) R$864,00
Fator de
Desconto 02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) A equipe
Multiplicação
10% 0,90 de segurança de um Tribunal conseguia resolver mensal-
25% 0,75 mente cerca de 35% das ocorrências de dano ao patrimô-
34% 0,66 nio nas cercanias desse prédio, identificando os criminosos
60% 0,40 e os encaminhando às autoridades competentes. Após uma
90% 0,10 reestruturação dos procedimentos de segurança, a mesma
equipe conseguiu aumentar o percentual de resolução
Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:  mensal de ocorrências desse tipo de crime para cerca de
63%. De acordo com esses dados, com tal reestruturação,
a equipe de segurança aumentou sua eficácia no combate
Chamamos de lucro em uma transação comercial de ao dano ao patrimônio em
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o (A) 35%.
preço de custo. (B) 28%.
Lucro=preço de venda -preço de custo (C) 63%.
(D) 41%.
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem (E) 80%.
de duas formas:
03. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Três ir-
mãos, André, Beatriz e Clarice, receberam de uma tia he-
rança constituída pelas seguintes joias: um bracelete de
ouro, um colar de pérolas e um par de brincos de diamante.
A tia especificou em testamento que as joias não deveriam

63
RACIOCÍNIO LÓGICO

ser vendidas antes da partilha e que cada um deveria ficar (A) R$ 4,20.
com uma delas, mas não especificou qual deveria ser dada (B) R$ 5,46.
a quem. O justo, pensaram os irmãos, seria que cada um (C) R$ 10,70.
recebesse cerca de 33,3% da herança, mas eles achavam (D) R$ 12,60.
que as joias tinham valores diferentes entre si e, além disso, (E) R$ 18,00.
tinham diferentes opiniões sobre seus valores. Então, deci-
diram fazer a partilha do seguinte modo: 06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE-
GO/2017) Joana foi fazer compras. Encontrou um vestido
− Inicialmente, sem que os demais vissem, cada um de R$ 150,00 reais. Descobriu que se pagasse à vista teria
deveria escrever em um papel três porcentagens, indican- um desconto de 35%. Depois de muito pensar, Joana pa-
do sua avaliação sobre o valor de cada joia com relação ao gou à vista o tal vestido. Quanto ela pagou?
valor total da herança. (A) R$ 120,00 reais
(B) R$ 112,50 reais
− A seguir, todos deveriam mostrar aos demais suas (C) R$ 127,50 reais
(D) R$ 97,50 reais
avaliações.
(E) R$ 90 reais
− Uma partilha seria considerada boa se cada um deles
07. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-
recebesse uma joia que avaliou como valendo 33,3% da
NESP/2017) A empresa Alfa Sigma elaborou uma previsão
herança toda ou mais. de receitas trimestrais para 2018. A receita prevista para o
primeiro trimestre é de 180 milhões de reais, valor que é
As avaliações de cada um dos irmãos a respeito das 10% inferior ao da receita prevista para o trimestre seguin-
joias foi a seguinte: te. A receita prevista para o primeiro semestre é 5% inferior
à prevista para o segundo semestre. Nessas condições, é
correto afirmar que a receita média trimestral prevista para
2018 é, em milhões de reais, igual a
(A) 200.
(B) 203.
(C) 195.
Assim, uma partilha boa seria se André, Beatriz e Clari- (D) 190.
ce recebessem, respectivamente, (E) 198.
(A) o bracelete, os brincos e o colar.
(B) os brincos, o colar e o bracelete. 08. (CRM/MG – Técnico em Informática- FUN-
(C) o colar, o bracelete e os brincos. DEP/2017) Veja, a seguir, a oferta da loja Magazine Bom
(D) o bracelete, o colar e os brincos. Preço:
(E) o colar, os brincos e o bracelete. Aproveite a Promoção!
Forno Micro-ondas
04. (UTFPR – Técnico de Tecnologia da Informação De R$ 720,00
– UTFPR/2017) Um retângulo de medidas desconhecidas Por apenas R$ 504,00
foi alterado. Seu comprimento foi reduzido e passou a ser
2/ 3 do comprimento original e sua largura foi reduzida e Nessa oferta, o desconto é de:
passou a ser 3/ 4 da largura original. (A) 70%.
Pode-se afirmar que, em relação à área do retângulo (B) 50%.
(C) 30%.
original, a área do novo retângulo:
(D) 10%.
(A) foi aumentada em 50%.
(B) foi reduzida em 50%.
09 (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) Consi-
(C) aumentou em 25%.
dere que uma caixa de bombom custava, em novembro, R$
(D) diminuiu 25%. 8,60 e passou a custar, em dezembro, R$ 10,75. O aumento
(E) foi reduzida a 15%. no preço dessa caixa de bombom foi de:
(A) 30%.
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- (B) 25%.
GO/2017) Paulo, dono de uma livraria, adquiriu em uma (C) 20%.
editora um lote de apostilas para concursos, cujo valor uni- (D) 15%
tário original é de R$ 60,00. Por ter cadastro no referido
estabelecimento, ele recebeu 30% de desconto na compra. 10. (ANP – Técnico em Regulação de Petróleo e De-
Para revender os materiais, Paulo decidiu acrescentar 30% rivados – CESGRANRIO/2016) Um grande tanque estava
sobre o valor que pagou por cada apostila. Nestas condi- vazio e foi cheio de óleo após receber todo o conteúdo de
ções, qual será o lucro obtido por unidade? 12 tanques menores, idênticos e cheios.

64
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se a capacidade de cada tanque menor fosse 50% 200+180=380 milhões para o primeiro semestre
maior do que a sua capacidade original, o grande tanque 380----95
seria cheio, sem excessos, após receber todo o conteúdo de x----100
(A) 4 tanques menores x=400 milhões
(B) 6 tanques menores
(C) 7 tanques menores Somando os dois semestres: 380+400=780 milhões
(D) 8 tanques menores 780/4trimestres=195 milhões
(E) 10 tanques menores

Respostas 08. Resposta: C.

01. Resposta:B.
Como teve um desconto de 40%, pagou 60% do pro-
duto. Ou seja, ele pagou 70% do produto, o desconto foi de
1600⋅0,6=960 30%.
Como vai pagar 10% a mais:
960⋅1,1=1056 OBS: muito cuidado nesse tipo de questão, para não
errar conforme a pergunta feita.

02. Resposta: E.
63/35=1,80 09. Resposta: B.
Portanto teve um aumento de 80%. 8,6(1+x)=10,75
8,6+8,6x=10,75
8,6x=10,75-8,6
03. Resposta: D. 8,6x=2,15
Clarice obviamente recebeu o brinco. X=0,25=25%
Beatriz recebeu o colar porque foi o único que ficou
acima de 30% e André recebeu o bracelete.
10. Resposta: D.
50% maior quer dizer que ficou 1,5
04. Resposta: B. Quantidade de tanque: x
A=b⋅h A quantidade que aumentaria deve ficar igual a 12 tan-
ques
1,5x=12
X=8
Portanto foi reduzida em 50%

05. Resposta: D.
Como ele obteve um desconto de 30%, pagou 70% do
valor:
60⋅0,7=42
Ele revendeu por:
42⋅1,3=54,60
Teve um lucro de: 54,60-42=12,60

06. Resposta: D.
Como teve um desconto de 35%. Pagou 65%do vestido
150⋅0,65=97,50

07. Resposta: C.
Como a previsão para o primeiro trimestre é de 180
milhões e é 10% inferior, no segundo trimestre temos uma
previsão de
180-----90%
x---------100
x=200

65
RACIOCÍNIO LÓGICO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES A probabilidade de sair um múltiplo de 8 é a probabi-


SOBRE: RACIOCÍNIO LÓGICO lidade de ocorrer o evento B ={8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64;
72; 80; 88; 96}.
01. (Banco do Brasil - Assistente Técnico-Adminis-
trativo - FCC/2014) Como: n(B) = 12 múltiplos de 8 entre 1 e 100 e n(S) =
Considere que há três formas de Ana ir para o tra- 100 números naturais, então, tem-se:
balho: de carro, de ônibus e de bicicleta. Em 20% das
vezes ela vai de carro, em 30% das vezes de ônibus e em
50% das vezes de bicicleta. Do total das idas de carro,
Ana chega atrasada em 15% delas, das idas de ônibus,
chega atrasada em 10% delas e, quando vai de bicicle-
ta, chega atrasada em 8% delas. Sabendo-se que um Sendo A = {3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39;
determinado dia Ana chegou atrasada ao trabalho, a 42; 45; 48; 51; 54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90;
probabilidade de ter ido de carro é igual a
93; 96; 99}, e B = {8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64; 72; 80; 88; 96},
A) 20%.
então AB será dado por: A∩B = {24, 48, 72, 96}
B) 40%.
C) 60%.
Portanto, a probabilidade de P (A∩B) será de:
D) 50%.
E) 30%.

Imagine que Ana vá ao trabalho 100 vezes. Como são


20% de carro, 30% de ônibus e 50% de bicicleta então temos:
20 idas de carro.
30 idas de ônibus
50 idas de bicicleta Onde n(A∩B) representa os 3 múltiplos simultâneos de
Das 20 idas de carro Ana chega atrasada em 15% das 3 e 8, compreendidos entre 1 e 100.
vezes (3 idas).
Das 30 idas de ônibus Ana chega atrasada em 10% das Então, P(A∩B)=P(A)+P(B)-P(A∩B) =
vezes (3 idas).
33 12 4 41
Das 50 idas de bicicleta Ana chega atrasada em 8% das + − = = 41%!
vezes (4 idas). 100 100 100 100
Assim, Ana chega atrasa da em 3+3+4 = 10 vezes.
Sabendo que Ana chegou atrasada a probabilidade de RESPOSTA: “A”.
ela ter ido de carro é:
P = 3/10 = 30% que é a divisão das idades de carro (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces-
atrasada pelo total de atrasos. pe/2014) Em geral, empresas públicas ou privadas uti-
lizam códigos para protocolar a entrada e a saída de
RESPOSTA: “E”. documentos e processos. Considere que se deseja gerar
códigos cujos caracteres pertençam ao conjunto das
02. (Ministério da Fazenda - MI - Assistente Técni- 26 letras de um alfabeto, que possui apenas 5 vogais.
co administrativo - Cespe/UnB/2013) Sorteando-se um Com base nessas informações, julgue os itens que se
número de uma lista de 1 a 100, qual a probabilidade seguem.
de o número ser divisível por 3 ou por 8?
A) 41%
03. (TCU – Analista de controle externo - UNB/CES-
B) 44%
PE/2014) Se os protocolos de uma empresa devem con-
C) 42%
ter 4 letras, sendo permitida a repetição de caracteres,
D) 45%
E) 43% então podem ser gerados menos de 400.000 protocolos
A probabilidade de sair um número divisível por 3 (ou distintos.
múltiplo de 3) é a probabilidade de ocorrer o evento A = ( ) CERTA ( ) ERRADA
{3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39; 42; 45; 48; 51; Se os protocolos de uma empresa devem conter 4 le-
54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90; 93; 96; 99}. tras, sendo permitida a repetição de caracteres, então po-
Como: n(A) = 33 múltiplos de 3 entre 1 e 100 e n(S) = dem ser gerados menos de 400.000 protocolos distintos.
100 números naturais, então, tem-se: Para cada “casa” citada anteriormente, podemos locar
26 letras, pois e permitida a repetição das letras, formando,
assim:
26 x 26 x 26 x 26 = 456.976 códigos distintos

RESPOSTA: “ERRADA”.

66
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- 07. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
pe/2014) Se uma empresa decide não usar as 5 vogais A quantidade de maneiras distintas para se formar a câ-
em seus códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sen- mara de vereadores dessa cidade é igual a 30!/(9!×21!).
do permitida a repetição de caracteres, então e possível ( ) CERTA ( ) ERRADA
obter mais de 1000 códigos distintos.
( ) CERTA ( ) ERRADA Para a escolha dos 9 vereadores dos 30 candidatos, fa-
remos uma combinação simples dos 30 candidatos escolhi-
Se uma empresa decide não usar as 5 vogais em seus dos 9 a 9, pois aqui, a ordem de escolha não altera o agru-
códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sendo permitida pamento formado, já que, ao ser escolhidos, por exemplo,
a repetição de caracteres, então e possível obter mais de um agrupamento de 9 pessoas, essas mesmas pessoas não
1000 códigos distintos. poderão ser escolhidas novamente, mesmo em outra or-
Como não serão permitidas as vogais, então teremos dem.
21 letras para obtenção dos códigos.
Observação: será permitida a REPETIÇÃO das letras, ex- ! !! 30! 30!
cluindo as vogais. !! = = = !
!! ! − ! ! 9! 30 − 9 ! 9! 21!
21 letras (código formado por uma letra)=21 códigos
21 x 21 (código formado por duas letras)=441 códigos
RESPOSTA: “CERTA”.
21 x 21 x 21 = 9.261 códigos
Assim sendo, serão obtidos:
21 + 441 + 9.261 = 08. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Sabendo-se que um eleitor vota em apenas um candi-
RESPOSTA: “ERRADA”. dato a vereador, é correto afirmar que a quantidade de
maneiras distintas de um cidadão escolher um candida-
05. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- to é superior a 50.
pe/2014) O número total de códigos diferentes forma- ( ) CERTA ( ) ERRADA
dos por 3 letras distintas e superior a 15000.
( ) CERTA ( ) ERRADA Só existem 30 candidatos, logo não tem como haver 50
formas distintas de escolher um candidato.
O número total de códigos diferentes formados por 3
letras distintas e superior a 15000. RESPOSTA: “ERRADA”.
26x25x24=15600 códigos
09. (VALEC - Assistente Administrativo – FEM-
RESPOSTA: “CERTA”. PERJ/2012) Uma “capicua” é um número que escrito
de trás para a frente é igual ao número original. Por
(TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012) Nas exemplo: 232 e 1345431 são “capicuas”. A quantidade
eleições municipais de uma pequena cidade, 30 candi- de “capicuas” de sete algarismos que começam com o
datos disputam 9 vagas para a câmara de vereadores. algarismo 1 é igual a:
Na sessão de posse, os nove eleitos escolhem a mesa A) 400
diretora, que será composta por presidente, primeiro e B) 520
segundo secretários, sendo proibido a um mesmo par- C) 640
lamentar ocupar mais de um desses cargos. Acerca des- D) 1000
sa situação hipotética, julgue os itens seguintes. E) 1200
06. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Considerando-se os algarismos de 0 a 9 (0; 1; 2; 3; 4; 5;
A quantidade de maneiras distintas de se formar a mesa
6; 7; 8; 9), podemos formar a seguinte quantidade de “capi-
diretora da câmara municipal é superior a 500.
cuas” de sete algarismos, que inicia-se com o algarismo 1.
( ) CERTA ( ) ERRADA
Após serem escolhidos os 9 candidatos, esses forma- 1 x 10 x 10 x 10 x 1 x 1 x 1=10x10x10=1000 capicuas
rão a mesa diretora, que será composta por um presiden-
te, primeiro e segundo secretários, ou seja, por 3 desses RESPOSTA: “D”.
integrantes. A escolha será feita pelo arranjo simples de
9 pessoas escolhidas 3 a 3, já que a ordem dos elementos 10. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
escolhidos altera a formação da mesa diretora. PERJ/2012) Uma rodovia tem 320 km. A concessionária
da rodovia resolveu instalar painéis interativos a cada
!!! = 9.8.7 = 504!!"#$%&!!"#$"%$&#!!"!!"#$!!"!!"#$%&#'! 10 km, nos dois sentidos da rodovia. Em cada sentido,
o primeiro painel será instalado exatamente no início
da rodovia, e o último, exatamente ao final da rodo-
RESPOSTA: “CERTA”. via. Assim, a concessionária terá de instalar a seguinte
quantidade total de painéis:

67
RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 32 3º ano: foram desmatados 10% da floresta remanes-


B) 64 cente (72%), logo, sobraram 72% – 10% de 72%.
C) 65 72% – 10% de 72%. = 72% – 7,2% = 64,8% de floresta
D) 66 não desmatada.
E) 72 Portanto, foram desmatados 100% – 64,8% = 35,2%
Tem-se a seguinte sequência numérica:
marco zero: 1º painel. RESPOSTA: “A”.
marco 10 km: 2º painel.
marco 20 km: 3º painel. 12. (BRDE – Analista de sistemas - AOCP/2012)
... Quantos subconjuntos podemos formar com 3 bolas
Marco 320 km : n-ésimo painel. azuis e 2 vermelhas, de um conjunto contendo 7 bolas
azuis e 5 vermelhas?
Obtendo-se a seguinte sequência numérica dada pela A) 250
progressão aritmética (PA): B) 5040
C) 210
!! = 0 D) 350
!"(0; !10; !20;!. . . ; !320) ! = 10 ! E) 270
!! = 320 Podemos interpretar esse enunciado da seguinte for-
ma: “de um conjunto de 7 bolas azuis e 5 bolas vermelhas,
Sendo a fórmula que define o termo geral de uma PA quantos agrupamentos de 3 bolas azuis e 2 bolas verme-
dada por an= a1+(n – 1).r, teremos: lhas podemos formar”?
Nesse caso tem-se uma combinação simples de 7 bo-

320 las azuis escolhidas 3 a 3 permutando-se com a combina-


ção simples de 5 bolas vermelhas escolhidas 2 a 2.
320=0+ !−1 .10→ =!−1→! =1+32=33! Lembramos que, formamos agrupamentos por com-
10 binação, quando a ordem dos elementos escolhidos não
altera o agrupamento formado. Por exemplo, um agru-
pamento formado pelas bolas vermelhas V1 V2 V3 será
n = 33 painéis, em apenas um dos sentidos da rodovia. idêntico a qualquer outro agrupamento formado por essas
Para o sentido inverso têm-se mais 33 painéis o que mesmas bolas, porém e outra ordem. Logo, a ordem desses
totaliza: elementos escolhidos não altera o próprio agrupamento.
33 + 33 = 66 painéis, ao todo.
76554
RESPOSTA: “D”. !!!.!!! = . . . . = 35.10 = 350!!"#$%!&'()*+!
32121
11. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
PERJ/2012) Num certo ano, 10% de uma floresta foram RESPOSTA: “D”.
desmatados. No ano seguinte, 20% da floresta rema- (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
nescente foi desmatada e, no ano seguinte, a floresta UnB/2013) Conta-se na mitologia grega que Hércules,
remanescente perdeu mais 10% de sua área. Assim, a em um acesso de loucura, matou sua família. Para ex-
floresta perdeu, nesse período, a seguinte porcenta- piar seu crime, foi enviado a presença do rei Euristeu,
gem de sua área original: que lhe apresentou uma serie de provas a serem cum-
A) 35,2% pridas por ele, conhecidas como Os doze trabalhos de
B) 36,4% Hércules. Entre esses trabalhos, encontram-se: matar o
C) 37,4% leão de Neméia, capturar a corça de Cerinéia e captu-
D) 38,6% rar o javali de Erimanto. Considere que a Hércules seja
E) 40,0% dada a escolha de preparar uma lista colocando em or-
dem os doze trabalhos a serem executados, e que a es-
Considerando-se o total inicial da floresta, antes do 1º colha dessa ordem seja totalmente aleatória. Além dis-
desmatamento, igual a 100% teremos, após os desmata- so, considere que somente um trabalho seja executado
mentos sucessivos, o seguinte percentual de floresta des- de cada vez. Com relação ao número de possíveis listas
matado: que Hércules poderia preparar, julgue os itens subse-
1º ano: foram desmatados 10% do total (100%), logo, quentes.
sobraram 90% de floresta não desmatada.
2º ano: foram desmatados 20% da floresta remanes- 13. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
cente (90%), logo, sobraram 90% – 20% de 90%. UnB/2013) O número máximo de possíveis listas que
90% – 20% de 90%. = 90% – 18% = 72% de floresta Hercules poderia preparar e superior a 12x10!
não desmatada. ( ) CERTA ( ) ERRADA

68
RACIOCÍNIO LÓGICO

O número máximo de possíveis listas que Hercules po- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
deria preparar e superior a 12x10!. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
“Considere que a Hercules seja dada a escolha de pre- ainda sobram 10 posições a serem permutadas.
parar uma lista colocando em ordem os doze trabalhos a Ou seja:
serem executados, e que a escolha dessa ordem seja total- 10 x 72 x 42 x 20 x 6
mente aleatória”. Portanto, teremos 10 x 72 x 42 x 20 x 6, um valor supe-
Seja a lista de tarefas dada a Hercules contendo as 12 rior e diferente de 72x42 x 20 x 6
tarefas representada a seguir. Lembrando que a ordem de
escolha ficara a critério de Hercules. RESPOSTA: “ERRADA”.
Então, permutando (trocando) as tarefas de posição,
vai gerar uma nova sequencia, ou seja, uma nova ordem da 16. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
realização de suas tarefas, assim, o numero de possibilida- UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con-
des de Hercules começar e terminar suas tarefas será dada tendo os trabalhos “ capturar a corça de Cerineia” e “
pela permutação dessas tarefas. capturar o javali de Erimanto” nas ultimas duas posi-
12x11x10x9x8x7x6x5x4x3x2x1 ou simplesmente: ções, em qualquer ordem, e inferior a 6! x 8!.
12! = 12 x 11 x 10! ( ) CERTA ( ) ERRADA
Como 12x11x10! e diferente de 12x10!.
O número máximo de possíveis listas contendo os tra-
RESPOSTA: “ERRADA”. balhos “ capturar a corça de Cerinéia” e “ capturar o javali
de Erimanto” nas ultimas duas posições, em qualquer or-
14. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ dem, e inferior a 6! x 8!.
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” e
tendo o trabalho “matar o leão de Neméia” na primeira “capturar o javali de Erimanto” nas duas ultimas posições, e
posição é inferior a 240 x 990 x 56 x 30. lembrando que essas tarefas podem ser permutadas entre
( ) CERTA ( ) ERRADA si, pois são colocadas em qualquer ordem, assim, restaram
10 posições a serem permutadas.
O número máximo de possíveis listas contendo o tra- 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1.x.x
balho “matar o leão de Neméia” na primeira posição é infe- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
rior a 240 x 990 x 56 x 30. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
Fixando a tarefa “matar leão de Neméia” na primeira podendo ser permutadas entre si, ainda, sobram 10 posi-
posição, vão sobrar 11 tarefas para serem permutadas nas ções a serem permutadas.
demais casas: Ou seja:
x._._._._._._._._._._._=x.11! 90 x 8! x 2 que equivale a 180 x 8!
Sendo X a posição já ocupada pela tarefa “matar leão Sendo 180 um valor inferior a 6! (6! = 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x
de Nemeia”. 1 = 720), logo o valor
Reagrupando os valores, temos: 180 x 8! será inferior a 6! x 8!, tornando este item CER-
24 x 990 x 56 x 30. TO.
Portanto, inferior a 240 x 990 x 56 x 30, tornando este
item ERRADO. RESPOSTA: “CERTA”.

RESPOSTA: “ERRADA”. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/


UnB/2013) Considere que em um escritório trabalham
15. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ 11 pessoas: 3 possuem nível superior, 6 tem o nível mé-
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- dio e 2 são de nível fundamental. Será formada, com
tendo os trabalhos “capturar a corça de Cerinéia” na esses empregados, uma equipe de 4 elementos para
primeira posição e “ capturar o javali de Erimanto” na realizar um trabalho de pesquisa. Com base nessas in-
terceira posição e inferior a 72 x 42 x 20 x 6. formações, julgue os itens seguintes, acerca dessa equi-
( ) CERTA ( ) ERRADA pe.

O número máximo de possíveis listas contendo os tra- 17. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
balhos “capturar a corça de Cerinéia” na primeira posição e UnB/2013) Se essa equipe for formada somente com
“ capturar o javali de Erimanto” na terceira posição e infe- empregados de nível médio e fundamental, então ela
rior a 72 x 42 x 20 x 6. poderá ser formada de mais de 60 maneiras distintas.
Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” na pri- ( ) CERTA ( ) ERRADA
meira posição e “capturar o javali de Erimanto” na terceira
posição, restam 10 tarefas a serem permutadas nas demais Se essa equipe for formada somente com empregados
posições, assim, temos que: de nível médio e fundamental, então ela poderá ser forma-
X . 1 . x . 2 . 3 . 4 . 5 . 6 . 7 . 8 . 9 . 10 da de mais de 60 maneiras distintas.

69
RACIOCÍNIO LÓGICO

Das 11 pessoas, 3 são de nível superior(S), 3 nível mé- Como o afirmado neste item, diz que existirão mais de
dio(M), e 2 são de nível fundamental(F) 40 maneiras distintas para a formação das equipes.

Sendo a equipe formada apenas pelos funcionários de RESPOSTA: “ERRADA”.


escolaridade de nível Médio e Fundamental teremos ape-
nas 3 possibilidades de formação das equipes: 19. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
UnB/2013) Formando-se a equipe com dois emprega-
1ª POSSIBILIDADE: Somente 1 funcionário de nível dos de nível médio, e dois de nível superior, então essa
Fundamental e os demais de nível médio. equipe poderá ser formada de, no máximo, 40 manei-
ras distintas.
!!! .!!! = 2!/1!(2-1)!.6!/3!(6-3)!=40 equipes distintas ( ) CERTA ( ) ERRADA
!
2ª POSSIBILIDADE: com 2 funcionários de nível Funda- Formando-se a equipe com dois empregados de nível
mental e os demais de nível médio. médio, e dois de nível superior, então essa equipe poderá
ser formada de, no máximo, 40 maneiras distintas.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas Formando-se as equipes com 2 empregados de nível
Médio e 2 de Nível Superior, então teremos apenas 1 pos-
3ª POSSIBILIDADE: Uma equipe formada por funcioná- sibilidade de formação de equipes, já que excluímos todos
rios apenas de Nível Médio. os funcionários de nível Fundamental.
!!! .!!! ! = 3!/2!(3-2)!.6!/2!(6-2)!=45 equipes distintas
!!! !. = 6!/4!(6-4)!=15 equipes distintas
De acordo com a afirmativa do item seriam de, no má-
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- ximo, 40 equipes distintas.
des anteriores, encontramos:
40 + 15 + 15= 70 equipes distintas RESPOSTA: “ERRADA”.
Como o item afirma que a equipe poderá ser formada
20. (USP – VESTIBULAR - FUVEST/2012) Considere
por mais de 60 maneiras distintas.
todas as trinta e duas sequências, com cinco elementos
cada uma, que podem ser formadas com os algarismos
RESPOSTA: “CERTA”.
0 e 1. Quantas dessas sequências possuem pelo menos
três zeros em posições consecutivas?
18. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
a) 3
UnB/2013) Se essa equipe incluir todos os empregados
b) 5
de nível fundamental, então ela poderá ser formada de
c) 8
mais de 40 maneiras distintas. d) 12
( ) CERTA ( ) ERRADA e) 16
Se essa equipe incluir todos os empregados de nível Utilizando os algarismos 0 e 1 e, considerando as se-
fundamental, então ela poderá ser formada de mais de 40 quências com 5 elementos, temos:
maneiras distintas. I) 5 sequências com exatamente 3 zeros em posições
consecutivas (00010, 00011, 01000 e 11000)
1ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de II) 2 sequências com exatamente 4 zeros em posições
nível fundamental e os demais de nível Superior. consecutivas (00001 e 10000)
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.3!/2!(3-2)!=3 equipes distintas III) 1 sequência com 5 zeros (00000)
Portanto, o número de sequências com pelo menos
três zeros em posições consecutivas é 5 + 2 + 1 = 8
2ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários RESPOSTA: “C”.
nível fundamental e os demais de nível médio.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas 21. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2012) De
uma urna contendo 10 bolas coloridas, sendo 4 bran-
cas, 3 pretas, 2 vermelhas e 1 verde, retiram-se de uma
3ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de vez 4 bolas .Quantos são os casos possíveis em que apa-
nível fundamental e os demais de nível médio ou superior. recem exatamente uma bola de cada cor?
Como a urna contém 4 bolas brancas, existem 4 maneiras
!!! .!!! .!!! !1
= 2!/2!(2-2)!.6!/1!(6-1)!.3!/1!(3-1)!=18 possíveis de retirar uma bola branca; analogamente, 3 pretas,
equipes distintas 2 vermelhas e 1 verde. Assim, pelo Princípio Fundamental da
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- Contagem, o número de casos possíveis em que aparecem
des, teremos: exatamente uma bola de cada cor é 4 . 3 . 2 . 1 = 24
3 + 15 + 18 = 36 equipes distintas RESPOSTA: “C”.

70
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

1 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO: Abordagem Clássica, burocrática e Sistêmica da Administração. .......................................1


1.2. Evolução da Administração Pública no Brasil após 1930...............................................................................................................6
1.2.1 Reformas Administrativas.........................................................................................................................................................................6
1.2.2 O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA / A NOVA GESTÃO PÚBLICA...........................7
1.3 PRINCÍPIOS E SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO FEDERAL............................................................................................................ 15
2 PROCESSO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, FASES E MODALIDADES..................................................................... 19
2.1 Funções Administrativas: planejamento, organização, direção, coordenação e controle.............................................. 21
2.2 Estrutura Organizacional........................................................................................................................................................................... 25
2.3 Cultura Organizacional.............................................................................................................................................................................. 26
3 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA................................................................................................................................ 34
3.1 ORÇAMENTO PÚBLICO:............................................................................................................................................................................. 35
3.2 Princípios Orçamentários.......................................................................................................................................................................... 36
3.3 Lei de Diretrizes Orçamentárias............................................................................................................................................................. 42
3.4 SIDOR E SIAFI................................................................................................................................................................................................ 43
3.5 RECEITA PÚBLICA: Categorias, fontes, estágios e dívida ativa................................................................................................... 44
3.6 Despesa Pública: categoria e estágios................................................................................................................................................. 44
3.7 Suprimento de Fundos (Regime de adiantamento)....................................................................................................................... 49
3.8 Restos a Pagar............................................................................................................................................................................................... 52
3.9 Despesas de exercícios anteriores......................................................................................................................................................... 55
3.10 Conta Única do Tesouro......................................................................................................................................................................... 55
3.10 CONTA ÚNICA DO TESOURO............................................................................................................................................................... 60
4. Ética no serviço público: Comportamento profissional, atitudes no serviço, organização do trabalho............................ 60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

abandonara as antigas técnicas para adotar “a racionaliza-


1 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ção da organização e execução do trabalho.” (MOTTA; VAS-
ABORDAGEM CLÁSSICA, BUROCRÁTICA E CONCELOS, 2002, p. 32).
SISTÊMICA DA ADMINISTRAÇÃO. Os princípios e as técnicas das Teorias Clássicas
Frederick Taylor, buscou o desejado aumento produtivo
tomando como base a eficiência dos trabalhadores. Anali-
O pensamento administrativo pode ser conceituado sando esses e seus modos de produção, identificou falhas
como um enfoque específico a um aspecto particular da no processo produtivo geradoras de baixa produtividade,
organização, ou uma forma peculiar de estudá-la, e a or- uma vez que, para ele, cada operário produzia um terço do
ganização desses pensamentos são formadores de teorias que poderia produzir (processo que ele nomeou “vadiagem
a serem estudadas pela Teoria Geral da Administração. Para sistemática”). Tal fato o fez despertar para a necessidade de
facilitar o estudo, as teorias são agrupadas em Escolas e es- criação de um método racional padrão de produção em de-
sas, como definido por Maximiano (2006), são a mesma li- trimento das práticas tradicionais, que ainda deixava resquí-
nha de pensamento ou conjunto de autores que utilizam o cios nas fábricas. Essa teoria leva o nome de Administração
mesmo enfoque. Por meio de uma breve revisão teórica do Cientifica “devido à tentativa de aplicação dos métodos da
campo, o presente artigo objetiva um estudo introdutório ciência aos trabalhos operacionais a fim de aumentar a efi-
da evolução das Teorias da Administração e das característi- ciência industrial. Os principais métodos científicos são a ob-
cas mais marcantes de cada uma, tendo como base a Teoria servação e mensuração.” (CHIAVENATO, 2004, p. 41).
Clássica, uma vez que essa serviu de fundamento à todos os As estandardizações no processo e nas ferramentas uti-
pensamentos posteriores. A abordagem do tema torna-se lizadas no trabalho, permitiram a criação do método ideal
relevante devido à importância do mesmo para o entendi- de produção (the best way) baseado no estudo de tempos
mento das organizações e para construção do pensamento e movimentos (motion-time study) e, consequentemente,
administrativo atual, exigente de profissionais ecléticos, fle- o surgimento da gerência cujas principais funções eram o
xíveis e adaptáveis. planejamento da melhor forma de execução do trabalho e o
controle do mesmo. Para possibilitar o gerenciamento efe-
Desenvolvimento
tivo, responsável também pela organização do ambiente, o
Cada teoria administrativa procurou privilegiar ou enfati- trabalho foi fragmentado, centralizaram-se as decisões e a
zar uma variável, omitindo ou desprezando todas as demais. magnitude de controle de cada chefe foi diminuída, buscan-
Segundo Garcia e Bronzo (2000) as teorias são propostas de do estruturas e sistemas perfeitos, nos quais as responsabi-
acordo com os contextos históricos em que estão inseridas, lidades eram bem delineadas. Taylor dissociou os princípios
enfatizando os problemas mais importantes enfrentados na das técnicas, uma vez que “os trabalhadores e seus supervi-
época em quem foram fundamentadas. A primeira Escola foi sores imediatos deveriam ocupar-se exclusivamente da pro-
a Clássica, responsável pela ênfase nas tarefas por Frederick dução. Toda atividade cerebral deve ser removida da fábrica
Taylor e Henry Ford e fonte de embasamento de todas as e centralizada no departamento de planejamento [...]” (MA-
outras teorias posteriores, seja como critica aos pontos fa- XIMIANO, 2006, p.41). O método de Taylor apoiava-se na
lhos dessa ou apropriando-se das vantagens oferecidas pela supervisão funcional, estabelecendo que todas as fases do
mesma. A Escola de Relações Humanas logo após a consoli- trabalho devem ser acompanhadas de modo a verificar se
dação do pensamento clássico como uma espécie de crítica as operações estão sendo desenvolvidas em conformidades
ao dito pelas teorias anteriores, que tinham o funcionário com as instruções programadas e estas instruções devem
como recurso produtivo. Ainda depois das teorias Compor- ser transmitidas a todos os empregados, por meio da des-
tamentais, a Teoria Neoclássica surgiu unindo os pensamen- crição detalhada de cargos e tarefas. Em suma, o Taylorismo
tos de quase todas as outras teorias prévias. baseia-se na divisão do trabalho por meio das tarefas: “a
questão não é trabalhar duro, nem depressa, mas trabalhar
As origens dos métodos do Pensamento Administrativo de forma inteligente.” (MAXIMIANO, 2006, p.41-42). Mes-
Clássico mo com esse pensamento e do plano de incentivo salarial
As mudanças ocorridas no início do Séc. XX, em decor- (pagamento por produção), Taylor foi considerado o maior
rência da Revolução Industrial, exigiram métodos que au- inimigo do trabalhador.
mentassem a produtividade fabril e economizassem mão- Henri Fayol, teórico clássico com ênfase na estrutu-
-de-obra evitando desperdícios, ou seja, “a improvisação ra organizacional, segundo Chiavenato, defendia que:
deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo à ciência: [...] a eficiência da empresa é muito mais do que a soma
a Ciência da Administração.” (CHIAVENATO, 2004, p. 43). Fa- da eficiência dos seus trabalhadores, e que ela deve ser al-
z-se importante nesse contexto, uma retrospecção histórica, cançada por meio da racionalidade, isto é, da adequação
uma vez que, já no séc. XVII Descartes já negava todo sa- dos meios (órgãos e cargos) aos fins que se deseja alcançar.
ber que fosse tradicional, ou seja, baseado em costumes e (CHIAVENATO, 2000, p. 11).
crenças, afirmando que esses deviam ser substituídos pelo Fayol traz em sua teoria funcionalista a abordagem
racional e no séc. XVIII, o Racionalismo passou a ser aplicado prescritiva e normativa, uma vez que a ciência administrati-
às ciências naturais e sociais, porém o trabalho ainda não va, como toda ciência, deve basear-se em leis ou princípios
globalmente aplicáveis. Sua maior contribuição para a admi-

1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

nistração geral são as funções administrativas – prever, orga- Comportamental tem o seu início com Herbert Simon, res-
nizar, comandar, coordenar e controlar – que são as próprias ponsável por apontar a limitação imposta pela racionalidade
funções do administrador ainda nos dias atuais. A função cientifica.
administrativa nesse novo enfoque deixa de ser exclusiva da Essa teoria nasceu como uma forma de reação e opo-
alta gerência, ficando difundida proporcionalmente entre sição à Teoria Clássica da Administração.” (CHIAVENATO,
todos os níveis hierárquicos, quando mais alto o cargo, mais 2004, p.83). As ideias centrais desse movimento baseiam-se
funções administrativas apareciam, mas, ainda assim, os exe- no conceito de homo social em oposição ao homo econo-
cutivos têm maior responsabilidade administrativa, distin- micus, tendo em vista que para tais pensadores o homem
guindo-se das funções técnicas, isto é, ainda havia distinção tem necessidades superiores à recompensa exclusivamente
entre princípios e técnicas. Fayol adotou alguns princípios da econômica. Apesar de não ter sido essa a hipótese inicial
Administração Cientifica, como a divisão do trabalho e dis- de estudo, a experiência na Western Eletric de Hawthorne
ciplina, abandonando outros e acrescendo os princípios de permitiram aos pesquisadores conhecer, também, a supe-
autoridade e responsabilidade, espírito de equipe e iniciativa, rioridade do grupo informal na produtividade em relação ao
entre outros. Enquanto Ford e Taylor cuidaram da empresa de grupo formal. “Por grupos informais entendemos um con-
baixo pra cima, Fayol cuidou da empresa de cima pra baixo. junto de indivíduos suficientemente pequeno, de forma que
O quarto integrante da Escola Clássica, Max Weber, buscou possam comunicar-se entre si direta e frequentemente.” (PE-
sintetizar os pontos comuns às organizações formais mo- REIRA apud MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p.63).
dernas em detrimento as organizações primitivas. Weber se Uma vez reconhecido que o a recompensa salarial não é
assemelhou aos outros Clássicos ao identificar nas organi- suficiente, surge a política de incentivos psicossociais, com o
zações as chamadas disfunções burocráticas, isto é, o segui- objetivo de motivar e satisfazer o trabalhador para que esse
mento rígido das regras, não levando em conta a variabilida- trabalhe em função do objetivo formal da empresa, confor-
de humana, como na abordagem dos outros. me destacado por Motta e Vasconcelos:
[...] preocupada com a relação entre a moral e a produ-
As teorias posteriores ao pensamento Clássico tividade, a Escola de Relações Humanas colocou na motiva-
Conforme Maximiano (2000) as pessoas não eram ne- ção a grande possibilidade de levar o individuo a trabalhar
gligenciadas pelas teorias clássicas, mas eram consideradas para o atingimento dos objetivos da organização formal.
recursos do processo produtivo. “Essa maneira prescritiva (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p.63)
de lidar com os problemas organizacionais é entendida pela Tal princípio é antagônico ao proposto pelas teorias
inexistência de referencias na época.” (COLLA, 2003). Em de- Clássicas uma vez que abrange, além dos incentivos finan-
corrência dos problemas tidos por tal pensamento, fez-se ceiros, o reconhecimento do trabalhador, instigando a sua
necessária a adoção de um método que considerasse as auto-estima e sentimento de realização. Dentro do campo
pessoas o fator primordial no processo administrativo, ou da motivação humana salientam-se os teóricos Abraham
seja, o enfoque passou a ser comportamental. Esse princí- Maslow e Frederick Herzberg. Moraes, Sant’anna e Kilimnik
pio comportamental pode ser subdividido em dois grandes (2005) ressaltam como os estados psicológicos são capazes
grupos: o comportamento individual e o coletivo. Tal pensa- de determinar a motivação e a satisfação nas tarefas e como
mento “surgiu graças ao desenvolvimento das ciências so- os trabalhadores passam a agir de acordo com a direção
ciais, notadamente a Psicologia e, em particular, a Psicologia determinada pela empresa, em razão de tais:
do Trabalho.”(CHIAVENATO, 2004, p.80), reconhecendo en- O primeiro desses estados é definido como a significân-
tão “a possibilidade de incluir uma maior parcela dos mem- cia percebida ou o grau com que o sujeito vê seu trabalho
bros da organização, antes simples executores de ordens, no como importante, valioso e significativo, dentro de sua esca-
papel de tomador de decisão, exercitando seu julgamento la de valores. O segundo refere-se à responsabilidade per-
[...]” (AGOSTINHO, 2003). cebida pelo trabalhador em relação a seu trabalho, isto é, ao
Chiavenato (2004) ainda destaca que entre as teorias grau em que o profissional se sente responsável pelos resul-
Clássica e das Ralações Humanas, surgiram autores que, tados do trabalho que executa. Já o terceiro, diz respeito ao
apesar de defenderem os princípios clássicos, foram pionei- conhecimento dos resultados do trabalho, ou seja, ao grau
ros em revisar, criticar e reformular tais bases administrati- em que o indivíduo conhece e entende seu desempenho
vas, tais como: Hugo Munsterberg (responsável pela apli- efetivo na tarefa. (MORAES; SANT’ANNA; KILIMNIK, 2005).
cação da psicologia às organizações e testes de seleção de A abordagem Neoclássica surgiu após a Teoria Compor-
pessoal), Ordway Tead (pioneiro na abordagem da liderança tamental e nada mais é do que o resgate da Teoria Clássica
democrática na administração), Mary Parker Follet (introdu- atualizada e redimensionada aos problemas administrativos
tora da corrente psicológica na Administração e da lei da atuais, como o próprio nome já indica, e ao tamanho das
situação: o certo e errado são determinados pela situação organizações contemporâneas. A mesma caracteriza-se por
concreta), Chester Barnard (precursor da teoria da coopera- uma forte ênfase nos aspectos práticos da Administração,
ção na organização, visando superar as limitações pessoais). pelo pragmatismo e pela busca de resultados reais e palpá-
A primeira Escola com enfoque comportamental foi a veis. Nesse método a ênfase se dá nos objetivos e nos resul-
de Relações Humanas que surgiu “como consequência das tados, ou seja, na eficiência, tendo em vista que, para essa,
conclusões da Experiência de Hawthorne, desenvolvida por todas as organizações com essa finalidade. Essa proposição
Elton Mayo e colaboradores. Apesar dessa experimento ter absorve o conteúdo de quase todas as outras teorias ante-
sido o precursor da Escola de Relações Humanas, a Teoria cedentes, “expurgando-os dos exageros e distorções típicos

2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

do pioneirismo” (CHIAVENATO, 2004, p. 148). Os neoclássi- Analisando as teorias administrativas e a evolução das mes-
cos consideram “a Administração uma técnica social bási- mas, conclui-se que as proposições não são antagônicas,
ca. Isso leva à necessidade de que o administrador conheça mas se completam. Assim, cada instabilidade encontrada
[...] aspectos relacionados à direção de pessoas dentro das nessas tem sido aprimoradas por novas teorias posteriores,
organizações” (CHIAVENATO, 2004, p. 148), orientando os desenvolvidas até os dias atuais, adaptadas ao cenário vi-
comportamentos de modo a atingir os objetivos organiza- gente de sua formulação.
cionais através da comunicação, motivação e liderança. O capitalismo moderno tem determinado que as ativi-
dades intelectuais e de comunicação integrem crescente-
A Administração e suas teorias no mundo mente todos os níveis das atividades produtivas, incluindo
contemporâneo os trabalhadores da linha de produção, e exigindo que es-
Os teóricos clássicos têm importâncias positivas e nega- ses sejam polivalentes, ou seja, carece de uma aliança en-
tivas, até os dias de hoje. Para Chiavenato, Fayol e Taylor têm tre a produtividade e a capacidade humana dos operários.
importância histórica para as organizações: WOOD Jr. (1992) enfatiza que o modelo organizacional deve
O pioneiro da Teoria Clássica, Henri Fayol, é considerado agregar especialização técnica, coordenação, sincronismo
– juntamente com Taylor – um dos fundadores da moder- incrementadas com arte. Atendendo a essa demanda, a ges-
na Administração. Definiu as funções básicas da empresa, o tão participativa surge como um avanço da concepção me-
conceito de Administração [...], bem como procedimentos canicista em direção às propostas das organizações flexíveis:
universais a serem aplicados a qualquer tipo de organização unindo a racionalização da produção capitalista (de acordo
ou empresa. (CHIAVENATO, 2004, p.74) com as Teorias Clássicas) com as sugestões dadas pelos tra-
Segundo Morgan (1997), o uso de máquinas reduziu os balhadores (criatividade e produção intelectual humana).
trabalhadores a autômatos, não sendo permitido ao operá- Podemos concluir que as práticas administrativas têm
rio ser humano, isto é, exercer sua capacidade de pensar e se carecido e buscado a união dos pontos positivos de cada
adaptar as diversas situações, além da visão ilusória de que teoria, adaptando essas ao cenário vigente e acrescendo à
as tarefas enfrentadas pelas organizações podem baseadas essas praticas o toque da arte administrativa que todo orga-
naquelas desempenhadas pelas máquinas, inibindo a ino- nização necessita.1
vação. Com isso, os empregados perdem oportunidades de
crescimento pessoal, despendendo muitas horas por dia em
trabalho que não valorizam nem apreciam, enquanto as or-
ganizações perdem contribuições criativas e inteligentes que
a maioria dos empregados é capaz de fazer, se permitido.
No outro extremo filosófico destacam-se os métodos que
valorizam exatamente o desprezado pelas Teorias Clássicas:
“a criatividade é o elemento central, sendo percebida como
necessária para a geração de propriedade intelectual.” (BEN-
DASSOLLI et al., 2009). As organizações contemporâneas
têm percebido a capacidade intelectual e dado merecido re-
conhecimento à iniciativa de seus funcionários, identifican-
do essas como fundamentais para melhorias no processo
produtivo e essa forma de gestão tem alto valor no mercado
contemporâneo, pois atende às necessidades da organiza-
ção e seus trabalhadores e permite a integração ao mercado
atendido por essa.
A questão “Administração é ciência ou é arte?” tem
sido perpetuada em classes/palestras introdutórias ou li-
vros de teorias da administração com respostas não con-
clusivas, uma vez que “a Administração ainda se encontra
numa fase amalgamada de ciência e arte.” (MATTOS, 2009).
Se a Administração encontra-se numa fase interdisciplinar,
faz-se interessante pensarmos se seria possível a aplicação
de métodos científicos e limitadores da capacidade hu-
mana, como Taylor propôs, na Administração contempo-
rânea. Taylor citado por Batista-Dos-Santos e Nepomuce-
no (2008), já admitia que o trabalhador não era ignorante,
ao contrário, reconhecia a inteligência desse, assumindo
que as experiências de cada geração constroem melho-
res procedimentos e métodos práticos, porém, no méto-
do Taylorista, não é o operário quem deveria decidir qual
método mais adequado para seu trabalho, mas o gerente. 1  Fonte: www.administradores.com.br – Texto adaptado de Jéssica Loui-
siana Natalia Caetano

3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Alguns fatores contribuíram para o surgimento das teo- Princípios da Administração Científica
rias da administração, entre eles podemos citar:2
• Desenvolvimento de uma ciência de Trabalho: uma
• Consolidação do capitalismo (lógica de mercado) e de investigação científica poderá dizer qual a capacida-
novos modos de produção e organização de trabalho, de total de um dia de trabalho, para que os chefes
que levou ao processo de modernização da sociedade saibam a capacidade de seus operários;
(substituição da autoridade tradicional pela autorida-
• Seleção e Desenvolvimento Científicos do Emprega-
de racional-legal);
do: para atingir o nível de remuneração prevista o
• Crescimento acelerado da produção e força de traba- operário precisa preencher requisitos;
lho desqualificada;
• Combinação da Ciência do trabalho com a Seleção
• Ausência de sistematização de conhecimentos em do Pessoal: os operários estão dispostos a fazer um
gestão. bom trabalho, mas os velhos hábitos da administra-
Vamos estudar detalhadamente cada uma das principais ção resistem à inovação de métodos;
abordagens. • Cooperação entre Administração e Empregados:
ABORDAGEM CLÁSSICA uma constante e íntima cooperação possibilitará a
A abordagem clássica da administração se divide em: observação e medida sistemática do trabalho e per-
• Administração Científica – defendida por Frederick mitirá fixar níveis de produção e incentivos financei-
Taylor ros
• Teoria Clássica – defendida por Henry Fayol Princípios de Taylor
Os dois autores acima citados partiram de pontos dis- • Princípio da separação entre o planejamento e a exe-
tintos com a preocupação de aumentar a eficiência na em- cução;
presa.
• Princípio do preparo;
Taylor se preocupava basicamente com a execução das
tarefas enquanto Fayol se preocupava com a estrutura da • Princípio do controle;
organização. • Princípio da exceção.
• Administração Científica - Pressupostos de Fre- Teoria Clássica – Pressupostos de Henry Fayol
derick Taylor
• Anatomia – estrutura.
• Organização Formal.
• Fisiologia – funcionamento.
• Visão de baixo para cima; das partes para o todo.
• Visão de cima para baixo; do todo para as partes.
• Estudo das Tarefas, Métodos, Tempo padrão.
• Funções da Empresa: Técnica, Comercial, Financeira,
• Salário, incentivos materiais e prêmios de produção.
Segurança, Contábil, Administrativa (coordena as
• Sistema fechado: foco nos processos internos e ope- demais).
racionais.
• Abordagem Prescritiva e Normativa.
• Padrão de Produção: eficiência, racionalidade.
• Divisão equitativa de trabalho e responsabilidade Funções da Administração Clássica - processo
entre direção e operário. organizacional
• Ser humano egoísta, racional e material: homo eco- • Prever: adiantar-se ao futuro e traçar plano de ação;
nomicus; • Organizar: constituir o organismo material e social
• Estudo de Tempos e Movimentos e Métodos; da empresa;
• Desenho de Cargos e Tarefas; • Comandar: dirigir o pessoal;
• Seleção Científica do Trabalhador (eliminação de to- • Coordenar: ligar, unir e harmonizar os esforços;
dos que não adotem os métodos); • Controlar: tudo corra de acordo com as regras.
• Preocupação com Fadiga e com as condições de tra-
balho; Princípios Gerais da Administração Clássica
• Padronização de instrumentos de trabalho; • Divisão do Trabalho: especializar funções;
• Divisão do Trabalho e Especialização; • Autoridade e Responsabilidade: direito de mandar e
• Supervisão funcional: autoridade relativa e dividida a poder de se fazer obedecer;
depender da especialização e da divisão de trabalho. • Disciplina: estabelecer convenções, formais e infor-
mais com seus agentes, para trazer obediência e res-
peito;
• Unidade de comando: recebimento de ordens de
apenas um superior – princípio escalar;
2  Fonte: www.revistarba.com.br

4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Unidade de direção: um só chefe e um só programa Principais características:


para um conjunto de operações que tenham o mes-
• Caráter legal das normas;
mo objetivo;
• Caráter formal das comunicações;
• Subordinação do particular ao geral: O interesse da
empresa deve prevalecer ao interesse individual; • Divisão do trabalho e racionalidade;
• Remuneração do pessoal: premiar e recompensar; • Impessoalidade do relacionamento;
• Centralização: concentrar autoridade no topo; • Hierarquização da autoridade;
• Cadeia escalar ou linha de comando: linha de autori- • Rotinas e procedimentos padronizados;
dade que vai do topo ao mais baixo escalão; • Competência técnica e mérito;
• Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em • Especialização da administração – separação do pú-
seu lugar; blico e privado;
• Equidade: tratar de forma benevolente e justa; • Profissionalização: especialista, assalariado; segue
• Estabilidade: manter as pessoas em suas funções carreira.
para que possam desempenhar bem;
Vantagens Principais:
• Iniciativa: liberdade de propor, conceber e executar;
• Racionalidade
• Espírito de equipe: harmonia e união entre as pes-
soas. • Precisão na definição do cargo
• Rapidez nas decisões
Comparativo entre Administração Científica e
• Univocidade de interpretação
Escola Clássica
• Continuidade da organização:
Enquanto a administração científica preocupava-se na
melhoria da produtividade no nível operacional a gestão ad- • Redução do atrito entre pessoas
ministrativa preocupava-se com a organização em geral e a • Constância
busca da efetividade. • Confiabilidade
ABORDAGEM BUROCRÁTICA • Benefícios para as pessoas
• O nepotismo é evitado, dificulta a corrupção.
Trata-se de uma teoria que também tem por escopo
a estrutura organizacional. Foi defendida pelo sociólogo e A maior vantagem é a democracia: em razão da impes-
economista alemão Max Weber que é considerado o “pai da soalidade e das regras legais, que permitem igualdade de
burocracia”. acesso.
Weber distingue três tipos de sociedade e autoridades
legítimas: Desvantagens
• Tradicional: patrimonial, patriarcal, hereditário e de- Internalização das normas;
legável. • Excesso de formalismo e papelório;
• Carismática: personalística, mística. • Resistência a mudanças;
• Legal, racional ou burocrática: impessoal, formal, • Despersonalização do relacionamento;
meritocrática. • Categorização do relacionamento;
Além disso, Weber faz uma distinção entre os conceitos • Superconformidade às rotinas e procedimentos;
de Autoridade e Poder: • Exibição de sinais de autoridade;
• Autoridade: probabilidade de que um comando ou • Dificuldades com clientes.
ordem específica seja obedecido – poder oficializa-
do. ABORDAGEM SISTÊMICA
• Poder: potencial de exercer influência sobre outros, Trata-se da teoria de Sistemas por Ludwig Von Berta-
imposição de arbítrio de uma pessoa sobre outras. lanffy, onde defende que os sistemas existem dentro de sis-
A Burocracia surge na década de 40 em razão da fra- temas; apresenta a Teoria da forma ou Gestalt; os Sistemas
gilidade da teoria clássica e relações humanas; necessidade abertos; tem um objetivo ou propósito; e as partes são inter-
de um modelo aplicado a todas as formas de organização; dependentes, provocando globalismo.
racionalização do direito e consolidação da sociedade em Características:
massa e capitalista. Ela busca organizar de forma estável, du- • Sistema é um conjunto ou combinação de partes,
radoura e especializada a cooperação de indivíduos, apre- formando um todo complexo ou unitário;
sentando uma abordagem descritiva e explicativa, manten- • Organização como sistema vivo: orgânico
do foco interno e estudando a organização como um todo.
• Comportamento não determinístico e probabilístico;
• Interdependência entre as partes;

5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Entropia: característico dos sistemas fechados e or- na Economia, o governo autoritário de Vargas re-
gânicos, estabelece que todas as formas de organi- solve modernizar a máquina administrativa brasilei-
zação tendem à desordem ou à morte; ra através dos paradigmas burocráticos difundidos
• Negentropia ou Entropia negativa: os sistemas so- por Max Weber. O auge dessas mudanças ocorre em
ciais se reabastecem de energia, assegurando supri- 1936 com a criação do Departamento Administrativo
mento contínuo de materiais e pessoas; do Serviço Público (DASP), que tinha como atribui-
ção modernizar a máquina administrativa utilizando
• Homeostase dinâmica ou Estado Firme: regula o
como instrumentos a afirmação dos princípios do
sistema interno para manter uma condição estável,
mérito, a centralização, a separação entre público e
mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico
privado, a hierarquia, a impessoalidade, a rigidez e
de ruptura e inovação;
universalidade das regras e a especialização e quali-
• Fronteiras ou limites: define a área da ação do sis- ficação dos servidores.
tema e o grau de abertura em relação ao meio am-
biente; 2. 1956 a 1960 – A administração paralela de JK: A
administração paralela foi um artifício utilizado pelo
• Diferenciação: os sistemas tendem a criar funções
governo JK para atingir o seu Plano de Metas e se-
especializadas – Integração (coordenação);
guir seu projeto desenvolvimentista. Surgiu com a
• Equifinalidade: um sistema pode alcançar o mesmo criação de estruturas alheias à Administração Direta.
estado final a partir de diferentes condições iniciais;
3. 1967 – A reforma militar: Durante a ditadura mili-
• Resiliência: determina o grau de defesa ou vulnera-
tar, a administração pública passa por novas trans-
bilidade do sistema a pressões ambientais externas.
formações, tais como: A ampliação da função eco-
• Holismo: o sistema só pode ser explicado em sua nômica do Estado com a criação de várias empresas
globalidade; estatais, a facilidade de implantação de políticas –
• Sinergia: o todo é maior que a soma das partes; em decorrência da natureza autoritária do regime, e
• Morfogênese: capacidade das organizações de mo- o aprofundamento da divisão da administração pú-
dificar a si mesmo e a estrutura; blica, mais especificamente através do Decreto-Lei
200/67, que distinguiu claramente a Administração
• Fluxos: componentes que entram e saem do sistema
Direta (exercida por órgãos diretamente subordina-
(informação, energia, material);
dos aos ministérios) da indireta (formada por autar-
• Feedback: é a retroalimentação, como controle do quias, fundações, empresas públicas e sociedades de
sistema, no qual os resultados retornam ao indiví- economia mista). Essa reforma trouxe modernização,
duo, para que os procedimentos sejam analisados padronização e normatização nas áreas de pessoal,
e corrigidos; compras e execução orçamentária, estabelecendo
• Homem Funcional: desempenha um papel específi- ainda, cinco princípios estruturais da administração
co nas organizações, inter-relacionando-se com os pública: planejamento, coordenação, descentraliza-
demais indivíduos. ção, delegação de competências e controle.
A teoria dos sistemas desmistifica a “ótima solução admi- 4. 1988 – A administração pública na nova Consti-
nistrativa” para a ideia de “soluções alternativas satisfatórias”. tuição: A nova Constituição da República Federativa
do Brasil voltou a fortalecer a Administração Direta
instituindo regras iguais as que deveriam ser segui-
1.2. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO das pela administração pública indireta, principal-
PÚBLICA NO BRASIL APÓS 1930 mente em relação à obrigatoriedade de concursos
1.2.1 REFORMAS ADMINISTRATIVAS públicos para investidura na carreira e aos procedi-
mentos de compras públicas.
5. 1990 – O governo Collor e o desmonte da má-
A estruturação da Máquina Administrativa veio de um quina pública : Essa etapa da administração públi-
modelo patrimonial percebida até década de 30, na sequen- ca brasileira é marcada pelo retrocesso da máquina
cia veio a Era Vargas, onde vemos o modelo burocrático e na administrativa, o governo promoveu a extinção de
segunda metade da década de 90, deu início a implementa- milhares de cargos de confiança, a reestruturação e
ção do modelo gerencial. a extinção de vários órgãos, a demissão de outras
Podemos dividir essa estruturação em sete etapas, quais dezenas de milhares de servidores sem estabilidade
sejam: e tantos outros foram colocados em disponibilida-
1. 1930 a 1945 – Burocratização da Era Vargas: Nessa de. Segundo estimativas, foram retirados do serviço
primeira etapa, em decorrência do Estado patrimo- público, num curto período e sem qualquer planeja-
nial, da falta de qualificação técnica dos servidores, mento, cerca de 100 mil servidores.
da crise econômica mundial e da difusão da teoria 6. 1995/2002 – O gerencialismo da Era FHC: A re-
keynesiana, que pregava a intervenção do Estado forma administrativa foi o ícone do governo Fernan-

6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

do Henrique Cardoso em relação à administração sivas, produtoras de consenso através da institucionalização


pública brasileira. A reforma gerencial teve como do diálogo. Essas organizações seriam mais especificamente
instrumento básico o Plano Diretor da Reforma do caracterizadas por:
Aparelho do Estado (PDRAE), que visava à reestrutu-
• constituir grupos de trabalho flexíveis e forças-tarefa
ração do aparelho do Estado para combater, princi-
com objetivos claros;
palmente, a cultura burocrática.
• criar espaços para diálogo e conversação;
7. Nova Administração Pública: O movimento “rein-
• enfatizar confiança mútua;
ventando o governo” difundido nos EUA e a reforma
administrativa de 95, introduziram no Brasil a cultura • usar o conceito de missão como ferramenta estra-
do management, trazendo técnicas do setor priva- tégica;
do para o setor público e tendo como características • disseminar informação;
básicas: • criar redes de difusão e recuperação de conhecimen-
to;
• O foco no cliente
• criar mecanismos de feedback e avaliação de perfor-
• A reengenharia
mance
• Governo empreendedor
• criar capacidade de resiliência e flexibilidade na or-
• Administração da qualidade total ganização
O modelo de administração pública burocrática, ou ra- No entanto, organizações baseadas em princípios como
cional-legal, foi adotado em muitos países visando a subs- esses são particularmente raras e, na verdade, mesmo os
tituição aquele tipo de administração onde patrimônio pú- defensores do conceito de pós-burocracia concedem que,
blico e privado eram confundidos. O modelo burocrático como tipo ideal, organizações verdadeiramente pós-buro-
visava o combate do clientelismo, nepotismo, empreguismo cráticas não existem.
e, até mesmo, da corrupção.
Ocorre que o modelo burocrático sofreu o ataque na-
tural do tempo, não sendo o mais apropriado para gerir 1.2.2 O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO
as estruturas do Estado. Para responder a essas limitações DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA / A NOVA
do modelo burocrático, houve a adoção de certos padrões GESTÃO PÚBLICA
gerenciais na administração pública. Esses novos modelos
teóricos acerca da gestão do Estado foi chamado de Nova
Administração Pública.
Trata-se de um modelo mais flexível e mais próximo das Nas últimas décadas, a administração pública brasileira
práticas de gestão do setor privado, conhecido como admi- passou por grandes transformações, sobretudo como parte
nistração pública gerencial. No Brasil, a tentativa de se im- do trânsito para a democracia. Desenvolveram-se novas prá-
plantar tais teorias se deu com a publicação do Plano Diretor ticas e expectativas de modernização, mas muitas de suas
da Reforma do Aparelho, com uma série de diretrizes a se- características tradicionais não foram removidas.
rem implementadas na administração pública denominando A Revista de Administração Pública (RAP) surgiu numa
esse modelo de pós-burocrático. época em que a administração pública possuía forte presen-
A partir da década de 90, o foco central das discussões ça na sociedade, não só por causa das funções de controle
de políticos e formuladores de políticas públicas passou a não-democrático, mas também porque se procurava o de-
ser a reforma administrativa. Com isso, deu-se início à im- senvolvimento com base em projetos públicos de grande
plementação de novas formas de gestão, com modelos mais escala. Pensava-se que a própria expansão do Estado fosse
próximos daqueles empregados na iniciativa privada. suficiente para garantir mais e melhores serviços, bem como
Assim, a denominação de gerencialismo na administra- maior acesso comunitário e equidade nas decisões distribu-
ção pública seria referente ao desafio de realizar programas tivas. Nesse sentido, nos primeiros 20 anos da RAP, a admi-
direcionados ao aumento da eficiência e melhoria da quali- nistração pública teve crescimento considerável.
dade dos serviços prestados pelo Estado. O gerencialismo No entanto, a experiência histórica revelou que simples-
seria um pluralismo organizacional sob bases pós-burocrá- mente expandir as atividades do Estado e as funções serviu
ticas vinculadas aos padrões históricos (institucionais e cul- menos ao propósito de alcançar maior equidade e eficácia
turais) de cada nação, não se constituindo num novo pa- na administração pública do que ao desenvolvimento de
radigma capaz de substituir por completo o antigo padrão formas de inserção de novos grupos preferenciais.
burocrático. Nessa época descrevia-se a administração pública bra-
Esse novo modelo não se materializou de modo com- sileira pelos seus aspectos mais patrimonialistas e pater-
pleto, de forma a poder ser reconhecido um novo meca- nalistas. Viam-se as suas relações com a sociedade como
nismo de governança do Estado, capaz de atuar totalmente extremamente frágeis. Na verdade, a administração pública
independente da burocracia. desenvolveu-se como um dos grandes instrumentos para
Autores mais recentes definem o tipo organizacional a manutenção do poder tradicional, e carregava fortes ca-
pós-burocrático como organizações simbolicamente inten- racterísticas desse poder. A forma de organização e gestão

7
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

obedecia menos a critérios técnicos racionais e democráti- Na administração pública, dirigentes, normalmente pre-
cos para a prestação de serviços e mais a sistemas de lotea- postos de líderes políticos, tendem a inserir suas opções pes-
mento político, para manter coalizões de poder e atender a soais como fator diferenciador. Desprezam, assim, não só o
grupos preferenciais. racionalmente instituído como também opções e conquistas
Em grande parte, a expansão do Estado se fez sem al- de seus antecessores. A descontinuidade é justificada como
terar substancialmente suas relações com a sociedade. Por necessária à inovação. Na verdade, resulta mais em garan-
ter ainda alicerces frágeis na sociedade, o Estado brasileiro, tir acesso a novos grupos de poder e ressaltar a liderança
como organização, consiste ainda em uma superestrutura de uma pessoa e menos em modernizar a gestão. Compro-
que flutua sobre os cidadãos. missos formais institucionalmente estabelecidos necessitam
ser renegociados a cada novo dirigente. Na verdade, não há
Limites da formalidade institucional contratos com instituições, mas com pessoas. O personalis-
A formalidade institucional possui limites para explicar mo fragiliza as instituições públicas, deixando-as altamente
a evolução da administração pública brasileira. Fatores de vulneráveis e dependentes da pessoa de um único dirigente.
informalidade prevalecem e determinam muito do que se A administração pública era em grande parte domina-
decide e se executa na administração brasileira, compreen- da por grupos preferenciais que visavam garantir seus in-
dendo seus três níveis de governo: federal, estadual e muni- teresses e a proteção mútua de seus membros. Apesar da
cipal. Por estarem inseridos na cultura sociopolítica do país, modernização, muitos desses grupos ainda se aglutinam
esses fatores não são facilmente removíveis ou contornados no aparato estatal em busca de recursos para garantir sua
por meio de reformas administrativas de lógica racional bu- sobrevivência. Inserem-se em órgãos administrativos por
rocrática. meios formais — ocupação de cargos de direção —, mas
Fatores de informalidade continuam a chamar a atenção também informalmente, por meio de redes de apoio e de
dos estudiosos e analistas da gestão pública, além de ser re- interação ligadas por laços de lealdade. Procuram o acesso
tratados cotidianamente na mídia como práticas comuns de a recursos públicos para reforçar a lealdade política de base
gestão. São exemplos marcantes o personalismo paternalis- e preservar a liderança sobre determinados setores da co-
ta e a presença de grupos preferenciais que se organizam munidade. Esses recursos são utilizados para satisfazer não
por fora das instituições, mas que procuram manter fortes somente interesses políticos de poder como também inte-
relações com o Estado. Esses fatores distanciam os cidadãos resses sociais e particulares. Tais grupos dominam máquinas
da gestão pública, desenvolvendo a síndrome nós-eles. partidárias para evitar que alternativas de política pública,
contrárias aos seus interesses, sejam consideradas no pro-
O personalismo cesso decisório governamental. Controlam estruturas buro-
O personalismo — normalmente descrito como preva- cráticas de governo para garantir, durante longos períodos,
lecente no mundo latino-americano — faz ver o poder como o uso preferencial de grandes fatias do orçamento público.
centrado na figura de um líder, um dirigente, e não como o O uso de recursos públicos é o mecanismo básico de
resultado da gestão de recursos inerente a estruturas for- preservação do poder: são utilizados menos para atender
mais. Por ser um fator cultural, está presente na gestão tanto a demandas e necessidades reais da comunidade e mais
pública quanto privada. Na realidade, origina-se na desi- para a troca de favores e os interesses particulares do grupo.
gualdade social e se desenvolve pelas práticas de exclusão Como a lealdade aos membros do grupo é maior do que
e pelo cultivo do elitismo, ou seja, a crença de que algumas à instituição pública, tais grupos são capazes de manter a
pessoas são naturalmente mais capazes do que outras. As- coalizão a qualquer custo, inclusive às expensas do aumento
sim, o acesso a posições de comando e direção é antes de dos gastos governamentais.
tudo influenciado pelas condições de diferenciação social. Normalmente, esses grupos preferem dominar as áreas
Facilmente se desenvolve o autoritarismo hierárquico social, sociais por serem mais diretamente ligadas às maiores de-
centrado no personalismo: certas pessoas devem ser dife- mandas da população. Setores sociais são privilegiados para
renciadas em seleção e privilégios para posições de coman- o exercício do assistencialismo paternalista; propiciam ao lí-
do. Ainda, por ser um fator cultural, é mais facilmente aceito der do grupo o exercício da “bondade” por meio da conces-
e praticado. A maioria das pessoas, subordinadas nas orga- são de benefícios e favores com o dinheiro público. Assim,
nizações de trabalho — públicas ou privadas —, sente-se os líderes políticos e dirigentes públicos podem favorecer
presa às suas condições sociais e julga ser inútil ou fora de segmentos da população sob sua influência, fazendo-os crer
seu alcance ter iniciativa, ambição ou ilusão de que a ordem que o benefício concedido é uma concessão pessoal do lí-
social e administrativa poderia ser diferente. Nas sociedades, der, e não um direito individual ou um valor de cidadania.
naturalmente desiguais, prospera a crença de que as pes- O resultado final é o reforço do poder e da liderança tradi-
soas devem ser tratadas desigualmente, e os privilégios são cionais.
aceitos, praticados e reconhecidos como direitos. Vale ressaltar que esses grupos que se inserem e do-
No entanto, o personalismo elitista concorre para en- minam setores da administração pública não são pequenos
fraquecer substancialmente as instituições. Estas existem em grupos de aproveitadores ou perturbadores marginais da
função das pessoas que as dirigem, e a mudança da pessoa ordem administrativa; são grupos organizados e institucio-
no topo muda profundamente políticas e compromissos nalizados dentro do sistema político. Transformam o Estado
institucionais. num campo minado de lutas políticas, mas mantidas nos li-
mites das estruturas formais para não ferir a estabilidade e

8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

legitimidade do sistema. Por esse motivo, as discórdias são tes políticos, não porque deixassem de existir, mas porque
bem toleradas e, de preferência, confinadas à arena política havia sempre um lado repressor.
predeterminada, que é o Estado. Com as novas inspirações ideológicas, começou-se a
Visto segundo uma lógica da gestão moderna, o siste- delinear a ideia de que os governos não poderiam sozinhos
ma administrativo pode parecer altamente irracional, mas conduzir ao progresso. O desenvolvimento passou a ser vis-
para os grupos preferenciais que dele se servem representa to como algo complexo e gigantesco, e as máquinas ad-
um sistema lógico e altamente racional. Baseia-se em valo- ministrativas tradicionais não como fator de modernização,
res e práticas tradicionais: assenta grande parte do poder mas obstáculos ao progresso. Surgiram movimentos signi-
político no distanciamento autoritário, no paternalismo e no ficativos, em muitos países e apoiados por entidades inter-
exercício da bondade. nacionais, para proclamar a descrença nas possibilidades da
E esses grupos não criam rupturas nas dimensões for- administração pública de conduzir o desenvolvimento.
mais da administração pública. Procuram seguir os passos Reduzir o tamanho do Estado e modernizar a admi-
formais, mas repletos de acomodação, concessões e opções nistração pública tornaram-se pontos importantes de uma
de natureza paternalista. Por terem lealdade quase nula à nova agenda política. Ao contrário das experiências anterio-
instituição pública, circulam facilmente entre as repartições, res, essa modernização se inspirou fortemente nos modelos
procurando obter melhores benefícios, indiferentes aos da- de gestão privada, considerados superiores e mais eficazes.
nos que causam, tanto ao interesse quanto ao orçamento Assim, as principais mudanças seriam transferir funções
público. estatais para a área privada e as restantes seriam administra-
Os cidadãos passam a ser receptores passivos da bon- das com formas o mais próximo possível das praticadas nas
dade. Ao receber benefícios, veem seus líderes e dirigentes empresas privadas.
como os mais bondosos e por isso merecedores de reco- Tendo a representação democrática como premissa,
nhecimento e apoio político. tentou-se valorizar as técnicas administrativas e a compe-
tência neutra dos servidores, presumindo sempre a sua ação
Síndrome nós-eles por delegação política e não por autonomia própria. A admi-
Da mesma forma que os governantes eleitos, os admi- nistração eficiente seria consequência natural de instrumen-
nistradores públicos são vistos como pessoas especiais dis- tos gerenciais, como estruturas e códigos de procedimentos
tantes da sociedade, menos voltadas para o interesse públi- adequados e boas regras orçamentárias e gestão de pessoal.
co e mais autocentradas. Pela falta de eficiência, culpavam-se a inadequação das es-
Dificuldades oriundas da discriminação contra a cida- truturas e dos procedimentos e a inabilidade dos próprios
dania — deficiência nos serviços de saúde, evasão escolar, servidores. Ajustes administrativos seriam feitos de acordo
crianças abandonadas, insegurança pública e pobreza — fa- com novos propósitos políticos, adquiridos em eleições, ou
zem a maioria ver seus representantes e funcionários como com novas tecnologias administrativas. As reformas preser-
pessoas despreocupadas com seus problemas. O relacio- vavam as estruturas organizacionais, favoreciam a rigidez
namento cliente organização pública se faz segundo uma dos códigos administrativos, e algumas propostas mais au-
síndrome nós-eles. Pelo controle político, centralização ex- daciosas propunham maior descentralização e autonomia
cessiva e paternalismo, a população brasileira aprendeu a organizacional. Entretanto, não se questionava fundamen-
conviver com a submissão, a alienação e o descrédito em talmente a administração pública, senão sua ineficiência ou
relação à administração pública. iniquidade.
A síndrome nós-eles se espalha facilmente. Parcelas Em grande parte, essas reformas colocavam em causa a
substanciais da população tendem a ver seus dirigentes e própria viabilidade da administração pública como condu-
representantes políticos como outro tipo ou classe de gente: tora de eficiência ou de eficácia na gestão de serviços e na
nós somos nós e eles são eles. ação redistributiva. Os novos modelos procuram transfor-
mar e introduzir na gestão pública o estilo privado. Além de
A era pós-Constituição: a redemocratização e as ampliarem a importação de técnicas típicas da área privada,
novas conquistas constitucionais propõem sempre com grande ênfase eliminação, privatiza-
Com a redemocratização, a inspiração neoliberal e as re- ção e terceirização de serviços.
ferências das inovações oriundas de países mais avançados, Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as ideias
os movimentos de reforma procuravam centrar-se nas espe- sobre reformar a administração, com premissas de radicalis-
cificidades das diversas organizações públicas, à semelhança mo e promessas de eficiência imediata, são sempre atraen-
das mudanças na área privada. A perspectiva básica era a tes, dadas as dificuldades que os cidadãos enfrentam em
eficiência e capacidade de resposta da administração públi- tratar de seus interesses em qualquer organização pública.
ca e melhora da gerência pública. Passou-se a questionar o Ao entrar em contato com uma repartição pública, a maioria
tradicionalismo da administração pública, mas incorporando dos cidadãos experimenta uma história de relativo descaso
os fundamentos democráticos implantados na nova Cons- e má qualidade no atendimento, sobretudo na área social.
tituição, como a subordinação da administração pública a Para essas pessoas, a ineficiência no serviço é um sintoma de
mandatos políticos conquistados em eleições democráticas. iniquidade social, já que os mais afortunados normalmente
Em períodos não-democráticos, as tentativas de aparên- dispõem de outros meios.
cia tecnocrática ofuscaram muitos dos problemas de emba- Ao imitar a gestão privada, as propostas contemporâ-
neas assumem a singularidade do cliente e suas demandas

9
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

como fundamentais na gestão pública. Por presumirem a públicas existentes tentando assumir tarefas antes vistas
validade universal do management e, portanto, sua aplicabi- como exclusivas do Estado e mesmo influenciar a gestão de
lidade igualmente às organizações públicas e privadas, veem órgãos públicos e a representatividade política.
a reforma como uma simples questão de modernização ge- Favorecidas pela consciência popular sobre a ineficácia
rencial. Antes de planejar suas ações ou oferta de serviços, as da administração pública em relação à equidade política,
organizações públicas devem conhecer as demandas de sua econômica e social, essas novas associações e organizações
clientela. A organização pública existe para servir o indiví- agregam um espírito de proteção de interesses da maioria
duo: deve centralizar suas ações na demanda do cliente e na para contrapor-se à crença de que as instituições formais
sua escolha. Como no mercado, cliente é categoria primor- defendem e protegem interesses de uns poucos.
dial, e deve ser considerado em todas as instâncias. Na verdade, essas novas instâncias também agem no
Essa ideologia veio contaminada e reforçada pelos va- sentido de penetrar nas organizações públicas para defen-
lores dos países mais avançados, onde o individualismo der interesses de suas clientelas, por serem esses interesses
fundamentado na igualdade das oportunidades constitui julgados legítimos, mas desprezados pelas elites administra-
uma prática social comum. Por isso esses modelos centram- tivas. Praticam também a informalidade nas relações pes-
-se mais no indivíduo (clientes e funcionários) e menos no soais para atingir seus objetivos. Mesmo se aceitando uma
contexto. A ideologia liberal centrada no indivíduo valoriza contraposição legítima de fazer prevalecerem direitos não-
a iniciativa, o espírito empreendedor e o desempenho e rea- -reconhecidos, a prática da informalidade excessiva, inclu-
lização individuais. As pessoas se singularizam perante os sive nesses casos, concorre para enfraquecer as instituições
outros pelo seu desempenho e merecem ser tratadas dife- democráticas de representação política e de ação adminis-
rentemente pelas desigualdades conquistadas. Assim, méto- trativa.
dos de avaliação de desempenho individual e organizacional Assim, a administração pública brasileira ainda carre-
passaram a ser propostos com maior vigor. ga tradições seculares de características semifeudais e age
Tais ideias de reforma não progrediram com a ênfase como um instrumento de manutenção do poder tradicional.
desejada porque esbarraram em fatores históricos tradicio- Apesar do progresso em muitas instâncias de governo, as
nais ainda prevalecentes e que não se coadunam com prá- formas de ação obedecem menos a razões técnico-racionais
ticas neoliberais. e mais a critérios de loteamento político, para manter coa-
Ainda prevalece e se reforça a visão de ser a adminis- lizões de poder e para atender a objetivos de grupos prefe-
tração pública responsável por reduzir a desigualdade social renciais.
tanto por medidas desenvolvimentistas quanto por progra- No Brasil contemporâneo, a democratização e os novos
mas sociais compensatórios. processos eleitorais e os dispositivos constitucionais ajudam
Na prática neoliberal de países mais avançados, a gestão a levantar ou reacender expectativas sobre mais e melhores
pública deve agir no sentido de manter a igualdade peran- serviços, o que, aos poucos, provoca rupturas nas estrutu-
te a lei e de garantir oportunidades iguais, salvo nos casos ras políticas tradicionais e o surgimento de novas formas de
em que as chances não são claramente iguais. Programas gestão.
sociais se justificam mais facilmente pela desigualdade de No entanto, a crescente descrença nos mecanismos po-
oportunidades do que pela compensação de diferenças de líticos tradicionais de representação e nas instituições espe-
desempenho. cializadas, como os partidos políticos, para apresentar novas
A permanência de fortes relações com grupos preferen- alternativas de ação pública tem dificultado esse progresso.
ciais faz a administração brasileira ser retratada ainda como Pode ser mais lenta a reversão da idéia de que os governos
de grande base patrimonialista. As relações patrimoniais agem, prioritariamente, para beneficiar grupos preferenciais
contradizem não somente as possibilidades de uma admi- e ajudar a manter a coalizão de poder. Mas já é notável o
nistração modernizada no sentido mais amplo do interesse reconhecimento da quebra de algumas barreiras burocráti-
público como também as práticas liberais tão proclamadas cas tanto para a obtenção de serviços rotineiros quanto para
como a opção política dos últimos anos. o recebimento de atenção social, como saúde e educação.
Como a administração pública e a cultura tradicional são Ultimamente parece se ter reforçado a ilusão tradicional
ainda bastante interligadas, apesar dos progressos na mo- de que uma nova qualidade da decisão ou uma nova legiti-
dernização institucional, os relatos cotidianos na mídia ainda midade da política pública seriam suficientes para produzir
demonstram forte ligação da coisa pública com interesses maior eficiência na administração pública. Dessa forma, não
privados de grupos preferenciais. seria necessário pensar em grandes reformas administra-
O mundo das relações informais é fundamentalmente tivas porque a nova direção faria naturalmente a máquina
baseado no aspecto político tradicional, mas se ampliou administrativa responder com maior produtividade e qua-
pelo reforço de aspectos psicológicos culturais, como a lidade. Presume-se, assim, que dificuldades administrativas
maior descrença dos cidadãos na representação política e, anteriores são simples produto de falta de legitimidade e
em decorrência, nos órgãos da administração pública. Com de apoio político mais amplo. Resolvidas essas questões por
a crença reduzida nas instituições e na formalidade burocrá- vitórias eleitorais, o resto seria decorrência natural.
tica, buscam-se o informal e novas instituições da sociedade, Portanto, muitos novos dirigentes chegam às posições
como associações de usuários, cidadãos e ONGs, para pro- de direção político-administrativas para se frustrar rapida-
teger interesses e direitos. Essas organizações e associações mente com a máquina burocrática: redescobrem que formas
comunitárias diversas procuram contornar as instituições tradicionais de agir e de se comportar, cultivadas secular-

10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

mente, não mudam por simples reposição da liderança ad- ro para a sociedade brasileira que essa reforma tornara-se
ministrativa. condição, de um lado, da consolidação do ajuste fiscal do
Não resta dúvida de que houve no país uma ampliação Estado brasileiro e, de outro, da existência no país de um
da legitimação política: novos programas sociais rompem serviço público moderno, profissional e eficiente, voltado
laços de grupos preferenciais tradicionais que dominavam para o atendimento das necessidades dos cidadãos.
paternalisticamente a redistribuição de benefícios. Novos Outra consideração foi na área da desregulamentação,
canais de distribuição de recursos sociais retiram de grupos quando a proposta era a de reduzir as regras e intervenção
locais tradicionais o seu poder de provedor único ou canal do Estado aos aspectos onde ela é absolutamente necessá-
privilegiado de acesso ao poder. Reconhecem-se nas comu- ria. Na reforma administrativa, toda uma série de medidas
nidades novas lideranças e formas de obter benefícios. Des- contribuíram para diminuir o chamado “entulho burocrá-
trói-se grande parte dos sistemas locais de acesso ao poder tico” - disposições normativas excessivamente detalhadas,
burocrático repondo-os com novas lideranças. Pode-se ar- que só contribuem para o engessamento da máquina e mui-
guir ser apenas uma troca de liderança, apenas a mudança tas vezes à sua intransparência (BERETTA, 2007).
de uma pessoa no poder, mantendo-se porém o mesmo A maior contribuição da reforma administrativa está
caráter paternalista. De fato, parte das condições e formas voltada à governança, entendida como o aumento da ca-
tradicionais de distribuição, troca e lealdade se mantém. No pacidade de governo, através da adoção dos princípios da
entanto, vale notar a troca de liderança feita fora dos grupos administração gerencial:
tradicionais de poder. Há novas dimensões de lealdade fora Orientação da ação do Estado para o cidadão-usuário
do caciquismo tradicional. Há mais dificuldades de acesso e de seus serviços; ênfase no controle de resultados através
domínio dos cargos públicos locais e mais pluralidade nas dos contratos de gestão; fortalecimento e autonomia da bu-
pelejas políticas. rocracia no core das atividades típicas de Estado, em seu
Ademais, a nova lealdade aos provedores da ação dis- papel político e técnico de participar, junto com os políticos
tributiva se transfere para líderes maiores não presentes na e a sociedade, da formulação e gestão de políticas públicas;
localidade e, portanto, não mais facilmente destrutíveis por separação entre as secretarias formuladoras de políticas e as
novos ou antigos caciques locais. Somente novos líderes na- unidades executoras dessas políticas, e contratualização da
cionais ou regionais, de igual credibilidade, poderiam, em relação entre elas, baseada no desempenho de resultados;
princípio, repor essas lideranças. adoção cumulativa de três formas de controle sobre as uni-
A modernização efetiva do Estado somente poderá ad- dades executoras de políticas públicas: controle social direto
vir de formas que alterem o sistema de poder e o aglomera- (através da transparência das informações, e da participação
do político que o constitui; em outras palavras, reformas que em conselhos); controle hierárquico gerencial sobre resulta-
redistribuam os recursos de poder e alterem os canais de dos (através do contrato de gestão); controle pela competi-
comunicação entre o público e sua administração. ção administrada, via formação de quase-mercados (BRES-
Em países em desenvolvimento, com experiências simi- SER PEREIRA, 1997, p. 42).
lares à brasileira, tem se verificado que as forças políticas Dessa forma, a reforma administrativa distingue-se das
emergentes não chegam ao poder por retração voluntária propostas de total ‘insulamento burocrático’, aproximando-
dos grupos preferenciais. Novos espaços, regras e estruturas -se mais do conceito de ‘autonomia inserida’ de Peter Evans
políticas que repartam e unam novos recursos de poder são (1995, apud BERETTA, 2007).
necessários para garantir a representação de novos grupos
sociais.3 Da Administração Burocrática à Gerencial
Essa modernização da administração publica nos leva à A administração burocrática clássica, baseada nos prin-
analise da nova gestão pública, que passa pela reforma do cípios de administração do exército prussiano, foi implanta-
Estado, que se tornou tema central nos anos 90 em todo da nos principais países europeus no final do século passado
o mundo, é uma resposta ao processo de globalização em e no Brasil, em 1936, com a reforma administrativa promovi-
curso, que reduziu a autonomia dos Estados de formular e da por Maurício Nabuco e Luís Simões Lopes. É a burocracia
implementar políticas e principalmente à crise do Estado, que Max Weber descreveu, baseada no princípio do mérito
que começa a se delinear em quase todo o mundo nos anos profissional (MARE, 1997).
70, mas que só assume plena definição nos anos 80. No Bra- No texto do MARE (1997), ainda se considera que, em-
sil, a reforma do Estado começou nesse momento, em meio bora tenham sido valorizados instrumentos importantes à
a uma grande crise econômica, que chega ao auge em 1990 época, tais como o instituto do concurso público e do trei-
com um episódio hiperinflacionário. A partir de então ela se namento sistemático, não se chegou a adotar consistente-
torna imperiosa. O ajuste fiscal, a privatização e a abertura mente uma política de recursos humanos que respondesse
comercial, que vinham sendo ensaiados nos anos anteriores às necessidades do Estado. O patrimonialismo, contra o qual
são então atacados de frente (MARE, 1997). a administração pública burocrática se instalara, embora em
No entanto, a reforma administrativa, só se efetivou processo de transformação, mantinha ainda sua própria for-
como tema central no Brasil em 1995, após a eleição e a ça no quadro político brasileiro. A expressão local do patri-
posse de Fernando Henrique Cardoso. Nesse ano ficou cla- monialismo - o coronelismo - dava lugar ao clientelismo e
ao fisiologismo e continuava a permear a administração do
Estado brasileiro.
3  Texto adaptado de Paulo Roberto Motta

11
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A administração pública burocrática foi adotada para O fato é que a reforma administrativa em curso não é
substituir a administração patrimonialista, que caracterizou suficiente para superar as responsabilidades existentes no
as monarquias absolutas, na qual o patrimônio público e o país. Não pode, nem pretende de imediato, alterar signi-
privado eram confundidos. ficativamente a composição do gasto público, ou a lógica
O nepotismo e o empreguismo, senão a corrupção era orçamentária.
a norma. Tornou-se assim necessário desenvolver um tipo Mas pode contribuir pelo menos quanto a um dos la-
de administração que partisse não apenas da clara distinção dos perversos das políticas sociais: o mau uso dos recursos
entre o público e o privado, mas também da separação entre disponíveis. Pode também favorecer a construção da gover-
o político e o administrador público (MARE, 1997). nabilidade democrática, via maior transparência e responsa-
Surge assim a administração burocrática moderna, ra- bilidade do aparelho de Estado.
cional-legal; a organização burocrática capitalista, baseada Conceitos de gestão pública
na centralização das decisões, na hierarquia traduzida no Muito se fala sobre gestão pública, mas poucas pessoas
princípio da unidade de comando, os Dois Objetivos e os conhecem o significado da expressão, e este assunto é de
Setores do Estado na estrutura piramidal do poder, nas roti- muita importância ao administrador público, pois delimita,
nas rígidas, no controle passo a passo dos processos admi- com absoluta clareza, o campo de sua atuação, indicando-
nistrativos. -lhe o caminho certo no trato da coisa pública.
Também surge a burocracia estatal formada por admi- Para Santos, (2006) “gestão pública refere-se às funções
nistradores profissionais especialmente recrutados e treina- de gerência pública dos negócios do governo”. Assim, de
dos, que respondem de forma neutra aos políticos (MARE, acordo com Silva (2007) pode-se classificar, de maneira re-
1997 – CADERNO 3). sumida, o agir do administrador público em três níveis dis-
Como a administração pública burocrática vinha com- tintos:
bater o patrimonialismo e foi implantada no século XIX, no a) atos de governo, que se situam na órbita política;
momento em que a democracia dava seus primeiros passos, b) atos de administração, atividade neutra, vinculada à
era natural que desconfiasse de tudo e de todos - dos políti- lei;
cos, dos funcionários, dos cidadãos (MARE, 1997). c) atos de gestão, que compreendem os seguintes pa-
Segundo o MARE (1997), a administração pública ge- râmetros básicos:
rencial parte do pressuposto de que já se chegou a um nível I- tradução da missão;
cultural e político em que o patrimonialismo está condena- II- realização de planejamento e controle;
do e a democracia é um regime político consolidado. III- administração de R. H., materiais, tecnológicos e fi-
Segundo Beretta (2007), são grandes os impactos pre- nanceiros;
tendidos com a administração gerencial, no grau de accou- IV- inserção de cada unidade organizacional no foco da
ntability (entendida como responsabilidade ou intuito de organização; e
prestar contas a sociedade) das instituições públicas, e aqui V- tomada de decisão diante de conflitos internos e ex-
se abrem a ligações entre governança e governabilidade de- ternos.
mocrática. Portanto, fica clara a importância da gestão pública na
Na concepção da atual reforma administrativa, a go- realização do interesse público porque é ela que vai possibi-
vernabilidade depende de várias dimensões políticas, den- litar o controle da eficiência do Estado na realização do bem
tre elas a qualidade das instituições políticas quanto à in- comum estabelecido politicamente e dentro das normas ad-
termediação de interesses; a existência de mecanismos de ministrativas.
responsabilização (accountability) dos políticos e burocratas Infelizmente, a grande maioria dos agentes políticos
perante a sociedade, a qualidade do contrato social bási- desconhece totalmente esta importante ferramenta que
co. Essas dimensões remetem lato sensu à reforma política, está à sua disposição, resultando em gastos públicos inade-
essencial à reforma do Estado no Brasil (BRESSER PEREIRA, quados ou equivocados, ineficiências na prestação de servi-
1997, p. 36). ços públicos e, sobretudo, no prejuízo financeiro e moral da
A reforma gerencial da administração pública, ao modi- sociedade.
ficar de maneira essencial as formas de controle no interior Portanto, o gestor público não precisa temer a gestão
do aparato estatal, ao se referir sobre a alta burocracia e so- pública, por receio de perda de poder político, mas ao con-
bre as instituições públicas, dando ao mesmo tempo maior trário, deve conhecê-la e utilizá-la como forma inteligente
transparência às decisões administrativas, mostrando-as à de aumento de seu prestígio político porque somente atra-
sociedade, e não apenas da própria burocracia, pode con- vés dela será possível dirigir política e administrativamente
tribuir para o aumento da responsabilização dos administra- uma pessoa ou organização estatal com objetividade, racio-
dores públicos. Para isto, a informação é insumo fundamen- nalidade e eficiência (SILVA, 2007).
tal. E não há, aí, contraposição entre aumento de eficiência e A gestão pública, portanto, considerando o princípio
aumento de responsabilidade (BERETTA, 2007). econômico da escassez, em que as demandas sociais são
Em síntese, a administração pública gerencial está ba- ilimitadas e os recursos financeiros para satisfazê-las são es-
seada em uma concepção de Estado e de sociedade demo- cassos, deve priorizar a administração adequada, eficaz e efi-
crática e plural, enquanto que a administração pública buro- ciente de tudo aquilo que for gerado no seio social, sempre
crática tem um vezo centralizador e autoritário. tendo em vista o interesse do coletivo.

12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Somados ao conceito de gestão pública, é relevante en- • Parametrização dos serviços públicos
tender o que vem a ser o moderno dentro dessa análise, • Foco na capacidade de resposta
portanto, usam-se as concepções de alguns autores como
• Incremento de produtividade
Bueno e Oliveira (2002), que conceituam ser a modernização
da administração carregada de objetivos a serem cumpridos,   Eficiência crua
como: combater o patrimonialismo e o clientelismo vigentes
durante tantos anos; melhorar a qualidade da sua prestação Modelo Downsizing e Descentralização
de serviços à sociedade; aprimorar o controle social; fazer
mais ao menor custo possível, aumentando substancialmen- Associado a crise do paradigma das mega organizações
te a sua eficiência, pois não há recursos infinitos disponíveis públicas
para o alcance de todas as demandas sociais, conforme con- • Processos de Privatização
ceituam. Neste sentido, Garde (2001, apud Marques, 2003, p. • Redução de Hierarquia
221), conceitua que: • Busca de formas flexíveis na prestação do serviço
A nova Gestão Pública trata de renovar e inovar o fun- público
cionamento da Administração, incorporando técnicas do se-
tor privado, adaptadas às suas características próprias, assim • Gerenciamento em redes e parcerias (gestão de con-
como desenvolver novas iniciativas para o logro da eficiência tratos)
econômica e a eficácia social, subjaz nela a filosofia de que   Minimalista, descentralizador.
a administração pública oferece oportunidades singulares,
para melhorar as condições econômicas e sociais dos povos. Em Busca da Excelência
Essa nova gestão se baseia na informação, cuja essên-
cia assume o caráter do conteúdo da ação de ter que ser Rejeita o economicismo e adota a vertente gerencialista
transmitida, depois de analisada e armazenada, bem como • Cultura Organizacional (visão, liderança, comunica-
ser liberada, para que possa servir para as futuras tomadas ção)
de decisões, para novo controle e para a subsequente ava- • Gestão de Mudança
liação.
• Busca da Qualidade (TQM)
Assim, resume-se que a gestão pública moderna tem
como fundamento um conteúdo ético, moral e legal por • Cidadão = Cliente (OSBORNE, GABLER, 1992).
parte daqueles que dela participam, tendo como objeti-   Análise custo-benefício + Eficácia Gerencial
vo a crença no resultado positivo da política pública a ser
implementada e na credibilidade na administração pública
Orientação para o Serviço Público
exercida pelos mesmos. É igualmente um componente dela
a existência de um conteúdo pleno de elementos tecnoló- Propõe a criação de valor público (gerencialismo + de-
gicos que facilitem a utilização destes para administrar com mocracia)
potencial de eficácia e eficiência que se espera da Adminis- • Foco no usuário-cidadão (e não no cliente)
tração dos bens públicos.4
• Incorporação substantiva da participação política
A Nova Gestão Pública… • Transparência administrativa
FERLIE et al. (1999) • Desconcentração do poder e aprendizagem social
• A partir de uma revisão bibliográfica sobre a refor-   Efetividade (MOORE, 2002).
ma administrativa em diferentes países nas décadas
de 80 e 90, os autores evidenciam a existência de 4
A Nova Gestão Pública – a vertente teórica
(quatro) modelos da NPM que foram introduzidos
econômica
no setor público.
• Utilizando-se do construto do tipo ideal weberiano, • Ajuste Estrutural
esses autores descrevem esses modelos, denomina- • Privatização
dos de Impulso para a Eficiência, Downsizing e Des- • Reengenharia & Downsizing
centralização, Em Busca da Excelência e Orientação
para o Serviço Público. • Contabilidade Gerencial
• Equilíbrio Fiscal
Modelo de Impulso para a Eficiência
Baseado na Economia Política do Tatcherismo (public A Nova Gestão Pública – a corrente teórica gerencial
choice) • Qualidade de Serviços Públicos
• Exacerbação dos controles financeiros • Foco no Cidadão
• Gestão Estratégica
• T&D
4  Fonte: www.escoladegoverno.pr.gov.br - Texto adaptado de Carlos Al-
berto Bonezzi/Luci Léia De Oliveira Pedraça
• Governo Eletrônico

13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Transparência Administrativa • Articulando os interesses políticos


• Controle Social • Focando a Obtenção de Resultados
• Foco no Resultado • Aperfeiçoando a Gestão Pública

A Nova Gestão Pública – a vertente teórica Ex.: Vertente Gerencial


sociopolítica
• Desenvolvimento Humano Integrado
• Sustentabilidade
• Democracia Participativa
• Empoderamento (e Gestão) Social
• Territorialidade (e Subsidiariedade) das Políticas Pú-
blicas
• Cooperativismo, Solidariedade e Ação Coletiva

3° Geração Experiências Inovadoras em âmbito local

AS NARRATIVAS POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS
DA ATUALIDADE

Estado ativo Planejamento Estratégico e Provedor


de Serviços Diversos
Estado eficiente e eficaz Administração pública como
“negócio“, foco na melhoria da
prestação de serviços públicos,
discurso anti burocracia, orientação
para o desempenho e o usuário,
transferência de ações (Estado Rede)
Estado ativador e efetivo Criação de valor público, geração
de capital social, engajamento
cívico capital social, engajamento
cívico, coordenação de atores
público e privados, inclusão
social, compartilhamento de
reponsabilidades

Pressupostos da Nova Gestão Pública


A prestação de serviços públicos e a provisão de po-
líticas públicas deve orientar-se, complementarmente, pela
eficiência, eficácia e a efetividade.

Ex.: Vertente Gerencial


Fonte: Coelho & Olenscki, 2005.

A (Re)configuração da Gestão Pública no Brasil


(pós-90)
• Abertura comercial (Globalização)
• Respeitando os Ditames Legais • Organismos Internacionais
• (Re)definição do Quadro Fiscal

14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Avanço da Redemocratização programas de governo) e Judiciário (solucionador dos con-


• Controle Social (e Político) do Executivo flitos entre cidadãos, entidades e Estado).
Além dessas características a Estrutura apresenta um sis-
• Reforma do Estado
tema político pluripartidário, ou seja, é cabível o surgimento
• Constituição de 1988 e a regularização de vários partidos políticos, sendo esses, a
associação livre e voluntaria de pessoas que comungam dos
Num contexto de edificação de uma Nova Gestão
mesmos objetivos, interesses e ideais.
Pública (teoria, práxis)
• A Administração Pública é a atividade do Estado
• Dimensão econômico-financeira
exercida pelos seus órgãos encarregados do desem-
• Dimensão administrativa-institucional penho das atribuições públicas, em outras palavras
• Dimensão sociopolítica é o conjunto de órgãos e funções instituídos e ne-
cessários para a obtenção dos objetivos do governo.
Gestão Pública (Gerencial) no Brasil - Experiência de • A atividade administrativa, em qualquer dos pode-
reforma do Estado do MARE (1995) - Diagnóstico res ou esferas, obedece aos princípios da legalidade,
Institucional impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,
• Centralização como impõe a norma fundamental do artigo 37 da
• Controles Formais (legalidade) Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, que assim dispõe em seu caput: “Art. 37. A ad-
• Falta de indicadores ministração pública direta e indireta de qualquer dos
• Ausência de informações Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
• Ausência de Controle Social dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiên-
Objetivos da Reforma cia e, também, ao seguinte”.
• Aumentar a governança do Estado Antes de falarmos dos princípios que regem a Admi-
• Limitar as funções do Estado nistração Federal em específico, vamos discorrer sobre os
• Transferir da União para estados e municípios as princípios básicos da Administração Publica.
ações de caráter local Para auxiliar no processo de memorização de vocês, va-
mos fazer uso do mnemônico: L I M P E
• Reverter a crise de eficiência e confiabilidade
• Voltar a AP para o cidadão L (legalidade); I (impessoalidade); M (moralidade); P (pu-
blicidade); e E (eficiência).
• Fazer melhor e custar menos
Esses princípios têm natureza meramente exemplificati-
Desafios imediatos do setor público brasileiro va, posto que representam apenas o mínimo que a Adminis-
tração Pública deve perseguir quando do desempenho de
• o combate à corrupção
suas atividades. Exemplos de outros princípios: razoabilida-
• a superação do formalismo de, motivação, segurança das relações jurídicas.
• a diminuição do clientelismo Os princípios da Administração Pública são regras que
• o pacto federativo surgem como parâmetros para a interpretação das demais
normas jurídicas. Têm a função de oferecer coerência e har-
• a redução de desigualdades
monia para o ordenamento jurídico. Quando houver mais de
• aumento da eficiência sistêmica e da eficácia dos uma norma, deve-se seguir aquela que mais se compatibi-
serviços públicos e da efetividade das políticas liza com a Constituição Federal, ou seja, deve ser feita uma
públicas (importância da gestão)5 interpretação conforme a Constituição.
Os princípios da Administração abrangem a Administra-
ção Pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da
1.3 PRINCÍPIOS E SISTEMAS DE
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art.
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL. 37 da CF/88).

Legalidade
A estrutura do Estado Brasileiro é uma República, ou É o princípio básico de todo o Direito Público.
seja, o Chefe de Estado é eleito pelo povo, Republica essa Toda ação do administrador público deve ser estrita-
formada pela União, Estados e Municípios, onde o exercício mente dentro do que a lei determina.
do poder é atribuído a Poderes distintos, independentes e Enquanto na iniciativa privada, tudo o que não for proi-
harmônicos entre si, sendo esses poderes o Legislativo (res- bido é permitido, na Administração Pública tudo o que não
ponsável pela elaboração das leis), Executivo (execução dos for permitido é proibido.
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer al-
guma coisa senão em virtude de lei (art. 5.º, II, da CF). O
5  Fonte: www.al.sp.gov.br - Texto adaptado de Fernando Coelho

15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

princípio da legalidade representa uma garantia para os sempre agirá e decidirá através de critérios objetivos, e nun-
administrados, pois qualquer ato da Administração Pública ca por opiniões pessoais.
somente terá validade se respaldado em lei. Representa um Se não visar o bem público ficará sujeita à invalidação.
limite para a atuação do Estado, visando à proteção do ad- Significa que a Administração Pública não poderá atuar
ministrado em relação ao abuso de poder. discriminando pessoas de forma gratuita, a Administração
O princípio em estudo apresenta um perfil diverso no Pública deve permanecer numa posição de neutralidade em
campo do Direito Público e no campo do Direito Privado. No relação às pessoas privadas. A atividade administrativa deve
Direito Privado, tendo em vista o interesse privado, as partes ser destinada a todos os administrados, sem discriminação
poderão fazer tudo o que a lei não proíbe; no Direito Pú- nem favoritismo, constituindo assim um desdobramento do
blico, diferentemente, existe uma relação de subordinação princípio geral da igualdade, art. 5.º, caput, CF.
perante a lei, ou seja, só se pode fazer o que a lei expressa- Ex.: Quando da contratação de serviços por meio de lici-
mente autorizar. tação, a Administração Pública deve estar estritamente vin-
Nesse caso, faz-se necessário o entendimento a respeito culada ao edital, as regras devem ser iguais para todos que
do ato vinculado e do ato discricionário, posto que no ato queiram participar da licitação.
vinculado o administrador está estritamente vinculado ao
que diz a lei e no ato discricionário o administrador possui Moralidade
uma certa margem de discricionariedade. Vejamos: Em sua atuação o administrador público deve atender
aos ditames da conduta ética, honesta, exigindo a obser-
A. No ato vinculado, o administrador não tem liberda-
vância de padrões éticos, de boa-fé, de lealdade, de regras
de para decidir quanto à atuação. A lei previamente
que assegurem a boa administração e a disciplina interna na
estabelece um único comportamento possível a ser
Administração Pública (MARINELLA, 2005, p. 37)
tomado pelo administrador no fato concreto; não
A atividade da Administração Pública deve obedecer
podendo haver juízo de valores, o administrador não
não só à lei, mas também à moral.
poderá analisar a conveniência e a oportunidade do
A Lei n. 8.429/92, no seu art. 9.º, apresentou, em caráter
ato.
exemplificativo, as hipóteses de atos de improbidade admi-
B. O ato discricionário é aquele que, editado debaixo nistrativa; esse artigo dispõe que todo aquele que objetivar
da lei, confere ao administrador a liberdade para fa- algum tipo de vantagem patrimonial indevida, em razão de
zer um juízo de conveniência e oportunidade. cargo, mandato, emprego ou função que exerce, estará pra-
A diferença entre o ato vinculado e o ato discricio- ticando ato de improbidade administrativa. São exemplos:
nário está no grau de liberdade conferido ao admi- 1. Usar bens e equipamentos públicos com finalidade
nistrador. particular;
Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só
2. Intermediar liberação de verbas;
poderão ser reapreciados pelo Judiciário no tocante
à sua legalidade, pois o judiciário não poderá intervir 3. Estabelecer contratação direta quando a lei manda
no juízo de valor e oportunidade da Administração licitar;
Pública.
4. Vender bem público abaixo do valor de mercado;
Importante também destacar que o princípio da legali-
5. Adquirir bens acima do valor de mercado (superfa-
dade, no Direito Administrativo, apresenta algumas ex-
turamento).
ceções: Exemplo:
Os atos de improbidade podem ser combatidos através
A. Medidas provisórias: são atos com força de lei que de instrumentos postos à disposição dos administrados, são
só podem ser editados em matéria de relevância e eles;
urgência. Dessa forma, o administrado só se subme- 1. Ação Popular, art. 5.º, LXXIII, da CF; e
terá ao previsto em medida provisória se elas forem
editadas dentro dos parâmetros constitucionais, ou 2. Ação Civil Pública, Lei n. 7347/85, art. 1.º.
seja, se presentes os requisitos da relevância e da ur-
gência; Publicidade
B. Estado de sítio e estado de defesa: são momentos de É dever do administrador público levar ao conhecimento
anormalidade institucional. Representam restrições de todos os seus atos, contratos ou instrumentos jurídicos.
ao princípio da legalidade porque são instituídos por Isso dá transparência e confere a possibilidade de qualquer
um decreto presidencial que poderá obrigar a fazer pessoa questionar e controlar toda a atividade administra-
ou deixar de fazer mesmo não sendo lei. tiva.
É o dever atribuído à Administração, de dar total trans-
Impessoalidade parência a todos os atos que praticar, ou seja, como regra
Toda a ação da Administração Pública deve ser praticada geral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
tendo em vista o interesse público, ou seja, o administrador A regra do princípio que veda o sigilo comporta algu-
mas exceções, como quando os atos e atividades estiverem

16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

relacionados com a segurança nacional ou quando o con- na forma pelo qual o Poder Público executa suas atribuições
teúdo da informação for resguardado por sigilo (art. 37, § essenciais ou necessárias aos administrados. Diante disso,
3.º, II, da CF/88). entende-se que o serviço público, como atividade de inte-
A publicidade, entretanto, só será admitida se tiver fim resse coletivo, visando a sua aplicação diretamente a popu-
educativo, informativo ou de orientação social, proibindo-se lação, não pode parar, deve ele ser sempre continuo, pois
a promoção pessoal de autoridades ou de servidores públi- sua paralisação total, ou até mesmo parcial, poderá acarretar
cos por meio de aparecimento de nomes, símbolos e ima- prejuízos aos seus usuários.
gens. Exemplo: É proibido placas de inauguração de praças
com o nome do prefeito. Razoabilidade
Os poderes concedidos à Administração devem ser
Eficiência exercidos na medida necessária ao atendimento do interes-
Exige resultados positivos para o serviço público e sa- se coletivo, sem exageros.
tisfatório atendimento das necessidades dos administrados Esse princípio é um método utilizado no Direito Consti-
(público). Eficiência é a obtenção do melhor resultado com tucional Brasileiro para resolver a colisão de princípios jurídi-
o uso racional dos meios. cos, sendo estes entendidos como valores, bens, interesses.
A Emenda Constitucional nº 19 trouxe para o texto Exige proporcionalidade entre os meios de que se utilize a
constitucional o princípio da eficiência, que obrigou a Ad- Administração e os fins que ela tem que alcançar. Agir com
ministração Pública a aperfeiçoar os serviços e as atividades lógica, razão, ponderação. Atos discricionários.
que presta, buscando otimização de resultados e visando
atender o interesse público com maior eficiência. Princípio da Motivação
Para uma pessoa ingressar no serviço público, deve ha- É o princípio mais importante, visto que sem a motiva-
ver concurso público. A Constituição Federal de 1988 dispõe ção não há o devido processo legal.
quais os títulos e provas hábeis para o serviço público, a na- No entanto, motivação, neste caso, nada tem haver com
tureza e a complexidade do cargo. aquele estado de ânimo. Motivar significa mencionar o dis-
Para adquirir estabilidade, é necessária a eficiência (no- positivo legal aplicável ao caso concreto, relacionar os fatos
meação por concurso, estágio probatório etc.). E para perder que concretamente levaram à aplicação daquele dispositivo
a condição de servidor, é necessária sentença judicial transi- legal.
tada em julgado, processo administrativo com ampla defesa Todos os atos administrativos devem ser motivados
e insuficiência de desempenho. para que o Judiciário possa controlar o mérito do ato admi-
nistrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse contro-
Outros princípios da Administração Pública le, devem-se observar os motivos dos atos administrativos.
Supremacia do interesse público Hely Lopes Meirelles entende que o ato discricionário,
Os interesses públicos têm supremacia sobre os inte- editado sob a lei, confere ao administrador uma margem de
resses individuais; é a essência do regime jurídico adminis- liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportuni-
trativo. dade, não sendo necessária a motivação, porém, se houver
tal motivação, o ato deverá condicionar-se à referida moti-
Presunção de Legitimidade vação. O entendimento majoritário, no entanto, é de que,
Os atos da Administração presumem-se legítimos, até mesmo no ato discricionário, é necessária a motivação para
prova em contrário (presunção relativa ou juris tantum – que se saiba qual o caminho adotado.
ou seja, pode ser destruída por prova contrária.)
Princípios que regem a Administração Federal:
Finalidade São os princípios aos quais toda a Administração Fede-
ral deve obediência, instituídos pelo decreto-lei nº 200/1967.
Toda atuação do administrador se destina a atender o
Portanto, tais princípios não são, em tese, de observância
interesse público e garantir a observância das finalidades
obrigatória por Estados e Municípios, vez que aquela não
institucionais por parte das entidades da Administração In-
é uma lei de efeitos nacionais, embora os entes federativos
direta.
adotem, via de regra, os mesmos princípios.
Autotutela
1. PLANEJAMENTO
A Administração Pública guarda para si a possibilidade
Visa promover o desenvolvimento econômico-social do
de rever seus próprios atos. “Pela autotutela o controle se
país e a segurança nacional, norteando-se segundo planos e
exerce sobre os próprios atos, com a possibilidade de anular
programas tais como o “plano geral de governo; programas
os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, inde-
gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual; orçamen-
pendentemente de recurso ao judiciário.”
to-programa anual; programação financeira de desembol-
Continuidade dos Serviços Públicos so”.
Tais instrumentos de planejamento, dispostos por aque-
Consiste na proibição da interrupção total do desempe- le decreto-lei que organizou a Administração Pública fede-
nho de atividades do serviço público prestadas a população ral, acabaram por ser incorporados à Constituição Federal,
e seus usuários. Entende-se que, o serviço público consiste

17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

sendo obrigatórios os atuais planos plurianuais – PPAs, para nejamento, coordenação, supervisão e controle e com o ob-
a União, Estados e Municípios, segundo os quais devem ser jetivo de impedir o crescimento desmesurado da máquina
elaborados previamente os orçamentos e a programação fi- administrativa, a Administração procurará desobrigar-se da
nanceira para os próximos quatro exercícios. realização material de tarefas executivas, recorrendo, sem-
Esse PPA é estabelecido em lei a partir do projeto de lei pre que possível, à execução indireta, mediante contrato,
encaminhado pelo Poder Executivo, o qual estima, para cada desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente
exercício, a receita do governo e fixa a despesa no mesmo desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de
valor, ou seja, o Poder Executivo faz uma previsão para cada execução”. Trata a norma, portanto, da descentralização por
um dos próximos quatro anos de quanto será a sua receita colaboração, da delegação de serviços a empresas privadas,
com a arrecadação de tributos e outros e, a partir daí, ela- com o objetivo de não aumentar a quantidade de servidores
bora o plano de despesas para o mesmo ano, totalizando-se públicos.
aquele mesmo valor. Durante o decorrer do ano serão feitos, Infelizmente não é citada, no capítulo relativo à descen-
pelo Poder Executivo, os ajustes àquele plano, seja porque tralização, a que se dá pela criação de entidades da Admi-
a arrecadação pode se verificar de fato maior ou menor do nistração Indireta, sendo essa falha apenas de organização
que a que foi prevista, o que deverá alterar para mais ou do texto, vez que foi o próprio decreto-lei nº 200/1967 que
para menos as despesas, seja porque o Poder Executivo tem criou essas modalidades de entidades.
liberdade, discricionariedade para aumentar ou diminuir os Resumindo, podemos afirmar que o princípio da des-
gastos em determinadas áreas, salvo aquelas de aplicação centralização, criado por aquele decreto-lei e obrigatório
mínima obrigatória determinada pelo texto constitucional, para a Administração Pública Federal, engloba as modali-
tais como saúde e educação. dades de descentralização por serviços e por colaboração,
O projeto de lei do PPA é encaminhado ao Legislativo além da desconcentração (apesar da falha terminológica).
no decorrer do primeiro ano de governo, para vigorar a par-
tir do próximo, com isso, existe o inconveniente de que, no 4. DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
primeiro ano de cada governo, as despesas serão baseadas Tem como objetivo assegurar maior rapidez e objeti-
no plano elaborado pelo governo anterior. vidade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos,
pessoas ou problemas a atender.
2. COORDENAÇÃO
É decorrência natural da desconcentração administrati-
Visa evitar que a Administração Pública aja de forma va, uma vez que de nada adiantaria criar órgãos diversos
desordenada, sem integração e coordenação entre seus ór- com o objetivo de melhorar o desempenho da atividade ad-
gãos. ministrativa, criando órgãos específicos para cuidar de cada
Para isso, os assuntos deverão ter sido previamente matéria e ainda desconcentrar esses órgãos criando outros
coordenados com todos os setores neles interessados, in- geograficamente mais próximos ao administrado, se as au-
clusive no que diz respeito aos aspectos administrativos per- toridades responsáveis por esses órgãos menores não pos-
tinentes, através de consultas e entendimentos, de modo a suíssem competência para agir em determinadas situações.
sempre compreenderem soluções integradas e que se har- As leis criadoras dos Ministérios já determinam suas
monizem com a política geral e setorial do Governo. Além atribuições e as competências dos respectivos Ministros,
disso, preocupou-se o decreto-lei, já em 1967, com a coor- entretanto, a prática administrativa vem demonstrar, poste-
denação de esforços com governos estaduais e municipais riormente, caso a caso, várias atividades de competência do
com o intuito de atuação conjunta em áreas afins, nos se- Presidente da República que melhor seriam desempenhadas
guintes termos: pelos chefes de cada Ministério, ensejando assim a delega-
“Quando ficar demonstrada a inviabilidade de celebra- ção de competência daquele para esses, por ato unilateral,
ção de convênio com os órgãos estaduais e municipais que discricionário e revogável a qualquer momento, ou seja, ato
exerçam atividades idênticas, os órgãos federais buscarão do Presidente da República delega determinada compe-
com eles coordenar-se, para evitar dispersão de esforços e tência em função da conveniência, a seu juízo, podendo da
de investimentos na mesma área geográfica.” mesma forma essa delegação ser retirada por esse a qual-
quer momento.
3. DESCENTRALIZAÇÃO Nesse sentido dispõe o decreto-lei nº 200/1967 que “é
O decreto-lei dispõe que a execução das atividades da facultado ao Presidente da República, aos Ministros de Es-
Administração Federal deverá ser amplamente descentrali- tado e, em geral, às autoridades da Administração Federal
zada, citando como uma de suas formas “aquela que se dará delegar competência para a prática de atos administrativos,
dentro dos quadros da própria Administração Federal”, per- conforme se dispuser em regulamento.
mitindo-nos aqui verificar a confusão feita pelo legislador O ato de delegação indicará com precisão a autoridade
quanto ao significado do termo, vez que esse fenômeno não delegante, a autoridade delegada e as atribuições objeto de
é de descentralização, mas de desconcentração. delegação”.
Continuando, o texto legal prevê que a descentralização A delegação de competência, portanto, é a regra na Ad-
se dará também “no plano da Administração Federal para a ministração, sendo a exceção a impossibilidade de delega-
órbita privada, mediante contratos ou concessões”, rema- ção, que ocorre quanto às competências exclusivas.
tando que “para melhor desincumbir-se das tarefas de pla-

18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Tem-se aqui um importante conceito dado pela doutri- Presidente da República expedir decretos regulamentares?”,
na: matéria de competência privativa de determinado agen- vez que a Constituição Federal assim dispõe literalmente.
te é aquela que compete a este, embora possa ser delegada
a outrem caso seja conveniente, enquanto matéria de com- 5. CONTROLE
petência exclusiva de determinado agente é a que lhe com- Esse princípio se relaciona com o princípio da tutela, sig-
pete não podendo ser delegada. nificando que a Administração deve controlar suas próprias
• Competência privativa → delegável atividades. O decreto-lei nº 200/67 dispõe que: “O controle
das atividades da Administração Federal deverá exercer-se
• Competência exclusiva → indelegável
em todos os níveis e em todos os órgãos, compreendendo,
particularmente: a) o controle, pela chefia competente, da
Atenção!!! execução dos programas e da observância das normas que
Essa distinção é pacífica na doutrina, embora os legisla- governam a atividade específica do órgão controlado; b) o
dores não costumem se importar com as terminologias pró- controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da obser-
prias e adequadas, usando cada termo indistintamente, como vância das normas gerais que regulam o exercício das ativi-
ocorre costumeiramente na Constituição Federal: dades auxiliares; c) o controle da aplicação dos dinheiros pú-
Art. 84. blicos e da guarda dos bens da União pelos órgãos próprios
Compete privativamente ao Presidente da República: do sistema de contabilidade e auditoria.6
I – nomear e exonerar os Ministros de Estado;
...
2 PROCESSO ADMINISTRATIVO: CONCEITO,
IV– sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
PRINCÍPIOS, FASES E MODALIDADES.
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
...
VI– dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração fede-
ral, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou Conceito
extinção de órgãos públicos; Procedimento destinado a apurar responsabilidade de
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; servidor por infração praticada no exercício de suas funções
... ou relacionada com as atribuições do seu cargo e a ele es-
XII – conceder indulto e comutar penas, com audiência, se tão sujeitos todos os servidores públicos estatutários , ainda
necessário, dos órgãos instituídos em lei; que em estágio probatório, podendo resultar nas seguintes
... penalidades:
XXV – prover e extinguir os cargos públicos federais, na
• advertência, aplicada por escrito em faltas de menor
forma da lei;
gravidade;
...
Parágrafo único. • suspensão;
O Presidente da República poderá delegar as atribuições • demissão;
mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos • cassação da aposentadoria ou da disponibilidade.
Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados A autoridade que tiver ciência de irregularidade no ser-
nas respectivas delegações”. viço público é obrigada a promover sua imediata apuração,
Verifica-se, nesse e em outros artigos da Constituição Fe- mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar.
deral, a falha terminológica do legislador, uma vez que, de
fato, competem privativamente ao Presidente da Repúbli- Sindicância
ca apenas as “atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e A sindicância, de rito sumário, é instaurada para apurar a
XXV, primeira parte”, as quais podem ser por ele delegadas, existência de fatos irregulares e determinar os responsáveis,
enquanto as demais atribuições competem ao Presidente de podendo resultar em:
forma exclusiva, ou seja, indelegável. Assim, por exemplo, a • arquivamento do processo, quando não for apurada
expedição de decretos não pode ser delegada a Ministro de irregularidade;
Estado, salvo os previstos no inciso VI, conhecidos como de- • aplicação de penalidade de menor gravidade (adver-
cretos autônomos. tência ou suspensão de até 30 dias);
Atenção!!! • instauração de processo disciplinar.
Como já sabemos, devemos responder às questões de Somente a autoridade competente, indicada pelo Regi-
concurso preferencialmente de acordo com a lei, só respon- mento ou Regulamento, poderá instaurar a sindicância, sob
dendo com base em doutrina ou jurisprudência, em regra, pena de nulidade do procedimento. A sindicância é consti-
quando a questão assim exigir. Dessa forma, devemos respon-
der afirmativamente à questão “compete privativamente ao
6  Texto adaptado de Gustavo Mello Knoplock

19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

tuída de três fases, que deverão ser cumpridas no prazo de • autuação e composição do processo disciplinar;
30 dias, prorrogável por igual período, sendo estas: • citação;-
• abertura ou instauração; • instrução;
• instrução; • tomada de depoimento das testemunhas;
• relatório. • juntada de documentos;
Em caso de se provar a ocorrência do ilícito e identifi- • perícia;
cação da sua autoria, o processo comportará, antes do jul- • defesa do acusado;
gamento, a fase da defesa, que se desenvolve no prazo de
• relatório.
15 dias, prorrogável por mais 10. Após a defesa, a Comissão
apresenta relatório conclusivo, focalizando basicamente três Caso o processo administrativo disciplinar tenha sido
pontos: precedido de sindicância, os autos desta devem ser encami-
• indiciação - resumo da denúncia e indicação dos dis- nhados à Comissão Processante, na condição de peça infor-
positivos legais transgredidos. mativa, e integrará o processo instaurado.
• defesa - síntese dos argumentos desenvolvidos na Encerramento dos Trabalhos da Comissão Processante
defesa do sindicado, confrontando as acusações
com as contestações apresentadas. O encerramento dos trabalhos da Comissão Processan-
te ocorre mediante lavratura de termo próprio, no qual é
• parecer - relato do quanto foi apurado, exposição
indicada a data em que os trabalhos foram concluídos, para
de suas conclusões à luz das provas produzidas, cir-
verificação do cumprimento do prazo legal (60 dias conta-
cunstâncias agravantes e atenuantes e recomenda-
dos da data da instauração, admitida uma única prorroga-
ção da penalidade que entenda justa e compatível
ção por igual prazo).
com a falta cometida.
Após a assinatura do termo de encerramento, é lavrado
o termo de remessa, encaminhando-se os autos à autorida-
Julgamento da sindicância de que determinou a instauração do processo, acompanha-
O julgamento da sindicância cabe à autoridade que te- dos dos autos suplementares.
nha determinado a sua abertura. Qualquer que seja a decisão
da autoridade, deve a mesma, no despacho que a proferir, Julgamento do Processo Administrativo Disciplinar
determinar as medidas a serem tomadas para a sua eficácia. O julgamento do processo administrativo disciplinar, em
Decidindo a autoridade pela aplicação de penalidade, ex- princípio, cabe à autoridade que determinou sua instaura-
pedirá o competente ato que deve ser publicado em Diário ção. A decisão da autoridade julgadora deve ser proferida
Oficial da União, dele cabendo pedido de reconsideração ou no prazo de 60 dias, contados do recebimento do proces-
recurso na forma da lei. so, de modo que torna-se obrigatória a sua publicação no
Diário Oficial da União. Se o processo não for julgado no
Instauração do Processo Administrativo Disciplinar
prazo estabelecido o acusado reassume automaticamente o
Ciente do ato ou fato irregular, a autoridade deve comu- exercício das atribuições do seu cargo, logicamente se dele
nicar ao respectivo dirigente máximo, juntando os elemen- estiver afastado. As conclusões oferecidas no relatório da
tos de comprovação da ocorrência e da responsabilidade Comissão não vinculam a autoridade julgadora que pode,
do agente envolvido, e pedindo a instauração do proces- em despacho onde exponha as suas razões de decidir, agra-
so administrativo disciplinar. Em conseguinte, a portaria da var a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor
autoridade competente instaura o processo administrativo, de responsabilidade. O despacho final ou julgamento de um
designando uma comissão para apuração da irregularidade processo administrativo corresponde a uma sentença admi-
denunciada, integrada por 3 membros, servidores efetivos nistrativa.
do quadro do órgão ou entidade, que poderão ser dispen-
sados das atribuições normais de seus cargos até a apresen- Encerramento do Processo Administrativo Disciplinar
tação do relatório final.
Julgado o processo administrativo disciplinar e a deci-
São competentes para determinar a instauração do pro-
são publicada em Diário Oficial da União, será o mesmo en-
cesso disciplinar:
caminhado à unidade administrativa responsável sendo os
• o Dirigente Superior de autarquia ou fundação, em autos arquivados no prontuário do servidor. Se a infração
relação aos servidores dos quadros da respectiva en- constituir crime capitulado em lei, a autoridade julgadora
tidade. promoverá a remessa dos autos suplementares do proces-
so administrativo disciplinar ao Ministério Público Federal.
Instrução do Processo O servidor que esteja respondendo ou tenha respondido
a processo administrativo disciplinar somente poderá ser
Consiste na instrução do processo da reunião de todos exonerado à pedido ou aposentado voluntariamente, após
os elementos formadores da convicção sobre a ocorrência o encerramento do processo, com o cumprimento da pena-
da irregularidade, bem como, da sua autoria, resumindo-se lidade, nos casos em que esta tenha sido aplicada
os atos a termos, sendo composto por:

20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Revisão do Processo tucionais processuais no sentido de conceder ao cidadão a


efetividade de seus direitos.
A revisão do processo administrativo disciplinar pode
Seria insuficiente se a Constituição garantisse aos cida-
ocorrer a qualquer tempo, se forem acrescentados fatos
dãos inúmeros direitos se não garantisse a eficácia destes.
novos ou circunstâncias não apreciadas, dos quais resulte
Nesse desiderato, o princípio do devido processo legal ou,
comprovada a inocência do punido ou a inadequação da
também, princípio do processo justo, garante a regularidade
penalidade aplicada, podendo ser feita:
do processo, a forma pela qual o processo deverá tramitar, a
• de ofício; forma pela qual deverão ser praticados os atos processuais
• a pedido. e administrativos.
Cabe ressaltar que o princípio do devido processo legal
Comissão Revisora resguarda as partes de atos arbitrários das autoridades juris-
dicionais e executivas.
A Comissão Revisora tem o prazo de 60 dias para con- O processo é composto de fases e atos processuais, que
clusão dos trabalhos prorrogáveis por igual período. devem ser rigorosamente seguidos, viabilizando as partes a
Nesta fase, a Comissão verifica o meio mais adequado efetividade do processo, não somente em seu aspecto jurídi-
para apuração do fato ou circunstância que determinou a co-procedimental, mas também em seu escopo social, ético
revisão, aplicando as normas relativas ao processo discipli- e econômico. Razão pela qual, pode-se afirmar que o prin-
nar. Quando se tratar de revisão a pedido o ônus da prova cípio do devido processo legal reúne em si todos os demais
cabe ao requerente. Concluídos os trabalhos cabe à Comis- princípios processuais, de modo a assegurar o cumprimento
são elaborar relatório minucioso do quanto foi apurado, ma- dos princípios constitucionais processuais, somente aí, ter-
nifestando-se sobre a procedência e amplitude da revisão, -se-á a efetivação de um Estado Democrático de Direito, no
com indicação precisa dos itens do julgamento que devem qual o povo não se sujeita a imposição de decisões, mas
ser reformulados, que juntado ao processo revisional deve participa ativamente destas.
ser encaminhado à autoridade julgadora. A autoridade jul- Toda atuação do Estado há de ser exercida em prol do
gadora no processo revisional é a mesma que aplicou a pe- público, mediante processo justo, e mediante a segurança
nalidade no processo disciplinar originário. dos trâmites legais do processo.
Julgamento do Processo Revisional A aprendizagem, como já vimos, pressupõe uma busca
criativa da inovação, ao mesmo tempo em que lida com a
O julgamento do processo revisional deve ser proferido memória organizacional e a reconstrói. Pressupõe, também,
no prazo de 60 dias, contados do recebimento do processo, motivação para aprender. E motivação só é possível se as
no curso do qual pode a autoridade julgadora determinar a pessoas se identificam e consideram nobres as missões or-
realização de diligências para esclarecimento dos fatos. Em ganizacionais e se orgulham de fazer parte e de lutar pelos
nenhuma hipótese pode resultar do processo revisional o objetivos. Se há uma sensação de que é bom trabalhar com
agravamento da pena imposta no processo disciplinar ori- essa empresa, pode-se vislumbrar um crescimento conjunto
ginário. e ilimitado. Se há ética e confiança nessa relação, se não há
FONTE: http://www.ifg.edu.br/gdrh/index.php/manual- medos e se há valorização à livre troca de experiências e
servidor/141 saberes.
Nesse aspecto, é possível perceber que a comunicação
organizacional pode se constituir numa instância da aprendi-
2.1 FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS: zagem pois, se praticada com ética, pode provocar uma ten-
PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO, dência favorável à participação dos trabalhadores, dar maior
COORDENAÇÃO E CONTROLE sentido ao trabalho, favorecer a credibilidade da direção
(desde que seja transparente), fomentar a responsabilidade
e aumentar as possibilidades de melhoria da organização ao
O processo administrativo apresenta-se como uma su- favorecer o pensamento criativo entre os empregados para
cessão de atos, juridicamente ordenados, destinados todos solucionar os problemas da empresa (Ricarte, 1996).
à obtenção de um resultado final. O procedimento é, pois, Para Ricarte, um dos grandes desafios das próximas dé-
composto de um conjunto de atos, interligados e progressi- cadas será fazer da criatividade o principal foco de gestão de
vamente ordenados em vista da produção desse resultado. todas as empresas, pois o único caminho para tornar uma
O devido processo legal simboliza a obediência às normas empresa competitiva é a geração de ideias criativas; a única
processuais estipuladas em lei; é uma garantia constitucio- forma de gerar ideias é atrair para a empresa pessoas criati-
nal concedida a todos os administrados, assegurando um vas; e a melhor maneira de atrair e manter pessoas criativas
julgamento justo e igualitário, assegurando a expedição de é proporcionando-lhes um ambiente adequado para traba-
atos administrativos devidamente motivados bem como a lhar.
aplicação de sanções em que se tenha oferecido a dialetici- Esse ambiente adequado pressupõe liberdade e com-
dade necessária para caracterização da justiça. Decisões pro- petência para comunicar. Hoje, uma das principais exigên-
feridas pelos tribunais já tem demonstrado essa posição no cias para o exercício da função gerencial é certamente a
sistema brasileiro, qual seja, de defesa das garantias consti- habilidade comunicacional. As outras habilidades seriam a
predisposição para a mudança e para a inovação; a busca

21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

do equilíbrio entre a flexibilidade e a ética, a desordem e a partilham certas características, interajam uns com os outros,
incerteza; a capacidade permanente de aprendizagem; saber aceitem direitos e obrigações como sócios do grupo e com-
fazer e saber ser. partilhem uma identidade comum — para haver um grupo
Essa habilidade comunicacional, porém, na maioria das social, é preciso que os indivíduos se percebam de alguma
empresas, ainda não faz parte da job-description de um exe- forma afiliados ao grupo.
cutivo. É ainda uma reserva do profissional de comunicação, Segundo COSTA (2002), o grupo surgiu pela necessida-
embora devesse ser encarada como responsabilidade de to- de de o homem viver em contato com os outros homens.
dos, em todos os níveis. Nesta relação homem-homem, vários fenômenos estão pre-
O desenvolvimento dessa habilidade pressupõe, an- sentes; comunicação, percepção, afeição liderança, integra-
tes de tudo, saber ouvir e lidar com a diferença. É preciso ção, normas e outros. À medida que nós nos observamos
lembrar: sempre apenas metade da mensagem pertence a na relação eu-outro surge uma amplitude de caminhos para
quem a emite, a outra metade é de quem a escuta e a pro- nosso conhecimento e orientação.
cessa. Lasswell já dizia que quem decodifica a mensagem é Cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e
aquele que a recebe, por isso a necessidade de se ajustarem dá retorno ao outro, através do feedback.
os signos e códigos ao repertório de quem vai processá-los. Para encontrarmos maior crescimento, a disponibilidade
Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construção em aprender se faz necessária. Só aprendemos aquilo que
de um ambiente propício à criatividade, à inovação e à apren- queremos e quando queremos.
dizagem estão na autoestima, na empatia e na afetividade. Nas relações humanas, nada é mais importante do que
Sem esses elementos, não se estabelece a comunicação nem nossa motivação em estar com outro, participar na coorde-
o entendimento. Embora durante o texto tenhamos exposto nação de caminhos ou metas a alcançar.
inúmeros obstáculos para o advento dessa nova realidade e Um fato merecedor de nossa atenção é que o homem
que poderiam nos levar a acreditar, tal qual Luhman (1992), necessita viver com outros homens, pela sua própria nature-
na improbabilidade da comunicação, acreditamos que essa za social, mas ainda não se harmonizou nessa relação.
é uma utopia pela qual vale a pena lutar. Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre
Mas é preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanças, o qual o indivíduo se sustenta e se satisfaz. Um instrumento
que traz consigo uma radical mudança no processo de troca para satisfação das necessidades físicas, econômicas, políti-
de informações nas organizações e afeta, também, todo um cas, sociais, etc.·.
sistema de comunicação baseado no paradigma da trans- As empresas não funcionam na base da pura improvi-
missão controlada de informações, favorece o surgimento e sação. A estratégia empresarial é basicamente uma ativida-
a atuação do que chamo de novos Messias da comunicação, de racional que envolve a identificação das oportunidades
que prometem internalizarem nas pessoas os novos objeti- e das ameaças do ambiente onde opera a empresa, bem
vos e conceitos, estimularem a motivação e o comprometi- como a avaliação das forças e fraquezas da empresa, sua
mento à nova ordem de coisas, organizarem rituais de pas- capacidade atual ou potencial em se antecipar às necessida-
sagem em que se dá outro sentido aos valores abandonados des e demandas do mercado ou em competir sob condições
e introduz-se o novo. de risco com os concorrentes. Assim, a estratégia deve ser
Hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das orga- capaz de combinar as oportunidades ambientais com a ca-
nizações profissionais da mudança cultural, agentes da nova pacidade empresarial em um nível de equilíbrio ótimo entre
ordem, verdadeiros profetas munidos de fórmulas infalíveis, o que a empresa quer e o que ela realmente pode fazer.
de cartilhas iluministas, capazes de minar resistências e via- A estratégia constitui uma abordagem integrada, re-
bilizar uma nova cultura e que se autodenominam reenge- lacionando as vantagens da empresa com os desafios do
nheiros da cultura. ambiente, no sentido de assegurar o alcance dos objetivos
Esses profissionais se aproveitam da constatação de que básicos da empresa. Todavia, a estratégia se preocupa com
a comunicação é, sim, instrumento essencial da mudança, o “o que fazer” e não com “como fazer”. Em outros termos,
mas se esquecem de que o que transforma e qualifica é o a estratégia exige toda uma implementação dos meios ne-
diálogo, a experiência vivida e praticada, e não a simples cessários para a sua execução. Como esses meios envolvem
transmissão unilateral de conceitos, frases feitas e fórmulas a empresa como um todo, trata-se aqui de atribuir incum-
acabadas tão próprias da chamada educação bancária des- bências a todos os níveis (ou subsistemas) da empresa: o
crita por Paulo Freire. nível institucional, o nível intermediário e o nível operacional.
E a viabilização do diálogo e da participação tem de ser E a implementação exige planejamento. Isto é, a estratégia
uma política de comunicação e de RH. A construção e a via- empresarial precisa de um plano básico - o planejamento es-
bilização dessa política é, desde já, um desafio aos estrate- tratégico- para a empresa poder lidar com todas estas forças
gistas de RH e de comunicação, como forma de criar o tal em conjunto. E o planejamento estratégico precisa apoiar-se
ambiente criativo a que Ricarte de referiu e viabilizar, assim, em uma multiplicidade de planos situados carreira abaixo
a construção da organização qualificante, capaz de enfrentar dentro da estrutura da organização. Para levar adiante o pla-
os desafios constantes de um mundo em mutação, incerto nejamento estratégico requer planos táticos e cada um deles
e inseguro. requer planos operacionais, combinando esforços para obter
Em Sociologia, um grupo é um sistema de relações so- efeitos sinergísticos.
ciais, de interações recorrentes entre pessoas. Também pode
ser definido como uma coleção de várias pessoas que com-

22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Administração é o ato de administrar ou gerenciar • É a busca da racionalidade nas tomada de decisões;


negócios,  pessoas ou recursos, com o objetivo de alcançar • É um curso de ação escolhido entre várias alternati-
metas definidas. vas de caminhos potenciais;
A gestão de uma empresa ou organização se faz de for-
• É interativo, pois pressupõem avanços e recuos, alte-
ma que as atividades sejam administradas com planejamen-
rações e modificações em função de eventos novos
to, organização, direção, e controle. Segundo alguns autores
ocorridos no ambiente externo e interno da empre-
(Montana e Charnov) o ato de administrar é trabalhar com e
sa.
por intermédio de outras pessoas na busca de realizar obje-
tivos da organização bem como de seus membros. • O planejamento é um processo essencialmente par-
A administração tem uma série de características entre ticipativo, e todos os funcionários que são objetos
elas: um circuito de atividades interligadas tais como busca do processo devem participar.
de obtenção de resultados, proporcionar a utilização dos re- • Para realizar o planejamento, a empresa deve saber
cursos físicos e materiais disponíveis, envolver atividades de onde está agora (presente) e onde pretende chegar
planejamento, organização, direção e controle. (futuro).
Administrar, independente do nível organizacional, re-
Para isso, deve dividir o planejamento em sete fases se-
quer algumas habilidades, que podem ser classificadas em
quenciais, como veremos abaixo.
três grupos:
• Habilidades Técnicas – requer conhecimento es-
pecializado e procedimentos específicos e pode ser
obtida através de instrução.
• Habilidades Humanas – capacidade de relaciona-
mento interpessoal, envolvem também aptidão, pois
interage com as pessoas e suas atitudes, exige com-
preensão para liderar eficazmente.
• Habilidades Conceituais – trata-se de uma visão
panorâmica das organizações, o gestor precisa co-
nhecer cada setor, como ele trabalha e para que ele
existe.
O conceito de administração representa uma governa-
bilidade, gestão de uma empresa ou organização de forma
Etapas do planejamento
que as atividades sejam administradas com planejamento,
organização, direção, e controle.  
1.DEFINIR: VISÃO E MISSÃO DO NEGÓCIO 
PLANEJAMENTO
Visão 
É a função administrativa em que se estima os meios É a direção em que a empresa pretende seguir, ou ainda,
que possibilitarão realizar os objetivos (prever), a fim de po- um quadro do que a empresa deseja ser. Deve refletir as
der tomar decisões acertadas, com antecipação, de modo aspirações da empresa e suas crenças.
que sejam evitados entraves ou interrupções nos processos
organizacionais. Fórmula base para definição da visão:
É também uma forma de se evitar a improvisação.
Nesta função, o gerente especifica e seleciona os objeti- Verbo em perspectiva futura + objetivos desafiadores +
vos a serem alcançados e como fazer para alcançá-los. até quando.
Exemplos: o chefe de seção dimensiona os recursos ne- Missão
cessários (materiais, humanos, etc.), em face dos objetivos e A declaração de missão da empresa deve refletir a razão
metas a serem atingidos; a montagem de um plano de ação de ser da empresa, qual o seu propósito e o que a empresa
para recuperação de uma área avariada. faz.
Planejamento: funciona como a primeira função admi-
Fórmula base para definição da Missão:
nistradora, pois serve de base para as demais.
• É uma reflexão que antecede a ação; Fazer o quê + Para quem (qual o público?) + De que
forma.
• É um processo permanente e contínuo;
• É sempre voltado para o futuro; 2. ANALISAR O AMBIENTE EXTERNO 
• É uma relação entre as coisas a serem feitas e o tem- Uma vez declarada a visão e missão da empresa, seus
po disponível para tanto; dirigentes devem conhecer as partes do ambiente que pre-
• É mais uma questão de comportamento e atitude da cisam monitorar para atingir suas metas. É preciso analisar
administração do que propriamente um elenco de as forças macroambientais (demográficas, econômicas, tec-
planos e programas de ação; nológicas, políticas, legais, sociais e culturais) e os atores mi-

23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

croambientais (consumidores, concorrentes, canais de dis- presa precisa de uma formulação de estratégias para serem
tribuição, fornecedores) que afetam sua habilidade de obter implantadas.
lucro. Após o desenvolvimento das principais estratégias da
Oportunidades empresa, deve-se adotar programas de apoio detalhados
Um importante propósito da análise ambiental é identi- com responsáveis, áreas envolvidas, recursos e prazos de-
ficar novas oportunidades de marketing e mercado.  finidos.
Ameaças
Ameaça ambiental é um desafio decorrente de uma ten- 7. GERAR FEEDBACK E CONTROLAR
dência desfavorável que levaria a deterioração das vendas À medida que implementa sua estratégia, a empresa
ou lucro.  precisa rastrear os resultados e monitorar os novos desen-
volvimentos nos ambientes interno e externo. Alguns am-
3. ANALISAR O AMBIENTE INTERNO
bientes mantêm-se estáveis de um ano para outro. O ideal
Você saberia dizer quais são as qualidades e o que pode é estar sempre atento à realização das metas e estratégias,
ou deve ser melhorado na sua empresa? Esses são os pontos para que sua empresa possa melhorar a cada dia.
fortes/forças e fracos/fraquezas do seu negócio.
Princípios aplicados ao planejamento
4. ANALISAR A SITUAÇÃO ATUAL  I- Princípio da definição dos objetivos (devem ser traça-
Depois de identificados os pontos fortes e pontos fracos dos com clareza, precisão)
e analisadas as oportunidades e ameaças, pode-se obter a II- Princípio da flexibilidade do planejamento (poderá e
matriz FOFA (força ou fortalezas, oportunidades, fraquezas deverá ser alterado sempre que necessário e possível).
e ameaças) ou SWOT (strengths, weaknesses, opportunities Com esta primeira função montaremos o plano teóri-
e threats). Inclua os pontos fortes e fracos de sua empresa, co, completando assim o ciclo de planejamento: Estabelecer
juntamente com as oportunidades e ameaças do setor, em objetivos, tomar decisões e elaborar planos.
cada uma das quatro caixas:
ORGANIZAÇÃO
É a função administrativa que visa dispor adequada-
mente os diferentes elementos (materiais, humanos, proces-
sos, etc.) que compõem (ou vierem a compor) a organiza-
ção, como objetivo de aumentar a sua eficiência, eficácia e
efetividade.

DIREÇÃO
Podemos dividir essa função em duas subfunções:

COMANDAR
É a função administrativa que consiste basicamente em:
Decidir a respeito de “que” (como, onde, quando, com
que, com quem) fazer, tendo em vista determinados objeti-
A análise FOFA fornece uma orientação estratégica útil. vos a serem conseguidos.
Determinar as pessoas, as tarefas que tem que executar.
É fundamental para quem comanda desfrutar de certo
5. DEFINIR OBJETIVOS E METAS poder:
São elementos que identificam de forma clara e precisa • Poder de decisão.
o que a empresa deseja e pretende alcançar. A partir dos • Poder de determinação de tarefas a outras pessoas.
objetivos e de todos os dados levantados acima, são defini-
das as metas. • Poder de delegar – a possibilidade de conferir á ou-
As Metas existem para monitorar o progresso da em- tro parte do próprio poder.
presa. Para cada meta existe normalmente um plano opera- • Poder de propor sanções àqueles que cumpriram
cional, que é o conjunto de ações necessárias para atingi-la; ou não ás determinações feitas.
Toda meta, ao ser definida, deve conter a unidade de medi-
da e onde se pretende chegar. COORDENAR
6. FORMULAR E IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA  É a função administrativa que visa ligar, unir, harmonizar
todos os atos e todos os esforços coletivos através da qual
Até aqui, você definiu a missão e visão do seu negócio se estabelece um conjunto de medidas, que tem por objeti-
e definiu metas e objetivos visando atender sua missão em vo harmonizar recursos e processos. Dois tipos de Coorde-
direção à visão declarada. Agora, é necessário definir-se um nação:
plano para se atingir as metas estabelecidas, ou seja, a em-

24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Vertical/Hierárquico: É aquela que se faz com as • Medidas de desempenho compatíveis com os ob-
pessoas sempre dentro de uma rigorosa observân- jetivos;
cia das linhas de comando (ou escalões hierárquicos • Condições motivadoras.
estabelecidos).
• Horizontal: É aquela que se estabelece entre as ou- Estrutura:
tras pessoas sem observância dos níveis hierárquicos Toda empresa possui dois tipos de estrutura: Formal e
dessas mesmas pessoas. Essa coordenação possibili- informal.
ta a comunicação entre as pessoas de vários depar-
tamentos e de diferentes níveis hierárquicos. Risco Elaboração da estrutura organizacional
Básico: Desmoralização ou destruição das linhas de
comando ou hierarquia. É o conjunto ordenado de responsabilidades, autorida-
des, comunicações e
decisões das unidades organizacionais de uma empresa.
CONTROLE
• Não é estática.
Esta função se aplica tanto a coisas quanto a pessoas. • É representada graficamente pelo organograma.
Para que a função de controle possa efetivamente se
• É dinâmica.
processar e aumentar a eficiência do trabalho, é fundamen-
tal que o estabelecido ou determinado esteja perfeito, cla- • Deve ser delineada de forma a alcançar os objetivos
ramente explicado. institucionais.
“O que perturba o bom entendimento não são regras • (Delinear = Criar, aprimorar).
do jogo muito exigentes, mas sim regras esclarecidas após • Deve ser planejada.
o jogo iniciado.”
É a função administrativa através da qual se verifica se O Planejamento deve estar voltado para os seguintes ob-
o que foi estabelecido ou determinado foi cumprido (sem jetivos:
entrar especificamente nos méritos e se deu ou não bons • Identificar as tarefas físicas e mentais que precisam
resultados). ser desempenhadas.
Um sistema de controle deve ter: • Agrupar as tarefas em funções que possam ser bem
• um objetivo, um padrão, uma linha de atuação, uma desempenhadas e atribuir sua responsabilidade a
norma, uma regra “decisorial”, um critério, uma uni- pessoas ou grupos.
dade de medida; • Proporcionar aos empregados de todos os níveis:
• um meio de medir a atividade desenvolvida; • Informação.
• um procedimento para comparar tal atividade com • Recursos para o trabalho.
o critério fixado; • Medidas de desempenho compatíveis com obje-
• algum mecanismo que corrija a atividade como cri- tivos e metas.
tério fixado. O processo de controle é realizado em • Motivação.
quatro fases a saber:
Tipos de estrutura organizacional
A. Estabelecimento de padrões ou critérios;
• Funcional.
B. Observação do desempenho;
• Clientes.
C. Comparação do desempenho com o padrão estabe-
lecido; • Produtos.
D. Ação para corrigir o desvio entre o desempenho • Territorial.
atual e o desempenho esperado. • Por projetos.
• Matricial.
2.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Desenvolvimento, implantação e avaliação de
estrutura organizacional.
No desenvolvimento considerar:
Benefícios de uma estrutura adequada. • Seus componentes.
• Identificação das tarefas necessárias; • Condicionantes.
• Organização das funções e responsabilidades; • Níveis de influência.
• Informações, recursos, e feedback aos empregados; • Níveis de abrangência.

25
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Implantação / Ajustes • A empresa funciona por meio de pessoas, a eficiên-


• Participação dos funcionários cia depende da qualidade intrínseca e do valor e da
integração dos homens que ela organiza.
• Motivar
• Ao desenvolver uma estrutura organizacional de-
Avaliar ve-se levar em consideração o comportamento e o
• Quanto ao alcance dos objetivos conhecimento das pessoas que irão desempenhar
• Influencia dos aspectos formais e informais funções.
• Não podemos nos esquecer da MOTIVAÇÃO.
Componentes da estrutura organizacional
• Fator ambiente externo
⇒ Sistema de responsabilidade, constituído por:
• Avaliação das mudanças e suas influências.
• Departamentalização; • Fator sistema de objetivos e estratégias
• Linha e assessoria; e
Quando os objetivos e estratégias estão bem definidos
• Especialização do trabalho. e claros, é mais fácil organizar. Sabe-se o que se espera de
⇒ Sistema de autoridade, constituído por: cada um.
• Amplitude administrativa ou de controle; • Fator tecnologia
• Níveis hierárquicos; • Conhecimentos
• Delegação; • Equipamentos
• Centralização/descentralização.
Implantação da estrutura organizacional
⇒ Sistema de comunicações (Resultado da interação
Três aspectos devem ser considerados:
das unidades organizacionais), constituída por:
• A mudança na estrutura organizacional.
• O que,
• O processo de implantação; e
• Como,
• As resistências que podem ocorrer.
• Quando,
• De quem,
Avaliação da estrutura organizacional
• Para quem.
• Levantamento
Condicionantes da estrutura organizacional. • Análise
São Quatro: • Avaliação
• Objetivos e estratégias, • Políticas de avaliação de estruturas.
• Ambiente,
• Tecnologia,
2.3 CULTURA ORGANIZACIONAL
• Recursos humanos.

Níveis de influência da estrutura organizacional.


São três: A  cultura organizacional  é um conceito desenvolvi-
do por pesquisadores para explicar os valores e as crenças
• Nível estratégico, de uma organização. De um modo geral, ela é vista como as
• Nível tático, normas e atitudes comuns de indivíduos e grupos dentro de
• Nível operacional. uma organização. Através deste conjunto de entendimen-
tos mútuos, a Cultura Organizacional controla a maneira
Níveis de abrangência da estrutura organizacional. como os indivíduos interagem uns com os outros dentro
Três níveis podem ser considerados quando do desen- do ambiente laboral, bem como com clientes, fornecedores
volvimento e implantação da estrutura organizacional: e outras partes interessadas existentes fora dos limites da
empresa.
• Nível da empresa,
Todas as empresas, independentemente do tamanho,
• Nível da UEN – Unidade Estratégica de Negócio do segmento em que atuam e dos bens ou serviços que pro-
• Nível da Corporação. duzem, possuem cultura organizacional, formalmente insti-
tuída ou não. Assim, cultura organizacional é um sistema de
Condicionantes da estrutura organizacional. valores compartilhados pelos seus membros, em todos os
• Fator humano níveis, que diferencia uma organização das demais. Em últi-
ma análise, trata-se de um conjunto de características-chave
que a organização valoriza, compartilha e utiliza para atingir
seus objetivos e adquirir a imortalidade. 

26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A título organizacional, várias pesquisas sugerem que que se mantêm inalteradas como se nada tivesse
uma Cultura Organizacional saudável e vigorosa é capaz de mudado no mundo ao seu redor.
proporcionar vários benefícios, incluindo os seguintes: • Culturas fortes: Seus valores são compartilhados in-
• Vantagem competitiva derivada de inovação e servi- tensamente pela maioria dos funcionários e influen-
ço ao cliente; cia comportamentos e expectativas.
• Maior desempenho dos empregados; • Culturas fracas: São culturas mais facilmente mu-
• Coesão da equipe; dadas. Como exemplo, seria uma empresa pequena
e jovem, como está no início, é mais fácil para a ad-
• Alto nível de alinhamento na busca da realização de
ministração comunicar os novos valores, isto explica
objetivos.
a dificuldade que as grandes corporações tem para
Características mudar sua cultura.
De acordo com pesquisadores do assunto, existem sete Com base nesse conjunto, pode-se dizer que a cultura
características básicas que, em conjunto, capturam a essên- organizacional onde você está inserido é representada pela
cia da cultura de uma organização:  forma como os colaboradores em geral percebem as carac-
• Inovação e assunção de riscos: o grau em que os terísticas da cultura da empresa.
funcionários são estimulados a inovar e assumir ris- Por que é importante entender a cultura organizacio-
cos. nal? Aceitar melhor a sua existência, compreender os seus
meandros, entender como ela é criada, sustentada e apren-
• Atenção aos detalhes: o grau em que se espera
dida, pode melhorar a sua capacidade de sobrevivência na
que os funcionários demonstrem precisão, análise e
empresa, além de ajudá-lo a explicar e prever o comporta-
atenção aos detalhes.
mento dos colegas no trabalho.
• Orientação para os resultados: o grau em que os Atualmente, as discussões em torno das mudanças
dirigentes focam mais os resultados do que as téc- ocorridas nas últimas décadas, sejam mudanças sociais, eco-
nicas e os processos empregados para seu alcance. nômicas, tecnológicas, organizacionais, dentre outras, não
• Orientação para as pessoas: o grau em que as deci- se findam. A produção de textos (acadêmicos ou não) acer-
sões dos dirigentes levam em consideração o efeito ca do assunto se mostra vasta, principalmente quando tais
dos resultados sobre as pessoas dentro da organi- mudanças estão associadas ao impacto ou influência que
zação. exercem sobre aspectos como: o comportamento organi-
• Orientação para as equipes: o grau em que as ativi- zacional, a cultura organizacional, a liderança, a gestão de
dades de trabalho são mais organizadas em termos carreira, mas, principalmente sobre o elemento humano nos
de equipes do que de indivíduos. ambientes organizacionais.
Pode-se dizer que nos dias de hoje as pessoas torna-
• Agressividade: o grau em que as pessoas são com- ram-se um ícone em destaque nos ambientes de trabalho.
petitivas e agressivas em vez de dóceis e acomoda- Cada vez mais são utilizadas ferramentas de gestão de pes-
das. soas, como a pesquisa de clima organizacional, por exemplo,
• Estabilidade: o grau em que as atividades organi- para levantar as expectativas e as percepções dos emprega-
zacionais enfatizam a manutenção do status quo em dos acerca da empresa em que trabalham.
contraste com o crescimento. Não se espera aqui ter uma visão velada ou surreal acer-
ca da influência exercida pelas organizações em seus empre-
Tipos de cultura: gados. Mas sim, suscitar que haja bases ideológicas nestas
preocupações. Cada vez mais, as organizações têm procura-
• Culturas adaptativas: Caracterizam-se pela sua ma- do medidas e procedimentos que as tornem mais atrativas
leabilidade e flexibilidade e são voltadas para a ino- para seus funcionários. Novas estratégias e ferramentas são
vação e a mudança. São organizações que adotam criadas e utilizadas para estabelecer novos parâmetros de
e fazem constantes revisões e atualizações, em suas acordo com as normas, valores e diretrizes da organização,
culturas adaptativas se caracterizam pela criativida- mantendo ou modificando, assim, de acordo com seus inte-
de, inovação e mudanças. De um lado, a necessidade resses, a sua cultura organizacional.
de mudança e a adaptação para garantir a atualiza- Segundo Mattoso (1994), as transformações no mundo
ção e modernização, e de outro, a necessidade de do trabalho afetaram principalmente as relações no interior
estabilidade e permanência para garantir a identi- do processo produtivo, a divisão do trabalho, o mercado de
dade da organização. O Japão, por exemplo, é um trabalho, o papel dos sindicatos, as negociações coletivas e
país que convive com tradições milenares ao mesmo a própria sociabilidade de um sistema baseado no trabalho.
tempo em que cultua e incentiva a mudança e a ino- Os trabalhadores e suas organizações passam a desempe-
vação constantes. nhar um papel de transformação social e conquistam novos
• Culturas conservadoras: Se caracterizam pela ma- espaços no mundo do trabalho.
nutenção de ideias, valores, costumes e tradições Na concepção de Harman e Hormann (1997), os traba-
que permanecem arraigados e que não mudam ao lhadores do mundo contemporâneo estão em fase de tran-
longo do tempo. São organizações conservadoras sição e evolução e se caracterizam a partir de oportunidades

27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

de adquirir novos conhecimentos, oportunidades de cresci- cultura é vista como um conjunto de ideias, conhecimento,
mento, autonomia e reconhecimento pela execução de seu técnicas e artefatos de padrões de comportamento e atitu-
trabalho. Estas transformações fazem emergir a necessidade des que caracteriza uma determinada sociedade (MICHAE-
de reavaliação dos pressupostos anteriormente instaurados, LIS, 1998).
em busca de novas perspectivas que caracterizam um novo Complementando as acepções acerca da cultura a par-
papel do indivíduo na organização, pois, o trabalhador da tir da antropologia e da sociologia, segundo Freitas (1991),
contemporaneidade, além de executar suas atividades cor- a discussão em torno da cultura organizacional segue uma
retamente, assume responsabilidades, toma iniciativas e mo- base de conceitos fornecida pela Antropologia Cultural, que,
nitora seu próprio trabalho (HARMAN E HORMANN, 1997). se desdobrando em diversas correntes teóricas, privilegia di-
Para Borges (1999) a discussão acerca da aceleração e ferentes aspectos de uma mesma questão.
da diversidade das transformações do mundo trabalho é Um ponto observado por Freitas (1991) e que merece
caracterizada pelo surgimento de um novo paradigma que destaque, é o de que existe uma ausência de consenso no
redefine o lugar do trabalho na sociedade e na vida de cada que diz respeito à contribuição da Antropologia Cultural
indivíduo, por meio de novas formas e relações de trabalho, para os estudos de cultura organizacional, o que dificulta um
que exigem envolvimento do trabalhador com o conteúdo tratamento mais homogêneo à classificação e à correspon-
do próprio trabalho, viabilizando a aplicação de diversas téc- dência das linhas de pesquisas existentes na análise cultural
nicas de sua organização. das organizações. Ademais, Freitas (1991) destaca que as
Na concepção de Antunes (2005) atualmente, delineia- correntes antropológicas se relacionam ainda com a Teoria
-se um quadro de transformações nas relações de trabalho. Organizacional, contudo, tais aspectos não serão aqui dis-
Nota-se uma ampliação da inter-relação entre as atividades cutidos ou aprofundados, pois, não é o foco principal deste
produtivas e improdutivas, entre as atividades fabris e de artigo.
serviços, entre produção e conhecimento científico, o que Motta e Caldas (1997) afirmam que a cultura pode ser
acentua o aumento e a descoberta de novas formas de pro- vista como a forma pela qual uma comunidade satisfaz as
dução, que conduzem e formam novas tendências no âmbi- suas necessidades materiais e também as psicossociais. A
to organizacional e social (ANTUNES, 2005). cultura pode ser vista ainda como uma adaptação em si
Assevera Antunes (2005) que estas novas formas de pro- mesma, já que trata também da forma em que uma comuni-
dução estão relacionadas à transformações adjacentes do dade define o seu perfil em função da necessidade de adap-
mundo do trabalho, tais como a subjetividade do trabalho. tação ao meio ambiente.
Ademais, vive-se uma nova configuração das formas de Schein (2001) complementa o que foi abordado por
ser e existir da sociabilidade humana, e um conjunto de ten- Freitas (1991) e Motta e Caldas (1997) sobre as bases da
dências que em seus traços básicos configuram um quadro cultura, apresentando além da antropológica, uma verten-
de metamorfoses, que repercute em transformações nas re- te psicanalítica da cultura organizacional. Na concepção de
lações de trabalho estabelecidas entre os indivíduos. Schein (2001) a cultura organizacional pode ser definida
Dessa forma, a partir dos aspectos apresentados, evi- como um conjunto de pressupostos básicos desenvolvidos
denciam-se mudanças que configuram uma nova caracteri- por um grupo ao aprender a lidar com os problemas de
zação do trabalhador no mundo do trabalho e a construção adaptação externa e integração interna. Esses pressupostos
de novas relações com a organização, por meio das novas são considerados válidos para serem ensinados aos novos
atribuições e peculiaridades que lhe são exigidas. Embora membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir
suas atividades, ainda se identifiquem como operacionais, em relação a esses problemas.
no mundo contemporâneo o trabalho se caracteriza prin- Ainda para Schein (2001) a cultura organizacional é per-
cipalmente pelos requisitos intelectuais exigidos do traba- cebida, expressada e desenvolvida por intermédio de três
lhador. níveis diferentes: no nível um estão os artefatos, que incluem
Neste contexto, parte-se do pressuposto de que as or- os processos e estruturas organizacionais visíveis; no nível
ganizações são constituídas de elementos que formam a sua dois, valores adotados, que representam os valores exte-
cultura e simbolizam um modelo a ser seguido pelos demais riorizados da cultura, ou seja, as estratégias, os objetivos e
empregados. Tais considerações suscitaram o seguinte pro- as filosofias; e, no nível três, estão as premissas básicas, ou
blema de pesquisa: quais proposições podem ser alcança- seja, as percepções, os pensamentos, os sentimentos e tudo
das acerca dos elementos da cultura organizacional no atual aquilo que compõe os pressupostos inconscientes do grupo
mundo do trabalho? sobre como as coisas realmente são.
Pode-se dizer que os níveis da cultura organizacional ci-
Cultura Organizacional tados por Schein (2001), se relacionam entre si. E a partir de
Segundo Motta e Caldas (1997, p. 16) “a cultura é um tal relacionamento emergem elementos que se aglutinam
conceito antropológico e sociológico que comporta múlti- num todo coerente e suscitam uma forma mais “palpável”
plas definições”. Assim, pode-se dizer que a palavra “cultura” da cultura organizacional, elementos tais como, os rituais, o
é um conceito de várias acepções. clima, os valores e os comportamentos.
Na antropologia define-se como um estágio ou estado Ainda sobre a cultura organizacional, Fleury e Fischer
de desenvolvimento cultural de um povo ou período, carac- (1991) observam que é formada pelo somatório de opiniões
terizado pelo conjunto de obras, instalações e objetos cria- e percepções dos membros da organização, que se manifes-
dos pelo homem desse povo ou período. Na sociologia, a

28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

tam por meio de suas atitudes e da forma como reagem às projeta-se sobre os indivíduos significados, que são absor-
decisões, e/ou, a algo ordenado por seus superiores. Além vidos e reproduzidos por meio das práticas do cotidiano. Os
disso, Fleury e Fischer (1991) atribuem também à cultura na- indivíduos são então, embebidos por práticas que, legitima-
cional um papel significativo para os comportamentos dos das, regem o seu comportamento e as suas atividades den-
membros da organização, pois, para estes autores, a cultura tro da organização, em detrimento inclusive, sua identidade
nacional, influencia e muito, na cultura da organização. pessoal. Alguns elementos da cultura organizacional serão
Segundo Monteiro, Ventura e Cruz (1999) a cultura pode tratados na seção a seguir.
ser vista ainda, como um padrão refletido de sistemas sociais
de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais cotidianos, Elementos da Cultura Organizacional
como também do grau de refinamento evidente em tais sis- Pode-se dizer que todas as organizações possuem um
temas de crenças e práticas. Ou seja, a cultura pode ser en- universo simbólico. Este universo simbólico é constituído
tendida como um sistema simbólico que permite a elabora- por elementos da cultura da organização. Na concepção de
ção de um conhecimento consensual sobre o significado do Fleury (1987) a dimensão simbólica é concebida como capaz
mundo, mas também pode ser vista como um instrumento de integrar os aspectos da prática social. E, por meio das
de poder e legitimação da ordem vigente. representações simbólicas os membros do grupo se comu-
Asseveram Monteiro, Ventura e Cruz (1999) que no nível nicam e expressam formas de entender o ambiente que os
das organizações é possível observar como esses sistemas cerca, como também de entendimento entre si.
simbólicos são criados e legitimados por meio de procedi- Fleury (1987) complementa ainda que o campo simbó-
mentos de socialização (implícitos e explícitos), vivenciados lico, por meio da mediação das relações e práticas sociais se
pelo indivíduo. Nos ambientes organizacionais criam-se afigura como uma das instancias fundamentais para a de-
padrões que são reproduzidos com economia de esforço e finição das relações de trabalho. Assim, passa a existir um
tempo, já que existe um compartilhar de um senso comum “compartilhar” do senso da realidade entre os indivíduos,
sobre a realidade, produzindo significados (signos). que percebem a correspondência existente entre os signifi-
Dentro de tal perspectiva de reprodução de significados, cados atribuídos aos objetivos e símbolos da “teia” (ambien-
Freitas (1997) afirma que a cultura da organização expressa, tes) em que estão inseridos.
de forma sutil, um conjunto de nuanças sobrepostas que es- Desta forma, assevera Fleury (1987) que os elementos
capam a uma análise pragmática em relação aos objetivos cognitivos e normativos é que dão origem ao universo sim-
e ao tempo em que eles devem ocorrer, tornando-se assim, bólico, que é legitimado por meio de procedimentos implí-
um instrumento de poder político que permeia todas as re- citos e explícitos da organização, produzindo assim, novos
lações que se dão no seio da organização. significados, novos símbolos e novos universos.
Freitas (1997) ainda complementa que é a ausência de Pode-se dizer que dentre os procedimentos implícitos
posse/controle por parte dos indivíduos, que contribui para e explícitos da organização estão os elementos da cultura
o não aparecimento da cultura como veículo de poder visível, organizacional. Segundo Freitas (1991) a cultura de uma or-
mas sim, como um conjunto de representações imaginárias ganização é conceituada a partir de seus elementos, a forma
construídas e reconstruídas por meio das relações cotidianas como eles funcionam e interagem, além das mudanças com-
existentes nos ambientes organizacionais. E complementa portamentais que eles provocam.
ainda, que a organização projeta para o indivíduo a imagem Os elementos da cultura organizacional fornecem aos
grandiosa que ela tem de si, e este indivíduo acredita em tais membros da organização uma forma de interpretá-la, e a
pressupostos e os absorve para se completar e para realizar passagem dos significados se dá naturalmente por meio de
seus desejos de ser amado e reconhecido (FREITAS, 1997). uma linguagem funcionalizada que leva à naturalização do
Diante de tais aspectos, suscita-se que a cultura orga- conteúdo e ao repasse espontâneo de significados para os
nizacional pode ser vista como um meio de manipulação e demais membros (FREITAS, 1991).
controle dos indivíduos nas organizações. Pois, o que acaba Para Freitas (1991), esse repasse natural de significados,
ocorrendo é uma cooptação do indivíduo pelas estruturas que ocorre tanto por meio das redes formais quanto das
organizacionais, já que eles incorporam os valores, os pres- redes informais de comunicação, sugere, na verdade, um ca-
supostos e a imagem da organização como se fosse deles. ráter hipnótico, em que as mensagens e comportamentos
Freitas (1991, p. 299) reitera tal perspectiva ao afirmar que convenientes são aplaudidos e aderidos pelos membros da
“[...] a organização toca uma veia sensível do indivíduo, le- organização. Assim, o que se provoca é uma homogeneida-
vando-o a sustentar a causa do seu desejo, ao mesmo tem- de de comportamentos entre os membros da organização,
po em que ela manobra os signos de uma busca sem fim”. que despercebidamente, absorvem os aspectos da cultura
Assevera a autora, Freitas (1997), que enquanto da or- organizacional reproduzindo-os como se fossem seus. Com-
dem do simbólico, da representação, da construção de ima- plementando o exposto, segundo Srour (1998), a cultura
gens e de significados, a cultura organizacional atua dire- pode ser percebida como as representações imaginárias da
tamente no imaginário dos indivíduos, na medida em que coletividade, pois, essas representações imaginárias formam
ela (a cultura) sugere uma missão grandiosa, além de criar a seu substrato. Sendo assim, a cultura comporta um conjunto
idéia de comunidade, de orgulho e pertencimento ao grupo de padrões que permitem a adaptação dos agentes sociais
exclusivo em que este indivíduo está inserido. ao meio ao qual pertencem, além de facultar o controle da
Diante disso, pode-se dizer que por meio das represen- organização sobre esse meio.
tações criadas pelos elementos simbólicos da organização,

29
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Srour (1998) afirma ainda que este conjunto de padrões nizacional forma um objeto decifrável, configurado por rela-
dirige-se a toda a atividade humana, seja ela cognitiva, afe- ções de saber que conjugam relações de hegemonia e con-
tiva, motora, sensorial, uma vez que todo comportamento formidade, e relações de influência e adesão entre agentes
humano é considerado simbólico. Ademais, assim como ex- coletivos bem definidos. Ademais, para o autor a cultura or-
posto por Freitas (1991), na concepção de Srour (1998) a ganizacional é moldada pelas representações imaginárias e
cultura é apreendida, transmitida, partilhada e recorrente de pelos símbolos, que manifestados pelas expressões mentais
uma aprendizagem socialmente condicionada, pois, cons- encontram-se tão entranhados nas práticas cotidianas que
titui um conjunto preciso de representações mentais e um somente por meio de uma observação acurada é possível
complexo definido de saberes, que formam um sistema coe- revelá-los.
rente de significações, e une os membros da organização Sendo assim, na concepção de Srour (1998) os elemen-
em torno dos mesmos objetivos e modos de agir. tos que compõem o cotidiano das organizações podem
Assevera Srour (1998) que as representações imaginá- assumir formas variadas, tais como: princípios, valores e
rias que uma organização cultiva, delimitam hábitos nem códigos; conhecimentos, técnicas e expressões estéticas; ta-
sempre explícitos, impõem precedências e formalidades bus, crenças e pré-noções; estilos, juízos e normas morais;
compulsórias que regulam expectativas e comportamentos, tradições, usos e costumes; convenções sociais, protocolos
e, assim, criam a sua identidade (da organização). Ademais, e regras de etiqueta; estereótipos, clichês e motes; precon-
a cultura organizacional não se resume a somatória das opi- ceitos, dogmas e axiomas; imagens, mitos e lendas; dogmas,
niões dos membros que a partilham, mas, tem vida própria e superstições e fetiches.
constitui uma das dimensões da organização. Ao apresentar tais elementos, Srour (1998) reitera que os
Ainda na visão de Srour (1998), essas representações ambientes organizacionais são representações mentais que
imaginárias existentes nos ambientes organizacionais, são refletem convicções sociais ou saberes, ou seja, o compor-
necessárias, pois, sem referências próprias, as organizações tamento dos indivíduos dentro das organizações baseia-se
ficariam a mercê das convicções individuais de seus mem- em representações de informações, normas e procedimen-
bros, principalmente diante de situações novas e sofreriam tos já legitimados que constituem as relações e a dinâmica
prejuízos frente à disparidade de procedimentos e orienta- organizacional.
ções. Ou seja, a cultura organizacional, que é construída ao
longo do tempo, exprime a identidade da organização, e por Elementos da Cultura – Schein (2001)
meio dos seus elementos, torna-se fator chave para distin- Na concepção de Schein (2001) existem alguns elemen-
guir diferentes coletividades. tos que são vistos como as principais categorias associadas
Sendo assim, é necessária a cautela e a aprendizagem com a cultura. Conforme abordado a priori, Schein (2001)
por parte de todos os membros, já que o conhecimento e observa a cultura organizacional como um conjunto de pres-
a absorção da cultura organizacional funcionam como um supostos que podem ser percebidos por níveis diferentes
mapa/kit de sobrevivência do indivíduo no contexto orga- que se relacionam entre si e formam o todo organizacional.
nizacional (SROUR, 1998). Daí um dos aspectos relevantes Dentre os elementos abordados por Schein (2001) estão:
para se abordar os elementos da cultura organizacional, • Regularidades comportamentais observáveis quan-
pois, são esses elementos que servem de base de orientação do as pessoas interagem: manifestações observadas
para os indivíduos das organizações. por meio da linguagem
Segundo Freitas (2007) a descrição dos elementos que
• utilizada, das tradições e evolução dos costumes e
constituem a cultura organizacional, a forma como eles fun-
dos rituais empregados em diferentes situações;
cionam e as mudanças comportamentais que tais elementos
provocam, são uma maneira de tratar o assunto de forma • Normas de grupo: padrões implícitos e valores que
mais concreta e possibilitar o seu reconhecimento e enten- evoluem em grupos de trabalho, os contratos psico-
dimento mais facilmente. lógicos que se instauram;
Freitas (2007) ainda complementa que a conceituação • Valores expostos: os princípios e valores articulados
da cultura por meio dos seus elementos, acaba por ser plena e publicamente anunciados, que o grupo divulga es-
de detalhes que passariam despercebidos na vida organiza- tar tentando atingir;
cional cotidiana. Ademais, os elementos da cultura organi- • Filosofia formal: os princípios ideológicos e as polí-
zacional fornecem uma interpretação para os membros da ticas que guiam as ações do grupo em relação aos
organização, a respeito do que se considera importante e acionistas, clientes e demais stakeholders;
válido.
Buscando compreender essa dimensão simbólica e suas • Regras do jogo: as regras implícitas para os indiví-
representações, na sequência serão abordados alguns ele- duos serem bem sucedidos na organização;
mentos e pontos relevantes da cultura organizacional nas • Clima: o sentimento que é gerado em um grupo por
concepções de Srour (1998), Schein (2001) e Freitas (2007). meio de suas relações e interações uns com os ou-
tros, com clientes ou estranhos;
Práticas Cotidianas de um Universo Simbólico – • Habilidades incorporadas: as competências especiais
Srour (1998) que os membros do grupo demonstram ao realizar
Srour (1998) em suas concepções acerca do universo determinadas tarefas que são passadas de geração
simbólico das organizações, afirma que cada cultura orga-

30
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

para geração sem necessariamente estarem articu- cial. Os heróis são parte integrante das sagas, pois,
ladas por escrito; simbolizam a organização para o mundo, personi-
• Hábitos de pensamento, modelos mentais e/ou pa- ficam seus valores e condensam a força e coragem
radigmas linguísticos: as estruturas cognitivas com- organizacionais;
partilhadas que guiam as percepções, pensamentos • Estórias: narrativas baseadas em eventos reais que
e linguagem que são usadas pelos membros de um informam sobre a organização e reforçam o com-
grupo e são aprendidas pelos novos membros no portamento existente, enfatizando como esse com-
processo de socialização inicial; portamento se ajusta ao ambiente organizacional
• Significados compartilhados: o entendimento tácito desejado. Funcionam como mapas ou scripts que
que emerge quando os membros do grupo intera- auxiliam os indivíduos, a saber, como as coisas são
gem; feitas pelo grupo;
• Metáforas ou símbolos integrativos: as ideias, sen- • Tabus: assim como os valores, os tabus são aspectos
timentos e as imagens que os grupos desenvolvem que irrigam a vida grupal, no entanto, de forma mais
para se caracterizar. silenciada e escondida possível. Os tabus demarcam
áreas de proibições, orientando o comportamento
Esses elementos da cultura organizacional citados por com ênfase no não permitido, temas que causam
Schein (2001) são vistos como parte de um todo compar- constrangimentos e erros que envergonham;
tilhado que influencia nas relações e nos comportamentos
• Maringá Management: Revista de Ciências Empresa-
dos indivíduos. Ademais, torna-se importante elencar tais
riais, v. 10, n.2, - p. 07-23, jul./dez. 2013. 15 Por fim,
elementos com destaque, pois, eles representam partes que
assevera Freitas (2007) que as organizações são in-
quando integradas e compartilhadas formam a cultura de
trinsecamente fenômenos de comunicações, e seus
uma organização.
artefatos culturais estão ligados entre si e exercendo
Elementos da Cultura – Freitas (2007) influência sobre os indivíduos e os grupos integran-
tes do contexto organizacional.
Freitas (2007) afirma que a cultura organizacional é do-
tada de elementos que se relacionam e se interpõe em um • Normas: diz respeito aos procedimentos ou com-
todo que os rege. Segundo a autora, a descrição dos ele- portamentos considerados o padrão, a regra, para a
mentos que constituem a cultura organizacional e a forma maior parte das situações e eventos organizacionais.
como eles funcionam, provocam o entendimento dos movi- Podem ser vistas ainda como as regras que regem o
mentos e das situações provocadas e existentes no contexto comportamento esperado, aceito e sancionado pelo
organizacional. Os elementos citados por Freitas (2007) são grupo, podendo ser escritas ou não.
apresentados a seguir: A partir dos elementos apresentados por Freitas (2007),
• Valores: podem ser vistos como aquilo que é impor- torna-se possível retratar a dinâmica organizacional, pois,
tante para o sucesso da organização e devem ser conforme abordado pela autora, tais elementos tem como
considerados guias para o comportamento orga- foco principal tornar a cultura organizacional mais palpável
nizacional no dia-a-dia. A tarefa principal de admi- para estudos ou análises posteriores. Freitas (2007) acres-
nistradores e líderes estaria na modelagem, realce e centa ainda que as culturas são criadas, apoiadas, susten-
assimilação dos valores da organização, bem como tadas transmitidas e mudadas por meio das interações que
a transmissão desses valores aos demais membros; ocorrem nos ambientes organizacionais, via processos de
• Crenças e pressupostos: expressam aquilo que é tido modelagem, imitação, negociação, reprodução de estórias
como a verdade na organização. Uma verdade que ou socialização nos seus aspectos formais ou informais.
não é questionada nem discutida, uma verdade na- Por fim, assevera Freitas (2007) que as organizações são
tural; intrinsecamente fenômenos de comunicações, e seus arte-
fatos culturais estão ligados entre si e exercendo influência
• Ritos, rituais e cerimônias: são atividades planejadas
sobre os indivíduos e os grupos integrantes do contexto or-
que manifestam o lado concreto da cultura organi-
ganizacional.7
zacional que detém diversas funções, dentre as quais
Resumidamente temos então, que toda organização,
estão: comunicar a maneira como as pessoas devem
por mais simples que seja, possui uma cultura própria, onde
se comportar na organização, sinalizar sobre os pro-
manifesta em muitas variáveis seus valores, crenças, costu-
cedimentos executados, guiar o comportamento
mes, tradições e símbolos.
dos participantes sobre os valores básicos da orga-
O contrário ocorre quando alguns tipos de cultura pre-
nização;
judicam o desempenho da organização, que num ambiente
• Sagas e heróis: narrativas heroicas ou épicas que empresarial cada vez mais competitivo, aberto às mudanças
enaltecem o caminho percorrido pela organização internas e externas, fornece suporte para as organizações te-
enfatizando os grandes obstáculos encontrados que rem determinações estratégicas.
foram vencidos, tendo como função principal des-
pertar a admiração dos membros da organização e
suscitar o orgulho em fazer parte de algo tão espe-
7  Fonte: www.progep.org.br – Por Patrícia Rodrigues da Silva

31
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Sem a definição de valores, conscientização de crenças Identificação da cultura organizacional


e princípios, as organizações se tornam frágeis à resoluções A cultura compreende um conjunto de propriedades do
de problemas. É necessário, portanto, a participação e com- ambiente de trabalho, percebidas pelos empregados, cons-
prometimento das pessoas para se obter uma cultura trans- tituindo-se numa das forças importantes que influenciam o
parente e aberta. comportamento.
Chiavenato (1994, p.52) afirma que: Compreende além das normas formais, também o con-
“A cultura representa o ambiente de crenças e valores, junto de regras não escritas que condicionam as atitudes
costumes, tradições, conhecimentos e práticas de convívio so- tomadas pelas pessoas dentro da organização; por este mo-
cial e relacionamento entre as pessoas. A cultura significa o tivo, o processo de mudança é muito difícil, exigindo cuida-
comportamento convencionalizado e aceito pela sociedade e do e tempo. Para se obter uma mudança duradoura, não se
provoca enorme influência e condicionamento sobre todas as tenta mudar as pessoas, mas as restrições organizacionais
ações e comportamentos das pessoas. Sob um ponto de vista que operam sobre elas. A cultura da organização envolve
genérico, a cultura consiste de padrões explícitos e implícitos um conjunto de pressupostos psicossociais como normas,
de comportamentos adquiridos e transmitidos ao longo do valores, recompensas e poder, sendo atributo essencial à
tempo e que constituem uma característica própria de cada organização.
sociedade. Através da cultura, a sociedade impõe suas expec-
tativas e normas de conduta sobre os seus membros condi- Normas
cionando-os a se comportarem da maneira socialmente acei-
São padrões ou regras de conduta nos quais os mem-
tável aos seus padrões, crenças, valores, costumes e práticas
bros da organização se enquadram. A norma é um padrão
sociais.”
que as pessoas obedecem sem levar em conta o lado bom
As diferentes culturas existentes nas organizações con-
ou mau. As normas podem ser explícitas e as pessoas a elas
tribuem para as diversas alterações que possam sofrer o cli-
se adequam conscientemente, como por exemplo: manuais,
ma organizacional.
estatutos, regulamentos, etc. Podem as normas ser implícitas
Uma mudança ao nível da cultura tem maior complexi-
(subentendidas), como aquelas regras de conduta às quais
dade porque são enraizadas expressões próprias da orga-
as pessoas se conformam, mas não tem consciência. Quan-
nização e das pessoas das quais fazem parte este contexto,
to mais conformidade existir entre os dois tipos de normas,
ocorrendo resistência na aceitação de crenças comuns.
mais desenvolvida e eficaz será uma organização.
Wilkins & Patterson apud Freitas (1991, p.9) apresentam
outro conceito de cultura organizacional: “são conclusões Valores
que um grupo de pessoas têm a partir de suas experiências
e incluem: as práticas convencionais, os valores e os pressu- O conjunto daquilo que a força de trabalho julga posi-
postos”. tivo ou negativo numa organização constitui o sistema de
Outra definição muito clara é apresentada por Schein valores dela. Normas e valores interrelacionam-se, existindo,
apud Freitas (1991, p.7) que afirma: consequentemente, uma interdependência entre eles; os va-
“a cultura organizacional é o modelo dos pressupostos lores podem estar refletidos nas normas, mas pressupõem
básicos que determinado grupo tem inventado, descoberto ou se a norma é boa ou ruim, uma vez que há avaliação. Refle-
desenvolvido no processo de aprendizagem para lidar com os tem esses valores a sociedade onde se insere a organização.
problemas de adaptação externa e integração interna. Uma
vez que os pressupostos tenham funcionado bem o suficiente Recompensa
para serem considerados válidos, são ensinados aos demais Segundo um postulado das ciências do comportamen-
membros como a maneira correta para se perceber, se pensar to, “as pessoas se comportam como uma função daquilo
e sentir-se em relação àqueles problemas”. que recebem de recompensa ou reforço”. Portanto, é indis-
Do ponto de vista de Schein apud Fleury et al (1989), pensável, no desenvolvimento do trabalho, que os gerentes
se a organização como um todo vivenciou experiências co- identifiquem e laureiem os empregados de excepcional ren-
muns, pode existir uma forte cultura organizacional que pre- dimento servindo de estímulo aos que são menos dedica-
valeça sobre as várias subculturas das unidades. dos.
Ele atribui, no entanto, a maior importância ao papel dos
fundadores da organização no processo de moldar seus pa- Poder
drões culturais: os primeiros líderes, ao desenvolverem for- Quem tem poder na organização? Até que ponto esse
mas próprias de equacionar os problemas da organização, poder é distribuído? Qual o grau de centralização ou descen-
acabam por imprimir a sua visão de mundo aos demais e tralização da autoridade? Quem determina as recompensas?
também a sua visão do papel que a organização deve de- O entendimento desses quatro pressupostos à cultura da
sempenhar no mundo. organização é um ponto básico para o sucesso do diagnós-
Ao discutir técnicas possíveis de investigação dos fenô- tico organizacional, geralmente naquelas intervenções onde
menos culturais de uma organização, Schein confere grande se torna fundamental compreender como a organização
relevância às entrevistas com estes membros fundadores, funciona sob o ponto de vista do comportamento humano.
elementos chave da organização. Para decifrar a cultura de uma organização é preciso
aflorar seus pressupostos básicos. O padrão específico que

32
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

assumem estes pressupostos é denominado paradigma. Ao A. Estudar o ambiente físico, que embora irrelevante do
investigar estes pressupostos básicos, o pesquisador, segun- ponto de vista da condução dos negócios, comunica
do Fleury et al (1989), deve se perguntar sobre: o orgulho que as organizações têm de si próprias.
1. A relação com a natureza: a relação com o ambiente B. Ler o que a companhia fala de sua própria cultura: os
é de dominação, submissão, harmonia? relatórios, entrevistas e reportagens fornecem bons
indícios a respeito de como a organização se vê. Ou-
2. A natureza da realidade é de verdade: as regras de
tros indicadores são as repetições sobre seus valores
linguística e de comportamento que diferem o que é
e crenças, frases em particular, consistência nas di-
real e o que não é, se a “verdade” da organização é
versas opiniões de seus membros, etc;
revelada ou descoberta?
C. Testar como a companhia cumprimenta os estranhos
3. A natureza humana: a natureza humana é boa, má
à organização: formal ou informalmente, relaxado
ou neutra?
ou ocupado, elegante ou não descritível. A conversa
4. A natureza da atividade humana: o que é conside- com as recepcionistas é uma boa oportunidade de
rado “certo” para o ser humano fazer diante dos se testar/conhecer respostas ensaiadas, a partir das
pressupostos sobre o ambiente, sobre a realidade, quais se pode ter diversas indicações sobre o estilo
sobre a natureza humana: ser ativo, passivo, se auto cultural dominante;
desenvolver?
D. Entrevistar as pessoas da companhia sobre a histó-
5. A natureza das relações humanas: como é distribuí- ria, como foi seu começo, por que a companhia é
do o poder e o amor? A vida é cooperativa ou com- bem-sucedida, como explicar o seu crescimento, que
petitiva, individualista ou cooperativa, baseada na tipo de lugar é aquele para se trabalhar, como é um
autoridade, na tradição ou no carisma? dia médio de trabalho, como as coisas são feitas etc;
Estas dimensões se configuram como categorias teóri- E. Observar como as pessoas usam o seu tempo e
cas, derivadas do modelo técnico desenvolvido pelo autor. comparar o que dizem e o que fazem. O segundo
Em termos metodológicos, Schein apud Fleury et al (1989) aspecto sugerido é relacionado com as questões in-
propõe outras categorias para o processo de investigação ternas, tais como:
do universo cultural de uma organização: • entender o sistema de progressão de carreiras:
A. Analisar o teor e o processo de socialização dos no- o que faz um empregado ser promovido; como
vos membros; o sistema de recompensas avalia qualificações,
performances, tempo de serviço, lealdade, entre
B. Analisar as respostas a incidentes críticos da história outros;
da organização. Ao construir uma “biografia organi-
• quanto tempo as pessoas ficam em determinado
zacional” cuidadosa, a partir de documentos ou en-
cargo, particularmente na administração média;
trevistas, é possível identificar os principais períodos
de formação da cultura. Para cada crise ou incidente • atentar para o conteúdo dos discursos e memo-
identificado é preciso determinar o que foi feito, por randos;
que foi feito; e, finalmente, para inferir os pressupos- • particular atenção deve ser dada às anedotas e
tos subjacentes à organização seria preciso procurar estórias que circulam através da rede cultural.
os temas principais nos motivos alegados para to-
Alguns sintomas de males culturais podem estar pre-
mada de decisão;
sentes em: foco em questões internas, foco no curto prazo,
C. Analisar as crenças, valores e convicções dos cria- baixo moral do grupo, explosões emocionais, fragmentação
dores ou portadores da cultura. Ao desenhar a bio- e inconsistência (diferentes padrões de vestimenta, discur-
grafia dessas pessoas na organização, é preciso re- sos, diferentes ambientes físicos, diferentes hábitos de tra-
cuperar suas propostas, metas, sua visão do mundo balho e rituais).
e da organização, seu modo de agir e de avaliar os
Ainda, Shrivastava apud Freitas (1991), descreve a cultu-
resultados;
ra através de seus produtos, sugerindo a análise de quatro
D. Explorar e analisar junto a pessoas de dentro da categorias como um bom indicador de uma cultura. São elas:
organização as observações surpreendentes des-
1. mitos e sagas;
cobertas durante as entrevistas. Essa investigação
conjunta poderá auxiliar no processo de desvendar 2. sistema de linguagem e metáforas;
as premissas básicas e seu padrão de interação para
3. simbolismo, cerimônias e rituais;
formar o paradigma cultural;
4. sistema de valores e normas de comportamento.
O trabalho de Deal & Kennedy apud Freitas (1991) su-
gere dois tipos de análise. A primeira envolve aspectos que Os mitos e sagas refletem as interpretações compar-
podem ser vistos de fora que consistem em: tilhadas sobre eventos críticos ocorridos na organização.
Contêm o conhecimento do passado, descrito de maneira

33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

estilizada; eles expressam relacionamentos entre as variáveis Um plano de atuação na gestão do clima organizacio-
ambientais/organizacionais e as personalidades, mostrando nal que leve em consideração critérios baseados nos cola-
como as performances e as decisões são ligadas. Também boradores, como desempenho, avaliação, desenvolvimento,
são descritos os heróis e os vilões, os campos de batalha (re- integração entre outros, visando obter um bom clima de
uniões anuais, comitês departamentais), nos quais as guer- trabalho, influencia diretamente nos negócios e resultados
ras são travadas e as questões são resolvidas. de uma organização.
A cultura da organização é oralmente manifestada no Considerando-se que atualmente, com mudanças diver-
seu sistema de linguagem, nas metáforas e nos jargões usa- sas e profundas ocorridas nas formas de trabalho, além do
dos por seus membros para se comunicarem. As caracterís- capital, pessoas e instalações, o conhecimento e a informa-
ticas do sistema de linguagem variam de organização para ção, conforme Vale (1992) e De Geus (2004), são recursos
organização, deslocando a ênfase no subjetivo, qualitativo, importantes para as empresas. O segundo autor cita tam-
personalizado e vocabulário não padronizado para o técni- bém que as pessoas são portadoras do conhecimento, que
co, objetivo, científico, padronizado. As metáforas fornecem é a fonte de todas as vantagens competitivas. Com um clima
uma interpretação intuitiva dos eventos sociais na organi- organizacional satisfatório, as empresas conseguem gerar
zação, ligando-os a diferentes aspectos da realidade social condições diferenciadas de inovação e integração para seus
mais ampla. colaboradores, criando agilidade e rapidez de resposta em
Algumas organizações se valem de um linguajar seme- um mundo em forte mutação.8
lhante ao usado nas estratégias de guerra como: luta nas
batalhas competitivas, capturando fatias de mercado, recru-
tando e treinando, estratégias e táticas de ganhos de lucros 3 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E
etc. Outras organizações usam metáforas relacionadas com ORÇAMENTÁRIA
organismo: componentes do sistema de manutenção do
relacionamento com ambiente, crescimento e evolução da
organização.
Os símbolos, as cerimônias e rituais são usados para FINANÇAS PÚBLICAS:
expressar a especial significância e sentido de ideias espe-
É a terminologia que tem sido tradicionalmente aplicada
cíficas, eventos ou indivíduos. Símbolos como os logotipos
ao conjunto de problemas da política econômica que envol-
organizacionais, os hinos e as bandeiras significam compro-
ve o uso de medidas de tributação e de dispêndios públicos.
metimentos fundamentais e eternos da organização e au-
Esta expressão não é muito adequada, já que os problemas
xiliam a comunicar esses comprometimentos aos membros
básicos não são financeiros, mas tratam do uso dos recursos
da organização, bem como ao público em geral. Cerimônias
econômicos, da distribuição da renda e do nível de empre-
especiais, como distribuição de prêmios e honrarias, janta-
go.
res, reuniões anuais podem simbolicamente exprimir valores
Ainda que a política orçamentária seja uma parcela im-
e as prioridades organizacionais.
portante deste tema tão amplo, dificilmente ela poderia rei-
Os sistemas de valores refletem uma concepção racio-
vindicar uma participação exclusiva.
nalizada do que é considerado desejável pelos membros
Há muito tempo, economistas e filósofos sociais preo-
organizacionais. Eles influenciam as escolhas de objetivos e
cupavam-se com a equidade fiscal. Seus pensamentos gera-
estratégias, afetam as normas que regulam o comportamen-
ram duas teorias básicas:
to social Pode-se entender, portanto, que o clima de uma
organização pode ser influenciado e modificado devido às • dos “benefícios recebidos”; e
diferenças culturais e pela comunicação existente por parte • da “capacidade de pagamento”.
dos colaboradores e da própria empresa.
Diferentemente do clima meteorológico - que não se A teoria dos benefícios foi a primeira a ser desenvolvida
pode mudar - o clima organizacional depende apenas da e utilizada extensivamente. Com o advento do marginalis-
colaboração das pessoas e, com a colaboração de todos e mo – utilidade marginal aplicada na determinação do valor
uma atuação constante dos gestores nesse sentido, toda a e preço – o princípio da capacidade de pagamento evoluiu
organização - acionistas e funcionários – pode ficar cada vez considera­velmente.
melhor, inclusive com melhores resultados, não só financei- Boa parcela do nexo desses princípios é devida ao pró-
ros como também qualitativos. prio Adam Smith que, em “A Riqueza das Nações” (1776),
Os gestores são elementos de mudança, fator importan- estabeleceu que “os cidadãos de qualquer Estado devem
te para as organizações se ajustarem ao mercado obtendo contribuir para o suporte do Governo, tanto quanto possí-
competitividade. Com base no fato de que, segundo Ferreira vel, na proporção de sua capacidade, ou seja, da renda que
(2004), o sucesso da implantação das mudanças está assim usufruem sob a proteção do Estado”.
distribuído: 5% são relativos a hardware, 15% são relativos Smith reconheceu o princípio da progres­sividade na tri-
a software e 80% são dependentes das pessoas, um bom butação. Na mesma obra, estipula que “não é irrazoável que
clima organizacional atua diretamente sobre as pessoas e os ricos devam contribuir para a despesa pública, não ape-
contribui para a mudança das empresas modernas na con-
dução de seus negócios. 8  Fonte: www.aedb.br - Texto adaptado de Juliana Sevilha G de Oliveira/
Mauro Luiz Costa Campello

34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

nas na proporção de suas rendas, mas em algo mais do que Uma outra forma de alteração do valor real é através
essa proporção”. Esses três princípios – benefício, capacida- das margens de suplementação. Para garantir flexibilidade
de e progressividade – fornecem as bases para as discussões na execução do orçamento, normalmente são previstas ele-
correntes da equidade fiscal. vadas margens de suplementação, o que permite um uso
dos recursos que modifica profundamente as prioridades
estabelecidas. Com a indexação orçamentária mensal à in-
3.1 ORÇAMENTO PÚBLICO: flação real, consegue-se o grau necessário de flexibilidade
na execução orçamentária, sem permitir burlar o orçamento
através de elevadas margens de suplementação. Pode-se
A função do Orçamento é permitir que a sociedade restringir a margem a um máximo de 3%.
acompanhe o fluxo de recursos do Estado (receitas e des- Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É pre-
pesas). Para isto, o governo traduz o seu plano de ação em ciso apresentar as condições que permitiram os níveis pre-
forma de lei. Esta lei passa a representar seu compromisso vistos de entrada e dispêndio de recursos.
executivo com a sociedade que lhe delegou poder. No caso da receita, é importante destacar o nível de
O projeto de lei orçamentária é elaborado pelo Executi- evolução econômica, as melhorias realizadas no sistema ar-
vo, e submetido à apreciação do Legislativo, que pode rea- recadador, o nível de inadimplência, as alterações realizadas
lizar alterações no texto final. A partir daí, o Executivo deve na legislação, os mecanismos de cobrança adotados.
promover sua implementação de forma eficiente e econô- No caso da despesa, é importante destacar os principais
mica, dando transparência pública a esta implementação. custos unitários de serviços e obras, as taxas de juros e de-
Por isso o orçamento é um problema quando uma admi- mais encargos financeiros, a evolução do quadro de pessoal,
nistração tem dificuldades para conviver com a vontade do a política salarial e a política de pagamento de empréstimos
Legislativo e da sociedade: devido à sua força de lei, o orça- e de atrasados.
mento é um limite à sua ação. Os resultados que a simplificação do orçamento geram
Em sua expressão final, o orçamento é um extenso con- são, fundamentalmente, de natureza política. Ela permite
junto de valores agrupados por unidades orçamentárias, transformar um processo nebuloso e de difícil compreensão
funções, programas, atividades e projetos. Com a inflação, em um conjunto de atividades caracterizadas pela transpa-
os valores não são imediatamente compreensíveis, reque- rência.
rendo vários cálculos e o conhecimento de conceitos de ma- Como o orçamento passa a ser apresentado de forma
temática financeira para seu entendimento. Isso tudo dificul- mais simples e acessível, mais gente pode entender seu sig-
ta a compreensão do orçamento e a sociedade vê debilitada nificado. A sociedade passa a ter mais condições de fiscalizar
sua possibilidade de participar da elaboração, da aprovação, a execução orçamentária e, por extensão, as próprias ações
e, posteriormente, acompanhar a sua execução. do governo municipal. Se, juntamente com esta simplifica-
Pode-se melhorar a informação oferecida aos cidadãos ção, forem adotados instrumentos efetivos de intervenção
sem dificultar o entendimento, através da técnica chama- da população na sua elaboração e controle, a participação
da análise vertical, agrupando as receitas e despesas em popular terá maior eficácia.
conjuntos (atividade, grupo, função), destacando-se indivi- Os orçamentos sintéticos, ao apresentar o orçamento
dualmente aqueles que tenham participação significativa. É (ou partes dele, como o plano de obras e os orçamentos
apresentada a participação percentual dos valores destina- setoriais) de forma resumida, fornecem uma informação rá-
dos a cada item no total das despesas ou receitas. Em vez de pida e acessível.
comunicar um conjunto de números de difícil entendimen- A análise vertical permite compreender o que de fato
to ou valores sem base de comparação, é possível divulgar influencia a receita e para onde se destinam os recursos, sem
informações do tipo “a prefeitura vai gastar 15% dos seus a “poluição numérica” de dezenas de rubricas de baixo valor.
recursos com pavimentação”, por exemplo. Funciona como um demonstrativo de origens e aplicações
Uma outra análise que pode ser realizada é a análise ho- dos recursos da prefeitura, permitindo identificar com clare-
rizontal do orçamento. Esta técnica compara os valores do za o grau de dependência do governo de recursos próprios
orçamento com os valores correspondentes nos orçamentos e de terceiros, a importância relativa das principais despesas,
anteriores (expressos em valores reais, atualizados moneta- através do esclarecimento da proporção dos recursos des-
riamente, ou em moeda forte). tinada ao pagamento do serviço de terceiros, dos materiais
Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser de consumo, encargos financeiros, obras, etc.
aplicados na apresentação dos resultados da execução orça- A análise horizontal facilita as comparações com gover-
mentária (ou seja, do cumprimento do orçamento), confron- nos e anos anteriores.
tando o previsto com o realizado em cada período e para A evidenciação das premissas desnuda o orçamento
cada rubrica. Deve-se apresentar, também, qual a porcen- ao público, trazendo possibilidades de comparação. Permi-
tagem já recebida das receitas e a porcentagem já realizada te perguntas do tipo: “por que a prefeitura vai pagar x por
das despesas. este serviço, se o seu preço de mercado é metade de x ?”.
É fundamental que a peça orçamentária seja convertida Contribui para esclarecer os motivos de ineficiência da pre-
em valores constantes, permitindo avaliar o montante real feitura nas suas atividades-meio e na execução das políticas
de recursos envolvidos. públicas.

35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Apesar dos muitos avanços alcançados na gestão das senvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência, permitindo
contas públicas no Brasil, a sociedade ainda não se desfez às normas orçamentárias adquirirem crescente eficácia.
da sensação de caixa preta quando se trata de acompanhar Assim, os princípios, sendo enunciados em sua totalida-
as contas públicas. de de maneira genérica que quase sempre se expressam em
A gestão das contas públicas brasileiras passou por me- linguagem constitucional ou legal, estão entre os valores e
lhorias institucionais tão expressivas que é possível falar-se as normas na escala da concretização do direito e com eles
de uma verdadeira revolução. Mudanças relevantes abran- não se confundem.
geram os processos e ferramentas de trabalho, a organiza- Os princípios representam o primeiro estágio de concre-
ção institucional, a constituição e capacitação de quadros de tização dos valores jurídicos a que se vinculam. A justiça e a
servidores, a reformulação do arcabouço legal e normativo e segurança jurídica começam a adquirir concretitude norma-
a melhoria do relacionamento com a sociedade, em âmbito tiva e ganham expressão escrita.
federal, estadual e municipal. Mas os princípios ainda comportam grau elevado de
Os diferentes atores que participam da gestão das fi- abstração e indeterminação.
nanças públicas tiveram suas funções redefinidas, amplian- Os princípios financeiros são dotados de eficácia, isto é,
do-se as prerrogativas do Poder Legislativo na condução do produzem efeitos e vinculam a eficácia principiológica, con-
processo decisório pertinente à priorização do gasto e à alo- ducente à normativa plena, e não a eficácia própria da regra
cação da despesa. Esse processo se efetivou fundamental- concreta, atributiva de direitos e obrigações.
mente pela unificação dos orçamentos do Governo Federal, Assim, os princípios não se colocam, pois, além ou acima
antes constituído pelo orçamento da União, pelo orçamento do Direito (ou do próprio Direito positivo); também eles -
monetário e pelo orçamento da previdência social. numa visão ampla, superadora de concepções positivistas,
Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, em processo literalista e absolutizantes das fontes legais - fazem parte do
em que foram redefinidas as funções do Banco do Brasil, do complexo ordenamental.
Banco Central e do Tesouro Nacional. Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão-so-
Consolidou-se a visão de que o horizonte do planeja- mente aos preceitos; as normas jurídicas é que se dividem
mento deve compreender a elaboração de um Plano Pluria- em normas-princípios e normas-disposições.
nual (PPA) e, a cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamentárias Resultado da experiência histórica da gestão dos recur-
(LDO) que por sua vez deve preceder a elaboração da Lei sos públicos, os princípios orçamentários foram sendo de-
Orçamentária Anual (LOA). senvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência, permitindo
Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal, re- às normas orçamentárias adquirirem crescente eficácia, ou
conhecendo-se que os resultados fiscais e, por consequên- seja, que produzissem o efeito desejado, tivessem efetivida-
cia, os níveis de endividamento do Estado, não podem ficar de social, e fossem realmente observadas pelos receptores
ao sabor do acaso, mas devem decorrer de atividade plane- da norma, em especial o agente público.
jada, consubstanciada na fixação de metas fiscais. Os pro- Como princípios informadores do direito - e são na ver-
cessos orçamentário e de planejamento, seguindo a tendên- dade as ideias centrais do sistema dando-lhe sentido lógico
cia mundial, evoluíram das bases do orçamento-programa - foram sendo, gradativa e cumulativamente, incorporados
para a incorporação do conceito de resultados finalísticos, ao sistema normativo.
em que os recursos arrecadados devem retornar à socieda- Os princípios orçamentários, portanto, projetam efeitos
de na forma de bens e serviços que transformem positiva- sobre a criação - subsidiando o processo legislativo -, a inte-
mente sua realidade. gração - possibilitando a colmatagem das lacunas existentes
A transparência dos gastos públicos tornou-se possível no ordenamento - e a interpretação do direito orçamentário,
graças à introdução de modernos recursos tecnológicos, auxiliando no exercício da função jurisdicional ao permitir a
propiciando registros contábeis mais ágeis e plenamente aplicação da norma a situação não regulada especificamen-
confiáveis. A execução orçamentária e financeira passou a te.
contar com facilidades operacionais e melhores mecanis- Alguns desses princípios foram adotados em certo mo-
mos de controle. Por consequência, a atuação dos órgãos mento por condizerem com as necessidades da época e
de controle tornou-se mais eficaz, com a adoção de novo posteriormente abandonados, ou pelo menos transforma-
instrumental de trabalho, como a introdução do SIAFI e da dos, relativizados, ou mesmo mitigados, e o que ocorreu
conta única do Tesouro Nacional, acompanhados de diver- com o princípio do equilíbrio orçamentário, tão precioso ao
sos outros aperfeiçoamentos de ferramentas de gestão. estado liberal do século XIX, e que foi em parte relativizado
com o advento do estado do bem estar social no período
pós guerra.
3.2 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS Nos anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o
princípio do equilíbrio orçamentário foi revigorado e dada
nova roupagem em face dos crescentes déficits estruturais
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PRINCÍPIOS advindos da dificuldade do Estado em financiar os extensos
ORÇAMENTÁRIOS CONSTITUCIONAIS programas de segurança social e de alavancagem do desen-
volvimento econômico.
Resultado da experiência histórica da gestão dos recur- Nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sem-
sos públicos, os princípios orçamentários foram sendo de- pre deram tratamento privilegiado à matéria orçamentária.

36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

De maneira crescente, foram sendo incorporados novos proibição da concessão de créditos ilimitados e a introdu-
princípios orçamentários às várias cartas constitucionais re- ção do princípio constitucional da exclusividade, ao inserir-
guladoras do Estado brasileiro. -se preceito prevendo: “Art. 34. § 1º As leis de orçamento
Instaura-se a ordem constitucional soberana em nosso não podem conter disposições estranhas à previsão da
Império, e a Carta de 1824, em seus arts.171 e 172, institui receita e à despesa fixada para os serviços anteriormen-
as primeiras normas sobre o orçamento público no Brasil . te criados. Não se incluem nessa proibição: a) a auto-
Estatui-se a reserva de lei - a aprovação da peça orça- rização para abertura de créditos suplementares e para
mentária deve observar regular processo legislativo - e a operações de crédito como antecipação da receita; b) a
reserva de parlamento - a competência para a aprovação determinação do destino a dar ao saldo do exercício ou
é privativa do Poder Legislativo, sujeita à sanção do Poder do modo de cobrir o deficit.”
Executivo - para a aprovação do orçamento. O princípio da exclusividade, ou da pureza orçamen-
Insere-se o princípio da anualidade, ou temporalida- tária, limita o conteúdo da lei orçamentária, impedindo que
de- significa que a autorização legislativa do gasto deve ser nela se pretendam incluir normas pertencentes a outros
renovada a cada exercício financeiro - o orçamento era para campos jurídicos, como forma de se tirar proveito de um
viger por um ano e sua elaboração competência do Ministro processo legislativo mais rápido, as denominadas “caudas
da Fazenda, cabendo à Assembleia-Geral - Câmara dos De- orçamentárias”, tackings dos ingleses, os riders dos norte-
putados e Senado - sua discussão e aprovação. -americanos, ou os Bepackungen dos alemães, ou ainda os
Pari passu com a inserção da anualidade, fixa-se o prin- cavaliers budgetaires dos franceses. Prática essa denomina-
cípio da legalidade da despesa - advindo do princípio geral da por Epitácio Pessoa em 1922 de “verdadeira calamidade
da submissão da Administração à lei, a despesa pública deve nacional”. No dizer de Ruy Barbosa, eram os “orçamentos ra-
ter prévia autorização legal. Entretanto, no período de 1822 bilongos”, que introduziram o registro de hipotecas no Brasil
a 1829, o Brasil somente teve orçamentos para a Corte e a e até a alteração no processo de desquite propiciaram. Essa
Província do Rio de Janeiro, não sendo observado o prin- foi a primeira inserção deste princípio em textos constitu-
cípio da universalidade - o orçamento deve conter todas cionais brasileiros, já na sua formulação clássica, segundo a
as receitas e despesas da entidade, de qualquer natureza, qual a lei orçamentária não deveria conter matéria estranha
procedência ou destino, inclusive a dos fundos, dos emprés- à previsão da receita e à fixação da despesa, ressalvadas: a
timos e dos subsídios. autorização para abertura de créditos suplementares e para
O primeiro orçamento geral do Império somente seria operações de crédito como antecipação de receita; e a de-
aprovado oito anos após a Independência, pelo Decreto Le- terminação do destino a dar ao saldo do exercício ou do
gislativo de 15.12.1830, referente ao exercício 1831-32. modo de cobrir o déficit.
Este orçamento continha normas relativas à elaboração O princípio da exclusividade sofreu duas modificações
dos orçamentos futuros, aos balanços, à instituição de co- na Constituição de 1988. Na primeira, não mais se autoriza a
missões parlamentares para o exame de qualquer repartição inclusão na lei orçamentária de normas sobre o destino a dar
pública e à obrigatoriedade de os ministros de Estado apre- ao saldo do exercício como o fazia a Constituição de 1967.
sentarem relatórios impressos sobre o estado dos negócios Na segunda, podem ser autorizadas quaisquer opera-
a cargo das respectivas pastas e a utilização das verbas sob ções de crédito, por antecipação de receita ou não.
sua responsabilidade. A mudança refletiu um aprimoramento da técnica or-
A reforma na Constituição imperial de 1824, emendada çamentária, com o advento principalmente da Lei 4.320, de
pela Lei de 12.08.1834, regulou o funcionamento das assem- 1964, que regulou a utilização dos saldos financeiros apura-
bleias legislativas provinciais definindo-lhes a competência dos no exercício anterior pelo Tesouro ou entidades autár-
na fixação das receitas e despesas municipais e provinciais, quicas e classificou como receita do orçamento o produto
bem como regrando a repartição entre os municípios e a sua das operações de crédito.
fiscalização. A Constituição de 1934 restaurou, no plano constitu-
A Constituição republicana de 1891 introduziu profun- cional, a competência do Poder Executivo para elaboração
das alterações no processo orçamentário. A elaboração do da proposta, que passou à responsabilidade direta do Presi-
orçamento passou à competência privativa do Congresso dente da República. Cabia ao Legislativo a análise e votação
Nacional. do orçamento, que podia, inclusive, ser emendado.
Embora a Câmara dos Deputados tenha assumido a Além disso, a Constituição de 1934, como já mencio-
responsabilidade pela elaboração do orçamento, a iniciati- nado anteriormente, estabelecia que a despesa deveria ser
va sempre partiu do gabinete do ministro da Fazenda que, discriminada, obedecendo, pelo menos a parte variável, a
mediante entendimentos reservados e extraoficiais, orienta- rigorosa especialização.
va a comissão parlamentar de finanças na confecção da lei Trata-se do princípio da especificação, ou especialida-
orçamentária. de, ou ainda, da discriminação da despesa, que se confunde
A experiência orçamentária da República Velha revelou- com a própria questão da legalidade da despesa pública e
-se inadequada. Os parlamentos, em toda parte, são mais é a razão de ser da lei orçamentária, prescrevendo que a
sensíveis à criação de despesas do que ao controle do déficit. autorização legislativa se refira a despesas específicas e não
A reforma Constitucional de 1926 tratou de eliminar as a dotações globais.
distorções observadas no orçamento da República. Buscou-
-se, para tanto, promover duas alterações significativas: a

37
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

O princípio da especialidade abrange tanto o aspecto ração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
qualitativo dos créditos orçamentários quanto o quantitati- Estados, dos Municípios e do Distrito Federal”.
vo, vedando a concessão de créditos ilimitados. Verdadeiro estatuto das finanças públicas, levando mais
Tal princípio só veio a ser expresso na Constituição de de dez anos sua tramitação legislativa, tal lei incorporou im-
1934, encerrando a explicitação da finalidade e da natureza portantes avanços em termos de técnica orçamentária, in-
da despesa e dando efetividade à indicação do limite preciso clusive com a introdução da técnica do orçamento-progra-
do gasto, ou seja, a dotação. ma a nível federal. A Lei 4.320/64, art. 15, estabeleceu que a
Norma no sentido da limitação dos créditos orçamentá- despesa fosse discriminada no mínimo por elementos.
rios permaneceu em todas as constituições subseqüentes à A Constituição de 1967 registrou pela primeira vez em
reforma de 1926, com a exceção da Super lei de 1937. um texto constitucional o princípio do equilíbrio orçamen-
O princípio da especificação tem profunda significância tário. O axioma clássico de boa administração para as finan-
para a eficácia da lei orçamentária, determinando a fixação ças públicas perdeu seu caráter absoluto, tendo sido aban-
do montante dos gastos, proibindo a concessão de créditos donado pela doutrina o equilíbrio geral e formal, embora
ilimitados, que na Constituição de 1988, como nas demais não se deixe de postular a busca de um equilíbrio dinâmico.
anteriores, encontra-se expresso no texto constitucional, art. Inserem-se neste contexto as normas que limitam os gastos
167, VII (art. 62, § 1º, “b”, na de 1969 e art. 75 na de 1946). com pessoal, acolhidas nas Constituições de 67 e de 88 (CF
Pode ser também de caráter qualitativo, vedando a art. 169) e a vedação à realização de operações de créditos
transposição, remanejamento ou a transferência de recursos que excedam o montante das despesas de capital (CF art.
de uma categoria de programação para outra ou de um ór- 167, III).
gão para outro, como hoje dispõe o art. 167, VI (art. 62, §1º, Hoje não mais se busca o equilíbrio orçamentário for-
“a”, na de 1969 e art. 75 na de 1946). mal, mas sim o equilíbrio amplo das finanças públicas.
Ou, finalmente pode o princípio referir-se ao aspecto O grande princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal é
temporal, limitando a vigência dos créditos especiais e ex- o princípio do equilíbrio fiscal. Esse princípio é mais amplo e
traordinários ao exercício financeiro em que forem autori- transcende o mero equilíbrio orçamentário. Equilíbrio fiscal
zados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos significa que o Estado deverá pautar sua gestão pelo equi-
últimos quatro meses daquele exercício, caso em que rea- líbrio entre receitas e despesa. Dessa forma, toda vez que
bertos nos limites dos seus saldos, serão incorporados ao ações ou fatos venham a desviar a gestão da equalização,
orçamento do exercício financeiro subseqüente, ex vi do medidas devem ser tomadas para que a trajetória de equilí-
atual art. 167, § 2º (art. 62, § 4º, na de 1969 e sem previsão brio seja retomada.
na de 1946). Os princípios da unidade e da universalidade também
Exceção a este princípio basilar foi a Constituição de sofreriam alterações na Constituição de 1967. Esses princí-
1937, que previa a aprovação pelo Legislativo de verbas pios são complementares: todas as receitas e todas as des-
globais por órgãos e entidades. A elaboração do orçamen- pesas de todos os Poderes, órgãos e entidades devem estar
to continuava sendo de responsabilidade do Poder Execu- consignadas num único documento, numa única conta, de
tivo - agora a cargo de um departamento administrativo a modo a evidenciar a completa situação fiscal para o período.
ser criado junto à Presidência da República - e seu exame e A partir de 1967, a Constituição deixou de consignar
aprovação seria da competência da Câmara dos Deputados expressamente o mandamento de que o orçamento seria
e do Conselho Fiscal. Durante o Estado Novo, entretanto, uno, inserto no texto constitucional desde 1934. Coinciden-
nem mesmo essa prerrogativa chegou a ser exercida, uma temente, foi nessa Constituição que, ao lado do orçamento
vez que as casas legislativas não foram instaladas e os orça- anual, se introduziu o orçamento plurianual de investimen-
mentos do período 1938-45 terminaram sendo elaborados tos. Desta maneira, introduziu-se um novo princípio cons-
e aprovados pelo Presidente da República, com o assesso- titucional-orçamentário, o da programação - a programa-
ramento do recém criado Departamento Administrativo do ção constante da lei orçamentária relativa aos projetos com
Serviço Público-DASP. duração superior ao exercício financeiro devem observar o
O período do Estado Novo marca de forma indelével a planejamento de médio e longo prazo constante de outras
ausência do estado de direito, demonstrando cabalmente a normas preordenadoras. Sem ferir o princípio da unidade,
importância da existência de uma lei orçamentária, sobera- por se tratar de instrumento de planejamento, complemen-
namente aprovada pelo Parlamento, para a manutenção da tar à autorização para a despesa contida na lei orçamentá-
equipotência dos poderes constituídos, esteio da democra- ria anual, ou o princípio da universalidade, que diz respeito
cia. unicamente ao orçamento anual, veio propiciar uma ligação
A Constituição de 1946 reafirmaria a competência do entre o planejamento de médio e longo prazo com a orça-
Poder Executivo quanto à elaboração da proposta orçamen- mentação anual. O Orçamento Plurianual de Investimentos
tária, mas devolveria ao Poder Legislativo suas prerrogativas - OPI não chegou a ter eficácia, não encontrando abrigo na
quanto à análise e aprovação do orçamento, inclusive emen- Constituição de 1988, que estabeleceu, ao invés, um plano
das à proposta do governo. plurianual (PPA).
Manteria, também, intactos os princípios orçamentários Não obstante o fato das Constituições e normas a ela
até então consagrados. Sob a égide da Constituição de 1946 inferiores alardearem os princípios da universalidade e uni-
foi aprovada e sancionada a Lei nº 4.320, de 17.03.64, esta- dade orçamentária, na prática, até meados dos anos oitenta,
tuindo “Normas Gerais de Direito Financeiro para a elabo- parcela considerável dos dispêndios da União não passavam

38
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

pelo Orçamento Geral da União - OGU. O orçamento dis- A emenda constitucional revisional nº 1, de 1994, ao
cutido e aprovado pelo Congresso Nacional não incluía os criar o Fundo Social de Emergência-FSE e desvincular, ainda
encargos da dívida mobiliária federal, os gastos com subsí- que somente para os exercícios financeiros de 1994 e 1995,
dios e praticamente a totalidade das operações de crédito 20% dos impostos e contribuições da União, demonstrou a
de responsabilidade do Tesouro, como fundos e programas. necessidade de se permitir a flexibilidade na alocação dos
Tais despesas eram realizadas autonomamente pelo Banco recursos na elaboração e execução orçamentária.
Central e Banco do Brasil por intermédio do denominado A Constituição de 1988 inovou em termos de constitu-
“Orçamento Monetário-OM” E “Conta-movimento”, respec- cionalização de princípios regentes dos atos administrativos
tivamente. Ainda tinha-se o Orçamento-SEST, que consistia em geral e aplicando-os à matéria orçamentária, elevando a
no orçamento de investimento das empresas públicas, de nível constitucional os princípios da clareza e da publicida-
economia mista, suas subsidiárias e controladas direta ou de, a exemplo do previsto no art. 165, § 6º - que determina
indiretamente pela União. que o projeto da lei orçamentária venha acompanhado de
Todos estes documentos eram aprovados exclusiva- demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e
mente pelo Presidente da República. Somente a partir de despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões, sub-
1984, com a gradativa inclusão no OGU do OM, extinção da sídios e benefícios de natureza financeira, tributária e credi-
“conta-movimento” no Banco do Brasil e de outras medidas tícia - e no art. 165, §3º - que estipula a publicação bimes-
administrativas, coroadas pela promulgação da carta consti- tralmente de relatório resumido da execução orçamentária.
tucional de 1988, passou-se a dar efetividade ao princípio da
unidade e universalidade orçamentária. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
A aplicação do princípio da unidade foi elastecido na
Constituição de 1988, embora o art. 165 § 5º diga “A lei or- Os princípios orçamentários básicos para a elaboração,
çamentária anual compreenderá”, porquanto deixou de fora execução e controle do orçamento público, válidos para to-
do orçamento fiscal as ações de saúde e assistência social, dos os poderes e nos três níveis de governo, estão definidos
tipicamente financiadas com os recursos ordinários do Te- na Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 4.320/1964, que
souro, para compor com elas um orçamento distinto, em estatui normas gerais de direito financeiro, aplicadas à ela-
relação promíscua com as prestações da Previdência Social. boração e ao controle dos orçamentos.
Esta última sim, e somente esta, merecedora de trata-
mento em documento separado, observadas em seu âmbito Princípio Orçamentário da Unidade
a unidade e a universalidade, já que se trata de um sistema De acordo com este princípio previsto no artigo 2º da
distinto de prestações e contraprestações de caráter conti- Lei nº 4.320/1964, cada ente da federação (União, Estado ou
nuado, que deve manter um equilíbrio econômico- financei- Município) deve possuir apenas um orçamento, estruturado
ro autossustentado. de maneira uniforme. 
Outra inovação da Constituição de 1988 foi o orçamen- Tal princípio é reforçado pelo princípio da “unidade de
to de investimentos das empresas estatais. Não há aqui, en- caixa”, previsto no artigo 56 da referida Lei, segundo o qual
tretanto, quebra da unidade orçamentária, uma vez que se todas as receitas e despesas convergem para um fundo ge-
trata, obviamente, de um segmento nitidamente distinto do ral (conta única), a fim de se evitar as vinculações de certos
orçamento fiscal, a não ser no que se refere àquelas unida- fundos a fins específicos.
des empresariais dependentes de recursos do Tesouro para O objetivo é apresentar todas as receitas e despesas
sua manutenção, caso em que devem ser incluídas integral- numa só conta, a fim de confrontar os totais e apurar o re-
mente no orçamento fiscal, como vem ocorrendo por força sultado: equilíbrio, déficit ou superávit. Atualmente, o pro-
de disposições contidas na últimas LDOs. cesso de integração planejamento-orçamento tornou o or-
A adoção do Orçamento de Investimento nas empresas çamento necessariamente multi-documental, em virtude da
nas quais a União, direta ou indiretamente, detenha a maio- aprovação, por leis diferentes, de vários documentos (Plano
ria do capital com direito a voto, nos termos do art. 165, § Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei
5º, correspondeu a um avanço na aplicação do princípio da Orçamentária Anual – LOA), uns de planejamento e outros
universalidade dos gastos, ainda que excluídos os dispên- de orçamento e programas. Em que pese tais documentos
dios relativos à manutenção destas entidades. serem distintos, inclusive com datas de encaminhamento
O princípio da não afetação de receitas determina diferentes para aprovação pelo Poder Legislativo, devem,
que essas não sejam previamente vinculadas a determina- obrigatoriamente ser compatibilizados entre si, conforme
das despesas, a fim de que estejam livres para sua alocação definido na própria Constituição Federal. 
racional, no momento oportuno, conforme as prioridades O modelo orçamentário adotado a partir da Constitui-
públicas. ção Federal de 1988, com base no § 5º do artigo165 da CF 88
A Constituição de 1967 o adotou, relativamente aos tri- consiste em elaborar orçamento único, desmembrado em:
butos, ressalvados os impostos únicos e o disposto na pró- Orçamento Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento
pria Constituição e em leis complementares. da Empresas Estatais, para melhor visibilidade dos progra-
A Carta de 1988, por sua vez, restringe a aplicação do mas do governo em cada área. O artigo 165 da Constituição
princípio aos impostos, observadas as exceções indicadas na Federal define em seu parágrafo 5º o que deverá constar em
Constituição e somente nesta, não permitindo sua amplia- cada desdobramento do orçamento: 
ção mediante lei complementar.

39
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

“§ 5º –A lei orçamentária anual compreenderá:  tuição Federal, estabelece que a Lei Orçamentária Anual não
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixa-
seus fundos, órgãos e entidades da administração dire- ção da despesa, não se incluindo na proibição a autorização
ta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas para abertura de créditos suplementares e a contratação de
pelo Poder Público;  operações de crédito, inclusive por antecipação de receita
II – o orçamento de investimento das empresas em orçamentária (ARO), nos termos da lei. As leis de créditos
que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria adicionais também devem observar esse princípio. 
do capital social com direito a voto; 
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo Princípio Orçamentário do Equilíbrio
todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da adminis- Esse princípio estabelece que o montante da despesa
tração direta ou indireta, bem como os fundos e funda- autorizada em cada exercício financeiro não poderá ser su-
ções instituídos e mantidos pelo Poder Público.” perior ao total de receitas estimadas para o mesmo perío-
do. Havendo reestimativa de receitas com base no excesso
Princípio Orçamentário da Universalidade de arrecadação e na observação da tendência do exercício,
Segundo os artigos 3º e 4º da Lei nº 4.320/1964, a Lei pode ocorrer solicitação de crédito adicional. Nesse caso,
Orçamentária deverá conter todas as receitas e despesas. para fins de atualização da previsão, devem ser considera-
Isso possibilita controle parlamentar sobre todos os ingres- dos apenas os valores utilizados para a abertura de crédito
sos e dispêndios administrados pelo ente público.  adicional. 
Conforme o caput do artigo 3º da Lei nº 4.320/1964, a
“Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusi-
receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas ve as de operações de crédito autorizadas em lei.
em lei.  Assim, o equilíbrio orçamentário pode ser obtido por
Parágrafo único. Não se consideram para os fins meio de operações de crédito. Entretanto, conforme estabe-
deste artigo as operações de crédito por antecipação da lece o artigo 167, III, da Constituição Federal é vedada a rea-
receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas lização de operações de crédito que excedam o montante
compensatórias, no ativo e passivo financeiros.  das despesas de capital, dispositivo conhecido como “regra
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as de ouro”. De acordo com esta regra, cada unidade governa-
despesas próprias dos órgãos do Governo e da adminis- mental deve manter o seu endividamento vinculado à rea-
tração centralizada, ou que, por intermédio deles se de- lização de investimentos e não à manutenção da máquina
vam realizar, observado o disposto no artigo 2°.” administrativa e demais serviços. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal também estabelece re-
 Tal princípio complementa-se pela “regra do orçamento gras limitando o endividamento dos entes federados, nos
bruto”, definida no artigo 6º da Lei nº4.320/1964: artigos 34 a 37:

“Art. 6º.Todas as receitas e despesas constarão da lei “ Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títu-
de orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer de- los da dívida pública a partir de dois anos após a publi-
duções.” cação desta Lei Complementar.

Princípio Orçamentário da Anualidade ou Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito


Periodicidade entre um ente da Federação, diretamente ou por inter-
O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um médio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal
determinado período de tempo, geralmente um ano. No dependente, e outro, inclusive suas entidades da admi-
Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano civil, confor- nistração indireta, ainda que sob a forma de novação,
me dispõe o artigo 34 da Lei nº 4320/1964:  refinanciamento ou postergação de dívida contraída an-
teriormente.
“Art. 34.O exercício financeiro coincidirá com o ano § 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput
civil.” as operações entre instituição financeira estatal e outro
ente da Federação, inclusive suas entidades da adminis-
 Observa-se, entretanto, que os créditos especiais e ex- tração indireta, que não se destinem a:
traordinários autorizados nos últimos quatro meses do exer- I – financiar, direta ou indiretamente, despesas cor-
cício podem ser reabertos, se necessário, e, neste caso, serão rentes;
incorporados ao orçamento do exercício subseqüente, con- II – refinanciar dívidas não contraídas junto à pró-
forme estabelecido no § 3º do artigo 167 da Carta Magna.  pria instituição concedente.
§ 2º O disposto no caput não impede Estados e Muni-
Princípio Orçamentário da Exclusividade cípios de comprar títulos da dívida da União como apli-
Tal princípio tem por objetivo impedir a prática, muito cação de suas disponibilidades.
comum no passado, da inclusão de dispositivos de natureza
diversa de matéria orçamentária, ou seja, previsão da receita
e fixação da despesa. Previsto no artigo 165, § 8º da Consti-

40
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma celas discriminadas e não pelo seu valor global, facilitando o
instituição financeira estatal e o ente da Federação que acompanhamento e o controle do gasto público. Esse prin-
a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. cípio está previsto no artigo 5º da Lei nº 4.320/1964: 
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe ins-
tituição financeira controlada de adquirir, no mercado,- “Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações
títulos da dívida pública para atender investimento de globais destinadas a atender indiferentemente a despe-
seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União sas de pessoal, material, serviços de terceiros, transfe-
para aplicação de recursos próprios. rências ou quaisquer outras [...]”

Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão  O princípio da especificação confere maior transparên-
vedados: cia ao processo orçamentário, possibilitando a fiscalização
I – captação de recursos a título de antecipação de re- parlamentar, dos órgãos de controle e da sociedade, inibin-
ceita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda do o excesso de flexibilidade na alocação dos recursos pelo
não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7 o do poder executivo. Além disso, facilita o processo de padroni-
art. 150 da Constituição; zação e elaboração dos orçamentos, bem como o processo
II – recebimento antecipado de valores de empresa de consolidação de contas. 
em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamen-
te, a maioria do capital social com direito a voto, salvo Princípio Orçamentário da Não-Afetação da Receita
lucros e dividendos, na forma da legislação; Tal princípio encontra-se consagrado, como regra geral,
III – assunção direta de compromisso, confissão de no inciso IV, do artigo 167, da Constituição Federal de 1988,
dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de quando veda a vinculação de receita de impostos a órgão,
bens,mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite fundo ou despesa: 
ou aval de título de crédito, não se aplicando esta veda-
ção a empresas estatais dependentes; “Art. 167. São vedados: [...] 
IV – assunção de obrigação, sem autorização orça- IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fun-
mentária, com fornecedores para pagamento a posterio- do ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da
ri de bens e serviços.” arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158
e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços
Princípio Orçamentário da Legalidade públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento
Tem o mesmo fundamento do princípio da legalidade do ensino e para realização de atividades da administra-
aplicado à administração pública, segundo o qual cabe ao ção tributária, como determinado, respectivamente, pe-
Poder Público fazer ou deixar de fazer somente aquilo que los arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garan-
a lei expressamente autorizar, ou seja, se subordina aos di- tias às operações de crédito por antecipação de receita,
tames da lei. previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º
A Constituição Federal de 1988, no artigo 37 estabelece deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional
os princípios da administração pública, dentre os quais o da nº 42, de 19.12.2003); [...] 
legalidade e, no seu art. 165 estabelece a necessidade de § 4º É permitida a vinculação de receitas próprias ge-
formalização legal das leis orçamentárias: radas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156,
e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a
“ Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo es- e b, e II, para a prestação de garantia ou contra garantia
tabelecerão: à União e para pagamento de débitos para com esta. (In-
I – o plano plurianual; cluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993).”
II – as diretrizes orçamentárias;
III – os orçamentos anuais.”  As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição
e estão relacionadas à repartição do produto da arrecadação
dos impostos (Fundos de Participação dos Estados – FPE e
Princípio Orçamentário da Publicidade dos Municípios – FPM e Fundos de Desenvolvimento das
O princípio da publicidade está previsto no artigo 37 da Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste), à destinação de
Constituição Federal e também se aplica às peças orçamen- recursos para as áreas de saúde e educação, além do ofere-
tárias. Justifica-se especialmente no fato de o orçamento cimento de garantias às operações de crédito por antecipa-
ser fixado em lei, e esta, para criar, modificar, extinguir ou ção de receitas.
condicionar direitos e deveres, obrigando a todos, há que Trata-se de medida de bom-senso, uma vez que possi-
ser publicada.Portanto, o conteúdo orçamentário deve ser bilita ao administrador público dispor dos recursos de forma
divulgado nos veículos oficiais para que tenha validade.  mais flexível para o atendimento de despesas em programas
prioritários. 
Princípio Orçamentário da Especificação ou No âmbito federal, a Constituição reforça a não-vincu-
Especialização lação das receitas por meio do artigo 76 do Ato das Dispo-
Segundo este princípio, as receitas e despesas orçamen- sições Constitucionais Transitórias – ADCT, ao criar a “Des-
tárias devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em par- vinculação das Receitas da União – DRU”, abaixo transcrito:

41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

“Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, III) disposições sobre apresentação e apreciação de
até 31 de dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da emendas individuais e coletivas.
arrecadação da União de impostos, contribuições sociais Além disso, o parecer preliminar avalia os cenários
e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou econômico-fiscal e social, bem como os parâmetros ma-
que vierem a ser criados até a referida data, seus adicio- croeconômicos utilizados na elaboração do projeto e as
nais e respectivos acréscimos legais. informações constantes de seus anexos, com o objetivo de
§ 1º O disposto no caput deste artigo não reduzirá promover análises prévias ao conteúdo apresentado. Como
a base de cálculo das transferências a Estados, Distrito complemento à análise inicial, a CMO realiza audiência pú-
Federal e Municípios na forma dos arts. 153, § 5º; 157, I; blica com o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão,
158, I e II; e 159, I, a e b; e II, da Constituição, bem como antes da apresentação do Relatório Preliminar.
a base de cálculo das destinações a que se refere o art. Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emen-
159, I, c, da Constituição. das por parlamentares e pelas Comissões Permanentes da
§ 2º Excetua-se da desvinculação de que trata o Câmara e do Senado.
caput deste artigo a arrecadação da contribuição social
do salário-educação a que se refere o art. 212, § 5 o, da 03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar,
Constituição.” abre-se prazo para a apresentação de emendas ao projeto
de lei de diretrizes orçamentárias, com vistas a inserir, su-
primir, substituir ou modificar dispositivos constantes do
3.3 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS projeto.
Cada parlamentar, Comissão Permanente do Senado
Federal e da Câmara dos Deputados e Bancada Estadual do
A lei de diretrizes orçamentárias - LDO define as metas Congresso Nacional pode apresentar até cinco emendas ao
e prioridades do governo para o ano seguinte, orienta a ela- anexo de metas e prioridades. Não se incluem nesse limite
boração da lei orçamentária anual, dispõe sobre alterações as emendas ao texto do projeto de lei. Para essa finalidade,
na legislação tributária e estabelece a política das agências as emendas são ilimitadas.
de desenvolvimento (Banco do Nordeste, Banco do Brasil, As emendas são apresentadas perante a CMO, que so-
BNDES, Banco da Amazônia, etc.). Também fixa limites para bre elas emite parecer conclusivo e final, que somente po-
os orçamentos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Mi- derá ser modificado mediante a aprovação de destaque no
nistério Público e dispõe sobre os gastos com pessoal. A Lei Plenário do Congresso Nacional.
de Responsabilidade Fiscal remeteu à LDO diversos outros
temas, como política fiscal, contingenciamento dos gastos, 04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de di-
transferências de recursos para entidades públicas e priva- retrizes orçamentárias e as emendas apresentadas, tendo
das e política monetária como orientação as regras estabelecidas no Parecer Preli-
minar, e formalizar, em relatório, as razões pelas quais aco-
01) PROJETO DE LEI: O projeto de LDO (PLDO) é elabo- lhe ou rejeita as emendas. Deve também justificar quaisquer
rado pela Secretaria de Orçamento Federal e encaminhado outras alterações que tenham sido introduzidas no texto
ao Congresso Nacional pelo Presidente da República, que do projeto de lei. O produto final desse trabalho, contendo
possui exclusividade na iniciativa das leis orçamentárias. as alterações propostas ao texto do PLDO, decorrentes das
Composto pelo texto da lei e diversos anexos, o projeto de emendas acolhidas pelo relator e das por ele apresentadas,
lei deve ser encaminhado ao Congresso Nacional até 15 de constitui a proposta de substitutivo. O relatório e a propos-
abril de cada ano. ta de substitutivo são discutidos e votados no Plenário da
Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a CMO, sendo necessário para aprová-los a manifestação fa-
tramitação legislativa, observadas as normas constantes da vorável da maioria dos membros de cada uma das Casas,
Resolução nº. 01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publica- que integram a CMO.
do e encaminhado à Comissão Mista de Planos, Orçamentos A Constituição Federal não estabelece prazo final para
Públicos e Fiscalização – CMO. a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
No entanto, determina que o Congresso Nacional não tenha
02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado direito a recesso a partir de 17 de julho enquanto o PLDO
para ser o relator do projeto de diretrizes orçamentárias não for aprovado.
(PLDO) deve, primeiramente, elaborar Relatório Preliminar O relatório aprovado em definitivo pela Comissão cons-
sobre o projeto, o qual, aprovado pela CMO, passa a deno- titui o parecer da CMO, o qual será encaminhado à Secreta-
minar-se Parecer Preliminar. Esse parecer estabelece regras ria-Geral da Mesa do Congresso Nacional, para ser submeti-
e parâmetros a serem observados quando da análise e apre- do à deliberação das duas Casas, em sessão conjunta.
ciação do projeto, tais como:
I) condições para o cancelamento de metas constantes 05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da
do projeto; CMO é submetido à discussão e votação no Plenário do
II) critérios para o acolhimento de emendas; e Congresso Nacional. Os Congressistas podem solicitar des-
taque para a votação em separado de emendas, com o ob-
jetivo de modificar os pareceres aprovados na CMO. Esse

42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

requerimento deve ser assinado por um décimo dos con- ção, o SIAFI tem alcançado satisfatoriamente seus principais
gressistas e apresentado à Mesa do Congresso Nacional até objetivos :
o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria no
A. prover mecanismos adequados ao controle diário da
Plenário do Congresso Nacional.
execução orçamentária, financeira e patrimonial aos
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para
órgãos da Administração Pública;
a redação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do
projeto ou do substitutivo aprovado definitivamente em sua B. fornecer meios para agilizar a programação financei-
redação final assinado pelo Presidente do Congresso, que ra, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro
será enviado à Casa Civil da Presidência da República para Nacional, através da unificação dos recursos de caixa
sanção. do Governo Federal;
O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total
C. permitir que a contabilidade pública seja fonte se-
ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da
gura e tempestiva de informações gerenciais des-
data do recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente
tinadas a todos os níveis da Administração Pública
do Senado os motivos do veto. A parte não vetada é publi-
Federal;
cada no Diário Oficial da União como lei. O veto deve ser
apreciado pelo Congresso Nacional. D. padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas
à gestão dos recursos públicos, sem implicar rigidez
A LDO, devidamente compatibilizada com o PPA, ou restrição a essa atividade, uma vez que ele per-
deverá conter: manece sob total controle do ordenador de despesa
• As metas e prioridades da Administração Pública, de cada unidade gestora;
incluindo as despesas de capital, para o exercício se- E. permitir o registro contábil dos balancetes dos esta-
guinte; dos e municípios e de suas supervisionadas;
• Orientações para a elaboração da Lei Orçamentária
F. permitir o controle da dívida interna e externa, bem
Anual;
como o das transferências negociadas; 
• Disposições sobre alterações na Legislação Tributá-
ria; G. integrar e compatibilizar as informações no âmbito
do Governo Federal;
• A política de aplicação das agências financeiras ofi-
ciais de fomento; H. permitir o acompanhamento e a avaliação do uso
• Autorização específica para a concessão de qualquer dos recursos públicos; e
vantagem ou aumento de remuneração, criação de I. proporcionar a transparência dos gastos do Governo
cargos ou alteração de estrutura de carreiras, bem Federal.
como admissão de pessoal, a qualquer título, pelos
órgãos e entidades da administração direta ou indi- O Sidor é o sistema responsável pela elaboração da pro-
reta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo posta orçamentária do governo federal. Seu principal pro-
Poder Público, ressalvadas as empresas públicas e as duto é o Projeto de Lei Orçamentária enviado, anualmente,
sociedades de economia mista; ao Congresso Nacional para aprovação e consequente gera-
ção da Lei Orçamentária Anual. O SIDOR permite aprimorar
o Processo orçamentário federal.
Os limites para elaboração da proposta
Nele é registrada toda a programação orçamentária –
orçamentária dos poderes judiciário e legislativo
ações e programas de governo, com seus respectivos valo-
Na União, o prazo para envio do projeto de Lei da LDO res e destinações geográficas – planejada para a execução
pelo Executivo ao Legislativo é até o dia 15 de abril do exer- no ano seguinte. 
cício anterior ao da Lei Orçamentária Anual. O Sidor orienta a liberação de recursos e execução pelo
A sessão legislativa ordinária não será interrompida até Sistema Integrado de Administração Financeira do governo
que o projeto de Lei da LDO seja aprovado. Federal - Siafi, gerando os volumes para publicação, pela Im-
Vale lembrar que, conforme a Emenda Constitucional nº prensa Nacional, no Diário Oficial da União. 
50, de14/02/2006, a sessão legislativa vai do período de 02 Cada órgão público (os usuários “de entrada” do Sidor)
de fevereiro a 17 de julho, e de 1º. de agosto a 22 de de- informa suas ações e previsões orçamentárias ao sistema.
zembro. Depois disso, cada ministério realiza a consolidação dessas
informações que, finalmente, chegam à Secretaria de Orça-
mento Federal para uma consolidação final. 
3.4 SIDOR E SIAFI
Desenvolvido pela Secretaria de Orçamento Federal, o
sistema foi migrado para o Serpro em 2004. A partir dessa
data, a Empresa ficou responsável por sua produção – hos-
O SIAFI é o principal instrumento utilizado para registro, pedagem e manutenção corretiva e evolutiva.
acompanhamento e controle da execução orçamentária, fi-
nanceira e patrimonial do Governo Federal. Desde sua cria- Fonte: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt_PT/objeti-
vos

43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

https://intra.serpro.gov.br/linhas-negocio/catalogo-de- tribuições de melhoria. É uma receita privativa das


-solucoes/solucoes/outras-solucoes/sidor-sistema-integra- entidades competentes para tributar: União, Estados,
do-de-dados-orcamentarios Distrito Federal e os Municípios.
• RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES – são os ingressos
provenientes de contribuições sociais de intervenção
3.5 RECEITA PÚBLICA: CATEGORIAS, FONTES,
no domínio econômico e de interesse das categorias
ESTÁGIOS E DÍVIDA ATIVA. profissionais ou econômicas, como instrumento de
3.6 DESPESA PÚBLICA: CATEGORIA E intervenção nas respectivas áreas.
ESTÁGIOS.
• RECEITA PATRIMONIAL – é o ingresso proveniente
de rendimentos sobre investimentos do ativo per-
manente, de aplicações de disponibilidades em op-
Define-se como receita pública todo o recebimento ções de mercado e outros rendimentos oriundos de
efetuado pela entidade com a finalidade de ser aplicado em renda de ativos permanentes.
gastos operativos e de administração. Nas entidades há de • RECEITA AGROPECUÁRIA – é o ingresso proveniente
se distinguir duas modalidades de recebimentos. As receitas da atividade ou da exploração agropecuária de ori-
classificam-se como efetivas quando se realizam entradas gem vegetal ou animal.
patrimoniais; em caso contrário, isto é, se os recebimentos
decorrerem da exclusão de valores patrimoniais são deno- • RECEITA INDUSTRIAL – é o ingresso proveniente da
minados de receitas por mutação patrimonial. atividade industrial de extração mineral, de trans-
Normalmente as receitas públicas estão divididas em: formação, de construção e outras, provenientes das
atividades industriais definidas como tal pelo IBGE.
• Orçamentárias: aquelas que forem previstas no or- • RECEITAS DE SERVIÇOS – são aquelas oriundas da
çamento; prestação de serviço de transporte, saúde, comuni-
• Extraorçamentárias:  as que decorrerem de outras cação, portuário, armazenagem, de inspeção e fisca-
fontes e são, apenas acessórias. lização, judiciário, processamento de dados, vendas
de mercadoria e produtos inerentes a atividades da
O regulamento geral de contabilidade pública conceitua
entidade e outros serviços.
como receita da União todos os créditos de qualquer natu-
reza que o Governo tem direito de arrecadar em virtude de • TRANSFERÊNCIAS CORRENTES – são as provenien-
leis gerais e especiais, de contratos e quaisquer títulos de tes de outros órgãos ou entidades referentes a re-
que derivem a favor do estado. cursos pertencentes ao ente ou entidade recebedo-
A lei 4.320/64 classificou a receita orçamentária em duas ra ou ao ente ou entidade transferidora, efetivados
categorias econômicas: mediante condições preestabelecidas ou mesmo
Receitas correntes sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja
Receitas de capital aplicação em despesas correntes.
As receitas correntes são compostas por receitas deri- • OUTRAS RECEITAS CORRENTES – ingressos prove-
vadas, originárias e outras complementares tais como: a tri- nientes de outras origens não classificáveis nas sub-
butária, a patrimonial, industrial, transferências correntes e categorias econômicas anteriores.
diversas;
As receitas de capital, também conhecidas como secun- RECEITAS DE CAPITAL
dárias, resultam da efetivação das operações de crédito, alie-
nação de bens, recebimento de dívidas e auxílios recebidos • OPERAÇÕES DE CRÉDITO - ingresso proveniente da
pelo órgão ou entidade. colocação de títulos ou da contratação de emprésti-
Ainda nos termos da lei 4.320/64, a discriminação da mos e financiamentos obtidos junto a entidades es-
receita orçamentária tem como base as fontes econômicas tatais, instituições financeiras, fundos, etc.
de sua geração, exceção feita às transferências entre órgãos • ALIENAÇÃO DE BENS MÓVEIS E IMÓVEIS – recursos
e esferas do Governo, cuja classificação se procede atual- provenientes da alienação de componentes do ativo
mente conforme o destino dos recursos: se para aplicações permanente, ou seja, é a conversão em espécie de
correntes ou de capital. bens e direitos.
Assim estão classificadas as receitas, segundo as fon- • AMORTIZAÇÃO – recurso proveniente do recebi-
tes econômicas de sua geração (lei 4.320/64, alterada pelo mento de valores referentes a parcelas de emprés-
decreto lei no 1.939, de 20.05.82 e portaria SOF/SEPLAN/ timos ou financiamentos concedidos em títulos ou
no472/93.), cuja classificação alcança os estados e municí- contratos.
pios, tendo em vista o disposto no art. 113 da lei no 4.320/64. • TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL – são as provenientes
RECEITAS CORRENTES de outros órgãos ou entidades referentes a recursos
pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao
• TRIBUTÁRIAS – são os ingressos provenientes da ente ou entidade transferidora, efetivados mediante
arrecadação das receitas de impostos, taxas e con- condições preestabelecidas ou mesmo sem qual-

44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

quer exigência, desde que o objetivo seja aplicação quido representado por uma conta de variação patrimonial
em despesas de capital. aumentativa, como uma superveniência ativa (acréscimo
• OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL - ingressos prove- patrimonial).
nientes de outras origens não classificáveis nas sub- Despesa pública é o conjunto de dispêndios do Estado
categorias econômicas anteriores. ou de outra pessoa de direito público a qualquer título, a fim
de saldar gastos fixados na lei do orçamento ou em lei es-
ESTÁGIOS DA RECEITA pecial, visando à realização e ao funcionamento dos serviços
públicos. Nesse sentido, a despesa é parte do orçamento,
• PREVISÃO - A previsão da receita é a estimativa de ou seja, aquela em que se encontram classificadas todas as
quanto se espera arrecadar durante o exercício. Uma autorizações para gastos com as várias atribuições e funções
parcela da receita prevista poderá sofrer lançamen- governamentais. Em outras palavras, as despesas públicas
tos, correspondendo aos impostos diretos, taxas, formam o complexo da distribuição e emprego das receitas
contribuições de melhoria, serviços industriais, ren- das receitas para custeio e investimento em diferentes seto-
das patrimoniais, etc. res da administração governamental.
• LANÇAMENTO - O lançamento é a identificação Quanto à sua natureza, classificam-se em:
do devedor ou da pessoa do contribuinte, a lei no
• Despesa Orçamentária: é aquela que depende de
4.320/64, define o lançamento d receita como o ato
autorização legislativa para ser realizada e que não
da repartição competente que verifica a procedên-
pode ser efetivada sem a existência de crédito orça-
cia do crédito fiscal, a pessoa devedora e inscreve a
mentário que a corresponda suficientemente.
débito dela; o Código Tributário Nacional define esta
medida como procedimento administrativo tenden- • Despesa Extra Orçamentária: trata-se dos pagamen-
te a verificar a ocorrência do fato gerador da obriga- tos que não dependem de autorização legislativa, ou
ção correspondente, a matéria tributável, o cálculo seja, não integram o orçamento público. Correspon-
do montante do tributo devido a identificação do dem à restituição ou entrega de valores arrecadados
respectivo sujeito passivo. sob o titulo de receita extra orçamentária. Ex.: devo-
lução de fianças e cauções; recolhimento de imposto
Este Estágio não gera Lançamentos Contábeis. de renda retido na fonte, etc.

• ARRECADAÇÃO - A arrecadação da Receita está li- Empenho é o primeiro estágio da despesa e “é o ato
gada aos pagamentos realizados diretamente pelos emanado de autoridade competente que cria para o Estado
contribuintes às repartições fiscais e rede bancária obrigação de pagamento pendente ou não de implemen-
autorizada. to de condição”. O empenho é prévio, ou seja, precede a
realização da despesa e está restrito ao limite de crédito or-
Artigo 9 a 11 da Lei no 4.320/64. çamentário (art. 59). É vedada a realização da despesa sem
prévio empenho (art. 60). A formalização do empenho se dá
DÍVIDA ATIVA com a emissão do pedido de empenho, pelos setores com-
A Dívida Ativa da União é composta por todos os cré- petentes, e devidamente autorizados, no Módulo Financeiro.
ditos desse ente, sejam eles de natureza tributária ou não A emissão da Nota de Empenho representa uma garantia
tributária, regularmente inscritos pela Procuradoria-Geral da para o fornecedor ou para o prestador de serviço contratado
Fazenda Nacional, depois de esgotado o prazo fixado para pela Administração Pública de que a parcela referente a seu
pagamento, pela lei ou por decisão proferida em processo contrato foi bloqueada para honrar os compromissos assu-
regular. midos. Pode-se deduzir, portanto, que o orçamento é com-
Pode ser: promissado através do empenho. O empenho da despesa é
• Dívida Ativa Tributária: crédito da Fazenda Pública o instrumento de utilização de créditos orçamentários.
proveniente da obrigação legal relativa a tributos e Entende-se por nota de empenho o documento utiliza-
respectivos adicionais e multas. do para fins de registro da operação de empenho de uma
despesa. Para cada empenho será extraída uma nota de em-
• Dívida Ativa Não Tributária: demais créditos da Fa- penho, que indicará o nome do credor (beneficiário do em-
zenda Pública tais como os provenientes de emprés- penho), a especificação e a importância da despesa.
timos compulsórios; contribuições estabelecidas em O empenho para compras, obras e serviços só pode ser
lei; multas de qualquer origem ou natureza, exceto emitido após a conclusão da licitação, salvo nos casos de
as tributárias; foros; laudêmios; aluguéis ou taxas dispensa ou inexigibilidade, desde que haja amparo legal na
de ocupação; custas processuais; preços de serviços legislação que regulamenta as licitações (Lei nº 8.666/93). As
prestados por estabelecimentos públicos; indeniza- despesas só podem ser empenhadas até o limite dos cré-
ções entre outras obrigações legais. ditos orçamentários iniciais e adicionais, e de acordo com
A dívida ativa pressupõe de certeza e liquidez, e equivale o cronograma de desembolso da unidade gestora, devida-
a prova pré-constituída contra o devedor. mente aprovado.
A inscrição da dívida ativa é um fato de natureza ex- O empenho deverá ser anulado:
traorçamentária e provoca um aumento no patrimônio lí- • no decorrer do exercício:

45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• parcialmente, quando seu valor exceder o montan- Na modalidade de suprimento de fundos, registram-se,
te da despesa realizada; ou – totalmente, quando o antecipadamente, o empenho, a liquidação e o pagamento
serviço contratado não tiver sido prestado, quando da despesa, sem importar que o suprido ainda não tenha
o material encomendado não tiver sido entregue ou empregado os recursos.
quando o empenho tiver sido emitido incorretamen- Depois de ter utilizado os recursos para a finalidade que
te. lhe foi confiada, o servidor suprido devera prestar contas
• no encerramento do exercício, quando o empenho dos gastos. Ademais, pode haver a devolução de recursos
referir-se a despesas não liquidadas, salvo aquelas confiados, ou na hipótese de restar saldo sem aplicação, ou
que se enquadrarem nas condições previstas para a ainda na hipótese de impugnação de despesas.
inscrição em restos a pagar. Não se concederá Suprimento de Fundos:
• existência de dois suprimentos de fundos confiados
O valor correspondente ao empenho anulado reverte ao
ao servidor;
crédito, tornando-se disponível para novo empenho ou des-
centralização, respeitado o regime de exercício. • não apresentação, ou não aprovação, da prestação
O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, de contas de suprimento antes concedido;
todos os atos de verificação e conferência, desde a entrada • o fato de o servidor ser responsável pela guarda ou
do material ou a prestação do serviço até o reconhecimento pela utilização do material a ser adquirido por meio
da despesa. do suprimento, a não ser que não exista, na reparti-
A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou ção, outro servidor.
por serviços prestados terá por base:
O suprimento poderá ser concedido a:
• Contrato, ajuste ou acordo respectivo;
• Servidor designado para a execução de serviço;
• A nota de empenho;
• Coordenador;
• Os comprovantes da entrega de material ou da pres-
• Presidente de Comissão ou de grupo de trabalho,
tação efetiva do serviço.
para as despesas em conjunto ou isoladamente de
Não confundir ordem de pagamento com ordem bancá- cada integrante;
ria. A ordem de pagamento é despacho exarado pela auto- • Servidor a quem se atribua o encargo do pagamento
ridade competente, determinando que a despesa seja paga. de despesas, autorizadas pela autoridade ordenado-
Ordem bancária é o documento emitido através do Siaf, que ra, daqueles que tenham sido encarregados do cum-
transfere o recurso financeiro para a conta do credor. primento de missão que exija transporte, quando a
Vale ressaltar que, a Secretaria do Tesouro Nacional repartição não dispuser de meios próprios, ou para
considera, durante o exercício financeiro, a despesa pela sua atender situações de emergência.
liquidação, entretanto, para fins de encerramento do exercí-
cio financeiro, toda a despesa empenhada e não anulada até O Suprimento de Fundos não poderá ser destinado a
31 de dezembro, será considerada despesa nas demonstra- cobrir despesas de locomoção de servidor em viagem quan-
ções contábeis. do este houver recebido diárias.
O Suprimento, coberto por empenho na dotação de
Suprimentos De Fundos “Serviços” poderá comportar despesas com materiais de
O Suprimento de Fundos (Parágrafo 3o do Art. 74 do D. consumo, quando indispensáveis à execução dos serviços e
L. No 200/67) ou o adiantamento (Art. 68 da Lei No 4.320/64) desde que fornecidos ou adquiridos pelo prestador de servi-
é um instrumento de exceção, ao qual pode recorrer o Orde- ços, devendo ser observada a preponderância do custo dos
nado de Despesa, a seu critério e sob a sua inteira respon- serviços prestados.
sabilidade, para, através de Servidor, realizar despesas que Cabe ao Ordenador de Despesa A Fixação do Valor do
não possam se subordinar ao processo normal de aplicação. Suprimento de Fundos, bem como, do Prazo de Aplicação,
O suprimento de fundos consiste na entrega de valores que não deverá exceder a 90 (Noventa) dias, nem ultrapas-
a servidor, sempre precedida de empenho na dotação pró- sar o término do exercício financeiro, e o da Prestação de
pria para o fim de realizar despesas, que não possam ater-se Contas, que deverá ser apresentada dentro de 30 (Trinta)
ao processo normal de aplicação. dias subsequentes.
É passível de concessão através de Suprimento de Fun- A importância aplicada até 31 de Dezembro será com-
dos apenas as despesas: provada até 15 de Janeiro seguinte.
Na aplicação do Suprimento de Fundos devem ser rigo-
• com serviços especiais que exijam pronto pagamen-
rosamente observadas as condições e finalidades previstas
to em espécie;
no ato da concessão.
• que deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se Os documentos comprobatórios da despesa efetuada a
classificar em regulamento; conta de Suprimento de Fundos são extraídos em nome da
• despesas de pequeno vulto, assim entendidas aque- Unidade Gestora concedente do Suprimento.
las cujo valor não ultrapasse a 0,25% do valor esta- Deve constar dos comprovantes ou recibos, A Atestação
belecido no Art. 23, inciso II, do Lei 8.666, no caso de de que os serviços foram prestados ou de que o material foi
compras e serviços.

46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

recebido pela unidade, passado por funcionário que não o Classificam-se em:
Suprido.
• DESPESAS PROCESSADAS
O servidor que receber Suprimento de Fundos é obri-
gado a prestar contas de sua aplicação, sujeitando-se a To- • DESPESAS NÃO PROCESSADAS
mada de Contas, se não o fizer no prazo assinalado pelo A Lei 4.320/64 e o Decreto 93.872/86 destacam um pon-
Ordenador de Despesa. to extremamente cobrado em prova. Devemos diferenciar as
Quando uma Prestação de Contas deixar de ser apre- despesas processadas (ou liquidadas) das não processadas
sentada no tempo devido, ou quando contiver irregularida- (ou não liquidadas), fazendo-se o registro por exercício e por
de, Ordenador de Despesa, sob pena de Co-Responsabilida- credor. Aqui, o detalhe está na passagem, ou não, dos em-
de, adotará as providências necessárias, para evitar prejuízo penhos pelo estagio da liquidação.
à Fazenda Nacional. Restos a pagar processados (RPP) são despesas liqui-
das e certas, que já recebeu roupagem documental, ates-
Formalização da prestação de contas de suprimento
tados de recebimento, etc. Restos a pagar não processados
de fundos
(RPNP) são ainda uma “intenção de despesa”, pendente de
Documentos necessários: confirmação, ou, como diz a lei, pendente de implemento de
• Cópia do ato de concessão do Suprimento; condição. Assim, nada impede que ocorra um evento qual-
quer – uma rescisão contratual sem execução do objeto, por
• Primeira via da nota de empenho;
exemplo – e o empenho seja anulado, sem que isso traga
• Extrato da conta bancária se for o caso; efeitos reais sobre o patrimônio publico.
• Demonstração das receitas e despesas; Tendo isso em vista, em 31 de dezembro de um ano
qualquer, pode haver empenhos liquidados e empenhos
Comprovantes, em originais, das despesas realizadas,
não liquidados “migrando” para o próximo exercício, res-
devidamente atestadas, emitidos em data igual ou posterior
pectivamente como restos a pagar processados e restos a
ao recebimento do numerário, e compreendida dentro do
pagar não processados.
período fixado para aplicação, em nome do órgão emissor
A despesa orçamentária que não for paga no exercício
do empenho, sendo:
em que foi autorizada sua realização será inscrita, em 31 de
• Compra de material – Nota Fiscal de Venda ao con- dezembro, como Restos a Pagar. O pagamento da despesa
sumidor; inscrita em Restos a Pagar, sejam Processadas ou Não Pro-
• Prestação de serviços por pessoa jurídica – Nota Fis- cessadas, é feito no ano seguinte ao da sua inscrição, ne-
cal de Serviços; cessitando para o pagamento dos Não Processados que a
• Prestação de Serviços por Pessoa Física – Recibo de despesa seja antes liquidada, ou seja, que haja ocorrido após
Pagamento de Autônomo (RPA) ou recibo comum, o recebimento o aceite do objeto do empenho.
para os casos de credores inscritos ou não do INSS, Em se tratando de pagamento de despesa inscrita em
respectivamente; Restos a Pagar, pelo valor estimado, poderão ocorrer duas
situações:
• Comprovante de recolhimento do saldo se for o
caso. A. o valor real a ser pago é superior ao valor inscrito.
Nessa condição, a diferença deverá ser empenhada
Restos a pagar ã conta de despesas de exercícios anteriores;
Consideram-se restos a pagar as despesas empenhadas B. o valor real é inferior ao valor inscrito. O saldo exis-
e não pagas até o final do exercício financeiro. tente deverá ser cancelado. O órgão competente
Por exemplo: Uma despesa e registrada, por exemplo, para exercer o controle e disciplinar o tratamento de
em 2013. Quer dizer que ela passou pelo primeiro estagio, o Restos a Pagar é a Secretaria do Tesouro Nacional.
empenho. Entretanto, chega o final de 2013, e o pagamento,
por razões quaisquer, não se realizou. CANCELAMENTO
O exercício de 2014 vai se iniciar e o orçamento de 2013
Se a mesma não for paga no exercício seguinte, deveria
esta “finalizado”. Mas os empenhos de 2013 que necessitam
ter sua inscrição cancelada. Esse procedimento é admitido
ainda de pagamento não poderão se misturar aos empe-
nos arts. 69 e 70 do Decreto nº 93.872/86, in verbis:
nhos normais do ano corrente. Afinal, são orçamentos de
“Art. 69. Após o cancelamento da inscrição da despesa
anos diferentes.
como Restos a Pagar, o pagamento que vier a ser reclamado
Em 2014 haverá tipos distintos de empenhos para conti-
poderá ser atendido à conta de dotação destinada a despe-
nuar a execução de despesas orçamentárias: os atuais, refe-
sas de exercícios anteriores.
rentes a gastos autorizados para este ano, e os “esqueletos”
Art. 70. Prescreve em cinco anos a dívida passiva relativa
de exercícios encerrados – os empenhos que se tornaram
aos Restos a Pagar.”
restos a pagar.
A maioria dos entes da federação adotam o procedi-
Assim, para uma definição simples, restos a pagar são
mento de cancelar os saldos remanescentes dos Restos a
empenhos que transitaram de exercício.
Pagar no final do exercício seguinte ao da sua inscrição.

47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Alguns entes da federação cancelam somente os Não legislador permitiu que a Lei abrigasse despesas empenha-
Processados, enquanto que outros cancelam os Processa- das em outros exercícios, mesmo que não estivessem devi-
dos e os Não Processados. Cabendo lembrar que os Res- damente realizadas.
tos a Pagar Processados representam dívidas reais do ente, Tendo em vista o exposto, para que haja segurança
necessitando, que os mesmos sejam registrados no passivo jurídica nas relações obrigacionais entre particulares e até
permanente para compor a dívida fundada do ente. mesmo entre o Estado e seus restadores de serviço e con-
tribuintes, o Direito incorpora o instituto da prescrição. Por
PRESCRIÇÃO meio desse instituto, não se permite que pendências obriga-
Durante o período antes da prescrição, essas despesas cionais não exigidas sejam a qualquer tempo reclamadas, o
poderão ser, nos termos do art. 22 do Decreto nº 93.872/86, que geraria impactos patrimoniais imprevistos em momen-
pagas à conta de nova dotação orçamentária e de novo em- tos nos quais se havia tido por pacificada a questão. Obser-
penho, à conta de despesas de exercícios anteriores, respei- va-se que, uma vez havendo inscrição em Restos a Pagar
tada a categoria econômica específica: processados, em tese, é inconteste o direito de recebimento
“Art . 22. As despesas de exercícios encerrados, para as pelo credor. Verifica-se mais ainda. Enquanto tais despesas
quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio permanecem inscritas em Restos a Pagar, por força do De-
com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham creto n° 93.872/86, corre a prescrição a partir da data de sua
processado na época própria, bem como os Restos a Pagar inscrição. No entanto, o cancelamento dos Restos a Pagar
com prescrição interrompida, e os compromissos reconhe- provoca a interrupção da prescrição; ocasião em que come-
cidos após o encerramento do exercício correspondente, ça a contar novamente o prazo prescricional (art. 70 e 22, §
poderão ser pagos à conta de dotação destinada a aten- 2°, b do Decreto n° 93.872/86).
der despesas de exercícios anteriores, respeitada a categoria Adicionalmente, em conformidade com o art. 3° do De-
econômica própria. creto-Lei n° 4.597/4214, o cancelamento dos Restos a Pagar
§ 2º Para os efeitos deste artigo, considera-se: fará recomeçar a contagem do prazo de prescrição de dois
b) restos a pagar com prescrição interrompida, a despe- anos e meio. Se o cancelamento dos Restos a Pagar se der
sa cuja inscrição como restos a pagar tenha sido cancelada, antes de transcorridos dois anos e meio de sua inscrição, em
mas ainda vigente o direito do credor;” tese, o prazo a ser contado a partir desse evento expiraria
Somente os Restos a Pagar Não Processados podem ser antes do transcurso de cinco anos da inscrição, mas a súmu-
cancelados, pois os Processados representam obrigação lí- la 383 do STF dispõe diferentemente, “in verbis”:
quida e certa do Estado para com seus credores, pelo menos “Súmula 383 do STF: “A prescrição em favor da Fazenda
durante cinco anos após a respectiva inscrição (Art. 70 do Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do
Decreto nº 93.872/86). ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos,
É importante, mais uma vez, lembrar que, em regra, em- embora o titular do direito a interrompa durante a primeira
bora a validade do registro contábil seja apenas de um ano, metade do prazo”.
os Restos a Pagar só prescrevem após cinco anos a partir de Desse modo, a prescrição do direito do credor com cré-
sua inscrição. Dada a baixa contábil e até sua prescrição as dito inscrito em Restos a Pagar nunca se dará com prazo
despesas “reconhecidas” serão pagas na rubrica “Despesas inferior a cinco anos transcorridos da inscrição; no entanto,
de Exercícios Anteriores”. este prazo prescricional pode ser estendido se o evento in-
Outrossim, nota-se, a propósito, que a partir de 1998 o terruptivo (no caso o cancelamento dos Restos a Pagar) se
saldo de dezembro da conta “Restos a Pagar a Pagar” vinha der após a primeira metade do prazo quinquenal.
sendo reaberto no exercício seguinte como “Restos a Pa- Conclui-se, assim, que todos os Restos a Pagar deveriam
gar Inscritos de Exercícios Anteriores”. E, em não havendo o ser cancelados ainda na primeira metade do prazo prescri-
cancelamento previsto no art. 68 do Decreto 93.872/86, vale cional inicial, para que a Fazenda Pública goze o benefício
observar o prazo prescricional previsto no art. 70 do mes- da prescrição nos cinco anos que se seguirem à inscrição
mo. Nesse caso é preciso observar que o estabelecimento dos Restos a Pagar. De modo diverso, em caso extremo, ha-
do prazo de 31 de dezembro como limite de validade para vendo cancelamento próximo dos cinco anos decorridos da
as despesas inscritas em Restos a Pagar é feita apenas por sua inscrição, iniciar-se-ia novo prazo prescricional, fazendo
decreto presidencial. Ou seja, outro decreto poderia estabe- perdurar o direito de se exigir o pagamento por um período
lecer prazo mais elástico ou mais curto. máximo de até sete anos e meio após a data da inscrição dos
Note-se, ademais, que a prorrogação da validade dos Restos a Pagar.
Restos a Pagar é coerente com o § 2º do art. 63 do Decreto
nº 93.872/8610 que determina: DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES
“Art. 67 § 2º O registro dos Restos a Pagar far-se-á por As despesas de exercícios anteriores (DEA) são outra
exercício e por credor.” modalidade de execução da despesa publica, cujo conceito
Ou seja, torna-se possível contar com registros contá- sempre e utilizado pelas bancas para “misturar” com o de
beis de Restos a Pagar de diversos exercícios. Além disso, restos a pagar.
o art. 38 da Lei nº 4.320/64, ao determinar que os recursos
vinculados à anulação de despesa inscrita em Restos a Pagar RESTOS A PAGAR = São empenhos que transitam de
sejam considerados como receita do ano em que seu even- exercício
tual cancelamento se der, deixa ainda mais evidente que o

48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

DESPESAS DE EXERCICIOS ANTERIORES = as DEA aten-


dem a obrigações de anos passados, para as quais não exis- 3.7 SUPRIMENTO DE FUNDOS (REGIME DE
te empenho ou RP emitido. ADIANTAMENTO)
Podem ser pagos à conta da dotação de despesas de
exercícios anteriores, respeitada a categoria econômica pró-
pria: O suprimento de fundos (também denominado de re-
• As despesas de exercícios encerrados, para as quais gime de adiantamento) é caracterizado por ser um adian-
o Orçamento respectivo consignava crédito próprio tamento de valores a um servidor para futura prestação de
com saldo suficiente para atendê-las, que se tenham contas. Esse adiantamento constitui despesa orçamentária,
processado na época própria, assim entendidas ou seja, para conceder o recurso ao suprido é necessário
aquelas cujo empenho tenha sido considerado in- percorrer os três estágios da despesa orçamentária: empe-
subsistente e anulado no encerramento do exercício nho, liquidação e pagamento.
correspondente, mas que, dentro do prazo estabele- Apesar disso, não representa uma despesa pelo enfo-
cido, o credor tenha cumprido a obrigação; que patrimonial, pois no momento da concessão não ocorre
• Os restos a pagar com prescrição interrompida, as- redução no patrimônio líquido. Na liquidação da despesa
sim considerada a despesa cuja inscrição como Res- orçamentária, ao mesmo tempo em que ocorre o registro
tos a Pagar tenha sido cancelada, mas ainda vigente de um passivo, há também a incorporação de um ativo, que
o direito do credor; e representa o direito de receber um bem ou serviço, objeto
do gasto a ser efetuado pelo suprido, ou a devolução do
• Os compromissos decorrentes de obrigação de pa- numerário adiantado.
gamento criada em virtude de Lei, mas somente re- O artigo 37 da Lei nº 4.320/64 dispõe que as despesas
conhecido o direito do reclamante após o encerra- de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respec-
mento do exercício correspondente. tivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para
O reconhecimento da dívida a ser paga à conta de Des- atendê-las, que não se tenham processado na época pró-
pesas de Exercícios Anteriores cabe à autoridade competen- pria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrom-
te para empenhá-la. pida e os compromissos reconhecidos após o encerramento
Para reconhecimento das Despesas de Exercícios Ante- do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de
riores é necessário que o processo esteja instruído com os dotação específica consignada no orçamento, discriminada
seguintes elementos: por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem
• Importância a pagar; cronológica. 
O reconhecimento da obrigação de pagamento das
• Nome, CPF ou CGC e endereço do credor; despesas com exercícios anteriores cabe à autoridade com-
• Data do vencimento do compromisso; petente para empenhar a despesa. 
• Causa da inobservância do empenho da despesa, se As despesas que não se tenham processado na época
for o caso. própria são aquelas cujo empenho tenha sido considerado
insubsistente e anulado no encerramento do exercício cor-
Conta Única do Tesouro respondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o cre-
dor tenha cumprido sua obrigação. Os restos a pagar com
Segundo o Tesouro Nacional A Conta Única, implanta-
prescrição interrompida são aqueles cancelados, mas ainda
da em setembro de 1988, representou uma mudança radi-
vigente o direito do credor. 
cal no controle de caixa do Tesouro Nacional, em virtude
Os compromissos reconhecidos após o encerramento
da racionalização na movimentação dos recursos financeiros
do exercício são aqueles cuja obrigação de pagamento foi
no âmbito do Governo Federal. Com ela, todas as Unidades
criada em virtude de lei, mas somente reconhecido o direito
Gestoras online do SIAFI passaram a ter os seus saldos ban-
do reclamante após o encerramento do exercício correspon-
cários registrados e controlados pelo sistema, sem contas
dente. 
escriturais no Banco do Brasil. Assim, a Conta Única é uma
Portanto, Suprimento de Fundos consiste na entrega
conta mantida junto ao Banco Central do Brasil, destinada
de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na
a acolher, em conformidade com o disposto no artigo 164
dotação própria, para o fim de realizar despesas que não
da Constituição Federal, as disponibilidades financeiras da
possam subordinar-se ao processo normal de aplicação. Os
União que se encontram a disposição das Unidades Gesto-
artigos 68 e 69 da Lei nº 4.320/1964 definem e estabelecem
ras online, nos limites financeiros previamente definidos.
regras gerais de observância obrigatória para a União, Esta-
Abaixo as atribuições competentes a cada agente:
dos, Distrito Federal e Municípios aplicáveis ao regime de
• Tesouro Nacional - “titular” da conta adiantamento. Segundo a Lei nº 4.320/1964, não se pode
• Banco Central - instituição bancaria em que e man- efetuar adiantamento a servidor em alcance e nem a respon-
tida a Conta Única sável por dois adiantamentos.
• Banco do Brasil - principal agente operador de pa- Por servidor em alcance, entende-se aquele que não
gamentos e recebimentos relacionados à Conta Úni- efetuou, no prazo, a comprovação dos recursos recebidos
ca. ou que, caso tenha apresentado a prestação de contas dos

49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

recursos, a mesma tenha sido impugnada total ou parcial- Quando do seu uso, é necessário observar o seguinte:
mente.
Cada ente da federação deve regulamentar o seu regi- A) NA AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE CONSUMO
me de adiantamento, observando as peculiaridades de seu
• Inexistência de fornecedor contratado/registrado.
sistema de controle interno, de forma a garantir a correta
Atualmente, com a possibilidade de registrar-se pre-
aplicação do dinheiro público. Destacam-se algumas regras
ços - Ata de Registro de Preços, é possível ter for-
estabelecidas para esse regime: 
necedores registrados para a grande maioria das
A. O suprimento de fundos deve ser utilizado nos seguin- necessidades de material de consumo da unidade;
tes casos: • Se não se trata de aquisições de um mesmo objeto,
• Para atender despesas de pequeno vulto. (item I, passíveis de planejamento, e que ao longo do exer-
do art. 2º do Decreto Estadual nº 1.180/08); cício possam vir a ser caracterizadas como fraciona-
• Para atender despesas eventuais, inclusive em mento de despesa e, consequentemente, como fuga
viagens e com serviços especiais, que exijam ao processo licitatório; e
pronto pagamento em espécie. (item II, do art. 2º • Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas
do Decreto Estadual nº 1.180/08); às atividades da unidade e, como é óbvio, se servem
• Para atender despesas de caráter secreto ou re- ao interesse público. 
servado, realizadas pela Secretaria de Segurança
B) NA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS
Pública, Secretaria de Estado de Justiça e Direi-
tos Humanos, pelo Gabinete da Governadoria • Inexistência de cobertura contratual;
ou pela Casa Militar, conforme dispuser regula-
mento. (item II, do art. 2º do Decreto Estadual nº • Se não se trata de contratações de um mesmo ob-
1.180/08). jeto, passíveis de planejamento, e que ao longo do
exercício possam vir a ser caracterizadas como fra-
Despesas de pequeno vulto devem ser entendidas como cionamento de despesa e, consequentemente, como
despesas não rotineiras ou normais, cujo valor do suprimen- fuga ao processo licitatório; e
to não poderá exceder a R$-2.000,00(dois mil reais) e cujo • Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas
comprovante de despesa não poderá ultrapassar o valor de às atividades da unidade e, como é óbvio, se servem
R$-200,00(duzentos reais), consoante preveem as alíneas ao interesse público;
“a” e “b” do §1º do art. 2º do Decreto Estadual nº 1.180/08,
como por exemplo gastos com postagem e autenticação de III - LIMITES PARA CONCESSÃO
documentos, reconhecimento de firmas, confecção de ca- Os limites para concessão de Suprimento de Fundos são
rimbos, pequenos reparos etc., desde que não acobertados os seguintes, de acordo com o Decreto Estadual nº 1.180/08:
por contratos.
É importante esclarecer que quando se solicita supri- VALOR (EM R$) TIPO DE DESPESA DISPOSITIVO
mento de fundos para pagamento de despesas de pequeno LEGAL
vulto deve-se sempre atestar a falta momentânea dos ma-
teriais a adquirir ou a necessidade imperiosa de contratação Até 2.000,00 Pequeno Vulto Art. 2º, item I, §1º,
do serviço, encontrando o seu limite para cada comprovante alínea “a”.
de despesa no valor de R$-200,00. Até 4.000,00 Despesas Eventuais Art. 2º, item I, §1º,
Sendo assim, o suprimento de fundos é um instrumento alínea “b”.
de exceção ao qual pode recorrer o Ordenador de Despe-
sas, em situações que não permitam o processo normal de
execução da despesa pública, isto é, licitação, dispensa ou IV - PRAZO PARA APLICAÇÃO E PRESTAÇÃO DE
inexigibilidade, empenho, liquidação e pagamento, Por isso, CONTAS
é recomendável muita prudência na sua concessão, no sen-
Para prestação de contas do Suprimento de Fundos o
tido de evitar a generalização do seu uso.
prazo é de até15(quinze) dias após o período de aplicação.
B. Não se concederá suprimento de fundos:  NOTA: Os suprimentos de fundos concedidos no mês
I. A responsável por dois suprimentos;  de dezembro devem ser aplicados até o dia 31 deste mês,
não podendo em nenhuma hipótese ser utilizados no exer-
II. A servidor que tenha a seu cargo a guarda ou utili-
cício financeiro seguinte. A recomendação é que, caso haja
zação do material a adquirir, salvo quando não hou-
saldo, o suprido o deposite na conta da instituição, sob pena
ver na repartição outro servidor; 
de ter que devolver o numerário gasto em desacordo com
III. A responsável por suprimento de fundos que, es- a legislação. 
gotado o prazo, não tenha prestado contas de sua
aplicação; e  V - FORMA DE CONCESSÃO
IV. A servidor declarado em alcance.  Será concedido através de Portaria assinada pelo Orde-
nador de Despesas e publicada no Diário Oficial do Estado,

50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

emitida em nome do servidor sempre precedida de Nota da efetivação da despesa em ordem cronológica e com a
de Empenho, onde irá constar o nome completo, posto ou rubrica do responsável pelo referido suprimento, contendo
graduação, cargo ou função e matrícula do suprido; destina- as seguintes peças e nesta ordem:
ção ou a finalidade da despesa a realizar; o valor do supri-
A. Memorando de encaminhamento da prestação de
mento, em algarismos e por extenso, da importância a ser
contas;
entregue; a classificação funcional e a natureza de despesa;
prazo de aplicação e prestação de contas. B. Cópia da Portaria de concessão do Suprimento de
Fundos;
VI - ELEMENTOS DE DESPESA QUE PODEM SER
UTILIZADOS C. Cópia da Ordem de Saque ou do extrato bancário;

O suprimento de fundos será concedido nos seguintes D. Demonstrativos de Comprovação do Suprimento de


elementos de despesa: Fundos, preenchidos de acordo com o elemento de
despesa;
• 3390.30 – Material de Consumo;
• 3390.36 – Serviços de Terceiros/Pessoa Física; E. Originais dos documentos comprobatórios da des-
pesa (Notas Fiscais de vendas, Notas Fiscais de pres-
• 3390.39 – Serviços de Terceiros/Pessoa Jurídica;
tação de serviços – pessoa jurídica, faturas e recibos
• 339033 – Passagem e Locomoção. de pessoas físicas) sem emendas, rasuras, acrésci-
NOTA: A aplicação de suprimentos de fundos em ele- mos ou entrelinhas;
mento de despesa diverso dos que foram citados acima, F. Cópia da Guia de Recolhimento (GR) do saldo não
como, por exemplo, para aquisição de Equipamentos ou aplicado (se houver).
Material Permanente (339052) constitui irregularidade in-
sanável, estando o suprido obrigado a devolver o recurso É importante frisar que os documentos fiscais deverão
gasto incorretamente. Por isso, quando o suprido esteja em observar ainda as seguintes exigências:
dúvida quanto à classificação correta do material a adquirir,
recomendamos que antes de realizar a compra, procure ob- A. Serem emitidos em nome da UEPA por quem forne-
ter informações junto à Coordenação de Prestação de Con- ceu o material ou prestou o serviço;
tas – CPC, ao Departamento de Administração de Recursos B. Serem obrigatoriamente emitidos sempre igual ou
Materiais – DARM ou à Coordenação de Controle Interno. posterior à data da concessão do suprimento de fun-
Da mesma forma terá a prestação de contas impugna- dos;
da, isto é, considerada IRREGULAR, não sujeita à aprovação
pelo Ordenador de Despesas, o suprido que utilizar recur- C. Conterem o detalhamento do material fornecido ou
so de uma rubrica para pagamento de produto ou serviço do serviço prestado (discriminação da quantidade
classificado em outra. Por exemplo, utilizar recurso da ru- de produto ou serviço), evitando generalizações ou
brica 339039(Serviços de Terceiro Pessoa Jurídica) pagar abreviaturas que impeçam o conhecimento da natu-
despesas classificadas na rubrica339030 (Material de Con- reza das despesas e da unidade fornecida.
sumo). Portanto, a recomendação é que se evite terminan-
temente este tipo de prática. IX - ATESTO DOS COMPROVANTES DE DESPESAS
VII - SERVIDOR IMPEDIDO DE RECEBER  Para comprovar o efetivo recebimento do material e da
prestação de serviço no que concerne à quantidade e à qua-
A. Responsável por dois Suprimentos de Fundos ainda lidade adquirida, os comprovantes de despesas deverão ser
não comprovados; atestados por servidor suficientemente identificado (cargo,
função, assinatura legível) que não seja necessariamente o
B. Declarado em alcance, assim entendido aquele que suprido.
tenha cometido apropriação indevida, extravio, des-
vio ou falta verificada na prestação de contas, de di- X - IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO
nheiro ou valores confiados à sua guarda;
São consideradas irregularidades na aplicação e com-
C. Que esteja respondendo a inquérito administrativo; provação de recursos liberados a título de suprimento de
D. Que exerça as funções de Ordenador de Despesas; fundos:

E. Responsável pelo setor financeiro; A. Qualquer despesa realizada anteriormente ou poste-


rior ao prazo de aplicação;
F. Que esteja de licença, férias ou afastado.
B. Quando forem aplicados em projeto ou atividade in-
VIII - DOCUMENTOS QUE DEVEM COMPOR A compatíveis com a finalidade de sua concessão;
PRESTAÇÃO DE CONTAS C. Quando forem aplicados em desacordo com o ele-
O processo de comprovação de suprimento de fundos mento de despesa especificado no ato da concessão
deve ser organizado com os documentos comprobatórios e na Nota de Empenho;

51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

D. Quando aplicado em outro exercício financeiro do O reconhecimento dessa despesa ocorrerá com a incor-
ato concessivo; poração de passivo em contrapartida ao registro no Sistema
Patrimonial de variação passiva. 
E. Quando constatado o parcelamento de despesa na
Ressalta-se que esse passivo pertence ao Sistema Pa-
aplicação do numerário, ou seja, a soma das Notas
trimonial, portanto depende de autorização legislativa para
Fiscais com o mesmo objeto;
amortização.  
F. Realizar os pagamentos que não seja em dinheiro e No momento do registro da despesa orçamentária, o
à vista, dada a vedação legal para aquisição/contra- passivo patrimonial deve ser baixado em contrapartida de
tação a prazo. variação ativa patrimonial. Simultaneamente, ocorre o re-
gistro de passivo correspondente no Sistema Financeiro em
Se configurada alguma das situações acima previstas, o
contrapartida da despesa orçamentária, em substituição ao
suprido terá que devolver o numerário gasto em desacordo
passivo do Sistema Patrimonial. 
com as normas legais, independentemente de outras san-
Logo, tendo ocorrido a contraprestação de bens e ser-
ções disciplinares cabíveis.
viços ou qualquer outra situação que enseje obrigação a
Registro de passivos sem execução orçamentária pagar para uma determinada unidade gestora, mesmo sem
previsão orçamentária, esta deverá registrar o passivo cor-
A característica fundamental da despesa orçamentária respondente, sem prejuízo das possíveis responsabilidades e
é de ser precedida de autorização legislativa, por meio do providências previstas na legislação, inclusive as citadas pela
orçamento. Lei de Crimes Fiscais.
A Constituição Federal veda, no inciso II do artigo 167, a Caso o crédito orçamentário conste em orçamento de
realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas exercício posterior à ocorrência do fato gerador da obriga-
que excedam os créditos orçamentários ou adicionais. ção, deverá ser utilizada natureza de despesa com elemento
Não obstante a exigência constitucional, para eviden- 92 – Despesas de Exercícios Anteriores, em cumprimento à
ciar a real situação patrimonial da entidade, todos os fatos Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/01 e ao artigo 37
devem ser registrados na sua totalidade e no momento em da Lei nº4.320/1964, que dispõe: 
que ocorrerem.
Assim, mesmo pendente de autorização legislativa, deve “Art. 37.As despesas de exercícios encerrados, para
haver o reconhecimento de obrigação pelo enfoque patri- os quais o orçamento respectivo consignava crédito pró-
monial no momento do fato gerador, observando-se o regi- prio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se
me de competência e da oportunidade da despesa, confor- tenham processados na época própria, bem como os Res-
me estabelece a Resolução do Conselho Federal de Conta- tos a Pagar com prescrição interrompida e os compro-
bilidade nº 750/93 que trata dos Princípios Fundamentais de missos reconhecidos após o encerramento do exercício
Contabilidade. Como apresentado no início deste Manual, correspondente, poderão ser pagos à conta de dotação
o Princípio da Competência estabelece que as despesas específica consignada no orçamento, discriminada por
deverão ser incluídas na apuração do resultado do período elemento, obedecida, sempre que possível, a ordem cro-
em que ocorrerem, independentemente do pagamento e o nológica.”
Princípio da Oportunidade dispõe que os registros no pa-
trimônio e das suas mutações devem ocorrer de imediato e A falta de registro de obrigações oriundas de despesas
com a extensão correta, independentemente das causas que já incorridas resultará em demonstrações incompatíveis com
as originaram. as normas de contabilidade, além da geração de informa-
O momento de reconhecimento da despesa por com- ções incompletas em demonstrativos exigidos pela LRF, a
petência também foi adotado pela Lei de Responsabilidade exemplo do Demonstrativo da Dívida Consolidada Líquida,
Fiscal – LRF, no inciso II, do artigo 50, reforçando entendi- tendo como consequência análise distorcida da situação fis-
mento patrimonialista sobre a utilização da ocorrência do cal e patrimonial do ente.
fato gerador como o momento determinante para o registro
da despesa. 
A LRF também determina que o Anexo de Metas Fiscais 3.8 RESTOS A PAGAR
demonstre a real evolução do patrimônio líquido do exercí-
cio e dos últimos três.
Para que essa informação seja útil e confiável é necessá- No final do exercício, as despesas orçamentárias em-
rio que os lançamentos observem os Princípios Fundamen- penhadas e não pagas serão inscritas em Restos a Pagar e
tais de Contabilidade.  constituirão a Dívida Flutuante.
Portanto, ocorrendo o fato gerador de uma despesa e Podem-se distinguir dois tipos de Restos a Pagar, os
não havendo dotação no orçamento, a contabilidade, em Processados e os Não processados.
observância aos Princípios Fundamentais de Contabilidade Os Restos a Pagar Processados são aqueles em que a
e às legislações citadas, deverá registrá-la no sistema patri- despesa orçamentária percorreu os estágios de empenho e
monial.  liquidação, restando pendente, apenas, o estágio do paga-
mento.

52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Os Restos a Pagar Processados não podem ser cancela- A LRF determina ainda, em seu artigo 42, que qualquer
dos, tendo em vista que o fornecedor de bens/serviços cum- despesa empenhada nos últimos oito meses do mandato
priu com a obrigação de fazer e a administração não poderá deve ser totalmente paga no exercício, acabando por vetar
deixar de cumprir coma obrigação de pagar sob pena de sua inscrição ou parte dela em Restos a Pagar, a não ser que
estar deixando de cumprir os Princípios da Moralidade que haja suficiente disponibilidade de caixa para viabilizar seu
rege a Administração Pública e está previsto no artigo 37 da correspondente pagamento.
Constituição Federal, abaixo transcrito. Observa-se que, embora a Lei de Responsabilidade Fis-
O cancelamento caracteriza, inclusive, forma de enri- cal não aborde o mérito do que pode ou não ser inscrito em
quecimento ilícito, conforme Parecer nº 401/2000 da Procu- Restos a Pagar, veda contrair obrigação no último ano do
radoria-Geral da Fazenda Nacional. mandato do governante sem que exista a respectiva cober-
tura financeira, eliminando desta forma as heranças fiscais,
“Art. 37. A administração pública direta e indireta conforme disposto no seu artigo 42:
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios “Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão re-
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade ferido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu
e eficiência e, também, ao seguinte”. mandato, contrair obrigação de despesa que não possa
ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha
Somente poderão ser inscritas em Restos a Pagar as parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que
despesas de competência do exercício financeiro, conside- haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.
rando-se como despesa liquidada aquela em que o serviço, Parágrafo único. Na determinação da disponibilida-
obra ou material contratado tenha sido prestado ou en- de de caixa serão considerados os encargos e despesas
tregue e aceito pelo contratante, e não liquidada, mas de compromissadas a pagar até o final do exercício.”
competência do exercício, aquela em que o serviço ou ma-
terial contratado tenha sido prestado ou entregue e que se É prudente que a inscrição de despesas orçamentárias
encontre, em 31 de dezembro de cada exercício financeiro, em Restos a Pagar não processados observe a disponibilida-
em fase de verificação do direito adquirido pelo credor ou de de caixa e a competência da despesa.
quando o prazo para cumprimento da obrigação assumida Reconhecimento da despesa orçamentária inscrita em
pelo credor estiver vigente. restos a pagar não processados no encerramento do exer-
Observando-se o Princípio da Anualidade Orçamentá- cício.
ria, as parcelas dos contratos e convênios somente deverão A norma legal estabeleceu que, no encerramento do
ser empenhadas e contabilizadas no exercício financeiro se exercício, a parcela da despesa orçamentária que se encon-
a execução for realizada até 31 de dezembro ou se o prazo trar em qualquer fase de execução posterior à emissão do
para cumprimento da obrigação assumida pelo credor esti- Empenho e anterior ao Pagamento será considerada restos
ver vigente. a pagar.
As parcelas remanescentes deverão ser registradas nas O raciocínio implícito na lei é de que a receita orçamen-
Contas de Compensação e incluídas na previsão orçamen- tária a ser utilizada para pagamento da despesa empenhada
tária para o exercício financeiro em que estiver prevista a em determinado exercício já foi arrecadada ou ainda será
competência da despesa. arrecadada no mesmo ano e estará disponível no caixa do
A inscrição de despesa em Restos a Pagar não processa- governo ainda neste exercício.
dos é procedida após a depuração das despesas pela anu- Logo, como a receita orçamentária que ampara o empe-
lação de empenhos, no exercício financeiro de sua emissão, nho pertence ao exercício e serviu de base, dentro do prin-
ou seja, verificam-se quais despesas devem ser inscritas em cípio orçamentário do equilíbrio, para a fixação da despesa
Restos a Pagar, anulam-se as demais e inscrevem-se os Res- orçamentária autorizada pelo congresso, a despesa que for
tos a Pagar não processados do exercício. empenhada com base nesse crédito orçamentário também
No momento do pagamento de Restos a Pagar referen- deverá pertencer ao exercício.
te à despesa empenhada pelo valor estimado, verifica-se se Supondo que determinada receita tenha sido arrecada-
existe diferença entre o valor da despesa inscrita e o valor da e permaneça no caixa, portanto, integrando o ativo finan-
real a ser pago; se existir diferença, procede-se da seguinte ceiro do ente público no final do exercício.
forma: Existindo concomitantemente uma despesa empenha-
Se o valor real a ser pago for superior ao valor inscrito, da, que criou para o estado uma obrigação pendente do
a diferença deverá ser empenhada a conta de despesas de cumprimento do programo de condição, terá que ser regis-
exercícios anteriores; trada também numa conta de passivo financeiro, senão o
Se o valor real for inferior ao valor inscrito, o saldo exis- ente público estará apresentando em seu balanço patrimo-
tente deverá ser cancelado. nial, ao final do exercício, superávit financeiro (ativo financei-
A inscrição de Restos a Pagar deve observar aos limites ro – passivo financeiro), que poderia ser objeto de abertura
e condições de modo a prevenir riscos e corrigir desvios ca- de crédito adicional no ano seguinte na forma prevista na lei.
pazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, conforme No entanto, a receita que permaneceu no caixa na vira-
estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. da do exercício já está comprometida com o empenho que

53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

foi inscrito em restos a pagar e, portanto, não poderia ser da e não paga ($900-$400), separando-se a liquidada da não
utilizada para abertura de novo crédito. liquidada.
Dessa forma, o registro do passivo financeiro é inevi- Assim o total de restos a pagar inscrito será de $500,
tável, mesmo não se tratando de um passivo consumado, sendo $300 ($700-400) referente a restos a pagar proces-
pois falta o cumprimento do programo de condição, mas sados (liquidados) e $200 ($900-$700) restos a apagar não
por força do artigo 35 da Lei 4.320/1964 e da apuração do processado (liquidado).
superávit financeiro tem que ser registrado. Os restos apagar processado já está registrado no pas-
Assim, suponha os seguintes fatos a serem registrados sivo financeiro em contrapartida da despesa ($700), resta
na contabilidade de um determinado ente público:  agora registrar a inscrição de restos a pagar não processado.
Verifica-se que na situação anterior ao momento da
1. recebimento de receitas tributárias no valor de
inscrição dos restos a pagar, o ente está apresentando um
$1000 unidades monetárias
superávit financeiro (ativo financeiro - passivo financeiro) de
2. empenho da despesa no valor de $900 unidades $300 ($600-$300), pois possui saldo na conta movimento de
monetárias $600 e passivo com fornecedores de $300. No entanto, do
total empenhado ($900) permanecem ($200) que ainda não
3. liquidação de despesa corrente no valor de $ 700
foram liquidados até o final do exercício, mas que tem um
unidades monetárias
compromisso assumido entre o ente e o fornecedor.
4. pagamento da despesa no valor de $ 400 Assim, o superávit financeiro real não é de $300, mas de
$100, pois parte do saldo de caixa está comprometido com
5. inscrição de restos a pagar, sendo $300 de restos o empenho que está a liquidar. Dessa forma, a contabilidade
a pagar processado ($700-$400) e $200de restos a deve reconhecer um passivo financeiro quando da inscrição
apagar não processado ($900-700). do resto a pagar não processado, em contrapartida de des-
O ingresso no caixa será registrado no sistema financei- pesa, como foi explicado anteriormente.
ro em contrapartida de receita orçamentária.
1. Ativo 2. Passivo
1. O empenho da despesa é um ato que potencialmen-
te poderá afetar o patrimônio após o cumprimento Conta 600 (C) Fornecedores 300 (C)
do implemento de condição e a verificação do direi- Movimento (5) 200 (C)
to adquirido pelo credor,devendo então ser registra- Saldo 500(C)
do no ativo e passivo compensado 1.9 Ativo
Compensado 900 (C)
2. O reconhecimento da despesa orçamentária ao lon-
2.9 Passivo
go do exercício deve ser realizado no momento da
Empenhos a Compensado
liquidação, em contrapartida da assunção de uma
Liquidar 900 (D)
obrigação a pagar (passivo)
700 (D) Crédito
3. Ao efetuar o pagamento de parte da despesa liqui- 3. Despesa 200 (D) Disponível
dada o saldo na conta movimento diminuirá no mes- Despesa 900 (D)
mo valor da diminuição do passivo. Corrente 4 - Receita
(5) Receitas 1.000 (C)
4. Registrando de forma simplificada as operações na
Saldo Tributárias
contabilidade do ente teríamos a seguinte apresen-
Total
tação das contas num balancete
Total 2400 (D)

1 – ATIVO 2 – PASSIVO
Conta Movimento – 1.000 (D) Fornecedores – 700 (C) (3) (5) Agora, após o lançamento da inscrição do restos a
(1) 400 (D) (4) pagar não processado o superávit financeiro será de $100
400 (C) (4) Saldo – 300 (C) (Saldo Conta Movimento – Saldo Fornecedores), ou seja,
Saldo – 600 (D) 2.9 – PASSIVO COMPENSADO a contabilidade informa para o gestor que somente $100
1.9 – ATIVO COMPENSADO unidades monetárias estão livres para consecução de novas
Empenhos a Liquidar – R$ 900 Crédito Disponível – R$900 (D) despesas, a partir da abertura de novos créditos orçamen-
(C) (2) (2) tários, pois o empenho não liquidado é um compromisso
3 – DESPESA 4 – RECEITA assumido que só depende agora do cumprimento do im-
Despesa Corrente – 700 (D) (3) Receitas Tributárias – 1.000 (C) plemento de condição por parte do fornecedor, que quando
Total 2.200 (C) (1+2+3+4) (1) acontecer deverá ser reconhecido pela entidade e registrado
Total 2.200 (D) (1+2+3+4) na contabilidade para posterior pagamento com a receita
ingressada no ano anterior, ou seja, no mesmo exercício da
despesa.
Se ao final do exercício somente existiram essas opera- O Balanço Financeiro simplificado ao final do exercício
ções serão inscritos em restos a pagar a despesa empenha- em cumprimento ao artigo 103 da Lei4.320/1964 será:

54
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Orçamentárias: aquelas que forem previstas no or-


INGRESSOS DISPÊNDIOS çamento;
• Extraorçamentárias:  as que decorrerem de outras
Receita Orçamentária 1.000 Despesa fontes e são, apenas acessórias.
(Saldo Atual) Orçamentária
(Saldo Atual) O regulamento geral de contabilidade pública conceitua
Inscrição de Restos A 400 como receita da União todos os créditos de qualquer natu-
Pagar (Saldo Atual) Paga 500 reza que o Governo tem direito de arrecadar em virtude de
Não Paga leis gerais e especiais, de contratos e quaisquer títulos de
Processados (Fornecedor) 300 que derivem a favor do estado.
Não processados 200 A lei 4.320/64 classificou a receita orçamentária em duas
categorias econômicas:
• Receitas correntes
Disponível (Saldo • Receitas de capital
Anterior) 0 Disponível saldo 600
atual As receitas correntes são compostas por receitas deri-
Total vadas, originárias e outras complementares tais como: a tri-
1.500 Total 1.500 butária, a patrimonial, industrial, transferências correntes e
diversas;
As receitas de capital, também conhecidas como secun-
Ao determinar que, no final do exercício, fosse reconhe- dárias, resultam da efetivação das operações de crédito, alie-
cida como despesa orçamentária aquela empenhada, inde- nação de bens, recebimento de dívidas e auxílios recebidos
pendentemente de sua liquidação, observa-se claramente pelo órgão ou entidade.
que o legislador deu mais importância ao princípio da lega- Ainda nos termos da lei 4.320/64, a discriminação da
lidade da despesa e da anualidade do Orçamento, em detri- receita orçamentária tem como base as fontes econômicas
mento do registro da despesa sob o regime da competência de sua geração, exceção feita às transferências entre órgãos
restrita. e esferas do Governo, cuja classificação se procede atual-
Porém, para atender ao Princípio da Competência e aos mente conforme o destino dos recursos: se para aplicações
Princípios da Legalidade da Despesa e da Anualidade do Or- correntes ou de capital.
çamento, é necessário fazer alguns ajustes no encerramento Assim estão classificadas as receitas, segundo as fon-
do exercício, a saber: tes econômicas de sua geração (lei 4.320/64, alterada pelo
Com o objetivo de evitar demonstrar um superávit fi- decreto lei no 1.939, de 20.05.82 e portaria SOF/SEPLAN/
nanceiro inexistente, que pode ser utilizado para abertura de no472/93.), cuja classificação alcança os estados e municí-
créditos adicionais sem lastro, comprometendo a situação pios, tendo em vista o disposto no art. 113 da lei no 4.320/64.
financeira do ente, é recomendável que se proceda a exe-
cução da despesa orçamentária mesmo faltando o cumpri- RECEITAS CORRENTES
mento do implemento de condição.
• TRIBUTÁRIAS – são os ingressos provenientes da
Tal procedimento é concebido mediante o registro da
arrecadação das receitas de impostos, taxas e con-
despesa orçamentária em contrapartida com uma conta de
tribuições de melhoria. É uma receita privativa das
passivo no sistema financeiro. Observa-se que tal registro
entidades competentes para tributar: União, Estados,
criou um passivo “fictício” e, portanto, deve-se registrar, si-
Distrito Federal e os Municípios.
multaneamente, uma conta redutora deste passivo, no sis-
tema patrimonial. • RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES – são os ingressos
provenientes de contribuições sociais de intervenção
no domínio econômico e de interesse das categorias
3.9 DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES profissionais ou econômicas, como instrumento de
3.10 CONTA ÚNICA DO TESOURO intervenção nas respectivas áreas.
• RECEITA PATRIMONIAL – é o ingresso proveniente
de rendimentos sobre investimentos do ativo per-
Define-se como receita pública todo o recebimento manente, de aplicações de disponibilidades em op-
efetuado pela entidade com a finalidade de ser aplicado em ções de mercado e outros rendimentos oriundos de
gastos operativos e de administração. Nas entidades há de renda de ativos permanentes.
se distinguir duas modalidades de recebimentos. As receitas • RECEITA AGROPECUÁRIA – é o ingresso proveniente
classificam-se como efetivas quando se realizam entradas da atividade ou da exploração agropecuária de ori-
patrimoniais; em caso contrário, isto é, se os recebimentos gem vegetal ou animal.
decorrerem da exclusão de valores patrimoniais são deno- • RECEITA INDUSTRIAL – é o ingresso proveniente da
minados de receitas por mutação patrimonial. atividade industrial de extração mineral, de trans-
Normalmente as receitas públicas estão divididas em:

55
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

formação, de construção e outras, provenientes das débito dela; o Código Tributário Nacional define esta
atividades industriais definidas como tal pelo IBGE. medida como procedimento administrativo tenden-
• RECEITAS DE SERVIÇOS – são aquelas oriundas da te a verificar a ocorrência do fato gerador da obriga-
prestação de serviço de transporte, saúde, comuni- ção correspondente, a matéria tributável, o cálculo
cação, portuário, armazenagem, de inspeção e fisca- do montante do tributo devido a identificação do
lização, judiciário, processamento de dados, vendas respectivo sujeito passivo.
de mercadoria e produtos inerentes a atividades da Este Estágio não gera Lançamentos Contábeis.
entidade e outros serviços.
• TRANSFERÊNCIAS CORRENTES – são as provenien- • ARRECADAÇÃO - A arrecadação da Receita está li-
tes de outros órgãos ou entidades referentes a re- gada aos pagamentos realizados diretamente pelos
cursos pertencentes ao ente ou entidade recebedo- contribuintes às repartições fiscais e rede bancária
ra ou ao ente ou entidade transferidora, efetivados autorizada.
mediante condições preestabelecidas ou mesmo
sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja Artigo 9 a 11 da Lei no 4.320/64.
aplicação em despesas correntes.
• OUTRAS RECEITAS CORRENTES – ingressos prove- DÍVIDA ATIVA
nientes de outras origens não classificáveis nas sub-
categorias econômicas anteriores. A Dívida Ativa da União é composta por todos os cré-
ditos desse ente, sejam eles de natureza tributária ou não
RECEITAS DE CAPITAL tributária, regularmente inscritos pela Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional, depois de esgotado o prazo fixado para
• OPERAÇÕES DE CRÉDITO - ingresso proveniente da pagamento, pela lei ou por decisão proferida em processo
colocação de títulos ou da contratação de emprésti- regular.
mos e financiamentos obtidos junto a entidades es- Pode ser:
tatais, instituições financeiras, fundos, etc.
• Dívida Ativa Tributária: crédito da Fazenda Pública
• ALIENAÇÃO DE BENS MÓVEIS E IMÓVEIS – recursos proveniente da obrigação legal relativa a tributos e
provenientes da alienação de componentes do ativo respectivos adicionais e multas.
permanente, ou seja, é a conversão em espécie de
• Dívida Ativa Não Tributária: demais créditos da Fa-
bens e direitos.
zenda Pública tais como os provenientes de emprés-
• AMORTIZAÇÃO – recurso proveniente do recebi- timos compulsórios; contribuições estabelecidas em
mento de valores referentes a parcelas de emprés- lei; multas de qualquer origem ou natureza, exceto
timos ou financiamentos concedidos em títulos ou as tributárias; foros; laudêmios; aluguéis ou taxas
contratos. de ocupação; custas processuais; preços de serviços
• TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL – são as provenientes prestados por estabelecimentos públicos; indeniza-
de outros órgãos ou entidades referentes a recursos ções entre outras obrigações legais.
pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao
A dívida ativa pressupõe de certeza e liquidez, e equivale
ente ou entidade transferidora, efetivados mediante
a prova pré-constituída contra o devedor.
condições preestabelecidas ou mesmo sem qual-
A inscrição da dívida ativa é um fato de natureza ex-
quer exigência, desde que o objetivo seja aplicação
traorçamentária e provoca um aumento no patrimônio lí-
em despesas de capital.
quido representado por uma conta de variação patrimonial
• OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL - ingressos prove- aumentativa, como uma superveniência ativa (acréscimo
nientes de outras origens não classificáveis nas sub- patrimonial).
categorias econômicas anteriores. Despesa pública é o conjunto de dispêndios do Estado
ou de outra pessoa de direito público a qualquer título, a fim
ESTÁGIOS DA RECEITA
de saldar gastos fixados na lei do orçamento ou em lei es-
• PREVISÃO - A previsão da receita é a estimativa de pecial, visando à realização e ao funcionamento dos serviços
quanto se espera arrecadar durante o exercício. Uma públicos. Nesse sentido, a despesa é parte do orçamento,
parcela da receita prevista poderá sofrer lançamen- ou seja, aquela em que se encontram classificadas todas as
tos, correspondendo aos impostos diretos, taxas, autorizações para gastos com as várias atribuições e funções
contribuições de melhoria, serviços industriais, ren- governamentais. Em outras palavras, as despesas públicas
das patrimoniais, etc. formam o complexo da distribuição e emprego das receitas
das receitas para custeio e investimento em diferentes seto-
• LANÇAMENTO - O lançamento é a identificação
res da administração governamental.
do devedor ou da pessoa do contribuinte, a lei no
Quanto à sua natureza, classificam-se em:
4.320/64, define o lançamento d receita como o ato
da repartição competente que verifica a procedên- • Despesa Orçamentária: é aquela que depende de
cia do crédito fiscal, a pessoa devedora e inscreve a autorização legislativa para ser realizada e que não

56
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

pode ser efetivada sem a existência de crédito orça- do material ou a prestação do serviço até o reconhecimento
mentário que a corresponda suficientemente. da despesa.
• Despesa Extra Orçamentária: trata-se dos pagamen- A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou
tos que não dependem de autorização legislativa, ou por serviços prestados terá por base:
seja, não integram o orçamento público. Correspon- • Contrato, ajuste ou acordo respectivo;
dem à restituição ou entrega de valores arrecadados • A nota de empenho;
sob o titulo de receita extra orçamentária. Ex.: devo-
• Os comprovantes da entrega de material ou da pres-
lução de fianças e cauções; recolhimento de imposto
tação efetiva do serviço.
de renda retido na fonte, etc.
Não confundir ordem de pagamento com ordem bancá-
Empenho é o primeiro estágio da despesa e “é o ato
ria. A ordem de pagamento é despacho exarado pela auto-
emanado de autoridade competente que cria para o Estado
ridade competente, determinando que a despesa seja paga.
obrigação de pagamento pendente ou não de implemen-
Ordem bancária é o documento emitido através do Siaf, que
to de condição”. O empenho é prévio, ou seja, precede a
transfere o recurso financeiro para a conta do credor.
realização da despesa e está restrito ao limite de crédito or-
Vale ressaltar que, a Secretaria do Tesouro Nacional
çamentário (art. 59). É vedada a realização da despesa sem
considera, durante o exercício financeiro, a despesa pela sua
prévio empenho (art. 60). A formalização do empenho se dá
liquidação, entretanto, para fins de encerramento do exercí-
com a emissão do pedido de empenho, pelos setores com-
cio financeiro, toda a despesa empenhada e não anulada até
petentes, e devidamente autorizados, no Módulo Financeiro.
31 de dezembro, será considerada despesa nas demonstra-
A emissão da Nota de Empenho representa uma garantia
ções contábeis.
para o fornecedor ou para o prestador de serviço contratado
pela Administração Pública de que a parcela referente a seu SUPRIMENTOS DE FUNDOS
contrato foi bloqueada para honrar os compromissos assu-
midos. Pode-se deduzir, portanto, que o orçamento é com- O Suprimento de Fundos (Parágrafo 3o do Art. 74 do D.
promissado através do empenho. O empenho da despesa é L. No 200/67) ou o adiantamento (Art. 68 da Lei No 4.320/64)
o instrumento de utilização de créditos orçamentários. é um instrumento de exceção, ao qual pode recorrer o Orde-
Entende-se por nota de empenho o documento utiliza- nado de Despesa, a seu critério e sob a sua inteira respon-
do para fins de registro da operação de empenho de uma sabilidade, para, através de Servidor, realizar despesas que
despesa. Para cada empenho será extraída uma nota de em- não possam se subordinar ao processo normal de aplicação.
penho, que indicará o nome do credor (beneficiário do em- O suprimento de fundos consiste na entrega de valores
penho), a especificação e a importância da despesa. a servidor, sempre precedida de empenho na dotação pró-
O empenho para compras, obras e serviços só pode ser pria para o fim de realizar despesas, que não possam ater-se
emitido após a conclusão da licitação, salvo nos casos de ao processo normal de aplicação.
dispensa ou inexigibilidade, desde que haja amparo legal na É passível de concessão através de Suprimento de Fun-
legislação que regulamenta as licitações (Lei nº 8.666/93). As dos apenas as despesas:
despesas só podem ser empenhadas até o limite dos cré- com serviços especiais que exijam pronto pagamento
ditos orçamentários iniciais e adicionais, e de acordo com em espécie;
o cronograma de desembolso da unidade gestora, devida- que deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se clas-
mente aprovado. sificar em regulamento;
O empenho deverá ser anulado: despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas
cujo valor não ultrapasse a 0,25% do valor estabelecido no
• no decorrer do exercício: Art. 23, inciso II, do Lei 8.666, no caso de compras e serviços.
• parcialmente, quando seu valor exceder o montan- Na modalidade de suprimento de fundos, registram-se,
te da despesa realizada; ou – totalmente, quando o antecipadamente, o empenho, a liquidação e o pagamento
serviço contratado não tiver sido prestado, quando da despesa, sem importar que o suprido ainda não tenha
o material encomendado não tiver sido entregue ou empregado os recursos.
quando o empenho tiver sido emitido incorretamen- Depois de ter utilizado os recursos para a finalidade que
te. lhe foi confiada, o servidor suprido devera prestar contas
• no encerramento do exercício, quando o empenho dos gastos. Ademais, pode haver a devolução de recursos
referir-se a despesas não liquidadas, salvo aquelas confiados, ou na hipótese de restar saldo sem aplicação, ou
que se enquadrarem nas condições previstas para a ainda na hipótese de impugnação de despesas.
inscrição em restos a pagar. Não se concederá Suprimento de Fundos:
• existência de dois suprimentos de fundos confiados
O valor correspondente ao empenho anulado reverte ao
ao servidor;
crédito, tornando-se disponível para novo empenho ou des-
centralização, respeitado o regime de exercício. • não apresentação, ou não aprovação, da prestação
O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, de contas de suprimento antes concedido;
todos os atos de verificação e conferência, desde a entrada • o fato de o servidor ser responsável pela guarda ou
pela utilização do material a ser adquirido por meio

57
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

do suprimento, a não ser que não exista, na reparti- • Demonstração das receitas e despesas;
ção, outro servidor.
Comprovantes, em originais, das despesas realizadas,
O suprimento poderá ser concedido a: devidamente atestadas, emitidos em data igual ou posterior
ao recebimento do numerário, e compreendida dentro do
• Servidor designado para a execução de serviço; período fixado para aplicação, em nome do órgão emissor
• Coordenador; do empenho, sendo:
• Presidente de Comissão ou de grupo de trabalho, • Compra de material – Nota Fiscal de Venda ao con-
para as despesas em conjunto ou isoladamente de sumidor;
cada integrante; • Prestação de serviços por pessoa jurídica – Nota Fis-
Servidor a quem se atribua o encargo do pagamento de cal de Serviços;
despesas, autorizadas pela autoridade ordenadora, daqueles • Prestação de Serviços por Pessoa Física – Recibo de
que tenham sido encarregados do cumprimento de missão Pagamento de Autônomo (RPA) ou recibo comum,
que exija transporte, quando a repartição não dispuser de para os casos de credores inscritos ou não do INSS,
meios próprios, ou para atender situações de emergência. respectivamente;
O Suprimento de Fundos não poderá ser destinado a • Comprovante de recolhimento do saldo se for o
cobrir despesas de locomoção de servidor em viagem quan- caso.
do este houver recebido diárias.
O Suprimento, coberto por empenho na dotação de Restos a pagar
“Serviços” poderá comportar despesas com materiais de Consideram-se restos a pagar as despesas empenhadas
consumo, quando indispensáveis à execução dos serviços e e não pagas até o final do exercício financeiro.
desde que fornecidos ou adquiridos pelo prestador de servi- Por exemplo: Uma despesa e registrada, por exemplo,
ços, devendo ser observada a preponderância do custo dos em 2013. Quer dizer que ela passou pelo primeiro estagio, o
serviços prestados. empenho. Entretanto, chega o final de 2013, e o pagamento,
Cabe ao Ordenador de Despesa A Fixação do Valor do por razões quaisquer, não se realizou.
Suprimento de Fundos, bem como, do Prazo de Aplicação, O exercício de 2014 vai se iniciar e o orçamento de 2013
que não deverá exceder a 90 (Noventa) dias, nem ultrapas- esta “finalizado”. Mas os empenhos de 2013 que necessitam
sar o término do exercício financeiro, e o da Prestação de ainda de pagamento não poderão se misturar aos empe-
Contas, que deverá ser apresentada dentro de 30 (Trinta) nhos normais do ano corrente. Afinal, são orçamentos de
dias subsequentes. anos diferentes.
A importância aplicada até 31 de Dezembro será com- Em 2014 haverá tipos distintos de empenhos para conti-
provada até 15 de Janeiro seguinte. nuar a execução de despesas orçamentárias: os atuais, refe-
Na aplicação do Suprimento de Fundos devem ser rigo- rentes a gastos autorizados para este ano, e os “esqueletos”
rosamente observadas as condições e finalidades previstas de exercícios encerrados – os empenhos que se tornaram
no ato da concessão. restos a pagar.
Os documentos comprobatórios da despesa efetuada a Assim, para uma definição simples, restos a pagar são
conta de Suprimento de Fundos são extraídos em nome da empenhos que transitaram de exercício.
Unidade Gestora concedente do Suprimento. Classificam-se em:
Deve constar dos comprovantes ou recibos, A Atestação
• DESPESAS PROCESSADAS
de que os serviços foram prestados ou de que o material foi
recebido pela unidade, passado por funcionário que não o • DESPESAS NÃO PROCESSADAS
Suprido. A Lei 4.320/64 e o Decreto 93.872/86 destacam um pon-
O servidor que receber Suprimento de Fundos é obri- to extremamente cobrado em prova. Devemos diferenciar as
gado a prestar contas de sua aplicação, sujeitando-se a To- despesas processadas (ou liquidadas) das não processadas
mada de Contas, se não o fizer no prazo assinalado pelo (ou não liquidadas), fazendo-se o registro por exercício e por
Ordenador de Despesa. credor. Aqui, o detalhe está na passagem, ou não, dos em-
Quando uma Prestação de Contas deixar de ser apre- penhos pelo estagio da liquidação.
sentada no tempo devido, ou quando contiver irregularida- Restos a pagar processados (RPP) são despesas liqui-
de, Ordenador de Despesa, sob pena de Co-Responsabilida- das e certas, que já recebeu roupagem documental, ates-
de, adotará as providências necessárias, para evitar prejuízo tados de recebimento, etc. Restos a pagar não processados
à Fazenda Nacional. (RPNP) são ainda uma “intenção de despesa”, pendente de
confirmação, ou, como diz a lei, pendente de implemento de
Formalização da prestação de contas de suprimento
condição. Assim, nada impede que ocorra um evento qual-
de fundos
quer – uma rescisão contratual sem execução do objeto, por
Documentos necessários: exemplo – e o empenho seja anulado, sem que isso traga
• Cópia do ato de concessão do Suprimento; efeitos reais sobre o patrimônio publico.
• Primeira via da nota de empenho; Tendo isso em vista, em 31 de dezembro de um ano
qualquer, pode haver empenhos liquidados e empenhos
• Extrato da conta bancária se for o caso;

58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

não liquidados “migrando” para o próximo exercício, res- § 2º Para os efeitos deste artigo, considera-se:
pectivamente como restos a pagar processados e restos a b) restos a pagar com prescrição interrompida, a despe-
pagar não processados. sa cuja inscrição como restos a pagar tenha sido cancelada,
A despesa orçamentária que não for paga no exercício mas ainda vigente o direito do credor;”
em que foi autorizada Somente os Restos a Pagar Não Processados podem ser
sua realização será inscrita, em 31 de dezembro, como cancelados, pois os Processados representam obrigação lí-
Restos a Pagar. O pagamento da despesa inscrita em Res- quida e certa do Estado para com seus credores, pelo menos
tos a Pagar, sejam Processadas ou Não Processadas, é feito durante cinco anos após a respectiva inscrição (Art. 70 do
no ano seguinte ao da sua inscrição, necessitando para o Decreto nº 93.872/86).
pagamento dos Não Processados que a despesa seja antes É importante, mais uma vez, lembrar que, em regra, em-
liquidada, ou seja, que haja ocorrido após o recebimento o bora a validade do registro contábil seja apenas de um ano,
aceite do objeto do empenho. os Restos a Pagar só prescrevem após cinco anos a partir de
Em se tratando de pagamento de despesa inscrita em sua inscrição. Dada a baixa contábil e até sua prescrição as
Restos a Pagar, pelo valor estimado, poderão ocorrer duas despesas “reconhecidas” serão pagas na rubrica “Despesas
situações: de Exercícios Anteriores”.
Outrossim, nota-se, a propósito, que a partir de 1998 o
A. o valor real a ser pago é superior ao valor inscrito.
saldo de dezembro da conta “Restos a Pagar a Pagar” vinha
Nessa condição, a diferença deverá ser empenhada
sendo reaberto no exercício seguinte como “Restos a Pa-
ã conta de despesas de exercícios anteriores;
gar Inscritos de Exercícios Anteriores”. E, em não havendo o
B. o valor real é inferior ao valor inscrito. O saldo exis- cancelamento previsto no art. 68 do Decreto 93.872/86, vale
tente deverá ser cancelado. O órgão competente observar o prazo prescricional previsto no art. 70 do mes-
para exercer o controle e disciplinar o tratamento de mo. Nesse caso é preciso observar que o estabelecimento
Restos a Pagar é a Secretaria do Tesouro Nacional. do prazo de 31 de dezembro como limite de validade para
as despesas inscritas em Restos a Pagar é feita apenas por
CANCELAMENTO decreto presidencial. Ou seja, outro decreto poderia estabe-
Se a mesma não for paga no exercício seguinte, deveria lecer prazo mais elástico ou mais curto.
ter sua inscrição cancelada. Esse procedimento é admitido Note-se, ademais, que a prorrogação da validade dos
nos arts. 69 e 70 do Decreto nº 93.872/86, in verbis: Restos a Pagar é coerente com o § 2º do art. 63 do Decreto
“Art. 69. Após o cancelamento da inscrição da despesa nº 93.872/8610 que determina:
como Restos a Pagar, o pagamento que vier a ser reclamado “Art. 67 § 2º O registro dos Restos a Pagar far-se-á por
poderá ser atendido à conta de dotação destinada a despe- exercício e por credor.”
sas de exercícios anteriores. Ou seja, torna-se possível contar com registros contá-
Art. 70. Prescreve em cinco anos a dívida passiva relativa beis de Restos a Pagar de diversos exercícios. Além disso,
aos Restos a Pagar.” o art. 38 da Lei nº 4.320/64, ao determinar que os recursos
A maioria dos entes da federação adotam o procedi- vinculados à anulação de despesa inscrita em Restos a Pagar
mento de cancelar os saldos remanescentes dos Restos a sejam considerados como receita do ano em que seu even-
Pagar no final do exercício seguinte ao da sua inscrição. tual cancelamento se der, deixa ainda mais evidente que o
Alguns entes da federação cancelam somente os Não legislador permitiu que a Lei abrigasse despesas empenha-
Processados, enquanto que outros cancelam os Processa- das em outros exercícios, mesmo que não estivessem devi-
dos e os Não Processados. Cabendo lembrar que os Res- damente realizadas.
tos a Pagar Processados representam dívidas reais do ente, Tendo em vista o exposto, para que haja segurança
necessitando, que os mesmos sejam registrados no passivo jurídica nas relações obrigacionais entre particulares e até
permanente para compor a dívida fundada do ente. mesmo entre o Estado e seus restadores de serviço e con-
tribuintes, o Direito incorpora o instituto da prescrição. Por
PRESCRIÇÃO meio desse instituto, não se permite que pendências obriga-
Durante o período antes da prescrição, essas despesas cionais não exigidas sejam a qualquer tempo reclamadas, o
poderão ser, nos termos do art. 22 do Decreto nº 93.872/86, que geraria impactos patrimoniais imprevistos em momen-
pagas à conta de nova dotação orçamentária e de novo em- tos nos quais se havia tido por pacificada a questão. Obser-
penho, à conta de despesas de exercícios anteriores, respei- va-se que, uma vez havendo inscrição em Restos a Pagar
tada a categoria econômica específica: processados, em tese, é inconteste o direito de recebimento
“Art . 22. As despesas de exercícios encerrados, para as pelo credor. Verifica-se mais ainda. Enquanto tais despesas
quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio permanecem inscritas em Restos a Pagar, por força do De-
com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham creto n° 93.872/86, corre a prescrição a partir da data de sua
processado na época própria, bem como os Restos a Pagar inscrição. No entanto, o cancelamento dos Restos a Pagar
com prescrição interrompida, e os compromissos reconhe- provoca a interrupção da prescrição; ocasião em que come-
cidos após o encerramento do exercício correspondente, ça a contar novamente o prazo prescricional (art. 70 e 22, §
poderão ser pagos à conta de dotação destinada a aten- 2°, b do Decreto n° 93.872/86).
der despesas de exercícios anteriores, respeitada a categoria Adicionalmente, em conformidade com o art. 3° do De-
econômica própria. creto-Lei n° 4.597/4214, o cancelamento dos Restos a Pagar

59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

fará recomeçar a contagem do prazo de prescrição de dois conhecido o direito do reclamante após o encerra-
anos e meio. Se o cancelamento dos Restos a Pagar se der mento do exercício correspondente.
antes de transcorridos dois anos e meio de sua inscrição, em
O reconhecimento da dívida a ser paga à conta de Des-
tese, o prazo a ser contado a partir desse evento expiraria
pesas de Exercícios Anteriores cabe à autoridade competen-
antes do transcurso de cinco anos da inscrição, mas a súmu-
te para empenhá-la.
la 383 do STF dispõe diferentemente, “in verbis”:
Para reconhecimento das Despesas de Exercícios Ante-
“Súmula 383 do STF: “A prescrição em favor da Fazenda
riores é necessário que o processo esteja instruído com os
Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do
seguintes elementos:
ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos,
embora o titular do direito a interrompa durante a primeira • Importância a pagar;
metade do prazo”. • Nome, CPF ou CGC e endereço do credor;
Desse modo, a prescrição do direito do credor com cré- • Data do vencimento do compromisso;
dito inscrito em Restos a Pagar nunca se dará com prazo
• Causa da inobservância do empenho da despesa, se
inferior a cinco anos transcorridos da inscrição; no entanto,
for o caso.
este prazo prescricional pode ser estendido se o evento in-
terruptivo (no caso o cancelamento dos Restos a Pagar) se
der após a primeira metade do prazo quinquenal. 3.10 CONTA ÚNICA DO TESOURO
Conclui-se, assim, que todos os Restos a Pagar deveriam
ser cancelados ainda na primeira metade do prazo prescri-
cional inicial, para que a Fazenda Pública goze o benefício
da prescrição nos cinco anos que se seguirem à inscrição Segundo o Tesouro Nacional A Conta Única, implanta-
dos Restos a Pagar. De modo diverso, em caso extremo, ha- da em setembro de 1988, representou uma mudança radi-
vendo cancelamento próximo dos cinco anos decorridos da cal no controle de caixa do Tesouro Nacional, em virtude
sua inscrição, iniciar-se-ia novo prazo prescricional, fazendo da racionalização na movimentação dos recursos financeiros
perdurar o direito de se exigir o pagamento por um período no âmbito do Governo Federal. Com ela, todas as Unidades
máximo de até sete anos e meio após a data da inscrição dos Gestoras online do SIAFI passaram a ter os seus saldos ban-
Restos a Pagar. cários registrados e controlados pelo sistema, sem contas
escriturais no Banco do Brasil. Assim, a Conta Única é uma
Despesas de exercícios anteriores conta mantida junto ao Banco Central do Brasil, destinada
As despesas de exercícios anteriores (DEA) são outra a acolher, em conformidade com o disposto no artigo 164
modalidade de execução da despesa publica, cujo conceito da Constituição Federal, as disponibilidades financeiras da
sempre e utilizado pelas bancas para “misturar” com o de União que se encontram a disposição das Unidades Gesto-
restos a pagar. ras online, nos limites financeiros previamente definidos.
Abaixo as atribuições competentes a cada agente:
RESTOS A PAGAR = São empenhos que transitam de • Tesouro Nacional - “titular” da conta
exercício
• Banco Central - instituição bancaria em que e man-
DESPESAS DE EXERCICIOS ANTERIORES = as DEA aten- tida a Conta Única
dem a obrigações de anos passados, para as quais não exis- • Banco do Brasil - principal agente operador de pa-
te empenho ou RP emitido. gamentos e recebimentos relacionados à Conta Úni-
ca.
Podem ser pagos à conta da dotação de despesas de
exercícios anteriores, respeitada a categoria econômica pró-
pria: 4. ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO:
• As despesas de exercícios encerrados, para as quais COMPORTAMENTO PROFISSIONAL,
o Orçamento respectivo consignava crédito próprio ATITUDES NO SERVIÇO, ORGANIZAÇÃO DO
com saldo suficiente para atendê-las, que se tenham TRABALHO.
processado na época própria, assim entendidas
aquelas cujo empenho tenha sido considerado in-
subsistente e anulado no encerramento do exercício
correspondente, mas que, dentro do prazo estabele- Quando se fala em ética na função pública, não se trata
cido, o credor tenha cumprido a obrigação; do simples respeito à moral social: a obrigação ética no se-
tor público vai além e encontra-se disciplinada em detalhes
• Os restos a pagar com prescrição interrompida, as- na legislação, tanto na esfera constitucional (notadamente
sim considerada a despesa cuja inscrição como Res- no artigo 37) quanto na ordinária (em que se destaca a Lei
tos a Pagar tenha sido cancelada, mas ainda vigente n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Administrativa, a qual traz
o direito do credor; e um amplo conceito de funcionário público no qual podem
• Os compromissos decorrentes de obrigação de pa- ser incluídos os servidores do Banco do Brasil). Ocorre que
gamento criada em virtude de Lei, mas somente re- o funcionário de uma instituição financeira da qual o Estado
participe de certo modo exterioriza os valores estatais, sen-

60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

do que o Estado é o ente que possui a maior necessidade de O Estado tem um valor ético, de modo que sua atua-
respeito à ética. Por isso, o servidor além de poder incidir em ção deve se guiar pela moral idônea. Mas não é propriamen-
ato de improbidade administrativa (cível), poderá praticar te o Estado que é aético, porque ele é composto por ho-
crime contra a Administração Pública (penal). Então, a ética mens. Assim, falta ética ou não aos homens que o compõe.
profissional daquele que serve algum interesse estatal deve Ou seja, o bom comportamento profissional do funcionário
ser ainda mais consolidada. público é uma questão ligada à ética no serviço público, pois
Se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao me- se os homens que compõe a estrutura do Estado tomam
nos dois elementos - a Moral e o Direito (justo); no caso da uma atitude correta perante os ditames éticos há uma am-
disciplina da Ética no Setor Público a expressão é adotada pliação e uma consolidação do valor ético do Estado.
num sentido estrito - ética corresponde ao valor do justo, Alguns cidadãos recebem poderes e funções específicas
previsto no Direito vigente, o qual é estabelecido com um dentro da administração pública, passando a desempenhar
olhar atento às prescrições da Moral para a vida social. Em um papel de fundamental interesse para o Estado. Quando
outras palavras, quando se fala em ética no âmbito dos inte- estiver nesta condição, mais ainda, será exigido o respeito
resses do Estado não se deve pensar apenas na Moral, mas à ética. Afinal, o Estado é responsável pela manutenção da
sim em efetivas normas jurídicas que a regulamentam, o que sociedade, que espera dele uma conduta ilibada e transpa-
permite a aplicação de sanções. Veja o organograma: rente.
Quando uma pessoa é nomeada como servidor público,
passa a ser uma extensão daquilo que o Estado representa
na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao máximo todos
os consagrados preceitos éticos.
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que a
exercem, o qual geralmente se encontra consubstanciado
em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada categoria
profissional. No caso das profissões na esfera pública, esta
exigência se amplia.
Não se trata do simples respeito à moral social: a obri-
gação ética no setor público vai além e encontra-se discipli-
nada em detalhes na legislação, tanto na esfera constitucio-
nal (notadamente no artigo 37) quanto na ordinária (em que
se destacam o Decreto n° 1.171/94 - Código de Ética - a Lei
n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Administrativa - e a Lei n°
As regras éticas do setor público são mais do que regu- 8.112/90 - regime jurídico dos servidores públicos civis na
lamentos morais, são normas jurídicas e, como tais, passí- esfera federal).
veis de coação. A desobediência ao princípio da moralidade Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual
caracteriza ato de improbidade administrativa, sujeitando o de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no
servidor às penas previstas em lei. Da mesma forma, o seu complexo da sociedade como uma atividade específica. Tra-
comportamento em relação ao Código de Ética pode gerar zendo tal prática benefícios recíprocos a quem a pratica e
benefícios, como promoções, e prejuízos, como censura e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige, nessas
outras penas administrativas. A disciplina constitucional é relações, a preservação de uma conduta condizente com os
expressa no sentido de prescrever a moralidade como um princípios éticos específicos. O grupamento de profissionais
dos princípios fundadores da atuação da administração pú- que exercem o mesmo ofício termina por criar as distintas
blica direta e indireta, bem como outros princípios correla- classes profissionais e também a conduta pertinente. Exis-
tos. Logo, o Estado brasileiro deve se conduzir moralmente tem aspectos claros de observação do comportamento, nas
por vontade expressa do constituinte, sendo que à imorali- diversas esferas em que ele se processa: perante o conheci-
dade administrativa aplicam-se sanções. mento, perante o cliente, perante o colega, perante a clas-
Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se dar se, perante a sociedade, perante a pátria, perante a própria
somente no âmbito da vida particular, mas também na atua- humanidade como conceito global”10. Todos estes aspectos
ção profissional, principalmente se tal atuação se der no âm- serão considerados em termos de conduta ética esperada.
bito estatal, caso em que haverá coação. O Estado é a forma Em geral, as diretivas a respeito do comportamento pro-
social mais abrangente, a sociedade de fins gerais que per- fissional ético podem ser bem resumidas em alguns princí-
mite o desenvolvimento, em seu seio, das individualidades pios basilares.
e das demais sociedades, chamadas de fins particulares. O Segundo Nalini11, o princípio fundamental seria o de
Estado, como pessoa, é uma ficção, é um arranjo formulado agir de acordo com a ciência, se mantendo sempre atuali-
pelos homens para organizar a sociedade de disciplinar o
poder visando que todos possam se realizar em plenitude,
atingindo suas finalidades particulares.9 10 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
9  SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Mé- 11  NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo:
todo, 2011. Revista dos Tribunais, 2011.

61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

zado, e de acordo com a consciência, sabendo de seu dever lem tanto para a esfera pública quanto para a privada, em-
ético; tomando-se como princípios específicos: bora a punição dos que violam ditames éticos no âmbito do
• Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível interesse estatal seja mais rigorosa.
na vida pública e na vida particular. Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da
gestão ética nas empresas públicas:
• Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir
da melhor maneira esperada em sua profissão e fora • PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade
dela, com técnica, justiça e discrição. e a responsabilidade como fundamentos de dignidade
• Princípio da incompatibilidade - não se deve acumu- pessoal”.
lar funções incompatíveis. Significa desempenhar suas funções com transparência,
• Princípio da correção profissional - atuação com de forma honesta e responsável, sendo leal à instituição. O
transparência e em prol da justiça. funcionário deve se portar de forma digna, exteriorizando
• Princípio do coleguismo - ciência de que você e todos virtudes em suas ações.
os demais operadores do Direito querem a mesma • SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa huma-
coisa, realizar a justiça. na”.
• Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo em
A expressão “dignidade da pessoa humana” está esta-
todas funções.
belecida na Constituição Federal Brasileira, em seu art. 3º,
• Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal III, como um dos fundamentos da República Federativa do
para buscar o interesse da justiça. Brasil. Ao adotar um significado mínimo apreendido no dis-
• Princípio da confiança - cada profissional de Direito curso antropocentrista do humanismo, a expressão valoriza
é dotado de atributos personalíssimos e intransferí- o ser humano, considerando este o centro da criação, o ser
veis, sendo escolhido por causa deles, de forma que mais elevado que habita o planeta, o que justifica a grande
a relação estabelecida entre aquele que busca o ser- consideração pelo Estado e pelos outros seres humanos na
viço e o profissional é de confiança. sua generalidade em relação a ele. Respeitar a dignidade da
• Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justiça, pessoa humana significa tomar o homem como valor-fonte
aos valores constitucionais, à verdade, à transparên- para todas as ações e escolhas, inclusive na atuação empre-
cia. sarial.
• Princípio da independência profissional - a maior au- • TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos
tonomia no exercício da profissão do operador do atos e na apreciação do mérito dos subordinados”.
Direito não deve impedir o caráter ético.
Retoma-se a questão dos planos de carreira, que exte-
• Princípio da reserva - deve-se guardar segredo sobre riorizam a imparcialidade e a impessoalidade na escolha dos
as informações que acessa no exercício da profissão. que deverão ser promovidos, a qual se fará exclusivamente
• Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé com base no mérito. Não se pode tomar questões pessoais,
e de forma correta, com lealdade processual. como desavenças ou afinidades, quando o julgamento se
• Princípio da discricionariedade - geralmente, o pro- faz sobre a ação de um funcionário - se agiu bem, merece
fissional do Direito é liberal, exercendo com boa au- ser recompensado; se agiu mal, deve ser punido.
tonomia sua profissão. • QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelec-
• Outros princípios éticos, como informação, solidarie- tual e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista
dade, cidadania, residência, localização, continuida- o cumprimento da missão institucional”.
de da profissão, liberdade profissional, função social
A missão institucional envolve a obtenção de lucros, em
da profissão, severidade consigo mesmo, defesa das
regra, mas sempre aliada à promoção da ética. Na missão
prerrogativas, moderação e tolerância.
institucional serão estabelecidas determinadas metas para a
O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitudes empresa, que deverão ser buscadas pelos funcionários. Para
que podem ser esperadas do profissional, mas assim como é tanto, cada um deve se preocupar com o aperfeiçoamento
difícil delimitar um conceito de ética, é complicado estabele- de suas capacidades, tornando-se paulatinamente um me-
cer exatamente quais as condutas esperadas de um servidor: lhor funcionário, por exemplo, buscando cursos e estudando
melhor mesmo é observar o caso concreto e ponderar com técnicas.
razoabilidade.
• QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente
Em suma, respeitar a ética profissional é ter em men-
e trabalhar em harmonia com a estrutura do órgão,
te os princípios éticos consagrados em sociedade, fazendo
respeitando a hierarquia, seus colegas e cada concida-
com que cada atividade desempenhada no exercício da pro-
dão, colaborando e aceitando colaboração”.
fissão exteriorize tais postulados, inclusive direcionando os
rumos da ética empresarial na escolha de diretrizes e políti- Existe uma hierarquia para que as funções sejam desem-
cas institucionais. penhadas da melhor maneira possível, pois a desordem não
O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se permite que as atividades se encadeiem e se enlacem, ge-
guia por determinados mandamentos de ação, os quais va-

62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

rando perda de tempo e desperdício de recursos. Não sig- • DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilí-
nifica que ordens contrárias à ética devam ser obedecidas, brio entre a legalidade e finalidade do ato adminis-
caso em que a medida cabível é levar a questão para as au- trativo a ser praticado”.
toridades responsáveis pelo controle da ética da instituição.
Bem comum é o bem de toda a coletividade e não de
Cada atividade deve ser desempenhada da melhor maneira
um só indivíduo. Este conceito exterioriza a dimensão co-
possível, isto é, não se pode deixar de praticá-la correta-
letiva da ética. Maritain12 apontou as características essen-
mente por ser mais trabalhoso (por negligência entende-se
ciais do bem comum: redistribuição, pela qual o bem co-
uma omissão perigosa). No tratamento dos demais colegas
mum deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o
e do público, o funcionário deve ser cordial e ético, embora
desenvolvimento delas; respeito à autoridade na sociedade,
somente assim estará contribuindo para a gestão ética da
pois a autoridade é necessária para conduzir a comunidade
empresa.
de pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que
• SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com digni- constitui a retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral
dade, decoro, zelo, eficácia e moralidade”. elementos essenciais do bem comum.
O paradigma da Ética Pública parte da noção de liber-
O bom comportamento não deve se fazer presente so-
dade social, envolta nos valores da segurança, igualdade e
mente no exercício das funções. Cabe ao funcionário se por-
solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter espaço
tar bem quando estiver em sua vida privada, na convivência
para exercer individualmente sua liberdade moral, cabendo
com seus amigos e familiares, bem como nos momentos de
à ética pública garantir que os indivíduos que vivem em so-
lazer. Por melhor que seja como funcionário, não será aceito
ciedade realizem projetos morais individuais.
aquele que, por exemplo, for visto frequentemente embria-
A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da morali-
gado ou for sempre denunciado por violência doméstica.
dade crítica e sob o aspecto da moralidade legalizada: quan-
Dignidade é a característica que incorpora todas as de-
do estuda-se a lei posta ou a ausência de lei e questiona-se
mais, significando o bom comportamento enquanto pessoa
a falta de justiça, há uma moralidade crítica; quando a regra
humana, tratando os outros como gosta de ser tratado. De-
justa é incorporada ao Direito, há moralidade legalizada ou
coro significa discrição, aparecer o mínimo possível, não se
positivada.
vangloriar com base em feitos institucionais. Zelo quer di-
Sobre a Ética Pública, explica Nalini13: “Ética é sempre
zer cuidado, cautela, para que as atividades sempre sejam
ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de todos.
desempenhadas do melhor modo. Eficácia remete ao dever
Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja no com-
de fazer com que suas atividades atinjam o fim para o qual
portamento individual. Mas pode-se falar em ética realçada
foram praticadas, isto é, que não sejam abandonadas pela
quando se atua num universo mais amplo, de interesse de
metade. Moralidade significa respeitar os ditames morais,
todos. Existe, pois, uma Ética Pública, e apura-se o seu senti-
mais que jurídicos, que exteriorizam os valores tradicionais
do em contraposição com o de Ética Privada. Um nome pelo
consolidados na sociedade através dos tempos.
qual a Ética Pública tem sido conhecida é o da justiça”.
• SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de so- Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Direito,
lução uma pessoa que busca perante a Administração consolidando o valor do justo. Diante da relevância social
Pública satisfazer um direito que acredita ser legíti- de que a Ética se faça presente no exercício das atividades
mo”. públicas, as regras éticas para a vida pública são mais do que
regras morais, são regras jurídicas estabelecidas em diversos
O bom atendimento do público é necessário para que
diplomas do ordenamento, possibilitando a coação em caso
uma gestão possa ser considerada ética. Aquele que tem
de infração por parte daqueles que desempenham a função
um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de lado
pública.
pelo funcionário, esperando por horas uma solução. Mes-
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem
mo que a pessoa esteja errada, isto deve ser esclarecido, de
que ele consolide o bem comum e garanta a preservação
forma que a confiabilidade na instituição não fique abalada.
dos interesses da coletividade, se encontram exteriorizados
• OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regula- em princípios e regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos
mentos, as instruções e as ordens das autoridades a na Constituição Federal e em legislações infraconstitucio-
que estiver subordinado”. nais, a exemplo das que serão estudadas neste tópico, quais
sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e Lei n° 8.429/92.
O Direito é uma das facetas mais relevantes da Ética Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no se-
porque exterioriza o valor do justo e o seu cumprimento é tor público partem da Constituição Federal, que estabelece
essencial para que a gestão ética seja efetiva. alguns princípios fundamentais para a ética no setor público.
• NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, Em outras palavras, é o texto constitucional do artigo 37,
atento à finalidade do serviço público”. especialmente o caput, que permite a compreensão de boa
Não basta cumprir o Direito, é preciso respeitar a divisão
de funções feitas com o objetivo de otimizar as atividades 12  MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed.
desempenhadas. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
13  NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011.

63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

parte do conteúdo das leis específicas, porque possui um C. Princípio da moralidade: A posição deste princípio
caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais da no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
administração pública. Estabelece a Constituição Federal: uma espécie de moralidade administrativa, intima-
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qual- mente relacionada ao poder público. A administra-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e ção pública não atua como um particular, de modo
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes- que enquanto o descumprimento dos preceitos
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao morais por parte deste particular não é punido pelo
seguinte: [...] Direito (a priori), o ordenamento jurídico adota trata-
São princípios da administração pública, nesta ordem: mento rigoroso do comportamento imoral por parte
Legalidade dos representantes do Estado. O princípio da mo-
ralidade deve se fazer presente não só para com os
Impessoalidade
administrados, mas também no âmbito interno. Está
Moralidade indissociavelmente ligado à noção de bom adminis-
Publicidade trador, que não somente deve ser conhecedor da lei,
Eficiência mas também dos princípios éticos regentes da fun-
ção administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRE-
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam TAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a
o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Admi- intrínseca ligação com os dois princípios anteriores.
nistração Pública. É de fundamental importância um olhar
atento ao significado de cada um destes princípios, posto D. Princípio da publicidade: A administração pública é
que eles estruturam todas as regras éticas prescritas no Có- obrigada a manter transparência em relação a todos
digo de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, to- seus atos e a todas informações armazenadas nos
mando como base os ensinamentos de Carvalho Filho14 e seus bancos de dados. Daí a publicação em órgãos
Spitzcovsky15: da imprensa e a afixação de portarias. Por exemplo,
a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF)
A. Princípio da legalidade: Para o particular, legalida- remonta ao ideário de que todos devem tomar co-
de significa a permissão de fazer tudo o que a lei nhecimento do processo seletivo de servidores do
não proíbe. Contudo, como a administração pública Estado. Diante disso, como será visto, se negar inde-
representa os interesses da coletividade, ela se su- vidamente a fornecer informações ao administrado
jeita a uma relação de subordinação, pela qual só caracteriza ato de improbidade administrativa. So-
poderá fazer o que a lei expressamente determina mente pela publicidade os indivíduos controlarão a
(assim, na esfera estatal, é preciso lei anterior editan- legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
do a matéria para que seja preservado o princípio da instrumentos para proteção são o direito de petição
legalidade). A origem deste princípio está na criação e as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas
do Estado de Direito, no sentido de que o próprio data e - residualmente - do mandado de segurança.
Estado deve respeitar as leis que dita. E. Princípio da eficiência: A administração pública
B. Princípio da impessoalidade: Por força dos inte- deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços
resses que representa, a administração pública está com controle de gastos. Isso envolve eficiência ao
proibida de promover discriminações gratuitas. Dis- contratar pessoas (o concurso público seleciona os
criminar é tratar alguém de forma diferente dos de- mais qualificados ao exercício do cargo), ao manter
mais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este tais pessoas em seus cargos (pois é possível exone-
princípio, a administração pública deve tratar igual- rar um servidor público por ineficiência) e ao con-
mente todos aqueles que se encontrem na mesma trolar gastos (limitando o teto de remuneração), por
situação jurídica (princípio da isonomia ou igualda- exemplo. O núcleo deste princípio é a procura por
de). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalidade produtividade e economicidade. Alcança os serviços
no que tange à contratação de serviços. O princípio públicos e os serviços administrativos internos, se re-
da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da ferindo diretamente à conduta dos agentes.
finalidade, pelo qual o alvo a ser alcançado pela ad- Segue Decreto Nº 1.171/1994:
ministração pública é somente o interesse público.
Com efeito, o interesse particular não pode influen-
ciar no tratamento das pessoas, já que deve-se bus- DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994
car somente a preservação do interesse coletivo.
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Públi-
co Civil do Poder Executivo Federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em
14  CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
15  SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
Método, 2011. e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,

64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

DECRETA: mento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, eri-


gindo-se, como consequência, em fator de legalidade.
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com rante a comunidade deve ser entendido como acréscimo
este baixa. ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante
da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública como seu maior patrimônio.
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, VI - A função pública deve ser tida como exercício pro-
as providências necessárias à plena vigência do Código de fissional e, portanto, se integra na vida particular de cada
Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comis- servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na con-
são de Ética, integrada por três servidores ou empregados duta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou
titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética policiais ou interesse superior do Estado e da Administra-
será comunicada à Secretaria da Administração Federal da ção Pública, a serem preservados em processo previamen-
Presidência da República, com a indicação dos respectivos te declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de
membros titulares e suplentes. qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e
moralidade, ensejando sua omissão comprometimento éti-
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu- co contra o bem comum, imputável a quem a negar.
blicação. VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não
pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e da própria pessoa interessada ou da Administração Pública.
106° da República. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o po-
der corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da menti-
ra, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana
ANEXO quanto mais a de uma Nação.
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo de-
PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL dicados ao serviço público caracterizam o esforço pela dis-
ciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta
ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma
CAPÍTULO I forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimô-
nio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade,
não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às insta-
Seção I
lações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade
Das Regras Deontológicas
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciên- e seus esforços para construí-los.
cia dos princípios morais são primados maiores que devem X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espe-
nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou fun- ra de solução que compete ao setor em que exerça suas
ção, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer
próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes outra espécie de atraso na prestação do serviço, não carac-
serão direcionados para a preservação da honra e da tradi- teriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanida-
ção dos serviços públicos. de, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o serviços públicos.
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às or-
somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o con- dens legais de seus superiores, velando atentamente por seu
veniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os
principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-
as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição -se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo
Federal. imprudência no desempenho da função pública.
III - A moralidade da Administração Pública não se limita XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local
à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o
ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio que quase sempre conduz à desordem nas relações huma-
entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor nas.
público, é que poderá consolidar a moralidade do ato ad- XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estru-
ministrativo. tura organizacional, respeitando seus colegas e cada conci-
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos dadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois
tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por sua atividade pública é a grande oportunidade para o cres-
ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a cimento e o engrandecimento da Nação.
moralidade administrativa se integre no Direito, como ele-

65
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Seção II quanto possível, com critério, segurança e rapidez, manten-


Dos Principais Deveres do Servidor Público do tudo sempre em boa ordem.
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
quem de direito;
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, fun-
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun-
ção ou emprego público de que seja titular;
cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do ser-
rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente re-
viço público e dos jurisdicionados administrativos;
solver situações procrastinatórias, principalmente diante de
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função,
filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação
poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse
dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com
público, mesmo que observando as formalidades legais e
o fim de evitar dano moral ao usuário;
não cometendo qualquer violação expressa à lei;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a in-
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua clas-
tegridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando esti-
se sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o
ver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para
seu integral cumprimento.
o bem comum;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da Seção III
coletividade a seu cargo; Das Vedações ao Servidor Público
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aper- XV - E vedado ao servidor público;
feiçoando o processo de comunicação e contato com o pú- a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tem-
blico; po, posição e influências, para obter qualquer favorecimen-
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por prin- to, para si ou para outrem;
cípios éticos que se materializam na adequada prestação b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
dos serviços públicos; servidores ou de cidadãos que deles dependam;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, co-
respeitando a capacidade e as limitações individuais de to- nivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao
dos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de Código de Ética de sua profissão;
preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer-
idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, cício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe
dessa forma, de causar-lhes dano moral; dano moral ou material;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao
de representar contra qualquer comprometimento indevido seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do
da estrutura em que se funda o Poder Estatal; seu mister;
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui- f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri-
cos, de contratantes, interessados e outros que visem obter chos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no
quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em de- trato com o público, com os jurisdicionados administrativos
corrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-
específicas da defesa da vida e da segurança coletiva; quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão,
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares
sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletin- ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou
do negativamente em todo o sistema; para influenciar outro servidor para o mesmo fim;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo encaminhar para providências;
as providências cabíveis; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba- do atendimento em serviços públicos;
lho, seguindo os métodos mais adequados à sua organiza- j) desviar servidor público para atendimento a interesse
ção e distribuição; particular;
o) participar dos movimentos e estudos que se relacio- l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente au-
nem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por torizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao
escopo a realização do bem comum; patrimônio público;
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa- m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
das ao exercício da função; âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de pa-
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas rentes, de amigos ou de terceiros;
de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele ha-
suas funções; bitualmente;
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as ins-
truções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto

66
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten-


te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa ANOTAÇÕES
humana;
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. ___________________________________________________

CAPÍTULO II ___________________________________________________
DAS COMISSÕES DE ÉTICA ___________________________________________________
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração
Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou
___________________________________________________
em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições de- ___________________________________________________
legadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão
de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética ___________________________________________________
profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e
com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer con- ___________________________________________________
cretamente de imputação ou de procedimento susceptível
___________________________________________________
de censura.
XVII -- (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) ___________________________________________________
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or-
ganismos encarregados da execução do quadro de carreira ___________________________________________________
dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para
o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos ___________________________________________________
os demais procedimentos próprios da carreira do servidor ___________________________________________________
público.
XIX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) ___________________________________________________
XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
XXI - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) ___________________________________________________
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comis-
são de Ética é a de censura e sua fundamentação constará
___________________________________________________
do respectivo parecer, assinado por todos os seus integran- ___________________________________________________
tes, com ciência do faltoso.
XXIII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) ___________________________________________________
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético,
entende-se por servidor público todo aquele que, por força ___________________________________________________
de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços
___________________________________________________
de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda
que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou ___________________________________________________
indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as
autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, ___________________________________________________
as empresas públicas e as sociedades de economia mista,
ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado. ___________________________________________________
XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) ___________________________________________________

QUESTÃO ___________________________________________________

01) O tipo de gestão em que o mais importante passa a ser ___________________________________________________


o cidadão e o atendimento de suas necessidades e deman-
das existentes é denominada
___________________________________________________

A. gestão de resultado ___________________________________________________

B. gestão de qualidade. ___________________________________________________


C. gestão de desempenho. ___________________________________________________
D. gestão de pessoas. ___________________________________________________
E. gestão de eficiência
___________________________________________________
Resposta: A
___________________________________________________

67
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ANOTAÇÕES

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70
POLÍCIA
FEDERAL
Agente de Polícia Federal
Volume II
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com
base no Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

FV101-B-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Federal

Cargo: Agente de Polícia Federal

Atualizado até 03/2018

(Baseado no Edital Nº 55/2014 – DGP/DPF, de 25 De Setembro de 2014)

Volume I
• Língua Portuguesa • Noções de Informática
• Atualidades • Raciocínio Lógico
• Noções de Administração

Volume II
• Noções de Contabilidade • Noções de Economia
• Noções de Direito Penal • Noções de Direito Processual Penal
• Noções de Direito Administrativo • Noções de Direito Constitucional
• Legislação Especial

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Julia Antoneli
Mirian Astorga

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Noções de Contabilidade

1 Conceitos, objetivos e finalidades da contabilidade. ............................................................................................................................ 01


2 Patrimônio: componentes, equação fundamental do patrimônio, situação líquida, representação gráfica. .................. 04
3 Atos e fatos administrativos: conceitos, fatos permutativos, modificativos e mistos. ............................................................. 10
4 Contas: conceitos, contas de débitos, contas de créditos e saldos. ................................................................................................ 11
5 Plano de contas: conceitos, elenco de contas, função e funcionamento das contas. .............................................................. 13
6 Escrituração: conceitos, lançamentos contábeis, elementos essenciais, fórmulas de lançamentos, livros de escritura-
ção, métodos e processos, regime de competência e regime de caixa. ........................................................................................... 13
7 Contabilização de operações contábeis diversas: juros, descontos, tributos, aluguéis, variação monetária/ cambial,
folha de pagamento, compras, vendas e provisões, depreciações e baixa de bens. ................................................................... 20
8 Balancete de verificação: conceitos, modelos e técnicas de elaboração. ...................................................................................... 29
9 Balanço patrimonial: conceitos, objetivo, composição. ........................................................................................................................ 30
10 Demonstração de resultado de exercício: conceito, objetivo, composição. .............................................................................. 32
11 Lei nº 6.404/1976: alterações posteriores, legislação complementar e pronunciamentos do Comitê de Pronuncia-
mentos Contábeis (CPC). ...................................................................................................................................................................................... 35
12 Princípios fundamentais de contabilidade (aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade - CFC - por meio da
Resolução do CFC nº 750/1993, atualizada pela Resolução CFC nº 1.282/2010)........................................................................... 90

Noções de Economia

1 Microeconomia. .................................................................................................................................................................................................... 01
1.1 Conceitos fundamentais. ......................................................................................................................................................................... 01
1.2 Determinação das curvas de procura. ................................................................................................................................................ 03
1.3 Teoria do consumidor, utilidades cardinal e ordinal, restrição orçamentária, equilíbrio do consumidor e funções
demanda, curvas de Engel, demanda de mercado, teoria da produção, isoquantas e curvas de isocusto, funções de
produção e suas propriedades, curvas de produto e produtividade, curvas de custo, equilíbrio da firma, equilíbrio de
curto e de longo prazos. ................................................................................................................................................................................. 04
1.4 Estruturas de mercado............................................................................................................................................................................... 15

Noções de Direito Penal

1 Princípios básicos. ............................................................................................................................................................................................... 01


2 Aplicação da lei penal. ....................................................................................................................................................................................... 05
2.1 A lei penal no tempo e no espaço. ...................................................................................................................................................... 05
2.2 Tempo e lugar do crime. .......................................................................................................................................................................... 05
2.3 Lei penal excepcional, especial e temporária. ................................................................................................................................. 05
2.4 Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. ...................................................................................................................... 05
2.5 Pena cumprida no estrangeiro. ............................................................................................................................................................. 05
2.6 Eficácia da sentença estrangeira. .......................................................................................................................................................... 05
2.7 Contagem de prazo. .................................................................................................................................................................................. 05
2.8 Frações não computáveis da pena. ..................................................................................................................................................... 05
2.9 Interpretação da lei penal. ...................................................................................................................................................................... 05
2.10 Analogia. ...................................................................................................................................................................................................... 05
2.11 Irretroatividade da lei penal. ................................................................................................................................................................ 05
2.12 Conflito aparente de normas penais. ............................................................................................................................................... 05
3 O fato típico e seus elementos. ...................................................................................................................................................................... 12
3.1 Crime consumado e tentado. ................................................................................................................................................................ 12
3.2 Pena da tentativa. ....................................................................................................................................................................................... 12
3.3 Concurso de crimes. .................................................................................................................................................................................. 12
3.4 Ilicitude e causas de exclusão. ............................................................................................................................................................... 12
3.5 Excesso punível. ........................................................................................................................................................................................... 12
3.6 Culpabilidade. .............................................................................................................................................................................................. 12
3.6.1 Elementos e causas de exclusão. ...................................................................................................................................................... 12
SUMÁRIO

4 Imputabilidade penal. ........................................................................................................................................................................................ 14


5 Concurso de pessoas. ........................................................................................................................................................................................ 15
6 Crimes contra a pessoa. .................................................................................................................................................................................... 16
7 Crimes contra o patrimônio. ........................................................................................................................................................................... 23
8 Crimes contra a fé pública. .............................................................................................................................................................................. 33
9 Crimes contra a administração pública........................................................................................................................................................ 35
10 Lei nº 8.072/1990 (delitos hediondos). ..................................................................................................................................................... 37
11 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal...................................................................................................................... 37

Noções de Direito Processual Penal

1 Inquérito policial. ................................................................................................................................................................................................. 01


1.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor proba-
tório, formas de instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento, garantias
do investigado; conclusão, prazos. ............................................................................................................................................................. 01
2 Prova. ........................................................................................................................................................................................................................ 04
2.1 Exame do corpo de delito e perícias em geral. ............................................................................................................................... 04
2.2 Interrogatório do acusado. ..................................................................................................................................................................... 04
2.3 Confissão. ....................................................................................................................................................................................................... 04
2.4 Qualificação e oitiva do ofendido. ....................................................................................................................................................... 04
2.5 Testemunhas. ................................................................................................................................................................................................ 04
2.6 Reconhecimento de pessoas e coisas. ............................................................................................................................................... 04
2.7 Acareação. ..................................................................................................................................................................................................... 04
2.8 Documentos de prova. ............................................................................................................................................................................. 04
2.9 Indícios. ........................................................................................................................................................................................................... 04
2.10 Busca e apreensão. .................................................................................................................................................................................. 04
3 Restrição de liberdade. ...................................................................................................................................................................................... 10
3.1 Prisão em flagrante. ........................................................................................................................................................................................ 10
3.2 Prisão preventiva. ............................................................................................................................................................................................. 15
3.3 Prisão temporária (Lei nº 7.960/1989)...................................................................................................................................................... 16

Noções de Direito Administrativo

1 Noções de organização administrativa. ...................................................................................................................................................... 01


1.1 Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. ...................................................................................... 01
1.2 Administração direta e indireta. ............................................................................................................................................................ 01
1.3 Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. .................................................................. 01
2 Ato administrativo. .............................................................................................................................................................................................. 10
2.1 Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. ............................................................................................................. 10
3 Agentes públicos. ................................................................................................................................................................................................ 15
3.1 Legislação pertinente. ............................................................................................................................................................................... 15
3.1.1 Lei nº 8.112/1990. ................................................................................................................................................................................... 15
3.1.2 Disposições constitucionais aplicáveis. ........................................................................................................................................... 15
3.2 Disposições doutrinárias. ......................................................................................................................................................................... 15
3.2.1 Conceito....................................................................................................................................................................................................... 15
3.2.2 Espécies. ...................................................................................................................................................................................................... 15
3.2.3 Cargo, emprego e função pública. ................................................................................................................................................... 15
4 Poderes administrativos. ................................................................................................................................................................................... 44
4.1 Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. ...................................................................................................................... 44
4.2 Uso e abuso do poder. ............................................................................................................................................................................. 44
5 Licitação. .................................................................................................................................................................................................................. 48
5.1 Princípios. ....................................................................................................................................................................................................... 48
5.2 Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. .............................................................................................................................. 48
SUMÁRIO

5.3 Modalidades. ................................................................................................................................................................................................ 48


5.4 Tipos. ............................................................................................................................................................................................................... 48
5.5 Procedimento. .............................................................................................................................................................................................. 48
6 Controle da administração pública. .............................................................................................................................................................. 87
6.1 Controle exercido pela administração pública. ............................................................................................................................... 87
6.2 Controle judicial. ......................................................................................................................................................................................... 87
6.3 Controle legislativo. ................................................................................................................................................................................... 87
7 Responsabilidade civil do Estado. ................................................................................................................................................................. 94
7.1 Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. ............................................................................................................... 94
7.1.1 Responsabilidade por ato comissivo do Estado. ........................................................................................................................ 94
7.1.2 Responsabilidade por omissão do Estado. ................................................................................................................................... 94
7.2 Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado............................................................................................ 94
7.3 Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado. ........................................................................................ 94
8 Regime jurídico-administrativo. ..................................................................................................................................................................... 96
8.1 Conceito. ........................................................................................................................................................................................................ 96
8.2 Princípios expressos e implícitos da administração pública....................................................................................................... 96

Noções de Direito Constitucional

1 Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade;
direitos políticos; partidos políticos. ................................................................................................................................................................ 01
2 Poder Executivo: atribuições e responsabilidades do presidente da República. ........................................................................ 03
3 Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública. ................. 07
4 Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; meio ambiente; família, criança, adolescente, idoso
e índio........................................................................................................................................................................................................................... 11

Legislação Especial

1 Lei nº 7.102/1983: dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e
funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras
providências. ............................................................................................................................................................................................................. 01
2 Lei nº 10.357/2001: estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos químicos que direta ou indiretamente
possam ser destinados à elaboração ilícita de substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem dependência
física ou psíquica, e dá outras providências. ................................................................................................................................................ 03
3 Lei nº 6.815/1980: define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho Nacional de Imigração. ......... 06
4 Lei nº 11.343/2006: institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD); prescreve medidas para
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências (apenas as-
pectos penais e processuais penais). ............................................................................................................................................................... 19
5 Lei nº 4.898/1965: direito de representação e processo de responsabilidade administrativa civil e penal, nos casos de
abuso de autoridade (apenas aspectos penais e processuais penais). .............................................................................................. 27
6 Lei nº 9.455/1997: define os crimes de tortura e dá outras providências (apenas aspectos penais e processuais pe-
nais). .............................................................................................................................................................................................................................. 30
7 Lei nº 8.069/1990: Estatuto da Criança e do Adolescente (apenas aspectos penais e processuais penais). ................... 30
8 Lei nº 10.826/2003: Estatuto do Desarmamento (apenas aspectos penais e processuais penais). .................................... 70
9 Lei nº 9.605/1998: Lei dos Crimes Ambientais (apenas aspectos penais e processuais penais). .......................................110
10 Lei nº 10.446/2002: infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão unifor-
me........................................................................................................................................................................................................................... 118
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

1 Conceitos, objetivos e finalidades da contabilidade. ............................................................................................................................ 01


2 Patrimônio: componentes, equação fundamental do patrimônio, situação líquida, representação gráfica. .................. 04
3 Atos e fatos administrativos: conceitos, fatos permutativos, modificativos e mistos. ............................................................. 10
4 Contas: conceitos, contas de débitos, contas de créditos e saldos. ................................................................................................ 11
5 Plano de contas: conceitos, elenco de contas, função e funcionamento das contas. . ............................................................ 13
6 Escrituração: conceitos, lançamentos contábeis, elementos essenciais, fórmulas de lançamentos, livros de escrituração,
métodos e processos, regime de competência e regime de caixa. .................................................................................................... 13
7 Contabilização de operações contábeis diversas: juros, descontos, tributos, aluguéis, variação monetária/ cambial,
folha de pagamento, compras, vendas e provisões, depreciações e baixa de bens. ................................................................... 20
8 Balancete de verificação: conceitos, modelos e técnicas de elaboração. ..................................................................................... 29
9 Balanço patrimonial: conceitos, objetivo, composição. ....................................................................................................................... 30
10 Demonstração de resultado de exercício: conceito, objetivo, composição. . ............................................................................ 32
11 Lei nº 6.404/1976: alterações posteriores, legislação complementar e pronunciamentos do Comitê de Pronuncia-
mentos Contábeis (CPC). ..................................................................................................................................................................................... 35
12 Princípios fundamentais de contabilidade (aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade - CFC - por meio da
Resolução do CFC nº 750/1993, atualizada pela Resolução CFC nº 1.282/2010)........................................................................... 90
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Mais recentemente, com o desenvolvimento do


1 CONCEITOS, OBJETIVOS E FINALIDADES mercado acionário e a fortalecimento da sociedade
DA CONTABILIDADE. anônima como forma de sociedade comercial, a con-
tabilidade passou a ser considerada também como um
importante instrumento para a sociedade. Diz-se que
o usuário das informações contábeis já não era mais
A Contabilidade é a ciência que estuda, interpreta e re- somente o proprietário; outros usuários hoje também
gistra os fenômenos que afetam o patrimônio de uma enti- tem interesse em saber sobre uma empresa: sindicatos,
dade. Ela alcança sua finalidade através do registro e análise governo, fisco, investidores, credores, etc..
de todos os fatos relacionados com a formação, a movimen-
tação e as variações do patrimônio administrativo, vinculado Áreas de Atuação
à entidade, com o fim de assegurar seu controle e fornecer As principais áreas de atuação são as seguintes:
a seus administradores as informações necessárias à ação
administrativa, bem como a seus titulares (proprietários do Contabilidade Fiscal - Participa do processo de
patrimônio) e demais pessoas com ele relacionadas, as infor- elaboração de informações para o fisco, sendo respon-
mações sobre o estado patrimonial e o resultado das ativida- sável pelo planejamento tributário da empresa. Esta
des desenvolvidas pela entidade para alcançar os seus fins. área de atuação possui uma remuneração bastante
Diversas técnicas são usadas pela contabilidade para atrativa para os profissionais de primeiro nível.
que seus objetivos sejam atingidos: a escrituração é uma
forma própria desta ciência de registrar as ocorrências pa- Contabilidade Pública – Atua no controle e ges-
trimoniais; as demonstrações contábeis são demonstra- tão das finanças das empresas públicas, sendo que este
ções expositivas para reunir os fatos de maneira a obter é um campo que possui bastante mercado de trabalho
maiores informações, e a análise de balanços é uma técnica em Brasília.
que permite decompor, comparar e interpretar o conteú-
do das demonstrações contábeis, fornecendo informações Contabilidade de Custos - Talvez hoje a área mais
analíticas, cuja utilidade vai além do administrador. valorizada no Brasil e no Mundo. Tornou-se muito im-
Existe ainda uma dificuldade em classificar a contabili- portante com a redução da taxa de inflação e a abertura
dade. Apesar de no geral ser considerada uma ciência so- econômica aos produtos estrangeiros. Fornece impor-
cial, assim como economia e administração, algumas vezes tantes informações na formação de preço da empresa.
ela é chamada técnica ou arte.
No entanto, independente de sua classificação, é esta téc- Contabilidade Gerencial - Voltada para a melhor
nica, arte ou ciência que adquire cada vez maior importância, utilização dos recursos econômicos da empresa, atra-
dado o crescimento das corporações, entidades e empresas, vés de um adequado controle dos insumos efetuado
que exige grande eficácia dos profissionais da contabilidade, por um sistema de informação gerencial. O controler é
para que sejam capazes de trabalhar a infinita gama de informa- um dos profissionais com melhores remunerações no
ções que são necessárias ao estudo e controle do patrimônio. mercado.
A contabilidade é uma das ciências mais antigas do
mundo. Existem diversos registros que as civilizações anti- Contabilidade Comercial – Contabilidade especí-
gas já possuíam um esboço de técnicas contábeis. fica voltada para as empresas com atividades comer-
Em termos de registro histórico é importante destacar ciais.
a obra Summa de Arithmetica, Geométrica, Proportioni et
Proportionalita, do Frei Luca Pacioli, publicado em Veneza Contabilidade Industrial – Contabilidade voltada
em 1494 (pouco depois da invenção da imprensa e um dos para as empresas com atividades industriais.
primeiros impressos no mundo).
Esta obra descreve, num dos seus capítulos, um méto- Contabilidade Rural - Voltada especialmente para
do empregado por mercadores de Veneza no controle de as empresas rurais, que exercem atividade agrícola,
suas operações, posteriormente denominado método das zootécnica ou agroindustrial.
partidas dobradas ou método de Veneza.
Nos séculos seguintes ao livro de Pacioli, a contabilida- Auditoria - Através de empresas de auditoria ou
de expandiu sua utilização para instituições como a Igreja através de setores internos da organização controla a
e o Estado e foi um importante instrumento no desenvol- confiabilidade das informações e a legalidade dos atos
vimento do capitalismo, conforme opinião de importantes praticados pelos administradores. Com os recentes es-
estudiosos como o sociólogo Max Weber. cândalos do Banco Nacional e Econômico, tem esta-
No entanto as técnicas e as informações ficavam restri- do sob suspeita por parte da sociedade. No entanto,
tas ao dono do empreendimento, pois os livros contábeis o profissional tem uma remuneração bastante atrativa.
eram considerados sigilosos. Isto limitou consideravelmen-
te o desenvolvimento da ciência uma vez que não existia Perícia Contábil - Atuando na elaboração de lau-
troca de ideias entre os profissionais. dos em processos judiciais ou extrajudiciais. Área de
atuação exclusiva do contador.

1
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Contabilidade Financeira - responsável pela elabo- Usuários Internos


ração e consolidação das demonstrações contábeis para Os usuários internos das informações produzidas
fins externos. pela contabilidade, para fins de administração da em-
presa de modo geral temos:
Análise Econômico - financeira - Denominação mo-
derna para a análise de balanços. Atua na elaboração de  O titular da firma individual, os sócios e os
análises sobre a situação patrimonial de uma organização acionistas da sociedade.
a partir de seus relatórios contábeis.  Os diretores, os gerentes e os administra-
dores de todos o níveis
Avaliação de Projetos - Elaboração e análise de pro-
jetos de viabilidade de longo prazo, com a estimativa do Usuários Externos
fluxo de caixa e o cálculo de sua atratividade para a em- Os usuários externos concentram suas atenções, de
presa. forma geral, em aspectos mais genéricos expressos nas
demonstrações contábeis.
ÁREAS EMERGENTES Como usuários externos das informações produzidas
pela contabilidade temos:
Além das áreas citadas anteriormente é importan-
te destacar algumas áreas emergentes onde existe uma  Bancos e fornecedores
grande perspectiva de crescimento profissional. Estas  Governo ( fiscalização )
áreas poderão vir a ser um grande campo de trabalho  Auditores Externos
para o contador do ano 2000:  Investidores do mercado de capital ( no
caso de sociedades anônimas de capital aberto )
Contabilidade Ambiental - responsável por informa-
ções sobre o impacto ambiental da empresa no meio-am- OBJETO
biente.
O objeto da Contabilidade é o Patrimônio das en-
Contabilidade Social - dimensionando o impacto tidades econômico-administrativas sob dois aspectos, o
social da empresa, com sua agregação de riqueza e seus estático e o dinâmico. 
custos sociais, produtividade, distribuição da riqueza etc. Estático  - O Patrimônio da empresa é apresenta-
do em sua composição, em determinado momento. É
Local de Trabalho: O contador pode ser requisitado uma “fotografia” do patrimônio;
para trabalhar no governo ou em organizações privadas. Dinâmico - Estudo das mudanças ocorridas na com-
Além disto, existe um mercado para o profissional autô- posição patrimonial, através da Contabilidade no decor-
nomo que gostaria de exercer funções de consultoria ou rer do  período. 
de prestação de serviços. Partindo do pressuposto que o patrimônio empresa-
rial não é estático, alterando-se a cada operação, e sa-
Regulamentação da Profissão. bendo que o volume de transações requer um controle
O Conselho Federal de Contabilidade - CFC e os Con- próprio, exige-se da Contabilidade este trabalho, que
selhos Regionais normatizam e fiscalizam a profissão. deverá ser feito de forma coordenada e que a informa-
Alguns órgãos do governo também produzem normas e ção produzida por este departamento tenha os seguintes
instruções na área contábil. A profissão é reconhecida em atributos: 
lei. Confiável: Os trabalhos elaborados pela contabilida-
de devem inspirar confiança, a tal ponto que o usuário da
Quem utiliza a contabilidade informação tenha segurança nas informações fornecidas; 
Tempestiva: Pode-se elaborar um belo trabalho
Os usuários da contabilidade podem ser: contábil, mas, se o mesmo não for apresentado em tem-
po hábil para ser usufruído, perde o sentido da informa-
 Internos (pessoas que fazem parte da em- ção, principalmente em países de economia instável; 
presa); ou Elucidativa: Cada usuário da informação tem um
 Externos (pessoas que NÃO fazem parte da grau de conhecimento; identificá-lo é primordial para
empresa) que os trabalhos sejam elucidativos. 
Fonte de tomada de decisão: Nenhuma decisão que
Os usuários podem ter interesses diversificados, ra- envolva negócios é tomada a esmo, pois está em jogo o
zão pela qual as informações contábeis devem ser amplas patrimônio que não se constitui de maneira tranquila; as-
e confiáveis. sim, quem controla o Patrimônio tem obrigação de gerar
No mínimo, as informações devem ser suficientes o alicerce para a decisão. Não tendo isto, a Administração
para a avaliação da situação patrimonial da empresa e das se utilizará outros meios, como as informações passadas
mutações sofridas pelo seu patrimônio. pelo departamento comercial e financeiro.

2
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

A Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio Do Patrimônio deriva o conceito de Patrimônio Líqui-
das Entidades – e consiste em conhecimentos obtidos por do, mediante a equação considerada como básica na con-
metodologia racional, com as condições de generalidade, tabilidade:
certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhante
às demais ciências sociais. (Bens+Direitos) – (Obrigações) = Patrimônio Líquido 
A Resolução alicerça-se na premissa de que a Conta-
bilidade é uma ciência social com plena fundamentação Quando o resultado da equação é negativo, conven-
epistemológica. Por consequência, todas as demais classifi- ciona-se denominá-lo de “Passivo a Descoberto”.
cações – método, conjunto de procedimentos, técnica, sis- O Patrimônio Líquido não é uma dívida da Entidade
tema, arte, para citarmos as mais correntes – referem-se a para com seus sócios ou acionistas, pois estes não empres-
simples facetas ou aspectos da Contabilidade, usualmente tam recursos para que possa ter vida própria, mas, sim, os
concernentes à sua aplicação prática, na solução de ques- entregam, para que com eles forme o Patrimônio da Enti-
tões concretas. dade.
O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciên- O conhecimento que a Contabilidade tem do seu ob-
cia, tanto nas ciências formais quanto nas factuais, das quais jeto está em constante desenvolvimento como, aliás, ocor-
fazem parte as ciências sociais. Na Contabilidade, o objeto re nas demais ciências em relação aos respectivos obje-
é sempre o PATRIMÔNIO de uma Entidade, definido como tos. Por esta razão, deve-se aceitar como natural o fato da
um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com ter- existência de possíveis componentes do patrimônio cuja
ceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de apreensão ou avaliação se apresenta difícil ou inviável em
pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma determinado momento.
sociedade ou instituição de qualquer natureza, independen-
temente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro. OBJETIVO
O essencial é que o patrimônio disponha de autonomia em
relação aos demais patrimônios existentes, o que significa Objetivo principal da contabilidade > permitir que
que a Entidade dele pode dispor livremente, claro que nos os usuários avaliem a situação financeira e econômica da
limites estabelecidos pela ordem jurídica e, sob certo aspec- entidade e possam inferir sobre as tendências futuras da
to, da racionalidade econômica e administrativa. mesma.
O Patrimônio também é objeto de outras ciências so- Os objetivos da contabilidade devem contribuir para o
ciais – por exemplo, da Economia, da Administração e do processo decisório dos usuários, não se justificando por si
Direito – que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos mesma. Antes, deve ser um instrumento útil à tomada de
daquele da Contabilidade, que o estuda nos seus aspectos decisões.
quantitativos e qualitativos. A Contabilidade busca, primor- Para tal, devem ser observados dois pontos:
dialmente, apreender, no sentido mais amplo possível, e
entender as mutações sofridas pelo Patrimônio, tendo em 1. As empresas devem evidenciar ou divulgar todas
mira, muitas vezes, uma visão prospectiva de possíveis va- aquelas informações que contribuem para a adequada ava-
riações. As mutações tanto podem decorrer de ação do ho- liação de sua situação patrimonial e de resultados, permi-
mem, quanto, embora quase sempre secundariamente, dos tindo inferências em relação ao futuro. As informações que
efeitos da natureza sobre o Patrimônio. não estiverem explícitas nas demonstrações, devem constar
Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a em Notas Explicativas ou Quadros Complementares.
natureza dos elementos que o compõem, como dinheiro,
valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máqui- 2. A contabilidade tem íntimo relacionamento do com
nas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. os aspectos jurídicos os quais, muitas vezes não conse-
A delimitação qualitativa desce, em verdade, até o guem retratar a essência econômica. Visando bem infor-
grau de particularização que permita a perfeita compreen- mar, a contabilidade deve seguir a essência ao invés da
são do componente patrimonial. Assim, quando falamos forma.
em “máquinas” ainda estamos a empregar um substantivo
coletivo, cuja expressão poderá ser de muita utilidade em     Exemplo:
determinadas análises.     Uma empresa faz a venda de um ativo, assumindo o
Mas a Contabilidade, quando aplicada a um patrimô- compromisso de efetuar sua recompra por um certo valor
nio particular, não se limitará às “máquinas” como catego- em determinada data. Obedecendo a essência ao invés da
ria, mas se ocupará de cada máquina em particular, na sua forma, deve-se registrar na contabilidade uma operação de
condição do componente patrimonial, de forma que não financiamento (essência) e não de compra de venda (forma).
possa ser confundida com qualquer outra máquina, mes-     A não utilização da informação contábil ou utilização
mo de tipo idêntico. restrita pode ser resultado de:
O atributo quantitativo refere-se à expressão dos com- a) deficiências na estrutura do modelo informativo;
ponentes patrimoniais em valores, o que demanda que a b) limitações do próprio usuário;
Contabilidade assuma posição sobre o que seja “Valor”, c) baixa credibilidade por parte dos usuários;
porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente d) linguagem inadequada nas demonstrações contá-
variados. beis.

3
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Antigamente a contabilidade tinha por objetivo infor- correntes seria ver como estão as vendas, pagamentos a
mar ao dono qual foi o lucro obtido numa empreitada co- fornecedores da empresa analisada,  com isso podendo
mercial. No capitalismo moderno isto somente não é mais adotar padrões diferentes. 
suficiente. Os sindicatos precisam saber qual a capacidade Pode-se afirmar, então, que as principais finalidades da
de pagamento de salários, o governo demanda a agrega- utilização das informações contábeis são: como controle e
ção de riqueza à economia e a capacidade de pagamento como planejamento.
de impostos, os ambientalistas exigem conhecer a contri-
buição para o meio ambiente, os credores querem calcular FUNÇÕES DA CONTABILIDADE
o nível de endividamento e a probabilidade de pagamento  
das dívidas, os gerentes da empresa precisam de informa- FUNÇÃO ADMINISTRATIVA:  Controlar o patrimônio
ções para ajudar no processo decisório e reduzir as incer- da entidade, tanto sob o aspecto estático quanto ao dinâ-
tezas, e assim por diante. mico. 
Diante deste quadro pode-se afirmar que o grande ob- FUNÇÃO ECONÔMICA:  Apurar o resultado (rédito),
jetivo da contabilidade é planejar e colocar em prática um isto é, apurar o lucro ou o prejuízo da entidade 
sistema de informação para uma organização, com ou sem FUNÇÃO FUNDAMENTAL DA CONTABILIDADE: For-
fins lucrativos. necer informações úteis para TOMADA DE DECISÃO ECO-
FINALIDADE NÔMICA. 

Quanto as finalidades é social, uma vez que por suas CAMPO DE APLICAÇÃO/ USUÁRIOS/ ORIGEM DOS
avaliações do progresso das entidades, permite conhe- CAPITAIS
cer-se a posição de rentabilidade e financeira, e de forma
indireta auxilia os acionistas, tomadores de decisões, inves-  Abrange todas as entidades econômico-administrati-
tidores a aumentar a riqueza da entidade. vas, e até as pessoas de direito público, como a: União,
As empresas realizam operações econômico-financei- Estados, Municípios, Autarquias etc.
ras,  com a finalidade de ampliar seu patrimônio. São os   Entidades econômico–administrativas são organiza-
dados decorrentes destas operações que vão para a conta- ções que reúnem: pessoas, patrimônio, titular, ação admi-
bilidade, que se faz presente através  dos demonstrativos nistrativa e fim determinado.
contábeis. Estes, por sua vez, servem para dar subsídios aos   As entidades econômico-administrativas, de acordo
diversos setores da empresa para tomada de decisões.  com o fim a que se destina, podem ser classificadas como:
Quando falamos em operações econômico-financeiras, INSTITUIÇÕES (sociedades civis) E EMPRESAS (sociedades
o econômico é medido através da D.R.E (Demonstração comerciais).
do Resultado do Exercício). Isso é, mede a lucratividade  As empresas de acordo com a origem do seu capital
(qual a margem da empresa), mede a produtividade (efi- podem ser: públicas, particulares e mistas.
ciência da empresa), e a rentabilidade. O financeiro através Públicas: Constituídas com o capital do governo ex:
do Balanço Patrimonial (B.P.) fornece informações como, por CEF, Correios.
exemplo, se a empresa tem valores disponíveis para honrar Privadas: constituídas com capital de particulares ex:
seus compromissos. A análise dos índices, com dados das padaria do seu Zé, bar da esquina, indústria tal e qual...
demonstrações Contábeis, que se têm estas certezas. Por- Mistas: constituída parte com capital privado e parte
tanto, estas evidencias são obtidas pela analise dos relató- com capital do governo ex: Banco do Brasil, Petrobrás, Ban-
rios contábeis (Demonstrações Contábeis), pelos índices de co do Estado do Rio de Janeiro.
liquidez, rentabilidade, endividamento, como liquidez cor-
rente, liquidez seca etc, análise capital de giro, etc. 
Estes demonstrativos contábeis (D.R.E e B.P.) faci-
litam que diversos interessados pela situação financeira 2 PATRIMÔNIO: COMPONENTES, EQUAÇÃO
e econômica da empresa tenham estas informações. São FUNDAMENTAL DO PATRIMÔNIO, SITUAÇÃO
eles: LÍQUIDA, REPRESENTAÇÃO GRÁFICA.
Investidores: investem mais, menos ou se deixam de
empregar seu capital nesta empresa,
Administradores: orientam-se através destes relató-
rios no que se refere às decisões mais favoráveis à empresa,
Os fornecedores: através destes relatórios, julgam se
PATRIMÔNIO
a empresa tem condições de quitar suas obrigações para
A escola Patrimonialista, mais aceita atualmente, define
com eles, se abrem mais crédito ou se restringem  para
a Contabilidade como sendo a ciência que estuda o patri-
este cliente; 
mônio, em seus aspectos dinâmico e estático.
Governo: verifica se o valor dos impostos pagos por
Se a contabilidade analisa e controla o patrimônio das
essa empresa esta de acordo com o informado; 
empresas, vamos começar nosso estudo pelo patrimônio.
Stakeholders: Acionistas, Comunidade, Concorrentes.
Estes poderão tomar certas decisões com base nas infor-
PATRIMONIO = BENS + DIREITOS E OBRIGAÇÕES
mações contábeis da sua empresa. O interesse dos con-

4
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Bens: são valores  que pertencem à organização e 1. Informações Complementares


que estão em seu poder . Estes bens são se dividem em: a) Note que os direitos e as obrigações são fáceis de se
  BENS NUMERÁRIOS  – Caixa, Banco c/ Movimento, conhecer, pois, na contabilidade, normalmente represen-
Aplicações de Liquidez Imediata, Numerário em Trânsito tam um elemento seguido pelas expressões “a Receber”
(Cheques em ordens de pagamento, dinheiro remetido ou “a Pagar”.
para filiais) Entretanto, há exceções a essa regra: clientes e forne-
 BENS DE VENDA: Mercadorias, Matérias-Prima, Pro- cedores representam direitos e obrigações respectivamen-
dutos em Fabricação, Produtos Acabados. te, e não aparece a expressão “a receber” e “a pagar”. As
 BENS FIXOS OU DE USO: Imóveis, Terrenos, Móveis e vendas a prazo efetuadas para os clientes geram, para a
utensílios, Veículos, Máquinas e Equipamentos, Compu- empresa direitos; e as compras a prazo efetuadas dos for-
tadores e Terminais, Instalações. necedores, geram para a empresa, obrigações. Não é ne-
 BENS DE USO IMATERIAS OU INTANGÍVEIS:    Marcas cessário contudo, escrever “clientes a receber ou fornece-
e Patentes, Fundo de Comércio Luvas, Concessões obti- dores a pagar”.
das. Não possuem corpo, não tem matéria. São gastos b) É bom saber que os compromissos que a empresa
efetuados pela empresa, que por sua natureza, integram tem para com entidades governamentais poderão ser con-
o patrimônio. Ex: benfeitorias em imóveis de terceiros, tabilizados com intitulações que contenham a expressão
caso seja feito alguma reforma ou benfeitoria em imóvel “a recolher” ou “a pagar”. Os impostos e as contribuições,
de terceiros, esta benfeitoria será contabilizada no patri- quando descontados de terceiros (Imposto de Renda e
mônio como bem imaterial, sendo lançada com o títu- Contribuição da Previdência retidos dos salários dos fun-
lo benfeitoria em imóveis de terceiros. cionários), devem ser contabilizados com intitulação de
 Outro exemplo é o fundo de comércio, isto é, a di- “Impostos e contribuições a Recolher”. Quando represen-
ferença apurada na compra de dado comércio ex: certo tam encargos da empresa, devem ser contabilizados com
comerciante quer vender o seu comércio. Ele avalia seus intitulação de “Impostos e Contribuições a Pagar”.
bens, direitos e obrigações em R$ 20 e coloca-o a venda
por R$ 30. A diferença R$ 10(valor que achou valer sua ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DO PA-
clientela, fama da loja, tempo de atuação naquele local) TRIMÔNIO
será registrada como bem imaterial com o título Fundo
de Comércio  e finalmente, a Patente onde a importân- Para melhor avaliação do patrimônio, deve-se observar
cia gasta para se registrar algum produto inventado pela o aspecto qualitativo e quantitativo deste. O aspecto qua-
empresa somada as despesas referentes a pesquisas se- litativo consiste em qualificar os bens como segue:
rão registradas na contabilidade como bem imaterial. Bens: dinheiro, veículos, máquinas.
  BENS DE RENDA:    Adquiridos com finalidade de Direitos: duplicatas a receber, promissórias a receber.
produzir renda. Participações Societárias de caráter per- Obrigações: duplicatas a pagar, impostos a pagar.
manente ou temporário, I      móveis de Aluguel, CDB,  
Ouro... O aspecto quantitativo consiste em conhecer os valo-
 DIREITOS: valores que pertencem a organização po- res do patrimônio de minha empresa. Ex:
rém estão nas mãos de terceiros ex:  dinheiro depositado Bens
em bancos, valores a receber referentes venda a prazo Dinheiro = R$5.000
(geralmente aparecem com a expressão  a receber.) Ex: Veículos = R$ 5.000
Dupl. A Receber, Cheques a Receber, Bancos (pois Máquinas = R$ 5.000 
estão em mãos de terceiros, Caderneta de Poupança
(idem). Direitos
 OBRIGAÇÕES: Valores materiais que estão em poder Duplicatas a receber = R$5,000
da organização, porém, pertencentes a terceiros. Ex: em- Promissórias a receber = R$ 5,000 
préstimos contraídos, valores a pagar por compras efe-
tuadas a prazo. Geralmente as obrigações aparecem com Obrigações
a expressão a pagar. Duplicatas a pagar = R$ 5,000
Impostos a pagar = R$ 5,000 
Conceitos de: receita, custo e despesa Com isso, tem-se uma ideia de quanto e o que a em-
Receita: é a renda que a empresa obtém pelas ven- presa tem de bens, direitos e obrigações.
das de mercadorias e produtos, pela prestação de servi-
ços etc. ( quer receba os valores à vista, quer não )   Avaliação patrimonial: a atribuição de valor monetário
Custo: é o gasto relativo à aquisição ou produção de a itens do ativo e do passivo decorrentes de julgamento
um bem de venda ou de uso. fundamentado em consenso entre as partes e que tradu-
Despesa: é o gasto com as demais “utilidades“, ou za, com razoabilidade, a evidenciação dos atos e dos fatos
seja, os gastos com as vendas (comissões pagas a vende- administrativos.
dores), com a administração da empresa ( aluguel, água, Influência significativa: o poder de uma entidade do
luz, telefone ), com os juros de empréstimos bancários ( setor público participar nas decisões de políticas finan-
despesas financeiras ), etc. ceiras e operacionais de outra entidade que dela receba

5
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

recursos financeiros a qualquer título ou que represente CRÉDITOS E DÍVIDAS


participação acionária, desde que não signifique um con- Os direitos, os títulos de créditos e as obrigações são
trole compartilhado sobre essas políticas. mensurados ou avaliados pelo valor original, feita a con-
Mensuração: a constatação de valor monetário para versão, quando em moeda estrangeira, à taxa de câmbio
itens do ativo e do passivo decorrente da aplicação de vigente na data do Balanço Patrimonial.
procedimentos técnicos suportados em análises qualita- Os riscos de recebimento de dívidas são reconheci-
tivas e quantitativas. dos em conta de ajuste, a qual será reduzida ou anulada
Reavaliação: a adoção do valor de mercado ou de quando deixarem de existir os motivos que a originaram.
consenso entre as partes para bens do ativo, quando esse Os direitos, os títulos de crédito e as obrigações pre-
for superior ao valor líquido contábil. fixados são ajustados a valor presente.
Redução ao valor recuperável (impairment): o ajuste Os direitos, os títulos de crédito e as obrigações pós-
ao valor de mercado ou de consenso entre as partes para -fixadas são ajustados considerando-se todos os encar-
bens do ativo, quando esse for inferior ao valor líquido gos incorridos até a data de encerramento do balanço.
contábil. As provisões são constituídas com base em estimati-
Valor da reavaliação ou valor da redução do ativo a vas pelos prováveis valores de realização para os ativos
valor recuperável: a diferença entre o valor líquido con- e de reconhecimento para os passivos.
tábil do bem e o valor de mercado ou de consenso, com As atualizações e os ajustes apurados são contabili-
base em laudo técnico. zados em contas de resultado.
Valor de aquisição: a soma do preço de compra de um
bem com os gastos suportados direta ou indiretamente ESTOQUES
para colocá-lo em condição de uso. Os estoques são mensurados ou avaliados com base
Valor de mercado ou valor justo (fair value): o valor no valor de aquisição ou no valor de produção ou de
pelo qual um ativo pode ser intercambiado ou um passivo construção.
pode ser liquidado entre partes interessadas que atuam Os gastos de distribuição, de administração geral e
em condições independentes e isentas ou conhecedoras
financeiros são considerados como despesas do período
do mercado.
em que ocorrerem.
Valor bruto contábil: o valor do bem registrado na
Se o valor de aquisição, de produção ou de constru-
contabilidade, em uma determinada data, sem a dedução
ção for superior ao valor de mercado, deve ser adotado
da correspondente depreciação, amortização ou exaustão
o valor de mercado,
acumulada.
O método para mensuração e avaliação das saídas
Valor líquido contábil: o valor do bem registrado na
dos estoques é o custo médio ponderado.
contabilidade, em determinada data, deduzido da corres-
Quando houver deterioração física parcial, obsoles-
pondente depreciação, amortização ou exaustão acumu-
lada. cência, bem como outros fatores análogos, deve ser uti-
Valor realizável líquido: a quantia que a entidade do lizado o valor de mercado.
setor público espera obter com a alienação ou a utiliza- Os resíduos e os refugos devem ser mensurados, na
ção de itens de inventário quando deduzidos os gastos falta de critério mais adequado, pelo valor realizável lí-
estimados para seu acabamento, alienação ou utilização. quido.
Valor recuperável: o valor de mercado de um ativo Os estoques de animais e de produtos agrícolas e
menos o custo para a sua alienação, ou o valor que a en- extrativos são mensurados ou avaliados pelo valor de
tidade do setor público espera recuperar pelo uso futuro mercado, quando atendidas as seguintes condições:
desse ativo nas suas operações, o que for maior. (a) que a atividade seja primária;
(b) que o custo de produção seja de difícil determi-
AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO nação ou que acarrete gastos excessivos.
A avaliação e a mensuração dos elementos patrimo-
niais nas entidades do setor público obedecem aos crité- INVESTIMENTOS PERMANENTES
rios relacionados nos itens 4 a 35 desta Norma. As participações em empresas e em consórcios pú-
blicos ou público-privados sobre cuja administração se
DISPONIBILIDADES tenha influência significativa devem ser mensuradas ou
As disponibilidades são mensuradas ou avaliadas pelo avaliadas pelo método da equivalência patrimonial.
valor original, feita a conversão, quando em moeda es- As demais participações podem ser mensuradas ou
trangeira, à taxa de câmbio vigente na data do Balanço avaliadas de acordo com o custo de aquisição.
Patrimonial. Os ajustes apurados são contabilizados em contas
As aplicações financeiras de liquidez imediata são de resultado.
mensuradas ou avaliadas pelo valor original, atualizadas
até a data do Balanço Patrimonial. IMOBILIZADO
As atualizações apuradas são contabilizadas em con- O ativo imobilizado, incluindo os gastos adicionais
tas de resultado. ou complementares, é mensurado ou avaliado com base
no valor de aquisição, produção ou construção.

6
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Quando os elementos do ativo imobilizado tiverem Em caso de bens imóveis específicos, o valor justo
vida útil econômica limitada, ficam sujeitos a depreciação, pode ser estimado utilizando-se o valor de reposição do
amortização ou exaustão sistemática durante esse período, ativo devidamente depreciado.
sem prejuízo das exceções expressamente consignadas. O valor de reposição de um ativo depreciado pode
Quando se tratar de ativos do imobilizado obtidos a ser estabelecido por referência ao preço de compra ou
título gratuito deve ser considerado o valor resultante da construção de um ativo semelhante com similar poten-
avaliação obtida com base em procedimento técnico ou cial de serviço.
valor patrimonial definido nos termos da doação. Os acréscimos ou os decréscimos do valor do ativo
O critério de avaliação dos ativos do imobilizado ob- em decorrência, respectivamente, de reavaliação ou re-
tidos a título gratuito e a eventual impossibilidade de sua dução ao valor recuperável (impairment) devem ser re-
mensuração devem ser evidenciados em notas explicativas. gistrados em contas de resultado.
Os gastos posteriores à aquisição ou ao registro de ele-
mento do ativo imobilizado devem ser incorporados ao valor PASSIVO EXIGÍVEL
desse ativo quando houver possibilidade de geração de be- Para mensuração do passivo exigível é necessário
nefícios econômicos futuros ou potenciais de serviços. Qual- que, anteriormente, ele seja reconhecido, ou seja , é ne-
quer outro gasto que não gere benefícios futuros deve ser cessário que os critérios de reconhecimento de um pas-
reconhecido como despesa do período em que seja incorrido. sivo sejam observados.
No caso de transferências de ativos, o valor a atribuir
deve ser o valor contábil líquido constante nos registros da RECONHECIMENTO DE PASSIVOS
entidade de origem. Em caso de divergência deste critério O reconhecimento de uma despesa é o elemento
com o fixado no instrumento de autorização da transferên- mais importante para o reconhecimento de um passivo,
cia, o mesmo deve ser evidenciado em notas explicativas. pois é um evento contábil que vai afetar o resultado do
Os bens de uso comum que absorveram ou absorvem período, em função do registro contábil dessa exigibili-
recursos públicos, ou aqueles eventualmente recebidos dade.
em doação, devem ser incluídos no ativo não circulante da
entidade responsável pela sua administração ou controle, Para que um passivo seja apresentado numa de-
estejam, ou não, afetos a sua atividade operacional. monstração financeira é preciso que seja reconhecido e
A mensuração dos bens de uso comum será efetuada, mensurado, conforme dispõe as regras usuais do SFAC
sempre que possível, ao valor de aquisição ou ao valor de 5. Segundo as regras citadas uma obrigação deve ser
produção e construção. reconhecida como passivo quando satisfaz quatro crité-
rios gerais:
INTANGÍVEL Corresponde à definição de passivo;
Os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos É mensurável;
destinados à manutenção da atividade pública ou exerci- É relevante;
dos com essa finalidade são mensurados ou avaliados com É precisa.
base no valor de aquisição ou de produção.
O critério de mensuração ou avaliação dos ativos intangí- MENSURAÇÃO DE PASSIVOS EXIGÍVEIS
veis obtidos a título gratuito e a eventual impossibilidade de Para mensurar os passivos exigíveis devemos segre-
sua valoração devem ser evidenciados em notas explicativas. gá-los em duas categorias, os passivos exigíveis mone-
Os gastos posteriores à aquisição ou ao registro de tários e os não monetários.
elemento do ativo intangível devem ser incorporados ao
valor desse ativo quando houver possibilidade de geração MENSURAÇÃO DE PASSIVOS EXIGÍVEIS MONETÁ-
de benefícios econômicos futuros ou potenciais de servi- RIOS
ços. Qualquer outro gasto deve ser reconhecido como des- São as obrigações que envolvem o pagamento de
pesa do período em que seja incorrido. um valor predeterminado, portanto são exigibilidades
denominadas em valores nominais.
REAVALIAÇÃO E REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL Normalmente a avaliação corrente da obrigação a
As reavaliações devem ser feitas utilizando-se o valor ser paga no futuro é determinada no contrato ou acordo
justo ou o valor de mercado na data de encerramento do que deu origem ao passivo.
Balanço Patrimonial, pelo menos: No caso de passivo a ser liquidado no curto prazo,
(a) anualmente, para as contas ou grupo de contas passivo circulante, o montante apresentado é o valor de
cujos valores de mercado variarem significativamente em face (valor pago no vencimento), sendo que a relevância
relação aos valores anteriormente registrados; do desconto nesse cálculo tende a ser imaterial.
(b) a cada quatro anos, para as demais contas ou gru- Para os passivos a longo prazo, o montante do des-
pos de contas. conto é normalmente significativo, portanto, a avaliação
Na impossibilidade de se estabelecer o valor de mer- corrente deve ser apresentada pelo somatório do valor
cado, o valor do ativo pode ser definido com base em pa- presente de todos os pagamentos futuros a serem feitos
râmetros de referência que considerem características, cir- conforme discriminado no contrato.
cunstâncias e localizações assemelhadas.

7
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

MENSURAÇÃO DE PASSIVOS EXIGÍVEIS NÃO MONE-  Vejam: O total dos bens mais o total dos Direitos me-
TÁRIOS nos o total das obrigações denomina-se  SITUAÇÃO LÍ-
São os passivos exigíveis provenientes da obrigação QUIDA PATRIMONIAL. Logo: 
de fornecer bens ou serviços em quantidade e qualida-
de predeterminadas. Normalmente são classificados no Ativo..........................R$ 150
circulante e decorrem de pagamentos adiantados por (-) Passivo(Obr)........R$    80
serviços, a serem prestados aos clientes. A assinatura de ...............................   R$    70 
jornais, revistas e a compra de ingressos para uma tem- SITUAÇÃO LÍQUIDA PATRIMONIAL
porada são exemplos de passivos não monetários.
Entretanto, nem todos adiantamentos são de nature- BENS + DIREITOS – OBRIGAÇÕES = SITUAÇÃO LÍQUI-
za monetária. As obrigações não monetárias são expres- DA
sas em termos de preços predeterminado ou convencio-
nados referentes a bens ou serviços específicos. Portanto,  O título correto para esta forma de (T), será daqui pra
o valor monetário dos bens e serviços poderia variar, mas frente chamada de BALANÇO PATRIMONIAL.
não sua quantidade ou qualidade.  Ex: PATRIMÔNIO

PROVISÃO PARA RISCOS FISCAIS E OUTROS PASSI- SITUAÇÃO LÍQUIDA PATRIMONIAIS POSSÍVEIS 
VOS CONTINGENTES
Existe uma preocupação mais acentuada por parte 1º Ativo MAIOR que Passivo:
da contabilidade quando se trata de contingências, pois Bens.......................................................................................R$ 200
estas representam uma situação de risco existente que Direitos.................................................................................R$ 100
envolvem um grau de incerteza quanto à sua efetiva rea- Obrigações.........................................................................R$ 180
lização, pois dependem de decisões futuras. O resultado
também não é ainda conhecido, podendo o mesmo se Veja:
configurar num ganho ou numa perda para a empresa. Os dois lados não têm o mesmo total. Logo, precisa-
Portanto, quando se trata de contingência passiva mos igualá-los. Como:
cuja ocorrência seja julgada provável de se realizar, num  A diferença R$ 120 é chamada SITUAÇÃO LÍQUIDA, e
período futuro e a empresa dispõem de informações sufi- será colocada do lado do Passivo e adicionada ao valor das
cientes para estimar o seu valor, esta deverá ser registra- obrigações, já que a situação líquida é positiva.
da contabilmente em conta própria que indica formação Logo, o Balanço Patrimonial fica assim:
de provisão para riscos fiscais, trabalhistas ou outros pas-
sivos contingentes. Mas, se as informações disponíveis  
não são suficientes para estimar um valor, o fato deve Neste caso, a Situação Líquida chama-se:
ser divulgado nas notas explicativas com as respectivas a-Situação Líquida Positiva
informações. b-Situação Líquida Ativa
Uma exceção geral a essa regra poderia ocorrer c-Situação Líquida Superavitária 
quando se verificar um declínio relevante (material) no
preço dos bens, logo após a assinatura de um contrato a) Situação Líquida Positiva:  Ativo MAIOR que Pas-
de compra de longo prazo. Neste caso, deveríamos re- sivo(ISSO É, BENS E DIREITOS MAIOR QUE OBRIGAÇÕES.
gistrar os direitos e as obrigações, que superam o valor O QUE QUER DIZER ISSO?) então se têm lucros(A QUEM
daqueles, a fim de não diminuir o poder preditivo de ten- PERTENCE ESSES LUCRO?) e este pertence aos sócios que
dência dos demonstrativos financeiros. verão a melhor forma de utilizá-lo, ou reinvestem ou dis-
tribuem-no. 
b) Situação Líquida Ativa: Ativo MAIOR que Passivo, 
SITUAÇÃO LÍQUIDA PATRIMONIAL Porque o total do Ativo (B + D) supera o total do Passivo
(O) em 120. 
É A DIFERENÇA ENTRE O ATIVO E O PASSIVO c) Situação Líquida Superavitária: Vendendo os
bens (no caso de liquidar a empresa).
Somando os bens os direitos têm-se o total do ativo
e o total das obrigações denomina-se passivo. 2º- Ativo MENOR que Passivo
O total do ativo (-) o total das obrigações (passivo) Bens.......................................................................................R$ 200
resulta na Situação Líquida Patrimonial. Direitos.................................................................................R$ 100
Bens+ direitos (-) obrigações = Situação Líquida Pa- Obrigações.........................................................................R$ 340
trimonial. O total da situação líquida é sempre colocado  
do lado direito do T.
Deve-se ter a soma e o lado do ativo + o passivo de Vejamos:
forma a igualar a situação. Sendo a diferença NEGATIVA (pois está do lado do pas-
Exemplos: sivo)
   

8
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Neste caso, a Situação Líquida chama-se: CAPITAL A REALIZAR - é o capital com que a enti-
  dade foi registrada mas que por algum motivo ainda não
a)Situação Líquida Negativa foi colocado totalmente à disposição da entidade. Com
b) Situação Líquida Passiva o desenrolar dos negócios, este capital será posto à dispo-
c) Situação. Líquida. Deficitária sição da entidade, seja através de dinheiro ou outros bens.
d)Passivo a Descoberto 
As Obrigações são maiores que os direitos. Com isso, CAPITAL TOTAL A DISPOSIÇÃO DA EMPRESA - cor-
se for preciso liquidar a empresa ao preço de custo tem-se responde à soma do capital próprio com o capital de
R$ 200. Recebendo os direitos, vendendo os bens ter-se-ia terceiros. É também igual ao total do ATIVO da entidade.
R$ 100, portanto, a empresa teria disponível R$ 300 em
mãos. para saldar seus compromissos. Entretanto,  preci-
sar-se-ia de R$ 340, que é o valor das obrigações. Logo DIFERENÇA ENTRE CAPITAL E PATRIMÔNIO
faltam R$ 40. Por isso, a situação  líquida é deficitária.  O
total dos elementos positivos é insuficiente para saldar os CAPITAL: é o conjunto de elementos que o proprie-
compromissos. tário da empresa possui para iniciar suas atividades. Ex.:
 PASSIVO A DESCOBERTO: PORQUE O TOTAL DO ATIVO Lúcia vai abrir uma papelaria. Ela possui, para esse fim,
NÃO É SUFICIENTE PARA COBRIR O TOTAL DO PASSIVO. R$ 10.000 em dinheiro. Logo, esses R$ 10.000 em dinheiro
constituem o seu Capital Inicial.
 3º Ativo = ao lado do Passivo
  O Capital Inicial pode ser composto por:
Bens.......................................................................................R$ 200 • Dinheiro
Direitos.................................................................................R$ 100 • Móveis
Obrigações.........................................................................R$ 300 • Veículos
  • Imóveis
Neste caso, o ativo é inteiramente absorvido pelas • Promissórias a Receber etc.
Obrigações, e a SIT. LÍQ NULA, Inexistente ou nula. 
Situação Líquida Nula: Ativo = Passivo, com isso, caso PATRIMÔNIO: é o conjunto que COMPREENDE os
os sócios queiram liquidar esta empresa, tudo que preci- bens da empresa (dinheiro em caixa, contas a receber,
sam fazer será apurar as vendas dos bens e efetuar o rece- imóveis, veículos., etc), seus direitos (contas a receber) e
bimento dos direitos para cobrir as obrigações.  suas obrigações para com terceiros (contas a pagar)
Com isso vemos que a situação líquida de uma empre-
sa é sempre apresentada no passivo e deve ser chamada de
PATRIMÔNIO LÍQUIDO.  REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO
O total do grupo patrimônio líquido é igual ao valor da EQUAÇÃO PATRIMONIAL
situação líquida de uma empresa.
Ex: se a situação líquida for positiva o Patrimônio Líqui- Origens e Aplicações de Recursos
do será positivo. Idem o contrário. Enfim a situação líquida
refletirá sempre no grupo do PL.  Ao observarmos um Balanço Patrimonial, podemos vi-
O PL é composto por: sualizar o total de recursos que a empresa obteve e que
Capital:  principal fonte  do PL. É a soma dos valores estão à sua disposição. O lado do Passivo mostra onde a
investidos pelos proprietários. empresa conseguiu esses recursos; o lado do Ativo, onde
ela aplicou os referidos recursos.
CAPITAL SOCIAL - é a obrigação da empresa para
com os sócios originária da entrega de recursos para a for- PASSIVO – Origem dos Recursos
mação do capital da entidade. Corresponde ao patrimônio Os recursos totais que estão à disposição da empresa
líquido (PL) podem originar-se de duas fontes:

CAPITAL PRÓPRIO - são os recursos originários dos Recursos de terceiros: correspondem às obrigações,
sócios ou acionistas da entidade ou decorrentes de suas isto é, são recursos de terceiros que a empresa utiliza no
operações sociais. seu giro normal. Esses recursos, por sua vez, provêm de
duas fontes:
CAPITAL DE TERCEIROS - representam recursos origi- • Dívidas de funcionamento: obrigações que sur-
nários de terceiros utilizados para a aquisição de ativos de gem das atividades normais de gestão da organização, tais
propriedade da entidade. Corresponde ao passivo exigível como obrigações com fornecedores, salários a pagar, im-
(PE) postos a pagar, etc.
• Dívidas de financiamentos: são recursos obtidos
CAPITAL REALIZADO - corresponde ao valor dos re- pela organização junto a instituições financeiras, destina-
cursos entregues pelos sócios e à disposição da entida- das a financiar as atividades normais da empresa.
de (em caixa, nos bancos, em imóveis, etc).

9
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Recursos Próprios – também podem provir de duas Obrigações para com terceiros: refere-se às operações
fontes: da empresa com outras empresas ou, até mesmo, com pes-
• Proprietários ou sócios: parcela do capital que foi soas físicas. (Ex: Duplicatas a Pagar).
investida na empresa pelo titular ou pelos sócios;  Obrigações com os Sócios: São relacionadas no Patri-
• Resultado da gestão: acréscimos ocorridos no mônio Líquido (ex: Capital, Reservas).
Patrimônio Líquido em decorrência da gestão normal da  Com isso os bens e direito formam o grupo dos ele-
empresa. Esses acréscimos são obtidos pelos lucros, que mentos positivos, o que ela tem efetivamente (bens), e
poderão ser representados na conta de Lucros Acumulados o que ela tem para receber (direitos), formando estes
ou em Conta de Reservas. os componentes do Ativo. As obrigações formam o gru-
po dos elementos negativos ou o que a empresa tem que
ATIVO - Aplicação de Recursos pagar (obrigações), formando este o componente do Pas-
O lado do Ativo mostra onde a empresa aplicou os re- sivo.
cursos que têm à sua disposição. O Ativo representa o con-
junto de bens e direitos à disposição da empresa.

Para melhor visualizar a situação do patrimônio, este 3 ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS:


será representado em forma de T. E SERÁ CHAMADO DE CONCEITOS, FATOS PERMUTATIVOS,
BALANÇO PATRIMONIAL. MODIFICATIVOS E MISTOS.
 Ao lado esquerdo deste T está o ATIVO, onde se coloca
os bens e direitos, (que são positivos do patrimônio) e ao
lado direito PASSIVO onde se coloca as obrigações (que
são elementos negativos do patrimônio). ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS
Atos Administrativos é uma ação praticada pela admi-
Muitos ativos, por exemplo, máquinas e equipamentos nistração que não provoca (podendo vir a provocar) alte-
industriais, têm uma substância física. Entretanto, substân- ração qualitativa e/ou quantitativa no patrimônio da enti-
cia física não é essencial à existência de um ativo; dessa dade, portanto, a princípio, não interessa à contabilidade.
forma, as patentes e direitos autorais, por exemplo, são Como exemplos deste atos, temos: Admissão de em-
ativos, desde que deles sejam esperados benefícios eco- pregados, assinaturas de contratos de seguros, o aval (ga-
nômicos futuros para a entidade e que eles sejam por ela rantia) dada em títulos, etc. etc.
controlados. Casos estes atos sejam registrados contabilmente, uti-
Muitos ativos, por exemplo, contas a receber e imóveis, lizaremos um tipo especial de contas que são denominadas
estão ligados a direitos legais, inclusive o direito de pro- CONTAS DE COMPENSAÇÃO, que são utilizadas aos pares
priedade. Ao determinar a existência de um ativo, o direito e não alteram o Patrimônio.
de propriedade não é essencial; assim, por exemplo, um Fatos Administrativos, que também são conhecidos
imóvel objeto de arrendamento é um ativo, desde que a como FATOS CONTABEIS, são acontecimentos verificados na
entidade controle os benefícios econômicos provenientes empresa que provocam variações nos elementos patrimo-
da propriedade. niais, podendo alterar ou não, a situação Líquida Patrimonial.
Os ativos de uma entidade resultam de transações pas- Os Fatos Contábeis, são classificados em: Permutativos
sadas ou outros eventos passados. As entidades normal- ou Compensativos, Modificativos e Mistos.
mente obtêm ativos comprando-os ou produzindo-os, mas
outras transações ou eventos podem gerar ativos; por exem- Fatos Contábeis Permutativos ou Compensativos são
plo: um imóvel recebido do governo como parte de um pro- os que acarretam uma troca (permuta) de valores dentro
grama para fomentar o crescimento econômico da região do Patrimônio Líquido (PL) mas não alteram a Situação Lí-
onde se localiza a entidade ou a descoberta de jazidas mine- quida.
rais. Transações ou eventos previstos para ocorrer no futuro
não podem resultar, por si mesmos, no reconhecimento de Como exemplo temos:
ativos; por isso, por exemplo, a intenção de adquirir esto- a) - Investimento inicial, a integralização do capital em
ques não atende, por si só, à definição de um ativo. dinheiro no valor de R$ 400.000,00. Se levantássemos um
Há uma forte associação entre incorrer em gastos e balanço na ocasião, teríamos a seguinte situação:
gerar ativos, mas ambas as atividades não necessariamen-
te coincidem entre si. Assim, o fato de uma entidade ter BALANÇO PATRIMONIAL
incorrido num gasto pode fornecer evidência da sua busca ATIVO
por futuros benefícios econômicos, mas não é prova con- Caixa/bancos R$ 400.000,00
clusiva de que a definição de ativo tenha sido obtida. Da Total do Ativo R$ 400.000,00
mesma forma, a ausência de um gasto não impede que um
item satisfaça a definição de ativo e se qualifique para re- PASSIVO
conhecimento no balanço patrimonial; por exemplo, itens PATRIMÔNIO LÍQUIDO
que foram doados à entidade podem satisfazer a definição Capital Social R$ 400.000,00
de ativo. Total do Passivo R$ 400.000,00

10
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Fato contábil modificativo são os que provocam alte- Duplicatas Descontadas: As empresas, com a finalida-
rações no valor do Patrimônio Líquido (PL), sendo que esta de de conseguir disponível, entregam suas duplicatas em
modificação é refletida na Situação Líquida. Esta modifica- troca de dinheiro que será depositada em conta bancária
ção citada acima, na situação Líquida Patrimonial, pode ser descontados os juros e as despesas bancárias. É conta re-
para mais ou para menos, por este motivo os Fatos Con- dutora (ou retificadora) do ativo circulante.
tábeis Modificativos podem ser Aumentativos ou Diminu- Adiantamento de Salários: Adiantamentos concedidos
tivos. aos funcionários por conta do salário.
São Fatos Contábeis Modificativos aumentativos: Rece- Adiantamento a Fornecedores: Adiantamentos feitos a
bimentos de juros, recebimento de alugueis, recebimento fornecedores por conta de entrega futura de uma encomenda.
de comissões etc. etc. Empréstimos a Receber: Direitos a Receber – até 12
São Fatos Contábeis Modificativos Diminutivos: Paga- meses – representados pelos empréstimos concedidos. Se-
mento de imposto, pagamento de juros, pagamentos de rão classificados no Ativo não circulante os empréstimos a
comissões, etc. etc. receber após 12 meses.
Fato contábil misto são os que combinam fatos per- Impostos a Recuperar: São impostos de possível recu-
mutativos com fatos modificativos, determinando variação peração. Por exemplo: ICMS, IPI.
qualitativa e quantitativa do patrimônio, ou VARIAÇÃO Aplicações Financeiras: Valor aplicado em produtos
PATRIMONIAL MISTA. São aqueles que ao mesmo tempo bancários.
permutam (trocam) e modificam valores dentro do Patri- Estoque: A conta estoques pode significar mercadorias
mônio e consequentemente alteram a Situação Líquida (para empresa comercial), matéria-prima e produtos em
Patrimonial. elaboração (para empresa industrial).
As alterações provocadas pelos Fatos Contábeis Mis- Despesas Antecipadas: São despesas pagas antecipa-
tos, também podem ser para mais ou para menos, por este damente. Exemplos: Seguros a Vencer.
motivo, eles também são classificados em Aumentativos e Imóveis para Renda: Não são utilizados pela empresa.
Diminutivos. São investimentos feitos com o objetivo de obter rendi-
São Fatos Contábeis Mistos Aumentativos: Pagamento mentos.
de uma Duplicata com descontos, recebimentos de uma Móveis, Utensílios, Máquinas e outros bens: Classifica-
Duplicata com acréscimo de juros etc. etc. dos no Imobilizado da empresa, destinam-se à manuten-
São Fatos Contábeis Mistos Diminutivos: Recebimento ção da atividade da empresa. Por exemplo: uma empresa
de duplicatas com descontos, pagamentos de uma Dupli- industrial
cata com acréscimo de juros, etc. etc. Utiliza suas máquinas para produzir os produtos que
irá vender e consequentemente obter receita.
Depreciações Acumuladas: Desgastes dos bens pelo
uso ou pela ação do tempo. A cada período, a empresa
4 CONTAS: CONCEITOS, CONTAS DE calcula o valor da depreciação que irá se acumulando no
DÉBITOS, CONTAS DE CRÉDITOS E SALDOS. balanço. É conta redutora (ou retificadora) do Ativo Per-
manente.
Duplicatas a Pagar: Deve registrar as obrigações assu-
midas com a compra de mercadorias para revender e, na
CONTAS empresa industrial, a matéria-prima necessária ao processo
Conta é o nome dado aos componentes patrimoniais produtivo.
(Bens, Direitos, Obrigações e Patrimônio Líquido) e aos ele- Financiamentos e Empréstimos: São dívidas assumidas
mentos de Resultado (Despesas e Receitas). para financiar a compra de um ativo ou para obter capital
de giro. Dependendo do prazo podem ser classificados no
CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS Passivo não circulante.
Contas Patrimoniais Salários a Pagar: Com base na contabilização da folha
São as contas que representam os Bens, Direitos, Obri- de pagamento, devem ser calculados os salários que serão
gações e Patrimônio Líquido, ou seja, as contas que figu- pagos no mês seguinte.
ram no Balanço Patrimonial. Adiantamento de Clientes: Valores recebidos de clien-
tes por conta da entrega futura de uma encomenda.
FUNÇÕES DAS CONTAS PATRIMONIAIS Provisões Passivas: São obrigações cujos valores po-
Caixa: Representa dinheiro em espécie (notas, moedas). dem ser alterados. Incluímos nas provisões passivas: Férias,
Bancos: Valor que está depositado em conta corrente. 13º Salários, Contingências. Essas provisões são utilizadas,
Duplicatas a Receber: Direitos a receber - até 12 me- pois muitas vezes a empresa tem certeza da obrigação,
ses – dos clientes por vendas a prazo. Serão classificadas mas não o valor exato, ou não tem certeza quanto a data.
no Ativo não circulante as Duplicatas a Receber após 12 Por exemplo, férias dos empregados serão pagas apenas
meses. quando do período aquisitivo. Um outro exemplo é o das
Provisão para Devedores Duvidosos: De cálculo estima- reclamações trabalhistas na Justiça por ex-empregados,
do, é uma provisão para suprir as possíveis perdas com clien- cujos valores podem ser apenas estimados e classificados
tes. É conta redutora (ou retificadora) do ativo circulante. no passivo circulante como Provisões para Contingências.

11
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Obrigações Fiscais: Os principais itens que compõem Descontos passivos


as obrigações fiscais são: ICMS, ISS, Imposto de Renda, IPI Despesa de comissões
e etc. Despesas administrativas
Capital Social: Valor que os acionistas se comprome- Despesas administrativas e gerais
tem a investir na empresa. O comprometimento inicial de- Despesas bancárias
nomina-se subscrição. Despesas comerciais
Capital a Integralizar: Parte do capital social subscrito Despesas de aluguel
ainda não integralizado. É conta redutora (ou retificadora) Despesas de juros
do Patrimônio Liquido. Despesas de organização
Prejuízos Acumulados: É a conta que resulta dos prejuí- Despesas de salários
zos da empresa. Os prejuízos acumulados diminuem o PL. Despesas efetivadas no período
Reservas de Lucros: É a conta que resulta dos lucros da Despesas financeiras
empresa. Os lucros acumulados aumentam o PL. Despesas gerais
Despesas pré-operacionais
CONTAS DE RESULTADO Devedores duvidosos
As Contas de Resultado são as contas que não figu- Devolução de vendas (dedução da receita bruta)
ram no Balanço Patrimonial, pois são encerradas no final Encargos bancários
do exercício social. Encargos de depreciação
FGTS
As Contas de Resultados, dividem-se em Contas de Fretes e Carretos
Despesas e Contas de Receitas. Gastos com Instalação
Aparecem durante o exercício social encerrando-se no CMS sobre vendas (dedução da receita bruta)
final do mesmo. Impostos
Não fazem parte do Balanço Patrimonial, mas permi- Impostos e taxas
tem apurar o resultado do exercício. Insubsistência do ativo
As contas de resultados são aquelas que representam IPTU
as despesas e as receitas. IPVA
DESPESAS: decorrem do consumo de Bens e da utiliza- Juros passivos
ção de serviços. Por exemplo: a energia elétrica consumida, Lanches e refeições
os materiais de limpeza consumidos (sabões, desinfetantes, Material consumido
vassouras, detergentes), o café consumido, os materiais de Participação de empregados
expediente consumidos (canetas, papéis, lápis, impressos Participações estatutárias
etc.), a utilização dos serviços telefônicos etc. PIS sobre faturamento (dedução da receita bruta)
Prejuízo na alienação
Despesas Prejuízo na venda
DESPESAS: decorrem do consumo de Bens e da utiliza- Prêmios de seguros
ção de serviços. Por exemplo: a energia elétrica consumida, Previdência social – encargos
os materiais de limpeza consumidos (sabões, desinfetantes, Salários
vassouras, detergentes), o café consumido, os materiais de Salários e encargos
expediente consumidos (canetas, papéis, lápis, impressos Salários e ordenados
etc.), a utilização dos serviços telefônicos etc Superveniência do passivo
As Despesas decorrem do consumo de bens e da utili- Superveniência passiva
zação de serviços.
Exemplos: Receitas
DESPESAS RECEITAS: decorrem da venda de Bens e da prestação
Abatimento s/ vendas (dedução da receita bruta) de serviços
Aluguéis pagos Existem em números menor que as Despesas, sendo as
Aluguéis passivos mais comuns representadas pelas seguintes contas:
COFINS As Receitas decorrem da venda de bens e da prestação
Comissões Passivas de serviços.
Condução e transporte Exemplos:
Consumo efetuado Abatimento no preço de compra (usada no cálculo do
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CMV)
Contribuições Previdenciárias Aluguéis ativos
Custo das mercadorias vendidas Aluguéis recebidos
Custo das/de vendas Comissões Ativas
Depreciação e Amortização Descontos ativos
Depreciação Encargos Descontos obtidos
Descontos concedidos Devolução de compras (usada no cálculo do CMV)

12
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Ganhos de capital na alienação de imobilizado 1.4.4. Máquinas e Equipamentos


ICMS sobre compras (usada no cálculo do CMV) 1.4.6. Marcas, Direitos e Patentes
Insubsistência ativa 1.4.7. (-) Depreciação, Amortização e Exaustão Acu-
Insubsistência do passivo muladas
Juros ativos
Lucro na alienação 1.5. ATIVO INTANGÍVEL
Receita bruta de vendas 1.5.1. Gastos Pré-Operacionais
Receita de aluguel
Receita de serviço 2.1. PASSIVO CIRCULANTE
Receita de vendas 2.1.1. Empréstimos e Financiamentos
Receitas auferidas no período 2.1.2. Fornecedores
Receitas de juros 2.1.3. Impostos e Contribuições a Recolher
Receitas diversas 2.1.4. Contas a Pagar
Receitas financeiras 2.1.4.5. Aluguéis
Rendas obtidas 2.1.4.6. Energia Elétrica
Serviços prestados 2.1.4.7. Telefone
Superveniência ativa 2.1.4.8. Água e Esgoto
Superveniência do ativo 2.1.4.9. Seguros
Vendas à vista / Vendas a prazo 2.1.5. Provisões
Vendas de mercadorias
2.2. PASSIVO NÃO CIRCULANTE
2.2.1. Obrigações com Terceiros
2.2.2. Tributos parcelados
2.3.1. Receitas patrimoniais
5 PLANO DE CONTAS: CONCEITOS, ELENCO
2.3.2. Arrendamentos
DE CONTAS, FUNÇÃO E FUNCIONAMENTO
2.3.3. Promoções
DAS CONTAS. 2.4. PATRIMÔNIO LIQUIDO
2.4.1. Fundo patrimonial
2.4.2. Ajuste a Valores de Mercado
2.4.4. Resultados sociais
PLANO DE CONTAS
2.4.6.2. Déficits Acumulados
O Plano de Contas é um conjunto de Contas, diretrizes
e normas que disciplina as tarefas do Setor de Contabilida-
de, objetivando a uniformização dos registros contábeis, a
função e funcionamento das contas consta no tópico an- 6 ESCRITURAÇÃO: CONCEITOS,
terior. LANÇAMENTOS CONTÁBEIS, ELEMENTOS
ESSENCIAIS, FÓRMULAS DE LANÇAMENTOS,
1.1. ATIVO CIRCULANTE LIVROS DE ESCRITURAÇÃO, MÉTODOS E
1.1.1. Disponibilidades
PROCESSOS, REGIME DE COMPETÊNCIA E
1.1.1.1. Caixa
1.1.1.2. Bancos c/ Movimento REGIME DE CAIXA.
1.1.1.3. Aplicações Financeiras
1.1.2. Créditos de atividades sociais/lazer
1.1.2.1. Mensalidades
ESCRITURAÇÃO
1.1.2.2. Promoções
1.1.2.3. Jogos
CONCEITO
Escrituração é uma técnica contábil que consiste em
1.2. ATIVO NÃO CIRCULANTE
registrar nos livros próprios todos os acontecimentos que
1.2.1. Títulos a Receber
ocorrem na empresa e que provocam modificações no
1.2.1.1. Créditos c/ Associados
Patrimônio.
1.2.1.2. Créditos c/ Diretores
A entidade deve manter um sistema de escritura-
1.2.2. Depósitos Judiciais
ção uniforme dos seus atos e fatos administrativos, atra-
vés de processo manual, mecanizado ou eletrônico.
1.3. INVESTIMENTOS
A escrituração contábil é a primeira e mais importante
1.3.1. Participações Societárias
das técnicas contábeis, pois somente a partir dela que se
1.4. ATIVO IMOBILIZADO
desenvolvem as demais técnicas de demonstração, ana-
1.4.1. Imóveis
lise e auditoria, sua finalidade é a de fornecer a pessoas
1.4.2. Móveis e Utensílios
interessadas informações sobre um patrimônio determi-
1.4.3. Veículos
nado.

13
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Todo fato da entidade deverá ser escriturado, para decer a um método de escrituração mercantil uniforme, em
este fim devem ser utilizados livros contábeis, que devem língua e moeda nacionais, com individualização e clareza,
seguir critérios intrínsecos e extrínsecos, de acordo com a ser escriturado em rigorosa ordem cronológica, não conter,
legislação. Alguns livros são obrigatórios, tais como o Li- rasuras, emendas, entrelinhas, borrões ou raspaduras, es-
vro Diário e o Livro Razão que de acordo com a Resolução paços em branco, observações ou escritas à margem.
do Conselho Federal de Contabilidade devem ser registros
permanentes da empresa, outros são facultativos, pois, por MÉTODO DE ESCRITURAÇÃO
não serem exigidos por lei, podem ser adotados ou não a
critério da empresa. Método de escrituração é a forma de registro dos Fa-
A contabilidade de uma entidade deverá ser centraliza- tos Administrativos, bem como dos Atos Administrativos
da, sendo que é facultado às pessoas jurídicas que possuí- relevantes.
rem filiais, sucursais ou agências, manter contabilidade não
centralizada, devendo incorporar na escrituração da Matriz Método das Partidas Dobradas
os resultados de cada uma delas, conforme artigo 252 do
Decreto n. º 3.000/99, o mesmo se aplica a filiais, sucursais, Esse método, que é de uso universal e foi divulgado no
agências ou representações, no Brasil, das pessoas jurídicas século XV (1494) na cidade de Veneza, na Itália, por Luca
com sede no exterior, devendo o agente ou representante Pacioli, consiste no seguinte:
escriturar os seus livros comerciais, de modo que demons-
trem, além dos seus próprios rendimentos, os lucros reais Não há devedor sem que haja credor e não há credor
apurados nas operações alheias em que agiu como inter- sem que haja devedor, sendo que a cada débito correspon-
mediário. de um crédito de igual valor.
A Resolução n. º 684/90, editada pelo Conselho Fede- Daí, em dado momento, ser a soma dos débitos igual à
ral de  Contabilidade,  estabelece que a empresa que tiver soma dos créditos. É esse princípio que determina a equa-
unidade operacional ou de negócios, quer com filial, agên- ção entre o ativo e o passivo do patrimônio. Os valores
cia, sucursal ou assemelhada, e que optar por sistema de ativos representam sempre saldo devedor. E, os passivos,
escrituração descentralizado deverá ter registros contábeis saldo credor, sendo a soma do ativo sempre igual à do pas-
que permitam a identificação das transações de cada uma sivo.
dessas unidades, a escrituração de todas as unidades de- Por esse método, registramos todos os acontecimen-
verá integrar um único sistema contábil, sendo que o grau tos que se verificam no patrimônio, conhecendo-se, a qual-
de detalhamento dos registros contábeis ficará a critério quer momento, o valor da cada componente do patrimô-
da empresa. nio, suas variações e os resultados, positivos ou negativos
As contas recíprocas relativas às transações entre ma- da atividade econômica.
triz e unidades, ou vice-versa, serão eliminadas quando
da elaboração das demonstrações contábeis. As despesas LANÇAMENTO
e receitas que não possam ser atribuídas às unidades se- CONCEITO
rão registradas na matriz, enquanto o rateio de despesas Lançamento é o meio pelo qual se processa a Escritu-
e receitas, da matriz para as unidades, ficará a critério da ração.
administração. Lançamento é o registro de um fato contábil, e esse
O método utilizado para a escrituração contábil é o mé- registro, pelo método das partidas dobradas, é feito em
todo das partidas dobradas, desenvolvido pelo frade Luca ordem cronológica e obedecendo a determinada disposi-
Pacioli em 1494, neste método todo lançamento deverá ção técnica. O método das partidas dobradas exige o apa-
conter a origem e o destino do mesmo, ou seja, para todo recimento do devedor e do credor, aos quais se seguem o
débito haverá um crédito de mesmo valor, ou vice-versa. histórico do fato ocorrido e a importância em dinheiro. Daí
os seguintes elementos essenciais do lançamento
Desenvolvimento
Na escrituração dos livros contábeis algumas formali- FÓRMULAS DE LANÇAMENTOS
dades devem ser observadas, estas formalidades se subdi- Vimos que o lançamento deve sempre indicar o deve-
videm em dois tipos: dor e o credor, representados pelas contas. O mesmo lan-
Formalidades Extrínsecas: São as formalidades re- çamento pode, entretanto, apresentar mais de uma conta
lacionadas à apresentação ou aparência dos livros, esta debitada e mais de uma conta creditada. Podemos usar,
formalidade exige por exemplo que os livros, sejam enca- nestes casos, a expressão Diversos, que não é conta, mas
dernados, que tenham suas folhas numeradas tipografica- apenas a indicação existência de mais de uma conta debi-
mente, possuam termo de abertura e de encerramento em tada ou creditada.
que conste entre outras informações a assinatura do res- Daí a existência de quatro fórmulas de lançamentos no
ponsável, a identificação da empresa e do livro, espécie de Diário, de acordo com o número de contas debitadas ou
livro, número de páginas e número de ordem, etc... creditadas.
Formalidades intrínsecas: São as formalidades rela-
cionadas à escrituração propriamente dita, segundo as for- 1ª FÓRMULA: quando aparece apenas uma conta de-
malidades intrínsecas os livros de escrituração devem obe- bitada e uma creditada.

14
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Exemplo: Compra de mercadorias a prazo


D (Debita) - MERCADORIAS
C (Credita) - FORNECEDORES
Compra de mercadorias conforme s/nota 1.897 = 18.000

2ª FÓRMULA: quando aparece uma conta debitada e várias creditadas.

Exemplo: Compra de mercadorias, parte a vista e parte a prazo


D - MERCADORIAS
Compra de mercadorias a J. Sampaio, nota nº 978 = 30.000
C - CAIXA
Pagamento a vista = 12.000
C - DUPLICATAS A PAGAR
Aceite para 3-4-20... = 18.000

3ª FÓRMULA: quando aparecem várias contas debitadas e apenas uma creditada.

Exemplo: Compra de mercadorias a vista e pagamento de duplicata


D - MERCADORIAS
Compras a vista a J. Leite, nota nº 1.987 = 22.500
D - DUPLICATAS A PAGAR
Pagamento da duplicata de J. Sampaio, vencida hoje = 18.000
C - CAIXA = 40.500

4ª FÓRMULA: quando aparecem várias contas debitadas e creditadas.


Exemplo: Compra de diversos bens, parte a vista e parte a prazo.

D - MERCADORIAS
Compra do saldo de mercadorias pertencentes
à extinta firma Leão & Sousa Ltda. = 80.000
D - MÓVEIS E UTENSÍLIOS
Compra de móveis:
Máquinas de escrever e calcular = 11.500
Prateleiras e balcões = 12.000
Mesas e cadeiras = 2.500 = 26.000 = 106.000

C - CAIXA
Pago a vista = 50.000
C - DUPLICATAS A PAGAR
M/aceite de dupl. Para 31-8-20.. = 56.000 = 106.000

Observação: A 4ª fórmula é pouco usada atualmente, e apenas utilizada em casos especiais, como o do exemplo ante-
rior, que representa operação bastante incomum.

Elementos Essenciais
Local e data da ocorrência do Fato;
Conta a ser Debitada;
Conta a ser Creditada;
Histórico;
Valor.

Exemplo:

Brasília-DF, 10/01/2000
D - Caixa
C – Estoque de Mercadorias
Histórico: Valor referente a venda de mercadorias com recebimento a vista.
Valor: R$ 100.000,00

15
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

DÉBITO E CRÉDITO
DÉBITO de uma conta
Situação de dívida de responsabilidade da conta. As contas que representam bens, direitos, despesas e custos têm
saldo devedor.

CRÉDITO de uma conta


Situação de direito de haver da conta. As contas que representam obrigações, Patrimônio Líquido e receitas têm saldo
credor.

Exemplo:
A empresa Teixeira iniciou suas atividades com capital inicial de R$ 200.000,00 em dinheiro;
Lançamento:
D – Caixa
C- Capital
Vlr. R$ 200.000,00
BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
Bens Patrimônio Líquido
Caixa................................200.000 Capital................................200.000

Total.................................200.000 Total...................................200.000

Compra de mercadorias as vista em dinheiro no valor de R$ 30.000,00;


Lançamento:
D – Estoques de Mercadorias
C – Caixa
Vlr. R$ 30.000,00

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
Bens Patrimônio Líquido
Caixa................................170.000 Capital................................200.000
Mercadorias...................... 30.000
Total...................................200.000
Total.................................200.000

Compra de mercadorias para pagamento a prazo (Fornecedores) no valor de R$ 50.000,00.


Lançamento:
D – Estoques de Mercadorias
C – Fornecedores
Vlr. R$ 50.000,00

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
Bens Obrigações
Caixa................................170.000 Fornecedores..................... 50.000
Mercadorias...................... 80.000
Patrimônio Líquido
Capital................................200.000

Total.................................250.000 Total...................................250.000

16
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Venda de mercadorias para recebimento a prazo (Clientes) no valor de R$ 20.000,00.


Lançamento:
D – Clientes
C – Estoques de Mercadorias
Vlr. R$ 20.000,00

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
Bens Obrigações
Caixa................................170.000 Fornecedores..................... 50.000
Mercadorias...................... 60.000
Direitos Patrimônio Líquido
Clientes............................. 20.000 Capital................................200.000

Total.................................250.000 Total...................................250.000

Compra de um automóvel no valor de R$ 60.000,00, 40% pago a vista (dinheiro) e o restante a prazo (Duplicatas a
pagar).

Lançamento:
D – Veículo R$ 60.000,00
C – Caixa R$ 24.000,00
C – Duplicatas a Pagar R$ 36.000,00

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
Bens Obrigações
Caixa................................146.000 Fornecedores..................... 50.000
Mercadorias...................... 60.000 Duplicatas a pagar............. 36.000
Veículo.............................. 60.000
Patrimônio Líquido
Direitos Capital................................200.000
Clientes............................. 20.000
Total...................................286.000
Total.................................286.000

CONTAS DE RESULTADO

RECEITAS

As Receitas correspondem às vendas de produtos, mercadorias ou prestação de serviços. No Balanço Patrimonial, as


receitas são refletidas através da entrada de dinheiro no Caixa (Vendas a Vista) ou através de direitos a receber (Vendas a
Prazo). É importante notar que, a Receita sempre aumenta o Ativo, embora nem todo aumento de Ativo representa uma
Receita, como é o caso dos Empréstimos e Financiamentos bancários.

São exemplos de Receitas: Receitas de Vendas de Mercadorias; Receitas de Vendas de Produtos; Receitas de Prestação
de Serviços; Descontos Obtidos; Aluguéis Ativos; Juros Ativos, etc.

DESPESAS

As Despesas representam o sacrifício ou esforço da empresa para se obter Receita. Todo consumo de bens ou serviços
com o objetivo de gerar Receita é considerado Despesa. O consumo de materiais, por exemplo, é considerado uma Des-
pesa. Neste caso, no ato em que o material dá entrada no Almoxarifado, o valor é contabilizado como bem no Ativo Circu-
lante, e quando o mesmo é requisitado por alguma área para ser consumido, o valor do bem é transferido para Despesa.

17
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

A Despesa é refletida no Balanço Patrimonial, pela COMPRA A VISTA EM DINHEIRO DE MERCADORIAS


redução do Caixa (quando é paga a vista), ou median- PARA REVENDA
te aumento de uma dívida - Passivo (quando a des- D – Estoque de Mercadorias (AC)
pesa é contraída no presente para ser paga no futuro C – Caixa (AC).................................R$ (Valor Total)
- a prazo). A despesa pode ainda originar-se de outras
reduções de Ativo (além do Caixa), como é o caso do COMPRA A VISTA COM CHEQUE DE MERCADORIAS
desgaste dos bens do Imobilizado (depreciação) etc. PARA REVENDA
Todo dinheiro que sai do Caixa para pagamento de D – Estoque de Mercadorias
uma despesa denomina-se Desembolso. C – Banco Conta Movimento (AC)........................R$ (Va-
lor Total)
São exemplos de Despesas: Água e Esgoto; Alu-
guéis Passivos; Café e Lanches; Combustíveis; Descon- COMPRA A PRAZO DE MERCADORIAS PARA REVEN-
tos Concedidos; Despesas Bancárias; Energia Elétrica; DA
Fretes e Carretos; Impostos e Taxas; Juros Passivos; D – Estoque de Mercadorias/Mercadorias (AC)
Serviços de Terceiros; Telefones; Ordenados e salários; C – Duplicatas a Pagar/Fornecedores (PC)......................
Seguros, etc. R$ (Valor Total)

CONTABILIZAÇÃO DAS CONTAS DE RESULTADO VENDA DE MERCADORIAS A VISTA


D – Caixa (AC)
É fácil compreender que toda Receita aumenta o C – Vendas de Mercadorias/Receita de Vendas (Resul-
Lucro, ou seja, quanto maior a Receita, maior o lucro. tado)......R$ (Valor Total)
Sendo o Lucro uma conta do Passivo (Patrimônio Lí-
quido), podemos concluir ainda que, quanto maior a VENDA DE MERCADORIA A PRAZO
Receita, maior será o Patrimônio Líquido. Ora, as re- D – Duplicatas a receber
gras de contabilização definem que o Patrimônio Lí- C – Venda de mercadorias
quido deve ser creditado pelos aumentos e debitado
pelas diminuições. Portanto, se toda receita aumenta o RECEBIMENTO DE DUPLICATA
Patrimônio Líquido, toda receita deverá ser creditada D – Caixa (AC)
(primeira regra). C – Duplicatas a receber

Inversamente à Receita, toda Despesa ou Custo PAGAMENTO DE DUPLICATA


reduz o lucro, e consequentemente o Patrimônio Lí- D – Duplicatas a Pagar/Fornecedores
quido. Se toda despesa ou custo reduz o Patrimônio C – Caixa (AC).....................................................R$ (Valor To-
Líquido, ambas devem ser debitadas. tal)

EXEMPLOS DE LANÇAMENTOS PAGAMENTO DE EMPRESTIMO


1º Lançamento: (quando a empresa é aberta) D – Empréstimos
CAPITAL SUBSCRITO C - Caixa
Pela subscrição do capital dos Sócios “A” e “B”:
D – Capital Social a Integralizar (PL) PAGAMENTO DE HONORÁRIOS
C – Capital Social Subscrito (PL)........................R$ D – Honorários contábeis
(Valor Total) C – Caixa

2º Lançamento: (quando a empresa começa a fun- PAGAMENTO DE SALÁRIOS


cionar) D – Folha de pagamento
Integralização do Capital Subscrito em Dinheiro C – Caixa
dos Sócios “A” e “B”
C – Capital Social (PL) PAGAMENTO DE ALUGUEL
D – Caixa (AC)............................R$ (Valor Total) D – Aluguéis
C - Caixa
COMPRA A VISTA DE COMPUTADORES PARA A EM-
PRESA ICMS NO MOMENTO DO RECOLHIMENTO
D - Computadores D – ICMS a Recolher
C – Caixa C - Caixa

COMPRA DE MÓVEIS PARA A EMPRESA ISS NO MOMENTO DO RECOLHIMENTO


D – Móveis e utensílios D – ISS a Recolher
C - Caixa C – Caixa (AC)....................................................R$ (Valor To-
tal)

18
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

SIMPLES NACIONAL NO MOMENTO DO RECOLHI- PROVISÕES E MULTAS


MENTO PROPAGANDA E PUBLICIDADE
D – Simples Nacional a Recolher PAGAMENTO DE ROYALTIES
C – Caixa (AC).....................................................R$ (Valor Total) ASSISTÊNCIA TÉCNICA
DIVERSAS OUTRAS DESPESAS OPERACIONAIS
PIS QUANDO FOR FEITO O RECOLHIMENTO
D – PIS a Recolher (Passivo) CONTROLE
C – Caixa (AC)...................................................R$ (Valor Total)
Quanto ao aspecto controle, esse sistema pode ser de
COFINS QUANDO FOR FEITO O RECOLHIMENTO fato útil à empresa, mas a sua ausência não significa que
D – COFINS a Recolher (Passivo) essa empresa não tenha controle, uma vez que o contro-
C – Caixa (AC)....................................................R$ (Valor Total) le pode ser feito de várias formas, com sistemas próprios,
planilhas, etc.
CSLL QUANDO FOR FEITO O RECOLHIMENTO
D – CSLL a Recolher (Passivo) O sistema de compensação tem como objetivo pro-
C – Caixa (AC)...........................................................R$ (Valor piciar maior controle à empresa, permitir o registro de
Total) possíveis futuras alterações do patrimônio e, além disso,
servir como fonte de dados para a elaboração das notas
IRPJ QUANDO FOR FEITO O RECOLHIMENTO explicativas.
D – IRPJ a Recolher (Passivo)
C – caixa (AC)...........................................................R$ (Valor Assim sendo, as contas de compensação podem ser
Total) utilizadas para registro, entre outras, das seguintes ope-
rações:
ENTRADA DE VEÍCULO EM CONSIGNAÇÃO
D – Mercadorias em consignação 1.Contratos de arrendamento mercantil;
C – Consignadores 2.Contratos de aluguel;
3.Contratos de avais, hipotecas, alienações fiduciárias;
DEVOLUÇÃO DE VEÍCULO EM CONSIGNAÇÃO 4.Bens dados como garantia;
D – Consignadores 5.Subcontratações;
C – Mercadorias em consignação 6.Contratos de seguros;
7.Contratos de financiamentos/empréstimos não libe-
VENDA DE VEICULO RECEBIDO EM CONSIGNAÇÃO rados.
D – Caixa (só a diferença) 8.Consignação de mercadorias;
D – Consignadores (o valor de entrada) 9.Remessa de títulos para caução.
C – Mercadorias em consignação ( o valor de venda)
As contas de compensação devem ser apresentadas
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS RECEBIDA A VISTA com títulos bem elucidativos e com base em valores fixa-
D – Caixa dos em contratos ou documentação específica. Quando do
C – Serviços prestados término do contrato ou da operação que originou o regis-
tro contábil nas contas de compensação, as mesmas serão
SÃO DESPESAS OPERACIONAIS OU ADMINISTRATIVAS encerradas mediante lançamento inverso entre as contas
(Resultado) que registram a operação.
ALUGUEL
ÁGUA Exemplos:
LUZ 1) Arrendamento mercantil:
TELEFONE Ao receber o equipamento, a empresa arrendatária
ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE nada registra em seu balanço patrimonial, podendo, para
SALÁRIOS DE EMPREGADOS controle, apenas efetuar o registro nas contas de compen-
MATERIAL DE EXPEDIENTE sação:
MATERIAL DE LIMPEZA D - Bens Recebidos em Arrendamento (Conta de Com-
ENCARGOS SOCIAIS pensação Ativa)
CONTRIBUIÇÕES E DOAÇÕES C - Contratos de Arrendamento (Conta de Compensa-
DESPESAS INCENTIVADAS ção Passiva)
BENEFÍCIOS AOS EMPREGADOS
IMPOSTOS E TAXAS 2) Hipotecas:
ARRENDAMENTOS MERCANTIS A responsabilidade por hipoteca de imóveis pode ser
DEPRECIAÇÕES DOS BENS registrada em conta de compensação da seguinte forma:
DESPESAS DE CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS D - Imóveis Hipotecados (Conta de Compensação Ati-
BENS va)

19
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

C - Hipotecas (Conta de Compensação Passiva) Exemplo:


Término de contrato de seguro:
3) Contratos de alienação fiduciária: D - Contratos de Seguros (Conta de Compensação Pas-
D - Contratos de Alienação Fiduciária (Conta de Com- siva)
pensação Ativa) C - Seguros Contratados (Conta de Compensação Ativa)
C - Responsabilidade Por Financiamentos (Conta de
Compensação Passiva)

4) Contratos de consignação mercantil: 7 CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES


4.1) Mercadorias Consignadas (Quando a mercadoria é
CONTÁBEIS DIVERSAS: JUROS, DESCONTOS,
deixada) - aquele que remete as mercadorias:
TRIBUTOS, ALUGUÉIS, VARIAÇÃO
D - Consignatários (Conta de Compensação Ativa)
C - Mercadorias Consignadas (Conta de Compensação MONETÁRIA/ CAMBIAL, FOLHA DE
Passiva) PAGAMENTO, COMPRAS, VENDAS E
PROVISÕES, DEPRECIAÇÕES E BAIXA DE
4.2) Mercadorias Consignadas (Quando a mercadoria é BENS.
devolvida) - aquele que recebe as mercadorias:
D - Mercadorias em Consignação (Conta de Compen-
sação Ativa)
C - Consignadores (Conta de Compensação Passiva) OPERAÇÕES COM MERCADORIAS - VENDAS

4.3) Mercadorias Consignadas (Quando a Mercadoria MERCADORIAS – são os diversos produtos que as
è Vendida) empresas comerciais adquirem com o objetivo de reven-
D – Caixa (só a diferença) derem. As transações que envolvem a compra e a venda
C – Consignadores (o valor de entrada) de mercadorias constituem a atividade principal ou opera-
D – Mercadorias em consignação (o valor de venda) cional das empresas comerciais.

5) Responsabilidade da empresa pelo endosso de tí- VENDA DE MERCADORIAS - Corresponde ao evento


tulos: econômico relacionado com a atividade fim ou atividades
D - Títulos Endossados (Conta de Compensação Ativa) principais de empresa comercial. O conceito de receita é
C - Endossos Para Desconto (Conta de Compensação de elemento “bruto”, e não “líquido”, ou seja, não estão
Passiva) deduzidos os fatores que alteram diretamente os valores
de venda.
6) Responsabilidade pignoratícia da empresa:
D - Bens Penhorados (Conta de Compensação Ativa) CMV - Nas vendas a vista como nas vendas a prazo, os
C - Penhores (Conta de Compensação Passiva) estoques de mercadorias são baixados pelo valor de cus-
to de aquisição. Com este procedimento obtemos o Custo
7) Empréstimos com caução de títulos: das Mercadorias Vendidas (CMV), que representam o valor
D - Títulos Caucionados (Conta de Compensação Ativa) das mercadorias que foram transferidas para os clientes no
C - Endossos para Caução (Conta de Compensação momento da venda às receitas de vendas dos produtos e
Passiva) serviços reconhecidos no mesmo período.

8) Contratos de seguros: A apuração dos custos das mercadorias vendidas está


D - Seguros Contratados (Conta de Compensação Ati- diretamente relacionada aos estoques da empresa, pois re-
va) presenta a baixa efetuada nesses estoques e sua integra-
C - Contratos de Seguros (Conta de Compensação Pas- ção a todo o estoque vendido no período.
siva)

9) Financiamentos/empréstimos não liberados CMV = EI + C – EF


D - Empréstimos/Financiamentos a Utilizar (Conta de Onde:
Compensação Ativa)
C - Contratos De Empréstimos/Financiamentos (Conta CMV – Custo da Mercadoria Vendida
de Compensação Passiva) EI - Estoque Inicial
EF - Estoque Final
REVERSÃO DAS CONTAS DE COMPENSAÇÃO C - Compras
Para reverter o lançamento, quando o evento que deu
causa ao mesmo não mais existir, basta inverter o lança- Com relação às operações que envolvem mercadorias
mento original. existem dois sistemas para o registro e controle dessas
mercadorias:

20
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

1) INVENTÁRIO PERIÓDICO – o controle de estoques só é elaborado no final do exercício adotando-se a contagem


física das mercadorias existentes. Assim, a apuração do custo das mercadorias vendidas só será conhecido no final desse
período.

2) INVENTÁRIO PERMANENTE – consiste no controle contínuo ou permanente dos estoques na medida em que
ocorrem as operações de compra e venda. Dessa forma, os estoques de mercadorias são mantidos atualizados e pode-se
conhecer o custo das mercadorias vendidas e o resultado com essas mercadorias a qualquer momento.

OBS: Utilizaremos nos próximos conceitos e exemplos práticos, lançamentos baseados no sistema de inventário per-
manente.

EXEMPLO

Considere que uma determinada Empresa Comercial ao final de janeiro, tenha em seu estoque o valor de 30.000 em
mercadorias para revenda. No início de fevereiro ela adquire mais 20.000 em mercadorias a prazo e, ao final de fevereiro
vende mercadorias por 50.000 a vista, sendo o custo das mercadorias que foram vendidas de 30.000. Como será a conta-
bilização dessa operação?

1) Compra de Mercadorias a Prazo


D – Estoque de Mercadorias
C – Fornecedores – 20.000

2) Venda de Mercadorias a Vista


D – Caixa/Banco
C – Receita com Mercadorias – 50.000

3) Baixa do Estoque
D – CMV
C – Estoque de Mercadorias – 30.000

4) Transferência do CMV para ARE


D – ARE
C – CMV – 30.000

5) Transferência da Receita com Mercadorias para ARE


D – Receita com Mercadorias
C – ARE -

LIVRO RAZÃO

BANCO ESTOQUE MERC FORNECEDOR


50.000 30.000 30.000 20.000
20.000
20.000

CMV REC.MERCADORIA ARE


30.000 30.000 50.000 50.000 30.000 50.000
20.000

CMV = EI + C – EF
CMV = 30.000 + 20.000 – 20.000 = 30.000

21
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

FATORES QUE ALTERAM OS VALORES DE VENDA DESCONTO POSTERIOR A VENDA

DEVOLUÇÕES (VENDAS CANCELADAS) – são mercado- DESCONTOS CONDICIONAIS CONCEDIDOS - tam-


rias devolvidas total ou parcialmente por estarem em desa- bém chamados de descontos financeiros, são aqueles que
cordo como pedido (preço, qualidade, quantidade, avaria). a empresa concede dos seus clientes e acontece em data
posterior a venda impondo-lhes alguma condição. Nor-
Lançamentos: malmente esta condição é a exigência de quitação da du-
plicata a receber antes da data de vencimento.
1 ) Devolução pelo cliente de mercadorias de uma Ao conceder o desconto (despesa financeira) ao cliente
venda feita a vista. em um pagamento antecipado:

D – Devolução de Vendas D – Caixa / Banco – 4.500


C- Caixa / Banco D – Descontos Concedidos – 500 (despesa financeira)
C – Duplicatas a Receber – 5.000
1.1) Reintegração ao Estoque:
*Fretes e Seguros sobre vendas, quando ocorrerem por
D – Estoque de Mercadorias conta do vendedor, devem ser contabilizados em contas de
C – Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) despesas operacionais (resultado) e classificados no grupo
de despesas com vendas.
1 ) Devolução pelo cliente de mercadorias de uma
venda feita a prazo. OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OPERAÇÕES
COM MERCADORIAS
D – Devolução de Vendas
C- Duplicatas a Receber Conta Mista: consiste na adoção de uma só conta, que
exerce a função de uma conta patrimonial, por que a conta
1.1) Reintegração ao Estoque registra o valor do estoque inicial e estoque final, figuran-
do no balanço patrimonial como as demais contas do ativo.
D – Estoque de Mercadorias Cria-se a conta mercadorias que ao mesmo tempo exercerá a
C – Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) função de conta de resultado, pois nela também são registra-
das as compras, devolução de compras, vendas, devolução
Obs. Se as mercadorias em devolução, em função das de vendas, etc. Permitindo assim apurar-se por meio dela o
distorções, não reintegrar os estoques deverá ser contabi- resultado bruto ou o resultado com mercadorias no exercício.
lizada como perda do período sendo encerrada contra o
resultado do período: Estoque Inicial
Representa o saldo da conta Mercadorias em estoque
D – Perda do Estoque no encerramento do exercício anterior que é o mesmo do
C - CMV início do exercício atual. No início do exercício é reconhe-
cida contabilmente a transferência do estoque inicial para
ABATIMENTOS – abriga os descontos concedidos a conta mercadorias:
a clientes, posterior a entrega do produto por defeito de D – Mercadorias
qualidade ou pelo transporte do mesmo. Na tentativa de C – Estoque Inicial
evitar devolução propõe-se um abatimento no preço (des-
conto) para compensar o prejuízo ao comprador. Compras de Mercadorias
Representa as entradas de mercadoria no estoque,
Lançamento: pelo seu valor líquido. Todas as compras serão lançadas
a débito da conta Mercadorias, pois estão aumentando o
1) Abatimento concedido ao cliente de uma ven- seu saldo tendo como contrapartida lançamentos a crédito
da de mercadorias a vista da forma de pagamento que pode ser: “Caixa, Banco, ou
Contas a Pagar, etc”
D – Abatimento sobre Vendas D – Mercadorias
C – Caixa / Banco C – Caixa / Banco / Contas a Pagar / fornecedor

2) Abatimento concedido ao cliente de uma ven- Estoque Final


da de mercadorias a prazo Representa o valor final no estoque da empresa no
encerramento do período social, é levantado o valor por
D – Abatimento sobre Vendas meio de um inventário físico da existência dos bens que
C – Duplicatas a Receber se encontram em estoque e o valor será lançado a débito
da conta patrimonial Estoque Final, e em contrapartida a
crédito da conta Mercadorias.

22
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

D – Estoque Final Exemplo prático:


C – Mercadorias Uma empresa possuía um estoque inicial de $ 100, e
efetuou $ 400 de compras de mercadorias a prazo, teve
Venda de Mercadorias vendas a vista de $ 700, restando ao final do período
Representa a saída de mercadoria do estoque lan- social um estoque de $ 300.
çada a crédito da conta Mercadorias Mista, tendo como
contrapartida lançamentos a débito da forma da venda, 1) Registro da compra a prazo:
a vista ou a prazo, podendo ser as contas Caixa, Bancos, D – Compra de mercadorias 400,
Contas a Receber, clientes etc. C – Contas a pagar 400,
D – Caixa / Bancos / Contas a Receber
C – Mercadorias 2) Registro da venda a vista:
D – Caixa 700
Exemplo prático: C – Receita de Vendas com mercadoria 700
Uma empresa possuía um estoque inicial de $ 100,
e efetuou $ 400 de compras de mercadorias a prazo, 3) Cálculo do CMV:
teve vendas a vista de $ 700, restando ao final do pe- CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final
ríodo social um estoque de $ 300. CMV = 100 + 400 – 300
Pelo método da conta mista, somente pela conta CMV = 200
“mercadoria” poderemos apurar o Resultado com mer-
cadoria ao final do período. 4) Atualização do estoque:
D – CMV 200,
1 – transferir o saldo do estoque inicial para a conta C – Estoque 200,
mercadorias:
Mercadorias 5) Apuração do Resultado Com Mercadorias
“a” Estoque inicial 100,
5.1 – Transferência da receita com vendas para o
2 – registrar a entrada das mercadorias compradas RCM
a prazo: D – Receitas com vendas 700,
Mercadoria C – RCM 700,
“a” fornecedores 400,
5.2 – Transferência do CMV para o Resultado
3 – registrar a venda a vista de mercadoria por $ D – RCM 200,
700: C – CMV 200,
Caixa
“a” Mercadoria 700, Observações:
Quando a empresa calcular o CMV, deve ser feito o
4 – registrar o registro do inventário final do esto- registro contábil do fato da seguinte forma:
que:
Estoque final Transferência do estoque inicial para o CMV:
“a” Mercadoria 300, D – CMV 100,
C – Estoque inicial 100,
MERCADORIAS
Transferência das compras para o CMV:
Neste exemplo teremos um estoque final de $300, D – CMV 400,
no balanço patrimonial e um resultado como merca- C – Compras 400,
dorias ou um lucro bruto de $500, credor, ou seja, a
empresa teve um lucro com as vendas de $500. Registro do estoque final inventariado para o CMV:
As operações que reduzem as vendas como, por D – Estoque final 300,
exemplo, devoluções de venda, descontos incondicio- C – CMV 300,
nais concedidos, entrarão na conta mercadoria com sal-
do devedor, diminuindo o valor da caixa; enquanto que (O estoque final é inventariado por meio de conta-
as operações que reduzem as compras entrarão com gem física ou apurado mediante fichas de controle).
saldo credor tendo como contrapartida a conta “for-
necedor”. Inventário
O inventário é a ferramenta que a empresa possui
Conta Desdobrada: consiste em desdobrar a con- para atualizar o valor do seu estoque em uma determi-
ta de mercadoria em tantas contas forem necessárias, nada data e verificar a existência física de um bem; pode
para a contabilização isolada de cada tipo de fato que ser efetuado de duas maneiras:
envolva as operações com mercadorias.

23
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Inventário Periódico – Ocorre quando a empresa efe- C – Estoque de Mercadoria (BP)


tua uma venda sem um controle do estoque permanente
e, portanto, sem registrar o Custo das Mercadorias Vendi- Resultado com mercadorias
das no momento da venda. Quando é necessário apurar o O resultado da negociação com as mercadorias,
Resultado obtido com a venda das Mercadorias (RCM), é pode ser apurado na DRE, onde é chamado resultado
feito um levantamento físico para avaliação do estoque de bruto com mercadorias é encontrado pela equação:
mercadorias existente naquela data; e pela diferença en- RCM = Vendas líquidas – Custo das Mercadorias
tre o total das mercadorias (que a empresa possuía e que Vendidas (CMV)
comprou no período) e esse estoque final obtemos o custo O resultado com mercadorias somente considera
das mercadorias vendidas (CMV) nesse período. as receitas e as despesas, custos e deduções relacio-
Com esse sistema a empresa passa a elaborar o inven- nadas com a mercadoria negociada pela empresa; no
tário físico somente no final de um período, normalmente seu cálculo não entram as demais receitas ou despesas
um ano, com o término do exercício social. O valor encon- operacionais ou não.
trado será representado no Balanço Patrimonial, na conta
estoque de mercadorias. O CMV é calculado pela seguinte a) Vendas Líquidas:
fórmula: Venda líquida representa o resultado das vendas
CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final brutas menos as deduções sobre as vendas. Entende-se
por dedução os impostos incidentes sobre as vendas,
Exemplo: as vendas canceladas, os descontos incondicionais con-
“Uma empresa possuía em 01/01/2004, estoque ini- cedidos e as devoluções de vendas. A venda líquida é
cial no valor de R$ 300.000, Durante o ano, realizou com- calculada pela seguinte equação:
pras que totalizaram de R$ 1.000.000. O estoque final em Vendas líquidas =
31/12/04 foi avaliado em R$ 200.000. As vendas foram de Vendas brutas
R$ 1.200.000”. (-) devolução de vendas
CMV = EI + C – EF (-) vendas canceladas
CMV = 300.000 + 1.000.000 – 200.000 (-) Icms sobre vendas
CMV = R$ 1.100.000 (-) Pis/Cofins sobre venda
RCM = Vendas – CMV (-) descontos comerciais concedidos
RCM = 1.200.000 – 1.100.000 (-) descontos incondicionais concedidos
RCM = R$ 100.000 (-) abatimentos sobre vendas
RCM = resultado com mercadorias
CVM = custo da mercadoria vendida Exemplo:
Uma empresa vendeu R$ 200.000,00 em mercado-
Inventário Permanente – Ocorre quando a empre- rias a vista, com incidência de Icms de R$ 20.000,00, PIS
sa controla de forma contínua o estoque de mercadorias, de R$ 10.000,00. Devido a um defeito na mercadoria a
dando-lhe baixa, em cada venda, pelo custo dessas Merca- empresa deu um abatimento de R$ 30.000,00 no mo-
dorias Vendidas (CMV). Esse controle é efetuado sobre as mento da venda. Calcule o valor da Receita Líquida de
mercadorias vendidas (CMV) e sobre as mercadorias que Vendas.
não foram vendidas (estoque final). Pela Soma dos Custos Receita bruta = 200.000
de todas as Vendas, teremos o Custo das Mercadorias Ven- (-) Icms sobre vendas = (20.000)
didas (CMV) total do período. (-) Pis sobre faturamento = (10.000)
Ao utilizar esse sistema de controle de estoque, a em- (-) Abatimento concedido = (30.000)
presa passa a controlar permanentemente o seu estoque = Receita Líquida de Venda = 140.000
de mercadorias, fazendo uma nova avaliação a cada opera-
ção que modifique o saldo de uma conta; existe um acom- b) Custo da mercadoria Vendida:
panhamento contínuo dos bens em estoque. Representa quanto custou para a empresa a merca-
Este método de controle de estoque é conhecido como doria que foi vendida no período. É importante ressal-
método das fichas, pois cada bem deverá ter uma ficha e tar que para o cálculo do CMV não é necessário saber
esta será atualizada após cada transação, apresentando o preço de venda.
tempestivamente a evolução da conta. Na prática a empresa analisa quanto tinha de mer-
No método de inventário permanente são efetuados cadoria no estoque, soma a este saldo quanto comprou
dois lançamentos no momento da venda, um para reco- no período e retira quanto ainda tem no estoque, o
nhecer a receita e outro para baixar o estoque, conforme saldo final representa o total do custo de mercadoria
se segue: vendida.
Lançamento para reconhecer a receita – venda a vista O CMV é uma despesa e na apuração do resultado
D – Caixa (BP) será deduzido da receita líquida de vendas. É calculado
C – Vendas de Mercadorias (DRE) pela seguinte fórmula:
Lançamento para atualizar o estoque CMV = ESTOQUE INICIAL + COMPRAS LÍQUIDAS –
D – Custo da Mercadoria Vendida (DRE) ESTOQUE FINAL

24
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

c) Compras líquidas: Impostos e taxas sobre vendas


A empresa para praticar os seus atos comerciais deve Os impostos que incidem sobre as vendas tem uma
primeiramente comprar as mercadorias objeto da negocia- conotação de representarem uma despesa para empresa,
ção. Esta compra pode ser a vista tendo como contraparti- pois os valores estão incluídos na receita bruta, entretanto
da um saque no disponível ou a prazo criando assim uma a empresa deverá repassar ao poder público. São apresen-
obrigação. tados na DRE como dedução da receita bruta, a sua contra-
O valor líquido das compras deverá ser calculado a partida é uma obrigação no Passivo.
partir das compras brutas adicionando as despesas que ge-
ralmente constam da nota fiscal, (frete, seguro e impostos Impostos e taxas sobre compras
não recuperáveis) e diminuindo os impostos recuperáveis, Os impostos que incidem sobre as compras em regra
os descontos obtidos, as devoluções de compras as com- são ICMS, PIS, Cofins, IPI, e quando não cumulativos são re-
pras canceladas. cuperáveis, se tornando um direito, pois a empresa compra-
Para calcular o valor das compras líquidas deve-se apli- dora poderá abater o valor pago na compra do valor que
car a seguinte equação: será recolhido aos cofres público no momento da venda.
Compras líquidas = compras brutas Quando o imposto não é recuperável ele é um custo para a
(+) frete sobre compras empresa, pois estará compondo o valor da mercadoria compra-
(+) seguro sobre compras da. Não existindo neste caso o direito de recuperar o imposto.
(+) carga e descarga de mercadorias compradas
(-) descontos e abatimentos obtidos na compra Impostos que afetam as mercadorias
(-) desconto comercial obtido Além dos fatos administrativos como frete, seguro etc.
(-) devolução de compras que alteram os valores das mercadorias existem ainda os
(-) compras canceladas impostos e as contribuições que incidem sobre as mesmas.
(-) impostos recuperáveis (Icms sobre compras) Os impostos mais comuns são: ICMS, IPI, ISS, PIS sobre
faturamento e COFINS.
O valor apurado como compra líquida entrará no cál-
culo do CMV – Custo das Mercadorias Vendidas. ICMS - Imposto sobre Operações Relativas a Circu-
lação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços
d) Terminologia aplicada às operações com merca- de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Co-
dorias: municação.
Descontos Comerciais Obtidos É um imposto de esfera estadual, considerado imposto
São descontos obtidos junto ao fornecedor no ato da por dentro, pois seu valor já esta embutido no preço de com-
negociação das compras, representam uma receita para a pra ou venda e é um imposto não cumulativo, isto é, o impos-
empresa, e estará incluído na nota fiscal, também conheci- to incidente de uma operação (Compra) será compensado do
do como desconto incondicional obtido. imposto incidente da operação subsequente (venda).
Descontos Comerciais Concedidos O ICMS incide sobre a circulação de mercadorias e de-
São os descontos que a empresa dá ao seu cliente, se- terminados serviços, como o de transporte, energia e te-
rão incluídos na nota fiscal e representam uma dedução da lecomunicações. Sua regulamentação constitucional está
receita bruta. Também e chamado de desconto incondicio- prevista na Lei Complementar 87/1996 (a chamada “Lei
nal concedido. Kandir”), alterada posteriormente pelas Leis Complemen-
Devoluções de Compras tares 92/97, 99/99 e 102/2000.
Mercadoria que a empresa comprou e posteriormente Na compra o ICMS representa um direito da empresa
devolveu por algum motivo específico ao seu fornecedor, (ativo) e na venda uma obrigação (passivo) junto ao gover-
normalmente será necessário efetuar um lançamento can- no. Deverá ser calculado mensalmente e recolhida a dife-
celando a compra. rença nos primeiros dias do mês subsequente. Ao final do
Devoluções de Vendas exercício social serão contabilizado todos os recolhimentos
Esta conta representa a parcela das vendas efetuadas e fechado saldo da conta.
pela empresa que o cliente devolveu por algum motivo. O ICMS é calculado mediante a aplicação de um per-
Será apresentada na DRE como dedução da receita bruta. centual sobre o valor da mercadoria ou do serviço, poden-
Gastos com Transportes e seguro na compra do variar de acordo com a mercadoria e o Estado. A legis-
Representa os fretes, seguros, e outros custos adicio- lação fiscal determina que o ICMS deva ser contabilizado
nais que são incorporados ao custo das mercadorias ad- separadamente do valor da mercadoria, normalmente com
quiridas, no ato das compras, e que são de responsabi- as contas: ICMS a recolher, ICMS a recuperar, ICMS sobre
lidade do comprador, o frete e o seguro na venda serão vendas e ICMS sobre compras.
considerados uma despesa operacional.
Gastos com fretes e seguros na venda Exemplo:
Representam uma despesa operacional para a empre- Uma empresa comprou R$ 100.000,00 em mercadorias
sa, não estão relacionados com a receita líquida de venda, com ICMS de R$ 20.000,00. Posteriormente vendeu toda
pois são benefícios que a empresa vendedora concede aos mercadoria comprada por R$ 250.000,00 com ICMS de R$
seus clientes. 50.000,00.

25
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

a) registro da compra IPI –


D – estoque = 80.000 1. Imposto por fora;
D – ICMS a recuperar = 20.000 2. Geralmente é não recuperável ou cumulativo;
C – Banco = 100.000 3. Na compra é um custo, quando não recuperável;
b) registro da venda 4. Se recuperável, na compra gera um direito IPI a
D – caixa = 250.000 recuperar;
D – CMV = 80.000 5. Na venda é uma dedução do faturamento que
D – ICMS sobre vendas = 50.000 gera uma obrigação – IPI sobre faturamento e IPI a reco-
C – ICMS a recolher = 50.000 lher;
C – estoque = 80.000 6. Tributo de incidência federal.
C – vendas de mercadorias = 250.000
De acordo com o exemplo esta empresa teve como ISS - Imposto sobre serviço de qualquer natureza.
despesa com o ICMS na operação um valor de R$ 50.000,00, É um imposto de competência Municipal, cobrado so-
contudo como havia pagado R$ 20.000,00 no 0momento bre prestadores de serviços, pode ter sua alíquota diferen-
da compra somente deverá recolher aos cofres públicos a ciada de um Município para outro. Representa uma dedu-
diferença de R$ 30.000,00. Este direito é caracterizado pela ção do preço total da Receita de Serviços Prestados.
não cumulatividade do imposto. Esse imposto é específico das empresas prestadoras de
ICMS – serviços; entretanto, algumas empresas comerciais, além
1. Imposto por dentro; de vender mercadorias, também pode prestar algum tipo
2. Recuperável ou não cumulativo; de serviço pagando ISS sobre a receita desse serviço.
3. Na compra gera um direito – Icms a recuperar; A alíquota e a base de cálculo do Imposto sobre Ser-
4. Na venda gera uma dedução de receita e uma viços podem ser diferentes em cada cidade do país, pois
obrigação – Icms sobre vendas e Icms a recolher; dependem da legislação municipal. Entretanto a Emenda
5. Tributo de incidência estadual. Constitucional 37/2002 determina a aplicação da alíquota
mínima do ISS em de 2% (dois por cento), e a Lei Comple-
IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados mentar 116/2003 estabelece a alíquota máxima de incidên-
É um imposto de competência Federal exigido das em- cia do ISS foi em 5%, ou seja, a alíquota mínima é de 2% e
presas industriais. O seu valor não está embutido no valor a máxima é de 5%.
de venda, devendo ser incluído no valor final da nota fiscal O ISS será apresentado na DRE como dedução das re-
da operação, aumentando o valor a pagar pelo comprador, ceitas brutas e terá como contrapartida uma obrigação no
assim como o ICMS é um imposto não cumulativo para passivo circulante.
as indústrias, isto é, o imposto incidente de uma operação Exemplo:
(Compra) será compensado com o valor do imposto inci- Uma empresa prestou um serviço e recebeu a vista R$
dente da operação subsequente (venda). 70.000,00 com incidência de ISS de 5%.
Nas operações de compra de mercadoria por parte das D – caixa = 70.000
empresas comerciais, em geral o IPI é um imposto cumu- D – Imposto Sobre Serviço = 3.500
lativo, ou seja, quando uma empresa compra uma merca- C – ISS a recolher = 3.500
doria para revendê-la o IPI será considerado um custo não C – Venda de serviço = 70.000
sendo recuperável no momento da venda. O IPI é conside-
rado um imposto por fora, ele não está incluído no valor PIS/COFINS sobre faturamento - Plano de Integra-
nominal da operação, entretanto estará apresentado na ção Social / Contribuição para Financiamento da Segu-
nota fiscal da negociação. ridade Social
A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e
Exemplo: Cofins é o faturamento mensal, que corresponde à receita
Uma empresa comercial adquire R$ 200.000,00 em bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas
mercadorias de uma indústria, com IPI incluso na nota pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade
fiscal de RS 20.000,00. A mercadoria foi vendida por R$ por ela exercida e a classificação contábil adotada para as
400.000,00 receitas.
a) registro da compra Para fins de determinação da base de cálculo, podem
D – estoque = 220.000 ser excluídos do faturamento, quando o tenham integrado,
C – banco = 220.000 os valores:
Obs: neste caso o IPI é por fora do valor da mercadoria 1. Das receitas isentas ou não alcançadas pela inci-
e não é recuperável, sendo tratado como custo da merca- dência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero);
doria comprada. 2. Das vendas canceladas;
b) registro da venda 3. Dos descontos incondicionais concedidos;
D – caixa = 400.000 4. Do IPI;
D – CMV = 220.000 5. Do ICMS, quando destacado em nota fiscal e co-
C – estoque = 220.000 brado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços
C – venda de mercadoria = 400.000 na condição de substituto tributário;

26
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

6. Das reversões de provisões; 8. Pis/Cofins a recolher = obrigação – passivo cir-


7. Das recuperações de créditos baixados como per- culante
das, que não representem ingresso de novas receitas; 9. IPI sobre compras = em regra é um custo – CMV
8. Dos resultados positivos da avaliação de investi- 10. IPI a recuperar = é um direito – ativo circulante
mentos pelo valor do patrimônio líquido; 11. IPI sobre faturamento = dedução do faturamento
9. Dos lucros e dividendos derivados de investimen- bruto – DRE
tos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido 12. IPI a recolher = obrigação – passivo circulante
computados como receita; 13. ISS sobre compras de serviços = custo – despesas
10. Das receitas não-operacionais, decorrentes da 14. ISS sobre vendas de serviço = dedução das re-
venda de bens do ativo permanente. ceitas – DRE
Segundo a legislação especifica o PIS/COFINS pode ter 15. ISS a recolher = obrigação – passivo circulante
um regime de incidência cumulativa (não recuperável) ou 16. Icms conta corrente = pode ser tanto do ativo
não cumulativa (recuperável), com alíquotas diferenciadas como do passivo, neste caso deve-se atentar para o saldo
de acordo com o regime adotado. final da conta:
As alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da - Icms conta corrente saldo credor = passivo circu-
Cofins, no regime de incidência cumulativa, ou seja, não lante
recuperável são, respectivamente, de sessenta e cinco cen- - Icms conta corrente saldo devedor = ativo circulante
tésimos por cento (0,65%) e de três por cento (3%).
As alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Co- Apuração do Resultado do Período
fins, com a incidência não-cumulativa, ou seja, recuperável,
são, respectivamente, de um inteiro e sessenta e cinco cen- Toda empresa é constituída com a finalidade de ob-
tésimos por cento (1,65%) e de sete inteiros e seis décimos tenção de lucro, pois este é a remuneração do capital apli-
por cento (7,6%). cado.
A apuração e o pagamento da Contribuição para o PIS/ Quando do estudo das variações patrimoniais, vimos
Pasep e da Cofins serão efetuados mensalmente, de forma que a cada despesa ou a cada receita, o patrimônio da
centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídi- empresa é alterado para mais ou para menos, conforme
ca. O pagamento deverá ser efetuado até o último dia útil obtenha lucro ou tenha prejuízo.
do 2º (segundo) decêndio subsequente ao mês de ocor- Mas, convenhamos, seria impossível a cada receita ou
rência dos fatos geradores. a cada despesa nós irmos até ao contador e verificarmos
No registro da apuração do PIS/COFINS sobre fatura- se obtivemos lucro ou tivemos prejuízo.
mento as contas serão apresentadas na DRE como dedu- Essa apuração do resultado é feita normalmente ao
ção das receitas e terão como contrapartida uma obrigação final de cada mês, para o administrador poder até corrigir
no passivo circulante. procedimentos, e anualmente para fins de prestação de
Exemplo: informações e recolhimento de tributos para com a Re-
Uma empresa faturou no mês R$ 5.000.000,00 e terá ceita Federal.
que recolher como PIS/COFINS 3,65%. Normalmente, o exercício fiscal coincide com o nos-
D – Pis/Cofins sobre faturamento = 182.500 so calendário, isto é de 1º de janeiro a 31 de dezembro
C – Pis/Cofins a recolher = 182.500 de cada ano, mas nada impede que a empresa tenha sua
PIS/COFINS – apuração em período distinto, independente da presta-
1. Podem ser recuperáveis ou não; ção de contas para o FISCO.
2. Se recuperáveis na compra geram um direito – Pis/ Para a apuração do resultado do período nós precisa-
Cofins a recuperar; mos verificar todas as contas de receita e todas as contas
3. Se não recuperáveis serão considerados custo na de despesas, e fazendo o total das contas de Receitas me-
compra; nos o total das contas de Despesas, temos o Resultado do
4. Na venda são deduções das receitas e geram uma Período, ou seja, LUCRO ou PREJUÍZO.
obrigação – Pis/cofins sobre vendas e Pis/Cofins a recolher; De forma simplista, este é o procedimento.
5. Tributos de incidência federal. Na prática contábil, são efetuados lançamentos trans-
ferindo os saldos das contas de Receitas e das contas de
Classificação das contas que representam tributos: Despesas, para uma conta Resultado do Exercício. O saldo
1. Icms sobre compras = direito – ativo circulante que ficar nesta conta será transferido para uma conta do
2. Icms a recuperar = direito – ativo circulante Patrimônio Líquido, como exemplo: LUCROS E PREJUÍZOS.
3. Icms sobre vendas = dedução das receitas – DRE
4. Icms a recolher = obrigação – passivo circulante CONTAS DE RECEITAS - DEBITADAS pelo valor do sal-
5. Pis/Cofins sobre compras = em regra é um direito do final do exercício
– ativo circulante
6. Pis/cofins a recuperar = é um direito – ativo cir- CONTAS DE DESPESAS - CREDITADAS pelo valor do
culante saldo final do exercício
7. Pis/Cofins sobre vendas = dedução das receitas –
DRE

27
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

CONTA RESULTADO DO EXERCÍCIO: Histórico – Transferência do saldo para apura-


ção do Resultado do Exercício
CREDITADA pelo saldo das contas de RECEITAS Valor - 73.723,40

DEBITADA pelo saldo das contas de DESPESAS D – Resultado do Exercício


C – Custo das Mercadorias Vendidas
Todas as contas de resultado (Receitas e Despesas) são Histórico – Transferência do saldo para apura-
zeradas, e só passam para o próximo exercício fiscal/social ção do Resultado do Exercício
as contas patrimoniais (BENS, DIREITOS, OBRIGAÇÕES E Valor - 197.229,30
PATRIMÕNIO LÍQUIDO).
D – Resultado do Exercício
A cada novo exercício fiscal as contas de resultado ( C – Salários
Receitas e Despesas) começam zeradas. Histórico – Transferência do saldo para apura-
ção do Resultado do Exercício
Vamos a um exemplo da apuração do resultado: Valor - 35.000,00

Saldo das Contas de Resultado: D – Resultado do Exercício


C – Contribuições Sociais
CONTAS SALDO DEVEDOR SALDO CRE- Histórico – Transferência do saldo para apura-
DOR ção do Resultado do Exercício
Venda de Mercadorias 415.567,00 Valor - 14.000,00
Impostos sobre Vendas 73.723,40
Custo d a s M e r c a d o r i a s Ve n d i d a s D – Resultado do Exercício
197.229,30 C – Impostos e Taxas
Salários 35.000,00 Histórico – Transferência do saldo para apura-
Contribuições Sociais 14.000,00 ção do Resultado do Exercício
Impostos e Taxas 5.000,00 Valor – 5.000,00
Água e Esgoto 2.000,00
Energia 10.000,00 D – Resultado do Exercício
Pró-Labore 30.000,00 C – Água e Esgoto
Papelaria 2.400,00 Histórico – Transferência do saldo para apura-
Aluguéis 12.000,00 ção do Resultado do Exercício
Sub-Totais 381.352,70 415.567,00 Valor – 2.000,00
Diferença entre débito x crédito
34.214,30 D – Resultado do Exercício
Totais 415.567,00 415.567,00 C – Energia
Histórico – Transferência do saldo para apura-
Neste exemplo, como o valor total das Receitas é ção do Resultado do Exercício
MAIOR que o valor total das Despesas, já sabemos que a Valor – 10.000,00
empresa obteve LUCRO.
D – Resultado do Exercício
Os lançamentos de transferência dos saldos das Con- C – Pró-Labore
tas de Resultado para a conta de Resultado do Exercício, Histórico – Transferência do saldo para apura-
seriam: ção do Resultado do Exercício
Valor – 30.000,00
- debitar as contas de Receitas e creditar a conta Resul-
tado do Exercício D – Resultado do Exercício
- creditar as contas de Despesas e debitar a conta Re- C – Papelaria
sultado do Exercício Histórico – Transferência do saldo para apura-
ção do Resultado do Exercício
Valor – 2.400,00
D – Venda de Mercadorias
C – Resultado do Exercício D – Resultado do Exercício
Histórico – Transferência do saldo para apuração do C – Aluguéis
Resultado do Exercício Histórico – Transferência do saldo para apura-
Valor - 415.567,00 ção do Resultado do Exercício
Valor – 12.000,00
D – Resultado do Exercício
C – Impostos sobre Vendas

28
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

O saldo da conta de Resultado do Exercício, após os lançamentos anteriores é transferido para a conta de Lucros e
Prejuízos.

Se esse saldo for Credor, a conta de Resultado do Exercício será debitada, creditando-se a conta de Lucros e Prejuízos.

Se o saldo da conta Resultado do Exercício for Devedor, ela será creditada, debitando-se a conta de Lucros e Prejuízos.

8 BALANCETE DE VERIFICAÇÃO: CONCEITOS, MODELOS E TÉCNICAS DE


ELABORAÇÃO.

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO

O balancete de verificação é um demonstrativo auxiliar que relaciona os saldos das contas remanescentes no diário.
Imprescindível para verificar se o método de partidas dobradas está sendo observado pela escrituração da empresa.

Por este método cada débito deverá corresponder a um crédito de mesmo valor, cabendo ao balancete verificar se a
soma dos saldos devedores é igual a soma dos saldos credores.

Este demonstrativo poderá ser utilizado para fins gerenciais, com suas informações extraídas dos registros contábeis
mais atualizados. O grau de detalhamento do balancete de verificação deverá estar adequado a finalidade do mesmo. Caso
o demonstrativo seja destinado a usuários externos o documento deverá ser assinado por contador habilitado pelo conse-
lho regional de contabilidade (CRC).

Geralmente o balancete é disponibilizado mensalmente, servindo assim como suporte aos gestores para visualizar a
situação da empresa diante dos saldos mensurados, sendo um demonstrativo de fácil entendimento e de grande relevância
e utilidade prática.

É o demonstrativo que relaciona cada conta com o respectivo saldo devedor ou credor, de tal forma que se os lan-
çamentos foram corretamente efetuados, de acordo com o Método das Partidas Dobradas, o total da coluna dos saldos
devedores é igual ao total da coluna dos saldos credores.

O balancete de verificação é um demonstrativo auxiliar de caráter não obrigatório, que relaciona os saldos das con-
tas remanescentes no diário. Imprescindível para verificar se o método de partidas dobradas está sendo observado pela
escrituração da empresa. Por este método cada débito deverá corresponder a um crédito de mesmo valor, cabendo ao
balancete verificar se a soma dos saldos devedores é igual a soma dos saldos credores.
Este demonstrativo deve ser levantado mensalmente segundo a NBC T 2.7, unicamente para fins operacionais, não
tendo obrigatoriedade fiscal, com suas informações extraídas dos registros contábeis mais atualizados. O grau de detalha-
mento do balancete de verificação deverá estar adequado a finalidade do mesmo. Caso o demonstrativo seja destinado a
usuários externos o documento deverá ser assinado por contador habilitado pelo conselho regional de contabilidade (CRC).
Geralmente o balancete é levantado antes do início de um novo exercício, servindo também como suporte aos gestores
para visualizar a situação da empresa diante dos saldos mensurados, sendo um demonstrativo de fácil entendimento e de
grande relevância.

Objetivo

Testar se o método das partidas dobradas foi respeitado, evidenciando as contas de acordo com seus respectivos sal-
dos e verificando a igualdade entre a soma dos saldos devedores e credores.

29
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Exemplo de um Balancete de Verificação

Cia. Contabilidade Clara

Balancete Mensal de Verificação -  ABR/2012


Contas Natureza Débito Crédito
Caixa -
Bancos cta. Movimento AC 4800 -
Duplicatas a Receber AC 10200
Mercadorias AC 6000
-
Imobilizado AC 9400 -
Fornecedores ANC 32000 -
Empréstimos e PC - 17800
Financiamentos PC -
Capital Social PL - 10100
Lucros ou Prejuízos PL - 28000
Acumulados 6500
Total   62400 62400
AC = Ativo Circulante
ANC = Ativo não Circulante
PC = Passivo Circulante
PL = Patrimônio Liquido
Nota: Contas de resultado com saldos remanescentes também devem ser inseridas no balancete caso existam. Neste
exemplo supõe-se que antes da elaboração do demonstrativo as contas foram apuradas na Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE) e agora integram a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

9 BALANÇO PATRIMONIAL: CONCEITOS, OBJETIVO, COMPOSIÇÃO.

BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial está regulamentado nos Artigos 178 a 184 da Lei nº 6.404/1976, com as alterações implementa-
das pela Lei nº 11.638/2007 e 11.941/2009.
No Ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos
seguintes grupos: Ativo Circulante; Ativo Não-Circulante, composto por Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos,
Imobilizado e Intangível.
No Passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: Passivo Circulante; Passivo Não-Circulante; e Patrimônio
Líquido, dividido em Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em
Tesouraria e Prejuízos Acumulados.

Ativo
As contas no Ativo serão classificadas do seguinte modo:
a) no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e as aplica-
ções de recursos em despesas do exercício seguinte;
b) no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os deri-
vados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (Art. 243 da Lei nº 6.404/1976),
diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do ob-
jeto da companhia;
c) em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não clas-
sificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa;
d) no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades
da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à
companhia os benefícios, riscos e controle desses bens;

30
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

e) no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exer-
cidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.
Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no
circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.

Passivo
As contas no Passivo serão classificadas do seguinte modo:
a) no Passivo Circulante deverão ser registradas as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição
de direitos do ativo permanente, quando vencerem no exercício seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se tiverem
vencimento em prazo maior;
b) no Passivo Não-Circulante deverão ser registradas as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aqui-
sição de direitos do ativo permanente, quando vencerem após o exercício seguinte;
c) no Patrimônio Líquido:
c.1) na conta do Capital Social será discriminado o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada;
c.2) nas Reservas de Capital serão classificadas as contas que registrarem a contribuição do subscritor de ações que
ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância
destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição e o resultado da correção monetária do capital rea-
lizado, enquanto não-capitalizado;
c.3) serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em
obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos do
ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou em normas expedidas
pela Comissão de Valores Mobiliários, com base na competência conferida pelo § 3º do art. 177 da Lei nº 6.404/1976;
c.4) nas Reservas de Lucros serão lançadas as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia;
c.5) as Ações em Tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que
registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.

31
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

10 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DE EXERCÍCIO: CONCEITO, OBJETIVO,


COMPOSIÇÃO.

Na determinação do resultado do exercício serão computados as receitas e os rendimentos ganhos no período, inde-
pendentemente da sua realização em moeda, e os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, corresponden-
tes a essas receitas e rendimentos. Na Demonstração do Resultado do Exercício deverão estar demonstradas as seguintes
informações:
a) a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;
b) a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
c) as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e
outras despesas operacionais;

32
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

d) o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;


e) o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto;
f) as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumen-
tos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como
despesa;
g) o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

A Demonstração do Resultado do Exercício tem como objetivo principal apresentar de forma vertical resumida o resul-
tado apurado em relação ao conjunto de operações realizadas num determinado período, normalmente, de doze meses.

Como fazer DRE (Demonstração do Resultado do Exercício)


  
 Mesmo os contadores mais organizados enfrentam uma série de questionamentos ao apresentar o balanço aos seus
clientes. Eles analisam aqueles valores e perguntam: “Quanto a empresa vendeu?”, “Quanto é seu custo, quais são suas
despesas?”, “Quanto rendeu a aplicação deste ou daquele mês?”. É impossível responder tudo isso só com os balanços.
Para isso, existe o Demonstrativo de Resultado do Exercício. O DRE, como também é chamado, é o confronto das receitas,
custos e resultados do exercício, para obter o resultado líquido do mesmo.
A lei brasileira prevê que os seguintes itens devem estar na Demonstração do Resultado do Exercício.
—A receita bruta das vendas e serviços e eventuais deduções (como os impostos);
—A receita líquida das vendas e serviços, e, por fim o lucro bruto;
—As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e
outras despesas operacionais;
—O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
—O resultado do exercício antes do Imposto de Renda e a previsão para tal imposto;
—As participações de quaisquer partes e de instituições ou fundos de assistências e previdência de empregados

Veja abaixo um tutorial de como calcular o DRE:

Faturamento Bruto (venda de produtos)


Subtraia:
Impostos Industriais (o IPI é o mais comum)
=
Receita Bruta de Vendas
Subtraia:
Impostos e sobre Mercadorias e Serviços (ISS, ICMS, PIS/COFINS)
Descontos incondicionais concedidos
Devoluções de Vendas
Abatimentos sobre Vendas
Some:
Reversão dos Impostos
=
Receita Líquida de Vendas
Subtraia:
Custo dos Produtos Vendidos (inclua frete, seguros e afins)
Custo das Mercadorias Vendidas (inclua frete, seguros e afins)
Custo dos Serviços Prestados
=
Lucro Operacional Bruto
Subtraia
Despesas Comerciais (inclua gastos com publicidade e propaganda, eventuais manutenções, salários de vendedores,
despesas com devedores, etc)
Despesas Financeiras (como o IOF, variações monetárias passivas, descontos condicionais concedidos, etc)
Despesas Gerais e Administrativas (inclua impostos e aluguéis, honorários, depreciações e eventuais manutenções)
Outras Despesas Operacionais

Some:
Receitas financeiras (como as variações monetárias ativas, descontos condicionais obtidos, etc).
Outras Receitas Operacionais
=

33
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Lucro ou Prejuízo Operacional Líquido

Subtraia:
Outras Despesas Não Operacionais (inclua o custo de venda de ativo imobilizado, etc)
Some:
Outras Receitas Não Operacionais (inclua a receita de venda de ativo imobilizado, etc)
=
Lucro/prejuízo antes do Imposto de Renda e da contribuição social sobre o lucro líquido
Subtraia
Despesa com Imposto de Renda
Despesa com Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido
=
Lucro ou Prejuízo líquido antes das participações
(As participações abaixo precisam ser calculadas obrigatoriamente nesta ordem, isto porque para o cálculo da próxima deve ser
abatido o valor da participação anteriormente calculada)
Subtraia:
Debêntures (dedutível do Imposto de Renda)
Empregados (dedutível do Imposto de Renda)
Administradores
Partes Beneficiárias
Fundos de Assistência e Previdência para Empregados
=
Lucro ou Prejuízo líquido do exercício

Se desejar saber qual o lucro ou prejuízo de cada ação, basta dividir o Lucro/Prejuízo Líquido do Exercício pelo total de ações.

É um calculo trabalhoso, mas relativamente simples que dá uma visão geral do andamento do negócio, possibilitando análise de
gastos e receitas e, portanto, dicas claras de como aumentar o faturamento do negócio.

34
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 1o Somente os valores mobiliários de emissão de


11 LEI Nº 6.404/1976: ALTERAÇÕES companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários
POSTERIORES, LEGISLAÇÃO podem ser negociados no mercado de valores mobiliá-
COMPLEMENTAR E PRONUNCIAMENTOS rios. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
DO COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS          § 2o  Nenhuma distribuição pública de valores
CONTÁBEIS (CPC). mobiliários será efetivada no mercado sem prévio registro
na Comissão de Valores Mobiliários.  (Incluído pela Lei nº
10.303, de 2001)
        § 3o A Comissão de Valores Mobiliários poderá
LEI No 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976. classificar as companhias abertas em categorias, segundo
as espécies e classes dos valores mobiliários por ela emiti-
        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que dos negociados no mercado, e especificará as normas so-
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte bre companhias abertas aplicáveis a cada categoria. (Incluí-
Lei: do pela Lei nº 10.303, de 2001)
CAPÍTULO I         § 4o O registro de companhia aberta para negocia-
Características e Natureza da Companhia ou So- ção de ações no mercado somente poderá ser cancelado
ciedade Anônima se a companhia emissora de ações, o acionista controlador
ou a sociedade que a controle, direta ou indiretamente,
Características formular oferta pública para adquirir a totalidade das ações
em circulação no mercado, por preço justo, ao menos igual
        Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o ao valor de avaliação da companhia, apurado com base
capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios nos critérios, adotados de forma isolada ou combinada, de
ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações patrimônio líquido contábil, de patrimônio líquido avalia-
subscritas ou adquiridas. do a preço de mercado, de fluxo de caixa descontado, de
comparação por múltiplos, de cotação das ações no mer-
Objeto Social cado de valores mobiliários, ou com base em outro critério
        Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer aceito pela Comissão de Valores Mobiliários, assegurada a
empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pú- revisão do valor da oferta, em conformidade com o dispos-
blica e aos bons costumes. to no art. 4o-A. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
        § 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é         § 5o Terminado o prazo da oferta pública fixado na
mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. regulamentação expedida pela Comissão de Valores Mobi-
        § 2º O estatuto social definirá o objeto de modo liários, se remanescerem em circulação menos de 5% (cinco
preciso e completo. por cento) do total das ações emitidas pela companhia, a
        § 3º A companhia pode ter por objeto participar assembleia-geral poderá deliberar o resgate dessas ações
de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, pelo valor da oferta de que trata o § 4o, desde que deposite
a participação é facultada como meio de realizar o objeto em estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de
social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. Valores Mobiliários, à disposição dos seus titulares, o valor
de resgate, não se aplicando, nesse caso, o disposto no §
Denominação 6o do art. 44. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
        Art. 3º A sociedade será designada por denomina-         § 6o O acionista controlador ou a sociedade con-
ção acompanhada das expressões “companhia” ou “socie- troladora que adquirir ações da companhia aberta sob seu
dade anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente controle que elevem sua participação, direta ou indireta,
mas vedada a utilização da primeira ao final. em determinada espécie e classe de ações à porcentagem
        § 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que, segundo normas gerais expedidas pela Comissão de
que por qualquer outro modo tenha concorrido para o Valores Mobiliários, impeça a liquidez de mercado das
êxito da empresa, poderá figurar na denominação. ações remanescentes, será obrigado a fazer oferta pública,
        § 2º Se a denominação for idêntica ou semelhan- por preço determinado nos termos do § 4o, para aquisição
te a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o da totalidade das ações remanescentes no mercado.  (In-
direito de requerer a modificação, por via administrativa cluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
(artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e danos         Art. 4o-A. Na companhia aberta, os titulares de, no
resultantes. mínimo, 10% (dez por cento) das ações em circulação no
mercado poderão requerer aos administradores da com-
Companhia Aberta e Fechada panhia que convoquem assembleia especial dos acionistas
         Art. 4o  Para os efeitos desta Lei, a companhia titulares de ações em circulação no mercado, para delibe-
é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de rar sobre a realização de nova avaliação pelo mesmo ou
sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no por outro critério, para efeito de determinação do valor de
mercado de valores mobiliários. (Redação dada pela Lei nº avaliação da companhia, referido no § 4o do art. 4o.(Incluído
10.303, de 2001) pela Lei nº 10.303, de 2001)

35
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 1o O requerimento deverá ser apresentado no tados e instruído com os documentos relativos aos bens
prazo de 15 (quinze) dias da divulgação do valor da oferta avaliados, e estarão presentes à assembleia que conhecer
pública, devidamente fundamentado e acompanhado de do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes fo-
elementos de convicção que demonstrem a falha ou im- rem solicitadas.
precisão no emprego da metodologia de cálculo ou no cri-         § 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela
tério de avaliação adotado, podendo os acionistas referi- assembleia, os bens incorporar-se-ão ao patrimônio da
dos no caput convocar a assembleia quando os administra- companhia, competindo aos primeiros diretores cumprir as
dores não atenderem, no prazo de 8 (oito) dias, ao pedido formalidades necessárias à respectiva transmissão.
de convocação. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)         § 3º Se a assembleia não aprovar a avaliação, ou
        § 2o Consideram-se ações em circulação no merca- o subscritor não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem
do todas as ações do capital da companhia aberta menos efeito o projeto de constituição da companhia.
as de propriedade do acionista controlador, de diretores,         § 4º Os bens não poderão ser incorporados ao
de conselheiros de administração e as em tesouraria. (In- patrimônio da companhia por valor acima do que lhes tiver
cluído pela Lei nº 10.303, de 2001) dado o subscritor.
        § 3o Os acionistas que requererem a realização de         § 5º Aplica-se à assembleia referida neste artigo o
nova avaliação e aqueles que votarem a seu favor deverão disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 115.
ressarcir a companhia pelos custos incorridos, caso o novo         § 6º Os avaliadores e o subscritor responde-
valor seja inferior ou igual ao valor inicial da oferta públi- rão perante a companhia, os acionistas e terceiros, pelos
ca. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) danos que lhes causarem por culpa ou dolo na avaliação
         § 4o  Caberá à Comissão de Valores Mobiliários dos bens, sem prejuízo da responsabilidade penal em que
disciplinar o disposto no art. 4o e neste artigo, e fixar prazos tenham incorrido; no caso de bens em condomínio, a res-
para a eficácia desta revisão. (Incluído pela Lei nº 10.303, ponsabilidade dos subscritores é solidária.
de 2001)
CAPÍTULO II Transferência dos Bens
Capital Social         Art. 9º Na falta de declaração expressa em con-
SEÇÃO I trário, os bens transferem-se à companhia a título de pro-
Valor priedade.
        Fixação no Estatuto e Moeda Responsabilidade do Subscritor
        Art. 10. A responsabilidade civil dos subscritores
        Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do ou acionistas que contribuírem com bens para a formação
capital social, expresso em moeda nacional. do capital social será idêntica à do vendedor.
        Parágrafo único. A expressão monetária do valor         Parágrafo único. Quando a entrada consistir em
do capital social realizado será corrigida anualmente (arti- crédito, o subscritor ou acionista responderá pela solvên-
go 167). cia do devedor.
CAPÍTULO III
Alteração Ações
        Art. 6º O capital social somente poderá ser modi- SEÇÃO I
ficado com observância dos preceitos desta Lei e do esta- Número e Valor Nominal
tuto social (artigos 166 a 174). Fixação no Estatuto

SEÇÃO II         Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em


Formação que se divide o capital social e estabelecerá se as ações
Dinheiro e Bens terão, ou não, valor nominal.
        § 1º Na companhia com ações sem valor nomi-
        Art. 7º O capital social poderá ser formado com nal, o estatuto poderá criar uma ou mais classes de ações
contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens preferenciais com valor nominal.
suscetíveis de avaliação em dinheiro.         § 2º O valor nominal será o mesmo para todas as
ações da companhia.
Avaliação         § 3º O valor nominal das ações de companhia
        Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) aberta não poderá ser inferior ao mínimo fixado pela Co-
peritos ou por empresa especializada, nomeados em as- missão de Valores Mobiliários.
sembleia-geral dos subscritores, convocada pela impren-
sa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em Alteração
primeira convocação com a presença de subscritores que         Art. 12. O número e o valor nominal das ações
representem metade, pelo menos, do capital social, e em somente poderão ser alterados nos casos de modificação
segunda convocação com qualquer número. do valor do capital social ou da sua expressão monetária,
        § 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão de desdobramento ou grupamento de ações, ou de can-
apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos cri- celamento de ações autorizado nesta Lei.
térios de avaliação e dos elementos de comparação ado-

36
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

SEÇÃO II         I - em prioridade na distribuição de dividendo,


Preço de Emissão fixo ou mínimo;(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
Ações com Valor Nominal         II - em prioridade no reembolso do capital, com
prêmio ou sem ele; ou  (Redação dada pela Lei nº 10.303,
        Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço de 2001)
inferior ao seu valor nominal.         III - na acumulação das preferências e vantagens
        § 1º A infração do disposto neste artigo importará de que tratam os incisos I e II.(Incluído pela Lei nº 10.303,
nulidade do ato ou operação e responsabilidade dos in- de 2001)
fratores, sem prejuízo da ação penal que no caso couber.         § 1o Independentemente do direito de receber ou
        § 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar não o valor de reembolso do capital com prêmio ou sem
o valor nominal constituirá reserva de capital (artigo 182, ele, as ações preferenciais sem direito de voto ou com res-
§ 1º). trição ao exercício deste direito, somente serão admitidas
à negociação no mercado de valores mobiliários se a elas
Ações sem Valor Nominal for atribuída pelo menos uma das seguintes preferências
        Art. 14. O preço de emissão das ações sem valor ou vantagens:(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
nominal será fixado, na constituição da companhia, pelos         I - direito de participar do dividendo a ser distribuí-
fundadores, e no aumento de capital, pela assembleia-ge- do, correspondente a, pelo menos, 25% (vinte e cinco por
ral ou pelo conselho de administração (artigos 166 e 170, cento) do lucro líquido do exercício, calculado na forma do
§ 2º). art. 202, de acordo com o seguinte critério:(Incluído dada
        Parágrafo único. O preço de emissão pode ser fi- pela Lei nº 10.303, de 2001)
xado com parte destinada à formação de reserva de capi-        a) prioridade no recebimento dos dividendos men-
tal; na emissão de ações preferenciais com prioridade no cionados neste inciso correspondente a, no mínimo, 3%
reembolso do capital, somente a parcela que ultrapassar (três por cento) do valor do patrimônio líquido da ação;
o valor de reembolso poderá ter essa destinação. e (Incluída dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
         b) direito de participar dos lucros distribuídos
SEÇÃO III em igualdade de condições com as ordinárias, depois de
Espécies e Classes a estas assegurado dividendo igual ao mínimo prioritário
Espécies estabelecido em conformidade com a alínea a; ou (Incluída
        Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direi- dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
tos ou vantagens que confiram a seus titulares, são ordi-         II - direito ao recebimento de dividendo, por ação
nárias, preferenciais, ou de fruição. preferencial, pelo menos 10% (dez por cento) maior do que
        § 1º As ações ordinárias da companhia fechada o atribuído a cada ação ordinária; ou  (Incluído dada pela
e as ações preferenciais da companhia aberta e fechada Lei nº 10.303, de 2001)
poderão ser de uma ou mais classes.        III - direito de serem incluídas na oferta pública de
        § 2o O número de ações preferenciais sem direito alienação de controle, nas condições previstas no art. 254-
a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, A, assegurado o dividendo pelo menos igual ao das ações
não pode ultrapassar 50% (cinquenta por cento) do total ordinárias. (Incluído dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
das ações emitidas. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de         § 2o Deverão constar do estatuto, com precisão e
2001) minúcia, outras preferências ou vantagens que sejam atri-
      buídas aos acionistas sem direito a voto, ou com voto res-
   Ações Ordinárias trito, além das previstas neste artigo.(Redação dada pela
        Art. 16. As ações ordinárias de companhia fecha- Lei nº 10.303, de 2001)
da poderão ser de classes diversas, em função de:         § 3o Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos,
        I - conversibilidade em ações preferenciais; (Re- não poderão ser distribuídos em prejuízo do capital social,
dação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) salvo quando, em caso de liquidação da companhia, essa
        II - exigência de nacionalidade brasileira do acio- vantagem tiver sido expressamente assegurada.(Redação
nista; ou (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
        III - direito de voto em separado para o preen-         § 4o Salvo disposição em contrário no estatuto,
chimento de determinados cargos de órgãos administra- o dividendo prioritário não é cumulativo, a ação com di-
tivos. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) videndo fixo não participa dos lucros remanescentes e a
        Parágrafo único. A alteração do estatuto na parte ação com dividendo mínimo participa dos lucros distribuí-
em que regula a diversidade de classes, se não for expres- dos em igualdade de condições com as ordinárias, depois
samente prevista, e regulada, requererá a concordância de a estas assegurado dividendo igual ao mínimo.(Redação
de todos os titulares das ações atingidas. dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
        § 5o Salvo no caso de ações com dividendo fixo, o
Ações Preferenciais estatuto não pode excluir ou restringir o direito das ações
        Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais de participar dos aumentos de capital decor-
preferenciais podem consistir: (Redação dada pela Lei nº rentes da capitalização de reservas ou lucros (art. 169).(Re-
10.303, de 2001) dação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

37
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 6o O estatuto pode conferir às ações preferen-         § 1º A infração do disposto neste artigo importa
ciais com prioridade na distribuição de dividendo cumu- nulidade do certificado e responsabilidade dos infratores.
lativo, o direito de recebê-lo, no exercício em que o lucro         § 2º Os certificados das ações, cujas entradas não
for insuficiente, à conta das reservas de capital de que consistirem em dinheiro, só poderão ser emitidos depois
trata o § 1o do art. 182.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de cumpridas as formalidades necessárias à transmissão de
de 2001) bens, ou de realizados os créditos.
        § 7o Nas companhias objeto de desestatização         § 3º A companhia poderá cobrar o custo da substi-
poderá ser criada ação preferencial de classe especial, de tuição dos certificados, quando pedida pelo acionista.
propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual o es-
tatuto social poderá conferir os poderes que especificar, Requisitos
inclusive o poder de veto às deliberações da assembleia-         Art. 24. Os certificados das ações serão escritos em
-geral nas matérias que especificar.(Incluído pela Lei nº vernáculo e conterão as seguintes declarações:
10.303, de 2001)         I - denominação da companhia, sua sede e prazo
de duração;
Vantagens Políticas         II - o valor do capital social, a data do ato que o
        Art. 18. O estatuto pode assegurar a uma ou mais tiver fixado, o número de ações em que se divide e o valor
classes de ações preferenciais o direito de eleger, em vo- nominal das ações, ou a declaração de que não têm valor
tação em separado, um ou mais membros dos órgãos de nominal;
administração.         III - nas companhias com capital autorizado, o
        Parágrafo único. O estatuto pode subordinar limite da autorização, em número de ações ou valor do ca-
as alterações estatutárias que especificar à aprovação, em pital social;
assembleia especial, dos titulares de uma ou mais classes         IV - o número de ações ordinárias e preferenciais
de ações preferenciais. das diversas classes, se houver, as vantagens ou preferên-
cias conferidas a cada classe e as limitações ou restrições a
Regulação no Estatuto que as ações estiverem sujeitas;
        Art. 19. O estatuto da companhia com ações pre-         V - o número de ordem do certificado e da ação,
ferenciais declarará as vantagens ou preferências atribuí- e a espécie e classe a que pertence;
das a cada classe dessas ações e as restrições a que fica-         VI - os direitos conferidos às partes beneficiárias,
rão sujeitas, e poderá prever o resgate ou a amortização, se houver;
a conversão de ações de uma classe em ações de outra e         VII - a época e o lugar da reunião da assembleia-
em ações ordinárias, e destas em preferenciais, fixando as -geral ordinária;
respectivas condições.         VIII - a data da constituição da companhia e do
arquivamento e publicação de seus atos constitutivos;
SEÇÃO IV IX - o nome do acionista;  (Redação dada pela Lei nº
Forma 9.457, de 1997)
        X - o débito do acionista e a época e o lugar de seu
       Art. 20. As ações devem ser nominativas.  (Reda- pagamento, se a ação não estiver integralizada; (Redação
ção dada pela Lei nº 8.021, de 1990) dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
        XI - a data da emissão do certificado e as assinatu-
Ações Não-Integralizadas ras de dois diretores, ou do agente emissor de certificados
        Art. 21. Além dos casos regulados em lei especial, (art. 27). (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
as ações terão obrigatoriamente forma nominativa ou en-         § 1º A omissão de qualquer dessas declarações
dossável até o integral pagamento do preço de emissão. dá ao acionista direito à indenização por perdas e danos
contra a companhia e os diretores na gestão dos quais os
Determinação no Estatuto certificados tenham sido emitidos.
        Art. 22. O estatuto determinará a forma das ações         § 2o Os certificados de ações emitidas por compa-
e a conversibilidade de uma em outra forma. nhias abertas podem ser assinados por dois mandatários
        Parágrafo único. As ações ordinárias da compa- com poderes especiais, ou autenticados por chancela me-
nhia aberta e ao menos uma das classes de ações ordiná- cânica, observadas as normas expedidas pela Comissão de
rias da companhia fechada, quando tiverem a forma ao Valores Mobiliários.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de
portador, serão obrigatoriamente conversíveis, à vontade 2001)
do acionista, em nominativas endossáveis.
Títulos Múltiplos e Cautelas
SEÇÃO V         Art. 25. A companhia poderá, satisfeitos os requi-
Certificados sitos do artigo 24, emitir certificados de múltiplos de ações
Emissão e, provisoriamente, cautelas que as representam.
        Art. 23. A emissão de certificado de ação somente         Parágrafo único. Os títulos múltiplos das compa-
será permitida depois de cumpridas as formalidades ne- nhias abertas obedecerão à padronização de número de
cessárias ao funcionamento legal da companhia. ações fixada pela Comissão de Valores Mobiliários.

38
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Cupões         § 2º A aquisição das próprias ações pela compa-


        Art. 26. Aos certificados das ações ao portador nhia aberta obedecerá, sob pena de nulidade, às normas
podem ser anexados cupões relativos a dividendos ou expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, que po-
outros direitos. derá subordiná-la à prévia autorização em cada caso.
        Parágrafo único. Os cupões conterão a deno-         § 3º A companhia não poderá receber em garantia
minação da companhia, a indicação do lugar da sede, o as próprias ações, salvo para assegurar a gestão dos seus
número de ordem do certificado, a classe da ação e o administradores.
número de ordem do cupão.         § 4º As ações adquiridas nos termos da alínea b do
§ 1º, enquanto mantidas em tesouraria, não terão direito a
Agente Emissor de Certificados dividendo nem a voto.
        Art. 27. A companhia pode contratar a escritu-         § 5º No caso da alínea d do § 1º, as ações adquiri-
ração e a guarda dos livros de registro e transferência de das serão retiradas definitivamente de circulação.
ações e a emissão dos certificados com instituição finan-
ceira autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários a Ações Nominativas
manter esse serviço.         Art. 31. A propriedade das ações nominativas presu-
        § 1º Contratado o serviço, somente o agente me-se pela inscrição do nome do acionista no livro de “Regis-
emissor poderá praticar os atos relativos aos registros e tro de Ações Nominativas” ou pelo extrato que seja fornecido
emitir certificados. pela instituição custodiante, na qualidade de proprietária fi-
        § 2º O nome do agente emissor constará das duciária das ações.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
publicações e ofertas públicas de valores mobiliários fei-         § 1º A transferência das ações nominativas opera-
tas pela companhia. -se por termo lavrado no livro de “Transferência de Ações
        § 3º Os certificados de ações emitidos pelo Nominativas”, datado e assinado pelo cedente e pelo ces-
agente emissor da companhia deverão ser numerados sionário, ou seus legítimos representantes.
seguidamente, mas a numeração das ações será facul-         § 2º A transferência das ações nominativas em
tativa. virtude de transmissão por sucessão universal ou legado,
de arrematação, adjudicação ou outro ato judicial, ou por
SEÇÃO VI qualquer outro título, somente se fará mediante averbação
Propriedade e Circulação no livro de “Registro de Ações Nominativas”, à vista de do-
Indivisibilidade cumento hábil, que ficará em poder da companhia.
        § 3º Na transferência das ações nominativas adquiridas
        Art. 28. A ação é indivisível em relação à com- em bolsa de valores, o cessionário será representado, indepen-
panhia. dentemente de instrumento de procuração, pela sociedade cor-
        Parágrafo único. Quando a ação pertencer a retora, ou pela caixa de liquidação da bolsa de valores.
mais de uma pessoa, os direitos por ela conferidos serão
exercidos pelo representante do condomínio. Ações Endossáveis
Ações ao Portador
Negociabilidade Ações Escriturais
        Art. 29. As ações da companhia aberta somente         Art. 34. O estatuto da companhia pode autorizar
poderão ser negociadas depois de realizados 30% (trinta ou estabelecer que todas as ações da companhia, ou uma
por cento) do preço de emissão. ou mais classes delas, sejam mantidas em contas de depó-
        Parágrafo único. A infração do disposto neste sito, em nome de seus titulares, na instituição que designar,
artigo importa na nulidade do ato. sem emissão de certificados.
        § 1º No caso de alteração estatutária, a conversão
Negociação com as Próprias Ações em ação escritural depende da apresentação e do cancela-
        Art. 30. A companhia não poderá negociar com mento do respectivo certificado em circulação.
as próprias ações. § 2o  Somente as instituições financeiras autorizadas
        § 1º Nessa proibição não se compreendem: pela Comissão de Valores Mobiliários podem manter servi-
        a) as operações de resgate, reembolso ou amor- ços de escrituração de ações e de outros valores mobiliá-
tização previstas em lei; rios. (Redação dada pela Lei nº 12.810, de 2013)
        b) a aquisição, para permanência em tesoura-         § 3º A companhia responde pelas perdas e danos
ria ou cancelamento, desde que até o valor do saldo de causados aos interessados por erros ou irregularidades no
lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do serviço de ações escriturais, sem prejuízo do eventual direi-
capital social, ou por doação; to de regresso contra a instituição depositária.
        c) a alienação das ações adquiridas nos termos         Art. 35. A propriedade da ação escritural presu-
da alínea b e mantidas em tesouraria; me-se pelo registro na conta de depósito das ações, aberta
        d) a compra quando, resolvida a redução do em nome do acionista nos livros da instituição depositária.
capital mediante restituição, em dinheiro, de parte do         § 1º A transferência da ação escritural opera-se
valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em
igual à importância que deve ser restituída. seus livros, a débito da conta de ações do alienante e a

39
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

crédito da conta de ações do adquirente, à vista de SEÇÃO VII


ordem escrita do alienante, ou de autorização ou or- Constituição de Direitos Reais e Outros Ônus
dem judicial, em documento hábil que ficará em po- Penhor
der da instituição.
        § 2º A instituição depositária fornecerá ao         Art. 39. O penhor ou caução de ações se consti-
acionista extrato da conta de depósito das ações es- tui pela averbação do respectivo instrumento no livro de
criturais, sempre que solicitado, ao término de todo Registro de Ações Nominativas. (Redação dada pela Lei nº
mês em que for movimentada e, ainda que não haja 9.457, de 1997)
movimentação, ao menos uma vez por ano.         § 1º O penhor da ação escritural se constitui pela
        § 3º O estatuto pode autorizar a instituição averbação do respectivo instrumento nos livros da insti-
depositária a cobrar do acionista o custo do serviço tuição financeira, a qual será anotada no extrato da conta
de transferência da propriedade das ações escritu- de depósito fornecido ao acionista.
rais, observados os limites máximos fixados pela Co-         § 2º Em qualquer caso, a companhia, ou a insti-
missão de Valores Mobiliários. tuição financeira, tem o direito de exigir, para seu arquivo,
um exemplar do instrumento de penhor.
Limitações à Circulação
         Art. 36. O estatuto da companhia fechada Outros Direitos e Ônus
pode impor limitações à circulação das ações nomi-         Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação
nativas, contanto que regule minuciosamente tais li- fiduciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que
mitações e não impeça a negociação, nem sujeite o gravarem a ação deverão ser averbados:
acionista ao arbítrio dos órgãos de administração da         I - se nominativa, no livro de “Registro de Ações
companhia ou da maioria dos acionistas. Nominativas”;
        Parágrafo único. A limitação à circulação         II - se escritural, nos livros da instituição finan-
criada por alteração estatutária somente se aplicará ceira, que os anotará no extrato da conta de depósito for-
às ações cujos titulares com ela expressamente con- necida ao acionista. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de
cordarem, mediante pedido de averbação no livro de 1997)
“Registro de Ações Nominativas”.         Parágrafo único. Mediante averbação nos termos
deste artigo, a promessa de venda da ação e o direito de
Suspensão dos Serviços de Certificados preferência à sua aquisição são oponíveis a terceiros.
        Art. 37. A companhia aberta pode, mediante
comunicação às bolsas de valores em que suas ações SEÇÃO VIII
forem negociadas e publicação de anúncio, suspen- Custódia de Ações Fungíveis
der, por períodos que não ultrapassem, cada um, 15
(quinze) dias, nem o total de 90 (noventa) dias du-         Art. 41. A instituição autorizada pela Comissão
rante o ano, os serviços de transferência, conversão e de Valores Mobiliários a prestar serviços de custódia de
desdobramento de certificados. ações fungíveis pode contratar custódia em que as ações
        Parágrafo único. O disposto neste artigo de cada espécie e classe da companhia sejam recebidas
não prejudicará o registro da transferência das ações em depósito como valores fungíveis, adquirindo a insti-
negociadas em bolsa anteriormente ao início do pe- tuição depositária a propriedade fiduciária das ações.(Re-
ríodo de suspensão. dação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
        § 1o A instituição depositária não pode dispor das
Perda ou Extravio ações e fica obrigada a devolver ao depositante a quanti-
         Art. 38. O titular de certificado perdido ou dade de ações recebidas, com as modificações resultantes
extraviado de ação ao portador ou endossável pode- de alterações no capital social ou no número de ações da
rá, justificando a propriedade e a perda ou extravio, companhia emissora, independentemente do número de
promover, na forma da lei processual, o procedimen- ordem das ações ou dos certificados recebidos em depó-
to de anulação e substituição para obter a expedição sito. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
de novo certificado.         § 2o Aplica-se o disposto neste artigo, no que
        § 1º Somente será admitida a anulação e couber, aos demais valores mobiliários.(Incluído pela Lei
substituição de certificado ao portador ou endossado nº 10.303, de 2001)
em branco à vista da prova, produzida pelo titular, da          § 3o  A instituição depositária ficará obrigada
destruição ou inutilização do certificado a ser subs- a comunicar à companhia emissora:(Incluído pela Lei nº
tituído. 10.303, de 2001)
        § 2º Até que o certificado seja recuperado ou         I - imediatamente, o nome do proprietário efetivo
substituído, as transferências poderão ser averbadas quando houver qualquer evento societário que exija a sua
sob condição, cabendo à companhia exigir do titular, identificação; e (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
para satisfazer dividendo e demais direitos, garantia         II - no prazo de até 10 (dez) dias, a contratação da
idônea de sua eventual restituição. custódia e a criação de ônus ou gravames sobre as ações.
(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

40
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 4o A propriedade das ações em custódia fungí-        § 3º Os certificados de depósito de ações serão
vel será provada pelo contrato firmado entre o proprietário nominativos, podendo ser mantidos sob o sistema escritu-
das ações e a instituição depositária.(Incluído pela Lei nº ral. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
10.303, de 2001)         § 4º Os certificados de depósito de ações poderão,
        § 5o A instituição tem as obrigações de depositária a pedido do seu titular, e por sua conta, ser desdobrados
e responde perante o acionista e terceiros pelo descum- ou grupados.
primento de suas obrigações.(Incluído pela Lei nº 10.303,         § 5º Aplicam-se ao endosso do certificado, no
de 2001) que couber, as normas que regulam o endosso de títulos
cambiários.
Representação e Responsabilidade
        Art. 42. A instituição financeira representa, perante SEÇÃO X
a companhia, os titulares das ações recebidas em custódia Resgate, Amortização e Reembolso
nos termos do artigo 41, para receber dividendos e ações Resgate e Amortização
bonificadas e exercer direito de preferência para subscrição
de ações.         Art. 44. O estatuto ou a assembleia-geral extraor-
        § 1º Sempre que houver distribuição de dividen- dinária pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no
dos ou bonificação de ações e, em qualquer caso, ao me- resgate ou na amortização de ações, determinando as con-
nos uma vez por ano, a instituição financeira fornecerá à dições e o modo de proceder-se à operação.
companhia a lista dos depositantes de ações recebidas nos         § 1º O resgate consiste no pagamento do valor das
termos deste artigo, assim como a quantidade de ações de ações para retirá-las definitivamente de circulação, com re-
cada um. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) dução ou não do capital social, mantido o mesmo capital,
        § 2º O depositante pode, a qualquer tempo, ex- será atribuído, quando for o caso, novo valor nominal às
tinguir a custódia e pedir a devolução dos certificados de ações remanescentes.
suas ações.         § 2º A amortização consiste na distribuição aos
        § 3º A companhia não responde perante o acionis- acionistas, a título de antecipação e sem redução do capital
ta nem terceiros pelos atos da instituição depositária das social, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de
ações. liquidação da companhia.
        § 3º A amortização pode ser integral ou parcial e
SEÇÃO IX abranger todas as classes de ações ou só uma delas.
Certificado de Depósito de Ações         § 4º O resgate e a amortização que não abran-
gerem a totalidade das ações de uma mesma classe serão
        Art. 43. A instituição financeira autorizada a fun- feitos mediante sorteio; sorteadas ações custodiadas nos
cionar como agente emissor de certificados (art. 27) pode termos do artigo 41, a instituição financeira especificará,
emitir título representativo das ações que receber em de- mediante rateio, as resgatadas ou amortizadas, se outra
pósito, do qual constarão: (Redação dada pela Lei nº 9.457, forma não estiver prevista no contrato de custódia.
de 1997)         § 5º As ações integralmente amortizadas poderão
        I - o local e a data da emissão; ser substituídas por ações de fruição, com as restrições fi-
        II - o nome da instituição emitente e as assinaturas xadas pelo estatuto ou pela assembleia-geral que deliberar
de seus representantes; a amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da
        III - a denominação “Certificado de Depósito de companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao acervo
Ações”; líquido depois de assegurado às ações não a amortizadas
        IV - a especificação das ações depositadas; valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente.
        V - a declaração de que as ações depositadas, seus         § 6o Salvo disposição em contrário do estatuto
rendimentos e o valor recebido nos casos de resgate ou social, o resgate de ações de uma ou mais classes só será
amortização somente serão entregues ao titular do certifi- efetuado se, em assembleia especial convocada para deli-
cado de depósito, contra apresentação deste; berar essa matéria específica, for aprovado por acionistas
        VI - o nome e a qualificação do depositante; que representem, no mínimo, a metade das ações da(s)
        VII - o preço do depósito cobrado pelo banco, se classe(s) atingida(s).(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
devido na entrega das ações depositadas;
        VIII - o lugar da entrega do objeto do depósito. Reembolso
        § 1º A instituição financeira responde pela origem         Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos
e autenticidade dos certificados das ações depositadas. casos previstos em lei, a companhia paga aos acionistas
        § 2º Emitido o certificado de depósito, as ações dissidentes de deliberação da assembleia-geral o valor de
depositadas, seus rendimentos, o valor de resgate ou de suas ações.
amortização não poderão ser objeto de penhora, arresto,         § 1º O estatuto pode estabelecer normas para
sequestro, busca ou apreensão, ou qualquer outro emba- a determinação do valor de reembolso, que, entretan-
raço que impeça sua entrega ao titular do certificado, mas to, somente poderá ser inferior ao valor de patrimônio
este poderá ser objeto de penhora ou de qualquer medida líquido constante do último balanço aprovado pela as-
cautelar por obrigação do seu titular. sembleia-geral, observado o disposto no § 2º, se estipu-

41
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

lado com base no valor econômico da companhia, a ser CAPÍTULO IV


apurado em avaliação (§§ 3º e 4º).  (Redação dada pela Partes Beneficiárias
Lei nº 9.457, de 1997) Características
        § 2º Se a deliberação da assembleia-geral ocorrer
mais de 60 (sessenta) dias depois da data do último balan-         Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tem-
ço aprovado, será facultado ao acionista dissidente pedir, po, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao
juntamente com o reembolso, levantamento de balanço capital social, denominados “partes beneficiárias”.
especial em data que atenda àquele prazo.         § 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus
        Nesse caso, a companhia pagará imediatamente titulares direito de crédito eventual contra a companhia,
80% (oitenta por cento) do valor de reembolso calculado consistente na participação nos lucros anuais (artigo
com base no último balanço e, levantado o balanço espe- 190).
cial, pagará o saldo no prazo de 120 (cento e vinte), dias a         § 2º A participação atribuída às partes benefi-
contar da data da deliberação da assembleia-geral. ciárias, inclusive para formação de reserva para resgate,
        § 3º Se o estatuto determinar a avaliação da ação se houver, não ultrapassará 0,1 (um décimo) dos lucros.
para efeito de reembolso, o valor será o determinado por         § 3º É vedado conferir às partes beneficiárias
três peritos ou empresa especializada, mediante laudo que qualquer direito privativo de acionista, salvo o de fisca-
satisfaça os requisitos do § 1º do art. 8º e com a responsa- lizar, nos termos desta Lei, os atos dos administradores.
bilidade prevista no § 6º do mesmo artigo. (Redação dada         § 4º É proibida a criação de mais de uma classe
pela Lei nº 9.457, de 1997) ou série de partes beneficiárias.
        § 4º Os peritos ou empresa especializada serão in-
dicados em lista sêxtupla ou tríplice, respectivamente, pelo Emissão
Conselho de Administração ou, se não houver, pela dire-          Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser
toria, e escolhidos pela Assembleia-geral em deliberação alienadas pela companhia, nas condições determinadas
tomada por maioria absoluta de votos, não se computando pelo estatuto ou pela assembleia-geral, ou atribuídas a
os votos em branco, cabendo a cada ação, independente- fundadores, acionistas ou terceiros, como remuneração
mente de sua espécie ou classe, o direito a um voto. (Reda- de serviços prestados à companhia.
ção dada pela Lei nº 9.457, de 1997)         Parágrafo único. É vedado às companhias aber-
        § 5º O valor de reembolso poderá ser pago à conta tas emitir partes beneficiárias.(Redação dada pela Lei nº
de lucros ou reservas, exceto a legal, e nesse caso as ações 10.303, de 2001)
reembolsadas ficarão em tesouraria.  (Redação dada pela
Lei nº 9.457, de 1997) Resgate e Conversão
       § 6º Se, no prazo de cento e vinte dias, a contar          Art. 48. O estatuto fixará o prazo de duração
da publicação da ata da assembleia, não forem substituí- das partes beneficiárias e, sempre que estipular resgate,
dos os acionistas cujas ações tenham sido reembolsadas deverá criar reserva especial para esse fim.
à conta do capital social, este considerar-se-á reduzido no         § 1º O prazo de duração das partes beneficiá-
montante correspondente, cumprindo aos órgãos da ad- rias atribuídas gratuitamente, salvo as destinadas a so-
ministração convocar a assembleia-geral, dentro de cinco ciedades ou fundações beneficentes dos empregados da
dias, para tomar conhecimento daquela redução. (Redação companhia, não poderá ultrapassar 10 (dez) anos.
dada pela Lei nº 9.457, de 1997)         § 2º O estatuto poderá prever a conversão das
        § 7º Se sobrevier a falência da sociedade, os acio- partes beneficiárias em ações, mediante capitalização de
nistas dissidentes, credores pelo reembolso de suas ações, reserva criada para esse fim.
serão classificados como quirografários em quadro sepa-         § 3º No caso de liquidação da companhia, solvi-
rado, e os rateios que lhes couberem serão imputados no do o passivo exigível, os titulares das partes beneficiárias
pagamento dos créditos constituídos anteriormente à data terão direito de preferência sobre o que restar do ativo
da publicação da ata da assembleia. As quantias assim atri- até a importância da reserva para resgate ou conversão.
buídas aos créditos mais antigos não se deduzirão dos cré-
ditos dos ex-acionistas, que subsistirão integralmente para Certificados
serem satisfeitos pelos bens da massa, depois de pagos os         Art. 49. Os certificados das partes beneficiárias
primeiros. (Incluído pela Lei nº 9.457, de 1997) conterão:
        § 8º Se, quando ocorrer a falência, já se houver efe-         I - a denominação “parte beneficiária”;
tuado, à conta do capital social, o reembolso dos ex-acio-         II - a denominação da companhia, sua sede e
nistas, estes não tiverem sido substituídos, e a massa não prazo de duração;
bastar para o pagamento dos créditos mais antigos, caberá         III - o valor do capital social, a data do ato que
ação revocatória para restituição do reembolso pago com o fixou e o número de ações em que se divide;
redução do capital social, até a concorrência do que rema-         IV - o número de partes beneficiárias criadas
nescer dessa parte do passivo. A restituição será havida, pela companhia e o respectivo número de ordem;
na mesma proporção, de todos os acionistas cujas ações         V - os direitos que lhes serão atribuídos pelo
tenham sido reembolsadas. (Incluído pela Lei nº 9.457, de estatuto, o prazo de duração e as condições de resgate,
1997) se houver;

42
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        VI - a data da constituição da companhia e do        § 1o A debênture poderá conter cláusula de cor-
arquivamento e publicação dos seus atos constitutivos; reção monetária, com base nos coeficientes fixados para
        VII - o nome do beneficiário; (Redação dada pela correção de títulos da dívida pública, na variação da taxa
Lei nº 9.457, de 1997) cambial ou em outros referenciais não expressamente ve-
        VIII - a data da emissão do certificado e as assi- dados em lei. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
naturas de dois diretores. (Redação dada pela Lei nº 9.457,         § 2o A escritura de debênture poderá assegurar
de 1997) ao debenturista a opção de escolher receber o pagamento
do principal e acessórios, quando do vencimento, amor-
Forma, Propriedade, Circulação e Ônus tização ou resgate, em moeda ou em bens avaliados nos
        Art. 50. As partes beneficiárias serão nominativas termos do art. 8o. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
e a elas se aplica, no que couber, o disposto nas seções V a
VII do Capítulo III. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) Vencimento, Amortização e Resgate
        § 1º As partes beneficiárias serão registradas em Art. 55. A época do vencimento da debênture deverá
livros próprios, mantidos pela companhia. (Redação dada constar da escritura de emissão e do certificado, podendo
pela Lei nº 9.457, de 1997) a companhia estipular amortizações parciais de cada sé-
        § 2º As partes beneficiárias podem ser objeto de de- rie, criar fundos de amortização e reservar-se o direito de
pósito com emissão de certificado, nos termos do artigo 43. resgate antecipado, parcial ou total, dos títulos da mesma
série.
Modificação dos Direitos § 1o  A amortização de debêntures da mesma série
        Art. 51. A reforma do estatuto que modificar ou deve ser feita mediante rateio. (Redação dada pela Lei nº
reduzir as vantagens conferidas às partes beneficiárias só 12.431, de 2011).
terá eficácia quando aprovada pela metade, no mínimo, § 2o  O resgate parcial de debêntures da mesma série
dos seus titulares, reunidos em assembleia-geral especial. deve ser feito: (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011).
        § 1º A assembleia será convocada, através da I - mediante sorteio; ou (Incluído pela Lei nº 12.431, de
imprensa, de acordo com as exigências para convocação 2011).
das assembleias de acionistas, com 1 (um) mês de antece- II - se as debêntures estiverem cotadas por preço in-
dência, no mínimo. Se, após 2 (duas) convocações, deixar ferior ao valor nominal, por compra no mercado organiza-
de instalar-se por falta de número, somente 6 (seis) meses do de valores mobiliários, observadas as regras expedidas
depois outra poderá ser convocada. pela Comissão de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei nº
        § 2º Cada parte beneficiária dá direito a 1 (um) 12.431, de 2011).
voto, não podendo a companhia votar com os títulos que § 3o  É facultado à companhia adquirir debêntures de
possuir em tesouraria. sua emissão: (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011).
        § 3º A emissão de partes beneficiárias poderá ser I - por valor igual ou inferior ao nominal, devendo o fato
feita com a nomeação de agente fiduciário dos seus titulares, constar do relatório da administração e das demonstrações
observado, no que couber, o disposto nos artigos 66 a 71. financeiras; ou (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011).
II - por valor superior ao nominal, desde que obser-
CAPÍTULO V ve as regras expedidas pela Comissão de Valores Mobiliá-
Debêntures rios. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011).
Características § 4o  A companhia poderá emitir debêntures cujo ven-
cimento somente ocorra nos casos de inadimplência da
        Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que obrigação de pagar juros e dissolução da companhia, ou
conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas de outras condições previstas no título.  (Incluído pela Lei
condições constantes da escritura de emissão e, se houver, nº 12.431, de 2011).
do certificado.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
Juros e Outros Direitos
SEÇÃO I         Art. 56. A debênture poderá assegurar ao seu titu-
Direito dos Debenturistas lar juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da com-
Emissões e Séries panhia e prêmio de reembolso.

        Art. 53. A companhia poderá efetuar mais de uma emis- Conversibilidade em Ações
são de debêntures, e cada emissão pode ser dividida em séries.         Art. 57. A debênture poderá ser conversível em
        Parágrafo único. As debêntures da mesma série ações nas condições constantes da escritura de emissão,
terão igual valor nominal e conferirão a seus titulares os que especificará:
mesmos direitos.         I - as bases da conversão, seja em número de ações
Valor Nominal em que poderá ser convertida cada debênture, seja como
        Art. 54. A debênture terá valor nominal expresso relação entre o valor nominal da debênture e o preço de
em moeda nacional, salvo nos casos de obrigação que, emissão das ações;
nos termos da legislação em vigor, possa ter o pagamento         II - a espécie e a classe das ações em que poderá
estipulado em moeda estrangeira. ser convertida;

43
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        III - o prazo ou época para o exercício do direito IV - as condições da correção monetária, se houver;
à conversão; V - a conversibilidade ou não em ações e as condições
        IV - as demais condições a que a conversão acaso a serem observadas na conversão;
fique sujeita. VI - a época e as condições de vencimento, amortiza-
        § 1º Os acionistas terão direito de preferência para ção ou resgate;
subscrever a emissão de debêntures com cláusula de con- VII - a época e as condições do pagamento dos juros,
versibilidade em ações, observado o disposto nos artigos da participação nos lucros e do prêmio de reembolso, se
171 e 172. houver;
        § 2º Enquanto puder ser exercido o direito à con- VIII - o modo de subscrição ou colocação, e o tipo das
versão, dependerá de prévia aprovação dos debenturistas, debêntures.
em assembleia especial, ou de seu agente fiduciário, a alte- § 1o  Na companhia aberta, o conselho de administra-
ração do estatuto para: ção pode deliberar sobre a emissão de debêntures não
        a) mudar o objeto da companhia; conversíveis em ações, salvo disposição estatutária em
        b) criar ações preferenciais ou modificar as van- contrário. (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011).
tagens das existentes, em prejuízo das ações em que são § 2o  O estatuto da companhia aberta poderá autorizar
conversíveis as debêntures. o conselho de administração a, dentro dos limites do ca-
pital autorizado, deliberar sobre a emissão de debêntures
SEÇÃO II conversíveis em ações, especificando o limite do aumento
Espécies de capital decorrente da conversão das debêntures, em va-
lor do capital social ou em número de ações, e as espécies
        Art. 58. A debênture poderá, conforme dispuser a e classes das ações que poderão ser emitidas.  (Redação
escritura de emissão, ter garantia real ou garantia flutuante, dada pela Lei nº 12.431, de 2011).
não gozar de preferência ou ser subordinada aos demais § 3o  A assembleia geral pode deliberar que a emissão
credores da companhia. terá valor e número de série indeterminados, dentro dos
        § 1º A garantia flutuante assegura à debênture pri- limites por ela fixados. (Redação dada pela Lei nº 12.431,
vilégio geral sobre o ativo da companhia, mas não impede de 2011).
a negociação dos bens que compõem esse ativo. § 4o  Nos casos não previstos nos §§ 1o e 2o, a assem-
        § 2º As garantias poderão ser constituídas cumu- bleia geral pode delegar ao conselho de administração a
lativamente. deliberação sobre as condições de que tratam os incisos VI
        § 3º As debêntures com garantia flutuante de nova a VIII do caput e sobre a oportunidade da emissão. (Incluí-
emissão são preferidas pelas de emissão ou emissões an- do pela Lei nº 12.431, de 2011).
teriores, e a prioridade se estabelece pela data da inscrição
da escritura de emissão; mas dentro da mesma emissão, as Limite de Emissão
séries concorrem em igualdade. Escritura de Emissão
        § 4º A debênture que não gozar de garantia po-         Art. 61. A companhia fará constar da escritura de
derá conter cláusula de subordinação aos credores quiro- emissão os direitos conferidos pelas debêntures, suas ga-
grafários, preferindo apenas aos acionistas no ativo rema- rantias e demais cláusulas ou condições.
nescente, se houver, em caso de liquidação da companhia.         § 1º A escritura de emissão, por instrumento
        § 5º A obrigação de não alienar ou onerar bem público ou particular, de debêntures distribuídas ou admi-
imóvel ou outro bem sujeito a registro de propriedade, as- tidas à negociação no mercado, terá obrigatoriamente a
sumida pela companhia na escritura de emissão, é oponível intervenção de agente fiduciário dos debenturistas (artigos
a terceiros, desde que averbada no competente registro. 66 a 70).
        § 6º As debêntures emitidas por companhia in-         § 2º Cada nova série da mesma emissão será ob-
tegrante de grupo de sociedades (artigo 265) poderão ter jeto de aditamento à respectiva escritura.
garantia flutuante do ativo de 2 (duas) ou mais sociedades         § 3º A Comissão de Valores Mobiliários poderá
do grupo. aprovar padrões de cláusulas e condições que devam ser
adotados nas escrituras de emissão de debêntures desti-
SEÇÃO III nadas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão, e
Criação e Emissão recusar a admissão ao mercado da emissão que não satis-
Competência faça a esses padrões.

Art. 59. A deliberação sobre emissão de debêntures é Registro


da competência privativa da assembleia-geral, que deverá          Art. 62. Nenhuma emissão de debêntures será
fixar, observado o que a respeito dispuser o estatuto: feita sem que tenham sido satisfeitos os seguintes requisi-
I - o valor da emissão ou os critérios de determinação tos: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
do seu limite, e a sua divisão em séries, se for o caso;         I - arquivamento, no registro do comércio, e pu-
II - o número e o valor nominal das debêntures; blicação da ata da assembleia-geral, ou do conselho de ad-
III - as garantias reais ou a garantia flutuante, se hou- ministração, que deliberou sobre a emissão; (Redação dada
ver; pela Lei nº 10.303, de 2001)

44
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        II - inscrição da escritura de emissão no registro         X - o nome do debenturista; (Redação dada pela
do comércio; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Lei nº 9.457, de 1997)
        III - constituição das garantias reais, se for o caso.         XI - o nome do agente fiduciário dos debenturis-
        § 1º Os administradores da companhia respondem tas, se houver; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
pelas perdas e danos causados à companhia ou a terceiros         XII - a data da emissão do certificado e a assina-
por infração deste artigo. tura de dois diretores da companhia; (Redação dada pela
        § 2º O agente fiduciário e qualquer debenturis- Lei nº 9.457, de 1997)
ta poderão promover os registros requeridos neste artigo         XIII - a autenticação do agente fiduciário, se for
e sanar as lacunas e irregularidades porventura existentes o caso. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
nos registros promovidos pelos administradores da com-
panhia; neste caso, o oficial do registro notificará a admi- Títulos Múltiplos e Cautelas
nistração da companhia para que lhe forneça as indicações         Art. 65. A companhia poderá emitir certificados
e documentos necessários. de múltiplos de debêntures e, provisoriamente, cautelas
        § 3º Os aditamentos à escritura de emissão serão que as representem, satisfeitos os requisitos do artigo 64.
averbados nos mesmos registros.         § 1º Os títulos múltiplos de debêntures das com-
        § 4o Os registros do comércio manterão livro es- panhias abertas obedecerão à padronização de quanti-
pecial para inscrição das emissões de debêntures, no qual dade fixada pela Comissão de Valores Mobiliários.
serão anotadas as condições essenciais de cada emissão.         § 2º Nas condições previstas na escritura de
(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) emissão com nomeação de agente fiduciário, os certifica-
dos poderão ser substituídos, desdobrados ou grupados.
SEÇÃO IV
Forma, Propriedade, Circulação e Ônus SEÇÃO VI
Agente Fiduciário dos Debenturistas
        Art. 63. As debêntures serão nominativas, apli- Requisitos e Incompatibilidades
cando-se, no que couber, o disposto nas seções V a VII do
Capítulo III. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
Art. 66. O agente fiduciário será nomeado e deverá
        § 1o As debêntures podem ser objeto de depósito
aceitar a função na escritura de emissão das debêntures.
com emissão de certificado, nos termos do art. 43. (Reda-
§ 1º Somente podem ser nomeados agentes fidu-
ção dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
ciários as pessoas naturais que satisfaçam aos requisitos
        § 2o A escritura de emissão pode estabelecer que
para o exercício de cargo em órgão de administração da
as debêntures sejam mantidas em contas de custódia, em
companhia e as instituições financeiras que, especial-
nome de seus titulares, na instituição que designar, sem
mente autorizadas pelo Banco Central do Brasil, tenham
emissão de certificados, aplicando-se, no que couber, o
disposto no art. 41.(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) por objeto a administração ou a custódia de bens de ter-
ceiros.
SEÇÃO V § 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá esta-
Certificados belecer que nas emissões de debêntures negociadas no
Requisitos mercado o agente fiduciário, ou um dos agentes fiduciá-
rios, seja instituição financeira.
        Art. 64. Os certificados das debêntures conterão: § 3º Não pode ser agente fiduciário:
        I - a denominação, sede, prazo de duração e objeto a) pessoa que já exerça a função em outra emissão da
da companhia; mesma companhia, a menos que autorizado, nos termos
        II - a data da constituição da companhia e do ar- das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliá-
quivamento e publicação dos seus atos constitutivos; rios; (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011).
        III - a data da publicação da ata da assembleia-ge- b) instituição financeira coligada à companhia emis-
ral que deliberou sobre a emissão; sora ou à entidade que subscreva a emissão para distri-
        IV - a data e ofício do registro de imóveis em que buí-la no mercado, e qualquer sociedade por elas con-
foi inscrita a emissão; trolada;
        V - a denominação “Debênture” e a indicação da c) credor, por qualquer título, da sociedade emissora,
sua espécie, pelas palavras “com garantia real”, “com ga- ou sociedade por ele controlada;
rantia flutuante”, “sem preferência” ou “subordinada”; d) instituição financeira cujos administradores te-
        VI - a designação da emissão e da série; nham interesse na companhia emissora;
        VII - o número de ordem; e) pessoa que, de qualquer outro modo, se coloque
        VIII - o valor nominal e a cláusula de correção em situação de conflito de interesses pelo exercício da
monetária, se houver, as condições de vencimento, amor- função.
tização, resgate, juros, participação no lucro ou prêmio de § 4º O agente fiduciário que, por circunstâncias pos-
reembolso, e a época em que serão devidos; teriores à emissão, ficar impedido de continuar a exercer
        IX - as condições de conversibilidade em ações, a função deverá comunicar imediatamente o fato aos de-
se for o caso; benturistas e pedir sua substituição.

45
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Substituição, Remuneração e Fiscalização         § 4º O agente fiduciário responde perante


        Art. 67. A escritura de emissão estabelecerá as con- os debenturistas pelos prejuízos que lhes causar por
dições de substituição e remuneração do agente fiduciário, culpa ou dolo no exercício das suas funções.
observadas as normas expedidas pela Comissão de Valores         § 5º O crédito do agente fiduciário por
Mobiliários. despesas que tenha feito para proteger direitos e in-
        Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliá- teresses ou realizar créditos dos debenturistas será
rios fiscalizará o exercício da função de agente fiduciário acrescido à dívida da companhia emissora, gozará
das emissões distribuídas no mercado, ou de debêntures das mesmas garantias das debêntures e preferirá a
negociadas em bolsa ou no mercado de balcão, podendo: estas na ordem de pagamento.
        a) nomear substituto provisório, nos casos de         § 6º Serão reputadas não-escritas as cláusulas
vacância; da escritura de emissão que restringirem os deveres,
        b) suspender o agente fiduciário de suas funções atribuições e responsabilidade do agente fiduciário
e dar-lhe substituto, se deixar de cumprir os seus deveres. previstos neste artigo.

Deveres e Atribuições Outras Funções


        Art. 68. O agente fiduciário representa, nos ter-         Art. 69. A escritura de emissão poderá ainda atri-
mos desta Lei e da escritura de emissão, a comunhão buir ao agente fiduciário as funções de autenticar os certifi-
dos debenturistas perante a companhia emissora. cados de debêntures, administrar o fundo de amortização,
        § 1º São deveres do agente fiduciário: manter em custódia bens dados em garantia e efetuar os
        a) proteger os direitos e interesses dos de- pagamentos de juros, amortização e resgate.
benturistas, empregando no exercício da função o cui-
dado e a diligência que todo homem ativo e probo Substituição de Garantias e Modificação da Escri-
costuma empregar na administração de seus próprios tura
bens;         Art. 70. A substituição de bens dados em garantia,
        b) elaborar relatório e colocá-lo anualmente quando autorizada na escritura de emissão, dependerá da
a disposição dos debenturistas, dentro de 4 (quatro) concordância do agente fiduciário.
meses do encerramento do exercício social da com-         Parágrafo único. O agente fiduciário não tem
panhia, informando os fatos relevantes ocorridos du- poderes para acordar na modificação das cláusulas e con-
rante o exercício, relativos à execução das obrigações dições da emissão.
assumidas pela companhia, aos bens garantidores das
debêntures e à constituição e aplicação do fundo de SEÇÃO VII
amortização, se houver, do relatório constará, ainda, Assembleia de Debenturistas
declaração do agente sobre sua aptidão para conti-
nuar no exercício da função;          Art. 71. Os titulares de debêntures da mesma
        c) notificar os debenturistas, no prazo máximo emissão ou série podem, a qualquer tempo, reunir-se em
de 60 (sessenta) dias, de qualquer inadimplemento, assembleia a fim de deliberar sobre matéria de interesse da
pela companhia, de obrigações assumidas na escritura comunhão dos debenturistas.
da emissão.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)         § 1º A assembleia de debenturistas pode ser con-
        § 2º A escritura de emissão disporá sobre o vocada pelo agente fiduciário, pela companhia emissora,
modo de cumprimento dos deveres de que tratam as por debenturistas que representem 10% (dez por cento),
alíneas b e c do parágrafo anterior. no mínimo, dos títulos em circulação, e pela Comissão de
        § 3º O agente fiduciário pode usar de qualquer Valores Mobiliários.
ação para proteger direitos ou defender interesses dos         § 2º Aplica-se à assembleia de debenturistas, no
debenturistas, sendo-lhe especialmente facultado, no que couber, o disposto nesta Lei sobre a assembleia-geral
caso de inadimplemento da companhia: de acionistas.
        a) declarar, observadas as condições da escri-         § 3º A assembleia se instalará, em primeira convo-
tura de emissão, antecipadamente vencidas as debên- cação, com a presença de debenturistas que representem
tures e cobrar o seu principal e acessórios; metade, no mínimo, das debêntures em circulação, e, em
        b) executar garantias reais, receber o produ- segunda convocação, com qualquer número.
to da cobrança e aplicá-lo no pagamento, integral ou
        § 4º O agente fiduciário deverá comparecer à
proporcional, dos debenturistas;
assembleia e prestar aos debenturistas as informações que
        c) requerer a falência da companhia emissora,
lhe forem solicitadas.
se não existirem garantias reais;
        § 5º A escritura de emissão estabelecerá a maioria
        d) representar os debenturistas em processos
necessária, que não será inferior à metade das debêntures
de falência, concordata, intervenção ou liquidação ex-
em circulação, para aprovar modificação nas condições das
trajudicial da companhia emissora, salvo deliberação
debêntures.
em contrário da assembleia dos debenturistas;
        e) tomar qualquer providência necessária para         § 6º Nas deliberações da assembleia, a cada de-
que os debenturistas realizem os seus créditos. bênture caberá um voto.

46
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Seção VIII         § 4º A negociação, no mercado de capitais do


Cédula Pignoratícia de Debêntures Brasil, de debêntures emitidas no estrangeiro, depende de
Cédula de debêntures prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários.
(Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
SEÇÃO X
         Art. 72. As instituições financeiras autorizadas Extinção
pelo Banco Central do Brasil a efetuar esse tipo de opera-
ção poderão emitir cédulas lastreadas em debêntures, com         Art. 74. A companhia emissora fará, nos livros pró-
garantia própria, que conferirão a seus titulares direito de prios, as anotações referentes à extinção das debêntures,
crédito contra o emitente, pelo valor nominal e os juros e manterá arquivados, pelo prazo de 5 (cinco) anos, junta-
nela estipulados. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) mente com os documentos relativos à extinção, os certifi-
         § 1º A cédula será nominativa, escritural ou cados cancelados ou os recibos dos titulares das contas das
não. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) debêntures escriturais.
        § 2º O certificado da cédula conterá as seguintes         § 1º Se a emissão tiver agente fiduciário, caberá a
declarações: este fiscalizar o cancelamento dos certificados.
        a) o nome da instituição financeira emitente e as         § 2º Os administradores da companhia respon-
assinaturas dos seus representantes; derão solidariamente pelas perdas e danos decorrentes da
        b) o número de ordem, o local e a data da emissão; infração do disposto neste artigo.
        c) a denominação Cédula de Debêntures; (Redação
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) CAPÍTULO VI
        d) o valor nominal e a data do vencimento; Bônus de Subscrição
        e) os juros, que poderão ser fixos ou variáveis, e as Características
épocas do seu pagamento;
        f) o lugar do pagamento do principal e dos juros;         Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do
        g) a identificação das debêntures-lastro, do seu limite de aumento de capital autorizado no estatuto (artigo
valor e da garantia constituída; (Redação dada pela Lei nº 168), títulos negociáveis denominados “Bônus de Subscri-
9.457, de 1997) ção”.
        h) o nome do agente fiduciário dos debenturistas;         Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferi-
        i) a cláusula de correção monetária, se houver; rão aos seus titulares, nas condições constantes do certifi-
        j) o nome do titular.  (Redação dada pela Lei nº cado, direito de subscrever ações do capital social, que será
9.457, de 1997) exercido mediante apresentação do título à companhia e
pagamento do preço de emissão das ações.
SEÇÃO IX
Emissão de Debêntures no Estrangeiro Competência
        Art. 76. A deliberação sobre emissão de bônus de
        Art. 73. Somente com a prévia aprovação do Banco subscrição compete à assembleia-geral, se o estatuto não
Central do Brasil as companhias brasileiras poderão emitir a atribuir ao conselho de administração.
debêntures no exterior com garantia real ou flutuante de
bens situados no País. Emissão
        § 1º Os credores por obrigações contraídas no Bra-         Art. 77. Os bônus de subscrição serão alienados
sil terão preferência sobre os créditos por debêntures emiti- pela companhia ou por ela atribuídos, como vantagem adi-
das no exterior por companhias estrangeiras autorizadas a cional, aos subscritos de emissões de suas ações ou debên-
funcionar no País, salvo se a emissão tiver sido previamente tures.
autorizada pelo Banco Central do Brasil e o seu produto apli-         Parágrafo único. Os acionistas da companhia goza-
cado em estabelecimento situado no território nacional. rão, nos termos dos artigos 171 e 172, de preferência para
        § 2º Em qualquer caso, somente poderão ser subscrever a emissão de bônus.
remetidos para o exterior o principal e os encargos de de-
bêntures registradas no Banco Central do Brasil. Forma, Propriedade e Circulação
        § 3º A emissão de debêntures no estrangeiro, além        Art. 78. Os bônus de subscrição terão a forma no-
de observar os requisitos do artigo 62, requer a inscrição, minativa.  (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
no registro de imóveis, do local da sede ou do estabeleci-         Parágrafo único. Aplica-se aos bônus de subs-
mento, dos demais documentos exigidos pelas leis do lu- crição, no que couber, o disposto nas Seções V a VII do
gar da emissão, autenticadas de acordo com a lei aplicável, Capítulo III.
legalizadas pelo consulado brasileiro no exterior e acom- Certificados
panhados de tradução em vernáculo, feita por tradutor pú-         Art. 79. O certificado de bônus de subscrição con-
blico juramentado; e, no caso de companhia estrangeira, terá as seguintes declarações:
o arquivamento no registro do comércio e publicação do         I - as previstas nos números I a IV do artigo 24;
ato que, de acordo com o estatuto social e a lei do local da         II - a denominação “Bônus de Subscrição”;
sede, tenha autorizado a emissão.         III - o número de ordem;

47
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        IV - o número, a espécie e a classe das ações que         c) o prospecto, organizado e assinado pelos fun-
poderão ser subscritas, o preço de emissão ou os critérios dadores e pela instituição financeira intermediária.
para sua determinação;         § 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá
        V - a época em que o direito de subscrição po- condicionar o registro a modificações no estatuto ou no
derá ser exercido e a data do término do prazo para esse prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do
exercício; empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores.
        VI - o nome do titular; (Redação dada pela Lei nº
9.457, de 1997) Projeto de Estatuto
        VII - a data da emissão do certificado e as assi-         Art. 83. O projeto de estatuto deverá satisfazer a
naturas de dois diretores. (Redação dada pela Lei nº 9.457, todos os requisitos exigidos para os contratos das socieda-
de 1997) des mercantis em geral e aos peculiares às companhias, e
conterá as normas pelas quais se regerá a companhia.
CAPÍTULO VII
Constituição da Companhia Prospecto
SEÇÃO I         Art. 84. O prospecto deverá mencionar, com pre-
Requisitos Preliminares cisão e clareza, as bases da companhia e os motivos que
justifiquem a expectativa de bom êxito do empreendimen-
        Art. 80. A constituição da companhia depende do to, e em especial:
cumprimento dos seguintes requisitos preliminares:         I - o valor do capital social a ser subscrito, o modo
        I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de sua realização e a existência ou não de autorização para
de todas as ações em que se divide o capital social fixado aumento futuro;
no estatuto;         II - a parte do capital a ser formada com bens, a
        II - realização, como entrada, de 10% (dez por cen- discriminação desses bens e o valor a eles atribuídos pelos
to), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas fundadores;
em dinheiro;         III - o número, as espécies e classes de ações em
        III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro que se dividirá o capital; o valor nominal das ações, e o
estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Va- preço da emissão das ações;
lores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.         IV - a importância da entrada a ser realizada no
        Parágrafo único. O disposto no número II não se ato da subscrição;
aplica às companhias para as quais a lei exige realização         V - as obrigações assumidas pelos fundadores, os
inicial de parte maior do capital social. contratos assinados no interesse da futura companhia e as
quantias já despendidas e por despender;
Depósito da Entrada         VI - as vantagens particulares, a que terão direito
        Art. 81. O depósito referido no número III do artigo os fundadores ou terceiros, e o dispositivo do projeto do
80 deverá ser feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) estatuto que as regula;
dias contados do recebimento das quantias, em nome do         VII - a autorização governamental para constituir-
subscritor e a favor da sociedade em organização, que só -se a companhia, se necessária;
poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade ju-         VIII - as datas de início e término da subscrição e
rídica. as instituições autorizadas a receber as entradas;
        Parágrafo único. Caso a companhia não se consti-         IX - a solução prevista para o caso de excesso de
tua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco subscrição;
restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscri-         X - o prazo dentro do qual deverá realizar-se a
tores. assembleia de constituição da companhia, ou a preliminar
para avaliação dos bens, se for o caso;
SEÇÃO II         XI - o nome, nacionalidade, estado civil, profissão
Constituição por Subscrição Pública e residência dos fundadores, ou, se pessoa jurídica, a fir-
Registro da Emissão ma ou denominação, nacionalidade e sede, bem como o
número e espécie de ações que cada um houver subscrito,
        Art. 82. A constituição de companhia por subs-         XII - a instituição financeira intermediária do lança-
crição pública depende do prévio registro da emissão na mento, em cujo poder ficarão depositados os originais do
Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente prospecto e do projeto de estatuto, com os documentos a
poderá ser efetuada com a intermediação de instituição que fizerem menção, para exame de qualquer interessado.
financeira.
        § 1º O pedido de registro de emissão obedecerá Lista, Boletim e Entrada
às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários         Art. 85. No ato da subscrição das ações a serem
e será instruído com: realizadas em dinheiro, o subscritor pagará a entrada e as-
        a) o estudo de viabilidade econômica e financeira sinará a lista ou o boletim individual autenticados pela ins-
do empreendimento; tituição autorizada a receber as entradas, qualificando-se
        b) o projeto do estatuto social; pelo nome, nacionalidade, residência, estado civil, profis-

48
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

são e documento de identidade, ou, se pessoa jurídica, pela         a) a qualificação dos subscritores, nos termos do
firma ou denominação, nacionalidade e sede, devendo es- artigo 85;
pecificar o número das ações subscritas, a sua espécie e         b) o estatuto da companhia;
classe, se houver mais de uma, e o total da entrada.         c) a relação das ações tomadas pelos subscritores
        Parágrafo único. A subscrição poderá ser feita, nas e a importância das entradas pagas;
condições previstas no prospecto, por carta à instituição,         d) a transcrição do recibo do depósito referido no
com as declarações prescritas neste artigo e o pagamento número III do artigo 80;
da entrada.         e) a transcrição do laudo de avaliação dos peri-
tos, caso tenha havido subscrição do capital social em bens
Convocação de Assembleia (artigo 8°);
        Art. 86. Encerrada a subscrição e havendo sido         f) a nomeação dos primeiros administradores e,
subscrito todo o capital social, os fundadores convocarão a quando for o caso, dos fiscais.
assembleia-geral que deverá:
        I - promover a avaliação dos bens, se for o caso SEÇÃO IV
(artigo 8º); Disposições Gerais
        II - deliberar sobre a constituição da companhia.
        Parágrafo único. Os anúncios de convocação men-         Art. 89. A incorporação de imóveis para formação
cionarão hora, dia e local da reunião e serão inseridos nos do capital social não exige escritura pública.
jornais em que houver sido feita a publicidade da oferta de         Art. 90. O subscritor pode fazer-se representar na
subscrição. assembleia-geral ou na escritura pública por procurador
com poderes especiais.
Assembleia de Constituição         Art. 91. Nos atos e publicações referentes a com-
        Art. 87. A assembleia de constituição instalar-se-á, panhia em constituição, sua denominação deverá ser adi-
em primeira convocação, com a presença de subscritores tada da cláusula “em organização”.
que representem, no mínimo, metade do capital social, e,         Art. 92. Os fundadores e as instituições financei-
em segunda convocação, com qualquer número.     (Vide ras que participarem da constituição por subscrição pú-
Decreto-Lei nº 2.296, de 1986) blica responderão, no âmbito das respectivas atribuições,
        § 1º Na assembleia, presidida por um dos funda- pelos prejuízos resultantes da inobservância de preceitos
dores e secretariada por subscritor, será lido o recibo de legais.
depósito de que trata o número III do artigo 80, bem como         Parágrafo único. Os fundadores responderão,
discutido e votado o projeto de estatuto. solidariamente, pelo prejuízo decorrente de culpa ou dolo
        § 2º Cada ação, independentemente de sua espé- em atos ou operações anteriores à constituição.
cie ou classe, dá direito a um voto; a maioria não tem poder         Art. 93. Os fundadores entregarão aos primeiros
para alterar o projeto de estatuto. administradores eleitos todos os documentos, livros ou
        § 3º Verificando-se que foram observadas as for- papéis relativos à constituição da companhia ou a esta
malidades legais e não havendo oposição de subscritores pertencentes.
que representem mais da metade do capital social, o presi-
dente declarará constituída a companhia, procedendo-se, a CAPÍTULO VIII
seguir, à eleição dos administradores e fiscais. Formalidades Complementares da Constituição,
        § 4º A ata da reunião, lavrada em duplicata, de- Arquivamento e Publicação
pois de lida e aprovada pela assembleia, será assinada por
todos os subscritores presentes, ou por quantos bastem à         Art. 94. Nenhuma companhia poderá funcionar
validade das deliberações; um exemplar ficará em poder sem que sejam arquivados e publicados seus atos consti-
da companhia e o outro será destinado ao registro do co- tutivos.
mércio. Companhia Constituída por Assembleia
SEÇÃO III         Art. 95. Se a companhia houver sido constituída
Constituição por Subscrição Particular por deliberação em assembleia-geral, deverão ser arquiva-
dos no registro do comércio do lugar da sede:
        Art. 88. A constituição da companhia por subscri-         I - um exemplar do estatuto social, assinado por
ção particular do capital pode fazer-se por deliberação dos todos os subscritores (artigo 88, § 1º) ou, se a subscrição
subscritores em assembleia-geral ou por escritura pública, houver sido pública, os originais do estatuto e do prospec-
considerando-se fundadores todos os subscritores. to, assinados pelos fundadores, bem como do jornal em
        § 1º Se a forma escolhida for a de assembleia-geral, que tiverem sido publicados;
observar-se-á o disposto nos artigos 86 e 87, devendo ser         II - a relação completa, autenticada pelos funda-
entregues à assembleia o projeto do estatuto, assinado em dores ou pelo presidente da assembleia, dos subscritores
duplicata por todos os subscritores do capital, e as listas ou do capital social, com a qualificação, número das ações e o
boletins de subscrição de todas as ações. total da entrada de cada subscritor (artigo 85);
        § 2º Preferida a escritura pública, será ela assinada         III - o recibo do depósito a que se refere o número
por todos os subscritores, e conterá: III do artigo 80;

49
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        IV - duplicata das atas das assembleias realiza- Responsabilidade dos Primeiros Administrado-
das para a avaliação de bens quando for o caso (artigo res
8º);         Art. 99. Os primeiros administradores são so-
        V - duplicata da ata da assembleia-geral dos lidariamente responsáveis perante a companhia pelos
subscritores que houver deliberado a constituição da prejuízos causados pela demora no cumprimento das
companhia (artigo 87). formalidades complementares à sua constituição.
        Parágrafo único. A companhia não responde
Companhia Constituída por Escritura Pública pelos atos ou operações praticados pelos primeiros ad-
        Art. 96. Se a companhia tiver sido constituída ministradores antes de cumpridas as formalidades de
por escritura pública, bastará o arquivamento de certi- constituição, mas a assembleia-geral poderá deliberar
dão do instrumento. em contrário.

Registro do Comércio CAPÍTULO IX


        Art. 97. Cumpre ao registro do comércio exami- Livros Sociais
nar se as prescrições legais foram observadas na consti-
tuição da companhia, bem como se no estatuto existem Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros obri-
cláusulas contrárias à lei, à ordem pública e aos bons gatórios para qualquer comerciante, os seguintes, re-
costumes. vestidos das mesmas formalidades legais:
        § 1º Se o arquivamento for negado, por inob- I -  o livro de Registro de Ações Nominativas, para
servância de prescrição ou exigência legal ou por irre- inscrição, anotação ou averbação:  (Redação dada pela
gularidade verificada na constituição da companhia, os Lei nº 9.457, de 1997)
primeiros administradores deverão convocar imediata- a) do nome do acionista e do número das suas ações;
mente a assembleia-geral para sanar a falta ou irregula- b) das entradas ou prestações de capital realizado;
ridade, ou autorizar as providências que se fizerem ne- c) das conversões de ações, de uma em outra espé-
cessárias. A instalação e funcionamento da assembleia cie ou classe; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
obedecerão ao disposto no artigo 87, devendo a deli- d) do resgate, reembolso e amortização das ações,
beração ser tomada por acionistas que representem, no ou de sua aquisição pela companhia;
mínimo, metade do capital social. Se a falta for do es- e) das mutações operadas pela alienação ou trans-
tatuto, poderá ser sanada na mesma assembleia, a qual ferência de ações;
deliberará, ainda, sobre se a companhia deve promover f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fi-
a responsabilidade civil dos fundadores (artigo 92). duciária em garantia ou de qualquer ônus que grave as
        § 2º Com a 2ª via da ata da assembleia e a ações ou obste sua negociação.
prova de ter sido sanada a falta ou irregularidade, o II - o livro de “Transferência de Ações Nominativas”,
registro do comércio procederá ao arquivamento dos para lançamento dos termos de transferência, que de-
atos constitutivos da companhia. verão ser assinados pelo cedente e pelo cessionário ou
        § 3º A criação de sucursais, filiais ou agências, seus legítimos representantes;
observado o disposto no estatuto, será arquivada no III - o livro de “Registro de Partes Beneficiárias No-
registro do comércio. minativas” e o de “Transferência de Partes Beneficiárias
Nominativas”, se tiverem sido emitidas, observando-se,
Publicação e Transferência de Bens em ambos, no que couber, o disposto nos números I e
         Art. 98. Arquivados os documentos relativos II deste artigo;
à constituição da companhia, os seus administradores IV - o livro de Atas das Assembleias Gerais;  (Reda-
providenciarão, nos 30 (trinta) dias subsequentes, a ção dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
publicação deles, bem como a de certidão do arquiva- V - o livro de Presença dos Acionistas;  (Redação
mento, em órgão oficial do local de sua sede. dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
        § 1° Um exemplar do órgão oficial deverá ser VI - os livros de Atas das Reuniões do Conselho de
arquivado no registro do comércio. Administração, se houver, e de Atas das Reuniões de
        § 2º A certidão dos atos constitutivos da com- Diretoria; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
panhia, passada pelo registro do comércio em que fo- VII - o livro de Atas e Pareceres do Conselho Fis-
ram arquivados, será o documento hábil para a transfe- cal. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
rência, por transcrição no registro público competente, § 1º A qualquer pessoa, desde que se destinem a
dos bens com que o subscritor tiver contribuído para a defesa de direitos e esclarecimento de situações de
formação do capital social (artigo 8º, § 2º). interesse pessoal ou dos acionistas ou do mercado de
        § 3º A ata da assembleia-geral que aprovar valores mobiliários, serão dadas certidões dos assenta-
a incorporação deverá identificar o bem com precisão, mentos constantes dos livros mencionados nos incisos
mas poderá descrevê-lo sumariamente, desde que seja I a III, e por elas a companhia poderá cobrar o custo do
suplementada por declaração, assinada pelo subscritor, serviço, cabendo, do indeferimento do pedido por parte
contendo todos os elementos necessários para a trans- da companhia, recurso à Comissão de Valores Mobiliá-
crição no registro público. rios. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)

50
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

§ 2o  Nas companhias abertas, os livros referidos nos         Parágrafo único. A companhia deverá dili-
incisos I a V do caput deste artigo poderão ser substi- genciar para que os atos de emissão e substituição de
tuídos, observadas as normas expedidas pela Comissão certificados, e de transferências e averbações nos livros
de Valores Mobiliários, por registros mecanizados ou sociais, sejam praticados no menor prazo possível, não
eletrônicos. (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011). excedente do fixado pela Comissão de Valores Mobiliá-
rios, respondendo perante acionistas e terceiros pelos
Escrituração do Agente Emissor prejuízos decorrentes de atrasos culposos.
        Art. 101. O agente emissor de certificados (art. 27)
poderá substituir os livros referidos nos incisos I a III do art. Exibição dos Livros
100 pela sua escrituração e manter, mediante sistemas ade-         Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da
quados, aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários, companhia pode ser ordenada judicialmente sempre
os registros de propriedade das ações, partes beneficiárias, que, a requerimento de acionistas que representem,
debêntures e bônus de subscrição, devendo uma vez por pelo menos, 5% (cinco por cento) do capital social,
ano preparar lista dos seus titulares, com o número dos tí- sejam apontados atos violadores da lei ou do estatu-
tulos de cada um, a qual será encadernada, autenticada no to, ou haja fundada suspeita de graves irregularidades
registro do comércio e arquivada na companhia. (Redação praticadas por qualquer dos órgãos da companhia.
dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
        § 1° Os termos de transferência de ações nomi- CAPÍTULO X
nativas perante o agente emissor poderão ser lavrados em Acionistas
folhas soltas, à vista do certificado da ação, no qual serão SEÇÃO I
averbados a transferência e o nome e qualificação do ad- Obrigação de Realizar o Capital
quirente. Condições e Mora
        § 2º Os termos de transferência em folhas soltas serão
encadernados em ordem cronológica, em livros autenticados          Art. 106. O acionista é obrigado a realizar,
no registro do comércio e arquivados no agente emissor. nas condições previstas no estatuto ou no boletim de
subscrição, a prestação correspondente às ações subs-
Ações Escriturais critas ou adquiridas.
        Art. 102. A instituição financeira depositária de         § 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos
ações escriturais deverá fornecer à companhia, ao menos quanto ao montante da prestação e ao prazo ou data
uma vez por ano, cópia dos extratos das contas de depó- do pagamento, caberá aos órgãos da administração
sito das ações e a lista dos acionistas com a quantidade efetuar chamada, mediante avisos publicados na im-
das respectivas ações, que serão encadernadas em livros prensa, por 3 (três) vezes, no mínimo, fixando prazo,
autenticados no registro do comércio e arquivados na ins- não inferior a 30 (trinta) dias, para o pagamento.
tituição financeira.         § 2° O acionista que não fizer o pagamento nas
condições previstas no estatuto ou boletim, ou na cha-
Fiscalização e Dúvidas no Registro mada, ficará de pleno direito constituído em mora, su-
        Art. 103. Cabe à companhia verificar a regularida- jeitando-se ao pagamento dos juros, da correção mo-
de das transferências e da constituição de direitos ou ônus netária e da multa que o estatuto determinar, esta não
sobre os valores mobiliários de sua emissão; nos casos dos superior a 10% (dez por cento) do valor da prestação.
artigos 27 e 34, essa atribuição compete, respectivamente,
ao agente emissor de certificados e à instituição financeira Acionista Remisso
depositária das ações escriturais.          Art. 107. Verificada a mora do acionista, a
        Parágrafo único. As dúvidas suscitadas entre o companhia pode, à sua escolha:
acionista, ou qualquer interessado, e a companhia, o agen-         I - promover contra o acionista, e os que com
te emissor de certificados ou a instituição financeira de- ele forem solidariamente responsáveis (artigo 108),
positária das ações escriturais, a respeito das averbações processo de execução para cobrar as importâncias de-
ordenadas por esta Lei, ou sobre anotações, lançamentos vidas, servindo o boletim de subscrição e o aviso de
ou transferências de ações, partes beneficiárias, debêntu- chamada como título extrajudicial nos termos do Códi-
res, ou bônus de subscrição, nos livros de registro ou trans- go de Processo Civil; ou
ferência, serão dirimidas pelo juiz competente para solu-         II - mandar vender as ações em bolsa de valo-
cionar as dúvidas levantadas pelos oficiais dos registros res, por conta e risco do acionista.
públicos, excetuadas as questões atinentes à substância do         § 1º Será havida como não escrita, relativa-
direito. mente à companhia, qualquer estipulação do estatuto
ou do boletim de subscrição que exclua ou limite o
Responsabilidade da Companhia exercício da opção prevista neste artigo, mas o subs-
        Art. 104.A companhia é responsável pelos prejuí- critor de boa-fé terá ação, contra os responsáveis pela
zos que causar aos interessados por vícios ou irregularida- estipulação, para haver perdas e danos sofridos, sem
des verificadas nos livros de que tratam os incisos I a III do prejuízo da responsabilidade penal que no caso cou-
art. 100. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) ber.

51
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 2º A venda será feita em leilão especial na bolsa SEÇÃO III


de valores do lugar da sede social, ou, se não houver, na Direito de Voto
mais próxima, depois de publicado aviso, por 3 (três) vezes, Disposições Gerais
com antecedência mínima de 3 (três) dias. Do produto da
venda serão deduzidos as despesas com a operação e, se         Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1
previstos no estatuto, os juros, correção monetária e multa, (um) voto nas deliberações da assembleia-geral.
ficando o saldo à disposição do ex-acionista, na sede da         § 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao
sociedade. número de votos de cada acionista.
        § 3º É facultado à companhia, mesmo após iniciada         § 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer
a cobrança judicial, mandar vender a ação em bolsa de va- classe de ações.
lores; a companhia poderá também promover a cobrança
judicial se as ações oferecidas em bolsa não encontrarem Ações Preferenciais
tomador, ou se o preço apurado não bastar para pagar os         Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir
débitos do acionista. às ações preferenciais algum ou alguns dos direitos re-
        § 4º Se a companhia não conseguir, por qual- conhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou
quer dos meios previstos neste artigo, a integralização das conferi-lo com restrições, observado o disposto no artigo
ações, poderá declará-las caducas e fazer suas as entradas 109.
realizadas, integralizando-as com lucros ou reservas, exce-         § 1º As ações preferenciais sem direito de voto
to a legal; se não tiver lucros e reservas suficientes, terá o adquirirão o exercício desse direito se a companhia, pelo
prazo de 1 (um) ano para colocar as ações caídas em co- prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercí-
misso, findo o qual, não tendo sido encontrado comprador, cios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou
a assembleia-geral deliberará sobre a redução do capital mínimos a que fizerem jus, direito que conservarão até o
em importância correspondente. pagamento, se tais dividendos não forem cumulativos, ou
até que sejam pagos os cumulativos em atraso.
Responsabilidade dos Alienantes         § 2º Na mesma hipótese e sob a mesma condição
        Art. 108. Ainda quando negociadas as ações, os do § 1º, as ações preferenciais com direito de voto restrito
alienantes continuarão responsáveis, solidariamente com terão suspensas as limitações ao exercício desse direito.
os adquirentes, pelo pagamento das prestações que falta-         § 3º O estatuto poderá estipular que o disposto
rem para integralizar as ações transferidas. nos §§ 1º e 2º vigorará a partir do término da implantação
        Parágrafo único. Tal responsabilidade cessará, em do empreendimento inicial da companhia.
relação a cada alienante, no fim de 2 (dois) anos a contar
da data da transferência das ações. Não Exercício de Voto pelas Ações ao Portador
        Art. 112. Somente os titulares de ações nomina-
SEÇÃO II tivas endossáveis e escriturais poderão exercer o direito
Direitos Essenciais de voto.
        Parágrafo único. Os titulares de ações prefe-
        Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembleia- renciais ao portador que adquirirem direito de voto de
-geral poderão privar o acionista dos direitos de: acordo com o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 111, e
        I - participar dos lucros sociais; enquanto dele gozarem, poderão converter as ações em
        II - participar do acervo da companhia, em caso nominativas ou endossáveis, independentemente de au-
de liquidação; torização estatutária.
        III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão
dos negócios sociais; Voto das Ações Empenhadas e Alienadas Fiducia-
        IV - preferência para a subscrição de ações, partes riamente
beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversí-         Art. 113. O penhor da ação não impede o acio-
veis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nista de exercer o direito de voto; será lícito, todavia, es-
nos artigos 171 e 172;     (Vide Lei nº 12.838, de 2013) tabelecer, no contrato, que o acionista não poderá, sem
        V - retirar-se da sociedade nos casos previstos consentimento do credor pignoratício, votar em certas
nesta Lei. deliberações.
        § 1º As ações de cada classe conferirão iguais di-         Parágrafo único. O credor garantido por alie-
reitos aos seus titulares. nação fiduciária da ação não poderá exercer o direito de
        § 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere voto; o devedor somente poderá exercê-lo nos termos do
ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser contrato.
elididos pelo estatuto ou pela assembleia-geral.
       § 3o O estatuto da sociedade pode estabelecer que Voto das Ações Gravadas com Usufruto
as divergências entre os acionistas e a companhia, ou en-         Art. 114. O direito de voto da ação gravada com
tre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, usufruto, se não for regulado no ato de constituição do
poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos gravame, somente poderá ser exercido mediante prévio
em que especificar.(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) acordo entre o proprietário e o usufrutuário.

52
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Abuso do Direito de Voto e Conflito de Interes- presa, os que nela trabalham e para com a comunidade
ses em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente
         Art. 115. O acionista deve exercer o direito a respeitar e atender.
voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusi-          Art. 116-A. O acionista controlador da compa-
vo o voto exercido com o fim de causar dano à compa- nhia aberta e os acionistas, ou grupo de acionistas, que
nhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para elegerem membro do conselho de administração ou mem-
outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou bro do conselho fiscal, deverão informar imediatamente
possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros as modificações em sua posição acionária na companhia à
acionistas.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Comissão de Valores Mobiliários e às Bolsas de Valores ou
        § 1º o acionista não poderá votar nas delibera- entidades do mercado de balcão organizado nas quais os
ções da assembleia-geral relativas ao laudo de avaliação valores mobiliários de emissão da companhia estejam ad-
de bens com que concorrer para a formação do capital mitidos à negociação, nas condições e na forma determi-
social e à aprovação de suas contas como administrador, nadas pela Comissão de Valores Mobiliários.(Incluído pela
nem em quaisquer outras que puderem beneficiá-lo de Lei nº 10.303, de 2001)
modo particular, ou em que tiver interesse conflitante
com o da companhia. Responsabilidade
        § 2º Se todos os subscritores forem condômi-         Art. 117. O acionista controlador responde pelos
nos de bem com que concorreram para a formação do danos causados por atos praticados com abuso de poder.
capital social, poderão aprovar o laudo, sem prejuízo da         § 1º São modalidades de exercício abusivo de
responsabilidade de que trata o § 6º do artigo 8º. poder:
        § 3º o acionista responde pelos danos causados         a) orientar a companhia para fim estranho ao
pelo exercício abusivo do direito de voto, ainda que seu objeto social ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a
voto não haja prevalecido. favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em
        § 4º A deliberação tomada em decorrência do prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lu-
voto de acionista que tem interesse conflitante com o cros ou no acervo da companhia, ou da economia nacional;
da companhia é anulável; o acionista responderá pelos         b) promover a liquidação de companhia prós-
danos causados e será obrigado a transferir para a com- pera, ou a transformação, incorporação, fusão ou cisão da
panhia as vantagens que tiver auferido. companhia, com o fim de obter, para si ou para outrem,
        § 5o (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 10.303, de vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos
2001) que trabalham na empresa ou dos investidores em valores
        § 6o (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 10.303, de mobiliários emitidos pela companhia;
2001)         c) promover alteração estatutária, emissão de valo-
        § 7o (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 10.303, de res mobiliários ou adoção de políticas ou decisões que não
2001) tenham por fim o interesse da companhia e visem a causar
        § 8o (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 10.303, de prejuízo a acionistas minoritários, aos que trabalham na
2001) empresa ou aos investidores em valores mobiliários emiti-
        § 9o (VETADO)   (Incluído pela Lei nº 10.303, de dos pela companhia;
2001)         d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto,
        § 10. (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 10.303, de moral ou tecnicamente;
2001)         e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal
a praticar ato ilegal, ou, descumprindo seus deveres defi-
SEÇÃO IV nidos nesta Lei e no estatuto, promover, contra o interesse
Acionista Controlador da companhia, sua ratificação pela assembleia-geral;
Deveres         f) contratar com a companhia, diretamente ou
através de outrem, ou de sociedade na qual tenha inte-
        Art. 116. Entende-se por acionista controlador a resse, em condições de favorecimento ou não equitativas;
pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vincu-         g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de
ladas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: administradores, por favorecimento pessoal, ou deixar de
        a) é titular de direitos de sócio que lhe asse- apurar denúncia que saiba ou devesse saber procedente,
gurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas ou que justifique fundada suspeita de irregularidade.
deliberações da assembleia-geral e o poder de eleger a         h) subscrever ações, para os fins do disposto no art.
maioria dos administradores da companhia; e 170, com a realização em bens estranhos ao objeto social
        b) usa efetivamente seu poder para dirigir as ati- da companhia.  (Incluída dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
vidades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos         § 2º No caso da alínea e do § 1º, o administrador
da companhia. ou fiscal que praticar o ato ilegal responde solidariamente
        Parágrafo único. O acionista controlador deve com o acionista controlador.
usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o         § 3º O acionista controlador que exerce cargo de
seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e administrador ou fiscal tem também os deveres e respon-
responsabilidades para com os demais acionistas da em- sabilidades próprios do cargo.

53
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

SEÇÃO V SEÇÃO VI
Acordo de Acionistas Representação de Acionista Residente ou Domici-
liado no Exterior
        Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra          Art. 119. O acionista residente ou domiciliado
e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, exer- no exterior deverá manter, no País, representante com po-
cício do direito a voto, ou do poder de controle deverão deres para receber citação em ações contra ele, propostas
ser observados pela companhia quando arquivados na sua com fundamento nos preceitos desta Lei.
sede.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)         Parágrafo único. O exercício, no Brasil, de qualquer
        § 1º As obrigações ou ônus decorrentes des- dos direitos de acionista, confere ao mandatário ou repre-
ses acordos somente serão oponíveis a terceiros, depois sentante legal qualidade para receber citação judicial.
de averbados nos livros de registro e nos certificados das
ações, se emitidos. SEÇÃO VII
        § 2° Esses acordos não poderão ser invocados para Suspensão do Exercício de Direitos
eximir o acionista de responsabilidade no exercício do di-
reito de voto (artigo 115) ou do poder de controle (artigos         Art. 120. A assembleia-geral poderá suspender o
116 e 117). exercício dos direitos do acionista que deixar de cumprir
        § 3º Nas condições previstas no acordo, os acionis- obrigação imposta pela lei ou pelo estatuto, cessando a
tas podem promover a execução específica das obrigações suspensão logo que cumprida a obrigação.
assumidas.
        § 4º As ações averbadas nos termos deste artigo CAPÍTULO XI
não poderão ser negociadas em bolsa ou no mercado de Assembleia-Geral
balcão. SEÇÃO I
        § 5º No relatório anual, os órgãos da administra- Disposições Gerais
ção da companhia aberta informarão à assembleia-geral
as      disposições sobre política de reinvestimento de lu- Art. 121. A assembleia-geral, convocada e instalada de
cros e distribuição de dividendos, constantes de acordos acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir
de acionistas arquivados na companhia. todos os negócios relativos ao objeto da companhia e to-
        § 6o O acordo de acionistas cujo prazo for fixado mar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e
em função de termo ou condição resolutiva somente pode desenvolvimento.
ser denunciado segundo suas estipulações. (Incluído pela Parágrafo único.  Nas companhias abertas, o acionista
Lei nº 10.303, de 2001) poderá participar e votar a distância em assembleia geral,
        § 7o O mandato outorgado nos termos de acordo nos termos da regulamentação da Comissão de Valores
de acionistas para proferir, em assembleia-geral ou espe- Mobiliários. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011).
cial, voto contra ou a favor de determinada deliberação,
poderá prever prazo superior ao constante do § 1o do art. Competência Privativa
126 desta Lei.(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) Art. 122.  Compete privativamente à assembleia ge-
         § 8o  O presidente da assembleia ou do órgão ral: (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011).
colegiado de deliberação da companhia não computará o I - reformar o estatuto social;(Redação dada pela Lei nº
voto proferido com infração de acordo de acionistas devi- 10.303, de 2001)
damente arquivado.(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administra-
        § 9o O não comparecimento à assembleia ou às dores e fiscais da companhia, ressalvado o disposto no inci-
reuniões dos órgãos de administração da companhia, bem so II do art. 142;(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
como as abstenções de voto de qualquer parte de acordo III - tomar, anualmente, as contas dos administrado-
de acionistas ou de membros do conselho de administra- res e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles
ção eleitos nos termos de acordo de acionistas, assegura apresentadas;(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
à parte prejudicada o direito de votar com as ações per- IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o
tencentes ao acionista ausente ou omisso e, no caso de disposto nos §§ 1o, 2o e 4o do art. 59; (Redação dada pela Lei
membro do conselho de administração, pelo conselheiro nº 12.431, de 2011).     (Vide Lei nº 12.838, de 2013)
eleito com os votos da parte prejudicada.(Incluído pela Lei V - suspender o exercício dos direitos do acionista (art.
nº 10.303, de 2001) 120);(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
        § 10. Os acionistas vinculados a acordo de acio- VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o
nistas deverão indicar, no ato de arquivamento, represen- acionista concorrer para a formação do capital social;(Re-
tante para comunicar-se com a companhia, para prestar ou dação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
receber informações, quando solicitadas.(Incluído pela Lei VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias;(Reda-
nº 10.303, de 2001) ção dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
        § 11. A companhia poderá solicitar aos membros VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorpo-
do acordo esclarecimento sobre suas cláusulas.(Incluído ração e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação,
pela Lei nº 10.303, de 2001) eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e (Re-
dação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

54
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

IX - autorizar os administradores a confessar falência didos com a antecedência prevista no § 1º, desde que
e pedir concordata.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de o tenha solicitado, por escrito, à companhia, com a in-
2001) dicação do endereço completo e do prazo de vigência
Parágrafo único. Em caso de urgência, a confissão de do pedido, não superior a 2 (dois) exercícios sociais, e
falência ou o pedido de concordata poderá ser formulado renovável; essa convocação não dispensa a publicação
pelos administradores, com a concordância do acionista do aviso previsto no § 1º, e sua inobservância dará ao
controlador, se houver, convocando-se imediatamente a acionista direito de haver, dos administradores da com-
assembleia-geral, para manifestar-se sobre a matéria.(Re- panhia, indenização pelos prejuízos sofridos.
dação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)         § 4º Independentemente das formalidades pre-
vistas neste artigo, será considerada regular a assem-
Competência para Convocação bleia-geral a que comparecerem todos os acionistas.
        Art. 123. Compete ao conselho de administração,        § 5 o A Comissão de Valores Mobiliários poderá,
se houver, ou aos diretores, observado o disposto no esta- a seu exclusivo critério, mediante decisão fundamenta-
tuto, convocar a assembleia-geral. da de seu Colegiado, a pedido de qualquer acionista,
        Parágrafo único. A assembleia-geral pode também e ouvida a companhia: (Incluído pela Lei nº 10.303, de
ser convocada: 2001)
        a) pelo conselho fiscal, nos casos previstos no         I - aumentar, para até 30 (trinta) dias, a contar
número V, do artigo 163; da data em que os documentos relativos às matérias
        b) por qualquer acionista, quando os administra- a serem deliberadas forem colocados à disposição dos
dores retardarem, por mais de 60 (sessenta) dias, a convo- acionistas, o  prazo de antecedência de publicação do
cação nos casos previstos em lei ou no estatuto; primeiro anúncio de convocação da assembleia-geral
        c) por acionistas que representem cinco por cento, de companhia aberta, quando esta tiver por objeto
no mínimo, do capital social, quando os administradores operações que, por sua complexidade, exijam maior
não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de con- prazo para que possam ser conhecidas e analisadas pe-
vocação que apresentarem, devidamente fundamentado, los acionistas;(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
com indicação das matérias a serem tratadas;   (Redação         II - interromper, por até 15 (quinze) dias, o cur-
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) so do prazo de antecedência da convocação de assem-
        d) por acionistas que representem cinco por cento, bleia-geral extraordinária de companhia aberta, a fim
no mínimo, do capital votante, ou cinco por cento, no mí- de conhecer e analisar as propostas a serem submeti-
nimo, dos acionistas sem direito a voto, quando os admi- das à assembleia e, se for o caso, informar à companhia,
nistradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido até o término da interrupção, as razões pelas quais en-
de convocação de assembleia para instalação do conselho tende que a deliberação proposta à assembleia viola
fiscal. (Incluída pela Lei nº 9.457, de 1997) dispositivos legais ou regulamentares.(Incluído pela Lei
nº 10.303, de 2001)
Modo de Convocação e Local         § 6o As companhias abertas com ações admiti-
        Art. 124. A convocação far-se-á mediante anúncio das à negociação em bolsa de valores deverão remeter,
publicado por 3 (três) vezes, no mínimo, contendo, além do na data da publicação do anúncio de convocação da
local, data e hora da assembleia, a ordem do dia, e, no caso assembleia, à bolsa de valores em que suas ações forem
de reforma do estatuto, a indicação da matéria. mais negociadas, os documentos postos à disposição
         § 1o A primeira convocação da assembleia-geral dos acionistas para deliberação na assembleia-geral.
deverá ser feita: (Redação da pela Lei nº10.303, de 2001) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
        I - na companhia fechada, com 8 (oito) dias de
antecedência, no mínimo, contado o prazo da publicação “Quorum” de Instalação
do primeiro anúncio; não se realizando a assembleia, será         Art. 125. Ressalvadas as exceções previstas em
publicado novo anúncio, de segunda convocação, com an- lei, a assembleia-geral instalar-se-á, em primeira con-
tecedência mínima de 5 (cinco) dias; (Incluído pela Lei nº vocação, com a presença de acionistas que represen-
10.303, de 2001) tem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do capital social com
        II - na companhia aberta, o prazo de antecedência direito de voto; em segunda convocação instalar-se-á
da primeira convocação será de 15 (quinze) dias e o da com qualquer número.
segunda convocação de 8 (oito) dias. (Incluído pela Lei nº         Parágrafo único. Os acionistas sem direito de
10.303, de 2001) voto podem comparecer à assembleia-geral e discutir a
        § 2° Salvo motivo de força maior, a assembleia- matéria submetida à deliberação.
-geral realizar-se-á no edifício onde a companhia tiver a
sede; quando houver de efetuar-se em outro, os anúncios Legitimação e Representação
indicarão, com clareza, o lugar da reunião, que em nenhum         Art. 126. As pessoas presentes à assembleia de-
caso poderá realizar-se fora da localidade da sede. verão provar a sua qualidade de acionista, observadas
        § 3º Nas companhias fechadas, o acionista que as seguintes normas:
representar 5% (cinco por cento), ou mais, do capital social,         I - os titulares de ações nominativas exibirão,
será convocado por telegrama ou carta registrada, expe- se exigido, documento hábil de sua identidade;

55
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

         II -  os titulares de ações escriturais ou em “ Quor um” das Del i berações


custódia nos termos do art. 41, além do documento de         Art. 129. As del i ber ações da asse m bl e i a -
identidade, exibirão, ou depositarão na companhia, se o -ger al , r essal vadas as exceções previ stas e m l e i ,
estatuto o exigir, comprovante expedido pela instituição ser ão tomadas por mai or i a absol uta de vo to s,
financeira depositária.(Redação dada pela Lei nº 9.457, não se computando os votos em br anco.
de 1997)         § 1º O estatuto da companhi a f e c h ada
        III - os titulares de ações ao portador exibirão os pode aumentar o quor um exi gi do para ce rtas de -
respectivos certificados, ou documento de depósito nos l i berações, desde que especi fi que as maté ri as.
termos do número II;         § 2º No caso de empate, se o e statu to
        IV - os titulares de ações escriturais ou em cus- não estabel ecer procedi mento de ar bi trage m e
tódia nos termos do artigo 41, além do documento de não conti ver nor ma di versa, a assembl e i a se rá
identidade, exibirão, ou depositarão na companhia, se o convocada, com i nterval o mí ni mo de 2 (do i s)
estatuto o exigir, comprovante expedido pela instituição meses, para votar a del i ber ação; se per m an e c e r
financeira depositária. o empate e os aci oni stas não concorda re m e m
        § 1º O acionista pode ser representado na as- cometer a deci são a um ter cei r o, caberá ao Po-
sembleia-geral por procurador constituído há menos de der Judi ci ár i o deci di r, no i nter esse da c o m pa-
1 (um) ano, que seja acionista, administrador da com- nhi a.
panhia ou advogado; na companhia aberta, o procura-
dor pode, ainda, ser instituição financeira, cabendo ao At a da Assembl ei a
administrador de fundos de investimento representar os         Ar t. 130. D os trabal hos e del i ber aç õ e s da
condôminos. assembl ei a ser á l avrada, em l i vro própri o , ata as-
        § 2º O pedido de procuração, mediante cor- si nada pel os membr os da mesa e pel os ac i o n i s -
respondência, ou anúncio publicado, sem prejuízo da tas presentes. Para val i dade da ata é su f i c i e n te
regulamentação que, sobre o assunto vier a baixar a a assi natur a de quantos bastem par a con sti tu i r a
Comissão de Valores Mobiliários, deverá satisfazer aos mai or i a necessár i a par a as del i ber ações to m adas
seguintes requisitos: na assembl ei a. D a ata ti r ar -se-ão cer ti d õ e s o u
        a) conter todos os elementos informativos ne- cópi as autênti cas para os fi ns l egai s.
cessários ao exercício do voto pedido;         § 1º A ata poderá ser l avrada n a f o rm a
        b) facultar ao acionista o exercício de voto con- de sumár i o dos fatos ocorri dos, i ncl usi v e di ssi -
trário à decisão com indicação de outro procurador para dênci as e protestos, e conter a transcr i ç ão ape-
o exercício desse voto; nas das del i berações tomadas, desde qu e :
        c) ser dirigido a todos os titulares de ações cujos         a) os documentos ou pr opostas su bm e ti -
endereços constem da companhia.  (Redação dada pela dos à assembl ei a, assi m como as decl ar aç õ e s de
Lei nº 9.457, de 1997) voto ou di ssi dênci a, referi dos na ata, se j am n u -
        § 3º É facultado a qualquer acionista, detentor merados segui damente, autenti cados pe l a m e sa
de ações, com ou sem voto, que represente meio por e por qual quer aci oni sta que o sol i ci tar , e arqu i-
cento, no mínimo, do capital social, solicitar relação de vados na companhi a;
endereços dos acionistas, para os fins previstos no § 1º,         b) a mesa, a pedi do de aci oni sta i n te re s -
obedecidos sempre os requisitos do parágrafo ante- sado, autenti que exempl ar ou cópi a de pr o po sta,
rior. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) decl ar ação de voto ou di ssi dênci a, ou p ro te sto
        § 4º Têm a qualidade para comparecer à assem- apresentado.
bleia os representantes legais dos acionistas.         § 2º A assembl ei a-geral da compan h i a
aber ta pode autori z ar a publ i cação de ata c o m
Livro de Presença omi ssão das assi naturas dos aci oni stas.
Art. 127. Antes de abrir-se a assembleia, os acionistas         § 3º Se a ata não for l avr ada n a f o rm a
assinarão o “Livro de Presença”, indicando o seu nome, permi ti da pel o § 1º , poder á ser publ i cado ape-
nacionalidade e residência, bem como a quantidade, es- nas o seu extr ato, com o sumár i o dos fato s o c o r -
pécie e classe das ações de que forem titulares. r i dos e a tr anscr i ção das del i berações to m adas.
Parágrafo único.  Considera-se presente em assem-
bleia geral, para todos os efeitos desta Lei, o acionista E spéci es de Assembl ei a
que registrar a distância sua presença, na forma prevista         Ar t. 131. A assembl ei a-geral é o rdi n ári a
em regulamento da Comissão de Valores Mobiliários.(In- quando tem por obj eto as matér i as previ stas n o
cluído pela Lei nº 12.431, de 2011). arti go 132, e extr aordi nári a nos demai s c aso s.
        Parágrafo úni co. A assembl ei a-g e ral o r-
Mesa di nári a e a assembl ei a-geral extr aordi n ári a po-
         Art. 128. Os trabalhos da assembleia serão der ão ser , cumul ati vamente, convocadas e re al i-
dirigidos por mesa composta, salvo disposição diversa z adas no mesmo l ocal , data e hora, i nstru m e n ta-
do estatuto, de presidente e secretário, escolhidos pelos das em ata úni ca.
acionistas presentes.

56
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

SEÇÃO II         § 1° Os administradores da companhia, ou


Assembleia-Geral Ordinária ao menos um deles, e o auditor independente, se
Objeto houver, deverão estar presentes à assembleia para
atender a pedidos de esclarecimentos de acionistas,
        Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros me- mas os administradores não poderão votar, como
ses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 acionistas ou procuradores, os documentos referi-
(uma) assembleia-geral para: dos neste artigo.
        I - tomar as contas dos administradores, examinar,         § 2º Se a assembleia tiver necessidade de
discutir e votar as demonstrações financeiras; outros esclarecimentos, poderá adiar a deliberação
        II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido e ordenar diligências; também será adiada a delibe-
do exercício e a distribuição de dividendos; ração, salvo dispensa dos acionistas presentes, na
        III - eleger os administradores e os membros do hipótese de não comparecimento de administrador,
conselho fiscal, quando for o caso; membro do conselho fiscal ou auditor independen-
        IV - aprovar a correção da expressão monetária do te.
capital social (artigo 167).         § 3º A aprovação, sem reserva, das demons-
trações financeiras e das contas, exonera de respon-
Documentos da Administração sabilidade os administradores e fiscais, salvo erro,
        Art. 133. Os administradores devem comunicar, dolo, fraude ou simulação (artigo 286).
até 1 (um) mês antes da data marcada para a realização         § 4º Se a assembleia aprovar as demons-
da assembleia-geral ordinária, por anúncios publicados na trações financeiras com modificação no montante
forma prevista no artigo 124, que se acham à disposição do lucro do exercício ou no valor das obrigações da
dos acionistas: companhia, os administradores promoverão, dentro
        I - o relatório da administração sobre os negócios so- de 30 (trinta) dias, a republicação das demonstra-
ciais e os principais fatos administrativos do exercício findo; ções, com as retificações deliberadas pela assem-
        II - a cópia das demonstrações financeiras; bleia; se a destinação dos lucros proposta pelos ór-
        III - o parecer dos auditores independentes, se gãos de administração não lograr aprovação (artigo
houver. 176, § 3º), as modificações introduzidas constarão
        IV - o parecer do conselho fiscal, inclusive votos da ata da assembleia.
dissidentes, se houver; e  (Incluído pela Lei nº 10.303, de         § 5º A ata da assembleia-geral ordinária
2001) será arquivada no registro do comércio e publicada.
        V - demais documentos pertinentes a assuntos         § 6º As disposições do § 1º, segunda parte,
incluídos na ordem do dia. (Incluído pela Lei nº 10.303, de não se aplicam quando, nas sociedades fechadas, os
2001) diretores forem os únicos acionistas.
        § 1º Os anúncios indicarão o local ou locais onde
os acionistas poderão obter cópias desses documentos. SEÇÃO III
        § 2º A companhia remeterá cópia desses docu- Assembleia-Geral Extraordinária
mentos aos acionistas que o pedirem por escrito, nas con- Reforma do Estatuto
dições previstas no § 3º do artigo 124.
        § 3o Os documentos referidos neste artigo, à ex-         Art. 135. A assembleia-geral extraordinária
ceção dos constantes dos incisos IV e V, serão publicados que tiver por objeto a reforma do estatuto somente
até 5 (cinco) dias, pelo menos, antes da data marcada para se instalará em primeira convocação com a presença
a realização da assembleia-geral. (Redação dada pela Lei nº de acionistas que representem 2/3 (dois terços), no
10.303, de 2001) mínimo, do capital com direito a voto, mas poderá
        § 4º A assembleia-geral que reunir a totalidade dos instalar-se em segunda com qualquer número.
acionistas poderá considerar sanada a falta de publicação         § 1º Os atos relativos a reformas do esta-
dos anúncios ou a inobservância dos prazos referidos nes- tuto, para valerem contra terceiros, ficam sujeitos
te artigo; mas é obrigatória a publicação dos documentos às formalidades de arquivamento e publicação, não
antes da realização da assembleia. podendo, todavia, a falta de cumprimento dessas
        § 5º A publicação dos anúncios é dispensada quan- formalidades ser oposta, pela companhia ou por
do os documentos a que se refere este artigo são publica- seus acionistas, a terceiros de boa-fé.
dos até 1 (um) mês antes da data marcada para a realização         § 2º Aplica-se aos atos de reforma do esta-
da assembleia-geral ordinária. tuto o disposto no artigo 97 e seus §§ 1º e 2° e no
artigo 98 e seu § 1º.
Procedimento          § 3 o  Os documentos pertinentes à matéria
        Art. 134. Instalada a assembleia-geral, proceder- a ser debatida na assembleia-geral extraordinária
-se-á, se requerida por qualquer acionista, à leitura dos do- deverão ser postos à disposição dos acionistas, na
cumentos referidos no artigo 133 e do parecer do conselho sede da companhia, por ocasião da publicação do
fiscal, se houver, os quais serão submetidos pela mesa à primeiro anúncio de convocação da assembleia-ge-
discussão e votação. ral.         (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

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NOÇÕES DE CONTABILIDADE

“Quorum” Qualificado Art. 136-A.   A aprovação da inserção de convenção


         Art. 136. É necessária a aprovação de acionis- de arbitragem no estatuto social, observado o  quo-
tas que representem metade, no mínimo, das ações com rum do art. 136, obriga a todos os acionistas, assegurado
direito a voto, se maior quorum não for exigido pelo es- ao acionista dissidente o direito de retirar-se da compa-
tatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas nhia mediante o reembolso do valor de suas ações, nos
à negociação em bolsa ou no mercado de balcão, para termos do art. 45.           (Incluído pela Lei nº 13.129, de
deliberação sobre:          (Redação dada pela Lei nº 9.457, 2015)        (Vigência)
de 1997) § 1o A convenção somente terá eficácia após o decur-
       I - criação de ações preferenciais ou aumento de so do prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação da
classe de ações preferenciais existentes, sem guardar pro- ata da assembleia geral que a aprovou.           (Incluído pela
porção com as demais classes de ações preferenciais, salvo Lei nº 13.129, de 2015)        (Vigência)
se já previstos ou autorizados pelo estatuto;       (Redação § 2o  O direito de retirada previsto no  caput  não
dada pela Lei nº 10.303, de 2001) será aplicável:            (Incluído pela Lei nº 13.129, de
        II - alteração nas preferências, vantagens e condi- 2015)        (Vigência)
ções de resgate ou amortização de uma ou mais classes de I - caso a inclusão da convenção de arbitragem no
ações preferenciais, ou criação de nova classe mais favore- estatuto social represente condição para que os valores
cida; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à
        III - redução do dividendo obrigatório;           (Re- negociação em segmento de listagem de bolsa de valores
dação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) ou de mercado de balcão organizado que exija dispersão
        IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em acionária mínima de 25% (vinte e cinco por cento) das
outra;         (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) ações de cada espécie ou classe;           (Incluído pela Lei
         V - participação em grupo de sociedades (art. nº 13.129, de 2015)        (Vigência)
265);  (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) II - caso a inclusão da convenção de arbitragem seja
         VI - mudança do objeto da companhia;        (Re- efetuada no estatuto social de companhia aberta cujas
dação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) ações sejam dotadas de liquidez e dispersão no merca-
        VII - cessação do estado de liquidação da compa- do, nos termos das alíneas “a” e “b” do inciso II do art.
nhia;         (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 137 desta Lei.            (Incluído pela Lei nº 13.129, de
        VIII - criação de partes beneficiárias;        (Redação 2015)        (Vigência)
dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
        IX - cisão da companhia;        (Incluído pela Lei nº Direito de Retirada
9.457, de 1997)         Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos
        X - dissolução da companhia.          (Incluído pela incisos I a VI e IX do art. 136 dá ao acionista dissidente o
Lei nº 9.457, de 1997) direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso
        § 1º Nos casos dos incisos I e II, a eficácia da de- do valor das suas ações (art. 45), observadas as seguintes
liberação depende de prévia aprovação ou da ratificação, normas:          (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
em prazo improrrogável de um ano, por titulares de mais         I - nos casos dos incisos I e II do art. 136, so-
da metade de cada classe de ações preferenciais prejudi- mente terá direito de retirada o titular de ações de es-
cadas, reunidos em assembleia especial convocada pelos pécie ou classe prejudicadas;         (Incluído pela Lei nº
administradores e instalada com as formalidades desta 9.457, de 1997)
Lei.        (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)         II - nos casos dos incisos IV e V do art. 136,
         § 2º A Comissão de Valores Mobiliários pode não terá direito de retirada o titular de ação de espécie
autorizar a redução do quorum previsto neste artigo no ou classe que tenha liquidez e dispersão no mercado,
caso de companhia aberta com a propriedade das ações considerando-se haver:           (Redação dada pela Lei nº
dispersa no mercado, e cujas 3 (três) últimas assembleias 10.303, de 2001)
tenham sido realizadas com a presença de acionistas re-         a) liquidez, quando a espécie ou classe de ação,
presentando menos da metade das ações com direito a ou certificado que a represente, integre índice geral re-
voto. Neste caso, a autorização da Comissão de Valores presentativo de carteira de valores mobiliários admitido
Mobiliários será mencionada nos avisos de convocação e à negociação no mercado de valores mobiliários, no
a deliberação com quorum reduzido somente poderá ser Brasil ou no exterior, definido pela Comissão de Valores
adotada em terceira convocação. Mobiliários; e         (Redação dada pela Lei nº 10.303, de
        § 3o O disposto no § 2o deste artigo aplica-se tam- 2001)
bém às assembleias especiais de acionistas preferenciais         b) dispersão, quando o acionista controlador,
de que trata o § 1o.         (Redação dada pela Lei nº 10.303, a sociedade controladora ou outras sociedades sob seu
de 2001) controle detiverem menos da metade da espécie ou
        § 4º Deverá constar da ata da assembleia-geral classe de ação;         (Redação dada pela Lei nº 10.303, de
que deliberar sobre as matérias dos incisos I e II, se não 2001)
houver prévia aprovação, que a deliberação só terá eficá-         III - no caso do inciso IX do art. 136, somente
cia após a sua ratificação pela assembleia especial prevista haverá direito de retirada se a cisão implicar:         (Reda-
no § 1º.          (Incluído pela Lei nº 9.457, de 1997) ção dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

58
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        a) mudança do objeto social, salvo quando o pa-         § 2º As companhias abertas e as de capital autori-
trimônio cindido for vertido para sociedade cuja atividade zado terão, obrigatoriamente, conselho de administração.
preponderante coincida com a decorrente do objeto social         Art. 139. As atribuições e poderes conferidos por
da sociedade cindida; (Incluída pela Lei nº 10.303, de 2001) lei aos órgãos de administração não podem ser outorga-
        b) redução do dividendo obrigatório; ou          (In- dos a outro órgão, criado por lei ou pelo estatuto.
cluída pela Lei nº 10.303, de 2001)
        c) participação em grupo de sociedades;          (In- SEÇÃO I
cluída pela Lei nº 10.303, de 2001) Conselho de Administração
        IV - o reembolso da ação deve ser reclamado à Composição
companhia no prazo de 30 (trinta) dias contado da publi-
cação da ata da assembleia-geral;         (Redação dada pela         Art. 140. O conselho de administração será com-
Lei nº 10.303, de 2001) posto por, no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela as-
        V - o prazo para o dissidente de deliberação de sembleia-geral e por ela destituíveis a qualquer tempo,
assembleia especial (art. 136, § 1o) será contado da publica- devendo o estatuto estabelecer:
ção da respectiva ata;       (Redação dada pela Lei nº 10.303,         I - o número de conselheiros, ou o máximo e mí-
de 2001) nimo permitidos, e o processo de escolha e substituição
        VI - o pagamento do reembolso somente poderá do presidente do conselho pela assembleia ou pelo pró-
ser exigido após a observância do disposto no § 3o e, se for prio conselho; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
o caso, da ratificação da deliberação pela assembleia-ge-         II - o modo de substituição dos conselheiros;
ral.        (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)         III - o prazo de gestão, que não poderá ser supe-
         § 1º O acionista dissidente de deliberação da rior a 3 (três) anos, permitida a reeleição;
assembleia, inclusive o titular de ações preferenciais sem         IV - as normas sobre convocação, instalação e
direito de voto, poderá exercer o direito de reembolso das funcionamento do conselho, que deliberará por maioria
ações de que, comprovadamente, era titular na data da pri- de votos, podendo o estatuto estabelecer quorum quali-
meira publicação do edital de convocação da assembleia,
ficado para certas deliberações, desde que especifique as
ou na data da comunicação do fato relevante objeto da
matérias. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
deliberação, se anterior.         (Redação dada pela Lei nº
        Parágrafo único. O estatuto poderá prever a parti-
9.457, de 1997)
cipação no conselho de representantes dos empregados,
        § 2o O direito de reembolso poderá ser exercido
escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organiza-
no prazo previsto nos incisos IV ou V do caput deste artigo,
da pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais
conforme o caso, ainda que o titular das ações tenha se
que os representem. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
abstido de votar contra a deliberação ou não tenha com-
parecido à assembleia.           (Redação dada pela Lei nº
10.303, de 2001) Voto Múltiplo
        § 3o Nos 10 (dez) dias subsequentes ao término
do prazo de que tratam os incisos IV e V do  caput  deste         Art. 141. Na eleição dos conselheiros, é faculta-
artigo, conforme o caso, contado da publicação da ata da do aos acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um
assembleia-geral ou da assembleia especial que ratificar a décimo) do capital social com direito a voto, esteja ou
deliberação, é facultado aos órgãos da administração con- não previsto no estatuto, requerer a adoção do processo
vocar a assembleia-geral para ratificar ou reconsiderar a de voto múltiplo, atribuindo-se a cada ação tantos votos
deliberação, se entenderem que o pagamento do preço do quantos sejam os membros do conselho, e reconhecido
reembolso das ações aos acionistas dissidentes que exer- ao acionista o direito de cumular os votos num só candi-
ceram o direito de retirada porá em risco a estabilidade dato ou distribuí-los entre vários.
financeira da empresa.          (Redação dada pela Lei nº         § 1º A faculdade prevista neste artigo deverá ser
10.303, de 2001) exercida pelos acionistas até 48 (quarenta e oito) horas
        § 4º Decairá do direito de retirada o acionista que antes da assembleia-geral, cabendo à mesa que dirigir os
não o exercer no prazo fixado.            (Incluído pela Lei nº trabalhos da assembleia informar previamente aos acio-
9.457, de 1997) nistas, à vista do “Livro de Presença”, o número de votos
necessários para a eleição de cada membro do conselho.
CAPÍTULO XII         § 2º Os cargos que, em virtude de empate, não
Conselho de Administração e Diretoria forem preenchidos, serão objeto de nova votação, pelo
Administração da Companhia mesmo processo, observado o disposto no § 1º, in fine.
        § 3º Sempre que a eleição tiver sido realizada por
        Art. 138. A administração da companhia competirá, esse processo, a destituição de qualquer membro do con-
conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administra- selho de administração pela assembleia-geral importará
ção e à diretoria, ou somente à diretoria. destituição dos demais membros, procedendo-se a nova
        § 1º O conselho de administração é órgão de de- eleição; nos demais casos de vaga, não havendo suplente,
liberação colegiada, sendo a representação da companhia a primeira assembleia-geral procederá à nova eleição de
privativa dos diretores. todo o conselho.

59
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 4o Terão direito de eleger e destituir um membro         IV - convocar a assembleia-geral quando julgar
e seu suplente do conselho de administração, em votação conveniente, ou no caso do artigo 132;
em separado na assembleia-geral, excluído o acionista         V - manifestar-se sobre o relatório da administra-
controlador, a maioria dos titulares, respectivamente:(Re- ção e as contas da diretoria;
dação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)         VI - manifestar-se previamente sobre atos ou con-
        I - de ações de emissão de companhia aberta tratos, quando o estatuto assim o exigir;
com direito a voto, que representem, pelo menos, 15%          VII - deliberar, quando autorizado pelo esta-
(quinze por cento) do total das ações com direito a voto; tuto, sobre a emissão de ações ou de bônus de subscri-
e (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) ção;     (Vide Lei nº 12.838, de 2013)
        II - de ações preferenciais sem direito a voto ou          VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em
com voto restrito de emissão de companhia aberta, que contrário, a alienação de bens do ativo não circulante, a
representem, no mínimo, 10% (dez por cento) do capital constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obri-
social, que não houverem exercido o direito previsto no gações de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de
estatuto, em conformidade com o art. 18.  (Incluído pela 2009)
Lei nº 10.303, de 2001)         IX - escolher e destituir os auditores independen-
        § 5o Verificando-se que nem os titulares de ações tes, se houver.
com direito a voto e nem os titulares de ações preferen-          § 1o  Serão arquivadas no registro do comércio
ciais sem direito a voto ou com voto restrito perfizeram, e publicadas as atas das reuniões do conselho de admi-
respectivamente, o quorum exigido nos incisos I e II do § nistração que contiverem deliberação destinada a produzir
4o, ser-lhes-á facultado agregar suas ações para elegerem efeitos perante terceiros. (Redação dada pela Lei nº 10.303,
em conjunto um membro e seu suplente para o conse- de 2001)
lho de administração, observando-se, nessa hipótese, o         § 2o A escolha e a destituição do auditor inde-
quorum exigido pelo inciso II do § 4o. (Incluído pela Lei nº pendente ficará sujeita a veto, devidamente fundamenta-
10.303, de 2001) do, dos conselheiros eleitos na forma do art. 141, § 4o, se
        § 6o Somente poderão exercer o direito previs- houver. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
to no § 4o os acionistas que comprovarem a titularidade
ininterrupta da participação acionária ali exigida durante SEÇÃO II
o período de 3 (três) meses, no mínimo, imediatamente Diretoria
anterior à realização da assembleia-geral.  (Incluído pela Composição
Lei nº 10.303, de 2001)
        § 7o Sempre que, cumulativamente, a eleição do         Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou
conselho de administração se der pelo sistema do voto mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo
múltiplo e os titulares de ações ordinárias ou preferen- conselho de administração, ou, se inexistente, pela assem-
ciais exercerem a prerrogativa de eleger conselheiro, será bleia-geral, devendo o estatuto estabelecer:
assegurado a acionista ou grupo de acionistas vinculados         I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo
por acordo de votos que detenham mais do que 50% (cin- permitidos;
quenta por cento) das ações com direito de voto o direito         II - o modo de sua substituição;
de eleger conselheiros em número igual ao dos eleitos         III - o prazo de gestão, que não será superior a 3
pelos demais acionistas, mais um, independentemente do (três) anos, permitida a reeleição;
número de conselheiros que, segundo o estatuto, compo-         IV - as atribuições e poderes de cada diretor.
nha o órgão. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)         § 1º Os membros do conselho de administração,
        § 8o A companhia deverá manter registro com a até o máximo de 1/3 (um terço), poderão ser eleitos para
identificação dos acionistas que exercerem a prerrogativa cargos de diretores.
a que se refere o § 4o.  (Incluído pela Lei nº 10.303, de         § 2º O estatuto pode estabelecer que determina-
2001) das decisões, de competência dos diretores, sejam toma-
        § 9o (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 10.303, de das em reunião da diretoria.
2001)
Representação
Competência          Art. 144. No silêncio do estatuto e inexistindo
        Art. 142. Compete ao conselho de administração: deliberação do conselho de administração (artigo 142, n. II
        I - fixar a orientação geral dos negócios da com- e parágrafo único), competirão a qualquer diretor a repre-
panhia; sentação da companhia e a prática dos atos necessários ao
        II - eleger e destituir os diretores da companhia e seu funcionamento regular.
fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito dis-         Parágrafo único. Nos limites de suas atribuições
puser o estatuto; e poderes, é lícito aos diretores constituir mandatários da
        III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a companhia, devendo ser especificados no instrumento os
qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar atos ou operações que poderão praticar e a duração do
informações sobre contratos celebrados ou em via de ce- mandato, que, no caso de mandato judicial, poderá ser por
lebração, e quaisquer outros atos; prazo indeterminado.

60
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

SEÇÃO III Garantia da Gestão


Administradores         Art. 148. O estatuto pode estabelecer que o
Normas Comuns exercício do cargo de administrador deva ser assegu-
rado, pelo titular ou por terceiro, mediante penhor de
         Art. 145. As normas relativas a requisitos, ações da companhia ou outra garantia.
impedimentos, investidura, remuneração, deveres e         Parágrafo único. A garantia só será levantada
responsabilidade dos administradores aplicam-se a após aprovação das últimas contas apresentadas pelo
conselheiros e diretores. administrador que houver deixado o cargo.
Requisitos e Impedimentos
Art. 146.  Poderão ser eleitas para membros dos Investidura
órgãos de administração pessoas naturais, devendo os         Art. 149. Os conselheiros e diretores serão in-
diretores ser residentes no País.  (Redação dada pela vestidos nos seus cargos mediante assinatura de termo
Lei nº 12.431, de 2011). de posse no livro de atas do conselho de administração
§ 1 o  A ata da assembleia-geral ou da reunião do ou da diretoria, conforme o caso.
conselho de administração que eleger administrado-         § 1 o Se o termo não for assinado nos 30 (trin-
res deverá conter a qualificação e o prazo de gestão ta) dias seguintes à nomeação, esta tornar-se-á sem
de cada um dos eleitos, devendo ser arquivada no re- efeito, salvo justificação aceita pelo órgão da adminis-
gistro do comércio e publicada.  (Redação dada pela tração para o qual tiver sido eleito. (Redação dada pela
Lei nº 10.303, de 2001) Lei nº 10.303, de 2001)
§ 2 o  A posse do conselheiro residente ou domici-          § 2 o  O termo de posse deverá conter, sob
liado no exterior fica condicionada à constituição de pena de nulidade, a indicação de pelo menos um do-
representante residente no País, com poderes para micílio no qual o administrador receberá as citações
receber citação em ações contra ele propostas com e intimações em processos administrativos e judiciais
base na legislação societária, mediante procuração relativos a atos de sua gestão, as quais reputar-se-ão
com prazo de validade que deverá estender-se por, no cumpridas mediante entrega no domicílio indicado, o
mínimo, 3 (três) anos após o término do prazo de ges- qual somente poderá ser alterado mediante comuni-
tão do conselheiro. (Redação dada pela Lei nº 10.303, cação por escrito à companhia.  (Incluído pela Lei nº
de 2001) 10.303, de 2001)
Art. 147. Quando a lei exigir certos requisitos para
a investidura em cargo de administração da compa- Substituição e Término da Gestão
nhia, a assembleia-geral somente poderá eleger quem          Art. 150. No caso de vacância do cargo de
tenha exibido os necessários comprovantes, dos quais conselheiro, salvo disposição em contrário do estatuto,
se arquivará cópia autêntica na sede social. o substituto será nomeado pelos conselheiros rema-
§ 1º São inelegíveis para os cargos de administra- nescentes e servirá até a primeira assembleia-geral. Se
ção da companhia as pessoas impedidas por lei espe- ocorrer vacância da maioria dos cargos, a assembleia-
cial, ou condenadas por crime falimentar, de prevari- -geral será convocada para proceder a nova eleição.
cação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra         § 1º No caso de vacância de todos os cargos do
a economia popular, a fé pública ou a propriedade, ou conselho de administração, compete à diretoria convo-
a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, car a assembleia-geral.
o acesso a cargos públicos.         § 2º No caso de vacância de todos os cargos
§ 2º São ainda inelegíveis para os cargos de admi- da diretoria, se a companhia não tiver conselho de ad-
nistração de companhia aberta as pessoas declaradas ministração, compete ao conselho fiscal, se em funcio-
inabilitadas por ato da Comissão de Valores Mobiliá- namento, ou a qualquer acionista, convocar a assem-
rios. bleia-geral, devendo o representante de maior número
§ 3 o O conselheiro deve ter reputação ilibada, não de ações praticar, até a realização da assembleia, os
podendo ser eleito, salvo dispensa da assembleia-ge- atos urgentes de administração da companhia.
ral, aquele que: (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)         § 3º O substituto eleito para preencher cargo
I - ocupar cargos em sociedades que possam ser vago completará o prazo de gestão do substituído.
consideradas concorrentes no mercado, em especial,         § 4º O prazo de gestão do conselho de admi-
em conselhos consultivos, de administração ou fiscal; nistração ou da diretoria se estende até a investidura
e (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) dos novos administradores eleitos.
II - tiver interesse conflitante com a sociedade. (In-
cluído pela Lei nº 10.303, de 2001) Renúncia
§ 4 o  A comprovação do cumprimento das condi-         Art. 151. A renúncia do administrador torna-
ções previstas no § 3 o  será efetuada por meio de de- -se eficaz, em relação à companhia, desde o momen-
claração firmada pelo conselheiro eleito nos termos to em que lhe for entregue a comunicação escrita do
definidos pela Comissão de Valores Mobiliários, com renunciante, e em relação a terceiros de boa-fé, após
vistas ao disposto nos arts. 145 e 159, sob as penas da arquivamento no registro de comércio e publicação,
lei. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) que poderão ser promovidos pelo renunciante.

61
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Remuneração Dever de Lealdade


         Art. 152.  A assembleia-geral fixará o mon-         Art. 155. O administrador deve servir com lealda-
tante global ou individual da remuneração dos admi- de à companhia e manter reserva sobre os seus negócios,
nistradores, inclusive benefícios de qualquer natureza sendo-lhe vedado:
e verbas de representação, tendo em conta suas res-         I - usar, em benefício próprio ou de outrem, com
ponsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, ou sem prejuízo para a companhia, as oportunidades co-
sua competência e reputação profissional e o valor dos merciais de que tenha conhecimento em razão do exercício
seus serviços no mercado.  (Redação dada pela Lei nº de seu cargo;
9.457, de 1997)         II - omitir-se no exercício ou proteção de direitos
        § 1º O estatuto da companhia que fixar o divi- da companhia ou, visando à obtenção de vantagens, para
dendo obrigatório em 25% (vinte e cinco por cento) ou si ou para outrem, deixar de aproveitar oportunidades de
mais do lucro líquido, pode atribuir aos administrado- negócio de interesse da companhia;
res participação no lucro da companhia, desde que o         III - adquirir, para revender com lucro, bem ou
seu total não ultrapasse a remuneração anual dos ad- direito que sabe necessário à companhia, ou que esta ten-
ministradores nem 0,1 (um décimo) dos lucros (artigo cione adquirir.
190), prevalecendo o limite que for menor.         § 1º Cumpre, ademais, ao administrador de com-
        § 2º Os administradores somente farão jus à panhia aberta, guardar sigilo sobre qualquer informação
participação nos lucros do exercício social em relação que ainda não tenha sido divulgada para conhecimento do
ao qual for atribuído aos acionistas o dividendo obri- mercado, obtida em razão do cargo e capaz de influir de
gatório, de que trata o artigo 202. modo ponderável na cotação de valores mobiliários, sen-
do-lhe vedado valer-se da informação para obter, para si
SEÇÃO IV ou para outrem, vantagem mediante compra ou venda de
Deveres e Responsabilidades valores mobiliários.
Dever de Diligência         § 2º O administrador deve zelar para que a violação
do disposto no § 1º não possa ocorrer através de subordi-
nados ou terceiros de sua confiança.
        Art. 153. O administrador da companhia deve
        § 3º A pessoa prejudicada em compra e venda de
empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e
valores mobiliários, contratada com infração do disposto
diligência que todo homem ativo e probo costuma em-
nos §§ 1° e 2°, tem direito de haver do infrator indenização
pregar na administração dos seus próprios negócios.
por perdas e danos, a menos que ao contratar já conheces-
Finalidade das Atribuições e Desvio de Poder
se a informação.
        Art. 154. O administrador deve exercer as atri-
        § 4o É vedada a utilização de informação relevante
buições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr
ainda não divulgada, por qualquer pessoa que a ela tenha
os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exi- tido acesso, com a finalidade de auferir vantagem, para si
gências do bem público e da função social da empresa. ou para outrem, no mercado de valores mobiliários.(Incluí-
        § 1º O administrador eleito por grupo ou classe do pela Lei nº 10.303, de 2001)
de acionistas tem, para com a companhia, os mesmos
deveres que os demais, não podendo, ainda que para Conflito de Interesses
defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses         Art. 156. É vedado ao administrador intervir em
deveres. qualquer operação social em que tiver interesse conflitante
        § 2° É vedado ao administrador: com o da companhia, bem como na deliberação que a res-
        a) praticar ato de liberalidade à custa da com- peito tomarem os demais administradores, cumprindo-lhe
panhia; cientificá-los do seu impedimento e fazer consignar, em
        b) sem prévia autorização da assembleia-geral ata de reunião do conselho de administração ou da direto-
ou do conselho de administração, tomar por emprésti- ria, a natureza e extensão do seu interesse.
mo recursos ou bens da companhia, ou usar, em pro-         § 1º Ainda que observado o disposto neste artigo,
veito próprio, de sociedade em que tenha interesse, ou o administrador somente pode contratar com a companhia
de terceiros, os seus bens, serviços ou crédito; em condições razoáveis ou equitativas, idênticas às que
        c) receber de terceiros, sem autorização esta- prevalecem no mercado ou em que a companhia contrata-
tutária ou da assembleia-geral, qualquer modalidade ria com terceiros.
de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razão do         § 2º O negócio contratado com infração do dis-
exercício de seu cargo. posto no § 1º é anulável, e o administrador interessado será
        § 3º As importâncias recebidas com infração ao obrigado a transferir para a companhia as vantagens que
disposto na alínea c do § 2º pertencerão à companhia. dele tiver auferido.
        § 4º O conselho de administração ou a direto-
ria podem autorizar a prática de atos gratuitos razoá- Dever de Informar
veis em benefício dos empregados ou da comunidade         Art. 157. O administrador de companhia aberta
de que participe a empresa, tendo em vista suas res- deve declarar, ao firmar o termo de posse, o número de
ponsabilidades sociais. ações, bônus de subscrição, opções de compra de ações

62
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

e debêntures conversíveis em ações, de emissão da Responsabilidade dos Administradores


companhia e de sociedades controladas ou do mes-         Art. 158. O administrador não é pessoalmente
mo grupo, de que seja titular.     (Vide Lei nº 12.838, responsável pelas obrigações que contrair em nome da
de 2013) sociedade e em virtude de ato regular de gestão; res-
        § 1º O administrador de companhia aberta ponde, porém, civilmente, pelos prejuízos que causar,
é obrigado a revelar à assembleia-geral ordinária, a quando proceder:
pedido de acionistas que representem 5% (cinco por         I - dentro de suas atribuições ou poderes, com
cento) ou mais do capital social: culpa ou dolo;
        a) o número dos valores mobiliários de emis-         II - com violação da lei ou do estatuto.
são da companhia ou de sociedades controladas, ou         § 1º O administrador não é responsável por atos
do mesmo grupo, que tiver adquirido ou alienado, ilícitos de outros administradores, salvo se com eles for
diretamente ou através de outras pessoas, no exer- conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles
cício anterior; tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua
        b) as opções de compra de ações que tiver prática. Exime-se de responsabilidade o administrador
contratado ou exercido no exercício anterior; dissidente que faça consignar sua divergência em ata
        c) os benefícios ou vantagens, indiretas ou de reunião do órgão de administração ou, não sendo
complementares, que tenha recebido ou esteja rece- possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão
bendo da companhia e de sociedades coligadas, con- da administração, no conselho fiscal, se em funciona-
troladas ou do mesmo grupo; mento, ou à assembleia-geral.
        d) as condições dos contratos de trabalho         § 2º Os administradores são solidariamente
que tenham sido firmados pela companhia com os responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do
diretores e empregados de alto nível; não cumprimento dos deveres impostos por lei para
        e) quaisquer atos ou fatos relevantes nas assegurar o funcionamento normal da companhia, ain-
atividades da companhia. da que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos
        § 2º Os esclarecimentos prestados pelo ad- eles.
ministrador poderão, a pedido de qualquer acionista,         § 3º Nas companhias abertas, a responsabi-
ser reduzidos a escrito, autenticados pela mesa da lidade de que trata o § 2º ficará restrita, ressalvado o
assembleia, e fornecidos por cópia aos solicitantes. disposto no § 4º, aos administradores que, por dispo-
        § 3º A revelação dos atos ou fatos de que sição do estatuto, tenham atribuição específica de dar
trata este artigo só poderá ser utilizada no legítimo cumprimento àqueles deveres.
interesse da companhia ou do acionista, responden-         § 4º O administrador que, tendo conhecimento
do os solicitantes pelos abusos que praticarem. do não cumprimento desses deveres por seu predeces-
        § 4º Os administradores da companhia aberta sor, ou pelo administrador competente nos termos do §
são obrigados a comunicar imediatamente à bolsa de 3º, deixar de comunicar o fato a assembleia-geral, tor-
valores e a divulgar pela imprensa qualquer delibe- nar-se-á por ele solidariamente responsável.
ração da assembleia-geral ou dos órgãos de admi-         § 5º Responderá solidariamente com o admi-
nistração da companhia, ou fato relevante ocorrido nistrador quem, com o fim de obter vantagem para si
nos seus negócios, que possa influir, de modo pon- ou para outrem, concorrer para a prática de ato com
derável, na decisão dos investidores do mercado de violação da lei ou do estatuto.
vender ou comprar valores mobiliários emitidos pela
companhia. Ação de Responsabilidade
        § 5º Os administradores poderão recusar-se a         Art. 159. Compete à companhia, mediante pré-
prestar a informação (§ 1º, alínea e), ou deixar de di- via deliberação da assembleia-geral, a ação de respon-
vulgá-la (§ 4º), se entenderem que sua revelação porá sabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos
em risco interesse legítimo da companhia, cabendo à causados ao seu patrimônio.
Comissão de Valores Mobiliários, a pedido dos admi-         § 1º A deliberação poderá ser tomada em as-
nistradores, de qualquer acionista, ou por iniciativa sembleia-geral ordinária e, se prevista na ordem do dia,
própria, decidir sobre a prestação de informação e ou for consequência direta de assunto nela incluído, em
responsabilizar os administradores, se for o caso. assembleia-geral extraordinária.
        § 6 o Os administradores da companhia aber-         § 2º O administrador ou administradores contra
ta deverão informar imediatamente, nos termos e na os quais deva ser proposta ação ficarão impedidos e
forma determinados pela Comissão de Valores Mobi- deverão ser substituídos na mesma assembleia.
liários, a esta e às bolsas de valores ou entidades do         § 3º Qualquer acionista poderá promover a
mercado de balcão organizado nas quais os valores ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da
mobiliários de emissão da companhia estejam admi- deliberação da assembleia-geral.
tidos à negociação, as modificações em suas posi-         § 4º Se a assembleia deliberar não promover
ções acionárias na companhia.  (Incluído pela Lei nº a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que re-
10.303, de 2001) presentem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital
social.

63
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 5° Os resultados da ação promovida por          § 6 o   Os membros do conselho fiscal e


acionista deferem-se à companhia, mas esta deverá seus suplentes exercerão seus cargos até a primeira
indenizá-lo, até o limite daqueles resultados, de todas assembleia-geral ordinária que se realizar após a
as despesas em que tiver incorrido, inclusive correção sua eleição, e poderão ser reeleitos. (Redação dada
monetária e juros dos dispêndios realizados. pela Lei nº 10.303, de 2001)
        § 6° O juiz poderá reconhecer a exclusão          § 7 o   A função de membro do conselho
da responsabilidade do administrador, se convencido fiscal é indelegável.   (Incluído pela Lei nº 10.303,
de que este agiu de boa-fé e visando ao interesse da de 2001)
companhia.
        § 7º A ação prevista neste artigo não exclui a Requisitos, Impedimentos e Remuneração
que couber ao acionista ou terceiro diretamente pre-          Art. 162. Somente podem ser eleitos para
judicado por ato de administrador. o conselho fiscal pessoas naturais, residentes no País,
diplomadas em curso de nível universitário, ou que te-
Órgãos Técnicos e Consultivos nham exercido por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo
        Art. 160. As normas desta Seção aplicam-se de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal.
aos membros de quaisquer órgãos, criados pelo esta-         § 1º Nas localidades em que não houver pes-
tuto, com funções técnicas ou destinados a aconse- soas habilitadas, em número suficiente, para o exercício
lhar os administradores. da função, caberá ao juiz dispensar a companhia da sa-
CAPÍTULO XIII tisfação dos requisitos estabelecidos neste artigo.
Conselho Fiscal         § 2º Não podem ser eleitos para o conselho
Composição e Funcionamento fiscal, além das pessoas enumeradas nos parágrafos do
artigo 147, membros de órgãos de administração e em-
        Art. 161. A companhia terá um conselho fis- pregados da companhia ou de sociedade controlada ou
cal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de do mesmo grupo, e o cônjuge ou parente, até terceiro
modo permanente ou nos exercícios sociais em que
grau, de administrador da companhia.
for instalado a pedido de acionistas.
       § 3º A remuneração dos membros do conselho
        § 1º O conselho fiscal será composto de, no
fiscal, além do reembolso, obrigatório, das despesas
mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e
de locomoção e estada necessárias ao desempenho da
suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos
função, será fixada pela assembleia-geral que os eleger,
pela assembleia-geral.
e não poderá ser inferior, para cada membro em exer-
        § 2º O conselho fiscal, quando o funciona-
cício, a dez por cento da que, em média, for atribuída
mento não for permanente, será instalado pela assem-
a cada diretor, não computados benefícios, verbas de
bleia-geral a pedido de acionistas que representem,
no mínimo, 0,1 (um décimo) das ações com direito a representação e participação nos lucros. (Redação dada
voto, ou 5% (cinco por cento) das ações sem direito a pela Lei nº 9.457, de 1997)
voto, e cada período de seu funcionamento termina-
rá na primeira assembleia-geral ordinária após a sua Competência
instalação.         Art. 163. Compete ao conselho fiscal:
        § 3º O pedido de funcionamento do conselho         I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os
fiscal, ainda que a matéria não conste do anúncio de atos dos administradores e verificar o cumprimento dos
convocação, poderá ser formulado em qualquer as- seus deveres legais e estatutários; (Redação dada pela
sembleia-geral, que elegerá os seus membros. Lei nº 10.303, de 2001)
        § 4º Na constituição do conselho fiscal serão         II - opinar sobre o relatório anual da adminis-
observadas as seguintes normas: tração, fazendo constar do seu parecer as informações
        a) os titulares de ações preferenciais sem direi- complementares que julgar necessárias ou úteis à deli-
to a voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, beração da assembleia-geral;
em votação em separado, 1 (um) membro e respectivo         III - opinar sobre as propostas dos órgãos da
suplente; igual direito terão os acionistas minoritários, administração, a serem submetidas à assembleia-ge-
desde que representem, em conjunto, 10% (dez por ral, relativas a modificação do capital social, emissão
cento) ou mais das ações com direito a voto; de debêntures ou bônus de subscrição, planos de in-
        b) ressalvado o disposto na alínea anterior, vestimento ou orçamentos de capital, distribuição de
os demais acionistas com direito a voto poderão ele- dividendos, transformação, incorporação, fusão ou ci-
ger os membros efetivos e suplentes que, em qualquer são;     (Vide Lei nº 12.838, de 2013)
caso, serão em número igual ao dos eleitos nos termos         IV - denunciar, por qualquer de seus membros,
da alínea a, mais um. aos órgãos de administração e, se estes não tomarem as
        § 5º Os membros do conselho fiscal e seus providências necessárias para a proteção dos interesses
suplentes exercerão seus cargos até a primeira assem- da companhia, à assembleia-geral, os erros, fraudes ou
bleia-geral ordinária que se realizar após a sua eleição, crimes que descobrirem, e sugerir providências úteis à
e poderão ser reeleitos. companhia; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

64
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        V - convocar a assembleia-geral ordinária, se Pareceres e Representações


os órgãos da administração retardarem por mais de 1          Art. 164. Os membros do conselho fiscal, ou
(um) mês essa convocação, e a extraordinária, sempre ao menos um deles, deverão comparecer às reuniões da
que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo assembleia-geral e responder aos pedidos de informa-
na agenda das assembleias as matérias que considera- ções formulados pelos acionistas.
rem necessárias;         Parágrafo único. Os pareceres e representações
        VI - analisar, ao menos trimestralmente, o ba- do conselho fiscal, ou de qualquer um de seus mem-
lancete e demais demonstrações financeiras elaboradas bros, poderão ser apresentados e lidos na assembleia-
periodicamente pela companhia; -geral, independentemente de publicação e ainda que
        VII - examinar as demonstrações financeiras do a matéria não conste da ordem do dia.  (Redação dada
exercício social e sobre elas opinar; pela Lei nº 10.303, de 2001)
        VIII - exercer essas atribuições, durante a li-
quidação, tendo em vista as disposições especiais que a Deveres e Responsabilidades
regulam.         Art. 165. Os membros do conselho fiscal têm
        § 1º Os órgãos de administração são obrigados, os mesmos deveres dos administradores de que tratam
através de comunicação por escrito, a colocar à disposição os arts. 153 a 156 e respondem pelos danos resultantes
dos membros em exercício do conselho fiscal, dentro de de omissão no cumprimento de seus deveres e de atos
10 (dez) dias, cópias das atas de suas reuniões e, dentro de praticados com culpa ou dolo, ou com violação da lei ou
15 (quinze) dias do seu recebimento, cópias dos balance- do estatuto.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
tes e demais demonstrações financeiras elaboradas perio-         § 1o Os membros do conselho fiscal deverão
dicamente e, quando houver, dos relatórios de execução exercer suas funções no exclusivo interesse da com-
de orçamentos. panhia; considerar-se-á abusivo o exercício da função
         § 2o  O conselho fiscal, a pedido de qualquer com o fim de causar dano à companhia, ou aos seus
dos seus membros, solicitará aos órgãos de administra- acionistas ou administradores, ou de obter, para si ou
ção esclarecimentos ou informações, desde que relativas à para outrem, vantagem a que não faz jus e de que re-
sua função fiscalizadora, assim como a elaboração de de- sulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia, seus
monstrações financeiras ou contábeis especiais. (Redação acionistas ou administradores.  (Redação dada pela Lei
dada pela Lei nº 10.303, de 2001) nº 10.303, de 2001)
        § 3° Os membros do conselho fiscal assistirão às         § 2o O membro do conselho fiscal não é res-
reuniões do conselho de administração, se houver, ou da
ponsável pelos atos ilícitos de outros membros, salvo se
diretoria, em que se deliberar sobre os assuntos em que
com eles foi conivente, ou se concorrer para a prática
devam opinar (ns. II, III e VII).
do ato. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
         § 4º  Se a companhia tiver auditores indepen-
        § 3o A responsabilidade dos membros do conse-
dentes, o conselho fiscal, a pedido de qualquer de seus
lho fiscal por omissão no cumprimento de seus deveres
membros, poderá solicitar-lhes esclarecimentos ou infor-
é solidária, mas dela se exime o membro dissidente que
mações, e a apuração de fatos específicos.  (Redação dada
fizer consignar sua divergência em ata da reunião do
pela Lei nº 9.457, de 1997)
órgão e a comunicar aos órgãos da administração e à
        § 5º Se a companhia não tiver auditores inde-
pendentes, o conselho fiscal poderá, para melhor desem- assembleia-geral. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
penho das suas funções, escolher contador ou firma de         Art. 165-A. Os membros do conselho fiscal da
auditoria e fixar-lhes os honorários, dentro de níveis ra- companhia aberta deverão informar imediatamente as
zoáveis, vigentes na praça e compatíveis com a dimensão modificações em suas posições acionárias na compa-
econômica da companhia, os quais serão pagos por esta. nhia à Comissão de Valores Mobiliários e às Bolsas de
        § 6º O conselho fiscal deverá fornecer ao acionista, Valores ou entidades do mercado de balcão organizado
ou grupo de acionistas que representem, no mínimo 5% nas quais os valores mobiliários de emissão da compa-
(cinco por cento) do capital social, sempre que solicitadas, nhia estejam admitidos à negociação, nas condições e
informações sobre matérias de sua competência. na forma determinadas pela Comissão de Valores Mobi-
        § 7º As atribuições e poderes conferidos pela lei liários. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
ao conselho fiscal não podem ser outorgados a outro ór-
gão da companhia. CAPÍTULO XIV
        § 8º O conselho fiscal poderá, para apurar fato Modificação do Capital Social
cujo esclarecimento seja necessário ao desempenho de SEÇÃO I
suas funções, formular, com justificativa, questões a serem Aumento
respondidas por perito e solicitar à diretoria que indique, Competência
para esse fim, no prazo máximo de trinta dias, três peritos,
que podem ser pessoas físicas ou jurídicas, de notório co-         Art. 166. O capital social pode ser aumentado:
nhecimento na área em questão, entre os quais o conse-         I - por deliberação da assembleia-geral ordiná-
lho fiscal escolherá um, cujos honorários serão pagos pela ria, para correção da expressão monetária do seu valor
companhia.  (Incluído pela Lei nº 9.457, de 1997) (artigo 167);

65
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        II - por deliberação da assembleia-geral ou do         § 2º O limite de autorização, quando fixado em


conselho de administração, observado o que a respeito valor do capital social, será anualmente corrigido pela as-
dispuser o estatuto, nos casos de emissão de ações den- sembleia-geral ordinária, com base nos mesmos índices
tro do limite autorizado no estatuto (artigo 168); adotados na correção do capital social.
        III - por conversão, em ações, de debêntures ou         § 3º O estatuto pode prever que a companhia,
parte beneficiárias e pelo exercício de direitos conferi- dentro do limite de capital autorizado, e de acordo com
dos por bônus de subscrição, ou de opção de compra de plano aprovado pela assembleia-geral, outorgue opção de
ações;     (Vide Lei nº 12.838, de 2013) compra de ações a seus administradores ou empregados,
        IV - por deliberação da assembleia-geral extraor- ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia
dinária convocada para decidir sobre reforma do estatuto ou a sociedade sob seu controle.
social, no caso de inexistir autorização de aumento, ou de
estar a mesma esgotada. Capitalização de Lucros e Reservas
        § 1º Dentro dos 30 (trinta) dias subsequentes à         Art. 169. O aumento mediante capitalização de
efetivação do aumento, a companhia requererá ao regis- lucros ou de reservas importará alteração do valor nominal
tro do comércio a sua averbação, nos casos dos números das ações ou distribuições das ações novas, corresponden-
I a III, ou o arquivamento da ata da assembleia de refor- tes ao aumento, entre acionistas, na proporção do número
ma do estatuto, no caso do número IV.      (Vide Lei nº de ações que possuírem.
12.838, de 2013)         § 1º Na companhia com ações sem valor nominal, a
         § 2º O conselho fiscal, se em funcionamento, capitalização de lucros ou de reservas poderá ser efetivada
deverá, salvo nos casos do número III, ser obrigatoria- sem modificação do número de ações.
mente ouvido antes da deliberação sobre o aumento de         § 2º Às ações distribuídas de acordo com este
capital.     (Vide Lei nº 12.838, de 2013) artigo se estenderão, salvo cláusula em contrário dos ins-
trumentos que os tenham constituído, o usufruto, o fidei-
Correção Monetária Anual comisso, a inalienabilidade e a incomunicabilidade que
         Art. 167. A reserva de capital constituída por porventura gravarem as ações de que elas forem derivadas.
ocasião do balanço de encerramento do exercício social         § 3º As ações que não puderem ser atribuídas por
e resultante da correção monetária do capital realizado inteiro a cada acionista serão vendidas em bolsa, dividin-
(artigo 182, § 2º) será capitalizada por deliberação da as- do-se o produto da venda, proporcionalmente, pelos titu-
sembleia-geral ordinária que aprovar o balanço. lares das frações; antes da venda, a companhia fixará prazo
        § 1º Na companhia aberta, a capitalização pre- não inferior a 30 (trinta) dias, durante o qual os acionistas
vista neste artigo será feita sem modificação do número poderão transferir as frações de ação.
de ações emitidas e com aumento do valor nominal das
ações, se for o caso. Aumento Mediante Subscrição de Ações
        § 2º A companhia poderá deixar de capitalizar         Art. 170. Depois de realizados 3/4 (três quartos), no
o saldo da reserva correspondente às frações de centa- mínimo, do capital social, a companhia pode aumentá-lo
vo do valor nominal das ações, ou, se não tiverem valor mediante subscrição pública ou particular de ações.
nominal, à fração inferior a 1% (um por cento) do capital        § 1º O preço de emissão deverá ser fixado, sem di-
social. luição injustificada da participação dos antigos acionistas,
        § 3º Se a companhia tiver ações com e sem valor ainda que tenham direito de preferência para subscrevê-
nominal, a correção do capital correspondente às ações -las, tendo em vista, alternativa ou conjuntamente:(Reda-
com valor nominal será feita separadamente, sendo a re- ção dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
serva resultante capitalizada em benefício dessas ações.          I - a perspectiva de rentabilidade da compa-
nhia; (Incluído pela Lei nº 9.457, de 1997)
Capital Autorizado         II - o valor do patrimônio líquido da ação; (Incluí-
         Art. 168. O estatuto pode conter autorização do pela Lei nº 9.457, de 1997)
para aumento do capital social independentemente de        III - a cotação de suas ações em Bolsa de Valores ou
reforma estatutária. no mercado de balcão organizado, admitido ágio ou desá-
        § 1º A autorização deverá especificar: gio em função das condições do mercado.  (Incluído  pela
        a) o limite de aumento, em valor do capital ou Lei nº 9.457, de 1997)
em número de ações, e as espécies e classes das ações         § 2º A assembleia-geral, quando for de sua compe-
que poderão ser emitidas; tência deliberar sobre o aumento, poderá delegar ao con-
        b) o órgão competente para deliberar sobre as selho de administração a fixação do preço de emissão de
emissões, que poderá ser a assembleia-geral ou o conse- ações a serem distribuídas no mercado.
lho de administração;         § 3º A subscrição de ações para realização em bens
        c) as condições a que estiverem sujeitas as será sempre procedida com observância do disposto no artigo
emissões; 8º, e a ela se aplicará o disposto nos §§ 2º e 3º do artigo 98.
        d) os casos ou as condições em que os acionistas         § 4º As entradas e as prestações da realização das
terão direito de preferência para subscrição, ou de inexis- ações poderão ser recebidas pela companhia independen-
tência desse direito (artigo 172). temente de depósito bancário.

66
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 5º No aumento de capital observar-se-á, se         § 7º Na companhia aberta, o órgão que delibe-
mediante subscrição pública, o disposto no artigo 82, e se rar sobre a emissão mediante subscrição particular deverá
mediante subscrição particular, o que a respeito for delibe- dispor sobre as sobras de valores mobiliários não subscri-
rado pela assembleia-geral ou pelo conselho de adminis- tos, podendo:
tração, conforme dispuser o estatuto.         a) mandar vendê-las em bolsa, em benefício da
        § 6º Ao aumento de capital aplica-se, no que cou- companhia; ou
ber, o disposto sobre a constituição da companhia, exceto         b) rateá-las, na proporção dos valores subscritos,
na parte final do § 2º do artigo 82. entre os acionistas que tiverem pedido, no boletim ou lista
        § 7º A proposta de aumento do capital deverá de subscrição, reserva de sobras; nesse caso, a condição
esclarecer qual o critério adotado, nos termos do § 1º deste constará dos boletins e listas de subscrição e o saldo não
artigo, justificando pormenorizadamente os aspectos eco- rateado será vendido em bolsa, nos termos da alínea an-
nômicos que determinaram a sua escolha.  (Incluído  pela terior.
Lei nº 9.457, de 1997)         § 8° Na companhia fechada, será obrigatório o
rateio previsto na alínea b do § 7º, podendo o saldo, se
Direito de Preferência houver, ser subscrito por terceiros, de acordo com os crité-
        Art. 171. Na proporção do número de ações que rios estabelecidos pela assembleia-geral ou pelos órgãos
possuírem, os acionistas terão preferência para a subscri- da administração.
ção do aumento de capital.     (Vide Lei nº 12.838, de 2013)
        § 1º Se o capital for dividido em ações de diversas Exclusão do Direito de Preferência
espécies ou classes e o aumento for feito por emissão de          Art. 172. O estatuto da companhia aberta que
mais de uma espécie ou classe, observar-se-ão as seguin- contiver autorização para o aumento do capital pode pre-
tes normas: ver a emissão, sem direito de preferência para os antigos
        a) no caso de aumento, na mesma proporção, do acionistas, ou com redução do prazo de que trata o § 4o do
número de ações de todas as espécies e classes existen- art. 171, de ações e debêntures conversíveis em ações, ou
tes, cada acionista exercerá o direito de preferência sobre bônus de subscrição, cuja colocação seja feita median-
ações idênticas às de que for possuidor; te: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)     (Vide Lei
        b) se as ações emitidas forem de espécies e clas- nº 12.838, de 2013)
ses existentes, mas importarem alteração das respectivas         I - venda em bolsa de valores ou subscrição pú-
proporções no capital social, a preferência será exercida blica; ou
sobre ações de espécies e classes idênticas às de que fo-          II - permuta por ações, em oferta pública de
rem possuidores os acionistas, somente se estendendo às aquisição de controle, nos termos dos arts. 257 e 263. (Re-
demais se aquelas forem insuficientes para lhes assegurar, dação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
no capital aumentado, a mesma proporção que tinham no         Parágrafo único. O estatuto da companhia, ain-
capital antes do aumento; da que fechada, pode excluir o direito de preferência para
        c) se houver emissão de ações de espécie ou classe subscrição de ações nos termos de lei especial sobre in-
diversa das existentes, cada acionista exercerá a preferên- centivos fiscais.
cia, na proporção do número de ações que possuir, sobre SEÇÃO II
ações de todas as espécies e classes do aumento. Redução
        § 2º No aumento mediante capitalização de cré-
ditos ou subscrição em bens, será sempre assegurado aos         Art. 173. A assembleia-geral poderá deliberar a
acionistas o direito de preferência e, se for o caso, as im- redução do capital social se houver perda, até o montante
portâncias por eles pagas serão entregues ao titular do cré- dos prejuízos acumulados, ou se julgá-lo excessivo.
dito a ser capitalizado ou do bem a ser incorporado.         § 1º A proposta de redução do capital social,
        § 3º Os acionistas terão direito de preferência quando de iniciativa dos administradores, não poderá ser
para subscrição das emissões de debêntures conversíveis submetida à deliberação da assembleia-geral sem o pare-
em ações, bônus de subscrição e partes beneficiárias con- cer do conselho fiscal, se em funcionamento.
versíveis em ações emitidas para alienação onerosa; mas         § 2º A partir da deliberação de redução ficarão
na conversão desses títulos em ações, ou na outorga e no suspensos os direitos correspondentes às ações cujos cer-
exercício de opção de compra de ações, não haverá direito tificados tenham sido emitidos, até que sejam apresenta-
de preferência. dos à companhia para substituição.
        § 4º O estatuto ou a assembleia-geral fixará prazo
de decadência, não inferior a 30 (trinta) dias, para o exercí- Oposição dos Credores
cio do direito de preferência.         Art. 174. Ressalvado o disposto nos artigos 45 e
        § 5º No usufruto e no fideicomisso, o direito 107, a redução do capital social com restituição aos acio-
de preferência, quando não exercido pelo acionista até 10 nistas de parte do valor das ações, ou pela diminuição do
(dez) dias antes do vencimento do prazo, poderá sê-lo pelo valor destas, quando não integralizadas, à importância das
usufrutuário ou fideicomissário. entradas, só se tornará efetiva 60 (sessenta) dias após a
        § 6º O acionista poderá ceder seu direito de pre- publicação da ata da assembleia-geral que a tiver delibe-
ferência. rado.

67
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 1º Durante o prazo previsto neste artigo, os         § 4º As demonstrações serão complementadas
credores quirografários por títulos anteriores à data da por notas explicativas e outros quadros analíticos ou de-
publicação da ata poderão, mediante notificação, de que monstrações contábeis necessários para esclarecimento
se dará ciência ao registro do comércio da sede da com- da situação patrimonial e dos resultados do exercício.
panhia, opor-se à redução do capital; decairão desse di- § 5o  As notas explicativas devem:  (Redação dada
reito os credores que o não exercerem dentro do prazo. pela Lei nº 11.941, de 2009)
        § 2º Findo o prazo, a ata da assembleia-geral I – apresentar informações sobre a base de prepara-
que houver deliberado à redução poderá ser arquivada ção das demonstrações financeiras e das práticas contá-
se não tiver havido oposição ou, se tiver havido oposição beis específicas selecionadas e aplicadas para negócios
de algum credor, desde que feita a prova do pagamen- e eventos significativos; (Incluído pela Lei nº 11.941, de
to do seu crédito ou do depósito judicial da importância 2009)
respectiva. II – divulgar as informações exigidas pelas práticas
        § 3º Se houver em circulação debêntures emiti- contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresen-
das pela companhia, a redução do capital, nos casos pre- tadas em nenhuma outra parte das demonstrações fi-
vistos neste artigo, não poderá ser efetivada sem prévia nanceiras; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
aprovação pela maioria dos debenturistas, reunidos em III – fornecer informações adicionais não indicadas
assembleia especial. nas próprias demonstrações financeiras e consideradas
necessárias para uma apresentação adequada; e (Incluí-
CAPÍTULO XV do pela Lei nº 11.941, de 2009)
Exercício Social e Demonstrações Financeiras IV – indicar: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
SEÇÃO I a) os principais critérios de avaliação dos elementos
Exercício Social patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de
depreciação, amortização e exaustão, de constituição de
        Art. 175. O exercício social terá duração de 1 provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para
(um) ano e a data do término será fixada no estatuto.
atender a perdas prováveis na realização de elementos
        Parágrafo único. Na constituição da companhia
do ativo; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
e nos casos de alteração estatutária o exercício social
b) os investimentos em outras sociedades, quando
poderá ter duração diversa.
relevantes (art. 247, parágrafo único); (Incluído pela Lei
nº 11.941, de 2009)
SEÇÃO II
c) o aumento de valor de elementos do ativo resul-
Demonstrações Financeiras
tante de novas avaliações (art. 182, § 3o ); (Incluído pela
Disposições Gerais
Lei nº 11.941, de 2009)
        Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a dire- d) os ônus reais constituídos sobre elementos do
toria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras respon-
companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que sabilidades eventuais ou contingentes; (Incluído pela Lei
deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da nº 11.941, de 2009)
companhia e as mutações ocorridas no exercício: e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as ga-
        I - balanço patrimonial; rantias das obrigações a longo prazo; (Incluído pela Lei
        II - demonstração dos lucros ou prejuízos acu- nº 11.941, de 2009)
mulados; f) o número, espécies e classes das ações do capital
        III - demonstração do resultado do exercício; e social; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
        IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Reda- g) as opções de compra de ações outorgadas e exer-
ção dada pela Lei nº 11.638,de 2007) cidas no exercício; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
        V – se companhia aberta, demonstração do valor h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o);
adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
        § 1º As demonstrações de cada exercício serão i) os eventos subsequentes à data de encerramento
publicadas com a indicação dos valores correspondentes do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito re-
das demonstrações do exercício anterior. levante sobre a situação financeira e os resultados futu-
        § 2º Nas demonstrações, as contas semelhan- ros da companhia. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
tes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão          § 6o  A companhia fechada com patrimônio
ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00
ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo gru- (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e
po de contas; mas é vedada a utilização de designações publicação da demonstração dos fluxos de caixa. (Reda-
genéricas, como “diversas contas” ou “contas-correntes”. ção dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
        § 3º As demonstrações financeiras registrarão         § 7o  A Comissão de Valores Mobiliários poderá,
a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos a seu critério, disciplinar de forma diversa o registro de
da administração, no pressuposto de sua aprovação pela que trata o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941,
assembleia-geral. de 2009)

68
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Escrituração         II – ativo não circulante, composto por ativo rea-


        Art. 177. A escrituração da companhia será mantida lizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangí-
em registros permanentes, com obediência aos preceitos vel. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de con-         § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos
tabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos seguintes grupos:
ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as
mutações patrimoniais segundo o regime de competência. I – passivo circulante;  (Incluído pela Lei nº 11.941, de
        § 1º As demonstrações financeiras do exercício 2009)
em que houver modificação de métodos ou critérios con- II – passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941,
tábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e de 2009)
ressaltar esses efeitos. III – patrimônio líquido, dividido em capital social, re-
§ 2o  A companhia observará exclusivamente em li- servas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas
vros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (In-
da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas cluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legisla-         § 3º Os saldos devedores e credores que a com-
ção especial sobre a atividade que constitui seu objeto, panhia não tiver direito de compensar serão classificados
que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de separadamente.
métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem Ativo
registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de ou-         Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte
tras demonstrações financeiras. (Redação dada pela Lei nº modo:
11.941, de 2009)         I - no ativo circulante: as disponibilidades, os di-
I – (revogado);  (Redação dada pela Lei nº 11.941, de reitos realizáveis no curso do exercício social subsequente
2009) e as aplicações de recursos em despesas do exercício se-
II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de guinte;
2009)         II - no ativo realizável a longo prazo: os direi-
§ 3o  As demonstrações financeiras das companhias tos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim
abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Co- como os derivados de vendas, adiantamentos ou emprés-
missão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamente timos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243),
submetidas a auditoria por auditores independentes nela diretores, acionistas ou participantes no lucro da compa-
registrados. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) nhia, que não constituírem negócios usuais na exploração
        § 4º As demonstrações financeiras serão assina- do objeto da companhia;
das pelos administradores e por contabilistas legalmente         III - em investimentos: as participações perma-
habilitados. nentes em outras sociedades e os direitos de qualquer na-
        § 5o  As normas expedidas pela Comissão de Valo- tureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se
res Mobiliários a que se refere o § 3o deste artigo deverão destinem à manutenção da atividade da companhia ou da
ser elaboradas em consonância com os padrões interna- empresa;
cionais de contabilidade adotados nos principais merca-         IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham
dos de valores mobiliários. (Incluído pela Lei nº 11.638,de por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das
2007) atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com
        § 6o  As companhias fechadas poderão optar essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que
por observar as normas sobre demonstrações financeiras transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle
expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as desses bens; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
companhias abertas. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)         VI – no intangível: os direitos que tenham por obje-
         § 7o  (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº to bens incorpóreos destinados à manutenção da compa-
11.941, de 2009) nhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de
comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
SEÇÃO III         Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo
Balanço Patrimonial operacional da empresa tiver duração maior que o exercí-
Grupo de Contas cio social, a classificação no circulante ou longo prazo terá
por base o prazo desse ciclo.
        Art. 178. No balanço, as contas serão classifica-
das segundo os elementos do patrimônio que registrem, e Passivo Exigível
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise         Art. 180.  As obrigações da companhia, inclusive
da situação financeira da companhia. financiamentos para aquisição de direitos do ativo não cir-
        § 1º No ativo, as contas serão dispostas em or- culante, serão classificadas no passivo circulante, quando
dem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circu-
registrados, nos seguintes grupos: lante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o
        I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, disposto no parágrafo único do art. 179 desta Lei. (Redação
de 2009) dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

69
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Resultados de Exercícios Futuros          III - os investimentos em participação no ca-


Patrimônio Líquido pital social de outras sociedades, ressalvado o disposto
        Art. 182. A conta do capital social discriminará o nos artigos 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzi-
montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não do de provisão para perdas prováveis na realização do
realizada. seu valor, quando essa perda estiver comprovada como
        § 1º Serão classificadas como reservas de capital permanente, e que não será modificado em razão do re-
as contas que registrarem: cebimento, sem custo para a companhia, de ações ou
        a) a contribuição do subscritor de ações que ul- quotas bonificadas;
trapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão          IV - os demais investimentos, pelo custo de
das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas
destinada à formação do capital social, inclusive nos casos prováveis na realização do seu valor, ou para redução do
de conversão em ações de debêntures ou partes benefi- custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for
ciárias; inferior;
        b) o produto da alienação de partes beneficiárias          V - os direitos classificados no imobilizado,
e bônus de subscrição; pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva
        c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.638,de conta de depreciação, amortização ou exaustão;
2007)  (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)          VI – (revogado);  (Redação dada pela Lei nº
        d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 11.941, de 2009)
2007)  (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)          VII – os direitos classificados no intangível,
        § 2° Será ainda registrado como reserva de capital pelo custo incorrido na aquisição deduzido do saldo da
o resultado da correção monetária do capital realizado, en- respectiva conta de amortização;  (Incluído pela Lei nº
quanto não-capitalizado. 11.638,de 2007)
        § 3o  Serão classificadas como ajustes de avalia-          VIII – os elementos do ativo decorrentes de
ção patrimonial, enquanto não computadas no resultado operações de longo prazo serão ajustados a valor pre-
do exercício em obediência ao regime de competência, as sente, sendo os demais ajustados quando houver efeito
contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atri- relevante. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)      (Vide
buídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência Lei nº 12.973, de 2014)
da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei         § 1o  Para efeitos do disposto neste artigo, con-
ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobi- sidera-se valor justo: (Redação dada pela Lei nº 11.941,
liários, com base na competência conferida pelo § 3o do art. de 2009)
177 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)         a) das matérias-primas e dos bens em almoxa-
        § 4º Serão classificados como reservas de lucros rifado, o preço pelo qual possam ser repostos, mediante
as contas constituídas pela apropriação de lucros da com- compra no mercado;
panhia.         b) dos bens ou direitos destinados à venda, o
        § 5º As ações em tesouraria deverão ser desta- preço líquido de realização mediante venda no mercado,
cadas no balanço como dedução da conta do patrimônio deduzidos os impostos e demais despesas necessárias
líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na para a venda, e a margem de lucro;
sua aquisição.         c) dos investimentos, o valor líquido pelo qual
possam ser alienados a terceiros.
Critérios de Avaliação do Ativo         d) dos instrumentos financeiros, o valor que
        Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão pode se obter em um mercado ativo, decorrente de tran-
avaliados segundo os seguintes critérios: sação não compulsória realizada entre partes indepen-
         I - as aplicações em instrumentos financeiros, dentes; e, na ausência de um mercado ativo para um de-
inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, terminado instrumento financeiro:  (Incluída pela Lei nº
classificados no ativo circulante ou no realizável a longo 11.638,de 2007)
prazo: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)         1) o valor que se pode obter em um mercado
        a) pelo seu valor justo, quando se tratar de apli- ativo com a negociação de outro instrumento financeiro
cações destinadas à negociação ou disponíveis para venda; de natureza, prazo e risco similares; (Incluído pela Lei nº
e (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) 11.638,de 2007)
        b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de         2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa
emissão, atualizado conforme disposições legais ou con- futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo
tratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando e risco similares; ou (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos         3) o valor obtido por meio de modelos matemá-
e títulos de crédito; (Incluída pela Lei nº 11.638,de 2007) tico-estatísticos de precificação de instrumentos finan-
        II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias ceiros. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
e produtos do comércio da companhia, assim como maté-         § 2o  A diminuição do valor dos elementos dos
rias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, ativos imobilizado e intangível será registrada periodica-
pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão mente nas contas de: (Redação dada pela Lei nº 11.941,
para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior; de 2009)

70
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        a) depreciação, quando corresponder à perda Correção Monetária


do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos SEÇÃO IV
sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados
da natureza ou obsolescência;
        b) amortização, quando corresponder à perda         Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos
do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da acumulados discriminará:
propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros         I - o saldo do início do período, os ajustes de exer-
com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo cícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial;
objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou con-         II - as reversões de reservas e o lucro líquido do
tratualmente limitado; exercício;
        c) exaustão, quando corresponder à perda do va-         III - as transferências para reservas, os dividendos,
lor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao
sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados fim do período.
nessa exploração.         § 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão
        § 3o  A companhia deverá efetuar, periodicamen- considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudan-
te, análise sobre a recuperação dos valores registrados ça de critério contábil, ou da retificação de erro imputável
no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam: (Re- a determinado exercício anterior, e que não possam ser
dação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) atribuídos a fatos subsequentes.
        I – registradas as perdas de valor do capi-         § 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acu-
tal aplicado quando houver decisão de interromper os mulados deverá indicar o montante do dividendo por ação
empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou do capital social e poderá ser incluída na demonstração
quando comprovado que não poderão produzir resulta- das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publi-
dos suficientes para recuperação desse valor; ou (Incluí- cada pela companhia.
do pela Lei nº 11.638,de 2007)
        II – revisados e ajustados os critérios utilizados
SEÇÃO V
para determinação da vida útil econômica estimada e
Demonstração do Resultado do Exercício
para cálculo da depreciação, exaustão e amortização. (In-
cluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
        Art. 187. A demonstração do resultado do exercí-
        § 4° Os estoques de mercadorias fungíveis des-
cio discriminará:
tinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mer-
        I - a receita bruta das vendas e serviços, as dedu-
cado, quando esse for o costume mercantil aceito pela
ções das vendas, os abatimentos e os impostos;
técnica contábil.
        II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo
Critérios de Avaliação do Passivo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
        Art. 184. No balanço, os elementos do passivo          III - as despesas com as vendas, as despesas
serão avaliados de acordo com os seguintes critérios: financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e
        I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos administrativas, e outras despesas operacionais;
ou calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar         IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras
com base no resultado do exercício, serão computados receitas e as outras despesas;  (Redação dada pela Lei nº
pelo valor atualizado até a data do balanço; 11.941, de 2009)
        II - as obrigações em moeda estrangeira, com         V - o resultado do exercício antes do Imposto
cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moe- sobre a Renda e a provisão para o imposto;
da nacional à taxa de câmbio em vigor na data do ba-         VI – as participações de debêntures, empregados,
lanço; administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma
        III – as obrigações, os encargos e os riscos classi- de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos
ficados no passivo não circulante serão ajustados ao seu de assistência ou previdência de empregados, que não se
valor presente, sendo os demais ajustados quando hou- caracterizem como despesa;  (Redação dada pela Lei nº
ver efeito relevante. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 11.941, de 2009)
2009)      (Vide Lei nº 12.973, de 2014)         VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o
seu montante por ação do capital social.
Critérios de Avaliação em Operações Societárias          § 1º Na determinação do resultado do exercício
(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) serão computados:
        a) as receitas e os rendimentos ganhos no perío-
        Art. 184-A.  A Comissão de Valores Mobiliários do, independentemente da sua realização em moeda; e
estabelecerá, com base na competência conferida pelo         b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos
§ 3o do art. 177 desta Lei, normas especiais de avaliação ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendi-
e contabilização aplicáveis à aquisição de controle, par- mentos.
ticipações societárias ou negócios.  (Incluído pela Lei nº          § 2o  (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº
11.941, de 2009) 11.638,de 2007)  (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)

71
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

SEÇÃO VI SEÇÃO II
Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adi- Reservas e Retenção de Lucros
cionado Reserva Legal
(Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
        Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco
        Art. 188.  As demonstrações referidas nos incisos por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra desti-
IV e V do  caput  do art. 176 desta Lei indicarão, no míni- nação, na constituição da reserva legal, que não excederá
mo: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) de 20% (vinte por cento) do capital social.
        I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações         § 1º A companhia poderá deixar de constituir a
ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalen- reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva,
tes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, acrescido do montante das reservas de capital de que trata
3 (três) fluxos: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) o § 1º do artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do
        a) das operações;  (Redação dada pela Lei nº capital social.
11.638,de 2007)         § 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integri-
        b) dos financiamentos; e (Redação dada pela Lei dade do capital social e somente poderá ser utilizada para
nº 11.638,de 2007) compensar prejuízos ou aumentar o capital.
        c) dos investimentos; (Redação dada pela Lei nº
11.638,de 2007) Reservas Estatutárias
        II – demonstração do valor adicionado – o valor         Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde
da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição en- que, para cada uma:
tre os elementos que contribuíram para a geração dessa         I - indique, de modo preciso e completo, a sua
riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, finalidade;
governo e outros, bem como a parcela da riqueza não dis-         II - fixe os critérios para determinar a parcela anual
tribuída. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) dos lucros líquidos que serão destinados à sua constitui-
ção; e
CAPÍTULO XVI         III - estabeleça o limite máximo da reserva.
Lucro, Reservas e Dividendos
SEÇÃO I Reservas para Contingências
Lucro         Art. 195. A assembleia-geral poderá, por proposta
Dedução de Prejuízos e Imposto sobre a Renda dos órgãos da administração, destinar parte do lucro líqui-
do à formação de reserva com a finalidade de compensar,
        Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzi- em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de
dos, antes de qualquer participação, os prejuízos acumula- perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado.
dos e a provisão para o Imposto sobre a Renda.         § 1º A proposta dos órgãos da administração
        Parágrafo único. o prejuízo do exercício será obri- deverá indicar a causa da perda prevista e justificar, com
gatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas re- as razões de prudência que a recomendem, a constituição
servas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem. da reserva.
        § 2º A reserva será revertida no exercício em que
Participações deixarem de existir as razões que justificaram a sua consti-
        Art. 190. As participações estatutárias de emprega- tuição ou em que ocorrer a perda.
dos, administradores e partes beneficiárias serão determi-
nadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros Reserva de Incentivos Fiscais
que remanescerem depois de deduzida a participação an- (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
teriormente calculada.         Art. 195-A.  A assembleia geral poderá, por pro-
        Parágrafo único. Aplica-se ao pagamento das par- posta dos órgãos de administração, destinar para a reserva
ticipações dos administradores e das partes beneficiárias o de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente
disposto nos parágrafos do artigo 201. de doações ou subvenções governamentais para inves-
timentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do
Lucro Líquido dividendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta
        Art. 191. Lucro líquido do exercício é o resultado Lei). (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
do exercício que remanescer depois de deduzidas as parti-
cipações de que trata o artigo 190. Retenção de Lucros
        Art. 196. A assembleia-geral poderá, por propos-
Proposta de Destinação do Lucro ta dos órgãos da administração, deliberar reter parcela do
        Art. 192. Juntamente com as demonstrações finan- lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital
ceiras do exercício, os órgãos da administração da compa- por ela previamente aprovado.
nhia apresentarão à assembleia-geral ordinária, observado         § 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da
o disposto nos artigos 193 a 203 e no estatuto, proposta administração com a justificação da retenção de lucros
sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício. proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos

72
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a dura-         III - resgate de partes beneficiárias;
ção de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de execução, por         IV - incorporação ao capital social;
prazo maior, de projeto de investimento.         V - pagamento de dividendo a ações preferen-
        § 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assem- ciais, quando essa vantagem lhes for assegurada (artigo
bleia-geral ordinária que deliberar sobre o balanço do exer- 17, § 5º).
cício e revisado anualmente, quando tiver duração superior         Parágrafo único. A reserva constituída com o
a um exercício social. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de produto da venda de partes beneficiárias poderá ser des-
2001) tinada ao resgate desses títulos.

Reserva de Lucros a Realizar SEÇÃO III


        Art. 197. No exercício em que o montante do dividen- Dividendos
do obrigatório, calculado nos termos do estatuto ou do art. Origem
202, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exer-
cício, a assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos de         Art. 201. A companhia somente pode pagar di-
administração, destinar o excesso à constituição de reserva de videndos à conta de lucro líquido do exercício, de lucros
lucros a realizar. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) acumulados e de reserva de lucros; e à conta de reserva de
        § 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se reali- capital, no caso das ações preferenciais de que trata o § 5º
zada a parcela do lucro líquido do exercício que exceder da do artigo 17.
soma dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei nº 10.303,         § 1º A distribuição de dividendos com inobser-
de 2001) vância do disposto neste artigo implica responsabilidade
        I - o resultado líquido positivo da equivalência patri- solidária dos administradores e fiscais, que deverão repor
monial (art. 248); e (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) à caixa social a importância distribuída, sem prejuízo da
        II – o lucro, rendimento ou ganho líquidos em ope- ação penal que no caso couber.
rações ou contabilização de ativo e passivo pelo valor de         § 2º Os acionistas não são obrigados a restituir os
mercado, cujo prazo de realização financeira ocorra após o dividendos que em boa-fé tenham recebido. Presume-se
término do exercício social seguinte. (Redação dada pela Lei a má-fé quando os dividendos forem distribuídos sem o
nº 11.638,de 2007) levantamento do balanço ou em desacordo com os resul-
        § 2o A reserva de lucros a realizar somente poderá ser tados deste.
utilizada para pagamento do dividendo obrigatório e, para
efeito do inciso III do art. 202, serão considerados como inte- Dividendo Obrigatório
grantes da reserva os lucros a realizar de cada exercício que          Art. 202. Os acionistas têm direito de receber
forem os primeiros a serem realizados em dinheiro. (Incluído como dividendo obrigatório, em cada exercício, a par-
pela Lei nº 10.303, de 2001) cela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for
omisso, a importância determinada de acordo com as
Limite da Constituição de Reservas e Retenção de seguintes normas:  (Redação dada pela Lei nº 10.303, de
Lucros 2001)      (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013)     (Vide
        Art. 198. A destinação dos lucros para constituição Lei nº 12.838, de 2013)
das reservas de que trata o artigo 194 e a retenção nos termos         I - metade do lucro líquido do exercício diminuído
do artigo 196 não poderão ser aprovadas, em cada exercício, ou acrescido dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei
em prejuízo da distribuição do dividendo obrigatório (artigo nº 10.303, de 2001)
202).         a) importância destinada à constituição da reserva
legal (art. 193); e (Incluída pela Lei nº 10.303, de 2001)
Limite do Saldo das Reservas de Lucros         b) importância destinada à formação da reserva
Limite do Saldo das Reservas de Lucro para contingências (art. 195) e reversão da mesma reser-
(Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) va formada em exercícios anteriores; (Incluída pela Lei nº
        Art. 199.  O saldo das reservas de lucros, exceto as 10.303, de 2001)
para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar,         II - o pagamento do dividendo determinado nos
não poderá ultrapassar o capital social. Atingindo esse limite, termos do inciso I poderá ser limitado ao montante do lu-
a assembleia deliberará sobre aplicação do excesso na inte- cro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que
gralização ou no aumento do  capital  social ou na distribuição a diferença seja registrada como reserva de lucros a reali-
de dividendos. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) zar (art. 197); (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
        III - os lucros registrados na reserva de lucros a
Reserva de Capital realizar, quando realizados e se não tiverem sido absorvi-
        Art. 200. As reservas de capital somente poderão ser dos por prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser
utilizadas para: acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a reali-
        I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os lu- zação. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
cros acumulados e as reservas de lucros (artigo 189, parágrafo         § 1º O estatuto poderá estabelecer o dividendo
único); como porcentagem do lucro ou do capital social, ou fixar
        II - resgate, reembolso ou compra de ações; outros critérios para determiná-lo, desde que sejam regu-

73
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

lados com precisão e minúcia e não sujeitem os acionistas         § 2º O estatuto poderá autorizar os órgãos de
minoritários ao arbítrio dos órgãos de administração ou administração a declarar dividendos intermediários, à
da maioria. conta de lucros acumulados ou de reservas de lucros
         § 2o  Quando o estatuto for omisso e a assem- existentes no último balanço anual ou semestral.
bleia-geral deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre
a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser inferior Pagamento de Dividendos
a 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido ajustado          Art. 205. A companhia pagará o dividendo
nos termos do inciso I deste artigo. (Redação dada pela Lei de ações nominativas à pessoa que, na data do ato
nº 10.303, de 2001) de declaração do dividendo, estiver inscrita como pro-
        § 3o A assembleia-geral pode, desde que não haja prietária ou usufrutuária da ação.
oposição de qualquer acionista presente, deliberar a dis-         § 1º Os dividendos poderão ser pagos por
tribuição de dividendo inferior ao obrigatório, nos termos cheque nominativo remetido por via postal para o en-
deste artigo, ou a retenção de todo o lucro líquido, nas dereço comunicado pelo acionista à companhia, ou
seguintes sociedades:  (Redação dada pela Lei nº 10.303, mediante crédito em conta-corrente bancária aberta
de 2001) em nome do acionista.
         I - companhias abertas exclusivamente para a         § 2º Os dividendos das ações em custódia
captação de recursos por debêntures não conversíveis em bancária ou em depósito nos termos dos artigos 41 e
ações; (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) 43 serão pagos pela companhia à instituição financei-
        II - companhias fechadas, exceto nas controladas ra depositária, que será responsável pela sua entrega
por companhias abertas que não se enquadrem na condição aos titulares das ações depositadas.
prevista no inciso I. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)         § 3º O dividendo deverá ser pago, salvo de-
        § 4º O dividendo previsto neste artigo não será liberação em contrário da assembleia-geral, no prazo
obrigatório no exercício social em que os órgãos da admi- de 60 (sessenta) dias da data em que for declarado e,
nistração informarem à assembleia-geral ordinária ser ele em qualquer caso, dentro do exercício social.
incompatível com a situação financeira da companhia. O
conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer CAPÍTULO XVII
sobre essa informação e, na companhia aberta, seus admi- Dissolução, Liquidação e Extinção
nistradores encaminharão à Comissão de Valores Mobiliá- SEÇÃO I
rios, dentro de 5 (cinco) dias da realização da assembleia- Dissolução
-geral, exposição justificativa da informação transmitida à
assembleia.         Art. 206. Dissolve-se a companhia:
        § 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos         I - de pleno direito:
termos do § 4º serão registrados como reserva especial e,         a) pelo término do prazo de duração;
se não absorvidos por prejuízos em exercícios subsequen-         b) nos casos previstos no estatuto;
tes, deverão ser pagos como dividendo assim que o permi-         c) por deliberação da assembleia-geral (art.
tir a situação financeira da companhia. 136, X);  (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
        § 6o Os lucros não destinados nos termos dos arts.         d) pela existência de 1 (um) único acionista,
193 a 197 deverão ser distribuídos como dividendos. (In- verificada em assembleia-geral ordinária, se o mínimo
cluído pela Lei nº 10.303, de 2001) de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguin-
te, ressalvado o disposto no artigo 251;
Dividendos de Ações Preferenciais         e) pela extinção, na forma da lei, da autoriza-
        Art. 203. O disposto nos artigos 194 a 197, e 202, não ção para funcionar.
prejudicará o direito dos acionistas preferenciais de receber         II - por decisão judicial:
os dividendos fixos ou mínimos a que tenham prioridade, in-         a) quando anulada a sua constituição, em ação
clusive os atrasados, se cumulativos.      (Vide Medida Provi- proposta por qualquer acionista;
sória nº 608, de 2013)     (Vide Lei nº 12.838, de 2013)         b) quando provado que não pode preencher
o seu fim, em ação proposta por acionistas que repre-
Dividendos Intermediários sentem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social;
        Art. 204. A companhia que, por força de lei ou de         c) em caso de falência, na forma prevista na
disposição estatutária, levantar balanço semestral, poderá respectiva lei;
declarar, por deliberação dos órgãos de administração, se         III - por decisão de autoridade administrati-
autorizados pelo estatuto, dividendo à conta do lucro apu- va competente, nos casos e na forma previstos em lei
rado nesse balanço. especial.
        § 1º A companhia poderá, nos termos de dispo-
sição estatutária, levantar balanço e distribuir dividendos Efeitos
em períodos menores, desde que o total dos dividendos         Art. 207. A companhia dissolvida conserva a
pagos em cada semestre do exercício social não exceda personalidade jurídica, até a extinção, com o fim de
o montante das reservas de capital de que trata o § 1º do proceder à liquidação.
artigo 182.

74
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

SEÇÃO II Poderes do Liquidante


Liquidação          Art. 211. Compete ao liquidante representar a
Liquidação pelos Órgãos da Companhia companhia e praticar todos os atos necessários à liquida-
ção, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir, re-
        Art. 208. Silenciando o estatuto, compete à as- ceber e dar quitação.
sembleia-geral, nos casos do número I do artigo 206, de-         Parágrafo único. Sem expressa autorização da
terminar o modo de liquidação e nomear o liquidante e assembleia-geral o liquidante não poderá gravar bens e
o conselho fiscal que devam funcionar durante o período contrair empréstimos, salvo quando indispensáveis ao pa-
de liquidação. gamento de obrigações inadiáveis, nem prosseguir, ainda
        § 1º A companhia que tiver conselho de ad- que para facilitar a liquidação, na atividade social.
ministração poderá mantê-lo, competindo-lhe nomear o
liquidante; o funcionamento do conselho fiscal será per- Denominação da Companhia
manente ou a pedido de acionistas, conforme dispuser o         Art. 212. Em todos os atos ou operações, o li-
estatuto. quidante deverá usar a denominação social seguida das
        § 2º O liquidante poderá ser destituído, a qual- palavras “em liquidação”.
quer tempo, pelo órgão que o tiver nomeado.
Assembleia-Geral
Liquidação Judicial         Art. 213. O liquidante convocará a assembleia-ge-
        Art. 209. Além dos casos previstos no número II ral cada 6 (seis) meses, para prestar-lhe contas dos atos e
do artigo 206, a liquidação será processada judicialmente: operações praticados no semestre e apresentar-lhe o re-
        I - a pedido de qualquer acionista, se os adminis- latório e o balanço do estado da liquidação; a assembleia-
tradores ou a maioria de acionistas deixarem de promover -geral pode fixar, para essas prestações de contas, perío-
a liquidação, ou a ela se opuserem, nos casos do número dos menores ou maiores que, em qualquer caso, não serão
I do artigo 206; inferiores a 3 (três) nem superiores a 12 (doze) meses.
        II - a requerimento do Ministério Público, à vista
        § 1º Nas assembleias-gerais da companhia em
de comunicação da autoridade competente, se a compa-
liquidação todas as ações gozam de igual direito de voto,
nhia, nos 30 (trinta) dias subsequentes à dissolução, não
tornando-se ineficazes as restrições ou limitações porven-
iniciar a liquidação ou, se após iniciá-la, a interromper por
tura existentes em relação às ações ordinárias ou preferen-
mais de 15 (quinze) dias, no caso da alínea e do número
ciais; cessando o estado de liquidação, restaura-se a eficá-
I do artigo 301.
cia das restrições ou limitações relativas ao direito de voto.
        Parágrafo único. Na liquidação judicial será ob-
        § 2º No curso da liquidação judicial, as assem-
servado o disposto na lei processual, devendo o liquidan-
bleias-gerais necessárias para deliberar sobre os interesses
te ser nomeado pelo Juiz.
da liquidação serão convocadas por ordem do juiz, a quem
Deveres do Liquidante compete presidi-las e resolver, sumariamente, as dúvidas e
        Art. 210. São deveres do liquidante: litígios que forem suscitados. As atas das assembleias-ge-
        I - arquivar e publicar a ata da assembleia-geral, rais serão, por cópias autênticas, apensadas ao processo
ou certidão de sentença, que tiver deliberado ou decidido judicial.
a liquidação;
        II - arrecadar os bens, livros e documentos da Pagamento do Passivo
companhia, onde quer que estejam;         Art. 214. Respeitados os direitos dos credores pre-
        III - fazer levantar de imediato, em prazo não ferenciais, o liquidante pagará as dívidas sociais propor-
superior ao fixado pela assembleia-geral ou pelo juiz, o cionalmente e sem distinção entre vencidas e vincendas,
balanço      patrimonial da companhia; mas, em relação a estas, com desconto às taxas bancárias.
        IV - ultimar os negócios da companhia, realizar         Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passi-
o ativo, pagar o passivo, e partilhar o remanescente entre vo, o liquidante poderá, sob sua responsabilidade pessoal,
os acionistas; pagar integralmente as dívidas vencidas.
        V - exigir dos acionistas, quando o ativo não
bastar para a solução do passivo, a integralização de suas Partilha do Ativo
ações;         Art. 215. A assembleia-geral pode deliberar que
        VI - convocar a assembleia-geral, nos casos pre- antes de ultimada a liquidação, e depois de pagos todos
vistos em lei ou quando julgar necessário; os credores, se façam rateios entre os acionistas, à propor-
        VII - confessar a falência da companhia e pedir ção que se forem apurando os haveres sociais.
concordata, nos casos previstos em lei;         § 1º É facultado à assembleia-geral aprovar, pelo
        VIII - finda a liquidação, submeter à assembleia- voto de acionistas que representem 90% (noventa por
-geral relatório dos atos e operações da liquidação e suas cento), no mínimo, das ações, depois de pagos ou garan-
contas finais; tidos os credores, condições especiais para a partilha do
        IX - arquivar e publicar a ata da assembleia-geral ativo remanescente, com a atribuição de bens aos sócios,
que houver encerrado a liquidação. pelo valor contábil ou outro por ela fixado.

75
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 2º Provado pelo acionista dissidente (artigo 216,         Parágrafo único. Os sócios podem renunciar, no
§ 2º) que as condições especiais de partilha visaram a favo- contrato social, ao direito de retirada no caso de transfor-
recer a maioria, em detrimento da parcela que lhe tocaria, mação em companhia.
se inexistissem tais condições, será a partilha suspensa, se
não consumada, ou, se já consumada, os acionistas majo- Direito dos Credores
ritários indenizarão os minoritários pelos prejuízos apura-          Art. 222. A transformação não prejudicará, em
dos. caso algum, os direitos dos credores, que continuarão, até
o pagamento integral dos seus créditos, com as mesmas
Prestação de Contas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia.
        Art. 216. Pago o passivo e rateado o ativo rema-         Parágrafo único. A falência da sociedade trans-
nescente, o liquidante convocará a assembleia-geral para formada somente produzirá efeitos em relação aos sócios
a prestação final das contas. que, no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem
        § 1º Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação os titulares de créditos anteriores à transformação, e so-
e a companhia se extingue. mente a estes beneficiará.
        § 2º O acionista dissidente terá o prazo de 30
(trinta) dias, a contar da publicação da ata, para promover SEÇÃO II
a ação que lhe couber. Incorporação, Fusão e Cisão
Competência e Processo
Responsabilidade na Liquidação
        Art. 217. O liquidante terá as mesmas responsa-         Art. 223. A incorporação, fusão ou cisão podem ser
bilidades do administrador, e os deveres e responsabilida- operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e
des dos administradores, fiscais e acionistas subsistirão até deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração
a extinção da companhia. dos respectivos estatutos ou contratos sociais.
        § 1º Nas operações em que houver criação de so-
Direito de Credor Não-Satisfeito ciedade serão observadas as normas reguladoras da cons-
        Art. 218. Encerrada a liquidação, o credor não-sa- tituição das sociedades do seu tipo.
tisfeito só terá direito de exigir dos acionistas, individual-         § 2º Os sócios ou acionistas das sociedades incor-
mente, o pagamento de seu crédito, até o limite da soma, poradas, fundidas ou cindidas receberão, diretamente da
por eles recebida, e de propor contra o liquidante, se for o companhia emissora, as ações que lhes couberem.
caso, ação de perdas e danos. O acionista executado terá         § 3º Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem
direito de haver dos demais a parcela que lhes couber no companhia aberta, as sociedades que a sucederem serão
crédito pago. também abertas, devendo obter o respectivo registro e, se
for o caso, promover a admissão de negociação das novas
SEÇÃO III ações no mercado secundário, no prazo máximo de cento e
Extinção vinte dias, contados da data da assembleia-geral que apro-
vou a operação, observando as normas pertinentes baixa-
        Art. 219. Extingue-se a companhia: das pela Comissão de Valores Mobiliários.(Incluído pela Lei
        I - pelo encerramento da liquidação; nº 9.457, de 1997)
        II - pela incorporação ou fusão, e pela cisão com         § 4º O descumprimento do previsto no parágrafo
versão de todo o patrimônio em outras sociedades. anterior dará ao acionista direito de retirar-se da compa-
nhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45),
CAPÍTULO XVIII nos trinta dias seguintes ao término do prazo nele referido,
Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão observado o disposto nos §§ 1º e 4º do art. 137.  (Incluí-
SEÇÃO I do pela Lei nº 9.457, de 1997)
Transformação
Conceito e Forma Protocolo
        Art. 224. As condições da incorporação, fusão ou
        Art. 220. A transformação é a operação pela qual cisão com incorporação em sociedade existente constarão
a sociedade passa, independentemente de dissolução e de protocolo firmado pelos órgãos de administração ou
liquidação, de um tipo para outro. sócios das sociedades interessadas, que incluirá:
        Parágrafo único. A transformação obedecerá aos         I - o número, espécie e classe das ações que se-
preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo rão atribuídas em substituição dos direitos de sócios que
a ser adotado pela sociedade. se extinguirão e os critérios utilizados para determinar as
relações de substituição;
Deliberação         II - os elementos ativos e passivos que formarão
        Art. 221. A transformação exige o consentimento cada parcela do patrimônio, no caso de cisão;
unânime dos sócios ou acionistas, salvo se prevista no         III - os critérios de avaliação do patrimônio líquido,
estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissi- a data a que será referida a avaliação, e o tratamento das
dente terá o direito de retirar-se da sociedade. variações patrimoniais posteriores;

76
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        IV - a solução a ser adotada quanto às ações Incorporação


ou quotas do capital de uma das sociedades possuí-         Art. 227. A incorporação é a operação pela qual
das por outra; uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes
        V - o valor do capital das sociedades a serem sucede em todos os direitos e obrigações.
criadas ou do aumento ou redução do capital das so-         § 1º A assembleia-geral da companhia incorpo-
ciedades que forem parte na operação; radora, se aprovar o protocolo da operação, deverá auto-
        VI - o projeto ou projetos de estatuto, ou rizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela
de alterações estatutárias, que deverão ser aprovados incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e
para efetivar a operação; nomear os peritos que o avaliarão.
        VII - todas as demais condições a que estiver         § 2º A sociedade que houver de ser incorpora-
sujeita a operação. da, se aprovar o protocolo da operação, autorizará seus
        Parágrafo único. Os valores sujeitos a deter- administradores a praticarem os atos necessários à incor-
minação serão indicados por estimativa. poração, inclusive a subscrição do aumento de capital da
incorporadora.
Justificação         § 3º Aprovados pela assembleia-geral da incorpo-
         Art. 225. As operações de incorporação, radora o laudo de avaliação e a incorporação, extingue-se
fusão e cisão serão submetidas à deliberação da as- a incorporada, competindo à primeira promover o arquiva-
sembleia-geral das companhias interessadas median- mento e a publicação dos atos da incorporação.
te justificação, na qual serão expostos:
        I - os motivos ou fins da operação, e o inte- Fusão
resse da companhia na sua realização;         Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem
        II - as ações que os acionistas preferenciais duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que
receberão e as razões para a modificação dos seus lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.
direitos, se prevista;         § 1º A assembleia-geral de cada companhia, se
        III - a composição, após a operação, segun- aprovar o protocolo de fusão, deverá nomear os peritos
do espécies e classes das ações, do capital das com- que avaliarão os patrimônios líquidos das demais socieda-
panhias que deverão emitir ações em substituição às des.
que se deverão extinguir;         § 2º Apresentados os laudos, os administradores
        IV - o valor de reembolso das ações a que convocarão os sócios ou acionistas das sociedades para
terão direito os acionistas dissidentes. uma assembleia-geral, que deles tomará conhecimento e
resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade,
Formação do Capital vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação
Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte.
(Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)         § 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos
primeiros administradores promover o arquivamento e a
        Art. 226. As operações de incorporação, fusão publicação dos atos da fusão.
e cisão somente poderão ser efetivadas nas condições
aprovadas se os peritos nomeados determinarem que Cisão
o valor do patrimônio ou patrimônios líquidos a se-         Art. 229. A cisão é a operação pela qual a com-
rem vertidos para a formação de capital social é, ao panhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou
menos, igual ao montante do capital a realizar. mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existen-
        § 1º As ações ou quotas do capital da so- tes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão
ciedade a ser incorporada que forem de proprieda- de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se
de da companhia incorporadora poderão, conforme parcial a versão.
dispuser o protocolo de incorporação, ser extintas,         § 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a
ou substituídas por ações em tesouraria da incorpo- sociedade que absorver parcela do patrimônio da compa-
radora, até o limite dos lucros acumulados e reservas, nhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações rela-
exceto a legal. cionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção,
        § 2º O disposto no § 1º aplicar-se-á aos casos as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da
de fusão, quando uma das sociedades fundidas for companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos pa-
proprietária de ações ou quotas de outra, e de cisão trimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações
com incorporação, quando a companhia que incorpo- não relacionados.
rar parcela do patrimônio da cindida for proprietária         § 2º Na cisão com versão de parcela do patrimônio
de ações ou quotas do capital desta. em sociedade nova, a operação será deliberada pela assem-
        § 3 o  A Comissão de Valores Mobiliários esta- bleia-geral da companhia à vista de justificação que incluirá
belecerá normas especiais de avaliação e contabiliza- as informações de que tratam os números do artigo 224; a
ção aplicáveis às operações de fusão, incorporação e assembleia, se a aprovar, nomeará os peritos que avaliarão
cisão que envolvam companhia aberta. (Redação dada a parcela do patrimônio a ser transferida, e funcionará como
pela Lei nº 11.941, de 2009) assembleia de constituição da nova companhia.

77
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 3º A cisão com versão de parcela de patrimô- Direitos dos Credores na Cisão
nio em sociedade já existente obedecerá às disposições         Art. 233. Na cisão com extinção da companhia
sobre incorporação (artigo 227). cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu
        § 4º Efetivada a cisão com extinção da com- patrimônio responderão solidariamente pelas obriga-
panhia cindida, caberá aos administradores das socie- ções da companhia extinta. A companhia cindida que
dades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimô- subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimô-
nio promover o arquivamento e publicação dos atos da nio responderão solidariamente pelas obrigações da
operação; na cisão com versão parcial do patrimônio, primeira anteriores à cisão.
esse dever caberá aos administradores da companhia         Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá
cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio. estipular que as sociedades que absorverem parcelas do
         § 5º  As ações integralizadas com parcelas patrimônio da companhia cindida serão responsáveis
de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas,
a seus titulares, em substituição às extintas, na propor- sem solidariedade entre si ou com a companhia cindi-
ção das que possuíam; a atribuição em proporção dife- da, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poderá
rente requer aprovação de todos os titulares, inclusive se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde
das ações sem direito a voto. (Redação dada pela Lei nº que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias
9.457, de 1997) a contar da data da publicação dos atos da cisão.
Direito de Retirada Averbação da Sucessão
        Art. 230. Nos casos de incorporação ou fusão,         Art. 234. A certidão, passada pelo registro do
o prazo para exercício do direito de retirada, previsto no comércio, da incorporação, fusão ou cisão, é documento
art. 137, inciso II, será contado a partir da publicação da hábil para a averbação, nos registros públicos compe-
ata que aprovar o protocolo ou justificação, mas o pa- tentes, da sucessão, decorrente da operação, em bens,
gamento do preço de reembolso somente será devido direitos e obrigações.
se a operação vier a efetivar-se. (Redação dada pela Lei
nº 9.457, de 1997)
CAPÍTULO XIX
Sociedades de Economia Mista
Direitos dos Debenturistas
Legislação Aplicável
        Art. 231. A incorporação, fusão ou cisão da com-
panhia emissora de debêntures em circulação depende-
        Art. 235. As sociedades anônimas de economia
rá da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em
mista estão sujeitas a esta Lei, sem prejuízo das disposi-
assembleia especialmente convocada com esse fim.
ções especiais de lei federal.
        § 1º Será dispensada a aprovação pela assem-
bleia se for assegurado aos debenturistas que o deseja-         § 1º As companhias abertas de economia mista
rem, durante o prazo mínimo de 6 (seis) meses a contar estão também sujeitas às normas expedidas pela Comis-
da data da publicação das atas das assembleias relativas são de Valores Mobiliários.
à operação, o resgate das debêntures de que forem ti-         § 2º As companhias de que participarem, majo-
tulares. ritária ou minoritariamente, as sociedades de economia
        § 2º No caso do § 1º, a sociedade cindida e as mista, estão sujeitas ao disposto nesta Lei, sem as exce-
sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio ções previstas neste Capítulo.
responderão solidariamente pelo resgate das debêntu-
res. Constituição e Aquisição de Controle
        Art. 236. A constituição de companhia de eco-
Direitos dos Credores na Incorporação ou Fusão nomia mista depende de prévia autorização legislativa.
         Art. 232. Até 60 (sessenta) dias depois de         Parágrafo único. Sempre que pessoa jurídica de
publicados os atos relativos à incorporação ou à fusão, direito público adquirir, por desapropriação, o controle
o credor anterior por ela prejudicado poderá pleitear de companhia em funcionamento, os acionistas terão
judicialmente a anulação da operação; findo o prazo, direito de pedir, dentro de 60 (sessenta) dias da publica-
decairá do direito o credor que não o tiver exercido. ção da primeira ata da assembleia-geral realizada após
        § 1º A consignação da importância em paga- a aquisição do controle, o reembolso das suas ações;
mento prejudicará a anulação pleiteada. salvo se a companhia já se achava sob o controle, direto
        § 2º Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá ou indireto, de outra pessoa jurídica de direito público,
garantir-lhe a execução, suspendendo-se o processo de ou no caso de concessionária de serviço público.
anulação.
        § 3º Ocorrendo, no prazo deste artigo, a falên- Objeto
cia da sociedade incorporadora ou da sociedade nova,         Art. 237. A companhia de economia mista so-
qualquer credor anterior terá o direito de pedir a sepa- mente poderá explorar os empreendimentos ou exercer
ração dos patrimônios, para o fim de serem os créditos as atividades previstas na lei que autorizou a sua cons-
pagos pelos bens das respectivas massas. tituição.

78
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 1º A companhia de economia mista somente         § 5o  É presumida influência significativa quando
poderá participar de outras sociedades quando auto- a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais
rizada por lei no exercício de opção legal para aplicar do capital votante da investida, sem controlá-la. (Incluído
Imposto sobre a Renda ou investimentos para o desen- pela Lei nº 11.941, de 2009)
volvimento regional ou setorial. SEÇÃO II
        § 2º As instituições financeiras de economia mis- Participação Recíproca
ta poderão participar de outras sociedades, observadas as
normas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil.         Art. 244. É vedada a participação recíproca entre
a companhia e suas coligadas ou controladas.
Acionista Controlador         § 1º O disposto neste artigo não se aplica ao caso
        Art. 238. A pessoa jurídica que controla a com- em que ao menos uma das sociedades participa de outra
panhia de economia mista tem os deveres e responsabi- com observância das condições em que a lei autoriza a
lidades do acionista controlador (artigos 116 e 117), mas aquisição das próprias ações (artigo 30, § 1º, alínea b).
poderá orientar as atividades da companhia de modo a         § 2º As ações do capital da controladora, de pro-
atender ao interesse público que justificou a sua criação. priedade da controlada, terão suspenso o direito de voto.
        § 3º O disposto no § 2º do artigo 30, aplica-se à
Administração aquisição de ações da companhia aberta por suas coliga-
        Art. 239. As companhias de economia mista terão das e controladas.
obrigatoriamente Conselho de Administração, assegurado         § 4º No caso do § 1º, a sociedade deverá alienar,
à minoria o direito de eleger um dos conselheiros, se maior dentro de 6 (seis) meses, as ações ou quotas que exce-
número não lhes couber pelo processo de voto múltiplo. derem do valor dos lucros ou reservas, sempre que esses
        Parágrafo único. Os deveres e responsabilidades sofrerem redução.
dos administradores das companhias de economia mista         § 5º A participação recíproca, quando ocorrer em
são os mesmos dos administradores das companhias aber- virtude de incorporação, fusão ou cisão, ou da aquisição,
tas. pela companhia, do controle de sociedade, deverá ser
mencionada nos relatórios e demonstrações financeiras
Conselho Fiscal de ambas as sociedades, e será eliminada no prazo máxi-
        Art. 240. O funcionamento do conselho fiscal mo de 1 (um) ano; no caso de coligadas, salvo acordo em
será permanente nas companhias de economia mista; um
contrário, deverão ser alienadas as ações ou quotas de
dos seus membros, e respectivo suplente, será eleito pelas
aquisição mais recente ou, se da mesma data, que repre-
ações ordinárias minoritárias e outro pelas ações prefe-
sentem menor porcentagem do capital social.
renciais, se houver.
        § 6º A aquisição de ações ou quotas de que resul-
te participação recíproca com violação ao disposto neste
Correção Monetária
artigo importa responsabilidade civil solidária dos admi-
Falência e Responsabilidade Subsidiária
nistradores da sociedade, equiparando-se, para efeitos
CAPÍTULO XX
penais, à compra ilegal das próprias ações.
Sociedades Coligadas, Controladoras e Controladas
SEÇÃO I
Informações no Relatório da Administração SEÇÃO III
Responsabilidade dos Administradores e das So-
        Art. 243. O relatório anual da administração deve ciedades Controladoras
relacionar os investimentos da companhia em sociedades Administradores
coligadas e controladas e mencionar as modificações ocor-
ridas durante o exercício.         Art. 245. Os administradores não podem, em pre-
        § 1o  São coligadas as sociedades nas quais a in- juízo da companhia, favorecer sociedade coligada, con-
vestidora tenha influência significativa. (Redação dada pela troladora ou controlada, cumprindo-lhes zelar para que
Lei nº 11.941, de 2009) as operações entre as sociedades, se houver, observem
        § 2º Considera-se controlada a sociedade na qual condições estritamente comutativas, ou com pagamento
a controladora, diretamente ou através de outras contro- compensatório adequado; e respondem perante a com-
ladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de panhia pelas perdas e danos resultantes de atos pratica-
modo permanente, preponderância nas deliberações so- dos com infração ao disposto neste artigo.
ciais e o poder de eleger a maioria dos administradores.
        § 3º A companhia aberta divulgará as informações Sociedade Controladora
adicionais, sobre coligadas e controladas, que forem exigi-         Art. 246. A sociedade controladora será obrigada
das pela Comissão de Valores Mobiliários. a reparar os danos que causar à companhia por atos pra-
        § 4º  Considera-se que há influência significativa ticados com infração ao disposto nos artigos 116 e 117.
quando a investidora detém ou exerce o poder de participar         § 1º A ação para haver reparação cabe:
nas decisões das políticas financeira ou operacional da inves-         a) a acionistas que representem 5% (cinco por
tida, sem controlá-la.  (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) cento) ou mais do capital social;

79
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        b) a qualquer acionista, desde que preste caução         III - a diferença entre o valor do investimento,
pelas custas e honorários de advogado devidos no caso de de acordo com o número II, e o custo de aquisição cor-
vir a ação ser julgada improcedente. rigido monetariamente; somente será registrada como
        § 2º A sociedade controladora, se condenada, além resultado do exercício:
de reparar o dano e arcar com as custas, pagará honorários         a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na
de advogado de 20% (vinte por cento) e prêmio de 5% coligada ou controlada;
(cinco por cento) ao autor da ação, calculados sobre o valor         b) se corresponder, comprovadamente, a ga-
da indenização. nhos ou perdas efetivos;
        c) no caso de companhia aberta, com obser-
SEÇÃO IV vância das normas expedidas pela Comissão de Valores
Demonstrações Financeiras Mobiliários.
Notas Explicativas         § 1º Para efeito de determinar a relevância do
investimento, nos casos deste artigo, serão computa-
        Art. 247.  As notas explicativas dos investimentos dos como parte do custo de aquisição os saldos de cré-
a que se refere o art. 248 desta Lei devem conter infor- ditos da companhia contra as coligadas e controladas.
mações precisas sobre as sociedades coligadas e controla-         § 2º A sociedade coligada, sempre que solici-
das e suas relações com a companhia, indicando:(Redação tada pela companhia, deverá elaborar e fornecer o ba-
dada pela Lei nº 11.941, de 2009) lanço ou balancete de verificação previsto no número I.
        I - a denominação da sociedade, seu capital social
e patrimônio líquido; Demonstrações Consolidadas
        II - o número, espécies e classes das ações ou quo-         Art. 249. A companhia aberta que tiver mais
tas de propriedade da companhia, e o preço de mercado de 30% (trinta por cento) do valor do seu patrimônio
das      ações, se houver; líquido representado por investimentos em sociedades
        III - o lucro líquido do exercício; controladas deverá elaborar e divulgar, juntamente
        IV - os créditos e obrigações entre a companhia e com suas demonstrações financeiras, demonstrações
as sociedades coligadas e controladas; consolidadas nos termos do artigo 250.
        V - o montante das receitas e despesas em ope-         Parágrafo único. A Comissão de Valores Mo-
rações entre a companhia e as sociedades coligadas e con- biliários poderá expedir normas sobre as sociedades
troladas. cujas demonstrações devam ser abrangidas na conso-
        Parágrafo único. Considera-se relevante o inves- lidação, e:
timento:         a) determinar a inclusão de sociedades que,
        a) em cada sociedade coligada ou controlada, se o embora não controladas, sejam financeira ou adminis-
valor contábil é igual ou superior a 10% (dez por cento) do trativamente dependentes da companhia;
valor do patrimônio líquido da companhia;         b) autorizar, em casos especiais, a exclusão de
        b) no conjunto das sociedades coligadas e contro- uma ou mais sociedades controladas.
ladas, se o valor contábil é igual ou superior a 15% (quinze
por cento) do valor do patrimônio líquido da companhia. Normas sobre Consolidação
        Art. 250. Das demonstrações financeiras con-
Avaliação do Investimento em Coligadas e Contro- solidadas serão excluídas:
ladas         I - as participações de uma sociedade em
        Art. 248.  No balanço patrimonial da companhia, outra;
os investimentos em coligadas ou em controladas e em ou-          II - os saldos de quaisquer contas entre as
tras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou sociedades;
estejam sob controle comum serão avaliados pelo método         III – as parcelas dos resultados do exercício,
da equivalência patrimonial, de acordo com as seguintes dos lucros ou prejuízos acumulados e do custo de esto-
normas: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) ques ou do ativo não circulante que corresponderem a
         I - o valor do patrimônio líquido da coligada resultados, ainda não realizados, de negócios entre as
ou da controlada será determinado com base em balan- sociedades.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
ço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com         § 1º A participação dos acionistas não contro-
observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até ladores no patrimônio líquido e no lucro do exercício
60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço será destacada, respectivamente, no balanço patrimo-
da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão nial e na demonstração do resultado do exercício. (Re-
computados os resultados não realizados decorrentes de dação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
negócios com a companhia, ou com outras sociedades co-         § 2 o  A parcela do custo de aquisição do in-
ligadas à companhia, ou por ela controladas; vestimento em controlada, que não for absorvida na
        II - o valor do investimento será determinado consolidação, deverá ser mantida no ativo não circu-
mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido lante, com dedução da provisão adequada para perdas
referido no número anterior, da porcentagem de participa- já comprovadas, e será objeto de nota explicativa. (Re-
ção no capital da coligada ou controlada; dação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

80
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 3º O valor da participação que exceder do Admissão de Acionistas em Subsidiária Integral


custo de aquisição constituirá parcela destacada dos          Art. 253. Na proporção das ações que possuí-
resultados de exercícios futuros até que fique compro- rem no capital da companhia, os acionistas terão direito
vada a existência de ganho efetivo. de preferência para:
        § 4º Para fins deste artigo, as sociedades con-         I - adquirir ações do capital da subsidiária integral,
troladas, cujo exercício social termine mais de 60 (ses- se a companhia decidir aliená-las no todo ou em parte; e
senta) dias antes da data do encerramento do exercício         II - subscrever aumento de capital da subsidiária
da companhia, elaborarão, com observância das nor- integral, se a companhia decidir admitir outros acionistas.
mas desta Lei, demonstrações financeiras extraordiná-         Parágrafo único. As ações ou o aumento de capi-
rias em data compreendida nesse prazo. tal de subsidiária integral serão oferecidos aos acionistas
da companhia em assembleia-geral convocada para esse
SEÇÃO V fim, aplicando-se à hipótese, no que couber, o disposto no
Subsidiária Integral artigo 171.

        Art. 251. A companhia pode ser constituída, me- SEÇÃO VI


diante escritura pública, tendo como único acionista socie- Alienação de Controle
dade brasileira. Divulgação
        § lº A sociedade que subscrever em bens o capital
de subsidiária integral deverá aprovar o laudo de avaliação          Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do
de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do § 6º controle de companhia aberta somente poderá ser con-
do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único. tratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que o
        § 2º A companhia pode ser convertida em subsi- adquirente se obrigue a fazer oferta pública de aquisição
diária integral mediante aquisição, por sociedade brasileira, das ações com direito a voto de propriedade dos demais
de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252. acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o pre-
ço no mínimo igual a 80% (oitenta por cento) do valor
Incorporação de Ações
pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de
         Art. 252. A incorporação de todas as ações do
controle. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
capital social ao patrimônio de outra companhia brasileira,
         § 1o  Entende-se como alienação de controle a
para convertê-la em subsidiária integral, será submetida à
transferência, de forma direta ou indireta, de ações inte-
deliberação da assembleia-geral das duas companhias me-
grantes do bloco de controle, de ações vinculadas a acor-
diante protocolo e justificação, nos termos dos artigos 224
dos de acionistas e de valores mobiliários conversíveis em
e 225.
ações com direito a voto, cessão de direitos de subscrição
        § 1º A assembleia-geral da companhia incorpo-
radora, se aprovar a operação, deverá autorizar o aumento de ações e de outros títulos ou direitos relativos a valores
do capital, a ser realizado com as ações a serem incorpo- mobiliários conversíveis em ações que venham a resultar
radas e nomear os peritos que as avaliarão; os acionistas na alienação de controle acionário da sociedade.(Incluído
não terão direito de preferência para subscrever o aumen- pela Lei nº 10.303, de 2001)
to de capital, mas os dissidentes poderão retirar-se da         § 2o A Comissão de Valores Mobiliários autorizará
companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante a alienação de controle de que trata o  caput, desde que
o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. verificado que as condições da oferta pública atendem aos
230.  (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) requisitos legais. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
        § 2º A assembleia-geral da companhia cujas ações         § 3o Compete à Comissão de Valores Mobiliários
houverem de ser incorporadas somente poderá aprovar a estabelecer normas a serem observadas na oferta pública
operação pelo voto de metade, no mínimo, das ações com de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
direito a voto, e se a aprovar, autorizará a diretoria a subs-         § 4o O adquirente do controle acionário de com-
crever o aumento do capital da incorporadora, por conta panhia aberta poderá oferecer aos acionistas minoritários
dos seus acionistas; os dissidentes da deliberação terão di- a opção de permanecer na companhia, mediante o paga-
reito de retirar-se da companhia, observado o disposto no mento de um prêmio equivalente à diferença entre o valor
art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas ações, de mercado das ações e o valor pago por ação integrante
nos termos do art. 230.  (Redação dada pela Lei nº 9.457, do bloco de controle. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
de 1997)         § 5o (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 10.303, de
        § 3º Aprovado o laudo de avaliação pela assem- 2001)
bleia-geral da incorporadora, efetivar-se-á a incorporação
e os titulares das ações incorporadas receberão diretamen- Companhia Aberta Sujeita a Autorização
te da incorporadora as ações que lhes couberem.        Art. 255. A alienação do controle de companhia
        § 4o  A Comissão de Valores Mobiliários estabelecerá aberta que dependa de autorização do governo para fun-
normas especiais de avaliação e contabilização aplicáveis às cionar está sujeita à prévia autorização do órgão compe-
operações de incorporação de ações que envolvam compa- tente para aprovar a alteração do seu estatuto.(Redação
nhia aberta. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) dada pela Lei nº 9.457, de 1997)

81
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Aprovação pela Assembleia-Geral da Compradora Instrumento da Oferta de Compra


         Art. 256. A compra, por companhia aberta, do         Art. 258. O instrumento de oferta de compra,
controle de qualquer sociedade mercantil, dependerá de firmado pelo ofertante e pela instituição financeira que
deliberação da assembleia-geral da compradora, especial- garante o pagamento, será publicado na imprensa e de-
mente convocada para conhecer da operação, sempre que: verá indicar:
        I - O preço de compra constituir, para a comprado-         I - o número mínimo de ações que o ofertante
ra, investimento relevante (artigo 247, parágrafo único); ou se propõe a adquirir e, se for o caso, o número máximo;
        II - o preço médio de cada ação ou quota ultra-         II - o preço e as condições de pagamento;
passar uma vez e meia o maior dos 3 (três) valores a seguir         III - a subordinação da oferta ao número mínimo
indicados: de aceitantes e a forma de rateio entre os aceitantes, se
         a)  cotação média das ações em bolsa ou no o número deles ultrapassar o máximo fixado;
mercado de balcão organizado, durante os noventa dias         IV - o procedimento que deverá ser adotado pe-
anteriores à data da contratação;  (Redação dada pela Lei los acionistas aceitantes para manifestar a sua aceitação
nº 9.457, de 1997) e efetivar a transferência das ações;
        b) valor de patrimônio líquido (artigo 248) da         V - o prazo de validade da oferta, que não po-
ação ou quota, avaliado o patrimônio a preços de mercado derá ser inferior a 20 (vinte) dias;
(artigo 183, § 1º);         VI - informações sobre o ofertante.
        c) valor do lucro líquido da ação ou quota, que         Parágrafo único. A oferta será comunicada à
não poderá ser superior a 15 (quinze) vezes o lucro líquido Comissão de Valores Mobiliários dentro de 24 (vinte e
anual por ação (artigo 187 n. VII) nos 2 (dois) últimos exer- quatro) horas da primeira publicação.
cícios sociais, atualizado monetariamente.
         § 1º A proposta ou o contrato de compra, acom- Instrumento de Oferta de Permuta
panhado de laudo de avaliação, observado o disposto no         Art. 259. O projeto de instrumento de oferta de
art. 8º, §§ 1º e 6º, será submetido à prévia autorização da permuta será submetido à Comissão de Valores Mobiliá-
rios com o pedido de registro prévio da oferta e deverá
assembleia-geral, ou à sua ratificação, sob pena de respon-
conter, além das referidas no artigo 258, informações
sabilidade dos administradores, instruído com todos os
sobre os valores mobiliários oferecidos em permuta e as
elementos necessários à deliberação. (Redação dada pela
companhias emissoras desses valores.
Lei nº 9.457, de 1997)
        Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliá-
         § 2º Se o preço da aquisição ultrapassar uma
rios poderá fixar normas sobre o instrumento de oferta
vez e meia o maior dos três valores de que trata o inciso
de permuta e o seu registro prévio.
II do  caput, o acionista dissidente da deliberação da as-
sembleia que a aprovar terá o direito de retirar-se da com-
Sigilo
panhia mediante reembolso do valor de suas ações, nos         Art. 260. Até a publicação da oferta, o ofertan-
termos do art. 137, observado o disposto em seu inciso te, a instituição financeira intermediária e a Comissão de
II. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) Valores Mobiliários devem manter sigilo sobre a oferta
projetada, respondendo o infrator pelos danos que cau-
SEÇÃO VII sar.
Aquisição de Controle Mediante Oferta Pública
Requisitos Processamento da Oferta
        Art. 261. A aceitação da oferta deverá ser fei-
        Art. 257. A oferta pública para aquisição de con- ta nas instituições financeiras ou do mercado de valores
trole de companhia aberta somente poderá ser feita com mobiliários indicadas no instrumento de oferta e os acei-
a participação de instituição financeira que garanta o cum- tantes deverão firmar ordens irrevogáveis de venda ou
primento das obrigações assumidas pelo ofertante. permuta, nas condições ofertadas, ressalvado o disposto
        § 1º Se a oferta contiver permuta, total ou parcial, no § 1º do artigo 262.
dos valores mobiliários, somente poderá ser efetuada após         § 1º É facultado ao ofertante melhorar, uma vez,
prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários. as condições de preço ou forma de pagamento, desde
        § 2º A oferta deverá ter por objeto ações com direi- que em porcentagem igual ou superior a 5% (cinco por
to a voto em número suficiente para assegurar o controle cento) e até 10 (dez) dias antes do término do prazo da
da companhia e será irrevogável. oferta; as novas condições se estenderão aos acionistas
        § 3º Se o ofertante já for titular de ações votantes que já tiverem aceito a oferta.
do capital da companhia, a oferta poderá ter por objeto         § 2º Findo o prazo da oferta, a instituição finan-
o número de ações necessário para completar o controle, ceira intermediária comunicará o resultado à Comissão
mas o ofertante deverá fazer prova, perante a Comissão de de Valores Mobiliários e, mediante publicação pela im-
Valores Mobiliários, das ações de sua propriedade. prensa, aos aceitantes.
        § 4º A Comissão de Valores Mobiliários poderá         § 3º Se o número de aceitantes ultrapassar o
expedir normas sobre oferta pública de aquisição de con- máximo, será obrigatório o rateio, na forma prevista no
trole. instrumento da oferta.

82
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Oferta Concorrente  CAPÍTULO XXI


        Art. 262. A existência de oferta pública em curso Grupo de Sociedades
não impede oferta concorrente, desde que observadas as SEÇÃO I
normas desta Seção. Características e Natureza
        § 1º A publicação de oferta concorrente torna Características
nulas as ordens de venda que já tenham sido firmadas em
aceitação de oferta anterior.         Art. 265. A sociedade controladora e suas contro-
        § 2º É facultado ao primeiro ofertante prorrogar ladas podem constituir, nos termos deste Capítulo, grupo
o prazo de sua oferta até fazê-lo coincidir com o da oferta de sociedades, mediante convenção pela qual se obriguem
concorrente. a combinar recursos ou esforços para a realização dos res-
pectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreen-
Negociação Durante a Oferta dimentos comuns.
        Art. 263. A Comissão de Valores Mobiliários poderá         § 1º A sociedade controladora, ou de comando
expedir normas que disciplinem a negociação das ações do grupo, deve ser brasileira, e exercer, direta ou indireta-
objeto da oferta durante o seu prazo. mente, e de modo permanente, o controle das sociedades
filiadas, como titular de direitos de sócio ou acionista, ou
SEÇÃO VIII mediante acordo com outros sócios ou acionistas.
Incorporação de Companhia Controlada         § 2º A participação recíproca das sociedades do
grupo obedecerá ao disposto no artigo 244.
         Art. 264. Na incorporação, pela controladora,
de companhia controlada, a justificação, apresentada à Natureza
assembleia-geral da controlada, deverá conter, além das         Art. 266. As relações entre as sociedades, a estru-
informações previstas nos arts. 224 e 225, o cálculo das tura administrativa do grupo e a coordenação ou subordi-
relações de substituição das ações dos acionistas não con- nação dos administradores das sociedades filiadas serão
troladores da controlada com base no valor do patrimônio estabelecidas na convenção do grupo, mas cada sociedade
líquido das ações da controladora e da controlada, ava- conservará personalidade e patrimônios distintos.
liados os dois patrimônios segundo os mesmos critérios
e na mesma data, a preços de mercado, ou com base em Designação
outro critério aceito pela Comissão de Valores Mobiliários,          Art. 267. O grupo de sociedades terá designa-
no caso de companhias abertas. (Redação dada pela Lei nº ção de que constarão as palavras “grupo de sociedades”
10.303, de 2001) ou “grupo”.
        § 1o A avaliação dos dois patrimônios será feita         Parágrafo único. Somente os grupos organiza-
por 3 (três) peritos ou empresa especializada e, no caso de dos de acordo com este Capítulo poderão usar designação
companhias abertas, por empresa especializada. (Redação com as palavras “grupo” ou “grupo de sociedade”.
dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Companhias Sujeitas a Autorização para Funcionar
         § 2o  Para efeito da comparação referida neste         Art. 268. A companhia que, por seu objeto, de-
artigo, as ações do capital da controlada de propriedade pende de autorização para funcionar, somente poderá par-
da controladora serão avaliadas, no patrimônio desta, em ticipar de grupo de sociedades após a aprovação da con-
conformidade com o disposto no  caput.  (Redação dada venção do grupo pela autoridade competente para aprovar
pela Lei nº 10.303, de 2001) suas alterações estatutárias.
        § 3º Se as relações de substituição das ações dos
acionistas não controladores, previstas no protocolo da in- SEÇÃO II
corporação, forem menos vantajosas que as resultantes da Constituição, Registro e Publicidade
comparação prevista neste artigo, os acionistas dissiden-
tes da deliberação da assembleia-geral da controlada que         Art. 269. O grupo de sociedades será constituído
aprovar a operação, observado o disposto nos arts. 137, II, por convenção aprovada pelas sociedades que o compo-
e 230, poderão optar entre o valor de reembolso fixado nos nham, a qual deverá conter:
termos do art. 45 e o valor do patrimônio líquido a preços         I - a designação do grupo;
de mercado. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)         II - a indicação da sociedade de comando e das
        § 4o Aplicam-se as normas previstas neste artigo à filiadas;
incorporação de controladora por sua controlada, à fusão de         III - as condições de participação das diversas
companhia controladora com a controlada, à incorporação sociedades;
de ações de companhia controlada ou controladora, à incor-         IV - o prazo de duração, se houver, e as condições
poração, fusão e incorporação de ações de sociedades sob de extinção;
controle comum. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)         V - as condições para admissão de outras socieda-
        § 5º O disposto neste artigo não se aplica no caso des e para a retirada das que o componham;
de as ações do capital da controlada terem sido adquiridas         VI - os órgãos e cargos da administração do grupo,
no pregão da bolsa de valores ou mediante oferta pública suas atribuições e as relações entre a estrutura administra-
nos termos dos artigos 257 a 263. tiva do grupo e as das sociedades que o componham;

83
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        VII - a declaração da nacionalidade do controle         Parágrafo único. A representação das sociedades
do grupo; perante terceiros, salvo disposição expressa na convenção
        VIII - as condições para alteração da convenção. do grupo, arquivada no registro do comércio e publicada,
        Parágrafo único. Para os efeitos do número VII, o caberá exclusivamente aos administradores de cada so-
grupo de sociedades considera-se sob controle brasileiro ciedade, de acordo com os respectivos estatutos ou con-
se a sua sociedade de comando está sob o controle de: tratos sociais.
        a) pessoas naturais residentes ou domiciliadas
no Brasil; Administradores das Sociedades Filiadas
        b) pessoas jurídicas de direito público interno; ou          Art. 273. Aos administradores das sociedades
        c) sociedade ou sociedades brasileiras que, dire- filiadas, sem prejuízo de suas atribuições, poderes e res-
ta ou indiretamente, estejam sob o controle das pessoas ponsabilidades, de acordo com os respectivos estatutos
referidas nas alíneas a e b. ou contratos sociais, compete observar a orientação geral
estabelecida e as instruções expedidas pelos administra-
Aprovação pelos Sócios das Sociedades dores do grupo que não importem violação da lei ou da
        Art. 270. A convenção de grupo deve ser aprova- convenção do grupo.
da com observância das normas para alteração do contra-
to social ou do estatuto (art. 136, V). (Redação dada pela Remuneração
Lei nº 9.457, de 1997)         Art. 274. Os administradores do grupo e os inves-
        Parágrafo único. Os sócios ou acionistas dissi- tidos em cargos de mais de uma sociedade poderão ter a
dentes da deliberação de se associar a grupo têm direito, sua remuneração rateada entre as diversas sociedades, e
nos termos do artigo 137, ao reembolso de suas ações ou a gratificação dos administradores, se houver, poderá ser
quotas. fixada, dentro dos limites do § 1º do artigo 152 com base
nos resultados apurados nas demonstrações financeiras
Registro e Publicidade consolidadas do grupo.
         Art. 271. Considera-se constituído o grupo a
partir da data do arquivamento, no registro do comércio SEÇÃO IV
da sede da sociedade de comando, dos seguintes docu- Demonstrações Financeiras
mentos:
        I - convenção de constituição do grupo;         Art. 275. O grupo de sociedades publicará, além
        II - atas das assembleias-gerais, ou instrumentos das demonstrações financeiras referentes a cada uma das
de alteração contratual, de todas as sociedades que tive- companhias que o compõem, demonstrações consolida-
rem aprovado a constituição do grupo; das, compreendendo todas as sociedades do grupo, ela-
        III - declaração autenticada do número das ações boradas com observância do disposto no artigo 250.
ou quotas de que a sociedade de comando e as demais         § 1º As demonstrações consolidadas do grupo
sociedades integrantes do grupo são titulares em cada serão publicadas juntamente com as da sociedade de co-
sociedade filiada, ou exemplar de acordo de acionistas mando.
que assegura o controle de sociedade filiada.         § 2º A sociedade de comando deverá publicar
        § 1º Quando as sociedades filiadas tiverem sede demonstrações financeiras nos termos desta Lei, ainda que
em locais diferentes, deverão ser arquivadas no registro não tenha a forma de companhia.
do comércio das respectivas sedes as atas de assembleia         § 3º As companhias filiadas indicarão, em nota às
ou alterações contratuais que tiverem aprovado a con- suas demonstrações financeiras publicadas, o órgão que
venção, sem prejuízo do registro na sede da sociedade publicou a última demonstração consolidada do grupo a
de comando. que pertencer.
        § 2º As certidões de arquivamento no registro do         § 4º As demonstrações consolidadas de grupo de
comércio serão publicadas. sociedades que inclua companhia aberta serão obrigato-
        § 3º A partir da data do arquivamento, a socieda- riamente auditadas por auditores independentes registra-
de de comando e as filiadas passarão a usar as respectivas dos na Comissão de Valores Mobiliários, e observarão as
denominações acrescidas da designação do grupo. normas expedidas por essa comissão.
        § 4º As alterações da convenção do grupo serão
arquivadas e publicadas nos termos deste artigo, obser- SEÇÃO V
vando-se o disposto no § 1º do artigo 135. Prejuízos Resultantes de Atos Contrários à Conven-
ção
SEÇÃO III
Administração         Art. 276. A combinação de recursos e esforços,
Administradores do Grupo a subordinação dos interesses de uma sociedade aos de
outra, ou do grupo, e a participação em custos, receitas
        Art. 272. A convenção deve definir a estrutura ou resultados de atividades ou empreendimentos somente
administrativa do grupo de sociedades, podendo criar ór- poderão ser opostos aos sócios minoritários das socieda-
gãos de deliberação colegiada e cargos de direção-geral. des filiadas nos termos da convenção do grupo.

84
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        § 1º Consideram-se minoritários, para os efeitos         IV - a definição das obrigações e responsa-
deste artigo, todos os sócios da filiada, com exceção da bilidade de cada sociedade consorciada, e das pres-
sociedade de comando e das demais filiadas do grupo. tações específicas;
        § 2º A distribuição de custos, receitas e resultados         V - normas sobre recebimento de receitas e
e as compensações entre sociedades, previstas na conven- partilha de resultados;
ção do grupo, deverão ser determinadas e registradas no         VI - normas sobre administração do con-
balanço de cada exercício social das sociedades interessa- sórcio, contabilização, representação das sociedades
das. consorciadas e taxa de administração, se houver;
        § 3º Os sócios minoritários da filiada terão ação         VII - forma de deliberação sobre assuntos de
contra os seus administradores e contra a sociedade de co- interesse comum, com o número de votos que cabe a
mando do grupo para haver reparação de prejuízos resul- cada consorciado;
tantes de atos praticados com infração das normas deste         VIII - contribuição de cada consorciado para
artigo, observado o disposto nos parágrafos do artigo 246. as despesas comuns, se houver.
        Parágrafo único. O contrato de consórcio e
Conselho Fiscal das Filiadas suas alterações serão arquivados no registro do co-
        Art. 277. O funcionamento do Conselho Fiscal da mércio do lugar da sua sede, devendo a certidão do
companhia filiada a grupo, quando não for permanente, arquivamento ser publicada.
poderá ser pedido por acionistas não controladores que CAPÍTULO XXIII
representem, no mínimo, 5% (cinco por cento) das ações Sociedades em Comandita por Ações
ordinárias, ou das ações preferenciais sem direito de voto.
        § 1º Na constituição do Conselho Fiscal da filiada          Art. 280. A sociedade em comandita por
serão observadas as seguintes normas: ações terá o capital dividido em ações e reger-se-á
        a) os acionistas não controladores votarão em pelas normas relativas às companhias ou sociedades
separado, cabendo às ações com direito a voto o direito anônimas, sem prejuízo das modificações constantes
de eleger 1 (um) membro e respectivo suplente e às ações deste Capítulo.
sem direito a voto, ou com voto restrito, o de eleger outro;         Art. 281. A sociedade poderá comerciar sob
        b) a sociedade de comando e as filiadas poderão firma ou razão social, da qual só farão parte os nomes
eleger número de membros, e respectivos suplentes, igual dos sócios-diretores ou gerentes. Ficam ilimitada e
ao dos eleitos nos termos da alínea a, mais um. solidariamente responsáveis, nos termos desta Lei,
        § 2º O Conselho Fiscal da sociedade filiada poderá pelas obrigações sociais, os que, por seus nomes, fi-
solicitar aos órgãos de administração da sociedade de co- gurarem na firma ou razão social.
mando, ou de outras filiadas, os esclarecimentos ou infor-         Parágrafo único. A denominação ou a fir-
mações que julgar necessários para fiscalizar a observância ma deve ser seguida das palavras “Comandita por
da convenção do grupo. Ações”, por extenso ou abreviadamente.
         Art. 282. Apenas o sócio ou acionista tem
CAPÍTULO XXII qualidade para administrar ou gerir a sociedade, e,
Consórcio como diretor ou gerente, responde, subsidiária mas
ilimitada e solidariamente, pelas obrigações da so-
        Art. 278. As companhias e quaisquer outras so- ciedade.
ciedades, sob o mesmo controle ou não, podem constituir         § 1º Os diretores ou gerentes serão nomea-
consórcio para executar determinado empreendimento, dos, sem limitação de tempo, no estatuto da socieda-
observado o disposto neste Capítulo. de, e somente poderão ser destituídos por delibera-
        § 1º O consórcio não tem personalidade jurídica ção de acionistas que representem 2/3 (dois terços),
e as consorciadas somente se obrigam nas condições pre- no mínimo, do capital social.
vistas no respectivo contrato, respondendo cada uma por         § 2º O diretor ou gerente que for destituído
suas obrigações, sem presunção de solidariedade. ou se exonerar continuará responsável pelas obriga-
        § 2º A falência de uma consorciada não se estende ções sociais contraídas sob sua administração.
às demais, subsistindo o consórcio com as outras contra-        Art. 283. A assembleia-geral não pode, sem
tantes; os créditos que porventura tiver a falida serão apu- o consentimento dos diretores ou gerentes, mudar o
rados e pagos na forma prevista no contrato de consórcio. objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo
        Art. 279.  O consórcio será constituído mediante de duração, aumentar ou diminuir o capital social,
contrato aprovado pelo órgão da sociedade competente emitir debêntures ou criar partes beneficiárias nem
para autorizar a alienação de bens do ativo não circulante, aprovar a participação em grupo de sociedade.  (Re-
do qual constarão:  (Redação dada pela Lei nº 11.941, de dação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
2009)         Art. 284. Não se aplica à sociedade em co-
        I - a designação do consórcio se houver; mandita por ações o disposto nesta Lei sobre conse-
        II - o empreendimento que constitua o objeto do lho de administração, autorização estatutária de au-
consórcio; mento de capital e emissão de bônus de subscrição.
        III - a duração, endereço e foro;

85
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

CAPÍTULO XXIV         g) a ação movida pelo acionista contra a compa-


Prazos de Prescrição nhia, qualquer que seja o seu fundamento.  (Incluída pela
Lei nº 10.303, de 2001)
         Art. 285. A ação para anular a constituição         Art. 288. Quando a ação se originar de fato que
da companhia, por vício ou defeito, prescreve em 1 (um) deva ser apurado no juízo criminal, não ocorrerá a prescri-
ano, contado da publicação dos atos constitutivos. ção antes da respectiva sentença definitiva, ou da prescri-
        Parágrafo único. Ainda depois de proposta a ção da ação penal.
ação, é lícito à companhia, por deliberação da assem-
bleia-geral, providenciar para que seja sanado o vício ou CAPÍTULO XXV
defeito. Disposições Gerais
        Art. 286. A ação para anular as deliberações to-
madas em assembleia-geral ou especial, irregularmente         Art. 289. As publicações ordenadas pela presente
convocada ou instalada, violadoras da lei ou do estatuto, Lei serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado ou
ou eivadas de erro, dolo, fraude ou simulação, prescreve do Distrito Federal, conforme o lugar em que esteja situa-
em 2 (dois) anos, contados da deliberação. da a sede da companhia, e em outro jornal de grande cir-
        Art. 287. Prescreve: culação editado na localidade em que está situada a sede
        I - em, 1 (um) ano: da companhia. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
        a) a ação contra peritos e subscritores do capital,          § 1º  A Comissão de Valores Mobiliários pode-
para deles haver reparação civil pela avaliação de bens, rá determinar que as publicações ordenadas por esta Lei
contado o prazo da publicação da ata da assembleia-ge- sejam feitas, também, em jornal de grande circulação nas
ral que aprovar o laudo; localidades em que os valores mobiliários da companhia
        b) a ação dos credores não pagos contra os acio- sejam negociados em bolsa ou em mercado de balcão,
nistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ou disseminadas por algum outro meio que assegure sua
ata de encerramento da liquidação da companhia. ampla divulgação e imediato acesso às informações. (Re-
        II - em 3 (três) anos: dação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
        a) a ação para haver dividendos, contado o pra-         § 2º Se no lugar em que estiver situada a sede da
zo da data em que tenham sido postos à disposição do companhia não for editado jornal, a publicação se fará em
acionista; órgão de grande circulação local.
        b) a ação contra os fundadores, acionistas, admi-         § 3º A companhia deve fazer as publicações
nistradores, liquidantes, fiscais ou sociedade de coman- previstas nesta Lei sempre no mesmo jornal, e qualquer
do, para deles haver reparação civil por atos culposos ou mudança deverá ser precedida de aviso aos acionistas no
dolosos, no caso de violação da lei, do estatuto ou da extrato da ata da assembleia-geral ordinária.
convenção de grupo, contado o prazo:         § 4º O disposto no final do § 3º não se aplica à
        1 - para os fundadores, da data da publicação eventual publicação de atas ou balanços em outros jornais.
dos atos constitutivos da companhia;         § 5º Todas as publicações ordenadas nesta Lei
        2 - para os acionistas, administradores, fiscais deverão ser arquivadas no registro do comércio.
e sociedades de comando, da data da publicação da ata         § 6º As publicações do balanço e da demonstração
que      aprovar o balanço referente ao exercício em que de lucros e perdas poderão ser feitas adotando-se como
a violação tenha ocorrido; expressão monetária o milhar de reais.(Redação dada pela
        3 - para os liquidantes, da data da publicação Lei nº 9.457, de 1997)
da ata da primeira assembleia-geral posterior à violação.         § 7o Sem prejuízo do disposto no caput deste ar-
        c) a ação contra acionistas para restituição de tigo, as companhias abertas poderão, ainda, disponibilizar
dividendos recebidos de má-fé, contado o prazo da data as referidas publicações pela rede mundial de computado-
da publicação da ata da assembleia-geral ordinária do res. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
exercício em que os dividendos tenham sido declarados;         Art. 290. A indenização por perdas e danos em
        d) a ação contra os administradores ou titulares ações com fundamento nesta Lei será corrigida moneta-
de partes beneficiárias para restituição das participações riamente até o trimestre civil em que for efetivamente li-
no lucro recebidas de má-fé, contado o prazo da data da quidada.
publicação da ata da assembleia-geral ordinária do exer-         Art. 291. A Comissão de Valores Mobiliários pode-
cício em que as participações tenham sido pagas; rá reduzir, mediante fixação de escala em função do valor
        e) a ação contra o agente fiduciário de debentu- do capital social, a porcentagem mínima aplicável às com-
ristas ou titulares de partes beneficiárias para dele haver panhias abertas, estabelecida no art. 105; na alínea  c  do
reparação civil por atos culposos ou dolosos, no caso de parágrafo único do art. 123; no  caput  do art. 141; no §
violação da lei ou da escritura de emissão, a contar da 1o do art. 157; no § 4o do art. 159; no § 2o do art. 161; no
publicação da ata da assembleia-geral que tiver tomado § 6o do art. 163; na alínea a do § 1o do art. 246; e no art.
conhecimento da violação; 277. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
        f) a ação contra o violador do dever de sigilo de         Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliá-
que trata o artigo 260 para dele haver reparação civil, a rios poderá reduzir a porcentagem de que trata o artigo
contar da data da publicação da oferta. 249.

86
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        Art. 292. As sociedades de que trata o artigo 62         Art. 296. As companhias existentes deverão proce-
da Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965, podem ter suas der à adaptação do seu estatuto aos preceitos desta Lei no
ações ao portador. prazo de 1 (um) ano a contar da data em que ela entrar em
        Art. 293. A Comissão de Valores Mobiliários auto- vigor, devendo para esse fim ser convocada assembleia-
rizará as bolsas de valores a prestar os serviços previstos -geral dos acionistas.
nos artigos 27; 34, § 2º; 39, § 1°; 40; 41; 42; 43; 44; 72; 102         § 1º Os administradores e membros do Conselho
e 103. Fiscal respondem pelos prejuízos que causarem pela inob-
        Art. 294. A companhia fechada que tiver menos servância do disposto neste artigo.
de vinte acionistas, com patrimônio líquido inferior a R$         § 2º O disposto neste artigo não prejudicará os
1.000.000,00 (um milhão de reais), poderá: (Redação dada direitos pecuniários conferidos por partes beneficiárias e
pela Lei nº 10.303, de 2001) debêntures em circulação na data da publicação desta Lei,
        I - convocar assembleia-geral por anúncio entre- que somente poderão ser modificados ou reduzidos com
gue a todos os acionistas, contra-recibo, com a antece- observância do disposto no artigo 51 e no § 5º do artigo
dência prevista no artigo 124; e 71.
        II - deixar de publicar os documentos de que trata         § 3º As companhias existentes deverão eliminar,
o artigo 133, desde que sejam, por cópias autenticadas, no prazo de 5 (cinco) anos a contar da data de entrada em
arquivados no registro de comércio juntamente com a ata vigor desta Lei, as participações recíprocas vedadas pelo
da assembleia que sobre eles deliberar. artigo 244 e seus parágrafos.
        § 1º A companhia deverá guardar os recibos de         § 4º As companhias existentes, cujo estatuto for
entrega dos anúncios de convocação e arquivar no re- omisso quanto à fixação do dividendo, ou que o estabele-
gistro de comércio, juntamente com a ata da assembleia, cer em condições que não satisfaçam aos requisitos do § 1º
cópia autenticada dos mesmos. do artigo 202 poderão, dentro do prazo previsto neste ar-
        § 2º Nas companhias de que trata este artigo, o tigo, fixá-lo em porcentagem inferior à prevista no § 2º do
pagamento da participação dos administradores poderá artigo 202, mas os acionistas dissidentes dessa deliberação
ser feito sem observância do disposto no § 2º do artigo terão direito de retirar-se da companhia, mediante reem-
152, desde que aprovada pela unanimidade dos acionis- bolso do valor de suas ações, com observância do disposto
tas. nos artigos 45 e 137.
        § 3º O disposto neste artigo não se aplica à         § 5º O disposto no artigo 199 não se aplica às
companhia controladora de grupo de sociedade, ou a ela reservas constituídas e aos lucros acumulados em balanços
filiadas. levantados antes de 1º de janeiro de 1977.
        § 6º O disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 237 não
CAPÍTULO XXVI se aplica às participações existentes na data da publicação
Disposições Transitórias desta Lei.
        Art. 297. As companhias existentes que tiverem
        Art. 295. A presente Lei entrará em vigor 60 (ses- ações preferenciais com prioridade na distribuição de di-
senta) dias após a sua publicação, aplicando-se, todavia, a videndo fixo ou mínimo ficarão dispensadas do disposto
partir da data da publicação, às companhias que se cons- no artigo 167 e seu § 1º, desde que no prazo de que trata
tituírem. o artigo 296 regulem no estatuto a participação das ações
        § 1º O disposto neste artigo não se aplica às dis- preferenciais na correção anual do capital social, com ob-
posições sobre: servância das seguintes normas:
        a) elaboração das demonstrações financeiras, que         I - o aumento de capital poderá ficar na dependên-
serão observadas pelas companhias existentes a partir do cia de deliberação da assembleia-geral, mas será obrigató-
exercício social que se iniciar após 1º de janeiro de 1978; rio quando o saldo da conta de que trata o § 3º do artigo
        b) a apresentação, nas demonstrações financeiras, 182 ultrapassar 50% (cinquenta por cento) do capital social;
de valores do exercício anterior (artigo 176, § 1º), que será         II - a capitalização da reserva poderá ser procedida
obrigatória a partir do balanço do exercício social subse- mediante aumento do valor nominal das ações ou emissões
quente ao referido na alíne a anterior; de novas ações bonificadas, cabendo à assembleia-geral es-
        c) elaboração e publicação de demonstrações colher, em cada aumento de capital, o modo a ser adotado;
financeiras consolidadas, que somente serão obrigatórias         III - em qualquer caso, será observado o disposto
para os exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de no § 4º do artigo 17;
1978.         IV - as condições estatutárias de participação serão
        § 2º A participação dos administradores nos lucros transcritas nos certificados das ações da companhia.
sociais continuará a regular-se pelas disposições legais e         Art. 298. As companhias existentes, com capital
estatutárias em vigor, aplicando-se o disposto nos §§ 1º e inferior a Cr$ 5.000.000,00 (cinco milhões de cruzeiros), po-
2º do artigo 152 a partir do exercício social que se iniciar derão, no prazo de que trata o artigo 296 deliberar, pelo
no curso do ano de 1977. voto de acionistas que representem 2/3 (dois terços) do
        § 3º A restrição ao direito de voto das ações ao capital social, a sua transformação em sociedade por quo-
portador (artigo 112) só vigorará a partir de 1 (um) ano a tas, de responsabilidade limitada, observadas as seguintes
contar da data em que esta Lei entrar em vigor. normas:

87
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

        I - na deliberação da assembleia a cada ação • FIPECAFI; e


caberá 1 (um) voto, independentemente de espécie ou • IBRACON.
classe; Em função das necessidades de:
        II - a sociedade por quotas resultante da trans- • convergência internacional  das normas contá-
formação deverá ter o seu capital integralizado e o seu beis (redução de custo de elaboração de relatórios con-
contrato social assegurará aos sócios a livre transferência tábeis, redução de riscos e custo nas análises e decisões,
das quotas, entre si ou para terceiros; redução de custo de capital);
        III - o acionista dissidente da deliberação da as- • centralização na emissão de normas dessa natu-
sembleia poderá pedir o reembolso das ações pelo valor reza (no Brasil, diversas entidades o fazem);
de patrimônio líquido a preços de mercado, observado o • representação e processo democráticos na pro-
disposto nos artigos 45 e 137; dução dessas informações (produtores da informação con-
        IV - o prazo para o pedido de reembolso será de tábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo).[
90 (noventa) dias a partir da data da publicação da ata da •
assembleia, salvo para os titulares de ações nominativas, Criação e Objetivo
que será contado da data do recebimento de aviso por Criado pela Resolução CFC nº  1.055/05, o CPC tem
escrito da companhia. como objetivo “o estudo, o preparo e a emissão de Pronun-
        Art. 299. Ficam mantidas as disposições sobre ciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e
sociedades por ações, constantes de legislação especial a divulgação de informações dessa natureza, para permitir
sobre a aplicação de incentivos fiscais nas áreas da SUDE- a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira,
NE, SUDAM, SUDEPE, EMBRATUR e Reflorestamento, bem visando à centralização e uniformização do seu processo de
como todos os dispositivos das Leis nºs. 4.131, de 3 de produção, levando sempre em conta a convergência da Con-
dezembro de 1962, e 4.390, de 29 de agosto de 1964. tabilidade Brasileira aos padrões internacionais”.
        Art. 299-A.  O saldo existente em 31 de dezem-
bro de 2008 no ativo diferido que, pela sua natureza, não Características Básicas
puder ser alocado a outro grupo de contas, poderá per- • O CPC é totalmente autônomo das entidades re-
manecer no ativo sob essa classificação até sua completa presentadas, deliberando por 2/3 de seus membros;
amortização, sujeito à análise sobre a recuperação de • O Conselho Federal de Contabilidade fornece a
que trata o § 3o do art. 183 desta Lei. (Incluído pela Lei nº estrutura necessária;
11.941, de 2009) • As seis entidades compõem o CPC, mas outras po-
        Art. 299-B.  O saldo existente no resultado de derão vir a ser convidadas futuramente;
exercício futuro em 31 de dezembro de 2008 deverá ser • Os membros do CPC, dois por entidade, na maio-
reclassificado para o passivo não circulante em conta ria Contadores, não auferem remuneração.
representativa de receita diferida. (Incluído pela Lei nº Além dos 12 membros atuais, serão sempre convida-
11.941, de 2009) dos a participar representantes dos seguintes órgãos:
        Parágrafo único.  O registro do saldo de que tra- • Banco Central do Brasil;
ta o caput deste artigo deverá evidenciar a receita diferida • Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
e o respectivo custo diferido. (Incluído pela Lei nº 11.941, • Secretaria da Receita Federal;
de 2009) • Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
        Art. 300. Ficam revogados o Decreto-Lei n. 2.627, Outras entidades ou especialistas poderão ser convida-
de 26 de setembro de 1940, com exceção dos artigos 59 a dos. Poderão ser formadas Comissões e Grupos de Traba-
73, e demais disposições em contrário. lho para temas específicos.
        Brasília, 15 de dezembro de 1976; 155º da Inde-
pendência e 88º da República. Produtos do CPC:
ERNESTO GEISEL • Pronunciamentos Técnicos;
Mário Henrique Simonsen • Orientações; e
• Interpretações.
LEI Nº 6.404/1976: ALTERAÇÕES Os Pronunciamentos Técnicos serão obrigatoriamente
POSTERIORES, LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR submetidos a audiências públicas. As Orientações e Inter-
E PRONUNCIAMENTOS DO COMITÊ DE pretações poderão, também, sofrer esse processo.
PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC).
Estrutura
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi Assembléia dos Presidentes das Entidades
idealizado a partir da união de esforços e comunhão de • elegem os membros do CPC (representantes das
objetivos das seguintes entidades: seis entidades), com mandatos de quatro anos (exceto me-
• ABRASCA; tade dos primeiros membros, com dois anos);
• APIMEC NACIONAL; • podem, por 3/4 de seus membros, indicar outros
• BOVESPA; membros do CPC;
• Conselho Federal de Contabilidade; • podem alterar o Regimento Interno do CPC.

88
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Quatro Coordenadorias:
• de Operações;
• de Relações Institucionais;
• de Relações Internacionais;
• Técnica.
• PRONUNCIAMENTOS

Data Data
Documento Título
Aprovação Divulgação
Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de
CPC 00 02/12/2011 15/12/2011
Relatório Contábil-Financeiro
CPC 01 Redução ao Valor Recuperável de Ativos 06/08/2010 07/10/2010
Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de
CPC 02 03/09/2010 07/10/2010
demonstrações contábeis
CPC 03 Demonstração dos Fluxos de Caixa 03/09/2010 07/10/2010
CPC 04 Ativo Intangível 05/11/2010 02/12/2010
CPC 05 Divulgação sobre Partes Relacionadas 03/09/2010 07/10/2010
CPC 06 Operações de Arrendamento Mercantil 05/11/2010 02/12/2010
CPC 07 Subvenção e Assistência Governamentais 05/11/2010 02/12/2010
Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e
CPC 08 03/12/2010 16/12/2010
Valores Mobiliários
CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) 30/10/2008 12/11/2008
CPC 10 Pagamento Baseado em Ações 03/12/2010 16/12/2010
CPC 11 Contratos de Seguro 05/12/2008 17/12/2008
CPC 12 Ajuste a Valor Presente 05/12/2008 17/12/2008
Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Medida Provisória
CPC 13 05/12/2008 17/12/2008
nº. 449/08
Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e
CPC 14
Evidenciação (Fase I) - Transformado em OCPC 03
CPC 15 Combinação de Negócios 03/06/2011 04/08/2011
CPC 16 Estoques 08/05/2009 08/09/2009
Contratos de Construção (revogado a partir de
CPC 17 19/10/2012 08/11/2012
1º/01/2018)
Investimento em Coligada, em Controlada e em
CPC 18 07/12/2012 13/12/2012
Empreendimento Controlado em Conjunto
CPC 19 Negócios em Conjunto 09/11/2012 23/11/2012
CPC 20 Custos de Empréstimos 02/09/2011 20/10/2011
CPC 21 Demonstração Intermediária 02/09/2011 20/10/2011
CPC 22 Informações por Segmento 26/06/2009 31/07/2009
Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação
CPC 23 26/06/2009 16/09/2009
de Erro
CPC 24 Evento Subsequente 17/07/2009 16/09/2009
CPC 25 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes 26/06/2009 16/09/2009
CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis 02/12/2011 15/12/2011
CPC 27 Ativo Imobilizado 26/06/2009 31/07/2009
CPC 28 Propriedade para Investimento 26/06/2009 31/07/2009

89
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola 07/08/2009 16/09/2009


CPC 30 Receitas (revogado a partir de 1º/01/2018) 19/10/2012 08/11/2012
Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação
CPC 31 17/07/2009 16/09/2009
Descontinuada
CPC 32 Tributos sobre o Lucro 17/07/2009 16/09/2009
CPC 33 Benefícios a Empregados 07/12/2012 13/12/2012
CPC 34 Exploração e Avaliação de Recursos Minerais (Não editado)
CPC 35 Demonstrações Separadas 31/10/2012 08/11/2012
CPC 36 Demonstrações Consolidadas 07/12/2012 20/12/2012
CPC 37 Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade 05/11/2010 02/12/2010
Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração
CPC 38 02/10/2009 19/11/2009
(revogado a partir de 1º/01/2018)
CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação 02/10/2009 19/11/2009
CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciação 01/06/2012 30/08/2012
CPC 41 Resultado por Ação 08/07/2010 06/08/2010
Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente
CPC 42
Inflacionária (Não editado)
CPC 43 Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 15 a 41 03/12/2010 16/12/2010
CPC 44 Demonstrações Combinadas 02/12/2011 02/05/2013
CPC 45 Divulgação de Participações em outras Entidades 07/12/2012 13/12/2012
CPC 46 Mensuração do Valor Justo 07/12/2012 20/12/2012
CPC 47 Receita de Contrato com Cliente 04/11/2016 22/12/2016
CPC 48 Instrumentos Financeiros 04/11/2016 22/12/2016
Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas com
CPC PME 04/12/2009 16/12/2009
Glossário de Termos

12 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (APROVADOS PELO


CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC - POR MEIO DA RESOLUÇÃO
DO CFC Nº 750/1993, ATUALIZADA PELA RESOLUÇÃO CFC Nº 1.282/2010).

PRINCÍPIOS CONTÁBEIS 

A  Resolução CFC 750/93, de 29 de dezembro de 1993 dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade
(PFC). 
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais.
CONSIDERANDO que a evolução da última década na área da Ciência Contábil reclama a atualização substantiva
e adjetiva dos Princípios Fundamentais de Contabilidade a que se refere a Resolução CFC n 530-81.

CAPÍTULO I
Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (PFC) os enunciados por essa Resolução.
1º A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui
condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).
Art. 2º Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à
Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso
País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objetivo é o Patrimônio das
Entidades.

90
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Art. 3º São Princípios Fundamentais de Contabilida- §1º A CONTINUIDADE influencia o valor econô-
de: mico dos Ativos e, em muitos casos, o valor ou o
I- o da ENTIDADE; vencimento dos Passivos, especialmente quando a
II- o da CONTINUIDADE; extinção da ENTIDADE tem prazo determinado, pre-
III- o da OPORTUNIDADE; visto ou previsível. 
IV- o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;   § 2º A observância do Princípio da CONTINUI-
V- o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e DADE é indispensável à correta aplicação do Prin-
VI- o da PRUDÊNCIA cípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar
  diretamente à quantificação dos componentes patri-
PRINCÍPIO DA ENTIDADE moniais e à formação do resultado e de constituir
dado importante para aferir a capacidade futura de
Art. 4º   O Princípio da ENTIDADE reconhece o Pa- geração de resultado. 
trimônio como  objeto da Contabilidade e afirma a au- (Este princípio  favorece a avaliação monetária da
tonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de empresa, que ao ser iniciada, tem-se a ideia de Ter
um patrimônio particular no universo dos patrimônios duração indefinida, onde a mesma venha a efetuar
existentes, independentemente de pertencer a uma pes- grandes negócios construindo prédios , adquirindo
soa, um conjunto de pessoas, sociedade ou instituição nova tecnologia, contratando novos financiamentos
de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lu- etc. Isto como se fosse para toda uma vida. 
crativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio Generalizando: esta empresa não esta ou foi cria-
não se confunde com aqueles dos seus sócios ou pro- da pôr apenas um período específico de tempo, (mas
prietários, no caso de sociedade ou instituição.  sim pôr um período indefinido como o descrito acima).
Parágrafo único. O PATRIMÔNIO pertence à EN-
TIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE
ou a agregação contábil de patrimônios autônomos
não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade
Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, si-
de natureza econômico-contábil. 
multaneamente, à tempestividade e à integridade do re-
Toda as Empresas, indivíduo, grupo de empresas,
gistro do patrimônio e das suas mutações, determinando
entidades, desde que efetuem movimentações quan-
que este seja feito de imediato e com a extensão correta,
tificáveis monetariamente e que haja necessidade em
independentemente das causas que as originaram. 
manter contabilidade, serão tratadas como entidade,
Parágrafo único. Como resultado da observância do
então neste caso, o supermercados Carone, o Boa Pra-
Princípio da OPORTUNIDADE:
ça, o boteco do seu João da esquina ( que precisa de
I-        desde que tecnicamente estimável, o registro
contabilidade) , serão Entidades Contábeis. Esta situa-
ção pode se aplicar também à pessoa física que tenha das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hi-
grandes movimentações e necessite manter contabili- pótese de somente existir razoável certeza de sua ocor-
dade.  rência;
Bem, agora que sabemos o que é uma entidade II-      o registro compreende os elementos quantita-
contábil, devemos saber como se aplica o Princípio da tivos e qualitativos, complementando os aspectos físicos 
Entidade.  Este tem como característica fundamental e monetários;
que os fatos da entidade não se misturem com a pessoa III-     o registro deve ensejar o reconhecimento uni-
dos sócios. Ex: A esposa de seu João ( aquele do  bote- versal das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDA-
co), precisa consertar a TV, ela vai até o comércio do DE, em um período de tempo determinado, base neces-
mesmo, abre o caixa e pega o dinheiro para fazer tal sária para gerar informações úteis ao processo decisório
conserto, aí ela se lembra de pegar dinheiro para pagar da gestão.
a mensalidade da escola de seus 05 (cinco) filhos, pa-  
gar a C&A, e outras lojas. Já o seu João precisou com- PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL
prar mercadorias acima de sua capacidade de capital,
ele sacou o seu cheque pessoal e bancou a compra de   Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser
tal mercadoria. Com estes dois fatos, caracteriza-se o registrados pelos valores originais das transações com
descumprimento do Princípio da Entidade, (onde os só- o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda
cios misturaram seus fatos pessoais e de descontroles do País, que serão mantidos na avaliação das variações
com a entidade). patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem
  agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE Parágrafo único. Do Princípio do REGISTRO PELO VA-
LOR ORIGINAL resulta:
Art. 5º A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, I-         a avaliação dos componentes patrimoniais
bem como sua vida definida ou provável, devem ser deve ser feita com base nos valores de entrada, conside-
consideradas quando da classificação e avaliação das rando-se como tais os resultantes do consenso com os
mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas. agentes externos ou da imposição destes;

91
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

II-      uma vez integrado no patrimônio, o bem, PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA


direito ou obrigação não poderão ter alterados seus  
valores intrínsecos, admitindo-se, tão somente, sua Art. 9º As receitas e despesas devem ser incluídas na
decomposição em, elementos e/ ou sua agregação, apuração do resultado do período em que ocorrerem,
parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais; sempre simultaneamente quando se correlacionarem, in-
III-      o valor original será mantido enquanto o dependentemente de seu recebimento ou pagamento.
componente permanecer como parte do patrimônio, § 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando
inclusive quando da saída deste; as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento
IV-   Os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo dire-
e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatí- trizes para classificação das mutações patrimoniais, resul-
veis entre si e complementares, dado que o primei- tantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE.
ro apenas atualiza e mantém atualizado o valor de § 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e des-
entrada; pesas, quando correlatas, é consequência natural do res-
V-     O uso da moeda do País na tradução do va- peito ao período em que ocorrer sua geração.
lor dos componentes patrimoniais constitui impera-  § 3º As Receitas consideram-se realizadas:
tivo de homogeneização quantitativa dos mesmos.      I- nas transações com terceiros, quando estes efetua-
 Trata este princípio que: Os registros contábeis rem o pagamento ou assumirem compromisso firme de
sejam efetuados com base no valor de aquisição  do efetiva-lo, quer pela investidura na propriedade de bens
bem ou pelo preço de fabricação.  Seguindo este prin- anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição
cípio, caso uma empresa mude de contador ou pôr de serviços por esta prestados;
qualquer razão um outro contador venha a fazer al- II- quando da extinção, parcial ou total, de um passivo,
gum registro contábil de uma  empresa já em anda- qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento con-
mento, estes registros  ou estes valores com certeza comitante de um ativo de valor igual o maior;
iriam ser os mesmos, não havendo divergências.  III- pela geração natural de novos ativos independen-
Para que estes registros contábeis sejam demons- temente da intervenção de terceiros;
trados de forma a acompanhar desvalorizações de IV-   no recebimento efetivo de doações e subvenções. 
mercado (correção monetária), ou  que o valor re- § 4º Consideram-se incorridas as despesas:
gistrado esteja bem abaixo que o valor de mercado, I- quando deixar de existir o correspondente valor ati-
aplica-se então a correção monetária e a reavaliação. vo, por transferência de sua propriedade para terceiros;
  II- pela diminuição ou extinção do valor econômico de
PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA um ativo;
III-pelo surgimento de um passivo, sem corresponden-
  Art. 8º Os efeitos da alteração do poder aqui- te ativo.
sitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos  
nos registros contábeis através do ajustamento da PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA
expressão formal dos valores dos componentes pa-  
trimoniais. Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção
Parágrafo único. São resultantes da adoção do do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior
Princípio da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA: para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternati-
I-         a moeda, embora aceita universalmente vas igualmente válidas para a quantificação das mutações
como medida de valor, não representa unidade cons- patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
tante em termos do poder aquisitivo;   § 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da
II-       para que a avaliação do patrimônio possa hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando
manter os valores das transações originais (art. 7º), é se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos
necessário atualizar sua expressão formal em moeda demais Princípios Fundamentais de Contabilidade.
nacional, a fim de que permaneçam substantivamen-  § 2º Observando o disposto no art. 7º, o Princípio da
te corretos os valores componentes patrimoniais, e PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores,
por consequência, o do patrimônio líquido; constituindo-se ordenamento indispensável à correta apli-
III-      a atualização monetária não representa cação do Princípio da COMPETÊNCIA.
nova avaliação, mas, tão-somente, o ajustamento dos  § 3º a APLICAÇÃO DO Princípio da PRUDÊNCIA ganha
valores originais para determinada data, mediante a ênfase quando, para definição dos valores relativos às va-
aplicação de indexadores, ou outros elementos aptos riações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que en-
a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda volvem incertezas de grau variável.
nacional em um dado período.   (Quando falamos prudência estamos sendo conserva-
ATENÇÃO ( O ART. 446 DO RIR REVOGOU O USO dores, estamos falando de precavido, então toda informação
DA CORREÇÃO MONETÁRIA E VEDA A UTILIZAÇÃO passada a nossos clientes deve seguir este princípio do con-
DE QUALQUER SISTEMA DE CORREÇÃO MONETÁ- servadorismo, isto é, se vamos informar para os acionistas
RIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS) ou sócios alguma dívida a pagar e sabemos que esta dívida
  pode ser de 10.000,00 ( dez mil reis ), informamos para os

92
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

mesmos 13.000,00 (treze mil reais ). Se temos algo a Art. 3º Os arts. 5º, 6º, 7º, 9º e o § 1º do art. 10, da Re-
pagar e achamos que será 10.000,00 ( dez mil reais ), solução CFC n.º 750/93, passam a vigorar com as seguintes
informamos que o pagamento será 13.000,00 ( treze redações:
mil reais ) isto é , estamos nos precavendo de passar
valores para nossos acionistas e damos uma margem “Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a
um pouco acima pois caso haja algum erro nas previ- Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a
sões, não teríamos que retornar aos mesmos e dizer mensuração e a apresentação dos componentes do patri-
que erramos nos cálculos. Será que poderíamos deixar mônio levam em conta esta circunstância.
a nossa empresa com um contador que erra assim os
cálculos?. Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao proces-
so de mensuração e apresentação dos componentes patri-
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE moniais para produzir informações íntegras e tempestivas.
Parágrafo único. A falta de integridade e tempestivi-
RESOLUÇÃO CFC N.º 1.282/10 dade na produção e na divulgação da informação contábil
Atualiza e consolida dispositivos da Resolução pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é neces-
CFC n.º 750/93, que dispõe sobre os Princípios Fun- sário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabi-
damentais de Contabilidade. lidade da informação.
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no
exercício de suas atribuições legais e regimentais, Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original de-
CONSIDERANDO que, por conta do processo de termina que os componentes do patrimônio devem ser
convergência às normas internacionais de contabili- inicialmente registrados pelos valores originais das transa-
dade, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a ções, expressos em moeda nacional.
NBC T 1 – Estrutura Conceitual para a Elaboração e § 1º As seguintes bases de mensuração devem ser uti-
Apresentação das Demonstrações Contábeis, que dis- lizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tem-
cute a aplicabilidade dos Princípios Fundamentais de po, de diferentes formas:
Contabilidade contidos na Resolução CFC n.º 750/93; I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos va-
CONSIDERANDO a necessidade de manutenção lores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes
da Resolução CFC n.º 750/93, que foi e continua sen- de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entre-
do referência para outros organismos normativos e gues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são
reguladores brasileiros; registrados pelos valores dos recursos que foram recebi-
CONSIDERANDO a importância do conteúdo dou- dos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias,
trinário apresentado na Resolução CFC n.º 750/93, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais
que continua sendo, nesse novo cenário convergido, serão necessários para liquidar o passivo no curso normal
o alicerce para o julgamento profissional na aplicação das operações; e
das Normas Brasileiras de Contabilidade; II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao
CONSIDERANDO que, para assegurar a adequada patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos,
aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade à podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores:
luz dos Princípios de Contabilidade, há a necessidade a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos
de harmonização dos dois documentos vigentes (Re- valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam
solução CFC n.º 750/93 e NBC T 1); de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fos-
CONSIDERANDO que, por conta dessa harmoni- sem adquiridos na data ou no período das demonstrações
zação, a denominação de Princípios Fundamentais de contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em
Contabilidade deva ser alterada para Princípios de caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que se-
Contabilidade, visto ser suficiente para o perfeito en- riam necessários para liquidar a obrigação na data ou no
tendimento dos usuários das demonstrações contá- período das demonstrações contábeis;
beis e dos profissionais da Contabilidade, b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valo-
res em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam
RESOLVE: ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passi-
vos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de
Art. 1º Os “Princípios Fundamentais de Contabi- caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para
lidade (PFC)”, citados na Resolução CFC n.º 750/93, liquidar as correspondentes obrigações no curso normal
passam a denominar-se “Princípios de Contabilidade das operações da Entidade;
(PC)”. c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor
presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de
Art. 2º O “CONSIDERANDO” da Resolução CFC n.º caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal
750/93 passa a vigorar com a seguinte redação: das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo
“CONSIDERANDO a necessidade de prover funda- valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida
mentação apropriada para interpretação e aplicação de caixa que se espera seja necessário para liquidar o pas-
das Normas Brasileiras de Contabilidade,” sivo no curso normal das operações da Entidade;

93
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser tro- EXERCÍCIO
cado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras,
dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e 1. (FCC/TRF 4ª REGIÃO/ANALISTA CONTABILIDA-
e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do DE/2010) O princípio contábil que se relaciona diretamen-
poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconheci- te à quantificação dos componentes patrimoniais e à for-
dos nos registros contábeis mediante o ajustamento da ex- mação do resultado, além de constituir dado importante
pressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. para aferir a capacidade futura de geração de resultados é
§ 2º São resultantes da adoção da atualização mone- o Princípio
tária: (A) da Continuidade.
I – a moeda, embora aceita universalmente como me- (B) do Registro pelo valor original.
dida de valor, não representa unidade constante em ter- (C) da Oportunidade.
mos do poder aquisitivo; (D) da Entidade.
II – para que a avaliação do patrimônio possa manter (E) da Prudência.
os valores das transações originais, é necessário atualizar
sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que 2. (ISS-RJ / 2010) Assinale abaixo a única opção que
permaneçam substantivamente corretos os valores dos contém uma afirmativa falsa.
componentes patrimoniais e, por consequência, o do Pa- a) A finalidade da Contabilidade é assegurar o controle
trimônio Líquido; e do patrimônio administrado e fornecer informações sobre
III – a atualização monetária não representa nova ava- a composição e as variações patrimoniais, bem como sobre
liação, mas tão somente o ajustamento dos valores origi- o resultado das atividades econômicas desenvolvidas pela
nais para determinada data, mediante a aplicação de inde- entidade para alcançar seus fins.
xadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do b) A Contabilidade pode ser conceituada como sendo
poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período.” “a ciência que estuda, registra, controla e interpreta os fa-
tos ocorridos no patrimônio das entidades com fins lucra-
(...) tivos ou não”.
c) Pode-se dizer que o campo de aplicação da Contabi-
“Art. 9º O Princípio da Competência determina que os lidade é a entidade econômico-administrativa, seja ou não
efeitos das transações e outros eventos sejam reconheci- de fins lucrativos.
dos nos períodos a que se referem, independentemente do d) O objeto da Contabilidade é definido como o con-
recebimento ou pagamento. junto de bens, direitos e obrigações vinculado a uma enti-
dade econômico-administrativa.
Parágrafo único. O Princípio da Competência pressu- e) Enquanto a entidade econômico-administrativa é o
põe a simultaneidade da confrontação de receitas e de objeto da Contabilidade, o patrimônio é o seu campo de
despesas correlatas.” aplicação.

Art. 10. (...) 3. (AFC 2008 – ESAF) Em relação ao patrimônio de


uma empresa e às diversas situações patrimoniais que
“Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o pode assumir de acordo com a equação fundamental do
emprego de certo grau de precaução no exercício dos jul- patrimônio, indique a opção incorreta.
gamentos necessários às estimativas em certas condições a) A empresa tem passivo a descoberto quando o Ativo
de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam é igual ao Passivo menos a Situação Líquida.
superestimados e que passivos e despesas não sejam su- b) A Situação Líquida negativa acontece quando o total
bestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo do Ativo é menor que o passivo exigível.
de mensuração e apresentação dos componentes patrimo- c) Na constituição da empresa, o Ativo menos o Passivo
niais.” Exigível é igual a zero.
d) A situação em que o Passivo mais o Ativo menos a
Art. 4º Ficam revogados o inciso V do art. 3º, o art. 8º Situação Líquida é igual a zero é impossível de acontecer.
e os §§ 2º e 3º do art. 10, da Resolução CFC n.º 750/93, e) A Situação Líquida é positiva quando o Ativo é maior
publicada no D.O.U., Seção I, de 31.12.93; a Resolução CFC que o Passivo Exigível.
n.o 774/94, publicada no D.O.U., Seção I, de 18/1/95, e a
Resolução CFC n.o 900/01, publicada no D.O.U., Seção I, 4. (AFC 2008 – ESAF) Ao longo da existência de uma
de 3/4/01. entidade, vários fatos podem acontecer e que refletem no
patrimônio desta de forma positiva ou negativa. Em rela-
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua ção aos fatos contábeis e suas respectivas variações no pa-
publicação. trimônio, julgue os itens que se seguem e marque a opção
incorreta.
Brasília, 28 de maio de 2010. a) A Insubsistência Passiva acontece quando algo que
deixou de existir provocou efeito negativo no patrimônio
da entidade.

94
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

b) Quando ocorre uma Superveniência Passiva, a Si- Contas:


tuação Líquida diminui. (a) custos de serviços prestados.
c) As Superveniências provocam sempre um aumento (b) custos dos produtos vendidos.
do passivo ou do ativo. (c) custos das mercadorias vendidas. x
d) O desaparecimento de um bem é um exemplo de (d) custo de produção.
Insubsistência do Passivo. (e) N.D.A.
e) Toda Insubsistência do Passivo é uma Insubsistên-
cia Ativa. 10. Plano de Contas para a Contabilidade é:
(a) indispensável.
5. (ATRFB / 2009 / ESAF) Determinada empresa, (b) dispensável.
cujo exercício social coincide com o ano-calendário, pa- (c) optativo.
gou a quantia de R$ 1.524,00 de prêmio de seguro contra (d) facultativo.
incêndio no dia 30 de setembro de 2007. (e) N.D.A.
A apólice pertinente a essa transação cobre riscos
durante o período de primeiro de outubro de 2007 a 30 11. Duplicatas a receber pode ser entendido como:
de setembro de 2008. Considerando o princípio da com- (a) contas a receber.
petência de exercícios, o Contador da empresa registrou (b) clientes.
o pagamento dos gastos na conta Seguros a Vencer. No (c) valores a receber.
balanço patrimonial de 31 de dezembro de 2007, após as (d) todas são verdadeiras x.
apropriações de praxe, o saldo desta conta, “Seguros a (e) N.D.A.
Vencer”, deverá ser de:
a) R$ 1.260,00. 12. Compra de veículos a vista:
b) R$ 381,00. (a) aumenta Caixa, diminui Veículos.
c) R$ 1.055,00. (b) aumenta Caixa, aumenta Veículos.
d) R$ 1.172,20. (c) diminui Caixa, diminui Veículos.
e) R$ 1.143,00. (d) aumenta Veículos, diminui Caixa. x
(e) N.D.A.
6. Assinale a alternativa em que contem somente
elementos da Demonstração do Resultado do Exercício 13. Compra de móveis e utensílios a prazo:
(DRE): (a) aumenta Móveis e Utensílios, diminui Caixa.
a) Lucro ou prejuízo, despesas com vendas, despesas (b) aumenta Móveis e Utensílios, aumenta Contas a
financeiras, receitas de vendas, receitas de serviços. Pagar. x
a) Lucro ou prejuízo, caixa, fornecedores, receitas de (c) diminui Contas a Pagar, aumenta Móveis e Uten-
vendas, receitas de serviços. sílios.
c) Ajuste de avaliações patrimoniais, custo das mer- (d) aumenta Móveis e Utensílios, aumenta Capital.
cadorias, deduções das vendas, intangível. (e) N.D.A.
d) Receita de vendas, receitas de serviços, ativo circu-
lante, custos das vendas, imobilizado. 14. Capital subscrito é: (Subscrito em contrato : valor
e) Todas as alternativas estão corretas. do capital que os proprietários se responsabilizam a conce-
der a empresa)
7. Sabe-se que a empresa “Vende Tudo” efetuou a (a) integralizado.
compra de um veículo com pagamento sendo metade a (b) realizado.
vista e metade com duplicatas. O lançamento referente a (c) indefinido. x
esta situação será: (d) comprometido.
a) D- Caixa, D-Veículos, C- Duplicatas a pagar. (e) N.D.A.
b) D- Veículos, C-Caixa, C- Duplicatas a pagar.
c) D- Duplicatas a pagar, D- Veículos, C- Caixa 15. A compra de um veículo por $ 10.000, sendo 50%
d) D- Caixa, D- Duplicatas a pagar, C- Veículos de entrada e o restante em 10 prestações:
e) D- Caixa, C- Veículos, C-Contas a pagar. (a) aumenta em $ 10.000 o ativo e $ 10.000 o passivo.
(b) aumenta em $ 5.000 o ativo e $ 5.000 o passivo. x
8. Qual a equação que define corretamente o Patri- (c) aumenta em $ 10.000 o ativo e $ 5.000 o passivo.
mônio Líquido: (d) aumenta em $ 5.000 o ativo e $ 10.000 o passivo.
a) Bens – diretos – obrigações (e) N.D.A.
b) Bens – direitos + obrigações
c) Bens + direitos + obrigações
d) Bens + direitos – obrigações
e) Nenhum das alternativas

9. Numa empresa comercial, teremos, em seu Plano de

95
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

GABARITO E XE RCÍCIOS COMPL E ME NTARE S


L í ngua Por t uguesa
1 A
0 1 -) ( P O D E R J U D I C I Á R I O – S T F – T É C N I -
2 E
C O J U D I C I Á R I O - C E S P E /2 0 1 3 ) O empre g o d o
3 C
acento gráfi co nos vocábul os “ própr i o” e “d e -
4 D
5 E corrênci a” atende à mesma regra de ac e n tu a -
6 A ção gráfi ca.
7 B ( ) Cer to
8 D ( ) E rrado
9 C
10 A Própri o = par oxí tona termi nada em di to n go /
11 D decor rênci a = paroxí tona termi nada em di to n go
12 D
13 B RESPOSTA: “C E RTO ”.
14 C
15 B 0 2 -) ( D E T R A N / S E – V I S TO R I A D O R D E
T R Â N S I TO – F U N C A B /2 0 1 0 ) Nos t recho s a ba i -
xo, as duas ocorrênci as do verbo enco n tr a m -
-se f l ex i onadas, respect i vamente, nos m o d o s :
Sej amo s sensato s, leito r, tem cabimento i n-
ger ir um a dro ga que altera o s ref lexo s m o to-
res...”
“Ainda que vo cê não sej a r idículo a po nto
de af ir mar que dir ige m elho r quando b ebe. . .”
A) i ndi cat i vo e subj unt i vo.
B) subj unt i vo e i mperat i vo.
C) i ndi cat i vo e i mperat i vo.
D) i mperat i vo e subj unt i vo.
E ) i mperat i vo e i ndi cat i vo.

No pri mei ro per í odo há um consel ho (o u u m a


or dem), por tanto, modo Imper ati vo; no se gu n-
do, há uma hi pótese = modo Subj unti vo (qu e e u
sej a, que tu sej as, que el e sej a...).

RESPOSTA: “D ”.

0 3 -) ( D E T R A N / S E – V I S TO R I A D O R D E
T R Â N S I TO – F U N C A B /2 0 1 0 ) M arque a opção
que completa, correta e respectivamente, as
lacunas da frase abaixo.
____ habilidade do motorista ao volante
deve estar associada ___ obediência ___ leis de
trânsito.
A) À- a - às.
B) A- à - às.
C) À- a - as.
D) A- a - as.
E) A- à - as.

A habilidade do motorista ao volante deve es-


tar associada à obediência às leis de trânsito.
(artigo + substantivo) (regência
verbal pede preposição, em ambos os casos)

RESPOSTA: “B”.

96
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

04-) (STF – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE/2013 07-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS –


- ADAPTADA) Na oração “guiava-me a promessa do li- TÉCNICO FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma
vro”, o pronome “me” exerce a função de complemento variante igualmente correta do termo “autópsia” é
da forma verbal “guiava”. autopsia.
( ) Certo ( ) Certo
( ) Errado ( ) Errado

guiava-me a promessa do livro = a promessa do livro autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia
guiava “eu”, “guiava a mim”, guiava-me (fonte: http://www.academia.org.br/abl/
cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23)
RESPOSTA: “CERTO”.
RESPOSTA: “CERTO”.
05-) (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/MG
– TÉCNICO NÍVEL SUPERIOR – INFORMÁTICA – FU- 08-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS –
MARC/2014) Na frase “Pelo menos 4,7 milhões de apo- TÉCNICO FORENSE - CESPE/2013) A concisão, uma
sentados e pensionistas têm pouco mais de um mês para das qualidades essenciais ao texto oficial, para a qual
recadastrar a senha bancária”, o acento gráfico do ver- concorrem o domínio do assunto tratado e a revisão
bo “ter” se justifica pela seguinte regra: textual, consiste em se transmitir, no texto escrito, o
(A) Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plu- máximo de informações empregando-se um mínimo
ral do presente do indicativo do verbo “ter”. de palavras.
(B) O verbo “ter”, no presente do subjuntivo, assu- ( ) Certo
me a forma “têm” (com acento) na terceira pessoa do ( ) Errado
plural.
(C) O acento circunflexo é empregado para marcar É a qualidade esperada de um bom texto, assim ele
a oposição entre a 3ª pessoa do singular e a 2ª pessoa não se torna prolixo: “fala, fala, mas não diz nada!”.
do plural.
(D) Todas as palavras oxítonas são acentuadas RESPOSTA: “CERTO”.
quando empregadas na terceira pessoa do plural.
09-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉC-
(A) Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plural NICO FORENSE - CESPE/2013) Na parte superior do
do presente do indicativo do verbo “ter”. ofício, do aviso e do memorando, antes do assunto,
(B) O verbo “ter”, no presente do subjuntivo, assume devem constar o nome e o endereço da autoridade a
a forma “têm” (com acento) na terceira pessoa do plural. quem é direcionada a comunicação.
(que eles tenham) ( ) Certo
(C) O acento circunflexo é empregado para marcar a ( ) Errado
oposição entre a 3ª pessoa do singular e a 2ª pessoa do
plural. O aviso, o ofício e o memorando devem
3ª pessoa do singular = ele tem / 2ª pessoa do plural conter as seguintes partes:
= vós tendes a) tipo e número do expediente, seguido
(D) Todas as palavras oxítonas são acentuadas quando da sigla do órgão que o expede:
empregadas na terceira pessoa do plural. b) local e data em que foi assinado, por
“Tem” não é oxítona, mas sim, monossílaba. As pala- extenso, com alinhamento à direita:
vras oxítonas recebem acento apenas quando terminadas c) assunto: resumo do teor do documento
em “a”, “e” ou “o”, seguidas ou não de “s”. d) destinatário: o nome e o cargo da pes-
soa a quem é dirigida a comunicação. No
RESPOSTA: “A”. caso do ofício deve ser incluído também o
endereço.
06-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉC- e) texto;
NICO FORENSE - CESPE/2013) As palavras “patrimô- f) fecho;
nio” e “convivência” acentuam-se segundo a mesma g) assinatura do autor da comunicação;
regra ortográfica. e
( ) Certo h) identificação do signatário
( ) Errado (Fonte: http://webcache.googleuser-
content.com/search?q=cache:omaLJnt2Ut-
Patrimônio = paroxítona terminada em ditongo / con- QJ:www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
vivência = paroxítona terminada em ditongo Manual_Rich_RedPR2aEd.rtf+&cd=1&hl=p-
t-BR&ct=clnk&gl=br)
RESPOSTA: “CERTO”.
RESPOSTA: “ERRADO”.

97
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

10-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, IN- e de literatura


DÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉC- A esperança vem do sul
NICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Vem de mansinho
Excelência deve estar satisfeita com os resultados das contagiosa e sutil
negociações”, o adjetivo estará corretamente emprega- vem no café que produzimos
do se dirigido a ministro de Estado do sexo masculino, vem nas indústrias que criamos
pois o termo “satisfeita” deve concordar com a locução A esperança vem do sul
pronominal de tratamento “Vossa Excelência”. do coração calmo de São Paulo
( ) Certo É preciso ter caridade
( ) Errado e ter carinho
perdoar o ódio que nos cerca
Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femini- que nos veste
no (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo e trabalhar para os irmãos pobres...
masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira como tratar a (Poetas do Modernismo. INL-MEC, Rio de Janeiro,
autoridade, não regendo as demais concordâncias. 1972)

RESPOSTA: “ERRADO”. 13-) ( POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE


JANEIRO – OFICIAL DE CARTÓRIO – IBFC/2013)
11-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO Nos versos “A esperança vem do sul” e “Vem de
TRABALHO – CESPE/2014 - adaptada) A correção gra- mansinho”, um mesmo verbo relaciona-se com ter-
matical do trecho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas mos distintos. Sobre a análise sintático-semântica
e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” seria desses dois termos destacados, é correto afirmar
prejudicada, caso se inserisse uma vírgula logo após a que:
palavra “vinhos”. a) o primeiro é objeto indireto e expressa a
( ) Certo ideia de lugar.
( ) Errado b) o segundo é complemento nominal e indica
modo.
Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predicado, c) ambos são objetos indiretos de mesmo valor
a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo do su- semântico.
jeito (2), ou algum termo que requeira estar separado entre d) ambos são adjuntos adverbiais com valores
pontuações. Exemplo: O Rio de Janeiro, cidade maravilho- semânticos distintos.
sa (1), está em festa! Os meninos, ansiosos (2), chegaram! e) o segundo é objeto indireto e indica modo.
“A esperança vem do sul” e “Vem de mansinho” =
RESPOSTA: “CERTO”. o verbo “vir” é intransitivo, não exige complemento.
Portanto, os termos que o seguem são adjuntos ad-
12-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO verbiais. No primeiro caso, dá-nos sentido de lugar;
TRABALHO – CESPE/2014) O emprego do acento gráfi- no segundo, de modo.
co em “incluíram” e “número” justifica-se com base na
mesma regra de acentuação. RESPOSTA: “D”.
( ) Certo
( ) Errado 14-) ( POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO – OFICIAL DE CARTÓRIO – IBFC/2013)
Incluíram = regra do hiato / número = proparoxítona As reticências empregadas, no último verso, cum-
prem a seguinte função:
RESPOSTA: “ERRADO”. a) indicar uma noção enumerativa, de continui-
dade, como se além dos irmãos pobres houvesse
(POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO outros.
– OFICIAL DE CARTÓRIO – IBFC/2013 - ADAPTADA) b) indicar que parte do poema foi suprimida.
Leia o poema para responder às questões 13 e 14. c) revelar uma incerteza por parte do eu-lírico.
Fé - Esperança - Caridade d) mostrar que se trata de uma opinião com-
(Sérgio Milliet) partilhada por muitos.
e) suspender a ideia promovendo uma reflexão
É preciso ter fé nesse Brasil no leitor.
nesse pau-brasil O uso das reticências serve para “deixar algo no
nessas matas despovoadas ar”, não terminar o pensamento.
nessas praias sem pescadores
É preciso ter fé RESPOSTA: “E”.
Nesse norte de secas

98
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

15-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JA- adora danone. (= Minha filha adora o iogurte
NEIRO – OFICIAL DE CARTÓRIO – IBFC/2013) Assinale que é da marca Danone.)
a alternativa em que o vocábulo “a”, destacado nas op-
ções abaixo, seja exclusivamente um artigo. (Fonte: http://www.soportugues.com.br/
a) “conta a um jornal sua conversa com um índio secoes/estil/estil3.php)
jivaro,”
b) “desses que sabem reduzir a cabeça de um mor- RESPOSTA: D
to”
c) “Queria assistir a uma dessas operações” 18-) (CONDER/BA – JORNALISTA – FGV PROJE-
d) “ele tinha contas a acertar com um inimigo” TOS/2013) “Agora compreendo o entusiasmo de gente
e) “uma viagem de exploração à América do Sul” como Millôr Fernandes e Fernando Sabino, que dividem
a sua vida profissional em antes dele e depois dele”.
a) “conta a um jornal sua conversa com um índio jivaro” Nesse segmento, cinco termos estabelecem a coesão
conta o quê? – sua conversa (objeto direto) a quem? – textual. Assinale a alternativa em que a referência coe-
a um jornal (objeto indireto, com preposição) siva é adequada.
b) “desses que sabem reduzir a cabeça de um morto” (A) “Gente” se refere a termos futuros da progres-
reduzir o quê? – a cabeça de um morto (objeto direto, são textual.
sem preposição) (B) O pronome relativo “que” se refere a Fernando
c) “Queria assistir a uma dessas operações” Sabino.
assistir – no sentido de presenciar – pede preposição (C) O possessivo “sua” se refere a “Fernando Sabi-
d) “ele tinha contas a acertar com um inimigo” no”.
a = para / preposição (D) Os dois pronomes “ele” não se referem ao mes-
e) “uma viagem de exploração à América do Sul” mo antecedente.
para a = à / preposição (E) Todos os termos coesivos se referem a termos
anteriormente expressos.
RESPOSTA: “B”.
(A) “Gente” se refere a termos futuros da progressão
16-) (CONDER/BA – JORNALISTA – FGV PROJE- textual.
TOS/2013) “Sinto falta do papel e da fiel Bic, sempre (B) O pronome relativo “que” se refere a Fernando Sa-
pronta a inserir entre uma linha e outra a palavra que bino.= (a Fernando Sabino e a Millôr)
faltou na hora...”. (C) O possessivo “sua” se refere a “Fernando Sabino”..=
Assinale a alternativa em que a substituição da for- (a Fernando Sabino e a Millôr)
ma reduzida sublinhada foi feita de forma adequada. (D) Os dois pronomes “ele” não se referem ao mesmo
(A) que se insera. antecedente.
(B) que se inserte. (E) Todos os termos coesivos se referem a termos an-
(C) que se insira. teriormente expressos. (vide a alternativa A, por exemplo)
(D) que se enserisse.
(E) que se insertasse. RESPOSTA: “A”.

A forma reduzida de infinitivo pode ser substituída 19-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRA-
pela forma: “pronta a que se insira” (modo Subjuntivo). BALHO – VUNESP/2013) Assinale a alternativa em que
a frase – O Alaga SP mostra os alagamentos ativos a
RESPOSTA: “C”. partir de informações da prefeitura. – está corretamen-
te reescrita, no que se refere às regras de pontuação do
17-) (CONDER/BA – JORNALISTA – FGV PROJE- português padrão.
TOS/2013) “Sinto falta do papel e da fiel Bic” Nesse (A) O Alaga SP mostra a partir de informações da
segmento, o cronista emprega o nome de uma marca prefeitura, os alagamentos ativos.
em lugar de “caneta esferográfica”, caracterizando uma (B) O Alaga SP mostra, a partir de informações da
figura de linguagem denominada prefeitura os alagamentos ativos.
(A) metáfora. (C) O Alaga SP a partir de informações da prefeitu-
(B) hipérbole. ra, mostra os alagamentos ativos.
(C) eufemismo. (D) O Alaga SP, a partir de informações da prefeitu-
(D) metonímia. ra mostra os alagamentos ativos.
(E) antítese. (E) A partir de informações da prefeitura, o Alaga
SP mostra os alagamentos ativos.
Metonímia: A metonímia consiste em em-
pregar um termo no lugar de outro, havendo Apontei com (X) as inadequações (falta de pontuação
entre ambos estreita afinidade ou relação de ou lugar indevido):
sentido. (...) Marca pelo produto: Minha filha

99
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(A) O Alaga SP mostra (X) a partir de informações da Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui.
prefeitura, os alagamentos ativos. Passarei as férias lá, onde, à beira das lagoas ver-
(B) O Alaga SP mostra, a partir de informações da pre- des e azuis, o silêncio cresce como um bosque.
feitura (X) os alagamentos ativos. Nem preciso fechar os olhos: já estou vendo os
(C) O Alaga SP (X) a partir de informações da prefeitura, pescadores com suas barcas de sardinha, e a moça
mostra os alagamentos ativos. à janela a namorar um moço na outra janela de
(D) O Alaga SP, a partir de informações da prefeitura outra ilha.
(X) mostra os alagamentos ativos.
(E) A partir de informações da prefeitura, o Alaga SP (Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende.
mostra os alagamentos ativos Adaptado)
*fissuras: fendas, rachaduras
RESPOSTA: “E”.
21-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO
20- ) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRA- TRABALHO – VUNESP/2013) No primeiro pará-
BALHO – VUNESP/2013) Assinale a alternativa em que grafo, ao descrever a maneira como se preparam
a concordância está de acordo com a norma-padrão da para suas férias, a autora mostra que seus amigos
língua. estão
(A) Muitos motoristas, em São Paulo, dirige falando (A) serenos.
ao celular. (B) descuidados.
(B) Equipamentos como o celular devem ser evita- (C) apreensivos.
do por muitos fatores. (D) indiferentes.
(C) Todos os anos, é aplicado milhares de multas (E) relaxados.
pelo uso do celular ao volante. “pensando nas suas estradas – barreiras, pedras
(D) Motoristas em todo o país já tiveram suas habi- soltas, fissuras – sem falar em bandidos, milhões de
litações suspensas devido ao uso do celular. bandidos entre as fissuras, as pedras soltas e as bar-
(E) As multas e os pontos na habilitação são recur- reiras...” = pensar nessas coisas, certamente, deixa-os
sos que, de modo geral, reduz o número de infrações. apreensivos.
(A) Muitos motoristas, em São Paulo, dirige (dirigem)
falando ao celular. RESPOSTA: “C”.
(B) Equipamentos como o celular devem ser evitado
(evitados) por muitos fatores. 22-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO
(C) Todos os anos, é (são) aplicado (aplicadas) milhares TRABALHO – VUNESP/2013) De acordo com o
de multas pelo uso do celular ao volante. texto, pode-se afirmar que, assim como seus ami-
(D) Motoristas em todo o país já tiveram suas habilita- gos, a autora viaja para
ções suspensas devido ao uso do celular. (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
(E) As multas e os pontos na habilitação são recursos (B) escapar do lugar em que está.
que, de modo geral, reduz (reduzem) o número de infra- (C) reencontrar familiares queridos.
ções. (D) praticar esportes radicais.
(E) dedicar-se ao trabalho.
RESPOSTA: ‘D”.
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = res-
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA- posta da própria autora!
LHO – VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para
responder às questões de números 21 a 23. RESPOSTA: “B”.

Férias na Ilha do Nanja 23-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lu-


Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando gar onde, “à beira das lagoas verdes e azuis, o si-
as malas nos seus carros, olhando o céu para verem que lêncio cresce como um bosque” (último parágrafo),
tempo faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pe- a autora sugere que viajará para um lugar
dras soltas, fissuras* – sem falar em bandidos, milhões (A) repulsivo e populoso.
de bandidos entre as fissuras, as pedras soltas e as bar- (B) sombrio e desabitado.
reiras... (C) comercial e movimentado.
Meus amigos partem para as suas férias, cansados (D) bucólico e sossegado.
de tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da (E) opressivo e agitado.
contramão; enfim, cansados, cansados de serem obri-
gados a viver numa grande cidade, isto que já está sen- Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de
do a negação da própria vida. ruim.
E eu vou para a Ilha do Nanja.
RESPOSTA: “D”.

100
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

24-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO 27-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MI-


TRABALHO – VUNESP/2013) Assinale a alternativa NAS GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA
em que o acento indicativo de crase está emprega- CIVIL - FUMARC/2013) “Paciência, minha filha, este é
do corretamente. apenas um ciclo econômico e a nossa geração foi esco-
(A) Quero ir à esta praia que vi no seu álbum de lhida para este vexame, você aí desse tamanho pedindo
fotografias; onde fica? esmola e eu aqui sem nada para te dizer, agora afasta
(B) Os namorados foram à alguma praia do lito- que abriu o sinal.”
ral norte de São Paulo. No período acima, as vírgulas foram empregadas
(C) Minha família foi à uma cidadezinha no in- em “Paciência, minha filha, este é [...]”, para separar
terior de Santa Catarina. (A) aposto.
(D) A moça desejava ir à famosa Ilha de Itama- (B) vocativo.
racá, em Pernambuco. (C) adjunto adverbial.
(E) Eu quero ir à qualquer lugar de onde possa (D) expressão explicativa.
ver o mar.
Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado para
(A) Quero ir à esta praia = a esta (pronome de- se dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo.
monstrativo)
(B) Os namorados foram à alguma =a alguma (pro- RESPOSTA: “B”.
nome indefinido)
(C) Minha família foi à uma = a uma (artigo inde- 28-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MI-
finido) NAS GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CI-
(D) A moça desejava ir à famosa = (ir a algum lu- VIL - FUMARC/2013) Sobre a Redação Oficial, NÃO é
gar) correto afirmar que
(E) Eu quero ir à qualquer a qualquer (pronome (A) exige emprego do padrão formal de linguagem.
indefinido) (B) deve permitir uma única interpretação e ser es-
tritamente impessoal.
RESPOSTA: “D”. (C) sua finalidade básica é comunicar com impes-
soalidade e máxima clareza.
25-) (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA – ANALIS- (D) dispensa a formalidade de tratamento, uma vez
TA TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CESPE/2013 - que o comunicador e o receptor são o Serviço Público.
ADAPTADA ) A correção do texto seria mantida
caso o pronome “se”, em vez de anteceder, passas- (A) exige emprego do padrão formal de linguagem.
se a ocupar a posição imediatamente posterior ao (B) deve permitir uma única interpretação e ser estrita-
verbo: devido ao fato de ela distanciar-se. mente impessoal.
( ) Certo (C) sua finalidade básica é comunicar com impessoali-
( ) Errado dade e máxima clareza.
(D) dispensa a formalidade de tratamento, uma vez
O verbo “distanciar” pode ser conjugado na forma que o comunicador e o receptor são o Serviço Público.=
pronominal, portanto admite a construção ela distan- incorreta
ciar-se.
As comunicações oficiais devem ser sem-
RESPOSTA: “CERTO”. pre formais, isto é, obedecem a certas regras
de forma: além das (...) exigências de impes-
26-) (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA – ANALIS- soalidade e uso do padrão culto de linguagem,
TA TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CESPE/2013 - é imperativo, ainda, certa formalidade de
ADAPTADA) O emprego do sinal indicativo de cra- tratamento. Não se trata somente da eterna
se na expressão “ respeito ao controle e à vigilância dúvida quanto ao correto emprego deste ou
dos comportamentos humanos” é facultativo. daquele pronome de tratamento para uma
( ) Certo autoridade de certo nível (...); mais do que isso,
( ) Errado a formalidade diz respeito à polidez, à civili-
dade no próprio enfoque dado ao assunto do
A regência nominal de “respeito” exige comple- qual cuida a comunicação.
mento com preposição. Se retirarmos o acento grave, (Fonte: http://www.planalto.gov.br/cci-
“a vigilância” passaria a exercer outra função sintática vil_03/manual/manual.htm_)
(sujeito, por exemplo).
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “ERRADO”.

101
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

29-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MI- b) Cada um dos países do Conselho de Direitos Hu-
NAS GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA manos da Organização das Nações Unidas (ONU) há de
CIVIL - FUMARC/2013 - adaptada) “Na revisão de um zelar pela manutenção dos Direitos Humanos.
expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil c) A comunidade internacional trata os direitos hu-
compreensão por seu destinatário. O que nos parece manos de forma global, justa e equitativa, em pé de
óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio igualdade e com a mesma ênfase.
que adquirimos sobre certos assuntos em decorrência d) A maior parte dos países compreende que o di-
de nossa experiência profissional muitas vezes faz com reito ao trabalho é de vital importância para o desen-
que os tomemos como de conhecimento geral, o que volvimento de povos e nações.
nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclare- e) A declaração de Direitos Humanos de Viena, de
ça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e 1993, reconhece uma série de direitos fundamentais,
abreviações e os conceitos específicos que não possam como o direito ao desenvolvimento.
ser dispensados.”
Sublinhei os termos que se relacionam, justificando a
(Manual de Redação Oficial da Presidência da Repú- concordância verbal:
blica. p. 14). a) Para promover os direitos humanos, a consolidação
da democracia em todos os países é extremamente neces-
Sobre a Redação Oficial, pode-se concluir que sária.
(A) a concisão de um texto está relacionada ao grau b) Cada um dos países do Conselho de Direitos Huma-
de especificação dos termos. nos da Organização das Nações Unidas (ONU) há de zelar
(B) a padronização de termos e conceitos viabiliza a pela manutenção dos Direitos Humanos.
uniformidade dos documentos. c) A comunidade internacional trata os direitos huma-
(C) a revisão possibilita a substituição de termos, nos de forma global, justa e equitativa, em pé de igualdade
muitas vezes, desconhecidos pelo leitor. e com a mesma ênfase.
(D) claro é o texto que exige releituras mais apro- d) A maior parte dos países compreende (ou “com-
fundadas. preendem” = facultativo; tanto concorda com “a maior par-
Através da leitura do excerto e das próprias alternati- te” quanto com “países”) que o direito ao trabalho é de vi-
vas, chegamos à conclusão de que um texto, principalmen- tal importância para o desenvolvimento de povos e nações.
te oficial, deve priorizar a revisão. e) A declaração de Direitos Humanos de Viena, de
1993, reconhece uma série de direitos fundamentais, como
RESPOSTA: “C”. o direito ao desenvolvimento.

30-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MI- RESPOSTA: “D”.


NAS GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CI-
VIL - FUMARC/2013) Considerando o padrão culto da
Língua Portuguesa, a regência verbal NÃO está correta
na frase:
(A) O cargo a que aspiro é muito disputado.
(B) O filme que assisti é francês.
(C) A rua em que moro é asfaltada.
(D) O restaurante em que eu comia no tempo de
colégio foi fechado.

(A) O cargo a que aspiro é muito disputado.


(B) O filme que assisti é francês. = a que (ou ao qual)
(C) A rua em que moro é asfaltada.
(D) O restaurante em que eu comia no tempo de colé-
gio foi fechado.

RESPOSTA: “B”.

31-) (TRF/5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO –


FCC/2012) O verbo flexionado no singular que também
pode ser corretamente flexionado no plural, sem que nenhu-
ma outra alteração seja feita na frase, está destacado em:
a) Para promover os direitos humanos, a consolida-
ção da democracia em todos os países é extremamente
necessária.

102
NOÇÕES DE ECONOMIA

1 Microeconomia. .................................................................................................................................................................................................... 01
1.1 Conceitos fundamentais. ......................................................................................................................................................................... 01
1.2 Determinação das curvas de procura. ................................................................................................................................................ 03
1.3 Teoria do consumidor, utilidades cardinal e ordinal, restrição orçamentária, equilíbrio do consumidor e funções
demanda, curvas de Engel, demanda de mercado, teoria da produção, isoquantas e curvas de isocusto, funções de
produção e suas propriedades, curvas de produto e produtividade, curvas de custo, equilíbrio da firma, equilíbrio de
curto e de longo prazos. ................................................................................................................................................................................. 04
1.4 Estruturas de mercado............................................................................................................................................................................... 15
NOÇÕES DE ECONOMIA

1. CAPITAL: Riqueza utilizada, em suas diversas formas,


1 MICROECONOMIA. com o objetivo de gerar mais riqueza para seus detentores.
Para as empresas, representa o chamado capital social, isto
1.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS.
é, o capital inicial que foi subscrito e integralizado por seus
sócios quando do surgimento da empresa, acrescido ao
longo do tempo pela incorporação dos lucros líquidos.
O conceito de Economia Uma empresa é de capital aberto quando se trata de uma
As pessoas necessitam alimentar-se, vestir-se, receber sociedade anônima cujo patrimônio é composto por ações
uma educação, etc.; para isso, há os recursos, mas a renda é que são negociadas na bolsas de valores por um número
insuficiente na hora de conseguir todos os bens e serviços relativamente grande de acionistas cuja identidade
desejados para satisfazer suas necessidades. não necessariamente é fixa ou mesmo conhecida. Já
A satisfação de necessidades materiais (alimentos, as empresas de capital fechado possuem um número
roupas e habitação) e não-materiais (educação, lazer, etc.) determinado de sócios e seu patrimônio não pode ser
de uma sociedade obrigam seus membros a se ocuparem objeto de negociação em balcão das bolsas de valores.
de determinadas atividades produtivas. Por intermédio
dessas atividades, produzem os bens e serviços que 2. ECONOMIAS DE ESCALA: São as economias
necessitam, e que posteriormente se distribuem para seu obtidas quando da produção de bens em larga escala
consumo entre os membros da sociedade. através da redução nos custos unitários.

Definição Economia 3. ECONOMIA DE ESCOPO: Quando há maximização


A economia estuda a maneira como se administram de lucros com a produção simultânea de mais de um
os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens produto, a chamada produção conjunta. A economia de
e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os escopo só se define quando a produção dos produtos
membros da sociedade. separadamente se mostra mais onerosa. É resultado da
De forma intuitiva, pode-se dizer que a economia se utilização da mesma matéria prima na produção de tais
preocupa com a maneira como os indivíduos “economizam” produtos. É comum que exista economia de escopo em
seus recursos, isto é, como empregam sua renda de forma empresas diversificadas; neste caso, o escopo é a variedade
cuidadosa e sábia, de modo obter o maior aproveitamento de produtos que podem ser produzidos conjuntamente,
possível. a partir da mesma matéria prima, para atingir o lucro
máximo.
Definição de Microeconomia
Estuda o comportamento de consumidores e 3. INFLAÇÃO: Aumento persistente dos preços em
produtores e o mercado no qual interagem. Preocupa-
um nível generalizado, de que resulta uma contínua perda
se com a determinação dos preços e as quantidades em
do poder aquisitivo da moeda para a população do País
mercados específicos.
onde ocorre. É um fenômeno monetário perigoso, porque
A microeconomia é aquela parte da teoria econômica
a elevação de um preço puxa a de outros. As causas são
que estuda o comportamento das unidades, tais como
diversas, mas geralmente resultam ou da emissão sem
os consumidores, as indústrias e empresas, e suas inter-
lastro de moeda (quando o governo precisa de dinheiro
relações.
para pagar suas dívidas sem que tenha ocorrido um
Definição de Macroeconomia aumento nas atividades econômicas), ou do reajuste no
Estuda a determinação e o comportamento câmbio (quando o governo é obrigado a desvalorizar sua
dos grandes agregados como PIB, consumo global, moeda em relação à outra mais forte, em geral o dólar).
investimento global, exportação, inflação, desemprego, No Brasil há três índices básicos de inflação: o IPC (medido
com o objetivo de delinear uma Política Econômica.” pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da
– A macroeconomia estuda o funcionamento da Universidade de São Paulo, a Fipe), o INPC (do Instituto
economia em seu conjunto. Seu propósito é obter uma Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE) e o IGP (Índice
visão simplificada da economia que, porém, ao mesmo Geral de Preços, calculado pela Fundação Getúlio Vargas).
tempo permita conhecer e atuar sobre o nível da atividade
econômica de um determinado país ou de um conjunto 4. HIPERINFLAÇÃO: Quando os preços aumentam
de países. tanto e tão rápido que todos gastam o dinheiro assim
Repetidas vezes, termos desconhecidos aparecem que o recebem. Essa velocidade no consumo se dá devido
em entrevistas e reportagens sobre economia, além de ao temor de que o dinheiro perca seu valor. A partir daí,
fragmentos de textos. Não permita que estes termos a confiança da população na estabilidade da moeda é
dificultem a sua resolução de provas e o seu entendimento destruída e busca-se investir em moedas estrangeiras,
da economia brasileira, bem como das atualidades do país. ouro, imóveis. No Brasil, a hiperinflação registrada foi mais
Para tirar suas dúvidas e ampliar o conhecimento, fique amena. Mesmo assim, chegou a bater os 80% em um único
por dentro de 30 conceitos básicos da economia. mês (março de 1990).

1
NOÇÕES DE ECONOMIA

5. EXTERNALIDADES (ECONOMIAS Alguns defendem que o governo não deve interferir na


EXTERNAS): Benefícios obtidos por empresas que se economia e deixar que ela funcione por conta do próprio
formam (ou já existentes) em decorrência da implantação mercado, ou seja, as relações de compra e venda entre
de um serviço público (ex: energia elétrica) ou de uma empresas, bancos e consumidores. Outros acreditam que o
indústria, proporcionando à primeira vantagem antes governo deve cobrir as deficiências inerentes ao mercado.
inexistentes. A existência de externalidades atua no Neste caso, a política econômica deve prever e tentar
sentido das reduções de custo e é uma alavanca para o eliminar as crises, além de tentar reduzir o desemprego e
desenvolvimento econômico. fomentar um rápido crescimento econômico.
6. JURO: Remuneração que o tomador de um
empréstimo deve pagar ao proprietário do capital 14. POLÍTICA MONETÁRIA: é o controle da
emprestado. quantidade de dinheiro em circulação no país. Ela auxilia
na definição das taxas de juros do governo.
7. VANTAGENS COMPARATIVAS: Concepção teórica
15. RENTABILIDADE: é a taxa que indica o retorno de
criada por David Ricardo sobre o comércio internacional.
um investimento. Calcula-se dividindo o lucro obtido pelo
Afirma que cada país deveria dedicar-se ou especializar-se
valor do investimento inicial.
onde os custos comparativos fossem menores.
16. SPREAD BANCÁRIO: é a diferença entre os juros
que são pagos pelos bancos na captação de dinheiro e os
8. PRODUTIVIDADE: Resultado da divisão da que eles cobram nos empréstimos concedidos. No Brasil,
produção física obtida numa unidade de tempo (hora, essa taxa atinge um dos maiores valores do mundo. Em
dia, ano) por um dos fatores empregados na produção 2004, de acordo com o Banco Central, foi de 28,1 pontos
(trabalho, terra, capital). percentuais.

9. POUPANÇA: Parte da renda nacional ou individual 17. TARIFAS DE SERVIÇO: tarifas cobradas pelos


que não é utilizada em despesas, sendo guardada e bancos por serviços prestados como saques em caixas
aplicada depois de deduzidos os impostos. eletrônicos, extratos, manutenção de contas e outros.

10. MERCA 18. TAXA DE INVESTIMENTO: as despesas do governo


DO: grupo de compradores e vendedores que estão são classificadas de duas maneiras: despesas de custeio e
em contato suficientemente próximo para que as trocas despesas de investimento. Nas despesas de custeio, estão
entre eles afetem as condições de compra e venda dos a compra de bens de consumo, pagamento de salários dos
demais. servidores públicos, pagamento de benefícios sociais etc. As
11. PLANO REAL: programa econômico que, a partir despesas de investimento são aquelas feitas na aquisição e
de 1994, estabilizou a inflação brasileira que até então construção de bens duradouros: estradas, escolas, hospitais
estava descontrolada. e o pagamento de empréstimos. A taxa de investimento
do governo é calculada com base no total das despesas
12. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB): a produção com investimentos dividida pelo total da riqueza nacional
de um país é medida por meio desse indicador, que leva produzida em um ano: o Produto Interno Bruto – o PIB.
em conta três grupos principais: Agropecuária, formada
por Agricultura, Extrativa Vegetal e Pecuária; Indústria, 19. TAXA SELIC: É a taxa básica da economia brasileira
que engloba Extrativa Mineral, Transformação, Serviços que significa Sistema Eletrônico de Liquidação e Custódia
estabelecida mensalmente pelo Comitê de Política
Industriais de Utilidade Pública e Construção Civil; e
Monetária (Copom), órgão do Banco Central. Ela indica
Serviços, que incluem Comércio, Transporte, Comunicação,
quanto o governo paga em juros pelos títulos que emite
Serviços da Administração Pública e outros serviços.
regularmente para refinanciar sua dívida. Ao calcular essa
taxa, o Copom leva em consideração diversos fatores,
13. POLÍTICA ECONÔMICA: São as medidas como a previsão da inflação futura (próximos 30 dias) e
adotadas pelo governo para controle da economia. As as tendências momentâneas de queda ou elevação dos
políticas relativas ao orçamento, por exemplo, afetam preços da economia (inflação passada).
todas as áreas da economia e constituem políticas de tipo As condições da economia internacional também
macroeconômico; outras afetam algum setor específico, são consideradas: se há excesso de dinheiro no mercado
como, por exemplo, o agrícola e constituem políticas de internacional (liquidez internacional), ou se há falta de
tipo microeconômico. Estas são dirigidas a um setor, a dinheiro. O mesmo cálculo é feito no mercado interno: se
uma indústria, a um produto ou ainda a várias áreas da há muito ou pouco dinheiro circulando (liquidez interna)
atividade econômica e criam a base legal em que devem e a necessidade de financiamento das contas públicas (se
operar os diferentes mercados, evitando que a competição o governo tem pouco ou muito dinheiro em caixa para
gere injustiças sociais. honrar suas dívidas que estarão vencendo nos próximos
trinta dias, mais as despesas do dia a dia – as despesas de
custeio e despesas de investimento).

2
NOÇÕES DE ECONOMIA

20. DÍVIDA EXTERNA PÚBLICA: é o total da dívida 29. OLIGOPÓLIO: Estrutura de mercado na qual um
que o governo tem com bancos, empresas ou mesmo pequeno grupo de empresas controla parcela expressiva
pessoas, no exterior. A dívida é representada por papéis da oferta de produtos e serviços. Mesmo que haja um
chamados títulos. Os mais conhecidos títulos brasileiros número grande empresas no mercado, o fundamental
são os C-Bonds, emitidos pelo Tesouro Nacional. Ao tomar é que a competição entre as maiores empresas tem
o dinheiro emprestado, o governo se compromete a pagar de levar em conta, de forma sistemática, a presença e a
determinada taxa de juros. reação de outros concorrentes de porte e competitividade
semelhante.
21. DÍVIDA INTERNA: é o total da dívida que o
governo tem com bancos, empresas ou mesmo pessoas, 30. OLIGOPSÔNIO: Estrutura de mercado em que
negociada no interior do país. Para o governo tomar poucas empresas, de grande porte, são as compradoras
dinheiro emprestado, ele emite títulos da dívida, que são de determinada matéria-prima ou produto primário.
como notas promissórias, por meio das quais o governo Pode ocorrer de duas maneiras: quando um mercado
diz como, quando e quanto vai pagar por aquela dívida, comprador é muito concentrado, com poucas e grandes
sempre acrescida de juros – que são os juros básicos do empresas negociando com muitos pequenos produtores
país, chamados de Taxa Selic no Brasil. atomizados, ou quando tanto o mercado consumidor
como o mercado vendedor são concentrados.
22. MERCADO CAMBIAL: Instituições que realizam a
conversão da moeda nacional em divisas estrangeiras e
vice-versa em operações relacionadas ao comércio externo 1.2 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE
de bens e serviços. PROCURA.
23. MERCADO DE CAPITAIS: Conjunto de instituições
que fornece capital de longo prazo. Inclui as Bolsas de
Curva da Procura
Valores, bancos, seguradoras etc.
A curva da procura consiste na representação gráfica
da função procura a qual, por sua vez, é a expressão
24. MERCADO DE CRÉDITO: Conjunto de instituições
algébrica da relação entre o preço e a quantidade
(bancárias e não bancárias) que fornece capital de curto
procurada de determinado bem. Dado que esta relação
prazo, tanto para o consumo quanto para o capital de giro
é negativa, a curva da procura tem, necessariamente,
das empresas, além de atuarem no mercado de títulos
inclinação negativa, o que significa que quanto mais
públicos.
elevado for o preço do bem, menor será a quantidade que
os consumidores querem consumir. No exemplo abaixo,
25. MERCADO FINANCEIRO: É o conjunto formado um aumento do preço (P) de p0para p1 originou uma
pelo mercado cambial, o mercado de capitais, o mercado redução da quantidade procurada (Q) de q0 para q1.
de crédito e o mercado monetário. Devido à Lei das Utilidades Marginais Decrescentes,
a curva apresenta um formato côncavo, isto é, à medida
26. MERCADO MONETÁRIO: Instituições que realizam que o preço do bem aumenta, a quantidade procurada
operações de crédito de curto e curtíssimo prazo para diminui, mas a um ritmo cada vez menor.
a cobertura de desencaixes momentâneos dos agentes
econômicos, aí incluídos o Tesouro Nacional e os próprios
bancos. Serve como principal instrumento de regulação
da liquidez da economia para o banco central, através da
compra e venda de títulos públicos.

27.  MONOPÓLIO: Estrutura de mercado em que


uma única empresa ou grupo de empresas sob controle
único dominam a oferta de determinado produto ou
serviço num determinado mercado. Monopólio natural,
quando as condições técnicas da produção (basicamente
as economias de escala e os elevados custos fixos) fazem
com que a existência de uma única empresa seja a solução
mais eficiente em termos de redução de custos. Monopólio
legal, quando imposto por regulamentação pública.

28. MONOPSÔNIO: Uma situação em que existe


somente um comprador de determinada mercadoria ou
serviço num determinado mercado.

3
NOÇÕES DE ECONOMIA

A demanda, ou também chamada de procura, pode ser Teoria da Produção: Estuda o processo de
definida como as várias quantidades de um determinado transformação de fatores adquiridos pela empresa em
bem ou serviço que os consumidores estão dispostos e produtos finais para a venda no mercado. Estuda as
aptos a adquirir, em função dos vários níveis de preços relações entre as variações dos fatores de produção e suas
possíveis, em determinado período de tempo. consequências no produto final. Determina as curvas de
Ou seja, a demanda é a correlação entre as diversas custo, que são utilizadas pelas firmas para determinar o
quantidades procuradas de um bem, com os diversos volume ótimo de oferta.
níveis de preços apresentados.
A demanda é dependente de uma série de variáveis, A Microeconomia, ou teoria dos preços, analisa a
dentre as quais o preço do bem X (PX), a renda dos formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa
consumidores (R), o preço dos outros bens (PY), assim e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a
como os gostos dos consumidores (G). quantidade de determinado bem ou serviço em mercados
DX = f (PX, R, PY, G), sendo a demanda dada em função específicos.
dos parâmetros anteriores.
A Lei da Demanda1 diz que há uma correlação inversa Assim, enquanto a Macroeconomia enfoca o
entre preços e quantidades demandadas, ceteris paribus comportamento da Economia como um todo, considerando
(expressão latina que significa tudo o mais constante, variáveis globais como consumo agregado, renda nacional
como a renda do consumidor, os preços de outros bens e e investimentos globais, a análise microeconômica
as preferências dos consumidores). preocupa-se com a formação de preços de bens e serviços
Quanto maior for o preço, menor será a quantidade (por exemplo, soja, automóveis) e de fatores de produção
demandada do bem que o consumidor estará disposto a (salários, aluguéis, lucros) em mercados específicos.
adquirir e vice-versa.
A teoria microeconômica não deve ser confundida
com a economia de empresas pois tem enfoque distinto.
1.3 TEORIA DO CONSUMIDOR, UTILIDADES A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e
CARDINAL E ORDINAL, RESTRIÇÃO da demanda na formação do preço no mercado, isto é, o
ORÇAMENTÁRIA, EQUILÍBRIO DO preço obtido pela interação do conjunto de consumidores
CONSUMIDOR E FUNÇÕES DEMANDA, CURVAS com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem
DE ENGEL, DEMANDA DE MERCADO, TEORIA ou serviço.
DA PRODUÇÃO, ISOQUANTAS E CURVAS
Do ponto de vista da economia de empresas, que
DE ISOCUSTO, FUNÇÕES DE PRODUÇÃO E
estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil-
SUAS PROPRIEDADES, CURVAS DE PRODUTO financeira na formação do preço de venda de seu produto,
E PRODUTIVIDADE, CURVAS DE CUSTO, baseada principalmente nos custos de produção, enquanto
EQUILÍBRIO DA FIRMA, EQUILÍBRIO DE CURTO na Microeconomia predomina a visão do mercado
E DE LONGO PRAZOS.
Teoria do Consumidor
A Teoria do Consumidor, ou Teoria da Escolha, é uma
A microeconomia preocupa-se em explicar como teoria microeconômica, que busca descrever como os
é gerado o preço dos produtos finais e dos fatores de consumidores tomam decisões de compra e como eles
produção num equilíbrio, geralmente perfeitamente enfrentam os tradeoffs* e as mudanças em seu ambiente.
competitivo. Divide-se em: Os fatores que influenciam as escolhas dos consumidores
estão basicamente ligados à sua restrição orçamentária e
Teoria do Consumidor: Estuda as preferências do preferências.
consumidor analisando o seu comportamento, as suas
escolhas, as restrições quanto a valores e a demanda de Os principais instrumentos para a análise e
mercado. A partir dessa teoria se determina a curva de determinação de consumo são a curva de indiferença e a
demanda. restrição orçamentária.

Teoria da Firma: Estuda a estrutura econômica Para a Teoria do Consumidor, as pessoas escolhem
de organizações cujo objetivo é maximizar lucros. obter um bem em detrimento do outro em virtude da
Organizações que para isso compram fatores de produção utilidade que ele lhe proporciona.
e vendem o produto desses fatores de produção para
os consumidores. Estuda estruturas de mercado tanto *Trade-off ou tradeoff é uma expressão que define uma
competitivas quanto monopolísticas. A partir dessa teoria situação em que há conflito de escolha. Ocorre quando se
se determina a curva de oferta. abre mão de algum bem ou serviço distinto para se obter
outro bem ou serviço distinto.

4
NOÇÕES DE ECONOMIA

UTILIDADE CARDINAL

A utilidade como medida da satisfação é também chamada de utilidade cardinal. A utilidade cardinal ‘quantifica’ o
bem-estar do indivíduo.
A teoria do comportamento do consumidor parte do princípio de que o valor depende da utilidade, isto é, da avaliação
subjetiva que o consumidor atribui às diversas mercadorias. 
Essa teoria se fundamenta nos princípios neoclássicos e não está isenta de críticas, mas é a mais comumente encontrada
nos manuais de microeconomia. Ela se divide em dois: a teoria da utilidade cardinal, a teoria da utilidade ordinal e elas
serão abordadas seguindo a história do pensamento econômico.
A teoria da utilidade cardinal conceitua a utilidade como a capacidade de um determinado bem de satisfazer desejos
e necessidades humanas. 
Parte das seguintes hipóteses neoclássicas:
1. O consumidor é racional e tem conhecimento perfeito de suas preferências e condições do mercado; busca a
maximização de sua utilidade tendo como limitação o nível de renda. 
Isso equivale a dizer que o consumidor está sempre buscando o máximo benefício com o mínimo de esforço. Esse é
um princípio ligado ao ser humano.

2. A satisfação obtida ao consumir um conjunto de bens e serviços pode ser medida e expressa por uma função de
utilidade, do mesmo modo que qualquer conceito objetivo, tal como temperatura, peso, volume e altura, por meio de
medidas cardinais.
O consumidor pode dar valores para medir a satisfação, a utilidade auferida pelo consumo de determinada quantidade
de um produto, partindo do princípio que ele valoriza mais aquilo que lhe traz mais prazer e estaria disposta a pagar mais
por algo que tenha maior utilidade.

3. Acréscimos no consumo de um determinado produto geram, coeteris paribus, aumentos decrescentes na utilidade
total.
Exemplo:
Se, num dia, damos uma barra de chocolate a uma criança provavelmente a barra lhe trará uma satisfação, um prazer
muito grande, gerando uma grande utilidade. 
Se, em seguida, damos uma segunda barra de chocolate, a utilidade total será maior. A utilidade total representa a
soma da utilidade proporcionada pela primeira mais a utilidade adicionada pela segunda. Porém, essa segunda unidade
será recebida provavelmente com menos entusiasmo com que foi recebida a primeira barra. 
A terceira barra tornará a satisfação total ainda maior, mas a utilidade acrescentada por esta última possivelmente será
menor que a anterior. 
Se formos aumentando o número de barras de chocolate chegaremos ao ponto em que uma unidade adicional de
chocolate representará para a criança um benefício tão pequeno que para ele será quase indiferente receber ou não essa
barra adicional. 
Isso acontece porque ao consumir chocolate até a saciedade, este deixa de ser para a criança um produto escasso,
desejado. 

5
NOÇÕES DE ECONOMIA

Teoria Cardinalista - Jevons, Menger e Walras (cerca de 1871)

Gráfico feito por: Wagner Leal Ariente (Professor de Introdução á Economia - UFSC)

UTILIDADE ORDINAL

Os economistas Fischer (1892) e Pareto (1906) contornaram os principais problemas da teoria cardinal e deram à teoria
do comportamento do consumidor a forma que conhecemos hoje. Essa formulação é conhecida como Teoria Ordinal do
comportamento do consumidor.
Antes, reconhecendo que o consumidor prefere alguns bens e serviços a outros, introduziram uma ordem de
preferência para qualificar a utilidade.
Assim pode-se dizer que um bem tem mais utilidade do que outros, mas não se estabelece a quantidade de utilidade
correspondente de cada um. Para a teoria ordinal, se uma pessoa prefere chá a café, o chá para essa pessoa, tem mais
utilidade que o café. Mais uma vez, é importante ressaltar que a teoria ordinal apenas ordena bens, não lhes atribuindo
qualquer quantidade de utilidade.
A abordagem ordinal da teoria do consumidor representa uma linha de pensamento mais recente, em relação à
abordagem cardinal.
Sua característica fundamental está no fato de rejeitar a hipótese de mensurabilidade quantitativa da utilidade,
substituindo-a pela hipótese de comparabilidade.
Assim, para a abordagem ordinal, a utilidade não é mensurável, mas comparável. É, portanto, pela comparação das
utilidades das coisas que o consumidor escolhe as diferentes alternativas de consumo de bens ou de combinações de
bens capazes de atender às suas necessidades.
Os economistas reconheceram que, no que no que diz respeito ao comportamento da escolha, tudo o que interessava
saber a respeito da utilidade era se uma cesta tinha uma maior utilidade do que a outra – o quanto era maior não
importava.

6
NOÇÕES DE ECONOMIA

Gráfico feito por: Wagner Leal Ariente (Professor de Introdução á Economia - UFSC)

Restrição Orçamentária
Pressuposto: Os consumidores escolhem a melhor (fator subjetivo) cesta que podem (fator objetivo) adquirir;

7
NOÇÕES DE ECONOMIA

A restrição orçamentária A Teoria da Demanda tem alguns fundamentos:


Simplificação: A cesta de consumo é composta por
dois bens; Teoria do Valor Utilidade: valor de um bem que se
Pode ser entendida como um bem com relação a forma de acordo com a satisfação que o bem representa
todos os demais; para a comunidade. Abrange o valor de uso, que significa
Cesta do consumidor: (X1, X2) = X , onde X1 equivale a a utilidade ou satisfação que o bem representa ao
quantidade de bem 1 e X2 a quantidade de bem 2, sendo consumidor e o valor de troca, que se forma pelo preço no
X a cesta contendo os dois bens; mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem
Conjunto orçamentário: P1*X1+P2*X2 ≤ m (o custo ou serviço.
total da cesta tem de ser ≤ a renda), onde P1 corresponde
ao preço do bem 1, P2 ao preço do bem 2 e m a renda do Teoria do Valor do Trabalho: Considera que o valor
consumidor; de um bem se forma do lado da oferta, mediante os custos
Dois bens geralmente bastam do trabalho incorporado ao bem, do tempo produtivo que
Além da simplificação de que um dos dois bens possa é incorporado ao bem depende dos cursos.
representar todos os demais, também pode-se avaliar
esses outros bens em termos de unidades monetárias.
Como cada unidade (P2) compra unidade monetária para A Utilidade Total tende a aumentar quanto maior for
adquirir uma quantidade de X2, tem-se: a quantidade consumida do bem ou serviço. A Utilidade
P1*X1+X2 ≤ m Marginal, definida como a satisfação adicional (na margem)
Essas simplificações implicam X2 como um bem é obtida pelo consumo de mais de uma unidade do bem, é
composto, representando tudo que o consumidor deseja decrescente, porque o consumidor vai saturando-se desse
consumir à exceção do bem 1; bem quanto mais o consome.

Propriedades do conjunto orçamentário A  quantidade demandada considera variáveis


Reta orçamentária: conjunto de cestas que custam diferentes em relação ao conceito de demanda, abrangendo
exatamente m; o preço do próprio bem (efeito substituição e efeito renda)
P1*X1+P2*X2=m ou a relação de preços de outros bens e serviços (bem
substitutos ou concorrentes, bens complementares).
Como a reta orçamentária varia
Um aumento na renda permite comprar mais dos dois A Curva de Indiferença (CI) é um instrumental gráfico
bens. que serve para ilustrar as preferências do consumidor; é o
Porque não houve variação nos preços; lugar geométrico de pontos que representam diferentes
Como o inverso é verdadeiro, uma diminuição da renda combinações de bens que dão ao consumidor o mesmo
iria deslocar a reta orçamentária para dentro/esquerda; nível de utilidade (produtos que deseja construir).
Já uma variação no preço de um dos bens não irá Atrelado à Curva de Indiferença, existe a variável
alterar a quantidade máxima a ser consumida do outro, da  Restrição Orçamentária, definida como o montante
mas irá modificar a inclinação de renda disponível do consumidor, em um dado período
de tempo. Ela limita as possibilidades de consumo,
Variações da reta orçamentária condicionando quanto ele pode gastar (produtos que
Algumas observações: só poderão ser adquiridos de acordo com a restrição
1. Uma variação em todos os preços e na renda, desde orçamentária do consumidor).
que sejam no mesmo montante, não alteram o conjunto O consumidor sempre busca situações que maximizem
orçamentário; sua satisfação dada a sua renda e os preços dos bens e
Caso da inflação; serviços que deseja adquirir.
2. Uma variação da renda, mantidos constantes os Algumas variáveis afetam ainda a demanda,
preços das cestas, faz variar a satisfação do consumidor; sendo elas: riqueza ( e sua distribuição); renda (e sua
Se aumenta, o consumidor tem novas possibilidades distribuição); preço de outros bens; fatores climáticos e
de maior consumo; sazonais; propaganda; hábitos, gostos, preferências dos
Mesmo que se mantenha a cesta original; consumidores; expectativas sobre o futuro; facilidades de
Se diminui, o consumidor tem diminuídas suas crédito.
possibilidades de consumo; Quanto ao preço na economia de mercado, o mesmo
Se mantém na sua cesta atual se já estivesse é determinado tanto pela oferta quanto pela procura. A
consumindo menos que o total da sua renda; quantidade que os consumidores desejam comprar é
Desde que permitido pela nova renda. exatamente igual à quantidade de produtos que se deseja
vender, não havendo excesso ou escassez de oferta ou de
demanda, existindo a coincidência de desejos.

8
NOÇÕES DE ECONOMIA

O  preço relativo também é uma variável que deve Utilidade total: utilidade somada de todas as unidades
ser considerada; caracteriza-se como sendo a relação consumidas de um bem.
entre os preços de vários bens. Se um produto de uma Utilidade marginal: é o acréscimo de utilidade trazida
mesma categoria sofre uma porcentagem de desconto e o pela última unidade consumida.
outro permanece com seu valor absoluto (real), o produto Lei da utilidade marginal decrescente: à medida que
que teve o desconto, ou seja, que passou a ter um preço se consome mais de um bem, a utilidade de cada unidade
relativo, terá um aumento na demanda em detrimento consumida desce, ou seja, o acréscimo de satisfação que o
à diminuição da demanda do produto que não sofreu consumo vai dando desce quando o consumo sobe.
queda de preços. Esta variação é importante no momento Regra de ouro do consumidor: A utilidade marginal do
da definição dos preços dos produtos, dentro da análise último euro gasto em cada bem deve ser igual em todos os
microeconômica . bens.
Encontramos ainda a definição de  oferta, que é Primeira lei de Gossen: À medida que se consome mais
a quantidade de determinado bem ou serviço que os do bem, a utilidade de cada unidade adicional consumida
produtores e vendedores desejam em determinado desce.
período. Representa um plano ou intenção de produtores Segunda lei de Gossen: O consumidor, para obter o
ou vendedores, e não a venda efetiva. As variáveis que máximo de satisfação, deve consumir até que a utilidade
afetam a oferta de dado bem ou serviço são: quantidade marginal do último euro gasto em cada bem seja igual em
ofertada do bem, preço do bem, preço dos fatores e todos os bens.
insumos de produção, preço de outros bens, substitutos Lei da substituição: Quanto menos de um bem se tem,
na produção, objetivos e metas do empresário. maior é a utilidade marginal desse bem.
Quando ocorre um excesso de ofertas (um maior Taxa marginal de substituição: Rácio das utilidade
número de produtos à venda do que de consumidores marginais de dois bens, o valor relativo das duas última
para consumi-los), os vendedores acumularão estoques unidades consumidas de cada bem, a qual equivale à taxa,
não planejados e terão que diminuir seus preços, na margem, a que se troca um bem pelo outro, mantendo a
concorrendo pelos escassos consumidores. No caso utilidade.
de excesso de demanda (muitos consumidores para A utilidade marginal de um bem económico não escasso
comprar um número pequeno de determinado produto), para uma pessoa racional que escolhe a quantidade que
os consumidores estarão dispostos a pagarem mais caro consome é nula. A explicação reside no facto de um bem
pelos produtos escassos. Assim, existe uma tendência ao não escasso existir em quantidades tais que chega e sobra
equilíbrio, não existindo pressões para alterar preços e os para satisfazer as necessidades que dele se têm e, por isso,
planos dos compradores são consistentes com os planos poder sem obtido sem custo, pelo que o agente racional vai
dos vendedores, e não existem filas ou estoques não escolher consumir até estar saciado (Um=0).
planeados nas empresas.
É possível encontrar um grande número de pontos
Teoria do valor – “paradoxo da água e do diamante” que têm exactamente a mesma utilidade para um certo
“Nada é mais útil do que a água: mas com ela consumidor. Isso quer dizer que, na decisão de consumo
praticamente nada pode comprar-se; praticamente nada que o consumidor toma, esses pontos são indiferentes para
pode obter-se em troca dela. Pelo contrário, um diamante ele. Esses pontos formam uma curva da indiferença. Não
não tem praticamente qualquer valor de uso; no entanto, é necessário saber o valor absoluto da utilidade, bastando
pode normalmente obter-se grande quantidade de outros saber o valor relativo dos bens, uns em relação aos outros.
bens em troca dele.”
A utilidade total da água é muito maior do que a do A curva da indiferença tem de ser decrescente e a
diamante, mas a utilidade marginal do diamante é muito Primeira Lei de Gossen implica que ela tenha de ser convexa.
superior à da água pois, como há muita água e poucos À medida que se tira mais de um bem, é necessário dar cada
diamantes, pela lei da utilidade marginal decrescente, a vez mais de outro para compensar, mantendo a utilidade.
utilidade marginal daquela desceu muito em relação a Cada curva divide o espaço em duas partes: uma zona
este. melhor que os pontos da curva, acima, e uma zona pior,
abaixo. Para cada consumidor que saiba avaliar todas as
Utilidade – a satisfação que cada ser humano tira do situações há um mapa da indiferença.
uso do bem é o que dá valor às coisas. Utilidade define- Cada uma das curvas acima da outra representa utilidade maior.
se como o grau de satisfação que os bens dão às nossas
necessidades. É forma de medir o “bem-estar” obtido De todos os pontos das possibilidades de consumo
pelos bens, materiais, ou não. qual é o melhor? Para isso temos de sobrepor o mapa da
indiferença à recta do rendimento. Nesse caso, vemos que o
Partindo da utilidade que atribui a cada bem, o agente, ponto de possibilidades de consumo que tem maior utilidade
que é racional, vai escolher a combinação de bens que lhe é o da tangencia entre a curva da indiferença e a recta do
dá maior satisfação (optimizá-la), dadas as limitações que rendimento. Aí, as inclinações são iguais, ou seja, a Taxa
provêm da escassez. Marginal de Substituição (inclinação da rectas da indiferença)
iguala o rácio de preços (inclinação da recta do rendimento).

9
NOÇÕES DE ECONOMIA

Três outras questões do consumidor • Bens inferiores: Ao ficar mais rico, o consumidor
consome menos destes bens. Têm uma elasticidade
Lei de Engel – num conjunto de famílias com rendimento negativa e uma curva de Engel decrescente.
gostos semelhantes e enfrentando preços iguais, o peso São constituídos por bens que satisfazem necessidades
da despesa em alimentação é, em média, uma função que também podem ser satisfeitas por outros bens de
decrescente do rendimento. melhor qualidade, mas que, quando pobre, o consumidor
não poderia comprar.
Curva consumo-rendimento: o lugar geométrico Um outro problema semelhante aparece se, mantendo
dos pontos de consumo óptimo de dois bens, para certos o rendimento, se variar o preço de um bem, por exemplo,
níveis de preço e vários níveis de rendimento. o preço de livros. Nesse caso, a recta do rendimento
A curva de Engel relaciona directamente o consumo sofre uma alteração na sua inclinação. Agora, se todo o
óptimo de cada bem com o nível de rendimento que rendimento for gasto em livros, é apenas possível comprar
menos livros, enquanto se ele for gasto em pão (cujo preço
o gera. Assim, se de cada ponto da curva consumo-
não variou) se mantinha o ponto anterior.
rendimento forem anotados os valores de rendimento e
Dada nova recta do rendimento, o ponto óptimo
os correspondentes valores de consumo de dois bens (pão
continua a ser obtido pela tangencia entre essa recta e uma
e livros), é possível construir as curvas de Engel para cada
curva da indiferença. Ao fazer novas variações de preços
um dos bens. (subidas e descidas) é possível unir os vários pontos de
Para analisar as variações do padrão de consumo consumo óptimo, obtendo assim a curva preço-consumo.
à medida que o consumidor vai ficando mais rico, por Desta forma, é também possível desenhar uma curva
exemplo, é preciso saber o que acontece ao peso de certo que exprima a relação da curva preço-consumo, mas só
bem no total da despesa: será que, à medida que fica mais para um dos bens. Assim, a nova curva relacionado, por
rico, o consumidor vai comprando proporcionalmente exemplo, directamente a quantidade óptima de consumo
mais ou menos pão? E livros? Repare-se que não interessa de livros com cada um dos preços que a motivam. Essa
apenas saber se o consumidor gasta mais ou menos do curva relaciona quantidades de consumo escolhidas para
bem, mas se gasta proporcionalmente mais ou menos do cada nível de preços. Trata-se da curva da procura.
bem, precisamos de conhecer a variação em percentagem.
“Quando varia o rendimento de um por cento (1%), Paradoxo de Giffen – Há bens cujo consumo sobre
qual a percentagem de aumento dos gastos no bem?” Se, quando sobe o preço.
quando num aumento de 1% de rendimento, o consumo Quando varia o preço ao longo da curva da procura
do bem aumenta mais de 1%, a importância do bem (o seu há dois efeitos: o efeito substituição (porque o bem fica
peso) nas despesas do consumidor aumentou. Se nessas mais caro, o consumidor desloca-se ao longo da curva da
condições o consumo aumentar menos de 1%, o seu peso indiferença, para um ponto em que o consumo desse bem
desce. é menor) e o efeito rendimento (porque se fica mais pobre
pela subida de preço, o consumidor é forçado a deslocar-
Elasticidade rendimento da procura – Variação se para uma curva de indiferença inferior).
percentual da procura de um bem quando o rendimento Vamos supor que o consumidor se encontra em
varia de 1%. equilíbrio no ponto A, quando se verifica uma subida do
• Bens superiores: o peso do bem aumenta nas preço do pão. Ele desloca-se então para um novo ponto
despesas do consumidor quando o rendimento aumenta. óptimo, B.
Os bens superiores são, pois, aqueles que os ricos A passagem de A para B é composta por dois
efeitos diferentes. Por um lado, como o consumidor
têm possibilidades de comprar. Têm uma elasticidade
defronta um preço mais alto de pão, a sua nova escolha
rendimento (Er) maior do que um, e uma curva de Engel
terá necessariamente menos pão e mais livros (efeito
crescente. Os bens de luxo ou aqueles bens mais ligados
substituição). Mas, por outro lado, como o preço mais alto
aos níveis altos dos rendimentos são exemplos destes
tornou o consumidor mais pobre, ele vai consumir menos
bens. pão e menos livros. O efeito total é a soma destes dois
efeitos.
• Bens normais: Bens em relação aos quais o No que diz respeito ao efeito substituição, ele leva
consumidor, quando o seu rendimento sobe, aumenta o sempre a uma redução da quantidade consumida do bem
seu gasto, mas menos que proporcionalmente à subida do cujo preço aumenta. Na verdade, tem de ser assi devido
rendimento (ou seja, o seu peso no rendimento desce). à primeira Lei de Gossen. Uma variação de preço implica
Têm elasticidade rendimento positiva, mas menor que uma variação na utilidade marginal, e essa tem uma relação
um, e uma curva de Engel crescente, mas cada vez menos negativa com a quantidade devido a essa lei.
crescente. São aqueles bem que as pessoas, à medida que Quanto ao efeito rendimento, a questão é um pouco
ficam mais desafogadas no seu rendimento, consomem mais complicada pois as variações do rendimento não têm
mais, mas não proporcionalmente mais. A lei de Engel efeitos simples sobre o consumo. Uma queda no rendimento
supõe que os bens alimentares são bens normais. pode diminuir ou aumentar a quantidade consumida do
bem, conforme o bem seja normal/superior ou inferior.

10
NOÇÕES DE ECONOMIA

Normalmente, o efeito que domina é o efeito substituição, Porque razão os bens têm diferentes elasticidades-
que, aliás, é o mais intuitivo (se o preço sobre, eu compro menos). preço, ou seja, a sua procura reage diferentemente a
E, por vezes, como vimos, o efeito rendimento pode reforçar o variações de preço?
efeito substituição, descendo ainda mais a quantidade. Mas - Em primeiro lugar, a distinção entre bens de
pode acontecer que o efeito rendimento contrarie o efeito necessidade e bens supérfluos. Se um bem é essencial
substituição, podendo inverter completamente o efeito. ao consumidor, ele pouco varia a quantidade que
Nos “bens de Giffen” constata-se que, perante uma subida compra, mesmo que o preço suba muito, enquanto se o
de preços, o efeito rendimento é não só o inverso do efeito consumidor puder viver bem sem ele, é normal que desça
substituição, mas de tal forma poderoso que o anula, causando muito a quantidade. Por essa razão, os bens de primeira
um aumento da quantidade procurada, o que gera a parte necessidade t
positivamente inclinada da curva da procura. (Este facto pode têm procura muito mais rígida do que os bens
dar-se em bens como as batatas, nas quais, quando o preço supérfluos. A procura de pão é, por exemplo, muito mais
sobre, as pessoas ficam tão pobres que deixam de consumir os rígida que a procura de chupa-chupas.
bens superiores (carne) e, como têm de os substituir, compram - A existência ou não de substitutos também gera
mais batatas). diferentes elasticidades preço da procura. Um bem que
é facilmente substituível por outro reage muito mais a
Efeito de King variações de preço que um que constitui a única forma de
O efeito de King consiste na constatação de que quando a satisfazer essa necessidade.
colheita é boa, o preço do bem desce e isso pode prejudicar o - O peso desse bem no orçamento do consumidor é
produtor. também determinante. Se um consumidor compra muito
Como a receita do produtor (R) é igual ao produto do preço pouco de um certo bem, ele não pode, por simples razões
(P) pela quantiade (Q), se Q sobe e P desce, R pode subir ou de dimensão, reagir muito a variações de preço. Assim,
descer. aqueles bens que pesam mais na nossa despesa são
normalmente mais elásticos que os que pouco pesam.
O que determina qual a sensibilidade da receita a variações
- Muito importante também é o tempo de reacção.
de preço é a elasticidade preço da procura: a percentagem da
Confrontado com uma subida de preços, o consumidor
descida da procura se o preço subir 1%.
pode, imediatamente, ter dificuldade em modificar os seus
• Procura elástica: bem que tenha uma elasticidade
hábitos, e por isso mantém uma procura rígida em relação
procura-preço superior a 1. Nesses bens, o aumento do preço
a esse bem. Mas à medida que o tempo passa, ele vai
faz descer a receita, pois a quantidade desce proporcionalmente
ganhando elasticidade, e passa a poder reagir mais. Assim,
mais que a subida do preço.
a elasticidade da procura medida a longo-prazo é maior
• Procura Inelástica ou Rígida: O aumento do preço
que a medida a curto-prazo.
faz subir a receita.
• Procura de elasticidade Unitária: As variações de
preço mantêm a receita. Elasticidade preço cruzada da procura
Trata-se da variação da procura de um bem causada por
Um caso particular de procura rígida é o daqueles bens alterações de preço de outro bem, ou seja, trata da variação
que têm elasticidade procura preço negativa. Esses são os bens percentual da quantidade procurada de um bem quando
para os quais uma subida de preço faz aumentar a quantidade o preço de outro bem sobe em 1% (coeteris paribus). Esta
procurada – bens de Giffen. elasticidade, que mede o grau de interdependência entre
Se a curva da procura for uma recta vertical, isso significa a procura de bens também serve para classificar os bens
que a quantidade nunca varia, qualquer que seja o preço: nesse Bens substitutos – têm elasticidade procura-preço
caso, a elasticidade é zero e a procura é dita perfeitamente rígida. cruzada positiva. Se quando o preço de um deles sobe,
No extremo oposto temos o caso de uma recta horizontal onde a procura do outro também sobe, então é porque houve
a procura, mesmo sem variar o preço, toma todos os valores uma substituição do consumo de um bem pelo outro.
possíveis. Este é o caso de elasticidade procura-preço infinita. Bens complementares – A elasticidade procura-preço
De notar que uma recta ou uma curva não tem sempre a cruzada é negativa. A procura dos dois bens move-se no
mesma elasticidade. Uma curva pode ter uma zona muito rígida, mesmo sentido.
quase vertical, e depois ir descendo a sua inclinação até acabar
numa zona muito elástica, quase horizontal. TEORIA DA FIRMA
Por outro lado, uma recta, que tem a mesma inclinação A Teoria da Firma é a parte da microeconomia que
em todos os pontos, tem elasticidade diferente em pontos se preocupa em estudar o comportamento da firma.
diferentes. Como apresenta a mesma inclinação, a variação de Esse tópico foi pouco abordado até agora, sendo que
quantidade causada pela mesma variação de preços é igual em apresentamos apenas a curva de oferta de mercado A
todos os pontos de uma recta. Mas se ela tem o mesmo valor, Teoria da Firma é a parte da Economia que engloba a
não é igual percentualmente. A preços altos, como a quantidade Teoria da Produção, Teoria dos Custos de Produção e os
é baixa, a mesma variação de quantidade é percentualmente Rendimentos da Firma.
maior e, por isso, a elasticidade é alta. Mas a preços baixos a
quantidade é alta e a elasticidade é baixa.

11
NOÇÕES DE ECONOMIA

Na Teoria da Produção a unidade econômica em Curto Prazo e Longo Prazo


estudo e a firma ou empresa. Assim esta teoria visa
proporcionar ao produtor a base racional necessárias para Curto prazo: É o período de tempo no qual existe pelo
suas decisões, com relação à produção, que é precondição menos um fator de produção fixo.
para se chegar a oferta. Y = f(X1/X2, X3,... , Xn)
A importância do estudo da Teoria da Produção reside
no fato de que: Longo prazo: É o período de tempo no qual todos os
• Seus princípios gerais proporcionam as bases para fatores de produção variam.
a análise dos custos e da oferta dos bens produzidos; e Y = f(X1, X2, X3,... Xn)
• Seus princípios, também, se constituem peças
fundamentais para a análise dos preços e do emprego Funções de Produção
dos fatores de produção, bem como da alocação desses É a relação técnica entre as quantidades físicas
fatores entre os diversos usos alternativos na economia. produzidas de determinado produto e as quantidades
Para um melhor entendimento temos que explicitar, fisicas dos fatores empregados na sua produção em
inicialmente, alguns conceitos básicos da Teoria da determinada unidade de tempo.
Produção, que são apresentados a seguir Ex: milho→ terra, trabalho, semente, fertilizante etc.
A função de produção pode ser representada por:
Empresa ou Firma Y = f(X1, X2, X3,... Xu),
É uma unidade técnica que produz bens e/ou serviços onde:
de forma racional, procurando maximizar seus resultados Y = quantidade máxima produzida do bem, sendo q
relativos a produção e o lucro. Esse conceito abrange um >0e
empreendimento de modo geral, que inclui as atividades X1 , X2, ..., Xn são as quantidades utilizadas dos diversos
industriais e agrícolas, as atividades profissionais, fatores de produção, sendo xi > 0 (i = 1, 2, ..., n).
técnicas e de serviços. Assim, é uma firma um mecânico i) O nível de produção depende de técnicas de
de automóveis, um barbeiro, um médico, uma loja de produção utilizada (tecnologia)
confecções etc. ii) O nível de produção depende dos níveis de uso dos
fatores (alocação).
Produção Admitir-se-á que o produtor utilizará a mais
É o processo pelo qual uma firma transforma os fatores eficiente  tecnologia, assim, o problema tornar-se-á
de produção em produtos e serviços. apenas um problema de alocação dos insumos.
Insumos
Eficiência técnica e a eficiência econômica
2.3 Processo de Produção Na teoria de produção há ainda dois conceitos, a
É a técnica por meio da qual um ou mais produtos saber, os quais fazem a diferença entre empresas ou firmas
vão ser obtidos a partir da utilização de determinadas e em cooperativas. A eficiência técnica e a eficiência
quantidades de fatores de produção. econômica são meios pelos quais afetam a produção.
A eficiência técnica envolve aspectos físicos da
Fatores de Produção produção. Assim, a produção é tecnicamente eficiente
Os fatores de produção são bens ou serviços quando não há a possibilidade de substituir um processo
transformáveis em produção, e se dividem em: produtivo por outro capaz de obter o mesmo nível de
Fatores de produção primários - são os fatores produção com uma quantidade inferior de insumos,
naturais, que existem independentemente da ocorrência exemplo: Se para produzir 10 ton. de feijão são necessários
de um processo produtivo anterior. Exemplo de fator de 100 Kg de sementes e 10ha, e se verificar que utilizando
produção primário é a terra; e 90Kg de sementes não afeta na produção com a mesma
Fatores de produção secundários - são aqueles que área, desta forma podemos dizer que houve uma eficiência
necessitam de um processo produtivo anterior para criá- técnica.
los. Exemplo de um fator de produção secundário são as A eficiência econômica envolve os aspectos monetários
máquinas; da produção de modo a conduzir o processo produtivo de
forma a deter máximo lucro ou menor custo.
Os fatores de produção também podem ser Para entender melhor esses conceitos consideremos
classificados considerando uma distinção puramente oseguinte exemplo suponha que temos uma fazenda de
temporal em: 100 hectares, dos quais 80 são aptos ao plantio de milho.
Fatores fixos: São aqueles cuja quantidade utilizada
não se modifica, embora se altere a quantidade produzida A fazenda é uma firma. Os 80 hectares de terra
do produto. Ex: mão-de-obra permanente (contratada) adequados ao plantio de milho, o trabalho utilizado, as
benfeitorias etc. sementes, os inseticidas, os corretivos de solo etc., são os
Fatores variáveis: São aqueles em que a quantidade fatores de produção. Esses serão combinados, através de
varia com a variação na quantidade produzida do produto. determinada técnica, para gerar a produção de milho.
Ex: semente, adubo, mão-de-obra etc.

12
NOÇÕES DE ECONOMIA

Existem várias técnicas de plantio de milho, sementes b) Lmax = PFMaX1 = PX1/Py


por metro linear, agrotóxicos, variedades etc. Cada uma
dessas técnicas é um processo de produção. A função de
produção considera o processo de produção que permite
obter o máximo produto a partir de certa quantidade de X1 = 240Kg de ração.
fatores de produção.
Portanto, a  função de produção indica o máximo c) Cálculo da Produção
de produto que se pode obter com as quantidades dos c1) Para X1 = 440Kg de ração
fatores, uma vez escolhido determinado processo de Y = 12 + 0,44X1 – 0,005X12 = 12 + 0,44(440) –
produção mais conveniente. 0,0005(440)2 = 108,8Kg de carne de porco
L = RT – CT = YPy – (X1PX1 + K)
FUNÇÃO DE PRODUÇÃO COM UM FATOR VARIÁVEL L = (108,8 x 15,00) – (440 x 300 – 10.000) = 163.200 –
ou Relação Fator-Produto (Análise de curto prazo) 142.000 = 212 u.m.
Consideremos uma função de produção com apenas L = 212 u.m.
dois fatores de produção, sendo um fixo (que não varia c2) Para X1 = 240Kg de ração
com a realização do processo produtivo) e outro variável: Y = 12 + 0,44X1 – 0,0005X12
q = f(x1, x 2), Y = 12 + 0,44 (240) – 0,0005 (240)2 = 12 + 105,6 –
onde: q = quantidade de produto; 28,8 = 88,8Kg de carne de porco
x1 = fator variável; e Y = 88,8 Kg de carne de porco.
x2 = fator fixo; L = YPy – X1PX1 – K
L = 88,8 x 15,00 – 240 x 3,00 – 10.000
Esta relação se fundamenta na Lei dos Rendimentos L = 51.200u.m.
Decrescentes ou Lei das Proporções Variáveis que diz:
“Quando aumentamos a quantidade do fator variável, Elasticidade da Produção
É um conceito importante para tomada de decisões ao
mantendo as demais constantes, a produção aumenta
nível da firma, já que mostra mudanças percentual na produção
inicialmente a taxas crescentes, depois a taxas decrescentes,
derivada de movimentos percentuais no fator variável.
atinge um máximo e finalmente decresce”.
Dada: Y = f(X1/X2... Xn)
Três pontos devem ser ressaltados na Lei dos
Ey = 
Rendimentos Decrescentes:
a) só ocorre quando temos apenas um fator variável e
todos os demais fixos;
b) ocorre devido a uma alteração nas proporções da
combinação entre os fatores e Então
c) foi considerada por Ricardo como válida para a
agricultura e generalizada pelos Neoclássicos para toda a
economia.
Devido a Lei dos Rendimentos Decrescentes, a curva
do produto total é formada de três segmentos: o primeiro
é convexo em relação ao eixo de x1, o segundo é côncavo Ey = 
em relação ao eixo de x1  e o terceiro tem inclinação
negativa (Figura 5.1).

Conceito de Produção Total, Produtividade Média Ey =   (no arco), isto é, elasticidade


e Produtividade Marginal média da produção

Produção Total (PT)


Representa as máximas quantidades do produto (Y)
que podem ser obtidas a determinados níveis de usos Ey =   (no ponto).
do insumo (mediante adequada escolha do processo
produtivo). Relação entre a Elasticidade da produção e os
estágios da produção

Ey = 
Estágio I
Estágio II
Estágio III → PFMaX1 < 0 → Ey < 0.

13
NOÇÕES DE ECONOMIA

FUNÇÃO DE PRODUÇÃO COM DOIS FATORES - ∆X1 PMaX1 = ∆X2 . PMaX2


VARIÁVEIS -Relação FATOR – FATOR
Vamos considerar que todos os fatores de produção
são variáveis, ou seja, façamos a análise no longo prazo.
Para permitir um tratamento geométrico considere apenas
dois fatores variáveis: Esta relação pode ser expressa da TMTSX1X2 = -
seguinte forma:
Y = f(X1, X2 / X3, X4 ... Xn) ou
F.V. F.F.

Nestas condições, da mesma maneira que na teoria


do consumidor, aqui há possibilidade de substituição de TMTSX1X2 = 
um fator por outro e a curva representando o mesmo
Em qualquer ponto da isoquanta a TMTSX1X2 é dada
nível de produção para diferentes combinações pode ser
para inclinação no ponto considerado .
derivada da mesma forma que a curva de indiferença.
“Uma função de produção com estas características pode
ser determinada por uma curva denominada isoquanta”.
Isoquanta – é uma linha que mostra diferentes
combinações de 2 fatores (X1 e X2) que indicam a mesma TMTSX1X2 = - 
quantidade produzida.
As isoquantas têm três propriedades fundamentais: Obs: A TMTSX1X2 decrescente diz que o empresário está
1. são decrescentes da esquerda para a direita; disposto a abrir mão de quantidades cada vez menor do
2. são convexas com relação à origem dos eixos fator X1 por unidades adicionais de X2 .
cartesianos; e
3. não se cruzam e nem se tangenciam. Exemplo: Se Y= feijão e os fatores de produção são
Uma infinidade de isoquantas no espaço x1  versus X1  (mão-de-obra) e X2 (equipamentos). O que quer dizer
x2 denomina-se mapa de isoquantas uma  TMSTx1,x2  = - 3? Significa dizer que: para que o
produtor de feijão continue com a mesma produção
Mapa de Isoproduto deverá retirar três empregados, para a colocação de um
Da mesma forma que as curvas de Indiferença  as equipamento.
isoquantas mais elevadas representam níveis de produção A Região Racional (Econômica) da Produção
(Y) mais altos e vice-versa. Podemos dividir o mapa de Isoquantas em 3 áreas
O nível de produção Y3  é maior que Y2, eY2 é maior distintas.
que Y1.
As linhas OA e OB são chamadas Fronteiras de
Taxa Marginal Técnica de Substituição Produção ou linhas Rigidas ou linhas de CUME.
Conceito semelhante a TMS na Teoria do Consumidor, A linha OA → é a linha de fronteiras que une os pontos
isto é, mostra um montante de um recurso (X1) que o onde as isoquantas tem TMTSX1X2  Infinitas. Elas nos
produtor deve liberar para adquirir uma unidade do outro mostra as mínimas quantidades do fator X2 necessárias
recurso (X2) a fim de que a produção permaneça constante. para produzir diferentes quantidades do produto.
A linha OB → é a linha de fronteira que une os pontos
onde as isoquantas têm TMTSX1X2  nulas. Ela nos mostra
as  mínimas quantidades do fator X1 necessárias para
produzir diferentes quantidades do produto.
 ou 
Conclusão: A área compreendida entre as linhas
rigidas é que é a área racional de produção.
Isocusto
Representa as diferentes combinações de fatores que
 (inclinação no ponto a firma pode adquirir a um mesmo custo (com um dado
considerado). nível de despesa).

Como o Produto tem que permanecer constante Seja Y = f(X1, X2)


para qualquer movimento numa determinada Isoquanta, Onde:
a contribuição para o produto de uma variação de X1 tem X1 e X2 são os fatores variáveis;
que ser exatamente compensada pela contribuição de X2 PX1 e PX2 são os preços dos fatores variáveis.
para o produto. Daí, temos:
Então, PX1X1 + PX2X2 = 

14
NOÇÕES DE ECONOMIA

A Inclinação da Isocusto será: Mudança no dispêndio da firma dados os preços de


X1 e X2 deslocarão a curva de Isocusto paralelamente.
Assim, C1 seria o menor custo possível para produzir
Y1, C2 seria o menor custo possível para produzir Y2, etc.
A linha a b c d chama-se caminho de expansão e
mostra o comportamento da firma quando ela se expande.
LINHA DE EXPANSÃO: é a linha que une os pontos
-  . de equilíbrio (combinação de menor custo) para cada
dispêndio possível de firma (quando a firma resolve se
expandir).
Combinação de Custo Mínimo (Combinação Ótima Mostra o modo mais barato de produzir cada volume
dos fatores) de produção, dado os preços dos fatores.
Se o objetivo da firma é maximizar lucro, o problema
com que se defronta ao fazer determinado dispêndio,
é o de alcançar a mais alta isoproduto, que sua curva
de  Isocusto permita, isto é, obter a máxima quantidade 1.4 ESTRUTURAS DE MERCADO.
do produto, dado certo dispêndio com os recursos.
Y2 – representa a máxima produção que pode ser obtida
As diferentes estruturas de mercado  estão
com o dispêndio   → pois, qualquer outra combinação condicionadas por três variáveis principais: número de
de X1e X2 sobre a linha de Isocusto, levará a firma para firmas produtoras no mercado; diferenciação do produto;
uma isoquanta mais baixa (veja ponto 2). existência de barreiras à entrada de novas empresas.
Alternativamente a combinação X1’ e X2’ (combinação No  mercado de bens e serviços,  as formas e
3) pode ser conbsiderada como aquela que produz dada mercado, segundo essas três características, são as
quantidade do produto (Y2 no caso) ao menor custo seguintes: concorrência perfeita, monopólio, concorrência
possível (veja ponto 1 e 2). monopolística (ou imperfeita) e oligopólio.
No ponto 3, (equilíbrio) temos: No mercado de fatores de produção, é definido as
Inclinação do Isoquanta = -  formas de mercado em concorrência perfeita, concorrência
imperfeita, monopólio e oligopólio no fornecimento de
insumos.
• Cartel, Truste e Holding
• Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado

Formação de Preços
Existe uma série de modelos sobre o comportamento
das empresas na formação de preços de seus produtos.
Inclinação da Isocusto = -  A diferença maior entre esses modelos está condicionada
ao objetivo ao qual a firma se propõe: maximizar lucros,
Estas inclinações são iguais no ponto 3: maximizar participação no mercado, maximizar margem
de rentabilidade sobre os cursos, etc.
Logo: Quanto aos seus objetivos, as empresas defrontam-
se com duas possibilidades principais: maximizar lucro
e maximizar mark-up (margem sobre os custos diretos).
Dentro da teoria neoclássica ou marginalista, o objetivo da
TMTSX1X2 =   
(no ponto de firma é sempre maximizar o lucro total.
equilíbrio) Se a empresa aumenta a produção e a recita adicional
ou for maior que o custo adicional, o lucro estará aumentando
e a empresa neste caso, não encontra seu ponto ideal de
equilíbrio. Se a receita adicional for menor que o custo
adicional, o lucro estará caindo e o prejuízo aumentando.
A recita marginal deve ser igualada ao custo marginal.
As  hipóteses do modelo  refletem o funcionamento
Caminho de Expansão ou Linha de Escala de um mercado completamente livre, sem barreiras e
Existem certas ocasiões que é interessante para a totalmente transparente.
firma aumentar a produção. Para isto ela deve aumentar o Hipótese da atomicidade:  é um mercado com
dispêndio com os recursos (X1 e X2). Porém, qualquer que infinitos vendedores e compradores, de forma que um
seja a despesa, a firma deverá produzir sempre a máxima agente isolado não tem condições de afetar o preço no
produção com aquele dispêndio, ou alternativamente, mercado. Assim, o preço no mercado é um dado fixado
produzir determinada quantidade sempre ao menor custo. para empresas e consumidores;

15
NOÇÕES DE ECONOMIA

Hipótese da homogeneidade:  Todas as firmas A longo prazo, em concorrência perfeita, só existem lucros
oferecem produto semelhante, homogêneo. Não há normais. Em concorrência perfeita, supõe-se que os lucros
diferenças de embalagem, qualidade nesse mercado; extraordinários a curto prazo atraem novas empresas para
esse mercado. Dessa forma, em concorrência perfeita,
Hipótese da mobilidade de firmas (livre entrada e a longo prazo, com a atração de novas firmas, a oferta
saída de firmas e compradores no mercado): mercado de mercado aumenta, e a tendência é de que os lucros
sem barreiras à entrada e saída, tanto de compradores extraordinários tendam a zero, existindo apenas os lucros
como de vendedores. normais.

Hipótese da racionalidade:  Os empresários sempre Monopólio


maximizam lucro e os consumidores maximizam satisfação Uma  estrutura de mercado monopolista  apresenta
ou utilidade derivada do consumo de um bem, ou seja, os três características principais: uma única empresa produtora
agentes agem racionalmente. do bem ou serviço, não há produtos substitutos próximos,
existem barreiras à entrada de firmas concorrentes.
Transparência de mercado:  consumidores e As barreiras ao acesso de novas empresas nesse
vendedores têm acesso a toda informação relevante, sem mercado podem ocorrer de três formas: monopólio puro
custos, isto é, conhecem os preços, a qualidade, os custos, ou natural (devido à alta escola de produção requerida,
as receitas e os lucros dos concorrentes; exige um levado montante de investimentos), proteção de
patentes (direito único de produzir o bem); controle sobre
Hipótese da mobilidade de bens:  Existe completa o fornecimento de matérias primas chaves e tradição no
mobilidade de produtos entre regiões, o seja, não existem mercado.
transporte; não considera a localização espacial de Uma hipótese implícita no comportamento do
vendedores e consumidores. monopolista é que ele não acredita que os lucros elevados
que obtém a curto prazo possam atrair concorrentes, ou
Inexistência de externalidades:  representam que os preços elevados possam afugentar os consumidores,
influências de fatores externos nos cursos das firmas e na ou seja, acredita que, mesmo a longo prazo, permanecerá
satisfação dos consumidores. No modelo de concorrência como monopolista.
perfeita, supõe-se ainda que não existam externalidades, Uma categoria diferenciada de monopólio é
ou seja, nenhuma firma influi no custo das demais e o  estatal  ou  institucional, protegido pela legislação,
nenhum consumidor afeta o consumo dos demais. normalmente em setores estratégicos ou de infraestrutura.
Como em uma concorrência perfeita, o ponto de
Hipótese da divisibilidade:  é uma hipótese equilíbrio do monopolista, ou seja, no qual ele maximiza o
matemática, não essencial, que objetiva auxiliar a lucro, também ocorre quando a receita marginal e o custo
compreensão do funcionamento do modelo, trabalhando marginal são iguais.
com curvas contínuas e diferenciáveis, facilitando a A firma monopolista não tem curva de oferta, pois
utilização dos conceitos marginalistas por mio de técnicas não tem uma curva que mostre uma relação estável
matemáticas de diferenciação e derivação. dente determinados preços de venda correspondentes a
determinadas quantidades produzidas, pois podemos ter
Mercado de fatores de produção também em vários preços para apenas uma quantidade vendida. Na
concorrência perfeita:  Todas as hipóteses anteriores realidade, a oferta é um ponto único sobre a curva de
também valem para o mercado de fatores de produção. demanda.
Para que seja determinado o ponto de produção A existência de barreiras à entrada de novas firmas
ideal para uma empresa em concorrência perfeita, o ponto permitirá a persistência de lucros extraordinários também
em que o lucro é máximo, é necessário determinar como a longo prazo, sendo suposto que o monopólio não será
se comporta a demanda desse mercado, que permitirá afetado no longo prazo.
uma previsão das receitas da firma, e como se comportam
seus custos. Concorrência Imperfeita
A longo prazo, não existem custos fixos, ou seja, A  concorrência imperfeita  é uma estrutura de
todos são variáveis. O lucro normal reflete o real custo mercado com as seguintes características principais:
de oportunidade do capital empregado na atividade muitas empresas, produzindo um dado bem ou serviço;
empresarial. É o valor que o mantém na atividade; se ele cada empresa produz um produto diferenciado, mas com
fosse mais baixo, o empresário sairia do mercado, porque substitutos próximos; cada empresa tem certo poder sobre
ganharia mais em outro ramo. O lucro normal pode ser os preços, dado que os produtos são diferenciados, e o
associado a uma espécie de taxa de rentabilidade média consumidor tem opções de acordo com sua preferência.
do mercado. O que exceder ao lucro normal é chamado A diferenciação dos produtos dá-se via: características
de lucro extraordinário: o empresário recebe mais do que físicas, embalagens, promoção de vendas, manutenção,
deveria receber, de acordo com seu custo de oportunidade. atendimento pós-venda, etc.

16
NOÇÕES DE ECONOMIA

Como não existem barreiras para a entrada de firmas, Mark-Up


a longo prazo há tendência apenas para lucros normais, O mark-up é definido pelas variantes receita de vendas
como em concorrências perfeitas, ou seja, os lucros menos custos diretos de produção. A taxa mark-up deve
extraordinários a curto prazo atraem novas firmas para o ser suficiente para cobrir os cursos fixos e a margem de
mercado, aumentando a oferta do produto, até chegar-se rentabilidade desejada pela empresa. O nível de mark-up
a um ponto em que persistirão os lucros normais, quando depende da força dos oligopolistas de impedir a entrada
então cessa a entrada de concorrentes. de novas firmas, o que depende do grau de monopólio de
cada setor. Quanto mais alto o poder do monopólio, mais
Oligopólio limitado o acesso de novas empresas e, portanto, maior
O oligopólio é um tipo de estrutura de mercado que a taxa de mark-up que as empresas oligopolistas podem
pode ser definido de duas formas: oligopólio concentrado auferir.
(pequeno número de empresas no setor) e oligopólio A demanda de uma empresa pelos fatores de
competitivo (pequeno número de empresas domina um produção é uma demanda derivada, ou seja, depende
setor com muitas empresas). da demanda pelo produto dessa empresa. O mercado de
Devido à existência de empresas dominantes, fatores de produção pode operar em concorrência perfeita,
elas têm o poder de fixar preços de venda em seus concorrência monopolista, monopólio ou oligopólio,
termos, defrontando-se normalmente com demandas como o mercado de bens e serviços.
relativamente inelásticas, em que os consumidores têm A regra geral para a empresa demandar fatores de
baixo poder de reação a alteração de preços. produção é que a recita marginal (adicional) deve ser
Ocorre basicamente devido à existência de barreiras propiciada pela aquisição, devendo ser igual ao custo
à entrada de novas empresas no setor, como a proteção marginal para se obter esses fatores.
de patentes, controle de matérias primas chaves, tradição, Monopsônio/oligopsônio é o monopólio/oligopólio
oligopólio puro ou natural. na compra de fatores de produção. Monopólio bilateral
Diferentemente da estrutura concorrencial, e de trata de um mercado em que um monopsonista, na
forma semelhante ao monopólio, a longo prazo os lucros compra de insumo, defronta-se com um monopolista na
extraordinários permanecem, pois as barreiras à entrada venda desse insumo. O único comprador defronta-se com
de novas firmas persistirão, principalmente no oligopólio um único vendedor de insumo no mercado.
natural, em que a alta escala de operações propicia uma
produção a custos relativamente baixos, dificultando a Teoria dos Jogos
entrada de firmas concorrentes. A  teoria dos jogos tem como objetivo a análise de
No oligopólio, podemos encontrar duas formas de problemas em que existe uma interação dos agentes,
atuação das empresas: concorrem entre si, via guerra de na qual as decisões de um indivíduo, firma ou governo
preços ou de promoções; formam cartéis. Cartel é uma afetam e são afetados pelas decisões dos demais agentes
organização formal ou informal de produtores dentro de ou jogadores, ou seja, é o estudo das decisões em situação
um setor, que determina a política de todas as empresas interativa. A firma em concorrência perfeita apresenta um
do cartel, fixando preços e a repartição (cota) do mercado comportamento paramétrico (baseado nos preços de
entre empresas. mercado de produtos e insumos), sendo que esses dados
não podem ser alterados.
As cotas podem ser: No comportamento estratégico, o agente percebe
Perfeitas (cartel perfeito): todas as empresas têm que é capaz de afetar variáveis relevantes para sua decisão
a mesma participação. A administração do cartel fixa um e que essas variáveis também podem ser afetadas pela
preço comum e divide igualmente o mercado, agindo decisão de outros agentes.
como um bloco monopolista. É a chamada “solução de Podemos caracterizar um jogo como um conjunto de
monopólio”. regras em que estão presentes os seguintes elementos: os
jogadores ou agentes econômicos; o conjunto de ações
Imperfeitas (cartel imperfeito):  existem empresas disponíveis para cada jogador, as informações que são
líderes que fixam os preços, ficando com a maior cota. As disponíveis para cada jogador, as informações que são
demais empresas concordam em seguir os preços do líder. disponíveis que são relevantes ao resultado do jogo e os
O oligopólio tem como modelo econômico o modelo próprios resultados (payoffs).
clássico, que tem o objetivo de maximização dos lucros, Um dos problemas mais interessantes quando se
devendo ter um conhecimento adequado se suas receitas trabalha com jogo diz respeito à identificação dos prováveis
e de seus custos. O preço é determinado apenas pela resultados. O equilíbrio ou Narsh consiste na ideia de que
oferta, enquanto que na teoria marginalista, o preço é cada empresa adote estratégias ótimas dada as estratégias
determinado pela intersecção entre demanda e oferta de adotadas pelo outro jogador.
mercado.

17
NOÇÕES DE ECONOMIA

Economia da informação EXERCÍIOS COMPLEMENTARES


Na  Economia da Informação,  trabalha-se com Língua Portuguesa
a probabilidade de que alguns agentes detêm mais
informações que outros, conferindo-lhes uma posição 01-) (TRF/5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
diferenciada no mercado, o que pode fazer com que não FCC/2012) O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944,
seja possível encontrar uma situação de equilíbrio como é um homem de face corada, muito afeito ...... frases in-
nos modelos convencionais. teligentes e citações dos clássicos; sua esposa, Dolly, uma
Todas as transações econômicas são realizadas por dama meiga e sossegada, fica sentada tricotando tran-
quilamente, impassível ...... propensão de seu marido ......
meio de contratos, que sendo formal ou informal, tem
investigar assassinatos.
como objetivo garantir que a transação ocorra de forma
(Adaptado de P.D.James, op.cit.)
que os benefícios sejam usufruídos por ambas as partes
contratantes. Existem situações, entretanto, que numa Preenchem corretamente as lacunas da frase acima,
relação contratual, uma das partes possui informação na ordem dada:
privilegiada, ou seja, não observada pela outra parte, a (A) à - à - a
não ser mediante custo e tempo, sendo essa informação (B) a - à - a
importante para o resultado a transação, sendo este fator (C) à - a - à
caracterizado como problema de informação assimétrica, (D) a - à - à
em que uma das partes tira proveito da transação em (E) à - a – a
detrimento à outra. O problema caracterizado como
seleção adversa, decorrentes das informações assimétricas, Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está no sin-
pode ser considerado um problema pré-contratual. Já o gular e “frases”, no plural)
problema de risco moral pode ser considerado como um Impassível à propensão (regência nominal: pede pre-
problema pós-contratual. posição)
Tanto na Teoria dos Jogos como a Economia da A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acento
Informação mantém alguns pressupostos básicos da Teoria indicativo de crase)
Neoclássica, ou seja, o do comportamento maximizador, Sequência: a / à / a.
em que o agente toma as decisões procurando maximizar
RESPOSTA: “B”.
seus objetivos, e o do princípio da racionalidade, no
sentido de que as ações tomadas pelos agentes são
02-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS
consistentes com a busca desses objetivos. GERAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Conside-
rando o acento tônico e a classificação quanto ao número
Teoria da Organização Industrial de sílabas, assinale a alternativa CORRETA.
A  Teoria da Organização Industrial parte A) Psiquiatra – Paroxítona – Quatro sílabas
dos pressupostos diferentes da teoria tradicional, B) Noticiário – Proparoxítona – Seis sílabas
particularmente no que se refere aos mercados C) Absoluto – Paroxítona – Cinco sílabas
concentrados, como oligopólios. O paradigma Estrutura- D) Ódio – Oxítona – Duas sílabas
Conduta-desempenho, analisa em que medida as
imperfeições do mercado limitam a capacidade deste A) Psiquiatra – Paroxítona – Quatro sílabas
em atender às aspirações de demandas da sociedade Psi - qui - a - tra = quatro sílabas; sílaba tônica: “a” =
por bens e serviços, o que contribui para a Teoria da paroxítona
Organização Industrial. Essa teoria tenta cobrir as lacunas B) Noticiário – Proparoxítona – Seis sílabas
da teoria tradicional na interpretação do mundo real, No - ti - ci - á - rio = cinco sílabas; sílaba tônica: “á”
particularmente no estudo de mercados que operam em = paroxítona
concorrência imperfeita. C) Absoluto – Paroxítona – Cinco sílabas
Uma medida comumente utilizada para verificar Ab - so - lu - to = quatro sílabas; sílaba tônica: “lu” =
paroxítona
o grau de concentração econômica no mercado é
D) Ódio – Oxítona – Duas sílabas
calcular a proporção do valor do faturamento das
Ó - dio = duas sílabas; sílaba tônica: “ó” = paroxítona
quatro maiores empresas de cada ramo de atividade
sobre o total faturado no ramo respectivo. Quanto mais RESPOSTA: “A”.
próximo de 100%, significa que o setor tem alto grau de
concentração, quanto mais próximo de 0%, menor o grau 03-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS
de concentração do setor. GERAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a
afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação.
A) tevê – pôde – vê
B) únicas – histórias – saudáveis
C) indivíduo – séria – noticiários
D) diário – máximo – satélite

18
NOÇÕES DE ECONOMIA

A) tevê – pôde – vê 06-) (TRF/5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO –


Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito per- FCC/2012) Para o Brasil, o fundamental é que, ao exercer
feito do Indicativo) = acento diferencial (que ainda preva- a responsabilidade de proteger pela via militar, a comu-
lece após o Novo Acordo Ortográfico) para diferenciar de nidade internacional [...] observe outro preceito ...
“pode” – presente do Indicativo; vê = monossílaba termi- Transpondo-se o segmento grifado acima para a voz
nada em “e” passiva, a forma verbal resultante será:
B) únicas – histórias – saudáveis a) é observado.
Únicas = proparoxítona; história = paroxítona termi- b) seja observado.
nada em ditongo; saudáveis = paroxítona terminada em c) ser observado.
ditongo. d) é observada.
C) indivíduo – séria – noticiários e) for observado.
Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria =
paroxítona terminada em ditongo; noticiários = paroxítona a comunidade internacional [...] observe outro preceito
terminada em ditongo. = se na voz ativa
D) diário – máximo – satélite temos um verbo, na passiva teremos dois: outro preceito
Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo = seja observado.
proparoxítona; satélite = proparoxítona.
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “C”.
07-) (TRF/5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO –
04-) (TRF/ 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
FCC/2012) Ou pretendia. ... o recurso à coerção atenta contra os princípios do
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo direito internacional ...
que o grifado acima está em: O verbo que exige o mesmo tipo de complemento
a) ... ao que der ... que o grifado acima está empregado em:
b) ... virava a palavra pelo avesso ... a) Se nossos objetivos maiores incluem a decidida
c) Não teria graça ... defesa dos direitos humanos ...
d) ... um conto que sai de um palíndromo ... b) ... o Brasil incorpora plenamente esses valores a
e) ... como decidiu o seu destino de escritor. sua ação externa ...
c) A ONU constitui o foro privilegiado para ...
Pretendia = pretérito imperfeito do Indicativo d) Em meados da década de 90 surgiram vozes que ...
a) ... ao que der ... = futuro do Subjuntivo e) ... a relação [...] passou por várias etapas.
b) ... virava = pretérito imperfeito do Indicativo
c) Não teria = futuro do pretérito do Indicativo Atenta = verbo transitivo indireto (pede objeto indireto)
d) ... um conto que sai = presente do Indicativo a) Se nossos objetivos maiores incluem a decidida = ver-
e) ... como decidiu = pretérito perfeito do Indicativo bo transitivo direto / objeto direto
b) ... o Brasil incorpora plenamente esses valores a sua
RESPOSTA: “B”. ação externa = verbo transitivo direto e indireto – objeto di-
reto e indireto
05-) (TRF/5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – c) A ONU constitui o foro privilegiado para = verbo tran-
FCC/2012) Ao se substituir o elemento grifado em sitivo direto / objeto direto ...
um segmento do texto, o pronome foi empregado de d) Em meados da década de 90 surgiram vozes = verbo
modo INCORRETO em: transitivo direto / objeto direto ...
a) Julio Cortázar tem um conto = Julio Cortázar e) ... a relação [...] passou por várias etapas = verbo tran-
tem-no sitivo indireto (pede objeto indireto)
b) ele encontrou esta frase = ele encontrou-a
c) desarticular as palavras = desarticular-lhes RESPOSTA: “E”.
d) dava arroz à raposa = dava-lhe arroz
e) não só encantou o menino = não só o encantou 08-) (TRF/5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO –
FCC/2012) O verbo flexionado no singular que também
a) Julio Cortázar tem um conto = Julio Cortázar tem-no pode ser corretamente flexionado no plural, sem que
b) ele encontrou esta frase = ele encontrou-a nenhuma outra alteração seja feita na frase, está desta-
c) desarticular as palavras = desarticular-lhes = desar- cado em:
ticulá-las a) Para promover os direitos humanos, a consolida-
d) dava arroz à raposa = dava-lhe arroz ção da democracia em todos os países é extremamente
e) não só encantou o menino = não só o encantou necessária.
b) Cada um dos países do Conselho de Direitos Hu-
RESPOSTA: “C”. manos da Organização das Nações Unidas (ONU) há de
zelar pela manutenção dos Direitos Humanos.

19
NOÇÕES DE ECONOMIA

c) A comunidade internacional trata os direitos hu- Devido à igualdade textual, a indicação da alternativa
manos de forma global, justa e equitativa, em pé de correta aponta as inadequações nas demais.
igualdade e com a mesma ênfase.
d) A maior parte dos países compreende que o di- RESPOSTA: “A”.
reito ao trabalho é de vital importância para o desen-
volvimento de povos e nações. 10-) (TRF/4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
e) A declaração de Direitos Humanos de Viena, de FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou
1993, reconhece uma série de direitos fundamentais, a constituir um deslocamento da atenção intelectual de
como o direito ao desenvolvimento. Said ...
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a
Sublinhei os termos que se relacionam, justificando a forma verbal resultante é:
concordância verbal: a) se constituiu.
a) Para promover os direitos humanos, a consolidação b) chegou a ser constituído.
da democracia em todos os países é extremamente neces- c) teria chegado a constituir.
sária. d) chega a se constituir.
b) Cada um dos países do Conselho de Direitos Huma- e) chegaria a ser constituído.
nos da Organização das Nações Unidas (ONU) há de zelar
pela manutenção dos Direitos Humanos. O engajamento moral e político não chegou a consti-
c) A comunidade internacional trata os direitos huma- tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois
nos de forma global, justa e equitativa, em pé de igualdade verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, um
e com a mesma ênfase. deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no in-
d) A maior parte dos países compreende (ou “com- finitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) ficará
preendem” = facultativo; tanto concorda com “a maior par- no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual de
te” quanto com “países”) que o direito ao trabalho é de vital Said não chegou a ser constituído pelo engajamento...
importância para o desenvolvimento de povos e nações.
RESPOSTA: “B”.
e) A declaração de Direitos Humanos de Viena, de
1993, reconhece uma série de direitos fundamentais, como
11-) (TRF/4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
o direito ao desenvolvimento.
FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de
concordância verbal e nominal em:
RESPOSTA: “D”.
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais
como entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais
09-) (TRF/5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – sofisticadas às mais humildes, são cada vez mais co-
FCC/2012) Está inteiramente adequada a pontuação da muns nos dias de hoje.
frase: b) A importância de intelectuais como Edward Said
a) Como já se disse, poeta é aquele que, ao aplicar- e Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre ques-
-se conscientemente à difícil arte do desaprender, passa tões polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos li-
a ver o mundo com olhar infantil, despido das camadas vros que escreveram.
de preconceitos e prejuízos que, quase sempre à nossa c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en-
revelia, acumulamos ao longo da vida adulta. tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e
b) Como, já se disse, poeta é aquele que ao aplicar- tanto sofrimento, estejam próximos de serem resolvi-
-se conscientemente à difícil arte do desaprender, passa dos ou pelo menos de terem alguma trégua.
a ver o mundo, com olhar infantil, despido das camadas d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a
de preconceitos e prejuízos, que quase sempre à nossa verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo
revelia, acumulamos ao longo da vida adulta. ponto relativa, costumam encontrar muito mais detra-
c) Como já se disse poeta é aquele, que ao aplicar-se tores que admiradores.
conscientemente à difícil arte do desaprender, passa a e) No final do século XX já não se via muitos inte-
ver o mundo com olhar infantil despido das camadas lectuais e escritores como Edward Said, que não apenas
de preconceitos e prejuízos que, quase sempre à nossa era notícia pelos livros que publicavam como pelas po-
revelia acumulamos, ao longo da vida adulta. sições que corajosamente assumiam.
d) Como já se disse poeta, é aquele que ao aplicar-
-se conscientemente à difícil arte do desaprender, passa Fiz as correções entre parênteses:
a ver o mundo com olhar infantil despido das camadas a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como
de preconceitos, e prejuízos, que quase sempre à nossa entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica-
revelia acumulamos ao longo da vida adulta. das às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns (co-
e) Como já se disse, poeta é aquele que ao apli- mum) nos dias de hoje.
car-se, conscientemente, à difícil arte do desaprender b) A importância de intelectuais como Edward Said e
passa a ver, o mundo, com olhar infantil despido das Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões
camadas de preconceitos e prejuízos que quase sempre, polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros
à nossa revelia, acumulamos ao longo da vida adulta. que escreveram.

20
NOÇÕES DE ECONOMIA

c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en- 12-) (TRF/2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto FCC/2012) Wagner submerge ante os cordões de Bota-
sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem fogo.
(ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter) A afirmativa que exprime corretamente, com ou-
alguma trégua. tras palavras, o sentido original da frase acima é:
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a (A) Os cordões de Botafogo superam Wagner.
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo (B) Wagner supera o que se faz nos cordões de Bo-
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores tafogo.
que admiradores. (C) Botafogo, com seus cordões, retoma a superio-
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos ridade de Wagner.
intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas (D) Diante dos cordões de Botafogo, Wagner será
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas a superação.
posições que corajosamente assumiam. (E) Para os cordões de Botafogo, Wagner é superior.

RESPOSTA: “D”. Pela leitura do texto e analisando a afirmativa do enun-


ciado, entende-se que os cordões de Botafogo superam
(TRF/2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012 Wagner.
- ADAPTADO) Atenção: As questões de números 12 e 13
baseiam-se nos Textos I e II, a seguir. RESPOSTA: “A”.
Texto I
No Pão de Açúcar 13-) (TRF/2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
De cada dia FCC/2012) ... o tema das mudanças climáticas pressiona
Dai-nos Senhor os esforços mundiais para reduzir a queima de combus-
A Poesia tíveis.
De cada dia A mesma relação entre o verbo grifado e o comple-
(Andrade, Oswald. Pau-Brasil. Obras completas de Os- mento se reproduz em:
wald de Andrade. São Paulo, Globo, Secretaria de Estado (A) ... a Idade da Pedra não acabou por falta de pe-
da Cultura, 1990, p. 63) dras...
Texto II (B) ... o estilo de vida e o modo da produção (...) são
O texto abaixo reproduz algumas afirmativas do os principais responsáveis...
Manifesto Pau-Brasil, que Oswald de Andrade, um dos (C) ... que ameaçam a nossa própria existência.
mentores do movimento modernista brasileiro de 1922, (D) ... e a da China triplicou.
lançou no Correio da Manhã em 18 de março de 1924. (E) Mas o homem moderno estaria preparado...
A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e
de ocre nos verdes da Favela, sob o sol cabralino, são O verbo grifado é transitivo direto (pressiona quem?
fatos estéticos. O carnaval do Rio é o acontecimento o quê?):
religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os A – acabou – intransitivo
cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação ét- B – são – verbo de ligação
nica rica. C – ameaçam quem? – transitivo direto
A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma D – triplicou = no contexto: intransitivo
criança. E – estaria – verbo de ligação
A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e
neológica. A contribuição milionária de todos os erros. RESPOSTA: “C”.
Como falamos. Como somos.
Nenhuma fórmula para a contemporânea expres- 14-) (TRF/2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
são do mundo. Ver com olhos livres. FCC/2012) O verbo que, dadas as alterações entre pa-
Temos a base dupla e presente − a floresta e a es- rênteses propostas para o segmento grifado, deverá ser
cola. A raça crédula e dualista e a geometria, a álgebra colocado no plural, está em:
e a química logo depois da mamadeira e do chá de er- (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvi-
va-doce. Um misto de “dorme nenê que o bicho vem das)
pegá” e de equações. (B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do
Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a planeta)
sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia ínti- (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O
ma. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amo- consumo mundial de barris de petróleo)
rosa. (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-
(http://www.lumiarte.com/luardeoutono/oswald/ma- -se no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos)
nifpaubr.html acesso em 11/02/2012) (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os
esforços mundiais... (a preocupação em torno das mu-
danças climáticas)

21
NOÇÕES DE ECONOMIA

(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = Fiz a correção entre parênteses:
“há” permaneceria no singular (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla- boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passa-
neta) = “sabe” permaneceria no singular geiros nos aeroportos.
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O (B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua
consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permane- espontaneidade, mas nada que ponha em cheque (xeque)
ceria no singular sua reputação de pessoa cortês.
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio
no custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “re- de descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza
flete” passaria para “refletem-se” (frondosa) árvore do pátio.
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es- (D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência
forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças dessa mágoa pode estar sendo o grande impecilho (empe-
climáticas) = “pressiona” permaneceria no singular cilho) na superação dessa sua crise.
(E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção
RESPOSTA: “D”. dessa alta quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de coni-
vente na concessão de privilégios ilegítimos.
15-) (TRF/1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
FCC/2011) “Gosto de Ouro Preto”, explicou Elizabeth RESPOSTA: “A”.
ao poeta Robert Lowell...
No segmento acima, o verbo “gostar” está empre- 17-) (TRF/4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
gado exatamente com a mesma regência com que está FCC/2010) A substituição do elemento grifado pelo
empregado o verbo da seguinte frase: pronome correspondente, com os necessários ajustes
(A) Os manifestantes de todas as idades desfilaram no segmento, está INCORRETA em:
pelas ruas da cidade. a) continua a provocar irritação = continua a pro-
(B) Não junte este líquido verde com aquele abra- vocá-la.
sivo. b) a constituir um deslocamento = a lhe constituir.
(C) A casa pertence aos Nemer desde 1982. c) batalhar [...] contra a leucemia = batalhar contra
(D) Patrocinou o evento do último sábado. ela.
(E) Encontraram com um comerciante essas anota- d) que treinavam a elite = que a treinavam.
ções. e) gerou uma subdisciplina acadêmica = gerou-a.

Regência do verbo “gostar”: transitivo indireto. a) continua a provocar irritação = continua a provocá-
A – desfilaram – intransitivo -la.
B – junte – transitivo direto b) a constituir um deslocamento = a lhe constituir. =
C – pertence – transitivo indireto constituí-lo
D – patrocinou – transitivo direto c) batalhar [...] contra a leucemia = batalhar contra ela.
E – transitivo direto preposicionado d) que treinavam a elite = que a treinavam.
e) gerou uma subdisciplina acadêmica = gerou-a.
RESPOSTA: “C”.
RESPOSTA: “B”.
16-) (TRF/1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na
seguinte frase:
(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é
boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de pas-
sageiros nos aeroportos.
(B) Comete muitos deslises, talvez por sua esponta-
neidade, mas nada que ponha em cheque sua reputa-
ção de pessoa cortês.
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do
sócio de descançar após o almoço sob a frondoza ár-
vore do pátio.
(D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa
mágoa pode estar sendo o grande impecilho na supe-
ração dessa sua crise.
(E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta
quantia, mas não quiz ser taxado de conivente na con-
cessão de privilégios ilegítimos.

22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

1 Princípios básicos. ............................................................................................................................................................................................... 01


2 Aplicação da lei penal. ....................................................................................................................................................................................... 05
2.1 A lei penal no tempo e no espaço. ...................................................................................................................................................... 05
2.2 Tempo e lugar do crime. .......................................................................................................................................................................... 05
2.3 Lei penal excepcional, especial e temporária. ................................................................................................................................. 05
2.4 Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. ...................................................................................................................... 05
2.5 Pena cumprida no estrangeiro. ............................................................................................................................................................. 05
2.6 Eficácia da sentença estrangeira. .......................................................................................................................................................... 05
2.7 Contagem de prazo. .................................................................................................................................................................................. 05
2.8 Frações não computáveis da pena. ..................................................................................................................................................... 05
2.9 Interpretação da lei penal. ...................................................................................................................................................................... 05
2.10 Analogia. ...................................................................................................................................................................................................... 05
2.11 Irretroatividade da lei penal. ................................................................................................................................................................ 05
2.12 Conflito aparente de normas penais. ............................................................................................................................................... 05
3 O fato típico e seus elementos. ...................................................................................................................................................................... 12
3.1 Crime consumado e tentado. ................................................................................................................................................................ 12
3.2 Pena da tentativa. ....................................................................................................................................................................................... 12
3.3 Concurso de crimes. .................................................................................................................................................................................. 12
3.4 Ilicitude e causas de exclusão. ............................................................................................................................................................... 12
3.5 Excesso punível. ........................................................................................................................................................................................... 12
3.6 Culpabilidade. .............................................................................................................................................................................................. 12
3.6.1 Elementos e causas de exclusão. ...................................................................................................................................................... 12
4 Imputabilidade penal. ........................................................................................................................................................................................ 14
5 Concurso de pessoas. ........................................................................................................................................................................................ 15
6 Crimes contra a pessoa. .................................................................................................................................................................................... 16
7 Crimes contra o patrimônio. ........................................................................................................................................................................... 23
8 Crimes contra a fé pública. .............................................................................................................................................................................. 33
9 Crimes contra a administração pública........................................................................................................................................................ 35
10 Lei nº 8.072/1990 (delitos hediondos). ..................................................................................................................................................... 37
11 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal...................................................................................................................... 37
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

os costumes, ou seja um conjunto de regras sociais a que


1 PRINCÍPIOS BÁSICOS. pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela
convicção de sua obrigatoriedade, de acordo com cada so-
ciedade e cultura específica, os princípios gerais de direito
premissas do direito, e a analogia in bonam partem. Estas
Características e Fontes do Direito Penal
fontes somente podem servir como base para normas pe-
nais permissivas; jamais como fundamento de criação ou
Conforme lecionam André Estefam e Victor Eduardo
agravamento de normas penais incriminadoras (CF, art. 5º,
Rios Gonçalves as Fontes do direito são a origem das nor-
XXXIX, e CP, art. 1º).
mas jurídicas.
As Dividem-se em: fontes materiais, substanciais ou de
Os princípios gerais do direito e os costumes, portanto,
produção, as quais indicam o órgão encarregado da pro-
somente incidem na seara da licitude penal, ampliando-a.
dução do Direito Penal; e fontes formais, de conhecimento
Os costumes, além disso, representam importante recurso
ou de cognição, correspondem às espécies normativas (em
interpretativo, sobretudo no tocante aos elementos nor-
sentido lato) que podem conter normas penais.
mativos presentes em alguns tipos penais. Anote-se, por
derradeiro, que os costumes não revogam lei penal (art. 2º,
Fontes materiais, substanciais ou de produção
§ 1º, da LINDB[5] — Decreto-lei n. 4.657/42).
No ordenamento jurídico brasileiro , somente a União
possui competência legislativa para criar normas penais
Princípios
(CF, art. 22, I).
A Carta Magna, em seu parágrafo único, ao dispor que
O Direito Penal moderno se assenta em determinados
“lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito de-
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
mocrático, entre os quais sobreleva o da legalidade dos
artigo” trouxe uma inovação ao nosso ordenamento jurí-
delitos e das penas, da reserva legal ou da intervenção le-
dico.
galizada, que tem base constitucional expressa. A sua dic-
Trata-se de competência legislativa suplementar, de
ção legal tem sentido amplo: não há crime (infração penal),
ordem facultativa, que poderá ser instituída a critério da
nem pena ou medida de segurança (sanção penal) sem
União. Conforme já destacamos nesta obra, desde a pro-
prévia lei (stricto sensu).
mulgação da Carta Política vigente não se fez uso dessa
Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções
prerrogativa. Se isto vier a ocorrer, diversos limites deve-
fundamentais:
rão ser observados, não só formais, como a necessidade
a) Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen
de edição de lei complementar autorizadora, fixando as
nulla poena sine lege praevia);
questões específicas a serem abordadas, senão também
b) Proibir a criação de crimes e penas pelo costume
materiais.
(nullum crimen nulla poena sine lege scripta);
Aos Estados (e ao Distrito Federal, a quem igualmente
c) Proibir o emprego da analogia para criar crimes,
socorre a competência suplementar), será vedado disci-
fundamentar ou agravar penas (nullum crimen nulla poena
plinar temas fundamentais de Direito Penal, notadamen-
sine lege stricta);
te aqueles ligados à Parte Geral. A lei local, ainda, deverá
d) Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nul-
manter-se em harmonia com a federal, estabelecendo-se
lum crimen nulla poena sine lege certa);
entre ambas uma relação de regra e exceção, cumprindo
que esta seja plenamente justificada diante de peculiarida-
Irretroatividade da lei penal
des regionais. Os Estados e o Distrito Federal poderão, para
Consagra-se aqui o princípio da irretroatividade da lei
regular temas específicos, definir condutas como infrações
penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado.
penais e impor-lhes a respectiva pena, sem jamais afrontar
Fundamentam-se a regra geral nos princípios da reserva
a lei federal, inovando apenas no que se refere às suas par-
legal, da taxatividade e da segurança jurídica - princípio
ticularidades.
do favor libertatis -, e a hipótese excepcional em razões
de política criminal (justiça). Trata-se de restringir o arbítrio
Fontes formais, de conhecimento ou de cognição
legislativo e judicial na elaboração e aplicação de lei retroa-
As fontes formais referem-se às espécies normativas
tiva prejudicial.
(em sentido lato) que podem conter normas penais (incri-
A regra constitucional (art. 5°, XL) é no sentido da ir-
minadoras ou não incriminadoras). Subdividem-se em ime-
retroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade,
diatas (ou primárias) e mediatas (ou secundárias).
desde que seja para beneficiar o réu. Com essa vertente
Somente a lei (em sentido estrito) pode servir como
do princípio da legalidade tem-se a certeza de que nin-
fonte primária e imediata do direito penal, em face do
guém será punido por um fato que, ao tempo da ação ou
princípio constitucional da reserva legal, embutido no art.
omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a
5º, XXXIX, da CF e reiterado no art. 1º do CP. Frise-se, que
inexistência de qualquer lei penal incriminando-o.
normas incriminadoras deverão obrigatoriamente estar
previstas em leis ordinárias ou complementares. Admi-
Taxatividade ou da determinação (nullum crimen sine
tem-se, no entanto, fontes secundárias ou mediatas: são
lege scripta et stricta)

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que como de maior importância, também será com fundamen-
deve ser suficientemente clara e precisa na formulação do to nele que o legislador, atento às mutações da socieda-
conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção de, que com sua evolução deixa de dar importância a bens
para que exista real segurança jurídica. Tal assertiva cons- que, no passado, eram da maior relevância, fará retirar do
titui postulado indeclinável do Estado de direito material ordenamento jurídico-penal certos tipos incriminadores.
- democrático e social.
O princípio da reserva legal implica a máxima determi- Fragmentariedade
nação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Po- A função maior de proteção dos bens jurídicos atribuí-
der Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipo pe- da à lei penal não é absoluta. O que faz com que só devem
nais com a máxima precisão de seus elementos, bem como eles ser defendidos penalmente frente a certas formas de
ao Judiciário que as interprete restritivamente, de modo a agressão, consideradas socialmente intoleráveis. Isto quer
preservar a efetividade do princípio. dizer que apenas as ações ou omissões mais graves ende-
reçadas contra bens valiosos podem ser objeto de crimi-
Princípio da culpabilidade nalização.
O princípio da culpabilidade possui três sentidos fun- O caráter fragmentário do Direito Penal aparece sob
damentais: uma tríplice forma nas atuais legislações penais: a) defen-
• Culpabilidade como elemento integrante da teoria dendo o bem jurídico somente contra ataques de especial
analítica do crime – a culpabilidade é a terceira caracterís- gravidade, exigindo determinadas intenções e tendências,
tica ou elemento integrante do conceito analítico de crime, excluindo a punibilidade da ação culposa em alguns casos
sendo estudada, sendo Welzel, após a análise do fato típico etc; b) tipificando somente uma parte do que nos demais
e da ilicitude, ou seja, após concluir que o agente praticou ramos do ordenamento jurídico se estima como antijurídi-
um injusto penal; co; c) deixando, em princípio, sem castigo, as ações mera-
• Culpabilidade como princípio medidor da pena mente imorais, como a homossexualidade e a mentira.
– uma vez concluído que o fato praticado pelo agente é
típico, ilícito e culpável, podemos afirmar a existência da Princípio da pessoalidade da pena (da responsabilida-
infração penal. Deverá o julgador, após condenar o agen- de pessoal ou da intranscendência da pena)
te, encontrar a pena correspondente à infração praticada, Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só o
tendo sua atenção voltada para a culpabilidade do agente autor da infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°, XLV).
como critério regulador; Havendo falecimento do condenado, a pena que lhe fora
• Culpabilidade como princípio impedidor da res- infligida, mesmo que seja de natureza pecuniária, não po-
ponsabilidade penal objetiva, ou seja, da responsabilida- derá ser estendida a ninguém, tendo em vista seu caráter
de penal sem culpa – o princípio da culpabilidade impõe a personalíssimo, quer dizer, somente o autor do delito é que
subjetividade da responsabilidade penal. Isso significa que pode submeter-se às sanções penais a ele aplicadas.
a imputação subjetiva de um resultado sempre depende de Todavia, se estivermos diante de uma responsabilidade
dolo, ou quando previsto, de culpa, evitando a responsabi- não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada im-
lização por caso fortuito ou força maior. pede que, no caso de morte do condenado e tendo havido
bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem
Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos até as forças da herança. A pena de multa, apesar de ser
O pensamento jurídico moderno reconhece que o considerada agora dívida de valor, não deixou de ter cará-
escopo imediato e primordial do Direito Penal reside na ter penal e, por isso, continua obedecendo a este princípio.
proteção de bens jurídicos - essenciais ao individuo e à co-
munidade -, dentro do quadro axiológico constitucional ou Individualização da pena
decorrente da concepção de Estado de Direito democráti- A individualização da pena ocorre em três momentos:
co (teoria constitucional eclética). a) Cominação – a primeira fase de individualização da
pena se inicia com a seleção feita pelo legislador, quando
Princípio da intervenção mínima (ou da subsidiarieda- escolhe para fazer parte do pequeno âmbito de abrangên-
de) cia do Direito Penal aquelas condutas, positivas ou nega-
Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa tivas, que atacam nossos bens mais importantes. Uma vez
dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica feita essa seleção, o legislador valora as condutas, comi-
das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos nando-lhe penas de acordo com a importância do bem a
de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só de- ser tutelado.
verá intervir quando for absolutamente necessário para a b) Aplicação – tendo o julgador chegado à conclusão
sobrevivência da comunidade, como ultima ratio. de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável, dirá qual
O princípio da intervenção mínima é o responsável não a infração praticada e começará, agora, a individualizar a
só pelos bens de maior relevo que merecem a especial pro- pena a ele correspondente, observando as determinações
teção do Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com contidas no art. 59 do Código Penal (método trifásico).c)
que ocorra a chamada descriminalização. Se é com base Execução penal – a execução não pode igual para todos os
neste princípio que os bens são selecionados para perma- presos, justamente porque as pessoas não são iguais, mas
necer sob a tutela do Direito Penal, porque considerados sumamente diferentes, e tampouco a execução pode ser

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

homogênea durante todo período de seu cumprimento. Princípio da insignificância (ou da bagatela)
Individualizar a pena, na execução consiste em dar a cada Relacionado o axioma minima non cura praeter, en-
preso as oportunidades para lograr a sua reinserção social, quanto manifestação contrária ao uso excessivo da sanção
posto que é pessoa, ser distinto. penal, postula que devem ser tidas como atípicas as ações
ou omissões que afetam muito infimamente a um bem ju-
Proporcionalidade da pena rídico-penal. A irrelevante lesão do bem jurídico protegido
Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio não justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir
entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta. A a tipicidade em caso de danos de pouca importância.
pena deve ser proporcionada ou adequada à magnitude da “A insignificância da afetação [do bem jurídico] exclui
lesão ao bem jurídico representada pelo delito e a medida a tipicidade, mas só pode ser estabelecida através da con-
de segurança à periculosidade criminal do agente. sideração conglobada da norma: toda ordem normativa
O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o persegue uma finalidade, tem um sentido, que é a garantia
estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade jurídica para possibilitar uma coexistência que evite a guer-
em abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade em ra civil (a guerra de todos contra todos). A insignificância
concreto) que careçam de relação valorativa com o fato co- só pode surgir à luz da finalidade geral que dá sentido à
metido considerado em seu significado global. Tem assim ordem normativa, e, portanto, à norma em particular, e
duplo destinatário: o poder legislativo (que tem de estabe- que nos indica que essas hipóteses estão excluídas de seu
lecer penas proporcionadas, em abstrato, à gravidade do âmbito de proibição, o que não pode ser estabelecido à
delito) e o juiz (as penas que os juízes impõem ao autor do luz de sua consideração isolada”. (Zaffaroni e Pierangeli)
delito tem de ser proporcionais à sua concreta gravidade).
Princípio da lesividade
Princípio da humanidade (ou da limitação das penas) Os princípios da intervenção mínima e da lesividade
Em um Estado de Direito democrático veda-se a cria- são como duas faces da mesma moeda. Se, de um lado,
ção, a aplicação ou a execução de pena, bem como de qual- a intervenção mínima somente permite a interferência
quer outra medida que atentar contra a dignidade huma- do Direito Penal quando estivermos diante de ataques a
na. Apresenta-se como uma diretriz garantidora de ordem bens jurídicos importantes, o princípio da lesividade nos
material e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda da esclarecerá, limitando ainda mais o poder do legislador,
dignidade pessoal, relaciona-se de forma estreita com os quais são as condutas que deverão ser incriminadas pela
princípios da culpabilidade e da igualdade. lei penal. Na verdade, nos esclarecerá sobre quais são as
Está previsto no art. 5°, XLVII, que proíbe as seguintes condutas que não poderão sofrer os rigores da lei penal.
penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada; b) O mencionado princípio proíbe a incriminação de: a)
de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de bani- uma atitude interna (pensamentos ou sentimentos pes-
mento; e) cruéis. “Um Estado que mata, que tortura, que soais); b) uma conduta que não exceda o âmbito do pró-
humilha o cidadão não só perde qualquer legitimidade, se- prio autor (condutas não lesivas a bens de terceiros); c)
não que contradiz sua razão de ser, colocando-se ao nível simples estados ou condições existenciais (aquilo que se é,
dos mesmos delinquentes” (Ferrajoli). não o que se fez); d) condutas desviadas (reprovadas mo-
ralmente pela sociedade) que não afetem qualquer bem
Princípio da adequação social jurídico.
Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal
não será tida como típica se for socialmente adequada ou Princípio da extra-atividade da lei penal
reconhecida, isto é, se estiver de acordo da ordem social da A lei penal, mesmo depois de revogada, pode conti-
vida historicamente condicionada. Outro aspecto é o de con- nuar a regular fatos ocorridos durante a vigência ou re-
formidade ao Direito, que prevê uma concordância com de- troagir para alcançar aqueles que aconteceram anterior-
terminações jurídicas de comportamentos já estabelecidos. mente à sua entrada em vigor. Essa possibilidade que é
O princípio da adequação social possui dupla função. dada á lei penal de se movimentar no tempo é chamada
Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangência do de extra-atividade. A regra geral é a da irretroatividade in
tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo pejus; a exceção é a retroatividade in melius.
as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas
pela sociedade. A segunda função é dirigida ao legislador Princípio da territorialidade
em duas vertentes. A primeira delas o orienta quando da O CP determina a aplicação da lei brasileira, sem pre-
seleção das condutas que deseja proibir ou impor, com a juízo de convenções, tratados e regras de direito interna-
finalidade de proteger os bens considerados mais impor- cional, ao crime cometido no território nacional. O Brasil
tantes. Se a conduta que está na mira do legislador for con- não adotou uma teoria absoluta da territorialidade, mas
siderada socialmente adequada, não poderá ele reprimi-la sim uma teoria conhecida como temperada, haja vista que
valendo-se do Direito Penal. A segunda vertente destina-se o Estado, mesmo sendo soberano, em determinadas si-
a fazer com que o legislador repense os tipos penais e reti- tuações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação,
re do ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens em virtude de convenções, tratados e regras de direito in-
cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à evolução ternacional.
da sociedade.

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Princípio da extraterritorialidade Princípio da legalidade estrita


Ao contrário do princípio da territorialidade, cuja regra Exige todas as demais garantias como condições ne-
geral é a aplicação da lei brasileira àqueles que praticarem cessárias da legalidade penal. A lei é condicionada. A lega-
infrações dentro do território nacional, incluídos aqui os ca- lidade estrita ou taxatividade dos conteúdos resulta de sua
sos considerados fictamente como sua extensão, o princípio conformidade com as demais garantias e, por hipótese de
da extraterritorialidade se preocupa com a aplicação da lei hierarquia constitucional, é condição de validade ou legiti-
brasileira além de nossas fronteiras, em países estrangeiros. midade das leis vigentes.
O pressuposto necessário da verificabilidade ou da
Princípios que solucionam o conflito aparente de nor- falseabilidade jurídica é que as definições legais que es-
mas tabeleçam as conotações das figuras abstratas de delito e,
mais em geral, dos conceitos penais sejam suficientemente
Especialidade precisas para permitir, no âmbito de aplicação da lei, a de-
Especial é a norma que possui todos os elementos da notação jurídica (ou qualificação, classificação ou subsun-
geral e mais alguns, denominados especializantes, que tra- ção judicial) de fatos empíricos exatamente determinados.
zem um minus ou um plus de severidade. A lei especial
prevalece sobre a geral. Afasta-se, dessa forma, o bis in Princípio da necessidade ou da economia do Direito
idem, pois o comportamento do sujeito só é enquadrado Penal
na norma incriminadora especial, embora também estives- Nulla lex (poenalis) sine necessitate. Justamente porque
se descrito na geral. a intervenção punitiva é a técnica de controle social mais gra-
vosamente lesiva da dignidade e da dignidade dos cidadãos ,
Subsidiariedade o princípio da necessidade exige que se recorra a ela apenas
Subsidiária é aquela norma que descreve um graus como remédio extremo. Se o Direito Penal responde somente
menor de violação do mesmo bem jurídico, isto é, um fato ao objetivo de tutelar os cidadãos e minimizar a violência, as
menos amplo e menos grave, o qual, embora definido únicas proibições penais justificadas por sua “absoluta neces-
como delito autônomo, encontra-se também compreendi- sidade” são, por sua vez, as proibições mínimas necessárias.
do em outro tipo como fase normal de execução do crime
mais grave. Define, portanto, como delito independente, Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento
conduta que funciona como parte de um crime maior. Nulla necessitas sine injuria. A lei penal tem o dever de
prevenir os mais altos custos individuais representados pelos
Consunção efeitos lesivos das ações reprováveis e somente eles podem
É o princípio segundo o qual um fato mais grave e mais justificar o custo das penas e das proibições. O princípio axio-
amplo consome, isto é, absorve, outros fatos menos am- lógico da separação entre direito e moral veta, por sua vez, a
plos e graves, que funcionam como fase normal de prepa- proibição de condutas meramente imorais ou de estados de
ração ou execução ou como mero exaurimento. Hipóteses ânimo pervertidos, hostis, ou, inclusive, perigosos.
em que se verifica a consunção: crime progressivo (ocorre
quando o agente, objetivando desde o início, produzir o Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação
resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessivos, Nulla injuria sine actione. Nenhum dano, por mais gra-
crescentes violações ao bem jurídico); crime complexo (re- ve que seja, pode-se estimar penalmente relevante, senão
sulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que pas- como efeito de uma ação. Em conseqüência, os delitos,
sam a funcionar como elementares ou circunstâncias no como pressupostos da pena não podem consistir em ati-
tipo complexo). tudes ou estados de ânimo interiores, nem sequer, gene-
ricamente, em fatos, senão que devem se concretizar em
Alternatividade ações humanas – materiais, físicas ou externas, quer dizer,
Ocorre quando a norma descreve várias formas de rea- empiricamente observáveis – passíveis de serem descritas,
lização da figura típica, em que a realização de uma ou de enquanto tais, pelas leis penais.
todas configura um único crime. São os chamados tipos mis-
tos alternativos, os quais descrevem crimes de ação múltipla Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pes-
ou de conteúdo variado. Não há propriamente conflito entre soal
normas, mas conflito interno na própria norma. Nulla actio sine culpa.

Princípio da mera legalidade ou da lata legalidade Princípio de utilidade


Exige a lei como condição necessária da pena e do de- As proibições não devem só ser dirigidas à tutela de
lito. A lei é condicionante. A simples legalidade da forma e bens jurídicos como, também, devem ser idôneas. Obriga
da fonte é condição da vigência ou da existência das nor- a considerar injustificada toda proibição da qual, previsi-
mas que prevêem penas e delitos, qualquer que seja seu velmente, não derive a desejada eficácia intimidatória, em
conteúdo. O princípio convencionalista da mera legalidade razão dos profundos motivos – individuais, econômicos e
é norma dirigida aos juízes, aos quais prescreve que con- sociais – de sua violação; e isso à margem do que se pense
sidera delito qualquer fenômeno livremente qualificado sobre a moralidade e, inclusive, sobre a lesividade da ação
como tal na lei. proibida.

4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Princípio axiológico de separação entre direito e mo- Tempo do crime


ral
A valorização da interiorização da moral e da autono- art. 4º - considera-se praticado o crime no momento
mia da consciência é traço distintivo da ética laica moder- da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
na, a reivindicação da absoluta licitude jurídica dos atos resultado.(redação dada pela lei nº 7.209, de 1984)
internos e, mais ainda, de um direito natural à imoralidade
é o princípio mais autenticamente revolucionário do libe- Territorialidade
ralismo moderno.
art. 5º - aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con-
venções, tratados e regras de direito internacional, ao cri-
me cometido no território nacional. (redação dada pela lei
2 APLICAÇÃO DA LEI PENAL. 2.1 A nº 7.209, de 1984)
LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO. § 1º - para os efeitos penais, consideram-se como ex-
2.2 TEMPO E LUGAR DO CRIME. 2.3 tensão do território nacional as embarcações e aeronaves
LEI PENAL EXCEPCIONAL, ESPECIAL E brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
TEMPORÁRIA. 2.4 TERRITORIALIDADE E brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as ae-
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL. ronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de pro-
2.5 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO. priedade privada, que se achem, respectivamente, no espa-
2.6 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA. ço aéreo correspondente ou em alto-mar. (redação dada
pela lei nº 7.209, de 1984)
2.7 CONTAGEM DE PRAZO. 2.8 FRAÇÕES
§ 2º - é também aplicável a lei brasileira aos crimes pra-
NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA. 2.9 ticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL. 2.10 de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
ANALOGIA. 2.11 IRRETROATIVIDADE DA território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspon-
LEI PENAL. 2.12 CONFLITO APARENTE DE dente, e estas em porto ou mar territorial do brasil.
NORMAS PENAIS.
Lugar do crime

art. 6º - considera-se praticado o crime no lugar em


A aplicação da lei penal que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Dispõe o código penal:
Extraterritorialidade
Parte geral
Título i art. 7º - ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi-
Da aplicação da lei penal dos no estrangeiro:
i - os crimes:
Anterioridade da lei a) contra a vida ou a liberdade do presidente da re-
pública;
art. 1º - não há crime sem lei anterior que o defina. b) contra o patrimônio ou a fé pública da união, do
Não há pena sem prévia cominação legal. distrito federal, de estado, de território, de município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
Lei penal no tempo ou fundação instituída pelo poder público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu
art. 2º - ninguém pode ser punido por fato que lei serviço;
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
dela a execução e os efeitos penais da sentença condena- domiciliado no brasil;
tória. ii - os crimes:
parágrafo único - a lei posterior, que de qualquer a) que, por tratado ou convenção, o brasil se obrigou
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, a reprimir;
ainda que decididos por sentença condenatória transitada b) praticados por brasileiro;
em julgado. c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em ter-
Lei excepcional ou temporária ritório estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - nos casos do inciso i, o agente é punido segun-
art. 3º - a lei excepcional ou temporária, embora de- do a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
corrido o período de sua duração ou cessadas as circuns- estrangeiro.
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado § 2º - nos casos do inciso ii, a aplicação da lei brasileira
durante sua vigência. depende do concurso das seguintes condições:

5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

a) entrar o agente no território nacional; Princípio: nullum crimen, nulla poena sine praevia lege
b) ser o fato punível também no país em que foi pra-
ticado; Constituição federal, art. 5º, xxxix.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
brasileira autoriza a extradição; Princípio da legalidade: a maioria dos nossos autores
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou considera o princípio da legalidade sinônimo de reserva legal.
não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de não
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segun- haver diferença conceitual entre legalidade e reserva legal.
do a lei mais favorável. Dissentindo desse entendimento o professor fernando ca-
§ 3º - a lei brasileira aplica-se também ao crime co- pez diz que o princípio da legalidade é gênero que com-
metido por estrangeiro contra brasileiro fora do brasil, se, preende duas espécies: reserva legal e anterioridade da lei
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: penal. Com efeito, o princípio da legalidade corresponde
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; aos enunciados dos arts. 5º, xxxix, da constituição federal
b) houve requisição do ministro da justiça. e 1º do código penal (“não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e contém,
Pena cumprida no estrangeiro nele embutidos, dois princípios diferentes: o da reserva le-
gal, reservando para o estrito campo da lei a existência do
art. 8º - a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena crime e sua correspondente pena (não há crime sem lei
imposta no brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou que o defina, nem pena sem prévia cominação legal), e o
nela é computada, quando idênticas. da anterioridade, exigindo que a lei esteja em vigor no mo-
mento da prática da infração penal (lei anterior e prévia co-
Eficácia de sentença estrangeira minação). Assim, a regra do art. 1º, denominada princípio
da legalidade, compreende os princípios da reserva legal e
art. 9º - a sentença estrangeira, quando a aplicação da da anterioridade.
lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
pode ser homologada no brasil para: Lei penal no tempo
i - obrigar o condenado à reparação do dano, a resti- A lei penal não pode retroagir, o que é denominado
tuições e a outros efeitos civis; como irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à nor-
ii - sujeitá-lo a medida de segurança. ma, a lei poderá retroagir quando trouxer benefício ao réu.
parágrafo único - a homologação depende: a) para os
efeitos previstos no inciso i, de pedido da parte interessada; Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de sua vigência, porém, por vezes, verificamos a “extrativida-
extradição com o país de cuja autoridade judiciária ema- de” da lei penal.
nou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do A extratividade da lei penal se manifesta de duas ma-
ministro da justiça. neiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da lei.
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal
Contagem de prazo é o seu poder de regular situações fora de seu período de
vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações pas-
art. 10 - o dia do começo inclui-se no cômputo do pra- sadas, seja em relação a situações futuras.
zo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário Quando a lei regula situações passadas, fatos anterio-
comum. res a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. Já,
se sua aplicação se der para fatos após a cessação de sua
Frações não computáveis da pena vigência, será chamada ultratividade.
Em se tratando de extra-atividade da lei penal, obser-
art. 11 - desprezam-se, nas penas privativas de liber- va-se a ocorrência das seguintes situações:
dade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na A) “abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura
pena de multa, as frações de cruzeiro. criminosa;
B) “novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei penal
Legislação especial mais benigna;
Tanto a “abolitio criminis” como a “novatio legis in me-
art. 12 - as regras gerais deste código aplicam-se aos lius”, aplica-se o principio da retroatividade da lei penal
fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de mais benéfica.
modo diverso.
A lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descriminalizou
Do princípio da legalidade os artigos 217 e 240, do código penal, respectivamente, os
crimes de “sedução” e “adultério”, de modo que o sujeito
Art. 1º não há crime sem lei anterior que o defina. Não que praticou uma destas condutas em fevereiro de 2006,
há pena sem prévia cominação legal. por exemplo, não será responsabilizado na esfera penal.

6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Segundo a maior parte da doutrina, a lei nº 11.106 de Lei excepcional ou temporária


28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de rap- (art. 3º do código penal)
to, previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes do
código penal, mas somente deslocou sua tipicidade para Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épo-
o artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárcere privado”), cas especiais, como guerra, calamidade etc. É aprovada
houve, assim, uma continuidade normativa atípica. para vigorar enquanto perdurar o período excepcional.
A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e
todos os efeitos penais da sentença. Lei temporária é aquela feita para vigorar por de-
A lei 9.099/99 trouxe novas formas de substituição de terminado tempo, estabelecido previamente na própria
penas e, por consequência, considerando que se trata de lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de cessação de
“novatio legis in melius” ocorreu retroatividade de sua vi- sua vigência.
gência a fatos anteriores a sua publicação.
Nessas hipóteses, determina o art. 3º do código pe-
C) “novatio legis in pejus” – é a lei posterior que agrava nal que, embora cessadas as circunstâncias que a de-
a situação; terminaram (lei excepcional) ou decorrido o período de
D) “novatio legis incriminadora” – é a lei posterior que sua duração (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos
cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta antes praticados durante sua vigência. São, portanto, leis ultra
considerada irrelevante pela lei penal. ativas, pois regulam atos praticados durante sua vigên-
A lei posterior não retroage para atingir os fatos prati- cia, mesmo após sua revogação.
cados na vigência da lei mais benéfica (“irretroatividade da
lei penal”). Contudo, haverá extratividade da lei mais bené- Territorialidade
fica, pois será válida mesmo após a cessação da vigência (art. 5º do código penal)
(ultratividade da lei penal).
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da
continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, nos norma penal a fatos cometidos no brasil:
termos da súmula 711 do stf.
A) princípio da territorialidade. A lei penal só tem
Do tempo do crime aplicação no território do estado que a editou, pouco
Artigo 4º, do código penal importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.

A respeito do tempo do crime, existem três teorias: B) princípio da territorialidade absoluta. Só a lei na-
A) teoria da atividade – o tempo do crime consiste no cional é aplicável a fatos cometidos em seu território.
momento em que ocorre a conduta criminosa;
B) teoria do resultado – o tempo do crime consiste no C) princípio da territorialidade temperada. A lei na-
momento do resultado advindo da conduta criminosa; cional se aplica aos fatos praticados em seu território,
C) teoria da ubiquidade ou mista – o tempo do crime mas, excepcionalmente, permite-se a aplicação da lei
consiste no momento tanto da conduta como do resultado estrangeira, quando assim estabelecer algum tratado ou
que adveio da conduta criminosa. convenção internacional. Foi este o princípio adotado
O artigo 4º do código penal dispõe que: pelo art. 5º do código penal: aplica-se a lei brasileira,
Artigo 4º: considera-se praticado o crime no momento da sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resulta- internacional, ao crime cometido no território nacional.
do (tempus regit actum). Assim, aplica-se a teoria da atividade,
nos termos do sistema jurídico instituído pelo código penal. O território nacional abrange todo o espaço em que
O código penal vigente seguiu os moldes do código o estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares
penal português em que também é adotada a teoria da ati- interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa
vidade para o tempo do crime. Em decorrência disso, aque- (12 milhas) e espaço aéreo.
le que praticou o crime no momento da vigência da lei an-
terior terá direito a aplicação da lei mais benéfica. O menor Os § 1º e 2º do art. 5ºdo código penal esclarecem
de 18 anos, por exemplo, não será considerado imputável ainda que:
mesmo que a consumação ocorrer quando tiver comple-
tado idade equivalente a maioridade penal. E, também, o “para os efeitos penais, consideram-se como exten-
deficiente mental será imputável, se na época da ação era são do território nacional as embarcações e aeronaves
consciente, tendo sofrido moléstia mental tão somente na brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
época do resultado. brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
Novamente, observa-se a respeito dos crimes perma- aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou
nentes, tal como o sequestro, nos quais a ação se prolonga de propriedade privada, que se achem, respectivamen-
no tempo, de modo que em se tratando de “novatio legis te, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar” (§
in pejus”, nos termos da súmula 711 do stf, a lei mais grave 1º).
será aplicada.

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

“é também aplicável a lei brasileira aos crimes prati- A) que, por tratado ou convenção, o brasil se obrigou
cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras a reprimir;
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no B) praticados por brasileiro;
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspon- C) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
dente, e estas em porto ou mar territorial do brasil” (§ 2º). ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em ter-
ritório es¬trangeiro e aí não sejam julgados.
Extraterritorialidade § 1 nos casos do inciso i, o agente é punido segundo
(art. 7º do código penal) a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no es-
trangeiro
É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a § 2 nos casos do inciso ii, a aplicação da lei brasileira
fatos criminosos ocorridos no exterior. depende do concurso das seguintes condições:
A) entrar o agente no território nacional;
Princípios norteadores: B) ser o fato punível também no país em que foi prati-
A) princípio da nacionalidade ativa. Aplica-se a lei na- cado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
cional do autor do crime, qualquer que tenha sido o local lei brasileira autoriza a extradição;
da infração. D) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
B) princípio da nacionalidade passiva. A lei nacional do não ter aí cumprido a pena;
autor do crime aplica-se quando este for praticado contra E) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
bem jurídico de seu próprio estado ou contra pessoa de por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segun-
sua nacionalidade. do a lei mais favorável.
C) princípio da defesa real. Prevalece a lei referente à § 3º a lei brasileira aplica-se também ao crime cometi-
nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer que tenha do por estrangeiro contra brasileiro fora do brasil, se, reu-
sido o local da infração ou a nacionalidade do autor do nidas as condições previstas no parágrafo anterior:
delito. É também chamado de princípio da proteção. A) não foi pedida ou foi negada a extradição;
D) princípio da justiça universal. Todo estado tem o di-
B) houve requisição do ministro da justiça.
reito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade
do sujeito ativo e passivo, e o local da infração, desde que
Percebe-se, portanto, que:
o agente esteja dentro de seu território (que tenha voltado
A) no art. 72, i, a, b e c, foi adotado o princípio da de-
a seu país, p. Ex.).
fesa real;
E) princípio da representação. A lei nacional é aplicá-
B) no art. 72, 11, a, foi adotado o princípio da justiça
vel aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e
universal
embarcações privadas, desde que não julgados no local do
C) no art. 72, 11, b, foi adotado o princípio da naciona-
crime.
lidade ativa;
Já vimos que o princípio da territorialidade temperada D) no art. 72, c, adotou-se o princípio da representação;
é a regra em nosso direito, cujas exceções se iniciam no E) no art. 72, § 32, foi também adotado o princípio da
próprio art. 5º (decorrentes de tratados e convenções, nas defesa real ou proteção;
quais a lei estrangeira pode ser aplicada a fato cometido
no brasil). O art. 7º, por sua vez, traça as seguintes regras Dos dispositivos analisados, pode-se perceber que a
referentes à aplicação da lei nacional a fatos ocorridos no extraterritorialidade pode ser incondicionada (quando a lei
exterior: brasileira é aplicada a fatos ocorridos no exterior, sem que
sejam exigidas condições) ou condicionada (quando a apli-
O art. 7º, por sua vez, traça as seguintes regras referen- cação da lei pátria a fatos ocorridos fora de nosso território
tes à aplicação da lei nacional a fatos ocorridos no exterior: depende da existência de certos requisitos). A extraterrito-
Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no rialidade é condicionada nas hipóteses do art. 7º, ii e § 3º.
estrangeiro:
Pena cumprida no estrangeiro
I - os crimes:
A) contra a vida ou a liberdade do presidente da re- As consequências advindas do fato de alguém ter cum-
pública; prido pena no exterior e que também pelo mesmo crime
B) contra o patrimônio ou a fé pública da união, do deve ser cumprida a pena aqui no brasil, serão diversas a
distri¬to federal, de estado, de território, de município, de depender do contexto e dos critérios de aplicação da pena.
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia Temos o critério da diversidade quantitativa e critério
ou fundação instituída pelo poder público; da diversidade qualitativa da seguinte forma:
C) contra a administração pública, por quem está a
seuserviço; A) diversidade qualitativa: implica em naturezas jurí-
D) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do- dicas distintas da pena que se deverá cumprir no brasil em
miciliado no brasil; relação à pena que foi cumprida no exterior.
Ii - os crimes:

8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Então, tomemos esse exemplo que já foi dado do ame- A) contra os crimes que, por tratado ou convenção, o
ricano que falsificou lá cédulas de real. Vamos supor que lá brasil tenha se obrigado a reprimir;
ele tenha cumprido uma pena não privativa de liberdade. B) contra os crimes praticados por brasileiros (princí-
Ele pagou uma multa. Aqui no brasil foi imposta uma pena pio da nacionalidade ou personalidade);
privativa de liberdade. C) crimes praticados em embarcações brasileiras,
Veja que nesse caso, não é possível, pela diversidade mercantes ou de propriedade privada, em território es-
de qualidade da pena lá cumprida e a pena a ser cumprida trangeiro e aí não sejam julgados (princípio da representa-
aqui, que se faça uma mera operação de aritmética, de sub- ção ou da bandeira).
tração. Daí porque o legislador disse que quando diversas, Também serão aplicadas as leis brasileiras contra cri-
sempre se atenua a pena a ser cumprida no brasil. mes praticados por estrangeiros contra brasileiros no ex-
O detalhe aqui é que essa atenuação é obrigatória, terior se estiverem reunidas as condições supracitadas da
como resta claro no artigo 8º do código penal . Sempre extraterritorialidade condicionada, adicionadas das se-
atenua a pena a ser cumprida aqui no brasil. Contudo o guintes condições:
legislador não fixou um critério de atenuação, ficando, por- I. Não houver sido pedida ou houver sido negada a
tanto, a cargo do poder judiciário defini-lo. E, essa defini- extradição (claro que quem pede ou tem negada a extra-
ção, deverá ser feita diante de cada caso concreto, orienta- dição é o país estrangeiro);
da por uma linha de pensamento. Ii. Houver requisição do ministro da justiça.

B) diversidade quantitativa: Eficácia da sentença estrangeira.


Ao não fixar um critério de atenuação no artigo 8º, dei- Art. 9º - a sentença estrangeira, quando a aplicação da
xando a cargo do judiciário fazê-lo resta claro que essa ate- lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
nuação da pena a ser cumprida no brasil deverá ser tanto pode ser homologada no brasil para:
maior quanto maior tem sido os efeitos preventivos alcan- I - obrigar o condenado à reparação do dano, a resti-
çados pelo cumprimento da pena no exterior. tuições e a outros efeitos civis;
Deverá, então, o juiz brasileiro vislumbrar qual foi a Ii - sujeitá-lo a medida de segurança.
medida aplicada e cumprida no exterior e verificar se aque- Parágrafo único - a homologação depende:
le cumprimento de tal medida por lá, surtiu o efeito de pre- A) para os efeitos previstos no inciso i, de pedido da
venção e repressão ao crime. parte interessada;
A prevenção será muito difícil de o juiz brasileiro aferir,
B) para os outros efeitos, da existência de tratado de
mas a repressão sim, que é a punição efetiva.
extradição com o país de cuja autoridade judiciária ema-
A situação ficará mais fácil, quando a pena que se cum-
nou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do
priu no exterior pelo crime for de natureza jurídica idêntica
ministro da justiça.
da pena a ser cumprida no brasil. Então, tomemos o mes-
mo exemplo.
O legislador brasileiro prevê só duas hipóteses em que
Agora esse sujeito que falsificou lá no exterior as cé-
é possível a homologação da sentença penal condenató-
dulas de real, cumpriu pena de prisão de dois anos. Aqui
ria.
no brasil, entretanto, a pena para esse mesmo crime varia
de três a oito. Então ele recebeu cinco. Aí é simples, basta Ao superior tribunal de justiça compete processar o
fazer uma operação de aritmética simples: se ele cumpriu requerimento de homologação de sentença estrangeira –
dois, então terá três anos a cumprir. e não mais ao supremo tribunal federal já há algum tempo.
Por fim, em relação ao artigo 8º, cabe também mencio- Pois bem, nesse processo de homologação de sentença es-
nar que o incumbido de aplicar os efeitos ali previstos é o trangeira, o tribunal brasileiro, no caso o superior tribunal de jus-
juízo da execução penal aqui do brasil. Ou seja, o juiz não de- tiça, deverá analisar a legislação estrangeira para poder comparar
verá fazer essa conta na sentença penal condenatória, susci- a situação lá com a situação de cá. E verificar se as consequências
tando eventual comprovação de pena cumprida no exterior. de lá são as mesmas ou parecidas com as consequências daqui.
Assim, por exemplo, não poderia ser homologada uma
Extraterritorialidade condicionada (art. 7º, ii) sentença estrangeira que se prolatasse com base em um
Ocorre quando a aplicação da lei brasileira a crime pra- fato atípico no brasil, como uma sentença condenatória
ticado no exterior dependa de determinados requisitos. Os por crime de autoprostituição, porque aqui no brasil é atí-
requisitos são, cumulativamente, os seguintes: pico. Não poderia nunca ser homologada para os efeitos
A) ter o agente entrado em território brasileiro ; previstos no artigo 9º, em vista da atipicidade do fato aqui.
B) não ter o agente sido absolvido no estrangeiro ou Além disso, as consequências previstas em lei para a
aí ter cumprido pena; homologação, os fins em relação aos quais se requer a
C) constituir-se o fato crime no país onde o agente o homologação de sentença estrangeira são somente dois.
praticou (dupla tipicidade); Primeiramente, não é possível, segundo a previsão li-
D) não ter o agente sido perdoado no estrangeiro ou mitada no artigo 9º, incisos i e ii, se homologar no brasil
não ter tido sua punibilidade extinta (dupla punibilidade) . uma sentença de juiz estrangeiro para que aqui se cumpra
Assim, reunidas tais condições, aplicar-se-ão as leis a pena imposta pelo juiz no exterior.
brasileiras nos seguintes casos (alternativos, claro):

9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Se o estado estrangeiro quer fazer prevalecer essa rior tribunal de justiça, no processo de homologação de
sentença prolatada por seu juiz de forma a possibilitar que sentença estrangeira é obrigado a comparar o sistema
a pena ali aplicada seja cumprida, e se a pessoa encontra- jurídico estrangeiro ao sistema jurídico brasileiro.
-se aqui no brasil, o estado estrangeiro deve requerer ao Nesse processo de comparação, pode ser que surja
estado brasileiro a extradição. o seguinte fato: há estados, países, cujos ordenamentos
O que não é possível é requerer ao superior tribunal de jurídicos preveem uma medida de segurança distinta da
justiça a homologação da sentença para que aquele crimi- medida de segurança prevista no brasil. A medida de
noso cumpra aqui no brasil a pena que o juiz estrangeiro segurança concebida no brasil só pode ser aplicada nas
impôs. mesmas hipóteses em que seria aplicada a pena, caso o
O requerimento que o estado do juiz estrangeiro deve autor do fato fosse inimputável.
fazer não é o de homologação, e sim o de extradição, que Isso poderia ser traduzido da seguinte maneira: se
já não será mais de incumbência do superior tribunal de um autor inimputável de fato o praticasse sob o man-
justiça, mas sim do supremo tribunal federal. to de uma excludente da ilicitude, ou sob o manto de
uma excludente da tipicidade, seja ela qual fosse, essa
Prestabilidade da homologação de sentença estrangei- sentença de caráter absolutório deveria ser uma sen-
ra. tença absolutória própria e não imprópria, ou seja, sem
Logo, a prestabilidade da homologação de sentença a aplicação de medida de segurança de qualquer espé-
estrangeira é: cie, pois, do contrário, ele estaria sofrendo uma medida
mais gravosa tão só pelo fato de ser inimputável.
1º. Servir de título executivo aqui no brasil para even-
tual reparação dos danos causados pelo crime. Essa é uma Contagem de prazos penais
característica de toda sentença penal condenatória, que Consideram-se prazos penais todos aqueles capazes
está catalogada no cpc brasileiro como título executivo ju- de interferir, diretamente ou indiretamente, no exercício
dicial de forma que esse efeito de que se diz processual da do ius puniendi estatal. São prazos de índole material,
sentença criminal condenatória também poderá se produ- pois ao refletirem no direito de punir do estado, assi-
zir aqui no brasil quando a sentença for prolatada por um nalando seu exercício ou extinção, repercutem corre-
juiz estrangeiro. latamente na liberdade individual, direito fundamental
Então, a pessoa, por exemplo, que foi vítima de um assegurado na constituição. Os prazos possuem termo
golpe praticado no mercado financeiro norte-americano inicial ou dies a quo e termo final ou dies ad quem. No
por um norte-americano, tendo esse se refugiado aqui no que tange aos penais, inclui-se em sua contagem o ter-
brasil, ela poderá depois dele ter sido lá condenado, re- mo inicial, excluindo-se o final. Assim, por exemplo, uma
querer aqui no brasil a homologação da sentença conde- pena de reclusão de dois anos, cujo início se deu no
natória, para, com base nela, já passar direto a um processo dia 05 de março de 2012, será integralmente cumprida
de execução cível, que terá como título a homologação da no último minuto do dia 04 de março de 2014. O art.
sentença estrangeira pelo superior tribunal de justiça. Não 10 do cp dispõe, ainda, que os prazos penais devem
há nisso maiores dificuldades em relação ao que aconte- ser contados de acordo com o calendário comum. Sig-
ce com toda sentença criminal condenatória prolatada por nifica, destarte, que os meses e anos possuirão tantos
juiz brasileiro. dias quantos indicados no calendário. Se um indivíduo
sujeitar-se a um ano de prisão, ficará recolhido por 365
2º. A sujeição da pessoa julgada que se encontra no ou 366 dias, conforme o ano em que se execute o res-
brasil a uma medida de segurança prevista no inciso ii do pectivo mandado.
artigo 9º.
A pena guarda característica de punição, de conse- frações não computáveis na pena
quência advinda do fato de se praticar um crime por um O art. 11 do cp determina que, no cálculo das pe-
inimputável. nas privativas de liberdade e das restritivas de direitos,
Em tese, a medida de segurança tem caráter protetivo, desprezam-se as frações de dia. Dessa forma, a título de
enquanto a pena guarda uma relação de punição. exemplo, quando o juiz impuser uma pena de dois anos
Ora, se tem caráter protetivo tanto da pessoa do inim- e dois meses de reclusão e, por incidência de causas de
putável, como da própria sociedade, que é obrigada a con- redução, tiver que diminuí-la, por duas vezes, à razão
viver com ele, interessa até à sociedade brasileira tratá-lo, de um terço, fará o cálculo da seguinte maneira: ■ pena
e se for o caso curá-lo. A periculosidade do inimputável se de 2 anos e 2 meses; ■ incidência do primeiro redutor
revelou pela prática do fato típico e antijurídico, interessan- (1/3): 2 anos e 2 meses — 1/3 = 1 ano e 5 meses e 20
do ao estado brasileiro, já que aqui ele se encontra, tratá-lo dias; ■ incidência do segundo redutor (1/3): 1 ano e 5
e curá-lo sem que haja nisso uma invasão de soberania. meses e 20 dias = 11 meses, 23 dias e 8 horas. ■ des-
A advertência que se tem a fazer em relação a essa preza-se a fração de dia: 11 meses e 23 dias (pena final).
possibilidade da sentença estrangeira que sujeitou o inim- O dispositivo antes apontado determina, ainda, que no
putável a uma medida de segurança a qual poderá ser ho- tocante à pena pecuniária, devem ser desconsiderados
mologada no brasil para que aqui ele cumpra essa medida os centavos.
que o juiz estabeleceu, é a seguinte: como já dito, o supe-

10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Interpretação da lei penal Distinção entre interpretação extensiva e interpretação


A interpretação é medida necessária para que com- analógica
preendamos o verdadeiro sentido da norma e seu alcance.
Na interpretação, há lei para regular o caso em con- Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance
creto, assim, apenas deverá ser extraído do conteúdo nor- das palavras, a analógica fornece exemplos encerrados de
mativo sua vontade e seu alcance para que possa regular forma genérica, permitindo ao juiz encontrar outras hipó-
o fato jurídico. teses, funcionando como uma analogia in malan partem
admitida pela lei.
Interpretação quanto ao sujeito
Autêntica ou legislativa- aquela fornecida pela própria Rogério greco fala em interpretação extensiva em sen-
lei (exemplo: o art. 327 do cp define quem pode ser consi- tido amplo, a qual abrange a interpretação extensiva em
derado funcionário público para fins penais); sentido estrito e interpretação analógica
Doutrinária ou científica- aquela aduzida pelo jurista
por meio de sua doutrina; Analogia
Jurisprudencial- é o significado da lei dado pelos tri-
bunais (exemplo: súmulas) ressalte-se que a exposição Analogia não é forma de interpretação, mas de inte-
dos motivos do código penal configura uma interpretação gração de lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acerca do
doutrinária, pois foi elaborada pelos doutos que criaram o tema, ou ainda em caso da lei não tratar do tema em espe-
código, ao passo que a exposição de motivos do código cífico o magistrado irá recorrer ao instituto. São pressupos-
de processo penal é autêntica ou legislativa, pois foi criada tos da analogia: certeza de que sua aplicação será favorável
por lei ao réu; existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida
(omissão involuntária do legislador).
Interpretação quanto ao modo
-gramatical, filológica ou literal- considera o sentido Irretroatividade da lei penal
literal das palavras;
-teleológica- se refere à intenção objetivada pela lei Dita o código penal em seu artigo 2º:
(exemplo: proibir a entrada de acessórios de celular, mes-
mo que a lei se refira apenas ao aparelho); Art. 2.“ninguém pode ser punido por fato que lei pos-
-histórica- indaga a origem da lei; terior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
-sistemática- interpretação em conjunto com a legisla- a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”.
ção em vigor e com os princípios gerais do direito;
-progressiva ou evolutiva- busca o significado legal de O parágrafo único do artigo trata da exceção a regra
acordo com o progresso da ciência. da irretroatividade da lei, ou seja, nos casos de benefício
ao réu, ainda que os fatos já tenham sidos decididos por
Interpretação quanto ao resultado sentença condenatória transitada em julgado.
Declarativa ou declaratória- é aquela em que a letra Outrossim, o código dispõe que a lei penal só retroagi-
da lei corresponde exatamente àquilo que a ela quis dizer, rá em benefício do réu.
sem restringir ou estender seu sentido; Frise-se, todavia que tal regra restringe-se somente às
Restritiva- a interpretação reduz o alcance das palavras normas penais.
da lei para corresponder à intenção do legislador;
Extensiva- amplia o alcance das palavras da lei para
corresponder à sua vontade.

Interpretação sui generis


A interpretação sui generis pode ser exofórica ou en-
dofórica. Senão vejamos:

Exofórica- o significado da norma interpretativa não


está no ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo);
Endofórica- o texto normativo interpretado empresta o
sentido de outros textos do próprio ordenamento jurídico
(muito usada nas normas penais em branco).

Interpretação conforme a constituição

A constituição federal informa e conforma as normas


hierarquicamente inferiores. Esta é uma importante forma
de interpretação no estado democrático de direito.

11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

b) Crime preterdoloso: é o crime em que o resultado


delitivo é mais grave do que o querido pelo agente. Ele
3 O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS. 3.1 praticou uma conduta dolosa, entretanto o resultado final
CRIME CONSUMADO E TENTADO. 3.2 PENA é culposo. Não se admite tentativa em crimes preterdolo-
DA TENTATIVA. 3.3 CONCURSO DE CRIMES. sos. Há dolo na ação e culpa na consequência. Deve ha-
3.4 ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO. 3.5 ver uma expressa previsão legal do resultado culposo mais
EXCESSO PUNÍVEL. 3.6 CULPABILIDADE. 3.6.1 grave. Se não houver, punir-se-á apenas o crime doloso ou,
ELEMENTOS E CAUSAS DE EXCLUSÃO se houver crime culposo após, haverá concurso formal, se
este estiver previsto em Lei.
Todos os crimes preterdolosos são qualificados pelo
resultado, porém, nem todo crime qualificado pelo resulta-
O ato ilícito penal é tipificado pelo Direito Penal, ou do é preterdoloso (visto que o resultado qualificador pode
seja, só pratica o ato ilícito penal gerador da responsabili- ter sido desejado).
dade penal o indivíduo que contraria o tipo penal especí- São elementos do crime preterdoloso:
fico. Não podemos esquecer que tipo penal é a descrição i. Conduta dolosa visando determinado resultado (le-
legal de uma conduta definida como crime. Quem diz que são corporal);
um fato é crime e estabelece uma pena para a prática deste ii. Resultado culposo mais grave que o desejado (se-
é o legislador. guida de morte);
iii. Nexo causal (artigo 129, § 3, CP);
No Brasil é adotada formalmente, a teoria bipartida do iv. Previsão na norma das elementares do consequente
crime.
culposo.
Destarte, conforme dispõe a Lei de Introdução ao Có-
Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito
digo Penal, crime é a infração penal a que a Lei comine
ou força maior não se imputa a agravação ao agente. O
pena de reclusão ou detenção e multa, alternativa, cumu-
resultado mais grave tem que ser pelo menos culposo.
lativa ou isoladamente. Já contravenção é a infração a que
a Lei comine pena de prisão simples e multa, alternativa, c) Crime culposo: é o crime ao qual o agente deu cau-
cumulativa ou isoladamente. sa por imprudência, negligência ou imperícia, não havendo
Entretanto, tal conceito é extremamente precário, ca- em si qualquer desejo de praticar o resultado juridicamente
bendo à doutrina seu desenvolvimento. reprovável. O crime culposo só é possível em tipos penais
O crime possui três conceitos principais, material, for- que expressamente o prevejam, como no homicídio. Quase
mal e analítico. de forma absoluta, não se admite a tentativa nos crimes
a) Conceito material: crime seria toda a ação ou omis- culposos.
são humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens ju- d) Crime de ímpeto: é o praticado sem premeditação.
rídicos protegidos pelo Direito Penal, ou penalmente tute- A vontade delituosa é repentina, sem preceder deliberação,
lados. como ocorre com o homicídio praticado sob domínio de
b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a Lei cha- violenta emoção.
ma de crime. Está definido no art. 1º da Lei de Introdução
do Código Penal. Crime é toda infração a que a Lei comina Relevância da omissão
pena de reclusão ou detenção e multa, isolada, cumula- Crime Comissivo, Omissivo Próprio ou Comissivo
tiva ou alternativamente. De acordo com este conceito, a por Omissão
diferença seria apenas quantitativa, relativa à quantidade a) Crime comissivo: crime comissivo é aquele em que
da pena; o agente realiza uma ação positiva visando a um resultado
c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os elemen- ilícito. Crime comissivo não se confunde, por evidente, com
tos que integram o crime. Crime é todo fato típico, antiju- crime material, já que pode não haver qualquer resultado
rídico (é melhor utilizar o termo ilícito, apesar de não fazer naturalístico. Por exemplo, é comissivo o crime de injúria,
tanta diferença, já que fica mais fácil manejar o CP e as leis mas não é material. O importante é uma conduta da pes-
especiais quando há excludentes de ilicitude) e culpável soa livre e consciente que lhe retire do estado de inércia.
(alguns autores não consideram a culpabilidade como ele- b) Crime omissivo próprio ou puro: são crimes em que
mento do crime, e sim como pressuposto da pena). Apesar a própria omissão já é prevista no tipo penal, sendo ela
de ser indivisível, o crime é estudado de acordo com essas
uma elementar, a única forma de se realizar a conduta cri-
três características para facilitar sua compreensão. Elas se-
minosa. Nesses crimes omissivos basta a abstenção, é sufi-
rão analisadas mais adiante, após vermos as classificações
ciente a desobediência ao dever de agir para que o delito
de crime existentes.
se consume. O resultado que eventualmente surgir dessa
CRIME DOLOSO, CULPOSO OU PRETERDOLOSO (ou omissão será irrelevante para a consumação do crime, po-
Preterintencional) e de Ímpeto dendo apenas configurar uma majorante ou qualificadora.
a) Crime doloso: é o crime em que o agente quis ou O agente desobedece a uma norma mandamental, norma
assumiu o risco de produzir o resultado. A regra geral é que esta que determina a prática de uma conduta subentendi-
todo crime seja doloso. da no tipo, que não é realizada.

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

c) Crime comissivo por omissão, omissivo impróprio ou i. Crimes de perigo abstrato: Nos crimes de perigo
impuro: são os crimes em que o agente produz o resultado abstrato, como o perigo não é elemento do tipo, não se
pela própria omissão, após ter assumido o dever de evitá- precisa provar. Só se tem de provar o que é elementar do
-lo ou outras das causas previstas no CP. É previsto no § 2º crime e o perigo não é elementar do crime porque ele não
do artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a omissão é é requerido no tipo pelo legislador. Consequência: basta
penalmente relevante quando o agente devia e podia agir praticar a ação e se presume que ela é sempre perigosa.
para evitar o resultado. Poderão ser tanto dolosos quanto Haveria então uma presunção iure et de iure de perigo pela
culposos, admitem tentativa etc. São pressupostos do cri- simples realização da conduta tipificada na norma. É o caso
me omissivo impróprio: de dirigir embriagado em via pública.
Poder agir: o agente precisa ter a possibilidade física ii. Crimes de perigo concreto: e os crimes de perigo
de agir. concreto? Neles o legislador faz referência no tipo ao pe-
Evitabilidade do resultado: a conduta omitida pelo rigo. Normalmente a forma de redigir um tipo de perigo
agente deve ser causa do resultado. Caso, mesmo com a concreto é assim: “expor a perigo iminente”.
conduta, o resultado tivesse se verificado, não haveria que O perigo então é elementar do tipo e, por isso, tem que
se falar em evitabilidade. ser provado. Nesses crimes será possível que a conduta se
Dever de impedir o resultado: aqui surge a figura do realize e o perigo não seja causado.
garantidor: além de poder agir e da evitabilidade do resul- iii. Crimes de perigo abstrato-concreto crimes de inido-
tado, é necessário que o agente tenha o dever de agir que neidade crimes de perigo idôneo crimes de perigo hipoté-
surgirá nos seguintes casos: tico: são aqueles em que a conduta analisada ex ante pelo
a. Ter, por Lei, obrigação de cuidado, proteção ou vi- legislador é considerada perigosa ao bem jurídico segundo
gilância, como no caso do dever do policial, do dever de um juízo de probabilidade do dano. Não exige demonstra-
mútua assistência entre os cônjuges. ção de risco ao bem. Também não coloca como elementar
b. Quando o agente, de outra forma, assumir a respon- no tipo incriminador. Não coloca no tipo incriminador a
sabilidade de impedir o resultado de forma voluntária. exigência de perigo. Não se diferencia muito cabalmente
c. Quando o agente cria, com seu comportamento an- dos crimes de perigo abstrato. Nos dois há ponto comum:
terior, o risco da ocorrência do resultado, ou agrava um periculosidade geral.
risco já existente, e não o evita.
Crimes de Perigo Abstrato: Aprofundamentos
Crime Instantâneo, Permanente, Instantâneo de Efeitos Apesar da existência de ampla controvérsia doutriná-
Permanentes, Eventualmente Permanente e de Fusão ria, os crimes de perigo abstrato podem ser identificados
a) Crime instantâneo: é o crime que se consuma num como aqueles em que não se exige nem a efetiva lesão ao
momento único e determinado do tempo, sem se protrair. bem jurídico protegido pela norma nem a configuração do
V.g, invasão de domicílio, injúria etc. perigo em concreto a esse bem jurídico.
b) Crime permanente: são os crimes que se perpetuam, Nessa espécie de delito, o legislador penal não toma
protraem durante o tempo, mesmo que seja curto, como como pressuposto da criminalização a lesão ou o perigo
no caso do sequestro, estelionato previdenciário praticado de lesão concreta a determinado bem jurídico. Baseado em
dados empíricos, o legislador seleciona grupos ou classes
pelo próprio segurado etc. Admitem flagrante enquanto
de ações que geralmente levam consigo o indesejado pe-
não interrompida a consumação.
rigo ao bem jurídico.
c) Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele
Assim, os tipos de perigo abstrato descrevem ações
crime que se consuma num momento determinado, mas
que, segundo a experiência, produzem efetiva lesão ou pe-
seus efeitos perduram no tempo .
rigo de lesão a um bem jurídico digno de proteção penal,
d) Crime eventualmente permanente: é o delito ins-
ainda que concretamente essa lesão ou esse perigo de le-
tantâneo que, em caráter excepcional, pode realizar-se de
são não venham a ocorrer. O legislador, dessa forma, for-
modo a lesionar o bem jurídico de maneira permanente.
mula uma presunção absoluta a respeito da periculosidade
e) Crime de fusão: é o crime que pressupõe a prática de
de determinada conduta em relação ao bem jurídico que
outro, como nos casos dos crimes de lavagem de dinheiro pretende proteger. O perigo, nesse sentido, não é concre-
e de receptação. to, mas apenas abstrato. Não é necessário, portanto, que,
no caso concreto, a lesão ou o perigo de lesão venham a
Crime de Dano e de Perigo se efetivar. O delito estará consumado com a mera conduta
a) Crime de dano: crime em que é necessário haver descrita no tipo.
uma efetiva lesão ao bem jurídico (lesão perceptível no
mundo fático) para se caracterizar, como no caso do furto. A atividade legislativa de produção de tipos de perigo
b) Crime de perigo: crime em que a simples ameaça ao abstrato, por isso, deve ser objeto de rígida fiscalização a
bem jurídico já é abominada, justificando, assim, sua pe- respeito da sua constitucionalidade; especificamente, so-
nalização. bre sua adequação ao princípio da proporcionalidade. A
Subdivide-se em crime de perigo concreto, crime de criação de crimes de perigo abstrato não representa, por
perigo abstrato e crime de perigo concreto-abstrato. si só, comportamento inconstitucional por parte do legis-

13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

lador penal. A tipificação de condutas que geram perigo Crime Comum, Próprio, Próprio Impuro, Bipróprio, de
em abstrato, muitas vezes, acaba sendo a melhor alterna- Mão Própria e de Acumulação
tiva, ou a medida mais eficaz, para proteção de bens jurí- a) Crime comum: é o crime que pode ser praticado por
dico-penais supraindividuais ou de caráter coletivo, como qualquer pessoa, independentemente de alguma qualidade
o meio ambiente, por exemplo. A antecipação da prote- especial que ela tenha.
ção penal em relação à efetiva lesão torna mais eficaz, em b) Crime próprio: é o crime que somente pode ser pra-
muitos casos, a proteção do bem jurídico. Portanto, pode o ticado por uma pessoa que detenha determinada caracte-
legislador, dentro de suas amplas margens de avaliação e de rística, como no caso do peculato, em que o agente deve,
decisão, definir quais as medidas mais adequadas e necessá- necessariamente, ser servidor público. Também se analisa a
rias para a efetiva proteção de determinado bem jurídico, o propriedade do crime com base numa característica especial
que lhe permite escolher espécies de tipificação próprias de do sujeito passivo. Essa classificação também é chamada de
um direito penal preventivo. crimes especiais próprios. Se for exigida característica especial
tanto do agente quanto da vítima, fala-se em crime dupla-
Crime Material, Formal e de Mera Conduta ou de Ativi- mente próprio.
dade c) Crime próprio impuro: o crime próprio impuro é aque-
a) Crime material: é o crime cujo tipo penal descreve le que, se desaparecer a qualidade particular do agente (que
uma conduta e um resultado, o qual necessariamente deve é exigida para configuração do crime próprio), desaparece
ser verificado, sob pena de se constituir em mera tentativa. também o crime especial. Entretanto, ocorrerá a desclassifica-
Exemplo: homicídio. A conduta é matar; o resultado é a mor- ção da conduta para outro delito, que terá natureza diversa.
te. Caso a vítima não morra, não existe homicídio. Assim, a falta de uma elementar torna o crime próprio puro
b) Crime formal ou de consumação antecipada: é o cri- absolutamente atípico, enquanto o crime próprio impuro, re-
me em que, mesmo sendo possível um resultado naturalís- lativamente atípico. Essa classificação também é chamada de
tico que lese o bem jurídico, o tipo penal adianta a punição crimes especiais impróprios .
aos atos de consumação. Exemplo: extorsão: a simples práti- d) Crime bipróprio: aquele que exige uma especial quali-
ca da constrição já faz o delito se consumar, independente- dade, tanto do sujeito ativo como do sujeito passivo do delito.
mente da pessoa auferir ou não a vantagem indevida. e) Crime de mão própria: é o crime em que o agente deve
c) Crime de mera conduta ou de atividade: nesses cri- praticar a execução diretamente, não se admitindo a prática
mes, não só não há resultado naturalístico como é impos- por interposta pessoa. V.g., bigamia, prática de atos obscenos,
sível que este aconteça. O tipo penal descreve a conduta falso testemunho.
proibida, quase sempre de perigo abstrato. Exemplo clássico d) Crimes de acumulação: fruto de uma controversa ten-
é o porte de arma sem autorização. O simples portar arma dência de política criminal voltada à prevenção de ilícitos. Ne-
em nada modifica o mundo real. les, o legislador incrimina uma conduta que, individualmente
considerada, não encerra um risco jurídico ao bem tutelado,
Crime Unissubjetivo e Plurissubjetivo mas se vier a ser praticada por um conjunto grande de indiví-
a) Crime unissubjetivo: é o crime que pode ser praticado duos, efetivamente lesará tal bem.
por qualquer pessoa, sozinha, sem auxílio. Em regra, todo
crime é unissubjetivo. Crime Impossível e Putativo
b) Crime plurissubjetivo: é o crime para cuja realização a) Crime impossível, quase-crime, tentativa inidônea ou
necessita-se de pelo menos duas pessoas, como a bigamia e tentativa inadequada: ocorre quando o agente se utiliza de
a formação de quadrilha. Pode ser de condutas convergen- meio absolutamente ineficaz ou objeto absolutamente im-
tes, contrapostas ou paralelas. próprio para consumar o crime. É o caso da tentativa de ho-
micídio dando-se um copo de água à vítima na expectativa
Crime Unissubsistente, Plurissubsistente e Pluriofensivo de que ela venha a morrer (meio absolutamente ineficaz)
a) Crime unissubsistente: é o crime cuja consumação ou quando se tenta furtar a honra da vítima (objeto absolu-
ocorre mediante um único ato, não sendo admitido seu tamente impróprio, honra não pode ser furtada). A relativa
fracionamento, sendo impossível a tentativa. A conduta se ineficácia do meio e a relativa impropriedade do objeto não
esgota com a concretização do delito. V.g., injúria, calúnia afastam a configuração do crime. O crime impossível deve ser
e difamação na forma verbal. Neles não há um iter criminis analisado após a realização do fato, visto que algo aparente-
perfeito, a pessoa não tem a possibilidade de arrependimen- mente inofensivo pode ter o efeito de efetivamente gerar o
to eficaz. crime.
b) Crime plurissubsistente: é o crime para cuja consuma-
ção podem ser realizados mais de um ato, como no homicí- Acerca do crime impossível há três teorias:
dio. Entretanto, esse crime poderá ser realizado com apenas
um ato. A diferença para o unissubsistente é que aquele so- Teoria objetiva pura: não distingue entre absoluta ou rela-
mente poderá, necessariamente, ser realizado apenas com tiva impropriedade do objeto ou ineficácia do meio. A teoria
um ato. Logo, em regra os crimes são plurissubsistentes. dispõe que, não importa saber, por exemplo, se a arma não
Exatamente por isso, a conduta pode ser fracionada, permi- funcionou porque nunca funcionaria, ou a arma não funcio-
tindo a tentativa. nou naquele caso porque, por azar do autor, ela emperrou,
c) Crime pluriofensivo: é o que lesa ou expõe a perigo uma vez que em ambos os casos se estaria diante de um
de dano mais de um bem jurídico. crime impossível.

14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Teoria objetiva temperada: prima pela distinção entre ter consumado o delito, o leva a consequências mais le-
absoluta ou relativa impropriedade do objeto ou ineficá- sivas. Ocorre o exaurimento, v.g., na extorsão, quando o
cia do meio. Essa teoria sustenta que só há perigo ao bem agente obtém a vantagem indevida, o que é um indiferente
jurídico apto a fundamentar a punibilidade do crime ten- penal (exceto para a reparação do dano).
tado quando o objeto ou o meio forem, em tese, aptos à d) Crime habitual: é aquele crime que exige uma se-
produção do resultado, ainda que circunstancialmente não quência de atos para se consumar, tem uma duração con-
se consiga produzi-lo. Ou seja, em tese, no caso da teoria tínua, geralmente indefinida e casuística, no tempo. Crimes
objetiva temperada, só seria de se reconhecer o crime im- habituais não se confundem com crimes continuados. Caso
possível, por exemplo, após a arma utilizada para um roubo a habitualidade cesse antes de findo o resultado, os fatos
ser periciada. Se chegar à conclusão de que a arma que foi praticados não serão considerados crimes, podendo, no
acionada não disparou e nunca dispararia por ser defei- máximo, haver punição por tentativa. Ao contrário do que
tuosa, seria caso de crime impossível. Porém, se essa arma, se defendo por aí, esses crimes admitem sim o flagrante,
uma vez apreendida e submetida à perícia, for revelada quando a prisão é feita após já se ter verificado o imple-
como apta a produzir disparos, tendo o insucesso do rou- mento da habitualidade e a configuração criminosa. Exem-
bo decorrido unicamente de seu emperramento episódico, plo o rufianismo.
o meio será relativamente ineficaz, merecendo o agente, -Habitual próprio: habitual próprio é aquele crime cuja
pois, punição pela tentativa. Essa foi a opção adotada pelo tipicidade depende da reiteração de condutas. No habitual
legislador brasileiro. próprio um único ato não é suficiente a dar tipicidade à
conduta, pois a tipicidade decorrerá do somatório dos atos
Teoria sintomática ou subjetiva: defende que o agente típicos praticados.
deve ser punido, mesmo em caso de crime impossível, por- -Habitual impróprio ou acidentalmente habitual: é
que demonstrou periculosidade, disposição para agredir aquele crime que, não obstante a regra seja sua perpetua-
um bem jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela inten- ção no tempo para se configurar, permite que um único
ção, e não por algum fato. Não é adotada no Brasil. ato seja suficiente para a consumação, em casos extremos,
b) Crime putativo (delito de alucinação): no crime puta- como ocorre no crime de gestão fraudulenta. Não consti-
tivo, o agente pratica uma conduta acreditando estar prati- tuirá pluralidade de crimes a repetição de atos.
cando um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não está e) Habitualidade criminosa: a habitualidade criminosa
tipificada. ocorre quando o agente faz do delito seu meio de vida,
O crime putativo pode ocorrer nas seguintes hipóteses: sem que ele queira necessariamente e tenha em mente que
-Crime putativo por erro de proibição: o agente acredi- um crime seja tido por continuação do outro, caso contrá-
ta ofender uma lei penal que não existe realmente. A exis- rio haveria continuidade delitiva. Inclusive, o STJ reiterada-
tência da lei incriminadora só existe na mente do agente, mente tem decidido que a habitualidade criminosa impede
recaindo o erro, portanto, sobre a ilicitude do fato. o reconhecimento do benefício da continuidade delitiva, já
-Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário que totalmente incompatível com o comportamento social
se verifica quando o autor acredita ofender uma lei penal do réu, que merece maior reprimenda. Nesse sentido:
incriminadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar
do tipo. Ou seja, a lei penal existe, entretanto o fato não foi Crime de Espaço Mínimo, Crime de Espaço Máximo ou
típico. Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática, e Plurilocal e Crime à Distância
não sobre uma questão jurídica. a) Crime de espaço mínimo: aquele que é cometido e
-Crime putativo por obra do agente provocador: deno- consumado em um mesmo lugar.
minado crime de ensaio, crime de experiência ou flagrante b) Crime de espaço máximo ou plurilocal: aqueles co-
provocado, ocorre quando uma pessoa induz o agente a metidos em território de duas ou mais comarcas ou seções
cometer uma conduta criminosa e, simultaneamente, ado- judiciárias de um mesmo país. A comarca responsável pelo
ta medidas para impedir a consumação. Aqui, incide a sú- julgamento será, em regra, aquela onde ocorreu o resulta-
mula 145 do STF: “Não há crime, quando a preparação do do (teoria prevalente no processo penal), salvo se o crime
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. for de menor potencial ofensivo ou tentado, caso em que a
competência é fixada pelo local da conduta.
Crime Vago, Remetido, Exaurido, Habitual e Habituali- c) Crime à distância: relacionado ao direito internacio-
dade Criminosa nal, é aquele em que se pratica a conduta num país e ocor-
a) Crime vago, multivitimários ou de vítimas difusas: re o resultado num outro.
crime praticado contra uma coletividade sem personalida-
de jurídica. Por exemplo, o crime de racismo. Crimes de Tendência (Intenção Especial) e Crimes de
b) Crime remetido: ocorre quando a sua definição se Intenção
remete a outros crimes, que passam a integrá-lo (v.g., art. Crimes de tendência ou de intenção especial: neles, o
304 - fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alte- tipo penal requer o ânimo de realizar a própria conduta
rados a que se referem os arts. 297 a 302). legalmente prevista, sem necessidade de transcender tal
c) Crime exaurido : é aquele já consumado nos termos conduta, como ocorre nos delitos de intenção. É aquele
da lei, embora possa ter desdobramentos posteriores que que condiciona a sua existência à intenção do sujeito, de-
não influenciam no fato típico. Nele, o agente, mesmo após vendo necessariamente ser analisado um aspecto subjeti-

15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

vo. Em outras palavras, não se exige que o autor do crime Consumação e Tentativa
deseje um resultado ulterior ao previsto no tipo penal, mas,
apenas, que confira à ação típica um sentido subjetivo não Crime Consumado
previsto expressamente no tipo, mas dedutível da natureza Fundamentado no artigo. 14, inciso I do Código Penal,
do delito. o crime consumado é o tipo penal integralmente realizado,
ou seja, quando o tipo concreto amolda-se perfeitamente
Crime Acessório ou Parasitário ao tipo abstrato. De acordo com o artigo 14, I do Código
É o crime que pressupõe, para a consumação, a prática Penal, diz-se consumado o crime quando nele se reúnem
de outro, como a receptação, o favorecimento real e a la- todos os elementos de sua definição legal. No homicídio,
vagem de dinheiro. por exemplo, o tipo penal consiste em “matar alguém” (ar-
tigo 121 do CP), assim o crime restará consumado com a
Crime Transeunte e Não Transeunte morte da vítima.
Transeunte vem da palavra transitar; passa a ideia de
algo que permanece ou não. Crime Tentado
É classificação adotada para os crimes que deixam ou O crime tentado tem fundamentação no artigo 14, in-
não vestígios. Se deixarem vestígios, é não transeunte; não ciso II do Código Penal ocorre quando o agente inicia a
deixando, é transeunte. Como exemplo de crimes não tran- execução do delito mas este não se consuma por circuns-
seuntes tem-se a apropriação indébita previdenciária, cujo tâncias alheias à sua vontade. De acordo com o parágrafo
vestígio é exatamente a diminuição da arrecadação de con- único do art. 14, do Código Penal, “salvo disposição em
tribuição previdenciária do empregado. contrário, pune-se a tentativa com a pena corresponden-
te ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”.
Crime transeunte clássico é a invasão de domicílio. Para fixar a pena, o magistrado deve usar como critério a
maior ou menor proximidade da consumação, de forma
Crime de Consumação Atípica Impunível que quanto mais o agente percorrer o “iter criminis”, maior
È aquele quando o fato consumado é indiferente pe- será sua punição.
nal e a forma tentada é punida pelo ordenamento jurídico.
Pena de Crime Consumado e Crime Tentado

Superveniência de causa independente Para a punição da tentativa se considera a extensão da


conduta do autor até o momento em que foi interrompida.
(...) Quanto mais próxima da consumação, menor deve ser a
§ 1º - A superveniência de causa relativamente inde- redução (1/3).
pendente exclui a imputação quando, por si só, produziu De outro lado, quanto mais longe a conduta do autor
o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a ficou da consumação delitiva, maior deve ser a redução da
quem os praticou. pena (2/3). O Juiz deve fixar a redução dentro desses limi-
tes, de modo justificado.
As Novas Causas podem ser absolutamente ou relati-
vamente independentes da conduta do agente. Desistência Voluntária ou Tentativa Abandonada
(Art. 15, CP)
Se as Novas Causas forem absolutamente indepen- Ocorre quando, após iniciados os atos executórios,
dentes da conduta do agente, não importando a conduta mas antes de esgotá-los, o agente interrompe a prática cri-
do agente, o resultado ocorreria do mesmo jeito, o agente minosa voluntariamente, ainda que por motivos egoísticos.
responde apenas pela conduta que praticou, mas não pelo Deve-se pensar da seguinte forma: “posso prosseguir, mas
resultado. Podemos citar como exemplo, o seguinte caso: não quero”. Se isso se configurar, haverá desistência volun-
X quer se suicidar e ingere veneno. Posteriormente, Y quer tária. Somente é possível na tentativa imperfeita ou inaca-
matar X e dá-lhe um tiro. X morre. Contudo, X morreria de bada. Além disso, não é cabível no crime unissubsistente (já
qualquer jeito por ter tomado veneno. Y responde pela que não admite tentativa).
conduta (tentativa de homicídio) e não pelo resultado (ho- De fato, nos crimes unissubsistentes não se admite a
micídio consumado) desistência voluntária (agente interrompe voluntariamente
Se as Novas Causas forem relativamente independen- a execução do crime) porque se praticado o primeiro ato
tes, em regra o agente responde pelo resultado (i.e., se a ocorre o fim da execução. E, por outro lado, se não pratica-
conduta do agente não tivesse ocorrido, o resultado tam- do o primeiro ato, o crime simplesmente não sai da cabeça
bém deixaria de ocorrer). Há que se analisar se a Nova do agente, não sendo a cogitação punível.
Causa é anterior, concomitante ou posterior aos fatos. A Fórmula de Frank define a desistência voluntária de
forma lapidar. Ela consiste na seguinte expressão: Posso,
mas não quero continuar. Isso é importantíssimo porque,
por exemplo, se foram outros fatores que não a própria
vontade do agente que o impediu de continuar, como fica?

16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A desistência voluntária, está ligada a uma omissão na tiro foi dado na vítima com a intenção de matá-la, não há
prática de atos complementares que seriam praticados, se- como um ato posterior tornar atípico um ato que foi típico,
gundo o plano e que poderiam ter sido praticados, dadas como se apagasse acontecimentos passados. Não, para ele
as circunstâncias. o ato praticado é típico, porém o Direito Penal, com vistas
a resguardar o bem jurídico, evitando maiores danos, não
Arrependimento Eficaz faz incidir pena ao agente.
(art. 15, CP)
Aqui, o agente exaure a execução do crime, entretanto, Arrependimento Posterior
arrepende-se e atua de forma a evitar o resultado. possui (Art. 16, CP)
natureza jurídica de causa geradora da atipicidade. Tem natureza jurídica de causa geral de diminuição de
Considerando que apenas crimes materiais exigem a pena. Ele se dá quando, nos crimes cometidos sem violên-
ocorrência do resultado para consumação, somente tem cia ou grave ameaça à pessoa, o agente repare voluntaria-
sentido em falar de arrependimento eficaz nesta categoria mente o dano até o recebimento da denúncia ou queixa
de crime. A conduta do agente não precisa ser espontânea pelo juiz (não é oferecimento pelo MP), sendo-lhe reduzida
(ele teve a ideia de desistir ou impedir o resultado), mas a pena de um a dois terços (se a reparação se der após o
apenas voluntária (há vontade própria, ainda advenha da recebimento, haverá apenas uma atenuante genérica).
sugestão de terceiros). De acordo com Von Liszt, enquanto o art. 15 (o arre-
pendimento eficaz e desistência voluntária) configura uma
Considerações Gerais Acerca da Desistência Voluntária ponte de ouro que o Direito Penal oferece ao delinquente,
e do Arrependimento Eficaz o art. 16 configura a ponte de prata, porque agora ele vai
Intenção do Agente responder pelo crime. Mas, igualmente, aqui a razão do
A aplicação prática desses institutos independe de instituto é entre punir completamente e punir menos de
considerações acerca de intenção nobre ou não do agente. acordo com a restituição da esfera jurídica alheia.
Não é necessário que ele tenha atuado com nobreza, ou Com o arrependimento posterior, já fracassou o obje-
com desprendimento, no momento em que ele praticou tivo preventivo do Direito Penal. O bem jurídico já foi le-
a nova ação, ou no momento em que ele se absteve de sionado. Porém, ainda resta como alternativa a sua recom-
praticar novas ações. Logo, não se exige sequer a esponta- posição. E aí o Direito Penal oferece para o agente: “olha
neidade na desistência, ou a espontaneidade na nova ação, meu amigo, aqui você já tem que ser punido, porque o
no caso do arrependimento eficaz. Se exige, tão somente, bem jurídico alheio já foi lesionado. No art. 15 não. Sua
a voluntariedade no desistir. Ou a voluntariedade no atuar
ação impediu a lesão efetiva. Aqui, a lesão já ocorreu. Mas
novamente. Isso para se resguardar o bem jurídico.
você pode responder inteiramente, ou você pode respon-
der com a diminuição de pena, desde que repare a esfera
Finalidade dos Institutos
jurídica lesionada. E aí eu vou diminuir a sua pena. Porém,
Esses institutos existem para que não seja frustrada a
pena eu tenho que aplicar”.
expectativa do Direito Penal como um todo, que é a de
São, então, requisitos para seu reconhecimento:
proteger o bem jurídico. O Direito Penal opta por não pu-
a) A conduta tem que ter produzido o resultado (caso
nir, desde que a pessoa cesse a sua atividade, no caso da
contrário será arrependimento eficaz);
desistência voluntária, ou pratique uma nova atividade, no
b) Voluntariedade;
caso do arrependimento eficaz. E, com isso, ao cessar ou
praticar uma nova atividade, evite a lesão ao bem jurídico, c) Crimes sem violência ou grave ameaça (tem-se ad-
evite a produção do resultado. mitido o arrependimento posterior nos crimes com violên-
cia culposos);
Natureza Jurídica dos Institutos d) Arrependimento antes de recebida a denúncia pelo
Há três principais correntes sobre a natureza jurídica: juiz;
a) Causa de exclusão de tipicidade: O fato praticado é e) Reparação do dano seja completa (requisito mitiga-
atípico, visto que o crime visado pelo agente não foi prati- do. Vide julgado abaixo).
cado, por ter sido evitado. Trata-se da tese dominante. So-
mente responderá o agente pelos atos já praticados, desde Presentes os requisitos acima elencados, a incidência
que típicos, evidentemente. da causa de diminuição de pena é direito subjetivo do réu,
b) Causa de extinção da punibilidade: tese sustentada e não uma faculdade do juiz.
por Nelson Hungria. No caso de homicídio tentado, a evi- O agente será beneficiado pelo arrependimento pos-
tação do resultado praticada pelo agente faz surgir uma terior mesmo que somente repare o dano por ter sido des-
causa de extinção da punibilidade pelo homicídio tentado, coberto pela polícia. Isso visa resguardar a vítima, melhorar
ao mesmo tempo em que faz surgir uma tipicidade pelos sua condição enquanto ofendida.
atos já praticados, se existir correspondência típica. Os coautores de crimes também serão beneficiados
c) Causa de isenção de pena: defendida por Rogério caso um dos agentes repare o dano, mesmo que aqueles
Greco. Ele adota esse entendimento sob o argumento de não quiseram a reparação ou dela não participaram. Isso
que, se o ato foi praticado pelo agente, por exemplo, se um porque é circunstância de caráter objetivo.

17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Nos crimes submetidos ao Juizado Especial Criminal, iii. Teoria sintomática ou subjetiva: defende que o
caso o agente repare o dano (se houver composição ci- agente deve ser punido, mesmo em caso de crime impos-
vil), mesmo após o recebimento da queixa ou da repre- sível, porque demonstrou periculosidade, disposição para
sentação, e mesmo que o crime tenha sido com violência agredir um bem jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela
ou grave ameaça, o agente será beneficiado, não somente intenção, e não por algum fato. Não é adotada no Brasil.
com a diminuição de pena, mas sim com a extinção de sua b) Crime putativo (delito de alucinação): no crime puta-
punibilidade e a renúncia legal pela vítima do direito de tivo, o agente pratica uma conduta acreditando estar prati-
ingressar em juízo. cando um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não está
No crime de emissão de cheque sem fundo, o paga- tipificada. V.g., quando o agente adultera com o fito de
mento até o recebimento da denúncia ou queixa extingue cometer crime (o adultério não é mais considerado ilícito
a punibilidade (Súmula 554, STF). penal em nosso ordenamento, logo, não há crime). O crime
No peculato culposo, se a reparação do dano prece- putativo pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
de à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é i. Crime putativo por erro de proibição: o agente acre-
posterior, reduz em metade a pena imposta. dita ofender uma lei penal que não existe realmente. A
existência da lei incriminadora só existe na mente do agen-
te, recaindo o erro, portanto, sobre a ilicitude do fato.
Crime Impossível
ii. Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário
se verifica quando o autor acredita ofender uma lei penal
Crime impossível, quase-crime, tentativa inidônea ou
incriminadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar
tentativa inadequada: ocorre quando o agente se utiliza do tipo. Ou seja, a lei penal existe, entretanto o fato não
de meio ABSOLUTAMENTE INEFICAZ ou objeto ABSOLU- foi típico. Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática,
TAMENTE IMPRÓPRIO para consumar o crime. É o caso da e não sobre uma questão jurídica. Por exemplo, o agente
tentativa de homicídio dando-se um copo de água à víti- quer cometer um crime tributário declarando erroneamen-
ma na expectativa de que ela venha a morrer (meio abso- te dados na DCTF; porém, ao invés de preencher a DCTF,
lutamente ineficaz) ou quando se tenta furtar a honra da ele preenche um formulário de cadastro no show do mi-
vítima (objeto absolutamente impróprio, honra não pode lhão.
ser furtada). A relativa ineficácia do meio e a relativa impro- iii. Crime putativo por obra do agente provocador:
priedade do objeto não afastam a configuração do crime, denominado crime de ensaio, crime de experiência ou
geralmente dando azo à forma tentada. O crime impossível flagrante provocado, ocorre quando uma pessoa induz o
deve ser analisado após a realização do fato, visto que algo agente a cometer uma conduta criminosa e, simultanea-
aparentemente inofensivo pode ter o efeito de efetivamen- mente, adota medidas para impedir a consumação. Aqui,
te gerar o crime, v.g., quando se dá açúcar a pessoa com incide a súmula 145 do STF: “Não há crime, quando a pre-
diabetes. Sobre o crime impossível há três teorias: paração do flagrante pela polícia torna impossível a sua
i. Teoria objetiva pura: não distingue entre absoluta ou consumação”.
relativa impropriedade do objeto ou ineficácia do meio.
Segundo a teoria objetiva pura, não interessa saber, por Causas de exclusão da culpabilidade
exemplo, se a arma não funcionou porque nunca funciona-
ria, ou a arma não funcionou naquele caso porque, por azar O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi-
do autor, ela emperrou. Tanto um, quanto em outro caso, lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando o
se estaria diante de um crime impossível. sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um fato
ii. Teoria objetiva temperada: prima pela distinção en- típico e antijurídico.
tre absoluta ou relativa impropriedade do objeto ou ine-
ficácia do meio. Essa teoria sustenta que só há perigo ao a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca-
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
bem jurídico apto a fundamentar a punibilidade do crime
esse entendimento.
tentado quando o objeto ou o meio forem, em tese, ap-
- doença mental, desenvolvimento mental incompleto
tos à produção do resultado, ainda que circunstancialmen-
ou retardado (art. 26);
te não se consiga produzi-lo. Ou seja, em tese, no caso
- desenvolvimento mental incompleto por presunção
da teoria objetiva temperada, só seria de se reconhecer o legal, do menor de 18 anos (art. 27);
crime impossível, por exemplo, após a arma utilizada para - embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
um roubo ser periciada. Se chegar à conclusão de que a ou força maior (art. 28, § 1º).
arma que foi acionada não disparou e nunca dispararia por
ser defeituosa, seria caso de crime impossível. Porém, se b) inexistência da possibilidade de conhecimento da
essa arma, uma vez apreendida e submetida à perícia, for ilicitude:
revelada como apta a produzir disparos, tendo o insuces- - erro de proibição (art. 21).
so do roubo decorrido unicamente de seu emperramento
episódico, o meio será relativamente ineficaz, merecendo o c) inexigibilidade de conduta diversa:
agente, pois, punição pela tentativa. Essa foi claramente a - coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);
opção adotada pelo legislador brasileiro. - obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte).

18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Punibilidade No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifi-


ca demasiada e desnecessariamente a reação inicialmen-
A punibilidade é uma das condições para o exercício te justificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O
da ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a agente responderá pela conduta constitutiva do excesso.
possibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal
(pena ou medida de segurança) ao autor do ilícito. Ilicitude
A Punibilidade, portanto, é consequência do crime. As- Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descum-
sim, é punível a conduta que pode receber pena. primento de um dever jurídico imposto por normas de di-
reito público, sujeitando o agente a uma pena.
Extinção da Punibilidade Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição
A extinção da punibilidade é a perda do direito do Es- entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico,
tado de punir o agente autor de fato típico e ilícito, ou seja, até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um
é a perda do direito de impor sanção penal. As causas de tipo penal, é antijurídico.
extinção da punibilidade estão espalhadas no ordenamen-
to jurídico brasileiro. Excludente de ilicitude
Excludente de ilicitude é uma causa excepcional que
Dispõe o Código Penal: retira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como
criminosa (fato típico).
Extinção da punibilidade Art. 23 - Exclusão da ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - em estado de necessidade;
I - pela morte do agente; II - em legítima defesa;
II - pela anistia, graça ou indulto; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer-
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o cício regular de direito.
fato como criminoso; Excesso punível
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei A ação do homem será típica sob o aspecto criminal
a admite; quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa
VII - (Revogado) primeira compreensão, isso também basta para se afirmar
VIII - (Revogado) que ela está em desacordo com a norma, que se trata de
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica.

Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente
pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agra- na relação de contrariedade entre a conduta típica do autor
vante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde que,
a extinção da punibilidade de um deles não impede, quan- no caso concreto, estejam presentes uma das hipóteses
to aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. previstas no artigo 23 do Código Penal: o estado de neces-
sidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever
(...) legal ou o exercício regular de direito.

O excesso Punível O estado de necessidade e a legítima defesa são con-


Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em ceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo
vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente pode destaque, neste tópico, apenas o estrito cumprimento do
encontrar-se em três situações diferentes: dever legal e o exercício regular de um direito, como exclu-
- usa de um meio moderado e dentro do necessário dentes da ilicitude ou da antijuridicidade.
para repelir à agressão;
Haverá necessariamente o reconhecimento da legítima A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si
defesa. só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda
- de maneira consciente emprega um meio desneces- que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem
sário ou usa imoderadamente o meio necessário; decorre do cumprimento de um dever legal, ela está de
A legítima defesa fica afastada por excluído um dos acordo com a lei, não podendo, por isso, ser contrária a ela.
seus requisitos essenciais. Noutros termos, se há um dever legal na ação do autor,
- após a reação justa (meio e moderação) por imprevi- esta não pode ser considerada ilícita, contrária ao ordena-
dência ou conscientemente continua desnecessariamente mento jurídico.
na ação.

19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Um exemplo possível de estrito cumprimento do de- c) inexigibilidade de conduta diversa:


ver legal pode restar configurado no crime de homicídio, - coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);
em que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que esta- - obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte).
vam no cumprimento de um dever legal, resulta na morte
do marginal. Neste sentido - RT 580/447. Agravação pelo resultado

O exercício regular de um direito, como excludente da Atos cujo resultado extrapola a vontade do agente só o
ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações ju- responsabilizam penalmente quando forem praticados ao me-
rídicas, posto que, se a conduta do autor decorre do exer- nos culposamente, quando ele agiu sem observar um dever de
cício regular de um direito, ainda que ela seja típica, não cuidado, atuando com imprudência, negligência ou imperícia.
poderá ser considerada antijurídica, já que está de acordo Uma responsabilização que extrapola a órbita do dolo e
com o direito. da culpa, por sua vez, torna-se objetiva, por escapar, inclusi-
ve, da previsibilidade do resultado, que na hipótese de culpa
não é almejado, muito embora previsível. A responsabilidade
Um exemplo de exercício regular de um direito, como
objetiva, contudo, é rejeitada pela norma penal, que aceita
excludente da ilicitude, é o desforço imediato, emprega-
apenas o dolo ou a culpa. O dispositivo penal em análise
do pela vítima da turbação ou do esbulho possessório,
contempla tal entendimento.
enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa Acerca dos crimes preterdolosos, constantes no Código
para si (RT - 461/341). Penal, caracterizam-se eles por preverem uma conduta inicial
dolosa e um resultado adicional culposo, que justifica o agra-
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não vamento da sanção.
pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do Para exemplificarmos ,podemos citar a lesão corporal se-
autor, que venham a extrapolar os limites do necessário guida de morte (art. 129, §.3.º, do Código Penal), na qual se
para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um de- pode falar em dolo na lesão corporal e culpa no evento mor-
ver legal ou do exercício regular de um direito. Havendo te. Mesmo que a morte não tenha sido o objetivo pretendido
excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso res- pelo autor, está previsto como resultado culposo, razão pela
tem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a qual incide responsabilidade penal sobre ele.
regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal. Dita o Código Penal, que a responsabilidade do autor
não poderia ir além da culpa, justamente porque se tornaria
Culpabilidade objetiva. Deste modo, a lesão corporal seguida de morte, as-
Culpabilidade é um elemento integrante do conceito sim como outros delitos preterdolosos, versa sobre hipótese
definidor de uma infração penal. A motivação e objetivos na qual o dolo e a culpa estão previstos no tipo penal, sendo
subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A culpa- o resultado plenamente oponível ao autor, porque previsto
bilidade aufere, a princípio, se o agente da conduta ilícita também a título de culpa.
é penalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo (in-
tenção), ou pelo menos com imprudência, negligência ou Dispõe o Código Penal:
imperícia, nos casos em que a lei prever como puníveis tais
modalidades Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a
pena, só responde o agente que o houver causado ao menos
Causas de exclusão da culpabilidade culposamente.
O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi-
Concurso de Crimes
lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando o
sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um fato
O concurso de crimes acontece quando o agente comete
típico e antijurídico.
mais de um crime mediante uma ou mais ação ou omissão.
No direito brasileiro, por questões de política criminal, cada
a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca- forma de concurso tem uma maneira distinta no sistema de
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com aplicação e cálculo das penas.
esse entendimento.
- doença mental, desenvolvimento mental incompleto Os tipos de concurso admitidos no direito brasileiro são
ou retardado (art. 26); o material, que pode se dividir em homogênio e heterogê-
- desenvolvimento mental incompleto por presunção neo; o formal, que pode ser dividido em próprio e impróprio;
legal, do menor de 18 anos (art. 27); além do crime continuado.
- embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
ou força maior (art. 28, § 1º). As formas adotadas para aplicação das penas a cada tipo
de concurso são os sistemas do cúmulo material e o da exas-
b) inexistência da possibilidade de conhecimento da peração, em alguns casos, também encontramos o cúmulo
ilicitude: material benéfico, sendo este um desdobramento para evitar
- erro de proibição (art. 21). um prejuízo maior ao agente, sempre que o sistema de exas-
peração for menos benéfico que o cúmulo material.

20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Concurso Material ca a prática de mais de um crime por uma única ação, no


concurso formal impróprio, é utilizado o sistema de cúmulo
O concurso material de crimes acontece quando o material das penas, o mesmo que é utilizado no concurso
agente comete dois ou mais crimes mediante mais de uma material. Havendo apenas a soma das penas aplicadas aos
ação ou omissão. Ele pode ser tanto homogêneo, quando diversos crimes.
os crimes cometidos são idênticos (dois homicídios simples,
por exemplo), ou heterogêneo, quando os crimes são de Ainda no caso do concurso formal, quando as penas
natureza diversa (Um homicídio qualificado e lesões corpo- aplicadas por o sistema de exasperação superarem as que
rais). Esta distinção em homogêneo e heterogêneo é apenas por ventura fossem aplicadas por o sistema do cúmulo ma-
doutrinária, não importando na forma de aplicação da pena. terial, para que o apenado não saia prejudicado, sua pena
será computada como se desta forma fosse, este é o chama-
Havendo concurso material, a forma de aplicação das do cúmulo material benéfico. Exemplificando, caso o agen-
penas será o cúmulo material, que é aquele onde as penas te cometa um homicídio simples e uma lesão corporal em
dos diversos crimes são somadas umas as outras, não ha- concurso formal próprio, sua pena seria a do homicídio (por
vendo benefício ao agente. Desta forma, o agente que me- ser maior) acrescida de um terço até metade, o que poderia,
diante duas condutas, cometeu o crime de furto simples e dependendo do aumento aplicado, ser maior que a do ho-
recebeu pena de quatro anos de reclusão, e um homicídio micídio e das lesões corporais somadas. Assim caso a pena
qualificado, tendo recebido pena de doze anos de reclusão, aplicada pelo sistema da exasperação seja maior que a que
terá as penas destes crimes somadas para questões de cum- fosse aplicada pelo cúmulo material, este será o aplicado.
primento.
O aumento de pena no concurso formal deve ser fun-
Em caso as espécies de penas não sejam iguais, cumpre- damentado pelo juiz, devendo, segundo a maioria dos dou-
-se primeiro a mais grave, assim, a reclusão deve ser cumpri- trinadores, ser aplicado levando em consideração o número
da primeiro que a detenção. de vítimas ou a quantidade de crimes praticados.

Apesar dos prazos prescricionais serem considerados Para a aplicação da suspensão condicional do processo,
individualmente para cada crime, o mesmo não acontece é necessário que se faça primeiro o cálculo da pena com o
com a aplicação das penas restritivas de direitos, que só são acréscimo de um terço até metade, para só assim fixar os
permitidas, caso em um dos crimes seja permitida a conces- novos limites mínimos.
são do sursis (suspensão condicional da pena). Mas caso se-
jam aplicadas, as penas restritivas serão cumpridas simulta- Erro
neamente quando compatíveis, ou sucessivamente, quando
houver incompatibilidade entre as mesmas. O erro pode ser tanto falsa representação da realidade,
como falso ou equivocado conhecimento de um determi-
Com relação à suspensão condicional do processo, a nado objeto. Vale dizer que este difere da ignorância, uma
regra é que seja feito o somatório das penas, se a mínima vez que é a falta de representação da realidade ou total
for igual ou inferior a um ano, esta será possível. Portanto, a desconhecimento do objeto – sendo um estado negativo,
aplicação não é individual. enquanto o erro é um estado positivo. Entretanto, apesar de
didática e teoricamente diferentes, a legislação penal bra-
Concurso Formal sileira trata de forma idêntica tanto erro como ignorância,
com as mesmas consequências.
O concurso formal é aquele em que o agente mediante
uma única ação ou omissão, comete dois ou mais crimes. Erro de Tipo
Este pode se dividir em formal próprio ou impróprio. O erro é considerado o falso entendimento da realidade,
a concepção errônea do que acontece, seja quanto à pessoa
No próprio, era querido apenas um resultado, mas por ou quanto ao objeto, podendo recair sobre circunstâncias ou
erro na execução ou por acidente, dois ou mais são atingi- elementares. No erro de tipo, a pessoa acha que não está co-
dos. É o exemplo do assassino que atira em seu inimigo, mas metendo um crime não por julgar seu ato permitido, mas por
por ocasião o disparo além de atingi-lo, também atinge ou- compreender mal o que se passa. Logo, ele sempre afastará o
tra pessoa. Neste caso é utilizado o sistema da exasperação, dolo, já que não estão presentes os elementos constitutivos do
que é quando apenas a pena de um dos crimes é aplicada se dolo “vontade” e “consciência”. Logo, se ausente o dolo, o fato é
forem iguais, ou a maior deles se diversos, sendo em qual- atípico, não sendo passível de punição, salvo se prevista a con-
quer dos casos elevada de um sexto até metade. duta como crime culposo. O agente poderá ou não responder
pela modalidade culposa, de acordo com os seguintes casos.
No impróprio, o agente mediante uma única ação ou
omissão produz mais de um resultado, tendo vontade de Descriminantes Putativas
produzi-los ou sendo indiferente quanto a estes, neste caso, (Art. 20, § 1º)
acontece o que a doutrina chama de desígnios autônomos, Descriminantes putativas são as situações nas quais o
que é quando se quer todos os resultados produzidos, mes- agente, diante de um fato, acreditando erroneamente estar
mo a título de dolo eventual. Para que não torne benéfi- diante de uma das causas excludentes de ilicitude, pratica

21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

um ato. Não se confunde com erro de proibição indireto Erro de proibição não se confunde com erro de tipo. O
(erro de permissão), o qual se situa no âmbito da má inter- erro de tipo ocorre quanto a alguma circunstância fática. Os
pretação da extensão da norma permissiva. erros de proibição estão ligados ao direito, ao conhecimento
Se o erro for plenamente escusável em função das cir- ou não da realidade do que pratica o agente, determinado
cunstâncias, o agente será isento de pena pelos seus atos por algum engano justificável que recai sobre o juízo pes-
praticados dolosamente. Entretanto, se o agente atua com soal de licitude ou ilicitude do fato. O agente atua conscien-
erro que não seja plenamente escusável, exagerando na rea- temente, sem errar sobre as circunstâncias fáticas que o cer-
ção a uma situação de fato, responderá pela forma culposa, cam, apesar de as avaliar mal, de supor ter, perante o caso,
se prevista em Lei (art. 20, § 1º). um direito que na verdade inexiste.
O Código Penal adota a Teoria Limitada da Culpabilida- Cezar Roberto Bitencourt leciona que o erro de proibi-
de, somente podendo se reconhecer a descriminante putati- ção “é o que incide sobre a ilicitude de um comportamento.
O agente supõe, por erro, ser lícita a sua conduta. O objeto
va como erro de tipo quando se está diante de uma situação
do erro não é, pois, nem a lei, nem o fato, mas a ilicitude, isto
fática. Ou seja, o agente atua em função da situação, não se
é, a contrariedade do fato em relação à lei.”
questionando se a causa de justificação existe ou sobre os O agente não pensa errado avaliando o direito aplicável
limites dela (pois isso seria um erro de proibição). Ele real- à espécie, mas erra na avaliação do desvalor de sua conduta,
mente acredita que ela está presente. a descriminante puta- desvalor esse advindo das instâncias formais de controle so-
tiva é espécie de erro de tipo . cial. Ele entende bem o fato que pratica, mas o pratica com
É o caso, em outro exemplo, de alguém que acredita a tranquila consciência de que atua desprovido de ilicitude
será assassinado por desafeto seu, que espalhou na comuni- material.
dade a notícia de que na primeira oportunidade iria matá-lo. Erro de proibição é hipótese que exclui a culpabilidade
Transitando pela rua, essa pessoa encontra seu desafeto, o do agente, por interferir diretamente no elemento da cul-
qual põe a mão no bolso para tirar, aparentemente, uma pabilidade “potencial consciência da ilicitude”. Porém, essa
arma. A pessoa se adianta, saca seu revólver e mata o desa- exclusão somente ocorrerá se o erro for invencível ou escu-
feto. Depois, descobre-se que este estava apenas pegando sável. Se vencível (ou culposo), ou seja, se o agente tivesse
o celular. agido com um pouco mais de cuidado, será uma causa de
Aqui há culpa imprópria, já que o agente atua com dolo, diminuição de pena.
mas responde como se tivesse cometido um delito culposo.
Existem três espécies de erro de proibição:
Erro Determinado por Terceiros a) Erro de proibição direto (art. 21): ocorre quando o
erro do agente recai sobre o conteúdo proibitivo de uma
(Art. 20, § 2º)
norma penal, não acreditando o agente que face o conteú-
No erro de tipo o agente erra por conta própria, por
do, significado ou amplitude da norma, realiza uma condu-
si só. Já no erro determinado por terceiro, existe alguém ta proibida. O sujeito não sabe que a conduta que praticou
induzindo a erro outrem para praticar o crime (ERRO NÃO era típica. O erro recai sobre a própria tipicidade da ação
ESPONTÂNEO). V.g., médico, querendo matar o paciente en- ou omissão praticada. No momento em que agiu, ele des-
gana a enfermeira fazendo com que esta ministre a droga conhecia o caráter típico, isto é, a proibição em si. É muito
letal. Tem como consequências: improvável que surja, na prática jurídica, o reconhecimento
a) Quem determina dolosamente o erro responde por desta espécie de erro de proibição (direto), em algum crime
crime doloso, se a provocação é culposa, responde por cri- previsto no Código Penal, visto que ao Código foram reser-
me culposo. vados os crimes mais cotidianos, cujo desvalor são ensina-
b) Quem determina o erro é o autor mediato do cri- dos no dia a dia da sociedade. Exemplo de erro de proibição
me; seria o do estrangeiro que tenta sair do Brasil portando vinte
c) Quem pratica a conduta pratica fato atípico por fal- mil dólares em uma pochete, sem regular declaração. Tra-
ta de dolo. ta-se de crime contra o SFN (evasão de divisas) no Brasil.
Porém, no país dele pode não ser, seja porque o valor era
baixo, seja porque não há proibição de deixar o país levando
Erro de proibição dinheiro. Assim, nenhum erro houve na situação fática, ele
Normatizado no direito penal brasileiro pelo artigo 21 sabia exatamente o que estava fazendo, mas não conhecia a
proibição jurídica interna.
do Código Penal, o erro de proibição é erro do agente que
b) Erro de proibição indireto ou erro de permissão ou
acredita ser sua conduta admissível no direito, quando, na
excesso exculpante (art. 21): aqui há uma suposição equivo-
verdade ela é proibida. Sem discussão, o autor, aqui, sabe cada da existência de uma causa de justificação, ou seja, de
o que tipicamente faz, porém, desconhece sua ilegalidade. exclusão da ilicitude, que o ordenamento não prevê ou que
Concluímos, então, que o erro de proibição recai sobre a até prevê, mas em limites mais restritos do que o que era
consciência de ilicitude do fato. O erro de proibição é um imaginado pelo agente. Não se confunde com descriminan-
juízo contrário aos preceitos emanados pela sociedade, que te putativa, pois nesta o agente realiza o ato em face de um
chegam ao conhecimento de outrem na forma de usos e fato. Naquele, ele vai além dos poderes da excludente por
costumes, da escolaridade, da tradição, família etc. má avaliação da norma, errando quanto à ilicitude, e não
quanto à tipicidade.

22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

É exemplo de erro de proibição o agente que está sen- TÍTULO III


do roubado e, no exercício da legítima defesa, reage e es- DA IMPUTABILIDADE PENAL
panca o roubador até a beira da morte, por acreditar que
está agindo legitimamente, amparado pelo direito. Outro Inimputáveis
exemplo seria de um professor de uma tradicional cida-
de interiorana que, supondo estar no exercício regular de Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
direito, usa moderadamente palmatória para disciplinar mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
seus alunos. tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira-
c) Erro mandamental (art. 21): é o erro que recai so- mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
bre mandamentos contidos nos crimes omissivos, sejam de determinar-se de acordo com esse entendimento.
eles próprios ou impróprios. Ocorre, v.g., quando uma Redução de pena
pessoa vê outra se afogando, mas não faz nada por acre- Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um
a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
ditar que não estava obrigada a tal (erro sobre a condição
de saúde mental ou por desenvolvimento mental in-
de garante); ou quando o médico deixa de atender pa-
completo ou retardado não era inteiramente capaz de
ciente em seu intervalo por achar que não tem o dever
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
jurídico para tal.
de acordo com esse entendimento.
O erro de proibição excluirá a pena se for inevitável ou
escusável. Esse é aquele em que o agente não tinha como Menores de dezoito anos
conhecer a ilicitude do fato, em face do caso concreto. No
entanto, se for evitável ou inescusável, aquele em que o Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são pe-
agente desconheça o fato ilícito, embora tinha condições nalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas es-
de saber que contrariava o ordenamento jurídico, poderá tabelecidas na legislação especial.
diminuí-la de um sexto a um terço (art. 21) (Isso porque a
culpabilidade do agente será menor). Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:


I - a emoção ou a paixão;
4 IMPUTABILIDADE PENAL.
Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo ál-


A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um cool ou substância de efeitos análogos.
indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segundo § 1º - É isento de pena o agente que, por em-
prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos, tam- briaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
bém, definir a imputabilidade como a capacidade do força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
agente entender o caráter ilícito do fato por ele perpe- inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
trado ou, de determinar-se de acordo com esse entendi- fato ou de determinar-se de acordo com esse enten-
mento. dimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois
È portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de
caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo
entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza-
da ação ou da omissão, a plena capacidade de en-
ção de um determinado ato.
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
Quando existe algum agravo à saúde mental, os in-
de acordo com esse entendimento
divíduos podem ser considerados inimputáveis – se não
tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuí-
rem autocontrole, são isentos de pena.
Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o dis- 5 CONCURSO DE PESSOAS.
cernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos
ou prejudicados por doença ou transtorno mental.

Dispõe o Código Penal: O concurso de pessoas é o cometimento da infra-


ção penal por mais de um pessoa. Tal cooperação da
(...) prática da conduta delitiva pode se dar por meio da
coautoria, participação, concurso de delinquentes ou
de agentes, entre outras formas. Existem ainda três
teorias sobre o concurso de pessoas, vejamos:

23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A) teoria unitária: quando mais de um agente concor-


re para a prática da infração penal, mas cada um praticando 6 CRIMES CONTRA A PESSOA.
conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resultado.
Neste caso, haverá somente um delito. Assim, todos os agen-
tes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adotada pelo
Código Penal. HOMICÍDIO
B) teoria pluralista: quando houver mais de um agente, De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da vida
praticando cada um conduta diversa dos demais, ainda que de um homem por outro homem. De forma objetiva, é o ato
obtendo apenas um resultado, cada qual responderá por um cometido ou omitido que resulta na eliminação da vida do
delito. Esta teoria foi adotada pelo Código Penal ao tratar do ser humano.
aborto, pois quando praticado pela gestante, esta incorrerá Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta
na pena do art. 124, se praticado por outrem, aplicar-se-á a típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio
pena do art. 126. O mesmo procedimento ocorre na corrup- não possui características de qualificação, privilégio ou ate-
ção ativa e passiva. nuação. É o simples ato da prática descrita na interpretação
C) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma pessoa.
mais de um agente, com diversidades de conduta, provocan- Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primeiro
do-se um resultado, deve-se separar os coautores e partíci- – É a conduta típica do homicídio que recebe o benefício do
pes, sendo que cada “grupo” responderá por um delito. privilégio, sempre que o agente comete o crime impelido por
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
Autoria e participação de violenta emoção, logo após a injusta provocação da víti-
Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora am- ma, podendo o juiz reduzir a pena de um sexto a um terço.
bos dentro da teoria objetiva: Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segundo
A) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor é – É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a pena
o agente que pratica a figura típica descrita no tipo penal, e pela prática do crime, pela sua ocorrência nas seguintes con-
partícipe é aquele que comete ações não contidas no tipo, dições: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
respondendo apenas pelo auxílio que prestou (entendimen- outro motivo torpe; por motivo fútil, com emprego de vene-
to majoritário). Exemplo: o agente que furta os bens de uma no, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
pessoa, incorre nas penas do art. 155 do CP, enquanto aquele
ou cruel, ou do qual possa resultar perigo comum; por trai-
que o aguarda com o carro para ajudá-lo a fugir, responderá
ção, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recur-
apenas pela colaboração.
so que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; e
B) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além de
para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a
praticar a figura típica, comanda a ação dos demais (“autor
vantagem de outro crime.
executor” e “autor intelectual”). Já o partícipe é aquele cola-
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É
bora para a prática da conduta delitiva, mas sem realizar a fi-
a conduta típica do homicídio que se dá pela imprudência,
gura típica descrita, e sem ter controle das ações dos demais.
Assim, aquele que planeja o delito e aquele que o executa negligência ou imperícia do agente, o qual produz um re-
são coautores. sultado não pretendido, mas previsível, estando claro que o
Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária - teo- resultado poderia ter sido evitado.
ria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, ou seja, No homicídio culposo a pena é aumentada de um terço,
se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario também se o crime resulta de inobservância de regra técnica de pro-
desfere tiros em Pedro, Mario (executor de reserva) respon- fissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imedia-
derá apenas pela participação, pois não praticou a conduta to socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura diminuir
matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se, porém, que as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
o juiz poderá aplicar penas iguais para autor e partícipe, e até flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena é aumentada
mesmo pena mais gravosa a este último, quando, por exem- de um terço se o crime é praticado contra pessoa menor de
plo, for o mentor do crime. quatorze ou maior de sessenta anos.
Sobre o assunto, preceitua o art. 29 do CP que, “quem, Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o
de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da
este cominadas, na medida de sua culpabilidade”, dessa for- infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que
ma deve-se analisar cada caso concreto de modo a verificar torne desnecessária a sanção penal.
a proporção da colaboração. Além disso, se a participação Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo 122
for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga alguém a
sexto a um terço, segundo disposição do § 1º do artigo su- se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. Reclusão de
pramencionado, e se algum dos concorrentes quis participar dois a seis anos, se o suicídio se consumar, ou reclusão de um
de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa a três anos, se da tentativa de suicídio resultar lesão corporal
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido de natureza grave.
previsível o resultado mais grave (art. 29, § 2º, do CP). A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo
Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se não egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por qual-
houver antijuridicidade, não há o que se falar em punição ao quer causa, a capacidade de resistência. Neste crime não se
partícipe - teoria da acessoriedade limitada. pune a tentativa.

24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela mãe PARTE ESPECIAL


contra o filho, sob condições especiais (em estado puerperal,
isto é, logo pós o parto). TÍTULO I
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrompe DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
a gravidez de forma a trazer destruição do produto da con- CAPÍTULO I
cepção. No auto-aborto ou no aborto com consentimento DOS CRIMES CONTRA A VIDA
da gestante, esta sempre será o sujeito ativo do ato, e o feto,
o sujeito passivo. No aborto sem o consentimento da ges- Homicídio simples
tante, os sujeitos passivos serão o feto e a gestante. Art. 121. Matar alguém:
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três a
dez anos. Caso de diminuição de pena
Aborto provocado com o consentimento da gestante – § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumentada relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
para reclusão de três a dez anos, se a gestante for menor de emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
quatorze anos, se for alienada ou débil mental, ou ainda se juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
o consentimento for obtido mediante fraude, grave ameaça
ou violência. Homicídio qualificado
Forma qualificada - As penas são aumentadas de um § 2° Se o homicídio é cometido:
terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios empre- I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
gados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal de outro motivo torpe;
natureza grave. São duplicadas se, por qualquer dessas cau- II - por motivo fútil;
sas, lhe sobrevém a morte. III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado por tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
médico: se não há outro meio de salvar a vida da gestante; resultar perigo comum;
e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação
de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa
representante legal. do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
Lesões corporais ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a
saúde de outra pessoa. Feminicídio       (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - pará- VI - contra a mulher por razões da condição de sexo fe-
grafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocupações minino:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
permanente de membro, sentido ou função; ou aceleração 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
de parto. prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exer-
Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 - cício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônju-
parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente ge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização em razão dessa condição:     (Incluído pela Lei nº 13.142, de
do membro, sentido ou função; deformidade permanente; 2015)
ou aborto. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo
e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o re- feminino quando o crime envolve:      (Incluído pela Lei nº
sultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio 13.104, de 2015)
preterintencional). I - violência doméstica e familiar;      (Incluído pela Lei nº
Diminuição de pena - Se o agente comete o crime 13.104, de 2015)
impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou II - menosprezo ou discriminação à condição de mu-
ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de injusta lher.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto
a um terço. Homicídio culposo
Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o re- § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
sultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resultado Pena - detenção, de um a três anos.
era previsível.
Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra as- Aumento de pena
cendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3
com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda prevalecen- (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra téc-
do-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou nica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
de hospitalidade. Pena: detenção, de três meses a três anos. prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as

25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em fla- Forma qualificada
grante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores
1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
dada pela Lei nº 10.741, de 2003) lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz pode- qualquer dessas      causas, lhe sobrevém a morte.
rá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médi-
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção co:  (Vide ADPF 54)
penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de
24.5.1977) Aborto necessário
§ 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a meta- I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
de se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de exter- II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece-
mínio.       (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) dido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um ter- seu representante legal.
ço) até a metade se o crime for praticado:      (Incluído pela
Lei nº 13.104, de 2015) CAPÍTULO II
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores DAS LESÕES CORPORAIS
ao parto;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de Lesão corporal
60 (sessenta) anos ou com deficiência;      (Incluído pela Lei Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
nº 13.104, de 2015) outrem:
III - na presença de descendente ou de ascendente da Pena - detenção, de três meses a um ano.
vítima.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Lesão corporal de natureza grave
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio § 1º Se resulta:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais
prestar-lhe auxílio para que o faça: de trinta dias;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se con- II - perigo de vida;
suma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de sui- III - debilidade permanente de membro, sentido ou fun-
cídio resulta lesão corporal de natureza grave. ção;
Parágrafo único - A pena é duplicada: IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Aumento de pena § 2° Se resulta:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer II - enfermidade incuravel;
causa, a capacidade de resistência. III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
Infanticídio V - aborto:
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o Pena - reclusão, de dois a oito anos.
próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos. Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que
Aborto provocado pela gestante ou com seu consen- o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de pro-
timento duzí-lo:
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
outrem lho provoque:  (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos. Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
Aborto provocado por terceiro relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da ges- emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
tante: juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da ges- Substituição da pena
tante:  (Vide ADPF 54) § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda subs-
Pena - reclusão, de um a quatro anos. tituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a a dois contos de réis:
gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou dé- I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo ante-
bil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, rior;
grave ameaça ou violência II - se as lesões são recíprocas.

26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Lesão corporal culposa Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um


§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo
Pena - detenção, de dois meses a um ano. decorre do transporte de pessoas para a prestação de servi-
ços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacor-
Aumento de pena do com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
§ 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Códi- Abandono de incapaz 
go.(Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, in-
121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) capaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Violência Doméstica    (Incluído pela Lei nº 10.886, de § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
2004) grave:
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descen- Pena - reclusão, de um a cinco anos.
dente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem convi- § 2º - Se resulta a morte:
va ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalida-
de: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Aumento de pena
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Reda- § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de
ção dada pela Lei nº 11.340, de 2006) um terço:
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumen- II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
ta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, irmão, tutor ou curador da vítima.
de 2004) III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au- pela Lei nº 10.741, de 2003)
mentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa
portadora de deficiência.(Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) Exposição ou abandono de recém-nascido
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen- Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocul-
te descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, inte- tar desonra própria:
grantes do sistema prisional e da Força Nacional de Seguran- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
ça Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo Pena - detenção, de um a três anos.
até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumen- § 2º - Se resulta a morte:
tada de um a dois terços.  (Incluído pela Lei nº 13.142, de Pena - detenção, de dois a seis anos.
2015) Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível
CAPÍTULO III fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extravia-
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE da, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em gra-
ve e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
Perigo de contágio venéreo da autoridade pública:
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da
que sabe ou deve saber que está contaminado: omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada,
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. se resulta a morte.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Condicionamento de atendimento médico-hospita-
§ 2º - Somente se procede mediante representação. lar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Art. 135-A.  Exigir cheque-caução, nota promissória ou
Perigo de contágio de moléstia grave qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem mo- formulários administrativos, como condição para o atendi-
léstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir mento médico-hospitalar emergencial:  (Incluído pela Lei nº
o contágio: 12.653, de 2012).
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul-
ta. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Perigo para a vida ou saúde de outrem Parágrafo único.  A pena é aumentada até o dobro se da
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza
direto e iminente: grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não 12.653, de 2012).
constitui crime mais grave.

27
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Maus-tratos Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.


Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de edu- I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
cação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de diretamente a injúria;
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios injúria.
de correção ou disciplina: § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se consi-
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: derem aviltantes:
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além
§ 2º - Se resulta a morte: da pena correspondente à violência.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos re-
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é pra- ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição
ticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.   (Incluído de pessoa idosa ou portadora de deficiência:(Redação dada
pela Lei nº 8.069, de 1990) pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa.(Incluído pela
CAPÍTULO IV Lei nº 9.459, de 1997)
DA RIXA
Disposições comuns
Rixa
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumen-
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os conten-
dores: tam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de governo estrangeiro;
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a II - contra funcionário público, em razão de suas fun-
pena de detenção, de seis meses a dois anos. ções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que
CAPÍTULO V facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
DOS CRIMES CONTRA A HONRA IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por-
tadora de deficiência, exceto no caso de injúria.       (Incluí-
Calúnia do pela Lei nº 10.741, de 2003)
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga
fato definido como crime: ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Exclusão do crime
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a im- Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
putação, a propala ou divulga. I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou
Exceção da verdade científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: difamar;
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação priva- III - o conceito desfavorável emitido por funcionário pú-
da, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; blico, em apreciação ou informação que preste no cumpri-
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas mento de dever do ofício.
no nº I do art. 141; Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Retratação
Difamação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo
à sua reputação: cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Parágrafo único.  Nos casos em que o querelado tenha
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios
Exceção da verdade de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se ad- ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofen-
mite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa sa.      (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)
ao exercício de suas funções. Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode
Injúria pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela
o decoro: ofensa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente Redução a condição análoga à de escravo
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escra-
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. vo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada
Parágrafo único.  Procede-se mediante requisição do Mi- exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de tra-
nistro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 des- balho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção
te Código, e mediante representação do ofendido, no caso em razão de dívida contraída com o empregador ou prepos-
do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do to:(Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
art. 140 deste Código.       (Redação dada pela Lei nº 12.033.  Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
De 2009) pena correspondente à violência.(Redação dada pela Lei nº
10.803, de 11.12.2003)
CAPÍTULO VI § 1o Nas mesmas penas incorre quem:  (Incluído pela Lei
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL nº 10.803, de 11.12.2003)
SEÇÃO I I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por par-
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL te do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de traba-
lho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Constrangimento ilegal II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalha-
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer dor, com o fim de retê-lo no local de trabalho.(Incluído pela
outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
lei permite, ou a fazer o que ela não manda: § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é come-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. tido:(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
I – contra criança ou adolescente;  (Incluído pela Lei nº
Aumento de pena 10.803, de 11.12.2003)
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião
quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três ou origem.  (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
pessoas, ou há emprego de armas. Art. 149-A.  Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, trans-
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as corres- ferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave
pondentes à violência. ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: de:      (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti- I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;       (In-
mento do paciente ou de seu representante legal, se justifi- cluído pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)
cada por iminente perigo de vida; II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de
II - a coação exercida para impedir suicídio. escravo;       (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)
Ameaça III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;       (Incluído
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)
ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto IV - adoção ilegal; ou       (Incluído pela Lei nº 13.344, de
e grave: 2016)  (Vigência)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. V - exploração sexual.       (Incluído pela Lei nº 13.344, de
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre- 2016)  (Vigência)
sentação. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
ta.       (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)
Sequestro e cárcere privado § 1o A pena é aumentada de um terço até a metade
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante se- se:       (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)
questro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002) I - o crime for cometido por funcionário público no exer-
Pena - reclusão, de um a três anos. cício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;       (Incluído
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Re- pessoa idosa ou com deficiência;        (Incluído pela Lei nº
dação dada pela Lei nº 11.106, de 2005) 13.344, de 2016) (Vigência)
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
em casa de saúde ou hospital; domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependên-
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. cia econômica, de autoridade ou de superioridade hierár-
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) quica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função;
anos;  (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) ou       (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.  (Incluído IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território
pela Lei nº 11.106, de 2005) nacional.       (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente
natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: for primário e não integrar organização criminosa.      (Incluí-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. do pela Lei nº 13.344, de 2016)  (Vigência)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

SEÇÃO II § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano


DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO para outrem.
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função
Violação de domicílio em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astucio- Pena - detenção, de um a três anos.
samente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de § 4º - Somente se procede mediante representação, sal-
direito, em casa alheia ou em suas dependências: vo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar Correspondência comercial
ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de
duas ou mais pessoas: estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência,
correspondente à violência. ou revelar a estranho seu conteúdo:
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é come- Pena - detenção, de três meses a dois anos.
tido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com sentação.
abuso do poder.
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em SEÇÃO IV
casa alheia ou em suas dependências: DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
I - durante o dia, com observância das formalidades le- SEGREDOS
gais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum Divulgação de segredo
crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de
§ 4º - A expressão «casa» compreende: documento particular ou de correspondência confidencial,
I - qualquer compartimento habitado; de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa
II - aposento ocupado de habitação coletiva; produzir dano a outrem:
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
exerce profissão ou atividade. § 1º Somente se procede mediante representação. (Pará-
§ 5º - Não se compreendem na expressão «casa»: grafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas
coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do pará- ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos
grafo anterior; sistemas de informações ou banco de dados da Administra-
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. ção Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
SEÇÃO III ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
DOS CRIMES CONTRA A § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pú-
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA blica, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
Violação de correspondência
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de corres- Violação do segredo profissional
pondência fechada, dirigida a outrem: Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Sonegação ou destruição de correspondência Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre: Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
I - quem se apossa indevidamente de correspondência sentação.
alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega Art. 154-A.  Invadir dispositivo informático alheio, co-
ou destrói; nectado ou não à rede de computadores, mediante violação
indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter,
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização
ou telefônica expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulne-
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou rabilidades para obter vantagem ilícita:      (Incluído pela Lei
utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétri- nº 12.737, de 2012)     Vigência
ca dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
pessoas; (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)     Vigência
III - quem impede a comunicação ou a conversação refe- § 1o  Na mesma pena incorre quem produz, oferece, dis-
ridas no número anterior; tribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de compu-
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelé- tador com o intuito de permitir a prática da conduta definida
trico, sem observância de disposição legal. no caput.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)     Vigência

30
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 2o  Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da in- A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código Pe-
vasão resulta prejuízo econômico.(Incluído pela Lei nº 12.737, nal Brasileiro, é sem dúvida extensamente realizada, mas não
de 2012)     Vigência se pode perder jamais em conta, a necessidade de que no
§ 3o  Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de conceito de patrimônio esteja envolvida uma noção econô-
comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou mica, um noção de valor material econômico do bem.
industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o
controle remoto não autorizado do dispositivo invadido:(In- FURTO
cluído pela Lei nº 12.737, de 2012)     Vigência O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 do
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, Código Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair, para
se a conduta não constitui crime mais grave.(Incluído pela Lei si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, de 1
nº 12.737, de 2012)     Vigência (um) a 4 (quatro) anos, e multa”.
§ 4o  Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes pa-
dois terços se houver divulgação, comercialização ou trans- lavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para si ou
missão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informa- para outrem sem a pratica de violência ou de grave ameaça
ções obtidos.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)    Vigência ou de qualquer espécie de constrangimento físico ou moral
§ 5o  Aumenta-se a pena de um terço à metade se o à pessoa. Significa, pois o assenhoramento da coisa com fim
crime for praticado contra:(Incluído pela Lei nº 12.737, de de apoderar-se dela com ânimo definitivo.
2012)     Vigência Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso ressal-
I - Presidente da República, governadores e prefeitos;(In- tar uma divergência na doutrina: entende-se que é protegida
cluído pela Lei nº 12.737, de 2012)      Vigência diretamente a posse e indiretamente a propriedade ou, em
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;(Incluído sentido contrário, que a incriminação no caso de furto, visa
pela Lei nº 12.737, de 2012)     Vigência essencial ou principalmente a tutela da propriedade e não
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado da posse. É inegável que o dispositivo protege não só a pro-
Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Le- priedade como a posse, seja ela direta ou indireta além da
gislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou(In- própria detenção1.
cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.      (Incluí- que a vítima de furto não é necessariamente o proprietário
do pela Lei nº 12.737, de 2012)    Vigência da coisa subtraída, podendo recair a sujeição passiva sobre o
Ação penal       (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)     Vi- mero detentor ou possuidor da coisa.
gência Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não exi-
Art. 154-B.  Nos crimes definidos no art. 154-A, somente ge além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal es-
se procede mediante representação, salvo se o crime é co- pecífica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do crime,
metido contra a administração pública direta ou indireta de sendo ela física ou jurídica, titular da posse, detenção ou da
qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou propriedade.
Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
públicos.      (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)      Vigência abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor ou
proprietário.
O crime de furto pode ser praticado também através de
7 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será de
apossamento indireto, devido ao emprego de animais, caso
contrário é de apossamento direto.
Impera uma única controvérsia, tendo em vista o desen-
O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro,
volvimento da tecnologia, quanto a subtração praticada com
faz referências aos Crimes Contra o Patrimônio.
Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, o po- o auxílio da informática, se ela resultaria de furto ou crime de
derio econômico, a universalidade de direitos que tenham estelionato.
expressão econômica para a pessoa. Considera-se em ge- O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa
ral, o patrimônio como universalidade de direitos. Vale dizer em direito penal representa qualquer substância corpórea,
como uma unidade abstrata, distinta, diferente dos elemen- seja ela material ou materializável, ainda que não tangível,
tos que a compõem isoladamente considerados. suscetível de apreciação e transporte, incluindo aqui os cor-
Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito pos gasosos, os instrumentos , os títulos, etc.2.
privado, há uma noção econômica de patrimônio e, segundo O homem não pode ser objeto material de furto, confor-
a qual, ele consiste num complexo de bens, através dos quais me o fato, o agente pode responder por sequestro ou cárce-
o homem satisfaz suas necessidades. re privado, conforme artigo 148 do Código Penal Brasileiro,
Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito ou subtração de incapazes artigo 249.
civil, ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, e Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de
por isso mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos já furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, valor de
tutelados por outros ramos do direito, ele o faz com autono- troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afetivo (o que eu
mia e de um modo peculiar. acho que não tem validade jurídica penal). Já a jurisprudência

31
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

invoca o princípio da insignificância, considerando que se a Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do fur-
coisa furtada tem valor monetário irrisório, ficará eliminada a to de uso a efetiva devolução ou restituição, afirmando que
antijuridicidade do delito e, portanto, não ficará caracteriza- há furto comum se a coisa é abandonada em local distante
do o crime. ou diverso ou se não é recolocada na esfera de vigilância de
seu dono. Há ainda entendimentos que exigem que a devo-
Furto é crime material, não existindo sem que haja des- lução da coisa, além de ser feita no mesmo lugar da subtra-
falque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não perten- ção seja feita em condições de restituição da coisa em sua
ce ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa razão não integridade e aparência interna e externa, assim como era no
comete furto e sim o crime contido no artigo 346 (Subtração momento da subtração.
ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro) do Código Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e por
Penal Brasileiro, o proprietário que subtrai coisa sua que está tudo em sua aparência interna e externa à coisa subtraída.
em poder legitimo de outro3.
O crime de furto é cometido através do dolo que é a FURTO NOTURNO
vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do elemento
subjetivo do injusto também chamado de “dolo específico”, O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155:
que no crime de furto está representado pela ideia de fina- “apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado du-
lidade do agente, contida da expressão “para si ou para ou- rante o repouso noturno”7.
trem”. Independe, todavia de intuito, objetivo de lucro por É furto agravado ou qualificado o praticado durante o
parte do agente, que pode atuar por vingança, capricho, li- repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º, a razão
beralidade. da majorante está ligada ao maior perigo que está subme-
O consentimento da vítima na subtração elide o crime, já tido o bem jurídico diante da precariedade de vigilância por
que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre de- parte de seu titular.
pois da consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito penal. Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, que,
O delito de furto também pode ser praticado entre: côn- dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e a ampli-
juges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos, entre tude com que a faria, caso estivesse acordada, para que se
irmãos. configure a agravante do repouso noturno.
O direito romano não admitia, nesses casos, a ação pe- Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa, é
nal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento penal, variável, dependendo do local e dos costumes.
mas isenta de pena, como elemento de preservação da vida É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca
familiar. da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar
a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no
Para se definir o momento da consumação, existem duas sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado em lu-
posições: gar desabitado, pois evidente se praticado desta forma não
1) atinge a consumação no momento em que o objeto haveria, mesmo durante a época o momento do não repou-
material é retirado de posse e disponibilidade do sujeito pas- so, a possibilidade de vigilância que continuaria a ser tão pre-
sivo, ingressando na livre disponibilidade do autor, ainda que cária quanto este momento de repouso.
não obtenha a posse tranquila; Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para
2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por bre- nós, existe a agravante quando o furto se dá durante o tem-
ve tempo. po em que a cidade ou local repousa, o que não importa
necessariamente seja a casa habitada ou estejam seus mo-
Temos a seguinte classificação para o crime de furto: co- radores dormido. Podem até estar ausente, ou desabitado o
mum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo de lugar do furto”.
dano, material e instantâneo. A exposição de motivos como a do mestre Noronha, é a
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hipó- que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como agravan-
teses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é condi- te especial do furto a circunstância de ser o crime praticado
cionada à representação. durante o período do sossego noturno8, seja ou não habita-
O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto sim- da a casa, estejam ou não seus moradores dormindo, cabe a
ples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualificado. majoração se o delito ocorreu naquele período.
Furto em garagem de residência, também há duas po-
FURTO DE USO sições, uma em que incide a qualificadora, da qual o Pro-
fessor Damásio é partidário, e outra na qual não incide a
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usufruí- qualificadora.
-la momentaneamente, está prevista no art. 155 do Código
Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de uso e FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo
não o furto comum, é necessário que a coisa seja restituída,
devolvida, ao possuidor, proprietário ou detentor de que foi O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo 155:
subtraída, isto é, que seja reposta no lugar, para que o pro- “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa fur-
prietário exerça o poder de disposição sobre a coisa subtraí- tada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de de-
da. Fora daí a exclusão do “animus furandi” dependerá de tenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
prova plena a ser oferecida pelo agente. pena de multa”.

32
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Vale dizer que é uma forma de causa especial de dimi- É ainda qualificadora a penetração no local do furto por
nuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa causa via que normalmente não se usa para o acesso, sendo ne-
especial: cessário o emprego de meio artificial, é no caso de escalada,
- O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser que não se relaciona necessariamente com a ação de galgar
o agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão ou subir. Também deve ser comprovada por meio de perícia,
de outro crime condenação anterior transitada em julgado. assim como o rompimento de obstáculo.
- O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em flagran-
subtraída. te indica delito tentado nos casos de furto, por não chegar
A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraída, que não
dois requisitos já citados, que o agente não revele persona- ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
lidade ou antecedentes comprometedores, indicativos da Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um
existência de probabilidade, de voltar a delinquir. batedor de carteira segue uma pessoa durante vários dias.
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de deten- Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó da vítima,
ção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a envelope que julga conter dinheiro. Furtado o envelope, o
multa. batedor de carteira é apanhado. Chegando à Delegacia, ve-
O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre ener- rifica-se que o envelope estava vazio, pois, naquele dia, a ví-
gia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor econômico à tima esquecera o dinheiro em casa. O agente será responsa-
coisa móvel, também a caracterizando como crime. bilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois a ausência do
A jurisprudência considera essa modalidade de furto objeto material do delito faz do evento um crime impossível.
como crime permanente, pois o agente pratica uma só ação, O último é a qualificadora da destreza, que se dá quando
que se prolonga no tempo. a subtração se dá dissimuladamente com especial habilidade
por parte do agente, onde a ação, sem emprego de violência,
FURTO QUALIFICADO em situação em que a vítima, embora consciente e alerta, não
percebe que está tendo os bens furtados. O arrebatamento
Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º do violento ou inopinado não a configura.
art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual é comina-
da pena autônoma sensivelmente mais grave: “reclusão de 2 A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
à 8 anos seguida de multa”. Constitui chave falsa qualquer instrumento ou engenho
de que se sirva o agente para abrir fechadura e que tenha ou
São as seguintes as hipóteses de furto qualificado: não o formato de uma chave, podendo ser grampo, pedaço
Se o crime é cometido com destruição ou rompimento de arame, pinça, gancho, etc. O exame pericial da chave ou
de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da desse instrumento é indispensável para a caracterização da
destruição, isto é, fazer desaparecer em sua individualidade qualificadora.
ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou A Quarta e última hipótese é quando ocorre mediante
imóvel a apreensão e subtração da coisa. concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado nestas
A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer circunstâncias, pois isto revela uma maior periculosidade dos
momento da execução do crime e não apenas para apreen- agentes, que unem seus esforços para o crime.
são da coisa. Porém é imprescindível que seja comprovada No caso de furto cometido por quadrilha, responde por
pericialmente, nem mesmo a confissão do acusado supre a quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro seguido
falta da perícia. de furto simples, ficando excluída a qualificadora,
Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em duas
de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja in- qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir a outra
gressado na esfera do conhecimento dos participantes. como agravante comum.
A segunda hipótese é quando o crime é cometido com
abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou des- FURTO DE COISA COMUM
treza. Este crime está definido no art. 156 do Código Penal Bra-
Há abuso de confiança quando o agente se prevalece de sileiro, que diz: “Subtrair o condômino, coerdeiro, ou sócio,
qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica do para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
furto. Qualifica o crime de furto quando o agente se serve de coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2 (dois)
algum artifício para fazer a subtração. anos, ou multa”.
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a A razão da incriminação é de que o agente subtraia coisa
vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na subtra- que pertença também a outrem. Este crime constitui caso es-
ção do objeto material. O furto mediante fraude distingue-se pecial de furto, distinguindo-se dele apenas as relações exis-
do estelionato, naquele a fraude é empregada para iludir a tentes entre o agente e o lesado ou os lesados.
atenção e vigilância do ofendido, que nem percebe que a Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, copro-
coisa lhe está sendo subtraída; no estelionato, ao contrário, a prietário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é indispensável
fraude antecede o apossamento da coisa e é a causa de sua e chega a ser uma elementar do crime e por tanto é transmi-
entrega ao agente pela vítima; esta entrega a coisa iludida, tido ao partícipe estranho nos termos do artigo 29 do Código
pois a fraude motivou seu consentimento. Penal Brasileiro.

33
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Sujeito passivo será sempre o condomínio, coproprietá- Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, visto
rio, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o terceiro podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar a violên-
possuidor legítimo da coisa. cia ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos alheios a
A vontade de subtrair configura o momento subjetivo, sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão “para si Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos
ou para outrem”. duas correntes:
A pena culminada para furto de coisa comum é alterna- Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto
tiva de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou multa. ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e instan-
Dá-se ao juiz a margem para individualização da pena tendo tâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.
em vista as circunstâncias do caso concreto.
ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE
ROUBO Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasilei-
A ação penal é pública, porém depende de representa- ra primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência
ção da parte resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena
Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasileiro: num patamar superior ao fixado anteriormente, aqui reclu-
“Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, median- são de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da multa”.
te grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, É indispensável que a lesão seja causada pela violência,
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dis-
pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa”. positivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça,
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingido como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Haverá
também a integridade física ou psíquica da vítima. no caso roubo simples seguido de lesões corporais de natu-
É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato reza grave em concurso formal.
do crime é o patrimônio, e tutela-se também a integridade A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em
corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio a um terceiro.
vida do sujeito passivo. Se o agente fere gravemente a vítima mas não consegue
O Roubo também é um delito comum, podendo ser subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª parte
cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com o (tacrim SP, julgados 72:214).
sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos pas-
sivos: um que sofre a violência e o titular do direito de pro- ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO
priedade. Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta a
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa móvel morte, as mesmas considerações referentes aos crimes quali-
alheia, mas faça-se necessário que o agente se utilize de vio- ficados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
lência, lesões corporais, ou vias de fato, como grave ameaça O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em
ou de qualquer outro meio que produza a possibilidade de conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição Federal
resistência do sujeito passivo. Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
A vontade de subtrair com emprego de violência, gra- Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento
ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito de morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o cha- violência para roubar e que dela resulte a morte para que se
mado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou para tenha caracterizado o delito.
outrem, é que se dá a subtração. É indiferente, porém, que a violência tenha sido exercida
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a im-
definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na mes- punidade do crime ou a detenção da coisa subtraída.
ma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, em- Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa di-
prega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de as- versa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá
segurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para no entanto um só crime com dois sujeitos passivos.
si ou para terceiro”. Nesse caso a violência ou a grave ameaça A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva subtra-
ocorre após a consumação da subtração, visando o agente ção e a morte da vítima, embora no latrocínio haja morte da
assegurar a posse da coisa subtraída ou a impunidade do vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz singu-
crime. lar e não do Tribunal do Júri, essa é a posição válida,
A violência posterior ou roubo para assegurar a sua im- Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
punidade, deve ser imediato para caracterização do roubo multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.
impróprio. Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de metade
A consumação do roubo impróprio ocorre com a violên- quando a vítima se encontra nas condições do artigo 224 do
cia ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, não Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”.
se consumando esta, tem se entendido que o agente deverá
ser responsabilizado por tentativa de furto em concurso com EXTORSÃO
o crime de lesões corporais. O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento
Consuma-se no momento em que o agente retira o ob- e no local em que ocorre o constrangimento para que se faça
jeto material da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº 96 do Superior
que não haja a posse tranquila. Tribunal de Justiça.

34
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159)
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da ex-
indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou torsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma (in-
deixar fazer alguma coisa: clusive econômica). Trata-se de crime hediondo em todas as
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. suas modalidades, havendo privação da liberdade da vítima
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, para se obter a vantagem. É crime complexo, resultante da
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço extorsão + sequestro ou cárcere privado (é o que diz a dou-
até metade. trina, mas eu não concordo, visto que a extorsão exige finali-
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dade de obter vantagem econômica indevida).
disposto no § 3º do artigo anterior. Se o sequestro for para obtenção de qualquer vantagem
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liber- devida, haverá o crime de exercício arbitrário das próprias
dade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção razões em concurso material com o sequestro ou cárcere pri-
da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 vado.
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor econô-
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) mico. Isso se depreende da interpretação sistêmica do tipo,
É um crime comum, formal ou material, de forma livre, que está inserido no Título II, relativo aos crimes contra o
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, dolo- patrimônio.
so, de dano, complexo e admite tentativa. Não influi na caracterização do crime o fato de a vítima
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, coa- ser transportada para algum lugar ou ser retida em sua pró-
gir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão corporal) pria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como condição
ou grave ameaça (moral: intimidação idônea explicita ou ex- ou preço do resgate.
plicita que incute medo no ofendido) com o objetivo de obter Sujeito passivo
para si ou para outrem indevida (injusta, ilícita) vantagem eco- Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, que
nômica (qualquer vantagem seja de coisa móvel ou imóvel). pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para que seja
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito passivo de
econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a van- acordo com a pessoa que terá o patrimônio lesado.
tagem for devida. Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for dife-
rente daquela que terá seu patrimônio diminuído, haverá
Tipo subjetivo apenas um crime, não obstante existirem duas vítimas.
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído Consumação e tentativa
pela vontade livre e consciente de constranger alguém me- Ocorre a consumação quando o agente pratica a con-
diante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o segundo duta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o sequestro
exige o elemento subjetivo do tipo específico na expressão privando a vítima da liberdade por tempo juridicamente re-
“com intuito de”. levante, ainda que não aufira a vantagem qualquer e ainda
que nem tenha sido pedido o resgate. Logo, o crime é formal.
Consumação “A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal de consumação antecipada, opera-se com a simples privação
ou material. Para os que o consideram formal, a consumação da liberdade de locomoção da vítima, por tempo juridica-
ocorre independentemente do resultado. Basta ser idôneo ao mente relevante. Ainda que o sequestrado não tenha sido
constrangimento imposto à vítima, sendo irrelevante a enfei- conduzido ao local de destino, o crime está consumado” (MI-
tava obtenção da vantagem econômica indevida. RABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. 6ª edição.
O comportamento da vítima nesse caso é fundamental São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476).
para a consumação do delito. É a indispensabilidade da con- Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução do
duta do sujeito passivo para a consumação do crime, se o crime requer um iter criminis desdobrado em vários atos. Po-
constrangimento for sério, idôneo o suficiente para ensejar a rém, difícil de se configurar. Hipótese seria aquela em que
ação ou omissão da vítima em detrimento do seu patrimônio, os agentes são flagrados logo após colocarem a vítima no
perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP. carro, pois aí não teriam privado sua liberdade por tempo
Da outra parte, se entendido como crime material, a con- juridicamente relevante.
sumação se dará com obtenção de indevida vantagem eco-
nômica. Seguimos esse entendimento, para nós o crime de EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA
extorsão é material consumando-se com a efetiva obtenção Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é me-
indevida vantagem econômica. nor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometido por
bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12 a 20 anos.
Tentativa Quanto maior o tempo em que a vítima estiver em poder do
Admite-se quer considerando o crime formal ou material. criminoso, maior será o dano à saúde e integridade física.
Surge quando a vítima mesmo constrangida, mediante violên- Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, en-
cia ou grave ameaça, não realiza a condita por circunstâncias tende-se como a reunião permanente de mais de três pes-
alheias à vontade do agente. A vítima, então não se intimida, soas para cometer e não uma reunião ocasional para come-
vence o medo e denuncia o fato a polícia. ter o sequestro.

35
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO financeiro. Necessário para a configuração do delito que o
CORPORAL GRAVE. documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena público ou particular, se preste a instauração de inquérito po-
será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a pena licial contra o ofendido. Não se exige a instauração do pro-
será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a cedimento criminal, basta que o documento em poder do
diferença deste delito com o de roubo qualificado pelo resul- credor seja potencialmente apto a iniciar o processo.
tado. No art. 157 do CP a lei diz: “se da violência resultar lesão
grave ou morte”; logo, num roubo em que vítima cardíaca Consumação
diante de uma ameaça vem a falecer, haverá roubo em con- Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre
curso material com homicídio e não latrocínio. O tipo exige o com a simples exigência do documento pelo extorcionário.
emprego da violência. Na extorsão mediante sequestro a lei A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime
menciona: “se dos ato resultar lesão grave ou morte”, pouco material, a consumação ocorre com o efetivo recebimento
importando para qualificar o delito que a lesão grave seja do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima.
culposa ou dolosa.. Evidentemente, se a lesão grave ou morte
resultar de caso fortuito ou força maior, o resultado agrava-
Tentativa
dos não poderá ser imputado ao agente.
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua
configuração, embora uma parcela da doutrina a admita com
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA
Entendemos que os institutos possuem objetividades o sovado exemplo, também oferecido nos crimes contra a
jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante honra, de a exigência ser reduzida por escrito, mas não che-
sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e gar ao conhecimento do ofendido. Na de receber, no en-
a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana, consubs- tanto, é perfeitamente possível, podendo o iter criminis ser
tanciada na integridade física e mental. Cm efeito, a nosso, interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente.
juízo, nada impede o reconhecimento do concurso material
de infrações. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.

DELAÇÃO PREMIADA TÍTULO II


O benefício somente se aplica quando o crime for come- DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
tido em concurso de pessoas, devendo o acusado fornecer CAPÍTULO I
às autoridades elementos capazes de facilitar a resolução do DO FURTO
crime. Causa obrigatória de diminuição de pena se preenchi-
dos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo 4º do art. 159, Furto
qual seja, denúncia à autoridade (juiz, delegado ou promo-
tor) feita por um dos concorrentes, e esta facilitar a libertação Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
da vítima. Faz-se mister salientar que, se não houver a liber- móvel:
tação do sequestrado, mesmo havendo delação do coautor, Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
não haverá diminuição de pena. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é pra-
Não se confunde com a confissão espontânea, pois nes- ticado durante o repouso noturno.
ta o agente garante confessa sua participação no crime, sem § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
incriminar outrem. coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar so-
EXTORSÃO INDIRETA mente a pena de multa.
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu-
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
sando da situação de alguém, documento que pode dar cau-
qualquer outra que tenha valor econômico.
sa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Furto qualificado
Classificação doutrinária § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa,
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material se o crime é cometido:
(receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, unis- I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
subjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente (rece- tração da coisa;
ber) e admite tentativa. II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca-
A conduta recai sobre o documento que pode dar causa lada ou destreza;
a um procedimento criminal contra o devedor, como a con- III - com emprego de chave falsa;
fissão de um crime, a falsificação de um título de crédito, uma IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
duplicata fria etc. § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar) subtração for de veículo automotor que venha a ser trans-
ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a portado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela
procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar Lei nº 9.426, de 1996)
da situação daquele que necessita urgentemente de auxílio

36
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Furto de coisa comum Pena - reclusão, de oito a quinze anos.


§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de
para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou
coisa comum: quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra-
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungí- ve: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
vel, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
CAPÍTULO II Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concor-
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou rente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibi- do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
lidade de resistência: (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de Extorsão indireta
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida,
ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a de- abusando da situação de alguém, documento que pode dar
tenção da coisa para si ou para terceiro. causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra ter-
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: ceiro:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; CAPÍTULO III
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores DA USURPAÇÃO
e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a Alteração de limites
ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qual-
gindo sua liberdade.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é quer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-
de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta -se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem:
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou Usurpação de águas
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou- I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se águas alheias;
faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Esbulho possessório
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça,
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
até metade. edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na
o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de pena a esta cominada.
25.7.90 § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liber-
de violência, somente se procede mediante queixa.
dade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção
da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a
12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave Supressão ou alteração de marca em animais
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e
3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado
ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Extorsão mediante sequestro
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90.

37
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

CAPÍTULO IV Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº


DO DANO 9.983, de 2000)
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
Dano contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Dano qualificado (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único - Se o crime é cometido: § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluí-
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; do pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
se o fato não constitui crime mais grave portância destinada à previdência social que tenha sido des-
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, contada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou
empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
de economia mista;
II – recolher contribuições devidas à previdência social
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
que tenham integrado despesas contábeis ou custos relati-
para a vítima:
vos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além
da pena correspondente à violência. III - pagar benefício devido a segurado, quando as res-
pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à
Introdução ou abandono de animais em propriedade empresa pela previdência social.
alheia § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade mente, declara, confessa e efetua o pagamento das contri-
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o buições, importâncias ou valores e presta as informações
fato resulte prejuízo: devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli-
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou his- car somente a de multa se o agente for primário e de bons
tórico antecedentes, desde que:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição so-
pela autoridade competente em virtude de valor artístico, ar- cial previdenciária, inclusive acessórios; ou
queológico ou histórico: II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessó-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. rios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdên-
cia social, administrativamente, como sendo o mínimo para
Alteração de local especialmente protegido o ajuizamento de suas execuções fiscais.
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competen-
te, o aspecto de local especialmente protegido por lei: Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. força da natureza
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao
Ação penal seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu pa- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
rágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
CAPÍTULO V
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprie-
Apropriação indébita tário do prédio;
Apropriação de coisa achada
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
tem a posse ou a detenção: total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade compe-
tente, dentro no prazo de quinze dias.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agen- Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se
te recebeu a coisa: o disposto no art. 155, § 2º.
I - em depósito necessário;
II -na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

38
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

CAPÍTULO VI Abuso de incapazes


DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alie-
Estelionato nação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, em prejuízo próprio ou de terceiro:
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui-
nhentos mil réis a dez contos de réis. Induzimento à especulação
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de
art. 155, § 2º. outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à es-
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: peculação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo
saber que a operação é ruinosa:
Disposição de coisa alheia como própria Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
em garantia coisa alheia como própria; Fraude no comércio
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garan- adquirente ou consumidor:
tia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamen- falsificada ou deteriorada;
to em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circuns- II - entregando uma mercadoria por outra:
tâncias; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Defraudação de penhor § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a quali-
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo dade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pe-
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando dra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender
tem a posse do objeto empenhado; pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de
Fraude na entrega de coisa ou outra qualidade:
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
coisa que deve entregar a alguém; § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
Fraude para recebimento de indenização ou valor de
seguro Outras fraudes
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró- Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conse- hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de re-
quências da lesão ou doença, com o intuito de haver indeni- cursos para efetuar o pagamento:
zação ou valor de seguro; Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
Fraude no pagamento por meio de cheque
sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em
aplicar a pena.
poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
Fraudes e abusos na fundação ou administração de so-
cometido em detrimento de entidade de direito público ou
ciedade por ações
de instituto de economia popular, assistência social ou be-
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações,
neficência.
fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à
Estelionato contra idoso assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da socieda-
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido de, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015) Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
Duplicata simulada não constitui crime contra a economia popular.
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui
não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou crime contra a economia popular:
qualidade, ou ao serviço prestado. I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações,
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunica-
ção ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulenta-
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro mente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. De 1968) II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títu-
los da sociedade;

39
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à so- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
ciedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ambas as penas.
ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembleia geral; § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
lei o permite; pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédi- de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto
to social, aceita em penhor ou em caução ações da própria no § 2º do art. 155.
sociedade; § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimô-
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em nio da União, Estado, Município, empresa concessionária de
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lu- serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena
cros ou dividendos fictícios; prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação CAPÍTULO VIII
de conta ou parecer; DISPOSIÇÕES GERAIS
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos menciona- crimes previstos neste título, em prejuízo:
dos nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de as-
sembleia geral. Art. 182 - Somente se procede mediante representação,
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
“warrant” I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
em desacordo com disposição legal:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos an-
teriores:
Fraude à execução
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des-
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pes-
truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
soa;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. II - ao estranho que participa do crime.
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade
igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
CAPÍTULO VII
DA RECEPTAÇÃO

Receptação 8 CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA.


Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a Crimes Contra a Fé Pública
adquira, receba ou oculte: Os crimes contra a fé pública são crimes de perigo abs-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. trato, porque neles o tipo não faz referência ao perigo. Assim,
Receptação qualificada. há de se questionar, por exemplo, o seguinte: alguém falsi-
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter ficou uma cédula, mas é uma cédula de três reais, existiu o
em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à crime de falso de moeda?
venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou Poderia se levar a pensar que sim, o legislador não fala
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que a moeda tenha que ser essencialmente correspondente
que deve saber ser produto de crime: a uma que exista. Mas a resposta seria não, inclusive a súmula
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. 73 do STJ nos auxiliaria a dizer isto. A súmula 73 diz assim: o
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do papel moeda grosseiramente falsificado não configura crime
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou de moeda falsa, mas sim estelionato em tese, de competên-
clandestino, inclusive o exercício em residência. cia da JE. Qual o raciocínio que se emprega?
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou Malgrado seja um crime de perigo abstrato, a condu-
pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição ta praticada não dispensa a idoneidade para a demons-
de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio crimi- tração da possibilidade de o perigo acontecer. As condu-
noso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) tas têm que ter idoneidade suficiente a produzir perigo, o

40
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

que não significa dizer que o perigo seja exigido, são coisas O Dolo é muito difícil de se comprovar nesses crimes,
diversas. Há como descaracterizar a idoneidade em termos pois o agente sempre nega a autoria, alegando que desco-
abstratos, e não concretos, como seria o caso. Uma cédula nhecia a falsidade. O juiz, por sua vez, deve se atentar para as
de três reais pode expor a risco a fé pública? Não, nem em máximas da experiência, para o modus operandi do agente, a
abstrato. fim de captar a prática do crime. É o que ocorre, por exemplo,
quando o agente utiliza a moeda na calada da noite, com
Moeda Falsa (art. 289) pessoas humildes, quando já tenha tentado trocar a moeda
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda anteriormente etc. Baltazar sugere que se atente para os se-
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no es- guintes dados:
trangeiro: Quantidade de cédulas encontradas com o agente;
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. Modo de introdução em circulação;
A fabricação é ação conhecida como contrafação; nela, Existência de outras cédulas de menor valor em poder
se insere materialmente o objeto em circulação. Já a altera- do agente;
ção pressupõe a existência de um suporte, o qual o agente Verossimilhança da versão do réu para a origem das cé-
modifica de alguma forma, geralmente para que valha mais. dulas;
O bem jurídico protegido é a fé pública, ou seja, a segu- Grau de instrução do agente;
rança da sociedade em relação à moeda, ao meio circulante Local onde guarda as cédulas.
e à circulação monetária. Trata-se de crime formal e de perigo abstrato, sendo irre-
Moeda de curso legal é aquela de recebimento obriga- levantes, para a consumação, a obtenção da vantagem inde-
tório, por força de lei, que não pode ser recusada no comér- vida para o agente ou de prejuízo para terceiros.
cio. Ela pode se referir tanto a moeda metálica quanto ao
papel-moeda. Se o aceite de outra moeda for meramente Concurso de Crimes
convencional, não restará caracterizado o crime (pode haver, Se o agente introduz em circulação várias cédulas ou
em tese, o estelionato). moedas, no mesmo contexto, há crime único.
Se ele introduz moedas em locais próximos, num mes-
O crime se consuma com a simples contrafação ou al- mo contexto, há entendimento de ser crime único e crime
teração, sendo indiferente se houve ou não a efetiva intro- continuado.
dução das moedas falsificadas em circulação; tampouco se Se o agente obtém vantagem econômica indevida, O ES-
exige dano a terceiro. TELIONATO É ABSORVIDO PELO DELITO DE MOEDA FALSA,
A ação penal é pública incondicionada, de competência por aplicação do princípio da consunção ou da especialidade.
da Justiça Federal. Como o crime deixa vestígios, exige-se
prova pericial. Competência
É da Justiça Federal, já que afeta a fé pública da União,
Não se admite, predominantemente, a aplicação do ainda que tenha por objeto moeda estrangeira.
princípio da insignificância, sendo irrelevante o número de A competência para processar e julgar esses crimes de
cédulas, seu valor ou o número de pessoas eventualmente moeda falsa é da JF, desde que haja idoneidade, desde que
lesadas. se trate de crime de moeda falsa.
Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de Se não houver idoneidade haverá o falso inócuo. A figu-
moeda falsa, pois se trata de delito contra a fé pública, logo ra do falso inócuo, então, é aquela em que a falsificação exis-
não há que falar em desinteresse estatal à sua repressão tiu, mas com as características dela não se apresenta capaz a
iludir um número indeterminado de agentes.
Circulação de Moeda Falsa (art. 289, § 1º)
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria Forma Privilegiada (art. 289, § 2º)
ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadei-
empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. ra, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de
Nesse caso, não se exige que a moeda falsa seja a de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses
curso legal no país, podendo ser moeda estrangeira. a dois anos, e multa.
O autor pode ser qualquer pessoa, menos o autor da Adquirir a moeda falsa sem ter conhecimento do vício
falsificação. É um tipo subsidiário, podendo o agente res- não é crime. Entretanto, o é o fato de colocar novamente em
ponder por uma destas condutas caso não seja determinada circulação após conhecer da falsidade.
a autoria da falsificação. Esse crime somente se consuma com a reintrodução da
O tipo se caracteriza por ser misto alternativo. Eviden- moeda à circulação. Logo, é material, admitindo a tentativa.
temente que se o agente falsifica a moeda e a faz circular,
responderá por um só crime, já que a circulação é mero exau- Forma Qualificada (art. 289, § 3º)
rimento. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
O agente precisa ter conhecimento da falsidade. Se ele multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de
recebe a moeda e a faz circular sem saber, não responde pelo banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação
crime. ou emissão:

41
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado Falsidade de Documento e Sonegação Fiscal
em lei; Nos crimes de sonegação fiscal há causas extintivas de
II - de papel-moeda em quantidade superior à autori- punibilidade, assim como também há o entendimento do
zada. STF no sentido de que eles são sujeitos a uma condição ob-
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circu- jetiva de punibilidade, que significa o esgotamento da via
lar moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. administrativa.
Falsificação de Documento Público (art. 297) Falsificação de Documento Particular (art. 298)
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento pú-
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
blico, ou alterar documento público verdadeiro:
particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
São requisitos da falsificação: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Que ela seja idônea: é a falsificação apta a iludir, capaz O conceito de documento particular é dado por exclu-
de enganar qualquer pessoa normal; para a jurisprudência, são. Particular é todo documento que não é público. São
a falsificação grosseira não constitui crime, pois não é capaz exemplos:
de enganar as pessoas em geral. Poderia ser, no máximo, es- Cheque devolvido pelo banco: é documento particular,
telionato; pois após devolvido o cheque, não mais poderá ser trans-
Que tenha capacidade de causar prejuízo a alguém: mitido por endosso.
Disquete, cd, xerox etc. Não são documentos. Documen- Documento endereçado à autoridade pública: não é do-
to é toda peça escrita que condensa o pensamento de al- cumento público, já que não foi feito por autoridade pública.
guém, capaz de provar um fato ou a realização de um ato de
relevância jurídica. Falsidade Ideológica (art. 299)
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular,
Requisitos do Documento Público declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
Deve ser elaborado por agente público; inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
O agente público deve estar no exercício da função, ten- com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar
do atribuição para tanto; a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Deve obedecer às formalidades legais exigidas para a va-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o docu-
lidade do documento.
mento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o
Pode um documento estrangeiro ser considerado pú-
documento é particular.
blico? Sim, desde que seja considerado público no país de
origem e que satisfaça os requisitos de validade previstos no Trata-se de um crime formal, bastando a possibilidade de
ordenamento brasileiro. dano para ser punível.
A falsidade ideológica é voltada para a declaração que
Documentos Públicos por Equiparação (art. 297, § 2º) compõe o documento, para o conteúdo do que se quer fal-
Trata-se de documentos particulares que, pela sua im- sificar. Nela, o documento é formalmente perfeito e falso
portância, foram equiparados pela lei a documento público. seu conteúdo intelectual. O agente declara e faz constar no
São eles: documento algo que sabe não ser verdadeiro.
Documentos emitidos por entidade paraestatal; Na falsidade material o vício incide sobre a parte exte-
Título ao portador ou transmissível por endosso; rior do documento, recaindo sobre o elemento físico do pa-
Livros mercantis; pel escrito e verdadeiro. O sujeito modifica as características
Testamento particular. originais do objeto material por meio de rasuras, borrões,
emendas, substituição de palavras ou letras, números, etc.
Consumação e Tentativa Na falsidade ideológica (ou pessoa) o vício incide sobre as
A consumação ocorre quando realizada a falsificação ou declarações que o objeto material deveria possuir, sobre o
alteração. É um crime formal, bastando o resultado jurídico, conteúdo das ideias. Inexistem rasuras, emendas, omissões
sendo perfeitamente possível a tentativa.
ou acréscimos. O documento, sob o aspecto material é ver-
dadeiro; falsa é a ideia que ele contém. Daí também chamar-
Concurso de Crimes
-se ideal
Falsificação de documento público e estelionato: para o
STF, ambos os crimes coexistiriam, mas em concurso formal.
Para o STJ: Requisitos para a Configuração, Conforme Jurispru-
Falsificação e uso de documento falso (art. 304): o uso dência
será absorvido, já que é mero pós fato impunível. Isso, entre- Que a declaração tenha valor por si mesma: se a declara-
tanto, se o falsário for a mesma pessoa que usa o documento ção tiver de ser investigada pela autoridade pública, não há
crime (v.g., declaração de pobreza falsa). Nesse sentido:
Causas de Aumento de Pena (art. 297, 13º) Que a declaração faça parte do objeto do documento:
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o cri- as declarações irrelevantes, como o endereço da testemunha
me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta num contrato, não caracterizam o crime
parte.

42
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Casuísticas Falsa Identidade e Autodefesa


Se alguém pega a assinatura de um amigo em uma folha Para concursos de Defensoria Pública, o preso em fla-
em branco e preenche como confissão de dívida, pratica o grante ou interrogado em juízo que se dá outro nome para
crime de falsidade ideológica; se eximir da condenação simplesmente exerce a autodefesa,
Pegar uma folha e falsificar a assinatura de outrem é fal- em seu sentido mais amplo, aplicando-se o brocardo nemo
sidade material; tenetur se detegere.
Se, em um B.O., o escrivão inserir fatos que não foram Para o MP, evidentemente que não se trata de autodefe-
narrados, haverá falsidade ideológica; sa, já que a conduta do agente é comissiva, tentando enga-
A cópia sem autenticação não pode ser considerada do- nar a autoridade pública, se afastando em muito do simples
cumento para fins penais. direito à não autoincriminação
Elemento Subjetivo, Consumação e Tentativa
O crime exige o especial fim de prejudicar direito ou criar
obrigação, ou ainda, alterar a verdade sobre fato juridicamen-
te relevante. 9 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
Na MODALIDADE OMISSIVA, consuma-se com a omissão PÚBLICA.
e não cabe tentativa.
Na comissiva, ocorre quando o agente insere ou faz ter-
ceiro inserir, sendo a tentativa perfeitamente possível.
O capítulo i do título xi do código penal trata dos crimes
Causa de Aumento de Pena funcionais, praticados por determinado grupo de pessoas no
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e exercício de sua função, associado ou não com pessoa alheia
comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação aos quadros administrativos, prejudicando o correto funcio-
ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se namento dos órgãos do estado.
a pena de sexta parte. A administração pública deste modo, em geral direta, in-
direta e empresas privadas prestadoras de serviços públicos,
Uso de Documento Falso (art. 304) contratadas ou conveniadas será vítima primária e constante,
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados podendo, secundariamente, figurar no polo passivo eventual
ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: administrado prejudicado.
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
O agente, representante de um poder estatal, tem por
Trata-se de crime com preceito penal secundário reme-
função principal cumprir regularmente seus deveres, confia-
tido.
Fazer uso é utilizar documento falso como se verdadeiro dos pelo povo. A traição funcional faz com que todos tenha-
fosse. O uso deve ser efetivo, não bastando mencionar que mos interesse na sua punição, até porque, de certa forma, so-
possui o documento. Se o agente falsifica e usa documento, mos afetados por elas. Dentro desse espírito, mesmo quando
há simplesmente progressão criminosa, e o uso se torna um praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da soberania
post factum impunível. nacional, o delito funcional será alcançado, obrigatoriamen-
Não haverá o crime se o documento for encontrado pela te, pela lei penal.
autoridade em revista pessoal do agente; se o documento é Não bastasse, a lei 10.763, de 12 de novembro de 2003,
apresentado mediante solicitação ou exigência da autoridade condicionou a progressão de regime prisional nos crimes
policial, há controvérsia. contra a administração pública à prévia reparação do dano
causado, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com
Competência os acréscimos legais.
Se o documento utilizado for passaporte, a competência A lei em comento não impede a progressão aos crimes
será da Justiça Federal do lugar onde apresentado: funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição ob-
jetiva, de cumprimento obrigatório para que o reeducando
Falsa Identidade (art. 307) conquiste o referido benefício.
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade
para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para
Crimes funcionais
causar dano a outrem:
Espécies
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o
fato não constitui elemento de crime mais grave. Os delitos funcionais são divididos em duas espécies:
Trata-se de um delito formal e expressamente subsidiário. próprios e impróprios.
Identidade se refere às características que uma pessoa Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de funcio-
possui capazes de a individualizarem na sociedade. Está liga- nário público ao autor, o fato passa a ser tratado como um
da intimamente à noção de estado civil. tipo penal descrito.
A falsidade tem de ser idônea e deve haver relevância ju- Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de servi-
rídica na imputação falsa, capacidade de causar dano. dor publico, desaparece também o crime funcional, desclas-
O silêncio não pode configurar falsa identidade, já que o sificando a conduta para outro delito, de natureza diversa.
crime é comissivo.

43
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Conceito de funcionário público para efeitos penais que tem a chave de todas as salas da escola, aproveita-se da
sua função e facilidade e subtrai algo que não estava sob sua
art. 327. Considera-se funcionário público, para os efei- posse, tem-se o peculato furto.
tos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remune-
ração, exerce cargo, emprego ou função pública. Peculato culposo
§ 1º equipara-se a funcionário público quem exerce aproveitando o exemplo da escola, neste caso o diretor
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem esquece a porta aberta e alguém entra no colégio e subtrai
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou um bem. A consumação se dá no momento em que o 3o
conveniada para a execução de atividade típica da adminis- subtrai a coisa. Não admite-se a tentativa.
tração pública.
§ 2º a pena será aumentada da terça parte quando os Peculato mediante erro de outrem
autores dos crimes previstos neste capítulo forem ocupan- art. 313 c.p., o seu objeto jurídico é a probidade admi-
tes de cargos em comissão ou de função de direção ou as- nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passivo:
sessoramento de órgão da administração direta, sociedade estado e o particular lesado. A modalidade de peculato me-
de economia mista, empresa pública ou fundação instituída diante erro de outrem, é um peculato estelionato, onde a
pelo poder público. pessoa é induzida a erro. Ex: um fiscal vai aplicar uma multa
Contudo, ao considerar o que seja funcionário público a um determinado contribuinte e esse contribuinte paga o
para fins penais, nosso código penal nos dá um conceito uni- valor direto a esse fiscal, que embolsa o dinheiro. Só que
tário, sem atender aos ensinamentos do direito administrati- na verdade nunca existiu multa alguma e esse dinheiro não
vo, tomando a expressão no sentido amplo. tinha como destino os cofres públicos e sim o favorecimento
Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se fun- pessoal do agente. É um crime doloso e sua consumação
cionário público não apenas o servidor legalmente investido se dá quando ele passa a ser o titular da coisa. Admite-se a
em cargo público, mas também o que servidor publico efeti- tentativa.
vo ou temporário. Concussão
Tipos penais contra administração pública art. 316 c.p., é uma espécie de extorsão praticada pelo
servidor público com abuso de autoridade. O objeto jurídico
O crime de peculato, peculato apropriação, peculato
é a probidade da administração pública. Sujeito ativo: crime
desvio, peculato furto, peculato culposo, peculato median-
próprio praticado pelo servidor e o seu jeito passivo é o es-
te erro de outrem, concussão, excesso de exação, corrupção
tado e a pessoa lesada. A conduta é exigir. Trata-se de crime
passiva e prevaricação, são os crimes tipificado com pratica-
formal pois consuma-se com a exigência, se houver entrega
dos por agentes públicos.
de valor há exaurimento do crime e a vítima não responde
Peculato
por corrupção ativa porque foi obrigada a agir dessa ma-
neira.
Previsto no artigo 312 do c.p., a objetividade jurídica do
peculato é a probidade da administração pública. É um crime
próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcionário públi- Excesso de exação
co e o sujeito passivo o estado e em alguns casos o particular.
Admite-se a participação. a exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe
aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres
Peculato apropriação públicos, porém o funcionário se apropria do valor.

é uma apropriação indébita e o objeto pode ser dinhei- Corrupção passiva


ro, valor ou bem móvel. É de extrema importância que o
funcionário tenha a posse da coisa em razão do seu cargo. art. 317 c.p., o objeto jurídico é a probidade administra-
Consumação: se dá no momento da apropriação, em que ele tiva. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o estado
passa a agir como o titular da coisa apropriada. Admite-se a e apenas na conduta solicitar é que a vítima será, além do
tentativa. estado a pessoa ao qual foi solicitada.

Peculato desvio Condutas: solicitar, receber e aceitar promessa, aumen-


O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui o ta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de praticar
sujeito ativo além do servidor pode tem participação de uma atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no caso de privi-
3a pessoa. Consumação: no momento do desvio e admite-se legiado, onde cede ao pedido ou influência de 3a pessoa. Só
a tentativa. se consuma pela prática do ato do servidor público.

Peculato furto Prevaricação


Previsto no art. 312 cp., aqui o funcionário público não
detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão da fa- art. 319 c.p., aqui também tutela-se a probidade ad-
cilidade de ser servidor público. Ex: diretor de escola pública ministrativa. É um crime próprio, cometido por funcionário

44
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

público e a vítima é o estado. A conduta é: retardar ou deixar V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);                    (Re-
de praticar ato de ofício. O crime consuma-se com o retar- dação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
damento ou a omissão, é doloso e o objetivo do agente é VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o,
buscar satisfação ou vantagem pessoal. 3  e 4o);                     (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
o

Os crimes contra a administração pública é demasiada- VII - epidemia com resultado morte (art. 267, §
mente prejudicial, pois refletem e afetam a todos os cidadãos 1o).                      (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
dependentes do serviço publico, colocando em crédito e a VII-A – (VETADO)                      (Inciso incluído pela Lei nº
prova a credibilidade das instituições públicas, para apenas 9.695, de 1998)
satisfazer o egoísmo e egocentrismo desses agentes corrup-
tos. VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração
tais mecanismos de combate devem ser aplicas com de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art.
rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do serviço 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei
publico, tenham suas praticas de errôneas coibidas e extintas, no 9.677, de 2 de julho de 1998).             (Inciso incluído pela
podem assim fortalecer as instituições publica e valorizar os Lei nº 9.695, de 1998)
servidores. VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerá-
vel (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).                       (Incluído pela
Lei nº 12.978, de 2014)
10 LEI Nº 8.072/1990 (DELITOS HEDIONDOS). Parágrafo único.  Consideram-se também hediondos
11 DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei
APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL. no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da
Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados
LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. ou consumados.                  (Redação dada pela Lei nº 13.497,
de 2017)
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfi-
5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras co ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são
providências. insuscetíveis de:                 (Vide Súmula Vinculante)
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança.                        (Redação dada pela Lei nº 11.464,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- de 2007)
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: § 1o  A pena por crime previsto neste artigo será cumpri-
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes cri- da inicialmente em regime fechado.                   (Redação dada
mes, todos tipificados no  Decreto-Lei no 2.848, de 7 de pela Lei nº 11.464, de 2007)
dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tenta- § 2o  A progressão de regime, no caso dos condenados
dos:                   (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994)  (Vide aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumpri-
Lei nº 7.210, de 1984) mento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for pri-
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade mário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um pela Lei nº 11.464, de 2007)
só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, § 3o  Em caso de sentença condenatória, o juiz decidi-
III, IV, V, VI e VII);                  (Redação dada pela Lei nº 13.142, rá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberda-
de 2015) de.                    (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. § 4o  A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei
129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), n  7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos
o
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito
neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
igual período em caso de extrema e comprovada necessida-
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
de.                    (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas
grau, em razão dessa condição;                  (Incluído pela Lei
impostas a condenados de alta periculosidade, cuja perma-
nº 13.142, de 2015)
nência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);                (Inciso incluído
incolumidade pública.
pela Lei nº 8.930, de 1994)
Art. 4º (Vetado).
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, §
2o);                  (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada inciso:
(art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);                    (Inciso incluído pela “Art. 83. ..............................................................
Lei nº 8.930, de 1994) ........................................................................

45
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são
condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfi- acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta
co ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóte-
o apenado não for reincidente específico em crimes dessa ses referidas no art. 224 também do Código Penal.
natureza.” Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de
Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a
3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e seguinte redação:
270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com a “Art. 35. ................................................................
seguinte redação: Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capí-
“Art. 157. ............................................................. tulo serão contados em dobro quando se tratar dos crimes
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é previstos nos arts. 12, 13 e 14.”
de reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta Art. 11. (Vetado).
morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
multa. Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
........................................................................ Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e
Art. 159. ............................................................... 102º da República.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º ................................................................. FERNANDO COLLOR 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. Bernardo Cabral
§ 2º .................................................................
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.7.1990
§ 3º .................................................................
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
........................................................................
Art. 213. ...............................................................
Pena - reclusão, de seis a dez anos.
Art. 214. ...............................................................
Pena - reclusão, de seis a dez anos.
........................................................................
Art. 223. ...............................................................
Pena - reclusão, de oito a doze anos.
Parágrafo único. ........................................................
Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
........................................................................
Art. 267. ...............................................................
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
........................................................................
Art. 270. ...............................................................
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
.......................................................................”
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o se-
guinte parágrafo:
“Art. 159. ..............................................................
........................................................................
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-
-autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação
do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.»
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena pre-
vista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes
hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins ou terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que de-
nunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois
terços.
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes ca-
pitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§
1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223,
caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art.

46
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

1 Inquérito policial. ................................................................................................................................................................................................. 01


1.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor proba-
tório, formas de instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento, garantias
do investigado; conclusão, prazos. ............................................................................................................................................................. 01
2 Prova. ........................................................................................................................................................................................................................ 04
2.1 Exame do corpo de delito e perícias em geral. ............................................................................................................................... 04
2.2 Interrogatório do acusado. ..................................................................................................................................................................... 04
2.3 Confissão. ....................................................................................................................................................................................................... 04
2.4 Qualificação e oitiva do ofendido. ....................................................................................................................................................... 04
2.5 Testemunhas. ................................................................................................................................................................................................ 04
2.6 Reconhecimento de pessoas e coisas. ............................................................................................................................................... 04
2.7 Acareação. ..................................................................................................................................................................................................... 04
2.8 Documentos de prova. ............................................................................................................................................................................. 04
2.9 Indícios. ........................................................................................................................................................................................................... 04
2.10 Busca e apreensão. .................................................................................................................................................................................. 04
3 Restrição de liberdade. ...................................................................................................................................................................................... 10
3.1 Prisão em flagrante. ........................................................................................................................................................................................ 10
3.2 Prisão preventiva. ............................................................................................................................................................................................. 15
3.3 Prisão temporária (Lei nº 7.960/1989)...................................................................................................................................................... 16
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

inquéritos policiais militares (ipm’s) e investigadores par-


1 INQUÉRITO POLICIAL. 1.1 HISTÓRICO, ticulares. Este último exemplo é aceito pela jurisprudência,
NATUREZA, CONCEITO, FINALIDADE, desde que respeite as garantias constitucionais e não utili-
CARACTERÍSTICAS, FUNDAMENTO, ze provas ilícitas.
TITULARIDADE, GRAU DE COGNIÇÃO, VALOR
A atribuição para presidir o inquérito se dá em função
PROBATÓRIO, FORMAS DE INSTAURAÇÃO,
da competência ratione loci, ou seja, em razão do lugar
NOTITIA CRIMINIS, DELATIO CRIMINIS, onde se consumou o crime. Desta forma, ocorrerá a inves-
PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS, tigação onde ocorreu o crime. A atribuição do delegado
INDICIAMENTO, GARANTIAS DO será definida pela sua circunscrição policial, com exceção
INVESTIGADO; CONCLUSÃO, PRAZOS. das delegacias especializadas, como a delegacia da mulher
e de tóxicos, dentre outras.

Os destinatários do ip são os autores da ação penal,


Inquérito policial ou seja, o ministério público ( no caso de ação penal de
O inquérito policial é o procedimento administrativo iniciativa pública) ou o querelante (no caso de ação penal
persecutório, informativo, prévio e preparatório da ação de iniciativa privada). Excepcionalmente o juiz poderá ser
penal. É um conjunto de atos concatenados, com unidade destinatário do inquérito, quando este estiver diante de
e fim de perseguir a materialidade e indícios de autoria de cláusula de reserva de jurisdição.
um crime. O inquérito policial averígua determinado crime
e precede a ação penal, sendo considerado, portanto como O inquérito policial não é indispensável para a proposi-
pré-processual. tura da ação penal. Este será dispensável quando já se tiver
Composto de provas de autoria e materialidade de cri- a materialidade e indícios de autoria do crime. Entretanto, se
me, que, comumente são produzidas por investigadores de não se tiver tais elementos, o ip será indispensável, conforme
polícia e peritos criminais, o inquérito policial é organizado disposição do artigo 39, § 5º do código de processo penal.
e numerado pelo escrivão de polícia, e presidido pelo de-
legado de polícia. A sentença condenatória será nula, quando fundamen-
Importante esclarecer que não há litígio no inquérito tada exclusivamente nas provas produzidas no inquérito
policial, uma vez que inexistem autor e réu. Apenas figura a policial. Conforme o artigo 155 do cpp, o inquérito serve
presença do investigado ou acusado. apenas como reforço de prova.
Do mesmo modo, há a ausência do contraditório e da
ampla defesa, em função de sua natureza inquisitória e em O inquérito deve ser escrito, sigiloso, unilateral e inqui-
razão d a polícia exercer mera função administrativa e não sitivo. A competência de instauração poderá ser de ofício
jurisdicional. (quando se tratar de ação penal pública incondicionada),
por requisição da autoridade judiciária ou do ministério
Sob a égide da constituição federal, aury lopes jr. De- público, a pedido da vítima ou de seu representante legal
fine: ou mediante requisição do ministro da justiça.

“inquérito é o ato ou efeito de inquirir, isto é, procurar O inquérito policial se inicia com a notitia criminis, ou
informações sobre algo, colher informações acerca de um seja, com a notícia do crime. O boletim de ocorrência (bo)
fato, perquirir”. (2008, p. 241). não é uma forma técnica de iniciar o inquérito, mas este
se destina às mãos do delegado e é utilizado para realizar
Em outras palavras, o inquérito policial é um proce- a representação, se o crime for de ação de iniciativa penal
dimento administrativo preliminar, de caráter inquisitivo, pública condicionada à representação, ou para o requeri-
presidido pela autoridade policial, que visa reunir elemen- mento, se o crime for de ação penal da iniciativa privada.
tos informativos com objetivo de contribuir para a forma-
ção da “opinio delicti” do titular da ação penal. No que concerne à delacio criminis inautêntica, ou seja, a
delação ou denúncia anônima, apesar de a constituição federal
A polícia ostensiva ou de segurança (polícia militar) vedar o anonimato, o supremo tribunal de justiça se manifes-
tem por função evitar a ocorrência de crimes. Já a polícia tou a favor de sua validade, desde que utilizada com cautela.
judiciária (civil e federal) se incumbe se investigar a ocor-
rência de infrações penais. Desta forma, a polícia judiciária, As peças inaugurais do inquérito policial são a portaria
na forma de seus delegados é responsável por presidir o (ato de ofício do delegado, onde ele irá instaurar o inqué-
inquérito policial. rito), o auto de prisão em flagrante (ato pelo qual o dele-
Entretanto, conforme o artigo 4º do código de proces- gado formaliza a prisão em flagrante), o requerimento do
so penal brasileiro, em seu parágrafo único, outras auto- ofendido ou de seu representante legal (quando a vítima
ridades também poderão presidir o inquérito, como nos ou outra pessoa do povo requer, no caso de ação penal
casos de comissões parlamentares de inquérito (cpi’s), de iniciativa privada), a requisição do ministério público ou
do juiz.

1
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

No ip a decretação de incomunicabilidade (máximo de delito, uma vez que o ordenamento jurídico veda tal
de três dias) é exclusiva do juiz, a autoridade policial não prática. Caso o delegado opte por indeferir o exame, duas
poderá determiná-la de ofício. Entretanto, o advogado po- serão as possíveis saídas: a primeira, requisitar ao minis-
derá comunicar-se com o preso, conforme dispõe o artigo tério público. A segunda, segundo tourinho filho, recorrer
21 do código de processo penal, em seu parágrafo único. ao chefe de polícia (analogia ao art. 5º, §2º, cpp). Outra
importante observação: o fato de o mp e juiz realizarem
Concluídas as investigações, a autoridade policial en- requisição de diligências mitigaria a discricionariedade do
caminha o ofício ao juiz, desta forma, depois de saneado o delegado? Não, pois a requisição no processo penal é tra-
juiz o envia ao promotor, que por sua vez oferece a denún- tada como ordem, ou seja, uma imposição legal. O dele-
cia ou pede arquivamento. gado responderia pelo crime de prevaricação (art. 319 do
código penal), segundo a doutrina majoritária.
O prazo para a conclusão do inquérito, conforme o ar-
tigo 10 caput e § 3º do código de processo penal, será de Procedimento sigiloso:
dez dias se o réu estiver preso, e de trinta dias se estiver O inquérito policial tem o sigilo natural como caracte-
solto. Entretanto, se o réu estiver solto, o prazo poderá ser rística em razão de duas finalidades: 1) eficiência das inves-
prorrogado se o delegado encaminhar seu pedido ao juiz, tigações; 2) resguardar imagem do investigado. O sigilo é
e este para o ministério público. intrínseco ao ip, diferente da ação penal, uma vez que não
é necessária a declaração de sigilo no inquérito. Apesar de
Na polícia federal, o prazo é de quinze dias se o indicia- sigiloso, deve-se considerar a relativização do mesmo, uma
do estiver preso (prorrogável por mais quinze). Nos crimes vez que alguns profissionais possuem acesso ao mesmo,
de tráfico ilícito de entorpecentes o prazo é de trinta dias como é o exemplo do juiz, do promotor de justiça e do
se o réu estiver preso e noventa dias se estiver solto, esse advogado do ofendido, vide estatuto da oab, lei 8.906/94,
prazo é prorrogável por igual período, conforme disposi- art. 7º, xix. O advogado tem o direito de consultar os autos
ção da lei 11.343 de 2006. dos ip, ainda que sem procuração para tal.

O arquivamento do inquérito consiste da paralisação Nesse sentido, a súmula vinculante nº 14, do stf: “é direito
das investigações pela ausência de justa causa (materia- do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
lidade e indícios de autoria), por atipicidade ou pela ex- aos elementos de prova, que já documentados em procedi-
tinção da punibilidade. Este deverá ser realizado pelo mi- mento investigatório realizado por órgão com competência
nistério público. O juiz não poderá determinar de ofício, o de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
arquivamento do inquérito, sem a manifestação do minis- defesa.” Em observação mais detalhada, conclui-se que o que
tério público está em andamento não é de direito do advogado, mas so-
mente o que já fora devidamente documentado. Diante dis-
O desarquivamento consiste na retomada das investi- so, faz-se necessária a seguinte reflexão: qual o real motivo
gações paralisadas, pelo surgimento de uma nova prova. da súmula? O conselho federal da oab, - indignado pelo não
cumprimento do que disposto no estatuto da oab - decidiu
Procedimento inquisitivo: provocar o stf para edição da súmula vinculante visando ga-
Todas as funções estão concentradas na mão de única rantir ao advogado acesso aos autos. Como precedentes da
pessoa, o delegado de polícia. súmula: hc 87827 e 88190 – stf; hc 120.132 – stj.
Recordando sobre sistemas processuais, suas modali-
dades são: inquisitivo, acusatório e misto. O inquisitivo pos- Importante ressaltar que quanto ao sigilo, a súmula nº
sui funções concentradas nas mãos de uma pessoa. O juiz 14 não garante ao advogado o direito de participar nas
exerce todas as funções dentro do processo. No acusatório diligências. O sigilo é dividido em interno e externo. Sigilo
puro, as funções são muito bem definidas. O juiz não busca interno: possui duas vertentes, sendo uma positiva e ou-
provas. O brasil adota o sistema acusatório não-ortodoxo. tra negativa. A positiva versa sobre a possibilidade do juiz/
No sistema misto: existe uma fase investigatória, presidida mp acessarem o ip. A negativa, sobre a não possibilidade
por autoridade policial e uma fase judicial, presidida pelo de acesso aos autos pelo advogado e investigado (em al-
juiz inquisidor. gumas diligências). E na eventualidade do delegado negar
vista ao advogado? Habeas corpus preventivo (profilático);
Discricionariedade: mandado de segurança (analisado pelo juiz criminal).
Existe uma margem de atuação do delegado que atua-
rá de acordo com sua conveniência e oportunidade. A ma- Procedimento escrito:
terialização dessa discricionariedade se dá, por exemplo, Os elementos informativos produzidos oralmente de-
no indeferimento de requerimentos. O art. 6º do código vem ser reduzidos a termo. O termo “eventualmente dati-
de processo penal, apesar de trazer diligências, não retira lografado” deve ser considerado, através de uma interpre-
a discricionariedade do delegado. Diante da situação apre- tação analógica, como “digitado”. A partir de 2009, a lei
sentada, poderia o delegado indeferir quaisquer diligên- 11.900/09 passou a autorizar a documentação e captação
cias? A resposta é não, pois há exceção. Não cabe ao de- de elementos informativos produzidos através de som e
legado de polícia indeferir a realização do exame de corpo imagem (através de dispositivos de armazenamento).

2
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Indisponível: E) crimes cometidos por outras autoridades com foro


A autoridade policial não pode arquivar o inquérito po- privilegiado: ministro ou desembargador do respectivo tri-
licial. O delegado pode sugerir o arquivamento, enquanto bunal.
o mp pede o arquivamento. O sistema presidencialista é o
que vigora para o trâmite do ip, ou seja, deve passar pelo Os elementos informativos colhidos durante a fase do
magistrado. inquérito policial não poderão ser utilizados para funda-
mentar sentença penal condenatória. O valor de tais ele-
Importante ilustrar que poderá o delegado deixar de mentos é relativo, uma vez que os mesmos servem para
instaurar o inquérito nas seguintes hipóteses: fundamentar o recebimento de uma inicial, mas não são
1) se o fato for atípico (atipicidade material); suficientes para fundamentar eventual condenação.
2) não ocorrência do fato;
3) se estiverem presentes causas de extinção de puni- Procedimento do inquérito policial
bilidade, como no caso da prescrição.
Contudo o delegado não poderá invocar o princípio da 1ª fase: instauração;
insignificância com o objetivo de deixar de lavrar o auto de
prisão em flagrante ou de instaurar inquérito policial. No 2º fase: desenvolvimento/evolução;
que tange à excludente de ilicitude, a doutrina majoritária
entende que o delegado deve instaurar o inquérito e ratifi- 3ª fase: conclusão
car o auto de prisão em flagrante, uma vez que a função da
autoridade policial é subsunção do fato à norma. 1ª fase: instaurado por peças procedimentais:

Dispensável: 1ª peça: portaria;


Dita o art. 12 do cpp:
2ª peça: apfd (auto de prisão em flagrante delito);
Art. 12 - o inquérito policial acompanhará a denúncia
ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. 3ª peça: requisição do juiz/mp/ministro da justiça;

O termo “sempre que servir” corresponde ao fato de 4ª peça: requerimento da vítima


que, possuindo o titular da ação penal, elementos para
propositura, lastro probatório idôneo de fontes diversas, Conclusão do inquérito policial
por exemplo, o inquérito poderá ser dispensado.
A peça de encerramento chama-se relatório, definido
Segundo o art. 46, §1º do mesmo dispositivo legal: como uma prestação de contas daquilo que foi realizado
durante todo o inquérito policial ao titular da ação penal.
“art. 46 - o prazo para oferecimento da denúncia, es- Em outras palavras, é a síntese das principais diligências
tando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data realizadas no curso do inquérito. O mesmo só passa pelo
em que o órgão do ministério público receber os autos do juiz devido ao fato de o código de processo penal adotar
inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver sol- o sistema presidencialista, já citado anteriormente. Entre-
to ou afiançado. No último caso, se houver devolução do tanto, apesar dessa adoção, este caminho adotado pela
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo autoridade policial poderia ser capaz de ferir o sistema
da data em que o órgão do ministério público receber no- acusatório, que é adotado pelo cpp (pois ainda não há re-
vamente os autos. lação jurídica processual penal).
§ 1º - quando o ministério público dispensar o inqué-
rito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia con- Os estados do rio de janeiro e bahia adotaram a cen-
tar-se-á da data em que tiver recebido as peças de infor- tral de inquéritos policiais, utilizada para que a autoridade
mações ou a representação.” policial remetesse os autos à central gerida pelo ministério
público. Os respectivos tribunais reagiram diante da situa-
Outras formas de investigação criminal ção.

A) cpis: inquérito parlamentar. Infrações ou faltas fun- Indiciamento


cionais e aqueles crimes de matéria de alta relevância;
O indiciamento é a individualização do investigado/
B) ipm: inquérito policial militar. Instrumento para in- suspeito. Há a transição do plano da possibilidade para o
vestigação de infrações militares próprias; campo da probabilidade, ou seja, da potencialização do
suspeito. Na presente hipótese, deve o delegado comu-
C) crimes cometidos pelo magistrado: investigação nicar os órgãos de identificação e estatística. Sobre o mo-
presidida pelo juiz presidente do tribunal; mento do indiciamento, o cpp não prevê de forma exata,
podendo ser realizado em todas as fases do inquérito po-
D) mp: pgr/pgj; licial (instauração, curso e conclusão).

3
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Não é possível desindiciar o indivíduo uma vez que re- ao art. 28 do cpp e a obrigação do outro membro do mi-
presenta uma espécie de arquivamento subjetivo em relação nistério público ser ou não obrigado a oferecer a denúncia,
ao indiciado. Em contrapartida, há posicionamento diverso, existem duas correntes sobre o tema. A primeira corrente,
com assentamento na idéia de que o desindiciamento é representada por cláudio fontelis, defende o argumento de
possível pelo fato de o ip ser um procedimento administrati- que o promotor não é obrigado a oferecer denúncia porque
vo. Assim sendo, a autoridade policial goza de autotutela, ou o termo deve ser interpretado como designação, com base
seja, da capacidade de rever os próprios atos. na independência funcional. A segunda corrente, majoritá-
ria, defende o ponto de que o termo deve ser interpretado
Com relação às espécies de desindiciamento, o mesmo como delegação, atuando o promotor como “longa manus”
pode ser de ofício, ou seja, realizado pela própria autorida- do procurador geral de justiça. Diante da questão trazida,
de policial e coato/coercitivo, que decorre do deferimento estaria a independência funcional comprometida? Não, pois
de ordem de habeas corpus. o novo promotor pode pedir a absolvição/condenação, uma
vez que o mesmo possui tal liberdade.
Prazos para encerramento do inquérito policial
A importância do inquérito policial se materializa do
No caso da justiça estadual, 10 dias se acusado preso; ponto de vista de uma garantia contra apressados juízos,
30 dias se acusado solto. Os 10 dias são improrrogáveis, os formados quando ainda não há exata visão do conjunto de
30 dias são prorrogáveis por “n” vezes. No caso da justiça todas as circunstâncias de determinado fato. Daí a deno-
federal, 15 dias se o acusado estiver preso; 30 dias se o minação de instituto pré-processual, que de certa forma,
acusado estiver solto. Os 15 dias são prorrogáveis por uma protege o acusado de ser jogado aos braços de uma justiça
vez, enquanto os 30 dias são prorrogáveis por “n” vezes. apressada e talvez, equivocada. O erro faz parte da essên-
cia humana e nem mesmo a autoridade policial, por mais
No caso da lei de drogas (11.343/2006), o prazo é di- competente que seja, está isenta de equívocos e falsos
verso: 30 dias se o acusado estiver preso, 90 dias se estiver juízos. Delegados e advogados devem trabalhar em prol
solto. Nessa modalidade, os prazos podem ser duplicados. de um bom comum, qual seja, a efetivação da justiça. Im-
Com relação aos crimes contra a economia popular (lei prescindível a participação do advogado, dentro dos limi-
1.521/51, art. 10, §1º), o prazo para conclusão do ip é de tes estabelecidos pela lei, na participação da defesa de seu
10 dias, independente se o acusado estiver preso ou solto. cliente. Diante disso, é de imensa importância que o inqué-
rito policial seja desenvolvido sob a égide constitucional,
Meios de ação do ministério público respeitando os direitos, garantias fundamentais do acusa-
do e, principalmente, o princípio da dignidade da pessoa
1) primeiramente, oferecer denúncia, caso haja justa humana, norteador do ordenamento jurídico brasileiro.
causa. Em regra, o procedimento é o ordinário. (sumário:
cabe recurso em sentido estrito, vide art. 581, i, cpp). Do
recebimento da denúncia, cabe habeas corpus. Da rejeição
da denúncia no procedimento sumaríssimo, cabe apelação. 2 PROVA. 2.1 EXAME DO CORPO DE DELITO
(jespcrim, prazo de 10 dias);
E PERÍCIAS EM GERAL. 2.2 INTERROGATÓRIO
DO ACUSADO. 2.3 CONFISSÃO. 2.4
2) o mp pode requisitar novas diligências, mas deve
especificá-las. No caso do indeferimento pelo magistrado, QUALIFICAÇÃO E OITIVA DO OFENDIDO.
cabe a correição parcial; 2.5 TESTEMUNHAS. 2.6 RECONHECIMENTO
DE PESSOAS E COISAS. 2.7 ACAREAÇÃO. 2.8
3) mp pode defender o argumento de que não tem DOCUMENTOS DE PROVA. 2.9 INDÍCIOS. 2.10
atribuição para atuar naquele caso e que o juiz não tem BUSCA E APREENSÃO.
competência. Nesse caso, o juiz pode concordar ou não
com o mp. No caso de não concordar, o juiz fará remessa
do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral,
e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do mi- Prova, é o ato ou o complexo de atos que visam a es-
nistério público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de tabelecer a veracidade de um fato ou da prática de um ato
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a tendo como finalidade a formação da convicção da enti-
atender, como menciona o art. 28 do cpp; dade decidente - juiz ou tribunal - acerca da existência ou
inexistência de determinada situação factual. Em regra, é
4) mp pode pedir arquivamento. Se o juiz homologa, produzida na fase judicial com a participação dialética das
encerra-se o mesmo. Trata-se de ato complexo, ou seja, partes (contraditório real e ampla defesa que são elabora-
que depende de duas vontades. dos perante o juiz).

A natureza jurídica do arquivamento é de ato admi- Destarte a prova é o elemento fundamental para a de-
nistrativo judicial, procedimento que deriva de jurisdição cisão de uma lide. Tem como objeto fato jurídico relevante,
voluntária. É ato judicial, mas não jurisdicional. Com relação isto é, aquele que possa influenciar no julgamento do feito.

4
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Assim, não é qualquer fato que carece ser provado, mas Já as presunções legais são os fatos presumidos verda-
sim, aquele que, no processo penal, possa influenciar na ti- deiros pela própria lei, que podem ser duas ordens: abso-
pificação do fato delituoso ou na exclusão de culpabilidade luta e relativa. A presunção absoluta (“juris et de jure”) não
ou de antijuridicidade. admite fato em contrário. Exemplo disso é o art. 27, CP que
diz que menor de 18 anos é inimputável. Já a presunção
Convém lembrar, ainda, que o objeto da prova é fato relativa (“juris tantum”) admite prova em contrário, como
e não opinião, muito embora, em alguns casos (especial- no caso do art. 217-A, CP que diz que a vulnerabilidade do
mente quando se trata de dosar a pena) a opinião da tes- menor de 14 anos é relativa. Essa flexibilidade justifica-se
temunha pode ter relevo para a fixação da pena quando diante da possibilidade de se prejudicar o réu.
ela afirma, por exemplo, que o réu é honesto, trabalhador
e bom pai de família. Ônus da prova

Objeto de prova De acordo com a primeira parte do art. 156, CPP o ônus
da prova é a prova da alegação por quem a fizer. Cabe
Tem a prova um objeto, que são os fatos da causa. O ao autor da ação penal (MP ou querelante) o exercício da
objeto da prova consiste nos fatos cuja evidenciação se atividade probatória principal. Incumbe-lhe demonstrar a
torne imprescindível, no processo, para o juiz convencer-se existência dos fatos constitutivos afirmados na pretensão,
de sua veracidade. Em outras palavras, objeto da prova é o devendo provar a existência do ilícito penal e sua autoria.
fato ilícito alegado na peça acusatória.
Por outro lado, sobre o acusado só recai o ônus de
Em toda ação penal, deve-se provar dois pontos cru- provas o álibi que apresentar. Contudo, se apresentar fatos
ciais, a saber: a materialidade e a autoria do fato criminoso. impeditivos, modificativos ou extintivos, relacionados com
Além disso, é preciso dar conhecimento ao juiz de todas a pretensão acusatória, ele será obrigado a prová-los. Nes-
as circunstâncias objetivas (aspectos externos do crime) e se caso, inverte-se o ônus da prova. Exemplo: alegação de
subjetivas (motivos do crime e aspectos pessoais do agen- legítima defesa.
te) que possam determinar a certeza de sua convicção so-
bre a responsabilidade criminal. As circunstâncias que cer- Segundo o princípio da comunhão da prova, quando a
cam o caso concreto devem ser provadas, ainda, em razão prova ingressa no processo deixa de ser exclusiva da parte
de serem relevantes no momento de fixação da pena. que a produziu. O juiz examina todo o contexto da prova
podendo inclusive valorá-la de modo prejudicial a quem a
Contudo, a atividade probatória deve restringir-se aos apresentou. Ou seja, a utilização das provas por qualquer
fatos relevantes, aqueles que são pertinentes e úteis ao das partes é de ser plenamente aceita, independentemente
julgamento da ação penal. Observe-se portanto que, que de quem a tenha produzido, porque interessa ao juiz des-
existe um critério para a produção de provas numa ação cobrir a verdade.
penal.
Já na segunda parte e incisos do art. 156, CPP é fa-
Desnecessidade da prova cultado ao juiz, de ofício, ordenar a produção de provas
e determinar a realização de diligências. Vê-se aqui que o
De acordo com a redação do art. 400, § 1o, CPP diz que juiz tem poderes para influir na produção de provas unila-
o juiz poderá “indeferir (as provas) consideradas irrelevan- teralmente.
tes, impertinentes ou protelatórias”.
No inciso I identificamos os poderes inquisitórios, que
Temos, então, que será o juiz quem estabelecerá o que permitem ao juiz influir livremente nas provas. O legisla-
deve ser provado, de acordo com o que julgar relevante dor permitiu ao juiz ordenar a produção de provas antes
para a formação do seu convencimento. do oferecimento da denúncia e, ao fazer isso, o magistra-
do substitui a autoridade policial ou o promotor (MP) – e
Entretanto, existe a desnecessidade de se provar al- isso fere o princípio da imparcialidade do juiz. Esse é um
guns fatos, quais sejam: os evidentes, os notórios e as pre- dispositivo amplamente criticado. (Crítica: o ato unilateral
sunções legais. (sem provocação) do juiz pode ser considerado parcial, na
prática?)
Evidentes são os fatos que prescindem de prova para
serem tidos como verdadeiros. São fatos incontroversos, No inciso II identificamos os poderes instrutórios,
evidentes por si mesmos, intuitivos, axiomáticos. onde o juiz pode interferir na prova para resolver ponto
relevantes, independente de requerimento das partes. Esse
Notórios são fatos que também prescindem de prova. dispositivo está relacionado à instrução do processo e é
São os acontecimentos ou situações de conhecimento ge- plenamente aceito. O inciso II está intimamente ligado com
ral, como as datas histórias, os fatos políticos ou sociais de o descobrimento da verdade, uma vez que o juizpode soli-
conhecimento público – ou seja, fatos que pertencem ao citar a produção de provas para formação do seu conven-
patrimônio cultural do cidadão médio. cimento.

5
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípio do juiz natural Os Meios de Prova

No art. 5º, LIII, CF tem-se que “ninguém será processa- Desde o princípio desse debate vale a ressalva: meio
do nem sentenciado senão pela autoridade competente”. de prova é diferente de objeto de prova. Meio de prova
Em seu inciso XXXVII, tem-se que “não haverá juízo ou tri- pode ser todo fato, documento ou alegação que sirva, di-
bunal de exceção”. reta ou indiretamente, ao descobrimento da verdade. Ou
seja, meio de prova é todo instrumento que se destina a
Esse princípios constitucionais relacionam-se com a levar ao processo um elemento, uma informação a ser uti-
produção de provas, conforme veremos a seguir. lizada pelo juiz para formar a sua convicção acerca das
alegações.
O art. 399, §2o, CPP dita que “o juiz que presidiu a ins-
trução deverá proferir a sentença”,evidenciando a aplica- Prova pericial
ção princípio da identidade física do juiz.
No Código de Processo Penal a prova pericial é tratada
No processo civil, o art. 132, CPC dita que, caso o juiz nos arts. 158 usque 184.
não possa julgar a lide (por motivos como aposentadoria, A perícia é a diligência realizada ou executada por
afastamento ou convocação), os autos passarão para o seu perito, a fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos, de
sucessos. Ocorre que o CPP silencia quanto a essa questão. forma científica e técnica. Perito é aquele que tem conhe-
Assim, valendo-nos do seu art. 3o, é possível que aplique- cimento técnico sobre determinada área e sua função é a
-se as disposições do art. 132, CPC. da verificação da verdade ou da realidade de certos fatos.
No processo penal, a perícia é, via de regra, realizada
A Lei 8.038/90 estabelece os procedimentos nos casos por perito oficial, ligado ao Estado, sendo que cada estado
em que uma pessoa é processada nos casos de competên- da federação possui seu próprio instituto de criminalística.
cia originária do STF ou STJ. Em seu art. 3o, III temos a exce- O perito é um auxiliar da justiça, não está subordinado a
ção ao princípio da identidade física do juiz a medida que autoridade policia, estando sua autonomia garantida.
juízes e desembargadores serão convocados para auxiliar Conforme o art. 184, CPP a prova pericial cabe somen-
na coleta de provas. Portanto, a lei autoriza essa exceção te quando for útil para o descobrimento da verdade.
ao princípio da identidade física do juiz. No art. 159, CPP temos que o laudo pode ser subscrito
por apenas um perito. A conclusão do perito pode ou não
Momentos probatórios ser subjetiva. (Ex: perícia psicológica x perícia toxicológica)
A defesa pode formular quesitos ao perito. No proces-
Para podermos adentrar a discussão acerca dos mo- so penal, isso não é comum porque geralmente a perícia
mentos probatórios, é necessário que façamos as seguintes é realizada logo depois do acontecimento do crime. Por-
considerações iniciais: as provas só podem ser produzidas tanto, essa perícia pode ser questionada em juízo porque
no processo, que é quando haverá o contraditório. São su- à época de sua realização não havia defensor constituído.
jeitos processuais principais no processo penal a acusação Isso é o que se chama de contraditório diferido (posterga-
(MP ou querelante), defesa (réu e defensor) e o juiz. do, transferido).
De acordo com o art. 5o, LVIII, CF o criminoso “civil-
Compreendido isso, são 4 os momentos para produ- mente identificado não será submetido a identificação
ção de provas: criminal”. A Lei 12.037/09, em seus arts. 2o, 3o e 5o apre-
senta esclarecimentos e requisitos quando a identificação
Propositura da prova, que se dá na fase postulatória. do criminoso.
Para a acusação, isso dar-se-á na peça acusatória (denúncia A realização do exame de DNA (ácido desoxirribo-
ou queixa-crime), enquanto que para o acusado, será na nucléico) também é um meio eficaz de identificação do
sua resposta, na sua defesa. criminoso. O DNA constitui parte dos cromossomos, sen-
Admissibilidade das provas, que é o deferimento ju- do encontrado no núcleo das células dos seres vivos. São
dicial dos requerimentos formulados pelas partes, ou seja, transmitidos de geração em geração, sendo 50% do pai e
quando o juiz estabelece quais provas serão apresentadas 50% da mãe.
ou não (no processo civil é o despacho saneador). Na realização do exame de DNA temos a prova invasi-
Produção da prova, que, em regra, se dá na audiência va e a prova não invasiva. A primeira é aquela que neces-
de instrução e julgamento, na qual todos os sujeitos parti- sita de intervenção no organismo humano. A segunda é
cipam. Nesse momento, serão tomadas as declarações do aquela onde não há necessidade de se penetrar no orga-
ofendido, haverá o interrogatório do acusado, inquirição das nismo humano.
testemunhas arroladas, esclarecimentos dos peritos etc. Para a produção da prova invasiva é absolutamente
Valoração da prova, que significa dizer que o julgador, necessária a obtenção do consentimento. Na produção da
ao fundamentar a sentença, deve manifestar-se sobre to- prova não invasiva não depende do contato físico. É o juiz
das as provas produzidas. que decide a validade da prova não invasiva. (ex.: fio de
Vale dizer que, havendo recurso, a prova será sempre cabelo, saliva no copo)
substancial, i.e., será reavaliada.

6
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Exame de corpo de delito Prova documental

Em relação aos crimes que deixarem vestígios, será indis- Documento é todo objeto material que condense em
pensável a realização do exame de corpo de delito (art. 158, CPP) si a manifestação de um pensamento ou fato a ser repro-
Corpo de delito é o conjunto dos vestígios que carac- duzido em juízo. Considera-se objeto material todo ma-
terizam a existência do crime. Não se confunde corpo de terial visual, auditivo, audiovisual, bem como o registrado
delito com o exame das lesões da vitima. O primeiro é gê- em meios mecânicos óticos ou magnéticos de armazena-
nero do qual o segundo é espécie. mento.
O exame de corpo de delito envolve inclusive o proces-
samento da cena do crime e pode ser tanto direto (art. 161) A prova documental está disciplinada no CPP nos arts.
quanto indireto (art. 167, CPP). 231 usque 238.
A materialidade dos fatos muitas vezes deve ser com-
provada por meio de exame pericial. Nesse sentido, po- Documento eletrônico
demos ter 3 situações: exame de lesões corporais, exame
necroscópico e exumação. Analisaremos cada uma dessas Consiste em uma seqüência de bytes, e em determina-
situações a seguir. do programa de computador se torna a representação de
um fato. Os crimes que são praticados por meio da internet
Exame de lesões corporais ou por outros meios cibernéticos têm conseqüências no
que dizem respeitos à provas.
Esse é um meio de prova relacionado a um tipo penal
(lesão corporal, art. 129, CP), que visa estabelecer a natu- Um dos meios para combater esse tipo de ilícito penal
reza da gravidade da lesão provocada na vitima. O proce- é recrutar os crackers para trabalharem a favor da polícia.
dimento (art. 394, CPP) depende da gravidade da lesão, e,
portanto, da pena. Contudo, temos duas exceções a aplica- Importante ressaltar a distinção entre os hackers e os
ção desse exame. crackers: os primeiros ultrapassam barreiras de segurança
A primeira refere-se ao caso de lesão corporal de natu- para se gabar, enquanto que os segundos invadem siste-
reza leve, quando o juízo competente será o JECRIM. Nessa mas para causarem prejuízo, visando lucro.
hipótese, o procedimento será sumaríssimo, que é célere e
informal. Assim, não será exigido o exame de lesões cor- Sigilo telemático
porais. A lei 9.099, art. 77, §1o diz que essa prova pode ser
substituída pelo boletim medico ou prova equivalente. É um mecanismo de proteção do usuário do aparelho,
A segunda exceção trata dos crimes domésticos, so- o que gera certa dificuldade para obter informações e mui-
bretudo os praticados contra a mulher, que estão discipli- tas vezes será necessária autorização judicial para o acesso
nados na Lei 11.340/06. No art. 12, §3o, temos que as pro- de dados. Quando se tratar de crime em que a polícia tem
vas podem ser laudos ou prontuários médicos. Isso porque, o dever e a obrigação de apurar, tem-se as delegacias que
na prática, o Ministério Público pode atuar exofficio em ca- estão incumbidas de investigar crimes cibernéticos
sos graves.
Ata notarial
Exame necroscópico
Constatação de um fato ou de um ato que é atestada
O cadáver aqui é o objeto da prova. Sua finalidade é pelo tabelião, com fé publica. Feito isso, e apresentado ao
estabelecer a causa mortis (art. 162). Esse exame será rea- delegado, teremos uma prova pré-constituída e com fé-pú-
lizado sempre que a morte estiver relacionada a um fato blica. Isso é bom para as provas nos meio eletrônico que
criminoso. Do texto do Parágrafo Único do dispositivo ex- podem ser apagadas instantaneamente. Estamos diante de
trai-se que esse exame é desnecessário nos casos de morte uma presunção de verdade relativa, podendo, portanto, ser
violenta e não haja infração penal a ser apurada (como é impugnada. Pode servir como prova tanto na esfera penal
o caso, por exemplo, dos acidentes automobilísticos) ou quanto na esfera civil.
quando as lesões externas permitirem precisar a causa
mortis. Prova emprestada

Exumação Prova emprestada é aquela que é transladada em for-


ma de documento para um processo penal no qual se dis-
Com previsão no art. 163, CPP, a exumação tem como cutirá a sua validade e o seu valor probante.
objeto da prova o cadáver já sepultado. A exumação só
pode ser feita mediante autorização judicial e em dois ca- Geralmente a prova emprestada no processo penal se
sos: a) caso deva ter sido realizado o exame necroscópi- relaciona com depoimento de vítima ou uma declaração
co e não foi, gerando, depois do sepultamento, dúvidas a que foi dada em um caso e a testemunha após um tempo
respeito da causa da morte; e b) casos que coloquem em morreu, desapareceu, etc.

duvida o laudo necroscópico.

7
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Do ponto de vista da acusação é interessante que a Diz-se isso porque a testemunha pode não se lembrar
prova seja emprestada de tempo que foi dada, e que seja com exatidão dos fatos. Ou então, aliada ao critério sub-
encarada como uma prova testemunhal, de inteiro teor, e jetivo das convicções pessoais da vítima, pode influenciar
não apenas como um documento. Do ponto de vista da no depoimento da testemunha. Ainda, há também o te-
defesa, o que se alega é que o princípio da ampla defesa mor da testemunha sofrer repressões em virtude de suas
não foi respeitado pois se caso o réu morreu, não teve declarações.
tempo de contestar, ou caso de testemunha desapareci-
da, que não houve possibilidade de perguntas da defesa O número de testemunhas
para tal.
O nosso sistema processual penal é regido por proce-
São requisitos para a utilização da prova emprestada: dimento. Dependendo do crime, ele deve obedecer deter-
a) que no processo anterior tenha sido respeitado o prin- minado procedimento, podendo arrolar ou não testemu-
cípio do contraditório;
b) que a prova no processo anterior nhas, tendo que obedecer ao número permitido.
tenha sido produzida pelo juiz natural; e c) que o réu te-
nha comparecido no outro processo. O número de testemunhas depende do procedimento,
conforme passaremos a demonstrar.
Prova oral
No procedimento ordinário (art. 394, CPP), é possível
A prova oral, prevista no art. 201, CPP, refere-se prin- arrolar até 8 testemunhas (art. 401, caput, CPP). No proce-
cipalmente às declarações do ofendido. dimento comum sumário, podem ser arroladas até 5 teste-
munhas (art. 532, CPP). Já no procedimento comum suma-
Os sujeitos processuais podem ser principais ou se- ríssimo, não há referência expressa. O art. 81 da Lei 9.099
cundários. Os principais são o Ministério Público, o que- diz que pode-se arrolar de 3 a 5 testemunhas.
relante, o réu e o juiz. Os secundários são a testemunha,
o perito e o escrivão. O ofendido é tradicionalmente es- Para entendermos a questão das testemunhas no Tri-
quecido. bunal do Júri, é preciso entender seu procedimento bifási-
co. Na primeira fase se encerra por meio de uma decisão,
Com a Lei 9.099/95, o Estado passa a olhar para a que pode ser: decisão de absolvição sumaria, decisão de
vítima de modo distinto. Essa lei trata do procedimen- desclassificação, decisão de impronúncia (efeito semelhan-
to sumaríssimo, que tem como característica principal o te ao arquivamento) ou decisão de pronúncia. Caso haja
surgimento da transação penal entre o autor do fato e o pronúncia, prossegue-se para a próxima fase. Essa segunda
ofendido para que seja tentado ao menos a auto compo- fase cuida da preparação do julgamento e do julgamento
sição das partes. Em 2008 o legislador altera o art. 201, em plenário.
CPP. A partir dai, o ofendido é o sujeito passivo da infra-
ção penal. Superada a explicação, temos o seguinte: na primeira
fase os atos seguem a sequência do procedimento comum
A oitiva da vítima na ação penal não é obrigatória. ordinário, ou seja, até 8 testemunhas podem ser arroladas
Se a vítima for intimada a comparecer em juízo e não o fi- (art. 406, §2o e 3o, CPP). Na segunda fase podem ser arro-
zer, poderá ser conduzida à presença da autoridade. A vítima ladas até 5 testemunhas (art. 422, CPP).
não presta o compromisso de dizer a verdade. Parte-se do
princípio que a vítima está dizendo a verdade porque tem in- A Lei 11.3434, em seu art. 34, trata do tráfico de drogas.
teresse na sentença condenatória e numa eventual reparação Esse crime admite procedimento especial, podendo arrolar
do dano. até 5 testemunhas, com previsão no art. 54, III, e 55, §1o.

Quanto se tratar do querelante, ele estará obrigado Por fim, nos casos complexos o juiz pode intervir para
com a verdade. Caso contrário, poderá responder pelo que sejam arroladas mais do que 8 testemunhas. As testemu-
crime de denunciação caluniosa. nhas excedentes são inquiridas como testemunhas do juízo.

Prova testemunhal A desobrigação de testemunhar

Testemunha é a pessoa que atesta a veracidade de Em princípio, toda pessoa pode ser testemunha, até
um fato. Portanto, a testemunha presta o compromisso de mesmo um menor. Porém, uma vez que a testemunha é
dizer a verdade (art. 203, CPP). intimada a depor, esta não pode deixar de depor, sob pena
de ser conduzida coercitivamente, ou até mesmo de res-
Uma das mais inseguras do processo, a prova teste- ponder criminalmente por desobediência.
munhal está prevista no CPP nos arts. 202 usque 255. Do
ponto de vista quantitativo, é uma prova interessante. Do Existem alguma pessoas que se tornam desobrigadas,
ponto de vista qualitativo, não. pela lei, a prestar o testemunho, segundo disposição dos
arts. 206 e 208, CPP. Se o juiz, mesmo assim, quiser ouvir

8
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

as declarações desta pessoa, tal testemunha não estará Delação premiada


obrigada em prestar compromisso com a verdade. Neste
caso, será ouvida na condição de informante.
De acordo Esse é um instituto que está ligado ao réu. A delação
com o art. 207, serão proibidas de depor aquelas que em premiada ocorre quando o acusado admite a prática do
razão de função, ofício ou profissão devam guardar segre- crime e delata a participação de outrem ou de outras pes-
do, salvo se desobrigadas pela parte interessada, quiserem soas, fazendo-o em troca da redução da pena ou até mes-
prestar testemunho. mo da obtenção do perdão judicial.


Interrogatório A delação premiada somente pode ser apresentada


por um co-réu, posto que irá delatar para se beneficiar.
Quando tratamos de interrogatório como meio de Caso não tenha benefício será apenas uma testemunha.
prova, é importante observar que três correntes se forma- Não há garantia de que co-réu seja beneficiado, pois não
ram. existe nenhum diploma disciplinando tal instituto.


A primeira corrente, no princípio, entendia como o in- Essa delação não tem o mesmo valor que o depoimen-
terrogatório sendo um meio de prova. A segunda, por sua to de testemunha. Isso se explica à medida que as teste-
vez, dizia que o interrogatório era um meio de defesa. Já a munhas prestam o compromisso de dizer a verdade, e o
terceira e mais aceita corrente afirma que o interrogatório co-réu está numa posição de mero informante, devendo
é predominantemente um meio de defesa, mas não deixa suas alegações serem confirmadas.
de ser um meio de prova, pois o juiz pode levar em conta
o que o réu está falando para formular a sua convicção. De acordo com o princípio da obrigatoriedade da ação
penal, o membro do Ministério Público não pode simples-
Ressalte-se que o interrogatório é um ato pessoal do mente alocar o delator como testemunha. Em verdade,
juiz, não podendo delegar para qualquer outra pessoa. deve admitir o delator como co-réu e, posteriormente,
Além disso, deve ser realizado na presença de um defen- considerar sua redução de pena ou perdão judicial por ter
sor, inclusive no JECRIM, sob pena de nulidade, e cada réu colaborado com suas importantes declarações.
tem que ser ouvido separadamente.
Instrumentos do crime
No tocante ao procedimento, o art. 400, CPP dita que
o réu será o último a ser interrogado, para que possa ter Todos os objetos usados para a consumação do crime
conhecimento de toda as provas produzidas contra ele. Já deverão ser analisados e periciados, com o fim de lhes ve-
no Tribunal do Júri o réu será interrogado duas vezes, a rificar a natureza e a eficiência.
 Além da necessidade de se
saber: pela polícia e na plenária. examinar o instrumento utilizado na atividade criminosa, de-
ve-se também elaborar o auto de avaliação (art. 172, CPP)
A realização do interrogatório é obrigatória. Contudo,
é previsto o direito de o sujeito interrogado manter-se ca- Indícios
lado, vez que ninguém pode ser obrigado a produzir pro-
vas contra si mesmo. Disciplinados no art. 239, CPP, os indícios não são con-
siderados como provas diretas, mas sim fazem parte do
Confissão contexto de prova indireta (ou prova circunstancial).

Confissão é o ato de reconhecimento, pelo acusado, Os indícios podem ser utilizados para efeitos de forma-
da imputação que lhe é feita. Alguns doutrinadores en- ção do convencimento do juiz, mas não pode haver conde-
tendem que a confissão é um meio atípico de prova, uma nação apenas com base neles. Essa regra aplica-se apenas
vez que seria declaração de vontade do réu em sua defesa. ao julgador togado, vez que os jurados do Tribunal do Júri
podem convencer-se através de indícios, considerando-os
Na Idade Média, a confissão era considerada a rainha suficientes para condenação.
das provas (“Regina probatorium”), válida ainda que obti-
da por meio de tortura. Para a utilização de indícios no convencimento do juiz,
impõe-se que eles sejam graves, precisos e concordantes
De acordo com as disposições do Código de Processo com o fato que se quer provar.
Penal a confissão deve ser corroborada por outras provas.
No processo penal não predomina a idéia do fato incon- Busca e apreensão
troverso, como no processo civil.
Com previsão legal nos arts. 240 usque 250, CPP, a
A confissão não supre o exame pericial a medida que é busca e apreensão depende de autorização judicial. Tra-
necessário confirmar a materialidade do delito. O valor da ta-se, em verdade, de uma medida cautelar, sendo con-
confissão é o mesmo que das outras provas. siderada um meio atípico de prova – diz-se, então, que é
instrumento de obtenção da prova.

9
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Considerando a previsão constitucional de invio-


labilidade da privacidade, da intimidade, do domici-
lio, a decretação da busca e apreensão é medida só 3 RESTRIÇÃO DE LIBERDADE. 3.1 PRISÃO EM
pode ser autorizada pelo juiz competente e em deci- FLAGRANTE.
são fundamentada.

Por se tratar de medida assecuratória (ou caute-


lar),o juiz só pode deferi-la se ficar convencido de Prisão em Flagrante (arts. 301 a 310)
que naquele caso específico que lhe é apresentado
existem elementos de que o que está sendo alegado É uma medida restritiva de liberdade, de natureza
possui verossimilhança e que há necessidade da ur- cautelar e caráter eminentemente administrativo, que
gência (fumus boni juris e periculum in mora). não exige ordem escrita do juiz, porque o fato ocorre
de inopino (art. 5º, LXI, CR/88). É uma forma de auto-
Na prática, a busca e apreensão pode ser plei- preservação e autodefesa da sociedade, facultando-se
teada pelo delegado ao juiz por meio de uma repre- a qualquer do povo a sua realização, sendo que os pos-
sentação. Em sua manifestação, o promotor de justi- teriores atos de documentação ocorrerão normalmente
ça pode reforçar a necessidade ou se opor a isso. A na delegacia de polícia.
busca e apreensão pode ser requerida antes do in- Relativamente à proteção ao lar, a pessoa pode ser
quérito, durante a investigação ou no curso da ação presa em flagrante delito a qualquer tempo, de acordo
penal. Pode ainda ser requerida pela defesa, se lhe com o art. 5º, XI, da CR/88.
for interessante.
Espécies de Flagrante
A busca e apreensão também pode ser deter-
minada de ofício pelo juiz, segundo o art. 242, CPP. Flagrante Próprio, Propriamente Dito, Real ou Ver-
Contudo, não é conveniente que o juiz o faça, vez que dadeiro
isso pode comprometer sua imparcialidade. (art. 302, I e II do CPP)
Nele, o agente é surpreendido com a mão na massa,
Pode-se buscar e apreender aquilo que estiver cometendo a infração penal ou quando acaba de come-
previsto no art. 240, mas o rol não é taxativo. Tudo tê-la. A prisão deve ocorrer de imediato, sem o decurso
que estiver relacionado com a elucidação de um cri- de qualquer intervalo de tempo.
me pode ser objeto de busca e apreensão.
Flagrante Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante
Com base no art. 5o, XI, CF, temos que, mesmo (art. 302, III)
sendo expedido o mandado de busca e apreensão, a Flagrante em que o agente é perseguido logo após
autoridade policial não poderá ingressar o domicílio a infração, em situação que faça presumir ser o autor
alheio durante o período de repouso noturno. Assim, do fato. Não existe prazo certo para a expressão logo
o cumprimento do mandado judicial deverá aguardar após, sendo equivocada a doutrina que aponta o prazo
até a manhã. de 24 horas.
Não havendo solução de continuidade, isto é, se
Se no flagrante delito forem apreendidos objetos a perseguição não for interrompida, mesmo que dure
relativos a outros crimes, a jurisprudência diz que a dias ou até mesmo semanas, em havendo êxito na cap-
apreensão será convalidada mesmo sem mandado de tura do perseguido, estar-se-á diante de flagrante de-
busca e apreensão específico para isso. lito.

Ainda, é possível que haja a busca pessoal como Flagrante Presumido, Ficto ou Assimilado
medida preventiva, como por exemplo a revista da (art. 302, IV)
pessoa, sem a exigência de mandado para tanto. Flagrante em que o agente é preso após cometer a
infração, quando encontrado com instrumentos ou pro-
dutos do crime, armas, objetos ou papéis que permitam
presumir ser ele o autor da infração.
Nessa espécie de flagrante não se exige persegui-
ção. Exige-se, entretanto, que a autoridade ponha-se
a procurar o agente logo após ter notícia do aconteci-
mento do crime.
Flagrante Compulsório ou Obrigatório
Alcança a atuação das forças de segurança englo-
bando as polícias civis, militares, federal, rodoviárias,
ferroviárias e o corpo de bombeiros. Elas têm o dever
de, enquanto em serviço, efetuar a prisão em flagrante.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Flagrante Facultativo Flagrante Forjado


É a permissão constitucional de que qualquer do É o flagrante armado, fabricado para incriminar pes-
povo efetue a prisão em flagrante. Ela abrange também soa inocente. Evidentemente é ilícito, sendo o único infra-
as autoridades policiais fora de serviço. tor aqui o agente executor da prisão.

Flagrante Esperado Flagrante por Apresentação


Não está disciplinado na legislação, sendo uma idea- Não é flagrante propriamente dito, pois quem se en-
lização doutrinária. Ocorre quando a polícia, sabendo trega à polícia não se enquadra em nenhuma das hipó-
que um crime irá se consumar, fica de tocaia, realizando a teses legais autorizadoras do flagrante. Assim, não será
prisão quando os atos executórios são deflagrados. Ape- lavrado APFD, apesar de poder o agente ter sua prisão
sar de não indicado, o particular também poderá efetuar preventiva decretada pela autoridade policial.
o flagrante esperado.
Flagrante Vedado
Flagrante Preparado ou Provocado São hipóteses em que a autoridade não pode, de for-
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado ma alguma, decretar o flagrante delito, sob pena de ilega-
a cometer o delito, sendo preso no ato. É artifício onde lidade manifesta.
verdadeira armadilha é maquinada no intuito de prender Assim, não se decreta a prisão em flagrante, ou seja,
em flagrante aquele que cede à tentação e acaba prati- se decretada, deverá ser relaxada:
cando a infração. 1. Com o advento da lei dos juizados especiais cri-
minais, aquele que for capturado em flagrante pela prá-
Dispõe a Súmula 145, STF: “Não há crime quando a tica de crimes de menor potencial ofensivo, e assumir o
preparação do flagrante pela polícia torna impossível a compromisso de comparecer ao Juizado, a ele não será
sua consumação”. imposta a prisão em flagrante (será elaborado o Termo
Circunstanciado). Assim, praticamente, todas as hipóteses
A súmula para o STF, com a preparação do flagrante em que o réu se livra solto estão abrangidas pelo concei-
e consequente realização da prisão, existiria crime só na to de crime de menor potencial ofensivo (por isso que
aparência, já que o resultado da prática supostamente caiu em desuso). A jurisprudência majoritariamente (STJ e
delituosa já era conhecido pela polícia de antemão e ela STF) entende que os crimes de menor potencial ofensivo
já estaria com toda a estrutura montada para prender o são os crimes com pena máxima de até 02 anos. Assim,
agente logo após a conduta. Assim, haveria verdadeiro a hipótese de incidência do artigo 323 será aplicada na
crime impossível, por absoluta ineficácia do meio ou ab- hipótese excepcional de o indivíduo não assumir o com-
soluta impropriedade do objeto criminoso. promisso (aliás, o descumprimento do compromisso de
Entretanto, se, preparando o flagrante, o agente con- comparecimento não traz qualquer consequência para o
segue consumar o delito e fugir, o crime restará plena- indivíduo, mesmo se ele não comparecer).
mente caracterizado. 2. A Lei nº 9.503/97 (CTB) (artigo 301) prevê que ao
Não é flagrante preparado o caso de se prender al- condutor por delito de trânsito NÃO se imporá a prisão
guém, que adentra no território nacional portando dro- em flagrante se ele prestar pronto e integral socorro à
gas, após o recebimento de notícias sobre esse fato. A vítima.
polícia esperará a pessoa chegar e efetuará a prisão. No- 3. No caso do art. 28 da Lei de Drogas.
te-se que o indivíduo já estava com o crime em anda-
mento. Flagrante nas Várias Espécies de Crime
a) Crimes permantentes: enquanto não cessada a
Flagrante Prorrogado, Retardado, Diferido, Posterga- permanência poderá haver flagrante a qualquer tempo.
do ou Ação Controlada b) Crime habitual: de acordo com Tourinho, não é
Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, possível o flagrante no crime habitual, já que este ocorre
mesmo presenciando o crime, pois do ponto de vista es- somente quando a conduta típica se integra com a prática
tratégico seria a melhor opção. de diversas açoes. Se houver o flagrante antes da consu-
Previsto no art. 2º, II, da Lei nº 9.034/95 (Lei de Com- mação, os atos realizados serão indiferentes penais, não
bate às Organizações Criminosas). Não é necessária au- passíveis de configurar qualquer crime.
torização judicial nem prévia oitiva do MP, cabendo à c) Crime de ação penal privada e ação pública con-
autoridade policial administrar a conveniência ou não dicionada: nada impede a realizaçao do flagrante nestes
da postergação. Ela não pode ser utilizada para abarcar crimes. Porém, para a lavratura do APFD, deverá haver
atividades de quadrilhas ou bandos, apenas de organiza- manifestação de vontade da pessoa legitimada a propor a
ções criminosas. ação ou a representar. Caso a vítima não possa ir imedia-
tamente à delegacia, por ter sido conduzida ao hospital
Já no flagrante diferido previsto na Lei nº 11.343/06, ou por qualquer outro motivo relevante, poderá fazê-lo
é necessária autorização judicial e prévia oitiva do MP, no prazo de entrega da nota de culpa. Caso preso o agen-
além do conhecimento do provável itinerário da droga e te em flagrante e a vítima não autorize, não poderá ser
dos eventuais agentes do delito ou colaboradores. lavrado o auto, devendo o agente ser liberado.

11
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

d) Crime continuado: o flagrante se dará de forma h) Motoristas: no caso de crime de trânsito, se pres-
fracionada, já que as várias ações são independentes en- tarem pronto e integral socorro à vítima de acidente de
tre si, somente havendo a continuidade para fins de dimi- trânsito no qual se envolveu, não poderá ser preso em fla-
nuição da pena quando da dosimetria penal. O flagrante é grante nem poderá ser-lhe exigida fiança (art. 301, CTB).
possível para cada crime isoladamente.
e) Infração de menor potencial ofensivo: não haverá Autoridade Competente
lavratura de APFD, e sim de TCO (Termo Circunstanciado Via de regra, é competente para presidir a lavratura
de Ocorrência), desde que o infrator seja imediatamente do auto a autoridade policial da circunscrição onde foi
enaminhado ao jecrim ou assuma o compromisso de lá efetuada a prisão (art. 290, CPP).
comparecer na data designada pela autoridade policial.
Entretanto, se ele se negar a tanto, lavra-se o APFD, re- Procedimentos e Formalidades Legais
colhendo-se o infrator ao cárcere, salvo se for admitida e De acordo com Luís Flávio Gomes, a prisão em fla-
paga a fiança. Lembrar que, no crime do art. 28 da Lei nº grante conta com quatro momentos distintos:
11.343/06, é absolutamente impossível a prisão. a) Captura do agente;
Nos crimes particados com violência doméstica contra b) Condução coercitiva até a presença da autorida-
a mulher, não se aplica a Lei nº 9.099/95; assim, mediante de policial ou judicial;
uma infraçao de menor potencial ofensivo, ao invés de c) Lavratura do auto de prisão em flagrante;
TCO será lavrado APFD (art. 41, lei nº 11.340/06). d) Recolhimento ao cárcere.
Deve ser dada especial atenção ao aspecto formal do
Sujeitos do Flagrante ato, com a documentação da prisão efetuada em razão da
captura. Deve-se, pois, seguir os seguintes passos:
Sujeito Ativo a) Comunicação à família do preso ou pessoa por
É aquele que efetua a prisão. Pode ser qualquer pes- ele indicada sobre a prisão, antes de lavrar o auto (art. 5º,
soa, policial ou não. Não se confunde o sujeito ativo com LXIII, CR/88).
o condutor, que é a pessoa que apresenta o preso à polí- b) Oitiva do condutor: quem apresentou o “melian-
cia (evidentemente, poderão ser a mesma pessoa). te” na delegacia deverá ser ouvido, sendo suas declara-
ções reduzidas a termo, colhida sua assinatura e entregue
Sujeito Passivo cópia do termo e recibo de entrega do preso (esse recibo
É aquele detido na situação de flagrância. Em regra, tem função acautelatória para o próprio condutor).
pode ser qualquer pessoa, respeitadas as exceções de c) Oitiva das testemunhas: suas declarações serão
determinados indivíduos, quais sejam: reduzidas a termo e assinadas. Devem ser, no mínimo,
a) Presidente da República: nunca poderá ser pre- duas testemunhas para o flagrante ser regular, ainda que
so em flagrante ou por outra prisão cautelar (art. 86, § 3º, uma ou ambas sejam meramente instrumentárias, aquelas
CR/88). simplesmente presentes na delegacia e que são convida-
b) Diplomatas estrangeiros: podem não ser presos das a assinar como testemunha o ato de ver a entrega do
em flagrante, a depender de tratados e convenções inter- agente.
nacionais. d) Oitiva da vítima: não é requisito imposto pela lei,
c) Membros do Congresso Nacional e Assembleias mas é prática corrente no procedimento, até mesmo para
Legislativas: só podem ser presos em flagrante delito por fortalecer o valor probatório.
prática de crime inafiançável, devendo os autos, no caso, e) Oitiva do conduzido: o preso será ouvido, poden-
ser remetidos à respectiva Casa para que, mediante provo- do, entretanto, calar-se. Admite-se a presença do advoga-
cação de partido e pelo voto da maioria de seus membros, do, o qual, entretanto não é imprescindível. Lembrar que
resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º, CR/88). o procedimento pré-processual não é contraditório. Se o
d) Magistrados: só poderão ser presos em flagran- interrogatório não for realizado por força maior, o ato não
te por crime inafiançável, devendo os autos serem enca- restará viciado.
minhados ao Presidente do respectivo Tribunal (art. 33, II, f) Decisão da autoridade: se a autoridade estiver
LOMAN). convencida de que o flagrante é legítimo, determinará ao
e) Membros do MP: idem, devendo os autos serem escrivão que lavre e encerre o auto de flagrante. Porém,
encaminhados ao respectivo Procurador-Geral (art. 40, III, também poderá liberar o detido caso verifique ilegalidade.
LONMP). LOGO, O POLICIAL TAMBÉM PODE EFETUAR O RELA-
f) Advogados: somente poderá ser preso em fla- XAMENTO DE PRISÃO. Decorre do princípio administrati-
grante, por motivo de exercício da profissão, em caso de vo da autotutela, pelo qual a Administração deve anular
crime inafiançável, sendo necessária a presença de repre- seus próprios atos quando ilegais.
sentante da OAB para se lavrar o auto, sob pena de nulida-
de (art. 7º, § 3º, EOAB). Nota de Culpa
g) Menores de 18 anos: penalmente inimputáveis, A nota de culpa se presta a informar ao preso os res-
somente poderão ser privados da liberdade, mediante de- ponsáveis por sua prisão e os motivos de fato da mesma,
terminação escrita e fundamentada do juiz ou mediante contendo o nome do condutor e das tetemunhas, sendo
flagrante de prática de ato infracional (art. 106, ECA). assinada pela autoridade (art. 306, § 2º, CPP).

12
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Será entregue em 24 horas da realização da prisão, mediante recibo. Se o preso se negar a assinar, 02 testemunhas
suprirão o ato.
A ENTREGA DA NOTA DE CULPA É DE VITAL IMPORTÂNCIA PARA A VALIDADE DA PRISÃO. Com a nota de culpa, a
garantia da informação é assegurada, tendo o preso a cientificação formal dos motivos pelo qual foi encarcerado, com a
indicação de seus responsáveis.

Remessa à Autoridade e Manifestação sobre o Flagrante


Em 24 horas da realização da prisão, será encaminhado à autoridade judicial competente o APFD acompanhado de
todas as oitivas colhidas e demais documentos e, caso o autuado não indique advogado, será remetida cópia integral à
defensoria pública (art. 306, § 1º).
Recebidos os autos, o juiz poderá relaxar a prisão, se tiver sido ilegal, concederá a liberdade provisória com ou sem
medida cautelar, ou decretará a prisão preventiva, se presentes alguma das situações do art. 312 e se não se revelarem
adequadas ou suficientes as medidas cautelares previstas no art. 319.
Tudo isso terá que ser feito de forma fundamentada.

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:


I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código,
e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições cons-
tantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011)
O art. 310 impede que ocorra as situações do sujeito ficar preso indefinidamente em flagrante. Ou ele é solto, ou é
decretada sua prisão preventiva ou alguma medida cautelar. A não adoção de alguma dessas determinações constituirá
flagrante ilegalidade por desrespeito à lei processual.

Prisão em Flagrante: Réu Preso e Excesso de Prazo


É muito comum de ocorrer a manutenção do flagrante sem decretação da prisão preventiva, o que não deveria se
dar. Logo que recebe os autos, o juiz teria que, necessariamente, se manifestar sobre o cabimento ou não.
Logo, a prisao em flagrante deve ocorrer pelo tempo suficiente para análise dos autos pelo juiz, e não como justifica-
tiva para o condenado ficar encarcerado até seu julgamento, o que é ilegal.
Às vezes a ilegalidade ocorre até mesmo em função da demora da remessa dos autos do flagrante da repartição poli-
cial para o juízo.

13
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Passemos a analisar a seguinte tabela:

Prisão em Flagrante
Flagrante Próprio, Cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la. A
Propriamente Dito, Real ou prisão deve ocorrer de imediato, sem o decurso de qualquer intervalo
Verdadeiro de tempo.
Flagrante em que o agente é perseguido logo após a infração,
em situação que faça presumir ser o autor do fato. Ele não é visto
Flagrante Impróprio,
praticando a infração, mas é perseguido. Não existe prazo certo para a
Irreal ou Quase-Flagrante
expressão logo após, sendo equivocada a doutrina que aponta o prazo
de 24 horas.
Caso em que o agente é preso após cometer a infração, quando
Flagrante Presumido, encontrado com instrumentos ou produtos do crime, armas, objetos
Ficto ou Assimilado ou papéis que permitam presumir ser ele o autor da infração.
Nessa espécie de flagrante não se exige perseguição.
Alcança a atuação das forças de segurança englobando as
Flagrante Compulsório polícias civis, militares, federal, rodoviárias, ferroviárias e o corpo de
ou Obrigatório bombeiros. Elas têm o dever de, enquanto em serviço, efetuar a prisão
em flagrante.
É a permissão constitucional de que qualquer pessoa efetue a
Flagrante Facultativo
prisão em flagrante, incluindo as autoridades policiais fora de serviço.
Quando a polícia, sabendo que um crime irá se consumar, fica de
Flagrante Esperado
tocaia, realizando a prisão quando os atos executórios são deflagrados.
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a cometer o
Flagrante Preparado ou delito, sendo preso no ato. É artifício onde verdadeira armadilha é
Provocado maquinada no intuito de prender em flagrante aquele que cede à
tentação e acaba praticando a infração.
Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mesmo
Flagrante Prorrogado,
presenciando o crime, pois do ponto de vista estratégico seria a
Retardado, Diferido,
melhor opção. Organizações criminosas: não precisa de autorização
Postergado
judicial e oitiva do MP. Drogas: precisa.
É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa inocente.
Flagrante Forjado Evidentemente é ilícito, sendo o único infrator aqui o agente executor
da prisão.
Não é flagrante propriamente dito, pois quem se entrega à polícia
Flagrante por não se enquadra em nenhuma das hipóteses legais autorizadoras do
Apresentação flagrante. Assim, não será lavrado APFD, apesar de poder o agente ter
sua prisão preventiva decretada pela autoridade policial.
São hipóteses em que a autoridade não pode, de forma alguma,
Flagrante Vedado
decretar o flagrante delito, sob pena de ilegalidade manifesta.
Procedimento: deverá ser o agente conduzido à delegacia, identificados e ouvidos os condutores,
as testemunhas, a vítima e, por fim, o agente. Se não relaxada a prisão ou se não arbitrada fiança,
deve ser entregue ao condutor a nota de culpa. Assim, no prazo máximo de 24 horas, devem os
autos serem remetidos ao juiz, que deverá relaxar a prisão, conceder liberdade provisória com ou
sem medida cautelar, ou decretar a prisão preventiva presentes os pressupostos.

14
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

muito mais após a promulgação da lei 12.403/2011, sen-


3.2 PRISÃO PREVENTIVA. do somente permitida quando a lei não assegurar outra
medida cautelar substitutiva.

2-Enfoque constitucional
A prisão preventiva é uma espécie de prisão cautelar É cediço pelo artigo 5º, LVII, da CF/88 que ninguém
de natureza processual, consistente na medida restritiva será considerado culpado até o trânsito em julgado de sen-
de liberdade, em qualquer fase da investigação policial ou tença penal condenatória.
do processo penal, a ser decretada pelo juiz, de ofício, se Aos adeptos da corrente garantista extremada, a inter-
no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério pretação gramatical desta regra supra, poderia mergulhar
Público, do querelante ou do assistente, ou por represen- em conclusões no sentido de que qualquer prisão cautelar
tação da autoridade policial. seria inconstitucional.
A prisão preventiva somente poderá ser decretada Para quase a maioria esmagadora da doutrina, contu-
quando houver prova da existência do crime e indícios do, não se trata de um instituto que atenta a Carta Política
suficientes de autoria. de 1988, mas sim, uma medida indispensável para a ma-
Note-se que a prisão preventiva, nos termos do arti- nutenção da ordem social e para administração da justiça.
go 313, do Código Processual Penal, somente poderá ser Segundo CLAUS ROXIN, “ entre as medidas que asse-
decretada nos crimes dolosos punidos com pena priva- guram o procedimento penal, a prisão preventiva é a inge-
tiva de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; se rência mais grave na liberdade individual; por outra parte,
tiver sido condenado por outro crime doloso, em senten- ela é indispensável em alguns casos para a administração
ça transitada em julgado. Contrário a isso, o disposto no da justiça penal eficiente.” [02]
inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7
de dezembro de 1940 - Código Penal; se o crime envol- 3-Bases legais
ver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, Tendo por base o artigo 312 do CPP, para que se de-
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, crete a preventiva é necessária à demonstração de prova
para garantir a execução das medidas protetivas de ur- da existência do crime, trazendo à tela a materialidade e
gência; quando houver dúvida sobre a identidade civil indícios suficientes da autoria ou de participação no fato
da pessoa ou quando esta não fornecer elementos sufi- típico.
cientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado Interessante notar que o delito deve ter ocorrido in-
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo contestavelmente, e sua comprovação pode ser feita pelos
se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. diversos meios de prova admitidos em direito, entretanto,
no que toca a autoria, apenas se tem a necessidade de indí-
Fundamentação: cios de vinculação do individuo à prática do crime.
Arts. 311 a 316 do CPP Ainda nesse pensamento, há de se ressaltar os pressu-
postos da preventiva e esses formam exatamente ofumus
A prisão preventiva não é uma pena aplicada anteci- commissi delicti, que oferece o básico de segurança para a
padamente ao trânsito em julgado, é uma medida caute- decretação da medida.
lar. Por esse motivo, não viola a garantia constitucional Pelo entendimento do artigo 313 do CPP, a preventiva
de presunção de inocência se a decisão for devidamente somente possui envergadura em crimes dolosos, cuja pena,
motivada e a prisão estritamente necessária. via de regra, ultrapasse quatro anos. Logo, crimes culposos
É uma prisão cautelar que tem o objetivo de evitar e contravenções parecem ser rechaçados pelo instituto.
que o réu cometa novos crimes ou ainda que em liber- É de se observar que caso o réu seja reincidente e com
dade prejudique a colheita de provas ou fuja. De acordo respeito ao que reza o artigo 64, I do Código Penal, pode-
com o processualista Paulo Rangel, « se o indiciado ou -se aplicar a prisão preventiva ainda que o novo crime não
acusado em liberdade continuar a praticar ilícitos penais, tenha pena maior que quatro anos.
haverá perturbação da ordem pública, e a medida extre- Com ressalva de parte da doutrina, pode ser decreta-
ma é necessária se estiverem presentes os demais requi- da a medida cautelar de segregação da liberdade em tela
sitos legais» (RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 12. também quando da dúvida sobre a identidade civil do
Ed. Rev. Atual. Ampl. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. agente e ele não forneça elementos de comprovação de
613). esclarecimentos. A doutrina que vê como medida extrema
Pode ser decretada inclusive na fase investigatória da excepcional revela cabimento na hipótese do acusado se
persecução criminal, ou seja, durante o inquérito policial. recusar a se submeter a identificação criminal.

É prisão provisória na medida em que ainda não pesa No artigo 311 do CPP reside determinação no sentido
condenação contra o possível criminoso; medida cautelar, de se permanecer viva a possibilidade de decretação da
pois tenta resguardar a harmonia social da ordem públi- preventiva em qualquer fase da investigação policial ou do
ca ou da ordem econômica; excepcional, decorrente do processo penal. Assim, é medida que tem alicerce em qual-
poder geral de cautela dado ao magistrado; subsidiária, quer fase da persecução criminal.

15
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Necessário notar que apesar de reclamar maior cuida- Em razão da sua gravidade, e como decorrência do sis-
do, a decretação da preventiva ainda no inquérito policial tema de garantias individuais constitucionais, somente se
é fato costumeiro na prática penal cotidiana, onde quase decretará a prisão preventiva “por ordem escrita e funda-
sempre há a segregação cautelar da liberdade sem a devi- mentada da autoridade judiciária competente”, conforme
da preocupação. se observa com todas as letras no art. 5º, LXI, da Carta de
Observação importante é que não mais se faz presente 1988.
no ordenamento jurídico após a lei 12.403/2011 qualquer
opção de prisão preventiva obrigatória. Frise-se que ape- È possível a DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA, NÃO SÓ
nas autoridade judiciária competente, em consonância com NA PRESENÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DO ART.
artigo 5º, LXI, da CF/88 pode decretar a prisão preventiva. 312, CPP, MAS SEMPRE QUE FOR NECESSÁRIO PARA GA-
RANTIR A EXECUÇÃO DE OUTRA MEDIDA CAUTELAR, DI-
Pressupostos VERSA DA PRISÃO (ART. 282, § 4º, CPP).

A prisão preventiva não é uma punição aplicada ante- A prisão preventiva, apresenta duas características bem
cipadamente, inclusive porque a legislação brasileira proí- definidas, a saber:
be a ocorrência de qualquer sanção antes da condenação A) autônoma, podendo ser decretada independente-
judicial. mente de qualquer outra providência cautelar anterior;
Essa modalidade de prisão é determinada pela Justiça B) subsidiária, a ser decretada em razão do descum-
para impedir que o acusado (réu) atrapalhe a investigação, primento de medida cautelar anteriormente imposta.
a ordem pública ou econômica e aplicação da lei.
O réu pode ser mantido preso preventivamente até o Existem ainda quatro situações claras em que poderá
seu julgamento ou pelo período necessário para não atra- ser imposta a prisão preventiva:
palhar as investigações. A) A qualquer momento da fase de investigação ou
Caso exista a necessidade, a prisão preventiva pode ser do processo, de modo autônomo e independente (art. 311,
CPP);
decretada inclusive na fase inicial do inquérito policial, e
B) Como conversão da prisão em flagrante, quando
não dá ao acusado o direito de defesa prévia.
insuficientes ou inadequadas outras medidas cautelares
A prisão preventiva é a prisão de natureza cautelar mais
(art. 310, II, CPP);
ampla existente, sendo uma eficiente ferramenta de encar-
C) Em substituição à medida cautelar eventualmente
ceramento durante toda a persecução penal, já que pode
descumprida (art. 282, § 4º, CPP);
ser decretada tanto durante o IP quanto na fase processual.
D) Quando houver fundadas dúvidas sobre a identi-
A prisão preventiva, por ser medida de natureza caute-
dade do acusado, devendo ele ser imediatamente liberado
lar, só se sustenta se presentes o lastro probatório mínimo
assim que confirmada for.
a indicar a ocorrência da infração e os eventuais envolvi-
dos, além de algum motivo legal que fundamente a neces- De outro modo, não será cabível a preventiva:
sidade de encarceramento. A) Para os crimes culposos, contravenção penal ou se
Admite-se a decretação da preventiva até mesmo sem no caso concreto está presente qualquer causa excludente
a instauração do IP, desde que o atendimento aos requi- de ilicitude, isso decorre do postulado da proporcionali-
sitos legais seja demonstrado por outros elementos indi- dade, na perspectiva da proibição do excesso, a impedir
ciários. que uma medida cautelar seja mais grave e onerosa que o
Ela é medida de exceção e deve ser aplicada restritiva- resultado final do processo condenatório;
mente, a fim de compatibilizá-la com o princípio constitu- B) Quando não for prevista pena privativa da liberda-
cional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CR/88). de para o delito (art. 283,§ 1º, CPP).
Se a prisão em flagrante busca sua justificativa e fun-
damentação, primeiro, na proteção do ofendido, e, depois,
na garantia da qualidade probatória, a prisão preventiva
revela a sua cautelaridade na tutela da persecução penal, 3.3 PRISÃO TEMPORÁRIA (LEI Nº7.960/1989).
objetivando impedir que eventuais condutas praticadas
pelo alegado autor e/ou por terceiros possam colocar em
risco a efetividade do processo.
Referida modalidade de prisão, por trazer como conse- LEI Nº 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989.
quência a privação da liberdade antes do trânsito em jul-
gado, somente se justifica enquanto e na medida em que
Conversão da Medida Provisória Dispõe sobre prisão
puder realizar a proteção da persecução penal, em todo o
nº 111, de 1989 temporária.
seu iter procedimental, e, mais, quando se mostrar a única
maneira de satisfazer tal necessidade.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
A prisão preventiva, somente deve ser aplicando, como
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
regra, quando as outras medidas cautelares não forem su- Art. 1° Caberá prisão temporária:
ficientes.

16
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

I - quando imprescindível para as investigações do § 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará


inquérito policial; o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não Federal.
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua § 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o
identidade; preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo
III - quando houver fundadas razões, de acordo com se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.
qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer,
ou participação do indiciado nos seguintes crimes: obrigatoriamente, separados dos demais detentos.
A) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de
B) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus 1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
§§ 1° e 2°); “Art. 4° ...............................................................
C) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); I) prolongar a execução de prisão temporária, de pena
D) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); ou de medida de segurança, deixando de expedir em tem-
E) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus po oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de li-
§§ 1°, 2° e 3°); berdade;”
F) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias ha-
o art. 223, caput, e parágrafo único);  (Vide Decreto-Lei nº verá um plantão permanente de vinte e quatro horas do
2.848, de 1940) Poder Judiciário e do Ministério Público para apreciação
G) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e dos pedidos de prisão temporária.
sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo úni- Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
co);   (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
H) rapto violento (art. 219, e sua combinação com Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da Independên-
o art. 223 caput, e parágrafo único);  (Vide Decreto-Lei nº cia e 101° da República.
2.848, de 1940)
I) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); JOSÉ SARNEY
J) envenenamento de água potável ou substância J. Saulo Ramos
alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270,
caput, combinado com art. 285); Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
L) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código 22.12.19
Penal;
M) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de
outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
N) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de
outubro de 1976);
O) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de
16 de junho de 1986).
P) crimes previstos na Lei de Terrorismo.   (Incluído
pela Lei nº 13.260, de 2016)
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz,
em face da representação da autoridade policial ou de
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5
(cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade poli-
cial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária de-
verá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24
(vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento
da representação ou do requerimento.
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do
Ministério Público e do Advogado, determinar que o pre-
so lhe seja apresentado, solicitar informações e esclareci-
mentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de
corpo de delito.
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á man-
dado de prisão, em duas vias, uma das quais será entre-
gue ao indiciado e servirá como nota de culpa.
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da
expedição de mandado judicial.

17
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES existem três sistemas processuais, o Sistema inquisitivo:


nele não há contraditório nem ampla defesa; quem acusa
1. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUN- e quem julga são as mesmas pessoas; o Sistema acusató-
CAB/2010) A respeito dos sistemas processuais existen- rio: onde o processo é público, como meio de impedir que
tes no Processo Penal, pode-se afirmar que: abusos sejam praticados; são assegurados os princípios do
A) o sistema inquisitivo rege o processo penal bra- contraditório e ampla defesa; adota-se o sistema da livre
sileiro, com a concentração das funções acusatória, de apreciação da prova e o Sistema misto: neste sistema há
defesa e julgadora na mesma pessoa, o Juiz acusador. uma fase de investigação preliminar (conduzida pela polícia
B) o sistema acusatório caracteriza-se pela divisão judiciária); uma fase de instrução preparatória (patrocinada
das funções acusatória, de defesa e julgadora em dife- pelo juiz instrutor); uma fase de julgamento (somente aqui
rentes personagens, sendo o Juiz imparcial. incidiriam o contraditório e a ampla defesa); e uma fase
C) o inquérito policial, apesar de não ser um pro- de recurso (em que se pode utilizar o “recurso de cassa-
cesso, obedece às regras e aos princípios do sistema ção”, para impugnar apenas questões de direito, como o
acusatório, com a garantia da ampla defesa e do con- “recurso de apelação”, para impugnar questões de fato e de
traditório. direito). Embora seja o sistema adotado no Brasil o Sistema
D) o sistema processual inquisitivo tem como carac- acusatório, não existe na legislação brasileira de forma ex-
terística marcante a oralidade e a publicidade. pressa qualquer previsão neste sentido, razão pela qual a
E) o sistema acusatório caracteriza-se por ser emi- alternativa correta é a letra “E”.
nentemente escrito e secreto.
RESPOSTA: “E”.
O sistema inquisitivo é caracterizado pela concentra-
ção de poder nas mãos do julgador, que exerce, também, 3. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG/2013) No sis-
a função de acusador; a confissão do réu é considerada tema acusatório,
a rainha das provas; não há debates orais, predominando A) um único órgão de jurisdição preside a fase de
procedimentos exclusivamente escritos, o procedimento investigação, acusação e julgamento do processo.
é sigiloso; há ausência do contraditório e a defesa é me- B) o acusado é mero objeto do processo, não lhe
ramente decorativa. Por outro lado, o sistema acusatório sendo garantidos direitos.
possui nítida separação entre o órgão acusador e o julga- C) as partes se encontram em igualdade de posi-
dor; há liberdade de acusação, reconhecido o direito de ções e, a ambas, um juiz imparcial e equidistante se so-
defesa e a isonomia entre as partes no processo; vigora brepõe.
a publicidade do procedimento; o contraditório está pre- D) não há contraditório.
sente; existe a possibilidade de recusa do julgador; há livre
sistema de produção de provas. Desta forma, ressaltadas No sistema acusatório há distribuição das funções
as principais características destes sistemas a resposta que de acusar, defender e julgar a órgãos distintos, onde se
esta de acordo com o exposto é a alternativa “B”. pressupõe as seguintes garantias constitucionais: da tute-
la jurisdicional, do devido processo legal, da garantia de
RESPOSTA: “B”. acesso à justiça, da garantia do juiz natural, do tratamento
paritário das partes, do contraditório, da ampla defesa, da
2. (MPE/AC - Analista Processual - Direito - FM- publicidade dos atos processuais e motivação dos atos de-
PRS/2013) Assinale a alternativa correta. cisórios, bem como da presunção de inocência e da garan-
A) A legislação brasileira adota expressamente o tia da dignidade da pessoa humana.
sistema acusatório, em razão de não prever a investiga-
ção criminal realizada por magistrados. RESPOSTA: “C”.
B) A legislação brasileira adota expressamente o
sistema acusatório, em razão de prever a possibilidade 4. (MPE/MA - Promotor Substituto - MPE/MA/2014)
tribunais populares exercerem a jurisdição criminal nos É consentâneo com o sistema inquisitorial de processo
crimes contra a vida. penal, exceto:
C) A legislação brasileira adota expressamente o A) Sigilo dos atos processuais;
sistema inquisitivo, em razão de prever a investigação B) Suscetibilidade de início do processo por meio
criminal realizada por magistrados. de denúncia anônima;
D) A legislação brasileira adota expressamente o C) Incumbência de formular a acusação não indivi-
sistema misto, em razão de a investigação criminal es- dualizada;
tar confiada à polícia judiciária. D) Arguição de suspeição do juiz;
E) A legislação brasileira não adota expressamente E) Defesa técnica decorativa.
qualquer sistema processual penal.
Geralmente nas questões de concurso relacionadas à
Os sistemas processuais são os diferentes conjuntos de área do Direito, as Bancas examinadoras se utilizam de uma
normas adotados por cada ordenamento para disciplinar linguagem mais formal, onde na maioria das vezes algo
o transcorrer de sua marcha procedimental. Basicamente que é simples acaba se tornando complexo. Exemplo claro

18
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

é o exercício acima, “consentâneo”, neste contexto nada 7. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2011)
mais é do que “condizente”, “próprio” do sistema inquisi- Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue
torial. Desta forma, cabe ao candidato considerar quais das o item a seguir:
alternativas não se enquadram com as particularidades do
mencionado sistema processual penal. O sistema inquisi- A adoção do princípio da inércia no processo penal
torial é sigiloso, sempre escrito, não existe o contraditório brasileiro não permite que o juiz determine, de ofício,
e reúne na mesma pessoa às funções de acusar, defender diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante
e julgar. O réu é visto nesse sistema como mero objeto da dos autos.
persecução, com isso garantias que visam resguardar os di-
reitos do acusado, como a “arguição de suspeição do juiz”, A) CERTO
não são próprias deste sistema. B) ERRADO

RESPOSTA: “D”. O princípio da inércia é um preceito próprio do proces-


so civil e vai totalmente contra a sistemática do processo
5. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUN- penal, tendo em vista que um dos princípios primordiais
CAB/2010) São princípios que regem o processo penal procedimento é o da verdade real, no qual o juiz tem o de-
brasileiro, EXCETO: ver de investigar como os fatos se passaram na realidade,
A) Ampla defesa. não se conformando com a verdade formal constante dos
B) Duração razoável do processo autos.
C) Juiz natural.
D) Oralidade. RESPOSTA: “B”.
E) Sigilo
8. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
A publicidade é uma garantia para o indivíduo e para CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direi-
a sociedade decorrente do próprio princípio democrático. to processual penal e da aplicação da lei processual no
O princípio da publicidade dos atos processuais, profun- tempo e no espaço, julgue os itens seguintes.
damente ligado à humanização do processo penal, contra-
põe-se ao procedimento secreto, característica do sistema O princípio da presunção de inocência ou da não
inquisitório. É ele regra em nosso direito e foi elevado a culpabilidade subsiste durante todo o processo e tem o
categoria constitucional pelo artigo 5º, LX, da Constituição objetivo de garantir o ônus da prova à acusação até de-
Federal: “A lei só poderá restringir a publicidade dos atos claração final de responsabilidade por sentença penal
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse condenatória transitada em julgado.
social o exigirem”. Desta forma, o sigilo não está dentre os
princípios que regem o processo penal brasileiro, sendo que A) CERTO
neste impera a publicidade. B) ERRADO

RESPOSTA: “E”. O princípio da presunção de inocência é uma garan-


tia processual atribuída ao acusado pela prática de uma
6. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2011) infração penal, oferecendo-lhe a prerrogativa de não ser
Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue considerado culpado por um ato delituoso até que a sen-
o item a seguir: tença penal condenatória transite em julgado, cabendo a
acusação provar o contrário. Está previsto na Constituição
O processo penal brasileiro não adota o princípio Federal de 1988 em seu artigo 5º, LVII, nestes termos: “Nin-
da identidade física do juiz em face da complexidade guém será considerado culpado até o trânsito em julgado da
dos atos processuais e da longa duração dos procedi- sentença penal condenatória”.
mentos, o que inviabiliza a vinculação do juiz que pre-
sidiu a instrução à prolação da sentença. RESPOSTA: “A”.

A) CERTO 9. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária -


B) ERRADO CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direi-
to processual penal e da aplicação da lei processual no
O processo penal brasileiro adota desde a vigência da tempo e no espaço, julgue o item seguinte.
Lei nº 11.719/2008, que deu nova redação ao artigo 399,
§2º, do Código de Processo Penal, o princípio da identi- É assegurado, de forma expressa, na norma funda-
dade física do juiz. Tal princípio determina que o juiz de mental, o direito de qualquer acusado à plenitude de
direito que presidir e concluir a audiência de instrução e defesa em toda e qualquer espécie de procedimento cri-
julgamento deverá ser o mesmo que irá julgar a causa. minal.

RESPOSTA: “B”.

19
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

A) CERTO 11. (TJ/RO - Analista Judiciário - Analista Processual


B) ERRADO - CESPE/2012) A respeito dos princípios gerais e infor-
madores do processo penal, assinale a opção correta.
O princípio da plenitude de defesa é assegurado A) Não há previsão legal do contraditório na fase
ao acusado, de forma expressa, na Constituição Fe- de investigação e a sua inexistência não configura vio-
deral de 1988, apenas para o procedimento do Júri, lação à Constituição Federal (CF).
em seu artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “a”, não sendo B) Em determinados crimes é permitido ao juiz a
cabível em outros procedimentos criminais. iniciativa da ação penal condenatória, como no caso de
procedimentos especiais, a exemplo do processo e jul-
RESPOSTA: “B”. gamento dos crimes de falência.
C) A exigência de sigilo das investigações previs-
10. (DPE/MS - Defensor Público - VUNESP/2012) ta no Código de Processo Penal (CPP) impede, de for-
No que se refere aos princípios constitucionais e ma absoluta, o acesso aos autos a quem quer que seja,
infraconstitucionais aplicáveis ao processo penal, sempre que houver risco ao bom andamento das inves-
é correto afirmar que: tigações.
A) no processo penal que visa apurar crimes D) O princípio da obrigatoriedade nas ações penais
societários, a inexistência de descrição, na denún- públicas se estende ao procedimento relativo aos jui-
cia, do vínculo entre o denunciado e a empreitada zados especiais criminais, porquanto, desde que con-
criminosa a ele imputada, caracteriza-se, confor- vencido da existência do crime, deve o MP, obrigatoria-
me causa de decretação de nulidade do processo mente, submeter a questão penal ao exame do Poder
já reconhecida pelo STJ, como violação ao princí- Judiciário.
pio constitucional da ampla defesa. E) No conflito entre o jus puniendi do Estado, de
B) o princípio da economia processual e do um lado, e o jus libertatis do acusado, a balança deve se
tempus regit actum afasta eventual alegação de inclinar a favor do primeiro, porquanto prevalece, em
nulidade decorrente da não observância, na au- casos tais, o interesse público.
diência de inquirição de testemunhas realizada no
ano de 2009, do sistema adversarial anglo-ameri- O princípio do contraditório não se aplica no inquérito
cano, consistente primeiramente no direct exami- policial (fase de investigação) que não é, em sentido estri-
nation – por parte de quem arrolou – e posterior- to, “instrução”, mas colheita de elementos que possibilitem
mente no cross-examination – pela parte contrária a instauração do processo. A Constituição Federal apenas
– cabendo ao magistrado apenas a complementa- assegura o contraditório na “instrução criminal” e o vigente
ção da inquirição sobre os pontos não esclareci- Código de Processo Penal distingue perfeitamente esta do
dos, ao final, caso entenda necessário. inquérito policial.
C) o reconhecimento por uma instância supe-
rior da mera deficiência de defesa técnica pro- RESPOSTA: “A”.
cessual em favor de um condenado pela prática
do crime de falsidade ideológica em primeira ins- 12. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG/2013) É
tância acarreta, segundo entendimento sumulado princípio fundamental do processo penal:
pelo STF, a imediata declaração de nulidade da A) princípio da verdade formal.
condenação. B) princípio da defesa limitada.
D) uma pessoa condenada no ano de 2010 a 23 C) princípio da sigilosidade processual.
anos de reclusão pelo crime de homicídio tem di- D) princípio da presunção da não culpabilidade.
reito à interposição do recurso denominado “pro-
testo por novo júri” em virtude do crime a ela im- A alternativa “A”, “B” e “C” estão erradas, pois os princí-
putado ter sido praticado em 2006. pios mencionados são justamente o oposto dos princípios
fundamentais do processo penal. Assim, onde menciona
Nos chamados crimes societários, não se admi- o princípio da “verdade formal”, seria o da “verdade real”;
te a “denúncia fictícia”, sem apoio na prova e sem onde menciona o princípio da “defesa limitada”, seria o da
a demonstração da participação do denunciado na “ampla defesa”; onde menciona o princípio da “sigilosida-
prática tida por criminosa. Assim, a inexistência de de processual”, seria o da “publicidade”. Desta forma, resta
descrição, na denúncia, do vínculo entre o denuncia- apenas como correta a alternativa “D”.
do e a empreitada criminosa a ele imputada, carac-
teriza-se, como causa de decretação de nulidade do RESPOSTA: “D”.
processo, pois fere o princípio da ampla defesa que
prevê que para seu exercício é necessário o réu ter 13. (TJ/RJ - Juiz - VUNESP/2013) A doutrina é unâ-
ciência daquilo que esta sendo acusado para poder nime ao apontar que os princípios constitucionais, em
se defender. especial os relacionados ao processo penal, além de
revelar o modelo de Estado escolhido pelos cidadãos,
RESPOSTA: “A”. servem como meios de proteção da dignidade huma-

20
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

na. Referidos princípios podem se apresentar de forma V. embarcações brasileiras mercantes ou de pro-
explícita ou implícita, sem diferença quanto ao grau de priedade privada, que se acharem no espaço aéreo de
importância. São princípios constitucionais explícitos: outro país.
A) juiz natural, vedação das provas ilícitas e pro- Considera-se território brasileiro por extensão as
motor natural. indicadas
B) devido processo legal, contraditório e duplo APENAS em
grau de jurisdição. A) I e V.
C) ampla defesa, estado de inocência e verdade real. B) III e IV.
D) contraditório, juiz natural e soberania dos vere- C) II e III.
dictos do Júri. D) I, II, IV e V.
E) I, II, III e IV.
Estão previstos na Constituição Federal de 1988, den-
tre outros, os princípios do contraditório (artigo 5º, LV); do Nos termos do artigo 1º, caput, do Código de Proces-
juiz natural (artigo 5º, XXXVII) e soberania dos veredictos so Penal, o processo penal é regido “em todo o território
do Júri (artigo 5º, XXXVIII, “c”). brasileiro” por este estatuto, princípio que se aplica, salvo
disposição em contrário, às leis extravagantes. Podemos
RESPOSTA: “D”. definir como território nacional, em sentido estrito, o solo
(e subsolo), as águas interiores, o mar territorial, a platafor-
14. (TJ/AM – Analista Judiciário II – Oficial de Justi- ma continental e o espaço aéreo, com limites reconheci-
ça Avaliador – FGV/2013) O princípio da imparcialida- dos, sendo considerado o território por extensão (ou ficção)
de impõe sobre o Estado-juiz a exigência de uma pres- para efeitos penais e processuais, conforme o disposto no
tação jurisdicional imparcial, podendo ser considerado artigo 5º, §1º, do Código Penal, as embarcações e aero-
um dos pilares do sistema acusatório. Para garantir o naves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do go-
respeito ao princípio, o Código de Processo Penal pre- verno brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como
vê as situações de suspeição do juiz, relacionadas a se- as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou
guir, à exceção de uma. Assinale-a. de propriedade privada, que se achem em alto mar ou no
A) Se  tiver  funcionado  como  juiz  de  outra  ins- espaço aéreo correspondente.
tância, pronunciando-se, de fato ou de direito, so-
bre a questão.  RESPOSTA: “E”.
B)  Se  for  amigo  íntimo  ou  inimigo  capital  de 
qualquer  das partes.  16. (TRE/CE - Analista Judiciário - Administrativa -
C)  Se tiver aconselhado qualquer das partes. FCC/2012) Mário comete um crime de homicídio a bor-
D) Se for sócio, acionista ou administrador de so- do de um navio brasileiro de grande porte em alto mar,
ciedade interessada no processo. que faz o trajeto direto entre Santos (São Paulo/Brasil)
(E)  Se  ele,  seu  cônjuge,  ascendente  ou  descen- e Cape Town (África do Sul) e será processado e julgado
dente,  estiver respondendo a processo por fato análo- pela justiça.
go, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. A) da comarca de São Paulo, Capital do Estado de
São Paulo, de onde o navio partiu.
Dentre as causas de suspeição prevista no artigo 254 B) da Capital Federal do Brasil (Brasília), pois o cri-
do CPP, O juiz não se dará por suspeito, se tiver funcio- me ocorreu em alto mar.
nado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de C) da África do Sul, em Cape Town, primeiro porto
fato ou de direito, sobre a questão. Tal hipótese é de im- que tocará a embarcação após o crime, pois este foi co-
pedimento e o juiz não poderá exercer a jurisdição neste metido em alto mar, em águas internacionais.
processo. D) da comarca de Santos, último porto que tocou.
E) da África do Sul, na cidade de Bloemfontein, ca-
RESPOSTA: “A”. pital judiciária do país.

15. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa - As embarcações brasileiras, mercantes ou de proprie-


FCC /2012) A respeito da aplicação da lei processual no dade privada que se encontram em alto mar são conside-
espaço, considere: radas como extensão do território nacional, desta forma, o
I. embarcações brasileiras de natureza pública, homicídio praticado por Mário será julgado de acordo com
onde quer que se encontrarem. a legislação do Brasil, sendo a comarca responsável para
II. aeronaves brasileiras a serviço do governo brasi- elucidação do fato a última em que estava a embarcação
leiro, onde quer que se encontrem. (art. 89 do CPP).
III. embarcações brasileiras mercantes ou de pro-
priedade privada, que se acharem em alto mar. Resposta: “D.
IV. aeronaves brasileiras mercantes ou de proprie-
dade privada que se acharem no espaço aéreo brasi-
leiro.

21
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1 Noções de organização administrativa. ...................................................................................................................................................... 01


1.1 Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. ...................................................................................... 01
1.2 Administração direta e indireta. ............................................................................................................................................................ 01
1.3 Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. .................................................................. 01
2 Ato administrativo. .............................................................................................................................................................................................. 10
2.1 Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. ............................................................................................................. 10
3 Agentes públicos. ................................................................................................................................................................................................ 15
3.1 Legislação pertinente. ............................................................................................................................................................................... 15
3.1.1 Lei nº 8.112/1990. ................................................................................................................................................................................... 15
3.1.2 Disposições constitucionais aplicáveis. ........................................................................................................................................... 15
3.2 Disposições doutrinárias. ......................................................................................................................................................................... 15
3.2.1 Conceito....................................................................................................................................................................................................... 15
3.2.2 Espécies. ...................................................................................................................................................................................................... 15
3.2.3 Cargo, emprego e função pública. ................................................................................................................................................... 15
4 Poderes administrativos. ................................................................................................................................................................................... 44
4.1 Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. ...................................................................................................................... 44
4.2 Uso e abuso do poder. ............................................................................................................................................................................. 44
5 Licitação. .................................................................................................................................................................................................................. 48
5.1 Princípios. ....................................................................................................................................................................................................... 48
5.2 Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. .............................................................................................................................. 48
5.3 Modalidades. ................................................................................................................................................................................................ 48
5.4 Tipos. ............................................................................................................................................................................................................... 48
5.5 Procedimento. .............................................................................................................................................................................................. 48
6 Controle da administração pública. .............................................................................................................................................................. 87
6.1 Controle exercido pela administração pública. ............................................................................................................................... 87
6.2 Controle judicial. ......................................................................................................................................................................................... 87
6.3 Controle legislativo. ................................................................................................................................................................................... 87
7 Responsabilidade civil do Estado. ................................................................................................................................................................. 94
7.1 Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. ............................................................................................................... 94
7.1.1 Responsabilidade por ato comissivo do Estado. ........................................................................................................................ 94
7.1.2 Responsabilidade por omissão do Estado. ................................................................................................................................... 94
7.2 Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado............................................................................................ 94
7.3 Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado. ........................................................................................ 94
8 Regime jurídico-administrativo. ..................................................................................................................................................................... 96
8.1 Conceito. ........................................................................................................................................................................................................ 96
8.2 Princípios expressos e implícitos da administração pública....................................................................................................... 96
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

há uma relação de subordinação dentro de uma estrutura


1 NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO centralizada, isto é, os Ministros de Estado, o Procurador-
ADMINISTRATIVA. 1.1 CENTRALIZAÇÃO, -Geral da República e o Advogado-Geral da União respon-
DESCENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E dem diretamente ao Presidente da República e, por isso,
não possuem plena discricionariedade na prática dos atos
DESCONCENTRAÇÃO. 1.2 ADMINISTRAÇÃO
administrativos que lhe foram delegados.
DIRETA E INDIRETA. 1.3 AUTARQUIAS,
FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS E Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA. privativas da Administração pública direta no âmbito mais
central possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder
Executivo, seja porque não são atribuições delegáveis, seja
porque se optou por não delegar.
Centralização, descentralização, concentração e
desconcentração Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente
da República:
Em linhas gerais, descentralização significa transferir I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
a execução de um serviço público para terceiros que não II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a di-
se confundem com a Administração direta; centralização reção superior da administração federal;
significa situar na Administração direta atividades que, em III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela; previstos nesta Constituição;
desconcentração significa transferir a execução de um ser- IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
viço público de um órgão para o outro dentro da própria bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
Administração; concentração significa manter a execução execução;
central ao chefe do Executivo em vez de atribui-la a outra V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
autoridade da Administração direta. VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
Passemos a esmiuçar estes conceitos: a) organização e funcionamento da administração
Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do federal, quando não implicar aumento de despesa nem
Executivo, do poder de delegar certas atribuições que são criação ou extinção de órgãos públicos; 
de sua competência privativa. Neste sentido, o previsto na b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
CF: vagos; 
VII - manter relações com Estados estrangeiros e
Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da Repúbli- acreditar seus representantes diplomáticos;
ca poderá delegar as atribuições mencionadas nos inci- VIII - celebrar tratados, convenções e atos interna-
sos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
União, que observarão os limites traçados nas respectivas X - decretar e executar a intervenção federal;
delegações. XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislati-
Neste sentido: va, expondo a situação do País e solicitando as providências
que julgar necessárias;
Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre:  XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
a) organização e funcionamento da administração cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
federal, quando não implicar aumento de despesa nem XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
criação ou extinção de órgãos públicos;  das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-
vagos;  -los para os cargos que lhes são privativos; 
Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos pú- Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
blicos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é dor-Geral da República, o presidente e os diretores do ban-
delegável, não a extinção) co central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis-
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem op- tros do Tribunal de Contas da União;
ções de delegar parte de suas atribuições privativas para XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República Constituição, e o Advogado-Geral da União;
ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar XVII - nomear membros do Conselho da República,
com relação de hierarquia cada uma destas essencialida- nos termos do art. 89, VII;
des dentro da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
desconcentrar significa delegar com hierarquia, pois o Conselho de Defesa Nacional;

1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, nado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de concessão
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, ou nos atos de permissão, pelos quais o Estado transfere
quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas aos concessionários e aos permissionários apenas a execu-
mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobi- ção temporária de determinado serviço.
lização nacional; Centralizar envolve manter na estrutura da Adminis-
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do tração direta o desempenho de funções administrativas de
Congresso Nacional; interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser atri-
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; buídos a entes de fora da Administração por outorga ou
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, delegação.
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
ou nele permaneçam temporariamente; Administração Pública Direta
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- Administração Pública direta é aquela formada pelos
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro- entes integrantes da federação e seus respectivos órgãos.
postas de orçamento previstos nesta Constituição; Os entes políticos são a União, os Estados, o Distrito Fede-
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, ral e os Municípios. À exceção da União, que é dotada de
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, soberania, todos os demais são dotados de autonomia.
as contas referentes ao exercício anterior; Dispõe o Decreto nº 200/1967:
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
na forma da lei; Art. 4° A Administração Federal compreende:
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços
nos termos do art. 62; integrados na estrutura administrativa da Presidência da Re-
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta pública e dos Ministérios.
Constituição.
A administração direta é formada por um conjunto de
Descentralizar envolve a delegação de interesses es-
núcleos de competências administrativas, os quais já foram
tatais para fora da estrutura da Administração direta, o que
tidos como representantes do poder central (teoria da re-
é possível porque não se refere a essencialidades, ou seja,
presentação) e como mandatários do poder central (teoria
a atos administrativos que somente possam ser praticados
do mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto
pela Administração direta porque se referem a interesses
Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos ad-
estatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é
ministrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas
uma delegação sem relação de hierarquia, pois é uma
que podem ser organizados por decretos autônomos do
delegação de um ente para outro (não há subordinação
nem mesmo quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personali-
espécie de tutela ou supervisão por parte dos Ministérios – dade jurídica própria.
se trata de vínculo e não de subordinação). Assim, os órgãos da Administração direta não possuem
Basicamente, se está diante de um conjunto de pes- patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome
soas jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser
prestarem serviços de interesse do Estado. Possuem patri- autor nem réu em ações judiciais, exceto para fins de man-
mônio próprio e são unidades orçamentárias autônomas. dado de segurança – tanto como impetrante como quan-
Ainda, exercem em nome próprio direitos e obrigações, to impetrado). Já que não possuem personalidade, atuam
respondendo pessoalmente por seus atos e danos. apenas no cumprimento da lei, não atuando por vontade
Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar própria. Logo, órgãos e agentes públicos são impessoais
a descentralização administrativa: outorga e delegação. quando agem no estrito cumprimento de seus deveres,
A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade não respondendo diretamente por seus atos e danos.
e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
serviço público e é conferida, em regra, por prazo indeter- ponsabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos que
minado. Isso é o que acontece quanto às entidades da Ad- estejam exercendo atribuições da Administração direta é
ministração Indireta prestadoras de serviços públicos. Nes- denominada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke,
te sentido, o Estado descentraliza a prestação dos serviços, que institui o princípio da impessoalidade.
outorgando-os a outras entidades criadas para prestá-los, Quanto se faz desconcentração da autoridade central
as quais podem tomar a forma de autarquias, empresas – chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com
públicas, sociedades de economia mista e fundações pú- diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados em
blicas. simples ou complexos (simples se possuem apenas uma
A delegação ocorre quando o Estado transfere, por estrutura administrativa, complexos se possuem uma rede
contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço, de estruturas administrativas) e em unitários ou colegia-
para que o ente delegado o preste ao público em seu pró- dos (unitário se o poder de decisão se concentra em uma
prio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Esta- pessoa, colegiado se as decisões são tomadas em conjunto
do. A delegação é geralmente efetivada por prazo determi- e prevalece a vontade da maioria):

2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es- que apontam para representantes dos incapazes. Ocorre
trutura do Estado, gozando de independência para agir e que essa teoria, além de equiparar o Estado, pessoa jurídi-
não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles definir as ca, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa jurídica do-
políticas que serão implementadas. É o caso da Presidên- tada de capacidade plena), não foi suficiente para alicerçar
cia da República, órgão complexo composto pelo gabinete, um regime de responsabilização da pessoa jurídica perante
pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Repúbli- terceiros prejudicados nas circunstâncias em que o agente
ca, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o Presidente ultrapassasse os poderes da representação”3. Criticou-se a
da República é o único que toma as decisões). teoria porque o Estado estaria sendo visto como um sujeito
b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do incapaz, ou seja, uma pessoa que não tem condições plenas
poder, com autonomia funcional, porém subordinados po- de manifestar, de falar, de resolver pendências; bem como
liticamente aos independentes. É o caso de todos os minis- porque se o representante estatal exorbitasse seus poderes,
térios de Estado. o Estado não poderia ser responsabilizado.
c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giër-
ou independência, sendo plenamente vinculados aos ór- ke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos adminis-
gãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vin- trativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas que
culada ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamen- podem ser organizados por decretos autônomos do Exe-
to da Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça. cutivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personalidade
d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima jurídica própria. Com efeito, o Estado brasileiro responde
deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos pelos atos que seus agentes praticam, mesmo se estes atos
que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais extrapolam das atribuições estatais conferidas, sendo-lhe
do MTE. assegurado o intocável e assustador direito de regresso.
ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas Apresenta-se a classificação dos órgãos:
e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura, a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, dis-
sendo órgãos independentes constitucionais. Em verdade, tritais e municipais.
para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são
não pertencem nem mesmo aos três poderes. aqueles que detêm condição de comando e de direção, e
Conforme Carvalho Filho1, “a noção de Estado, como os subordinados, incumbidos das funções rotineiras de exe-
visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es- cução.
tado, na verdade, é considerado um ente personalizado, c) Quanto à composição: singulares, quando integrados
seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando em um só agente, e os coletivos, quando compostos por
se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, porque vários agentes.
além da pessoa jurídica central existem outras internas que d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem atri-
compõem o sistema político. Sendo uma pessoa jurídica, buições em todo o território nacional, estadual, distrital e
o Estado manifesta sua vontade através de seus agentes, municipal, e os locais, que atuam em parte do território.
ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus quadros. e) Quanto à posição estatal: são os que representam os
Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, compõe o Esta- poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
do um grande número de repartições internas, necessárias f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e compostos.
à sua organização, tão grande é a extensão que alcança e Os órgãos compostos são constituídos por vários outros ór-
tamanha as atividades a seu cargo. Tais repartições é que gãos.
constituem os órgãos públicos”.
“Várias teorias surgiram para explicar as relações do Administração indireta
Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do A Administração Pública indireta pode ser definida
mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí- como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou
dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado, privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica, que
que não tem vontade própria, pode outorgar o mandato”2. atuam paralelamente à Administração direta na prestação
A origem desta teoria está no direito privado, não tendo de serviços públicos ou na exploração de atividades eco-
como prosperar porque o Estado não pode outorgar man- nômicas.
dato a alguém, afinal, não tem vontade própria. “Enquanto a Administração Direta é composta de ór-
Num momento seguinte, adotou-se a teoria da repre- gãos internos do Estado, a Administração Indireta se com-
sentação: “Posteriormente houve a substituição dessa con- põe de pessoas jurídicas, também denominadas de entida-
cepção pela teoria da representação, pela qual a vontade des”4. Em que pese haver entendimento diverso registrado
dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do Es-
tado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras jurídicas 3 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo
– esquematizado, completo, atualizado, temas polêmicos,
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de conteúdo dos principais concursos públicos. 3. ed. São
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- Paulo: Atlas editora, 2013.
ris, 2010. 4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
2 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Admi- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
nistrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010. ris, 2010.

3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em nossa doutrina, integram a Administração indireta do As autarquias são pessoas jurídicas de direito público,
Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a saber: as Au- de natureza administrativa, criadas para a execução de ser-
tarquias, as Fundações, as Sociedades de Economia Mista e viços tipicamente públicos, antes prestados pelas entida-
as Empresas Públicas. des estatais que as criam. Por serviços tipicamente públicos
Dispõe o Decreto nº 200/1967: entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados por lei e co-
mum monopólio do Estado.
Art. 4° A Administração Federal compreende: “O termo autarquia significa autogoverno ou governo
II - A Administração Indireta, que compreende as se- próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção semân-
guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade tica para ter o sentido de pessoa jurídica administrativa com
jurídica própria: relativa capacidade de gestão dos interesses a seu cargo,
a) Autarquias; embora sob controle do Estado, de onde se originou. Na
b) Empresas Públicas; verdade, até mesmo em relação a esse sentido, o termo está
c) Sociedades de Economia Mista. ultrapassado e não mais reflete uma noção exata do institu-
d) fundações públicas. to. [...] Pode-se conceituar autarquia como a pessoa jurídi-
ca de direito público, integrante da Administração Indireta,
Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que criada por lei para desempenhar funções que, despidas de
prestam serviços públicos por delegação, embora não in- caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado”5.
tegrem os quadros da Administração, quais sejam, os per- Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo re-
missionários, os concessionários e os autorizados. gime jurídico de direito público, podendo, tão-somente,
Essas quatro pessoas integrantes da Administração ser prestadoras de serviços públicos, contando com capi-
indireta serão criadas para a prestação de serviços públi- tal oriundo da Administração direta. O Código Civil, em seu
cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômicas, artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de direito
como no caso das empresas públicas e sociedades de eco- público, embora exista controvérsia na doutrina.
nomia mista, e atuam com o objetivo de aumentar o grau Carvalho Filho6 classifica quanto ao regime jurídico: “a)
de especialidade e eficiência da prestação do serviço públi- autarquias comuns (ou de regime comum); b) autarquias
especiais (ou de regime especial). Segundo a própria termi-
co ou, quando exploradoras de atividades econômicas, vi-
nologia, é fácil distingui-las: as primeiras estariam sujeitas a
sando atender a relevante interesse coletivo e imperativos
uma disciplina jurídica sem qualquer especificidade, ao pas-
da segurança nacional.
so que as últimas seriam regidas por disciplina específica,
Com efeito, de acordo com as regras constantes do
cuja característica seria a de atribuir prerrogativas especiais
artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só po-
e diferenciadas a certas autarquias”. São exemplos de au-
derá explorar atividade econômica a título de exceção, em
tarquias especiais aquelas criadas para serviços especiais,
duas situações, conforme se colhe do caput do referido ar-
como autarquias de ensino (ex.: USP) e autarquias de fisca-
tigo, a seguir reproduzido: lização (ex.: CRM e CREA).
Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons- A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias:
tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra),
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Departamento
de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, con- Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Conselho Admi-
forme definidos em lei. nistrativo de Defesa Econômica (CADE), Departamento na-
Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras cons- cional de Registro do Comércio (DNRC), Instituto Nacional
titucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado, ao da Propriedade Industrial (INPI), Instituto Brasileiro do Meio
Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa esta de- Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ban-
ferida ao setor privado. Assim, apenas explora atividades co Central do Brasil (Bacen).
econômicas nas situações indicadas no artigo 173 do Texto Ainda sobra as autarquias:
Constitucional. Quando atuar na economia, concorre em Contam com patrimônio próprio, constituído a partir de
grau de igualdade com os particulares, e sob o regime do transferência pela entidade estatal a que se vinculam, por-
artigo 170 da Constituição, inclusive quanto à livre concor- tanto, capital exclusivamente público.
rência, submetendo-se ainda a todas as obrigações cons- São dotadas, ainda, de autonomia financeira, planejan-
tantes do regime jurídico de direito privado, inclusive no do seus gastos e compromissos a cada exercício. A propos-
tocante às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tri- ta orçamentária é encaminhada anualmente ao chefe do
butárias. Executivo, que a inclui no orçamento fiscal da lei orçamen-
tária anual. A própria autarquia presta contas diretamente
Autarquias ao Tribunal de Contas.
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para ris, 2010.
executar atividades típicas da Administração Pública, que 6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
nistrativa e financeira descentralizada. ris, 2010.

4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Podem pagar aos seus credores por meio de precató- Entre as agências reguladoras inseridas no ordena-
rios e requisição de pequeno valor, tal como a Administra- mento brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacional
ção direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida ativa de Energia Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a ANA-
de seus devedores. TEL – Agência Nacional de Telecomunicações, pela Lei nº
Gozam de imunidade tributária recíproca em relação a 9.472/1997; e a ANP – Agência Nacional do Petróleo, pela
todas unidades da federação. Lei nº 9.478/1997.
A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces-
suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro para Agências executivas
contestar e recorrer, além de reexame necessário da causa Agência executiva é a qualificação conferida a autar-
em situações de condenação acima de certos valores. quia, fundação pública ou órgão da administração direta
Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e ex- que celebra contrato de gestão com o próprio ente polí-
tintas por lei, que podem ser complementadas por atos do tico com o qual está vinculado. As agências executivas se
Executivo, notadamente Decretos. distinguem das agências reguladoras por não terem como
As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais objetivo principal o de exercer controle sobre particulares
e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou in- que prestam serviços públicos, que é o objetivo fundamen-
termunicipais (não é permitida a associação de unidades tal das agências reguladoras. Assim, a expressão “agências
federativas para a criação de autarquias). executivas” corresponde a um título ou qualificação atri-
Devem executar atividades típicas do direito público e, buída à autarquia ou a fundações públicas cujo objetivo
notadamente, serviços públicos de natureza social e ativi- seja exercer atividade estatal.
dades administrativas, com a exclusão dos serviços e ativi-
dades de cunho econômico e mercantil. Fundações públicas
O patrimônio da autarquia é formado por bens públi- Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas
regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no IV - Fundação Pública - a entidade dotada de persona-
que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de lidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada
oneração e de usucapião. em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvi-
Os agentes públicos das autarquias são concursados mento de atividades que não exijam execução por órgãos ou
e estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não entidades de direito público, com autonomia administrativa,
à CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de dire-
são nomeados e destituídos livremente pelo chefe do ção, e funcionamento custeado por recursos da União e de
Executivo. outras fontes.

Agências reguladoras As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um


São figuras muito recentes em nosso ordenamento ju- patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor
rídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime para atingir uma finalidade específica, denominadas, em
especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com ca- latim, universitas bonorum. Entre estas finalidades, desta-
pacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as re- cam-se as de escopo religioso, moral, cultural ou de assis-
gras das autarquias. tência.
O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive
a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que se para aquelas que não integram a Administração indireta
baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez nomeado, (não-governamentais). No caso das fundações que inte-
o dirigente passa a gozar de mandato com prazo determi- gram a Administração indireta (governamentais), quando
nado e só pode ser destituído por processo com decisão forem dotadas de personalidade de direito público, serão
motivada. regidas integralmente por regras de direito público. Quan-
Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução do forem dotadas de personalidade de direito privado, se-
de serviços públicos. Elas não executam o serviço propria- rão regidas por regras de direito público e direito privado.
mente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com típica Quando as fundações são criadas pelo Estado são co-
função de controle da prestação dos serviços públicos e do nhecidas como fundações públicas, ou autarquias funda-
exercício de atividades econômicas, evitando a prática de cionais ou fundações autárquicas. O estatuto da fundação,
abusos por parte de entidades do setor privado. no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será criar e orga-
São titulares da matéria técnica que regulam, de modo nizar a fundação. As fundações públicas são regulamenta-
que somente elas podem disciplinar as regras e padrões das por lei complementar. Sendo fundações públicas que
técnicos desta determinada seara. adotam regime jurídico de direito público, se equiparam às
No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscalizar autarquias e se sujeitam às mesmas regras que elas.
o cumprimento de contratos de concessões e o atingimen- Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma fun-
to de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o atendi- dação pública que adote regime jurídico de direito privado,
mento a consumidores e usuários (inclusive recebendo e ou então um regime misto, caso em que seus servidores
processando denúncias e reclamações, aplicando penas poderão se sujeitar à CLT, seu patrimônio não será exclu-
administrativas e multas, bem como rescindindo contra- sivamente oriundo de verbas estatais. A lei autorizadora
tos), definir política tarifária e reajustá-la. deve ser expressa neste sentido.

5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Empresas públicas Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Esta-
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: do que participa dela, existem acionistas a ela vinculados.
Entretanto, o Estado deve ser o acionista controlador do
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali- direito a voto, mesmo que não seja o acionista majoritário
dade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e (se o Estado for sócio, mas não for controlador, trata-se de
capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração empresa comum, não sociedade de economia mista).
de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer Alguns exemplos de sociedade mista:
por força de contingência ou de conveniência administrati- - Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil
va podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas e Banespa.
em direito. - Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp,
Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habita-
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito cional Urbano).
Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou Estas sociedades de economia mista se caracterizam e
para a exploração de atividades econômicas, que contam se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins
com capital exclusivamente público, e são constituídas por lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionistas),
qualquer modalidade empresarial, após autorização legis- adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social
lativa do ente federativo criador. é formado por recursos públicos e privados, os sócios são
Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços privados e públicos (Estado).
públicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda
que constituída segundo o modelo imposto pelo Direito Empresas públicas e sociedades de economia mis-
Privado. Se a empresa pública é exploradora de atividade ta: semelhanças
econômica, estará submetida a regime jurídico denomina- Embora a Constituição Federal reserve a atividade
do pela doutrina como semipúblico, ante a necessidade de econômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os
observância, ao menos em suas relações com os adminis- papéis de integração (integrar o Brasil na economia glo-
trados, das regras atinentes ao regime da Administração, a bal), regulação (definindo regras e limites na exploração
exemplo dos princípios expressos no “caput” do artigo 37 da atividade econômica por particulares) e intervenção
da Constituição Federal. (fixação de regras e normas para combater o abuso do
Podemos citar, a título de exemplo, algumas empresas poder econômico) (conforme artigos 173 e seguintes, CF),
públicas, nas mais variadas esferas de governo, como o autoriza-se excepcionalmente que o Estado explore di-
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social retamente atividades econômicas se houver um relevan-
(BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de São Pau- te interesse em matérias (serviços públicos em geral) ou
lo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos atividades de soberania.
(ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF). Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por
Estas empresas públicas se caracterizam e se diferen- meio de sociedades de economia mista e empresas pú-
ciam das sociedades de economia mista por: não possuí- blicas. Tais empresas são regidas por regime jurídico de
rem fins lucrativos (o capital excedente não se transforma direito privado, o que evita que o próprio Estado possa
em lucro, é reinvestido na própria empresa), podem ado- abusar do poder econômico. Logo, o Estado não pode dar
tar perfis empresariais diversos (LTDA, comandita, nome às suas próprias empresas benefícios previdenciários, tri-
coletivo, S/A), o capital social é formado por recursos pú- butários e trabalhistas. Além disso, em termos processuais,
blicos e só admite sócios públicos (pode ter apenas um não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam.
sócio – unipessoalidade originária ou inicial). ATENÇÃO: o impedimento de prerrogativas somen-
te se aplica quando o Estado está explorando atividade
Sociedades de economia mista econômica propriamente dita, não quando está ofertando
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: serviços públicos. Afinal, se o serviço é público, então o
Estado pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada a necessidade de regras que impeçam o abuso do poder
de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei econômico. Por exemplo, os Correios são uma empresa
para a exploração de atividade econômica, sob a forma de pública e possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto perten- bens.
çam em sua maioria à União ou a entidade da Administra- Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de
ção Indireta. economia mista são criadas por lei e a existência delas
deve ser fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujei-
As sociedades de economia mista são pessoas jurídi- tam, ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive,
cas de Direito Privado criadas para a prestação de serviços seus bens são, a princípio, penhoráveis (exceto se for pres-
públicos ou para a exploração de atividade econômica, tadora de serviço público e não exploradora de atividade
contando com capital misto e constituídas somente sob a econômica). No entanto, não se sujeitam à falência ou à
forma empresarial de S/A. recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005).

6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mí- Art. 3º O consórcio público será constituído por contrato
nimo: licitar (exceto no que tange à prestação da ativida- cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo
de-fim), concursar (os agentes se sujeitam ao regime da de intenções.
CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contratados
mediante concurso público de provas ou provas e títulos), Art. 4º São cláusulas necessárias do protocolo de inten-
prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de ções as que estabeleçam:
remuneração (exceto no caso de sociedade de economia I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a
mista que subsista sem qualquer auxílio do governo, ape- sede do consórcio;
nas com seus lucros). II – a identificação dos entes da Federação consorciados;
III – a indicação da área de atuação do consórcio;
LEI Nº 11.107, DE 6 DE ABRIL DE 2005. IV – a previsão de que o consórcio público é associação pú-
blica ou pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos;
Dispõe sobre normas gerais de contratação de consór- V – os critérios para, em assuntos de interesse comum, au-
cios públicos e dá outras providências. torizar o consórcio público a representar os entes da Federação
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- consorciados perante outras esferas de governo;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VI – as normas de convocação e funcionamento da assem-
bléia geral, inclusive para a elaboração, aprovação e modifica-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, ção dos estatutos do consórcio público;
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem VII – a previsão de que a assembléia geral é a instância
consórcios públicos para a realização de objetivos de interes- máxima do consórcio público e o número de votos para as suas
se comum e dá outras providências. deliberações;
§ 1º O consórcio público constituirá associação pública VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do re-
ou pessoa jurídica de direito privado. presentante legal do consórcio público que, obrigatoriamen-
§ 2º A União somente participará de consórcios pú- te, deverá ser Chefe do Poder Executivo de ente da Federação
blicos em que também façam parte todos os Estados em consorciado;
IX – o número, as formas de provimento e a remuneração
cujos territórios estejam situados os Municípios consorcia-
dos empregados públicos, bem como os casos de contratação
dos.
por tempo determinado para atender a necessidade temporá-
§ 3º Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão
ria de excepcional interesse público;
obedecer aos princípios, diretrizes e normas que regulam o
X – as condições para que o consórcio público celebre con-
Sistema Único de Saúde – SUS.
trato de gestão ou termo de parceria;
XI – a autorização para a gestão associada de serviços pú-
Art. 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão de- blicos, explicitando:
terminados pelos entes da Federação que se consorciarem, a) as competências cujo exercício se transferiu ao consór-
observados os limites constitucionais. cio público;
§ 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área
público poderá: em que serão prestados;
I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer na- c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, per-
tureza, receber auxílios, contribuições e subvenções sociais missão ou autorização da prestação dos serviços;
ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo; d) as condições a que deve obedecer o contrato de progra-
II – nos termos do contrato de consórcio de direito pú- ma, no caso de a gestão associada envolver também a pres-
blico, promover desapropriações e instituir servidões nos ter- tação de serviços por órgão ou entidade de um dos entes da
mos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou Federação consorciados;
interesse social, realizada pelo Poder Público; e e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e
III – ser contratado pela administração direta ou indireta de outros preços públicos, bem como para seu reajuste ou re-
dos entes da Federação consorciados, dispensada a licitação. visão; e
§ 2º Os consórcios públicos poderão emitir documen- XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando adim-
tos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de ta- plente com suas obrigações, de exigir o pleno cumprimento
rifas e outros preços públicos pela prestação de serviços das cláusulas do contrato de consórcio público.
ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles § 1º Para os fins do inciso III do caput deste artigo, con-
administrados ou, mediante autorização específica, pelo sidera-se como área de atuação do consórcio público, inde-
ente da Federação consorciado. pendentemente de figurar a União como consorciada, a que
§ 3º Os consórcios públicos poderão outorgar conces- corresponde à soma dos territórios:
são, permissão ou autorização de obras ou serviços públi- I – dos Municípios, quando o consórcio público for consti-
cos mediante autorização prevista no contrato de consór- tuído somente por Municípios ou por um Estado e Municípios
cio público, que deverá indicar de forma específica o obje- com territórios nele contidos;
to da concessão, permissão ou autorização e as condições II – dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, quan-
a que deverá atender, observada a legislação de normas do o consórcio público for, respectivamente, constituído por
gerais em vigor. mais de 1 (um) Estado ou por 1 (um) ou mais Estados e o
Distrito Federal;

7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III – (VETADO) Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recur-


IV – dos Municípios e do Distrito Federal, quando o con- sos ao consórcio público mediante contrato de rateio.
sórcio for constituído pelo Distrito Federal e os Municípios; e § 1º O contrato de rateio será formalizado em cada
V – (VETADO) exercício financeiro e seu prazo de vigência não será su-
§ 2º O protocolo de intenções deve definir o número perior ao das dotações que o suportam, com exceção dos
de votos que cada ente da Federação consorciado possui contratos que tenham por objeto exclusivamente projetos
na assembleia geral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada consistentes em programas e ações contemplados em pla-
ente consorciado. no plurianual ou a gestão associada de serviços públicos
§ 3º É nula a cláusula do contrato de consórcio que custeados por tarifas ou outros preços públicos.
preveja determinadas contribuições financeiras ou econô- § 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por
micas de ente da Federação ao consórcio público, salvo a meio de contrato de rateio para o atendimento de des-
doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou pesas genéricas, inclusive transferências ou operações de
imóveis e as transferências ou cessões de direitos operadas crédito.
por força de gestão associada de serviços públicos. § 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto,
§ 4º Os entes da Federação consorciados, ou os com bem como o consórcio público, são partes legítimas para
eles conveniados, poderão ceder-lhe servidores, na forma exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato
e condições da legislação de cada um. de rateio.
§ 5º O protocolo de intenções deverá ser publicado na § 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos
imprensa oficial. dispositivos da Lei Complementar no 101, de 4 de maio
de 2000, o consórcio público deve fornecer as informações
Art. 5º O contrato de consórcio público será celebrado necessárias para que sejam consolidadas, nas contas dos
com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções. entes consorciados, todas as despesas realizadas com os
§ 1º O contrato de consórcio público, caso assim pre- recursos entregues em virtude de contrato de rateio, de
veja cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) par- forma que possam ser contabilizadas nas contas de cada
ente da Federação na conformidade dos elementos econô-
cela dos entes da Federação que subscreveram o protocolo
micos e das atividades ou projetos atendidos.
de intenções.
§ 5º Poderá ser excluído do consórcio público, após
§ 2º A ratificação pode ser realizada com reserva que,
prévia suspensão, o ente consorciado que não consignar,
aceita pelos demais entes subscritores, implicará consor-
em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais, as do-
ciamento parcial ou condicional.
tações suficientes para suportar as despesas assumidas por
§ 3º A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subs-
meio de contrato de rateio.
crição do protocolo de intenções dependerá de homologa-
ção da assembleia geral do consórcio público.
Art. 9º A execução das receitas e despesas do consór-
§ 4º É dispensado da ratificação prevista no caput deste cio público deverá obedecer às normas de direito financeiro
artigo o ente da Federação que, antes de subscrever o pro- aplicáveis às entidades públicas.
tocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fis-
no consórcio público. calização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal
de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do
Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade ju- Poder Executivo representante legal do consórcio, inclusive
rídica: quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das des-
I – de direito público, no caso de constituir associação pesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo
pública, mediante a vigência das leis de ratificação do pro- do controle externo a ser exercido em razão de cada um dos
tocolo de intenções; contratos de rateio.
II – de direito privado, mediante o atendimento dos re-
quisitos da legislação civil. Art. 10. (VETADO)
§ 1º O consórcio público com personalidade jurídica de Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos da
direito público integra a administração indireta de todos os gestão de consórcio não responderão pessoalmente pelas
entes da Federação consorciados. obrigações contraídas pelo consórcio público, mas responde-
§ 2º No caso de se revestir de personalidade jurídica rão pelos atos praticados em desconformidade com a lei ou
de direito privado, o consórcio público observará as nor- com as disposições dos respectivos estatutos.
mas de direito público no que concerne à realização de
licitação, celebração de contratos, prestação de contas e Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio
admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação público dependerá de ato formal de seu representante na
das Leis do Trabalho - CLT. assembleia geral, na forma previamente disciplinada por lei.
§ 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo
Art. 7º Os estatutos disporão sobre a organização e o consorciado que se retira somente serão revertidos ou re-
funcionamento de cada um dos órgãos constitutivos do con- trocedidos no caso de expressa previsão no contrato de
sórcio público. consórcio público ou no instrumento de transferência ou
de alienação.

8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º A retirada ou a extinção do consórcio público não § 4º O contrato de programa continuará vigente mes-
prejudicará as obrigações já constituídas, inclusive os con- mo quando extinto o consórcio público ou o convênio de
tratos de programa, cuja extinção dependerá do prévio pa- cooperação que autorizou a gestão associada de serviços
gamento das indenizações eventualmente devidas. públicos.
§ 5º Mediante previsão do contrato de consórcio públi-
Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de con- co, ou de convênio de cooperação, o contrato de programa
sórcio público dependerá de instrumento aprovado pela as- poderá ser celebrado por entidades de direito público ou
sembleia geral, ratificado mediante lei por todos os entes privado que integrem a administração indireta de qualquer
consorciados. dos entes da Federação consorciados ou conveniados.
§ 1º Os bens, direitos, encargos e obrigações decorren- § 6º O contrato celebrado na forma prevista no § 5o
tes da gestão associada de serviços públicos custeados por deste artigo será automaticamente extinto no caso de o
tarifas ou outra espécie de preço público serão atribuídos contratado não mais integrar a administração indireta do
aos titulares dos respectivos serviços. ente da Federação que autorizou a gestão associada de
§ 2º Até que haja decisão que indique os responsáveis serviços públicos por meio de consórcio público ou de
por cada obrigação, os entes consorciados responderão convênio de cooperação.
solidariamente pelas obrigações remanescentes, garantin- § 7º Excluem-se do previsto no caput deste artigo as
do o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou obrigações cujo descumprimento não acarrete qualquer
dos que deram causa à obrigação. ônus, inclusive financeiro, a ente da Federação ou a con-
sórcio público.
Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por con-
trato de programa, como condição de sua validade, as obri- Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os con-
gações que um ente da Federação constituir para com outro sórcios públicos, com o objetivo de viabilizar a descentrali-
ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito zação e a prestação de políticas públicas em escalas ade-
de gestão associada em que haja a prestação de serviços quadas.
públicos ou a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização e
serviços transferidos. funcionamento dos consórcios públicos serão disciplinados
§ 1º O contrato de programa deverá:
pela legislação que rege as associações civis.
I – atender à legislação de concessões e permissões de
serviços públicos e, especialmente no que se refere ao cálculo
Art. 16. O inciso IV do art. 41 da Lei nº 10.406, de 10
de tarifas e de outros preços públicos, à de regulação dos
de janeiro de 2002 - Código Civil, passa a vigorar com a
serviços a serem prestados; e
seguinte redação:
II – prever procedimentos que garantam a transparência
da gestão econômica e financeira de cada serviço em rela-
“Art. 41. [...] IV – as autarquias, inclusive as associações
ção a cada um de seus titulares.
públicas; [...]” (NR)
§ 2º No caso de a gestão associada originar a transfe-
rência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens
essenciais à continuidade dos serviços transferidos, o con- Art. 17. Os arts. 23, 24, 26 e 112 da Lei nº 8.666, de 21
trato de programa, sob pena de nulidade, deverá conter de junho de 1993, passam a vigorar com a seguinte redação:
cláusulas que estabeleçam:
I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsi- “Art. 23. [...]
diária da entidade que os transferiu; § 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o do-
II – as penalidades no caso de inadimplência em relação bro dos valores mencionados no caput deste artigo quan-
aos encargos transferidos; do formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo,
III – o momento de transferência dos serviços e os deve- quando formado por maior número.»
res relativos a sua continuidade;
IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passi- “Art. 24. [...]
vos do pessoal transferido; XXVI – na celebração de contrato de programa com ente
V – a identificação dos bens que terão apenas a sua ges- da Federação ou com entidade de sua administração indire-
tão e administração transferidas e o preço dos que sejam ta, para a prestação de serviços públicos de forma associada
efetivamente alienados ao contratado; nos termos do autorizado em contrato de consórcio público
VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e ou em convênio de cooperação.
avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser amortizados Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I
mediante receitas de tarifas ou outras emergentes da pres- e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para
tação dos serviços. compras, obras e serviços contratados por consórcios públi-
§ 3º É nula a cláusula de contrato de programa que cos, sociedade de economia mista, empresa pública e por
atribuir ao contratado o exercício dos poderes de plane- autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como
jamento, regulação e fiscalização dos serviços por ele pró- Agências Executivas.” (NR)
prio prestados.

9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

“Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 administrativo em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade,
e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexi- entre os atos da Administração se enquadram atos que
gibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, não se caracterizam propriamente como atos adminis-
e o retardamento previsto no final do parágrafo único do trativos, como é o caso dos atos privados da Administra-
art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) ção. Exemplo: os contratos regidos pelo direito privado,
dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na como a compra e venda, a locação etc. No mesmo plano
imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição estão os atos materiais, que correspondem aos fatos ad-
para a eficácia dos atos” (NR). ministrativos, noção vista acima: são eles atos da Adminis-
tração, mas não configuram atos administrativos típicos.
“Art. 112. [...] Alguns autores aludem também aos atos políticos ou de
§ 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação governo”7.
da qual, nos termos do edital, decorram contratos adminis- Com efeito, a expressão atos da Administração é mais
trativos celebrados por órgãos ou entidades dos entes da ampla. Envolve, também, os atos privados da Administra-
Federação consorciados. ção, referentes às ações da Administração no atendimento
§ 2º É facultado à entidade interessada o acompanha-
de seus interesses e necessidades operacionais e instru-
mento da licitação e da execução do contrato.» (NR)
mentais agindo no mesmo plano de direitos e obrigações
que os particulares. O regime jurídico será o de direito pri-
Art. 18. O art. 10 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992,
passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos: vado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis, compra de bens
“Art. 10. [...] de consumo, contratação de água/luz/internet. Basicamen-
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha te, envolve os interesses particulares da Administração, que
por objeto a prestação de serviços públicos por meio da ges- são secundários, para que ela possa atender aos interesses
tão associada sem observar as formalidades previstas na lei; primários – no âmbito destes interesses primários (inte-
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público resses públicos, difusos e coletivos) é que surgem os atos
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem ob- administrativos, que são atos públicos da Administração,
servar as formalidades previstas na lei.” (NR) sujeitos a regime jurídico de direito público.

Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos convênios Atos da Administração ≠ Atos administrativos.
de cooperação, contratos de programa para gestão associa- Atos privados da Administração = atos da Adminis-
da de serviços públicos ou instrumentos congêneres, que te- tração → regime jurídico de direito privado.
nham sido celebrados anteriormente a sua vigência. Atos públicos da Administração = atos administra-
tivos → regime jurídico de direito público.
Art. 20. O Poder Executivo da União regulamentará o
disposto nesta Lei, inclusive as normas gerais de contabili- Os atos administrativos se situam num plano superior
dade pública que serão observadas pelos consórcios públicos de direitos e obrigações, eis que visam atender aos interes-
para que sua gestão financeira e orçamentária se realize na ses públicos primários, denominados difusos e coletivos.
conformidade dos pressupostos da responsabilidade fiscal. Logo, são atos de regime público, sujeitos a pressupostos
de existência e validade diversos dos estabelecidos para
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
os atos jurídicos no Código Civil, e sim previstos na Lei de
ção.
Ação Popular e na Lei de Processo Administrativo Federal.
Brasília, 6 de abril de 2005; 184º da Independência e Ao invés de autonomia da vontade, haverá a obrigatorie-
117º da República. dade do cumprimento da lei e, portanto, a administração
só poderá agir nestas hipóteses desde que esteja expressa
e previamente autorizada por lei8.
Fato administrativo é a “atividade material no exercí-
2 ATO ADMINISTRATIVO. 2.1 CONCEITO, cio da função administrativa, que visa a efeitos de ordem
REQUISITOS, ATRIBUTOS, CLASSIFICAÇÃO E prática para a Administração. [...] Os fatos administrativos
ESPÉCIES. podem ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos
voluntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por atos
administrativos, que formalizam a providência dese-
Fatos da administração, atos da administração e jada pelo administrador através da manifestação da
atos administrativos vontade; 2ª) por condutas administrativas, que refletem
os comportamentos e as ações administrativas, sejam ou
O ato administrativo é uma espécie de fato administra-
tivo e é em torno dele que se estrutura a base teórica do 7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
Por seu turno, “a expressão atos da Administração ris, 2015.
traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que 8 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administra-
se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema tivo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

não precedidas de ato administrativo formal. Já os fatos Classificação quanto à manifestação da vontade:
administrativos naturais são aqueles que se originam de Atos unilaterais: São aqueles formados pela manifes-
fenômenos da natureza, cujos efeitos se refletem na órbita tação de vontade de uma única pessoa. Ex.: Demissão -
administrativa. Assim, quando se fizer referência a fato ad- Para Hely Lopes Meirelles, só existem os atos administra-
ministrativo, deverá estar presente unicamente a noção de tivos unilaterais.
que ocorreu um evento dinâmico da Administração”9. Atos bilaterais: São aqueles formados pela manifesta-
ção de vontade de duas pessoas.
Atos administrativos em espécie Atos multilaterais: São aqueles formados pela vontade
a) Atos normativos: são atos gerais e abstratos visando de mais de duas pessoas.
a correta aplicação da lei. É o caso dos decretos, regula- Ex.: Contrato administrativo.
mentos, regimentos, resoluções, deliberações.
b) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento da Classificação quanto ao destinatário:
Administração e a conduta de seus agentes. É o caso de
1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com
instruções, circulares, avisos, portarias, ofícios, despachos
finalidade normativa, atingindo uma gama de pessoas que
administrativos, decisões administrativas.
estejam na mesma situação jurídica nele estabelecida. O
c) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre Ad-
particular não pode impugnar, pois os efeitos são para to-
ministração e administrado em consenso. É o caso de licen-
ças, autorizações, permissões, aprovações, vistos, dispensa, dos.
homologação, renúncia. 2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter-
d) Atos enunciativos: são aqueles em que a Administra- minada, criando situações jurídicas individuais. O particu-
ção certifica ou atesta um fato sem vincular ao seu conteú- lar atingido pode impugnar.
do. É o caso de atestados, certidões, pareceres.
e) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições Classificação quanto ao seu regramento:
aos particulares e servidores. 1) Atos vinculados: são os que possuem todos os
pressupostos e elementos necessários para sua prática e
Classificação dos atos administrativos perfeição previamente estabelecidos em lei que autoriza a
Classificação quanto ao seu alcance: prática daquele ato. O administrador é um “mero cumpri-
1) Atos internos: praticados no âmbito interno da Ad- dor de leis”. Também se denomina ato de exercício obri-
ministração, incidindo sobre órgãos e agentes administra- gatório.
tivos. 2) Atos discricionários: são os atos que possuem par-
2) Atos externos: praticados no âmbito externo da te de seus pressupostos e elementos previamente fixados
Administração, atingindo administrados e contratados. São pela lei autorizadora. No mínimo, a competência, a finali-
obrigatórios a partir da publicação. dade e a forma estão previamente fixados na lei – são os
pressupostos vinculados. Aquilo que está em branco ou
Classificação quanto ao seu objeto: indefinido na lei será preenchido pelo administrador. Tal
1) Atos de império: praticados com supremacia em preenchimento deve ser feito motivadamente com base
relação ao particular e servidor, impondo o seu obrigatório em fatos e circunstâncias que somente o administrador
cumprimento. pode escolher. Contudo, tal escolha não é livre, os fatos e
2) Atos de gestão: praticados em igualdade de condi- circunstâncias devem ser adequados (razoáveis e propor-
ção com o particular, ou seja, sem usar de suas prerrogati- cionais) aos limites e intenções da lei.
vas sobre o destinatário. Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos
3) Atos de expediente: praticados para dar andamen-
administrativos se classificam em vinculados ou discri-
to a processos e papéis que tramitam internamente na ad-
cionários. “Os atos vinculados são aqueles que tem o
ministração pública. São atos de rotina administrativa.
procedimento quase que plenamente delineados em lei,
enquanto os discricionários são aqueles em que o dispo-
Classificação dos atos quanto à formação (processo
de elaboração): sitivo normativo permite certa margem de liberdade para
1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de a atividade pessoal do agente público, especialmente
vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente no que tange à conveniência e oportunidade, elementos
da Administração. do chamado mérito administrativo. A discricionariedade
2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade como poder da Administração deve ser exercida consoan-
de mais de um órgão ou agente administrativo. te determinados limites, não se constituindo em opção
3) Ato composto: nasce da manifestação de vontade arbitrária para o gestor público, razão porque, desde há
de um órgão ou agente, mas depende de outra vontade muito, doutrina e jurisprudência repetem que os atos de
que o ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequível. tal espécie são vinculados em vários de seus aspectos, tais
como a competência, forma e fim”10.
9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- 10 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.
ris, 2015. php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3741

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Requisitos ou elementos nação) – A delegação é parcial e temporária e pode ser


1) Competência: é o poder-dever atribuído a deter- revogada a qualquer tempo. Não podem ser delegados os
minado agente público para praticar certo ato administra- seguintes atos: Competência Exclusiva, Edição de Ato de
tivo. A pessoa jurídica, o órgão e o agente público devem Caráter Normativo, Decisão de Recursos Administrativos.
estar revestidos de competência. A competência é sempre Avocar é solicitar o que seria de competência de outro
fixada por lei. para sua esfera de competência. Basicamente, é o oposto
A Constituição Federal fixa atribuições para as diver- de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior pega para
sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impossível si as atribuições do subordinado/órgão inferior. Como exi-
impor que um único órgão as exercesse por completo. Por ge subordinação, toda avocação é vertical.
isso, tais atribuições são distribuídas entre os diversos ór- 2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato admi-
gãos que compõem a Administração Pública. Esta divisão nistrativo foi abstratamente criado pela ordem jurídica. A lei
das atribuições entre os órgãos da Administração Pú- estabelece que os atos administrativos devem ser praticados
visando a um fim, notadamente, a satisfação do interesse
blica é conhecida como competência.
público. Contudo, embora os atos administrativos sempre
Conceitua Carvalho Filho11 que “competência é o círcu-
tenham por objeto a satisfação do interesse público, esse in-
lo definido por lei dentro do qual podem os agentes exer-
teresse é variável de acordo com a situação. Se a autoridade
cer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda que a administrativa praticar um ato fora da finalidade genérica ou
competência administrativa pode ser colocada em plano fora da finalidade específica, estará praticando um ato vicia-
diverso da competência legislativa e jurisdicional. do que é chamado “desvio de poder ou desvio de finalidade”.
A competência é pressuposto essencial do ato ad- 3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no
ministrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma escrita.
Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a lei Eventualmente, pode ser praticado por sinais ou gestos (ex:
e a CF fixam as competências primárias, que abrangem o trânsito). A forma é sempre fixada por lei.
órgão como um todo; podendo existir atos internos de or- 4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato admi-
ganização que fixam as divisões de competências dentro nistrativo e dela se extrai o motivo, que é o acontecimento
dos órgãos, em seus diversos segmentos. real que autoriza/determina a prática do ato administrati-
A competência se reveste de dois atributos essenciais: vo. É o ato baseado em fatos e circunstâncias, que o ad-
inderrogabilidade, pois não se transfere de um órgão a ministrador por escolher, mas deve respeitar os limites e
outro por mera vontade entre as partes ou por consen- intenções da lei. Nem sempre os atos administrativos pos-
timento do agente público; e improrrogabilidade, pois suem motivo legal. Nos casos em que o motivo legal não
um órgão competente não se transmuta em incompetente está descrito na norma, a lei deu competência discricio-
mesmo diante de alteração da lei superveniente ao fato. nária para que o sujeito escolha o motivo legal (o motivo
O ato praticado por sujeito incompetente prescinde de deve ser oportuno e conveniente).
pressuposto essencial para o ato administrativo, sendo ele Com efeito, a teoria dos Motivos Determinantes afirma
considerado inexistente e incapaz de produzir efeitos. que os motivos alegados para a prática de um ato admi-
É possível fixar os critérios de competência nos seguin- nistrativo ficam a ele vinculados de tal modo que a prática
tes moldes: de um ato administrativo mediante a alegação de motivos
a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da fun- falsos ou inexistentes determina a sua invalidade.
ção, por exemplo, entre Ministérios e Secretarias de diver- “A teoria dos motivos determinantes está relacionada
sas especialidades. a prática de atos administrativos e impõe que, uma vez
declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado. Esta
b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de ativi-
teoria vincula o administrador ao motivo declarado. Para
dades mais complexas a agentes/órgãos de graus superio-
que haja obediência ao que prescreve a teoria, no entanto,
res dentro dos órgãos.
o motivo há de ser legal, verdadeiro e compatível com o
c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização terri- resultado. Vale dizer, a teoria dos motivos determinantes
torial de atividades. não condiciona a existência do ato, mas sim sua validade”12.
d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de com- 5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou declara,
petência por tempo determinado, notadamente diante de manifestando a vontade do Estado. A lei não fixa qual deve
algum evento específico, como de calamidade pública. ser o conteúdo ou objeto de um ato administrativo, restan-
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a com- do ao administrador preencher o vazio nestas situações. O
petência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos admi- ato é branco/indefinido. No entanto, deve se demonstrar
nistrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos que a prática do ato é oportuna e conveniente.
de delegação e avocação legalmente admitidos”. Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do ob-
Delegar é atribuir uma competência que seria sua a jeto do ato é discricionária não significa que seja arbitrária,
outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver su- pois deve se demonstrar a oportunidade e a conveniência.
bordinação; ou horizontal, quando não houver subordi- Mérito = oportunidade + conveniência

11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 12 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2605114/em-


direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- -que-consiste-a-teoria-dos-motivos-determinantes-aurea-
ris, 2010. -maria-ferraz-de-sousa

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Atributos - Quanto estes pressupostos preenchidos respeitarem


1) Imperatividade: em regra, a Administração decreta o que a lei exige, falamos que é válido (V).
e executa unilateralmente seus atos, não dependendo da - Quanto está apto a surtir seus efeitos próprios fala-
participação e nem da concordância do particular. Do poder mos que é eficaz (E).
de império ou extroverso, que regula a forma unilateral e 1) P + V = E. Os atos perfeitos e válidos são eficazes
coercitiva de agir da Administração, se extrai a imperativi- em regra.
dade dos atos administrativos. 2) P + V = ineficaz. Os atos perfeitos e válidos podem
2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração não ser eficazes se estiver pendente o implemento de con-
pode concretamente executar seus atos independente da dição.
manifestação do Poder Judiciário, mesmo quando estes 3) P + inválido = ineficaz. O ato perfeito e inválido é,
afetam diretamente a esfera jurídica de particulares. em regra, ineficaz.
3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou pu- 4) P + inválido = eficaz. O ato perfeito e inválido pode
blicado pela Administração é presumivelmente verdadeiro, ser eficaz se já tiver gerado efeitos próprios e for relevante
seja na forma, seja no conteúdo, o que se denomina “fé pú- para a segurança jurídica manter tais efeitos.
blica”. Evidente que tal presunção é relativa (juris tantum), 5) Imperfeito = inválido + ineficaz. O ato imperfeito
mas é muito difícil de ser ilidida. Só pode ser quebrada me- não é válido e nem eficaz.
diante ação declaratória de falsidade, que irá argumentar 6) Imperfeito = inválido + eficaz. O ato imperfeito
que houve uma falsidade material (violação física do docu- pode gerar efeitos impróprios, que não dependem da exe-
mento que traz o ato) ou uma falsidade ideológica (docu- cução do ato, como o efeito impróprio reflexo (repercussão
mento que expressa uma inverdade). em outros atos ou situações jurídicas) e o efeito impróprio
4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Admi- prodrômico (efeito de natureza procedimental que implica
nistração agir se presume que o fez conforme a lei. Tal pre- numa providência ou etapa necessária para aperfeiçoamen-
sunção é relativa (juris tantum), podendo contudo ser ilidida to do ato, como a manifestação de um segundo agente ou
por qualquer meio de prova. órgão).
Obs.: Todo ato administrativo tem presunção de veraci- 7) Imperfeito = válido + ineficaz. O ato imperfeito
dade e de legitimidade, mas nem todo ato administrativo é pode preencher os requisitos de validade, mas se lhe faltar
imperativo (pode precisar da concordância do particular, a um pressuposto especial será imperfeito e, logo, ineficaz.
exemplo dos atos negociais).
Vícios do ato administrativo
O silêncio no direito administrativo Os vícios dos atos administrativos podem se referir a
“Uma questão interessante que merece ser analisada no sujeitos, notadamente: a) Vícios de incompetência do su-
tocante ao ato administrativo é a omissão da Administração jeito – pode restar caracterizado o crime de usurpação de
Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Essa omissão função (artigo 328, CP), gerando ato inexistente; pode ca-
é verificada quando a administração deveria expressar uma racterizar excesso de poder, quando excede os limites da
pronuncia quando provocada por administrado, ou para competência que tem, o sujeito pode incidir no crime de
fins de controle de outro órgão e, não o faz. Para Celso An- abuso de autoridade; pode se detectar função de fato,
tônio Bandeira de Mello, o silêncio da administração não é quando quem pratica o ato está irregularmente investido
um ato jurídico, mas quando produz efeitos jurídicos, pode no cargo, emprego ou função – situação com aparência de
ser um fato jurídico administrativo. [...] Denota-se que o si- legalidade – ato considerado válido; b) Vícios de incapaci-
lêncio pode consistir em omissão, ausência de manifestação dade do sujeito – pode haver impedimento ou suspeição,
de vontade, ou não. Em determinadas situações poderá a ambos casos de anulabilidade.
lei determinar a Administração Pública manifestar-se obri- Os vícios dos atos administrativos também podem se
gatoriamente, qualificando o silêncio como manifestação referir ao objeto, quando ele for proibido por lei – ato ilegal
de vontade. Nesses casos, é possível afirmar que estaremos = nulo; diverso do previsto legalmente para o caso concre-
diante de um ato administrativo. [...] Desta forma, quando o to; impossível (exemplo: a nomeação para cargo que não
silêncio é uma forma de manifestação de vontade, produz existe); imoral; indeterminado (desapropriação de bem não
efeitos de ato administrativo. Isto porque a lei pode atribuir definido com precisão).
ao silêncio determinado efeito jurídico, após o decurso de Os vícios podem atingir a forma, quando a lei expressa-
certo prazo. Entretanto, na ausência de lei que atribua de- mente exige e não é respeitada, e ainda o motivo, quando pres-
terminado efeito jurídico ao silêncio, estaremos diante de supostos de fato e/ou de direito não existem e/ou são falsos.
um fato jurídico administrativo”13. Por fim, tem-se os vícios relativos à finalidade, que são
desvio de poder ou desvio de finalidade, quando o agente
Validade e eficácia do ato administrativo pratica ato administrativo sem observar o interesse público
Destaca-se esquemática trazida por Baldacci14: e/ou o objetivo (finalidade) previsto em lei.
- Quando todos os pressupostos especiais exigidos por
lei estiverem presentes, falamos que o ato é perfeito (P). Ato inexistente
13 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca A doutrina, de forma amplamente majoritária, nega re-
do silêncio administrativo. Migalhas, 24 jul. 2008. levância jurídica aos chamados atos administrativos inexis-
14 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administra- tentes sob o fundamento de que seriam equivalentes aos
tivo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004. atos nulos.

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Feita a ressalva, coloca-se a lição de Celso Antonio públicos, sendo o ato válido e praticado dentro da Lei, efe-
Bandeira de Melo ao discorrer sobre os atos administra- tuando-se a revogação na via administrativa; cassação, que
tivos inexistentes no sentido de que “consistem em com- é a retirada do ato administrativo em decorrência do bene-
portamentos que correspondem a condutas criminosas, ficiário ter descumprido condição tida como indispensável
portanto, fora do possível jurídico e radicalmente vedadas para a manutenção do ato; contraposição ou derrubada,
pelo Direito”. que é a retirada do ato administrativo em decorrência de
O ato inexistente é aquele que não reúne os elementos ser expedido outro ato fundado em competência diversa
necessários à sua formação e, assim, não produz qualquer da do primeiro, mas que projeta efeitos antagônicos ao
consequência jurídica. Já o ato nulo é o ato que embora daquele, de modo a inibir a continuidade da sua eficácia;
reúna os elementos necessários a sua existência, foi prati- caducidade, que é a retirada do ato administrativo em
cado com violação da lei, da ordem pública, dos bons cos- decorrência de ter sobrevindo norma superior que torna
tumes ou com inobservância da forma legal15. incompatível a manutenção do ato com a nova realidade
jurídica instaurada.
Ato nulo 4) Renúncia: É a extinção do ato administrativo efi-
“Ato nulo é aquele que nasce com vício insanável, nor- caz em virtude de seu beneficiário não mais desejar a sua
malmente resultante da ausência de um de seus elemen- continuidade. A renúncia só tem cabimento em atos que
tos constitutivos, ou de defeito substancial em algum deles concedem privilégios e prerrogativas.
(por exemplo, o ato com motivo inexistente, o ato com ob- 5) Recusa: É a extinção do ato administrativo ineficaz
jeto não previsto em lei e o ato praticado com desvio de em decorrência do seu futuro beneficiário não manifestar
finalidade). O ato nulo está em desconformidade com a lei concordância, tida como indispensável para que o ato pu-
o com os princípios jurídicos (é um ato ilegal e ilegítimo) desse projetar regularmente seus efeitos. Se o futuro bene-
e seu defeito não pode ser convalidado (corrigido). O ato ficiário recusa a possibilidade da eficácia do ato, esse será
nulo não pode produzir efeitos válidos entre as partes. [...] extinto.
Ato inexistente é aquele que possui apenas aparência de Em detalhes:
manifestação de vontade da administração pública, mas, A cassação é a retirada do ato administrativo em de-
em verdade, não se origina de um agente público, mas de corrência do beneficiário ter descumprido condição tida
alguém que se passa por tal condição, como o usurpador
como indispensável para a manutenção do ato. Embora
de função. [...] Ato anulável é o que apresenta defeito sa-
legítimo na sua origem e na sua formação, o ato se tor-
nável, ou seja, passível de convalidação pela própria ad-
na ilegal na sua execução a partir do momento em que
ministração que o praticou, desde que ele não seja lesivo
o destinatário descumpre condições pré-estabelecidas.
ao interesse público, nem cause prejuízo a terceiros. São
Por exemplo, uma pessoa obteve permissão para explorar
sanáveis o vício de competência quanto à pessoa, exceto
o serviço público, porém descumpriu uma das condições
se se tratar de competência exclusiva, e o vício de forma, a
para a prestação desse serviço. Vem o Poder Público e, a
menos que se trate de forma exigida pela lei como condi-
ção essencial à validade do ato”16. título de penalidade, procede a cassação da permissão.
A anulação é a retirada do ato administrativo em de-
Extinção dos atos administrativos: revogação, anu- corrência de sua invalidade, reconhecida judicial ou admi-
lação e cassação nistrativamente, preservando-se os direitos dos terceiros
A extinção do ato administrativo pode se dar nas se- de boa-fé. Trata-se da supressão do ato administrativo, com
guintes situações: efeito retroativo, por razões de ilegalidade e ilegitimidade.
1) Cumprimento dos seus Efeitos: Cumprindo todos Cabe o exame pelo Poder Judiciário (razões de legalidade e
os seus efeitos, não terá mais razão de existir sob o ponto legitimidade) e pela Administração Pública (aspectos legais
de vista jurídico. e no mérito). Gera efeitos retroativos (ex tunc), invalida as
2) Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto do consequências passadas, presentes e futuras.
Ato: Se o sujeito ou o objeto perecer, o ato será conside- A revogação é a retirada do ato administrativo em
rado extinto. decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade em
3) Retirada: Ocorre a edição de outro ato jurídico que face dos interesses públicos, sendo o ato válido e praticado
elimina o ato. Pode se dar por anulação, que é a retirada dentro da Lei, efetuando-se a revogação na via adminis-
do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, trativa. Trata-se da extinção de um ato administrativo le-
reconhecida judicial ou administrativamente, preservando- gal e perfeito, por razões de conveniência e oportunidade,
-se os direitos dos terceiros de boa-fé; por revogação, que pela Administração, no exercício do poder discricionário.
é a retirada do ato administrativo em decorrência da sua O ato revogado conserva os efeitos produzidos durante o
inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses tempo em que operou. A partir da data da revogação é
que cessa a produção de efeitos do ato até então perfeito
15 http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/audi- e legal. Só pode ser praticado pela Administração Pública
tor-fiscal-do-trabalho-2009/direito-administrativo-ato-admi- por razões de oportunidade e conveniência, não cabendo
nistrativo-inexistente.html a intervenção do Poder Judiciário. A revogação não pode
16 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Di- atingir os direitos adquiridos, logo, produz efeitos ex nunc,
reito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: não retroage.
Método, 2008.

14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Convalidação
A convalidação é o ato administrativo que, com efei- 3 AGENTES PÚBLICOS. 3.1 LEGISLAÇÃO
tos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a PERTINENTE. 3.1.1 LEI Nº 8.112/1990.
torná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato
3.1.2 DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
posterior que sana um vício de um ato anterior, transfor-
mando-o em válido desde o momento em que foi pratica- APLICÁVEIS. 3.2 DISPOSIÇÕES
do. DOUTRINÁRIAS. 3.2.1 CONCEITO. 3.2.2
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos ESPÉCIES. 3.2.3 CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO
atos, sustentando que os atos administrativos somente po- PÚBLICA.
dem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam à convali-
dação seriam os atos anuláveis.
Existem três formas de convalidação:
- Ratificação: é a convalidação feita pela própria autori- Agente público é expressão que engloba todas as pes-
dade que praticou o ato; soas lotadas na Administração, isto é, trata-se daqueles que
- Confirmação: é a convalidação feita por autoridade servem ao Poder Público. “A expressão agente público tem
superior àquela que praticou o ato; sentido amplo, significa o conjunto de pessoas que, a qual-
- Saneamento: é a convalidação feita por ato de tercei- quer título, exercem uma função pública como prepostos do
ro, ou seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem Estado. Essa função, é mister que se diga, pode ser remune-
por autoridade superior. rada ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica.
Não se deve confundir a convalidação com a conversão O que é certo é que, quando atuam no mundo jurídico, tais
do ato administrativo. Há um ato viciado e, para regulari- agentes estão de alguma forma vinculados ao Poder Públi-
zar a situação, ele é transformado em outro, de diferente co. Como se sabe, o Estado só se faz presente através das
tipologia. O ato nulo, embora não possa ser convalidado, pessoas físicas que em seu nome manifestam determinada
poderá ser convertido, transformando-se em ato válido. vontade, e é por isso que essa manifestação volitiva acaba
por ser imputada ao próprio Estado. São todas essas pes-
Decadência administrativa soas físicas que constituem os agentes públicos”17.
Um dos poderes que a Administração possui é o da Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de Im-
autotutela administrativa, consistente no poder de rever os probidade Administrativa):
seus próprios atos administrativos independentemente de
precisar recorrer ao Judiciário, seja em razão de vícios de Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo
ilegalidade, seja em razão de conveniência e oportunidade. aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re-
É o que prevê a súmula 473 do Supremo Tribunal Fede- muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ral: “a administração pode anular seus próprios atos, quan- ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, man-
do eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles dato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de con- no artigo anterior.
veniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiri-
dos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Quanto às entidades as quais o agente pode estar vin-
Supondo que um ato administrativo contenha vício de culado, tem-se o artigo 1º da Lei nº 8.429/92:
ilegalidade, é um poder-dever da Administração invalidá-lo,
embora não possa fazê-lo por um período irrestrito de tem- Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
po caso um terceiro de boa-fé possa ser prejudicado, pois público, servidor ou não, contra a administração direta, in-
senão violaria o princípio da segurança jurídica. Ultrapas- direta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União,
sado o prazo, para se rever o vício seria necessário recorrer dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Terri-
ao Judiciário. Quanto à revisão por conveniência e opor- tório, de empresa incorporada ao patrimônio público ou
tunidade, ultrapassado o prazo não mais caberá a revisão, de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja con-
também em vista do princípio da segurança jurídica. corrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do pa-
A prescrição administrativa é, neste sentido, a perda do trimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
direito pela Administração de revisão dos seus atos pelo de- Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades
curso do tempo (perda do direito de autotutela). Como se desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimô-
fala na perda de um direito, a terminologia mais adequada nio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
para o caso é decadência e não prescrição (afinal, prescrição fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para
é perda da pretensão e não perda do direito). Isto é, deca-
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
dência administrativa.
com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da re-
São as regras do processo administrativo que irão de-
ceita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial
terminar qual o prazo para revisão do ato até que a deca-
dência administrativa ocorra. No âmbito federal, a questão à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres pú-
é tratada pela Lei nº 9.784/99, que fixa o prazo de 5 anos blicos.
para anulação do ato administrativo de que decorram efei- 17 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
tos favoráveis para os destinatários pela própria Adminis- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
tração. ris, 2010.

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os agentes públicos subdividem-se em: REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CI-
a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos es- VIS DA UNIÃO (LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES)
truturais à organização política do País [...], Presidente da
República, Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os Das Disposições Preliminares
auxiliares imediatos dos chefes de Executivo, isto é, Minis-
tros e Secretários das diversas pastas, bem como os Sena- Título I
dores, Deputados Federais e Estaduais e os Vereadores”18. Capítulo Único
O agente político é aquele detentor de cargo eletivo, elei- Das Disposições Preliminares
to por mandatos transitórios.
b) servidores públicos, que se dividem em funcionário Art. 1o  Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servido-
público, empregado público e contratados em caráter tem- res Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em
porário. Os servidores públicos formam a grande massa regime especial, e das fundações públicas federais.
dos agentes do Estado, desenvolvendo variadas funções.
O funcionário público é o tipo de servidor público que Art. 2o   Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa
é titular de um cargo, se sujeitando a regime estatutário legalmente investida em cargo público.
(previsto em estatuto próprio, não na CLT). O empregado
público é o tipo de servidor público que é titular de um Art. 3o   Cargo público é o conjunto de atribuições e
emprego, sujeitando-se ao regime celetista (CLT). Tanto o responsabilidades previstas na estrutura organizacional
funcionário público quanto o empregado público somente que devem ser cometidas a um servidor.
se vinculam à Administração mediante concurso público, Parágrafo único.  Os cargos públicos, acessíveis a todos
sendo nomeados em caráter efetivo. Contratados em ca- os brasileiros, são criados por lei, com denominação pró-
ráter temporário são servidores contratados por um pe- pria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provi-
ríodo certo e determinado, por força de uma situação de mento em caráter efetivo ou em comissão.
excepcional interesse público, não sendo nomeados em
caráter efetivo, ocupando uma função pública. Art. 4o  É proibida a prestação de serviços gratuitos,
c) particulares em colaboração com o Estado – são salvo os casos previstos em lei.
agentes que, embora sejam particulares, executam funções Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o
públicas especiais que podem ser qualificadas como pú- conjunto de regras referentes a todos os aspectos da re-
blicas. Ex.: mesário, jurado, recrutados para serviço militar. lação entre o servidor público e a Administração. Envolve
Assim, os agentes públicos podem ser agentes políti- tanto questões inerentes à ocupação do cargo quanto di-
cos, particulares em colaboração com o Estado e servido- reitos e deveres, entre outras.
res públicos. Logo, o servidor público é uma espécie do Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração
gênero agente público. direta quanto para a indireta.
Os servidores públicos se dividem em funcionário pú- A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo,
blico, empregado público e contratados em caráter tem- caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou em
porário. Os servidores públicos formam a grande massa comissão, quando por uma relação de confiança o superior
dos agentes do Estado, desenvolvendo variadas funções. puder nomear seus funcionários enquanto estiver ocupan-
O funcionário público é o tipo de servidor público que do aquela posição de chefia.
é titular de um cargo, se sujeitando a regime estatutário Todo serviço público será remunerado pelos cofres pú-
(previsto em estatuto próprio, não na CLT). O empregado blicos.
público é o tipo de servidor público que é titular de um
emprego, sujeitando-se ao regime celetista (CLT). Tanto o Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição
funcionário público quanto o empregado público somente
e Substituição
se vinculam à Administração mediante concurso público,
sendo nomeados em caráter efetivo. Contratados em ca-
Título II
ráter temporário são servidores contratados por um pe-
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição
ríodo certo e determinado, por força de uma situação de
e Substituição
excepcional interesse público, não sendo nomeados em
caráter efetivo, ocupando uma função pública.
Basicamente, provimento é a ocupação do cargo
Com efeito, funcionário público é uma espécie do
por uma pessoa, transformando-a em servidora públi-
gênero servidor público, abrangendo apenas os servido-
ca; enquanto vacância é o que se dá quando um cargo
res que se sujeitam a regime estatutário.
fica livre; remoção é o deslocamento do servidor; redis-
tribuição é o deslocamento de um cargo para outro ór-
gão; substituição é a mudança de uma pessoa que está
18 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de ocupando cargo de chefia ou direção por outra.
Direito Administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros,
2015.

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo I Art. 7o  A investidura em cargo público ocorrerá com


Do Provimento a posse.
Por investidura entende-se a instalação formal em um
Segundo Hely Lopes Meirelles, provimento “é o ato cargo público, o que se dará quando a pessoa for empos-
pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, sada.
com a designação de seu titular”, podendo ser originá-
rio ou inicial se o agente não possui vinculação anterior Art. 8o  São formas de provimento de cargo público:
com a Administração Pública; ou derivado, que pressu- I - nomeação;
põe a existência de um vínculo com a Administração, o II - promoção;
qual pode ser horizontal, sem ascensão na carreira, ou III e IV - (Revogados)
vertical, com ascensão na carreira. V - readaptação;
VI - reversão;
Seção I VII - aproveitamento;
Disposições Gerais VIII - reintegração;
IX - recondução.
Art. 5o  São requisitos básicos para investidura em car- Detalhes adiante.
go público:
I - a nacionalidade brasileira; Seção II
Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com Da Nomeação
um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade de ci-
dadão. Art. 9o  A nomeação far-se-á:
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isola-
II - o gozo dos direitos políticos; do de provimento efetivo ou de carreira;
Direitos políticos são os direitos garantidos ao cida- II - em comissão, inclusive na condição de interino,
dão que envolvem sua participação direta ou indireta nas para cargos de confiança vagos. 
decisões políticas do Estado. No Brasil, se encontram nos Parágrafo único.  O servidor ocupante de cargo em co-
artigos 14 e 15 da Constituição Federal. missão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter
exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem
III - a quitação com as obrigações militares e eleito- prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese
rais; em que deverá optar pela remuneração de um deles du-
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do rante o período da interinidade.
cargo; O cargo em comissão é temporário e não depende de
Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior, concurso público. Se o servidor for nomeado para outro
conforme a complexidade das funções do cargo. cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira in-
terina (temporária), mas somente poderá receber remune-
V - a idade mínima de dezoito anos; ração por um deles, o que optar.
VI - aptidão física e mental.
§ 1o  As atribuições do cargo podem justificar a exigên- Art. 10.  A nomeação para cargo de carreira ou cargo
cia de outros requisitos estabelecidos em lei. isolado de provimento efetivo depende de prévia habilita-
P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de mem- ção em concurso público de provas ou de provas e títulos,
bros do Ministério Público ou da Magistratura. obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua vali-
dade.
§ 2o  Às pessoas portadoras de deficiência é assegu- Parágrafo único.  Os demais requisitos para o ingresso
rado o direito de se inscrever em concurso público para pro- e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
vimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do
a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas regulamentos.
no concurso.
Cotas para deficientes. Seção III
Do Concurso Público

§ 3o  As universidades e instituições de pesquisa cientí- Art. 11.  O concurso será de provas ou de provas e títu-
fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com los, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispu-
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo serem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira,
com as normas e os procedimentos desta Lei. condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do
Exceção ao inciso I do art. 5°. valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio,
e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente
Art. 6o  O provimento dos cargos públicos far-se-á me- previstas.
diante ato da autoridade competente de cada Poder.

17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 12.  O concurso público terá validade de até 2 Art. 15.  Exercício é o efetivo desempenho das atribui-
(dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por ções do cargo público ou da função de confiança.
igual período. § 1o  É de quinze dias o prazo para o servidor empossa-
§ 1o  O prazo de validade do concurso e as condições do em cargo público entrar em exercício, contados da data
de sua realização serão fixados em edital, que será publica- da posse. 
do no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande § 2o  O servidor será exonerado do cargo ou será tor-
circulação. nado sem efeito o ato de sua designação para função de
§ 2o  Não se abrirá novo concurso enquanto houver confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de va- neste artigo, observado o disposto no art. 18. 
lidade não expirado. § 3o  À autoridade competente do órgão ou entidade
para onde for nomeado ou designado o servidor compete
No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
dar-lhe exercício. 
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
§ 4o  O início do exercício de função de confiança coin-
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
cidirá com a data de publicação do ato de designação,
atividade profissional também é considerado. salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por
O edital delimita questões como valor da taxa de ins- qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no pri-
crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de va- meiro dia útil após o término do impedimento, que não po-
lidade. derá exceder a trinta dias da publicação. 
Nota-se que para as funções em confiança não há pra-
Seção IV zo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não existe
Da Posse e do Exercício nestas funções. Então, o prazo para exercício será o do dia
da publicação do ato de designação.
Art. 13.  A posse dar-se-á pela assinatura do respecti-
vo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deve- Art. 16.  O início, a suspensão, a interrupção e o rei-
res, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo nício do exercício serão registrados no assentamento indi-
ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, vidual do servidor.
por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício pre- Parágrafo único.  Ao entrar em exercício, o servidor
vistos em lei. apresentará ao órgão competente os elementos necessários
§ 1o  A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados ao seu assentamento individual.
da publicação do ato de provimento.
Art. 17.  A promoção não interrompe o tempo de exer-
§ 2o  Em se tratando de servidor, que esteja na data de
cício, que é contado no novo posicionamento na carreira
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos
a partir da data de publicação do ato que promover o ser-
incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos vidor.
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas «a», «b», «d», «e» e «f», IX e X do Na promoção não há nova posse. Então, o servidor não
art. 102, o prazo será contado do término do impedimento. tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no dia da
§ 3o  A posse poderá dar-se mediante procuração es- publicação do ato.
pecífica.
§ 4o  Só haverá posse nos casos de provimento de car- Art. 18.  O servidor que deva ter exercício em outro
go por nomeação. município em razão de ter sido removido, redistribuído,
§ 5o  No ato da posse, o servidor apresentará decla- requisitado, cedido ou posto em exercício provisório
ração de bens e valores que constituem seu patrimônio e terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo,
declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, em- contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo
prego ou função pública. desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo
§ 6o  Será tornado sem efeito o ato de provimento se o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.
a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo. § 1o  Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença
O termo de posse é dotado de conteúdo específico. É ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo
possível tomar posse mediante procuração específica. Não será contado a partir do término do impedimento.
§ 2o  É facultado ao servidor declinar dos prazos esta-
há posse nos cargos em comissão. A declaração de bens e
belecidos no caput.
valores visa permitir a verificação da situação financeira do
Se o servidor estava em exercício em outro município
servidor, de forma a perceber se ele enriqueceu despropor-
e é convocado por publicação para retomar a posição su-
cionalmente durante o exercício do cargo. perior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode
desistir, se quiser.
Art. 14.  A posse em cargo público dependerá de prévia
inspeção médica oficial. Art. 19.  Os servidores cumprirão jornada de trabalho
Parágrafo único.  Só poderá ser empossado aquele que fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos
for julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal
cargo. de quarenta horas e observados os limites mínimo e má-
ximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. 

18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o  O ocupante de cargo em comissão ou função de Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exer-
confiança submete-se a regime de integral dedicação ao cício os servidores nomeados para cargo de provimento
serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser con- efetivo em virtude de concurso público.
vocado sempre que houver interesse da Administração. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 2o  O disposto neste artigo não se aplica a duração de I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
trabalho estabelecida em leis especiais. II - mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa;
Art. 20.  Ao entrar em exercício, o servidor nomeado III - mediante procedimento de avaliação periódica de
para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, duran- ampla defesa.
te o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de ava- § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser-
liação para o desempenho do cargo, observados os seguinte vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante
fatores:  da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
I - assiduidade; direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou pos-
II - disciplina; to em disponibilidade com remuneração proporcional ao
III - capacidade de iniciativa; tempo de serviço.
IV - produtividade; § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
V - responsabilidade. o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune-
§ 1o  4 (quatro) meses antes de findo o período do es- ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
tágio probatório, será submetida à homologação da autori- aproveitamento em outro cargo.
dade competente a avaliação do desempenho do servidor, § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
realizada por comissão constituída para essa finalidade, de é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res- missão instituída para essa finalidade.
pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de
Seção V
apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput
Da Estabilidade
deste artigo.
§ 2o  O servidor não aprovado no estágio probatório
Art. 21.  O servidor habilitado em concurso público e
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá esta-
teriormente ocupado, observado o disposto no parágra-
bilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de
fo único do art. 29.
efetivo exercício. 
§ 3o  O servidor em estágio probatório poderá exercer
ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme Constitui-
quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun-
ção Federal (artigo 41 retrocitado).
ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou
entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro Art. 22.  O servidor estável só perderá o cargo em
órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Espe- virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
cial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou assegurada ampla defesa.
equivalentes. 
§ 4o  Ao servidor em estágio probatório somente pode- Seção VI
rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos Da Transferência
nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
mento para participar de curso de formação decorrente de Art. 23. (Execução suspensa)
aprovação em concurso para outro cargo na Administração
Pública Federal. Seção VII
§ 5o  O estágio probatório ficará suspenso durante as Da Readaptação
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86
e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de Art. 24.  Readaptação é a investidura do servidor em
formação, e será retomado a partir do término do impedi- cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
mento.  com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
física ou mental verificada em inspeção médica.
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci- § 1o  Se julgado incapaz para o serviço público, o rea-
plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen- daptando será aposentado.
tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a § 2o  A readaptação será efetivada em cargo de atribui-
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo ções afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escola-
que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos- ridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de ine-
to no artigo 41 da Constituição Federal: xistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições
como excedente, até a ocorrência de vaga.

19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Se o funcionário deixa de ter condições físicas ou psi- § 1o  Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor fi-
cológicas para ocupar seu cargo, deverá ser readaptado cará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.
para cargo semelhante que não exija tais aptidões. Ex: fun- § 2o  Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
cionário trabalhava como atendente numa repartição, se ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à
movimentando o tempo todo e sofre um acidente, fican- indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto
do paraplégico. Sua capacidade mental não ficou prejudi- em disponibilidade.
cada, embora seja inconveniente ele ter que fazer tantos Se um servidor for injustamente demitido e a sua de-
movimentos no exercício das funções. Por isso, pode ser missão for invalidada, será reinvestido no cargo, sendo to-
reconduzido para outro cargo técnico na repartição que talmente ressarcido (por exemplo, recebendo os salários
seja mais burocrático e exija menos movimentação física, do período em que foi afastado). Caso o cargo esteja ex-
como o de assistente de um superior. tinto, será posto em disponibilidade; caso o cargo exista
e alguém o estiver ocupando, este será retirado do cargo,
Seção VIII devolvendo-o ao seu legítimo titular.
Da Reversão
Seção X
Art. 25.  Reversão é o retorno à atividade de servidor Da Recondução
aposentado: 
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar Art. 29.  Recondução é o retorno do servidor estável
insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou  ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:
II - no interesse da administração, desde que:  I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro
a) tenha solicitado a reversão;  cargo;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;  II - reintegração do anterior ocupante.
c) estável quando na atividade; Parágrafo único.  Encontrando-se provido o cargo de
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos ante- origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o
riores à solicitação;  disposto no art. 30.
e) haja cargo vago. Como visto, quando um servidor é promovido ele se
§ 1o  A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado,
resultante de sua transformação. voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém esti-
§ 2o  O tempo em que o servidor estiver em exercício ver ocupando o cargo de um servidor que tenha sido injus-
será considerado para concessão da aposentadoria. tamente demitido, quando este voltar deverá desocupar o
§ 3o  No caso do inciso I, encontrando-se provido o car- cargo. Se a posição antes ocupada não estiver livre, deverá
go, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, ser reaproveitado em outro cargo semelhante.
até a ocorrência de vaga. 
§ 4o  O servidor que retornar à atividade por interesse Seção XI
da administração perceberá, em substituição aos proven- Da Disponibilidade e do Aproveitamento
tos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar
a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal Art. 30.  O retorno à atividade de servidor em disponibi-
que percebia anteriormente à aposentadoria.  lidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em
§ 5o  O servidor de que trata o inciso II somente terá os cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o
proventos calculados com base nas regras atuais se perma- anteriormente ocupado.
necer pelo menos cinco anos no cargo. 
§ 6o  O Poder Executivo regulamentará o disposto neste Art. 31.  O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
artigo.  determinará o imediato aproveitamento de servidor em dis-
ponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou enti-
Art. 26. (Revogado) dades da Administração Pública Federal.
Parágrafo único.  Na hipótese prevista no § 3o do art.
Art. 27.  Não poderá reverter o aposentado que já tiver 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser man-
completado 70 (setenta) anos de idade. tido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de
Merece destaque a impossibilidade de cumulação da Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu
aposentadoria com a remuneração caso o servidor retorne adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade.
às funções.
Art. 32.  Será tornado sem efeito o aproveitamento e
Seção IX cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
Da Reintegração exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
junta médica oficial.
Art. 28.  A reintegração é a reinvestidura do servidor Servidor posto em disponibilidade não é servidor apo-
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo re- sentado. É apenas um servidor aguardando que surja um
sultante de sua transformação, quando invalidada a sua posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir, deve-
demissão por decisão administrativa ou judicial, com rá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a disponi-
ressarcimento de todas as vantagens. bilidade, deixando de ser servidor público.

20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo II Seção II
Da Vacância Da Redistribuição

Art. 33.  A vacância do cargo público decorrerá de: Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo
I - exoneração; de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
II - demissão; quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade
III - promoção; do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão cen-
IV e V - (Revogados) tral do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
VI - readaptação; I - interesse da administração;
VII - aposentadoria; II - equivalência de vencimentos;
VIII - posse em outro cargo inacumulável; III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
IX - falecimento. IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e
complexidade das atividades;
Art. 34.  A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedi- V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habi-
do do servidor, ou de ofício. litação profissional;
Parágrafo único.  A exoneração de ofício dar-se-á: VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro- finalidades institucionais do órgão ou entidade.
batório; § 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajusta-
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar mento de lotação e da força de trabalho às necessidades
em exercício no prazo estabelecido. dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção
Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de ofí- ou criação de órgão ou entidade.
cio se não for habilitado no estágio probatório e se não § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
entrar em exercício no prazo legal. mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os
órgãos e entidades da Administração Pública Federal en-
Art. 35.  A exoneração de cargo em comissão e a dispen- volvidos.
§ 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão
sa de função de confiança dar-se-á: 
ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desneces-
I - a juízo da autoridade competente;
sidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não
II - a pedido do próprio servidor.
for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu
Como o cargo em comissão refere-se a uma relação de
aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31.
confiança para com a autoridade competente, esta poderá
§ 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em
exonerar o servidor.
disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do
órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro
Capítulo III órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento.
Da Remoção e da Redistribuição
Capítulo IV
Seção I Da Substituição
Da Remoção
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Es-
pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com pecial terão substitutos indicados no regimento interno
ou sem mudança de sede. ou, no caso de omissão, previamente designados pelo
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, en- dirigente máximo do órgão ou entidade.
tende-se por modalidades de remoção: § 1º O substituto assumirá automática e cumulativa-
I - de ofício, no interesse da Administração; mente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do
II - a pedido, a critério da Administração; cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza Es-
III - a pedido, para outra localidade, independentemen- pecial, nos afastamentos, impedimentos legais ou regula-
te do interesse da Administração: mentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também que deverá optar pela remuneração de um deles durante o
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da respectivo período.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que § 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício
foi deslocado no interesse da Administração; do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companhei- Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedi-
ro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu mentos legais do titular, superiores a trinta dias consecu-
assentamento funcional, condicionada à comprovação por tivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição,
junta médica oficial; que excederem o referido período.
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipóte-
se em que o número de interessados for superior ao número Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos ti-
de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo ór- tulares de unidades administrativas organizadas em nível de
gão ou entidade em que aqueles estejam lotados. assessoria.

21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Dos Direitos e Vantagens § 5o  Nenhum servidor receberá remuneração inferior


ao salário mínimo. 
Título III Direito ao salário mínimo.
Dos Direitos e Vantagens
Art. 42.  Nenhum servidor poderá perceber, mensalmen-
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em te, a título de remuneração, importância superior à soma dos
estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor valores percebidos como remuneração, em espécie, a qual-
público, para em seguida trazer seus deveres e proibi- quer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
ções. tros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Minis-
Resume Carvalho Filho: “os direitos sociais consti- tros do Supremo Tribunal Federal.
tucionais são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o Parágrafo único.  Excluem-se do teto de remuneração as
qual determina que dezesseis dos direitos sociais outor- vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
gados aos empregados sejam estendidos aos servidores Estabelece o teto de remuneração, ou seja, o máximo que
públicos. Dentre esses direitos estão o do salário míni- um funcionário pode receber. Neste sentido, o art. 37, XI, CF: “XI
mo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°, VIII); o - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções
repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o salário-fa- e empregos públicos da administração direta, autárquica e fun-
mília (art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°, XVII); o de dacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
licença à gestante (art. 7°, XVIII) e outros mencionados Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
no dispositivo constitucional. [...] Além disso, há vários de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os pro-
direitos de natureza social relacionados nos diversos es- ventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
tatutos funcionais das pessoas federativas. É nas leis es- cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou
tatutárias que se encontram tais direitos, como o direito de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio
às licenças, à pensão, aos auxílios pecuniários, como o mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Fede-
auxílio-funeral e o auxílio-reclusão, à assistência, à saú- ral, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
de etc.” Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal
do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislati-
Capítulo I
vo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
Do Vencimento e da Remuneração
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cen-
to do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Art. 40.  Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
aos Defensores Públicos”.
Art. 41.  Remuneração é o vencimento do cargo efe-
tivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes esta- Art. 44.  O servidor perderá:
belecidas em lei. I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem
§ 1o  A remuneração do servidor investido em função ou motivo justificado; 
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62. II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de
exige concurso público. Ver art. 62 adiante. que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese
de compensação de horário, até o mês subsequente ao da
§ 2o  O servidor investido em cargo em comissão de ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata. 
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a re- Parágrafo  único.   As faltas justificadas decorrentes de
muneração de acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93. caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a
O funcionário é servidor público, mas foi concursado critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como
para cargo diverso, em outro órgão ou entidade, sendo no- efetivo exercício. 
meado para outro cargo, que é de comissão. Somente não geram perda de remuneração as faltas
justificadas e devidamente compensadas.
§ 3o  O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
tagens de caráter permanente, é irredutível. Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
Irredutibilidade de vencimentos: não podem ser dimi- nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
nuídos. § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
consignação em folha de pagamento em favor de terceiros,
§ 4o  É assegurada a isonomia de vencimentos para a critério da administração e com reposição de custos, na
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo forma definida em regulamento.
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as § 2º O total de consignações facultativas de que trata
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da re-
ao local de trabalho. muneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados
Mesmo cargo ou semelhante = mesmo vencimento. exclusivamente para: I - a amortização de despesas con-
traídas por meio de cartão de crédito; ou

22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - a utilização com a finalidade de saque por meio do Seção I


cartão de crédito. Das Indenizações
Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
autorização do servidor. Art. 51.  Constituem indenizações ao servidor:
I - ajuda de custo;
Art. 46.  As reposições e indenizações ao erário, atuali- II - diárias;
zadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comuni- III - transporte.
cadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para IV - auxílio-moradia.
pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser A leitura da legislação seca permite conceituar e diferen-
parceladas, a pedido do interessado.  ciar cada modalidade de indenização.
§ 1o  O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao
correspondente a dez por cento da remuneração, provento Art. 52.  Os valores das indenizações estabelecidas nos
ou pensão.  incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua
§ 2o  Quando o pagamento indevido houver ocorrido concessão, serão estabelecidos em regulamento.
no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição
será feita imediatamente, em uma única parcela. Subseção I
§ 3o  Na hipótese de valores recebidos em decorrência Da Ajuda de Custo
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou
a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão Art. 53.  A ajuda de custo destina-se a compensar as des-
eles atualizados até a data da reposição.  pesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço,
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domi-
Art. 47.  O servidor em débito com o erário, que for de- cílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de
mitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou dispo- indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou com-
nibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar panheiro que detenha também a condição de servidor, vier a
o débito.  ter exercício na mesma sede. 
Parágrafo único.  A não quitação do débito no prazo § 1o  Correm por conta da administração as despesas de
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.  transporte do servidor e de sua família, compreendendo pas-
Débito com o erário = dívida com o Estado. sagem, bagagem e bens pessoais.
§ 2o  À família do servidor que falecer na nova sede são
Art. 48.  O vencimento, a remuneração e o provento não assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de
serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos ca- origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
sos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. § 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único
Capítulo II do art. 36.
Das Vantagens
Art. 54.  A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
Art. 49.  Além do vencimento, poderão ser pagas ao ser- do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não poden-
vidor as seguintes vantagens: do exceder a importância correspondente a 3 (três) meses.
I - indenizações;
II - gratificações; Art. 55.  Não será concedida ajuda de custo ao servidor
III - adicionais. que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de man-
§ 1o  As indenizações não se incorporam ao vencimento dato eletivo.
ou provento para qualquer efeito.
§ 2o  As gratificações e os adicionais incorporam-se ao Art. 56.  Será concedida ajuda de custo àquele que, não
vencimento ou provento, nos casos e condições indicados sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comis-
em lei. são, com mudança de domicílio.
Parágrafo único.  No afastamento previsto no inciso I do
Art. 50.  As vantagens pecuniárias não serão computa- art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário,
das, nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer quando cabível.
outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título
ou idêntico fundamento. Art. 57.  O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
De acordo com Hely Lopes Meirelles, “o que ca- custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova
racteriza o adicional e o distingue da gratificação é ser sede no prazo de 30 (trinta) dias.
aquele que recompensa ao tempo de serviço do servi-
dor, ou uma retribuição pelo desempenho de funções Subseção II
especiais que fogem da rotina burocrática, e esta, uma Das Diárias
compensação por serviços comuns executados em con-
dições anormais para o servidor, ou uma ajuda pessoal Art. 58.  O servidor que, a serviço, afastar-se da sede
em face de certas situações que agravam o orçamento em caráter eventual ou transitório para outro ponto do
do servidor”. território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens

23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas ex- IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
traordinária com pousada, alimentação e locomoção urba- receba auxílio-moradia; 
na, conforme dispuser em regulamento.  V - o servidor tenha se mudado do local de residência
§ 1o  A diária será concedida por dia de afastamento, para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do
sendo devida pela metade quando o deslocamento não Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4,
exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equi-
por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas por valentes; 
diárias. VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão
§ 2o  Nos casos em que o deslocamento da sede cons- ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do
tituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio
jus a diárias. do servidor; 
§ 3o  Também não fará jus a diárias o servidor que se VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglome- residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for
ração urbana ou microrregião, constituídas por municípios exercer o cargo em comissão ou função de confiança, des-
limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de con-
considerando-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse
trole integrado mantidas com países limítrofes, cuja juris-
período; e 
dição e competência dos órgãos, entidades e servidores
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de altera-
brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoi-
ção de lotação ou nomeação para cargo efetivo. 
te fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão
sempre as fixadas para os afastamentos dentro do territó- IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
rio nacional.  de 2006. 
Parágrafo único.  Para fins do inciso VII, não será con-
Art. 59.  O servidor que receber diárias e não se afastar siderado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro
da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las in- cargo em comissão relacionado no inciso V. 
tegralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único.  Na hipótese de o servidor retornar à Art. 60-C.  (Revogado).
sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta-
mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo Art. 60-D.  O valor mensal do auxílio-moradia é limitado
previsto no caput. a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comis-
são, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado
Subseção III ocupado. 
Da Indenização de Transporte § 1o  O valor do auxílio-moradia não poderá superar
25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro
Art. 60.  Conceder-se-á indenização de transporte ao de Estado. 
servidor que realizar despesas com a utilização de meio § 2o  Independentemente do valor do cargo em comis-
próprio de locomoção para a execução de serviços exter- são ou função comissionada, fica garantido a todos os que
nos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de
dispuser em regulamento. R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). 
Subseção IV Art. 60-E.  No caso de falecimento, exoneração, coloca-
Do Auxílio-Moradia ção de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisi-
ção de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por
Art. 60-A.  O auxílio-moradia consiste no ressarcimen-
um mês. 
to das despesas comprovadamente realizadas pelo ser-
vidor com aluguel de moradia ou com meio de hospe-
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia, be-
dagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um
nefício que é concedido a alguns servidores. Ele serve
mês após a comprovação da despesa pelo servidor. 
para ajudar o servidor a arcar com despesas de mora-
Art. 60-B.  Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se dia, seja locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O
atendidos os seguintes requisitos:  auxílio é pago 1 mês depois que o servidor comprovar a
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo despesa que teve. No entanto, não é qualquer servidor
servidor;  e não é em qualquer situação que se tem o auxílio-mo-
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe radia.
imóvel funcional;  Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas res-
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja trições: não haver disponibilidade de imóvel funcional
ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessioná- (algum imóvel do poder público com tal finalidade de
rio ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde moradia, dispensando gastos particulares), não se ter
for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem tentado vender ou vendido um imóvel na cidade (evi-
averbação de construção, nos doze meses que antecederem tando que tente utilizar o auxílio-moradia como um
a sua nomeação; modo de se obter vantagem patrimonial), um cônju-

24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ge ou pessoa com quem more não receber auxílio da Art. 64.  A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
mesma natureza (cumulando indevidamente), além do mês de dezembro de cada ano.
exercício de cargos de determinada natureza (perceba-
-se, cargos de relevante direção). Art. 65.  O servidor exonerado perceberá sua gratifica-
O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos ção natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, cal-
vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o ar- culada sobre a remuneração do mês da exoneração.
tigo 60-C está revogado desde 2013.
Art.  66.   A gratificação natalina não será considerada
Seção II para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
Das Gratificações e Adicionais
Subseção III
Art. 61.  Além do vencimento e das vantagens previstas Do Adicional por Tempo de Serviço
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retri-
buições, gratificações e adicionais:  Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225-45/01.
I - retribuição pelo exercício de função de direção,
chefia e assessoramento;  Subseção IV
II - gratificação natalina; Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
IV - adicional pelo exercício de atividades insalu- Atividades Penosas
bres, perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordi- Art. 68.  Os servidores que trabalhem com habitualidade
nário; em locais insalubres ou em contato permanente com subs-
VI - adicional noturno; tâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a
VII - adicional de férias; um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do tra- § 1o  O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubri-
balho. dade e de periculosidade deverá optar por um deles.
§ 2o  O direito ao adicional de insalubridade ou peri-
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. 
culosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
Gratificações e adicionais descritos em detalhes na
riscos que deram causa a sua concessão.
própria legislação, conforme se denota abaixo.
Art. 69.  Haverá permanente controle da atividade de
Subseção I
servidores em operações ou locais considerados penosos, in-
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Dire-
salubres ou perigosos.
ção, Chefia e Assessoramento
Parágrafo único.  A servidora gestante ou lactante será
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das ope-
Art. 62.  Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido rações e locais previstos neste artigo, exercendo suas ativida-
em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de des em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida
retribuição pelo seu exercício. Art. 70.  Na concessão dos adicionais de atividades pe-
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remunera- nosas, de insalubridade e de periculosidade, serão observa-
ção dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.  das as situações estabelecidas em legislação específica.
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal No- Art. 71.  O adicional de atividade penosa será devido
minalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribui- aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em lo-
ção pelo exercício de função de direção, chefia ou assesso- calidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
ramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza condições e limites fixados em regulamento.
Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no 8.911, de
11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no9.624, de 2 de abril Art. 72.  Os locais de trabalho e os servidores que ope-
de 1998.  ram com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos
Parágrafo único.  A VPNI de que trata o caput deste arti- sob controle permanente, de modo que as doses de radiação
go somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legis-
dos servidores públicos federais.  lação própria.
Parágrafo único.  Os servidores a que se refere este arti-
Subseção II go serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
Da Gratificação Natalina
Subseção V
Art. 63.  A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um Do Adicional por Serviço Extraordinário
doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês
de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. Art. 73.  O serviço extraordinário será remunerado com
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin- acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora
ze) dias será considerada como mês integral. normal de trabalho.

25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 74.  Somente será permitido serviço extraordinário III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
para atender a situações excepcionais e temporárias, respei- aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior venci-
tado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. mento básico da administração pública federal: 
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
Subseção VI tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput
Do Adicional Noturno deste artigo; 
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
Art. 75.  O serviço noturno, prestado em horário com- tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) deste artigo. 
horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% § 2o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
(vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como somente será paga se as atividades referidas nos incisos
cinquenta e dois minutos e trinta segundos. do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das
Parágrafo único.  Em se tratando de serviço extraordi- atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo
nário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a ser objeto de compensação de carga horária quando de-
remuneração prevista no art. 73. sempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do
§ 4odo art. 98 desta Lei. 
Subseção VII § 3o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Do Adicional de Férias não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para
qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de
Art. 76.  Independentemente de solicitação, será pago ao cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins
servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões. 
a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias.
Parágrafo único.  No caso de o servidor exercer função Capítulo III
de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em Das Férias
comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálcu-
Art. 77.  O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
lo do adicional de que trata este artigo.
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no
caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em
Subseção VIII
que haja legislação específica. 
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
§ 1o  Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
exigidos 12 (doze) meses de exercício.
Art. 76-A.  A Gratificação por Encargo de Curso ou Con-
§ 2o  É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
curso é devida ao servidor que, em caráter eventual: 
serviço.
I - atuar como instrutor em curso de formação, de de- § 3o  As férias poderão ser parceladas em até três eta-
senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte-
no âmbito da administração pública federal;  resse da administração pública. 
II - participar de banca examinadora ou de comissão É possível impedir que o servidor tire férias por até 2
para exames orais, para análise curricular, para correção de períodos se o seu serviço for altamente necessário.
provas discursivas, para elaboração de questões de provas
ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;  Art. 78.  O pagamento da remuneração das férias será
III - participar da logística de preparação e de realização efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo perío-
de concurso público envolvendo atividades de planejamento, do, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, §1° e §2°. Revogados.
quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas § 3o  O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
atribuições permanentes;  comissão, perceberá indenização relativa ao período das
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de
de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração supe-
essas atividades. rior a quatorze dias. 
§ 1o  Os critérios de concessão e os limites da gratifica- § 4o  A indenização será calculada com base na remu-
ção de que trata este artigo serão fixados em regulamento, neração do mês em que for publicado o ato exoneratório. 
observados os seguintes parâmetros:  § 5o  Em caso de parcelamento, o servidor receberá o
I - o valor da gratificação será calculado em horas, ob- valor adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Cons-
servadas a natureza e a complexidade da atividade exercida;  tituição Federal quando da utilização do primeiro período.
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente
a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada Art. 79.  O servidor que opera direta e permanentemen-
situação de excepcionalidade, devidamente justificada e pre- te com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte)
viamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profis-
entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cen- sional, proibida em qualquer hipótese a acumulação.
to e vinte) horas de trabalho anuais;  Manutenção da saúde do servidor.

26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 80.  As férias somente poderão ser interrompidas por § 3o  O início do interstício de 12 (doze) meses será
motivo de calamidade pública, comoção interna, convoca- contado a partir da data do deferimento da primeira licen-
ção para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade ça concedida. 
do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou § 4o  A soma das licenças remuneradas e das licenças
entidade. não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações,
Parágrafo único.  O restante do período interrompido concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses,
será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77.  observado o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os
O direito individual às férias pode ser mitigado pelo limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o. 
direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem
social. Seção III
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
Capítulo IV
Das Licenças
Art. 84.  Poderá ser concedida licença ao servidor para
Seção I acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado
Disposições Gerais para outro ponto do território nacional, para o exterior ou
para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo
Art. 81.  Conceder-se-á ao servidor licença: e Legislativo.
I - por motivo de doença em pessoa da família; § 1o  A licença será por prazo indeterminado e sem
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com- remuneração.
panheiro; § 2o  No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
III - para o serviço militar; companheiro também seja servidor público, civil ou mi-
IV - para atividade política; litar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
V - para capacitação;  Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver exercício
VI - para tratar de interesses particulares; provisório em órgão ou entidade da Administração Fe-
VII - para desempenho de mandato classista. deral direta, autárquica ou fundacional, desde que para o
Atenção aos motivos que autorizam licença, detalha- exercício de atividade compatível com o seu cargo. 
dos a seguir na legislação.
§ 1o  A licença prevista no inciso I do caput deste artigo Seção IV
bem como cada uma de suas prorrogações serão precedi-
Da Licença para o Serviço Militar
das de exame por perícia médica oficial, observado o dis-
posto no art. 204 desta Lei.
§ 3o  É vedado o exercício de atividade remunerada du- Art. 85.  Ao servidor convocado para o serviço militar
rante o período da licença prevista no inciso I deste artigo. será concedida licença, na forma e condições previstas na
legislação específica.
Art. 82.  A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias Parágrafo único.  Concluído o serviço militar, o servidor
do término de outra da mesma espécie será considerada terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o
como prorrogação. exercício do cargo.

Seção II Seção V
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Da Licença para Atividade Política
Família
Art. 86.  O servidor terá direito a licença, sem remune-
Art. 83.  Poderá ser concedida licença ao servidor por ração, durante o período que mediar entre a sua escolha
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e
filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependen- a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça
te que viva a suas expensas e conste do seu assentamento Eleitoral.
funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. 
§ 1o  O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
§ 1o  A licença somente será deferida se a assistência
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de di-
direta do servidor for indispensável e não puder ser presta-
da simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante reção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização,
compensação de horário, na forma do disposto no inciso dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro
II do art. 44.  de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o déci-
§ 2o  A licença de que trata o caput, incluídas as pror- mo dia seguinte ao do pleito. 
rogações, poderá ser concedida a cada período de doze § 2o  A partir do registro da candidatura e até o décimo
meses nas seguintes condições:  dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, as-
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, man- segurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
tida a remuneração do servidor; e  período de três meses. 
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
remuneração.  

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Seção VI I - para exercício de cargo em comissão, função de con-


Da Licença para Capacitação fiança ou, no caso de serviço social autônomo, para o exercí-
cio de cargo de direção ou de gerência;
Art. 87.  Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servi- II - em casos previstos em leis específicas.
dor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercí- § 1º Na hipótese de que trata o inciso I do caput, sendo
cio do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito
meses, para participar de curso de capacitação profissional.  Federal, dos Municípios ou para serviço social autônomo,
Parágrafo único.  Os períodos de licença de que trata o ônus da remuneração será do órgão ou da entidade ces-
o caput não são acumuláveis. sionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos.
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa públi-
Art. 90. (Vetado) ca, sociedade de economia mista ou serviço social autôno-
mo, nos termos de suas respectivas normas, optar pela re-
Seção VII muneração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em
comissão, de direção ou de gerência, a entidade cessioná-
Art. 91.  A critério da Administração, poderão ser concedidas ria ou o serviço social autônomo efetuará o reembolso das
ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em despesas realizadas pelo órgão ou pela entidade de origem.
estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares § 3o  A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no
pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.  Diário Oficial da União. 
Parágrafo único.  A licença poderá ser interrompida, a qual- § 4o  Mediante autorização expressa do Presidente da
quer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.  República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exer-
cício em outro órgão da Administração Federal direta que
Seção VIII não tenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista e a prazo certo. 
§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re- ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e
muneração para o desempenho de mandato em confederação, 2º deste artigo. 
federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato § 6° As cessões de empregados de empresa pública ou
representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da pro- de sociedade de economia mista, que receba recursos de
fissão ou, ainda, para participar de gerência ou administração Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua fo-
em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos lha de pagamento de pessoal, independem das disposições
para prestar serviços a seus membros, observado o disposto na contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o
alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto exercício do empregado cedido condicionado a autoriza-
em regulamento e observados os seguintes limites: ção específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em comis-
(dois) servidores; são ou função gratificada. 
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; tão, com a finalidade de promover a composição da força
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associa- de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pú-
dos, 8 (oito) servidores. blica Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores elei- de empregado ou servidor, independentemente da obser-
tos para cargos de direção ou de representação nas referidas vância do constante no inciso I e nos §§ 1° e 2° deste artigo. 
entidades, desde que cadastradas no órgão competente.
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, podendo Seção II
ser renovada, no caso de reeleição. Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo

Capítulo V Art. 94.  Ao servidor investido em mandato eletivo apli-


Dos Afastamentos cam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital,
Seção I ficará afastado do cargo;
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Enti- II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
dade cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de vereador:
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercí- a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
cio em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou em serviço cargo eletivo;
social autônomo instituído pela União que exerça atividades b) não havendo compatibilidade de horário, será afas-
de cooperação com a administração pública federal, nas se- tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
guintes hipóteses: ração.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o  No caso de afastamento do cargo, o servidor con- § 3o Os afastamentos para realização de programas de
tribuirá para a seguridade social como se em exercício es- pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores
tivesse. titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade
§ 2o  O servidor investido em mandato eletivo ou clas- há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio
sista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício probatório, e que não tenham se afastado por licença para
para localidade diversa daquela onde exerce o mandato. tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste
artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de
Seção III afastamento. 
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior § 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos pre-
vistos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer
Art. 95.  O servidor não poderá ausentar-se do País para no exercício de suas funções após o seu retorno por um
estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da período igual ao do afastamento concedido. 
República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Pre- § 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
sidente do Supremo Tribunal Federal. cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de
§ 1o  A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11
permitida nova ausência. de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoamento. 
§ 2o  Ao servidor beneficiado pelo disposto neste arti- § 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
go não será concedida exoneração ou licença para tratar justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o
de interesse particular antes de decorrido período igual ao disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese comprovada
do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente
despesa havida com seu afastamento. máximo do órgão ou entidade. 
§ 3o  O disposto neste artigo não se aplica aos servido- § 7o Aplica-se à participação em programa de pós-gra-
res da carreira diplomática. duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta
§ 4o  As hipóteses, condições e formas para a autori- Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo. 
zação de que trata este artigo, inclusive no que se refere
à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regu- Capítulo VI
lamento.  Das Concessões

Art. 97.  Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausen-


Art. 96.  O afastamento de servidor para servir em orga-
tar-se do serviço:
nismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
coopere dar-se-á com perda total da remuneração.
II - pelo período comprovadamente necessário para
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em
Seção IV
qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela Medida
Do Afastamento para Participação em Programa
Provisória nº 632, de 2013)
de Pós-Graduação Stricto Sensu no País III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
a) casamento;
Art. 96-A.  O servidor poderá, no interesse da Adminis- b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madras-
tração, e desde que a participação não possa ocorrer simul- ta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela
taneamente com o exercício do cargo ou mediante compen- e irmãos.
sação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo,
com a respectiva remuneração, para participar em pro- Art. 98.  Será concedido horário especial ao servidor
grama de pós-graduação stricto sensu em instituição de estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre
ensino superior no País.  o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade do cargo.
definirá, em conformidade com a legislação vigente, os § 1o  Para efeito do disposto neste artigo, será exigida
programas de capacitação e os critérios para participação a compensação de horário no órgão ou entidade que tiver
em programas de pós-graduação no País, com ou sem exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.
afastamento do servidor, que serão avaliados por um co- § 2o  Também será concedido horário especial ao ser-
mitê constituído para este fim.  vidor portador de deficiência, quando comprovada a ne-
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de cessidade por junta médica oficial, independentemente de
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos ser- compensação de horário. 
vidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou § 3º As disposições constantes do § 2o são extensivas
entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
(quatro) anos para doutorado, incluído o período de es- deficiência.
tágio probatório, que não tenham se afastado por licença § 4o  Será igualmente concedido horário especial, vin-
para tratar de assuntos particulares para gozo de licença culado à compensação de horário a ser efetivada no prazo
capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade
anos anteriores à data da solicitação de afastamento. prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei. 

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 99.  Ao servidor estudante que mudar de sede no Art. 103.  Contar-se-á apenas para efeito de aposenta-
interesse da administração é assegurada, na localidade da doria e disponibilidade:
nova residência ou na mais próxima, matrícula em institui- I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Mu-
ção de ensino congênere, em qualquer época, independen- nicípios e Distrito Federal;
temente de vaga. II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da fa-
Parágrafo único.  O disposto neste artigo estende-se ao mília do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trin-
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor ta) dias em período de 12 (doze) meses. 
que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob III - a licença para atividade política, no caso do art. 86,
sua guarda, com autorização judicial. § 2o;
IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
Capítulo VII dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior
Do Tempo de Serviço ao ingresso no serviço público federal;
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada
Art. 100.  É contado para todos os efeitos o tempo de ser- à Previdência Social;
viço público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saú-
Art. 101.  A apuração do tempo de serviço será feita de que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso
em dias, que serão convertidos em anos, considerado o VIII do art. 102. 
ano como de trezentos e sessenta e cinco dias. § 1o  O tempo em que o servidor esteve aposentado
será contado apenas para nova aposentadoria.
Art. 102.  Além das ausências ao serviço previstas no art. § 2o  Será contado em dobro o tempo de serviço pres-
97, são considerados como de efetivo exercício os afasta- tado às Forças Armadas em operações de guerra.
mentos em virtude de: § 3o  É vedada a contagem cumulativa de tempo de
I - férias; serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União,
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Muni- Estado, Distrito Federal e Município, autarquia, fundação
cípios e Distrito Federal; pública, sociedade de economia mista e empresa pública.
III - exercício de cargo ou função de governo ou adminis-
tração, em qualquer parte do território nacional, por nomea- Capítulo VIII
ção do Presidente da República; Do Direito de Petição
IV - participação em programa de treinamento regular-
mente instituído ou em programa de pós-graduação stricto Art. 104.  É assegurado ao servidor o direito de reque-
sensu no País, conforme dispuser o regulamento; rer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou inte-
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, resse legítimo.
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por
merecimento; Art. 105.  O requerimento será dirigido à autoridade
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; competente para decidi-lo e encaminhado por intermé-
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o dio daquela a que estiver imediatamente subordinado o re-
afastamento, conforme dispuser o regulamento;  querente.
VIII - licença:
a) à gestante, à adotante e à paternidade; Art. 106.  Cabe pedido de reconsideração à autoridade
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vin- que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão,
te e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço não podendo ser renovado. 
público prestado à União, em cargo de provimento efetivo;  Parágrafo único.  O requerimento e o pedido de reconsi-
c) para o desempenho de mandato classista ou partici- deração de que tratam os artigos anteriores deverão ser des-
pação de gerência ou administração em sociedade coopera- pachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
tiva constituída por servidores para prestar serviços a seus de 30 (trinta) dias.
membros, exceto para efeito de promoção por merecimento; 
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profis- Art. 107.  Caberá recurso: 
sional; I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;  II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
f) por convocação para o serviço militar; terpostos.
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; § 1o  O recurso será dirigido à autoridade imediatamen-
X - participação em competição desportiva nacional ou te superior à que tiver expedido o ato ou proferido a de-
convocação para integrar representação desportiva nacio- cisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais
nal, no País ou no exterior, conforme disposto em lei espe- autoridades.
cífica; § 2o   O recurso será encaminhado por intermédio da
XI - afastamento para servir em organismo internacio- autoridade a que estiver imediatamente subordinado o re-
nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere.  querente.

30
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 108.  O prazo para interposição de pedido de re- -las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não de modo
consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar exaustivo, porque o servidor deve obediência a todas as
da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão normas legais ou infralegais, e o próprio inciso III do refe-
recorrida.  rido dispositivo é, de certa maneira, uma norma disciplinar
em branco.
Art. 109.  O recurso poderá ser recebido com efeito sus- “Estes dispositivos preveem, basicamente, um conjunto
pensivo, a juízo da autoridade competente. de normas de conduta e de proibições impostas pela lei
Parágrafo único.  Em caso de provimento do pedido de aos servidores por ela abrangidos, tendo em vista a pre-
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagi- venção, a apuração e a possível punição de atos e omissões
rão à data do ato impugnado. que possam por em risco o funcionamento adequado da
administração pública, do posto de vista ético, do ponto
Art. 110.  O direito de requerer prescreve: de vista da eficiência e do ponto de vista da legalidade. De-
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de correm, estes dispositivos, do denominado Poder Discipli-
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afe- nar que é aquele conferido à Administração com o objetivo
tem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de manter sua disciplina interna, na medida em que lhe
de trabalho; atribui instrumentos para punir seus servidores (e também
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo àqueles que estejam a ela vinculados por um instrumento
quando outro prazo for fixado em lei. jurídico determinado - particulares contratados pela Ad-
Parágrafo único.  O prazo de prescrição será contado da ministração). [...]“O disposto no Título IV da lei nº 8.112/90
data da publicação do ato impugnado ou da data da prevê basicamente um conjunto de obrigações impostas
ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado. aos servidores por ela regidos. Tais obrigações, ora positi-
vas (os denominados Deveres – art. 116), ora negativas (as
Art. 111.  O pedido de reconsideração e o recurso, denominadas Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas
quando cabíveis, interrompem a prescrição. ensejam sua imediata apuração (art. 143) e uma vez com-
provadas importam na responsabilização administrativa,
a desafiar, então, a aplicação de uma das sanções admi-
Art. 112.  A prescrição é de ordem pública, não poden-
nistrativas (art. 127). Não é por outra razão que o art. 124
do ser relevada pela administração.
declara que a responsabilidade administrativa resulta da
prática de ato omissivo (quando o servidor deixa de cum-
Art. 113.  Para o exercício do direito de petição, é asse-
prir os deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola
gurada vista do processo ou documento, na repartição,
proibição) praticado no desempenho do cargo ou função”.
ao servidor ou a procurador por ele constituído.
Capítulo I
Art. 114.  A administração deverá rever seus atos, a Dos Deveres
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
Art. 116.  São deveres do servidor:
Art. 115.  São fatais e improrrogáveis os prazos esta- Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90 são
belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior. em muito compatíveis com os previstos no Código de Éti-
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição, ca profissional do Servidor Público Civil do Poder Executi-
assegurado a todos: “são a todos assegurados, indepen- vo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algumas das
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição condutas esperadas do servidor público quando do de-
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ile- sempenho de suas funções. Em resumo, o servidor público
galidade ou abuso de poder;”. Os artigos acima descrevem deve desempenhar suas funções com cuidado, rapidez e
o direito de petição específico dos servidores públicos. pontualidade, sendo leal à instituição que compõe, respei-
tando as ordens de seus superiores que sejam adequadas
Do Regime Disciplinar às funções que desempenhe e buscando conservar o patri-
mônio do Estado. No tratamento do público, deve ser pres-
Título IV tativo e não negar o acesso a informações que não sejam
Do Regime Disciplinar sigilosas. Caso presencie alguma ilegalidade ou abuso de
poder, deve denunciar. Tomam-se como base os ensina-
O regime disciplinar do servidor público civil federal mentos de Lima a respeito destes deveres:
está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: ambos I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
deveres e proibições são normas protetivas da boa Admi- “O primeiro dos deveres insculpidos no regime estatu-
nistração. Nas duas hipóteses, violado o preceito, cabível é tário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribuições
uma punição. Deve-se notar, porém, que os deveres cons- funcionais e também ao cuidado com a economia do ma-
tam da lei como ações, como conduta positiva; as proibi- terial, os bens da repartição e o patrimônio público. Sob o
ções, ao contrário, são descritas como condutas vedadas prisma da disciplina e da conservação dos bens e materiais
ao servidor, de modo que ele deve abster-se de praticá- da repartição, o servidor deve sempre agir com dedicação

31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no desempenho das funções do cargo que ocupa, e que c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
lhe foram atribuídas desde o termo de posse. O servidor “Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
não é o dono do cargo. Dono do cargo é o Estado que o público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a
remunera. Se o referido cargo não lhe pertence, o servi- imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
dor deve exercer suas funções com o máximo de zelo que ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimento a
estiver ao seu alcance. Sua eventual menor capacidade de informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta engloba
desempenho, para não configurar desídia ou insuficiência o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O servidor
de desempenho, deverá ser compensada com um maior público tem que ser expedito, diligente, laborioso. Não há
esforço e dedicação de sua parte. Se um servidor altamen- mais lugar para o burocrata que se afasta do administra-
te preparado e capaz, vem a praticar atos que configurem do, dificultando a vida de quem necessita de atendimen-
desídia ou mesmo falta mais grave, poderá vir a ser punido. to rápido e escorreito. Entretanto, há um longo caminho a
Porque o que se julgará não é a pessoa do servidor, mas a ser percorrido até que se atinja um mínimo ideal de aten-
conduta a ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas dimento e de funcionamento dos órgãos públicos, o que
às atribuições específicas de sua atividade. O servidor deve deve necessariamente passar por critérios de valorização
ter zelo não somente com os bens e interesses imateriais dos servidores bons e de treinamento e qualificação per-
(a imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o
manente dos quadros de pessoal”.
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e in-
teresses patrimoniais do Estado”.
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,
II - ser leal às instituições a que servir;
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conheci-
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal à mento de outra autoridade competente para apuração; 
instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional é “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimento
que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o dever ao chefe da repartição acerca das irregularidades de que
de lealdade está inserido no Estatuto como norma progra- toma conhecimento no exercício de suas atribuições. Deve
mática, orientadora da conduta dos servidores”. levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sistema hie-
rárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ou divisões
III - observar as normas legais e regulamentares; detêm um conhecimento maior de como corrigir o erro ou
“A função desta norma é de não deixar sem resposta comunicar aos órgãos de controle para a devida apuração.
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a neces- De nada adiantaria o servidor, ciente de um ato irregular,
sária correlação nesses casos que temos de fazer do art. ir comunicar ao público ou a terceiros. Além do dever de
116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra sigilo, há assuntos que exigem certas reservas, visando ao
lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”. bem do serviço público, da segurança nacional e mesmo
da sociedade”.
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
nifestamente ilegais; VII - zelar pela economia do material e a conservação
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór- do patrimônio público;
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado “Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela econo-
se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro mia e pela conservação dos bens públicos presta um des-
dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e serviço à nação que lhe remunera. E como se verá adiante
funções que servem ao cumprimento da vontade do ente poderá ser causa inclusive de demissão, se não cumprir o
estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o presente dever, quando por descumprimento dele a gra-
que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierarquia vidade do fato implicar a infração a normas mais graves”.
existe para que do alto escalão até a prática dos adminis-
trados as coisas funcionem. Disso decorre que quando é
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
emitida uma ordem para o servidor subordinado, este deve
“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se
dar cumprimento ao comando. Porém quando a ordem é
passa na repartição, principalmente quanto aos assuntos
visivelmente ilegal, arbitrária, inconstitucional ou absurda,
o servidor não é obrigado a dar seguimento ao que lhe é oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011,
ordenado. Quando a ordem é manifestamente ilegal? Há hoje está regulamentado o acesso às informações. Porém,
uma margem de interpretação, principalmente se o servi- o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o fornecimen-
dor subordinado não tiver nenhuma formação de ordem to ou divulgação das informações exigem um procedimen-
jurídica. Logo, é o bom senso que irá margear o que é fla- to. Maior cuidado há que se ter, quando a informação pos-
grantemente inconstitucional”. sa expor a intimidade da pessoa humana. As informações
pessoais dos administrados em geral devem ser tratadas
V - atender com presteza: forma transparente e com respeito à intimidade, à vida
a) ao público em geral, prestando as informações reque- privada, à honra e à imagem das pessoas, bem como às
ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; liberdades e garantias individuais, segundo o artigo 31, da
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de Lei nº 21.527, 2011. A exceção para o sigilo existe, pois, não
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; devemos tratar a questão em termos de cláusula jurídica de

32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

caráter absoluto, podendo ter autorizada a divulgação ou o XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
acesso por terceiros quando haja previsão legal. Outra exce- de poder.
ção é quando há o consentimento expresso da pessoa a que Parágrafo único.  A representação de que trata o inciso
elas se referirem. No caso de cumprimento de ordem judi- XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
cial, para a defesa de direitos humanos, e quando a proteção autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
do interesse público e geral preponderante o exigir, também assegurando-se ao representando ampla defesa.
devem ser fornecidas as informações. Portanto, o servidor há Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
que ter reserva no seu comportamento e fala, esquivando- esta representação será encaminhada a alguém que seja
-se de revelar o conteúdo do que se passa no seu trabalho. superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direito
Se o assunto pululante é uma irregularidade absurda, deve à ampla defesa.
então reduzir a escrito e representar para que se apure o “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimen-
caso. Deveriam diminuir as conversas de corredor e se efeti- to às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
var a apuração dos fatos através do processo administrativo ciência em razão do cargo, principalmente no processo
disciplinar. Os assuntos objeto do serviço merecem reserva. em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
Devem ficar circunscritos aos servidores designados para o suas vistas. Não é concebível que o servidor se defronte
respectivo trabalho interno, não devendo sair da seção ou com uma irregularidade administrativa e fique inerte. Deve
setor de trabalho, sem o trâmite hierárquico do chefe ime- provocar quem de direito para que a irregularidade seja
diato. Se o assunto ou o trabalho, enfim, merecer divulgação sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu círculo
mais ampla, deve ser contatado o órgão de assessoria de de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá representar
comunicação social, que saberá proceder de forma oficial,
aos órgãos superiores. Assim é que o dever de informar
obedecendo ao bom senso e às leis vigentes”.
acerca de irregularidades anda de braço dado com o dever
de representar. Não surtindo efeito a notícia da irregulari-
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad-
ministrativa; dade, não corrigida esta, sobrevém o dever de representar.
“O ato administrativo não se satisfaz somente com o O dever de representação não deixa de ser uma prerro-
ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser gativa legal, investindo o servidor de um múnus público
compatível com a moralidade administrativa. O agente deve importante, constituindo o servidor em um curador legal
se comportar em seus atos de maneira proba, escorreita, do ente público. O mais humilde servidor passa a ser um
séria, não atuando com intenções escusas e desvirtuadas. agente promotor de legalidade. É claro o inciso XII do art.
Seu poder-dever não pode ser utilizado, por exemplo, para 116 quando diz que é dever do servidor “representar con-
satisfação de interesses menores, como realizar a prática de tra ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. De modo que
determinado ato para beneficiar uma amante ou um paren- também a omissão pode ensejar a representação. A omis-
te. Se o agente viola o dever de agir com comportamento são do agente que ilegalmente não pratica ato a que se
incompatível com a moralidade administrativa, poderá estar acha vinculado pode até configurar o ilícito penal de pre-
sujeito a sanção disciplinar. Seu ato ímprobo ou imoral con- varicação. O dever de representação deve ser privilegiado,
figura o chamado desvio de poder, que é totalmente abomi- mas deve ser usado com o devido equilíbrio, não podendo
nável no Direito Administrativo e poderá ser anulado interna servir a finalidades egoísticas, político-partidárias, induzido
corporis ou judicialmente através da ação popular, ação de por inimizades de cunho pessoal, o que de pronto trespas-
ressarcimento ao erário e ação civil pública se o ato violar sará o representante de autor a réu por prática de abuso de
direito coletivo ou transindividual”. poder ou denunciação caluniosa”.

X - ser assíduo e pontual ao serviço; Capítulo II


“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí- Das Proibições
duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é Art. 117.  Ao servidor é proibido: 
aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o que Em contraposição aos deveres do servidor público,
comparece no horário para as reuniões de trabalho e demais existem diversas proibições, que também estão em boa
atividades relacionadas com o exercício do cargo que ocu-
parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação dos
pa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o dever violado,
deveres ou a prática de alguma das violações abaixo des-
seja por impontualidade, seja por inassiduidade (que ainda
critas caracterizam infração administrativa disciplinar.
não aquela inassiduidade habitual de 60 dias ensejadora
de demissão), merece reprimenda de advertência, com fins “Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, sua
educativos e de correção do servidor”. objetividade e taxatividade, o que veda sua ampliação e o
uso de interpretações analógicas ou sistemáticas visto se-
XI - tratar com urbanidade as pessoas; rem condutas restritivas de direitos, sujeitas, portanto, ao
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização oci- princípio da reserva legal. O descumprimento dessas proi-
dental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Urbano, bições podem inclusive, ensejar o enquadramento penal
nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo da urbe (ci- do servidor, pois muitas das condutas ali descritas, confi-
dade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e que não possa guram prática de delito penal”.
criar embaraços aos usuários dos serviços públicos”.

33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
prévia autorização do chefe imediato; de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
Violação do dever de assiduidade. O cargo público serve apenas aos interesses da admi-
nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos interesses
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competen- pessoais do servidor.
te, qualquer documento ou objeto da repartição;
Violação do dever de zelo com o patrimônio público. X - participar de gerência ou administração de socie-
dade privada, personificada ou não personificada, exercer o
III - recusar fé a documentos públicos; comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou coman-
É dever do servidor público conferir fé aos documentos ditário;
públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança que seu Não cabe ao servidor público administrar sociedade pri-
cargo possui. Violação do dever de transparência. vada, o que pode comprometer sua eficiência e imparciali-
dade no exercício da função pública. No princípio, ou seja,
IV - opor resistência injustificada ao andamento de do- na redação original do Estatuto era proibida apenas a par-
cumento e processo ou execução de serviço; ticipação do servidor como sócio gerente ou administrador
Não cabe impedir que o trâmite da administração seja de empresa privada, exceto na qualidade de mero cotista,
alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever de cele- acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa pode até
ridade e eficiência, bem como de impessoalidade. não estar personificada, por exemplo, não estar devidamente
constituída e registrada nos órgãos competentes (Junta Co-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no mercial, fisco estadual, municipal, distrital e federal, e órgãos
recinto da repartição; de controle: ambiental, trabalhista etc.). Comprovada detida-
Violação do dever de discrição. mente a gerência ou administração da sociedade particular
em concomitância com a pretensa carga horária da repar-
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos tição pública, deve ser aplicada a penalidade de demissão.
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de
sua responsabilidade ou de seu subordinado; XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
Quem é designado para o desempenho de uma função repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios pre-
pública deve desempenhá-la, não podendo designar outra videnciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e
pessoa para prestar seus serviços ou de seu subordinado. de cônjuge ou companheiro;
Não cabe atuar como procurador perante repartições
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia- públicas de forma profissional. Daí a limitação à atuação
rem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; como representante de parente até segundo grau (irmãos,
O direito de associação é livre, não podendo um fun- ascendentes e descendentes, cônjuges e companheiros).
cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical ou
politicamente. XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função A percepção de vantagem indevida gerando enriqueci-
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segun- mento ilícito também caracteriza ato de improbidade admi-
do grau civil; nistrativa de maior gravidade, bem como crime de corrupção
É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos, neto passiva.
ou descendente, é o termo utilizado para designar o favore-
cimento de parentes (ou amigos próximos) em detrimento XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz res- estrangeiro;
peito à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto nº 7.203, Trata-se de indício da intenção de praticar atos contrá-
de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a vedação do nepotismo rios ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.
no âmbito da administração pública federal.
Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afi- Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di-
nidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomean- nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As ati-
te ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em vidades de empréstimo somente podem ser desempenhadas
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício com fim lucrativo por instituições credenciadas.
de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de fun-
ção gratificada na Administração Pública direta e indireta, XV - proceder de forma desidiosa;
em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.
Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a Constituição Federal.” Obs.: se XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
o concurso pedir pelo entendimento jurisprudencial, vá pela em serviços ou atividades particulares;
súmula, mas se não mencionar nada se atenha ao texto da O aparato da administração pública pertence ao Estado,
lei, visto que há pequenas variações entre o texto da súmu- não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades particu-
la e o da lei. lares.

34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em-
transitórias; presas públicas, sociedades de economia mista da União,
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu-
cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas nicípios.
salvo em caso de extrema necessidade. A proibição vale tanto para a administração direta
quanto para a indireta.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário § 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con-
de trabalho; dicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma Se o Estado pretende que o desempenho de atividade
violação ao princípio da imparcialidade. cumulada não gere prejuízo à função pública, correto que
exija a comprovação de compatibilidade de horários;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
quando solicitado. § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
A atualização de dados cadastrais é necessária para
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
manter a administração ciente da situação de seu servidor.
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati-
Parágrafo único.  A vedação de que trata o inciso X do
vidade.
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: 
I - participação nos conselhos de administração e fiscal Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o agen-
de empresas ou entidades em que a União detenha, direta te se aposente do serviço público e continue o exercendo,
ou indiretamente, participação no capital social ou em so- recebendo aposentadoria e salário.
ciedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus
membros; e  Art. 119.  O servidor não poderá exercer mais de um
II - gozo de licença para o trato de interesses particu- cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo
lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
sobre conflito de interesses.  órgão de deliberação coletiva. 
Nestes casos, é possível participar diretamente da ad- Cargo em comissão é aquele que não exige aprovação
ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal em concurso público, sendo designado para o exercício
não será comprometido. por possuir um vínculo de confiança com o superior. So-
mente é possível exercer 1, salvo interinamente. Da mesma
Capítulo III forma, não cabe remuneração por participar de órgão de
Da Acumulação deliberação coletiva.

Art. 118.  Ressalvados os casos previstos na Constituição, Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. à remuneração devida pela participação em conselhos de
Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal: administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
É vedada a acumulação remunerada de cargos públi- quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.  vado o que, a respeito, dispuser legislação específica. 
a) a de dois cargos de professor;  O exercício de função em determinados conselhos de
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de ex-
científico;
ceção ao caput.
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
Art. 120.  O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido
Segundo Carvalho Filho, “o fundamento da proibição é
impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- compatibilidade de horário e local com o exercício de um
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota- entidades envolvidos.
-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in-
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos car-
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons- gos efetivos a não ser que exista compatibilidade de ho-
titucional proibitiva”. rários e local com um deles, caso em que se afastará de
somente um cargo efetivo.

35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

“Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem da apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da uma absolvição por falta de provas não o faz).
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
do número de processos administrativos instaurados com violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva-
esse objeto. O sistema adotado pela lei nº 8.112/90 é rela- mente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos instituto da responsabilidade civil, que tem como elemen-
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso tos: ação ou omissão voluntária (agir como não se deve
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e
lei em comentário, um processo administrativo simplifica- culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa
do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração e efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e dano
dessa infração – art. 133” . (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser in-
dividual ou coletivo, moral ou material, econômico e não
Capítulo IV econômico).
Das Responsabilidades Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:

Art. 121.  O servidor responde civil, penal e adminis- As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
trativamente pelo exercício irregular de suas atribuições. vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos da-
Segundo Carvalho Filho, “a responsabilidade se origina nos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
de uma conduta ilícita ou da ocorrência de determinada assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
situação fática prevista em lei e se caracteriza pela natureza casos de dolo ou culpa.
do campo jurídico em que se consuma. Desse modo, a res-
ponsabilidade pode ser civil, penal e administrativa. Cada Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
responsabilidade é, em princípio, independente da outra”. dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
É possível que o mesmo fato gere responsabilidade ci- sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
vil, penal e administrativa, mas também é possível que este ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
gere apenas uma ou outra espécie de responsabilidade. ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
Daí o fato das responsabilidades serem independentes: o qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
mesmo fato pode gerar a aplicação de qualquer uma delas, gresso é justamente o direito de acionar o causador direto
cumulada ou isoladamente. do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
considerada a existência de uma relação obrigacional que
Art. 122.  A responsabilidade civil decorre de ato omis- se forma entre a vítima e a instituição que o agente com-
sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em põe.
prejuízo ao erário ou a terceiros. Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
§ 1o  A indenização de prejuízo dolosamente causado te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
46, na falta de outros bens que assegurem a execução do que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
débito pela via judicial. condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
§ 2o  Tratando-se de dano causado a terceiros, respon- esperado.
derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regres- A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
siva. cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
§ 3o  A obrigação de reparar o dano estende-se aos su- contraditório e ampla defesa.
cessores e contra eles será executada, até o limite do valor Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
da herança recebida. culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
O instituto da responsabilidade civil é parte integran- que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (ad-
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse- ministrado), o servidor terá o dever de indenizar.
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen- Art. 123.  A responsabilidade penal abrange os crimes
to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano A responsabilidade penal do servidor decorre de uma
deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res- conduta que a lei penal tipifique como infração penal, ou
taurando-se o equilíbrio social. seja, como crime ou contravenção penal.
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po- O servidor poderá ser responsabilizado apenas penal-
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os mente, uma vez que somente caberá responsabilização civil
limites da herança, embora existam reflexos na ação que se o ato tiver causado prejuízo ao erário (elemento dano).

36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os crimes contra a Administração Pública se encontram Este dispositivo visa garantir que os servidores públi-
nos artigos 312 a 326 do Código Penal, mas existem outros cos denunciem os servidores hierarquicamente superiores.
crimes espalhados pela legislação específica. Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem ser
responsabilizados civil, penal ou administrativamente por
Art. 124.  A responsabilidade civil-administrativa resul- tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse que
ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempe- ela não procedia.
nho do cargo ou função.
Quando o servidor pratica um ilícito administrativo, a ele Capítulo V
é atribuída responsabilidade administrativa. O ilícito pode
Das Penalidades
verificar-se por conduta comissiva ou omissiva e os fatos
que o configuram são os previstos na legislação estatutária.
Art. 127.  São penalidades disciplinares:
Por exemplo, as sanções aplicadas pela Comissão de Ética
por violação ao Decreto n° 1.171/94 são administrativas. I - advertência;
II - suspensão;
Art. 125.  As sanções civis, penais e administrativas pode- III - demissão;
rão cumular-se, sendo independentes entre si. IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
Se as responsabilidades se cumularem, também as san- V - destituição de cargo em comissão;
ções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais responsabili- VI - destituição de função comissionada.
dades são independentes, ou seja, não dependem uma da A advertência é a pena mais leve, um aviso de que o
outra. funcionário se portou de forma inadequada e de que isso
não deve se repetir. A suspensão é uma sanção intermediá-
Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor ria, fazendo com que o funcionário deixe de desempenhar
será afastada no caso de absolvição criminal que negue o cargo por certo período. Na demissão, o funcionário não
a existência do fato ou sua autoria. mais exercerá o cargo, sendo assim sanção mais grave. Ou-
Determinadas decisões na esfera penal geram exclusão tras sanções são cassação da aposentadoria ou disponibi-
da responsabilidade nas esferas civil e administrativa, quais lidade, destituição do cargo em comissão, destituição da
sejam: absolvição por inexistência do fato ou negativa de função comissionada.
autoria. A absolvição criminal por falta de provas não gera
exclusão da responsabilidade civil e administrativa.
Art. 128.  Na aplicação das penalidades serão conside-
A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada
radas a natureza e a gravidade da infração cometida,
prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delic-
to, conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz os danos que dela provierem para o serviço público, as cir-
coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter cunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima funcionais.
defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exer- Parágrafo único.  O ato de imposição da penalidade
cício regular de direito” (excludentes de antijuridicidade); mencionará sempre o fundamento legal e a causa da san-
“art. 66. não obstante a sentença absolutória no juízo crimi- ção disciplinar. 
nal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, De forma fundamentada, justificada, se escolherá por
categoricamente, reconhecida a inexistência material do uma ou outra sanção, conforme a gravidade do ato pra-
fato”; “art. 386, IV –  estar provado que o réu não concorreu ticado.
para a infração penal”.
Entendem Fuller, Junqueira e Machado: “a absolvição Art. 129.  A advertência será aplicada por escrito, nos
dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por falta casos de violação de proibição constante do art. 117, inci-
de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação conferida ao sos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional
CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito da jurisdi- previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
ção civil, restando intocada a possibilidade de, na ação civil justifique imposição de penalidade mais grave.
de conhecimento, ser provada e reconhecida a existência do
Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117.
direito ao ressarcimento, de acordo com o grau de cognição
A norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra vio-
e convicção próprios da seara civil (na esfera penal, a deci-
lação de dever funcional que não exija sanção mais grave.
são de condenação somente pode ser lastreada em juízo de
certeza, tendo em vista o princípio constitucional do estado
de inocência)”. Art. 130.  A suspensão será aplicada em caso de reinci-
dência das faltas punidas com advertência e de violação
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita
civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autori- a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90
dade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento (noventa) dias.
desta, a outra autoridade competente para apuração de in- A suspensão é uma sanção administrativa intermediá-
formação concernente à prática de crimes ou improbidade ria, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se repe-
de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do tirem ou em caso de infração grave que ainda assim não
exercício de cargo, emprego ou função pública. gere pena de demissão.

37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o   Será punido com suspensão de até 15 (quin- X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
ze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser mônio nacional;
submetido a inspeção médica determinada pela autorida- XI - corrupção;
de competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
cumprida a determinação. ções públicas;
Trata-se de hipótese específica em que será aplicada Na verdade, são atos de improbidade administrativa, en-
suspensão. tão nem precisariam ser mencionados.
§ 2o  Quando houver conveniência para o serviço, a pe-
nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117.
ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer
em serviço. Art. 133.  Detectada a qualquer tempo a acumulação ile-
Se for inconveniente para a administração pública abrir gal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a
mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu venci- que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de
mento/remuneração diário pelo número de dias de sus- sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo impror-
pensão. O servidor não poderá se recusar a permanecer rogável de dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese
em serviço. de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apura-
ção e regularização imediata, cujo processo administrativo
Art. 131.  As penalidades de advertência e de suspen- disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:
são terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 I - instauração, com a publicação do ato que constituir a
(três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simul-
se o servidor não houver, nesse período, praticado nova in- taneamente indicar a autoria e a materialidade da transgres-
fração disciplinar. são objeto da apuração;
Parágrafo único.  O cancelamento da penalidade não II - instrução sumária, que compreende indiciação, de-
surtirá efeitos retroativos. fesa e relatório; 
O bom comportamento posterior do servidor faz com III - julgamento.
que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspensão § 1o  A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-
(após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que não sig- -á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade
nifica que o servidor poderá requerer, por exemplo, o pa- pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas
gamento referente aos dias que ficou suspenso. em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entida-
des de vinculação, das datas de ingresso, do horário de
Art. 132.  A demissão será aplicada nos seguintes casos: trabalho e do correspondente regime jurídico.
I - crime contra a administração pública; § 2o   A comissão lavrará, até três dias após a publica-
Artigos 312 a 326 do Código Penal. ção do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão
transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior,
II - abandono de cargo; bem como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado,
III - inassiduidade habitual; ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de
Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex- cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista
cesso. do processo na repartição, observado o disposto nos arts. 163
e 164.
IV - improbidade administrativa; § 3o  Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela-
Atos descritos na Lei n° 8.429/92. tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará
repartição; o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à autori-
Ausência de discrição no exercício das funções. dade instauradora, para julgamento.
§ 4o  No prazo de cinco dias, contados do recebimento
VI - insubordinação grave em serviço; do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão,
Violação grave do dever de obediência hierárquica. aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167.
§ 5o  A opção pelo servidor até o último dia de prazo para
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.
Ofensa física a servidor ou administrado que não para § 6o  Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-
se defender. -fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassa-
ção de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; cargos, empregos ou funções públicas em regime de acu-
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em ra- mulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de
zão do cargo; vinculação serão comunicados. 

38
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 7o  O prazo para a conclusão do processo adminis- Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço públi-
trativo disciplinar submetido ao rito sumário não excede- co federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo
rá trinta dias, contados da data de publicação do ato que em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII,
constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até X e XI.
quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem. Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes casos,
§ 8o  O procedimento sumário rege-se pelas disposi- não caberá jamais retorno ao serviço público federal, dian-
ções deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, te da gravidade dos atos praticados.
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
O artigo descreve o procedimento em caso de violação Art.  138.   Configura abandono de cargo a ausência
do dever de não acumular cargos ilicitamente. No início, intencional do servidor ao serviço por mais de trinta
o servidor será notificado para se manifestar optando por dias consecutivos.
um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer a opção, será Conceito de abandono de cargo: ausência intencional
instaurado processo administrativo disciplinar. Nele, o ser- por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão.
vidor poderá apresentar defesa no sentido de ser lícita a
cumulação. Mas até o último dia do prazo para defesa o Art. 139.  Entende-se por inassiduidade habitual a fal-
servidor poderá optar por um caso, caso em que o proce- ta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias,
dimento se converterá em pedido de exoneração do cargo interpoladamente, durante o período de doze meses.
não escolhido, presumindo-se a boa-fé do servidor. Conceito de inassiduidade habitual, que também gera
demissão: ausência por 60 dias num período de 12 meses
Art. 134.  Será cassada a aposentadoria ou a dispo- de forma injustificada.
nibilidade do inativo que houver praticado, na atividade,
falta punível com a demissão. Art. 140.  Na apuração de abandono de cargo ou inas-
Supondo que o servidor tenha praticado ato punível siduidade habitual, também será adotado o procedimento
com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evitará sumário a que se refere o art. 133, observando-se especial-
que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele seria mente que: 
demitido se no exercício das funções. I - a indicação da materialidade dar-se-á: 
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
Art. 135.  A destituição de cargo em comissão exer- precisa do período de ausência intencional do servidor ao
serviço superior a trinta dias; 
cido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos
casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e
dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período
de demissão.
igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante
Parágrafo único.  Constatada a hipótese de que trata
o período de doze meses;
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
convertida em destituição de cargo em comissão.
relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabili-
Logo, a destituição do cargo em comissão por quem
dade do servidor, em que resumirá as peças principais dos
não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis- autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hi-
sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demissão, pótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da
mas também os sujeitos à pena de suspensão. ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o pro-
cesso à autoridade instauradora para julgamento.
Art. 136.  A demissão ou a destituição de cargo em co- Por indicação de materialidade, entenda-se demons-
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, im- tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias
plica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao faltados.
erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Adota-se o procedimento do art. 133.
Nos casos de demissão e destituição do cargo em co-
missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimento Art. 141.  As penalidades disciplinares serão aplicadas:
do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação penal I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
própria. Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
Procurador-Geral da República, quando se tratar de demis-
Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em são e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servi-
comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incom- dor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
patibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso an-
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lograr terior  quando se tratar de suspensão superior a 30 (trin-
proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignida- ta) dias;
de da função pública ou que tenha  atuado como procura- III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na for-
dor ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo em ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos
hipóteses específicas, não poderá ser investido em cargo de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
público federal pelo prazo de 5 anos. IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
quando se tratar de destituição de cargo em comissão.

39
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Presidente da República/Presidentes da Câmara dos Processo administrativo disciplinar


Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tribu-
nais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Procura- Título V
dor-Geral da República - demissão ou cassação de apo- Do Processo Administrativo Disciplinar
sentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao órgão
(sanções mais graves). Capítulo I
Autoridade administrativa de hierarquia imediatamen- Disposições Gerais
te inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30 dias
(sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularida-
maior período). de no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
Chefe da repartição e outras autoridades previstas no imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
(sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por me- §§ 1º e 2º (Revogados)
nor período). § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da
Autoridade que houver feito a nomeação, em qualquer autoridade a que se refere, poderá ser promovida por au-
cargo de comissão, independente da pena. toridade de órgão ou entidade diverso daquele em que
tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência
Art. 142.  A ação disciplinar prescreverá: específica para tal finalidade, delegada em caráter perma-
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com nente ou temporário pelo Presidente da República, pelos
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
destituição de cargo em comissão; Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as compe-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. tências para o julgamento que se seguir à apuração.
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em
que o fato se tornou conhecido. Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob-
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal jeto de apuração, desde que contenham a identificação e o
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito,
como crime. confirmada a autenticidade.
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro- Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi- evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será
nal proferida por autoridade competente. arquivada, por falta de objeto.
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do I - arquivamento do processo;
direito de acionar judicialmente. II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais são de até 30 (trinta) dias;
graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de sus- III - instauração de processo disciplinar.
pensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver- Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân-
tência) - Contados da data em que o fato se tornou conhe- cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado
cido pela administração pública. por igual período, a critério da autoridade superior.
Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
favoráveis ao servidor. ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
Interrupção da prescrição significa parar a contagem mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de apo-
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber- sentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo
tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar em comissão, será obrigatória a instauração de proces-
até a decisão final proferida por autoridade competente so disciplinar.
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
ação disciplinar. cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
o processo administrativo disciplinar que aplique a sanção
mais grave, entendendo-se por sanções mais graves qual-
quer uma pior do que suspensão por menos de 30 dias
(suspensão por mais de 30 dias, além de todas as outras
que geram perda do cargo ou da aposentadoria).

40
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo II § 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem-


Do Afastamento Preventivo po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dis-
pensados do ponto, até a entrega do relatório final.
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o ser- § 2º As reuniões da comissão serão registradas em
vidor não venha a influir na apuração da irregularidade, atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá de- Este capítulo introduz aspectos sobre o processo admi-
terminar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo nistrativo que serão aprofundados adiante e na própria lei
de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração. nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo administra-
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado tivo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por uma
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda comissão de 3 membros funcionários estáveis que decidi-
que não concluído o processo. rão com independência e imparcialidade, divide-se em 3
O afastamento preventivo é uma medida cautelar que fases e possui prazo limite de duração (60, eventualmente
impede que o servidor tente influenciar na decisão da apu-
+60).
ração de sua infração, podendo ocorrer por no máximo 60
dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de remuneração
(afinal, ainda não foi condenado). Seção I
Do Inquérito
Capítulo III
Do Processo Disciplinar Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao prin-
cípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla de-
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento desti- fesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em
nado a apurar responsabilidade de servidor por infração direito.
praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha rela-
ção com as atribuições do cargo em que se encontre investido. Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro-
cesso disciplinar, como peça informativa da instrução.
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co- Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindi-
missão composta de três servidores estáveis designados cância concluir que a infração está capitulada como ilícito
pela autoridade competente, observado o disposto no § 3o penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos
do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que autos ao Ministério Público, independentemente da ime-
deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo diata instauração do processo disciplinar.
nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do in-
diciado.
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor desig-
a tomada de depoimentos, acareações, investigações e
nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um
de seus membros. diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recor-
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância rendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acu- permitir a completa elucidação dos fatos.
sado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau. Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompa-
nhar o processo pessoalmente ou por intermédio de pro-
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com inde- curador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e
pendência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova
à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administra- pericial.
ção. § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedi-
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comis- dos considerados impertinentes, meramente protelatórios,
sões terão caráter reservado. ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quan-
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguin- do a comprovação do fato independer de conhecimento
tes fases: especial de perito.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir
a comissão;
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor
II - inquérito administrativo, que compreende instru-
mediante mandado expedido pelo presidente da comissão,
ção, defesa e relatório;
III - julgamento. devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser ane-
xado aos autos.
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo discipli- Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
nar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de a expedição do mandado será imediatamente comunicada
publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o hora marcados para inquirição.
exigirem.

41
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re- Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regular-
duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por mente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
escrito. § 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente. processo e devolverá o prazo para a defesa.
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou § 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade instau-
que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de- radora do processo designará um servidor como defensor
poentes. dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou
de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a co- ao do indiciado.
missão promoverá o interrogatório do acusado, observa-
dos os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158. Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará re-
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles latório minucioso, onde resumirá as peças principais dos au-
será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em tos e mencionará as provas em que se baseou para formar a
suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será pro- sua convicção.
movida a acareação entre eles. § 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocên-
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in- cia ou à responsabilidade do servidor.
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgre-
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do dido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
presidente da comissão.
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comis-
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade são, será remetido à autoridade que determinou a sua ins-
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade com- tauração, para julgamento.
petente que ele seja submetido a exame por junta médica O inquérito é uma das fases do processo administrativo
disciplinar, obedecendo às regras descritas nesta seção, des-
oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.
tacando-se as que tratam da produção de provas.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
processado em auto apartado e apenso ao processo princi-
Seção II
pal, após a expedição do laudo pericial.
Do Julgamento
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será for-
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re-
mulada a indiciação do servidor, com a especificação dos
cebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá
fatos a ele imputados e das respectivas provas.
a sua decisão.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da
pelo presidente da comissão para apresentar defesa escri- autoridade instauradora do processo, este será encaminhado
ta, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do à autoridade competente, que decidirá em igual prazo.
processo na repartição. § 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co- sanções, o julgamento caberá à autoridade competente
mum e de 20 (vinte) dias. para a imposição da pena mais grave.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação
dobro, para diligências reputadas indispensáveis. de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servi-
data declarada, em termo próprio, pelo membro da comis- dor, a autoridade instauradora do processo determinará o seu
são que fez a citação, com a assinatura de (2) duas teste- arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos
munhas. autos.

Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obri- Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão,
gado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser salvo quando contrário às provas dos autos.
encontrado. Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contra-
riar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, mo-
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e tivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Ofi- isentar o servidor de responsabilidade.
cial da União e em jornal de grande circulação na localidade
do último domicílio conhecido, para apresentar defesa. Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para autoridade que determinou a instauração do processo ou
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total
do edital. ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de ou-
tra comissão para instauração de novo processo.

42
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nu- Art. 176. A simples alegação de injustiça da pena-
lidade do processo. lidade não constitui fundamento para a revisão, que
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição requer elementos novos, ainda não apreciados no processo
de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma originário.
do Capítulo IV do Título IV.
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equiva-
autoridade julgadora determinará o registro do fato nos as- lente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao
sentamentos individuais do servidor. dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo
disciplinar.
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade com-
crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério Pú- petente providenciará a constituição de comissão, na forma
blico para instauração da ação penal, ficando trasladado na do art. 149.
repartição.
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar originário.
só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado volun- Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá
tariamente, após a conclusão do processo e o cumpri- dia e hora para a produção de provas e inquirição das tes-
mento da penalidade, acaso aplicada. temunhas que arrolar.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
demissão, se for o caso. para a conclusão dos trabalhos.

Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão reviso-
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora ra, no que couber, as normas e procedimentos próprios
da sede de sua repartição, na condição de testemunha, de- da comissão do processo disciplinar.
nunciado ou indiciado;
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a rea- aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
lização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos. Parágrafo único. O prazo para julgamento será de
Nesta seção, trata-se do julgamento do processo ad- 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no
ministrativo disciplinar, que não será feito pela comissão, curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar
mas pela autoridade competente para aplicar a sanção. diligências.
Afinal, a comissão apenas indica qual o ato praticado pelo
indiciamento. Se houver mais de um indiciado e as sanções Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada
forem diversas, julga a autoridade de maior nível hierárqui- sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se to-
co. Ex: autoridade que pode aplicar suspensão não pode dos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição
aplicar demissão, de forma que se a um dos indiciados do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
couber demissão será a autoridade que pode aplicar esta Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
pena que aplicará também a suspensão ao outro indiciado. resultar agravamento de penalidade.
A revisão do processo consiste na possibilidade do
Seção III servidor condenado requerer que sua condenação seja
Da Revisão do Processo revista se surgirem novos fatos ou circunstâncias que jus-
tifiquem sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a leve. Poderá ser requerida ao ministro de Estado ou auto-
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzi- ridade de mesma hierarquia e será apensada ao proces-
rem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justifi- so administrativo originário. O julgamento será feito pela
car a inocência do punido ou a inadequação da penali- mesma autoridade que aplicou a pena. Se apurado que
dade aplicada. na verdade a pena deveria ser maior, não cabe agravar a
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desapareci- situação do servidor.
mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá re-
querer a revisão do processo.
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a
revisão será requerida pelo respectivo curador.

Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe


ao requerente.

43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

quando conferido um poder, podem optar por exercê-lo


4 PODERES ADMINISTRATIVOS. ou não, a Administração não tem faculdade de agir, afinal,
sua atuação se dá dentro de objetos de interesse público.
4.1 HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR,
Logo, a abstenção não pode ser aceita, o que transforma o
REGULAMENTAR E DE POLÍCIA. 4.2 USO E poder de agir também num dever de fazê-lo: daí se afirmar
ABUSO DO PODER. um poder-dever. Com efeito, o agente omisso poderá ser
responsabilizado.
Os poderes da Administração se dividem em: vincula-
O Estado possui papel central de disciplinar a socie- do, discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamen-
dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes tar e de polícia.
que exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições,
são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis à Poder vinculado
consecução dos fins públicos, que são os poderes admi- No poder vinculado não há qualquer liberdade quanto
nistrativos. Em contrapartida, surgirão deveres específi- à atividade que deva ser praticada, cabendo ao administra-
cos, que são deveres administrativos. dor se sujeitar por completo ao mandamento da lei. Nos
Os poderes conferidos à administração surgem como atos vinculados, o agente apenas reproduz os elementos
instrumentos para a preservação dos interesses da cole- da lei. Afinal, o administrador se encontra diante de situa-
tividade. Caso a administração se utilize destes poderes ções que comportam solução única anteriormente prevista
para fins diversos de preservação dos interesses da socie- por lei. Portanto, não há espaço para que o administrador
dade, estará cometendo abuso de poder, ou seja, incidin- faça um juízo discricionário, de conveniência e oportunida-
do em ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário poderá de. Ele é obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a
lei assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória
efetuar controle dos atos administrativos que impliquem
por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença
em excesso ou abuso de poder.
para prestar serviço militar obrigatório.
Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser
colocados como prerrogativas de direito público conferi-
Poder discricionário
das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Esta- Existem situações em que o próprio agente tem a
do alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapartida a possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, no poder
estes poderes, surgem deveres ao administrador. discricionário o administrador não está diante de situa-
“O poder administrativo representa uma prerrogativa ções que comportam solução única. Possui, assim, um
especial de direito público outorgada aos agentes do Esta- espaço para exercer um juízo de valores de conveniência
do. Cada um desses terá a seu cargo a execução de certas e oportunidade.
funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas aos
agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercício é Conveniência = condições em que irá agir
voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro Oportunidade = momento em que irá agir
dos limites que a lei traçou, pode dizer-se que usaram nor- Discricionariedade = oportunidade + conveniência
malmente os seus poderes. Uso do poder, portanto, é a
utilização normal, pelos agentes públicos, das prerro- A discricionariedade pode ser exercida tanto quando o
gativas que a lei lhes confere”19. ato é praticado quanto, num momento futuro, na circuns-
Neste sentido, “os poderes administrativos são ou- tância de sua revogação.
torgados aos agentes do Poder Público para lhes permitir Uma das principais limitações ao poder discricionário
atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo as- é a adequação, correspondente à adequação da conduta
sim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª) são escolhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O se-
eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente gundo limite é o da verificação dos motivos21. Neste senti-
exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas do, discricionariedade não pode se confundir com arbitra-
públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes riedade – a última é uma conduta ilegítima e quanto a ela
para o administrador público, impõem-lhe o seu exercício caberá controle de legalidade perante o Poder Judiciário.
e lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atinge, em “O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extremo
última instância, a coletividade, esta a real destinatária de de admitir que o juiz se substituta ao administrador. Vale
tais poderes. Esse aspecto dúplice do poder administra- dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei reservou
aos agentes da Administração, perquirindo os critérios de
tivo é que se denomina de poder-dever de agir”20. Per-
conveniência e oportunidade que lhe inspiraram a conduta.
cebe-se que, diferentemente dos particulares aos quais,
A razão é simples: se o juiz se atém ao exame da legalida-
19 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de de dos atos, não poderá questionar critérios que a própria
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, lei defere ao administrador. [...] Modernamente, os doutri-
2010. nadores têm considerado os princípios da razoabilidade e
20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

44
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

da proporcionalidade como valores que podem ensejar o pode ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em que
controle da discricionariedade, enfrentando situações que, pese o teor do dispositivo que poderia dar a entender que
embora com aparência de legalidade, retratam verdadeiro a existência de decretos autônomos é impedida, o próprio
abuso de poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de STF já reconheceu decretos autônomos como válidos em
controle reflete ofensa ao princípio republicano da separa- situações excepcionais. Carvalho Filho23, a respeito, afirma
ção dos poderes”22. que somente são decretos e regulamentos que tipicamen-
Há quem diga que, por haver tal liberdade, não exis- te caracterizam o poder regulamentar aqueles que são de
te o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui, natureza derivada – o autor admite que existem decretos
mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de- e regulamentos autônomos, mas diz que não são atos do
monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada poder regulamentar.
pelo administrador. Basicamente, não é porque o admi- A classificação dos decretos e regulamentos em au-
nistrador tem liberdade para decidir de outra forma que tônomos e de execução é bastante relevante para fins de
o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça, incidirá controle judicial. Em se tratando de decreto de execução,
em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os parâmetros o parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está
da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal, não obstante a vinculado, ocorrendo mero controle de legalidade como
discricionariedade seja uma prerrogativa da administração, regra – não caberá controle de constitucionalidade por
o seu maior objetivo é o atendimento aos interesses da ações diretas de inconstitucionalidade ou de constitucio-
coletividade. nalidade, mas caberá por arguição de descumprimento de
preceito fundamental – ADPF, cujo caráter é mais amplo
Poder regulamentar e permite o controle sobre atos regulamentares derivados
Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder confe- de lei, tal como será cabível mandado de injunção. Em se
rido à administração de elaborar decretos e regulamen- tratando de decreto autônomo, o parâmetro de controle
tos. Percebe-se que o Poder Executivo, nestas situações, sempre será a Constituição Federal, possuindo o decreto a
exerce força normativa, expedindo normas que se reves- mesma posição hierárquica das demais leis infraconstitu-
tem, como qualquer outra, de abstração e generalidade. cionais, ocorrendo genuíno controle de constitucionali-
Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sempre dade no caso concreto, por qualquer das vias.
possibilita que elas sejam executadas. A aplicação prática Outra observação que merece ser feita se refere ao
fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar decretos conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem na
e regulamentos com capacidade de dar execução às leis França e corresponde à transferência de certas matérias de
editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prerrogativa caráter estritamente técnico da lei ou ato congênere para
complementar à lei, não podendo em hipótese alguma outras fontes normativas, com autorização do próprio le-
o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto, poderá o gislador. Na verdade, o legislador efetuará uma espécie de
Executivo criar obrigações subsidiárias, que se impõem delegação, que não será completa e integral, pois ainda
ao administrado ao lado das obrigações primárias fixadas
caberá ao Legislativo elaborar o regramento básico, ocor-
na própria lei.
rendo a transferência estritamente do aspecto técnico (de-
Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao
nomina-se delegação com parâmetros). Há quem diga
Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da compe-
que nestes casos não há poder regulamentar, mas sim po-
tência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar os
der regulador. É exemplo do que ocorre com as agências
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do po-
reguladoras, como ANATEL, ANEEL, entre outras.
der regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.
Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos
Poder hierárquico
quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos de
natureza originária ou primária) ou de execução (atos de “Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos
natureza derivada ou secundária), embora a essência do órgãos e agentes da Administração que tem como objeti-
poder regulamentar seja composta pelos decretos e regu- vo a organização da função administrativa. E não poderia
lamentos de execução. O regulamento autônomo pode ser ser de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da Ad-
editado independentemente da existência de lei anterior, ministração Pública que não se poderia conceber sua nor-
se encontrando no mesmo patamar hierárquico que a lei – mal realização sem a organização, em escalas, dos agentes
por isso, é passível de controle de constitucionalidade. Os e dos órgãos públicos. Em razão desse escalonamento fir-
regulamentos de execução dependem da existência de lei ma-se uma relação jurídica entre os agentes, que se de-
anterior para que possam ser editados e devem obedecer nomina relação hierárquica”24. Nesta relação hierárquica,
aos seus limites, sob pena de ilegalidade – deste modo, se surge para a autoridade superior o poder de comando e
sujeitam a controle de legalidade. para o seu subalterno o dever de obediência.
Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativa- 23 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
mente ao Presidente da República expedir decretos e re- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
gulamentos para a fiel execução da lei, atividade que não 2010.
22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 24 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

45
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio legis-
administração de fixar campos de competência quanto às lador estabelece no Código Tributário Nacional: “Conside-
figuras que compõem sua estrutura. É um poder de auto- ra-se poder de polícia a atividade da administração pública
-organização. É exercido tanto na distribuição de compe- que, limitando o disciplinando direito, interesse ou liber-
tências entre os órgãos quanto na divisão de deveres entre dade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em ra-
os servidores que o compõem. Se o ato for praticado por zão de interesse público [...]” (art. 78, primeira parte, CTN).
órgão incompetente, é inválido. Da mesma forma, se o for A atividade de polícia é tipicamente administrativa, razão
praticado por servidor que não tinha tal atribuição. pela qual é estudada no ramo do direito administrativo.
Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do
o poder de revisão, consistente no poder das autoridades poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a
superiores de revisar os atos praticados por seus subordi- administração não precisa de manifestação do Poder Ju-
nados. diciário para colocar seus atos em prática, efetivando-os.

Poder disciplinar Polícia-função e polícia-corporação


Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é a “Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas em
hierarquia que permite aos agentes de nível superior fis- decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena real-
calizar as ações dos subordinados. Assim, poder disciplinar çar que não há como confundir polícia-função com po-
é o poder conferido à administração para aplicar sanções lícia-corporação: aquela é a função estatal propriamen-
aos seus servidores que pratiquem infrações disciplinares. te dita e deve ser interpretada sob o aspecto material,
Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem indicando atividade administrativa; esta, contudo, cor-
natureza administrativa, não envolvendo sanções civis responde à ideia de órgão administrativo, integrado nos
ou penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, desta- sistemas de segurança pública e incumbido de prevenir
cam-se a de advertência, suspensão, demissão e cassação os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública, razão
de aposentadoria. por que deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou formal).
Evidentemente que tais punições não podem ser apli- A polícia-corporação executa frequentemente funções de
cadas sem alguns requisitos, como a abertura de sindicân- polícia administrativa, mas a polícia-função, ou seja, a ati-
cia ou processo disciplinar em que se garanta o contradi- vidade oriunda do poder de polícia, é exercida por outros
tório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que somente órgãos administrativos além da corporação policial”26.
são passíveis de demissão por sentença judicial, que são os
vitalícios, como os de magistrado e promotor de justiça). Competência
A competência para exercer o poder de polícia é,
Poder de polícia a princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de
É o poder conferido à administração para limitar, dis- competência no âmbito do poder regulamentar. Se a
ciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades competência for concorrente, também o poder de polícia
particulares para a preservação dos interesses da coleti- será exercido de forma concorrente.
vidade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a
taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gerador de tarifa Delegação e transferência
que se caracteriza como preço público e não podendo ser O poder de polícia pode ser exercido de forma origi-
cobrada sem o exercício efetivo do poder de polícia. nária, pelo próprio órgão ao qual se confere a competên-
“A expressão poder de polícia comporta dois sentidos, cia de atuação, ou de forma delegada, mediante lei que
um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder de po- transfira a mera prática de atos de natureza fiscalizatória
lícia significa toda e qualquer ação restritiva do Estado (poder de polícia seria de caráter executório, não inova-
em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido estrito, dor) a pessoas jurídicas que tenham vinculação oficial
o poder de polícia se configura como atividade adminis- com entes públicos.
trativa, que consubstancia, como vimos, verdadeira prer- Obs.: A transferência de tarefas de operacionalização,
rogativa conferida aos agentes da Administração, consis- no âmbito de simples constatação, não é considerada de-
tente no poder de restringir e condicionar a liberdade e a legação do poder de polícia. Delegação ocorre quando a
propriedade”25. atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exemplo,
No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati- uma empresa contratada para operar radares não rece-
vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém é beu delegação do poder de polícia, mas uma guarda mu-
obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não impu- nicipal instituída na forma de empresa pública com poder
ser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a atividade de aplicar multas recebeu tal delegação.
da polícia administrativa, envolvendo apenas as prerro-
gativas dos agentes da Administração.
25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 26 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2015. ris, 2015.

46
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Polícia judiciária e polícia administrativa discricionariedade (por exemplo, quando o poder público
Uma das mais importantes classificações doutrinárias vai decidir se pode ou não ocorrer pesca num determinado
corresponde à distinção entre polícia administrativa e polí- rio), mas quando já existem os limites o ato se torna vincu-
cia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho: “ambos se lado (no mesmo exemplo, não se pode decidir por multar
enquadram no âmbito da função administrativa, vale dizer, um pescador e não multar o outro por pescarem no rio em
representam atividades de gestão de interesses públicos. A que a pesca é proibida, devendo ambos serem multados).
Polícia Administrativa é atividade da Administração que Tal raciocínio é relevante para verificar, num caso concreto,
se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se completa no se houve ou não abuso do poder de polícia. Vamos supor
âmbito da função administrativa. O mesmo não ocorre com que a lei fixe os limites para o ato, mas que na prática tais
a Polícia Judiciária, que, embora seja atividade administra- limites tenham sido ignorados: não haverá discricionarieda-
tiva, prepara a atuação da função jurisdicional penal, o de, então.
que a faz regulada pelo Código de Processo Penal (arts. 4º Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia são:
ss) e executada por órgãos de segurança (polícia civil ou mi- “- Necessidade – a medida de polícia só deve ser adota-
litar), ao passo que a Polícia Administrativa o é por órgãos da para evitar ameaças reais ou prováveis de perturbações
administrativos de caráter mais fiscalizador. Outra diferen- ao interesse público;
ça reside na circunstância de que a Polícia Administrativa - Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre
incide basicamente sobre atividades dos indivíduos, en- a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado;
quanto a Polícia Judiciária preordena-se ao indivíduo em - Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir
si, ou seja, aquele a quem se atribui o cometimento de ilíci- o dano a interesse público. Para ser eficaz a Administração
to penal”27. Além disso, essencialmente, a Polícia Adminis- não precisa recorrer ao Poder Judiciário para executar as
trativa tem caráter preventivo (busca evitar o dano social), suas decisões, é o que se chama de autoexecutoriedade”30.
enquanto que a Polícia Judiciária tem caráter repressivo Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade
(busca a punição daquele que causou o dano social). de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis-
Sobre os campos de exercício da polícia administrativa, trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo
considerando que todos os direitos individuais são limita- administrativo para imposição de multa de trânsito, são ne-
dos pelo interesse da coletividade, já se pode deduzir que cessárias as notificações da atuação e da aplicação da pena
o âmbito de atuação do poder de polícia é o mais amplo decorrentes da infração”.
possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia sanitária, polícia
ambiental, polícia de trânsito e tráfego, polícia de profissões Deveres da Administração
(OAB, CRM, etc.), polícia de construções, etc. Neste sentido,
será possível atuar tanto por atos normativos (atos genéri- Dever de agir
cos, abstratos e impessoais, como decretos, regulamentos, O administrador possui um poder-dever de agir. Não se
portarias, instruções, resoluções, entre outros) e por atos trata de mero poder, porque priorizam atender ao interesse
concretos (voltados a um indivíduo específico e isolado, da coletividade e, em razão disso, o poder de agir é também
que podem ser determinações, como a multa, ou atos de um dever, que é irrenunciável e obrigatório. Ao adminis-
consentimento, como a concessão ou revogação de licen- trador é vedada a inércia. Logo, poderá ser responsabiliza-
ça ou autorização por alvará). do por omissão ou silêncio, abrindo possibilidade de obter
o ato não realizado: pela via extrajudicial, notadamente ao
Liberdades públicas e poder de polícia exercer o direito de petição; ou por via judicial, por intermé-
Evidentemente, abusos no exercício do poder de po- dio de mandado de segurança, quando ferir direito líquido
lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito e certo do interessado comprovado de plano, ou por ação
individual seja relativo perante o interesse público, existem de obrigação de fazer.
núcleos mínimos de direitos que devem ser preservados, ATENÇÃO: nem toda omissão do poder público é ilegal.
mesmo no exercício do poder de polícia. Neste sentido, a As denominadas omissões genéricas, que envolvem prer-
faculdade repressiva deve respeitar os direitos do cidadão, rogativas de ação do administrador de caráter geral e sem
as prerrogativas individuais e as liberdades públicas que prazo determinado para atendimento, inseridas em seu po-
são consagrados no texto constitucional. der discricionário, não autorizam a alegação de ilegalidade
Para compreender a questão, interessante suscitar qual por violação do poder-dever de agir. Insere-se aqui a de-
o caráter do poder de polícia, se discricionário ou vinculado. nominada reserva do possível – por óbvio sempre existirão
A doutrina de Meirelles28 e Carvalho Filho29 recomenda que algumas omissões tendo em vista a escassez de recursos
quando o poder de polícia vai ter os seus limites fixados há financeiros. Ex.: deixar de reformar a entrada de um edifício,
não construir um estabelecimento de ensino. São ilegais,
27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de com efeito, as omissões específicas, que são omissões do
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- poder público mesmo diante de imposição expressa legal
ris, 2015. e prazo fixado em lei para atendimento. Nestas situações,
28 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo caberá até mesmo responsabilização civil, penal ou admi-
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. nistrativa do agente omisso.
29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- 30 http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/
ris, 2015. direito-administrativo/conceito-de-direito-administrativo

47
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Dever de eficiência Havendo poderes, naturalmente será possível o abuso


A atividade administrativa deve ser célere e técnica, deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por parte
mesclando qualidade e quantidade. Para tanto, é necessá- dos administradores das prerrogativas a eles conferidas no
rio atribuir competências aos cargos conforme a qualifica- âmbito dos poderes da administração, por violação expres-
ção exigida para ocupá-los; bem como desempenhar ati- sa ou tácita da lei.
vidades com perfeição, coordenação, celeridade e técnica. “A conduta abusiva dos administradores pode decor-
Não significa que perfeccionismo em excesso seja valoriza- rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de sua
do, pois ele afeta o elemento quantitativo do serviço, que competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua compe-
também é essencial para que ele seja eficiente. tência, afasta-se do interesse público que deve nortear todo
o desempenho administrativo. No primeiro caso, diz-se que
Dever de probidade o agente atuou com ‘excesso de poder’ e no segundo, com
Trata-se de um dos deveres mais relevantes, corres- ‘desvio de poder’”33. Basicamente, havendo abuso de poder é
pondendo à obrigação do agente público de agir de forma possível que se caracterize excesso de poder ou desvio de po-
honesta e reta, respeitando a moralidade administrativa e o der. No excesso de poder, o agente nem teria competência
interesse público. A violação deste dever caracteriza ato de para agir naquela questão e o faz. No abuso de poder,
improbidade, punível, conforme artigo 37, §4º, CF e Lei nº o agente possui competência para agir naquela questão,
8.429/92, que se sujeita a diversas penas, como suspensão mas não o faz em respeito ao interesse público, ou seja,
de direitos políticos, perda da função pública, proibição de desvirtua-se do fim que deveria atingir o seu ato, por isso o
contratar com o poder público, multa, além de restituição desvio de poder também é denominado desvio de finalida-
ao erário por enriquecimento ilícito e/ou reparação de da- de. A conduta abusiva é passível de controle, inclusive judicial.
nos causados ao erário.
EXCESSO DE PODER = INCOMPETÊNCIA
Dever de prestação de contas ABUSO DE PODER = COMPETÊNCIA = DESVIO DE
Como o que é gerido pelo administrador não lhe per- FINALIDADE
tence, é seu dever prestar contas do que realizou à coleti-
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de
vidade, isto é, informar em detalhes qual o destino dado
poder se configura como ilegalidade. Não se pode conce-
às verbas e aos bens sob sua gestão. Este dever abrange
ber que a conduta de um agente, fora dos limites de sua
não só aqueles que são agentes públicos, mas a todos que
competência ou despida da finalidade da lei, possa com-
tenham sob sua responsabilidade dinheiros, bens ou inte- patibilizar-se com a legalidade. É certo que nem toda ile-
resses públicos, independentemente de serem ou não ad- galidade decorre de conduta abusiva; mas todo abuso se
ministradores públicos. reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à revisão ad-
“A prestação de contas de administradores pode ser ministrativa ou judicial”34.
realizada internamente através dos órgãos escalonados em Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o con- que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
trole de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser ele o trador, mas também estabelece deveres.
órgão de representação popular. No Legislativo se situa,
organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua espe-
cialização, auxilia o Congresso Nacional na verificação de 5 LICITAÇÃO. 5.1 PRINCÍPIOS. 5.2
contas dos administradores”31.
CONTRATAÇÃO DIRETA: DISPENSA E
Uso do poder INEXIGIBILIDADE. 5.3 MODALIDADES. 5.4
Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização TIPOS. 5.5 PROCEDIMENTO.
normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a lei
lhes confere”32. Significa que se um agente toma suas ati-
tudes dentro dos limites dos poderes administrativos, está
agindo conforme a lei. Um dos principais guias para de- LICITAÇÕES
terminar se a ação está ou não em conformidade é o dos
deveres administrativos. Conceito
Assim, além de poderes, os agentes administrativos, Licitação é o processo pelo qual a Administração Pú-
obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições que blica contrata serviços e adquire bens dos particulares, evi-
exercem. tando-se que a escolha dos contratados seja fraudulenta e
prejudicial ao Estado em favor dos interesses particulares
do governante.
Abuso de poder
31 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 33 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.
32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 34 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

48
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Segundo Carvalho Filho35, “não poderia a lei deixar ao 3) Servir de ferramenta de direito econômico: a lici-
exclusivo critério do administrador a escolha das pessoas tação é uma ferramenta que pode ser empregada para a
a serem contratadas, porque, fácil é prever, essa liberdade intervenção estatal na economia, promovendo o desen-
daria margem a escolhas impróprias, ou mesmo a concertos volvimento e a tecnologia nacionais (tanto é verdade que
escusos entre alguns administradores públicos inescrupulosos empresas nacionais poderão vencer a licitação mesmo que
e particulares, com o que prejudicada, em última análise, seria ofereçam preço até 25% mais caro que empresas estran-
a Administração Pública, gestora dos interesses públicos”. geiras).
Deste modo, Carvalho Filho36 conceitua licitação como “o
procedimento administrativo vinculado por meio do qual os Competência legislativa
entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados A União tem competência privativa para legislar so-
selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários bre normas gerais licitatórias, conforme previsto no texto
interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, constitucional: “Art. 22. Compete privativamente à União
ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou cien- legislar sobre: [...] XXVII - normas gerais de licitação e con-
tífico”. tratação, em todas as modalidades, para as administrações
Destaca-se a natureza de procedimento administrativo, públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Es-
pois apesar da Lei nº 8.666/93 se referir à licitação como ato tados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto
administrativo, não se detecta verdadeiramente ato, que é um no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de
elemento formal que indica uma intenção de agir da admi- economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III”. Por nor-
nistração, mas sim um procedimento, diante do cumprimento mas gerais de licitação e contratação, entendam-se aquelas
de etapas previstas em lei para que se atinja uma meta ou um com capacidade de criar, alterar ou extinguir modalidades,
objetivo. tipos e princípios licitatórios.
Logo, a licitação é um procedimento administrativo que Não significa que os Estados e municípios não possam
tem por finalidade evitar práticas fraudulentas na Administra- legislar sobre licitações, apenas não podem se imiscuir
ção Pública, garantindo a contratação do serviço ou produto nas normas gerais. Os Estados e municípios podem regu-
que melhor atenda às expectativas de custo-benefício para o lamentar questões instrumentais e de interesse local, mas
aparato público. não se trata de competência concorrente. Por isso mesmo,
não podem ampliar os casos de dispensa e inexigibilidade,
Objeto
alterar os limites de valor para cada modalidade de licita-
O objeto da licitação é a aquisição de bens e serviços pela
ção ou reduzir os prazos de publicidade e dos recursos.
Administração Pública, bem como a alienação do patrimônio
dela, conforme a melhor proposta que atenda aos interesses
Destinatários
públicos. Toda licitação que é aberta volta-se especificamente
Além do próprio Poder Público, também são destina-
para isto, permitindo que a Administração desempenhe suas
tários os licitantes interessados em contratar com o Poder
atividades uma vez que dispõe dos bens e serviços necessários
Público e qualquer pessoa interessada em saber sobre os
para tanto.
procedimentos públicos de licitação.
Finalidade/Objetivos Uma vez que o texto constitucional prevê a obrigato-
1) Garantir a competição entre os interessados: todos os riedade da licitação (artigo 37, XXVII, CF), estão obrigados a
concorrentes devem ter igualdade de condições quanto à licitar todos os entes estatais, incluindo-se a administração
possibilidade de contratar com o Poder Público. Trata-se de via direta (e o conjunto de órgãos que a compõem no âmbito
de mão dupla, pois se de um lado os concorrentes terão a ga- do Executivo) e a administração indireta, além do Legisla-
rantia de imparcialidade no processo licitatório, de outro lado tivo e do Judiciário, bem como os órgãos independentes
a Administração conseguirá atrair um contrato mais vantajoso. (Tribunais de Contas, Defensoria Pública e Ministério Públi-
2) Alcançar a melhor proposta para o interesse público: co) e os entes sociais autônomos (paraestatais).
a finalidade da licitação deve ser sempre atender o interesse Os particulares do terceiro setor que celebram com o
público. Afinal, os agentes públicos são meros representantes Estado contratos de convênio são obrigados a licitar para
do Estado e jamais devem agir em prol de seus interesses par- gastar as verbas públicas recebidas, prestando contas nos
ticulares (princípio da impessoalidade), sendo dever a preser- termos da Instrução Normativa nº 01 da Secretaria do Te-
vação e proteção dos interesses públicos. Com efeito, é dever souro Nacional.
do condutor da licitação buscar a proposta mais vantajosa, ATENÇÃO: As empresas públicas e sociedades de eco-
garantindo a igualdade de condições entre os concorren- nomia mista desempenham operações peculiares de nítido
tes, respeitando todos os demais princípios resguardados caráter econômico, que estão vinculadas aos próprios ob-
pela constituição. jetivos da entidade, ou seja, são suas atividades-fim. Ex.:
Caixa Econômica Federal estabelece relações bancárias,
35 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Correios ofertam serviços de postagem. Tais operações
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- com caráter econômico relacionadas à atividade-fim da
ris, 2010. sociedade de economia mista ou da empresa pública não
36 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de se sujeitam às regras de licitação, sendo tratadas conforme
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- as regras comerciais comuns. As regras licitatórias apenas
ris, 2010. incidem quanto às atividades-meio.

49
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios - Obrigatoriedade das licitações: consagrado no ar-


Entre outros, os princípios básicos que regem a lici- tigo 37, XXI, CF, determina que “ressalvados os casos es-
tação são: legalidade, impessoalidade, moralidade, igual- pecificados na legislação, as obras, serviços, compras e
dade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao alienações serão contratados mediante processo de lici-
instrumento convocatório e julgamento objetivo. tação pública que assegure igualdade de condições a todos
“- Legalidade: só é possível fazer o que está previsto os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
na Lei; de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
- Impessoalidade: o interesse da Administração preva- nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
lece acima dos interesses pessoais; qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia
- Moralidade: as regras morais vigentes devem ser do cumprimento das obrigações”.
obedecidas em conjunto com as leis em vigor;
Obrigatoriedade e suas exceções
- Igualdade: todos são iguais perante a lei e não pode
A obrigatoriedade das licitações está consagrada no ar-
haver discriminação nem beneficiamento entre os partici-
tigo 37, XXI, CF, que determina que “ressalvados os casos
pantes da licitação; especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
- Publicidade: a licitação não pode ser sigilosa e as alienações serão contratados mediante processo de lici-
decisões tomadas durante a licitação devem ser públicas, tação pública que assegure igualdade de condições a todos
garantida a transparência do processo licitatório; os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
- Probidade administrativa: a licitação deve ser pro- de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
cessada por pessoas que tenham honestidade; nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
- Vinculação ao instrumento convocatório: o Edital qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia
é a lei entre quem promove e quem participa da licitação, do cumprimento das obrigações”. Logo, a não ser nos casos
não podendo ser descumprido; em que a lei expressamente fixe exceções, a licitação é uma
- Julgamento objetivo: as propostas dos licitantes de- providência obrigatória para contratação de obras, serviços e
vem ser julgadas de acordo com o que diz o Edital”37. compras e para a alienação do patrimônio da Administração.
Entre os princípios correlatos, Carvalho Filho38 desta- O princípio da obrigatoriedade se repete no artigo 2º,
ca: caput, da Lei nº 8.666/93: “as obras, serviços, inclusive de
- Competitividade: correlato ao princípio da igualda- publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e
de, pelo princípio da competitividade a Administração não locações da Administração Pública, quando contratadas com
pode criar regras que comprometam, restrinjam ou frus- terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, res-
salvadas as hipóteses previstas nesta Lei”.
trem o caráter competitivo da licitação;
Com efeito, percebe-se que paralelamente à fixação do
- Indistinção: correlato ao princípio da igualdade, pelo
princípio da obrigatoriedade das licitações é determinado que
princípio da indistinção é vedado criar preferências ou dis- a lei pode excepcionar quando tal princípio será relativizado, o
tinções relativas à naturalidade, à sede ou ao domicílio dos que acontece nas hipóteses de dispensa e inexigibilidade.
licitantes; Logo, em alguns casos, a maioria na verdade, a licitação
- Inalterabilidade do edital: correlato aos princípios será obrigatória; em outros, poderá ser dispensada apesar
da publicidade e da vinculação ao instrumento convocató- de viável (dispensa), sendo possível ainda que se enquadre
rio, pelo princípio da inalterabilidade do edital a Adminis- numa exceção em que nem ao menos é exigida (inexigibi-
tração está vinculada às regras que foram por ela própria lidade) – ambos casos de contratação direta. Todas as hi-
divulgadas; póteses de contratação direta são excepcionais (justamente
- Sigilo das propostas: correlato aos princípios da por serem peculiares).
probidade administrativa e da igualdade, pelo princípio do
sigilo das propostas todas as propostas devem vir lacradas Motivação da dispensa e da inexigibilidade
e só devem ser abertas em sessão pública devidamente Sempre que o administrador enquadrar um caso em dis-
agendada; pensa ou em inexigibilidade deve motivar de forma clara a
- Formalismo procedimental: correlato ao princípio sua decisão.
da legalidade, pelo princípio do formalismo procedimental
as regras do procedimento adotadas para a licitação de- Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no
inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade
vem seguir os parâmetros que a lei fixar;
referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retar-
- Vedação à oferta de vantagens: correlato ao prin-
damento previsto no final do parágrafo único do art. 8º39
cípio do julgamento objetivo, pelo princípio da vedação à
oferta de vantagens as regras de seleção devem ser adstri- 39 “Artigo 8º, parágrafo único, Lei nº 8.666/93. É
tas aos critérios fixados no edital, não se admitindo a inter- proibido o retardamento imotivado da execução de obra
venção de fatores adversos; ou serviço, ou de suas parcelas, se existente previsão or-
37 http://www.sebrae.com.br/ çamentária para sua execução total, salvo insuficiência
38 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de financeira ou comprovado motivo de ordem técnica, justifi-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- cados em despacho circunstanciado da autoridade a que
ris, 2010. se refere o art. 26 desta Lei”.

50
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, Acompanha-se o entendimento dominante, eis que a
à autoridade superior, para ratificação e publicação na expressão “salvo”, em destaque confere a ideia de restri-
imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição ção.
para a eficácia dos atos.
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilida- Hipóteses de dispensa de licitação
de ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no As hipóteses de dispensa de licitação se concentram
que couber, com os seguintes elementos: no artigo 24 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicáveis para ca-
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa sos em que a disputa é, em tese, viável, mas o interesse
que justifique a dispensa, quando for o caso; público é atendido de forma mais adequada se a disputa
II - razão da escolha do fornecedor ou executante; não ocorrer. Trata-se de causa de natureza discricionária,
III - justificativa do preço; pois o administrador decidirá se irá ou não licitar com base
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos em critérios de oportunidade e conveniência – afinal, pode
quais os bens serão alocados. não licitar. São hipóteses taxativas, não podendo o admi-
nistrador ampliar os casos em que a dispensa é permitida.
Em algumas hipóteses de alienação de bens públicos e
em outras hipóteses de contratação é dispensável a licitação
Art. 24. É dispensável a licitação:
(o que parte da doutrina chama de licitação dispensável), da
mesma forma que noutras situações ela nem mesmo é exigi-
da (o que parte da doutrina chama de licitação dispensada). a) Valor baixo
Contudo, caberá ao administrador motivar a sua decisão pela I - para obras e serviços de engenharia de valor até
dispensa ou pela inexigibilidade. 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”,
A não ser no caso de dispensa pelo critério do valor, pre- do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram
vistos no artigo 24, I e II, Lei nº 8.666/93, em que se aceita uma a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para
motivação mais simples e objetiva, em todas outras situações obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que
o administrador deve motivar em detalhes sua decisão, nota- possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
damente inserindo no processo de dispensa e inexigibilidade: II - para outros serviços e compras de valor até 10%
caracterização da situação de emergência ou calamidade em (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do in-
que houve dispensa, se for o caso; motivo daquele fornecedor ciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos pre-
ou executante ter sido escolhido; justificativa do preço que vistos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um
será pago; documento que aprove os projetos de pesquisa mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que
aos quais os bens serão alocados, se for o caso. possa ser realizada de uma só vez;
Não obstante, deve o administrador comunicar a situação § 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput
de dispensa em três dias à autoridade superior, cabendo a deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras,
esta ratifica-la e publicá-la na imprensa oficial em cinco dias, obras e serviços contratados por consórcios públicos, so-
sendo tal publicação condição de eficácia do ato. Também ciedade de economia mista, empresa pública e por au-
existe o dever de adotar este procedimento em caso de re- tarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como
tardamento na execução da obra ou serviço quando existir Agências Executivas.
previsão orçamentária para a execução total.
É a dispensa de licitação se o valor do objeto licitado
Vedação da licitação for muito baixo de modo que a realização da licitação seria
A legislação anterior, qual seja, o Decreto-lei nº mais onerosa do que a aquisição direta do bem ou servi-
2.300/1986, previa a vedação do procedimento de licitação,
ço. Isso ocorre sempre que se referir a bens e serviços em
estabelecendo-se contratação direta, nos casos em que hou-
geral até R$80.000 e a obras e serviços de engenharia até
vesse comprometimento da segurança nacional, mas a disci-
R$150.000.
plina não se repetiu no atual estatuto.
Caso o contratante seja consórcio público, sociedade
Contudo, há posicionamento de que o artigo 7º, §5º da Lei
nº 8.666/1993 traz um caso remanescente de vedação, mas pre- de economia mista, empresa pública ou por autarquia ou
domina o posicionamento de Carvalho Filho40, segundo o qual fundação qualificadas o limite dobra: R$160.000 para bens
não se trata de vedação, mas sim de restrição. Prevê o dispositivo: e serviços em geral e R$300.000 para obras e serviços de
engenharia.
Art. 7º, § 5º. É vedada a realização de licitação cujo objeto Nos termos da Lei nº 11.107/05, que rege normas
inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, caracte- gerais de contratação de consórcios públicos e dá outras
rísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for providências, para as associações públicas por ela regidas
tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de o limite também é maior do que o fixado na regra geral:
tais materiais e serviços for feito sob o regime de administra- nas associações formadas por até três entes estatais, o li-
ção contratada, previsto e discriminado no ato convocatório. mite é dobrado (R$160.000 para bens e serviços em geral
e R$300.000 para obras e serviços de engenharia); nas as-
40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de sociações formadas por mais de três entes estatais o limite
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- é triplicado (R$240.000 para bens e serviços em geral e
ris, 2010. R$450.000 para obras e serviços de engenharia).

51
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Obs.: Em regra, não é permitido fracionar o objeto da Obs.: Licitação deserta é diferente de licitação fracas-
licitação em contratações menores, pois assim o adminis- sada. Na licitação fracassada aparecem candidatos, mas
trador estaria burlando os limites fixados pelo legislador nenhum deles preenche os requisitos e por isso ninguém
e induzindo dispensa ilícita. Contudo, é possível fracionar pode ser contratado. Neste caso a lei não admite a dispen-
caso exista vantagem ao interesse público, mas não caberá sa, cabendo ao administrador repetir a licitação.
a dispensa, cabendo adotar para cada fração a modalidade
de licitação que seria empregada se não houvesse fracio- d) Intervenção no domínio econômico
namento. VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco-
nômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;
b) Situações excepcionais
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da É possível intervir no domínio econômico para regula-
ordem; rizar preços e normalizar abastecimento, conforme o artigo
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pú- 173, §4º, CF. Para Carvalho Filho41 apenas a União pode dis-
blica, quando caracterizada urgência de atendimento de pensar licitação neste caso, pois apenas ela pode intervir no
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a domínio econômico. Aliás, é o que se depreende do próprio
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e ou- texto.
tros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens
necessários ao atendimento da situação emergencial e) Disparidade de propostas
VII - quando as propostas apresentadas consignarem
ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
preços manifestamente superiores aos praticados no
possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e
mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixa-
oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da
dos pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, ob-
ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorro-
servado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo
gação dos respectivos contratos; a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou
serviços, por valor não superior ao constante do registro de
Quando se fala em estado de guerra e grave pertur- preços, ou dos serviços;
bação da ordem, pode-se depreender da doutrina que as
dispensas nestes casos são aquelas destinadas ao estado Na hipótese de disparidade de propostas os candidatos
de guerra direta ou indiretamente, bem como as destina- à contratação, geralmente em conluio, fixam preços incom-
das a atender graves perturbações da ordem, como pro- patíveis com as condições de mercado e manifestamente
testos, manifestações e paralisações. superiores a elas; ou então apresentam propostas com va-
O fundamento da urgência é o mesmo para os casos lor tão irrisório que seja impossível dar cumprimento ao
de emergências e calamidades públicas. Contudo, para a contrato. Nestes casos, será possível contratar diretamente,
doutrina, não é possível fundamentar a dispensa em ur- dentro da faixa adequada de preços.
gência se ela decorrer da omissão administrativa – pode A verificação da disparidade de preços, se não houver
até dispensar, porque não é possível deixar a população órgão de registro, deve se dar dentro do próprio processo
a mercê, mas o administrador poderá ser responsabiliza- administrativo. Deverá a administração dar um prazo de 8
do. Nas contratações por emergência e calamidade públi- dias úteis para a apresentação de propostas viáveis (artigo
ca o limite temporal é o necessário ao atendimento das 48, §3º, Lei nº 8.666/93) e, caso não sejam apresentadas,
circunstâncias extraordinárias, pelo prazo máximo de 180 poderá adjudicar diretamente os bens e serviços pelo valor
dias, improrrogável. adequado.

c) Licitação deserta f) Em função do contratante ou do contratado: Po-


V - quando não acudirem interessados à licitação an- der público
terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito pú-
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas blico interno, de bens produzidos ou serviços prestados
as condições preestabelecidas; por órgão ou entidade que integre a Administração Pú-
blica e que tenha sido criado para esse fim específico em
data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contra-
Quando ocorre a chamada licitação deserta o que se
tado seja compatível com o praticado no mercado;
percebe é o total desinteresse na contratação. Na licitação
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direi-
deserta realiza-se a fase preparatória, publica-se o edital,
to público interno de insumos estratégicos para a saúde
mas nenhum interessado comparece para a disputa. A lei produzidos ou distribuídos por fundação que, regimen-
prevê que será necessário repetir o procedimento, mas tal ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão
se o legislador mostrar que a repetição irá prejudicar o da administração pública direta, sua autarquia ou fundação
interesse público, principalmente por causa da demora,
será possível dispensar. No caso, o administrador poderá 41 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
contratar quem quiser, mas deverá oferecer exatamente o direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
mesmo contrato ofertado na licitação que foi deserta. ris, 2010.

52
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento para adquirir e alienar bens e serviços em preço compatível
institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, com o de mercado. A justificativa é que se tratam de pes-
inclusive na gestão administrativa e financeira necessária soas jurídicas de direito privado. Destaca-se que a contra-
à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam tação apenas por se der com suas subsidiárias e controla-
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o das que foram criadas pela empresa pública ou sociedade
Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII de economia mista.
deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim espe-
cífico em data anterior à vigência desta Lei, desde que g) Contratação de entidade sem fim lucrativo
o preço contratado seja compatível com o praticado no XIII - na contratação de instituição brasileira incumbi-
mercado. da regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição
que integre a administração pública estabelecido no inciso dedicada à recuperação social do preso, desde que a con-
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou en- tratada detenha inquestionável reputação ético-profissio-
tidades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no nal e não tenha fins lucrativos;
âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, confor- XX - na contratação de associação de portadores de
me elencados em ato da direção nacional do SUS. deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pú-
Se foi criado antes da Lei nº 8.666/93 um órgão público blica, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-
ou entidade do poder público apenas para fornecer bens e -de-obra, desde que o preço contratado seja compatível
prestar serviços à Administração, fazendo-o em respeito ao com o praticado no mercado.
preço praticado no mercado, será possível dispensar a lici- XXIV - para a celebração de contratos de prestação
tação e contratá-lo de forma direta. Se o órgão ou entidade de serviços com as organizações sociais, qualificadas no
ofertar produtos estratégicos no âmbito do SUS, pode ter âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
sido criado depois da Lei nº 8.666/93 e terá plena validade. contempladas no contrato de gestão.
Há entendimento da doutrina de Carvalho Filho42 no XXX - na contratação de instituição ou organização,
sentido de que apenas se aplica o dispositivo se a dispen- pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
sa se der entre órgãos do mesmo âmbito federativo, por prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural
exemplo, não seria possível entre a União e uma entidade no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica
estadual; além do que apenas valeria entre pessoas jurídi- e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma
cas de direito público e a entidade ou órgão contratado Agrária, instituído por lei federal.
(excluídas as sociedades de economia mista e empresas XXXIII - na contratação de entidades privadas sem
públicas). fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou ou-
tras tecnologias sociais de acesso à água para consumo
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu- humano e produção de alimentos, para beneficiar as famí-
lários padronizados de uso da administração, e de edições lias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta re-
técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de gular de água.
informática a pessoa jurídica de direito público interno, por
órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, Em todo os dispositivos apontados, exceto no inciso
criados para esse fim específico; XXX, exige-se a ausência de fins lucrativos. No artigo XXX,
embora se aceite o fim lucrativo, se denota o propósito
Embora também seja um caso de contratação direta da social da contratação, viabilizando a reforma agrária. O
administração pela administração, neste caso dos diários propósito social é essencial nas demais hipóteses, sempre
oficiais, formulários padronizados e edições técnicas não se fazendo presente nas OS e OSCIP, ou na própria causa
existe limite temporal, de modo que o órgão ou entidade militada pela associação, como a questão da recuperação
pode ter sido criado depois da Lei nº 8.666/93. social do preso, da inserção da pessoa com deficiência no
mercado de trabalho ou do acesso à água potável.
XXIII - na contratação realizada por empresa pública Destaca-se que nem toda contratação de entes do ter-
ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e ceiro setor é dispensável. Haverá dispensa principalmente
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, presta- para oferecer contratos de gestão, criando uma OS, ou ofe-
ção ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado recer termo de parceria, criando uma OSCIP (inciso XXIV);
seja compatível com o praticado no mercado. bem como em serviços ou projetos em que o ente não tem
fins lucrativos e é especializado na atividade, impondo-se a
Também independentemente de prazo limite, as em- este contratado uma contrapartida, isto é, o poder público
presas públicas e sociedades de economia mista podem não entra apenas com o dinheiro e cria verdadeira parceria.
contratar diretamente com suas subsidiárias e controladas Se a participação estatal for exclusivamente econômica, em
42 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de atividade que mais de uma organização ou associação é
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- especializada, deve se licitar.
ris, 2010.

53
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

h) Consórcios e convênios de cooperação l) Garantia técnica


XXVI - na celebração de contrato de programa com XVII - para a aquisição de componentes ou peças de
ente da Federação ou com entidade de sua administra- origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção
ção indireta, para a prestação de serviços públicos de forma de equipamentos durante o período de garantia técnica,
associada nos termos do autorizado em contrato de consór- junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando
cio público ou em convênio de cooperação. tal condição de exclusividade for indispensável para a vi-
gência da garantia;
O dispositivo sobre consórcios e convênios de coo-
peração foi inserido pela Lei nº 11.107/05, tornando dis- Dispensa-se a licitação para a compra de componentes
pensável a licitação no caso de ser celebrado contrato de ou peças na garantia técnica. Logo, deve estar na vigência da
programa entre o consórcio público e a entidade da ad- garantia. Após o prazo de garantia, a licitação é obrigatória.
Ainda, é preciso que o fornecedor original seja exclusivo e tal
ministração para que prestem serviços públicos de modo
exclusividade seja indispensável, por exemplo, se ao comprar
associado. Justifica-se a hipótese pelo regime de parceria
uma peça paralela a administração correr o risco de perder
a garantia.
i) Gêneros perecíveis
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e ou- m) Serviços de energia e gás
tros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a rea- XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de
lização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas energia elétrica e gás natural com concessionário, permissio-
diretamente com base no preço do dia; nário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;
A dispensa para a aquisição de gêneros perecíveis não
é permanente, devendo se realizar a licitação assim que Para energia e gás serão contratadas as concessionárias
possível. Logo, também se trata de hipótese de dispensa com dispensa licitatória, ainda que a região seja servida por
em situação emergencial. mais de um concessionário.

j) Obras de arte n) Coleta de materiais recicláveis


XV - para a aquisição ou restauração de obras de XXVII - na contratação da coleta, processamento e co-
arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, des- mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
de que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo,
entidade. efetuados por associações ou cooperativas formadas exclu-
sivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas
pelo poder público como catadores de materiais recicláveis,
Na dispensa de licitação para adquirir ou restaurar
com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técni-
obras de arte a lei exige que o objeto tenha autenticidade cas, ambientais e de saúde pública.
certificada e que os objetos adquiridos sejam compatíveis
ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade, o que é Trata-se de modalidade de dispensa que serve de incen-
o caso de museus, bibliotecas e escolas, não servindo os tivo à formação de cooperativas e associações de reciclagem
objetos adquiridos de adorno aos gabinetes das autorida- e reutilização de resíduos sólidos compostas por pessoas de
des públicas. No caso de restauração de objeto que já é do baixa renda. É uma forma do poder público incentivar a orga-
patrimônio do órgão, cabível a dispensa. nização e a união de catadores, retirando-os da marginaliza-
ção. A hipótese de dispensa foi criada pela Lei nº 11.445/07,
k) Complementação de objeto que estabelece diretrizes nacionais para saneamento básico.
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço
ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, o) Risco à segurança nacional
desde que atendida a ordem de classificação da licitação IX - quando houver possibilidade de comprometimento
anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decre-
licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente to do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
corrigido; Nacional;
XXVIII - para o fornecimento de bens e serviços, produzi-
dos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente,
Trata-se de hipótese de complementação de objeto,
alta complexidade tecnológica e defesa nacional, median-
possível quando a administração rescinde contrato anterior
te parecer de comissão especialmente designada pela autori-
antes que a obra, serviço ou fornecimento se encerre, pro- dade máxima do órgão.
cedendo-se com a contratação direta daquele que sequen-
cialmente se classificou no certame, respeitadas as mesmas Em ambos casos, prioriza-se a manutenção da segurança
condições de contratação. Se não for possível obedecer à nacional e a defesa do país, prevendo-se a dispensa da licita-
regra de contratação daquele que foi classificado na lici- ção. É necessário equilibrar os interesses, pois se o propósito
tação anterior sequencialmente pelas mesmas condições, da licitação é atender ao interesse público, sem dúvidas
nada resta senão promover nova licitação. deve ser dispensada quando a sua realização significar o
comprometimento deste interesse.

54
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

p) Navios, embarcações, aeronaves e tropas Obs.: as operações imobiliárias entre entes estatais
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para não exige licitação e é classificada por parte da doutrina
o abastecimento de navios, embarcações, unidades aé- como licitação dispensada (por exemplo, União empresta
reas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em imóvel para que município instale uma UPA – unidade de
estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou pronto-atendimento, ou doa tal imóvel sob a condição de
localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movi- que a UPA seja criada, em verdadeira doação modal; Esta-
mentação operacional ou de adestramento, quando a do compra imóvel de município para instalar sua secretaria
exiguidade dos prazos legais puder comprometer a norma- estadual).
lidade e os propósitos das operações e desde que seu valor
não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do s) Negócios internacionais
art. 23 desta Lei: XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos ter-
mos de acordo internacional específico aprovado pelo
Trata-se de dispensa em caso de necessidade de abas- Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem
tecimento de navios, embarcações, aeronaves e tropas e manifestamente vantajosas para o Poder Público;
de seus meios de deslocamento, quando houver estada
eventual de curto período em portos, aeroportos e ou- Há acordos internacionais que permitem condições
tros locais diversos da sede. O valor não pode exceder a vantajosas para que sejam adquiridos bens e serviços, dis-
R$80.000, pelo texto da lei, mas isso pode ser relativizado pensando-se a licitação nestes casos. Contudo, tal acordo
em uma situação de emergência. internacional deve ter sido regularmente incorporado ao
ordenamento brasileiro, com aprovação do Congresso Na-
q) Materiais de uso militar cional e ratificação, promulgação e publicação pela Presi-
XIX - para as compras de material de uso pelas For- dência da República.
ças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal
e administrativo, quando houver necessidade de manter a t) Pesquisa científica e tecnológica
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico XXI - para a aquisição ou contratação de produto
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de
comissão instituída por decreto; obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento)
XXIX - na aquisição de bens e contratação de serviços do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do
para atender aos contingentes militares das Forças Sin- art. 23;
gulares brasileiras empregadas em operações de paz § 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do
no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia,
e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo seguirá procedimentos especiais instituídos em regula-
Comandante da Força. mentação específica.
§ 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do
A dispensa para materiais de uso militar apenas é as- caput do art. 9º à hipótese prevista no inciso XXI do caput.
segurada para insumos militares ou propriamente bélicos. XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do
Neste sentido, bens de consumo, bens comuns e materiais disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de
de escritório deverão ser licitados. dezembro de 2004, observados os princípios gerais de con-
tratação dela constantes.
r) Compra ou locação de imóvel
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao Nos termos do inciso XXI, é dispensável a licitação no
atendimento das finalidades precípuas da administra- caso de aquisição de bens destinados exclusivamente à
ção, cujas necessidades de instalação e localização con- pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos
dicionem a sua escolha, desde que o preço seja compa- pela CAPES, FINEP, CNPq e outras entidades de fomento
tível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; à pesquisa credenciadas pela última, exigindo-se que os
recursos venham das entidades específicas e que os bens
Quando a administração quer comprar ou alugar um sejam adquiridos exclusivamente para pesquisa científica e
imóvel, é preciso se ater às seguintes diretrizes: caso um tecnológica.
determinado bem privado esteja se opondo ao interesse Por motivos óbvios, não se proíbe que o autor do pro-
público, caberá promover a desapropriação; caso a admi- jeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica partici-
nistração possa motivar o interesse sobre um determinado pe, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução
imóvel, embora não exista a oposição ao interesse público, de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles ne-
mas se faça presente a peculiaridade decorrente da loca- cessários. Trata-se de preservação do direito autoral e de
lização ou das características do bem, é possível adquirir garantia de que a pesquisa seja devidamente executada.
de forma direta mediante dispensa de licitação, desde que A dispensa para obras e serviços de engenharias vol-
os preços sejam compatíveis com os de mercado; noutras tados a pesquisa e desenvolvimento se limita ao valor de
situações, deverá obrigatoriamente licitar. R$300.000, seguindo procedimento especial.

55
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

u) Transferência de tecnologia É possível fixar uma determinada região do território


XXV - na contratação realizada por Instituição Científica nacional que admita participantes da licitação e, se houver
e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a trans- apenas um participante possível se admite a inexigibilidade,
ferência de tecnologia e para o licenciamento de direito não importando que existam participantes em outras regiões
de uso ou de exploração de criação protegida. porque as licitações podem ser usadas como ferramenta de
XXXII - na contratação em que houver transferência política econômica, incentivando a economia local.
de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Em regra, não se pode definir/fixar marca no edital por-
Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de que poderia fraudar o caráter competitivo, mas é possível
setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção indicar a marca motivando-se pelo princípio da padroniza-
nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes ção. Não é possível burlar a regra indicando especificações
produtos durante as etapas de absorção tecnológica. que apenas uma marca pode concluir (ex.: PGR foi alvo de
críticas quando licitou tablets e, embora não mencionasse
Há dispensa em caso de transferência de tecnologia em nenhum momento que deveriam ser iPads, faziam refe-
ou licença de uso/exploração de criação protegida, con- rências a especificações técnicas que apenas os aparelhos
siderando esta como invenção, modelo de utilidade, de- da Apple poderiam conter).
senho industrial, programa de computador ou qualquer
outro desenvolvimento tecnológico que resulte em novo b) Serviços técnicos notoriamente especializados
produto, processo ou aperfeiçoamento de natureza tec- II - para a contratação de serviços técnicos enume-
nológica (conforme define a Lei nº 10.973/04, que criou o rados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com pro-
inciso XXV). A dispensa também vale para transferência de fissionais ou empresas de notória especialização, vedada
tecnologia de produto estratégico no âmbito do sistema a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
de saúde. Trata-se de caso de contratação de serviços singulares
de profissionais de notória especialização. O que diferencia
Hipóteses de inexigibilidade de licitação dos demais serviços, que devem ser licitados, é a notória
As hipóteses de inexigibilidade de licitação se concen- especialização, comprovada pelo reconhecimento no mer-
tram no artigo 25 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicáveis para cado, por publicações e patentes, etc. Ex.: para um órgão
casos em que a disputa nem ao menos é viável. Trata-se
governamental contratar uma consultoria jurídica deve li-
de causa de natureza vinculante, de forma que o adminis-
citar, mas se a contratação necessária for de um advogado
trador não tem a liberdade de decidir se irá ou não licitar
de notório conhecimento em direitos humanos e justiça
– afinal, não deve licitar.
internacional será possível a inexigibilidade. De forma es-
Conforme o § 2º do artigo 25, é fixado um regime de
pecífica, destaca-se o §1º do dispositivo:
responsabilização solidária pelo dano causado ao erário
entre fornecedor/prestador de serviços e agente público,
§ 1º Considera-se de notória especialização o profis-
nada excluindo outra sanção penal, civil ou administrati-
va: “Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de sional ou empresa cujo conceito no campo de sua espe-
dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem cialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, ex-
solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o for- periências, publicações, organização, aparelhamento, equi-
necedor ou o prestador de serviços e o agente público res- pe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas
ponsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis”. atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabi- objeto do contrato.
lidade de competição, em especial:
O rol é meramente exemplificativo, eis que a inexi- c) Profissional de setor artístico consagrado
gibilidade pode ser aceita em qualquer outra hipótese de III - para contratação de profissional de qualquer se-
inviabilidade da disputa (tanto é que o artigo 25 trata de tor artístico, diretamente ou através de empresário exclusi-
três hipóteses “em especial” e não “apenas”). vo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública.
a) Unicidade Trata-se de caso de contratação de trabalhos artísti-
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gê- cos de artistas renomados. A intenção é a de explorar o
neros que só possam ser fornecidos por produtor, empre- prestígio do sujeito. A expressão artista deve ser tomada
sa ou representante comercial exclusivo, vedada a prefe- genericamente, por exemplo, pode se encaixar um espor-
rência de marca, devendo a comprovação de exclusividade tista renomado ou um cientista renomado. O prestígio do
ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de regis- artista deve existir em relação à população local.
tro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou
a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confe- Modalidades
deração Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; Prosseguindo o estudo, quanto às modalidades de li-
Trata-se de caso de unicidade, quando houver apenas citação, podem ser apontadas as seguintes modalidades:
um fabricante, fornecedor, produtor ou distribuidor. Esta Concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão
unicidade deve ser provada por certidões das confedera- (artigo 22, Lei nº 8.666/1993). Dos parágrafos 1º a 5º, o
ções de indústrias, de comércio, juntas comerciais, etc. artigo 22 conceitua cada uma das modalidades:

56
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre II - a de melhor técnica;


quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação III - a de técnica e preço;
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena-
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. ção de bens ou concessão de direito real de uso.
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação
entre interessados devidamente cadastrados ou que atende- Procedimento
rem a todas as condições exigidas para cadastramento até Do artigo 38 ao 53 da Lei nº 8.666/93 está descrito o
o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, procedimento a ser adotado nas licitações em geral. A mo-
observada a necessária qualificação. dalidade pregão tem procedimento próprio, previsto na lei
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interes- especial.
sados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela Anulação e revogação
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, No que tange à revogação e à anulação, ambas volta-
cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais das às consequências dos vícios no processo de licitação,
cadastrados na correspondente especialidade que manifes- destaca-se a previsão do artigo 49:
tarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e qua-
tro) horas da apresentação das propostas. Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais- procedimento somente poderá revogar a licitação por razões
quer interessados para escolha de trabalho técnico, científico de interesse público decorrente de fato superveniente devi-
ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remunera- damente comprovado, pertinente e suficiente para justificar
ção aos vencedores, conforme critérios constantes de edital tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devi-
45 (quarenta e cinco) dias. damente fundamentado.
§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer § 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado
a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no § 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do
art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art.
valor da avaliação.
59 desta Lei.
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório,
Por sua vez, a LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002,
fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
trabalha com uma modalidade adicional de licitação, o
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se
pregão. É a modalidade de licitação voltada à aquisição de
aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade
bens e serviços comuns, assim considerados aqueles cujos
de licitação.
padrões de desempenho e qualidade possam ser objetiva-
mente definidos no edital por meio de especificações do
mercado. Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos em
razão de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto, em
Tipos anulação de uma licitação, pressupõe-se a ilegalidade da
Em relação aos tipos de licitação, apontam-se no Esta- mesma, pois anula-se o que é ilegítimo. A licitação poderá
tuto: melhor preço, melhor técnica, técnica e preço, e me- ser anulada pela via administrativa ou pela via judiciária. A
lhor lance ou oferta. Os tipos licitatórios não passam de anulação de uma licitação pode ser total (se o vício atingir
critérios de julgamento para a escolha da proposta mais a origem dos atos licitatórios) ou parcial (se o vício atingir
adequada aos interesses da Administração Pública. A disci- parte dos atos licitatórios).
plina encontra-se no caput e no §1º da Lei nº 8.666/1993: Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconve-
niente ou inoportuna. Desde o momento em que a lici-
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de- tação foi aberta até o final da mesma, pode-se falar em
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo con- revogação. Após a assinatura do contrato, entretanto, não
vite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, poderá haver a revogação da licitação. Somente se justifica
os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e a revogação quando houver um fato posterior à abertura
de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de da licitação e quando o fato for pertinente, ou seja, quando
maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos possuir uma relação lógica com a revogação da licitação.
órgãos de controle. Ainda deve ser suficiente, quando a intensidade do fato
§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de justificar a revogação. Deve ser respeitado o direito ao con-
licitação, exceto na modalidade concurso: traditório e ampla defesa, e a revogação deverá ser feita
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
proposta mais vantajosa para a Administração determinar Logo, anulação e revogação estão previstos no artigo
que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de 49 da lei nº 8.666/93. Revogação da licitação por interes-
acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar se público decorrente de fato superveniente devidamente
o menor preço; comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal con-

57
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

duta, bem como a obrigatoriedade de sua anulação por Assim, segundo os ensinamentos do jurista Celso An-
ilegalidade, neste último caso podendo agir de oficio ou tônio Bandeira de Mello, temos o conceito de contratos
provocado por terceiros, mediante parecer escrito e devi- administrativos:
damente fundamentado.
Revogação segundo Diógenes Gasparini “é o desfazi- “É um tipo de avença travada entre a Administração e
mento da licitação acabada por motivos de conveniência terceiros na qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas ou
e oportunidade (interesse público) superveniente – art. 49 do tipo do objeto, a permanência do vínculo e as condições
da lei nº 8.666/93”43. Trata-se de um ato administrativo vin- preestabelecidas assujeitam-se a cambiáveis imposições de
culado, embora assentada em motivos de conveniência e interesse público, ressalvado os interesses patrimoniais do
oportunidade; e ainda, a lei referida, prevê que no caso de contratante privado”.
desfazimento da licitação ficam assegurados o contraditó-
rio e a ampla defesa, garantia essa que é dada somente ao Em outras palavras, temos que contrato administrativo
vencedor, o único com efeitos interesses na permanência é a convenção firmada pela Administração Pública, agindo
desse ato, pois através dele pode chegar a contrato. nesta qualidade, com particulares ou então com outras en-
Hely Lopes Meireles44 conceitua anulação como “é a tidades administrativas mesmo, nos termos pactuados pela
invalidação da licitação ou do julgamento por motivo de contratante (administração pública), de acordo com o inte-
ilegalidade, pode ser feita a qualquer fase e tempo antes da resse coletivo, e sob a esfera do direito público, ficando o
assinatura do contrato, desde que a Administração ou o Ju- particular contratado condicionado a suportar as cláusulas
diciário verifique e aponte a infringência à lei ou ao edital”. impostas pela administração, em razão do atendimento do
Cabe ainda ressaltar que a anulação da licitação acarreta interesse público.
a nulidade do contrato (art. 49, § 2º). No mesmo sentido Não se pode confundir contrato administrativo com
“a anulação poderá ocorrer tanto pela Via Judicante como contrato da administração, visto que nos contratos da ad-
pela Via Administrativa”. ministração, temos o ajuste firmando entre a administração
pública e o particular, entretanto, o poder público não figura
Sanções administrativas utilizando-se de suas prerrogativas, sendo que tal avença é
Em relação ao cumprimento as normas estabelecidas regida pelo direito privado.
pela Lei de Licitações e Contratos Administrativos - Lei
8.666/1993, caso haja alguma irregularidade, comprovação
Características
da prática de atos ilícitos pela parte que causou o dano,
Em razão dos poderes e prerrogativas conferidos a Ad-
além das responsabilidades civis, caberá também aplicação
ministração Pública, fica autorizada a determinar alterações
das responsabilidades administrativas e judiciais.
e modificações nas prestações devidas pelo particular con-
A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o
tratado, em razão das necessidades públicas, e ainda tem o
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, den-
poder de acompanhar e fiscalizar sistematicamente a execu-
tro do prazo estabelecido pela Administração, caracteriza o
descumprimento total da obrigação assumida, sujeitando- ção, podendo impor sanções estipuladas previamente quan-
-o às penalidades legalmente estabelecidas. do irregularidades a ensejarem e a rescindir o contrato de
Isto não se aplica aos licitantes convocados, que não forma unilateral, quando houver legitimo interesse público.
aceitarem a contratação, nas mesmas condições propos- Em suma, temos que os contratos administrativos re-
tas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao prazo velam-se na seguinte dualidade: inicialmente, temos a Ad-
e preço. ministração Pública podendo gozar de todas as suas prer-
Os agentes administrativos que praticarem atos em rogativas e poderes indispensáveis a proteção aos direitos
desacordo com os preceitos definidos pela Lei de Licita- e interesses públicos, e de outro modo, temos que é de
ções e Contratos Administrativos ou visando a frustrar os competência do particular conferir integral garantia aos in-
objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas na teresses privados que ditaram sua participação nos estreitos
lei licitatória e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das limites contratuais.
responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar. Assim, a doutrina administrativa identifica como princi-
pais características pertinentes aos contratos administrativos
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS seu caráter consensual, formais, onerosos, entre outros. En-
Contrato, sejam eles de caráter público ou privado, é a tretanto, merecem maiores esclarecimentos outras caracte-
convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas, com rísticas, senão vejamos a seguir.
as respectivas manifestações de vontades, para constituir, Contrato de Adesão: Os contratos administrativos têm
regulamentar ou extinguir entre as partes uma relação ju- a característica de serem típicos contratos de adesão, onde
rídica, sendo certo que para a validade do contrato exige uma das partes (neste caso a Administração Pública) propõe
acordo de vontades, agente capaz, objeto lícito e forma as cláusulas e a outra parte não pode propor alterações, su-
prescrita ou não proibida em lei. pressões ou acréscimo, simplesmente aceita as suas condi-
ções e cláusulas ou não.
43 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. Formalismo: Em regras gerais, todos os contratos ad-
11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. ministrativos devem ser formais e escritos, sendo que
44 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo todo o contrato deve mencionar obrigatoriamente os no-
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. mes das partes e seus representantes legais, a finalidade

58
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do contrato, o ato administrativo que autorizou a sua ce- - Alteração Unilateral do Contrato: A possibilidade de
lebração, o número do processo de licitação, da possível alteração unilateral do contrato efetuado entre a Adminis-
dispensa ou inexigibilidade de licitação, a sujeição dos tração e o contratado deve sempre ter o objetivo de sua
contratantes às normas específicas da Lei 8.666/93 e as adequação às finalidades do interesse coletivo, devem ain-
cláusulas contratuais. da respeitar os direitos do administrado, principalmente
Fiscalização: A execução do contrato deverá ser acom- o direito ao restabelecimento do equilíbrio econômico-fi-
panhada e fiscalizada por um representante da Administra- nanceiro originalmente estabelecido em contrato.
ção Pública especialmente designado para tal fim, permi- - Aplicação Direta de Sanções: A possibilidade de
tida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo aplicação de sanções administrativas pelo Poder Público,
de informações pertinentes a essa atribuição. quando verificada irregularidades do particular na execu-
O representante da Administração anotará em registro ção do contrato , independe de prévia manifestação do
próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução Poder Judiciário.
do contrato, determinando o que for necessário à regulari- - Possibilidade de Rescisão Unilateral do Contrato: A
zação das faltas ou defeitos por ele observados. possibilidade de rescindir de maneira unilateral o contrato
As decisões e providências que ultrapassarem a com- administrativo se dá diante da supremacia jurídica da ad-
petência do representante deverão ser solicitadas a seus ministração pública perante o particular, tendo em vista
superiores em tempo hábil para a adoção das medidas que o contrato administrativo foi celebrado sob a esfera
convenientes. do direito público.
Pessoalidade: Os contratos administrativos são, em
regra, contratos pessoais, e a execução dos termos con- Do reequilíbrio econômico-financeiro
tratados devem ser cumpridos pelas pessoas (físicas ou ju- A alteração do contrato administrativo se dará visando
rídicas) que se obrigou diante o Poder Público. É imprescin- o restabelecimento da que relação que as partes pactua-
dível a pessoalidade nos contratos administrativos, tendo ram inicialmente entre encargos e remuneração, objeti-
em vista que há celebração após a realização de licitação vando a manutenção do equilíbrio da equação financeira
em que se busca não apenas a proposta mais favorável a inicial na hipótese de sobrevirem fatos supervenientes,
Administração Pública, mais também a selecionar a pessoa
imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis
(física ou jurídica) que ofereça as condições necessárias de
que possam retardar ou impedir a execução do contrato
assegurar a execução do objeto contratado.
em caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe que
configura uma alteração econômica extraordinária e ex-
Vigência
tracontratual.
A extinção do contrato pelo término de seu prazo é a
Entretanto, para que seja possível a identificação de
regra dos ajustes por tempo determinado. Necessário é,
eventual desequilíbrio entre os valores pactuados no con-
portanto, distinguir os contratos que se extinguem pela
trato administrativo e a realidade praticada no mercado
conclusão de seu objeto e os que terminam pela expiração
privado, é importante o acompanhamento e a gestão do
do prazo de sua vigência: nos primeiros, o que se tem em
vista é a obtenção de seu objeto concluído, operando o contrato, bem como a fiscalização sobre a boa execução
prazo como limite de tempo para a entrega da obra, do das cláusulas e obrigações pactuadas.
serviço ou da compra sem sanções contratuais; nos segun- Para tanto é conferida a Administração Pública as
dos o prazo é de eficácia do negócio jurídico contratado, prerrogativas e cláusulas exorbitantes, objetivando sem-
e assim sendo, expirado o prazo, extingue-se o contrato, pre a supremacia do interesse coletivo sobre o interes-
qualquer que seja a fase de execução de seu objeto, como se privado. Quando, durante a gestão e fiscalização do
ocorre na concessão de serviço público, ou na simples lo- cumprimento do contrato administrativo, a Administração
cação de coisa por tempo determinado. Há, portanto, pra- Pública verificar descumprimento de cláusula contratual,
zo de execução e prazo extintivo do contrato. atrasos na execução dos serviços contratados, má execu-
ção de serviços, entre outras situações que possam lesar o
Alterações contratuais interesse público, o Poder Público poderá adotar as provi-
Os contratos administrativos possuem características dencias no sentido de punir a empresa contratada.
peculiares, diferenciando-os dos contratos privados, que é
a existência de cláusulas exorbitantes. Garantia contratual
Tais cláusulas decorrem de lei e conferem a adminis- A garantia contratual não excederá a 5% (cinco por
tração publica prerrogativas especificas de direito público, cento) do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas
são denominadas de “exorbitantes” porque as cláusulas mesmas condições pactuadas contratualmente.
extrapolam aquilo que seria admitido no direito privado. Entretanto, nos casos de obras, serviços e fornecimen-
- Exigência de Garantia: A exigência de que os licitantes tos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica
e contratados prestem garantias, visa assegurar o adequa- e riscos financeiros consideráveis, demonstrados através
do adimplemento do contrato, ou nas hipóteses de inexe- de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade com-
cução do objeto contratado, facilitar o ressarcimento dos petente, o limite de garantia poderá ser elevado para até
prejuízos sofridos pela Administração Pública. 10% (dez por cento) do valor do contrato.

59
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A garantia prestada pelo contratado será liberada ou d) Declaração de inidoneidade para licitar ou contra-
restituída após a execução do contrato e, quando em di- tar com a Administração Pública enquanto perdurarem os
nheiro, atualizada monetariamente. Nos casos de contra- motivos determinantes da punição ou até que seja pro-
tos que importem na entrega de bens pela Administração, movida a reabilitação perante a própria autoridade que
dos quais o contratado ficará depositário, ao valor da ga- aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o
rantia deverá ser acrescido o valor desses bens. contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos re-
sultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada
Extinção do contrato administrativo com base no inciso anterior.
A extinção do contrato administrativo é o término do
vínculo de obrigações assumidas entre a administração pú- LEI Nº 8.666/1993 E SUAS ALTERAÇÕES
blica e o particular contratado. E extinção pode se dar em
razão de da conclusão do objete contratado, ou então do LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993
termino do prazo previsto para a vigência do contrato, ou Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Fe-
ainda a ocorrência de anulação ou rescisão do contrato. deral, institui normas para licitações e contratos da Admi-
- Anulação: A anulação de um contrato administrati- nistração Pública e dá outras providências.
vo segue as regras análogas dos Atos Administrativos, ou O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
seja, um contrato administrativo deve ser anulado quando gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
constatado ilegalidades em sua celebração. A anulação de
contrato administrativo pode ser realizada pelo próprio Po- Capítulo I
der Público, de oficio ou quando provocado, ou então pelo DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Poder Judiciário, mediante prévia provocação e sempre por
motivo de ilegalidade ou ilegitimidade. Seção I
- Rescisão: As causas gerais que ensejam a rescisão de
Dos Princípios
contrato administrativo estão descritas no artigo 78, e seus
incisos da Lei 8.666/93.
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licita-
Há hipóteses em que autorizam a rescisão unilateral
ções e contratos administrativos pertinentes a obras, ser-
pela administração do contrato administrativo, e outras
viços, inclusive de publicidade, compras, alienações e lo-
que ensejam rescisão judicial ou rescisão consensual entre
cações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do
os contratantes, havendo ainda causas de rescisão decor-
Distrito Federal e dos Municípios.
rentes de interesse público superveniente e de força maior
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei,
ou caso fortuito. Para tanto é necessário o estudo das hipó-
além dos órgãos da administração direta, os fundos espe-
teses previstas na Lei 8.666/93.
ciais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas
Sanção administrativa públicas, as sociedades de economia mista e demais en-
- Do Atraso Injustificado: O atraso injustificado na exe- tidades controladas direta ou indiretamente pela União,
cução do contrato sujeitará o contratado à multa de mora, Estados, Distrito Federal e Municípios.
na forma prevista no instrumento convocatório ou no con-
trato. A aplicação da multa administrativa não impede que Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade,
a Administração Pública promova a rescisão unilateral do compras, alienações, concessões, permissões e locações da
contrato e ainda aplique demais sanções. Administração Pública, quando contratadas com terceiros,
A multa, aplicada após regular processo administrati- serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas
vo, será descontada da garantia do respectivo contratado, as hipóteses previstas nesta Lei.
e caso a multa for de valor superior ao valor da garantia Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se
prestada, além da perda desta garantia em favor da Ad- contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades
ministração, responderá o contratado pela sua diferença, da Administração Pública e particulares, em que haja um
a qual será descontada dos pagamentos eventualmente acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipu-
devidos pela Administração ou ainda, quando for o caso, lação de obrigações recíprocas, seja qual for a denomina-
cobrada judicialmente. ção utilizada.
- Da Inexecução total ou parcial do Contrato: Pela
inexecução total ou parcial do contrato a Administração Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância
poderá, sempre garantida a prévia defesa, aplicar ao con- do princípio constitucional da isonomia, a seleção da pro-
tratado as seguintes sanções: posta mais vantajosa para a administração e a promoção
a) Advertência; do desenvolvimento nacional sustentável e será processada
b) Multa, na forma prevista no instrumento convocató- e julgada em estrita conformidade com os princípios bási-
rio ou no contrato; cos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
c) Suspensão temporária de participação em licitação e igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
impedimento de contratar com a Administração, por prazo vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento ob-
não superior a 2 (dois) anos; jetivo e dos que lhes são correlatos.

60
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º É vedado aos agentes públicos: § 8º As margens de preferência por produto, serviço,


I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convo- grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se referem
cação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam os §§ 5º e 7º, serão definidas pelo Poder Executivo federal,
ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de não podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25%
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou dis- (vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos ma-
tinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos nufaturados e serviços estrangeiros.
licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente § 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo
ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalva- não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de
do o disposto nos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei produção ou prestação no País seja inferior:
nº 8.248, de 23 de outubro de 1991; I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza co- II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7º do
mercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, art. 23 desta Lei, quando for o caso.
entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se § 10. A margem de preferência a que se refere o §
refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo 5º poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens
quando envolvidos financiamentos de agências internacio- e serviços originários dos Estados Partes do Mercado Co-
nais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3º mum do Sul - Mercosul.
da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991. § 11. Os editais de licitação para a contratação de bens,
§ 2º Em igualdade de condições, como critério de de- serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da
sempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos autoridade competente, exigir que o contratado promo-
bens e serviços: va, em favor de órgão ou entidade integrante da adminis-
I - (Revogado) tração pública ou daqueles por ela indicados a partir de
II - produzidos no País; processo isonômico, medidas de compensação comercial,
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras; industrial, tecnológica ou acesso a condições vantajosas de
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam financiamento, cumulativamente ou não, na forma estabe-
em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País; lecida pelo Poder Executivo federal.
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, ma-
V - produzidos ou prestados por empresas que compro-
nutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia
vem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para
de informação e comunicação, considerados estratégicos
pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência
em ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas
restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no
na legislação.
País e produzidos de acordo com o processo produtivo bá-
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e aces-
sico de que trata a Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001.
síveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quan-
§ 13. Será divulgada na internet, a cada exercício finan-
to ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.
ceiro, a relação de empresas favorecidas em decorrência
§ 4º (Vetado). do disposto nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste artigo, com indi-
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabeleci- cação do volume de recursos destinados a cada uma delas.
da margem de preferência para: § 14. As preferências definidas neste artigo e nas de-
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais mais normas de licitação e contratos devem privilegiar o
que atendam a normas técnicas brasileiras; e tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e
II - bens e serviços produzidos ou prestados por empre- empresas de pequeno porte na forma da lei.
sas que comprovem cumprimento de reserva de cargos pre- § 15. As preferências dispostas neste artigo prevale-
vista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado cem sobre as demais preferências previstas na legislação
da Previdência Social e que atendam às regras de acessibili- quando estas forem aplicadas sobre produtos ou serviços
dade previstas na legislação. estrangeiros.
§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5º será
estabelecida com base em estudos revistos periodicamen- Art. 4º Todos quantos participem de licitação promovi-
te, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em da pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm
consideração: direito público subjetivo à fiel observância do pertinente pro-
I - geração de emprego e renda; cedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão
II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira
e municipais; de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto
no País; nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele pra-
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e ticado em qualquer esfera da Administração Pública.
V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.
§ 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacio- Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas
nais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológi- licitações terão como expressão monetária a moeda corrente
ca realizados no País, poderá ser estabelecido margem de nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo
preferência adicional àquela prevista no § 5º. cada unidade da Administração, no pagamento das obriga-

61
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ções relativas ao fornecimento de bens, locações, realização d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para peque-
de obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte nos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de
diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das da- materiais;
tas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes e) empreitada integral - quando se contrata um em-
razões de interesse público e mediante prévia justificativa da preendimento em sua integralidade, compreendendo todas
autoridade competente, devidamente publicada. as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob
§ 1º Os créditos a que se refere este artigo terão seus inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao
valores corrigidos por critérios previstos no ato convocató- contratante em condições de entrada em operação, aten-
rio e que lhes preservem o valor. didos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em
§ 2º A correção de que trata o parágrafo anterior cujo condições de segurança estrutural e operacional e com as
pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta características adequadas às finalidades para que foi con-
das mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos tratada;
créditos a que se referem. IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários
§ 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos e suficientes, com nível de precisão adequado, para carac-
decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o terizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos
que dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetuados no estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade
prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
da fatura. empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução,
Art. 5o-A.  As normas de licitações e contratos devem pri- devendo conter os seguintes elementos:
vilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às microem- a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a
presas e empresas de pequeno porte na forma da lei.  fornecer visão global da obra e identificar todos os seus ele-
mentos constitutivos com clareza;
Seção II
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-
Das Definições
mente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de
reformulação ou de variantes durante as fases de elabora-
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se:
ção do projeto executivo e de realização das obras e mon-
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recupe-
tagem;
ração ou ampliação, realizada por execução direta ou indi-
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de
reta;
materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determi-
suas especificações que assegurem os melhores resultados
nada utilidade de interesse para a Administração, tais como:
demolição, conserto, instalação, montagem, operação, con- para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo
servação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, para a sua execução;
locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico- d) informações que possibilitem o estudo e a dedução
-profissionais; de métodos construtivos, instalações provisórias e condições
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter compe-
fornecimento de uma só vez ou parceladamente; titivo para a sua execução;
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens e) subsídios para montagem do plano de licitação e
a terceiros; gestão da obra, compreendendo a sua programação, a es-
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aque- tratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros
las cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) dados necessários em cada caso;
vezes o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. f) orçamento detalhado do custo global da obra, fun-
23 desta Lei; damentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cum- propriamente avaliados;
primento das obrigações assumidas por empresas em licita- X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos neces-
ções e contratos; sários e suficientes à execução completa da obra, de acordo
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e enti- com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Nor-
dades da Administração, pelos próprios meios; mas Técnicas - ABNT;
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade con- XI - Administração Pública - a administração direta e
trata com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
a) empreitada por preço global - quando se contrata a Municípios, abrangendo inclusive as entidades com perso-
execução da obra ou do serviço por preço certo e total; nalidade jurídica de direito privado sob controle do poder
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a público e das fundações por ele instituídas ou mantidas;
execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades XII - Administração - órgão, entidade ou unidade admi-
determinadas; nistrativa pela qual a Administração Pública opera e atua
c) (Vetado). concretamente;

62
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da § 3º É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção
Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial de recursos financeiros para sua execução, qualquer que
da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municí- seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos
pios, o que for definido nas respectivas leis; (Redação dada executados e explorados sob o regime de concessão, nos
pela Lei nº 8.883, de 1994) termos da legislação específica.
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do § 4º É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação,
instrumento contratual; de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às
de contrato com a Administração Pública; previsões reais do projeto básico ou executivo.
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, § 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto in-
criada pela Administração com a função de receber, exami- clua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, carac-
nar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos terísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em
às licitações e ao cadastramento de licitantes. que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o forne-
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos cimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime
manufaturados, produzidos no território nacional de acordo de administração contratada, previsto e discriminado no
com o processo produtivo básico ou com as regras de origem ato convocatório.
estabelecidas pelo Poder Executivo federal; § 6º A infringência do disposto neste artigo implica a
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, nulidade dos atos ou contratos realizados e a responsabili-
nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal; dade de quem lhes tenha dado causa.
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comunicação § 7º Não será ainda computado como valor da obra ou
estratégicos - bens e serviços de tecnologia da informação e serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a
comunicação cuja descontinuidade provoque dano significativo atualização monetária das obrigações de pagamento, des-
à administração pública e que envolvam pelo menos um dos de a data final de cada período de aferição até a do respec-
seguintes requisitos relacionados às informações críticas: dispo- tivo pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios
nibilidade, confiabilidade, segurança e confidencialidade. estabelecidos obrigatoriamente no ato convocatório.
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, § 8º Qualquer cidadão poderá requerer à Administra-
insumos, serviços e obras necessários para atividade de pes- ção Pública os quantitativos das obras e preços unitários de
quisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnolo- determinada obra executada.
gia ou inovação tecnológica, discriminados em projeto de § 9º O disposto neste artigo aplica-se também, no que
pesquisa aprovado pela instituição contratante. couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de lici-
tação.
Seção III
Das Obras e Serviços Art. 8º A execução das obras e dos serviços deve pro-
gramar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos
Art. 7º As licitações para a execução de obras e para a atual e final e considerados os prazos de sua execução.
prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado
em particular, à seguinte sequência: da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se exis-
I - projeto básico; tente previsão orçamentária para sua execução total, salvo
II - projeto executivo; insuficiência financeira ou comprovado motivo de ordem
III - execução das obras e serviços. técnica, justificados em despacho circunstanciado da auto-
§ 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamen- ridade a que se refere o art. 26 desta Lei.
te precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade
competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente,
exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvol- da licitação ou da execução de obra ou serviço e do forneci-
vido concomitantemente com a execução das obras e ser- mento de bens a eles necessários:
viços, desde que também autorizado pela Administração. I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física
§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser licita- ou jurídica;
dos quando: II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade com- pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o
petente e disponível para exame dos interessados em parti- autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou deten-
cipar do processo licitatório; tor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a
II - existir orçamento detalhado em planilhas que ex- voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado;
pressem a composição de todos os seus custos unitários; III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contra-
III - houver previsão de recursos orçamentários que as- tante ou responsável pela licitação.
segurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras § 1º É permitida a participação do autor do projeto ou
ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na lici-
curso, de acordo com o respectivo cronograma; tação de obra ou serviço, ou na execução, como consul-
IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas tor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou
metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração
165 da Constituição Federal, quando for o caso. interessada.

63
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º O disposto neste artigo não impede a licitação ou VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;


contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de VII - restauração de obras de arte e bens de valor his-
projeto executivo como encargo do contratado ou pelo tórico.
preço previamente fixado pela Administração. VIII - (Vetado).
§ 3º Considera-se participação indireta, para fins do § 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de lici-
disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de tação, os contratos para a prestação de serviços técnicos
natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou tra- profissionais especializados deverão, preferencialmente,
balhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, ser celebrados mediante a realização de concurso, com es-
e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos tipulação prévia de prêmio ou remuneração.
e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços § 2º Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-
a estes necessários. -se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos § 3º A empresa de prestação de serviços técnicos espe-
membros da comissão de licitação. cializados que apresente relação de integrantes de seu cor-
po técnico em procedimento licitatório ou como elemento
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação,
seguintes formas: ficará obrigada a garantir que os referidos integrantes rea-
I - execução direta;
lizem pessoal e diretamente os serviços objeto do contrato.
II - execução indireta, nos seguintes regimes:
a) empreitada por preço global;
Seção V
b) empreitada por preço unitário;
c) (Vetado). Das Compras
d) tarefa;
e) empreitada integral. Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada
Parágrafo único. (Vetado). caracterização de seu objeto e indicação dos recursos orça-
mentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato
Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa.
terão projetos padronizados por tipos, categorias ou classes,
exceto quando o projeto-padrão não atender às condições Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:
peculiares do local ou às exigências específicas do empreen- I - atender ao princípio da padronização, que imponha
dimento. compatibilidade de especificações técnicas e de desempe-
nho, observadas, quando for o caso, as condições de manu-
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de tenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
obras e serviços serão considerados principalmente os se- II - ser processadas através de sistema de registro de pre-
guintes requisitos: ços;
I - segurança; III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; semelhantes às do setor privado;
III - economia na execução, conservação e operação; IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas neces-
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate- sárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visan-
riais, tecnologia e matérias-primas existentes no local para do economicidade;
execução, conservação e operação; V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos ór-
V - facilidade na execução, conservação e operação, sem gãos e entidades da Administração Pública.
prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço; § 1º O registro de preços será precedido de ampla pes-
VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de seguran- quisa de mercado.
ça do trabalho adequadas; § 2º Os preços registrados serão publicados trimes-
VII - impacto ambiental.
tralmente para orientação da Administração, na imprensa
oficial.
Seção IV
§ 3º O sistema de registro de preços será regulamen-
Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados
tado por decreto, atendidas as peculiaridades regionais,
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços observadas as seguintes condições:
técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: I - seleção feita mediante concorrência;
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou II - estipulação prévia do sistema de controle e atualiza-
executivos; ção dos preços registrados;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; III - validade do registro não superior a um ano.
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias fi- § 4º A existência de preços registrados não obriga a
nanceiras ou tributárias; Administração a firmar as contratações que deles poderão
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios,
ou serviços; respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegu-
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou adminis- rado ao beneficiário do registro preferência em igualdade
trativas; de condições.

64
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 5º O sistema de controle originado no quadro geral g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o
de preços, quando possível, deverá ser informatizado. art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante
§ 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública
preço constante do quadro geral em razão de incompatibi- em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
lidade desse com o preço vigente no mercado. h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces-
§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: são de direito real de uso, locação ou permissão de uso de
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de
indicação de marca; até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e in-
II - a definição das unidades e das quantidades a serem seridos no âmbito de programas de regularização fundiária
adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante administração pública;
adequadas técnicas quantitativas de estimação; i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita
III - as condições de guarda e armazenamento que não ou onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia
permitam a deterioração do material. Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze)
§ 8º O recebimento de material de valor superior ao módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para
limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos le-
de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mí- gais;
nimo, 3 (três) membros. II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de
licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
de divulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo aces- interesse social, após avaliação de sua oportunidade e con-
so público, à relação de todas as compras feitas pela Admi- veniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra
nistração Direta ou Indireta, de maneira a clarificar a identi- forma de alienação;
ficação do bem comprado, seu preço unitário, a quantidade b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
adquirida, o nome do vendedor e o valor total da operação, entidades da Administração Pública;
podendo ser aglutinadas por itens as compras feitas com dis- c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
pensa e inexigibilidade de licitação. observada a legislação específica;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do e) venda de bens produzidos ou comercializados por ór-
art. 24. gãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de
suas finalidades;
Seção VI f) venda de materiais e equipamentos para outros ór-
Das Alienações gãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização
previsível por quem deles dispõe.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, § 1º Os imóveis doados com base na alínea «b» do in-
subordinada à existência de interesse público devidamente ciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às se- sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica
guintes normas: doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário.
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa § 2º A Administração também poderá conceder título
para órgãos da administração direta e entidades autárqui- de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dis-
cas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades pa- pensada licitação, quando o uso destinar-se:
raestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública,
modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes qualquer que seja a localização do imóvel;
casos: II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento
a) dação em pagamento; ou ato normativo do órgão competente, haja implementado
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica
ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de e exploração direta sobre área rural situada na Amazônia
governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; Legal, superior a 1 (um) módulo fiscal e limitada a 15 (quin-
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos ze) módulos fiscais, desde que não exceda 1.500ha (mil e
constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; quinhentos hectares);
d) investidura; § 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispen-
e) venda a outro órgão ou entidade da administração sadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos
pública, de qualquer esfera de governo; seguintes condicionamentos:
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão I - aplicação exclusivamente às áreas em que a deten-
de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens ção por particular seja comprovadamente anterior a 1o de
imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente dezembro de 2004;
utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de re- II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do
gularização fundiária de interesse social desenvolvidos por regime legal e administrativo da destinação e da regulariza-
órgãos ou entidades da administração pública; ção fundiária de terras públicas;

65
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - vedação de concessões para hipóteses de exploração I - avaliação dos bens alienáveis;
não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de II - comprovação da necessidade ou utilidade da alie-
terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas de nação;
zoneamento ecológico-econômico; e III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalida-
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dis- de de concorrência ou leilão.
pensada notificação, em caso de declaração de utilidade, ou
necessidade pública ou interesse social. Capítulo II
§ 2º-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: Da Licitação
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não su-
jeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua explo- Seção I
ração mediante atividades agropecuárias; Das Modalidades, Limites e Dispensa
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais,
desde que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se
dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite; situar a repartição interessada, salvo por motivo de interesse
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área de- público, devidamente justificado.
corrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a
deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo. habilitação de interessados residentes ou sediados em outros
IV – (VETADO) locais.
§ 3º Entende-se por investidura, para os fins desta lei:
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das
área remanescente ou resultante de obra pública, área esta concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos
que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca leilões, embora realizados no local da repartição interessa-
inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a da, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo,
50% (cinquenta por cento) do valor constante da alínea “a” por uma vez:
do inciso II do art. 23 desta lei; I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de lici-
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, tação feita por órgão ou entidade da Administração Pública
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins re- Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas par-
sidenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas cial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por
hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase instituições federais;
de operação dessas unidades e não integrem a categoria de II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal
bens reversíveis ao final da concessão. quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por ór-
§ 4º A doação com encargo será licitada e de seu ins- gão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Mu-
trumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o pra- nicipal, ou do Distrito Federal;
zo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de III - em jornal diário de grande circulação no Estado e
nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de também, se houver, em jornal de circulação no Município ou
interesse público devidamente justificado; na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, for-
§ 5º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o dona- necido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Admi-
tário necessite oferecer o imóvel em garantia de financia- nistração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros
mento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão meios de divulgação para ampliar a área de competição.
garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do § 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em
doador. que os interessados poderão ler e obter o texto integral do
§ 6º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou edital e todas as informações sobre a licitação.
globalmente, em quantia não superior ao limite previsto § 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas
no art. 23, inciso II, alínea «b» desta Lei, a Administração ou da realização do evento será:
poderá permitir o leilão. I - quarenta e cinco dias para:
§ 7º (VETADO). a) concurso;
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado con-
Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imóveis, templar o regime de empreitada integral ou quando a licita-
a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhi- ção for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”;
mento de quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da II - trinta dias para:
avaliação. a) concorrência, nos casos não especificados na alínea
Parágrafo único. (Revogado) “b” do inciso anterior;
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo “me-
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja lhor técnica” ou “técnica e preço”;
aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não
dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da au- especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão;
toridade competente, observadas as seguintes regras: IV - cinco dias úteis para convite.

66
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior se- § 8º É vedada a criação de outras modalidades de lici-
rão contados a partir da última publicação do edital resu- tação ou a combinação das referidas neste artigo.
mido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva dis- § 9º Na hipótese do parágrafo 2º deste artigo, a admi-
ponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos, nistração somente poderá exigir do licitante não cadastra-
prevalecendo a data que ocorrer mais tarde. do os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que compro-
§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação vem habilitação compatível com o objeto da licitação, nos
pela mesma forma que se deu o texto original, reabrin- termos do edital.
do-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando,
inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os
das propostas. incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em fun-
ção dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado
Art. 22. São modalidades de licitação: da contratação:
I - concorrência; I - para obras e serviços de engenharia:
II - tomada de preços; a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
III - convite; reais);
IV - concurso; b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e
V - leilão. quinhentos mil reais);
§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação quinhentos mil reais);
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de II - para compras e serviços não referidos no inciso an-
qualificação exigidos no edital para execução de seu ob- terior:
jeto. a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação en- b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
tre interessados devidamente cadastrados ou que atende- cinquenta mil reais);
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e
rem a todas as condições exigidas para cadastramento até
cinquenta mil reais).
o terceiro dia anterior à data do recebimento das propos-
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Ad-
tas, observada a necessária qualificação.
ministração serão divididas em tantas parcelas quantas se
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre inte-
comprovarem técnica e economicamente viáveis, proce-
ressados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados
dendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamen-
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
to dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local competitividade sem perda da economia de escala.
apropriado, cópia do instrumento convocatório e o esten- § 2º Na execução de obras e serviços e nas compras de
derá aos demais cadastrados na correspondente especia- bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada
lidade que manifestarem seu interesse com antecedência etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra,
de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das pro- há de corresponder licitação distinta, preservada a moda-
postas. lidade pertinente para a execução do objeto em licitação.
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais- § 3º A concorrência é a modalidade de licitação cabível,
quer interessados para escolha de trabalho técnico, cientí- qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra
fico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou re- ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art.
muneração aos vencedores, conforme critérios constantes 19, como nas concessões de direito real de uso e nas licita-
de edital publicado na imprensa oficial com antecedência ções internacionais, admitindo-se neste último caso, obser-
mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. vados os limites deste artigo, a tomada de preços, quando
§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor
a administração ou de produtos legalmente apreendidos do bem ou serviço no País.
ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis pre- § 4º Nos casos em que couber convite, a Administração
vista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a
superior ao valor da avaliação. concorrência.
§ 6º Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na § 5º É vedada a utilização da modalidade «convite» ou
praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo «tomada de preços», conforme o caso, para parcelas de
convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços
obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, da mesma natureza e no mesmo local que possam ser rea-
enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas lizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o so-
licitações. matório de seus valores caracterizar o caso de «tomada de
§ 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto preços» ou «concorrência», respectivamente, nos termos
desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do deste artigo, exceto para as parcelas de natureza especí-
número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, fica que possam ser executadas por pessoas ou empresas
essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou
no processo, sob pena de repetição do convite. serviço.

67
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 6º As organizações industriais da Administração Fe- IX - quando houver possibilidade de comprometimento


deral direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto
aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo também do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
para suas compras e serviços em geral, desde que para a Nacional;
aquisição de materiais aplicados exclusivamente na manu- X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
tenção, reparo ou fabricação de meios operacionais bélicos atendimento das finalidades precípuas da administração,
pertencentes à União. cujas necessidades de instalação e localização condicionem
§ 7º Na compra de bens de natureza divisível e desde a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é per- de mercado, segundo avaliação prévia;
mitida a cotação de quantidade inferior à demandada na lici- XI - na contratação de remanescente de obra, serviço
tação, com vistas a ampliação da competitividade, podendo ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual,
o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a economia desde que atendida a ordem de classificação da licitação an-
de escala. terior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante
§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o do- vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
bro dos valores mencionados no caput deste artigo quando XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros
formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quan- gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização
do formado por maior número. dos processos licitatórios correspondentes, realizadas direta-
mente com base no preço do dia;
Art. 24. É dispensável a licitação: XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada
artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma à recuperação social do preso, desde que a contratada dete-
mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mes- nha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha
ma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas con- fins lucrativos;
junta e concomitantemente; XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso
por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo
Nacional, quando as condições ofertadas forem manifesta-
anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde
mente vantajosas para o Poder Público;
que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte
alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública,
entidade.
quando caracterizada urgência de atendimento de situação
que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu-
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos lários padronizados de uso da administração, e de edições
ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendi- técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de
mento da situação emergencial ou calamitosa e para as par- informática a pessoa jurídica de direito público interno, por
celas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública,
máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininter- criados para esse fim específico;
ruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, XVII - para a aquisição de componentes ou peças de ori-
vedada a prorrogação dos respectivos contratos; gem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior equipamentos durante o período de garantia técnica, jun-
e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo to ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal
para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condi- condição de exclusividade for indispensável para a vigência
ções preestabelecidas; da garantia;
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econô- XVIII - nas compras ou contratações de serviços para
mico para regular preços ou normalizar o abastecimento; o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas
VII - quando as propostas apresentadas consignarem pre- ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada
ços manifestamente superiores aos praticados no mercado na- eventual de curta duração em portos, aeroportos ou locali-
cional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos dades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação
oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos
único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admi- prazos legais puder comprometer a normalidade e os pro-
tida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não pósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao
superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços; limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta Lei:
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito públi- XIX - para as compras de material de uso pelas Forças
co interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e admi-
ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha nistrativo, quando houver necessidade de manter a padroni-
sido criado para esse fim específico em data anterior à vi- zação requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios
gência desta Lei, desde que o preço contratado seja compa- navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão
tível com o praticado no mercado; instituída por decreto;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XX - na contratação de associação de portadores de XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do


deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada ido- disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de
neidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, dezembro de 2004, observados os princípios gerais de con-
para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de- tratação dela constantes.
-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o XXXII - na contratação em que houver transferência de
praticado no mercado. tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional
serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos
que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23; durante as etapas de absorção tecnológica.
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins
de energia elétrica e gás natural com concessionário, per- lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tec-
missionário ou autorizado, segundo as normas da legisla- nologias sociais de acesso à água para consumo humano e
ção específica; produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de
XXIII - na contratação realizada por empresa pública baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.
ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direi-
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, presta- to público interno de insumos estratégicos para a saúde
ção ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental
seja compatível com o praticado no mercado. ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de administração pública direta, sua autarquia ou fundação
serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbi- em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento
to das respectivas esferas de governo, para atividades con- institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação,
templadas no contrato de gestão. inclusive na gestão administrativa e financeira necessária
XXV - na contratação realizada por Instituição Cientí- à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam
fica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
transferência de tecnologia e para o licenciamento de direi- Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII
to de uso ou de exploração de criação protegida. deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico
XXVI - na celebração de contrato de programa com em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço con-
ente da Federação ou com entidade de sua administração tratado seja compatível com o praticado no mercado.
indireta, para a prestação de serviços públicos de forma as- § 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput
sociada nos termos do autorizado em contrato de consórcio deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras,
público ou em convênio de cooperação. obras e serviços contratados por consórcios públicos, so-
XXVII - na contratação da coleta, processamento e co- ciedade de economia mista, empresa pública e por autar-
mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou quia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agên-
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de cias Executivas.
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade
lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
que integre a administração pública estabelecido no inciso
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhe-
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou en-
cidas pelo poder público como catadores de materiais re-
tidades que produzem produtos estratégicos para o SUS,
cicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as
no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990,
normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, pro-
§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do
duzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativa-
caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia,
mente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional,
seguirá procedimentos especiais instituídos em regula-
mediante parecer de comissão especialmente designada
mentação específica.
pela autoridade máxima do órgão. § 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput.
para atender aos contingentes militares das Forças Sin-
gulares brasileiras empregadas em operações de paz no Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabili-
exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à dade de competição, em especial:
escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Co- I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gê-
mandante da Força. neros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
XXX - na contratação de instituição ou organização, ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência
pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a pres- de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita
tação de serviços de assistência técnica e extensão rural no através de atestado fornecido pelo órgão de registro do co-
âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Ex- mércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou
tensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patro-
instituído por lei federal. nal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades
no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;
ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibili- V - decreto de autorização, em se tratando de empresa
dade para serviços de publicidade e divulgação; ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato
III - para contratação de profissional de qualquer setor de registro ou autorização para funcionamento expedido
artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opi-
nião pública. Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e
§ 1º Considera-se de notória especialização o profis- trabalhista, conforme o caso, consistirá em:
sional ou empresa cujo conceito no campo de sua espe- I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
cialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
experiências, publicações, organização, aparelhamento, II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes esta-
equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com dual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede
suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essen- do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatí-
cial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação vel com o objeto contratual;
do objeto do contrato. III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou
de dispensa, se comprovado superfaturamento, respon- outra equivalente, na forma da lei;
dem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social
o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), de-
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. monstrando situação regular no cumprimento dos encargos
sociais instituídos por lei.
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 V – prova de inexistência de débitos inadimplidos peran-
e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexi- te a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de cer-
gibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, tidão negativa, nos termos doTítulo VII-A da Consolidação
e o retardamento previsto no final do parágrafo único do das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de
art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) 1º de maio de 1943.
dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na
imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
para a eficácia dos atos. limitar-se-á a:
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibili- I - registro ou inscrição na entidade profissional com-
dade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruí- petente;
do, no que couber, com os seguintes elementos: II - comprovação de aptidão para desempenho de ativi-
I - caracterização da situação emergencial ou calamito- dade pertinente e compatível em características, quantida-
sa que justifique a dispensa, quando for o caso; des e prazos com o objeto da licitação, e indicação das insta-
II - razão da escolha do fornecedor ou executante; lações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados
III - justificativa do preço. e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa como da qualificação de cada um dos membros da equipe
aos quais os bens serão alocados. técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que
Seção II recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou
Da Habilitação conhecimento de todas as informações e das condições lo-
cais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei
interessados, exclusivamente, documentação relativa a: especial, quando for o caso.
I - habilitação jurídica; § 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do
II - qualificação técnica; «caput» deste artigo, no caso das licitações pertinentes a
III - qualificação econômico-financeira; obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por
IV – regularidade fiscal e trabalhista; pessoas jurídicas de direito público ou privado, devida-
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º mente registrados nas entidades profissionais competen-
da Constituição Federal. tes, limitadas as exigências a:
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do li-
Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, citante de possuir em seu quadro permanente, na data pre-
conforme o caso, consistirá em: vista para entrega da proposta, profissional de nível superior
I - cédula de identidade; ou outro devidamente reconhecido pela entidade compe-
II - registro comercial, no caso de empresa individual; tente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, execução de obra ou serviço de características semelhantes,
devidamente registrado, em se tratando de sociedades co- limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior rele-
merciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado vância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas
de documentos de eleição de seus administradores; as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - (Vetado). II - certidão negativa de falência ou concordata expedi-


a) (Vetado). da pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execu-
b) (Vetado). ção patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
§ 2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios pre-
significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão de- vistos no “caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1%
finidas no instrumento convocatório. (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.
§ 3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão § 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração
através de certidões ou atestados de obras ou serviços si- da capacidade financeira do licitante com vistas aos com-
milares de complexidade tecnológica e operacional equi- promissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o
valente ou superior. contrato, vedada a exigência de valores mínimos de fatu-
§ 4º Nas licitações para fornecimento de bens, a com- ramento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade.
provação de aptidão, quando for o caso, será feita através § 2º A Administração, nas compras para entrega futura
de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito pú- e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no
blico ou privado. instrumento convocatório da licitação, a exigência de capi-
§ 5º É vedada a exigência de comprovação de ativida- tal mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as
de ou de aptidão com limitações de tempo ou de época garantias previstas no § 1º do art. 56 desta Lei, como dado
ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não objetivo de comprovação da qualificação econômico-finan-
ceira dos licitantes e para efeito de garantia ao adimplemen-
previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação.
to do contrato a ser ulteriormente celebrado.
§ 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
§ 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico espe-
a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder
cializado, considerados essenciais para o cumprimento do
a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação,
objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresenta- devendo a comprovação ser feita relativamente à data
ção de relação explícita e da declaração formal da sua dis- da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a
ponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências atualização para esta data através de índices oficiais.
de propriedade e de localização prévia. § 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compro-
§ 7º (Vetado). missos assumidos pelo licitante que importem diminuição
I - (Vetado). da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade
II - (Vetado). financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido
§ 8º No caso de obras, serviços e compras de grande atualizado e sua capacidade de rotação.
vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administra- § 5º A comprovação de boa situação financeira da em-
ção exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja presa será feita de forma objetiva, através do cálculo de
avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá índices contábeis previstos no edital e devidamente justi-
sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamen- ficados no processo administrativo da licitação que tenha
te por critérios objetivos. dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de
§ 9º Entende-se por licitação de alta complexidade téc- índices e valores não usualmente adotados para correta
nica aquela que envolva alta especialização, como fator de avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento
extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser das obrigações decorrentes da licitação.
contratado, ou que possa comprometer a continuidade da § 6º (Vetado).
prestação de serviços públicos essenciais.
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins Art. 32. Os documentos necessários à habilitação pode-
de comprovação da capacitação técnico-profissional de rão ser apresentados em original, por qualquer processo de
que trata o inciso I do § 1º deste artigo deverão partici- cópia autenticada por cartório competente ou por servidor
par da obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se da administração ou publicação em órgão da imprensa ofi-
a substituição por profissionais de experiência equivalente cial.
ou superior, desde que aprovada pela administração. § 1º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31
desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos
§ 11. (Vetado).
casos de convite, concurso, fornecimento de bens para
§ 12. (Vetado).
pronta entrega e leilão.
§ 2º O certificado de registro cadastral a que se refe-
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econô-
re o § 1o do art. 36 substitui os documentos enumerados
mico-financeira limitar-se-á a: nos arts. 28 a 31, quanto às informações disponibilizadas
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do em sistema informatizado de consulta direta indicado no
último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma edital, obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades
da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, legais, a superveniência de fato impeditivo da habilitação.
vedada a sua substituição por balancetes ou balanços pro- § 3º A documentação referida neste artigo poderá ser
visórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando substituída por registro cadastral emitido por órgão ou en-
encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação tidade pública, desde que previsto no edital e o registro
da proposta; tenha sido feito em obediência ao disposto nesta Lei.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º As empresas estrangeiras que não funcionem no § 1º No consórcio de empresas brasileiras e estrangei-


País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações inter- ras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasi-
nacionais, às exigências dos parágrafos anteriores median- leira, observado o disposto no inciso II deste artigo.
te documentos equivalentes, autenticados pelos respec- § 2º O licitante vencedor fica obrigado a promover, an-
tivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado, tes da celebração do contrato, a constituição e o registro
devendo ter representação legal no Brasil com poderes do consórcio, nos termos do compromisso referido no inci-
expressos para receber citação e responder administrativa so I deste artigo.
ou judicialmente.
§ 5º Não se exigirá, para a habilitação de que trata este Seção III
artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, sal- Dos Registros Cadastrais
vo os referentes a fornecimento do edital, quando solicita-
do, com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da
do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação Administração Pública que realizem frequentemente licita-
fornecida. ções manterão registros cadastrais para efeito de habilitação,
§ 6º O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33 e na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um ano.
no § 2o do art. 55, não se aplica às licitações internacionais § 1º O registro cadastral deverá ser amplamente divul-
para a aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja gado e deverá estar permanentemente aberto aos interes-
feito com o produto de financiamento concedido por or- sados, obrigando-se a unidade por ele responsável a pro-
ganismo financeiro internacional de que o Brasil faça parte, ceder, no mínimo anualmente, através da imprensa oficial e
ou por agência estrangeira de cooperação, nem nos casos de jornal diário, a chamamento público para a atualização
de contratação com empresa estrangeira, para a compra dos registros existentes e para o ingresso de novos interes-
de equipamentos fabricados e entregues no exterior, des- sados.
de que para este caso tenha havido prévia autorização do § 2º É facultado às unidades administrativas utilizarem-
Chefe do Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de -se de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades
bens e serviços realizada por unidades administrativas com da Administração Pública.
sede no exterior.
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atuali-
§ 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e
zação deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os
este artigo poderá ser dispensada, nos termos de regula-
elementos necessários à satisfação das exigências do art. 27
mento, no todo ou em parte, para a contratação de produ-
desta Lei.
to para pesquisa e desenvolvimento, desde que para pron-
ta entrega ou até o valor previsto na alínea “a” do inciso II
Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias,
do caput do art. 23. 
tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em gru-
pos, segundo a qualificação técnica e econômica avaliada
Art. 33. Quando permitida na licitação a participação
pelos elementos constantes da documentação relacionada
de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes nor- nos arts. 30 e 31 desta Lei.
mas: § 1º Aos inscritos será fornecido certificado, renovável
I - comprovação do compromisso público ou particular sempre que atualizarem o registro.
de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados; § 2º A atuação do licitante no cumprimento de obri-
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que gações assumidas será anotada no respectivo registro ca-
deverá atender às condições de liderança, obrigatoriamente dastral.
fixadas no edital;
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso
a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, ou cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer
para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quan- as exigências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para
titativos de cada consorciado, e, para efeito de qualifica- classificação cadastral.
ção econômico-financeira, o somatório dos valores de cada
consorciado, na proporção de sua respectiva participação, Seção IV
podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um Do Procedimento e Julgamento
acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos
para licitante individual, inexigível este acréscimo para os Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a
consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e peque- abertura de processo administrativo, devidamente autuado,
nas empresas assim definidas em lei; protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva,
IV - impedimento de participação de empresa consor- a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a
ciada, na mesma licitação, através de mais de um consórcio despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:
ou isoladamente; I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos caso;
praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto II - comprovante das publicações do edital resumido, na
na de execução do contrato. forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - ato de designação da comissão de licitação, do V - se há projeto executivo disponível na data da publi-
leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo cação do edital de licitação e o local onde possa ser exami-
convite; nado e adquirido;
IV - original das propostas e dos documentos que as ins- VI - condições para participação na licitação, em confor-
truírem; midade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresen-
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julga- tação das propostas;
dora; VII - critério para julgamento, com disposições claras e
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a lici- parâmetros objetivos;
tação, dispensa ou inexigibilidade; VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua comunicação à distância em que serão fornecidos elemen-
homologação; tos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitan- condições para atendimento das obrigações necessárias ao
tes e respectivas manifestações e decisões; cumprimento de seu objeto;
IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação, IX - condições equivalentes de pagamento entre empre-
quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente; sas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações interna-
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, con- cionais;
forme o caso; X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e glo-
XI - outros comprovantes de publicações; bal, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos
XII - demais documentos relativos à licitação. e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem ou faixas de variação em relação a preços de referência, res-
como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem salvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48;
ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria ju- XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação
rídica da Administração. efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices
específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresen-
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação tação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se
ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas referir, até a data do adimplemento de cada parcela;
for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, XII - (Vetado).
inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório será inicia- XIII - limites para pagamento de instalação e mobiliza-
do, obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida
ção para execução de obras ou serviços que serão obrigato-
pela autoridade responsável com antecedência mínima de
riamente previstos em separado das demais parcelas, etapas
15 (quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do
ou tarefas;
edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez)
XIV - condições de pagamento, prevendo:
dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios previstos
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, con-
para a publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito
tado a partir da data final do período de adimplemento de
a todas as informações pertinentes e a se manifestar todos
cada parcela;
os interessados.
b) cronograma de desembolso máximo por período, em
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-
-se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros;
com realização prevista para intervalos não superiores a c) critério de atualização financeira dos valores a serem
trinta dias e licitações sucessivas aquelas em que, também pagos, desde a data final do período de adimplemento de
com objetos similares, o edital subsequente tenha uma data cada parcela até a data do efetivo pagamento;
anterior a cento e vinte dias após o término do contrato re- d) compensações financeiras e penalizações, por even-
sultante da licitação antecedente. tuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de pa-
gamentos;
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de e) exigência de seguros, quando for o caso;
ordem em série anual, o nome da repartição interessada e XV - instruções e normas para os recursos previstos nes-
de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da ta Lei;
licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
dia e hora para recebimento da documentação e proposta, XVII - outras indicações específicas ou peculiares da li-
bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, citação.
obrigatoriamente, o seguinte: § 1º O original do edital deverá ser datado, rubricado
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; em todas as folhas e assinado pela autoridade que o expe-
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou dir, permanecendo no processo de licitação, e dele extrain-
retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta do-se cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e
Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto da fornecimento aos interessados.
licitação; § 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte
III - sanções para o caso de inadimplemento; integrante:
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o pro- I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas
jeto básico; partes, desenhos, especificações e outros complementos;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estran-
preços unitários; geiro.
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Adminis- § 4º Para fins de julgamento da licitação, as propos-
tração e o licitante vencedor; tas apresentadas por licitantes estrangeiros serão acresci-
IV - as especificações complementares e as normas de das dos gravames conseqüentes dos mesmos tributos que
execução pertinentes à licitação. oneram exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à
§ 3º Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se operação final de venda.
como adimplemento da obrigação contratual a prestação § 5º Para a realização de obras, prestação de serviços
do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de ou aquisição de bens com recursos provenientes de finan-
parcela destes, bem como qualquer outro evento contra- ciamento ou doação oriundos de agência oficial de coope-
tual a cuja ocorrência esteja vinculada a emissão de docu- ração estrangeira ou organismo financeiro multilateral de
mento de cobrança. que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na respecti-
§ 4º Nas compras para entrega imediata, assim enten- va licitação, as condições decorrentes de acordos, protoco-
didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data los, convenções ou tratados internacionais aprovados pelo
prevista para apresentação da proposta, poderão ser dis- Congresso Nacional, bem como as normas e procedimen-
pensadas: tos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de se-
I - o disposto no inciso XI deste artigo; leção da proposta mais vantajosa para a administração, o
II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c” qual poderá contemplar, além do preço, outros fatores de
do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período com- avaliação, desde que por elas exigidos para a obtenção do
preendido entre as datas do adimplemento e a prevista para financiamento ou da doação, e que também não conflitem
o pagamento, desde que não superior a quinze dias. com o princípio do julgamento objetivo e sejam objeto de
despacho motivado do órgão executor do contrato, des-
Art. 41. A Administração não pode descumprir as nor- pacho esse ratificado pela autoridade imediatamente su-
mas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vin- perior.
culada. § 6º As cotações de todos os licitantes serão para en-
§ 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar trega no mesmo local de destino.
edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei,
devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes Art. 43. A licitação será processada e julgada com ob-
da data fixada para a abertura dos envelopes de habilita- servância dos seguintes procedimentos:
ção, devendo a Administração julgar e responder à impug- I - abertura dos envelopes contendo a documentação re-
nação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade lativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;
prevista no § 1o do art. 113. II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes
§ 2º Decairá do direito de impugnar os termos do edi- inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde que
tal de licitação perante a administração o licitante que não não tenha havido recurso ou após sua denegação;
o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos
envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo
envelopes com as propostas em convite, tomada de preços sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência ex-
ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irre- pressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos;
gularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal IV - verificação da conformidade de cada proposta com
comunicação não terá efeito de recurso. os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços cor-
§ 3º A impugnação feita tempestivamente pelo licitan- rentes no mercado ou fixados por órgão oficial competente,
te não o impedirá de participar do processo licitatório até o ou ainda com os constantes do sistema de registro de preços,
trânsito em julgado da decisão a ela pertinente. os quais deverão ser devidamente registrados na ata de jul-
§ 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do gamento, promovendo-se a desclassificação das propostas
seu direito de participar das fases subsequentes. desconformes ou incompatíveis;
V - julgamento e classificação das propostas de acordo
Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o com os critérios de avaliação constantes do edital;
edital deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária VI - deliberação da autoridade competente quanto à ho-
e do comércio exterior e atender às exigências dos órgãos mologação e adjudicação do objeto da licitação.
competentes. § 1º A abertura dos envelopes contendo a documenta-
§ 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro co- ção para habilitação e as propostas será realizada sempre
tar preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fa- em ato público previamente designado, do qual se lavrará
zer o licitante brasileiro. ata circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e
§ 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro eventual- pela Comissão.
mente contratado em virtude da licitação de que trata o § 2º Todos os documentos e propostas serão rubrica-
parágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira, à dos pelos licitantes presentes e pela Comissão.
taxa de câmbio vigente no dia útil imediatamente anterior § 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior, em
à data do efetivo pagamento. qualquer fase da licitação, a promoção de diligência desti-
§ 3º As garantias de pagamento ao licitante brasileiro nada a esclarecer ou a complementar a instrução do pro-

74
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cesso, vedada a inclusão posterior de documento ou infor- público, para o qual todos os licitantes serão convocados,
mação que deveria constar originariamente da proposta. vedado qualquer outro processo.
§ 4º O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, § 3º No caso da licitação do tipo «menor preço», en-
no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços tre os licitantes considerados qualificados a classificação se
e ao convite. dará pela ordem crescente dos preços propostos, prevale-
§ 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concorren- cendo, no caso de empate, exclusivamente o critério pre-
tes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe visto no parágrafo anterior.
desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação, § 4º Para contratação de bens e serviços de informá-
salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos tica, a administração observará o disposto no art. 3o da
após o julgamento. Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta
§ 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência de os fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotan-
proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato super- do obrigatoriamente o tipo de licitação «técnica e preço»,
veniente e aceito pela Comissão. permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos
indicados em decreto do Poder Executivo.
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão leva- § 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação
rá em consideração os critérios objetivos definidos no edital não previstos neste artigo.
ou convite, os quais não devem contrariar as normas e prin- § 6º Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão sele-
cípios estabelecidos por esta Lei. cionadas tantas propostas quantas necessárias até que se
§ 1º É vedada a utilização de qualquer elemento, cri- atinja a quantidade demandada na licitação.
tério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que
possa ainda que indiretamente elidir o princípio da igual- Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “téc-
dade entre os licitantes. nica e preço” serão utilizados exclusivamente para serviços
§ 2º Não se considerará qualquer oferta de vantagem de natureza predominantemente intelectual, em especial na
não prevista no edital ou no convite, inclusive financiamen- elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e
tos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vanta- gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em
gem baseada nas ofertas dos demais licitantes. particular, para a elaboração de estudos técnicos prelimina-
§ 3º Não se admitirá proposta que apresente preços res e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto no
global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, § 4o do artigo anterior.
incompatíveis com os preços dos insumos e salários de § 1º Nas licitações do tipo «melhor técnica» será ado-
mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o tado o seguinte procedimento claramente explicitado no
ato convocatório da licitação não tenha estabelecido limi- instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo
tes mínimos, exceto quando se referirem a materiais e ins- que a Administração se propõe a pagar:
talações de propriedade do próprio licitante, para os quais I - serão abertos os envelopes contendo as propostas téc-
ele renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração. nicas exclusivamente dos licitantes previamente qualificados
§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se tam- e feita então a avaliação e classificação destas propostas de
bém às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto
ou importações de qualquer natureza. licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento
convocatório e que considerem a capacitação e a experiência
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de- do proponente, a qualidade técnica da proposta, compreen-
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo con- dendo metodologia, organização, tecnologias e recursos ma-
vite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, teriais a serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das
os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;
de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proce-
maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos der-se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes
órgãos de controle. que tenham atingido a valorização mínima estabelecida no
§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de instrumento convocatório e à negociação das condições pro-
licitação, exceto na modalidade concurso: postas, com a proponente melhor classificada, com base nos
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da orçamentos detalhados apresentados e respectivos preços
proposta mais vantajosa para a Administração determinar unitários e tendo como referência o limite representado pela
que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de proposta de menor preço entre os licitantes que obtiveram a
acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar valorização mínima;
o menor preço; III - no caso de impasse na negociação anterior, proce-
II - a de melhor técnica; dimento idêntico será adotado, sucessivamente, com os de-
III - a de técnica e preço. mais proponentes, pela ordem de classificação, até a conse-
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação cução de acordo para a contratação;
de bens ou concessão de direito real de uso. IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas
§ 2º No caso de empate entre duas ou mais propostas, aos licitantes que não forem preliminarmente habilitados ou
e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a que não obtiverem a valorização mínima estabelecida para
classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato a proposta técnica.

75
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º Nas licitações do tipo «técnica e preço» será ado- § 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo
tado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80% (oi-
seguinte procedimento claramente explicitado no instru- tenta por cento) do menor valor a que se referem as alíneas
mento convocatório: «a» e «b», será exigida, para a assinatura do contrato, pres-
I - será feita a avaliação e a valorização das propostas tação de garantia adicional, dentre as modalidades previstas
de preços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos no § 1º do art. 56, igual a diferença entre o valor resultante
no instrumento convocatório; do parágrafo anterior e o valor da correspondente proposta.
II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo § 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou
com a média ponderada das valorizações das propostas téc- todas as propostas forem desclassificadas, a administração
nicas e de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para
instrumento convocatório. a apresentação de nova documentação ou de outras pro-
§ 3º Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos postas escoimadas das causas referidas neste artigo, facul-
tada, no caso de convite, a redução deste prazo para três
neste artigo poderão ser adotados, por autorização expres-
dias úteis.
sa e mediante justificativa circunstanciada da maior auto-
ridade da Administração promotora constante do ato con- Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do
vocatório, para fornecimento de bens e execução de obras procedimento somente poderá revogar a licitação por razões
ou prestação de serviços de grande vulto majoritariamente de interesse público decorrente de fato superveniente devida-
dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de mente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal
domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por
reconhecida qualificação, nos casos em que o objeto pre- provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devida-
tendido admitir soluções alternativas e variações de execu- mente fundamentado.
ção, com repercussões significativas sobre sua qualidade, § 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo
produtividade, rendimento e durabilidade concretamente de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o
mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
dos licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente § 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do
fixados no ato convocatório. contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art.
§ 4º (Vetado). 59 desta Lei.
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório,
Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e servi- fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
ços, quando for adotada a modalidade de execução de em- § 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se
aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade
preitada por preço global, a Administração deverá fornecer
de licitação.
obrigatoriamente, junto com o edital, todos os elementos e
informações necessários para que os licitantes possam ela- Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato
borar suas propostas de preços com total e completo conhe- com preterição da ordem de classificação das propostas ou
cimento do objeto da licitação. com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena
de nulidade.
Art. 48. Serão desclassificadas:
I - as propostas que não atendam às exigências do ato Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
convocatório da licitação; cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas
II - propostas com valor global superior ao limite esta- serão processadas e julgadas por comissão permanente ou es-
belecido ou com preços manifestamente inexequíveis, assim pecial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos 2
considerados aqueles que não venham a ter demonstrada (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos quadros
sua viabilidade através de documentação que comprove que permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela
os custos dos insumos são coerentes com os de mercado e licitação.
que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a § 1º No caso de convite, a Comissão de licitação, excep-
execução do objeto do contrato, condições estas necessaria- cionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em
mente especificadas no ato convocatório da licitação. (Reda- face da exigüidade de pessoal disponível, poderá ser substi-
ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994) tuída por servidor formalmente designado pela autoridade
competente.
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste ar-
§ 2º A Comissão para julgamento dos pedidos de ins-
tigo consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso
crição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento,
de licitações de menor preço para obras e serviços de en- será integrada por profissionais legalmente habilitados no
genharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% caso de obras, serviços ou aquisição de equipamentos.
(setenta por cento) do menor dos seguintes valores: § 3º Os membros das Comissões de licitação respon-
a) média aritmética dos valores das propostas superiores derão solidariamente por todos os atos praticados pela
a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela adminis- Comissão, salvo se posição individual divergente estiver de-
tração, ou vidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na
b) valor orçado pela administração. reunião em que tiver sido tomada a decisão.

76
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º A investidura dos membros das Comissões perma- Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as
nentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução que estabeleçam:
da totalidade de seus membros para a mesma comissão no I - o objeto e seus elementos característicos;
período subsequente. II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
§ 5º No caso de concurso, o julgamento será feito por III - o preço e as condições de pagamento, os critérios,
uma comissão especial integrada por pessoas de reputa- data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os
ção ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em critérios de atualização monetária entre a data do adimple-
exame, servidores públicos ou não. mento das obrigações e a do efetivo pagamento;
IV - os prazos de início de etapas de execução, de con-
Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22 clusão, de entrega, de observação e de recebimento definiti-
desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser vo, conforme o caso;
obtido pelos interessados no local indicado no edital. V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indica-
§ 1ºO regulamento deverá indicar: ção da classificação funcional programática e da categoria
I - a qualificação exigida dos participantes; econômica;
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho; VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena
III - as condições de realização do concurso e os prêmios execução, quando exigidas;
a serem concedidos. VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as pe-
§ 2º Em se tratando de projeto, o vencedor deverá au- nalidades cabíveis e os valores das multas;
torizar a Administração a executá-lo quando julgar conve- VIII - os casos de rescisão;
niente. IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em
caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou X - as condições de importação, a data e a taxa de câm-
a servidor designado pela Administração, procedendo-se na bio para conversão, quando for o caso;
forma da legislação pertinente. XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a
§ 1º Todo bem a ser leiloado será previamente avalia- dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante
vencedor;
do pela Administração para fixação do preço mínimo de
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e es-
arrematação.
pecialmente aos casos omissos;
§ 2º Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco
a execução do contrato, em compatibilidade com as obriga-
por cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no
ções por ele assumidas, todas as condições de habilitação e
local do leilão, imediatamente entregues ao arrematante,
qualificação exigidas na licitação.
o qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo es- § 1º (Vetado).
tipulado no edital de convocação, sob pena de perder em § 2º Nos contratos celebrados pela Administração Pú-
favor da Administração o valor já recolhido. blica com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas do-
§ 3º Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela miciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente
à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas. cláusula que declare competente o foro da sede da Admi-
§ 4º O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, nistração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o
principalmente no município em que se realizará. disposto no § 6o do art. 32 desta Lei.
§ 3º No ato da liquidação da despesa, os serviços de
Capítulo III contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da ar-
DOS CONTRATOS recadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou
Município, as características e os valores pagos, segundo
Seção I o disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de
Disposições Preliminares 1964.

Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada
Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de di- caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, po-
reito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princí- derá ser exigida prestação de garantia nas contratações de
pios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito obras, serviços e compras.
privado. § 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes
§ 1º Os contratos devem estabelecer com clareza e modalidades de garantia:
precisão as condições para sua execução, expressas em I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública,
cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsa- devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, me-
bilidades das partes, em conformidade com os termos da diante registro em sistema centralizado de liquidação e de
licitação e da proposta a que se vinculam. custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados
§ 2º Os contratos decorrentes de dispensa ou de ine- pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Mi-
xigibilidade de licitação devem atender aos termos do ato nistério da Fazenda;
que os autorizou e da respectiva proposta. II - seguro-garantia;
III - fiança bancária.

77
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Ad-
excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu ministração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalva- que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
do o previsto no parágrafo 3o deste artigo. execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais apli-
§ 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande cáveis aos responsáveis.
vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos finan- § 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada
ceiros consideráveis, demonstrados através de parecer tec- por escrito e previamente autorizada pela autoridade com-
nicamente aprovado pela autoridade competente, o limite petente para celebrar o contrato.
de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser ele- § 3º É vedado o contrato com prazo de vigência inde-
vado para até dez por cento do valor do contrato. terminado.
§ 4º A garantia prestada pelo contratado será liberada § 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e
ou restituída após a execução do contrato e, quando em mediante autorização da autoridade superior, o prazo de
dinheiro, atualizada monetariamente. que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser pror-
§ 5º Nos casos de contratos que importem na entrega rogado por até doze meses.
de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará
depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o va- Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos
lor desses bens. instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a
eles, a prerrogativa de:
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequa-
ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamen- ção às finalidades de interesse público, respeitados os direi-
tários, exceto quanto aos relativos: tos do contratado;
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais pode- no inciso I do art. 79 desta Lei;
rão ser prorrogados se houver interesse da Administração e III - fiscalizar-lhes a execução;
desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório; IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou
II - à prestação de serviços a serem executados de for- parcial do ajuste;
ma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoria-
mente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao
iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços
objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar
e condições mais vantajosas para a administração, limitada
apuração administrativa de faltas contratuais pelo contra-
a sessenta meses;
tado, bem como na hipótese de rescisão do contrato admi-
III - (Vetado).
nistrativo.
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro-
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias
gramas de informática, podendo a duração estender-se pelo
dos contratos administrativos não poderão ser alteradas
prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da
sem prévia concordância do contratado.
vigência do contrato.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusu-
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e las econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas
XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até para que se mantenha o equilíbrio contratual.
120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da adminis-
tração. Art. 59. A declaração de nulidade do contrato adminis-
§ 1º Os prazos de início de etapas de execução, de trativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos
conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de descons-
demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção tituir os já produzidos.
de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administra-
algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em ção do dever de indenizar o contratado pelo que este houver
processo: executado até a data em que ela for declarada e por outros
I - alteração do projeto ou especificações, pela Adminis- prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe
tração; seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, lhe deu causa.
estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmen-
te as condições de execução do contrato; Seção II
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição Da Formalização dos Contratos
do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Adminis-
tração; Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo cro-
contrato, nos limites permitidos por esta Lei; nológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu
V - impedimento de execução do contrato por fato ou extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que
ato de terceiro reconhecido pela Administração em docu- se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas,
mento contemporâneo à sua ocorrência; de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem.

78
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato § 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado
verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras uma vez, por igual período, quando solicitado pela parte
de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo justi-
não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido ficado aceito pela Administração.
no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei, feitas em regime de § 2º É facultado à Administração, quando o convocado
adiantamento. não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar
o instrumento equivalente no prazo e condições estabe-
Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das lecidos, convocar os licitantes remanescentes, na ordem
partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas
autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive
da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratan- quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato
tes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais. convocatório, ou revogar a licitação independentemente
Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento da cominação prevista no art. 81 desta Lei.
de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que § 3º Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega
é condição indispensável para sua eficácia, será providencia- das propostas, sem convocação para a contratação, ficam
da pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte os licitantes liberados dos compromissos assumidos.
ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias
daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem Seção III
ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. Da Alteração dos Contratos
Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser
casos de concorrência e de tomada de preços, bem como nas alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreen- I - unilateralmente pela Administração:
didos nos limites destas duas modalidades de licitação, e a) quando houver modificação do projeto ou das especi-
facultativo nos demais em que a Administração puder subs- ficações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
tituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-con- b) quando necessária a modificação do valor contratual
trato, nota de empenho de despesa, autorização de compra em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de
ou ordem de execução de serviço.
seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
§ 1º A minuta do futuro contrato integrará sempre o
II - por acordo das partes:
edital ou ato convocatório da licitação.
a) quando conveniente a substituição da garantia de
§ 2º Em «carta contrato», «nota de empenho de des-
execução;
pesa», «autorização de compra», «ordem de execução de
b) quando necessária a modificação do regime de exe-
serviço» ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que
cução da obra ou serviço, bem como do modo de forneci-
couber, o disposto no art. 55 desta Lei.
mento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade
§ 3º Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei
dos termos contratuais originários;
e demais normas gerais, no que couber:
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação c) quando necessária a modificação da forma de pa-
em que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo gamento, por imposição de circunstâncias supervenientes,
conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de di- mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do
reito privado; pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado,
II - aos contratos em que a Administração for parte sem a correspondente contraprestação de fornecimento de
como usuária de serviço público. bens ou execução de obra ou serviço;
§ 4º É dispensável o «termo de contrato» e facultada d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram
a substituição prevista neste artigo, a critério da Adminis- inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição
tração e independentemente de seu valor, nos casos de da administração para a justa remuneração da obra, ser-
compra com entrega imediata e integral dos bens adqui- viço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equi-
ridos, dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive líbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese
assistência técnica. de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior,
dos termos do contrato e do respectivo processo licitatório caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada, mica extraordinária e extracontratual.
mediante o pagamento dos emolumentos devidos. § 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se
Art. 64. A Administração convocará regularmente o in- fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e
teressado para assinar o termo de contrato, aceitar ou retirar cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e,
o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições es- no caso particular de reforma de edifício ou de equipamen-
tabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação, sem to, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus
prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei. acréscimos.

79
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder § 1º O representante da Administração anotará em


os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a
I - (VETADO) execução do contrato, determinando o que for necessário
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre à regularização das faltas ou defeitos observados.
os contratantes. § 2º As decisões e providências que ultrapassarem a
§ 3º Se no contrato não houverem sido contemplados competência do representante deverão ser solicitadas a
preços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados seus superiores em tempo hábil para a adoção das medi-
mediante acordo entre as partes, respeitados os limites es- das convenientes.
tabelecidos no § 1o deste artigo.
§ 4º No caso de supressão de obras, bens ou serviços, Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito
se o contratado já houver adquirido os materiais e posto pela Administração, no local da obra ou serviço, para repre-
no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Ad- sentá-lo na execução do contrato.
ministração pelos custos de aquisição regularmente com-
provados e monetariamente corrigidos, podendo caber in- Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, re-
denização por outros danos eventualmente decorrentes da mover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou
supressão, desde que regularmente comprovados. em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios,
§ 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, al- defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de mate-
terados ou extintos, bem como a superveniência de dis- riais empregados.
posições legais, quando ocorridas após a data da apresen-
tação da proposta, de comprovada repercussão nos preços Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causa-
contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para dos diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes
menos, conforme o caso. de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluin-
§ 6º Em havendo alteração unilateral do contrato que do ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o
aumente os encargos do contratado, a Administração de- acompanhamento pelo órgão interessado.
verá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-
-financeiro inicial. Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos tra-
§ 7º (VETADO) balhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
§ 8º A variação do valor contratual para fazer face ao execução do contrato.
reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atuali-
§ 1º A inadimplência do contratado, com referência
zações, compensações ou penalizações financeiras decor-
aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não trans-
rentes das condições de pagamento nele previstas, bem
fere à Administração Pública a responsabilidade por seu
como o empenho de dotações orçamentárias suplemen-
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou
tares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam
restringir a regularização e o uso das obras e edificações,
alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples
inclusive perante o Registro de Imóveis.
apostila, dispensando a celebração de aditamento.
§ 2º A Administração Pública responde solidariamente
com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes
Seção IV
Da Execução dos Contratos da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991.
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas § 3º (Vetado).
partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas
desta Lei, respondendo cada uma pelas consequências de Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem
sua inexecução total ou parcial. prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá
subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2o limite admitido, em cada caso, pela Administração.
e no inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir,
durante todo o período de execução do contrato, a reserva Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:
de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou I - em se tratando de obras e serviços:
para reabilitado da Previdência Social, bem como as regras a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompa-
de acessibilidade previstas na legislação. nhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado,
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunica-
cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e ção escrita do contratado;
nos ambientes de trabalho. b) definitivamente, por servidor ou comissão designada
pela autoridade competente, mediante termo circunstancia-
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanha- do, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de obser-
da e fiscalizada por um representante da Administração es- vação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos
pecialmente designado, permitida a contratação de terceiros termos contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei;
para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a II - em se tratando de compras ou de locação de equi-
essa atribuição. pamentos:

80
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou
da conformidade do material com a especificação; fornecimento;
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimen-
quantidade do material e consequente aceitação. to, sem justa causa e prévia comunicação à Administração;
§ 1º Nos casos de aquisição de equipamentos de gran- VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a
de vulto, o recebimento far-se-á mediante termo circuns- associação do contratado com outrem, a cessão ou transfe-
tanciado e, nos demais, mediante recibo. rência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorpo-
§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não exclui ração, não admitidas no edital e no contrato;
a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra VII - o desatendimento das determinações regulares da
ou do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execu- autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua
ção do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei execução, assim como as de seus superiores;
ou pelo contrato. VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução,
§ 3º O prazo a que se refere a alínea «b» do inciso I anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei;
deste artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, IX - a decretação de falência ou a instauração de insol-
salvo em casos excepcionais, devidamente justificados e vência civil;
previstos no edital. X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do con-
§ 4º Na hipótese de o termo circunstanciado ou a ve- tratado;
rificação a que se refere este artigo não serem, respecti- XI - a alteração social ou a modificação da finalidade
vamente, lavrado ou procedida dentro dos prazos fixados, ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução do
reputar-se-ão como realizados, desde que comunicados à contrato;
Administração nos 15 (quinze) dias anteriores à exaustão XII - razões de interesse público, de alta relevância e am-
dos mesmos. plo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima
autoridade da esfera administrativa a que está subordinado
Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório o contratante e exaradas no processo administrativo a que
nos seguintes casos: se refere o contrato;
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada; XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras,
II - serviços profissionais; serviços ou compras, acarretando modificação do valor ini-
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, in- cial do contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65
ciso II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se componham de desta Lei;
aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da
de funcionamento e produtividade. Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias,
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
será feito mediante recibo. ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões
que totalizem o mesmo prazo, independentemente do paga-
Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do mento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e con-
edital, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e tratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e
demais provas exigidos por normas técnicas oficiais para a outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o
boa execução do objeto do contrato correm por conta do direito de optar pela suspensão do cumprimento das obriga-
contratado. ções assumidas até que seja normalizada a situação;
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos paga-
Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, mentos devidos pela Administração decorrentes de obras,
obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo com serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou
o contrato. executados, salvo em caso de calamidade pública, grave per-
turbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contra-
Seção V tado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos suas obrigações até que seja normalizada a situação;
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou for-
a sua rescisão, com as consequências contratuais e as previs- necimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de
tas em lei ou regulamento. materiais naturais especificadas no projeto;
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior,
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: regularmente comprovada, impeditiva da execução do con-
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especi- trato.
ficações, projetos ou prazos; XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art.
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, 27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
especificações, projetos e prazos; Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Adminis- formalmente motivados nos autos do processo, assegurado
tração a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, o contraditório e a ampla defesa.
do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;

81
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: Capítulo IV


I - determinada por ato unilateral e escrito da Adminis- DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA
tração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do JUDICIAL
artigo anterior;
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a ter- Seção I
mo no processo da licitação, desde que haja conveniência Disposições Gerais
para a Administração;
III - judicial, nos termos da legislação; Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assi-
IV - (Vetado). nar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente,
§ 1º A rescisão administrativa ou amigável deverá ser dentro do prazo estabelecido pela Administração, caracteri-
precedida de autorização escrita e fundamentada da auto- za o descumprimento total da obrigação assumida, sujeitan-
ridade competente. do-o às penalidades legalmente estabelecidas.
§ 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, aos licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o desta
será este ressarcido dos prejuízos regularmente comprova- Lei, que não aceitarem a contratação, nas mesmas condições
dos que houver sofrido, tendo ainda direito a: propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao
I - devolução de garantia; prazo e preço.
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até
a data da rescisão; Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos
III - pagamento do custo da desmobilização. em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frus-
§ 3º (Vetado). trar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas
§ 4º (Vetado). nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das res-
§ 5º Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação ponsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar.
do contrato, o cronograma de execução será prorrogado
automaticamente por igual tempo. Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que sim-
plesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando servi-
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo an- dores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo,
terior acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo das emprego, função ou mandato eletivo.
sanções previstas nesta Lei:
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta
local em que se encontrar, por ato próprio da Administração; Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipa- remuneração, cargo, função ou emprego público.
mentos, material e pessoal empregados na execução do con- § 1º Equipara-se a servidor público, para os fins desta
trato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
do art. 58 desta Lei; paraestatal, assim consideradas, além das fundações, em-
III - execução da garantia contratual, para ressarcimento presas públicas e sociedades de economia mista, as de-
da Administração, e dos valores das multas e indenizações mais entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder
a ela devidos; Público.
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o § 2º A pena imposta será acrescida da terça parte,
limite dos prejuízos causados à Administração. quando os autores dos crimes previstos nesta Lei forem
§ 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e ocupantes de cargo em comissão ou de função de confian-
II deste artigo fica a critério da Administração, que poderá ça em órgão da Administração direta, autarquia, empresa
dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta pública, sociedade de economia mista, fundação pública,
ou indireta. ou outra entidade controlada direta ou indiretamente pelo
§ 2º É permitido à Administração, no caso de concor- Poder Público.
data do contratado, manter o contrato, podendo assumir o
controle de determinadas atividades de serviços essenciais. Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem
§ 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deve- às licitações e aos contratos celebrados pela União, Estados,
rá ser precedido de autorização expressa do Ministro de Distrito Federal, Municípios, e respectivas autarquias, em-
Estado competente, ou Secretário Estadual ou Municipal, presas públicas, sociedades de economia mista, fundações
conforme o caso. públicas, e quaisquer outras entidades sob seu controle di-
§ 4º A rescisão de que trata o inciso IV do artigo ante- reto ou indireto.
rior permite à Administração, a seu critério, aplicar a medi-
da prevista no inciso I deste artigo. Seção II
Das Sanções Administrativas

Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato


sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista
no instrumento convocatório ou no contrato.

82
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º A multa a que alude este artigo não impede que a Seção III
Administração rescinda unilateralmente o contrato e apli- Dos Crimes e das Penas
que as outras sanções previstas nesta Lei.
§ 2º A multa, aplicada após regular processo adminis- Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóte-
trativo, será descontada da garantia do respectivo contra- ses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades
tado. pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
§ 3º Se a multa for de valor superior ao valor da garan- Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
tia prestada, além da perda desta, responderá o contratado Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que,
pela sua diferença, a qual será descontada dos pagamen- tendo comprovadamente concorrido para a consumação da
tos eventualmente devidos pela Administração ou ainda, ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ile-
quando for o caso, cobrada judicialmente. gal, para celebrar contrato com o Poder Público.

Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina-
Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao ção ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do
contratado as seguintes sanções: procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou
I - advertência; para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto
II - multa, na forma prevista no instrumento convocató- da licitação:
rio ou no contrato; Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
III - suspensão temporária de participação em licitação
e impedimento de contratar com a Administração, por prazo Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
não superior a 2 (dois) anos; privado perante a Administração, dando causa à instaura-
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contra- ção de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalida-
tar com a Administração Pública enquanto perdurarem os ção vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
motivos determinantes da punição ou até que seja promovi- multa.
da a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou
a penalidade, que será concedida sempre que o contratado Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer
ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual,
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos
anterior. celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no
§ 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garan- ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumen-
tia prestada, além da perda desta, responderá o contratado tos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da
pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o dispos-
eventualmente devidos pela Administração ou cobrada ju- to no art. 121 desta Lei:
dicialmente. Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
§ 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado
artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso que, tendo comprovadamente concorrido para a consuma-
II, facultada a defesa prévia do interessado, no respectivo ção da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se bene-
processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. ficia, injustamente, das modificações ou prorrogações con-
§ 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é tratuais.
de competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secre-
tário Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de qualquer ato de procedimento licitatório:
10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação. (Vide art multa.
109 inciso III)
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo
anterior poderão também ser aplicadas às empresas ou aos de devassá-lo:
profissionais que, em razão dos contratos regidos por esta Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Lei:
I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de
por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quais- violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vanta-
quer tributos; gem de qualquer tipo:
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
objetivos da licitação; além da pena correspondente à violência.
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abs-
com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados. tém ou desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida.

83
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licita- Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária
ção instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercado- da pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplican-
rias, ou contrato dela decorrente: do-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código
I - elevando arbitrariamente os preços; de Processo Penal.
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
falsificada ou deteriorada; Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o
III - entregando uma mercadoria por outra; prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escrita,
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da contado da data do seu interrogatório, podendo juntar do-
mercadoria fornecida; cumentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número não
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que pretenda
onerosa a proposta ou a execução do contrato: produzir.
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da defe-
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com em- sa e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou ordena-
presa ou profissional declarado inidôneo: das pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5 (cinco)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. dias a cada parte para alegações finais.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, de-
clarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Admi- Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos den-
nistração. tro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias para
proferir a sentença.
Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no pra-
promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancela- zo de 5 (cinco) dias.
mento de registro do inscrito:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 108. No processamento e julgamento das infrações
penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos e nas
Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 des- execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão, subsidiaria-
ta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença mente, o Código de Processo Penal e a Lei de Execução Penal.
e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá
ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente Capítulo V
auferível pelo agente. DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
§ 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão
ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da apli-
(cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado cação desta Lei cabem:
com dispensa ou inexigibilidade de licitação. I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da
§ 2º O produto da arrecadação da multa reverterá, con- intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
forme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Mu- a) habilitação ou inabilitação do licitante;
nicipal. b) julgamento das propostas;
c) anulação ou revogação da licitação;
Seção IV d) indeferimento do pedido de inscrição em registro ca-
Do Processo e do Procedimento Judicial dastral, sua alteração ou cancelamento;
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art.
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pú- 79 desta Lei;
blica incondicionada, cabendo ao Ministério Público promovê-la. f) aplicação das penas de advertência, suspensão tempo-
rária ou de multa;
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efei- II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da inti-
tos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, fornecendo- mação da decisão relacionada com o objeto da licitação ou do
-lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem contrato, de que não caiba recurso hierárquico;
como as circunstâncias em que se deu a ocorrência. III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro de
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso,
mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo apre- na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de 10 (dez)
sentante e por duas testemunhas. dias úteis da intimação do ato.
§ 1º A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que co- «a», «b», «c» e «e», deste artigo, excluídos os relativos a ad-
nhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou vertência e multa de mora, e no inciso III, será feita mediante
Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes publicação na imprensa oficial, salvo para os casos previstos
do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes veri- nas alíneas «a» e «b», se presentes os prepostos dos licitan-
ficarem a existência dos crimes definidos nesta Lei, remeterão tes no ato em que foi adotada a decisão, quando poderá
ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ser feita por comunicação direta aos interessados e lavrada
ao oferecimento da denúncia. em ata.

84
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º O recurso previsto nas alíneas «a» e «b» do inciso Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos con-
I deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade tratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito
competente, motivadamente e presentes razões de inte- pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação
resse público, atribuir ao recurso interposto eficácia sus- pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração
pensiva aos demais recursos. responsáveis pela demonstração da legalidade e regularida-
§ 3º Interposto, o recurso será comunicado aos demais de da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem
licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cinco) prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.
dias úteis. § 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou
§ 4º O recurso será dirigido à autoridade superior, por jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos
intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá órgãos integrantes do sistema de controle interno contra
reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do dis-
ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente infor- posto neste artigo.
mado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro § 2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do
do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento sistema de controle interno poderão solicitar para exame,
até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimen-
do recurso, sob pena de responsabilidade.
to das propostas, cópia de edital de licitação já publicado,
§ 5º Nenhum prazo de recurso, representação ou pedi-
obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração in-
do de reconsideração se inicia ou corre sem que os autos
teressada à adoção de medidas corretivas pertinentes que,
do processo estejam com vista franqueada ao interessado. em função desse exame, lhes forem determinadas.
§ 6º Em se tratando de licitações efetuadas na modali-
dade de «carta convite» os prazos estabelecidos nos inci- Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a
sos I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser pro-
úteis. cedida sempre que o objeto da licitação recomende análise
mais detida da qualificação técnica dos interessados.
Capítulo VI § 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS será feita mediante proposta da autoridade competente,
aprovada pela imediatamente superior.
Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta § 2º Na pré-qualificação serão observadas as exigên-
Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimen- cias desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos in-
to, e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando teressados, ao procedimento e à analise da documentação.
for explicitamente disposto em contrário.
Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos re- Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir
feridos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na normas relativas aos procedimentos operacionais a serem
entidade. observados na execução das licitações, no âmbito de sua
competência, observadas as disposições desta Lei.
Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo,
premiar ou receber projeto ou serviço técnico especializado após aprovação da autoridade competente, deverão ser pu-
desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele re- blicadas na imprensa oficial.
lativos e a Administração possa utilizá-lo de acordo com o
previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para sua Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
elaboração. couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos
Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra congêneres celebrados por órgãos e entidades da Adminis-
tração.
imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a
§ 1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos
cessão dos direitos incluirá o fornecimento de todos os da-
órgãos ou entidades da Administração Pública depende de
dos, documentos e elementos de informação pertinentes à
prévia aprovação de competente plano de trabalho pro-
tecnologia de concepção, desenvolvimento, fixação em su- posto pela organização interessada, o qual deverá conter,
porte físico de qualquer natureza e aplicação da obra. no mínimo, as seguintes informações:
I - identificação do objeto a ser executado;
Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a mais II - metas a serem atingidas;
de uma entidade pública, caberá ao órgão contratante, pe- III - etapas ou fases de execução;
rante a entidade interessada, responder pela sua boa execu- IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
ção, fiscalização e pagamento. V - cronograma de desembolso;
§ 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem
da qual, nos termos do edital, decorram contratos adminis- assim da conclusão das etapas ou fases programadas;
trativos celebrados por órgãos ou entidades dos entes da VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de enge-
Federação consorciados. nharia, comprovação de que os recursos próprios para com-
§ 2º É facultado à entidade interessada o acompanha- plementar a execução do objeto estão devidamente assegu-
mento da licitação e da execução do contrato. rados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre
a entidade ou órgão descentralizador.

85
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º Assinado o convênio, a entidade ou órgão repas- Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas e
sador dará ciência do mesmo à Assembleia Legislativa ou à fundações públicas e demais entidades controladas direta
Câmara Municipal respectiva. ou indiretamente pela União e pelas entidades referidas no
§ 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estrita artigo anterior editarão regulamentos próprios devidamen-
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto te publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei.
nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este
saneamento das impropriedades ocorrentes: artigo, no âmbito da Administração Pública, após aprova-
I - quando não tiver havido comprovação da boa e dos pela autoridade de nível superior a que estiverem vincu-
regular aplicação da parcela anteriormente recebida, na lados os respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão
forma da legislação aplicável, inclusive mediante proce- ser publicados na imprensa oficial.
dimentos de fiscalização local, realizados periodicamente
pela entidade ou órgão descentralizador dos recursos ou Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser
pelo órgão competente do sistema de controle interno da
anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os
Administração Pública;
fará publicar no Diário Oficial da União, observando como
II - quando verificado desvio de finalidade na aplica-
limite superior a variação geral dos preços do mercado, no
ção dos recursos, atrasos não justificados no cumprimento
período.
das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias aos
princípios fundamentais de Administração Pública nas con-
tratações e demais atos praticados na execução do convê- Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações
nio, ou o inadimplemento do executor com relação a outras instauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua
cláusulas conveniais básicas; vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágrafos
III - quando o executor deixar de adotar as medidas 1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim
saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos recur- o disposto no “caput” do art. 5o, com relação ao pagamen-
sos ou por integrantes do respectivo sistema de controle to das obrigações na ordem cronológica, podendo esta ser
interno. observada, no prazo de noventa dias contados da vigência
§ 4º Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, desta Lei, separadamente para as obrigações relativas aos
serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de pou- contratos regidos por legislação anterior à Lei no 8.666, de
pança de instituição financeira oficial se a previsão de seu 21 de junho de 1993.
uso for igual ou superior a um mês, ou em fundo de apli- Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do
cação financeira de curto prazo ou operação de mercado patrimônio da União continuam a reger-se pelas disposi-
aberto lastreada em títulos da dívida pública, quando a ções do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946,
utilização dos mesmos verificar-se em prazos menores com suas alterações, e os relativos a operações de crédito
que um mês. interno ou externo celebrados pela União ou a concessão
§ 5º As receitas financeiras auferidas na forma do pa- de garantia do Tesouro Nacional continuam regidos pela
rágrafo anterior serão obrigatoriamente computadas a legislação pertinente, aplicando-se esta Lei, no que couber.
crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no ob-
jeto de sua finalidade, devendo constar de demonstrati- Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-se-
vo específico que integrará as prestações de contas do -á procedimento licitatório específico, a ser estabelecido no
ajuste. Código Brasileiro de Aeronáutica.
§ 6º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou ex-
tinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financei- Art. 123. Em suas licitações e contratações adminis-
ros remanescentes, inclusive os provenientes das receitas
trativas, as repartições sediadas no exterior observarão as
obtidas das aplicações financeiras realizadas, serão devol-
peculiaridades locais e os princípios básicos desta Lei, na
vidos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no
forma de regulamentação específica.
prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob
pena da imediata instauração de tomada de contas espe-
cial do responsável, providenciada pela autoridade com- Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para
petente do órgão ou entidade titular dos recursos. permissão ou concessão de serviços públicos os dispositivos
desta Lei que não conflitem com a legislação específica so-
Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações rea- bre o assunto.
lizados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a
do Tribunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no IV do § 2o do art. 7o serão dispensadas nas licitações para
que couber, nas três esferas administrativas. concessão de serviços com execução prévia de obras em que
não foram previstos desembolso por parte da Administra-
Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios ção Pública concedente.
e as entidades da administração indireta deverão adap-
tar suas normas sobre licitações e contratos ao disposto Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
nesta Lei. cação.

86
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, es- Elementos e natureza jurídica do controle
pecialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de novembro
de 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de se- Segundo Carvalho Filho47, dois são os elementos bá-
tembro de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de 1991, e sicos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscalização
o art. 83 da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966. e a revisão são os elementos básicos do controle. A fis-
calização consiste no poder de verificação que se faz so-
Brasília, 21 de junho de 1993, 172º da Independência e bre a atividade dos órgãos e dos agentes administrativos,
105º da República. bem como em relação à finalidade pública que deve servir
de objetivo para a Administração. A revisão é o poder de
corrigir as condutas administrativas, seja porque tenham
6 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO vulnerado normas legais, seja porque haja necessidade de
PÚBLICA. 6.1 CONTROLE EXERCIDO PELA alterar alguma linha das políticas administrativas para que
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 6.2 CONTROLE melhor seja atendido o interesse coletivo”.
JUDICIAL. 6.3 CONTROLE LEGISLATIVO. Para o autor, a natureza jurídica do controle é de prin-
cípio fundamental da administração pública, conforme
teor do próprio Decreto-lei nº 200/1967, que assegura
Controle da Administração Pública é o exercício de vi- também que o controle deve ser exercido em todos níveis
gilância, orientação e revisão sobre a conduta funcional, e em todos órgãos.
exercido por um poder, órgão ou autoridade pública com
relação a outro. Classificação das formas de controle
“O controle do Estado pode ser exercido através de duas
formas distintas, que merecem ser desde logo diferenciadas. “O poder-dever de controle é exercitável por todos os
De um lado, temos o controle político, aquele que tem por Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade
base a necessidade de equilíbrio entre os Poderes estruturais administrativa (vale lembrar, há atividade administrativa
da República – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Nes- em todos os Poderes) e abrangendo todos os seus agen-
se controle, cujo delineamento se encontra na Constituição, tes. Por esse motivo, diversas são as formas pelas quais o
pontifica o sistema de freios e contrapesos, nele se estabele- controle se exercita, sendo, destarte, inúmeras as denomi-
cendo normas que inibem o crescimento de qualquer um de- nações adotadas” 48.
les em detrimento de outro e que permitem a compensação
de eventuais pontos de debilidade de um para não deixá-lo
Conforme o âmbito da administração
sucumbir à força de outro. São realmente freios e contrape-
sos dos Poderes políticos. [...] O que ressalta de todos esses a) Por subordinação: exercido por meio dos patama-
casos é a demonstração do caráter que tem o controle políti- res de hierarquia dentro da mesma Administração. Trata-se
co: seu objetivo é a preservação e o equilíbrio das instituições de controle tipicamente interno.
democráticas do país. O controle administrativo tem li- b) Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual são
nhas diversas. Nele não se procede a nenhuma medida para atribuídos poderes de fiscalização e revisão em relação a
estabilizar poderes políticos, mas, ao contrário, se pretende pessoa diversa. Trata-se de controle tipicamente externo.
alvejar os órgãos incumbidos de exercer uma das funções
do Estado – a função administrativa. Enquanto o controle Conforme a iniciativa
político se relaciona com as instituições políticas, o controle a) De ofício: executado pela própria Administração
administrativo é direcionado às instituições administrativas. quando está regularmente exercendo as suas funções. Afi-
[...] Podemos denominar de controle da Administração Públi- nal, a Administração tem a prerrogativa da autotutela, que
ca o conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos a permite invalidar ou revogar suas condutas de ofício (sú-
por meio dos quais se exerce o poder de fiscalização e mulas 346 e 473, STF).
de revisão da atividade administrativa em qualquer das b) Provocado: ocorre mediante provocação de tercei-
esferas de Poder”45. ro, postulando a revisão do ato administrativo dito ilegal
O princípio da legalidade e o princípio das políticas ou inconveniente.
administrativas, juntos, fundamentam o Controle da Ad-
ministração Pública. Neste sentido, “mais precisamente, a
Conforme a origem ou a extensão do controle
ideia central, quando se fala em controle da Administração
Pública, reside no fato de que o titular do patrimônio pú- a) Controle interno: é aquele realizado pelas autori-
blico (material e imaterial) é o povo, e não a Administração, dades no âmbito do próprio órgão ou entidade em que
razão pela qual ela se sujeita, em toda a sua atuação, sem atuam no âmbito da administração. Exemplo: chefe que
qualquer exceção, ao princípio da indisponibilidade do in- na repartição controla os seus subordinados; corregedoria
teresse público”46. que faz inspeção em um fórum.
45 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito 47 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito
Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
46 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Admi- 48 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Admi-
nistrativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. nistrativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

87
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Basicamente, sempre se está diante de controle interno - Controle ou Supervisão Ministerial: aplicável nas en-
quando um Poder exerce controle sobre ele mesmo, isto tidades de administração indireta vinculadas a um Ministé-
é, Judiciário fiscalizando Judiciário, Legislativo fiscalizando rio, não havendo subordinação;
Legislativo e Executivo fiscalizando Executivo. - Recursos Administrativos: serve para provocar o reexa-
Quando, no exercício do controle interno, uma auto- me do ato administrativo pela própria Administração Pública.
ridade ocultar uma irregularidade ou ilegalidade da enti- - Direito de petição: é um direito fundamental con-
dade responsável pelo controle externo, notadamente um ferido a toda pessoa de defender seus direitos e noticiar
Tribunal de Contas, haverá responsabilidade solidária entre ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV, CF). Pode ser exer-
a autoridade que praticou a ocultação e a autoridade que cido por diversas vias, como representação (denúncia de
praticou o ilícito. irregularidade perante a Administração, Tribunal de Con-
b) Controle externo: é aquele realizado por um Poder tas ou outro órgão de controle), reclamação administrativa
que é diferente do Poder fiscalizado, exteriorizando um sis- (oposição expressa a ato administrativo que ofenda direito
tema de freios e contrapesos. É o caso do controle de atos ou interesse legítimo, podendo ser interposta perante o
do Executivo por decisões do Poder Judiciário, ou mesmo Supremo Tribunal Federal se o ato administrativo contra-
da sustação de ato normativo do Executivo pelo Legislativo, riar súmula vinculante), pedido de reconsideração (solici-
além do julgamento de contas do Presidente da Repúbli- tação de mudança da decisão pela própria autoridade que
ca pelo Congresso Nacional, e de auditorias do Tribunal de praticou um ato), recurso hierárquico próprio (solicitação
Contas da União quanto ao Executivo federal. de mudança da decisão por autoridade hierarquicamente
c) Controle externo popular: realizado pelo contri- superior àquela que praticou o ato), recurso hierárquico
buinte pelo acesso das contas públicas (artigo 31, §3º, CF; impróprio (solicitação de mudança da decisão por autori-
artigo 74, §2º, CF). dade diversa, com competência especificada em lei, porém
não hierarquicamente superior àquela que praticou o ato),
Conforme o momento a ser exercido revisão (solicitação de alteração em punição aplicada pela
a) Controle prévio ou preventivo: exercido antes do Administração no exercício do poder disciplinar diante do
início da prática ou antes da conclusão do ato administra- surgimento de fatos novos).
tivo. - Controle social: é aquele exercido pela própria socie-
b) Controle concomitante: exercido durante a realiza- dade, em demanda emanada de grupos sociais, no exer-
ção do ato, verificando a sua validade enquanto ele é pra- cício da atividade democrática que tem amparo constitu-
ticado. cional notadamente na garantia pelo artigo 37, §3º, CF de
c) Controle posterior ou corretivo: busca rever os atos edição de lei que regule formas de participação do usuário
já praticados, corrigindo, desfazendo ou confirmando. En- na administração direta e indireta. Entre as formas que já
volve atos como os de aprovação, homologação, anulação, são trazidas por algumas leis, como a Lei nº 9.784/1999
revogação ou convalidação. sobre o processo administrativo federal, estão as audiên-
cias e consultas públicas. Neste âmbito do controle social, é
Conforme a amplitude ou a natureza do controle possível fixar uma divisão entre controle natural, feito pela
a) Controle de legalidade: verifica se o ato foi pratica- população em si, e controle institucional, feito por órgãos
do em conformidade com a lei. O controle pode ser interno em atuação por legitimidade extraordinária, como o Minis-
ou externo. O resultado final é a confirmação ou a rejeição tério Público e a Defensoria Pública.
do ato, anulando-o.
b) Controle de mérito: visa verificar a oportunidade e a Recurso de administração
conveniência administrativas do ato controlado. Trata-se do Recursos administrativos são meios hábeis que podem
controle sobre a atuação discricionária da Administração Pú- ser utilizados para provocar o reexame do ato administra-
blica, mantendo-o ou revogando-o. Diz-se que o Judiciário tivo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Conforme
não pode fazer este controle, o que é verdade, em termos: o conceitua Carvalho Filho49, “são os meios formais de con-
Judiciário não pode controlar a atividade discricionária que trole administrativo, através dos quais o interessado postu-
é legítima, mas se ela exceder parâmetros de razoabilidade la, junto a órgãos da Administração, a revisão de determi-
e proporcionalidade pode fazê-lo. Nesta questão se insere a nado ato administrativo”. É necessário, para recorrer, que
polêmica sobre o controle judicial de políticas públicas. o interessado tenha tido a sua pretensão contrariada pela
administração, logo, é da essência do recurso a manifesta-
É o controle exercido pela Administração quanto aos ção de inconformismo, retratando ilegalidade ou abuso
seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder Execu- do poder público.
tivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário quanto Os principais recursos de administração são os seguin-
aos seus próprios atos, tanto no que tange à legalidade tes: representação, em que se faz denúncia de irregulari-
quanto em relação à conveniência. É sempre um controle dades feita perante o poder público; reclamação, em que
interno, que deriva do poder-dever de autotutela. há oposição expressa a atos da administração que afetam
Entre os meios de controle, destacam-se: direitos ou interesses legítimos do interessado; pedido de
- Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é ine- reconsideração, em que se solicita reexame à mesma au-
rente ao poder hierárquico, ocorrendo o exercício dos ór- 49 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito
gãos superiores em relação aos inferiores; Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

88
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

toridade que praticou o ato; recurso hierárquico próprio, Último ponto que se coloca tange à coisa julgada ad-
que se dirige à autoridade ou instância superior do mesmo ministrativa, que basicamente é uma “situação jurídica
órgão administrativo em que foi praticado o ato; recurso pela qual determinada decisão firmada pela Administra-
hierárquico impróprio, que se dirige à autoridade ou ór- ção não mais pode ser modificada na via administrativa”50,
gão estranho à repartição que expediu o ato recorrido, mas embora o possa na via judicial; diferenciando-se da coisa
com competência julgadora expressa; e revisão, em que se julgada jurisdicional, cujo caráter definitivo impede a redis-
busca a alteração de punição aplicada pela Administração cussão da matéria em qualquer via.
no exercício do poder disciplinar diante do surgimento de
fatos novos, abrindo-se novo processo. Reclamação
Outra classificação relevante é a que separa os recursos Segundo Di Pietro51, “a reclamação administrativa é o
mencionados em duas categorias: recursos incidentais, ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor
que são interpostos quando o processo administrativo está público, deduz uma pretensão perante a Administração
em curso e o inconformismo é contra um ato nele praticado Pública, visando obter o reconhecimento de um direito ou
(enquadram-se aqui o pedido de reconsideração, o recur- a correção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça de
so hierárquico próprio e o recurso hierárquico impróprio); lesão”.
recursos deflagradores ou autônomos, que são aqueles A primeira referência à reclamação no ordenamento
que formalizam a própria abertura de processo (enqua- está no Decreto nº 20.910/1932, que fixa o prazo de 1 ano
dram-se aqui a reclamação, a representação e a revisão). para que ocorra a prescrição:

Vale apontar sobre os efeitos dos recursos administra- Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição a de-
tivos: em regra, terão apenas efeito devolutivo, pois os mora do titular do direito ou do crédito ou do seu represen-
atos administrativos têm em seu favor a presunção de le- tante em prestar os esclarecimentos que lhe forem reclama-
gitimidade; excepcionalmente, caso concedido pela autori- dos ou o fato de não promover o andamento do feito judicial
dade competente, terá efeito suspensivo. Vale destacar que ou do processo administrativo durante os prazos respectiva-
caso o recurso tenha efeito suspensivo, também o prazo mente estabelecidos para extinção do seu direito à ação ou
prescricional ficará suspenso, enquanto que se o efeito for reclamação.
apenas devolutivo irá continuar correndo.
Art. 6º O direito à reclamação administrativa, que
Súmula 429, STF. A existência de recurso administrativo não tiver prazo fixado em disposição de lei para ser formu-
com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de lada, prescreve em um ano a contar da data do ato ou fato
segurança contra omissão da autoridade. do qual a mesma se originar.

Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que Entretanto, a reclamação se torna um instrumento mais
nada impede o uso simultâneo das esferas administrati- usual com a fixação em lei da possibilidade de sua apresen-
va e judicial, considerando que são independentes entre tação ao Supremo Tribunal Federal se o ato administrativo
si. Aliás, apenas existem duas hipóteses em que o esgo- contrariar súmula vinculante. As hipóteses de reclamação
tamento dos recursos administrativos é imposto: trata- são ampliadas pelo Código de Processo Civil de 2015:
-se de demanda perante a justiça desportiva, conforme
o artigo 217, §1º, CF; se ocorre contrariedade de súmula Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do
vinculante na via administrativa e o administrado pretende Ministério Público para:
invoca-la mediante reclamação, conforme artigo 7º, §1º, I - preservar a competência do tribunal;
Lei nº 11.417/2006. Em todos os demais casos, tal exigên- II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
cia é proibida. III – garantir a observância de enunciado de súmula vin-
Outra questão que merece ser abordada no campo dos culante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em con-
recursos administrativos é a da reformatio in pejus, ou trole concentrado de constitucionalidade;
seja, da reforma da decisão tomada pela administração de IV – garantir a observância de acórdão proferido em jul-
modo a agravar a situação do administrado. Devido a pre- gamento de incidente de resolução de demandas repetitivas
visão expressa na Lei nº 9.784/1999, a reformatio in pejus ou de incidente de assunção de competência;
em recurso administrativo modificando a decisão recorri- § 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer
da é permitida, mas o recorrente deverá ter oportunidade tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional
de manifestar-se antes dele ocorrer; já em se tratando de cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se
reformatio in pejus em processo de revisão, há vedação. pretenda garantir.
Quanto à possibilidade de gravame na primeira hipótese, a § 2o A reclamação deverá ser instruída com prova docu-
doutrina afirma que apenas é permitida a reformatio in pe- mental e dirigida ao presidente do tribunal.
jus caso o ato inferior tenha sido praticado em desconfor-
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito
midade com a lei, considerados critérios objetivos, sendo
50
Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
assim proibida a reformatio in pejus caso seja feita apenas 51 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.
nova avaliação subjetiva. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada e dis- Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen-
tribuída ao relator do processo principal, sempre que possível. temente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos
§ 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a apli- Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
cação indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos casos ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em reparti-
que a ela correspondam. ções públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
§ 5º É inadmissível a reclamação: situações de interesse pessoal.
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão re-
clamada; O direito de petição deve resultar em uma manifesta-
II – proposta para garantir a observância de acórdão de ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo
ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraor- de delimitação dos direitos e obrigações que regulam a
dinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as ins- vida social e, desta maneira, quando “dificulta a aprecia-
tâncias ordinárias. ção de um pedido que um cidadão quer apresentar” (mui-
§ 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso in- tas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora
terposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado para responder aos pedidos formulados” (administrativa e,
não prejudica a reclamação. principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou
condições para a formulação de petição”, traz a chamada
Art. 989.  Ao despachar a reclamação, o relator: insegurança jurídica, que traz desesperança e faz proliferar
I - requisitará informações da autoridade a quem for as desigualdades e as injustiças.
imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
prazo de 10 (dez) dias; exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
do ato impugnado para evitar dano irreparável; núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
III - determinará a citação do beneficiário da decisão im- na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
pugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
a sua contestação. gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
certidões ser dissociado do direito de petição.
Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recurso
Art. 990.  Qualquer interessado poderá impugnar o pe-
hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio deno-
dido do reclamante.
ta-se que o processo administrativo ainda está em curso,
pois uma autoridade tomou uma decisão administrativa
Art. 991.  Na reclamação que não houver formulado, o
da qual se pretende recorrer (logo, trata-se de recurso in-
Ministério Público terá vista do processo por 5 (cinco) dias,
cidental). A diferença entre as três modalidades está na
após o decurso do prazo para informações e para o ofereci-
autoridade que apreciará o pedido de alteração da decisão
mento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado.
administrativa.
No pedido de reconsideração, será a própria autori-
Art. 992.  Julgando procedente a reclamação, o tribunal dade que praticou um ato, reconsiderando nestes moldes
cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará a decisão que foi tomada.
medida adequada à solução da controvérsia. No recurso hierárquico próprio, será a autoridade
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato, tra-
Art. 993.  O presidente do tribunal determinará o ime- tando-se de clássico exercício do poder hierárquico ineren-
diato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão pos- te à estrutura escalonada da administração. Esta é a forma
teriormente. típica de se recorrer da decisão administrativa.
No recurso hierárquico impróprio, será autoridade
Logo, a reclamação é uma forma bastante diferenciada diversa, com competência especificada em lei, porém
de controle da administração porque é exercido tipicamen- não hierarquicamente superior àquela que praticou o ato.
te por órgão externo sem superioridade hierárquica, nota- Na verdade, a reclamação administrativa perante o STF
damente, tribunal que componha o Poder Judiciário. Por pode ser enquadrada nesta categoria.
isso, autores como Carvalho Filho52 afirmam que se trata
mais de controle jurisdicional do que de controle adminis- Prescrição administrativa
trativo. Significa perda de prazo para apresentar uma preten-
são perante a Administração. No caso, o administrado não
Pedido de reconsideração e recurso hierárquico perde o direito, o que ocorre na decadência, mas sim a pre-
próprio e impróprio tensão de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos de perda de
Todos são espécies do gênero direito de petição, que prazo para recorrer de decisão tomada ou revisá-la (pres-
confere o direito fundamental de toda pessoa buscar pe- crição correndo contra o administrado e a favor da admi-
rante a administração a alteração de um ato administrativo nistração, convalidando seus atos), caso em que se segue a
ou representar a prática de ato ilegal ou abusivo. regra da prescrição quinquenal (5 anos) prevista no artigo
52 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 1º do Decreto nº 20.910; ou na hipótese de perda do prazo
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. para o exercício do poder punitivo (prescrição correndo a

90
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

favor do administrado e contra a administração, que não Quanto à responsabilização daquele que emitiu o pa-
mais poderá aplicar a punição), que é a típica prescrição recer, deverá ser considerada a natureza do parecer para
administrativa, e de perda de prazo para que seja adotada determinar se há ou não responsabilidade solidária. No
determinada providência administrativa (prescrição cor- caso em que o parecer não vincula o administrador, po-
rendo a favor do administrado e contra a administração, dendo este praticar o ato seguindo ou não o posiciona-
que não mais poderá anular seus próprios atos dos quais mento defendido e sugerido por quem emitiu o parecer,
decorram efeitos benéficos aos administrados, salvo prova este não pode ser considerado responsável solidariamente
de má-fé). com o agente que possui a competência e atribuição para
- Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº 9.873/1999); o ato administrativo decisório. Contudo, no caso de pare-
- Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5 cer vinculante, há responsabilidade solidária53.
anos (infração grave), 2 anos (infração média) ou 180 dias O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre os
(infração leve), a contar do conhecimento de sua prática atos administrativos praticados pelo Poder Executivo, pelo
(Lei nº 8.112/1990); Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciário, quan-
- Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei do realiza atividades administrativas. Por ele, é possível
nº 9.784/1999). se decretar a anulação de um ato. Não cabe a revogação,
porque significaria análise de mérito, que o Judiciário não
Representação e reclamação administrativas pode fazer.
As representações e as reclamações administrativas “O controle judicial sobre atos da Administração é ex-
são ambas formas de se exercer o direito de petição (art. clusivamente de legalidade. Significa dizer que o Judiciá-
5º, XXXIV, CF). Em sentido genérico são, ao lado dos recur- rio tem o poder de confrontar qualquer ato administrativo
sos hierárquicos e do pedido de representação, espécies de com a lei ou com a Constituição e verificar se há ou não
recursos administrativos, mas que se diferenciam daqueles compatibilidade normativa. Se o ato for contrário à lei ou
por serem autônomos e não incidentais. à Constituição, o Judiciário declarará a sua invalidação de
Assim, trata-se de exercício deste direito de forma ori- modo a não permitir que continue produzindo efeitos ilíci-
ginária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrativo
tos. [...] O que é vedado ao Judiciário, como correntemente
ilegal ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo ad-
têm decidido os Tribunais, é apreciar o que se denomina
ministrado. Será a primeira vez que a estão será levada à
normalmente de mérito administrativo, vale dizer, a ele é
administração para a devida apreciação.
interditado o poder de reavaliar os critérios de conve-
Na representação é feita uma denúncia de irregula-
niência e oportunidade dos atos, que são privativos do
ridade, ilegalidade ou abuso de poder perante a Admi-
administrador público”, sob pena de se violar a cláusula
nistração, Tribunal de Contas ou outro órgão de controle,
fundamental da separação dos Poderes54.
como o Ministério Público.
Na reclamação administrativa se dá uma oposição ex- Quanto ao momento em que o controle judicial deve-
pressa a ato administrativo que ofenda direito ou interesse rá ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma posterior,
legítimo. quando os atos administrativos já estão produzindo efeitos
no mundo jurídico. Em situações excepcionais o controle
Responsabilidades do parecerista e do administra- pode ser prévio, por exemplo, quando a lei autoriza a con-
dor público pelas manifestações exaradas cessão de liminar diante de fumus boni iuris e periculum in
Para entender a controvérsia, basta pensar que se, por mora.
um lado, se os atos administrativos são apenas aqueles que Existem atos que se sujeitam a controle especial, são
exteriorizam uma declaração de vontade do Estado, esta- eles:
riam em regra excluídos os atos de juízo, conhecimento e a) Atos políticos: não são atos tipicamente adminis-
opinião; por outro lado, se os atos administrativos abran- trativos, mas verdadeiros atos de governo, emanados da
gem toda declaração do Estado, teoricamente poderiam cúpula política do país, no exercício de competências or-
ser englobados os atos de juízo, conhecimento e opinião. ganizacionais-administrativas constitucionais. A peculia-
Os pareceres nada mais são do que atos que exteriorizam ridade é que o Judiciário não pode controlar os critérios
juízos, conhecimentos ou opiniões. governamentais que direcionam a edição de atos políticos.
É possível classificar os pareceres em: parecer faculta- Contudo, o controle de legalidade e o controle de consti-
tivo, quando faculta algo a alguém (geralmente autoridade tucionalidade são possíveis.
superior a inferior), não sendo obrigatória nem a sua soli- b) Atos legislativos típicos: todos os atos que ema-
citação e nem que se siga a opinião emanada; parecer téc- nam do Poder Legislativo com caráter genérico, abstrato e
nico, que se diferencia do facultativo apenas no aspecto de geral são passíveis de controle. Entretanto, se trata de con-
emanar de um agente especializado, com habilidade técni- trole de constitucionalidade, que se sujeita a regras especí-
ca específica, sem relação de hierarquia; parecer obrigató- ficas. O sistema brasileiro adota duas vias de realização de
rio, cuja lei obriga a sua solicitação, mas não há obrigação
CRISTóVAM, José Sérgio da Silva; MICHELS, Charliane. O
em se seguir a opinião emanada; parecer normativo, cujo
53
parecer jurídico e a atividade administrativa: Aspectos destacados
caráter se torna genérico e abstrato como uma lei; parecer acerca da natureza jurídica, espécies e responsabilidade do pareceris-
vinculante, que nada mais é do que um parecer de solici- ta. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun. 2012.
tação obrigatória e cuja opinião necessariamente deve ser 54 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
seguida. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

91
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tal controle, a via da exceção, com caráter difuso, exercida de ameaça de violação ao direito de ir e vir, conferindo-se
incidentalmente sem ação específica; e a via da ação, com um “salvo conduto”, ou repressivo, para quando ameaça
caráter concentrado, exercida por meio de ações específi- já tiver se materializado. Legitimado ativo é qualquer pes-
cas – ação direta de inconstitucionalidade, ação direta de soa pode manejá-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem
constitucionalidade, arguição de descumprimento de pre- como o Ministério Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o
ceito fundamental. que ingressa com a ação e paciente é aquele que está sen-
c) Atos interna corporis: são os atos praticados dentro do vítima da restrição à liberdade de locomoção. As duas
da competência interna e exclusiva dos diversos órgãos do figuras podem se concentrar numa mesma pessoa. Legiti-
Legislativo e do Judiciário; por exemplo, as competências mado passivo é pessoa física, agente público ou privado.
de elaboração de regimentos internos. Como os atos são Está regulamentado nos artigos 647 a 667 do Código de
internos e exclusivos, não é possível fazer o controle sobre Processo Penal.
as razões que levaram à elaboração. Contudo, o controle d) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para pro-
de vícios de ilegalidade e de inconstitucionalidade é ple- teção do acesso a informações pessoais constantes de re-
namente válido. gistros ou bancos de dados de entidades governamentais
Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou (correção). Trata-se de ação constitucional que tutela o
ameaça a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofensa acesso a informações pessoais. Legitimado ativo é pessoa
a direitos dos administrados é passível de controle judicial. física, brasileira ou estrangeira, ou por pessoa jurídica, de
Ciente disso, o legislador cria inúmeros mecanismos espe- direito público ou privado, tratando-se de ação personalís-
cíficos para que tal controle seja realizado, como mandado sima – os dados devem ser a respeito da pessoa que a pro-
de segurança, ação popular, ação civil pública, mandado de põe. Legitimados passivos são entidades governamentais
injunção, habeas data, habeas corpus e as próprias ações da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas,
do controle de constitucionalidade. Entretanto, não se tra- bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi-
ta de rol taxativo de formas pelas quais é possível exercer cas privadas prestadores de serviços de interesse público
tais pretensões contra a Administração, porque em tese é que possuam dados relativos à pessoa do impetrante. Está
possível utilizar qualquer tipo de ação judicial que venha a regulado pela Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997.
socorrer adequadamente à inibição de violação ou ameaça e) Mandado de segurança individual (artigo 5º, LXIX,
a direito pela Administração. Sobre os meios específicos, CF): Trata-se de remédio constitucional com natureza sub-
aponta-se: sidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autori-
a) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento dade ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa,
de exercício direto da democracia, permitindo ao cidadão geradores de lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade
que busque a proteção da coisa pública, ou seja, que vise ou abuso de poder. São protegidos todos os direitos líqui-
assegurar a preservação dos interesses transindividuais. dos e certos à exceção da proteção de direitos humanos
Trata-se de ação constitucional, que visa anular ato lesivo
à liberdade de locomoção e ao acesso ou retificação de
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado par-
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
ticipe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
de registros ou bancos de dados de entidades governa-
patrimônio histórico e cultural. O legitimado ativo deve ser
mentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumen-
cidadão, ou seja, aquele nacional que esteja no pleno gozo
tos específicos. A natureza é de ação constitucional de na-
dos direitos políticos. O legitimado passivo é o ente da Ad-
tureza civil, independente da natureza do ato impugnado
ministração Pública, direta ou indireta, ou então a pessoa
(administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
jurídica que de algum modo lide com a coisa pública. A
Pode ser preventivo, quando se estiver na iminência de vio-
regulação está na Lei nº 4.717/65.
b) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca pro- lação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já
teger o patrimônio público e social, o meio ambiente e consumado o abuso/ilegalidade. Fundamenta-se na exis-
outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade ativa é tência de direito líquido e certo, que é aquele que pode
do Ministério Público, da Defensoria Pública, das pessoas ser demonstrado de plano mediante prova pré-constituída,
jurídicas da administração direta e indireta e de associação sem a necessidade de dilação probatória, isto devido à na-
constituída há pelo menos 1 ano em área de pertinência te- tureza célere e sumária do procedimento. A legitimidade
mática. A legitimidade passiva é de qualquer pessoa, física ativa é a mais ampla possível, abrangendo não só a pessoa
ou jurídica, que tenha cometido dano ou tenha colocado física como a jurídica, nacional ou estrangeira, residente ou
sob ameaça o patrimônio público e social, o meio ambien- não no Brasil, bem como órgãos públicos despersonaliza-
te e outros direitos difusos e coletivos. A regulação está na dos e universalidades/pessoas formais reconhecidas por
Lei nº 7.437/85. lei. Legitimado passivo é a autoridade coatora deve ser au-
c) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que ser- toridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
ve para proteger a liberdade de locomoção. Apenas serve à de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º,
lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. Trata-se de Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se autoridade
ação constitucional de cunho predominantemente penal, coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou
pois protege o direito de ir e vir e vai contra a restrição da qual emane a ordem para a sua prática”. Encontra-se re-
arbitrária da liberdade. Pode ser preventivo, para os casos gulamentada pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto de 2009.

92
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

f) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX, à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
CF): Visa a preservação ou reparação de direito líquido e subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Con-
certo relacionado a interesses transindividuais (individuais gresso Nacional, mediante controle externo, e pelo siste-
homogêneos ou coletivos), e devido à questão da legitimi- ma de controle interno de cada Poder.
dade ativa, pertencente a partidos políticos e determinadas Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil,
associações. Trata-se de ação constitucional de natureza ci- financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no que
vil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. A se refere a legalidade, legitimidade, economicidade, sub-
legitimidade ativa é de partido político com representação venções e renúncia de receitas.
no Congresso Nacional, bem como de organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e Tribunal de Contas da União
em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa O Tribunal de Contas da União é órgão integrante do
de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo no
interesses ou de seus membros. Encontra-se regulamenta- controle financeiro externo da Administração Pública. No
do pelo artigo 22 da Lei nº 12.016/09, que regulamenta o âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber,
mandado de segurança individual. aos respectivos Tribunais e Conselhos de Contas, as nor-
g) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os dois mas sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentária.
requisitos constitucionais para que seja proposto o manda- As atribuições de controle do Tribunal de Contas da
do de injunção são a existência de norma constitucional de União encontram-se descritas no artigo 71 da Constitui-
eficácia limitada que prescreva direitos, liberdades consti- ção, envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso Na-
tucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe- cional no controle externo (tanto é assim que o Tribunal
rania e à cidadania; além da falta de norma regulamenta- não susta diretamente os atos ilegais, mas solicita ao Con-
dores, impossibilitando o exercício dos direitos, liberdades gresso Nacional que o faça):
e prerrogativas em questão. Assim, visa curar o hábito que
se incutiu no legislador brasileiro de não regulamentar as Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congres-
normas de eficácia limitada para que elas não sejam apli- so Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
cáveis. Trata-se de ação constitucional que objetiva a regu- Contas da União, ao qual compete:
lamentação de normas constitucionais de eficácia limitada. I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
Legitimado ativo é qualquer pessoa, nacional ou estrangei- sidente da República, mediante parecer prévio que deverá
ra, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
fundamental não materializável por omissão legislativa do II - julgar as contas dos administradores e demais res-
Poder público, bem como o Ministério Público na defesa de ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da adminis-
seus interesses institucionais. Não se aceita a legitimidade tração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
ativa de pessoas jurídicas de direito público. Regulamenta- instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as con-
do pela Lei nº 13.300/2016. tas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administração atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na admi-
Pública sob os critérios político e financeiro. Deve se ater nistração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas
às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser exercido e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações
quanto ao Executivo e ao Judiciário. para cargo de provimento em comissão, bem como a das
Entre os meios de controle, destacam-se: concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalva-
- Controle Político: tem por base a possibilidade de das as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
fiscalização sobre atos ligados à função administrativa e legal do ato concessório;
organizacional. Conforme artigo 49, X, CF, compete exclu- IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos De-
sivamente ao Congresso Nacional “fiscalizar e controlar, putados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de in-
diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do quérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, fi-
Poder Executivo, incluídos os da administração indireta”. nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
Do poder genérico de controle podem ser depreendidos unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Execu-
outros poderes, como o poder convocatório, que permite tivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
à Câmara ou Senado convocar Ministro de Estado ou au- V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su-
toridade relacionada ao Presidente (artigo 50, CF); o poder pranacionais de cujo capital social a União participe, de
de sustação, que permite ao Congresso Nacional “sustar forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos re-
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislati- passados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou
va” (artigo 49, V, CF); e o controle das Comissões Parlamen- outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Fede-
tares de Inquérito – CPI (artigo 58, §3º, CF). ral ou a Município;
- Controle Financeiro: a fiscalização contábil, finan- VII - prestar as informações solicitadas pelo Con-
ceira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qual-
das entidades da administração direta e indireta, quanto quer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização con-

93
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o
sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado
de despesa ou irregularidade de contas, as sanções pre- tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos
vistas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, danos que seus agentes causem durante a prestação do
multa proporcional ao dano causado ao erário; serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote aos direitos humanos reconhecidos.
as providências necessárias ao exato cumprimento da Trata-se de responsabilidade extracontratual porque
lei, se verificada ilegalidade; não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
X - sustar, se não atendido, a execução do ato im- elementos genéricos pré-determinados, que perpassam
pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Depu- pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187
tados e ao Senado Federal; e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
XI - representar ao Poder competente sobre irregulari- Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
dades ou abusos apurados. se encontram no art. 186 do Código Civil:
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
tado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicita- Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão volun-
rá, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. tária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas
no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
de débito ou multa terão eficácia de título executivo. (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo
7 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma-
7.1 RESPONSABILIDADE CIVIL DO terial, econômico e não econômico).
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola
ESTADO NO DIREITO BRASILEIRO. 7.1.1
os direitos, porque o Estado é uma ficção formada por um
RESPONSABILIDADE POR ATO COMISSIVO grupo de pessoas que desempenham as atividades estatais
DO ESTADO. 7.1.2 RESPONSABILIDADE POR diversas. Assim, viola direitos o agente que o representa,
OMISSÃO DO ESTADO. 7.2 REQUISITOS PARA fazendo com que o próprio Estado seja responsabilizado
A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação
DO ESTADO. 7.3 CAUSAS EXCLUDENTES E dos danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a
ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE DO eles, caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa.
ESTADO. Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:

Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi-


co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
O instituto da responsabilidade civil é parte integran- responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualida-
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse- de, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídi-
quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano ca autônoma entre o Estado e o agente público que causou
deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res- o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, a
taurando-se o equilíbrio social. responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Es-
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po- tado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso
limites da herança, embora existam reflexos na ação que é justamente o direito de acionar o causador direto do dano
apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es- para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada
fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de a existência de uma relação obrigacional que se forma entre
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que a vítima e a instituição que o agente compõe.
uma absolvição por falta de provas não o faz). Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio- te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
cínio de que a principal consequência da prática de um ato te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
dano, mediante o pagamento de indenização que se re- condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às esperado.

94
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado na circunstância específica possuía o dever de impedir o
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida- assalto, como no caso de uma viatura presente no local -
de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis- muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito
são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad- humano reconhecido).
ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den-
o dever de indenizar. Não obstante, agentes públicos que tro da administração pública, tenha ingressado ou não por
pratiquem atos violadores de direitos humanos se sujeitam concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os
à responsabilidade penal e à responsabilidade administra- agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio-
tiva, todas autônomas uma com relação à outra e à já men- nários, empregados ou temporários) e os particulares em
cionada responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
da Lei nº 8.112/90: 3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e das prerrogativas do cargo, não agindo como um parti-
administrativas poderão cumular-se, sendo independentes cular.
entre si. Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
Com efeito, no caso da responsabilidade civil, o Estado mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida.
é diretamente acionado e responde pelos atos de seus ser- Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili-
vidores que violem direitos, cabendo eventualmente ação zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado
de regresso contra ele. Contudo, nos casos da responsa- por um agente público no exercício de suas funções e que
bilidade penal e da responsabilidade administrativa acio- exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es-
na-se o agente público que praticou o ato. Destaca-se a tado.
independência entre as esferas civil, penal e administrativa
no que tange à responsabilização do agente público que Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade
cometa ato ilícito. do Estado
Tomadas as exigências de características dos danos
acima colacionadas, notadamente a anormalidade, con- Não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há
sidera-se que para o Estado ser responsabilizado por um excludentes da responsabilidade estatal, aprofundadas
dano, ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não abaixo, notadamente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou
cabe exigir do Estado uma excepcional vigilância da socie- força maior (fato da natureza) fora dos alcances da previsi-
dade e a plena cobertura de todas as fatalidades que pos- bilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima.
sam acontecer em território nacional. Todas estas excludentes geram a exclusão do elemento
Diante de tal premissa, entende-se que a responsabili- nexo causal, que é o liame subjetivo entre a ação/omissão
dade civil do Estado será objetiva apenas no caso de ações, e o dano, não do elemento culpa, que envolve o aspecto
mas subjetiva no caso de omissões. Em outras palavras, ve- volitivo da ação/omissão. Afinal, em regra, a responsabili-
rifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas condições de dade civil do Estado é objetiva, de modo que a ausência de
não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir quando tinha culpa ainda caracteriza a responsabilidade. Logo, caso se
plenas condições de fazê-lo, acarretando em prejuízo den- esteja diante de uma hipótese de responsabilidade civil do
tro de sua previsibilidade. Estado subjetiva por omissão, também a ausência de culpa
São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade excluirá o dever de indenizar.
omissiva do Estado: morte de filho menor em creche mu-
nicipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa de a) Fortuito
assalto a um usuário do metrô resultando em morte, danos Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata-se de
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais fato externo à conduta do agente de natureza inevitável
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- (externabilidade + inevitabilidade), conforme artigo 393,
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- parágrafo único, CC. Imprevisibilidade não é atributo de
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. caso fortuito (ex.: terremoto no Japão é previsível, mas é
externo e inevitável, logo, o caso é fortuito).
Requisitos para a demonstração da responsabilidade Fortuito interno é diferente de fortuito externo. Fortui-
do Estado to interno se relaciona com a atividade ordinária do cau-
sador do dano – há responsabilidade, por exemplo, falha
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe- dos freios gerando acidente de ônibus. O fortuito externo
cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é não é introduzido pelo agente, por exemplo, assalto, infar-
o dano específico, individualizado, que atinge determina- to, chuva forte. No fortuito interno o risco é de dentro pra
da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul- fora, no fortuito externo é de fora pra dentro. Apenas no
trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por primeiro há dever de indenizar, isto é, mostra-se necessário
exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado o vínculo com a atividade.

95
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segurança, lei anterior editando a matéria para que seja preservado o
tudo o que ocorre nele é fortuito interno. Inclusive, o STJ princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
diz que fazem parte do risco da instituição financeira os criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
golpes que possa sofrer, por exemplo, subtração fraudu- Estado deve respeitar as leis que dita.
lenta dos cofres em sua guarda (Informativo nº 468, STJ). b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
ses que representa, a administração pública está proibida
b) Fato exclusivo da vítima de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
Quem provocou o dano foi a própria vítima. alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múltipla prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
ou autoria plural – 2 condutas concorrentes para produzir blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
um único dano. Somente reduz o montante de danos. trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
c) Fato de terceiro de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
São casos em que a causa necessária para o dano não impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade,
foi nem o comportamento do agente e nem o da vítima. O pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
agente, na contestação, fará nomeação à autoria – gerando ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
exclusão, não o futuro regresso da denunciação da lide. particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
Terceiro não identificado – o agente não se responsa- já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
biliza, pois não teve um comportamento – act of God (do coletivo.
inglês, ato de Deus) – fortuito externo. c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
relacionada ao poder público. A administração pública não
8 REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO.
atua como um particular, de modo que enquanto o des-
8.1 CONCEITO. 8.2 PRINCÍPIOS EXPRESSOS E
cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
da moralidade deve se fazer presente não só para com os
Prezado Candidato, o tema Regime Jurídico, já foi administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
abordado em tópicos anteriores.
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
Princípios constitucionais expressos
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
São princípios da administração pública, nesta ordem:
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
Legalidade
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
Impessoalidade
anteriores.
Moralidade
d) Princípio da publicidade: A administração pública
Publicidade
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Eficiência
atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for-
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Administração Pública. É de fundamental importância um a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho55 gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
e Spitzcovsky56: caracteriza ato de improbidade administrativa.
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
proíbe. Contudo, como a administração pública representa político-eleitoral:
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
55 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de caráter educativo, informativo ou de orientação social,
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
2010. caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
56 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. res públicos.
ed. São Paulo: Método, 2011.

96
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá-
legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os ins- vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta-
trumentos para proteção são o direito de petição e as cer- mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos
tidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - residual- os atos administrativos devem ser motivados para que o
mente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda, prevê Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo
o artigo 37, CF em seu §3º:  quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem
ser observados os motivos dos atos administrativos.
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par- Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
ticipação do usuário na administração pública direta e ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
indireta, regulando especialmente: único comportamento possível) e dos atos discricionários
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços pú- (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta
blicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís-
interna, da qualidade dos serviços;
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação
II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e
com relação aos atos administrativos vinculados; todavia,
a informações sobre atos de governo, observado o disposto
diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis-
no art. 5º, X e XXXIII;
III -  a disciplina da representação contra o exercício ne- cricionários.
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- Meirelles58 entende que o ato discricionário, editado
nistração pública. sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
e) Princípio da eficiência: A administração pública deve oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o con- cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
curso público seleciona os mais qualificados ao exercício do da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato
exonerar um servidor público por ineficiência) e ao controlar discricionário, é necessária a motivação para que se saiba
gastos (limitando o teto de remuneração), por exemplo. O nú- qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini59,
cleo deste princípio é a procura por produtividade e economi- com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive
cidade. Alcança os serviços públicos e os serviços administrati- a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido
vos internos, se referindo diretamente à conduta dos agentes. artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca-
dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná-
Outros princípios administrativos
rios quanto os vinculados.
Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
c) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos:
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem
O Estado assumiu a prestação de determinados serviços,
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona-
dos à função pública a probidade e a motivação: por considerar que estes são fundamentais à coletividade.
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucio- Apesar de os prestar de forma descentralizada ou mesmo
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, delegada, deve a Administração, até por uma questão de
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- coerência, oferecê-los de forma contínua e ininterrupta.
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos, o Es-
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi- tado é obrigado a não interromper a prestação dos ser-
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini57 alerta que viços que disponibiliza. A respeito, tem-se o artigo 22 do
alguns autores tratam veem como distintos os princípios da Código de Defesa do Consumidor:
moralidade e da probidade administrativa, mas não há ca-
racterísticas que permitam tratar os mesmos como procedi- Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
mentos distintos, sendo no máximo possível afirmar que a concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra for-
probidade administrativa é um aspecto particular da mora- ma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
lidade administrativa. adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, con-
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao tínuos.
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pes-
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a
soas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a
causados, na forma prevista neste código.
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da 58 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
Administração. brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
57 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª 59 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

97
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) Princípios da Tutela e da Autotutela da Adminis- trabalhada, enquanto a razoabilidade permite um processo


tração Pública: a Administração possui a faculdade de re- interpretativo mais livre. Evidencia-se o maior sentido jurí-
ver os seus atos, de forma a possibilitar a adequação destes dico e o evidente caráter delimitado da proporcionalidade
à realidade fática em que atua, e declarar nulos os efeitos pela adoção em doutrina de sua divisão clássica em 3 sen-
dos atos eivados de vícios quanto à legalidade. O sistema tidos:
de controle dos atos da Administração adotado no Brasil é - adequação, pertinência ou idoneidade: significa que
o jurisdicional. Esse sistema possibilita, de forma inexorá- o meio escolhido é de fato capaz de atingir o objetivo pre-
vel, ao Judiciário, a revisão das decisões tomadas no âm- tendido;
bito da Administração, no tocante à sua legalidade. É, por- - necessidade ou exigibilidade: a adoção da medida
tanto, denominado controle finalístico, ou de legalidade. restritiva de um direito humano ou fundamental somente é
À Administração, por conseguinte, cabe tanto a anu- legítima se indispensável na situação em concreto e se não
lação dos atos ilegais como a revogação de atos válidos e for possível outra solução menos gravosa;
eficazes, quando considerados inconvenientes ou inopor- - proporcionalidade em sentido estrito: tem o sentido
tunos aos fins buscados pela Administração. Essa forma de de máxima efetividade e mínima restrição a ser guardado
controle endógeno da Administração denomina-se prin- com relação a cada ato jurídico que recaia sobre um direito
cípio da autotutela. Ao Poder Judiciário cabe somente a humano ou fundamental, notadamente verificando se há
anulação de atos reputados ilegais. O embasamento de tais uma proporção adequada entre os meios utilizados e os
condutas é pautado nas Súmulas 346 e 473 do Supremo fins desejados.
Tribunal Federal.
f) Supremacia do interesse público sobre o priva-
Súmula 346. A administração pública pode declarar a do: Na maioria das vezes, a Administração, para buscar de
nulidade dos seus próprios atos. maneira eficaz tais interesses, necessita ainda de se colocar
em um patamar de superioridade em relação aos particu-
Súmula 473. A administração pode anular seus próprios lares, numa relação de verticalidade, e para isto se utiliza
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque do princípio da supremacia, conjugado ao princípio da in-
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de disponibilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa é irre-
nunciável, por não haver faculdade de atuação ou não do
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adqui-
Poder Público, mas sim “dever” de atuação.
ridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Sempre que houver conflito entre um interesse indi-
vidual e um interesse público coletivo, deve prevalecer o
Os atos administrativos podem ser extintos por revo-
interesse público. São as prerrogativas conferidas à Admi-
gação ou anulação. A Administração tem o poder de rever
nistração Pública, porque esta atua por conta de tal interes-
seus próprios atos, não apenas pela via da anulação, mas
se. Com efeito, o exame do princípio é predominantemente
também pela da revogação. Aliás, não é possível revogar
feito no caso concreto, analisando a situação de conflito
atos vinculados, mas apenas discricionários. A revogação
entre o particular e o interesse público e mensurando qual
se aplica nas situações de conveniência e oportunidade, deve prevalecer.
quanto que a anulação serve para as situações de vício de
legalidade.

e) Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade:


Razoabilidade e proporcionalidade são fundamentos de
caráter instrumental na solução de conflitos que se esta-
beleçam entre direitos, notadamente quando não há legis-
lação infraconstitucional específica abordando a temática
objeto de conflito. Neste sentido, quando o poder público
toma determinada decisão administrativa deve se utilizar
destes vetores para determinar se o ato é correto ou não,
se está atingindo indevidamente uma esfera de direitos ou
se é regular. Tanto a razoabilidade quanto a proporciona-
lidade servem para evitar interpretações esdrúxulas mani-
festamente contrárias às finalidades do texto declaratório.
Razoabilidade e proporcionalidade guardam, assim, a
mesma finalidade, mas se distinguem em alguns pontos.
Historicamente, a razoabilidade se desenvolveu no direito
anglo-saxônico, ao passo que a proporcionalidade se origi-
na do direito germânico (muito mais metódico, objetivo e
organizado), muito embora uma tenha buscado inspiração
na outra certas vezes. Por conta de sua origem, a propor-
cionalidade tem parâmetros mais claros nos quais pode ser

98
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

EXERCÍCIOS 04. (SESACRE – FISIOTERAPEUTA - FUNCAB/2013)


O princípio administrativo que impõe o controle de resul-
01. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO - tados da Administração Pública, a redução do desperdício
FCC/2013) Na atuação da Administração Pública Federal, e a execução do serviço público com rendimento funcional
a segurança jurídica é princípio que; é denominado princípio da:
a) justifica a mantença de atos administrativos inváli- a) legalidade.
dos, desde que ampliativos de direitos, independentemen- b) impessoalidade.
te da boa-fé dos beneficiários. c) eficiência.
b) não impede a anulação a qualquer tempo dos atos d) publicidade.
administrativos inválidos, visto que não há prazos prescri- e) moralidade.
cionais ou decadenciais para o exercício de autotutela em
caso de ilegalidade. 05. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013) A
c) justifica o usucapião de imóveis públicos urbanos de Constituição Federal e o ordenamento jurídico em geral
consagram explicitamente alguns princípios orientadores
até duzentos e cinquenta metros quadrados, em favor da-
de toda a atividade da Administração Pública. Assinale a
quele que, não sendo proprietário de outro imóvel urbano
alternativa em que os dois princípios citados decorrem im-
ou rural, exerça a posse sobre tal imóvel por cinco anos,
plicitamente do ordenamento jurídico:
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-o para sua
a) Proporcionalidade e razoabilidade.
moradia ou de sua família. b) Finalidade e motivação.
d) impede que haja aplicação retroativa de nova inter- c) Ampla defesa e contraditório.
pretação jurídica, em desfavor dos administrados. d) Segurança jurídica e interesse público.
e) impede que a Administração anule ou revogue atos e) Autotutela e continuidade dos serviços públicos.
que geraram situações favoráveis para o particular, pois tal
desfazimento afetaria direitos adquiridos. 06. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) “O interes-
se público, sendo qualificado como próprio da coletivida-
02. (SMA-RJ – CONTADOR - FJG-RIO/2013) Segun- de, não se encontra à livre disposição de quem quer que
do exposição doutrinária, o princípio da impessoalidade seja, por inapropriáveis. Ao próprio órgão administrativo
não raramente é chamado de princípio da: que o representa incumbe apenas guardá-lo e realizá-lo”.
a) igualdade legal O texto refere-se ao:
b) razoabilidade dos meios a) Princípio da Legalidade.
c) finalidade administrativa b) Princípio da Eficiência.
d) subjetividade coletiva c) Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público.
d) Princípio da Impessoalidade.
03. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) 07. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA II -
Os princípios que regem a Administração pública po- IBFC/2013) O princípio da especialidade decorre dos prin-
dem ser expressos ou implícitos. A propósito deles é pos- cípios da:
sível afirmar que: a) Legalidade e da impessoalidade.
a) moralidade, legalidade, publicidade e impessoalida- b) Publicidade e da eficiência.
de são princípios expressos, assim como a eficiência, hie- c) Moralidade e da publicidade.
rarquicamente superior aos demais. d) Isonomia e da impessoalidade.
b) supremacia do interesse público não consta como e) Legalidade e da indisponibilidade do interesse pú-
blico.
princípio expresso, mas informa a atuação da Administra-
ção pública assim como os demais princípios, tais como
08. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - TÉCNICO JUDICIÁRIO
eficiência, legalidade e moralidade.
- ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) O artigo 37 da
c) os princípios da moralidade, legalidade, supremacia
Constituição Federal dispõe que a Administração pública
do interesse público e indisponibilidade do interesse públi- deve obediência a uma série de princípios básicos, dentre
co são expressos e, como tal, hierarquicamente superiores eles o da legalidade. É correto afirmar que a legalidade,
aos implícitos. como princípio de administração, significa que o adminis-
d) eficiência, moralidade, legalidade, impessoalidade trador público, em sua atividade funcional,
e indisponibilidade do interesse público são princípios ex- a) pode fazer tudo que a lei não proíba, porque a Cons-
pressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos im- tituição Federal garante que “ninguém será obrigado a fa-
plícitos. zer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
e) impessoalidade, eficiência, indisponibilidade do lei”.
interesse público e supremacia do interesse público são b) está vinculado à lei, não aos princípios administra-
princípios implícitos, mas de igual hierarquia aos princípios tivos.
expressos. c) deve atuar conforme a lei e o direito, observando,
inclusive, os princípios administrativos.

99
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) está adstrito à lei, mas dela poderá afastar-se desde RESPOSTAS


que autorizado a assim agir por norma regulamentar.
e) está adstrito à lei, mas poderá preteri-la desde que 01. Resposta: “D”. Para Dirley da Cunha Júnior, “o
o faça autorizado por acordo de vontades, porque na Ad- valor segurança jurídica é consagrado por vários outros
ministração pública vige o princípio da autonomia da von- princípios: direito adquirido, ato jurídico perfeito, coisa
tade. julgada, irretroatividade da lei entre outros. Este princípio
enaltece a ideia de proteger o passado (relações jurídicas
09. (TJ-SP – JUIZ - VUNESP/2013) O princípio da au- já consolidadas) e tornar o futuro previsível, de modo a
totutela administrativa, consagrado no Enunciado nº 473 não infringir   surpresas desagradáveis ao administrado.
das Súmulas do STF (“473 – a Administração pode anu- Visa à proteção da confiança e a garantia de certeza e es-
lar seus próprios atos quando eivados de vícios que os tabilidade das relações e situações jurídicas”.
tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
02. Resposta: “C”. Para Hely Lopes Meirelles, o prin-
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
cípio da impessoal idade “nada mais é do que o clássico
os casos, a apreciação judicial”), fundamento invocado pela
princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador
Administração para desfazer ato administrativo que afete
público que só pratique o ato para seu fim legal. E o fim
interesse do administrado, desfavorecendo sua posição ju-
rídica, legal é unicamente aquele que a norma de Direito
a) confunde-se com a chamada tutela administrativa. indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato,
b) prescinde da instauração de prévio procedimento de forma impessoal”.
administrativo, pois tem como objetivo a restauração da
ordem jurídica, em respeito ao princípio da legalidade que 03. Resposta: “B”. Os princípios da Supremacia do
rege a Administração Pública. Interesse Público e da Indisponibilidade do Interesse Pú-
c) exige prévia instauração de processo administrativo, blico, apesar de implícitos no ordenamento jurídico, são
para assegurar o devido processo legal. tidos como pilares do regime jurídico-administrativo. Isto
d) pode ser invocado apenas em relação aos atos ad- se deve ao fato de que todos os demais princípios da ad-
ministrativos ilegais. ministração pública são desdobramentos desses dois prin-
cípios em questão, cuja relevância é tanta que são conhe-
10. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO - cidos como supraprincípios da administração pública.
FCC/2013) No tocante ao regime jurídico aplicável às so- Letra “A”: incorreta. Não há hierarquia entre os princí-
ciedades de economia mista, que explorem atividade eco- pios, eles se resolvem por ponderação.
nômica em sentido estrito, é correto afirmar que; Letra “C”: incorreta. O princípio da supremacia do inte-
a) dependem de autorização legislativa para alienação resse público e indisponibilidade do interesse público não
de bens de seu patrimônio são expressos.
b) gozam de privilégios processuais como o prazo em Letra “D”: incorreta. O princípio da indisponibilidade
quádruplo para contestar e em dobro para recorrer. do interesse público não é um princípio expresso. Não há
c) não estão sujeitas à fiscalização pela Comissão de hierarquia entre os princípios expressos em relação aos
Valores Mobiliários. implícitos.
d) necessitam de autorização legislativa específica para Letra “E”: incorreta. Os princípios da impessoalidade e
criação de cada subsidiária. eficiência são princípios expressos.
e) são obrigadas a ter em sua estrutura um Conselho OBS: Cuidado porque algumas bancas consideram
de Administração, assegurada participação aos acionistas
princípios expressos apenas o que estão previstos na
minoritários.
Constituição Federal e outras consideram que os princí-
pios administrativos que estiverem escritos em lei são ex-
plícitos. Proporcionalidade, razoabilidade, finalidade, mo-
tivação, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica e
interesse público constam expressamente no artigo 2º da
Lei nº 9784/99.

04. Resposta: “C”. Segundo Alexandre Mazza: “Eco-


nomicidade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez,
produtividade e rendimento funcional são valores encare-
cidos pelo princípio da eficiência”.

05. Resposta: “E”. Tudo indica que a questão foi reti-


rada da Lei nº 9784/99. Repare o que diz a Lei nº 9784/99,
no seu art. 2º: “A Administração Pública obedecerá, dentre
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,

100
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla de-


fesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
eficiência”. Observe que as letras “A”, “B”, “C” e “D” estão
expressas nesta lei e os que não estão expressos são auto-
tutela e continuidade dos serviços públicos.

06. Resposta: “C”. Alexandre Mazza ensina que “O


supraprincípio da indisponibilidade do interesse público
enuncia que os agentes públicos não são donos do interes-
se por eles defendido. Assim, no exercício da função admi-
nistrativa os agentes públicos estão obrigados a atuar, não
segundo sua própria vontade, mas do modo determinado
pela legislação. Como decorrência dessa indisponibilidade,
não se admite tampouco que os agentes renunciem aos
poderes legalmente conferidos ou que transacionem em
juízo”.

07. Resposta: “E”. Maria Sylva Zanela di Pietro leciona:


“Dos princípios da legalidade e da indisponibilidade do in-
teresse público, decorrem, dentre outros, o da especialida-
de, concernente à ideia de descentralização administrativa.
Quando o Estado cria pessoas jurídicas públicas adminis-
trativas - as autarquias - como forma de descentralizar a
prestação de serviços públicos, com vistas à especialização
de função, a lei que cria a entidade estabelece com preci-
são as finalidades que lhe incumbe atender, de tal modo
que não cabe aos seus administradores afastar-se dos ob-
jetivos definidos na lei; isto precisamente pelo fato de não
terem a livre disponibilidade dos interesses públicos”.

08. Resposta: “C”. O administrador está adstrito tanto


ao princípio da legalidade quanto ao da moralidade, não
bastando respeitar a lei estrita, sua atitude deve ser guiada
pelos demais princípios administrativos.
Letra “A”: incorreta. Trata-se da legalidade para o par-
ticular.
Letra “B”: incorreta. A Administração Pública está, sim,
vinculada aos princípios administrativos também.
Letra “D” e “E”: incorretas. A Administração não pode
afastar-se da lei, o que existe é uma certa margem de dis-
cricionariedade que o legislador, às vezes, deixa à Adminis-
tração para decidir sobre alguns atos, o que não se con-
funde com arbitrariedade, que é agir com conveniência e
oportunidade fora dos limites da lei.

09. Resposta: “C”. O art. 5º, LV da Constituição Federal


garante o contraditório e ampla defesa aos litigantes em
processo judicial ou administrativo (“aos litigantes, em pro-
cesso judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes”). Cuidado com a palavra
“prescinde” muito comum em questões de prova que sig-
nifica “dispensável”.

10. Resposta: “E”. O amparo da reposta está no art.


239 da Lei nº 6404/76: “As companhias de economia mista
terão obrigatoriamente Conselho de Administração, asse-
gurado à minoria o direito de eleger um dos conselheiros,
se maior número não lhes couber pelo processo de voto
múltiplo”.

101
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ANOTAÇÕES

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102
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1 Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade;
direitos políticos; partidos políticos. ................................................................................................................................................................ 01
2 Poder Executivo: atribuições e responsabilidades do presidente da República. ........................................................................ 03
3 Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública. ................. 07
4 Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; meio ambiente; família, criança, adolescente, idoso
e índio........................................................................................................................................................................................................................... 11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXX-


1 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: VII, CF.
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E A) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de
COLETIVOS; DIREITOS SOCIAIS; DIREITOS 1215, foi o primeiro documento a mencionar este remédio
e o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou.
DE NACIONALIDADE; DIREITOS POLÍTICOS;
B) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade
PARTIDOS POLÍTICOS.
de locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por ou-
tros remédios constitucionais de direitos que não este, o
habeas-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas
Direitos e garantias
serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir.
Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos di-
C) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho pre-
reitos e estabelece garantias em prol da preservação des-
dominantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e
tes, bem como remédios constitucionais a serem utilizados
vai contra a restrição arbitrária da liberdade.
caso estes direitos e garantias não sejam preservados. Nes-
D) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de
te sentido, dividem-se em direitos e garantias as previsões
violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con-
do artigo 5º: os direitos são as disposições declaratórias e
duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se ma-
as garantias são as disposições assecuratórias.
terializado.
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
E) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX:
-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministé-
rio Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
com a ação e paciente é aquele que está sendo vítima da
lectual, artística, científica e de comunicação, independen-
restrição à liberdade de locomoção. As duas figuras podem
temente de censura ou licença.
se concentrar numa mesma pessoa.
F) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público
O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é
ou privado.
a vedação de censura ou exigência de licença. Em outros
G) Competência: é determinada pela autoridade coa-
casos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garan-
tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.:
tia em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada
Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara
no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da
Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a
prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no
autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça.
artigo 5º, LXV .
H) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em viola-
648, CPP:
ção de direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais.
Atenção para o fato de o constituinte chamar os re-
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I -
médios constitucionais de garantias, e todas as suas fór-
quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver
mulas de direitos e garantias propriamente ditas apenas
preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando
de direitos. Por isso, parte da doutrina costuma abordar
quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-
os remédios constitucionais quando o assunto é garantias
-lo; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou
fundamentais.
a coação; V - quando não for alguém admitido a prestar
Abaixo, tece-se explicação sobre tais remédios consti-
fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o
tucionais.
processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a
punibilidade.
Remédios constitucionais são as espécies de ações ju-
diciárias que visam proteger os direitos fundamentais re-
I) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667
conhecidos no texto constitucional quando a declaração e
do Código de Processo Penal.
a garantia destes não se mostrar suficiente. Assim, o Poder
Judiciário será acionado para sanar o desrespeito a estes
- Mandado de segurança individual
direitos fundamentais, servindo cada espécie de ação para
Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
uma forma de violação.
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segu-
- Habeas corpus.
rança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
A) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacu-
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
na decorrente da sistemática do habeas corpus e das limi-
ilegalidade ou abuso de poder.
nares possessórias.

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

B) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com D) Objeto: o objeto do mandado de segurança co-
natureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de letivo são os direitos coletivos e os direitos individuais
atos de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omis- homogêneos. Tal instituto não se presta à proteção dos
são administrativa, geradores de lesão a direito líquido e direitos difusos, conforme posicionamento amplamente
certo, por ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos majoritário, já que, dada sua difícil individualização, fica
todos os direitos líquidos e certos à exceção da proteção improvável a verificação da ilegalidade ou do abuso do
de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao aces- poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº
so ou retificação de informações relativas à pessoa do im- 12.016/09).
petrante, constantes de registros ou bancos de dados de E) Legitimidade ativa: como se extrai da própria
entidades governamentais ou de caráter público, ambos disciplina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº
sujeitos a instrumentos específicos. 12.016/09, é de partido político com representação no
C) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza Congresso Nacional, bem como de organização sindical,
civil, independente da natureza do ato impugnado (ad- entidade de classe ou associação legalmente constituída
ministrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista). e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em de-
D) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminên- fesa de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente
cia de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, seus interesses ou de seus membros.
quando já consumado o abuso/ilegalidade. F) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:
E) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de-
monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança
a necessidade de dilação probatória, isto devido à nature- coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos
za célere e sumária do procedimento. membros do grupo ou categoria substituídos pelo impe-
F) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran- trante.
gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou § 1º O mandado de segurança coletivo não induz li-
estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos tispendência para as ações individuais, mas os efeitos da
públicos despersonalizados e universalidades/pessoas coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título indi-
formais reconhecidas por lei. vidual se não requerer a desistência de seu mandado de
G) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no comprovada da impetração da segurança coletiva.
exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, o § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só
art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se poderá ser concedida após a audiência do representante
autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato im- judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
pugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática”. pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
H) Competência: Fixada de acordo com a autoridade
coatora. - Mandado de injunção.
I) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de
agosto de 2009. Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
J) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injun-
- Mandado de segurança coletivo ção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
A Constituição Federal prevê a possibilidade de in- inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
gresso com mandado de segurança coletivo, consoante e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
ao artigo 5º, LXX: e à cidadania.

Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo A) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que
pode ser impetrado por: a) partido político com repre- seja proposto o mandado de injunção são a existência de
sentação no Congresso Nacional; b) organização sindical, norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di-
entidade de classe ou associação legalmente constituída reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes
e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa à nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de
dos interesses de seus membros ou associados. norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos
direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa
A) Origem: Constituição Federal de 1988. curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não
B) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui- regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas
do e certo relacionado a interesses transindividuais (in- não sejam aplicáveis.
dividuais homogêneos ou coletivos), e devido à questão B) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva
da legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e a regulamentação de normas constitucionais de eficácia
determinadas associações. limitada.
C) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza C) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou es-
civil, independente da natureza do ato, de caráter coleti- trangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize
vo. direito fundamental não materializável por omissão legis-

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

lativa do Poder público, bem como o Ministério Público G) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de
na defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a novembro de 1997.
legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público. H) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
D) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a
elaboração de norma regulamentadora for atribuição do - Ação popular
Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma- Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de patrimônio público ou de entidade de que o Estado par-
Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora ticipe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
administração direta ou indireta, excetuados os casos da comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da sucumbência.
Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e
da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior A) Origem: Constituição Federal de 1934.
Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei- B) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo-
torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança, cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da
habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF); coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos
e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele interesses transindividuais.
vinculados. C) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional,
E) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en-
12.016/09, não havendo lei específica. tidade de que o Estado participe, à moralidade administra-
tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural
- Habeas data. D) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele
nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos.
O artigo 5º, LXXII, CF prevê: E) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública,
direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para modo lide com a coisa pública.
assegurar o conhecimento de informações relativas à pes- F) Competência: Será fixada de acordo com a origem
soa do impetrante, constantes de registros ou bancos de do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº
dados de entidades governamentais ou de caráter público; 4.717/65).
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê- G) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de
-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. junho de 1965.
H) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita
(artigo 5º, LXXVII, CF).
A) Antecedente histórico: Freedom of Information Act,
de 1974. 2 PODER EXECUTIVO: ATRIBUIÇÕES E
B) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA
constantes de registros ou bancos de dados de entidades REPÚBLICA.
governamentais ou de caráter público, para o conhecimen-
to ou retificação (correção).
C) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o
acesso a informações pessoais. A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado
D) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou es- Democrático de Direito, impedindo a monopolização do po-
trangeira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri- der e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida
vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados de- no artigo 2º da Constituição Federal com o seguinte teor:
vem ser a respeito da pessoa que a propõe.
E) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas, entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurí-
dicas privadas prestadores de serviços de interesse público Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se legiti-
que possuam dados relativos à pessoa do impetrante. mar na soberania popular; por outro lado, é necessária a divi-
F) Competência: Conforme o caso, nos termos da são de funções das atividades estatais de maneira equilibrada,
Constituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), o que se faz pela divisão de Poderes.
do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribu- O constituinte afirma que estes poderes são independen-
nais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juí- tes e harmônicos entre si. Independência significa que cada
zes federais (art. 109, VIII). qual possui poder para se autogerir, notadamente pela capa-

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cidade de organização estrutural (criação de cargos e subdi- A) Funções atípicas do Poder Executivo: legislar – nota-
visões) e orçamentária (divisão de seus recursos conforme le- damente quando o Presidente da República adota uma medi-
gislação por eles mesmos elaborada). Harmonia significa que da provisória (art. 62, CF) – e julgar –no que tange a defesas e
cada Poder deve respeitar os limites de competência do outro recursos administrativos;
e não se imiscuir indevidamente em suas atividades típicas. B) Funções atípicas do Poder Legislativo: auto-organi-
A noção de separação de Poderes começou a tomar for- zar-se (função executiva) – dispondo sobre organização, pro-
ma com o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo lançou vimento de cargos, concessão de férias e licenças a seus servi-
base para os dois principais eventos que ocorreram no início dores, etc. – e julgar a exemplo do julgamento do Presidente
da Idade Contemporânea, quais sejam as Revoluções Fran- da República por crime de responsabilidade pelo Senado Fe-
cesa e Industrial. Entre os pensadores que lançaram as ideias deral (art. 52, I, CF);
que vieram a ser utilizadas no ideário das Revoluções France- C) Funções atípicas do Poder Judiciário: auto-organi-
sa e Americana se destacam Locke, Montesquieu e Rousseau, zar-se (função executiva) – dispondo sobre organização, estru-
sendo que Montesquieu foi o que mais trabalhou com a con- tura, concessão de férias e licenças a seus servidores, etc. – e
cepção de separação dos Poderes. legislar – elaborando o regimento interno de seus Tribunais,
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Loc- por exemplo (art. 96, CF).
ke, que também entendia necessária a separação dos Pode-
res, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a Do Poder Executivo
clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
O pensador viveu na França, numa época em que o absolutis- 1) Do Presidente e do Vice-Presidente da República
mo estava cada vez mais forte. O Poder Executivo tem por função principal a de adminis-
O objeto central da principal obra de Montesquieu1 não é trar a coisa pública, gerindo o patrimônio estatal em prol do
a lei regida nas relações entre os homens, mas as leis e insti- interesse comum da população. Na esfera federal, este papel é
tuições criadas pelos homens para reger as relações entre os desempenhado pelo Presidente da República e por seu Vice-
homens. Segundo Montesquieu2, as leis criam costumes que -Presidente, com auxílio dos Ministros de Estado. A propósito,
disciplina o artigo 76 da Constituição:
regem o comportamento humano, sendo influenciadas por
diversos fatores, não apenas pela razão.
Artigo 76, CF. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Mon-
da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
tesquieu3, do modo como se dará o seu exercício, uma vez
Tendo em vista a adoção do sistema presidencialista de
que o poder emana do povo, apto a escolher mas inapto a
governo, o Presidente será eleito juntamente com seu Vice-
governar, sendo necessário que seu interesse seja representa-
-Presidente após processo eleitoral com regras mínimas des-
do conforme sua vontade.
critas no artigo 77 da Constituição:
Montesquieu4 estabeleceu como condição do Estado de
Direito a separação dos Poderes em Legislativo, Judiciário e Artigo 77, CF. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente
Executivo – que devem se equilibrar –, servindo o primeiro da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro do-
para a elaboração, a correção e a ab-rogação de leis, o segun- mingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo
do para a promoção da paz e da guerra e a garantia de segu- de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do
rança, e o terceiro para julgar (mesmo os próprios Poderes). término do mandato presidencial vigente. 
Cada Poder possui funções típicas e atípicas. Por fun- § 1º A eleição do Presidente da República importará a do
ção típica entenda-se aquela para a qual o Poder foi criado. Vice-Presidente com ele registrado.
A) Função típica do Poder Executivo: administrar – gerir § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que,
a coisa pública e aplicar a lei; registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
B) Funções típicas do Poder Legislativo: legislar – alte- votos, não computados os em branco e os nulos.
rando e criando a ordem jurídica vigente – e fiscalizar o Exe- § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na
cutivo – fiscalizando a contabilidade, o orçamento, as finanças primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias
e o patrimônio do Executivo; após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candi-
C) Função típica do Poder Judiciário: julgar – solucionar datos mais votados e considerando-se eleito aquele que obti-
litígios e fazer valer a lei no caso concreto e, eventualmente, ver a maioria dos votos válidos.
em casos abstratos, como no controle de constitucionalidade. § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer mor-
Funções atípicas são aquelas que tradicionalmente per- te, desistência ou impedimento legal de candidato, convo-
tenceriam a outro Poder, mas por ser tal função inerente à sua car-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
natureza será por ele mesmo desempenhada. § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanes-
cer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma
1 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Espírito das Leis. Tradução votação, qualificar-se-á o mais idoso.
Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodrigues. 2. ed. São Paulo:
Abril Cultural, 1979, p. 25. Eleitos, o Presidente e o Vice-Presidente da República to-
2 Ibid., p. 26. marão posse e prestarão compromisso perante o Congresso
3 Ibid., p. 32. Nacional:
4 Ibid., p. 148-149.

4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 78, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da República Artigo 83, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da República não
tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País
o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sus-
tentar a união, a integridade e a independência do Brasil. 2) Atribuições do Presidente e do Vice-Presidente da
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada República
para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo As atribuições do Presidente da República, substitutiva-
de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declara- mente exercíveis pelo Vice-Presidente da República e, em al-
do vago. guns casos, delegáveis aos Ministros de Estado e outras auto-
ridades, estão descritas no artigo 84 da Constituição.
O Vice-Presidente tem a função de auxiliar o Presidente
da República e poderá substituí-lo temporariamente, quando Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da
o Presidente estiver ausente do país, ou definitivamente, no República:
caso de vacância do cargo. I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
Artigo 79, CF. Substituirá o Presidente, no caso de impedi- superior da administração federal;
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de previstos nesta Constituição;
outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complemen- IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
tar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
missões especiais. V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
É possível que tanto o Presidente quanto o Vice-Presiden- A) organização e funcionamento da administração fede-
te fiquem impedidos ou deixem seus cargos vagos, questão ral, quando não implicar aumento de despesa nem criação
regulada pelo artigo 80 da Constituição: ou extinção de órgãos públicos; 
B) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 
Artigo 80, CF. Em caso de impedimento do Presidente e VII - manter relações com Estados estrangeiros e acredi-
do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão tar seus representantes diplomáticos;
sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
e o do Supremo Tribunal Federal. IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
Neste caso de vacância dupla, no entanto, a Presidência XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
da República não será assumida em definitivo – caberá a rea- Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a
lização de novas eleições para que se complete o período do situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
mandato, indiretas se a vacância se der nos últimos dois anos XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
de mandato, diretas se ocorrer nos dois primeiros anos de necessário, dos órgãos instituídos em lei;
mandato, conforme artigo 81 da Constituição: XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
Artigo 81, CF. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre- nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
sidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de náutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os
aberta a última vaga. cargos que lhes são privativos; 
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Mi-
período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita nistros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Supe-
trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, riores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral
na forma da lei. da República, o presidente e os diretores do banco central e
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar outros servidores, quando determinado em lei;
o período de seus antecessores. XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros
do Tribunal de Contas da União;
O mandato do Presidente da República tem a duração de XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
quatro anos e sempre começa em 1º de janeiro do ano se- Constituição, e o Advogado-Geral da União;
guinte à eleição. XVII - nomear membros do Conselho da República, nos
termos do art. 89, VII;
Artigo 82, CF. O mandato do Presidente da República é de XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano se- Conselho de Defesa Nacional;
guinte ao da sua eleição. XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, au-
torizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quan-
Por fim, o artigo 83 da Constituição regulamenta a ausên- do ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
cia do país por parte do Presidente e do Vice-Presidente. condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacio-
nal;

5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração
Congresso Nacional; do processo pelo Senado Federal.
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do pro-
nele permaneçam temporariamente; cesso.
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória,
o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de nas infrações comuns, o Presidente da República não estará
orçamento previstos nesta Constituição; sujeito a prisão.
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas mandato, não pode ser responsabilizado por atos estra-
referentes ao exercício anterior; nhos ao exercício de suas funções.
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na
forma da lei; 4) Dos Ministros de Estado
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos O artigo 87 da Constituição Federal sintetiza as obriga-
termos do art. 62; ções dos Ministros de Estado, bem como os requisitos para
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Consti- ocupação do cargo.
tuição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá dele- Artigo 87, CF. Os Ministros de Estado serão escolhidos
gar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercí-
primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral cio dos direitos políticos.
da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de
os limites traçados nas respectivas delegações. outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos
3) Da Responsabilidade Do Presidente da República órgãos e entidades da administração federal na área de sua
O Presidente da República pode cometer atos ilícitos competência e referendar os atos e decretos assinados pelo
considerados crimes de responsabilidade, conforme regulado Presidente da República;
pelo artigo 85 da Constituição. II - expedir instruções para a execução das leis, decretos
e regulamentos;
Artigo 85, CF. São crimes de responsabilidade os atos do III - apresentar ao Presidente da República relatório
Presidente da República que atentem contra a Constituição anual de sua gestão no Ministério;
Federal e, especialmente, contra: IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe
I - a existência da União; forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da Repúbli-
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, ca.
do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades
da Federação; Por seu turno, o artigo 88 da Constituição estabelece:
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País; Artigo 88, CF. A lei disporá sobre a criação e extinção de
V - a probidade na administração; Ministérios e órgãos da administração pública. 
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 5) Do Conselho da República e do Conselho de De-
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei espe- fesa Nacional
cial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. O Conselho da República e o Conselho de Defesa Na-
A propósito, a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, define cional são dois órgãos instituídos no âmbito do Executivo
os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo Federal, ambos com função consultiva.
de julgamento. Ainda assim, o artigo 86 da Constituição traz re- Neste sentido, os artigo 89 e 90 regulamentam o Conse-
gras mínimas sobre tal processo e julgamento. Neste sentido, o lho da República, sua composição, suas funções e sua con-
Senado Federal presidido pelo Presidente do Supremo tribunal vocação. A título complementar, a Lei nº 8.041, de 05 de ju-
Federal julgará os crimes de responsabilidade, ao passo que o nho de 1990, dispõe sobre a organização e o funcionamento
Supremo Tribunal Federal julgará as infrações comuns. do Conselho da República.
Artigo 89, CF. O Conselho da República é órgão superior
Artigo 86, CF. Admitida a acusação contra o Presidente da de consulta do Presidente da República, e dele participam:
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele I - o Vice-Presidente da República;
submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Fede- II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
ral, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Fede- III - o Presidente do Senado Federal;
ral, nos crimes de responsabilidade. IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: Deputados;
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; VI - o Ministro da Justiça;

6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais


de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomea-
dos pelo Presidente da República, dois eleitos pelo 3 DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos De- DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA;
putados, todos com mandato de três anos, vedada a ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA.
recondução.

Artigo 90, CF. Compete ao Conselho da República pro-


nunciar-se sobre: No título V, aborda-se a defesa do Estado e das ins-
I - intervenção federal, estado de defesa e estado tituições democráticas, com outros institutos relevantes
de sítio; para evitar impacto na organização do Estado, razão pela
II - as questões relevantes para a estabilidade das qual se promove aqui um estudo conjunto.
instituições democráticas.
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Mi- Estado de Defesa e Estado de Sítio
nistro de Estado para participar da reunião do Conselho, O título V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Ins-
quando constar da pauta questão relacionada com o res- tituições Democráticas”, trabalha em seu capítulo I com o
pectivo Ministério. Estado de Defesa e o Estado de Sítio.
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento Estado de defesa e estado de sítio são duas situações
do Conselho da República. excepcionais decretadas pelo Chefe do Executivo Federal,
cumpridos determinados requisitos, visando preservar o
Por sua vez, o Conselho de Defesa Nacional é regu- próprio Estado e suas instituições democráticas.
lado pelo artigo 91 da Constituição. A Lei nº 8.183, de 11 O estado de defesa é decretado para preservar ou
de abril de 1991, dispõe sobre a organização e o funcio- restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem
namento do Conselho de Defesa Nacional e dá outras pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
providências. instabilidade institucional ou atingidas por calamidades
de grandes proporções na natureza.
Artigo 91, CF. O Conselho de Defesa Nacional é órgão O estado de sítio é decretado quando estado de de-
de consulta do Presidente da República nos assuntos re- fesa não resolveu o problema, quando o problema atinge
lacionados com a soberania nacional e a defesa do todo o país, ou em casos de guerra.
Estado democrático, e dele participam como membros A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo
natos: 141, CF, que seguem.
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; Seção I
III - o Presidente do Senado Federal; DO ESTADO DE DEFESA
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa; Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos
VI - o Ministro das Relações Exteriores; o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio-
VII - o Ministro do Planejamento. nal, decretar estado de defesa para preservar ou pronta-
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da mente restabelecer, em locais restritos e determinados,
Aeronáutica. a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: iminente instabilidade institucional ou atingidas por cala-
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de midades de grandes proporções na natureza.
celebração da paz, nos termos desta Constituição; § 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter-
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, minará o tempo de sua duração, especificará as áreas a
do estado de sítio e da intervenção federal; serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei,
III - propor os critérios e condições de utilização as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
de áreas indispensáveis à segurança do território na- I - restrições aos direitos de:
cional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na A) reunião, ainda que exercida no seio das associa-
faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e ções;
a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; B) sigilo de correspondência;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento C) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
de iniciativas necessárias a garantir a independência II - ocupação e uso temporário de bens e serviços pú-
nacional e a defesa do Estado democrático. blicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento União pelos danos e custos decorrentes.
do Conselho de Defesa Nacional. § 2º O tempo de duração do estado de defesa não
será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma
vez, por igual período, se persistirem as razões que justi-
ficaram a sua decretação.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - a prisão por crime contra o Estado, determinada Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar
pelo executor da medida, será por este comunicada ime- autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorro-
diatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for gação, relatará os motivos determinantes do pedido, de-
legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de deli- vendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta”.
to à autoridade policial; “Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará sua
II - a comunicação será acompanhada de declaração, duração, as normas necessárias a sua execução e as ga-
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no rantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de
momento de sua autuação; publicado, o Presidente da República designará o executor
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não po- das medidas específicas e as áreas abrangidas.
derá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo § 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá
Poder Judiciário; ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a
o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, agressão armada estrangeira.
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congres- § 2º Solicitada autorização para decretar o estado de
so Nacional, que decidirá por maioria absoluta. sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Sena-
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será do Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro fim de apreciar o ato.
de dez dias contados de seu recebimento, devendo con- § 3º O Congresso Nacional permanecerá em funciona-
tinuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. mento até o término das medidas coercitivas.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado
de defesa. Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado
com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas
Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF contra as pessoas as seguintes medidas:
podem ser extraídos alguns aspectos relevantes. I - obrigação de permanência em localidade determinada;
Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a preser- II - detenção em edifício não destinado a acusados ou
vação ou restabelecimento em locais restritos e determinados a condenados por crimes comuns;
ordem pública e a paz social que estejam ameaçados por grave III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon-
instabilidade institucional ou calamidade de grande proporção. dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de infor-
Ainda, a especificidade que se percebe pela exigência mações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão,
de determinação do local e do prazo de vigência (que não na forma da lei;
pode exceder 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias), bem IV - suspensão da liberdade de reunião;
como pela delimitação de medidas. V - busca e apreensão em domicílio;
Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
voltam ao estado de defesa por instabilidade institucional VII - requisição de bens.
(casos do inciso I do §1º, restringindo certos sigilos e o di- Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso
reito de reunião) e ora se voltam ao estado de defesa por III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetua-
calamidade (caso do inciso II do §1º, com uso temporário dos em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela
de bens e serviços públicos). respectiva Mesa.
Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de De-
fesa, embora seja feita pelo Presidente da República, não é No Estado de Sítio também é necessária a oitiva do
um ato arbitrário porque ele deve ouvir a opinião do Con- Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional,
selho da República e do Conselho de Defesa Nacional e bem como a aprovação pelo Congresso Nacional. As hipó-
depois submeter o decreto para aprovação pelo Congresso teses são de grave comoção nacional, ineficácia do estado
Nacional por maioria absoluta. de defesa e estado de guerra. Também há requisitos de
especificidade quanto ao tempo, áreas abrangidas e medi-
Seção II das coercitivas a serem aplicados no Estado de Sítio. Entre
DO ESTADO DE SÍTIO as medidas coercitivas cabíveis no Estado de Sítio, estão as
enumeradas no artigo 139, CF.
Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvidos
o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, Seção III
solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar DISPOSIÇÕES GERAIS
o estado de sítio nos casos de:
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocor- Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos
rência de fatos que comprovem a ineficácia de medida to- os líderes partidários, designará Comissão composta de
mada durante o estado de defesa; cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a exe-
II - declaração de estado de guerra ou resposta a cução das medidas referentes ao estado de defesa e ao
agressão armada estrangeira. estado de sítio.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o esta- IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; 
do de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode
responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus execu- estar filiado a partidos políticos;
tores ou agentes. VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível,
o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência se- por decisão de tribunal militar de caráter permanente,
rão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de
ao Congresso Nacional, com especificação e justificação guerra;
das providências adotadas, com relação nominal dos atin- VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar
gidos e indicação das restrições aplicadas. a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por
sentença transitada em julgado, será submetido ao julga-
O Congresso Nacional, mediante Comissão específica, mento previsto no inciso anterior; 
exerce atividade fiscalizatória das medidas coercitivas. Pra- VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, in-
ticados atos atentatórios serão punidos mesmo após ces- cisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI,
sado o estado de defesa ou de sítio. XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com preva-
lência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’;   
Forças armadas IX -  (Revogado)
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas,
O capítulo II do título V aborda as forças armadas, que os limites de idade, a estabilidade e outras condições de
exercem a defesa do Estado. transferência do militar para a inatividade, os direitos, os
deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situa-
CAPÍTULO II ções especiais dos militares, consideradas as peculiarida-
DAS FORÇAS ARMADAS des de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por
força de compromissos internacionais e de guerra. 
Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Ma-
rinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos termos
nacionais permanentes e regulares, organizadas com base da lei.
na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atri-
Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, buir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após
à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de alistados, alegarem imperativo de consciência, entenden-
qualquer destes, da lei e da ordem. do-se como tal o decorrente de crença religiosa e de con-
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a vicção filosófica ou política, para se eximirem de ativida-
serem adotadas na organização, no preparo e no emprego des de caráter essencialmente militar. 
das Forças Armadas. § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, po-
disciplinares militares. rém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. 
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denomina-
dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exér-
fixadas em lei, as seguintes disposições:  cito e Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da Re-
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a pública. Por terem a finalidade de defender a pátria, a
elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República Constituição, a lei e a ordem, são permanentes, regulares
e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva e hierarquizadas, além de terem vedações como o direito
ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos de greve e o direito de sindicalização, bem como de filia-
militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos ção a partidos políticos. Pela natureza diversa dos crimes
uniformes das Forças Armadas;  praticados por estes militares, serão julgados por órgão
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo próprio e perdem a garantia do habeas corpus. O alista-
ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipóte- mento militar é obrigatório, ainda que seja dispensado,
se prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, será transferido caso em que ficará como reservista. A mulher não precisa
para a reserva, nos termos da lei;  prestar o serviço militar obrigatório, mas pode ser convo-
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar cada para a prestação de outros serviços para o Estado,
posse em cargo, emprego ou função pública civil tempo- assim como os eclesiásticos.
rária, não eletiva, ainda que da administração indireta, res-
salvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, Intervenção nos Estados e Municípios.
ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá,
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por A intervenção consiste no afastamento temporário
antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas das prerrogativas totais ou parciais próprias da autono-
para aquela promoção e transferência para a reserva, sen- mia dos entes federados, por outro ente federado, pre-
do depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, valecendo a vontade do ente interventor. Neste sentido,
transferido para a reserva, nos termos da lei;  necessária a verificação de:

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A) Pressupostos materiais – requisitos a serem verifica- I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes),
dos quanto ao atendimento de uma das justificativas para de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo
a intervenção. coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal
B) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
da intervenção seja válido, como prazo, abrangência, con- II - no caso de desobediência a ordem ou decisão ju-
dições, além da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, diciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Su-
CF). perior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
A intervenção pode ser federal, quando a União inter- III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
fere nos Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou representação do Procurador-Geral da República, na hipó-
estadual, quando os Estados-membros interferem em seus tese do art. 34, VII (observância de princípios constitucio-
Municípios (artigo 35, CF). nais), e no caso de recusa à execução de lei federal.
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a am-
Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem plitude, o prazo e as condições de execução e que, se cou-
no Distrito Federal, exceto para: ber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
I - manter a integridade nacional; do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
Federação em outra; § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordi-
pública; nária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/
nas unidades da Federação; lei federal e violação de certos princípios constitucionais),
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação ou do art. 35, IV (idem com relação à intervenção em mu-
que: nicípios), dispensada a apreciação pelo Congresso Nacio-
A) suspender o pagamento da dívida fundada por mais nal ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; suspender a execução do ato impugnado, se essa medida
B) deixar de entregar aos Municípios receitas tributá- bastar ao restabelecimento da normalidade.
rias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabe- § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autorida-
lecidos em lei; des afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impe-
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão dimento legal.
judicial; Artigo 42, CF, “os membros das Polícias Militares e Cor-
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios pos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com
constitucionais: base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados,
A) forma republicana, sistema representativo e regime do Distrito Federal e dos Territórios. § 1º Aplicam-se aos
democrático; militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
B) direitos da pessoa humana; além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art.
C) autonomia municipal; 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
D) prestação de contas da administração pública, dire- a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art.
ta e indireta. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas
E) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de pelos respectivos governadores. § 2º Aos pensionistas dos
impostos estaduais, compreendida a proveniente de trans- militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
ferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo
nas ações e serviços públicos de saúde”.  ente estatal.

Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municí- Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e
pios, nem a União nos Municípios localizados em Território o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança
Federal, exceto quando: pública, de maneira a garantir a eficiência de suas ativida-
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por des.
dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir
lei; guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde;  Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representa- policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo
ção para assegurar a observância de princípios indicados será fixada na forma do § 4º do art. 39. 
na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei,
de ordem ou de decisão judicial”. Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá: soas e do seu patrimônio nas vias públicas: 

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que asse- a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
gurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e  mediante recursos provenientes dos orçamentos da união,
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fede- dos estados, do distrito federal e dos municípios, e das se-
ral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades guintes contribuições sociais:
executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Car- I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
reira, na forma da lei. equiparada na forma da lei, incidentes sobre: 
A) a folha de salários e demais rendimentos do traba-
lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física
que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; 
4 ORDEM SOCIAL: BASE E OBJETIVOS DA B) a receita ou o faturamento; 
ORDEM SOCIAL; SEGURIDADE SOCIAL; C) o lucro; 
MEIO AMBIENTE; FAMÍLIA, CRIANÇA, Ii - do trabalhador e dos demais segurados da previ-
ADOLESCENTE, IDOSO E ÍNDIO. dência social, não incidindo contribuição sobre aposenta-
doria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência
social de que trata o art. 201; 
Iii - sobre a receita de concursos de prognósticos.
TÍTULO VIII Iv - do importador de bens ou serviços do exterior, ou
Da ordem social de quem a lei a ele equiparar. 
§ 1º - as receitas dos estados, do distrito federal e dos
CAPÍTULO I municípios destinadas à seguridade social constarão dos
Disposição geral respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da
união.
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do § 2º a proposta de orçamento da seguridade social
trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. será elaborada de forma integrada pelos órgãos respon-
Ordem social é a expressão que se refere à organiza- sáveis pela saúde, previdência social e assistência social,
ção da sociedade, proporcionando o bem-estar e a justiça tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na
social. Neste sentido, invariavelmente seus vetores se ligam lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a
aos direitos econômicos, sociais e culturais, bem como aos gestão de seus recursos.
direitos difusos e coletivos (notadamente ambiental). § 3º a pessoa jurídica em débito com o sistema da
seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá
Capítulo ii contratar com o poder público nem dele receber benefí-
Da seguridade social cios ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º a lei poderá instituir outras fontes destinadas a
Seção i garantir a manutenção ou expansão da seguridade social,
Disposições gerais obedecido o disposto no art. 154, i.
§ 5º nenhum benefício ou serviço da seguridade so-
O título VIII, que aborda a ordem social, traz este cial poderá ser criado, majorado ou estendido sem a cor-
tripé no capítulo ii, intitulado “da seguridade social”: respondente fonte de custeio total.
saúde, previdência e assistência social. § 6º as contribuições sociais de que trata este artigo
só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto data da publicação da lei que as houver instituído ou mo-
integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da dificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, iii,
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saú- «b».
de, à previdência e à assistência social. § 7º são isentas de contribuição para a seguridade so-
Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, cial as entidades beneficentes de assistência social que
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: atendam às exigências estabelecidas em lei.
I - universalidade da cobertura e do atendimento; § 8º o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatá-
Ii - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços rio rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos
às populações urbanas e rurais; cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de eco-
Iii - seletividade e distributividade na prestação dos be- nomia familiar, sem empregados permanentes, contribui-
nefícios e serviços; rão para a seguridade social mediante a aplicação de uma
Iv - irredutibilidade do valor dos benefícios; alíquota sobre o resultado da comercialização da produção
V - equidade na forma de participação no custeio; e farão jus aos benefícios nos termos da lei. 
Vi - diversidade da base de financiamento; § 9º as contribuições sociais previstas no inciso i do
Vii - caráter democrático e descentralizado da adminis- caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cál-
tração, mediante gestão quadripartite, com participação dos culo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do go- utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa
verno nos órgãos colegiados.  ou da condição estrutural do mercado de trabalho. 

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de § 7º é assegurada aposentadoria no regime geral de


recursos para o sistema único de saúde e ações de assis- previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
tência social da união para os estados, o distrito federal condições: 
e os municípios, e dos estados para os municípios, ob- I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
servada a respectiva contrapartida de recursos.  anos de contribuição, se mulher; 
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia Ii - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
das contribuições sociais de que tratam os incisos i, a, anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite
e ii deste artigo, para débitos em montante superior ao para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os
fixado em lei complementar.  que exerçam suas atividades em regime de economia fami-
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica liar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pes-
para os quais as contribuições incidentes na forma dos cador artesanal. 
incisos i, b; e iv do caput, serão não-cumulativas.  § 8º os requisitos a que se refere o inciso i do parágrafo
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipó- anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor
tese de substituição gradual, total ou parcial, da contri- que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
buição incidente na forma do inciso i, a, pela incidente das funções de magistério na educação infantil e no ensino
sobre a receita ou o faturamento.  fundamental e médio. 
§ 9º para efeito de aposentadoria, é assegurada a con-
[...] tagem recíproca do tempo de contribuição na administra-
ção pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese
SEÇÃO III em que os diversos regimes de previdência social se com-
Da previdência social pensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos
em lei.
Art. 201. A previdência social será organizada sob a § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente
forma de regime geral, de caráter contributivo e de fi- do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime
liação obrigatória, observados critérios que preservem o geral de previdência social e pelo setor privado. 
equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
lei, a:  título, serão incorporados ao salário para efeito de contri-
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte buição previdenciária e consequente repercussão em be-
e idade avançada;  nefícios, nos casos e na forma da lei. 
Ii - proteção à maternidade, especialmente à gestante;  § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
Iii - proteção ao trabalhador em situação de desem- previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda
prego involuntário;  e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusiva-
Iv - salário-família e auxílio-reclusão para os depen- mente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência,
dentes dos segurados de baixa renda;  desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garan-
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, tindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o -mínimo. 
disposto no § 2º.  § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de
§ 1º é vedada a adoção de requisitos e critérios dife- que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências in-
renciados para a concessão de aposentadoria aos bene- feriores às vigentes para os demais segurados do regime
ficiários do regime geral de previdência social, ressalvados geral de previdência social. 
os casos de atividades exercidas sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter
se tratar de segurados portadores de deficiência, nos ter- complementar e organizado de forma autônoma em relação
mos definidos em lei complementar.  ao regime geral de previdência social, será facultativo, ba-
§ 2º nenhum benefício que substitua o salário de seado na constituição de reservas que garantam o benefício
contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado contratado, e regulado por lei complementar. 
terá valor mensal inferior ao salário mínimo.  § 1° a lei complementar de que trata este artigo assegu-
§ 3º todos os salários de contribuição considerados rará ao participante de planos de benefícios de entidades de
para o cálculo de benefício serão devidamente atualiza- previdência privada o pleno acesso às informações relativas
dos, na forma da lei.  à gestão de seus respectivos planos. 
§ 4º é assegurado o reajustamento dos benefícios § 2° as contribuições do empregador, os benefícios e as
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos
conforme critérios definidos em lei. e planos de benefícios das entidades de previdência priva-
§ 5º é vedada a filiação ao regime geral de previ- da não integram o contrato de trabalho dos participantes,
dência social, na qualidade de segurado facultativo, de assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não inte-
pessoa participante de regime próprio de previdência.  gram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. 
§ 6º a gratificação natalina dos aposentados e pen- § 3º é vedado o aporte de recursos a entidade de pre-
sionistas terá por base o valor dos proventos do mês de vidência privada pela união, estados, distrito federal e mu-
dezembro de cada ano.  nicípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, so-

12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ciedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo O §7º do artigo 201, cf fixa as condições para a aposen-
na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese tadoria pelo regime geral de previdência social. Professor
alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado.  de ensino infantil, fundamental e médio, que tenha exclu-
§ 4º lei complementar disciplinará a relação entre a sivamente desempenhado estas funções, tem o tempo de
união, estados, distrito federal ou municípios, inclusive suas contribuição reduzido em 5 anos (30 anos para homem e
autarquias, fundações, sociedades de economia mista e em- 25 anos para mulher).
presas controladas direta ou indiretamente, enquanto patro- Se uma pessoa contribuir a dois regimes diversos em
cinadoras de entidades fechadas de previdência privada, e períodos diferentes de sua vida contributiva, estes regimes
suas respectivas entidades fechadas de previdência privada.  se compensarão, ou seja, o tempo de um se acrescerá no
§ 5º a lei complementar de que trata o parágrafo anterior outro (artigo 201, §9º, cf).
aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas permissionárias A questão de verba destinada à cobertura do risco de
ou concessionárias de prestação de serviços públicos, quando pa- acidente de trabalho é disciplinada no §10 do artigo 201,
trocinadoras de entidades fechadas de previdência privada.  cf. Atualmente, a lei nº 6.367/1976 dispõe sobre o seguro
§ 6º a lei complementar a que se refere o § 4° deste ar- de acidentes do trabalho a cargo do inps e dá outras pro-
tigo estabelecerá os requisitos para a designação dos mem- vidências.
bros das diretorias das entidades fechadas de previdência Quanto à incorporação de ganhos habituais ao salário,
privada e disciplinará a inserção dos participantes nos cole- prevê o §11 do artigo 201, cf pela incorporação para efeito
giados e instâncias de decisão em que seus interesses sejam de contribuição previdenciária e consequente repercussão
objeto de discussão e deliberação.  em benefícios, nos casos e na forma da lei.
Sobre o sistema especial de inclusão previdenciária, é a
A previdência social e a assistência social se diferen- disciplina do artigo 201, §§ 12 e 13, cf.
ciam principalmente porque a previdência social volta-se Por seu turno, o artigo 202, cf volta-se ao regime de
ao pagamento de aposentadoria e benefícios aos seus con- previdência privada, que pode se organizar de forma autô-
tribuintes, ao passo que a assistência social tem por foco a noma e possui caráter complementar e facultativo.
oferta de amparo mínimo aos que não contribuíram para a Com efeito, a lei complementar nº 109, de 29 de maio
seguridade social. de 2001, dispõe sobre o regime de previdência comple-
O artigo 201, cf, trabalha com a organização da previ- mentar e dá outras providências.
dência social em regime geral, de caráter contributivo e fi-
liação obrigatória, sendo que devem ser adotados critérios
de preservação de equilíbrio financeiro e atuarial. Nota-se
que todos os trabalhadores ficarão vinculados ao regime e
prestarão contribuição a ele, não havendo a opção de dele
se desvincular. No mais, são previstas como campos de
atendimento pela previdência: “i - cobertura dos eventos
de doença, invalidez, morte e idade avançada; ii - prote-
ção à maternidade, especialmente à gestante;  iii - proteção
ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
iv - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes
dos segurados de baixa renda; v - pensão por morte do
segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro
e dependentes, observado o disposto no § 2º” (ou seja, não
se aceitando valor inferior ao salário mínimo).
Os critérios para a concessão de aposentadoria são
unitários, em regra, conforme o §1º do artigo 201, cf.
O valor mínimo de benefício com caráter substitutivo
de salário de contribuição ou rendimento é de 1 salário
mínimo (artigo 201, §2º, cf).
Os salários de contribuição serão atualizados (artigo
201, §3º, cf) e os benefícios serão devidamente reajustados
(artigo 201, §4º, cf), tudo com vistas à preservação do valor
real da contribuição e do benefício.
Integrante de regime próprio de previdência não pode
se vincular como segurado facultativo, prestando contri-
buições autônomas, ao regime geral (artigo 201, §5º, cf), o
que geraria uma indevida cumulação de benefícios.
Aposentados e pensionistas também fazem jus ao dé-
cimo terceiro salário, denominado gratificação natalina, a
ser calculado com base no valor dos proventos do mês de
dezembro de cada ano (artigo 201, §6º, cf). 

13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ANOTAÇÕES

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14
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

1 Lei nº 7.102/1983: dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição
e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá
outras providências. .......................................................................................................................................................................................... 01
2 Lei nº 10.357/2001: estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos químicos que direta ou indireta-
mente possam ser destinados à elaboração ilícita de substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem
dependência física ou psíquica, e dá outras providências. ............................................................................................................... 03
3 Lei nº 6.815/1980: define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho Nacional de Imigração. ... 06
4 Lei nº 11.343/2006: institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD); prescreve medidas
para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece nor-
mas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências
(apenas aspectos penais e processuais penais). .................................................................................................................................... 19
5 Lei nº 4.898/1965: direito de representação e processo de responsabilidade administrativa civil e penal, nos casos
de abuso de autoridade (apenas aspectos penais e processuais penais). .................................................................................. 27
6 Lei nº 9.455/1997: define os crimes de tortura e dá outras providências (apenas aspectos penais e processuais pe-
nais). ........................................................................................................................................................................................................................ 30
7 Lei nº 8.069/1990: Estatuto da Criança e do Adolescente (apenas aspectos penais e processuais penais). ............. 30
8 Lei nº 10.826/2003: Estatuto do Desarmamento (apenas aspectos penais e processuais penais). ............................... 70
9 Lei nº 9.605/1998: Lei dos Crimes Ambientais (apenas aspectos penais e processuais penais). ..................................110
10 Lei nº 10.446/2002: infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão unifor-
me...........................................................................................................................................................................................................................118
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

III – dispensa de contratação de vigilantes, caso isso


1 LEI Nº 7.102/1983: DISPÕE SOBRE inviabilize economicamente a existência do estabelecimen-
SEGURANÇA PARA ESTABELECIMENTOS to.  (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
FINANCEIROS, ESTABELECE NORMAS PARA § 3o  Os processos administrativos em curso no âmbito
do Departamento de Polícia Federal observarão os requi-
CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS
sitos próprios de segurança para as cooperativas singula-
EMPRESAS PARTICULARES QUE EXPLORAM
res de crédito e suas dependências.  (Incluído pela Lei nº
SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA E DE TRANSPORTE 11.718, de 2008)
DE VALORES, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. Art. 2º - O sistema de segurança referido no artigo
anterior inclui pessoas adequadamente preparadas, assim
chamadas vigilantes; alarme capaz de permitir, com segu-
rança, comunicação entre o estabelecimento financeiro e
Presidência da República outro da mesma instituição, empresa de vigilância ou ór-
Casa Civil gão policial mais próximo; e, pelo menos, mais um dos se-
Subchefia para Assuntos Jurídicos guintes dispositivos:
I - equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens
LEI Nº 7.102, DE 20 DE JUNHO DE 1983. que possibilitem a identificação dos assaltantes;
II - artefatos que retardem a ação dos criminosos, per-
mitindo sua perseguição, identificação ou captura; e
Dispõe sobre segurança III - cabina blindada com permanência ininterrupta de
para estabelecimentos vigilante durante o expediente para o público e enquanto
financeiros, estabelece houver movimentação de numerário no interior do estabe-
normas para constituição lecimento.
e funcionamento das Parágrafo único. (Revogado pela Lei 9.017, de 1995)
Regulamento
empresas particulares Art. 3º A vigilância ostensiva e o transporte de valo-
que exploram serviços de res serão executados: (Redação dada pela Lei nº 9.017, de
vigilância e de transporte 1995)
de valores, e dá outras I - por empresa especializada contratada; ou (Redação
providências. dada pela Lei nº 9.017, de 1995)
II - pelo próprio estabelecimento financeiro, desde que
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- organizado e preparado para tal fim, com pessoal próprio,
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: aprovado em curso de formação de vigilante autorizado
Art. 1º É vedado o funcionamento de qualquer estabele- pelo Ministério da Justiça e cujo sistema de segurança te-
cimento financeiro onde haja guarda de valores ou movimen- nha parecer favorável à sua aprovação emitido pelo Minis-
tação de numerário, que não possua sistema de segurança tério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995)
com parecer favorável à sua aprovação, elaborado pelo Minis- Parágrafo único. Nos estabelecimentos financeiros
tério da Justiça, na forma desta lei. (Redação dada pela Lei nº estaduais, o serviço de vigilância ostensiva poderá ser de-
9.017, de 1995)   (Vide art. 16 da Lei nº 9.017, de 1995)       sempenhado pelas Polícias Militares, a critério do Governo
§ 1o  Os estabelecimentos financeiros referidos neste da respectiva Unidade da Federação. (Redação dada pela
artigo  compreendem  bancos oficiais ou privados, caixas Lei nº 9.017, de 1995)
econômicas, sociedades de crédito, associações de pou- Art. 4º O transporte de numerário em montante supe-
pança, suas  agências, postos de atendimento, subagências rior a vinte mil Ufir, para suprimento ou recolhimento do
e seções, assim como as cooperativas singulares de crédito movimento diário dos estabelecimentos financeiros, será
e suas respectivas dependências.  (Renumerado do pará- obrigatoriamente efetuado em veículo especial da própria
grafo único com nova redação pela Lei nº 11.718, de 2008) instituição ou de empresa especializada.  (Redação dada
§ 2o  O Poder Executivo estabelecerá, considerando a pela Lei nº 9.017, de 1995)
reduzida circulação financeira, requisitos próprios de se- Art. 5º O transporte de numerário entre sete mil e vin-
gurança para as cooperativas singulares de crédito e suas te mil Ufirs poderá ser efetuado em veículo comum, com
dependências que contemplem, entre outros, os seguintes a presença de dois vigilantes.  (Redação dada pela Lei nº
procedimentos: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) 9.017, de 1995)
I – dispensa de sistema de segurança para o estabe- Art. 6º Além das atribuições previstas no art. 20, com-
lecimento de cooperativa singular de crédito que se situe pete ao Ministério da Justiça:  (Redação dada pela Lei nº
dentro de qualquer edificação que possua estrutura de 9.017, de 1995)  (Vide art. 16 da Lei nº 9.017, de 1995)
segurança instalada em conformidade com o art. 2o desta I - fiscalizar os estabelecimentos financeiros quanto ao cum-
Lei; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) primento desta lei; (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995)
II – necessidade de elaboração e aprovação de apenas II - encaminhar parecer conclusivo quanto ao prévio
um único plano de segurança por cooperativa singular de cumprimento desta lei, pelo estabelecimento financeiro, à
crédito, desde que detalhadas todas as suas dependên- autoridade que autoriza o seu funcionamento;  (Redação
cias; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) dada pela Lei nº 9.017, de 1995)

1
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

III - aplicar aos estabelecimentos financeiros as penali- § 4º As empresas que tenham objeto econômico diver-
dades previstas nesta lei. so da vigilância ostensiva e do transporte de valores, que
Parágrafo único. Para a execução da competência pre- utilizem pessoal de quadro funcional próprio, para execu-
vista no inciso I, o Ministério da Justiça poderá celebrar ção dessas atividades, ficam obrigadas ao cumprimento do
convênio com as Secretarias de Segurança Pública dos res- disposto nesta lei e demais legislações pertinentes. (Incluí-
pectivos Estados e Distrito Federal. (Redação dada pela Lei do pela Lei nº 8.863, de 1994)
nº 9.017, de 1995) § 5º (Vetado).  (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
Art. 7º O estabelecimento financeiro que infringir dis- § 6º (Vetado).  (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
posição desta lei ficará sujeito às seguintes penalidades, Art. 11 - A propriedade e a administração das empre-
conforme a gravidade da infração e levando-se em conta a sas especializadas que vierem a se constituir são vedadas
reincidência e a condição econômica do infrator: (Redação a estrangeiros.
dada pela Lei nº 9.017, de 1995)        (Vide art. 16 da Lei nº Art. 12 - Os diretores e demais empregados das em-
9.017, de 1995) presas especializadas não poderão ter antecedentes crimi-
I - advertência;  (Redação dada pela Lei nº 9.017, de nais registrados.
1995) Art. 13. O capital integralizado das empresas especiali-
II - multa, de mil a vinte mil Ufirs; (Redação dada pela zadas não pode ser inferior a cem mil Ufirs. (Redação dada
Lei nº 9.017, de 1995) pela Lei nº 9.017, de 1995)
III - interdição do estabelecimento. (Redação dada pela Art. 14 - São condições essenciais para que as empre-
Lei nº 9.017, de 1995) sas especializadas operem nos Estados, Territórios e Distri-
Art 8º - Nenhuma sociedade seguradora poderá emi- to Federal:
tir, em  favor de estabelecimentos financeiros, apólice de I - autorização de funcionamento concedida conforme
seguros que inclua cobertura garantindo riscos de roubo e o art. 20 desta Lei; e
furto qualificado de numerário e outros valores, sem com- II - comunicação à Secretaria de Segurança Pública do
provação de cumprimento, pelo segurado, das exigências respectivo Estado, Território ou Distrito Federal.
previstas nesta Lei. Art. 15. Vigilante, para os efeitos desta lei, é o empre-
Parágrafo único - As apólices com infringência do dis- gado contratado para a execução das atividades definidas
posto neste artigo não terão cobertura de resseguros pelo nos incisos I e II do caput e §§ 2º, 3º e 4º do art. 10. (Reda-
Instituto de Resseguros do Brasil. ção dada pela Lei nº 8.863, de 1994)
Art. 9º - Nos seguros contra roubo e furto qualificado Art. 16 - Para o exercício da profissão, o vigilante
de estabelecimentos financeiros, serão concedidos descon- preencherá os seguintes requisitos:
tos sobre os prêmios aos segurados que possuírem, além I - ser brasileiro;
dos requisitos mínimos de segurança, outros meios de pro- II - ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos;
teção previstos nesta Lei, na forma de seu regulamento. III - ter instrução correspondente à quarta série do pri-
Art. 10. São considerados como segurança privada as meiro grau;
atividades desenvolvidas em prestação de serviços com a IV - ter sido aprovado, em curso de formação de vigi-
finalidade de: (Redação dada pela Lei nº 8.863, de 1994) lante, realizado em estabelecimento com funcionamento
I - proceder à vigilância patrimonial das instituições fi- autorizado nos termos desta lei. (Redação dada pela Lei nº
nanceiras e de outros estabelecimentos, públicos ou priva- 8.863, de 1994)
dos, bem como a segurança de pessoas físicas;   (Incluído V - ter sido aprovado em exame de saúde física, mental
pela Lei nº 8.863, de 1994) e psicotécnico;
II - realizar o transporte de valores ou garantir o trans- VI - não ter antecedentes criminais registrados; e
porte de qualquer outro tipo de carga.   (Incluído pela Lei VII - estar quite com as obrigações eleitorais e militares.
nº 8.863, de 1994) Parágrafo único - O requisito previsto no inciso III des-
§ 1º Os serviços de vigilância e de transporte de valores te artigo não se aplica aos vigilantes admitidos até a publi-
poderão ser executados por uma mesma empresa. (Renu- cação da presente Lei
merado do parágrafo único pela Lei nº 8.863, de 1994) Art.  17.   O exercício da profissão de vigilante requer
§ 2º As empresas especializadas em prestação de servi- prévio registro no Departamento de Polícia Federal, que se
ços de segurança, vigilância e transporte de valores, cons- fará após a apresentação dos documentos comprobatórios
tituídas sob a forma de empresas privadas, além das hipó- das situações enumeradas no art. 16. (Redação dada pela
teses previstas nos incisos do caput deste artigo, poderão Medida Provisória nº 2.184-23, de 2001)
se prestar ao exercício das atividades de segurança privada Art. 18 - O vigilante usará uniforme somente quando
a pessoas; a estabelecimentos comerciais, industriais, de em efetivo serviço.
prestação de serviços e residências; a entidades sem fins Art. 19 - É assegurado ao vigilante:
lucrativos; e órgãos e empresas públicas. (Incluído pela Lei I - uniforme especial às expensas da empresa a que se
nº 8.863, de 1994) vincular;
§ 3º Serão regidas por esta lei, pelos regulamentos dela II - porte de arma, quando em serviço;
decorrentes e pelas disposições da legislação civil, comercial, III - prisão especial por ato decorrente do serviço;
trabalhista, previdenciária e penal, as empresas definidas no IV - seguro de vida em grupo, feito pela empresa em-
parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994) pregadora.

2
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 20. Cabe ao Ministério da Justiça, por intermédio Art. 24 - As empresas já em funcionamento deverão
do seu órgão competente ou mediante convênio com as proceder à adaptação de suas atividades aos preceitos des-
Secretarias de Segurança Pública dos Estados e Distrito Fe- ta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da
deral: (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) data em que entrar em vigor o regulamento da presente
I - conceder autorização para o funcionamento: Lei, sob pena de terem suspenso seu funcionamento até
A) das empresas especializadas em serviços de vigilância; que comprovem essa adaptação.
B) das empresas especializadas em transporte de va- Art. 25 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no
lores; e prazo de 90 (noventa) dias a contar da data de sua publicação.
C) dos cursos de formação de vigilantes; Art. 26 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
II - fiscalizar as empresas e os cursos mencionados dos Art. 27 - Revogam-se os Decretos-leis nº 1.034, de 21
no inciso anterior; de outubro de 1969, e nº 1.103, de 6 de abril de 1970, e as
Ill - aplicar às empresas e aos cursos a que se refere demais disposições em contrário.
o inciso I deste artigo as penalidades previstas no art. 23 Brasília, em 20 de junho de 1983; 162º da Independên-
desta Lei; cia e 95º da República.
IV - aprovar uniforme; JOÃO FIGUEIREDO
V - fixar o currículo dos cursos de formação de vigi- Ibrahim Abi-Ackel
lantes;
VI - fixar o número de vigilantes das empresas especia- Este texto não substitui o publicado no DOU de
lizadas em cada unidade da Federação; 21.6.1983
VII - fixar a natureza e a quantidade de armas de pro-
priedade das empresas especializadas e dos estabeleci-
mentos financeiros;
VIII - autorizar a aquisição e a posse de armas e mu- 2 LEI Nº 10.357/2001: ESTABELECE NORMAS
nições; e DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO SOBRE
IX - fiscalizar e controlar o armamento e a munição uti- PRODUTOS QUÍMICOS QUE DIRETA OU
lizados. INDIRETAMENTE POSSAM SER DESTINADOS
X - rever anualmente a autorização de funcionamento
À ELABORAÇÃO ILÍCITA DE SUBSTÂNCIAS
das empresas elencadas no inciso I deste artigo. (Incluído
pela Lei nº 8.863, de 1994) ENTORPECENTES, PSICOTRÓPICAS OU QUE
Parágrafo único. As competências previstas nos incisos DETERMINEM DEPENDÊNCIA FÍSICA OU
I e V deste artigo não serão objeto de convênio. (Redação PSÍQUICA, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
dada pela Lei nº 9.017, de 1995)
Art. 21 - As armas destinadas ao uso dos vigilantes se-
rão de propriedade e responsabilidade:
I - das empresas especializadas; Presidência da República
II - dos estabelecimentos financeiros quando dispuse- Casa Civil
rem de serviço organizado de vigilância, ou mesmo quan- Subchefia para Assuntos Jurídicos
do contratarem empresas especializadas.
Art. 22 - Será permitido ao vigilante, quando em servi-
LEI No 10.357, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001.
ço, portar revólver calibre 32 ou 38 e utilizar cassetete de
madeira ou de borracha.
Parágrafo único - Os vigilantes, quando empenhados em Estabelece normas de
transporte de valores, poderão também utilizar espingarda de controle e fiscalização
uso permitido, de calibre 12, 16 ou 20, de fabricação nacional. sobre produtos
Art. 23 - As empresas especializadas e os cursos de for- químicos que direta ou
mação de vigilantes que infringirem disposições desta Lei indiretamente possam ser
ficarão sujeitos às seguintes penalidades, aplicáveis pelo destinados à elaboração
Regulamento
Ministério da Justiça, ou, mediante convênio, pelas Secre- ilícita de substâncias
tarias de Segurança Pública, conforme a gravidade da in- entorpecentes,
fração, levando-se em conta a reincidência e a condição psicotrópicas ou que
econômica do infrator: determinem dependência
I - advertência; física ou psíquica, e dá
II - multa de quinhentas até cinco mil Ufirs: (Redação outras providências.
dada pela Lei nº 9.017, de 1995)
III - proibição temporária de funcionamento; e O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
IV - cancelamento do registro para funcionar. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Parágrafo único - Incorrerão nas penas previstas neste Art. 1o Estão sujeitos a controle e fiscalização, na forma
artigo as empresas e os estabelecimentos financeiros res- prevista nesta Lei, em sua fabricação, produção, armazena-
ponsáveis pelo extravio de armas e munições. mento, transformação, embalagem, compra, venda, comer-

3
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

cialização, aquisição, posse, doação, empréstimo, permuta, Art. 8o A pessoa jurídica que realizar qualquer uma das
remessa, transporte, distribuição, importação, exportação, atividades a que se refere o art. 1o desta Lei é obrigada a
reexportação, cessão, reaproveitamento, reciclagem, trans- fornecer ao Departamento de Polícia Federal, periodica-
ferência e utilização, todos os produtos químicos que pos- mente, as informações sobre suas operações.
sam ser utilizados como insumo na elaboração de subs- Parágrafo único. Os documentos que consubstanciam
tâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem as informações a que se refere este artigo deverão ser ar-
dependência física ou psíquica. quivados pelo prazo de cinco anos e apresentados ao De-
§ 1o  Aplica-se o disposto neste artigo às substâncias partamento de Polícia Federal quando solicitados.
entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem depen- Art. 9o Os modelos de mapas e formulários necessários
dência física ou psíquica que não estejam sob controle do à implementação das normas a que se referem os artigos
órgão competente do Ministério da Saúde. anteriores serão publicados em portaria ministerial.
§ 2o  Para efeito de aplicação das medidas de contro- Art. 10. A pessoa física ou jurídica que, por qualquer
le e fiscalização previstas nesta Lei, considera-se produto motivo, suspender o exercício de atividade sujeita a con-
químico as substâncias químicas e as formulações que as trole e fiscalização ou mudar de atividade controlada de-
contenham, nas concentrações estabelecidas em portaria, verá comunicar a paralisação ou alteração ao Departa-
em qualquer estado físico, independentemente do nome mento de Polícia Federal, no prazo de trinta dias a partir
fantasia dado ao produto e do uso lícito a que se destina. da data da suspensão ou da mudança de atividade.
Art. 2o O Ministro de Estado da Justiça, de ofício ou em Art. 11. A pessoa física ou jurídica que exerça atividade
razão de proposta do Departamento de Polícia Federal, da sujeita a controle e fiscalização deverá informar ao Depar-
Secretaria Nacional Antidrogas ou da Agência Nacional de tamento de Polícia Federal, no prazo máximo de vinte e
Vigilância Sanitária, definirá, em portaria, os produtos quí- quatro horas, qualquer suspeita de desvio de produto quí-
micos a serem controlados e, quando necessário, promo- mico a que se refere esta Lei.
verá sua atualização, excluindo ou incluindo produtos, bem Art. 12. Constitui infração administrativa:
como estabelecerá os critérios e as formas de controle. I – deixar de cadastrar-se ou licenciar-se no prazo le-
Art. 3o Compete ao Departamento de Polícia Federal o gal;
controle e a fiscalização dos produtos químicos a que se II – deixar de comunicar ao Departamento de Polícia
refere o art. 1o desta Lei e a aplicação das sanções adminis- Federal, no prazo de trinta dias, qualquer alteração ca-
dastral ou estatutária a partir da data do ato aditivo, bem
trativas decorrentes.
como a suspensão ou mudança de atividade sujeita a con-
Art. 4o Para exercer qualquer uma das atividades sujei-
trole e fiscalização;
tas a controle e fiscalização relacionadas no art. 1o , a pes-
III – omitir as informações a que se refere o art. 8o des-
soa física ou jurídica deverá se cadastrar e requerer licença
ta Lei, ou prestá-las com dados incompletos ou inexatos;
de funcionamento ao Departamento de Polícia Federal, de
IV – deixar de apresentar ao órgão fiscalizador, quan-
acordo com os critérios e as formas a serem estabelecidas
do solicitado, notas fiscais, manifestos e outros documen-
na portaria a que se refere o art. 2o, independentemente
tos de controle;
das demais exigências legais e regulamentares.
V – exercer qualquer das atividades sujeitas a controle
§ 1o  As pessoas jurídicas já cadastradas, que estejam e fiscalização, sem a devida Licença de Funcionamento ou
exercendo atividade sujeita a controle e fiscalização, de- Autorização Especial do órgão competente;
verão providenciar seu recadastramento junto ao Departa- VI – exercer atividade sujeita a controle e fiscalização
mento de Polícia Federal, na forma a ser estabelecida em com pessoa física ou jurídica não autorizada ou em situa-
regulamento. ção irregular, nos termos desta Lei;
§ 2o A pessoa física ou jurídica que, em caráter even- VII – deixar de informar qualquer suspeita de desvio
tual, necessitar exercer qualquer uma das atividades sujei- de produto químico controlado, para fins ilícitos;
tas a controle e fiscalização, deverá providenciar o seu ca- VIII – importar, exportar ou reexportar produto quími-
dastro junto ao Departamento de Polícia Federal e requerer co controlado, sem autorização prévia;
autorização especial para efetivar as suas operações. IX – alterar a composição de produto químico contro-
Art. 5o A pessoa jurídica referida no caput do art. 4o de- lado, sem prévia comunicação ao órgão competente;
verá requerer, anualmente, a Renovação da Licença de Fun- X – adulterar laudos técnicos, notas fiscais, rótulos e
cionamento para o prosseguimento de suas atividades. embalagens de produtos químicos controlados visando a
Art. 6o  Todas as partes envolvidas deverão possuir li- burlar o controle e a fiscalização;
cença de funcionamento, exceto quando se tratar de quan- XI – deixar de informar no laudo técnico, ou nota fis-
tidades de produtos químicos inferiores aos limites a serem cal, quando for o caso, em local visível da embalagem e
estabelecidos em portaria do Ministro de Estado da Justiça. do rótulo, a concentração do produto químico controlado;
Art. 7o  Para importar, exportar ou reexportar os pro- XII – deixar de comunicar ao Departamento de Polícia
dutos químicos sujeitos a controle e fiscalização, nos ter- Federal furto, roubo ou extravio de produto químico con-
mos dos arts. 1o e 2o, será necessária autorização prévia do trolado e documento de controle, no prazo de quarenta e
Departamento de Polícia Federal, nos casos previstos em oito horas; e
portaria, sem prejuízo do disposto no art. 6o e dos procedi- XIII – dificultar, de qualquer maneira, a ação do órgão
mentos adotados pelos demais órgãos competentes. de controle e fiscalização.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 13. Os procedimentos realizados no exercício da III – as entidades particulares de caráter assisten-
fiscalização deverão ser formalizados mediante a elabora- cial, filantrópico e sem fins lucrativos que comprovem
ção de documento próprio. essa condição na forma da lei específica em vigor.
Art. 14. O descumprimento das normas estabelecidas Art. 19. A Taxa de Controle e Fiscalização de Pro-
nesta Lei, independentemente de responsabilidade penal, dutos Químicos é devida pela prática dos seguintes
sujeitará os infratores às seguintes medidas administrati- atos de controle e fiscalização:
vas, aplicadas cumulativa ou isoladamente: I – no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para:
I – advertência formal; A. Emissão de Certificado de Registro Cadastral;
II – apreensão do produto químico encontrado em si- B. Emissão de segunda via de Certificado de Re-
tuação irregular; gistro Cadastral; e
III – suspensão ou cancelamento de licença de funcio- C. Alteração de Registro Cadastral;
namento; II – no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para:
IV – revogação da autorização especial; e A. Emissão de Certificado de Licença de Funcio-
V – multa de R$ 2.128,20 (dois mil, cento e vinte e oito namento;
reais e vinte centavos) a R$ 1.064.100,00 (um milhão, ses- B. Emissão de segunda via de Certificado de Licen-
senta e quatro mil e cem reais). ça de Funcionamento; e
§ 1o  Na dosimetria da medida administrativa, serão C. Renovação de Licença de Funcionamento;
consideradas a situação econômica, a conduta do infrator, III – no valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais) para:
a reincidência, a natureza da infração, a quantidade dos A. Emissão de Autorização Especial; e
produtos químicos encontrados em situação irregular e as B. Emissão de segunda via de Autorização Espe-
circunstâncias em que ocorreram os fatos. cial.
§ 2o  A critério da autoridade competente, o recolhi- Parágrafo único. Os valores constantes dos incisos
mento do valor total da multa arbitrada poderá ser feito I e II deste artigo serão reduzidos de:
em até cinco parcelas mensais e consecutivas. I - quarenta por cento, quando se tratar de em-
§ 3o Das sanções aplicadas caberá recurso ao Diretor- presa de pequeno porte;
-Geral do Departamento de Polícia Federal, na forma e pra- II - cinqüenta por cento, quando se tratar de filial
zo estabelecidos em regulamento. de empresa já cadastrada;
Art. 15. A pessoa física ou jurídica que cometer qual- III - setenta por cento, quando se tratar de mi-
quer uma das infrações previstas nesta Lei terá prazo de croempresa.
trinta dias, a contar da data da fiscalização, para sanar as Art. 20. A Taxa de Controle e Fiscalização de Pro-
irregularidades verificadas, sem prejuízo da aplicação de dutos Químicos será recolhida nos prazos e nas con-
medidas administrativas previstas no art. 14. dições estabelecidas em ato do Departamento de Po-
§ 1o Sanadas as irregularidades, os produtos químicos lícia Federal.
eventualmente apreendidos serão devolvidos ao seu legíti- Art. 21. Os recursos relativos à cobrança da Taxa
mo proprietário ou representante legal. de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos, à
§ 2o Os produtos químicos que não forem regulariza- aplicação de multa e à alienação de produtos quími-
dos e restituídos no prazo e nas condições estabelecidas cos previstas nesta Lei constituem receita do Fundo
neste artigo serão destruídos, alienados ou doados pelo Nacional Antidrogas – FUNAD.
Departamento de Polícia Federal a instituições de ensino, Parágrafo único. O Fundo Nacional Antidrogas
pesquisa ou saúde pública, após trânsito em julgado da destinará oitenta por cento dos recursos relativos à
decisão proferida no respectivo processo administrativo. cobrança da Taxa, à aplicação de multa e à alienação
§ 3o Em caso de risco iminente à saúde pública ou ao de produtos químicos, referidos no  caput deste arti-
meio ambiente, o órgão fiscalizador poderá dar destinação go, ao Departamento de Polícia Federal, para o rea-
imediata aos produtos químicos apreendidos. parelhamento e custeio das atividades de controle e
Art. 16. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscaliza- fiscalização de produtos químicos e de repressão ao
ção de Produtos Químicos, cujo fato gerador é o exercício tráfico ilícito de drogas.
do poder de polícia conferido ao Departamento de Polícia Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua
Federal para controle e fiscalização das atividades relacio- publicação.
nadas no art. 1o desta Lei.   Art. 23. Ficam revogados os arts. 1 o a 13 e 18
Art. 17. São sujeitos passivos da Taxa de Controle e Fis- da Lei n o 9.017, de 30 de março de 1995.
calização de Produtos Químicos as pessoas físicas e jurí- Brasília, 27 de dezembro de 2001; 180 o  da Inde-
dicas que exerçam qualquer uma das atividades sujeitas a pendência e 113 o da República.
controle e fiscalização de que trata o art. 1o desta Lei. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 18. São isentos do pagamento da Taxa de Controle Aloysio Nunes Ferreira Filho
e Fiscalização de Produtos Químicos, sem prejuízo das de-
mais obrigações previstas nesta Lei: Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
I – os órgãos da Administração Pública direta federal, 28.12.2001
estadual e municipal;
II – as instituições públicas de ensino, pesquisa e saúde;

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Seção II
3 LEI Nº 6.815/1980: DEFINE A SITUAÇÃO Dos Princípios e das Garantias 
JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL,
CRIA O CONSELHO NACIONAL DE Art. 3o  A política migratória brasileira rege-se pelos
IMIGRAÇÃO. seguintes princípios e diretrizes: 
I - universalidade, indivisibilidade e interdependência
dos direitos humanos; 
II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a
quaisquer formas de discriminação; 
Presidência da República
III - não criminalização da migração; 
Casa Civil
IV - não discriminação em razão dos critérios ou dos
Subchefia para Assuntos Jurídicos
procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em terri-
tório nacional; 
LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017.
V - promoção de entrada regular e de regularização
documental; 
Mensagem de veto VI - acolhida humanitária; 
Vigência VII - desenvolvimento econômico, turístico, social, cul-
Institui a Lei de Migração. tural, esportivo, científico e tecnológico do Brasil; 
Regulamento VIII - garantia do direito à reunião familiar; 
IX - igualdade de tratamento e de oportunidade ao mi-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- grante e a seus familiares;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: X - inclusão social, laboral e produtiva do migrante por
meio de políticas públicas;
CAPÍTULO I XI - acesso igualitário e livre do migrante a serviços,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES  programas e benefícios sociais, bens públicos, educação,
Seção I assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, ser-
Disposições Gerais  viço bancário e seguridade social;
XII - promoção e difusão de direitos, liberdades, garan-
Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres tias e obrigações do migrante;
do migrante e do visitante, regula a sua entrada e estada XIII - diálogo social na formulação, na execução e na
no País e estabelece princípios e diretrizes para as políti- avaliação de políticas migratórias e promoção da participa-
cas públicas para o emigrante.  ção cidadã do migrante;
§ 1o  Para os fins desta Lei, considera-se:  XIV - fortalecimento da integração econômica, políti-
I - (VETADO);  ca, social e cultural dos povos da América Latina, mediante
II - imigrante: pessoa nacional de outro país ou apá- constituição de espaços de cidadania e de livre circulação
trida que trabalha ou reside e se estabelece temporária de pessoas;
ou definitivamente no Brasil;  XV - cooperação internacional com Estados de origem,
III - emigrante: brasileiro que se estabelece temporá- de trânsito e de destino de movimentos migratórios, a fim
ria ou definitivamente no exterior;  de garantir efetiva proteção aos direitos humanos do mi-
IV - residente fronteiriço: pessoa nacional de país li- grante;
mítrofe ou apátrida que conserva a sua residência habi- XVI - integração e desenvolvimento das regiões de fron-
tual em município fronteiriço de país vizinho;  teira e articulação de políticas públicas regionais capazes de
V - visitante: pessoa nacional de outro país ou apá- garantir efetividade aos direitos do residente fronteiriço;
trida que vem ao Brasil para estadas de curta duração, XVII - proteção integral e atenção ao superior interesse
sem pretensão de se estabelecer temporária ou definiti- da criança e do adolescente migrante;
vamente no território nacional;  XVIII - observância ao disposto em tratado;
VI - apátrida: pessoa que não seja considerada como XIX - proteção ao brasileiro no exterior;
nacional por nenhum Estado, segundo a sua legislação, XX - migração e desenvolvimento humano no local de
nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátri- origem, como direitos inalienáveis de todas as pessoas;
das, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 XXI - promoção do reconhecimento acadêmico e do
de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado bra- exercício profissional no Brasil, nos termos da lei; e
sileiro.  XXII - repúdio a práticas de expulsão ou de deportação
§ 2o  (VETADO).  coletivas.
Art. 2o  Esta Lei não prejudica a aplicação de normas Art. 4o  Ao migrante é garantida no território nacional,
internas e internacionais específicas sobre refugiados, em condição de igualdade com os nacionais, a inviolabili-
asilados, agentes e pessoal diplomático ou consular, fun- dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran-
cionários de organização internacional e seus familiares. ça e à propriedade, bem como são assegurados:
  I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e eco-
nômicos;

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

II - direito à liberdade de circulação em território na- IV - salvo-conduto;


cional; V - carteira de identidade de marítimo;
III - direito à reunião familiar do migrante com seu côn- VI - carteira de matrícula consular;
juge ou companheiro e seus filhos, familiares e dependen- VII - documento de identidade civil ou documento es-
tes; trangeiro equivalente, quando admitidos em tratado;
IV - medidas de proteção a vítimas e testemunhas de VIII - certificado de membro de tripulação de transpor-
crimes e de violações de direitos; te aéreo; e
V - direito de transferir recursos decorrentes de sua IX - outros que vierem a ser reconhecidos pelo Estado
renda e economias pessoais a outro país, observada a le- brasileiro em regulamento.
gislação aplicável; § 1o  Os documentos previstos nos incisos I, II, III, IV,
VI - direito de reunião para fins pacíficos; V, VI e IX, quando emitidos pelo Estado brasileiro, são de
VII - direito de associação, inclusive sindical, para fins propriedade da União, cabendo a seu titular a posse direta
lícitos; e o uso regular.
VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assis- § 2o  As condições para a concessão dos documentos
tência social e à previdência social, nos termos da lei, sem de que trata o § 1o serão previstas em regulamento.
discriminação em razão da nacionalidade e da condição
migratória; Seção II
IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica in- Dos Vistos
tegral gratuita aos que comprovarem insuficiência de re- Subseção I
cursos; Disposições Gerais
X - direito à educação pública, vedada a discriminação
em razão da nacionalidade e da condição migratória; Art. 6o  O visto é o documento que dá a seu titular ex-
XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e pectativa de ingresso em território nacional.
contratuais trabalhistas e de aplicação das normas de pro- Parágrafo único. (VETADO).
teção ao trabalhador, sem discriminação em razão da na- Art. 7o  O visto será concedido por embaixadas, con-
cionalidade e da condição migratória; sulados-gerais, consulados, vice-consulados e, quando ha-
XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante bilitados pelo órgão competente do Poder Executivo, por
declaração de hipossuficiência econômica, na forma de re- escritórios comerciais e de representação do Brasil no ex-
gulamento; terior.
XIII - direito de acesso à informação e garantia de con- Parágrafo único. Excepcionalmente, os vistos diplomá-
fidencialidade quanto aos dados pessoais do migrante, nos tico, oficial e de cortesia poderão ser concedidos no Brasil.
termos da Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011; Art. 8o   Poderão ser cobrados taxas e emolumentos
XIV - direito a abertura de conta bancária; consulares pelo processamento do visto.
XV - direito de sair, de permanecer e de reingressar Art. 9o  Regulamento disporá sobre:
em território nacional, mesmo enquanto pendente pedido I - requisitos de concessão de visto, bem como de sua
de autorização de residência, de prorrogação de estada ou simplificação, inclusive por reciprocidade;
de transformação de visto em autorização de residência; e II - prazo de validade do visto e sua forma de conta-
XVI - direito do imigrante de ser informado sobre as gem;
garantias que lhe são asseguradas para fins de regulariza- III - prazo máximo para a primeira entrada e para a
ção migratória. estada do imigrante e do visitante no País;
§ 1o  Os direitos e as garantias previstos nesta Lei serão IV - hipóteses e condições de dispensa recíproca ou
exercidos em observância ao disposto na Constituição Fe- unilateral de visto e de taxas e emolumentos consulares
deral, independentemente da situação migratória, obser- por seu processamento; e
vado o disposto no § 4o deste artigo, e não excluem outros V - solicitação e emissão de visto por meio eletrônico.
decorrentes de tratado de que o Brasil seja parte. Parágrafo único. A simplificação e a dispensa recíproca
§ 2o  (VETADO). de visto ou de cobrança de taxas e emolumentos consula-
§ 3o  (VETADO). res por seu processamento poderão ser definidas por co-
§ 4o  (VETADO). municação diplomática.
Art. 10.  Não se concederá visto:
CAPÍTULO II I - a quem não preencher os requisitos para o tipo de
DA SITUAÇÃO DOCUMENTAL DO MIGRANTE E DO visto pleiteado;
VISITANTE II - a quem comprovadamente ocultar condição impe-
Seção I ditiva de concessão de visto ou de ingresso no País; ou
Dos Documentos de Viagem III - a menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou
sem autorização de viagem por escrito dos responsáveis
Art. 5o  São documentos de viagem: legais ou de autoridade competente.
I - passaporte; Art. 11.  Poderá ser denegado visto a quem se enqua-
II - laissez-passer; drar em pelo menos um dos casos de impedimento defini-
III - autorização de retorno; dos nos incisos I, II, III, IV e IX do art. 45.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Parágrafo único. A pessoa que tiver visto brasileiro de- II - o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria
negado será impedida de ingressar no País enquanto per- de vistos;
manecerem as condições que ensejaram a denegação. III - outras hipóteses definidas em regulamento.
§ 1o  O visto temporário para pesquisa, ensino ou ex-
Subseção II tensão acadêmica poderá ser concedido ao imigrante com
Dos Tipos de Visto ou sem vínculo empregatício com a instituição de pesquisa
ou de ensino brasileira, exigida, na hipótese de vínculo, a
Art. 12.  Ao solicitante que pretenda ingressar ou per- comprovação de formação superior compatível ou equiva-
manecer em território nacional poderá ser concedido visto: lente reconhecimento científico.
I - de visita; § 2o  O visto temporário para tratamento de saúde po-
II - temporário; derá ser concedido ao imigrante e a seu acompanhante,
III - diplomático; desde que o imigrante comprove possuir meios de subsis-
IV - oficial; tência suficientes.
V - de cortesia. § 3o  O visto temporário para acolhida humanitária po-
derá ser concedido ao apátrida ou ao nacional de qualquer
Subseção III país em situação de grave ou iminente instabilidade ins-
Do Visto de Visita titucional, de conflito armado, de calamidade de grande
proporção, de desastre ambiental ou de grave violação de
Art. 13.  O visto de visita poderá ser concedido ao visi- direitos humanos ou de direito internacional humanitário,
tante que venha ao Brasil para estada de curta duração, sem ou em outras hipóteses, na forma de regulamento.
intenção de estabelecer residência, nos seguintes casos: § 4o  O visto temporário para estudo poderá ser con-
I - turismo; cedido ao imigrante que pretenda vir ao Brasil para fre-
II - negócios; quentar curso regular ou realizar estágio ou intercâmbio de
III - trânsito; estudo ou de pesquisa.
IV - atividades artísticas ou desportivas; e § 5o  Observadas as hipóteses previstas em regulamento,
V - outras hipóteses definidas em regulamento. o visto temporário para trabalho poderá ser concedido ao
§ 1o  É vedado ao beneficiário de visto de visita exercer imigrante que venha exercer atividade laboral, com ou sem
atividade remunerada no Brasil. vínculo empregatício no Brasil, desde que comprove oferta
§ 2o  O beneficiário de visto de visita poderá receber de trabalho formalizada por pessoa jurídica em atividade no
pagamento do governo, de empregador brasileiro ou de País, dispensada esta exigência se o imigrante comprovar ti-
entidade privada a título de diária, ajuda de custo, cachê, tulação em curso de ensino superior ou equivalente.
pró-labore ou outras despesas com a viagem, bem como § 6o  O visto temporário para férias-trabalho poderá ser
concorrer a prêmios, inclusive em dinheiro, em competi- concedido ao imigrante maior de 16 (dezesseis) anos que
ções desportivas ou em concursos artísticos ou culturais. seja nacional de país que conceda idêntico benefício ao
§ 3o  O visto de visita não será exigido em caso de esca- nacional brasileiro, em termos definidos por comunicação
la ou conexão em território nacional, desde que o visitante diplomática.
não deixe a área de trânsito internacional. § 7o  Não se exigirá do marítimo que ingressar no Brasil
em viagem de longo curso ou em cruzeiros marítimos pela
Subseção IV costa brasileira o visto temporário de que trata a alínea “e”
Do Visto Temporário do inciso I do caput, bastando a apresentação da carteira
internacional de marítimo, nos termos de regulamento.
Art. 14.  O visto temporário poderá ser concedido ao § 8o  É reconhecida ao imigrante a quem se tenha con-
imigrante que venha ao Brasil com o intuito de estabelecer cedido visto temporário para trabalho a possibilidade de
residência por tempo determinado e que se enquadre em modificação do local de exercício de sua atividade laboral.
pelo menos uma das seguintes hipóteses: § 9o  O visto para realização de investimento poderá ser
I - o visto temporário tenha como finalidade: concedido ao imigrante que aporte recursos em projeto com
A) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; potencial para geração de empregos ou de renda no País.
B) tratamento de saúde; § 10.  (VETADO).
C) acolhida humanitária;
D) estudo; Subseção V
E) trabalho; Dos Vistos Diplomático, Oficial e de Cortesia
F) férias-trabalho;
G) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; Art. 15.  Os vistos diplomático, oficial e de cortesia
H) realização de investimento ou de atividade com re- serão concedidos, prorrogados ou dispensados na forma
levância econômica, social, científica, tecnológica ou cul- desta Lei e de regulamento.
tural; Parágrafo único. Os vistos diplomático e oficial pode-
I) reunião familiar; rão ser transformados em autorização de residência, o que
J) atividades artísticas ou desportivas com contrato por importará cessação de todas as prerrogativas, privilégios e
prazo determinado; imunidades decorrentes do respectivo visto.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 16.  Os vistos diplomático e oficial poderão ser CAPÍTULO III


concedidos a autoridades e funcionários estrangeiros DA CONDIÇÃO JURÍDICA DO MIGRANTE E DO VI-
que viajem ao Brasil em missão oficial de caráter tran- SITANTE
sitório ou permanente, representando Estado estran- Seção I
geiro ou organismo internacional reconhecido. Do Residente Fronteiriço
§ 1 o  Não se aplica ao titular dos vistos referidos
no caput o disposto na legislação trabalhista brasilei- Art. 23.  A fim de facilitar a sua livre circulação, poderá
ra. ser concedida ao residente fronteiriço, mediante requeri-
§ 2 o  Os vistos diplomático e oficial poderão ser mento, autorização para a realização de atos da vida civil.
estendidos aos dependentes das autoridades referidas Parágrafo único. Condições específicas poderão ser es-
no caput. tabelecidas em regulamento ou tratado.
Art. 17.  O titular de visto diplomático ou oficial Art. 24.  A autorização referida no caput do art. 23 indi-
somente poderá ser remunerado por Estado estran- cará o Município fronteiriço no qual o residente estará au-
geiro ou organismo internacional, ressalvado o dis- torizado a exercer os direitos a ele atribuídos por esta Lei.
posto em tratado que contenha cláusula específica § 1o  O residente fronteiriço detentor da autorização gozará
sobre o assunto. das garantias e dos direitos assegurados pelo regime geral de
Parágrafo único. O dependente de titular de visto migração desta Lei, conforme especificado em regulamento.
diplomático ou oficial poderá exercer atividade remu- § 2o  O espaço geográfico de abrangência e de vali-
nerada no Brasil, sob o amparo da legislação traba- dade da autorização será especificado no documento de
lhista brasileira, desde que seja nacional de país que residente fronteiriço.
assegure reciprocidade de tratamento ao nacional Art. 25.  O documento de residente fronteiriço será
brasileiro, por comunicação diplomática. cancelado, a qualquer tempo, se o titular:
Art. 18.  O empregado particular titular de visto I - tiver fraudado documento ou utilizado documento
de cortesia somente poderá exercer atividade remu- falso para obtê-lo;
nerada para o titular de visto diplomático, oficial ou II - obtiver outra condição migratória;
de cortesia ao qual esteja vinculado, sob o amparo da III - sofrer condenação penal; ou
legislação trabalhista brasileira. IV - exercer direito fora dos limites previstos na auto-
Parágrafo único. O titular de visto diplomático, ofi- rização.
cial ou de cortesia será responsável pela saída de seu
empregado do território nacional. Seção II
Seção III Da Proteção do Apátrida e da Redução da Apatri-
Do Registro e da Identificação Civil do Imigrante e dos dia
Detentores de Vistos Diplomático, Oficial e de Cortesia
Art. 19. O registro consiste na identificação civil Art. 26.  Regulamento disporá sobre instituto protetivo
por dados biográficos e biométricos, e é obrigatório especial do apátrida, consolidado em processo simplifica-
a todo imigrante detentor de visto temporário ou de do de naturalização.
autorização de residência. § 1o  O processo de que trata o caput será iniciado tão
§ 1 o  O registro gerará número único de identifica- logo seja reconhecida a situação de apatridia.
ção que garantirá o pleno exercício dos atos da vida § 2o  Durante a tramitação do processo de reconheci-
civil. mento da condição de apátrida, incidem todas as garantias
§ 2 o  O documento de identidade do imigrante será e mecanismos protetivos e de facilitação da inclusão social
expedido com base no número único de identificação. relativos à Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas de
§ 3 o  Enquanto não for expedida identificação civil, 1954, promulgada pelo  Decreto nº 4.246, de 22 de maio
o documento comprobatório de que o imigrante a so- de 2002, à Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados,
licitou à autoridade competente garantirá ao titular o promulgada pelo  Decreto no  50.215, de 28 de janeiro de
acesso aos direitos disciplinados nesta Lei. 1961, e à Lei no 9.474, de 22 de julho de 1997.
Art.  20. A identificação civil de solicitante de re- § 3o  Aplicam-se ao apátrida residente todos os direitos
fúgio, de asilo, de reconhecimento de apatridia e de atribuídos ao migrante relacionados no art. 4o.
acolhimento humanitário poderá ser realizada com a § 4o  O reconhecimento da condição de apátrida asse-
apresentação dos documentos de que o imigrante dis- gura os direitos e garantias previstos na Convenção sobre
puser. o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo  De-
Art.  21. Os documentos de identidade emitidos creto no 4.246, de 22 de maio de 2002, bem como outros
até a data de publicação desta Lei continuarão válidos direitos e garantias reconhecidos pelo Brasil.
até sua total substituição. § 5o  O processo de reconhecimento da condição de
Art.  22. A identificação civil, o documento de apátrida tem como objetivo verificar se o solicitante é con-
identidade e as formas de gestão da base cadastral siderado nacional pela legislação de algum Estado e po-
dos detentores de vistos diplomático, oficial e de cor- derá considerar informações, documentos e declarações
tesia atenderão a disposições específicas previstas em prestadas pelo próprio solicitante e por órgãos e organis-
regulamento. mos nacionais e internacionais.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 6o  Reconhecida a condição de apátrida, nos termos I) reunião familiar;


do inciso VI do § 1o do art. 1o, o solicitante será consultado II - a pessoa:
sobre o desejo de adquirir a nacionalidade brasileira. A) seja beneficiária de tratado em matéria de residên-
§ 7o  Caso o apátrida opte pela naturalização, a deci- cia e livre circulação;
são sobre o reconhecimento será encaminhada ao órgão B) seja detentora de oferta de trabalho;
competente do Poder Executivo para publicação dos atos C) já tenha possuído a nacionalidade brasileira e não
necessários à efetivação da naturalização no prazo de 30 deseje ou não reúna os requisitos para readquiri-la;
(trinta) dias, observado o art. 65. D) (VETADO);
§ 8o  O apátrida reconhecido que não opte pela natura- E) seja beneficiária de refúgio, de asilo ou de proteção
lização imediata terá a autorização de residência outorga- ao apátrida;
da em caráter definitivo. F) seja menor nacional de outro país ou apátrida, desa-
§ 9o  Caberá recurso contra decisão negativa de reco- companhado ou abandonado, que se encontre nas frontei-
nhecimento da condição de apátrida. ras brasileiras ou em território nacional;
§ 10.  Subsistindo a denegação do reconhecimento da G) tenha sido vítima de tráfico de pessoas, de trabalho
condição de apátrida, é vedada a devolução do indivíduo escravo ou de violação de direito agravada por sua condi-
para país onde sua vida, integridade pessoal ou liberdade ção migratória;
estejam em risco. H) esteja em liberdade provisória ou em cumprimento
§ 11.  Será reconhecido o direito de reunião familiar a de pena no Brasil;
partir do reconhecimento da condição de apátrida. III - outras hipóteses definidas em regulamento.
§ 12.  Implica perda da proteção conferida por esta Lei: § 1o  Não se concederá a autorização de residência a
I - a renúncia; pessoa condenada criminalmente no Brasil ou no exterior
II - a prova da falsidade dos fundamentos invocados por sentença transitada em julgado, desde que a conduta
para o reconhecimento da condição de apátrida; ou esteja tipificada na legislação penal brasileira, ressalvados
III - a existência de fatos que, se fossem conhecidos os casos em que:
por ocasião do reconhecimento, teriam ensejado decisão I - a conduta caracterize infração de menor potencial
negativa. ofensivo;
II - (VETADO); ou
Seção III III - a pessoa se enquadre nas hipóteses previstas nas
Do Asilado alíneas “b”, “c” e “i” do inciso I e na alínea “a” do inciso II
do caput deste artigo.
Art. 27.  O asilo político, que constitui ato discricionário § 2o  O disposto no § 1o não obsta progressão de regi-
do Estado, poderá ser diplomático ou territorial e será ou- me de cumprimento de pena, nos termos da Lei no 7.210,
torgado como instrumento de proteção à pessoa. de 11 de julho de 1984, ficando a pessoa autorizada a tra-
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre as condi- balhar quando assim exigido pelo novo regime de cumpri-
ções para a concessão e a manutenção de asilo. mento de pena.
Art. 28.  Não se concederá asilo a quem tenha cometi- § 3o  Nos procedimentos conducentes ao cancelamen-
do crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime to de autorização de residência e no recurso contra a nega-
de guerra ou crime de agressão, nos termos do Estatuto de tiva de concessão de autorização de residência devem ser
Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulga- respeitados o contraditório e a ampla defesa.
do pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002. Art. 31.  Os prazos e o procedimento da autorização de
Art. 29.  A saída do asilado do País sem prévia comuni- residência de que trata o art. 30 serão dispostos em regu-
cação implica renúncia ao asilo. lamento, observado o disposto nesta Lei.
§ 1o  Será facilitada a autorização de residência nas hi-
Seção IV póteses das alíneas “a” e “e” do inciso I do art. 30 desta
Da Autorização de Residência Lei, devendo a deliberação sobre a autorização ocorrer em
prazo não superior a 60 (sessenta) dias, a contar de sua
Art. 30.  A residência poderá ser autorizada, mediante solicitação.
registro, ao imigrante, ao residente fronteiriço ou ao visi- § 2o  Nova autorização de residência poderá ser conce-
tante que se enquadre em uma das seguintes hipóteses: dida, nos termos do art. 30, mediante requerimento.
I - a residência tenha como finalidade: § 3o  O requerimento de nova autorização de residência
A) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; após o vencimento do prazo da autorização anterior impli-
B) tratamento de saúde; cará aplicação da sanção prevista no inciso II do art. 109.
C) acolhida humanitária; § 4o  O solicitante de refúgio, de asilo ou de proteção
D) estudo; ao apátrida fará jus a autorização provisória de residência
E) trabalho; até a obtenção de resposta ao seu pedido.
F) férias-trabalho; § 5o  Poderá ser concedida autorização de residência
G) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; independentemente da situação migratória.
H) realização de investimento ou de atividade com rele- Art. 32.  Poderão ser cobradas taxas pela autorização
vância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; de residência.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 33.  Regulamento disporá sobre a perda e o cancela- IV - (VETADO); ou


mento da autorização de residência em razão de fraude ou de V - seja criança ou adolescente desacompanhado de
ocultação de condição impeditiva de concessão de visto, de responsável legal e sem autorização expressa para viajar
ingresso ou de permanência no País, observado procedimento desacompanhado, independentemente do documento
administrativo que garanta o contraditório e a ampla defesa. de viagem que portar, hipótese em que haverá imedia-
Art. 34.  Poderá ser negada autorização de residência to encaminhamento ao Conselho Tutelar ou, em caso de
com fundamento nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III, necessidade, a instituição indicada pela autoridade com-
IV e IX do art. 45. petente.
Art. 35.  A posse ou a propriedade de bem no Brasil não Parágrafo único. Regulamento poderá dispor sobre
confere o direito de obter visto ou autorização de residên- outras hipóteses excepcionais de admissão, observados
cia em território nacional, sem prejuízo do disposto sobre os princípios e as diretrizes desta Lei.
visto para realização de investimento. Art. 41.  A entrada condicional, em território nacional,
Art. 36.  O visto de visita ou de cortesia poderá ser de pessoa que não preencha os requisitos de admissão
transformado em autorização de residência, mediante re- poderá ser autorizada mediante a assinatura, pelo trans-
querimento e registro, desde que satisfeitos os requisitos portador ou por seu agente, de termo de compromisso de
previstos em regulamento. custear as despesas com a permanência e com as provi-
dências para a repatriação do viajante.
Seção V Art. 42.  O tripulante ou o passageiro que, por motivo
Da Reunião Familiar de força maior, for obrigado a interromper a viagem em
território nacional poderá ter seu desembarque permitido
Art. 37.  O visto ou a autorização de residência para fins mediante termo de responsabilidade pelas despesas de-
de reunião familiar será concedido ao imigrante: correntes do transbordo.
I - cônjuge ou companheiro, sem discriminação alguma; Art. 43.  A autoridade responsável pela fiscalização
II - filho de imigrante beneficiário de autorização de contribuirá para a aplicação de medidas sanitárias em
residência, ou que tenha filho brasileiro ou imigrante bene- consonância com o Regulamento Sanitário Internacional
ficiário de autorização de residência; e com outras disposições pertinentes 
III - ascendente, descendente até o segundo grau ou
irmão de brasileiro ou de imigrante beneficiário de autori- Seção II
zação de residência; ou Do Impedimento de Ingresso
IV - que tenha brasileiro sob sua tutela ou guarda.
Parágrafo único. (VETADO). Art. 44.  (VETADO).
Art. 45.  Poderá ser impedida de ingressar no País,
CAPÍTULO IV após entrevista individual e mediante ato fundamentado,
DA ENTRADA E DA SAÍDA DO TERRITÓRIO NACIO- a pessoa:
NAL I - anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos
Seção I da expulsão vigorarem;
Da Fiscalização Marítima, Aeroportuária e de Fron- II - condenada ou respondendo a processo por ato
teira de terrorismo ou por crime de genocídio, crime contra
a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão,
Art. 38.  As funções de polícia marítima, aeroportuária nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal
e de fronteira serão realizadas pela Polícia Federal nos pon- Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo  Decreto
tos de entrada e de saída do território nacional. no 4.388, de 25 de setembro de 2002;
Parágrafo único. É dispensável a fiscalização de passa- III - condenada ou respondendo a processo em outro
geiro, tripulante e estafe de navio em passagem inocente, país por crime doloso passível de extradição segundo a
exceto quando houver necessidade de descida de pessoa a lei brasileira;
terra ou de subida a bordo do navio. IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições
Art. 39.  O viajante deverá permanecer em área de fis- por ordem judicial ou por compromisso assumido pelo
calização até que seu documento de viagem tenha sido ve- Brasil perante organismo internacional;
rificado, salvo os casos previstos em lei. V - que apresente documento de viagem que:
Art. 40.  Poderá ser autorizada a admissão excepcional A) não seja válido para o Brasil;
no País de pessoa que se encontre em uma das seguintes B) esteja com o prazo de validade vencido; ou
condições, desde que esteja de posse de documento de C) esteja com rasura ou indício de falsificação;
viagem válido: VI - que não apresente documento de viagem ou do-
I - não possua visto; cumento de identidade, quando admitido;
II - seja titular de visto emitido com erro ou omissão; VII - cuja razão da viagem não seja condizente com
III - tenha perdido a condição de residente por ter per- o visto ou com o motivo alegado para a isenção de visto;
manecido ausente do País na forma especificada em regu- VIII - que tenha, comprovadamente, fraudado docu-
lamento e detenha as condições objetivas para a conces- mentação ou prestado informação falsa por ocasião da
são de nova autorização de residência; solicitação de visto; ou

11
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

IX - que tenha praticado ato contrário aos princípios e § 1o  A deportação será precedida de notificação pes-
objetivos dispostos na Constituição Federal. soal ao deportando, da qual constem, expressamente, as
Parágrafo único. Ninguém será impedido de ingressar irregularidades verificadas e prazo para a regularização não
no País por motivo de raça, religião, nacionalidade, perti- inferior a 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado, por
nência a grupo social ou opinião política. igual período, por despacho fundamentado e mediante
compromisso de a pessoa manter atualizadas suas infor-
CAPÍTULO V mações domiciliares.
DAS MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA § 2o  A notificação prevista no § 1o não impede a livre
Seção I circulação em território nacional, devendo o deportando
Disposições Gerais informar seu domicílio e suas atividades.
§ 3o  Vencido o prazo do § 1o  sem que se regularize
Art. 46.  A aplicação deste Capítulo observará o disposto a situação migratória, a deportação poderá ser executada.
na Lei no 9.474, de 22 de julho de 1997, e nas disposições § 4o  A deportação não exclui eventuais direitos adquiri-
legais, tratados, instrumentos e mecanismos que tratem da dos em relações contratuais ou decorrentes da lei brasileira.
proteção aos apátridas ou de outras situações humanitárias. § 5o  A saída voluntária de pessoa notificada para deixar
Art. 47. A repatriação, a deportação e a expulsão serão o País equivale ao cumprimento da notificação de deporta-
feitas para o país de nacionalidade ou de procedência do ção para todos os fins.
migrante ou do visitante, ou para outro que o aceite, em § 6o  O prazo previsto no § 1o poderá ser reduzido nos
observância aos tratados dos quais o Brasil seja parte. casos que se enquadrem no inciso IX do art. 45.
Art. 48.  Nos casos de deportação ou expulsão, o chefe Art. 51.  Os procedimentos conducentes à deportação
da unidade da Polícia Federal poderá representar perante devem respeitar o contraditório e a ampla defesa e a ga-
o juízo federal, respeitados, nos procedimentos judiciais, os rantia de recurso com efeito suspensivo.
direitos à ampla defesa e ao devido processo legal. § 1o  A Defensoria Pública da União deverá ser notifica-
da, preferencialmente por meio eletrônico, para prestação
Seção II de assistência ao deportando em todos os procedimentos
Da Repatriação administrativos de deportação.
§ 2o  A ausência de manifestação da Defensoria Pública
Art. 49.  A repatriação consiste em medida administra- da União, desde que prévia e devidamente notificada, não
tiva de devolução de pessoa em situação de impedimento impedirá a efetivação da medida de deportação.
ao país de procedência ou de nacionalidade. Art. 52.  Em se tratando de apátrida, o procedimento
§ 1o  Será feita imediata comunicação do ato funda- de deportação dependerá de prévia autorização da autori-
mentado de repatriação à empresa transportadora e à au- dade competente.
toridade consular do país de procedência ou de nacionali- Art. 53.  Não se procederá à deportação se a medida
dade do migrante ou do visitante, ou a quem o representa. configurar extradição não admitida pela legislação brasileira.
§ 2o  A Defensoria Pública da União será notificada,
preferencialmente por via eletrônica, no caso do § 4o deste Seção IV
artigo ou quando a repatriação imediata não seja possível. Da Expulsão
§ 3o  Condições específicas de repatriação podem ser
definidas por regulamento ou tratado, observados os prin- Art. 54.  A expulsão consiste em medida administrativa
cípios e as garantias previstos nesta Lei. de retirada compulsória de migrante ou visitante do terri-
§ 4o  Não será aplicada medida de repatriação à pes- tório nacional, conjugada com o impedimento de reingres-
soa em situação de refúgio ou de apatridia, de fato ou de so por prazo determinado.
direito, ao menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado § 1o  Poderá dar causa à expulsão a condenação com
ou separado de sua família, exceto nos casos em que se sentença transitada em julgado relativa à prática de:
demonstrar favorável para a garantia de seus direitos ou I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, cri-
para a reintegração a sua família de origem, ou a quem me de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos
necessite de acolhimento humanitário, nem, em qualquer pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de
caso, medida de devolução para país ou região que possa 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setem-
apresentar risco à vida, à integridade pessoal ou à liberda- bro de 2002; ou
de da pessoa. II - crime comum doloso passível de pena privativa de
§ 5o  (VETADO). liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de
ressocialização em território nacional.
Seção III § 2o  Caberá à autoridade competente resolver sobre a
Da Deportação expulsão, a duração do impedimento de reingresso e a sus-
pensão ou a revogação dos efeitos da expulsão, observado
Art. 50.  A deportação é medida decorrente de procedi- o disposto nesta Lei.
mento administrativo que consiste na retirada compulsória § 3o  O processamento da expulsão em caso de crime
de pessoa que se encontre em situação migratória irregular comum não prejudicará a progressão de regime, o cum-
em território nacional. primento da pena, a suspensão condicional do processo, a

12
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

comutação da pena ou a concessão de pena alternativa, de CAPÍTULO VI


indulto coletivo ou individual, de anistia ou de quaisquer DA OPÇÃO DE NACIONALIDADE E DA NATURALI-
benefícios concedidos em igualdade de condições ao na- ZAÇÃO
cional brasileiro. Seção I
§ 4o  O prazo de vigência da medida de impedimento Da Opção de Nacionalidade
vinculada aos efeitos da expulsão será proporcional ao pra-
zo total da pena aplicada e nunca será superior ao dobro Art. 63.  O filho de pai ou de mãe brasileiro nascido
de seu tempo. no exterior e que não tenha sido registrado em repartição
Art. 55.  Não se procederá à expulsão quando: consular poderá, a qualquer tempo, promover ação de op-
I - a medida configurar extradição inadmitida pela le- ção de nacionalidade.
gislação brasileira; Parágrafo único. O órgão de registro deve informar pe-
II - o expulsando: riodicamente à autoridade competente os dados relativos
A) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou à opção de nacionalidade, conforme regulamento.
dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa
brasileira sob sua tutela; Seção II
B) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, Das Condições da Naturalização
sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legal-
mente; Art. 64.  A naturalização pode ser:
C) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de I - ordinária;
idade, residindo desde então no País; II - extraordinária;
D) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida III - especial; ou
no País há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade IV - provisória.
e o fundamento da expulsão; ou Art. 65.  Será concedida a naturalização ordinária àque-
E) (VETADO). le que preencher as seguintes condições:
Art. 56.  Regulamento definirá procedimentos para I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
apresentação e processamento de pedidos de suspensão II - ter residência em território nacional, pelo prazo mí-
e de revogação dos efeitos das medidas de expulsão e de nimo de 4 (quatro) anos;
impedimento de ingresso e permanência em território na- III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas
cional. as condições do naturalizando; e
Art. 57.  Regulamento disporá sobre condições espe- IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilita-
ciais de autorização de residência para viabilizar medidas do, nos termos da lei.
de ressocialização a migrante e a visitante em cumprimen- Art. 66.  O prazo de residência fixado no inciso II
to de penas aplicadas ou executadas em território nacional. do caput do art. 65 será reduzido para, no mínimo, 1 (um)
Art. 58.  No processo de expulsão serão garantidos o ano se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes
contraditório e a ampla defesa. condições:
§ 1o  A Defensoria Pública da União será notificada da I - (VETADO);
instauração de processo de expulsão, se não houver defen- II - ter filho brasileiro;
sor constituído. III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar
§ 2o  Caberá pedido de reconsideração da decisão so- dele separado legalmente ou de fato no momento de con-
bre a expulsão no prazo de 10 (dez) dias, a contar da noti- cessão da naturalização;
ficação pessoal do expulsando. IV - (VETADO);
Art. 59.  Será considerada regular a situação migratória V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante
do expulsando cujo processo esteja pendente de decisão, ao Brasil; ou
nas condições previstas no art. 55. VI - recomendar-se por sua capacidade profissional,
Art. 60.  A existência de processo de expulsão não im- científica ou artística.
pede a saída voluntária do expulsando do País. Parágrafo único. O preenchimento das condições pre-
vistas nos incisos V e VI do caput será avaliado na forma
Seção V  disposta em regulamento.
Das Vedações Art. 67. A naturalização extraordinária será concedida a
pessoa de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais
Art. 61.  Não se procederá à repatriação, à deportação de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal,
ou à expulsão coletivas. desde que requeira a nacionalidade brasileira.
Parágrafo único. Entende-se por repatriação, depor- Art. 68.  A naturalização especial poderá ser concedi-
tação ou expulsão coletiva aquela que não individualiza a da ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes
situação migratória irregular de cada pessoa. situações:
Art. 62.  Não se procederá à repatriação, à deportação I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cin-
ou à expulsão de nenhum indivíduo quando subsistirem co) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em
razões para acreditar que a medida poderá colocar em ris- atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no
co a vida ou a integridade pessoal. exterior; ou

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

II - seja ou tenha sido empregado em missão diplo- CAPÍTULO VII


mática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 DO EMIGRANTE
(dez) anos ininterruptos. Seção I
Art. 69.  São requisitos para a concessão da naturaliza- Das Políticas Públicas para os Emigrantes
ção especial:
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; Art. 77.  As políticas públicas para os emigrantes
II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas observarão os seguintes princípios e diretrizes:
as condições do naturalizando; e I - proteção e prestação de assistência consular
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilita- por meio das representações do Brasil no exterior;
do, nos termos da lei. II - promoção de condições de vida digna, por
Art. 70.  A naturalização provisória poderá ser conce- meio, entre outros, da facilitação do registro consu-
dida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado lar e da prestação de serviços consulares relativos às
residência em território nacional antes de completar 10 áreas de educação, saúde, trabalho, previdência social
(dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio e cultura;
de seu representante legal. III - promoção de estudos e pesquisas sobre os
Parágrafo único.  A naturalização prevista no caput será emigrantes e as comunidades de brasileiros no ex-
convertida em definitiva se o naturalizando expressamente terior, a fim de subsidiar a formulação de políticas
assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a públicas;
maioridade. IV - atuação diplomática, nos âmbitos bilateral,
Art. 71.  O pedido de naturalização será apresentado e regional e multilateral, em defesa dos direitos do emi-
processado na forma prevista pelo órgão competente do grante brasileiro, conforme o direito internacional
Poder Executivo, sendo cabível recurso em caso de dene- V - ação governamental integrada, com a partici-
gação. pação de órgãos do governo com atuação nas áreas
§ 1o  No curso do processo de naturalização, o natura- temáticas mencionadas nos incisos I, II, III e IV, visan-
lizando poderá requerer a tradução ou a adaptação de seu do a assistir as comunidades brasileiras no exterior; e
nome à língua portuguesa. VI - esforço permanente de desburocratização,
§ 2o  Será mantido cadastro com o nome traduzido ou atualização e modernização do sistema de atendi-
adaptado associado ao nome anterior. mento, com o objetivo de aprimorar a assistência ao
Art. 72.  No prazo de até 1 (um) ano após a concessão emigrante.
da naturalização, deverá o naturalizado comparecer peran-
te a Justiça Eleitoral para o devido cadastramento. Seção II
Dos Direitos do Emigrante
Seção III
Dos Efeitos da Naturalização Art. 78. Todo emigrante que decida retornar ao
Brasil com ânimo de residência poderá introduzir no
Art. 73.  A naturalização produz efeitos após a publica- País, com isenção de direitos de importação e de ta-
ção no Diário Oficial do ato de naturalização. xas aduaneiras, os bens novos ou usados que um via-
Art. 74.  (VETADO). jante, em compatibilidade com as circunstâncias de
sua viagem, puder destinar para seu uso ou consumo
Seção IV pessoal e profissional, sempre que, por sua quanti-
Da Perda da Nacionalidade dade, natureza ou variedade, não permitam presumir
importação ou exportação com fins comerciais ou in-
Art. 75. O naturalizado perderá a nacionalidade em dustriais.
razão de condenação transitada em julgado por atividade Art. 79.  Em caso de ameaça à paz social e à or-
nociva ao interesse nacional, nos termos do  inciso I do § dem pública por grave ou iminente instabilidade ins-
4o do art. 12 da Constituição Federal. titucional ou de calamidade de grande proporção na
Parágrafo único. O risco de geração de situação de natureza, deverá ser prestada especial assistência ao
apatridia será levado em consideração antes da efetivação emigrante pelas representações brasileiras no exte-
da perda da nacionalidade. rior.
Art. 80.  O tripulante brasileiro contratado por
Seção V embarcação ou armadora estrangeira, de cabotagem
Da Reaquisição da Nacionalidade ou a longo curso e com sede ou filial no Brasil, que
explore economicamente o mar territorial e a costa
Art. 76.  O brasileiro que, em razão do previsto no in- brasileira terá direito a seguro a cargo do contratante,
ciso II do § 4º do art. 12 da Constituição Federal, houver válido para todo o período da contratação, confor-
perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá me o disposto no Registro de Embarcações Brasileiras
readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda revogado, na (REB), contra acidente de trabalho, invalidez total ou
forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo. parcial e morte, sem prejuízo de benefícios de apólice
mais favorável vigente no exterior.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

CAPÍTULO VIII Art. 84. Em caso de urgência, o Estado interessado na


DAS MEDIDAS DE COOPERAÇÃO extradição poderá, previamente ou conjuntamente com
Seção I a formalização do pedido extradicional, requerer, por via
Da Extradição diplomática ou por meio de autoridade central do Poder
Executivo, prisão cautelar com o objetivo de assegurar a
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação inter- executoriedade da medida de extradição que, após exame
nacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual da presença dos pressupostos formais de admissibilidade
se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem exigidos nesta Lei ou em tratado, deverá representar à au-
recaia condenação criminal definitiva ou para fins de ins- toridade judicial competente, ouvido previamente o Minis-
trução de processo penal em curso. tério Público Federal.
§ 1o  A extradição será requerida por via diplomática ou § 1o  O pedido de prisão cautelar deverá conter infor-
pelas autoridades centrais designadas para esse fim. mação sobre o crime cometido e deverá ser fundamenta-
§ 2o  A extradição e sua rotina de comunicação serão reali- do, podendo ser apresentado por correio, fax, mensagem
zadas pelo órgão competente do Poder Executivo em coorde- eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a comuni-
nação com as autoridades judiciárias e policiais competentes. cação por escrito.
Art. 82.  Não se concederá a extradição quando: § 2o  O pedido de prisão cautelar poderá ser transmiti-
I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for do à autoridade competente para extradição no Brasil por
brasileiro nato; meio de canal estabelecido com o ponto focal da Organi-
II - o fato que motivar o pedido não for considerado zação Internacional de Polícia Criminal (Interpol) no País,
crime no Brasil ou no Estado requerente; devidamente instruído com a documentação comprobató-
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para ria da existência de ordem de prisão proferida por Estado
julgar o crime imputado ao extraditando; estrangeiro, e, em caso de ausência de tratado, com a pro-
IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão messa de reciprocidade recebida por via diplomática.
inferior a 2 (dois) anos; § 3o  Efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extra-
V - o extraditando estiver respondendo a processo ou dição será encaminhado à autoridade judiciária competente.
já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mes- § 4o  Na ausência de disposição específica em tratado,
mo fato em que se fundar o pedido; o Estado estrangeiro deverá formalizar o pedido de extra-
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, se- dição no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data em
gundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; que tiver sido cientificado da prisão do extraditando.
VII - o fato constituir crime político ou de opinião; § 5o  Caso o pedido de extradição não seja apresentado
VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado re- no prazo previsto no § 4o, o extraditando deverá ser pos-
querente, perante tribunal ou juízo de exceção; ou to em liberdade, não se admitindo novo pedido de prisão
IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos ter- cautelar pelo mesmo fato sem que a extradição tenha sido
mos da Lei no 9.474, de 22 de julho de 1997, ou de asilo devidamente requerida.
territorial. § 6o  A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o jul-
§ 1o  A previsão constante do inciso VII do caput não gamento final da autoridade judiciária competente quanto
impedirá a extradição quando o fato constituir, principal- à legalidade do pedido de extradição.
mente, infração à lei penal comum ou quando o crime co- Art. 85.  Quando mais de um Estado requerer a extradi-
mum, conexo ao delito político, constituir o fato principal. ção da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o
§ 2o  Caberá à autoridade judiciária competente a apre- pedido daquele em cujo território a infração foi cometida.
ciação do caráter da infração. § 1o  Em caso de crimes diversos, terá preferência, su-
§ 3o  Para determinação da incidência do disposto no cessivamente:
inciso I, será observada, nos casos de aquisição de outra I - o Estado requerente em cujo território tenha sido
nacionalidade por naturalização, a anterioridade do fato cometido o crime mais grave, segundo a lei brasileira;
gerador da extradição. II - o Estado que em primeiro lugar tenha pedido a
§ 4o  O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de con- entrega do extraditando, se a gravidade dos crimes for
siderar crime político o atentado contra chefe de Estado ou idêntica;
quaisquer autoridades, bem como crime contra a huma- III - o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar
nidade, crime de guerra, crime de genocídio e terrorismo. do extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
§ 5o  Admite-se a extradição de brasileiro naturalizado, § 2o  Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão com-
nas hipóteses previstas na Constituição Federal. petente do Poder Executivo decidirá sobre a preferência do
Art. 83.  São condições para concessão da extradição: pedido, priorizando o Estado requerente que mantiver tra-
I - ter sido o crime cometido no território do Estado re- tado de extradição com o Brasil.
querente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais § 3o  Havendo tratado com algum dos Estados reque-
desse Estado; e rentes, prevalecerão suas normas no que diz respeito à
II - estar o extraditando respondendo a processo in- preferência de que trata este artigo.
vestigatório ou a processo penal ou ter sido condenado Art. 86.  O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Ministé-
pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena rio Público, poderá autorizar prisão albergue ou domiciliar
privativa de liberdade. ou determinar que o extraditando responda ao processo

15
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de extradição em liberdade, com retenção do documento de § 3o  Para suprir a falta referida no § 2o, o Ministério
viagem ou outras medidas cautelares necessárias, até o jul- Público Federal terá prazo improrrogável de 60 (sessenta)
gamento da extradição ou a entrega do extraditando, se per- dias, após o qual o pedido será julgado independentemen-
tinente, considerando a situação administrativa migratória, te da diligência.
os antecedentes do extraditando e as circunstâncias do caso. § 4o O prazo referido no § 3o será contado da data de
Art. 87.  O extraditando poderá entregar-se voluntaria- notificação à missão diplomática do Estado requerente.
mente ao Estado requerente, desde que o declare expres- Art. 92. Julgada procedente a extradição e autorizada a
samente, esteja assistido por advogado e seja advertido de entrega pelo órgão competente do Poder Executivo, será o
que tem direito ao processo judicial de extradição e à pro- ato comunicado por via diplomática ao Estado requerente,
teção que tal direito encerra, caso em que o pedido será que, no prazo de 60 (sessenta) dias da comunicação, deve-
decidido pelo Supremo Tribunal Federal. rá retirar o extraditando do território nacional.
Art. 88.  Todo pedido que possa originar processo de Art. 93.  Se o Estado requerente não retirar o extradi-
extradição em face de Estado estrangeiro deverá ser enca- tando do território nacional no prazo previsto no art. 92,
minhado ao órgão competente do Poder Executivo dire- será ele posto em liberdade, sem prejuízo de outras medi-
tamente pelo órgão do Poder Judiciário responsável pela das aplicáveis.
decisão ou pelo processo penal que a fundamenta. Art. 94.  Negada a extradição em fase judicial, não se
§ 1o  Compete a órgão do Poder Executivo o papel de admitirá novo pedido baseado no mesmo fato.
orientação, de informação e de avaliação dos elementos Art. 95.  Quando o extraditando estiver sendo proces-
formais de admissibilidade dos processos preparatórios sado ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível
para encaminhamento ao Estado requerido. com pena privativa de liberdade, a extradição será exe-
§ 2o  Compete aos órgãos do sistema de Justiça vincu- cutada somente depois da conclusão do processo ou do
lados ao processo penal gerador de pedido de extradição cumprimento da pena, ressalvadas as hipóteses de libera-
a apresentação de todos os documentos, manifestações e ção antecipada pelo Poder Judiciário e de determinação da
demais elementos necessários para o processamento do transferência da pessoa condenada.
pedido, inclusive suas traduções oficiais. § 1o  A entrega do extraditando será igualmente adiada
§ 3o  O pedido deverá ser instruído com cópia autêntica se a efetivação da medida puser em risco sua vida em vir-
ou com o original da sentença condenatória ou da decisão tude de enfermidade grave comprovada por laudo médico
penal proferida, conterá indicações precisas sobre o local, oficial.
a data, a natureza e as circunstâncias do fato criminoso e a § 2o  Quando o extraditando estiver sendo processado
identidade do extraditando e será acompanhado de cópia ou tiver sido condenado, no Brasil, por infração de menor
dos textos legais sobre o crime, a competência, a pena e a potencial ofensivo, a entrega poderá ser imediatamente
prescrição. efetivada.
§ 4o  O encaminhamento do pedido de extradição ao Art. 96.  Não será efetivada a entrega do extraditando
órgão competente do Poder Executivo confere autenticida- sem que o Estado requerente assuma o compromisso de:
de aos documentos. I - não submeter o extraditando a prisão ou processo
Art. 89.  O pedido de extradição originado de Estado por fato anterior ao pedido de extradição;
estrangeiro será recebido pelo órgão competente do Poder II - computar o tempo da prisão que, no Brasil, foi im-
Executivo e, após exame da presença dos pressupostos for- posta por força da extradição;
mais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, III - comutar a pena corporal, perpétua ou de morte em
encaminhado à autoridade judiciária competente. pena privativa de liberdade, respeitado o limite máximo de
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos cumprimento de 30 (trinta) anos;
referidos no  caput, o pedido será arquivado mediante IV - não entregar o extraditando, sem consentimento
decisão fundamentada, sem prejuízo da possibilidade de do Brasil, a outro Estado que o reclame;
renovação do pedido, devidamente instruído, uma vez su- V - não considerar qualquer motivo político para agra-
perado o óbice apontado. var a pena; e
Art. 90. Nenhuma extradição será concedida sem pré- VI - não submeter o extraditando a tortura ou a outros
vio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre sua tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão. Art. 97.  A entrega do extraditando, de acordo com as
Art. 91.  Ao receber o pedido, o relator designará dia e leis brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita
hora para o interrogatório do extraditando e, conforme o com os objetos e instrumentos do crime encontrados em
caso, nomear-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver. seu poder.
§ 1o  A defesa, a ser apresentada no prazo de 10 (dez) Parágrafo único.  Os objetos e instrumentos referidos
dias contado da data do interrogatório, versará sobre a neste artigo poderão ser entregues independentemente da
identidade da pessoa reclamada, defeito de forma de do- entrega do extraditando.
cumento apresentado ou ilegalidade da extradição. Art. 98.  O extraditando que, depois de entregue ao
§ 2o  Não estando o processo devidamente instruído, Estado requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se
o Tribunal, a requerimento do órgão do Ministério Público no Brasil, ou por ele transitar, será detido mediante pedido
Federal correspondente, poderá converter o julgamento feito diretamente por via diplomática ou pela Interpol e no-
em diligência para suprir a falta. vamente entregue, sem outras formalidades.

16
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 99.  Salvo motivo de ordem pública, poderá ser § 2o  A transferência de pessoa condenada no Brasil
permitido, pelo órgão competente do Poder Executivo, o pode ser concedida juntamente com a aplicação de medi-
trânsito no território nacional de pessoa extraditada por da de impedimento de reingresso em território nacional,
Estado estrangeiro, bem como o da respectiva guarda, na forma de regulamento.
mediante apresentação de documento comprobatório de Art. 104.  A transferência de pessoa condenada será
concessão da medida. possível quando preenchidos os seguintes requisitos:
I - o condenado no território de uma das partes for
Seção II nacional ou tiver residência habitual ou vínculo pessoal no
Da Transferência de Execução da Pena território da outra parte que justifique a transferência;
II - a sentença tiver transitado em julgado;
Art. 100.  Nas hipóteses em que couber solicitação III - a duração da condenação a cumprir ou que restar
de extradição executória, a autoridade competente po- para cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data de
derá solicitar ou autorizar a transferência de execução apresentação do pedido ao Estado da condenação;
da pena, desde que observado o princípio do non bis in IV - o fato que originou a condenação constituir infra-
idem. ção penal perante a lei de ambos os Estados;
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no  De- V - houver manifestação de vontade do condenado
creto-Lei no  2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código ou, quando for o caso, de seu representante; e
Penal), a transferência de execução da pena será possível VI - houver concordância de ambos os Estados.
quando preenchidos os seguintes requisitos: Art. 105. A forma do pedido de transferência de pes-
I - o condenado em território estrangeiro for nacional soa condenada e seu processamento serão definidos em
ou tiver residência habitual ou vínculo pessoal no Brasil; regulamento.
II - a sentença tiver transitado em julgado; § 1o  Nos casos previstos nesta Seção, a execução pe-
III - a duração da condenação a cumprir ou que restar nal será de competência da Justiça Federal.
para cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data de § 2o  Não se procederá à transferência quando inadmi-
apresentação do pedido ao Estado da condenação; tida a extradição.
IV - o fato que originou a condenação constituir in- § 3o  (VETADO).
fração penal perante a lei de ambas as partes; e
V - houver tratado ou promessa de reciprocidade. CAPÍTULO IX
Art. 101.  O pedido de transferência de execução da DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES ADMINIS-
pena de Estado estrangeiro será requerido por via diplo- TRATIVAS
mática ou por via de autoridades centrais.
§ 1o  O pedido será recebido pelo órgão competen- Art. 106.  Regulamento disporá sobre o procedimento
te do Poder Executivo e, após exame da presença dos de apuração das infrações administrativas e seu proces-
pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta samento e sobre a fixação e a atualização das multas, em
Lei ou em tratado, encaminhado ao Superior Tribunal de observância ao disposto nesta Lei.
Justiça para decisão quanto à homologação. Art. 107.  As infrações administrativas previstas neste
§ 2o  Não preenchidos os pressupostos referidos no Capítulo serão apuradas em processo administrativo pró-
§ 1o, o pedido será arquivado mediante decisão funda- prio, assegurados o contraditório e a ampla defesa e ob-
mentada, sem prejuízo da possibilidade de renovação do servadas as disposições desta Lei.
pedido, devidamente instruído, uma vez superado o óbi- § 1o  O cometimento simultâneo de duas ou mais in-
ce apontado. frações importará cumulação das sanções cabíveis, respei-
Art. 102. A forma do pedido de transferência de exe- tados os limites estabelecidos nos incisos V e VI do art.
cução da pena e seu processamento serão definidos em 108.
regulamento. § 2o  A multa atribuída por dia de atraso ou por ex-
Parágrafo único. Nos casos previstos nesta Seção, a cesso de permanência poderá ser convertida em redução
execução penal será de competência da Justiça Federal. equivalente do período de autorização de estada para o
visto de visita, em caso de nova entrada no País.
Seção III Art. 108.  O valor das multas tratadas neste Capítulo
Da Transferência de Pessoa Condenada considerará:
I - as hipóteses individualizadas nesta Lei;
Art. 103.  A transferência de pessoa condenada po- II - a condição econômica do infrator, a reincidência e
derá ser concedida quando o pedido se fundamentar em a gravidade da infração;
tratado ou houver promessa de reciprocidade. III - a atualização periódica conforme estabelecido em
§ 1o  O condenado no território nacional poderá ser regulamento;
transferido para seu país de nacionalidade ou país em IV - o valor mínimo individualizável de R$ 100,00 (cem
que tiver residência habitual ou vínculo pessoal, desde reais);
que expresse interesse nesse sentido, a fim de cumprir V - o valor mínimo de R$ 100,00 (cem reais) e o máxi-
pena a ele imposta pelo Estado brasileiro por sentença mo de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para infrações cometi-
transitada em julgado. das por pessoa física;

17
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

VI - o valor mínimo de R$ 1.000,00 (mil reais) e o máxi- II - vistos em passaportes diplomáticos, oficiais ou de
mo de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) para infrações serviço, ou equivalentes, mediante reciprocidade de trata-
cometidas por pessoa jurídica, por ato infracional. mento a titulares de documento de viagem similar brasileiro.
Art. 109.  Constitui infração, sujeitando o infrator às se- § 3o  Não serão cobrados taxas e emolumentos con-
guintes sanções: sulares pela concessão de vistos ou para a obtenção de
I - entrar em território nacional sem estar autorizado: documentos para regularização migratória aos integrantes
Sanção: deportação, caso não saia do País ou não re- de grupos vulneráveis e indivíduos em condição de hipos-
gularize a situação migratória no prazo fixado; suficiência econômica.
II - permanecer em território nacional depois de esgo- § 4o  (VETADO).
tado o prazo legal da documentação migratória: Art. 114. Regulamento poderá estabelecer competên-
Sanção: multa por dia de excesso e deportação, caso cia para órgãos do Poder Executivo disciplinarem aspectos
não saia do País ou não regularize a situação migratória no específicos desta Lei.
prazo fixado; Art. 115.  O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
III - deixar de se registrar, dentro do prazo de 90 (no- (Código Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte art. 232-A:
venta) dias do ingresso no País, quando for obrigatória a “Promoção de migração ilegal
identificação civil: Art. 232-A.  Promover, por qualquer meio, com o fim de
Sanção: multa; obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro
IV - deixar o imigrante de se registrar, para efeito de em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:
autorização de residência, dentro do prazo de 30 (trinta) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
dias, quando orientado a fazê-lo pelo órgão competente: § 1o  Na mesma pena incorre quem promover, por
Sanção: multa por dia de atraso; qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica,
V - transportar para o Brasil pessoa que esteja sem do- a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar
cumentação migratória regular: ilegalmente em país estrangeiro.
Sanção: multa por pessoa transportada; § 2o  A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um
VI - deixar a empresa transportadora de atender a terço) se:
compromisso de manutenção da estada ou de promoção I - o crime é cometido com violência; ou
da saída do território nacional de quem tenha sido auto- II - a vítima é submetida a condição desumana ou de-
rizado a ingresso condicional no Brasil por não possuir a gradante.
devida documentação migratória: § 3o  A pena prevista para o crime será aplicada sem
Sanção: multa; prejuízo das correspondentes às infrações conexas.”
VII - furtar-se ao controle migratório, na entrada ou Art. 116.  (VETADO).
saída do território nacional: Art. 117.  O documento conhecido por Registro Nacio-
Sanção: multa. nal de Estrangeiro passa a ser denominado Registro Nacio-
Art. 110.  As penalidades aplicadas serão objeto de pe- nal Migratório.
dido de reconsideração e de recurso, nos termos de regu- Art. 118. (VETADO).
lamento. Art. 119.  O visto emitido até a data de entrada em vigor
Parágrafo único. Serão respeitados o contraditório, a desta Lei poderá ser utilizado até a data prevista de expira-
ampla defesa e a garantia de recurso, assim como a situa- ção de sua validade, podendo ser transformado ou ter seu
ção de hipossuficiência do migrante ou do visitante. prazo de estada prorrogado, nos termos de regulamento.
CAPÍTULO X Art. 120.  A Política Nacional de Migrações, Refúgio e
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Apatridia terá a finalidade de coordenar e articular ações
Art. 111.  Esta Lei não prejudica direitos e obrigações setoriais implementadas pelo Poder Executivo federal em
estabelecidos por tratados vigentes no Brasil e que sejam regime de cooperação com os Estados, o Distrito Federal e
mais benéficos ao migrante e ao visitante, em particular os os Municípios, com participação de organizações da socie-
tratados firmados no âmbito do Mercosul. dade civil, organismos internacionais e entidades privadas,
Art. 112.  As autoridades brasileiras serão tolerantes conforme regulamento.
quanto ao uso do idioma do residente fronteiriço e do imi- § 1o  Ato normativo do Poder Executivo federal poderá
grante quando eles se dirigirem a órgãos ou repartições definir os objetivos, a organização e a estratégia de coorde-
públicas para reclamar ou reivindicar os direitos decorren- nação da Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia.
tes desta Lei. § 2o  Ato normativo do Poder Executivo federal poderá
Art. 113.  As taxas e emolumentos consulares são fixa- estabelecer planos nacionais e outros instrumentos para a
dos em conformidade com a tabela anexa a esta Lei. efetivação dos objetivos desta Lei e a coordenação entre
§ 1o  Os valores das taxas e emolumentos consulares órgãos e colegiados setoriais.
poderão ser ajustados pelo órgão competente da admi- § 3o  Com vistas à formulação de políticas públicas, deverá
nistração pública federal, de forma a preservar o interesse ser produzida informação quantitativa e qualitativa, de forma sis-
nacional ou a assegurar a reciprocidade de tratamento. temática, sobre os migrantes, com a criação de banco de dados.
§ 2o  Não serão cobrados emolumentos consulares pela Art. 121.  Na aplicação desta Lei, devem ser observadas
concessão de: as disposições da Lei no 9.474, de 22 de julho de 1997, nas
I - vistos diplomáticos, oficiais e de cortesia; e situações que envolvam refugiados e solicitantes de refúgio.

18
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 122.  A aplicação desta Lei não impede o tratamen- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
to mais favorável assegurado por tratado em que a Repú- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
blica Federativa do Brasil seja parte.
Art. 123.  Ninguém será privado de sua liberdade por TÍTULO I
razões migratórias, exceto nos casos previstos nesta Lei. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 124.  Revogam-se:
I - a Lei no 818, de 18 de setembro de 1949; e Art. 1o  Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas
II - a Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
do Estrangeiro). prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
Art. 125.  Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para
(cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
Brasília,  24  de maio de 2017; 196o da Independência drogas e define crimes.
e 129o da República.   Parágrafo único.  Para fins desta Lei, consideram-se
MICHEL TEMER como drogas as substâncias ou os produtos capazes de
Osmar Serraglio causar dependência, assim especificados em lei ou rela-
Aloysio Nunes Ferreira Filho cionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder
Henrique Meirelles Executivo da União.
Eliseu Padilha Art. 2o  Ficam proibidas, em todo o território nacional,
Sergio Westphalen Etchegoyen26/05/2017 as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a
Grace Maria  Fernandes Mendonça exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser
extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de
Este texto não substitui o publicado no DOU de autorização legal ou regulamentar, bem como o que es-
25.5.2017 tabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre
Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas
de uso estritamente ritualístico-religioso.
Parágrafo único.  Pode a União autorizar o plantio, a
4 LEI Nº 11.343/2006: INSTITUI O SISTEMA cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste
NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos,
DROGAS (SISNAD); PRESCREVE MEDIDAS em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
PARA PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, respeitadas as ressalvas supramencionadas.
ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE
USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS; TÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
ESTABELECE NORMAS PARA REPRESSÃO
SOBRE DROGAS
À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS; DEFINE Art. 3o  O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar,
CRIMES E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS organizar e coordenar as atividades relacionadas com:
(APENAS ASPECTOS PENAIS E PROCESSUAIS I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinser-
PENAIS). ção social de usuários e dependentes de drogas;
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfi-
co ilícito de drogas.

Presidência da República CAPÍTULO I


Casa Civil DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS
Subchefia para Assuntos Jurídicos DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
SOBRE DROGAS
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006.
Art. 4o  São princípios do Sisnad:
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa huma-
Institui o Sistema Nacional de
na, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
Políticas Públicas sobre Drogas
II - o respeito à diversidade e às especificidades popu-
- Sisnad; prescreve medidas
lacionais existentes;
para prevenção do uso indevido,
Mensagem de veto III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cida-
atenção e reinserção social de
dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores
Regulamento usuários e dependentes de drogas;
de proteção para o uso indevido de drogas e outros com-
estabelece normas para repressão
portamentos correlacionados;
à produção não autorizada e ao
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla par-
tráfico ilícito de drogas; define
ticipação social, para o estabelecimento dos fundamentos
crimes e dá outras providências.
e estratégias do Sisnad;

19
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

V - a promoção da responsabilidade compartilhada Art. 11.  (VETADO)


entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da Art. 12.  (VETADO)
participação social nas atividades do Sisnad; Art. 13.  (VETADO)
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores Art. 14.  (VETADO)
correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua CAPÍTULO IV
produção não autorizada e o seu tráfico ilícito; DA COLETA, ANÁLISE E DISSEMINAÇÃO DE INFORMA-
VII - a integração das estratégias nacionais e interna- ÇÕES
cionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção SOBRE DROGAS
social de usuários e dependentes de drogas e de repressão Art. 15.  (VETADO)
à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito; Art. 16.  As instituições com atuação nas áreas da aten-
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público ção à saúde e da assistência social que atendam usuários
e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação ou dependentes de drogas devem comunicar ao órgão
mútua nas atividades do Sisnad; competente do respectivo sistema municipal de saúde os
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que re- casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a iden-
conheça a interdependência e a natureza complementar tidade das pessoas, conforme orientações emanadas da
das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e União.
reinserção social de usuários e dependentes de drogas, re- Art. 17.  Os dados estatísticos nacionais de repressão
pressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de ao tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informa-
drogas; ções do Poder Executivo.
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de TÍTULO III
usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVI-
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a DO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E
garantir a estabilidade e o bem-estar social; DEPENDENTES DE DROGAS
XI - a observância às orientações e normas emanadas
CAPÍTULO I
do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
DA PREVENÇÃO
Art. 5o  O Sisnad tem os seguintes objetivos:
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando
Art. 18.  Constituem atividades de prevenção do uso
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcio-
risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e
nadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e ris-
outros comportamentos correlacionados;
co e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de
II - promover a construção e a socialização do conheci-
proteção.
mento sobre drogas no país;
III - promover a integração entre as políticas de pre- Art. 19.  As atividades de prevenção do uso indevido de
venção do uso indevido, atenção e reinserção social de drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes:
usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como
produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e
públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, na sua relação com a comunidade à qual pertence;
Distrito Federal, Estados e Municípios; II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamenta-
IV - assegurar as condições para a coordenação, a in- ção científica como forma de orientar as ações dos serviços
tegração e a articulação das atividades de que trata o art. públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e
3o desta Lei. estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam;
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabili-
CAPÍTULO II dade individual em relação ao uso indevido de drogas;
DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO IV - o compartilhamento de responsabilidades e a cola-
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS boração mútua com as instituições do setor privado e com
SOBRE DROGAS os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e depen-
dentes de drogas e respectivos familiares, por meio do es-
Art. 6o  (VETADO) tabelecimento de parcerias;
Art. 7o  A organização do Sisnad assegura a orientação V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas
central e a execução descentralizada das atividades realiza- e adequadas às especificidades socioculturais das diversas
das em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;
municipal e se constitui matéria definida no regulamento VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
desta Lei. do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis
Art. 8o  (VETADO) das atividades de natureza preventiva, quando da definição
CAPÍTULO  III dos objetivos a serem alcançados;
(VETADO) VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais
Art. 9o  (VETADO) vulneráveis da população, levando em consideração as
Art. 10.  (VETADO) suas necessidades específicas;

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

VIII - a articulação entre os serviços e organizações Art. 23.  As redes dos serviços de saúde da União, dos
que atuam em atividades de prevenção do uso indevido de Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão
drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de programas de atenção ao usuário e ao dependente de dro-
drogas e respectivos familiares; gas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os
IX - o investimento em alternativas esportivas, cultu- princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a
rais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de previsão orçamentária adequada.
inclusão social e de melhoria da qualidade de vida; Art. 24.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os
X - o estabelecimento de políticas de formação con- Municípios poderão conceder benefícios às instituições
tinuada na área da prevenção do uso indevido de drogas privadas que desenvolverem programas de reinserção no
para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino; mercado de trabalho, do usuário e do dependente de dro-
XI - a implantação de projetos pedagógicos de preven- gas encaminhados por órgão oficial.
ção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino Art. 25.  As instituições da sociedade civil, sem fins lu-
público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Na- crativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da
cionais e aos conhecimentos relacionados a drogas; assistência social, que atendam usuários ou dependentes
XII - a observância das orientações e normas emanadas de drogas poderão receber recursos do Funad, condiciona-
do Conad; dos à sua disponibilidade orçamentária e financeira.
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de contro- Art. 26.  O usuário e o dependente de drogas que, em
le social de políticas setoriais específicas. razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo
Parágrafo único.  As atividades de prevenção do uso pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de
indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua
deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário.
pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Ado-
lescente - Conanda. CAPÍTULO III
DOS CRIMES E DAS PENAS
CAPÍTULO II
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO Art. 27.  As penas previstas neste Capítulo poderão ser
SOCIAL DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substi-
tuídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o
Art. 20.  Constituem atividades de atenção ao usuário e defensor.
dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso drogas sem autorização ou em desacordo com determi-
de drogas. nação legal ou regulamentar será submetido às seguintes
Art. 21.  Constituem atividades de reinserção social do penas:
usuário ou do dependente de drogas e respectivos fami- I - advertência sobre os efeitos das drogas;
liares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua II - prestação de serviços à comunidade;
integração ou reintegração em redes sociais. III - medida educativa de comparecimento a programa
Art. 22.  As atividades de atenção e as de reinserção so- ou curso educativo.
cial do usuário e do dependente de drogas e respectivos fa- § 1o  Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
miliares devem observar os seguintes princípios e diretrizes: consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destina-
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, in- das à preparação de pequena quantidade de substância ou
dependentemente de quaisquer condições, observados os produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e § 2o  Para determinar se a droga destinava-se a con-
diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional sumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade
de Assistência Social; da substância apreendida, ao local e às condições em que
II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais,
reinserção social do usuário e do dependente de drogas e bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
respectivos familiares que considerem as suas peculiarida- § 3o  As penas previstas nos incisos II e III do caput des-
des socioculturais; te artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)
III - definição de projeto terapêutico individualizado, meses.
orientado para a inclusão social e para a redução de riscos § 4o  Em caso de reincidência, as penas previstas nos
e de danos sociais e à saúde; incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e prazo máximo de 10 (dez) meses.
aos respectivos familiares, sempre que possível, de forma § 5o  A prestação de serviços à comunidade será cum-
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; prida em programas comunitários, entidades educacionais
V - observância das orientações e normas emanadas ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres,
do Conad; públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recu-
social de políticas setoriais específicas. peração de usuários e dependentes de drogas.

21
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 6o  Para garantia do cumprimento das medidas edu- CAPÍTULO II


cativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que DOS CRIMES
injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz sub-
metê-lo, sucessivamente a: Art. 33.  Importar, exportar, remeter, preparar, produ-
I - admoestação verbal; zir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
II - multa. em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescre-
§ 7o  O juiz determinará ao Poder Público que coloque ver, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ain-
à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimen- da que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
to de saúde, preferencialmente ambulatorial, para trata- com determinação legal ou regulamentar:
mento especializado. Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pa-
Art. 29.  Na imposição da medida educativa a que se gamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
refere o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à re- dias-multa.
provabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, § 1o  Nas mesmas penas incorre quem:
em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem supe- I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
rior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuita-
avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. mente, sem autorização ou em desacordo com determi-
Parágrafo único.  Os valores decorrentes da imposi- nação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou
ção da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão credi- produto químico destinado à preparação de drogas;
tados à conta do Fundo Nacional Antidrogas. II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização
Art. 30.  Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a ou em desacordo com determinação legal ou regulamen-
execução das penas, observado, no tocante à interrupção tar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a
do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código preparação de drogas;
Penal. III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigi-
lância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que
TÍTULO IV
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com de-
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA
terminação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de
E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
drogas.
CAPÍTULO I
§ 2o  Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevi-
DISPOSIÇÕES GERAIS
do de droga:     (Vide ADI nº 4.274)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de
Art. 31.  É indispensável a licença prévia da autorida-
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
de competente para produzir, extrair, fabricar, transfor- § 3o  Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo
mar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, ex- de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
portar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, consumirem:
vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua prepara- pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
ção, observadas as demais exigências legais. dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
Art. 32.   As plantações ilícitas serão imediatamente § 4o  Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste
destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, terços, desde que o agente seja primário, de bons ante-
de tudo lavrando auto de levantamento das condições cedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as integre organização criminosa.      (Vide Resolução nº 5,
medidas necessárias para a preservação da prova. (Reda- de 2012)
ção dada pela Lei nº 12.961, de 2014) Art. 34.  Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, ofere-
§ 1o  (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 12.961, cer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir,
de 2014) guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquiná-
§ 2o  (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 12.961, rio, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado
de 2014) à fabricação, preparação, produção ou transformação de
§ 3o  Em caso de ser utilizada a queimada para des- drogas, sem autorização ou em desacordo com determi-
truir a plantação, observar-se-á, além das cautelas neces- nação legal ou regulamentar:
sárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no  De- Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamen-
creto no  2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber, to de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
dispensada a autorização prévia do órgão próprio do Sis- Art. 35.  Associarem-se duas ou mais pessoas para o
tema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama. fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos cri-
§ 4o  As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão mes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Consti- Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamen-
tuição Federal, de acordo com a legislação em vigor. to de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.

22
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Parágrafo único.  Nas mesmas penas do caput deste VII - o agente financiar ou custear a prática do cri-
artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do me.
crime definido no art. 36 desta Lei. Art. 41.  O indiciado ou acusado que colaborar vo-
Art. 36.  Financiar ou custear a prática de qualquer dos luntariamente com a investigação policial e o processo
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: criminal na identificação dos demais co-autores ou par-
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga- tícipes do crime e na recuperação total ou parcial do
mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) produto do crime, no caso de condenação, terá pena
dias-multa. reduzida de um terço a dois terços.
Art. 37.  Colaborar, como informante, com grupo, or- Art. 42.  O juiz, na fixação das penas, considerará,
ganização ou associação destinados à prática de qualquer com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Có-
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: digo Penal, a natureza e a quantidade da substância
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamen- ou do produto, a personalidade e a conduta social do
to de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. agente.
Art. 38.  Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, Art. 43.  Na fixação da multa a que se referem os
sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe
excessivas ou em desacordo com determinação legal ou o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-mul-
regulamentar: ta, atribuindo a cada um, segundo as condições econô-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e micas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos
pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa. nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
Parágrafo único.  O juiz comunicará a condenação ao Con- Parágrafo único.  As multas, que em caso de concur-
selho Federal da categoria profissional a que pertença o agente. so de crimes serão impostas sempre cumulativamente,
Art. 39.  Conduzir embarcação ou aeronave após o podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude
consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolu- da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz
midade de outrem: ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além Art. 44.  Os crimes previstos nos arts. 33, caput e §
da apreensão do veículo, cassação da habilitação respec- 1 o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis
tiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (du- vedada a conversão de suas penas em restritivas de di-
zentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. reitos.
Parágrafo único.  As penas de prisão e multa, aplicadas Parágrafo único.  Nos crimes previstos no caput
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o
(seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias- cumprimento de dois terços da pena, vedada sua con-
-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de cessão ao reincidente específico.
transporte coletivo de passageiros. Art. 45.  É isento de pena o agente que, em razão da
Art. 40.  As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso for-
são aumentadas de um sexto a dois terços, se: tuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação
I - a natureza, a procedência da substância ou do pro- ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração pe-
duto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem nal praticada, inteiramente incapaz de entender o cará-
a transnacionalidade do delito; ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de fun- esse entendimento.
ção pública ou no desempenho de missão de educação, Parágrafo único.  Quando absolver o agente, reco-
poder familiar, guarda ou vigilância; nhecendo, por força pericial, que este apresentava, à
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou época do fato previsto neste artigo, as condições refe-
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou ridas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz,
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, cul- na sentença, o seu encaminhamento para tratamento
turais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de médico adequado.
trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos Art. 46.  As penas podem ser reduzidas de um terço
ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamen- a dois terços se, por força das circunstâncias previstas
to de dependentes de drogas ou de reinserção social, de no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da
unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo com esse entendimento.
de intimidação difusa ou coletiva; Art. 47.  Na sentença condenatória, o juiz, com base
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação em avaliação que ateste a necessidade de encaminha-
ou entre estes e o Distrito Federal; mento do agente para tratamento, realizada por profis-
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou sional de saúde com competência específica na forma
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, dimi- da lei, determinará que a tal se proceda, observado o
nuída ou suprimida a capacidade de entendimento e de- disposto no art. 26 desta Lei.
terminação;

23
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

CAPÍTULO III § 4o  A destruição das drogas será executada pelo de-
DO PROCEDIMENTO PENAL legado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias
na presença do Ministério Público e da autoridade sanitá-
Art. 48.  O procedimento relativo aos processos por ria. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste § 5o  O local será vistoriado antes e depois de efetivada
Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do a destruição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado
Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal. auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certifican-
§ 1o  O agente de qualquer das condutas previstas no do-se neste a destruição total delas.  (Incluído pela Lei nº
art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes 12.961, de 2014)
previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e jul- Art. 50-A.  A destruição de drogas apreendidas sem a
gado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no9.099, de ocorrência de prisão em flagrante será feita por incinera-
26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Es- ção, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data
peciais Criminais. da apreensão, guardando-se amostra necessária à reali-
§ 2o  Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta zação do laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o
Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do procedimento dos §§ 3o a 5o do art. 50.   (Incluído pela Lei
fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente nº 12.961, de 2014)
ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele compa- Art. 51.  O inquérito policial será concluído no prazo
recer, lavrando-se termo circunstanciado e providencian- de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90
do-se as requisições dos exames e perícias necessários. (noventa) dias, quando solto.
§ 3o  Se ausente a autoridade judicial, as providências Parágrafo único.  Os prazos a que se refere este artigo
previstas no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Públi-
pela autoridade policial, no local em que se encontrar, ve- co, mediante pedido justificado da autoridade de polícia
dada a detenção do agente. judiciária.
§ 4o  Concluídos os procedimentos de que trata o § Art. 52.  Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta
2o deste artigo, o agente será submetido a exame de corpo Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos
de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judi- do inquérito ao juízo:
ciária entender conveniente, e em seguida liberado. I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato,
§ 5o  Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099, de justificando as razões que a levaram à classificação do de-
1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Mi- lito, indicando a quantidade e natureza da substância ou
nistério Público poderá propor a aplicação imediata de pena do produto apreendido, o local e as condições em que se
prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta. desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão,
Art. 49.  Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou
33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as II - requererá sua devolução para a realização de dili-
circunstâncias o recomendem, empregará os instrumen- gências necessárias.
tos protetivos de colaboradores e testemunhas previstos Parágrafo único.  A remessa dos autos far-se-á sem
na Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999. prejuízo de diligências complementares:
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato,
Seção I cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo compe-
Da Investigação tente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e
julgamento;
Art. 50.  Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos
de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao e valores de que seja titular o agente, ou que figurem em
juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 competente até 3 (três) dias antes da audiência de instru-
(vinte e quatro) horas. ção e julgamento.
§ 1o  Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla- Art. 53.  Em qualquer fase da persecução criminal re-
grante e estabelecimento da materialidade do delito, é su- lativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além
ficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ou-
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por vido o Ministério Público, os seguintes procedimentos in-
pessoa idônea. vestigatórios:
§ 2o  O perito que subscrever o laudo a que se refere o I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
§ 1  deste artigo não ficará impedido de participar da ela-
o
investigação, constituída pelos órgãos especializados per-
boração do laudo definitivo. tinentes;
§ 3o   Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, II - a não-atuação policial sobre os portadores de dro-
o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade gas, seus precursores químicos ou outros produtos utili-
formal do laudo de constatação e determinará a destruição zados em sua produção, que se encontrem no território
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessá- brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar
ria à realização do laudo definitivo.  (Incluído pela Lei nº maior número de integrantes de operações de tráfico e
12.961, de 2014) distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Parágrafo único.  Na hipótese do inciso II deste artigo, Art. 58.  Encerrados os debates, proferirá o juiz senten-
a autorização será concedida desde que sejam conhecidos ça de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que
o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito os autos para isso lhe sejam conclusos.
ou de colaboradores. (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)  
Art. 59.  Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o,
Seção II e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-
Da Instrução Criminal -se à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes,
assim reconhecido na sentença condenatória.
Art. 54.  Recebidos em juízo os autos do inquérito poli-
cial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de in- CAPÍTULO IV
formação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no pra- DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO
zo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providências: DE BENS DO ACUSADO
I - requerer o arquivamento;
II - requisitar as diligências que entender necessárias; Art. 60.  O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas Público ou mediante representação da autoridade de polí-
e requerer as demais provas que entender pertinentes. cia judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios
Art. 55.  Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notifi- suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da
cação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias
no prazo de 10 (dez) dias. relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores consis-
§ 1o  Na resposta, consistente em defesa preliminar e tentes em produtos dos crimes previstos nesta Lei, ou que
exceções, o acusado poderá argüir preliminares e invocar constituam proveito auferido com sua prática, proceden-
todas as razões de defesa, oferecer documentos e justifica- do-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei no 3.689,
ções, especificar as provas que pretende produzir e, até o de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
número de 5 (cinco), arrolar testemunhas. § 1o  Decretadas quaisquer das medidas previstas nes-
§ 2o  As exceções serão processadas em apartado, nos te artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5
termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de (cinco) dias, apresente ou requeira a produção de provas
outubro de 1941 - Código de Processo Penal. acerca da origem lícita do produto, bem ou valor objeto
§ 3o  Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz da decisão.
nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, conce- § 2o  Provada a origem lícita do produto, bem ou valor,
dendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação. o juiz decidirá pela sua liberação.
§ 4o  Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias. § 3o  Nenhum pedido de restituição será conhecido
§ 5o  Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máxi- sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o
mo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso, juiz determinar a prática de atos necessários à conservação
realização de diligências, exames e perícias. de bens, direitos ou valores.
Art. 56.  Recebida a denúncia, o juiz designará dia e § 4o  A ordem de apreensão ou seqüestro de bens, di-
hora para a audiência de instrução e julgamento, ordenará reitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o
a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério Ministério Público, quando a sua execução imediata possa
Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos comprometer as investigações.
periciais. Art. 61.  Não havendo prejuízo para a produção da pro-
§ 1o  Tratando-se de condutas tipificadas como infração va dos fatos e comprovado o interesse público ou social,
do disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o ressalvado o disposto no art. 62 desta Lei, mediante auto-
juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento rização do juízo competente, ouvido o Ministério Público
cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcioná- e cientificada a Senad, os bens apreendidos poderão ser
rio público, comunicando ao órgão respectivo. utilizados pelos órgãos ou pelas entidades que atuam na
§ 2o  A audiência a que se refere o caput deste artigo prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção so-
será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao rece- cial de usuários e dependentes de drogas e na repressão
bimento da denúncia, salvo se determinada a realização de à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
avaliação para atestar dependência de drogas, quando se exclusivamente no interesse dessas atividades.
realizará em 90 (noventa) dias. Parágrafo único.  Recaindo a autorização sobre veí-
Art. 57.  Na audiência de instrução e julgamento, após o culos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à auto-
interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, ridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e
será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do controle a expedição de certificado provisório de registro
Ministério Público e ao defensor do acusado, para susten- e licenciamento, em favor da instituição à qual tenha de-
tação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, ferido o uso, ficando esta livre do pagamento de multas,
prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da
Parágrafo único.  Após proceder ao interrogatório, o decisão que decretar o seu perdimento em favor da União.
juiz indagará das partes se restou algum fato para ser es- Art. 62.  Os veículos, embarcações, aeronaves e quais-
clarecido, formulando as perguntas correspondentes se o quer outros meios de transporte, os maquinários, utensí-
entender pertinente e relevante. lios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utiliza-

25
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

dos para a prática dos crimes definidos nesta Lei, após a § 11.  Quanto aos bens indicados na forma do § 4o deste
sua regular apreensão, ficarão sob custódia da autoridade artigo, recaindo a autorização sobre veículos, embarcações
de polícia judiciária, excetuadas as armas, que serão reco- ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou
lhidas na forma de legislação específica. ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de
§ 1o  Comprovado o interesse público na utilização de certificado provisório de registro e licenciamento, em favor
qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade da autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais tenha
de polícia judiciária poderá deles fazer uso, sob sua res- deferido o uso, ficando estes livres do pagamento de multas,
ponsabilidade e com o objetivo de sua conservação, me- encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da
diante autorização judicial, ouvido o Ministério Público. decisão que decretar o seu perdimento em favor da União.
§ 2o  Feita a apreensão a que se refere o caput deste Art. 63.  Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá
artigo, e tendo recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido,
como ordem de pagamento, a autoridade de polícia judi- seqüestrado ou declarado indisponível.
ciária que presidir o inquérito deverá, de imediato, requerer § 1o  Os valores apreendidos em decorrência dos cri-
ao juízo competente a intimação do Ministério Público. mes tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tute-
§ 3o  Intimado, o Ministério Público deverá requerer la cautelar, após decretado o seu perdimento em favor da
ao juízo, em caráter cautelar, a conversão do numerário União, serão revertidos diretamente ao Funad.
apreendido em moeda nacional, se for o caso, a compen- § 2o  Compete à Senad a alienação dos bens apreendi-
sação dos cheques emitidos após a instrução do inquérito, dos e não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já
com cópias autênticas dos respectivos títulos, e o depósito tenha sido decretado em favor da União.
das correspondentes quantias em conta judicial, juntando- § 3o  A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim
-se aos autos o recibo. de dar imediato cumprimento ao estabelecido no § 2o deste artigo.
§ 4o  Após a instauração da competente ação penal, o § 4o  Transitada em julgado a sentença condenatória, o
Ministério Público, mediante petição autônoma, requererá juiz do processo, de ofício ou a requerimento do Ministé-
ao juízo competente que, em caráter cautelar, proceda à rio Público, remeterá à Senad relação dos bens, direitos e
alienação dos bens apreendidos, excetuados aqueles que a valores declarados perdidos em favor da União, indicando,
União, por intermédio da Senad, indicar para serem colo- quanto aos bens, o local em que se encontram e a entida-
cados sob uso e custódia da autoridade de polícia judiciá- de ou o órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua
ria, de órgãos de inteligência ou militares, envolvidos nas destinação nos termos da legislação vigente.
ações de prevenção ao uso indevido de drogas e operações Art. 64.  A União, por intermédio da Senad, poderá fir-
de repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito mar convênio com os Estados, com o Distrito Federal e com
de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades. organismos orientados para a prevenção do uso indevido
§ 5o  Excluídos os bens que se houver indicado para de drogas, a atenção e a reinserção social de usuários ou
os fins previstos no § 4o  deste artigo, o requerimento de dependentes e a atuação na repressão à produção não au-
alienação deverá conter a relação de todos os demais bens torizada e ao tráfico ilícito de drogas, com vistas na libera-
apreendidos, com a descrição e a especificação de cada um ção de equipamentos e de recursos por ela arrecadados,
deles, e informações sobre quem os tem sob custódia e o para a implantação e execução de programas relacionados
local onde se encontram. à questão das drogas.
§ 6o  Requerida a alienação dos bens, a respectiva pe-
tição será autuada em apartado, cujos autos terão tramita- TÍTULO V
ção autônoma em relação aos da ação penal principal. DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
§ 7o  Autuado o requerimento de alienação, os autos
serão conclusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo Art. 65.  De conformidade com os princípios da não-in-
de instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados tervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e do
para a sua prática e risco de perda de valor econômico pelo respeito à integridade territorial dos Estados e às leis e aos
decurso do tempo, determinará a avaliação dos bens rela- regulamentos nacionais em vigor, e observado o espírito
cionados, cientificará a Senad e intimará a União, o Minis- das Convenções das Nações Unidas e  outros  instrumen-
tério Público e o interessado, este, se for o caso, por edital tos jurídicos internacionais relacionados à questão das dro-
com prazo de 5 (cinco) dias. gas, de que o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará,
§ 8o  Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergên- quando solicitado, cooperação a outros países e organis-
cias sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homo- mos internacionais e, quando necessário, deles solicitará a
logará o valor atribuído aos bens e determinará sejam alie- colaboração, nas áreas de:
nados em leilão. I - intercâmbio de informações sobre legislações, ex-
§ 9o  Realizado o leilão, permanecerá depositada em periências, projetos e programas voltados para atividades
conta judicial a quantia apurada, até o final da ação penal de prevenção do uso indevido, de atenção e de reinserção
respectiva, quando será transferida ao Funad, juntamente social de usuários e dependentes de drogas;
com os valores de que trata o § 3o deste artigo. II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção
§ 10.  Terão apenas efeito devolutivo os recursos inter- e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico
postos contra as decisões proferidas no curso do procedi- de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de precursores
mento previsto neste artigo. químicos;

26
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

III - intercâmbio de informações policiais e judiciais so- Parágrafo único.  Os crimes praticados nos Municípios
bre produtores e traficantes de drogas e seus precursores que não sejam sede de vara federal serão processados e
químicos. julgados na vara federal da circunscrição respectiva.
Art. 71.  (VETADO)
TÍTULO VI Art. 72.   Encerrado o processo penal ou arquivado o
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante representação
do delegado de polícia ou a requerimento do Ministério
Art. 66.  Para fins do disposto no parágrafo único do Público, determinará a destruição das amostras guardadas
art. 1o  desta Lei, até que seja atualizada a terminologia para contraprova, certificando isso nos autos.   (Redação
da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e Art. 73.  A União poderá estabelecer convênios com os
outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no  344, Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e
de 12 de maio de 1998. repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e
Art. 67.  A liberação dos recursos previstos na  Lei com os Municípios, com o objetivo de prevenir o uso inde-
no 7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados vido delas e de possibilitar a atenção e reinserção social de
e do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e respeito usuários e dependentes de drogas. (Redação dada pela Lei
às diretrizes básicas contidas nos convênios firmados e do nº 12.219, de 2010)
fornecimento de dados necessários à atualização do siste- Art. 74.  Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco)
ma previsto no art. 17 desta Lei, pelas respectivas polícias dias após a sua publicação.
judiciárias. Art. 75.  Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outubro
Art. 68.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os de 1976, e a Lei no 10.409, de 11 de janeiro de 2002.
Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros, desti- Brasília,  23  de  agosto  de  2006; 185o da Independên-
nados às pessoas físicas e jurídicas que colaborem na pre- cia e 118o da República.
venção do uso indevido de drogas, atenção e reinserção LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
social de usuários e dependentes e na repressão da produ- Márcio Thomaz Bastos
ção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. Guido Mantega
Art. 69.  No caso de falência ou liquidação extrajudicial Jorge Armando Felix
de empresas ou estabelecimentos hospitalares, de pesqui-
sa, de ensino, ou congêneres, assim como nos serviços de Este texto não substitui o publicado no DOU de
saúde que produzirem, venderem, adquirirem, consumi- 24.8.2006
rem, prescreverem ou fornecerem drogas ou de qualquer
outro em que existam essas substâncias ou produtos, in-
cumbe ao juízo perante o qual tramite o feito:
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou 5 LEI Nº 4.898/1965: DIREITO DE
liquidação, sejam lacradas suas instalações;
REPRESENTAÇÃO E PROCESSO DE
II - ordenar à autoridade sanitária competente a ur-
gente adoção das medidas necessárias ao recebimento e RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
guarda, em depósito, das drogas arrecadadas; CIVIL E PENAL, NOS CASOS DE ABUSO DE
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para AUTORIDADE (APENAS ASPECTOS PENAIS E
acompanhar o feito. PROCESSUAIS PENAIS).
§ 1o  Da licitação para alienação de substâncias ou pro-
dutos não proscritos referidos no inciso II do caput deste
artigo, só podem participar pessoas jurídicas regularmente
habilitadas na área de saúde ou de pesquisa científica que
Presidência da República
comprovem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser
Casa Civil
arrematado.
Subchefia para Assuntos Jurídicos
§ 2o  Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o deste ar-
tigo, o produto não arrematado será, ato contínuo à hasta
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965.
pública, destruído pela autoridade sanitária, na presença
dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério Pú-
blico. Regula o Direito
§ 3o  Figurando entre o praceado e não arrematadas de Representação
especialidades farmacêuticas em condições de emprego e o processo de
terapêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do Mi- Responsabilidade
nistério da Saúde, que as destinará à rede pública de saú- Administrativa Civil e
de. Penal, nos casos de abuso
Art. 70.  O processo e o julgamento dos crimes pre- de autoridade.
vistos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito
transnacional, são da competência da Justiça Federal.

27
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos des-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
Art. 1º O direito de representação e o processo de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
responsabilidade administrativa civil e penal, contra as au- remuneração.
toridades que, no exercício de suas funções, cometerem Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
abusos, são regulados pela presente lei. sanção administrativa civil e penal.
Art. 2º O direito de representação será exercido por § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
meio de petição: com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
A) dirigida à autoridade superior que tiver competên- A) advertência;
cia legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, B) repreensão;
a respectiva sanção; C) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
B) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e
competência para iniciar processo-crime contra a autori- vantagens;
dade culpada. D) destituição de função;
Parágrafo único. A representação será feita em duas E) demissão;
vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso F) demissão, a bem do serviço público.
de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualifi- § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor
cação do acusado e o rol de testemunhas, no máximo de do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de
três, se as houver. quinhentos a dez mil cruzeiros.
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer aten- § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as
tado: regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
A) à liberdade de locomoção; A) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
B) à inviolabilidade do domicílio; B) detenção por dez dias a seis meses;
C) ao sigilo da correspondência; C) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
D) à liberdade de consciência e de crença; qualquer outra função pública por prazo até três anos.
E) ao livre exercício do culto religioso; § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão
F) à liberdade de associação; ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
G) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- § 5º Quando o abuso for cometido por agente de auto-
cício do voto; ridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá
H) ao direito de reunião; ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder
I) à incolumidade física do indivíduo; o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no
J) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- município da culpa, por prazo de um a cinco anos.
cício profissional.              (Incluído pela Lei nº 6.657,de Art. 7º recebida a representação em que for solicitada
05/06/79) a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: militar competente determinará a instauração de inquérito
A) ordenar ou executar medida privativa da liberdade in- para apurar o fato.
dividual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; § 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas
B) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve- estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais,
xame ou a constrangimento não autorizado em lei; civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
C) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz compe- § 2º não existindo no município no Estado ou na legis-
tente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; lação militar normas reguladoras do inquérito administrati-
D) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou vo serão aplicadas supletivamente, as disposições dos arts.
detenção ilegal que lhe seja comunicada; 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Esta-
E) levar à prisão e nela deter quem quer que se propo- tuto dos Funcionários Públicos Civis da União).
nha a prestar fiança, permitida em lei; § 3º O processo administrativo não poderá ser sobresta-
F) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial do para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra des- Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcio-
pesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer nal da autoridade civil ou militar.
quanto à espécie quer quanto ao seu valor; Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida
G) recusar o carcereiro ou agente de autoridade poli- à autoridade administrativa ou independentemente dela,
cial recibo de importância recebida a título de carceragem, poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsa-
custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; bilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada.
H) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa Art. 10. Vetado
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Có-
de poder ou sem competência legal; digo de Processo Civil.
I) prolongar a execução de prisão temporária, de pena Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente
ou de medida de segurança, deixando de expedir em tem- de inquérito policial ou justificação por denúncia do Minis-
po oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liber- tério Público, instruída com a representação da vítima do
dade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89) abuso.

28
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a represen- Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o portei-
tação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito ho- ro dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a
ras, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua audiência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas,
abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, o perito, o representante do Ministério Público ou o ad-
e, bem assim, a designação de audiência de instrução e vogado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou
julgamento. defensor do réu.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresenta- Parágrafo único. A audiência somente deixará de rea-
da em duas vias. lizar-se se ausente o Juiz.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de auto- Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o
ridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado Juiz não houver comparecido, os presentes poderão reti-
poderá: rar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de
A) promover a comprovação da existência de tais ves- audiência.
tígios, por meio de duas testemunhas qualificadas; Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será
B) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da pública, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-
audiência de instrução e julgamento, a designação de um -se-á em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na
perito para fazer as verificações necessárias. sede do Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório designar.
e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresen- Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e
tarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e o interrogatório do réu, se estiver presente.
julgamento. Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a repre- advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para
sentação poderá conter a indicação de mais duas teste- funcionar na audiência e nos ulteriores termos do pro-
munhas. cesso.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o pe-
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da repre- rito, o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério
sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa
razões invocadas, fará remessa da representação ao Pro- e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze
curador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou in- critério do Juiz.
sistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata-
atender. mente a sentença.
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará
a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação no livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em
privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, resumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva defesa, os requerimentos e, por extenso, os despachos e
e intervir em todos os termos do processo, interpor recur- a sentença.
sos e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante
retomar a ação como parte principal. do Ministério Público ou o advogado que houver subscri-
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de to a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte
rejeitando a denúncia. forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre moti-
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de ins- vadamente, até o dobro.
trução e julgamento, que deverá ser realizada, improrro- Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas
gavelmente. Dentro de cinco dias. do  Código de Processo Penal, sempre que compatíveis
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julga- com o sistema de instrução e julgamento regulado por
mento final e para comparecer à audiência de instrução esta lei.
e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será Parágrafo único. Das decisões, despachos e senten-
acompanhado da segunda via da representação e da de- ças, caberão os recursos e apelações previstas no Código
núncia. de Processo Penal.
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
ser apresentada em juízo, independentemente de intima- Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independên-
ção. cia e 77º da República.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre- H. CASTELLO BRANCO 
catória para a audiência ou a intimação de testemunhas Juracy Magalhães
ou, salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requeri-
mentos para a realização de diligências, perícias ou exa- Este texto não substitui o publicado no DOU de
mes, a não ser que o Juiz, em despacho motivado, consi- 13.12.1965
dere indispensáveis tais providências.

29
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando


6 LEI Nº 9.455/1997: DEFINE OS CRIMES DE o crime não tenha sido cometido em território nacional,
TORTURA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em
(APENAS ASPECTOS PENAIS E PROCESSUAIS local sob jurisdição brasileira.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
PENAIS).
cação.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e
Presidência da República 109º da República.
Casa Civil FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Subchefia para Assuntos Jurídicos Nelson A. Jobim

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997. Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
8.4.1997
Define os crimes de
tortura e dá outras
providências.
7 LEI Nº 8.069/1990: ESTATUTO DA CRIANÇA
O  PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- E DO ADOLESCENTE (APENAS ASPECTOS
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS)
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
A) com o fim de obter informação, declaração ou con-
fissão da vítima ou de terceira pessoa; Presidência da República
B) para provocar ação ou omissão de natureza crimi- Casa Civil
nosa; Subchefia para Assuntos Jurídicos
C) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou au- LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
toridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a
intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar
Vigência Dispõe sobre o Estatuto da
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos. (Vide Lei nº 13.431, de Criança e do Adolescente
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa 2017)    (Vigência) e dá outras providências.
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico        
ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
em lei ou não resultante de medida legal. Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, Lei:
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
pena de detenção de um a quatro anos. Título I
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou Das Disposições Preliminares
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.         Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: à criança e ao adolescente.
I - se o crime é cometido por agente público;         Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos des-
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por- ta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e
tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)         Parágrafo único. Nos casos expressos em lei,
III - se o crime é cometido mediante seqüestro. aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas en-
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função tre dezoito e vinte e um anos de idade.
ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo         Art. 3º A criança e o adolescente gozam de to-
dobro do prazo da pena aplicada. dos os direitos fundamentais inerentes à pessoa huma-
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de na, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
graça ou anistia. Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios,
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facul-
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regi- tar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
me fechado. social, em condições de liberdade e de dignidade.

30
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        Parágrafo único.  Os direitos enunciados nesta Lei § 3o  Os serviços de saúde onde o parto for realizado
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discrimi- assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
nação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, et- alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção
nia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos
de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, de apoio à amamentação.          (Redação dada pela Lei nº
ambiente social, região e local de moradia ou outra condi- 13.257, de 2016)
ção que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade         § 4o  Incumbe ao poder público proporcionar as-
em que vivem.        (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) sistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e
        Art. 4º É dever da família, da comunidade, da so- pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as
ciedade em geral e do poder público assegurar, com abso- consequências do estado puerperal.       (Incluído pela Lei
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, nº 12.010, de 2009)      Vigência
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, § 5o  A assistência referida no § 4o deste artigo deverá
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à ser prestada também a gestantes e mães que manifestem
liberdade e à convivência familiar e comunitária. interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como
        Parágrafo único. A garantia de prioridade com- a gestantes e mães que se encontrem em situação de pri-
preende: vação de liberdade.          (Redação dada pela Lei nº 13.257,
        A) primazia de receber proteção e socorro em de 2016)
quaisquer circunstâncias; § 6o   A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
        B) precedência de atendimento nos serviços públi- acompanhante de sua preferência durante o período do
cos ou de relevância pública; pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imedia-
        C) preferência na formulação e na execução das to.          (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
políticas sociais públicas; § 7o  A gestante deverá receber orientação sobre alei-
        D) destinação privilegiada de recursos públicos nas tamento materno, alimentação complementar saudável e
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre
        Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de esti-
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, vio- mular o desenvolvimento integral da criança.          (Incluí-
lência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer do pela Lei nº 13.257, de 2016)
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. § 8o  A gestante tem direito a acompanhamento sau-
        Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em dável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras inter-
bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, venções cirúrgicas por motivos médicos.          (Incluído pela
e a condição peculiar da criança e do adolescente como Lei nº 13.257, de 2016)
pessoas em desenvolvimento. § 9o  A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de
Título II pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às
Dos Direitos Fundamentais consultas pós-parto.          (Incluído pela Lei nº 13.257, de
Capítulo I 2016)
Do Direito à Vida e à Saúde § 10.  Incumbe ao poder público garantir, à gestante e
à mulher com filho na primeira infância que se encontrem
        Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a sob custódia em unidade de privação de liberdade, am-
proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de polí- biência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do
ticas sociais públicas que permitam o nascimento e o de- Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em
senvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas articulação com o sistema de ensino competente, visando
de existência. ao desenvolvimento integral da criança.          (Incluído pela
Art. 8o  É assegurado a todas as mulheres o acesso aos Lei nº 13.257, de 2016)
programas e às políticas de saúde da mulher e de plane-          Art. 9º O poder público, as instituições e os empre-
jamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, gadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida
e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no privativa de liberdade.
âmbito do Sistema Único de Saúde.          (Redação dada § 1o  Os profissionais das unidades primárias de saúde
pela Lei nº 13.257, de 2016) desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
§ 1o  O atendimento pré-natal será realizado por pro- visando ao planejamento, à implementação e à avaliação
fissionais da atenção primária.          (Redação dada pela Lei de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento
nº 13.257, de 2016) materno e à alimentação complementar saudável, de for-
§ 2o  Os profissionais de saúde de referência da gestan- ma contínua.          (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
te garantirão sua vinculação, no último trimestre da gesta- § 2o  Os serviços de unidades de terapia intensiva neo-
ção, ao estabelecimento em que será realizado o parto, ga- natal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade
rantido o direito de opção da mulher.          (Redação dada de coleta de leite humano.          (Incluído pela Lei nº 13.257,
pela Lei nº 13.257, de 2016) de 2016)

31
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

         Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos § 1o   As gestantes ou mães que manifestem interes-
de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, se em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoria-
são obrigados a: mente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da
        I - manter registro das atividades desenvolvidas, Infância e da Juventude.          (Incluído pela Lei nº 13.257,
através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito de 2016)
anos; § 2o   Os serviços de saúde em suas diferentes portas
        II - identificar o recém-nascido mediante o registro de entrada, os serviços de assistência social em seu com-
de sua impressão plantar e digital e da impressão digital ponente especializado, o Centro de Referência Especiali-
da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela zado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do
autoridade administrativa competente; Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adoles-
        III - proceder a exames visando ao diagnóstico e cente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento
terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém- das crianças na faixa etária da primeira infância com sus-
-nascido, bem como prestar orientação aos pais; peita ou confirmação de violência de qualquer natureza,
        IV - fornecer declaração de nascimento onde formulando projeto terapêutico singular que inclua inter-
constem necessariamente as intercorrências do parto e do venção em rede e, se necessário, acompanhamento domi-
desenvolvimento do neonato; ciliar.          (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
        V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao         Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá
neonato a permanência junto à mãe. programas de assistência médica e odontológica para a
         VI - acompanhar a prática do processo de ama- prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam
mentação, prestando orientações quanto à técnica ade- a população infantil, e campanhas de educação sanitária
quada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, para pais, educadores e alunos.
utilizando o corpo técnico já existente.               (Incluído § 1o  É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
pela Lei nº 13.436, de 2017)         (Vigência) recomendados pelas autoridades sanitárias.          (Renu-
Art. 11.  É assegurado acesso integral às linhas de cui- merado do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)
dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por § 2o  O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o prin- saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma trans-
cípio da equidade no acesso a ações e serviços para pro- versal, integral e intersetorial com as demais linhas de cui-
moção, proteção e recuperação da saúde.          (Redação dado direcionadas à mulher e à criança.         (Incluído pela
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) Lei nº 13.257, de 2016)
§ 1o  A criança e o adolescente com deficiência serão § 3o   A atenção odontológica à criança terá função
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas ne- educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de
cessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e,
reabilitação.          (Redação dada pela Lei nº 13.257, de posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de
2016) vida, com orientações sobre saúde bucal.         (Incluído pela
§ 2o  Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, Lei nº 13.257, de 2016)
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próte- § 4o  A criança com necessidade de cuidados odonto-
ses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, lógicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saú-
habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de de.         (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessi- § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos
dades específicas.          (Redação dada pela Lei nº 13.257, seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou
de 2016) outro instrumento construído com a finalidade de facilitar
§ 3o  Os profissionais que atuam no cuidado diário ou a detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento
frequente de crianças na primeira infância receberão for- da criança, de risco para o seu desenvolvimento psíqui-
mação específica e permanente para a detecção de sinais co.                  (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017)        (Vi-
de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para gência)
o acompanhamento que se fizer necessário.          (Incluído
pela Lei nº 13.257, de 2016) Capítulo II
        Art. 12.  Os estabelecimentos de atendimento à Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva
e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condi-         Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à
ções para a permanência em tempo integral de um dos pais liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas huma-
ou responsável, nos casos de internação de criança ou ado- nas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de
lescente.          (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição
         Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação e nas leis.
de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de         Art. 16. O direito à liberdade compreende os se-
maus-tratos contra criança ou adolescente serão obriga- guintes aspectos:
toriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respec-         I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
tiva localidade, sem prejuízo de outras providências le- comunitários, ressalvadas as restrições legais;
gais.         (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)         II - opinião e expressão;

32
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        III - crença e culto religioso; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento


        IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; especializado;             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
        V - participar da vida familiar e comunitária, sem V - advertência.             (Incluído pela Lei nº 13.010, de
discriminação; 2014)
        VI - participar da vida política, na forma da lei; Parágrafo único.  As medidas previstas neste artigo se-
        VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. rão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de ou-
        Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviola- tras providências legais.             (Incluído pela Lei nº 13.010,
bilidade da integridade física, psíquica e moral da criança de 2014)
e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem,
da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, Capítulo III
dos espaços e objetos pessoais. Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
        Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da Seção I
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer Disposições Gerais
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor.         Art. 19.  É direito da criança e do adolescente ser
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmen-
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de te, em família substituta, assegurada a convivência familiar
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvi-
disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, mento integral.          (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, 2016)
pelos agentes públicos executores de medidas socioeduca-         § 1o  Toda criança ou adolescente que estiver in-
tivas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, serido em programa de acolhimento familiar ou institucio-
tratá-los, educá-los ou protegê-los.             (Incluído pela nal terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis)
Lei nº 13.010, de 2014) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com
Parágrafo único.   Para os fins desta Lei, considera- base em relatório elaborado por equipe interprofissional
-se:             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni- possibilidade de reintegração familiar ou colocação em fa-
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou mília substituta, em quaisquer das modalidades previstas
o adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, no art. 28 desta Lei.       (Incluído pela Lei nº 12.010, de
de 2014) 2009)      Vigência
A) sofrimento físico; ou             (Incluído pela Lei nº         § 2o  A permanência da criança e do adolescente em
13.010, de 2014) programa de acolhimento institucional não se prolongará
B) lesão;             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada neces-
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma sidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente
cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescen- fundamentada pela autoridade judiciária.              (Redação
te que:             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
A) humilhe; ou             (Incluído pela Lei nº 13.010, de         § 3o  A manutenção ou a reintegração de criança
2014) ou adolescente à sua família terá preferência em relação a
B) ameace gravemente; ou             (Incluído pela Lei nº qualquer outra providência, caso em que será esta incluída
13.010, de 2014) em serviços e programas de proteção, apoio e promoção,
C) ridicularize.             (Incluído pela Lei nº 13.010, de nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do
2014) art. 101 e dos incisos I a IV do  caput  do art. 129 desta
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, Lei.              (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
os responsáveis, os agentes públicos executores de medi-         § 4o  Será garantida a convivência da criança e do ado-
das socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de lescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de
cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipó-
ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento teses de acolhimento institucional, pela entidade responsável,
cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, independentemente de autorização judicial.             (Incluído
educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem pela Lei nº 12.962, de 2014)
prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medi-          § 5o   Será garantida a convivência integral da
das, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do criança com a mãe adolescente que estiver em acolhimen-
caso:             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) to institucional.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário § 6o  A mãe adolescente será assistida por equipe es-
de proteção à família;             (Incluído pela Lei nº 13.010, pecializada multidisciplinar.             (Incluído pela Lei nº
de 2014) 13.509, de 2017)
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- Art. 19-A.  A gestante ou mãe que manifeste interesse
quiátrico;             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o
III - encaminhamento a cursos ou programas de orien- nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da
tação;             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Juventude.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

33
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 1o   A gestante ou mãe será ouvida pela equipe in- § 4o  O perfil da criança ou do adolescente a ser apa-
terprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que drinhado será definido no âmbito de cada programa de
apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando apadrinhamento, com prioridade para crianças ou adoles-
inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puer- centes com remota possibilidade de reinserção familiar ou
peral.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) colocação em família adotiva.             (Incluído pela Lei nº
§ 2o  De posse do relatório, a autoridade judiciária po- 13.509, de 2017)
derá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, § 5o   Os programas ou serviços de apadrinhamento
mediante sua expressa concordância, à rede pública de apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão
saúde e assistência social para atendimento especializa- ser executados por órgãos públicos ou por organizações
do.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) da sociedade civil.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de
§ 3o  A busca à família extensa, conforme definida nos 2017)
termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o § 6o  Se ocorrer violação das regras de apadrinhamen-
prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual to, os responsáveis pelo programa e pelos serviços de aco-
período.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) lhimento deverão imediatamente notificar a autoridade
§ 4o  Na hipótese de não haver a indicação do genitor e judiciária competente.             (Incluído pela Lei nº 13.509,
de não existir outro representante da família extensa apto a de 2017)
receber a guarda, a autoridade judiciária competente deve-         Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do ca-
rá decretar a extinção do poder familiar e determinar a co- samento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e quali-
locação da criança sob a guarda provisória de quem estiver ficações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva pro- relativas à filiação.
grama de acolhimento familiar ou institucional.             (In-         Art. 21. O poder familiar será exercido, em igual-
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017) dade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que
§ 5o  Após o nascimento da criança, a vontade da mãe dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles
ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai o direito de, em caso de discordância, recorrer à autori-
indicado, deve ser manifestada na audiência a que se refere dade judiciária competente para a solução da divergên-
o § 1o do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a entre- cia.            (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
ga.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) 2009)     Vigência
§ 6o  (VETADO).             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)         Art. 22. Aos pais incumbe o dever de susten-
§ 7o  Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 to, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes
(quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer
dia seguinte à data do término do estágio de convivên- cumprir as determinações judiciais.
cia.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)         Parágrafo único.  A mãe e o pai, ou os respon-
§ 8o  Na hipótese de desistência pelos genitores - mani- sáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
festada em audiência ou perante a equipe interprofissional compartilhados no cuidado e na educação da criança, de-
- da entrega da criança após o nascimento, a criança será vendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de
mantida com os genitores, e será determinado pela Justi- suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança
ça da Infância e da Juventude o acompanhamento familiar estabelecidos nesta Lei.          (Incluído pela Lei nº 13.257,
pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.             (Incluído de 2016)
pela Lei nº 13.509, de 2017)         Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais
§ 9o   É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspen-
o nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta são do poder familiar.             (Expressão substituída pela
Lei.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Lei nº 12.010, de 2009)       Vigência
§ 10.  (VETADO).             (Incluído pela Lei nº 13.509, § 1o  Não existindo outro motivo que por si só autorize
de 2017) a decretação da medida, a criança ou o adolescente será
Art. 19-B.  A criança e o adolescente em programa de mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigato-
acolhimento institucional ou familiar poderão participar de riamente ser incluída em serviços e programas oficiais de
programa de apadrinhamento.             (Incluído pela Lei nº proteção, apoio e promoção.          (Redação dada pela Lei
13.509, de 2017) nº 13.257, de 2016)
§ 1o  O apadrinhamento consiste em estabelecer e pro- § 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não im-
porcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à plicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese
instituição para fins de convivência familiar e comunitária de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclu-
e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos são, contra o próprio filho ou filha.       (Incluído pela Lei nº
social, moral, físico, cognitivo, educacional e financei- 12.962, de 2014)
ro.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)         Art. 24. A perda e a suspensão do poder fami-
§ 2o  (VETADO).             (Incluído pela Lei nº 13.509, de liar serão decretadas judicialmente, em procedimento con-
2017) traditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como
§ 3o   Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres
adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimen- e obrigações a que alude o art. 22.             (Expressão subs-
to.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) tituída pela Lei nº 12.010, de 2009)        Vigência

34
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Seção II interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juven-


Da Família Natural tude, preferencialmente com o apoio dos técnicos respon-
sáveis pela execução da política municipal de garantia do
        Art. 25. Entende-se por família natural a comuni- direito à convivência familiar.             (Incluído pela Lei nº
dade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descen- 12.010, de 2009)   Vigência
dentes.             (Vide Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência         § 6o  Em se tratando de criança ou adolescente
        Parágrafo único.  Entende-se por família extensa indígena ou proveniente de comunidade remanescente de
ou ampliada aquela que se estende para além da unidade quilombo, é ainda obrigatório:             (Incluído pela Lei nº
pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes 12.010, de 2009)   Vigência
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e         I - que sejam consideradas e respeitadas sua iden-
mantém vínculos de afinidade e afetividade.             (Incluí- tidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem
do pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis
        Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento po- com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e
derão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separada- pela Constituição Federal;              (Incluído pela Lei nº
mente, no próprio termo de nascimento, por testamento, 12.010, de 2009)   Vigência
mediante escritura ou outro documento público, qualquer         II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente
que seja a origem da filiação. no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
        Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder etnia;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se         III - a intervenção e oitiva de representantes do
deixar descendentes. órgão federal responsável pela política indigenista, no caso
        Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos,
é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, po- perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que
dendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem irá acompanhar o caso.             (Incluído pela Lei nº 12.010,
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. de 2009)   Vigência
        Art. 29. Não se deferirá colocação em família
Seção III substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incom-
Da Família Substituta patibilidade com a natureza da medida ou não ofereça am-
Subseção I biente familiar adequado.
Disposições Gerais         Art. 30. A colocação em família substituta não
admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros
        Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á ou a entidades governamentais ou não-governamentais,
mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente sem autorização judicial.
da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos         Art. 31. A colocação em família substituta estran-
desta Lei. geira constitui medida excepcional, somente admissível na
        § 1o  Sempre que possível, a criança ou o adoles- modalidade de adoção.
cente será previamente ouvido por equipe interprofissio-         Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o respon-
nal, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de sável prestará compromisso de bem e fielmente desempe-
compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua nhar o encargo, mediante termo nos autos.
opinião devidamente considerada.             (Redação dada
pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência Subseção II
        § 2o  Tratando-se de maior de 12 (doze) anos Da Guarda
de idade, será necessário seu consentimento, colhido em
audiência.             (Redação dada pela Lei nº 12.010, de         Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistên-
2009)   Vigência cia material, moral e educacional à criança ou adolescente,
        § 3o  Na apreciação do pedido levar-se-á em conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de inclusive aos pais.             (Vide Lei nº 12.010, de 2009)   Vi-
afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências gência
decorrentes da medida.             (Incluído pela Lei nº 12.010,         § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de
de 2009)   Vigência fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
        § 4o  Os grupos de irmãos serão colocados sob ado- procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção
ção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressal- por estrangeiros.
vada a comprovada existência de risco de abuso ou outra         § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora
situação que justifique plenamente a excepcionalidade de dos casos de tutela e adoção, para atender a situações pe-
solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o culiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável,
rompimento definitivo dos vínculos fraternais.             (In- podendo ser deferido o direito de representação para a
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência prática de atos determinados.
        § 5o  A colocação da criança ou adolescente em         § 3º A guarda confere à criança ou adolescente
família substituta será precedida de sua preparação grada- a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de
tiva e acompanhamento posterior, realizados pela equipe direito, inclusive previdenciários.

35
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        § 4o  Salvo expressa e fundamentada determina-         Parágrafo único.  Na apreciação do pedido, serão
ção em contrário, da autoridade judiciária competente, ou observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta
quando a medida for aplicada em preparação para adoção, Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na
o deferimento da guarda de criança ou adolescente a ter- disposição de última vontade, se restar comprovado que
ceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra
pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão pessoa em melhores condições de assumi-la.             (Re-
objeto de regulamentação específica, a pedido do interes- dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
sado ou do Ministério Público.             (Incluído pela Lei nº         Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto
12.010, de 2009)   Vigência no art. 24.
        Art. 34.  O poder público estimulará, por meio de
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhi- Subseção IV
mento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente Da Adoção
afastado do convívio familiar.             (Redação dada pela
Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         Art. 39. A adoção de criança e de adolescente re-
        § 1o  A inclusão da criança ou adolescente em pro- ger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
gramas de acolhimento familiar terá preferência a seu aco-         § 1o  A adoção é medida excepcional e irrevo-
lhimento institucional, observado, em qualquer caso, o cará- gável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados
ter temporário e excepcional da medida, nos termos desta os recursos de manutenção da criança ou adolescente na
Lei.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do
        § 2o  Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa art. 25 desta Lei.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de
ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar 2009)        Vigência
poderá receber a criança ou adolescente mediante guarda,         § 2o  É vedada a adoção por procuração.             (In-
observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.             (In- cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)         Vigência
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)         § 3o  Em caso de conflito entre direitos e interes-
        § 3o  A União apoiará a implementação de servi- ses do adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais
ços de acolhimento em família acolhedora como política biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do
pública, os quais deverão dispor de equipe que organize adotando.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
o acolhimento temporário de crianças e de adolescen-         Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo,
tes em residências de famílias selecionadas, capacitadas dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a
e acompanhadas que não estejam no cadastro de ado- guarda ou tutela dos adotantes.
ção.         (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)         Art. 41. A adoção atribui a condição de filho
       § 4o  Poderão ser utilizados recursos federais, es- ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive
taduais, distritais e municipais para a manutenção dos ser- sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e
viços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
o repasse de recursos para a própria família acolhedo-         § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o
ra.         (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o
        Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os res-
tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Mi- pectivos parentes.
nistério Público.         § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adota-
do, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, des-
Subseção III cendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de
Da Tutela vocação hereditária.
        Art. 42.  Podem adotar os maiores de 18 (dezoito)
        Art. 36.  A tutela será deferida, nos termos da lei civil, anos, independentemente do estado civil.             (Redação
a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos.             (Re- dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos
        Parágrafo único. O deferimento da tutela pres- do adotando.
supõe a prévia decretação da perda ou suspensão do po-         § 2o  Para adoção conjunta, é indispensável que os
der familiar e implica necessariamente o dever de guar- adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
da.             (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de estável, comprovada a estabilidade da família.             (Re-
2009)  Vigência dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
         Art. 37.  O tutor nomeado por testamento ou         § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis
qualquer documento autêntico, conforme previsto no pa- anos mais velho do que o adotando.
rágrafo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janei-         § 4o  Os divorciados, os judicialmente separados
ro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, con-
dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido tanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas
destinado ao controle judicial do ato, observando o proce- e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado
dimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.             (Re- na constância do período de convivência e que seja com-
dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência provada a existência de vínculos de afinidade e afetividade

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a ex- técnicos responsáveis pela execução da política de garantia
cepcionalidade da concessão.              (Redação dada pela do direito à convivência familiar, que apresentarão relató-
Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência rio minucioso acerca da conveniência do deferimento da
        § 5o  Nos casos do § 4o deste artigo, desde que de- medida.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vi-
monstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada gência
a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da         § 5o  O estágio de convivência será cumprido no
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Re- território nacional, preferencialmente na comarca de re-
dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência sidência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz,
        § 6o  A adoção poderá ser deferida ao adotante em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a
que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a fale- competência do juízo da comarca de residência da crian-
cer no curso do procedimento, antes de prolatada a sen- ça.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
tença.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sen-
        Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar tença judicial, que será inscrita no registro civil mediante
reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos mandado do qual não se fornecerá certidão.
legítimos.         § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes
        Art. 44. Enquanto não der conta de sua administra- como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
ção e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador         § 2º O mandado judicial, que será arquivado, can-
adotar o pupilo ou o curatelado. celará o registro original do adotado.
        Art. 45. A adoção depende do consentimento dos         § 3o  A pedido do adotante, o novo registro poderá
pais ou do representante legal do adotando. ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de
        § 1º. O consentimento será dispensado em relação sua residência.             (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos 2009)  Vigência
ou tenham sido destituídos do  poder familiar.             (Ex-         § 4o  Nenhuma observação sobre a origem do ato
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência poderá constar nas certidões do registro.              (Redação
        § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
anos de idade, será também necessário o seu consenti-         § 5o  A sentença conferirá ao adotado o nome do
mento. adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar
        Art. 46.  A adoção será precedida de estágio de a modificação do prenome.              (Redação dada pela Lei
convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo má- nº 12.010, de 2009)  Vigência
ximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança         § 6o  Caso a modificação de prenome seja re-
ou adolescente e as peculiaridades do caso.            (Reda- querida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotan-
ção dada pela Lei nº 13.509, de 2017) do, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta
        § 1o  O estágio de convivência poderá ser dispensado Lei.              (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vi-
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do ado- gência
tante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar         § 7o  A adoção produz seus efeitos a partir do
a conveniência da constituição do vínculo.             (Redação trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hi-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência pótese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que
        § 2o  A simples guarda de fato não autoriza, terá força retroativa à data do óbito.             (Incluído pela
por si só, a dispensa da realização do estágio de convivên- Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
cia.              (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vi-         § 8o  O processo relativo à adoção assim como
gência outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo, ad-
        § 2o-A.  O prazo máximo estabelecido no caput deste mitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por ou-
artigo pode ser prorrogado por até igual período, mediante tros meios, garantida a sua conservação para consulta a
decisão fundamentada da autoridade judiciária.             (In- qualquer tempo.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017) 2009)  Vigência 
        § 3o  Em caso de adoção por pessoa ou casal resi- § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
dente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência adoção em que o adotando for criança ou adolescente
será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (qua- com deficiência ou com doença crônica.             (Incluído
renta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma pela Lei nº 12.955, de 2014)
única vez, mediante decisão fundamentada da autoridade § 10.  O prazo máximo para conclusão da ação de ado-
judiciária.             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) ção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única
§ 3o-A.   Ao final do prazo previsto no § 3o deste ar- vez por igual período, mediante decisão fundamentada da
tigo, deverá ser apresentado laudo fundamentado pela autoridade judiciária.             (Incluído pela Lei nº 13.509,
equipe mencionada no § 4o deste artigo, que recomenda- de 2017)
rá ou não o deferimento da adoção à autoridade judiciá-         Art. 48.  O adotado tem direito de conhecer sua
ria.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao
         § 4o  O estágio de convivência será acompa- processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais
nhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da incidentes, após completar 18 (dezoito) anos.             (Re-
Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        Parágrafo único.  O acesso ao processo de ado-         § 9o  Compete à Autoridade Central Estadual zelar
ção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
(dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e as- posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasi-
sistência jurídica e psicológica.             (Incluído pela Lei nº leira.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009)  Vigência         § 10.   Consultados os cadastros e verificada a
        Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece ausência de pretendentes habilitados residentes no País
o poder familiar dos pais naturais.             (Expressão subs- com perfil compatível e interesse manifesto pela adoção
tituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência de criança ou adolescente inscrito nos cadastros existentes,
        Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada será realizado o encaminhamento da criança ou adolescen-
comarca ou foro regional, um registro de crianças e ado- te à adoção internacional.             (Redação dada pela Lei
lescentes em condições de serem adotados e outro de pes- nº 13.509, de 2017)
soas interessadas na adoção.             (Vide Lei nº 12.010, de         § 11.  Enquanto não localizada pessoa ou casal
2009)   Vigência interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente,
        § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após sempre que possível e recomendável, será colocado sob
prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o guarda de família cadastrada em programa de acolhimento
Ministério Público. familiar.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vi-
        § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado gência
não satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer         § 12.  A alimentação do cadastro e a convocação
das hipóteses previstas no art. 29. criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo
        § 3o  A inscrição de postulantes à adoção será Ministério Público.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de
precedida de um período de preparação psicossocial e ju- 2009)  Vigência
rídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância         § 13.  Somente poderá ser deferida adoção em
e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado
responsáveis pela execução da política municipal de garan- previamente nos termos desta Lei quando:             (Incluí-
tia do direito à convivência familiar.             (Incluído pela do pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         I - se tratar de pedido de adoção unilate-
        § 4o  Sempre que possível e recomendável, a ral;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
preparação referida no § 3o deste artigo incluirá o contato         II - for formulada por parente com o qual a criança
com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetivi-
institucional em condições de serem adotados, a ser rea- dade;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
lizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe         III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou
técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adoles-
dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento cente, desde que o lapso de tempo de convivência com-
e pela execução da política municipal de garantia do direito prove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não
à convivência familiar.             (Incluído pela Lei nº 12.010, seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das si-
de 2009)  Vigência tuações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.             (In-
        § 5o  Serão criados e implementados cadastros cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condi-         § 14.  Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo,
ções de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados o candidato deverá comprovar, no curso do procedimento,
à adoção.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- que preenche os requisitos necessários à adoção, confor-
gência me previsto nesta Lei.             (Incluído pela Lei nº 12.010,
        § 6o  Haverá cadastros distintos para pessoas ou de 2009)  Vigência
casais residentes fora do País, que somente serão consul-          § 15.  Será assegurada prioridade no cadastro
tados na inexistência de postulantes nacionais habilitados a pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente
nos cadastros mencionados no § 5o deste artigo.             (In- com deficiência, com doença crônica ou com necessidades
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência específicas de saúde, além de grupo de irmãos.            (In-
        § 7o  As autoridades estaduais e federais em ma- cluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
téria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incum-         Art. 51.  Considera-se adoção internacional aquela
bindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, na qual o pretendente possui residência habitual em país-
para melhoria do sistema.              (Incluído pela Lei nº -parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Rela-
12.010, de 2009)  Vigência tiva à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de
        § 8o  A autoridade judiciária providenciará, no Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087,
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crian- de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança em outro
ças e adolescentes em condições de serem adotados que país-parte da Convenção.             (Redação dada pela Lei nº
não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e 13.509, de 2017)
das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação         § 1o  A adoção internacional de criança ou adoles-
à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § cente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar
5o deste artigo, sob pena de responsabilidade.             (In- quando restar comprovado:             (Redação dada pela Lei
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência nº 12.010, de 2009)  Vigência

38
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        I - que a colocação em família adotiva é a solução         VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exi-
adequada ao caso concreto;             (Redação dada pela Lei gências e solicitar complementação sobre o estudo psicosso-
nº 13.509, de 2017) cial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de
       II - que foram esgotadas todas as possibilidades acolhida;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
de colocação da criança ou adolescente em família adoti-         VII - verificada, após estudo realizado pela Au-
va brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da toridade Central Estadual, a compatibilidade da legislação
inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil estrangeira com a nacional, além do preenchimento por
com perfil compatível com a criança ou adolescente, após parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e
consulta aos cadastros mencionados nesta Lei;             (Re- subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do
dação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida,
        III - que, em se tratando de adoção de adolescente, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional,
este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;  (Incluído
de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
medida, mediante parecer elaborado por equipe interpro-         VIII - de posse do laudo de habilitação, o in-
fissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 des- teressado será autorizado a formalizar pedido de adoção
ta Lei.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que
        § 2o  Os brasileiros residentes no exterior terão pre- se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação
ferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacio- efetuada pela Autoridade Central Estadual.  (Incluído pela
nal de criança ou adolescente brasileiro.             (Redação Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         § 1o  Se a legislação do país de acolhida assim o au-
        § 3o  A adoção internacional pressupõe a inter- torizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção
venção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em internacional sejam intermediados por organismos creden-
matéria de adoção internacional.              (Redação dada ciados.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         § 2o  Incumbe à Autoridade Central Federal Brasilei-
        Art. 52.  A adoção internacional observará o pro- ra o credenciamento de organismos nacionais e estrangei-
cedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as ros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à
seguintes adaptações:             (Redação dada pela Lei nº adoção internacional, com posterior comunicação às Auto-
12.010, de 2009)  Vigência ridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais
        I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado de imprensa e em sítio próprio da internet.             (Incluí-
em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá for- do pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
mular pedido de habilitação à adoção perante a Autori-         § 3o  Somente será admissível o credenciamento
dade Central em matéria de adoção internacional no país de organismos que:             (Incluído pela Lei nº 12.010, de
de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua 2009)  Vigência
residência habitual;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de         I - sejam oriundos de países que ratificaram a
2009)  Vigência Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados
        II - se a Autoridade Central do país de acolhi- pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados
da considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção
para adotar, emitirá um relatório que contenha informa- internacional no Brasil;             (Incluído pela Lei nº 12.010,
ções sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação de 2009)  Vigência
dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar         II - satisfizerem as condições de integridade moral,
e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua competência profissional, experiência e responsabilidade
aptidão para assumir uma adoção internacional;             (In- exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência Federal Brasileira;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de
        III - a Autoridade Central do país de acolhida en- 2009)  Vigência
viará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia         III - forem qualificados por seus padrões éticos
para a Autoridade Central Federal Brasileira;             (Incluí- e sua formação e experiência para atuar na área de ado-
do pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência ção internacional;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de
        IV - o relatório será instruído com toda a documen- 2009)  Vigência
tação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado         IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordena-
por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada mento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela
da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova Autoridade Central Federal Brasileira.             (Incluído pela
de vigência;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vi- Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
gência         § 4o  Os organismos credenciados deverão ain-
        V - os documentos em língua estrangeira se- da:             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
rão devidamente autenticados pela autoridade consular,         I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas
observados os tratados e convenções internacionais, e condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades
acompanhados da respectiva tradução, por tradutor públi- competentes do país onde estiverem sediados, do país
co juramentado;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasilei-
2009)  Vigência ra;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        II - ser dirigidos e administrados por pessoas         § 10.  A Autoridade Central Federal Brasileira po-
qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com com- derá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a
provada formação ou experiência para atuar na área de situação das crianças e adolescentes adotados.             (In-
adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal         § 11.  A cobrança de valores por parte dos organis-
Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão fede- mos credenciados, que sejam considerados abusivos pela
ral competente;              (Incluída pela Lei nº 12.010, de Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam
2009)  Vigência devidamente comprovados, é causa de seu descredencia-
        III - estar submetidos à supervisão das autoridades mento.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vi-
competentes do país onde estiverem sediados e no país gência
de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funciona-         § 12.  Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não
mento e situação financeira;             (Incluído pela Lei nº podem ser representados por mais de uma entidade cre-
12.010, de 2009)  Vigência denciada para atuar na cooperação em adoção internacio-
        IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasi- nal.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
leira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvi-         § 13.  A habilitação de postulante estrangeiro ou
das, bem como relatório de acompanhamento das adoções domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um)
internacionais efetuadas no período, cuja cópia será enca- ano, podendo ser renovada.             (Incluído pela Lei nº
minhada ao Departamento de Polícia Federal;             (In- 12.010, de 2009)  Vigência
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         § 14.  É vedado o contato direto de representantes
        V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com
Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade dirigentes de programas de acolhimento institucional ou
Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) familiar, assim como com crianças e adolescentes em con-
anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de dições de serem adotados, sem a devida autorização judi-
cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cida- cial.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
dania do país de acolhida para o adotado;             (Incluído         § 15.  A Autoridade Central Federal Brasileira
pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência poderá limitar ou suspender a concessão de novos cre-
        VI - tomar as medidas necessárias para garantir denciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato
que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Fede- administrativo fundamentado.             (Incluído pela Lei nº
ral Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento 12.010, de 2009)  Vigência
estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes         Art. 52-A.  É vedado, sob pena de responsabilidade
sejam concedidos.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes
2009)  Vigência de organismos estrangeiros encarregados de intermediar
        § 5o  A não apresentação dos relatórios referidos pedidos de adoção internacional a organismos nacionais
no § 4o  deste artigo pelo organismo credenciado poderá ou a pessoas físicas.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de
acarretar a suspensão de seu credenciamento.             (In- 2009)  Vigência
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         Parágrafo único.  Eventuais repasses somente
        § 6o  O credenciamento de organismo nacional ou poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e
estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de ado- do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do res-
ção internacional terá validade de 2 (dois) anos.             (In- pectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescen-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência te.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
        § 7o  A renovação do credenciamento pode-         Art. 52-B.  A adoção por brasileiro residente no ex-
rá ser concedida mediante requerimento protocolado na terior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo pro-
Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) cesso de adoção tenha sido processado em conformidade
dias anteriores ao término do respectivo prazo de valida- com a legislação vigente no país de residência e atendido o
de.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção,
        § 8o  Antes de transitada em julgado a decisão será automaticamente recepcionada com o reingresso no
que concedeu a adoção internacional, não será permitida a Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
saída do adotando do território nacional.             (Incluído         § 1o  Caso não tenha sido atendido o disposto na
pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência Alínea “c”  do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a
        § 9o  Transitada em julgado a decisão, a autoridade sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justi-
judiciária determinará a expedição de alvará com autoriza- ça.              (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
ção de viagem, bem como para obtenção de passaporte,         § 2o  O pretendente brasileiro residente no exte-
constando, obrigatoriamente, as características da criança rior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma
ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação
sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justi-
aposição da impressão digital do seu polegar direito, ins- ça.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
truindo o documento com cópia autenticada da decisão e         Art. 52-C.  Nas adoções internacionais, quando o
certidão de trânsito em julgado.             (Incluído pela Lei nº Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade com-
12.010, de 2009)  Vigência petente do país de origem da criança ou do adolescente

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de
processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que zero a cinco anos de idade;            (Redação dada pela Lei
comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determi- nº 13.306, de 2016)
nará as providências necessárias à expedição do Certifica-         V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
do de Naturalização Provisório.              (Incluído pela Lei nº pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
12.010, de 2009)  Vigência cada um;
        § 1o  A Autoridade Central Estadual, ouvido o         VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efei- condições do adolescente trabalhador;
tos daquela decisão se restar demonstrado que a ado-         VII - atendimento no ensino fundamental, através
ção é manifestamente contrária à ordem pública ou não de programas suplementares de material didático-escolar,
atende ao interesse superior da criança ou do adolescen- transporte, alimentação e assistência à saúde.
te.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é
        § 2o  Na hipótese de não reconhecimento da ado- direito público subjetivo.
ção, prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público de-         § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório
verá imediatamente requerer o que for de direito para res- pelo poder público ou sua oferta irregular importa respon-
guardar os interesses da criança ou do adolescente, comu- sabilidade da autoridade competente.
nicando-se as providências à Autoridade Central Estadual,         § 3º Compete ao poder público recensear os edu-
que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasi- candos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e ze-
leira e à Autoridade Central do país de origem.             (In- lar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola.
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
        Art. 52-D.  Nas adoções internacionais, quando o matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido de-         Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de
ferida no país de origem porque a sua legislação a delega ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os
ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com casos de:
decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que         I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
não tenha aderido à Convenção referida, o processo de         II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão
adoção seguirá as regras da adoção nacional.             (In- escolar, esgotados os recursos escolares;
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência         III - elevados níveis de repetência.
        Art. 57. O poder público estimulará pesquisas,
Capítulo IV experiências e novas propostas relativas a calendário, seria-
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao ção, currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas
Lazer à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino
fundamental obrigatório.
        Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à         Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão
educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pes- os valores culturais, artísticos e históricos próprios do con-
soa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação texto social da criança e do adolescente, garantindo-se a
para o trabalho, assegurando-se-lhes: estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.
        I - igualdade de condições para o acesso e perma-         Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
nência na escola; União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e
        II - direito de ser respeitado por seus educadores; espaços para programações culturais, esportivas e de lazer
        III - direito de contestar critérios avaliativos, po- voltadas para a infância e a juventude.
dendo recorrer às instâncias escolares superiores; Capítulo V
        IV - direito de organização e participação em en- Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Traba-
tidades estudantis; lho
        V - acesso à escola pública e gratuita próxima de         Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores
sua residência. de quatorze anos de idade, salvo na condição de apren-
        Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis diz.              (Vide Constituição Federal)
ter ciência do processo pedagógico, bem como participar         Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é
da definição das propostas educacionais. regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
        Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao nesta Lei.
adolescente:         Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação
        I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e ba-
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade ses da legislação de educação em vigor.
própria;         Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá
        II - progressiva extensão da obrigatoriedade e aos seguintes princípios:
gratuidade ao ensino médio;         I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao
        III - atendimento educacional especializado aos ensino regular;
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regu-         II - atividade compatível com o desenvolvimento
lar de ensino; do adolescente;

41
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        III - horário especial para o exercício das ativida- ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos
des. de proteção aos direitos humanos;             (Incluído pela
        Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de ida- Lei nº 13.010, de 2014)
de é assegurada bolsa de aprendizagem. II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário,
        Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de qua- do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Con-
torze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e pre- selho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e
videnciários. do Adolescente e com as entidades não governamentais
        Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos
assegurado trabalho protegido. da criança e do adolescente;             (Incluído pela Lei nº
        Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em 13.010, de 2014)
regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assis- III - a formação continuada e a capacitação dos profis-
tido em entidade governamental ou não-governamental, sionais de saúde, educação e assistência social e dos de-
é vedado trabalho: mais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa
        I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas dos direitos da criança e do adolescente para o desenvolvi-
de um dia e as cinco horas do dia seguinte; mento das competências necessárias à prevenção, à iden-
        II - perigoso, insalubre ou penoso; tificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento
        III - realizado em locais prejudiciais à sua formação de todas as formas de violência contra a criança e o adoles-
e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; cente;             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
        IV - realizado em horários e locais que não permi- IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pací-
tam a freqüência à escola. fica de conflitos que envolvam violência contra a criança e
        Art. 68. O programa social que tenha por base o adolescente;             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem
governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, a garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a
deverá assegurar ao adolescente que dele participe condi- atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e respon-
ções de capacitação para o exercício de atividade regular sáveis com o objetivo de promover a informação, a reflexão,
remunerada. o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de castigo
        § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo
laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao de- educativo;             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
senvolvimento pessoal e social do educando prevalecem VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para
sobre o aspecto produtivo. a articulação de ações e a elaboração de planos de atua-
        § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo ção conjunta focados nas famílias em situação de violência,
trabalho efetuado ou a participação na venda dos produ- com participação de profissionais de saúde, de assistência
tos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo. social e de educação e de órgãos de promoção, proteção e
        Art. 69. O adolescente tem direito à profissiona- defesa dos direitos da criança e do adolescente.             (In-
lização e à proteção no trabalho, observados os seguintes cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
aspectos, entre outros: Parágrafo único.   As famílias com crianças e adoles-
        I - respeito à condição peculiar de pessoa em centes com deficiência terão prioridade de atendimen-
desenvolvimento; to nas ações e políticas públicas de prevenção e prote-
        II - capacitação profissional adequada ao mercado ção.             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
de trabalho. Art. 70-B.  As entidades, públicas e privadas, que atuem
nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem
Título III contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a re-
Da Prevenção conhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou
Capítulo I casos de maus-tratos praticados contra crianças e adoles-
Disposições Gerais centes.            (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Parágrafo único.   São igualmente responsáveis pela
        Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarre-
de ameaça ou violação dos direitos da criança e do ado- gadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, pro-
lescente. fissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o
Municípios deverão atuar de forma articulada na elabora- injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolo-
ção de políticas públicas e na execução de ações destina- sos.              (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
das a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel         Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a
ou degradante e difundir formas não violentas de educa- informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos
ção de crianças e de adolescentes, tendo como principais e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar
ações:             (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) de pessoa em desenvolvimento.
I - a promoção de campanhas educativas permanentes         Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não ex-
para a divulgação do direito da criança e do adolescente cluem da prevenção especial outras decorrentes dos prin-
de serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico cípios por ela adotados.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        Art. 73. A inobservância das normas de prevenção Seção II


importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, Dos Produtos e Serviços
nos termos desta Lei.
        Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao ado-
Capítulo II lescente de:
Da Prevenção Especial         I - armas, munições e explosivos;
Seção I         II - bebidas alcoólicas;
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões         III - produtos cujos componentes possam causar de-
e Espetáculos pendência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
        IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
        Art. 74. O poder público, através do órgão competente, que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provo-
regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a car qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais         V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.         VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
        Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões         Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
e espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos
destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária pais ou responsável.
especificada no certificado de classificação.
        Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às Seção III
diversões e espetáculos públicos classificados como ade- Da Autorização para Viajar
quados à sua faixa etária.
        Parágrafo único. As crianças menores de dez         Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora
anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou res-
de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos ponsável, sem expressa autorização judicial.
pais ou responsável.         § 1º A autorização não será exigida quando:
        Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente         A) tratar-se de comarca contígua à da residência
exibirão, no horário recomendado para o público infanto da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída
juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, na mesma região metropolitana;
culturais e informativas.         B) a criança estiver acompanhada:
        Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresen-         1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro
tado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de grau, comprovado documentalmente o parentesco;
sua transmissão, apresentação ou exibição.         2) de pessoa maior, expressamente autorizada
        Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e fun- pelo pai, mãe ou responsável.
cionários de empresas que explorem a venda ou aluguel         § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais
de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.
haja venda ou locação em desacordo com a classificação         Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior,
atribuída pelo órgão competente. a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:
        Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo         I - estiver acompanhado de ambos os pais ou
deverão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza responsável;
da obra e a faixa etária a que se destinam.         II - viajar na companhia de um dos pais, autoriza-
        Art. 78. As revistas e publicações contendo ma- do expressamente pelo outro através de documento com
terial impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes firma reconhecida.
deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com         Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judi-
a advertência de seu conteúdo. cial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território
        Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
capas que contenham mensagens pornográficas ou obsce- residente ou domiciliado no exterior.
nas sejam protegidas com embalagem opaca.
        Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao Parte Especial
público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, Título I
fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas al- Da Política de Atendimento
coólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os Capítulo I
valores éticos e sociais da pessoa e da família. Disposições Gerais
        Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que
explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou         Art. 86. A política de atendimento dos direitos
por casas de jogos, assim entendidas as que realizem apos- da criança e do adolescente far-se-á através de um con-
tas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja junto articulado de ações governamentais e não-governa-
permitida a entrada e a permanência de crianças e adoles- mentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
centes no local, afixando aviso para orientação do público. municípios.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        Art. 87. São linhas de ação da política de atendi-          VIII - especialização e formação continuada
mento:          (Vide Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da
        I - políticas sociais básicas; atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos
         II - serviços, programas, projetos e benefícios sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infan-
de assistência social de garantia de proteção social e de til;       (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
prevenção e redução de violações de direitos, seus agra- IX - formação profissional com abrangência dos di-
vamentos ou reincidências;         (Redação dada pela Lei nº versos direitos da criança e do adolescente que favoreça
13.257, de 2016) a intersetorialidade no atendimento da criança e do ado-
        III - serviços especiais de prevenção e atendimento lescente e seu desenvolvimento integral;         (Incluído
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tra- pela Lei nº 13.257, de 2016)
tos, exploração, abuso, crueldade e opressão; X - realização e divulgação de pesquisas sobre de-
        IV - serviço de identificação e localização de pais, senvolvimento infantil e sobre prevenção da violên-
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; cia.        (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
        V - proteção jurídico-social por entidades de de-          Art. 89. A função de membro do conselho nacio-
fesa dos direitos da criança e do adolescente. nal e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos
        VI - políticas e programas destinados a prevenir da criança e do adolescente é considerada de interesse
ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar público relevante e não será remunerada.
e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência fa-
miliar de crianças e adolescentes;            (Incluído pela Lei Capítulo II
nº 12.010, de 2009)         Vigência Das Entidades de Atendimento
        VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob Seção I
forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do Disposições Gerais
convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial,
de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades         Art. 90. As entidades de atendimento são res-
específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de ponsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim
irmãos.         (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)         Vi- como pelo planejamento e execução de programas de
gência proteção e sócio-educativos destinados a crianças e ado-
        Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: lescentes, em regime de:
        I - municipalização do atendimento;         I - orientação e apoio sócio-familiar;
        II - criação de conselhos municipais, estaduais e         II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos         III - colocação familiar;
deliberativos e controladores das ações em todos os níveis,         IV - acolhimento institucional;            (Redação
assegurada a participação popular paritária por meio de dada pela Lei nº 12.010, de 2009)       igência       
organizações representativas, segundo leis federal, esta- V - prestação de serviços à comunidade;         (Reda-
duais e municipais; ção dada pela Lei nº 12.594, de 2012)      (Vide)
        III - criação e manutenção de programas especí- VI - liberdade assistida;         (Redação dada pela Lei
ficos, observada a descentralização político-administrativa; nº 12.594, de 2012)      (Vide)
        IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e VII - semiliberdade; e         (Redação dada pela Lei nº
municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direi- 12.594, de 2012)      (Vide)
tos da criança e do adolescente; VIII - internação.       (Incluído pela Lei nº 12.594, de
        V - integração operacional de órgãos do Judiciário, 2012)      (Vide)
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assis-         § 1o  As entidades governamentais e não gover-
tência Social, preferencialmente em um mesmo local, para namentais deverão proceder à inscrição de seus progra-
efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a mas, especificando os regimes de atendimento, na forma
quem se atribua autoria de ato infracional; definida neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos
        VI - integração operacional de órgãos do Judiciá- da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das
rio, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e en- inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação
carregados da execução das políticas sociais básicas e de ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.            (In-
assistência social, para efeito de agilização do atendimento cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)         Vigência
de crianças e de adolescentes inseridos em programas de         § 2o  Os recursos destinados à implementação
acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rá- e manutenção dos programas relacionados neste artigo
pida reintegração à família de origem ou, se tal solução serão previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em públicos encarregados das áreas de Educação, Saúde e
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas Assistência Social, dentre outros, observando-se o prin-
no art. 28 desta Lei;          (Redação dada pela Lei nº 12.010, cípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescen-
de 2009)  Vigência te preconizado pelo caput do  art. 227 da Constituição
        VII - mobilização da opinião pública para a indis- Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4o desta
pensável participação dos diversos segmentos da socieda- Lei.         (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)          Vi-
de.           (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)        Vigência gência

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        § 3o  Os programas em execução serão reavaliados         VI - evitar, sempre que possível, a transferência para
pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado- outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
lescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se         VII - participação na vida da comunidade local;
critérios para renovação da autorização de funcionamen-         VIII - preparação gradativa para o desligamento;
to:         (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)          Vigência         IX - participação de pessoas da comunidade no
        I - o efetivo respeito às regras e princípios des- processo educativo.
ta Lei, bem como às resoluções relativas à modalidade de         § 1o  O dirigente de entidade que desenvolve pro-
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Di- grama de acolhimento institucional é equiparado ao guar-
reitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; (In- dião, para todos os efeitos de direito.         (Incluído pela Lei
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)         Vigência nº 12.010, de 2009)   Vigência
        II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvi-         § 2o  Os dirigentes de entidades que desenvolvem
do, atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Públi- programas de acolhimento familiar ou institucional reme-
co e pela Justiça da Infância e da Juventude;         (Incluído terão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) me-
pela Lei nº 12.010, de 2009)          Vigência ses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada
        III - em se tratando de programas de acolhimento criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins da
institucional ou familiar, serão considerados os índices de reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.        (Incluí-
sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à famí- do pela Lei nº 12.010, de 2009)        Vigência
lia substituta, conforme o caso.         (Incluído pela Lei nº         § 3o  Os entes federados, por intermédio dos
12.010, de 2009)        Vigência Poderes Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamen-
        Art. 91. As entidades não-governamentais somen- te a permanente qualificação dos profissionais que atuam
te poderão funcionar depois de registradas no Conselho direta ou indiretamente em programas de acolhimento ins-
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual titucional e destinados à colocação familiar de crianças e
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, Mi-
judiciária da respectiva localidade. nistério Público e Conselho Tutelar.         (Incluído pela Lei
        § 1o  Será negado o registro à entidade que:         (In- nº 12.010, de 2009)        Vigência
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)         Vigência         § 4o  Salvo determinação em contrário da autori-
        A) não ofereça instalações físicas em condições dade judiciária competente, as entidades que desenvolvem
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segu- programas de acolhimento familiar ou institucional, se ne-
rança; cessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos
        B) não apresente plano de trabalho compatível de assistência social, estimularão o contato da criança ou
com os princípios desta Lei; adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao
        C) esteja irregularmente constituída; disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.          (In-
        D) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)        Vigência
E) não se adequar ou      deixar de cumprir as resolu-         § 5o  As entidades que desenvolvem programas de
ções e deliberações relativas à modalidade de atendimento acolhimento familiar ou institucional somente poderão re-
prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança ceber recursos públicos se comprovado o atendimento dos
e do Adolescente, em todos os níveis.       (Incluída pela Lei princípios, exigências e finalidades desta Lei.        (Incluído
nº 12.010, de 2009)   Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009)      Vigência
§ 2o  O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos,         § 6o  O descumprimento das disposições desta Lei
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de
do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de acolhimento familiar ou institucional é causa de sua desti-
sua renovação, observado o disposto no § 1odeste arti- tuição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade
go.        (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)        Vigência administrativa, civil e criminal.           (Incluído pela Lei nº
        Art. 92.  As entidades que desenvolvam programas 12.010, de 2009)       Vigência
de acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os         § 7o  Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3
seguintes princípios:         (Redação dada pela Lei nº 12.010, (três) anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial
de 2009)         Vigência atenção à atuação de educadores de referência estáveis e
        I - preservação dos vínculos familiares e promoção qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao
da reintegração familiar;         (Redação dada pela Lei nº atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afe-
12.010, de 2009)        Vigência to como prioritárias.            (Incluído pela Lei nº 13.257, de
        II - integração em família substituta, quando es- 2016)
gotados os recursos de manutenção na família natural         Art. 93.  As entidades que mantenham programa
ou extensa;          (Redação dada pela Lei nº 12.010, de de acolhimento institucional poderão, em caráter excep-
2009)        Vigência cional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem
        III - atendimento personalizado e em pequenos prévia determinação da autoridade competente, fazen-
grupos; do comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas
        IV - desenvolvimento de atividades em regime de ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de respon-
co-educação; sabilidade.          (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
        V - não desmembramento de grupos de irmãos; 2009)        Vigência

45
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        Parágrafo único.  Recebida a comunicação, a         § 1o  Aplicam-se, no que couber, as obriga-
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e se ne- ções constantes deste artigo às entidades que man-
cessário com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará têm programas de acolhimento institucional e fami-
as medidas necessárias para promover a imediata reinte- liar.            (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
gração familiar da criança ou do adolescente ou, se por 2009)         Vigência
qualquer razão não for isso possível ou recomendável, para         § 2º No cumprimento das obrigações a que
seu encaminhamento a programa de acolhimento familiar, alude este artigo as entidades utilizarão preferencial-
institucional ou a família substituta, observado o disposto mente os recursos da comunidade.
no § 2o do art. 101 desta Lei.        (Incluído pela Lei nº 12.010,         Art. 94-A.  As entidades, públicas ou privadas,
de 2009)        Vigência que abriguem ou recepcionem crianças e adolescen-
        Art. 94. As entidades que desenvolvem programas tes, ainda que em caráter temporário, devem ter, em
de internação têm as seguintes obrigações, entre outras: seus quadros, profissionais capacitados a reconhecer
        I - observar os direitos e garantias de que são e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrên-
titulares os adolescentes; cias de maus-tratos.       (Incluído pela Lei nº 13.046,
        II - não restringir nenhum direito que não tenha de 2014)
sido objeto de restrição na decisão de internação;
        III - oferecer atendimento personalizado, em pe- Seção II
quenas unidades e grupos reduzidos; Da Fiscalização das Entidades
        IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de
respeito e dignidade ao adolescente;         Art. 95. As entidades governamentais e não-
        V - diligenciar no sentido do restabelecimento e -governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas
da preservação dos vínculos familiares; pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conse-
        VI - comunicar à autoridade judiciária, periodica- lhos Tutelares.
mente, os casos em que se mostre inviável ou impossível o         Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações
reatamento dos vínculos familiares; de contas serão apresentados ao estado ou ao muni-
        VII - oferecer instalações físicas em condições ade- cípio, conforme a origem das dotações orçamentárias.
quadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança         Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades
e os objetos necessários à higiene pessoal; de atendimento que descumprirem obrigação cons-
        VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e tante do art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil
adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; e criminal de seus dirigentes ou prepostos:          (Vide
        IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, Lei nº 12.010, de 2009)       Vigência
odontológicos e farmacêuticos;         I - às entidades governamentais:
        X - propiciar escolarização e profissionalização;         A) advertência;
        XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de         B) afastamento provisório de seus dirigentes;
lazer;         C) afastamento definitivo de seus dirigentes;
        XII - propiciar assistência religiosa àqueles que         D) fechamento de unidade ou interdição de
desejarem, de acordo com suas crenças; programa.
        XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada         II - às entidades não-governamentais:
caso;         A) advertência;
        XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com         B) suspensão total ou parcial do repasse de
intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resulta- verbas públicas;
dos à  autoridade competente;         C) interdição de unidades ou suspensão de
        XV - informar, periodicamente, o adolescente in- programa;
ternado sobre sua situação processual;         D) cassação do registro.
        XVI - comunicar às autoridades competentes todos         § 1 o  Em caso de reiteradas infrações cometi-
os casos de adolescentes portadores de moléstias infecto- das por entidades de atendimento, que coloquem em
-contagiosas; risco os direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o
        XVII - fornecer comprovante de depósito dos per- fato comunicado ao Ministério Público ou representa-
tences dos adolescentes; do perante autoridade judiciária competente para as
        XVIII - manter programas destinados ao apoio e providências cabíveis, inclusive suspensão das ativida-
acompanhamento de egressos; des ou dissolução da entidade.           (Redação dada
        XIX - providenciar os documentos necessários ao pela Lei nº 12.010, de 2009)          Vigência
exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;         § 2 o  As pessoas jurídicas de direito público
        XX - manter arquivo de anotações onde constem e as organizações não governamentais responderão
data e circunstâncias do atendimento, nome do adoles- pelos danos que seus agentes causarem às crianças
cente, seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, e aos adolescentes, caracterizado o descumprimento
idade, acompanhamento da sua formação, relação de seus dos princípios norteadores das atividades de proteção
pertences e demais dados que possibilitem sua identifica- específica.            (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
ção e a individualização do atendimento. 2009)        Vigência

46
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Título II         VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser


Das Medidas de Proteção exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições
Capítulo I cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direi-
Disposições Gerais tos e à proteção da criança e do adolescente;         (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
        Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao         VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção
adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhe- deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em
cidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: que a criança ou o adolescente se encontram no momen-
        I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; to em que a decisão é tomada;         (Incluído pela Lei nº
        II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou res- 12.010, de 2009)   Vigência
ponsável;         IX - responsabilidade parental: a intervenção deve
        III - em razão de sua conduta. ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deve-
res para com a criança e o adolescente;       (Incluído pela
Capítulo II Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
Das Medidas Específicas de Proteção         X - prevalência da família: na promoção de di-
reitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser
        Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo pode- dada prevalência às medidas que os mantenham ou rein-
rão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como tegrem na sua família natural ou extensa ou, se isso não
substituídas a qualquer tempo. for possível, que promovam a sua integração em família
        Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em adotiva;             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas         XI - obrigatoriedade da informação: a criança e
que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e co- o adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento
munitários. e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável
         Parágrafo único.  São também princípios que devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que
regem a aplicação das medidas:        (Incluído pela Lei nº determinaram a intervenção e da forma como esta se pro-
12.010, de 2009)   Vigência cessa;         (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
        I - condição da criança e do adolescente como         XII - oitiva obrigatória e participação: a criança
sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os titulares e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais,
dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como
Constituição Federal;         (Incluído pela Lei nº 12.010, de os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a
2009)        Vigência participar nos atos e na definição da medida de promoção
        II - proteção integral e prioritária: a interpretação e dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente
aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve considerada pela autoridade judiciária competente, obser-
ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de vado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.        (In-
que crianças e adolescentes são titulares;         (Incluído pela cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
Lei nº 12.010, de 2009)       Vigência         Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previs-
        III - responsabilidade primária e solidária do po- tas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,
der público: a plena efetivação dos direitos assegurados a dentre outras, as seguintes medidas:
crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição         I - encaminhamento aos pais ou responsável, me-
Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalva- diante termo de responsabilidade;
dos, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três)         II - orientação, apoio e acompanhamento tempo-
esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do rários;
atendimento e da possibilidade da execução de programas         III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabe-
por entidades não governamentais;         (Incluído pela Lei lecimento oficial de ensino fundamental;
nº 12.010, de 2009)       Vigência         IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
        IV - interesse superior da criança e do adolescente: comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da
a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e criança e do adolescente;            (Redação dada pela Lei nº
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da con- 13.257, de 2016)
sideração que for devida a outros interesses legítimos no         V - requisição de tratamento médico, psicológico
âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso con- ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
creto;         (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)       Vigência         VI - inclusão em programa oficial ou comunitário
        V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicô-
da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito manos;
pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida pri-         VII - acolhimento institucional;           (Redação dada
vada;        (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
        VI - intervenção precoce: a intervenção das autori-         VIII - inclusão em programa de acolhimento fami-
dades competentes deve ser efetuada logo que a situação liar;         (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
de perigo seja conhecida;         (Incluído pela Lei nº 12.010,         IX - colocação em família substituta.         (Incluído
de 2009)   Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

47
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        § 1o  O acolhimento institucional e o acolhimento caso seja esta vedada por expressa e fundamentada de-
familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis terminação judicial, as providências a serem tomadas para
como forma de transição para reintegração familiar ou, não sua colocação em família substituta, sob direta supervisão
sendo esta possível, para colocação em família substituta, da autoridade judiciária.         (Incluído pela Lei nº 12.010,
não implicando privação de liberdade.         (Incluído pela de 2009)   Vigência
Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência         § 7o  O acolhimento familiar ou institucional ocor-
        § 2o  Sem prejuízo da tomada de medidas emer- rerá no local mais próximo à residência dos pais ou do
genciais para proteção de vítimas de violência ou abuso responsável e, como parte do processo de reintegração fa-
sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, miliar, sempre que identificada a necessidade, a família de
o afastamento da criança ou adolescente do convívio fa- origem será incluída em programas oficiais de orientação,
miliar é de competência exclusiva da autoridade judiciária de apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimu-
e importará na deflagração, a pedido do Ministério Públi- lado o contato com a criança ou com o adolescente aco-
co ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimen- lhido.        (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
to judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao             § 8o  Verificada a possibilidade de reintegração
responsável legal o exercício do contraditório e da ampla familiar, o responsável pelo programa de acolhimento fa-
defesa.        (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência miliar ou institucional fará imediata comunicação à autori-
        § 3o  Crianças e adolescentes somente poderão dade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo
ser encaminhados às instituições que executam programas prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.         (In-
de acolhimento institucional, governamentais ou não, por cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autori-         § 9o  Em sendo constatada a impossibilidade
dade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre de reintegração da criança ou do adolescente à família de
outros:            (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vi- origem, após seu encaminhamento a programas oficiais
gência ou comunitários de orientação, apoio e promoção social,
        I - sua identificação e a qualificação completa de será enviado relatório fundamentado ao Ministério Públi-
seus pais ou de seu responsável, se conhecidos;        (In- co, no qual conste a descrição pormenorizada das pro-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência vidências tomadas e a expressa recomendação, subscrita
        II - o endereço de residência dos pais ou do res- pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução
ponsável, com pontos de referência;        (Incluído pela Lei da política municipal de garantia do direito à convivência
nº 12.010, de 2009)   Vigência familiar, para a destituição do poder familiar, ou destitui-
        III - os nomes de parentes ou de terceiros interes- ção de tutela ou guarda.        (Incluído pela Lei nº 12.010,
sados em tê-los sob sua guarda;        (Incluído pela Lei nº de 2009)   Vigência
12.010, de 2009)   Vigência         § 10.  Recebido o relatório, o Ministério Público
        IV - os motivos da retirada ou da não reintegração terá o prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a
ao convívio familiar.        (Incluído pela Lei nº 12.010, de ação de destituição do poder familiar, salvo se entender
2009)   Vigência necessária a realização de estudos complementares ou de
        § 4o  Imediatamente após o acolhimento da criança outras providências indispensáveis ao ajuizamento da de-
ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa manda.             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
de acolhimento institucional ou familiar elaborará um pla-         § 11.  A autoridade judiciária manterá, em cada
no individual de atendimento, visando à reintegração fami- comarca ou foro regional, um cadastro contendo infor-
liar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamen- mações atualizadas sobre as crianças e adolescentes em
tada em contrário de autoridade judiciária competente, regime de acolhimento familiar e institucional sob sua res-
caso em que também deverá contemplar sua colocação em ponsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a
família substituta, observadas as regras e princípios desta situação jurídica de cada um, bem como as providências
Lei.        (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em
        § 5o  O plano individual será elaborado sob a família substituta, em qualquer das modalidades previstas
responsabilidade da equipe técnica do respectivo progra- no art. 28 desta Lei.          (Incluído pela Lei nº 12.010, de
ma de atendimento e levará em consideração a opinião da 2009)   Vigência
criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do respon-         § 12.  Terão acesso ao cadastro o Ministério Pú-
sável.        (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência blico, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência
        § 6o  Constarão do plano individual, dentre ou- Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e
tros:       (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência do Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe
        I - os resultados da avaliação interdisciplinar;       (In- deliberar sobre a implementação de políticas públicas que
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência permitam reduzir o número de crianças e adolescentes
        II - os compromissos assumidos pelos pais ou afastados do convívio familiar e abreviar o período de per-
responsável; e       (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vi- manência em programa de acolhimento.             (Incluído
gência pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
        III - a previsão das atividades a serem desenvol-         Art. 102. As medidas de proteção de que trata
vidas com a criança ou com o adolescente acolhido e seus este Capítulo serão acompanhadas da regularização do
pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, registro civil.          (Vide Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

48
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o         Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamenta-
assento de nascimento da criança ou adolescente será fei- da e basear-se em indícios suficientes de autoria e materia-
to à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição lidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
da autoridade judiciária.         Art. 109. O adolescente civilmente identificado não
        § 2º Os registros e certidões necessários à regulari- será submetido a identificação compulsória pelos órgãos
zação de que trata este artigo são isentos de multas, custas policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de con-
e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. frontação, havendo dúvida fundada.
        § 3o  Caso ainda não definida a paternidade,
será  deflagrado procedimento específico destinado à sua Capítulo III
averiguação, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de Das Garantias Processuais
dezembro de 1992.          (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009)   Vigência         Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua
        § 4o  Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, liberdade sem o devido processo legal.
é dispensável o ajuizamento de ação de investigação de         Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre
paternidade pelo Ministério Público se, após o não compa- outras, as seguintes garantias:
recimento ou a recusa do suposto pai em assumir a pater-         I - pleno e formal conhecimento da atribuição de
nidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para ado- ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;
ção.         (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência         II - igualdade na relação processual, podendo
        § 5o   Os registros e certidões necessários à in- confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas
clusão, a qualquer tempo, do nome do pai no assento de as provas necessárias à sua defesa;
nascimento são isentos de multas, custas e emolumentos,         III - defesa técnica por advogado;
gozando de absoluta prioridade.            (Incluído dada pela         IV - assistência judiciária gratuita e integral aos
Lei nº 13.257, de 2016) necessitados, na forma da lei;
§ 6o  São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação re-         V - direito de ser ouvido pessoalmente pela auto-
querida do reconhecimento de paternidade no assento de ridade competente;
nascimento e a certidão correspondente.            (Incluído         VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) responsável em qualquer fase do procedimento.

Título III Capítulo IV


Da Prática de Ato Infracional Das Medidas Sócio-Educativas
Capítulo I Seção I
Disposições Gerais Disposições Gerais

        Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta         Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a
descrita como crime ou contravenção penal. autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as
        Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores seguintes medidas:
de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.         I - advertência;
        Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser         II - obrigação de reparar o dano;
considerada a idade do adolescente à data do fato.         III - prestação de serviços à comunidade;
        Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança         IV - liberdade assistida;
corresponderão as medidas previstas no art. 101.         V - inserção em regime de semi-liberdade;
Capítulo II         VI - internação em estabelecimento educacional;
Dos Direitos Individuais         VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
        Art. 106. Nenhum adolescente será privado de         § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em
sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária a gravidade da infração.
competente.         § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum,
        Parágrafo único. O adolescente tem direito à iden- será admitida a prestação de trabalho forçado.
tificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser         § 3º Os adolescentes portadores de doença ou
informado acerca de seus direitos. deficiência mental receberão tratamento individual e espe-
        Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o cializado, em local adequado às suas condições.
local onde se encontra recolhido serão incontinenti comu-         Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos
nicados à autoridade judiciária competente e à família do arts. 99 e 100.
apreendido ou à pessoa por ele indicada.         Art. 114. A imposição das medidas previstas nos
        Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação suficientes da autoria e da materialidade da infração, res-
imediata. salvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
        Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser         Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.

49
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Seção II Seção VI
Da Advertência Do Regime de Semi-liberdade

        Art. 115. A advertência consistirá em admoestação         Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser
verbal, que será reduzida a termo e assinada. determinado desde o início, ou como forma de transição
para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
Seção III externas, independentemente de autorização judicial.
Da Obrigação de Reparar o Dano         § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissio-
nalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os
        Art. 116. Em se tratando de ato infracional com recursos existentes na comunidade.
reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se         § 2º A medida não comporta prazo determinado
for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à in-
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o ternação.
prejuízo da vítima.
        Parágrafo único. Havendo manifesta impossibili- Seção VII
dade, a medida poderá ser substituída por outra adequada. Da Internação

Seção IV         Art. 121. A internação constitui medida privativa


Da Prestação de Serviços à Comunidade da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excep-
cionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
        Art. 117. A prestação de serviços comunitários con- desenvolvimento.
siste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,         § 1º Será permitida a realização de atividades
por período não excedente a seis meses, junto a entidades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo ex-
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos pressa determinação judicial em contrário.
congêneres, bem como em programas comunitários ou         § 2º A medida não comporta prazo determinado,
governamentais. devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
        Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas con- fundamentada, no máximo a cada seis meses.
forme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas         § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de
durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sá- internação excederá a três anos.
bados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a         § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo
não prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em
de trabalho. regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida.
        § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um
Seção V anos de idade.
Da Liberdade Assistida         § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será
precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Pú-
        Art. 118. A liberdade assistida será adotada sem- blico.
pre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de         § 7o  A determinação judicial mencionada no §
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. 1  poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade ju-
o

        § 1º A autoridade designará pessoa capacitada diciária.       (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)      (Vide)
para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada         Art. 122. A medida de internação só poderá ser
por entidade ou programa de atendimento. aplicada quando:
        § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mí-         I - tratar-se de ato infracional cometido mediante
nimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorro- grave ameaça ou violência a pessoa;
gada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o         II - por reiteração no cometimento de outras in-
orientador, o Ministério Público e o defensor. frações graves;
        Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e         III - por descumprimento reiterado e injustificável
a supervisão da autoridade competente, a realização dos da medida anteriormente imposta.
seguintes encargos, entre outros:         § 1o  O prazo de internação na hipótese do inci-
        I - promover socialmente o adolescente e sua so III deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) me-
família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se ne- ses, devendo ser decretada judicialmente após o devido
cessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e processo legal.       (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
assistência social; 2012)      (Vide)
        II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento         § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a inter-
escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrí- nação, havendo outra medida adequada.
cula;         Art. 123. A internação deverá ser cumprida em enti-
        III - diligenciar no sentido da profissionalização dade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por cri-
        IV - apresentar relatório do caso. térios de idade, compleição física e gravidade da infração.

50
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        Parágrafo único. Durante o período de internação, cluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas
inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagó- previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-li-
gicas. berdade e a internação.
        Art. 124. São direitos do adolescente privado de         Art. 128. A medida aplicada por força da remissão
liberdade, entre outros, os seguintes: poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, me-
        I - entrevistar-se pessoalmente com o represen- diante pedido expresso do adolescente ou de seu repre-
tante do Ministério Público; sentante legal, ou do Ministério Público.
        II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
        III - avistar-se reservadamente com seu defensor; Título IV
        IV - ser informado de sua situação processual, Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
sempre que solicitada;
        V - ser tratado com respeito e dignidade;         Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou res-
        VI - permanecer internado na mesma localidade ponsável:
ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou res-         I - encaminhamento a serviços e programas oficiais
ponsável; ou comunitários de proteção, apoio e promoção da famí-
        VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; lia;            (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
        VIII - corresponder-se com seus familiares e ami-         II - inclusão em programa oficial ou comunitário
gos; de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicô-
        IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene manos;
e asseio pessoal;         III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
        X - habitar alojamento em condições adequadas psiquiátrico;
de higiene e salubridade;         IV - encaminhamento a cursos ou programas de
        XI - receber escolarização e profissionalização; orientação;
        XII - realizar atividades culturais, esportivas e de         V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e
lazer: acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;
        XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;         VI - obrigação de encaminhar a criança ou adoles-
        XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua cente a tratamento especializado;
crença, e desde que assim o deseje;         VII - advertência;
        XV - manter a posse de seus objetos pessoais e         VIII - perda da guarda;
dispor de local seguro para guardá-los, recebendo com-         IX - destituição da tutela;
provante daqueles porventura depositados em poder da          X - suspensão ou destituição do  poder fami-
entidade; liar.             (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
        XVI - receber, quando de sua desinternação, os 2009)   Vigência
documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.         Parágrafo único. Na aplicação das medidas previs-
        § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. tas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto
        § 2º A autoridade judiciária poderá suspender nos arts. 23 e 24.
temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável,         Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos,
se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudiciali- opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou respon-
dade aos interesses do adolescente. sável, a autoridade judiciária poderá determinar, como
        Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia
física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medi- comum.
das adequadas de contenção e segurança.         Parágrafo único.  Da medida cautelar constará,
ainda, a fixação provisória dos alimentos de que neces-
Capítulo V sitem a criança ou o adolescente dependentes do agres-
Da Remissão sor.             (Incluído pela Lei nº 12.415, de 2011)

        Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judi- Título V


cial para apuração de ato infracional, o representante do Do Conselho Tutelar
Ministério Público poderá conceder a remissão, como for- Capítulo I
ma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias Disposições Gerais
e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à
personalidade do adolescente e sua maior ou menor parti-         Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente
cipação no ato infracional. e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela socieda-
        Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a con- de de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
cessão da remissão pela autoridade judiciária importará na adolescente, definidos nesta Lei.
suspensão ou extinção do processo.        Art. 132.  Em cada Município e em cada Região Ad-
        Art. 127. A remissão não implica necessariamente ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um)
o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, Conselho Tutelar como órgão integrante da administração
nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo in- pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos

51
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

pela população local para mandato de 4 (quatro) anos,         VII - expedir notificações;
permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo         VIII - requisitar certidões de nascimento e de
de escolha.             (Redação dada pela Lei nº 12.696, de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
2012)         IX - assessorar o Poder Executivo local na elabo-
        Art. 133. Para a candidatura a membro do Conse- ração da proposta orçamentária para planos e programas
lho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
        I - reconhecida idoneidade moral;         X - representar, em nome da pessoa e da família,
        II - idade superior a vinte e um anos; contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º,
        III - residir no município. inciso II, da Constituição Federal;
Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o lo-         XI - representar ao Ministério Público para efeito
cal, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou
aos quais é assegurado o direito a:            (Redação dada do adolescente junto à família natural.             (Redação
pela Lei nº 12.696, de 2012) dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
I - cobertura previdenciária;             (Incluído pela Lei         XII - promover e incentivar, na comunidade e nos
nº 12.696, de 2012) grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento
II - gozo de férias anuais remuneradas, acresci- para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em
das de 1/3 (um terço) do valor da remuneração men- crianças e adolescentes.       (Incluído pela Lei nº 13.046,
sal;              (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) de 2014)
III - licença-maternidade;             (Incluído pela Lei nº         Parágrafo único.  Se, no exercício de suas atri-
12.696, de 2012) buições, o Conselho Tutelar entender necessário o afas-
IV - licença-paternidade;             (Incluído pela Lei nº tamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o
12.696, de 2012) fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações so-
V - gratificação natalina.             (Incluído pela Lei nº bre os motivos de tal entendimento e as providências to-
12.696, de 2012) madas para a orientação, o apoio e a promoção social da
Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária muni- família.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vi-
cipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos ne- gência
cessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à re-         Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somen-
muneração e formação continuada dos conselheiros tute- te poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido
lares.             (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) de quem tenha legítimo interesse.
        Art. 135.  O exercício efetivo da função de conse-
lheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá Capítulo III
presunção de idoneidade moral.             (Redação dada pela Da Competência
Lei nº 12.696, de 2012)
        Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
Capítulo II competência constante do art. 147.
Das Atribuições do Conselho
Capítulo IV
        Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: Da Escolha dos Conselheiros
        I - atender as crianças e adolescentes nas hipó-
teses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas         Art. 139. O processo para a escolha dos membros
previstas no art. 101, I a VII; do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e
        II - atender e aconselhar os pais ou responsável, realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal
aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII; dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização
        III - promover a execução de suas decisões, po- do Ministério Público.             (Redação dada pela Lei nº
dendo para tanto: 8.242, de 12.10.1991)
        A) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, § 1o  O processo de escolha dos membros do Conse-
educação, serviço social, previdência, trabalho e seguran- lho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o territó-
ça; rio nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo
        B) representar junto à autoridade judiciária nos ca- do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição
sos de descumprimento injustificado de suas deliberações. presidencial.             (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
        IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de § 2o  A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no
fato que constitua infração administrativa ou penal contra dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de es-
os direitos da criança ou adolescente; colha.             (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
        V - encaminhar à autoridade judiciária os casos § 3o  No processo de escolha dos membros do Con-
de sua competência; selho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, pro-
        VI - providenciar a medida estabelecida pela au- meter ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal
toridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno va-
para o adolescente autor de ato infracional; lor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)

52
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Capítulo V Seção II
Dos Impedimentos Do Juiz

        Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Con-         Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o
selho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa
e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio função, na forma da lei de organização judiciária local.
e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.         Art. 147. A competência será determinada:
        Parágrafo único. Estende-se o impedimento do         I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autorida-         II - pelo lugar onde se encontre a criança ou ado-
de judiciária e ao representante do Ministério Público com lescente, à falta dos pais ou responsável.
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício         § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente
na comarca, foro regional ou distrital. a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as
regras de conexão, continência e prevenção.
Título VI         § 2º A execução das medidas poderá ser delegada
Do Acesso à Justiça à autoridade competente da residência dos pais ou res-
Capítulo I ponsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abri-
Disposições Gerais gar a criança ou adolescente.
        § 3º Em caso de infração cometida através de
        Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e mais de uma comarca, será competente, para aplicação da
ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. penalidade, a autoridade judiciária do local da sede esta-
        § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada dual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para
aos que dela necessitarem, através de defensor público ou todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo
advogado nomeado. estado.
        § 2º As ações judiciais da competência da Justiça         Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é
da Infância e da Juventude são isentas de custas e emolu- competente para:
mentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.         I - conhecer de representações promovidas pelo
        Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão re- Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuí-
presentados e os maiores de dezesseis e menores de vinte do a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
e um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na         II - conceder a remissão, como forma de suspensão
forma da legislação civil ou processual. ou extinção do processo;
        Parágrafo único. A autoridade judiciária dará cura-         III - conhecer de pedidos de adoção e seus inci-
dor especial à criança ou adolescente, sempre que os in- dentes;
teresses destes colidirem com os de seus pais ou respon-         IV - conhecer de ações civis fundadas em interes-
sável, ou quando carecer de representação ou assistência ses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
legal ainda que eventual. adolescente, observado o disposto no art. 209;
        Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais,         V - conhecer de ações decorrentes de irregulari-
policiais e administrativos que digam respeito a crianças dades em entidades de atendimento, aplicando as medidas    
e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. cabíveis;
       Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato         VI - aplicar penalidades administrativas nos casos
não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando- de infrações contra norma de proteção à criança ou     ado-
-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, paren- lescente;
tesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobreno-         VII - conhecer de casos encaminhados pelo Con-
me.             (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) selho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
        Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos         Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou
a que se refere o artigo anterior somente será deferida pela adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competen-
autoridade judiciária competente, se demonstrado o inte- te a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
resse e justificada a finalidade.         A) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
        B) conhecer de ações de destituição do poder fami-
Capítulo II liar, perda ou modificação da tutela ou guarda;             (Ex-
Da Justiça da Infância e da Juventude pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
Seção I         C) suprir a capacidade ou o consentimento para
Disposições Gerais o casamento;
        D) conhecer de pedidos baseados em discordân-
        Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão cia paterna ou materna, em relação ao exercício do poder
criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juven- familiar;             (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
tude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua propor- de 2009)   Vigência
cionalidade por número de habitantes, dotá-las de infra-es-         E) conceder a emancipação, nos termos da lei civil,
trutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões. quando faltarem os pais;

53
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        F) designar curador especial em casos de apre- Capítulo III


sentação de queixa ou representação, ou de outros pro- Dos Procedimentos
cedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja inte- Seção I
resses de criança ou adolescente; Disposições Gerais
        G) conhecer de ações de alimentos;
        H) determinar o cancelamento, a retificação e o         Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei
suprimento dos registros de nascimento e óbito. aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na
        Art. 149. Compete à autoridade judiciária disci- legislação processual pertinente.
plinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prio-
        I - a entrada e permanência de criança ou ado- ridade absoluta na tramitação dos processos e procedi-
lescente, desacompanhado dos pais ou responsável, em: mentos previstos nesta Lei, assim como na execução dos
        A) estádio, ginásio e campo desportivo; atos e diligências judiciais a eles referentes.         (Incluído
        B) bailes ou promoções dançantes; pela Lei nº 12.010, de 2009)      Vigência
        C) boate ou congêneres; § 2º  Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos
        D) casa que explore comercialmente diversões seus procedimentos são contados em dias corridos, excluí-
eletrônicas; do o dia do começo e incluído o dia do vencimento, veda-
        E) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio do o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério
e televisão. Público.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
        II - a participação de criança e adolescente em:         Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não
        A) espetáculos públicos e seus ensaios; corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra
        B) certames de beleza. lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e or-
        § 1º Para os fins do disposto neste artigo, denar de ofício as providências necessárias, ouvido o Mi-
a autoridade judiciária levará em conta, dentre outros nistério Público.
fatores:         Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se
        A) os princípios desta Lei; aplica para o fim de afastamento da criança ou do adoles-
        B) as peculiaridades locais; cente de sua família de origem e em outros procedimen-
        C) a existência de instalações adequadas; tos necessariamente contenciosos.      (Incluído pela Lei nº
        D) o tipo de freqüência habitual ao local; 12.010, de 2009)       Vigência
        E) a adequação do ambiente a eventual partici-         Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
pação ou freqüência de crianças e adolescentes;
        F) a natureza do espetáculo. Seção II
        § 2º As medidas adotadas na conformidade Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
deste artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
vedadas as determinações de caráter geral. 2009)   Vigência

Seção III Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão


Dos Serviços Auxiliares do poder familiar terá início por provocação do Ministério
Público ou de quem tenha legítimo interesse.      (Expres-
        Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elabora- são substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
ção de sua proposta orçamentária, prever recursos para         Art. 156. A petição inicial indicará:
manutenção de equipe interprofissional, destinada a as-         I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
sessorar a Justiça da Infância e da Juventude.         II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência
        Art. 151. Compete à equipe interprofissional do requerente e do requerido, dispensada a qualificação
dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela em se tratando de pedido formulado por representante do
legislação local, fornecer subsídios por escrito, median- Ministério Público;
te laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim         III - a exposição sumária do fato e o pedido;
desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação,         IV - as provas que serão produzidas, oferecendo,
encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a ime- desde logo, o rol de testemunhas e documentos.
diata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a          Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a au-
livre manifestação do ponto de vista técnico. toridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a
        Parágrafo único.  Na ausência ou insuficiência suspensão do  poder familiar, liminar ou incidentalmente,
de servidores públicos integrantes do Poder Judiciário até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
responsáveis pela realização dos estudos psicossociais adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de
ou de quaisquer outras espécies de avaliações técnicas responsabilidade.              (Expressão substituída pela Lei nº
exigidas por esta Lei ou por determinação judicial, a au- 12.010, de 2009)       Vigência
toridade judiciária poderá proceder à nomeação de pe-         § 1o  Recebida a petição inicial, a autoridade ju-
rito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de diciária determinará, concomitantemente ao despacho de
março de 2015 (Código de Processo Civil).             (In- citação e independentemente de requerimento do interes-
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017) sado, a realização de estudo social ou perícia por equipe

54
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a pre- familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406,
sença de uma das causas de suspensão ou destituição do de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24 desta
poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 Lei.             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
desta Lei, e observada a Lei    no 13.431, de 4 de abril de         § 2o (Revogado).             (Redação dada pela Lei
2017.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) nº 13.509, de 2017)
§ 2o  Em sendo os pais oriundos de comunidades indí-         § 3o  Se o pedido importar em modificação de
genas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe in- guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a
terprofissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste ar- oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de
tigo, de representantes do órgão federal responsável pela desenvolvimento e grau de compreensão sobre as impli-
política indigenista, observado o disposto no § 6o do art. cações da medida.            (Incluído pela Lei nº 12.010, de
28 desta Lei.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) 2009)      Vigência
        Art. 158. O requerido será citado para, no prazo         § 4º  É obrigatória a oitiva dos pais sempre que
de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas eles forem identificados e estiverem em local conhecido,
a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de tes- ressalvados os casos de não comparecimento perante a
temunhas e documentos. Justiça quando devidamente citados.             (Redação dada
§ 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos pela Lei nº 13.509, de 2017)
os meios para sua realização.            (Incluído pela Lei nº         § 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liber-
12.962, de 2014) dade, a autoridade judicial requisitará sua apresentação
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado para a oitiva.           (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
pessoalmente.             (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)         Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade
§ 3o   Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
houver procurado o citando em seu domicílio ou residência cinco dias, salvo quando este for o requerente, designan-
sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, do, desde logo, audiência de instrução e julgamento.
informar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qual- § 1º (Revogado).             (Redação dada pela Lei nº
quer vizinho do dia útil em que voltará a fim de efetuar a
13.509, de 2017)
citação, na hora que designar, nos termos do art. 252 e se-
§ 2o Na audiência, presentes as partes e o Ministério
guintes da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oral-
de Processo Civil).             (Incluído pela Lei nº 13.509, de
mente o parecer técnico, salvo quando apresentado por
2017)
escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o
§ 4o  Na hipótese de os genitores encontrarem-se em
requerido e o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vin-
local incerto ou não sabido, serão citados por edital no
te) minutos cada um, prorrogável por mais 10 (dez) mi-
prazo de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensado o
nutos.             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
envio de ofícios para a localização.             (Incluído pela Lei
nº 13.509, de 2017) § 3o   A decisão será proferida na audiência, poden-
        Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade do a autoridade judiciária, excepcionalmente, desig-
de constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento nar data para sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco)
e de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja dias.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de res- § 4o  Quando o procedimento de destituição de poder
posta, contando-se o prazo a partir da intimação do des- familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá
pacho de nomeação. necessidade de nomeação de curador especial em favor
        Parágrafo único.  Na hipótese de requerido pri- da criança ou adolescente.             (Incluído pela Lei nº
vado de liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no 13.509, de 2017)
momento da citação pessoal, se deseja que lhe seja no-          Art. 163.   O prazo máximo para conclusão do
meado defensor.           (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá
        Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária ao juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção
requisitará de qualquer repartição ou órgão público a apre- do poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança
sentação de documento que interesse à causa, de ofício ou ou o adolescente com vistas à colocação em família subs-
a requerimento das partes ou do Ministério Público. tituta.             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 161.  Se não for contestado o pedido e tiver sido         Parágrafo único.  A sentença que decretar a perda
concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem
interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária do registro de nascimento da criança ou do adolescen-
dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) te.          (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)       Vigência
dias, salvo quando este for o requerente, e decidirá em
igual prazo.             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de Seção III
2017) Da Destituição da Tutela
        § 1º  A autoridade judiciária, de ofício ou a re-
querimento das partes ou do Ministério Público, determi-         Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o
nará a oitiva de testemunhas que comprovem a presença procedimento para a remoção de tutor previsto na lei pro-
de uma das causas de suspensão ou destituição do poder cessual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.

55
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Seção IV         § 6o  O consentimento somente terá valor se for


Da Colocação em Família Substituta dado após o nascimento da criança.          (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009)      Vigência
        Art. 165. São requisitos para a concessão de pe-         § 7o  A família natural e a família substituta recebe-
didos de colocação em família substituta: rão a devida orientação por intermédio de equipe técnica
        I - qualificação completa do requerente e de seu interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juven-
eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuên- tude, preferencialmente com apoio dos técnicos respon-
cia deste; sáveis pela execução da política municipal de garantia do
        II - indicação de eventual parentesco do reque- direito à convivência familiar.             (Redação dada pela
rente e de seu cônjuge, ou companheiro, com a crian- Lei nº 13.509, de 2017)
ça ou adolescente, especificando se tem ou não parente         Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a
vivo; requerimento das partes ou do Ministério Público, deter-
        III - qualificação completa da criança ou adoles- minará a realização de estudo social ou, se possível, perícia
cente e de seus pais, se conhecidos; por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão
        IV - indicação do cartório onde foi inscrito nas- de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre
cimento, anexando, se possível, uma cópia da respectiva o estágio de convivência.
certidão;         Parágrafo único.  Deferida a concessão da guar-
        V - declaração sobre a existência de bens, direi- da provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o
tos ou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. adolescente será entregue ao interessado, mediante termo
        Parágrafo único. Em se tratando de adoção, ob- de responsabilidade.              (Incluído pela Lei nº 12.010,
servar-se-ão também os requisitos específicos. de 2009)  Vigência
      Art. 166.  Se os pais forem falecidos, tiverem sido         Art. 168. Apresentado o relatório social ou o lau-
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem do pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o
aderido expressamente ao pedido de colocação em famí- adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público,
lia substituta, este poderá ser formulado diretamente em pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária
cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, em igual prazo.
dispensada a assistência de advogado.             (Redação          Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar cons-
        § 1o  Na hipótese de concordância dos pais, o tituir pressuposto lógico da medida principal de coloca-
juiz:             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) ção em família substituta, será observado o procedimen-
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as par- to contraditório previsto nas Seções II e III deste Capítu-
tes, devidamente assistidas por advogado ou por defen- lo.              (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
sor público, para verificar sua concordância com a ado- 2009)   Vigência
ção, no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da data         Parágrafo único. A perda ou a modificação da
do protocolo da petição ou da entrega da criança em guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do proce-
juízo, tomando por termo as declarações; e             (In- dimento, observado o disposto no art. 35.
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017)         Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-
II - declarará a extinção do poder familiar.             (In- -se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017) no art. 47.
         § 2o  O consentimento dos titulares do poder         Parágrafo único.  A colocação de criança ou ado-
familiar será precedido de orientações e esclarecimentos lescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de
prestados pela equipe interprofissional da Justiça da In- acolhimento familiar será comunicada pela autoridade ju-
fância e da Juventude, em especial, no caso de adoção, diciária à entidade por este responsável no prazo máximo
sobre a irrevogabilidade da medida.         (Incluído pela de 5 (cinco) dias.              (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Lei nº 12.010, de 2009)       Vigência 2009)  Vigência
         § 3o   São garantidos a livre manifestação de
vontade dos detentores do poder familiar e o direito ao Seção V
sigilo das informações.             (Redação dada pela Lei nº Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Ado-
13.509, de 2017) lescente
         § 4o  O consentimento prestado por escrito não
terá validade se não for ratificado na audiência a que se         Art. 171. O adolescente apreendido por força de
refere o § 1o deste artigo.              (Redação dada pela Lei ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
nº 13.509, de 2017) judiciária.
        § 5o  O consentimento é retratável até a data da         Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante
realização da audiência especificada no § 1o deste artigo, de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autori-
e os pais podem exercer o arrependimento no prazo de dade policial competente.
10 (dez) dias, contado da data de prolação da sentença         Parágrafo único. Havendo repartição policial espe-
de extinção do poder familiar.             (Redação dada pela cializada para atendimento de adolescente e em se tratan-
Lei nº 13.509, de 2017) do de ato infracional praticado em co-autoria com maior,

56
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

prevalecerá a atribuição da repartição especializada, que,         Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o
após as providências necessárias e conforme o caso, enca- representante do Ministério Público notificará os pais ou
minhará o adulto à repartição policial própria. responsável para apresentação do adolescente, podendo
        Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional requisitar o concurso das polícias civil e militar.
cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a         Art. 180. Adotadas as providências a que alude o
autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, artigo anterior, o representante do Ministério Público po-
parágrafo único, e 107, deverá: derá:
        I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemu-         I - promover o arquivamento dos autos;
nhas e o adolescente;         II - conceder a remissão;
        II - apreender o produto e os instrumentos da         III - representar à autoridade judiciária para apli-
infração; cação de medida sócio-educativa.
        III - requisitar os exames ou perícias necessários à         Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos
comprovação da materialidade e autoria da infração. ou concedida a remissão pelo representante do Ministé-
        Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagran- rio Público, mediante termo fundamentado, que conterá
te, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim o resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade
de ocorrência circunstanciada. judiciária para homologação.
        Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou         § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o cum-
autoridade policial, sob termo de compromisso e respon- primento da medida.
sabilidade de sua apresentação ao representante do Minis-         § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará re-
tério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no pri- messa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante
meiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do despacho fundamentado, e este oferecerá representação,
ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente designará outro membro do Ministério Público para apre-
permanecer sob internação para garantia de sua segurança sentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que
pessoal ou manutenção da ordem pública. só então estará a autoridade judiciária obrigada a      ho-
        Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade mologar.
policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao repre-         Art. 182. Se, por qualquer razão, o representan-
sentante do Ministério Público, juntamente com cópia do te do Ministério Público não promover o arquivamento ou
auto de apreensão ou boletim de ocorrência. conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade
        § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a judiciária, propondo a instauração de procedimento para
autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade aplicação da medida sócio-educativa que se afigurar a mais
de atendimento, que fará a apresentação ao representante adequada.
do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.         § 1º A representação será oferecida por petição,
        § 2º Nas localidades onde não houver entidade que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do
de atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas,
policial. À falta de repartição policial especializada, o ado- podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instala-
lescente aguardará a apresentação em dependência sepa- da pela autoridade judiciária.
rada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer         § 2º A representação independe de prova pré-
hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior. -constituída da autoria e materialidade.
        Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade po-         Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a
licial encaminhará imediatamente ao representante do Ministério conclusão do procedimento, estando o adolescente inter-
Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. nado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
        Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, hou-         Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade
ver indícios de participação de adolescente na prática de judiciária designará audiência de apresentação do adoles-
ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao repre- cente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou ma-
sentante do Ministério Público relatório das investigações nutenção da internação, observado o disposto no art. 108
e     demais documentos. e parágrafo.
        Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria         § 1º O adolescente e seus pais ou responsável se-
de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado rão cientificados do teor da representação, e notificados a
em compartimento fechado de veículo policial, em condições comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua         § 2º Se os pais ou responsável não forem lo-
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. calizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao
        Art. 179. Apresentado o adolescente, o represen- adolescente.
tante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto         § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determi-
devidamente autuados pelo cartório judicial e com infor- nando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
mação sobre os antecedentes do adolescente, procederá         § 4º Estando o adolescente internado, será requi-
imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, sitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos
de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. pais ou responsável.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

        Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela         § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adoles-
autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabe- cente, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da
lecimento prisional. sentença.
        § 1º Inexistindo na comarca entidade com as ca-
racterísticas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser Seção V-A
imediatamente transferido para a localidade mais próxima. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
        § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o
adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investiga-
desde que em seção isolada dos adultos e com instalações ção de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de
apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de Adolescente” 
cinco dias, sob pena de responsabilidade. Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na inter-
        Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais net com o fim de investigar os crimes previstos nos  arts.
ou responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts.
dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848,
qualificado. de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às se-
        § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada guintes regras:               (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, I – será precedida de autorização judicial devidamente
proferindo decisão. circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limi-
        § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de tes da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Minis-
medida de internação ou colocação em regime de semi-li- tério Público;            (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
berdade, a autoridade judiciária, verificando que o adoles- II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Pú-
cente não possui advogado constituído, nomeará defensor, blico ou representação de delegado de polícia e conterá a
designando, desde logo, audiência em continuação, poden- demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas
do determinar a realização de diligências e estudo do caso. dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investiga-
        § 3º O advogado constituído ou o defensor nomea- das e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais
do, no prazo de três dias contado da audiência de apresen- que permitam a identificação dessas pessoas;            (In-
tação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. cluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
        § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias,
testemunhas arroladas na representação e na defesa pré- sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total
via, cumpridas as diligências e juntado o relatório da equi- não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demons-
pe interprofissional, será dada a palavra ao representante trada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judi-
do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo cial.            (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público pode-
mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em segui- rão requisitar relatórios parciais da operação de infiltração
da proferirá decisão. antes do término do prazo de que trata o inciso II do §
        Art. 187. Se o adolescente, devidamente notifi- 1º deste artigo.           (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
cado, não comparecer, injustificadamente à audiência de § 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste arti-
apresentação, a autoridade judiciária designará nova data, go, consideram-se:            (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
determinando sua condução coercitiva. I – dados de conexão: informações referentes a hora,
        Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou data, início, término, duração, endereço de Protocolo
suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da cone-
fase do procedimento, antes da sentença. xão;            (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
        Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qual- II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
quer medida, desde que reconheça na sentença: endereço de assinante ou de usuário registrado ou auten-
        I - estar provada a inexistência do fato; ticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação
        II - não haver prova da existência do fato; de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no
        III - não constituir o fato ato infracional; momento da conexão. 
        IV - não existir prova de ter o adolescente concor- § 3º  A infiltração de agentes de polícia na internet
rido para o ato infracional. não será admitida se a prova puder ser obtida por outros
        Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando meios.           (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
o adolescente internado, será imediatamente colocado em  Art. 190-B. As informações da operação de infiltração
liberdade. serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
        Art. 190. A intimação da sentença que aplicar me- autorização da medida, que zelará por seu sigilo.            (In-
dida de internação ou regime de semi-liberdade será feita: cluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
        I - ao adolescente e ao seu defensor; Parágrafo único. Antes da conclusão da operação,
        II - quando não for encontrado o adolescente, a o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério
seus pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. Público e ao delegado de polícia responsável pela ope-
        § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação ração, com o objetivo de garantir o sigilo das investiga-
far-se-á unicamente na pessoa do defensor. ções.           (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a         § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a au-
sua identidade para, por meio da internet, colher indícios toridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das
de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o pro-
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nosarts. cesso será extinto, sem julgamento de mérito.
154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848,         § 4º A multa e a advertência serão impostas ao
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).                 (In- dirigente da entidade ou programa de atendimento.
cluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar Seção VII
de observar a estrita finalidade da investigação responderá Da Apuração de Infração Administrativa às Nor-
pelos excessos praticados.           (Incluído pela Lei nº 13.441, mas de Proteção à Criança e ao Adolescente
de 2017)
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público         Art. 194. O procedimento para imposição de pena-
poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante lidade administrativa por infração às normas de proteção
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, à criança e ao adolescente terá início por representação
as informações necessárias à efetividade da identidade fic- do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de
tícia criada.            (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário cre-
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata denciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.
esta Seção será numerado e tombado em livro específi-         § 1º No procedimento iniciado com o auto de
co.           (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) infração, poderão ser usadas fórmulas impressas, especifi-
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos cando-se a natureza e as circunstâncias da infração.
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser re-         § 2º Sempre que possível, à verificação da infração
gistrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso
e ao Ministério Público, juntamente com relatório circuns- contrário, dos motivos do retardamento.
tanciado.            (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)         Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados cita- apresentação de defesa, contado da data da intimação,
dos no caput deste artigo serão reunidos em autos apar- que será feita:
tados e apensados ao processo criminal juntamente com o         I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for
inquérito policial, assegurando-se a preservação da identi- lavrado na presença do requerido;
dade do agente policial infiltrado e a intimidade das crian-         II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente
ças e dos adolescentes envolvidos.           (Incluído pela Lei habilitado, que entregará cópia do auto ou da representa-
nº 13.441, de 2017) ção ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando
certidão;
Seção VI         III - por via postal, com aviso de recebimento, se
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de não for encontrado o requerido ou seu representante legal;
Atendimento         IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto
ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu repre-
        Art. 191. O procedimento de apuração de irregula- sentante legal.
ridades em entidade governamental e não-governamental         Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou re- legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Mi-
presentação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, nistério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
onde conste, necessariamente, resumo dos fatos.         Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade ju-
        Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a diciária procederá na conformidade do artigo anterior, ou,
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar sendo necessário, designará audiência de instrução e jul-
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da en- gamento.             (Vide Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
tidade, mediante decisão fundamentada.         Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-
        Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, -se-ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador
no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
juntar documentos e indicar as provas a produzir. prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciá-
        Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo ria, que em seguida proferirá sentença.
necessário, a autoridade judiciária designará audiência de
instrução e julgamento, intimando as partes. Seção VIII
        § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
        § 2º Em se tratando de afastamento provisório Art. 197-A.  Os postulantes à adoção, domicilia-
ou definitivo de dirigente de entidade governamental, a dos no Brasil, apresentarão petição inicial na qual cons-
autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa te:             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para I - qualificação completa;             (Incluído pela Lei nº
a substituição. 12.010, de 2009)   Vigência

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

II - dados familiares;             (Incluído pela Lei nº 12.010, § 3o  É recomendável que as crianças e os adolescen-
de 2009)   Vigência tes acolhidos institucionalmente ou por família acolhedo-
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou ra sejam preparados por equipe interprofissional antes da
casamento, ou declaração relativa ao período de união es- inclusão em família adotiva.             (Incluído pela Lei nº
tável;             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência 13.509, de 2017)
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca- Art. 197-D.  Certificada nos autos a conclusão da parti-
dastro de Pessoas Físicas;             (Incluído pela Lei nº 12.010, cipação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a au-
de 2009)   Vigência toridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
V - comprovante de renda e domicílio;             (Incluído decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério
pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência Público e determinará a juntada do estudo psicossocial,
VI - atestados de sanidade física e mental;             (In- designando, conforme o caso, audiência de instrução e jul-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência gamento.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vi-
VII - certidão de antecedentes criminais;             (Incluí- gência
do pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência Parágrafo único.  Caso não sejam requeridas diligên-
VIII - certidão negativa de distribuição cível.             (In- cias, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a
Art. 197-B.  A autoridade judiciária, no prazo de 48 seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério dias, decidindo em igual prazo.             (Incluído pela Lei nº
Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:             (In- 12.010, de 2009)   Vigência
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência Art. 197-E.  Deferida a habilitação, o postulante será
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equi- inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a
pe interprofissional encarregada de elaborar o estudo téc- sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem
nico a que se refere o art. 197-C desta Lei;             (Incluído cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de
pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência crianças ou adolescentes adotáveis.             (Incluído pela
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
postulantes em juízo e testemunhas;             (Incluído pela § 1o  A ordem cronológica das habilitações somente
Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária
III - requerer a juntada de documentos complementa- nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando
res e a realização de outras diligências que entender ne- comprovado ser essa a melhor solução no interesse do ado-
cessárias.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vi- tando.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
gência § 2o   A habilitação à adoção deverá ser renovada no
Art. 197-C.  Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe mínimo trienalmente mediante avaliação por equipe inter-
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juven- profissional.             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
tude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá 2017)
subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos § 3o   Quando o adotante candidatar-se a uma nova
postulantes para o exercício de uma paternidade ou mater- adoção, será dispensável a renovação da habilitação, bas-
nidade responsável, à luz dos requisitos e princípios desta tando a avaliação por equipe interprofissional.             (In-
Lei.             (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência cluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1o  É obrigatória a participação dos postulantes em § 4o  Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilita-
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juven- do, à adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro
tude, preferencialmente com apoio dos técnicos respon- do perfil escolhido, haverá reavaliação da habilitação con-
sáveis pela execução da política municipal de garantia cedida.             (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
do direito à convivência familiar e dos grupos de apoio à § 5o  A desistência do pretendente em relação à guar-
adoção devidamente habilitados perante a Justiça da In- da para fins de adoção ou a devolução da criança ou do
fância e da Juventude, que inclua preparação psicológica, adolescente depois do trânsito em julgado da sentença de
orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou adoção importará na sua exclusão dos cadastros de ado-
de adolescentes com deficiência, com doenças crônicas ou ção    (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
com necessidades específicas de saúde, e de grupos de ir- Art. 197-F.  O prazo máximo para conclusão da habili-
mãos.             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) tação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogá-
§ 2o   Sempre que possível e recomendável, a etapa vel por igual período, mediante decisão fundamentada da
obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo in- autoridade judiciária.             (Incluído pela Lei nº 13.509,
cluirá o contato com crianças e adolescentes em regime de de 2017)
acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob
orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Capítulo IV
Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à Dos Recursos
adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo progra-
ma de acolhimento familiar e institucional e pela execução         Art. 198.  Nos procedimentos afetos à Justiça da
da política municipal de garantia do direito à convivência Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução
familiar.             (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recur-

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

sal da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Art. 199-E.  O Ministério Público poderá requerer a ins-
Processo Civil), com as seguintes adaptações:       (Reda- tauração de procedimento para apuração de responsabili-
ção dada pela Lei nº 12.594, de 2012)      (Vide) dades se constatar o descumprimento das providências e
        I - os recursos serão interpostos independente- do prazo previstos nos artigos anteriores.              (Incluído
mente de preparo; pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
       II - em todos os recursos, salvo nos embargos
de declaração, o prazo para o Ministério Público e para a Capítulo V
defesa será sempre de 10 (dez) dias;       (Redação dada Do Ministério Público
pela Lei nº 12.594, de 2012)      (Vide)
        III - os recursos terão preferência de julgamento         Art. 200. As funções do Ministério Público previstas
e dispensarão revisor; nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
        IV -             (Revogado pela Lei nº 12.010, de         Art. 201. Compete ao Ministério Público:
2009)   Vigência         I - conceder a remissão como forma de exclusão
        V -             (Revogado pela Lei nº 12.010, de do processo;
2009)   Vigência         II - promover e acompanhar os procedimentos
        VI -             (Revogado pela Lei nº 12.010, de relativos às infrações atribuídas a adolescentes;
2009)   Vigência         III - promover e acompanhar as ações de alimentos e
        VII - antes de determinar a remessa dos autos os procedimentos de suspensão e destituição do poder fami-
à superior instância, no caso de apelação, ou do instru- liar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães,
mento, no caso de agravo, a autoridade judiciária profe- bem como oficiar em todos os demais procedimentos da
rirá despacho fundamentado, mantendo ou reformando competência da Justiça da Infância e da Juventude;             (Ex-
a decisão, no prazo de cinco dias; pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
        VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o         IV - promover, de ofício ou por solicitação dos in-
escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior teressados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal
e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer
instância dentro de vinte e quatro horas, independente-
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hi-
mente de novo pedido do recorrente; se a reformar, a re-
póteses do art. 98;
messa dos autos dependerá de pedido expresso da parte
        V - promover o inquérito civil e a ação civil pú-
interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco
blica para a proteção dos interesses individuais, difusos ou
dias, contados da intimação.
coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os
         Art. 199. Contra as decisões proferidas com b

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