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DIREITO

PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social –
Parte I

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

Estudo das Normas e Regras Gerais do Regime Geral de Previdência Social – Parte I
....3
1. O Estudo das Normas e Regras Gerais do RGPS (Parte I) . ...............................................3
1.1. Introdução ............................................................................................................................3
2. Segurados, Filiação e Inscrição . ........................................................................................ 11
2.1. Segurados obrigatórios . ................................................................................................. 12
2.2. Segurados Facultativos . ................................................................................................ 60
3. Filiação e Inscrição . ............................................................................................................ 61
3.1. Filiação . .............................................................................................................................62
3.2. Inscrição . ..........................................................................................................................72
4. Tempo de Contribuição . ......................................................................................................73
4.1. A Comprovação do Tempo de Contribuição. ................................................................. 84
4.2. A Indenização de Períodos Anteriores ao RGPS, o Reconhecimento de Tempo de
Filiação e a Retroação da DIC . .............................................................................................. 85
Resumo . ....................................................................................................................................87
Questões de Concurso . .......................................................................................................... 114
Gabarito . ................................................................................................................................. 121
Gabarito Comentado . ............................................................................................................ 122
Referências ............................................................................................................................ 152

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

ESTUDO DAS NORMAS E REGRAS GERAIS DO REGIME


GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – PARTE I
1. O o

Chegamos ao estudo das normas e regras gerais do RGPS. Podemos chamar esse estudo,
então, em analogia ao Direito Civil e ao Direito Penal, de parte geral do Direito Previdenciário.
Note que já estudamos a fundo diversos aspectos normativos, doutrinários e jurispru-
denciais da seguridade social até aqui em nosso curso. Abordamos a evolução histórica da
seguridade social no mundo e no Brasil. Estudamos os modelos e sistemas de previdência.
Adentramos nas especificidades da instituição do complexo sistema normativo-consti-
tucional de proteção social de nosso país, trazendo a minúcia as balizas constitucionais e
legais da estruturação da saúde, previdência e assistência social em nosso ordenamento
jurídico. Também já estudamos as questões relacionados ao financiamento e ao custeio da
seguridade social.
Agora vamos adentrar com mais especificidade na previdência e, em especial, no Regime
Geral de Previdência Social, o RGPS.
Introdutoriamente, portanto, para reforçar nossa base de conhecimento nessa parte da
caminhada, cabe a mim pontuar a você algumas características essenciais do RGPS.
Pios bem, você deve se lembrar de que, como base primordial da desse regime geral, estão
a obrigatoriedade da filiação e também a necessidade de contribuições previdenciárias para
o financiamento do sistema. O princípio da solidariedade social, como vimos, é o maior valor
de sustentação desse grande sistema de proteção social público, destinado à manutenção e
à prevenção das contingências sociais eleitas pelo Constituinte no art. 201, incisos I a V, CF.
Quem trabalha, portanto, é obrigado a se filiar. Do simples trabalho – ou melhor, do sim-
ples fato de estar trabalhando –, já nasce a relação jurídico-previdenciária. Cabe lembrar,
desde já, contudo, que há também uma única espécie de segurado que não necessita estar
trabalhando para ser filiado: trata-se do segurado facultativo. Veremos isso com maiores de-
talhes nos tópicos seguintes de nosso estudo.

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De todo modo, nessa introdução, é importante você observar que o Regime Geral de Pre-
vidência Social é responsável, em grande medida, pela manutenção da economia em muitas
cidades brasileiras de menor porte, as quais não possuem autossuficiência econômica. Digo
a você que, na minha experiência profissional da judicatura, na magistratura federal, pude
ver, ao longo dos últimos anos, que, em cidades menores, a economia local é realmente sus-
tentada pelo pagamento dos benefícios previdenciários do RGPS. Além desses benefícios
previdenciários, essas cidades também se sustentam, bastante, com base no pagamento do
benefício assistencial ao idoso e ao deficiente, previsto na lei orgânica da assistência social.
Em cidades do interior de estados com vocação agropecuária, a cobertura do RGPS –
e, bem assim, o pagamento de prestações previdenciárias –, ganha ainda maior relevância
quando levamos em consideração a grande massa de trabalhadores rurais que se aposenta,
na imensa maioria das vezes, tão somente pela comprovação de que se trata de trabalhador
campesino.
Como vimos no capítulo anterior, o trabalhador rural se aposenta antes do trabalhador
urbano. Além disso, quando se tratar de trabalhador em regime de economia familiar – em
especial, o segurado especial –, não há contributividade efetiva. Logo, essa peculiaridade é
determinante para se observar o quão importante é a manutenção do RGPS para a economia
de milhares e milhares de municípios do interior do Brasil, especialmente nos estados do
Centro-Oeste e Norte do país.
Nesse ponto, relacionado à grande demanda da previdência social no meio rural, tem-se
uma grande discussão, referente ao enquadramento de alguns tipos de trabalhadores. Volto
a dizer: como vimos em nosso capítulo relacionado ao custeio e ao financiamento, os traba-
lhadores rurais que laboram em regime de economia familiar, na prática, não contribuem para
a previdência social, pois, segundo a Constituição Federal de 1988, esse tipo de trabalhador
somente contribuirá se houver resultado da comercialização de sua produção. E, não havendo
o resultado ou, tampouco, comercialização da produção, não há que se falar em pagamento
efetivo de contribuição previdenciária.
Logo, não há dúvidas de que o grande déficit da previdência social deriva da previdência
social no setor rural, especificamente para os trabalhadores rurais em regime de economia
familiar.

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Sobre esse tema delicado, para você se situar bem, vale a transcrever a notícia extraída do
site da previdência social em 6 de junho de 2013:

SETOR URBANO REGISTRA SUPERÁVIT DE R$ 2,4 BILHÕES


RGPS: Setor urbano registra superávit de R$ 2,4 bilhões
Publicado: 06/12/2012 15:28
Última modificação: 03/09/2015 14:42
Previdência Social pagou quase 30 milhões de benefícios
Da Redação (Brasília)- Em outubro, o saldo entre arrecadação e pagamento de benefícios no setor
urbano ficou positivo em R$ 2,4 bilhões.
É o oitavo superávit deste ano.
Se comparado ao mesmo período do ano passado, quando o resultado urbano foi de R$ 3,1 bilhões,
houve queda de 23,2%.
O valor leva em conta o pagamento de sentenças judiciais e a Compensação Previdenciária (Com-
prev) entre o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os regimes próprios de Previdência Social
(RPPS) de estados e municípios.
(...)
No acumulado de janeiro a outubro, o saldo positivo soma R$ 11,5 bilhões – aumento de 19,2% em
relação ao mesmo período do ano passado. O valor é resultado de uma arrecadação de R$ 214,8
bilhões e despesa de R$ 203,3 bilhões.
Rural – A arrecadação líquida rural caiu 7,9%, em outubro, na comparação com o mesmo mês de
2011. Foram arrecadados R$ 462,6 milhões. Em relação a setembro de 2012, quando foram arreca-
dados R$ 502,2 milhões, também houve queda de 7,9%.
A despesa com pagamento de benefícios para o segmento rural teve redução de 14,9%, se compa-
rado a setembro deste ano, e aumento de 13,2, em relação ao mesmo mês de 2011. Foram gastos
R$ 5,6 bilhões.
(...)
A maior parte dos benefícios (67,2%) – incluídos os assistenciais – pagos em outubro de 2012
tinham valor de um salário mínimo, contingente de 20,1 milhões de benefícios. Desses, 42,5% refe-
rem-se a pagamentos do setor rural, 37,7% do setor urbano.

Veja que os dados são de 2015, mas o déficit da Previdência Social não mudou de lá pra
cá, notadamente porque o meio rural continuou a ser o setor que mais demanda a cobertura
do RGPS, por conta do desequilíbrio atuarial de suas contas. Note, também, que a maior de-
manda de concessão de benefícios assistenciais vem do campo. As áreas rurais do país ain-
da são, de fato, muito pouco desenvolvidas do ponto de vista da disponibilização de direitos
sociais mínimos. Disso resulta a mão assistencial do Estado para manter a sobrevivência das
pessoas.
Quais são as contingências sociais que são cobertas pelo Regime Geral de Previdência
Social?

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A resposta, como vimos, está na Constituição Federal de 1988 e, também, na Lei n.


8213/91. São as seguintes contingências sociais cobertas pelo nosso regime geral de previ-
dência social:
• doença;
• invalidez;
• morte;
• idade avançada;
• proteção à maternidade, especialmente à gestante;
• proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
• proteção à família de baixa renda, por meio do salário-família;
• proteção à família de baixa renda em razão da reclusão do segurado instituidor.

Essas previsões estão assinaladas no art. 201 da Constituição Federal de 1988, que trans-
crevo abaixo:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional
n. 103, de 2019)
I – cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade
avançada; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)
II – proteção à maternidade, especialmente à gestante; (Redação dada pela Emenda Constitucional
n. 20, de 1998)
III – proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; (Redação dada pela Emen-
da Constitucional n. 20, de 1998)
IV – salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998)
V – pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes,
observado o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998)

Cabe destacar, contudo, como já assinalamos em nosso capítulo II, que o seguro desem-
prego1 é um benefício que não é pago do âmbito do INSS. Embora a Constituição Federal
indique que a contingência social do desemprego involuntário seja objeto do Regime Geral de
Previdência Social, o seguro desemprego não é tratado desta forma pela legislação ordinária.


AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 129.

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A Lei n. 7.998/90 determina que o seguro desemprego seja pago pelo Ministério do Trabalho,
com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
Relembro, mais uma vez, que há discussão acerca da natureza jurídica do seguro desem-
prego, ou seja, se se trata de benefício previdenciário ou de benefício assistencial, ou ainda
um benefício sui generis. Sobre isso, a Administração Pública Federal, por meio da Advocacia
Geral da União, editou a Parecer CONJUR/TEM 256/2010, que aponta que se trata de benefício
previdenciário. O órgão de advocacia pública da União argumenta isso com base na leitura
do artigo 201, inciso III, da Constituição Federal, o qual prescreve, literalmente, o desemprego
involuntário como objeto de cobertura da previdência social.
De todo modo, tem prevalecido o entendimento de que se trata de um benefício de cunho
mais assistencial do que previdenciário.
Quais são as normas que instituem e regulam o Regime Geral de Previdência Social?
Bom, já havíamos visto exaustivamente até aqui, que, no plano constitucional, é o artigo
201 da Constituição Federal que traça as diretrizes essenciais de nosso ordenamento jurídico
relativas ao Regime Geral de Previdência Social.
Além disso, há duas leis de suma importância no plano infraconstitucional: a Lei n.
8.212/91 e a Lei n. 8.213/91, leis essas que tratam, respectivamente, do custeio e do plano de
benefícios e serviços do RGPS. Não menos importante, há também o Decreto n. 3.048/99, que
regula o plano de benefícios, o processo administrativo previdenciário e dá outras providên-
cias. Devo lembrar que há, ainda, outras leis também importantes, as quais destaco a seguir:
a Lei n. 9.876/99; a Lei n. 10 666/03. Por fim, no plano infralegal, cabe relembrar a importância
da instrução normativa INSS 77/20152, bem como a Instrução Normativa RFB 971/093 .
Como é feita a administração do Regime Geral de Previdência Social?
Sobre esse tema, vamos fazer uma revisão rápida do que já foi dito em nosso capítulo I.
Inicialmente, cabia ao Ministério da Previdência Social a administração do Regime Geral de
Previdência Social. No âmbito deste Ministério, foi criado o Instituto Nacional do Seguro

Estabelece rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da Previdência
Social, com observância dos princípios estabelecidos no art. 37 da Constituição Federal de 1988.

Dispõe sobre normas gerais de tributação previdenciária e de arrecadação das contribuições sociais destinadas à Pre-
vidência Social e as destinadas a outras entidades ou fundos, administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil
(RFB).

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Social, uma autarquia federal, cuja criação sobreveio após a fusão do Instituto de Adminis-
tração Financeira da Previdência e Assistência Social com o Instituto Nacional de Previdência
Social. Essa fusão foi determinada pela Lei n. 8.029/90. Ao longo dos últimos anos, contu-
do, a localização administrativa, digamos, do INSS, variou. Em 2016, pela Lei n. 13.341/16,
as atribuições administrativas e previdenciárias daquele instituto passaram para a pasta do
Ministério da Fazenda. Em 2019, foi o Ministério da Economia que passou a exercer o contro-
le sobre a pasta da previdência social, tendo sido criada, para isso, a Secretaria Especial de
Previdência e Trabalho. Atualmente, portanto, a supervisão ministerial do INSS e do Ministério
da Economia.
Sobre o funcionamento e a eficiência da estrutura administrativa do INSS, acho interes-
sante lembrar você da situação estrutural em que hoje se encontra o atendimento previdenci-
ário à população. Veja: não dá pra separar o estudo do direito previdenciário do cotidiano, do
que se vê no mundo real em relação ao atendimento dos segurados e dependentes do RGPS.
Nesse tópico, a grande celeuma recente se refere às intermináveis filas de atendimento
que se formam pelas agências da previdência social Brasil afora. Inúmeras ações judiciais,
especialmente mandados de segurança, foram ajuizadas para que os segurados obtivessem
o direito de serem atendidos no prazo de até 45 dias.
A jurisprudência oscila bastante com relação a esse assunto e não há decisões vincu-
lantes nos Tribunais Superiores. Particularmente, tenho entendido que a intervenção do Ju-
diciário somente se justifica se a demora ultrapassar o prazo de 180 (cento e oitenta) dias,
contados do requerimento administrativo.
É certo que o texto constitucional vigente ¬– expressamente no inciso LXXVII do art. 5º –,
assegura a todos a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de
sua tramitação. É induvidoso, pois, que a agilidade na resolução das demandas, sejam estas
administrativas ou judiciais, é uma necessidade para a garantia da efetividade dos direitos
dos cidadãos.
A própria Constituição Federal de 1988 impõe à Administração Pública o dever de atuar
com eficiência na realização de seus atos, devendo se orientar conforme a legalidade im-
posta. Mas, como a duração razoável do processo é um conceito aberto, balizado pela

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razoabilidade, e observado caso a caso, é importante tomar as referências legislativas acerca


dos prazos que regulam o processo administrativo federal, a fim de que se tenha um norte,
um direcionamento do que se pode conceber como satisfatório daquele direito fundamental.
Não há lei ou regulamento específico do processo administrativo previdenciário. Assim,
no âmbito da legislação infraconstitucional, o processo administrativo previdenciário é regu-
lado pela norma geral, Lei n. 9.784/99. Os artigos 48 e 49 deste diploma legal tratam especifi-
camente do fato de o administrador público, no prazo de 30 (trinta) dias após a conclusão da
instrução processual, ter o dever de decidir.
Vejamos:

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrati-
vos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trin-
ta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

Todavia, há algumas considerações de ordem prática e consequencialista em relação a


possível, mas não desejada, interpretação literal absoluta daquele prazo. É que, veja: ainda
que o art. 49 da Lei n. 9.784/99 determine que a Administração Pública Federal tenha o prazo
de até trinta dias para decidir, após a conclusão do processo administrativo, salvo prorroga-
ção por igual período expressamente motivada, não se desconhece o acúmulo de serviço a
que são submetidos os servidores do instituto previdenciário, impossibilitando, muitas vezes,
o atendimento do prazo determinado pela legislação.
Além disso, chamo à atenção ao fato de que o prazo de trinta dias disciplinado na legisla-
ção mencionada é para proferir decisão e não para o encerramento da instrução do processo
administrativo. Para a conclusão da instrução processual, não existe disciplina normativa
previdenciária especifica que disponha sobre um prazo exato.
Além disso, em termos práticos, não há como negar que a Autarquia Previdenciária, assim
como a Administração Pública em geral, passa por um estado de penúria, com dificuldade
na reposição de servidores em razão do apertado orçamento federal. Exigir que, em tão curto
prazo, o INSS instrua e finalize todos os processos administrativos é irrazoável diante do qua-
dro atual (aumento da demanda e diminuição do quadro de servidores).

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O INSS tem atuado na adoção de medidas tecnológicas visando ao aperfeiçoamento e à


celeridade do atendimento aos segurados, mas a situação ainda se encontra longe do ideal.
Veja, aliás, que, no final do ano de 2019 – precisamente em 11 de dezembro –, o presidente
do Instituto Nacional do Seguro Social editou a Portaria n. 3.213, a qual instituiu o Sistema de
Governança do INSS visando promover o aprimoramento do processo decisório e a melhoria
do desempenho institucional da autarquia. Dentre os objetivos, tem-se a promoção da gestão
estratégica do INSS, focada na melhoria contínua dos serviços ofertados aos beneficiários e
segurados da previdência social, além da simplificação administrativa e da modernização da
gestão pública.
Como dito, a situação atual ainda não é ideal, mas mudanças estão sendo estudadas com
o fim de melhorar o serviço ofertado.
Em nível jurisprudencial, o entendimento, ao que parece, tem sido tendente à flexibilização
do prazo de instrução e julgamento, não se adotando uma analogia cega e absoluta do prazo
previsto nos artigos 48 e 49, da Lei n. 9.784/99. Veja, nesse sentido, que o Tribunal Regional
Federal da 4ª Região, em deliberação do Fórum Interinstitucional Previdenciário, tem conside-
rado razoável o prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data do respectivo protocolo,
para análise de requerimentos administrativos, tendo em vista a implantação de novos sis-
temas de trabalho na Autarquia Previdenciária e o empenho em aprimorá-los com recursos
tecnológicos, para dar vazão ao número crescente de demandas, evitando a judicialização
de questões que podem ser resolvidas na via administrativa. Entendimento esse que já vem
sendo adotado nos julgados daquele Tribunal.
Colaciono abaixo o julgado respectivo:

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRAZO


RAZOÁVEL.
1. A Administração Pública tem o dever de obediência aos princípios da legalidade e da
eficiência, previstos no artigo 37, caput, da Constituição Federal, devendo ainda obser-
var o postulado do due process of law estabelecido no inciso LV do artigo 5º da Carta
Política. Por outro lado, desde o advento da EC n. 45/04 são assegurados a todos pelo
inciso LXXVIII do artigo 5º a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação.

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2. A prática de atos processuais administrativos e respectiva decisão em matéria pre-


videnciária encontram limites nas disposições dos artigos 1º, 2º, 24, 48 e 49 da Lei
n. 9.784/99, e 41, § 6º, da Lei n. 8.213/91.
3. Postergada, pela Administração, manifestação sobre pretensão do segurado, resta
caracterizada ilegalidade, ainda que a inércia não decorra de voluntária omissão dos
agentes públicos competentes, mas de problemas estruturais ou mesmo conjunturais
da máquina estatal.
4. Hipótese em que não foi ultrapassado o prazo de 180 dias. Deferida a liminar, o INSS
procedeu à análise do processo administrativo, restando prejudicada a remessa oficial.
(TRF4. REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL N. 5045342-10.2018.4.04.7100/RS)

Assim, conforme se pode observar, tem sido visto como razoável o prazo de instrução e
decisão de até 180 (cento e oitenta) dias para conclusão do processo administrativo de re-
querimento de concessão e/ou revisão de benefício junto ao INSS.
Mas destaco: o entendimento acima é variante, de modo que muitos julgados entendem
por bem aplicar por analogia o prazo de trinta dias para a análise e finalização do processo
administrativo.
Quais são as características gerais do Regime Geral de Previdência Social?
Público, contributivo, escorado no equilíbrio financeiro e atuarial, de filiação obrigatória
para os trabalhadores em geral, de repartição e de fundo único, solidário, de gestão quadri-
partite e custeio tripartite. A doutrina aponta que se trata de um pacto político e social intra e
intergeracional4 .

No Regime Geral de Previdência Social, há dois grandes grupos de segurados. Temos os


segurados obrigatórios e os segurados facultativos. Em geral, os segurados obrigatórios são
os trabalhadores da iniciativa privada, com algumas exceções dispostas na Lei n. 8.213/91,
de trabalhadores que, embora vinculados à Administração Pública, ficam acobertados pelo
Regime Geral da Previdência Social.

Idem, pg. 237.

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Mas a regra é que quando falamos em trabalhadores da administração pública estaremos


falando de servidores públicos e, logo, falaremos em Regimes Próprios de Previdência Social.
Com os militares é a mesma coisa. Eles estão vinculados a um Regime Próprio de Previdência
Social e não ao Regime Geral da Previdência Social.
Há a possibilidade, contudo, de um trabalhador do serviço público também trabalhar na
iniciativa privada, quando houver a probabilidade de acumulação de cargos e/ou quando não
houver a vedação de dedicação exclusiva no cargo/emprego público. Cabe lembrar que é
possível – dentro dessa circunstância – que o cargo ou emprego acumulado esteja abrangido
pelo Regime Geral da Previdência Social. Verifique, nesse ponto, o art. 37, inciso XI, da Cons-
tituição Federal. Veja que, em tese, pela leitura literal da norma, deveria ser observado o limite
do funcionalismo público – ou melhor, o teto remuneratório do serviço público – para esses
casos de acumulação também.
Mas, recentemente, o Supremo Tribunal Federal proferiu entendimento diverso a esse res-
peito. Senão, vejamos:

Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e fun-


ções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada
um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao
somatório dos ganhos do agente público.
STF. Plenário. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 26 e
27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).

É possível, ainda, que um segurado seja filiado em mais de uma categoria do Regime Ge-
ral da Previdência Social. É possível, então, que alguém tenha algum trabalho formalmente
instituído em carteira assinada – ou seja, seja um empregado –, e, ao mesmo tempo, seja um
autônomo, contribuinte individual.

2.1. sEguradOs ObrigatóriOs

Bom, agora que você já conhece todos os tipos de segurados do Regime Geral da Pre-
vidência Social, vamos adentrar no conhecimento de cada espécie. Primeiramente, vamos
tratar do primeiro grande subgrupo de segurados: os segurados obrigatórios.

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A regulamentação infraconstitucional dos segurados obrigatórios reside na leitura do ar-


tigo 12 da Lei n. 8.212/91, bem como do art. 11 da Lei n. 8.213/91. No plano infralegal, o De-
creto n. 3.048/99, especificamente no seu artigo 9º, trata desta espécie de segurado. Indo
mais a fundo, não podemos esquecer que, explicitando ainda mais os contornos dos segura-
dos obrigatórios, os artigos 2º até o art. 57 da Instrução Normativa INSS n. 77/15 tratam, em
minúcias, do assunto.
Como disse anteriormente, a regra é que qualquer trabalhador que exerce a suas ativida-
des no território nacional e não seja servidor público ou ainda militar já vinculado ao regime
próprio de previdência social, será coberto pelo Regime Geral da Previdência Social. Estamos
falando, pois, do princípio da territorialidade da filiação ao RGPS. Vamos relembrar?
Existem trabalhadores fora do Brasil que são segurados ao RGPS. De outro lado, existem
trabalhadores no Brasil que, embora estejam trabalhando em território nacional, não estão
filiados ao RGPS.
Vamos relembrar as hipóteses:

A regra da Lei Previdenciária é a da territorialidade, ou seja, incide a lei previdenciária brasi-


leira às relações jurídicas de trabalho desenvolvidas em território nacional, nos moldes das
categorias de segurados definidos na Lei n. 8.213/91 e na Lei n. 8.213/91.
Há exceção, contudo, prevista na segunda parte do art. 11, inciso I, alínea “d”, da Lei n. 8.213/91,
no que toca ao

Não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previ-
denciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular.

Em síntese, temos as seguintes exceções, ou seja, as hipóteses nas quais não haverá cober-
tura pelo RGPS mesmo se houver trabalho em território nacional:
• não brasileiro sem residência permanente no Brasil;
• brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplo-
mática ou repartição consular.
Então, diante das hipóteses acima, vamos conjecturar.

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Regime Geral de Previdência Social – Parte I
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Um não brasileiro com residência permanente no Brasil que trabalhe em uma empresa
brasileira como empregado, possui cobertura do RGPS?

SIM, pois a lei exclui apenas aquele não brasileiro que não possua residência permanente no
Brasil e, no caso, o não brasileiro do exemplo possui residência permanente.

Um brasileiro que trabalhe no Brasil, mas já esteja coberto pela legislação previdenciária
do país da missão diplomática ou repartição consular onde trabalha, está coberto tam-
bém pelo RGPS?

NÃO, pois ele já possui cobertura de acordo com a legislação previdenciária do respectivo
país relacionado à missão diplomática ou repartição consular.

Em outros termos, a territorialidade da Lei Previdenciária é mitigada nessas hipóteses,


no que toca à formação de relação jurídico-previdenciária. Nada obsta, contudo, a incidência
de outros direitos afetos à proteção social estatal previstos na seguridade social brasileira,
permanecendo hígida a possibilidade de que àqueles não-brasileiros seja garantido o direito
à saúde e, bem assim, à assistência social.
Com relação a distinção entre a categorização de um segurado obrigatório como sendo
rural ou urbano, como saberemos enquadrá-lo? A distinção reside no meio em que ele traba-
lha ou diante da natureza da atividade prestada?
Reside na natureza da atividade ou do serviço efetivamente prestado pelo empregado ou
pelo contribuinte individual. Nada impede, portanto, que um trabalhador rural exerça a sua
atividade rural, portanto, dentro da cidade. Também não será impeditivo o enquadramento de
um trabalhador urbano que trabalhe no campo.
Tudo dependerá do tipo de atividade realmente prestada por esse tipo de trabalhador. E,
para isso, vale observar o que diz o art. 7º, inciso IV, da Instrução Normativa INSS n. 77/15:

Art. 7º Observadas às formas de filiação dispostas nos arts. 8º, 13, 17, 20 e 39 a 41, deverão ser
consideradas as situações abaixo:
IV – a caracterização do trabalho como urbano ou rural, para fins previdenciários, conforme disci-
plina inciso V do caput do art. 8º, depende da natureza das atividades efetivamente prestadas pelo
empregado ou contribuinte individual e não do meio em que se inserem.

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Vejamos a jurisprudência a respeito:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. ALUNO-APRENDIZ.


ADMINISTRADOR DE FAZENDA. 1. O tempo de serviço postulado como aluno aprendiz
de escola técnica profissionalizante somente poderá ser computado para aposentado-
ria se estiver de acordo com o disposto no ART-58, INC-21, LET-A e LET-B, do DEC-
611/92, ou DEC-2172/97. 2. A caracterização do trabalho como urbano ou rural depende
da natureza das atividades efetivamente prestadas e não do meio em que se inserem.
3. Caracterizam-se como atividades urbanas as de Administrador de Fazenda, relativas
ao pagamento e orientação de pessoal, aquisição de mercadorias, etc. 4. Improcede o
pedido de aposentadoria por tempo de serviço quando reconhecido o tempo de serviço
de apenas 27 anos e nove meses. 5. Apelação do autor improvida
(AC - APELAÇÃO CÍVEL 96.04.33087-0, NYLSON PAIM DE ABREU, TRF4 - SEXTA TURMA,
DJ 10/12/1997 PÁGINA: 108428.)

E a doutrina e a jurisprudência têm tido dificuldades em enquadrar como “rural” ou “ur-


bana” algumas atividades profissionais, tais como tratorista, operador de motosserra, admi-
nistrador de fazenda. Em geral, estes são considerados trabalhadores urbanos quando em
análise de pedidos administrativos feitos perante a autarquia previdenciária.
No âmbito dos tribunais, essa posição administrativa do INSS tem sido alterada, mas há
muita divergência ainda.
Essa divergência é bastante acentuada em relação aos julgamentos que tratam do enqua-
dramento do administrador da fazenda.
Há julgados que se alinham no sentido de que o administrador de fazenda é um traba-
lhador urbano, mesmo que trabalhe em meio rural. Mas, há outros julgados que dizem que o
administrador de fazenda é naturalmente um trabalhador rural se trabalhar em meio rural. De
fato, não faria sentido um tratorista ser considerado rural se operasse sua máquina no meio
da cidade.
No Superior Tribunal de Justiça, tem prevalecido a linda que enquadra um administrador
da fazenda como trabalhador rural. Colaciono abaixo um julgado do STJ nessa linha. Senão,
vejamos:

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PREVIDENCIÁRIO - EMBARGOS DECLARATÓRIOS - ARTS. 535 II DO CPC - OBSCURI-


DADE INEXISTENTE - TRABALHADOR RURAL? PROVA DOCUMENTAL? CERTIDÃO DE
CASAMENTO - ANOTAÇÕES NA CTPS? CARÊNCIA - INEXIGIBILIDADE - CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO.
- A norma processual é clara ao fixar as hipóteses, na via dos Embargos Declaratórios,
de mudança do teor do julgado prolatado, tais como, omissão, contradição ou obscuri-
dade. Não é o caso dos autos, porquanto o mesmo não incorreu em nenhuma das hipó-
teses. No caso em exame, não se vislumbra qualquer indício da omissão apontada que
venha a justificar o caráter infringente do julgado.
- No que se refere à comprovação da atividade rurícola do autor, além dos depoimen-
tos testemunhais, a Certidão de Casamento, acostada à fls.08 dos autos, que declara
sua profissão de tratorista e as anotações em sua CTPS comprovam seu trabalho em
empresas agropecuárias no cargo de tratorista e serviços gerais da fazenda, o que cons-
titui um início razoável de prova material para comprovação do exercício da atividade
laborativa rural.
- Quanto à falta de preenchimento do requisito do período de carência, não representa
óbice para a concessão do benefício de aposentadoria por idade, pois o art. 143, da Lei
8.213/91, dispensa, expressamente, essa exigência, em se tratando de trabalhador rural.
- Precedentes desta Corte - Recurso conhecido, porém, desprovido.
(REsp 591.370/MG, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em
03/06/2004, DJ 02/08/2004, p. 529)

Veja, contudo, que a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados


Especiais Federais, em pedido de uniformização de sua jurisprudência, já decidiu, recente-
mente, no sentido de que deve valer a literalidade do que consta na Instrução Normativa INSS
77/15, ou seja, de que o administrador da fazenda é considerado empregado urbano ou con-
tribuinte individual urbano, conforme a relação de trabalho formada.
Vejamos:

De rigor anotar, nesse sentido, que a segunda testemunha ouvida, Aldoney Batista
Siqueira, ratificou o exercício da atividade de administrador de fazenda por parte do
genitor do postulante.

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Insta destacar, contudo, que referida atividade vincula quem a desenvolve ao regime
urbano como empregado ou contribuinte individual, nos termos do que dispõe a Instru-
ção Normativa n. 77/2015 do Instituto Nacional do Seguro Social:
Art. 7º. (...) V - o segurado, ainda que tenha trabalhado para empregador rural ou para
empresa prestadora de serviço rural, no período anterior ou posterior à vigência da Lei
n. 8.213, de 1991, será considerado como filiado ao regime urbano como empregado ou
contribuinte individual, conforme o caso, quando enquadrado, dentre outras, nas seguin-
tes categorias:
a) carpinteiro, pintor, datilógrafo, cozinheiro, doméstico e toda atividade que não se
caracteriza como rural;
b) motorista, com habilitação profissional, e tratorista;
c) empregado do setor agrário específico de empresas industriais ou comerciais, assim
entendido o trabalhador que presta serviços ao setor agrícola ou pecuário, desde que tal
setor se destine, conforme o caso, à produção de matéria-prima utilizada pelas empre-
sas agroindustriais ou à produção de bens que constituíssem objeto de comércio por
parte das empresas agrocomerciais, que, pelo menos, desde 25 de maio de 1971, vigên-
cia da Lei Complementar - LC n. 11, de 25 de maio de 1971, vinha sofrendo desconto
de contribuições para o ex-Instituto Nacional de Previdência Social - INPS, ainda que a
empresa não as tenha recolhido;
d) empregado de empresa agroindustrial ou agrocomercial que presta serviço, indistin-
tamente, ao setor agrário e ao setor industrial ou comercial;
e) motosserrista;
f) veterinário e administrador e todo empregado de nível universitário;
g) empregado que presta serviço em loja ou escritório; e
h) administrador de fazenda, exceto se demonstrado que as anotações profissionais
não correspondem às atividades efetivamente exercidas (grifei).
Dessa forma, resta evidenciado que a subsistência do grupo familiar a que pertencia o
autor não dependia de atividades típicas de segurados especiais, tampouco era prove-
niente do exercício de trabalho campesino em regime de economia familiar.
Assim, nada obstante a relação do requerente com o meio rural tenha sido indicada
por início de prova material e corroborada pelas testemunhas, não merece trânsito o
pedido de reconhecimento da qualidade de segurado especial no período de 25/09/1970

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a 31/12/1975, porque não integrava família típica de agricultores de subsistência em


regime de economia familiar.
(...)
(Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Presidência) 5001223-
08.2017.4.04.7032, MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO - TURMA NACIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO.)
Diversamente da TNU e, então, seguindo a linha do STJ, já decidiu o Tribunal Regional
Federal da 1ª Região no sentido de que o administrador de fazenda é empregado rural
sim. Vejamos:
APELAÇÃO CIVEL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO
ESPECIAL DO INSTITUIDOR COMPROVADA. QUALIDADE DE DEPENDENTE INCONTESTE.
FILHOS. BENEFÍCIO DEVIDO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. CORREÇÃO MONE-
TÁRIA E JUROS.
(...)
4. Consta nos autos início de prova documental relativo ao exercício de atividade rural
em regime de economia familiar pelo falecido como, por exemplo, registro de vínculo
empregatício em CTPS de natureza rural, como administrador de fazenda, entre 1984 e
1987 (f. 14) e certidão de óbito, com profissão lavrador, corroborada por prova testemu-
nhal.
(...)
6. Recurso parcialmente provido.
(AC 0023516-83.2010.4.01.9199, JUIZ FEDERAL RÉGIS DE SOUZA ARAÚJO, TRF1 - PRI-
MEIRA TURMA, e-DJF1 13/11/2015 PAG 369.)

Enfim e em suma: além da TNU, nem sempre os tribunais de segunda instância tem feito
alinhamento ao Superior Tribunal de Justiça, até porque, ao que se sabe, até o momento, não
há um precedente vinculante nos tribunais superiores em relação a esse tema.
Em outras atividades também há essa celeuma. Vejamos o caso do motosserista, confor-
me o seguinte julgado do TRF-1ª Região5, que considerou tal atividade como sendo urbana:

(...)
Com efeito, consoante observou o douto juízo primevo, mesmo a certidão de óbito o
qualifica como “motosserrista”, sendo que a narrativa do boletim de ocorrência indica
que a morte deu-se durante o carregamento de toras de madeira em um caminhão.

AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 289.

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2. Ausente início de prova material idôneo a comprovar a qualidade de trabalhador


rural (...)
(TRF-1ª Região - APELAÇÃO CÍVEL 200601990443056/MT, RELATOR(A): JUIZ FEDE-
RAL FRANCISCO HÉLIO CAMELO FERREIRA – julgado em 16/06/2011)

Cito outro julgado, agora no âmbito do TRF-3ª Região, que entendeu que o tratorista é
rural, caso opere o trator em meio rural:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO.


TRATORISTA. OPERADOR DE MOTOSSERRA. TRABALHADOR RURAL.
(...)
2. Para que seja considerado trabalhador urbano, o operário, muito embora empregado
em empresa rural, deve trabalhar no escritório ou nas instalações industriais, sem liga-
ção direta com a atividade campesina.
3. Se tratorista opera um trator para uma empresa instituída no meio urbano e de ativi-
dades tipicamente urbanas, evidentemente que é trabalhador urbano, mas se labora no
campo em atividade diretamente ligada ao meio rural, é rurícola. Precedentes do STJ,
desta Corte e do TST. Orientação Jurisprudencial do TST.
4. O operador de motosserra, se trabalha em empresa urbana, na poda de árvores em
ruas, por exemplo, não pode ser considerado rurícola, mas, se a sua atividade é rural, em
empresa rural, então é campesino. Precedentes do TST. 5. NFLD anulada. 6. Apelação da
autora provida.
(TRF3, AC n.º 00334372219954036100, Rel. Des. Fed. Henrique Herkenhoff, 2ª T., D:
07/04/2009, DJU: 23/04/2009).

Vale observar ¬– e aí faço a lembrança do capítulo anterior – que toda essa distinção é
sobremaneira relevante no aspecto prático e não meramente conceitual. Influencia direta-
mente, por exemplo, na eleição do requisito temporal da aposentadoria por idade destes tra-
balhadores. No quanto da carência, não é tão relevante, pois veja: a comprovação da filiação
no caso do administrador da fazenda dar-se-á pelo seu registro formal de trabalho em car-
teira assinada, de modo que, como se sabe, a Lei Previdenciária retira disso a presunção de

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que seu empregador promoverá o recolhimento das contribuições previdenciárias aos cofres
do INSS. Logo, não será importante para o caso a distinção do enquadramento sobre ser rural
ou urbana no que toca ao cumprimento da carência, pois os 15 anos de contribuição mínima
estarão contemplados naquela presunção citada.
O que mudará, em termos de requisitos para aposentação, será a redução ou não do re-
quisito etário, eis que para todo e qualquer trabalhador rural, como vimos no capítulo anterior
ao presente, haverá a redução da idade mínima para se aposentar. Para os homens, como se
sabe, a idade mínima é de 65 anos. Já para as mulheres, a idade mínima hoje é de 62 anos, de
acordo com as últimas alterações advindas pela EC 103/19.

Professor, existe alguma lei no Brasil que defina o que é trabalhador rural?

SIM, existe a Lei n. 5.889/73, mas é importante observar que o rol lá presente não é exaus-
tivo, mas sim exemplificativo. Essa, pelo menos, e a interpretação que tem sido extraída da
leitura das normas daquela lei. Daí se permite concluir que casos como o do administrador da
fazenda sejam resolvidos mediante a conclusão de que a preponderância de sua atividade se
vincula à finalidade de manutenção das lides rurais no interior do imóvel da fazenda.

2.1.1. Segurado Empregado

Vamos tratar agora da primeira subespécie de segurado obrigatório: o segurado empre-


gado. São os artigos 12, inciso I, da Lei n. 8.212/91, bem como o artigo 9º, inciso I, do Decreto
n. 3.048/99 que indicam quais são os casos de segurado empregado.
Vejamos os referidos dispositivos:

LEI N. 8.212/91
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob
sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica,
presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e perma-
nente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;

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c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado


em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos
o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação
previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira
de capital nacional;
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias,
inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais; (Incluída pela Lei n. 8.647, de 13.4.93)
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil,
salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei n. 9.876, de
1999).
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime
próprio de previdência social; (Incluído pela Lei n. 10.887, de 2004).
......................................................................................................
LEI N. 8.213/91
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (Redação
dada pela Lei n. 8.647, de 1993)
I – como empregado: (Redação dada pela Lei n. 8.647, de 1993)
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob
sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica,
presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e
permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos
o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação
previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira
de capital nacional;
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias,
inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais. (Incluída pela Lei n. 8.647, de 1993)
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime
próprio de previdência social; (Incluída pela Lei n. 9.506, de 1997)

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i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil,


salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei n. 9.876, de
26.11.99)
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime
próprio de previdência social; (Incluído pela Lei n. 10.887, de 2004)
......................................................................................................
DECRETO N. 3.048/99
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob
sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, por prazo não superior a três
meses, prorrogável, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de
pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço de outras empresas, na
forma da legislação própria;
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
no exterior, em sucursal ou agência de empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede
e administração no País;
d) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante pertencente a empresa
constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no País e cujo controle efetivo
esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas
e residentes no País ou de entidade de direito público interno;
e) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos
o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação
previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;
f) o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais internacionais dos
quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se amparado por
regime próprio de previdência social;
g) o brasileiro civil que presta serviços à União no exterior, em repartições governamentais
brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de que tratam os arts. 56 e 57 da
Lei no
11.440, de 29 de dezembro de 2006, este desde que, em razão de proibição legal, não possa filiar-se
ao sistema previdenciário local; (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei no 11.788, de
25 de setembro de 2008; (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações,
ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e
fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por
regime próprio de previdência social;
l) o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas respectivas
autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal;

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m) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e funda-
ções, ocupante de emprego público;
o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21
de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em
conformidade com a Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994; e
p) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime
próprio de previdência social; (Redação dada pelo Decreto n. 5.545, de 2005)
q) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil,
salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pelo Decreto n. 3.265,
de 1999)
r) o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, na forma do art. 14-A da Lei no
5.889, de 8 de junho de 1973, para o exercício de atividades de natureza temporária por prazo não
superior a dois meses dentro do período de um ano; (Incluído pelo Decreto n. 6.722, de 2008).

Cabe frisar, de início, que, quando falamos de segurado empregado, não se trata de en-
quadramento que se encerra pura e simplesmente na definição de contrato de trabalho da le-
gislação trabalhista. Ou seja, haverá casos de segurados obrigatórios que não se enquadram
exatamente dentro da caracterização firmada pelos elementos “remuneração”, “pessoalida-
de”, “subordinação” e “habitualidade”, mas que, mesmo assim, serão segurados obrigatórios
na condição de segurados empregados.
Quem é segurado empregado, então?
No BRASIL é aquele que:
• presta serviço urbano à empresa, não eventual, com subordinação e remuneração;
• presta serviço rural à empresa, não eventual, com subordinação e remuneração;
• presta serviço à empresa de trabalho temporário (p/ atender à necessidade transitória
de substituição de pessoal regular e permanente);
• presta serviço à empresa de trabalho temporário (p/ atender ao acréscimo extraordiná-
rio de serviços de outras empresas);
• presta serviço à missão diplomática (e a órgãos a ela subordinados);
• presta serviço à repartição consular de carreira estrangeira (e a órgãos a ela subordi-
nados);
• presta serviço a membros dessas missões diplomáticas e repartições consulares.

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Excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela
legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular
(exceção ao princípio da territorialidade da lei previdenciária nacional).

• é servidor público ocupante de cargo em comissão na União, autarquias federais (in-


clusive em regime especial) e fundações públicas federais;
• o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no
Brasil (se for no exterior é CONTRIBUINTE INDIVIDUAL), salvo quando coberto por regi-
me próprio de previdência social;
• o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado
a regime próprio de previdência social.

No EXTERIOR, é o:
• brasileiro que trabalha como empregado em sucursal ou agencia de empresa nacional
no exterior;
• estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil, mas que trabalha como empregado em
sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;
• brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior (mesmo que lá domiciliado e con-
tratado), em organismos oficiais brasileiros (salvo se segurado na forma da legislação
vigente do país do domicílio);
• brasileiro civil que trabalha para União, no exterior (mesmo que lá domiciliado e contra-
tado), em organismos internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo (salvo se
segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio);
• brasileiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em em-
presa domiciliado no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa bra-
sileira de capital nacional;
• estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em em-
presa domiciliado no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa bra-
sileira de capital nacional.

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Os Empregados

Aqui o conceito é bastante próximo ao da Consolidação das Leis do Trabalho, em seu


art. 3º. Exige-se, com isso, a presença dos elementos da “remuneração”, “habitualidade”,
“pessoalidade” e “subordinação” para que se tenha uma relação de emprego e, sendo assim,
ser segurado do RGPS.
E quanto ao menor aprendiz? Ele é considerado segurado empregado também?
SIM. Isso porque a o art. 428 da CLT define o contrato de aprendizagem como sendo um
contrato de trabalho especial, escrito e com prazo determinado. Nesse contrato, o emprega-
dor fica comprometido a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos uma formação técni-
co-profissional metódica.
Vejamos:

Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por
prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e
menor de dezoito anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional me-
tódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar,
com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação.

Portanto, o menor aprendiz é segurado obrigatório do RGPS, sendo segurado obrigatório


na condição de segurado empregado.
Sobre os limites mínimos para que se considere lícito o trabalho como empregado, bem
como menor aprendiz, a Instrução Normativa do INSS n. 77/15 explicita-os bem, senão veja-
mos:

§ 1º O limite mínimo de idade para ingresso no RGPS do segurado obrigatório que exerce atividade
urbana ou rural, do facultativo e do segurado especial, é o seguinte:
I – até 14 de março de 1967, véspera da vigência da Constituição Federal de 1967, quatorze anos;
II – de 15 de março de 1967, data da vigência da Constituição Federal de 1967, a 4 de outubro de
1988, véspera da promulgação da Constituição Federal de 1988, doze anos;
III – a partir de 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal de 1988 a 15 de
dezembro de 1998, véspera da vigência da Emenda Constitucional n. 20, de 1998, quatorze anos,
exceto para menor aprendiz, que conta com o limite de doze anos, por força do art. 7º, inciso XXXIII,
da Constituição Federal; e
IV – a partir de 16 de dezembro de 1998, data da vigência da Emenda Constitucional n. 20, de 1998,
dezesseis anos, exceto para menor aprendiz, que é de quatorze anos, por força do art. 1º da referida
Emenda, que alterou o inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal de 1988.

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Em síntese, as idades mínimas são:


• até a vigência da 1967: 14 anos;
• de 1967 até a CF/88: 12 anos;
• da CF/88 até a EC 20/98: 14 anos e 12 anos para menor aprendiz;
• da EC 20/98 até os dias atuais: 16 anos e 14 anos para menor aprendiz.

E quanto ao aluno-aprendiz? É segurado do RGPS?


DEPENDE.
Primeiramente, cabe registrar que o aluno aprendiz não é a mesma coisa que menor apren-
diz. O menor aprendiz deriva de um contrato de aprendizagem. Já o aluno aprendiz deriva de
escolas técnicas federais que antigamente existiam no Brasil. O aluno-aprendiz aprendia tra-
balhando em escola técnica federal, recebendo ou não pecúnia à conta do orçamento público,
ou salário indireto, representado por alimento, fardamento, atendimento médico-odontológi-
co e pousada.
O empregado-aprendiz é o menor-aprendiz, empregado regido pela CLT, e sua condição
de aprendiz é dirigida a uma proficiência pessoal no interesse de seu empregador, além de o
curso estar inserido no expediente de trabalho.
Sobre o aluno aprendiz, o art. 76 da instrução Normativa INSS 77/15 trata do assunto da
seguinte forma:

Do aluno aprendiz
Art. 76. Os períodos de aprendizado profissional realizados até 16 de dezembro de 1998, data da
vigência da Emenda Constitucional n. 20, de 1998, serão considerados como tempo de serviço/
contribuição independentemente do momento em que o segurado venha a implementar os demais
requisitos para a concessão de aposentadoria no RGPS, podendo ser contados:
I – os períodos de frequência às aulas dos aprendizes matriculados em escolas profissionais man-
tidas por empresas ferroviárias;
II – o tempo de aprendizado profissional realizado como aluno aprendiz, em escolas industriais
ou técnicas, com base no Decreto-Lei n. 4.073, de 30 de janeiro de 1942 (Lei Orgânica do Ensino
Industrial), a saber:
a) período de frequência em escolas técnicas ou industriais mantidas por empresas de iniciativa
privada, desde que reconhecidas e dirigidas a seus empregados aprendizes, bem como o realizado
com base no Decreto n. 31.546, de 6 de outubro de 1952, em curso do Serviço Nacional da Indús-
tria - SENAI, ou Serviço Nacional do Comércio - SENAC, ou instituições por eles reconhecidas, para
formação profissional metódica de ofício ou ocupação do trabalhador menor; e

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b) período de frequência em cursos de aprendizagem ministrados pelos empregadores a seus em-


pregados em escolas próprias para essa finalidade ou em qualquer estabelecimento de ensino
industrial;
III – os períodos de frequência em escolas industriais ou técnicas da rede de ensino federal, escolas
equiparadas ou reconhecidas, desde que tenha havido retribuição pecuniária à conta do orçamento
respectivo do Ente Federativo, ainda que fornecida de maneira indireta ao aluno, observando que:
a) só poderão funcionar sob a denominação de escola industrial ou escola técnica os estabele-
cimentos de ensino industrial mantidos pela União e os que tiverem sido reconhecidos ou a eles
equiparados (incluído pelo Decreto-Lei n. 8.680, de 15 de janeiro de 1946);
b) entende-se como equiparadas as escolas industriais ou técnicas mantidas e administradas pe-
los Estados ou pelo Distrito Federal e que tenham sido autorizadas pelo Governo Federal (disposi-
ção do Decreto-Lei n. 4.073, de 1942); e
c) entende-se como reconhecidas as escolas industriais ou técnicas mantidas e administradas
pelos Municípios ou por pessoa natural ou pessoa jurídica de direito privado e que tenham sido
autorizadas pelo Governo Federal (disposição do Decreto-Lei n.4.073, de 1942).
Art. 77. Os períodos citados no art. 76 serão considerados, observando que:
I – o Decreto-Lei n. 4.073, de 1942, vigente no período compreendido entre 30 de janeiro de 1942 a
15 de fevereiro de 1959, reconhecia o aprendiz como empregado bastando assim a comprovação
do vínculo;
II – o tempo de aluno aprendiz desempenhado em qualquer época, ou seja, mesmo fora do período
de vigência dos dispositivos do Decreto-Lei n. 4.073, de 1942, de que trata o tema, somente poderá
ser considerado como tempo de contribuição desde que comprovada a remuneração e o vínculo
empregatício, conforme Parecer MPAS/CJ n. 2.893, de 12 de novembro de 2002; e
III – considerar-se-á como vínculo e remuneração a comprovação de frequência e os valores re-
cebidos a título de alimentação, fardamento, material escolar e parcela de renda auferida com a
execução de encomendas para terceiros, entre outros.
Art. 78. A comprovação do período de frequência em curso do aluno aprendiz a que se refere o
art. 76, far-se-á:
I – por meio de certidão emitida pela empresa quando se tratar de aprendizes matriculados em
escolas profissionais mantidas por empresas ferroviárias;
II – por certidão escolar nos casos de frequência em escolas industriais ou técnicas a que se refere
o inciso II do art. 76, na qual deverá constar que:
a) o estabelecimento era reconhecido e mantido por empresa de iniciativa privada;
b) o curso foi efetivado sob seu patrocínio; ou
c) o curso de aprendizagem nos estabelecimentos oficiais ou congêneres foi ministrado mediante
entendimentos com as entidades interessadas.
III – por meio de Certidão de Tempo de Contribuição - CTC, na forma da Lei n. 6.226, de 14 de julho
de 1975, e do Decreto n.85.850, de 30 de março de 1981, quando se tratar de frequência em escolas
industriais ou técnicas da rede federal, bem como em escolas equiparadas ou reconhecidas cita-
das nas alíneas “b” e “c” do inciso III do art. 76, nos casos de entes federativos estaduais, distritais
e municipais, desde que à época, o Ente Federativo mantivesse RPPS;
IV – por meio de certidão escolar emitida pela instituição onde o ensino foi ministrado, nos casos
de frequência em escolas industriais ou técnicas a que se refere o inciso III do caput, desde que à
época, o ente federativo não mantivesse RPPS, devendo constar as seguintes informações:

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a) a norma que autorizou o funcionamento da instituição;


b) o curso frequentado;
c) o dia, o mês e o ano do início e do fim do vínculo de aluno aprendiz; e
d) a forma de remuneração, ainda que indireta.
Parágrafo único. Para efeito do disposto na alínea “a” do inciso IV do caput, deverá restar compro-
vado que o funcionamento da instituição foi autorizado pelo Governo Federal, conforme art. 60do
Decreto-Lei n. 4.073, de 1942.

De início, também antes de explicitar as razões e as circunstancias que permitem, em cer-


tos casos, a consideração do aluno-aprendiz como segurado do RGPS e, consequentemente,
a consideração de seu tempo de serviço como tempo de contribuição, quero ressaltar o se-
guinte: em tese, somente os períodos de aluno aprendiz até a Emenda Constitucional 20/98 é
que poderiam ser considerados como tempo de serviço, independentemente de efetiva con-
tribuição, pois, como vimos em nosso curso, o tempo de serviço foi substituído pelo efetivo
tempo de contribuição naquela Emenda.
Mas o Decreto n. 6.722/08, alterando o art. 130 do Decreto n. 3.048/99, explicitou que, em
conformidade com o que dispõe o art. 4º da EC n. 20/1998,

o tempo de serviço considerado pela legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até
que a lei discipline a matéria, será contado como tempo de contribuição

e incluiu o inciso XXII no art. 60 daquele mesmo Decreto (3.048/99).


Assim, na prática, não importa se antes ou após a EC 20/98, o tempo de serviço como
aluno-aprendiz será considerado como tempo de contribuição independentemente da efetiva
contribuição recolhida.
Vejamos o art. 60, XXII do Decreto n. 3.048/99:

Art. 60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre
outros:
XXII – o tempo exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado pro-
fissional realizado em escola técnica, desde que comprovada a remuneração, mesmo que indireta,
à conta do orçamento público e o vínculo empregatício. (Incluído pelo Decreto n. 6.722, de 2008).

A norma infralegal, portanto, explicita que deve haver a comprovação da remuneração,


mesmo que indireta, ou seja, in natura, à conta do orçamento, bem como a demonstração do
vínculo de emprego.

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Muito bem.
Para a consideração do tempo de aluno-aprendiz, o TCU, desde 1976, já havia editado a
Súmula 96, cristalizando seu entendimento no sentido da norma acima, exigindo a retribuição
direta ou indireta à conta do orçamento. Senão, vejamos a redação original daquela súmula:

Conta-se para todos os efeitos, como tempo de serviço público, o período de trabalho
prestado, na qualidade de aluno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde que
comprovada a retribuição pecuniária à conta do Orçamento, admitindo-se, como tal,
o recebimento de alimentação, fardamento, material escolar e parcela de renda auferida
com a execução de encomendas para terceiros.

Como visto, por parte do TCU, não havia a menção à comprovação do vínculo de empre-
go como requisito para a comprovação do tempo do aluno-aprendiz. Isso mudou em 1994,
quando o TCU passou a exigir também o vínculo de emprego, mudando a Súmula 96 para a
seguinte redação:

Conta-se, para todos os efeitos, como tempo de serviço público, o período de trabalho
prestado, na qualidade de aluno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde que
haja vínculo empregatício e retribuição pecuniária à conta do Orçamento.

A Súmula 96, do TCU, posteriormente foi alterada para excluir a possibilidade de con-
sideração de pagamento in natura, ou remuneração indireta. Assim, para o TCU, a simples
prestação de auxílio material não seria suficiente para o computo do tempo de serviço do
aluno-aprendiz.
Vejamos a diferença entre a redação primitiva e a redação alterada:

REDAÇÃO PRIMITIVA
Conta-se para todos os efeitos, como tempo de serviço público, o período trabalhado
prestado, na qualidade de aluno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde que
haja vínculo empregatício e retribuição pecuniária à conta do Orçamento, admitindo-se,
como tal, o recebimento de alimentação, fardamento, material escolar e parcela de renda
auferida com a execução de encomendas de terceiros.

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REDAÇÃO ALTERADA
Conta-se, para todos os efeitos, como tempo de serviço público, o período de trabalho
prestado, na qualidade de aluno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde que
haja vínculo empregatício e retribuição pecuniária à conta do Orçamento.

Além dessa exigência que passou a ser feita, havia também, no pano de fundo dos deba-
tes, o argumento de que, após a Lei n. 3.552/59 – que passou a dispor que a remuneração dos
alunos seria paga por terceiros, demandante das encomendas feitas –, o tempo de serviço
dos alunos nas escolas não poderia ser computado para fins de aposentadoria, já que não
haveria mais a remuneração à conta do orçamento. Diante disso, considerando que não have-
ria pagamento direto pela União, o TCU entendia que a Súmula 96 não se aplicava aos casos
posteriores a Lei n. 3.552/59.
Mas, posteriormente, em 2005, houve alteração, pelo TCU, da Súmula 96, que voltou a
considerar a remuneração indireta:

Conta-se para todos os efeitos, como tempo de serviço público, o período de trabalho
prestado, na qualidade de aluno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde que
comprovada a retribuição pecuniária à conta do Orçamento, admitindo-se, como tal,
o recebimento de alimentação, fardamento, material escolar e parcela de renda auferida
com a execução de encomendas para terceiros.

Já no campo jurisprudencial, o Supremo Tribunal Federal, há muitos anos, nos idos de


1968, entendia que um dos requisitos era o vínculo de emprego, conforme visto no julgamento
do RMS n. 18.538/GB6 :

Contagem de tempo de serviço do funcionário autárquico (Lei n. 1.711/1952, art. 268).


Nele não se inclui o período em que o servidor cursou escola profissional da União, da
qual não recebia paga e com a qual não mantinha relação empregatícia. Resolução que
determinou essa contagem, posteriormente revogada, não gera direito adquirido em

CALAZANS, Fernando Ferreira. In: “Cômputo do tempo de serviço de aluno aprendiz de escola federal profissional para
fins de aposentadoria”. Disponível em: <http://amiprem.com.br/informativos/computo_do_tempo_de_servico_de_aluno_
aprendiz_de_escola_federal_bda_dez_2015.PDF> Acesso em 22 mar. 2020, às 18:30.

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favor do servidor, por ter sido expedida sem base legal. A Administração Pública pode
declarar a nulidade dos seus próprios atos (Súmula n. 346). Recurso desprovido.

Mais recentemente, a Corte Suprema reiteradamente proferiu julgados sem exigir, contudo,
o vínculo de emprego para que o tempo de serviço do aluno-aprendiz seja considerado
para aposentadoria:

Mandado de segurança. Aposentadoria. Contagem de tempo. Aluno aprendiz.


Decadência. Ato complexo. Súmula n. 96/TCU. Concessão do benefício. [...]
II – A questão encontra-se regulamentada pela Lei n. 3.442/1959, que não alterou a
natureza das atividades e a responsabilidade dos aprendizes estabelecidas pelo
Dec.--Lei n. 8.590/1946.
III – A Súmula n. 96/TCU prevê a possibilidade de contagem, para efeito de tempo de
serviço, do trabalho prestado por aluno aprendiz, desde que comprovada sua retribuição
pecuniária, para cálculo de concessão do benefício de aposentadoria. [...]
(STF – MS n. 28.576/DF – Rel. Min. Ricardo Lewandowski – 2ª Turma – DJe de 11.6.2014)
.....................................................................................................
Agravo regimental. Mandado de segurança. Aposentadoria. Contagem de tempo. Aluno
aprendiz. Mudança de orientação do TCU quanto aos requisitos exigidos, após a
concessão da aposentadoria. Impossibilidade. Agravo regimental a que se nega provimento.
I – A questão encontra-se regulamentada pela Lei n. 3.442/1959, que não alterou a
natureza das atividades e a responsabilidade dos aprendizes estabelecidas pelo
Dec.--Lei n. 8.590/1946.
II – A Súmula n. 96/TCU prevê a possibilidade de contagem, para efeito de tempo de
serviço, do trabalho prestado por aluno aprendiz, desde que comprovada sua retribuição
pecuniária, para cálculo de concessão do benefício de aposentadoria. [...]
(STF – MS n. 27.615 AgR/AL – Rel. Min. Ricardo Lewandowski – Pleno – DJe de
13.6.2014.)

Mas, atenção: o STF alterou novamente seu entendimento no julgamento do MS 31518/


DF, para abrandar a exigência de requisitos, asseverando não ser relevante se havia ou não
remuneração direta, ou indireta, mas sim se houve a comprovação de efetiva execução do
ofício

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para o qual o aluno recebia as instruções, ofício esse que se materializava nas encomendas
de terceiros.
Assim destacou, portanto, o Supremo, no ano de 2017:

O elemento essencial à caracterização do tempo de serviço como aluno-aprendiz não é


a percepção de vantagem direta ou indireta, mas a efetiva execução do ofício para o qual
recebia instrução, mediante encomendas de terceiros.
STF. 1ª Turma. MS 31518/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2017 (Info 853).

Mas veja que esse entendimento já era dado pelo TCU, desde 2011, em seus julgados:

O que caracteriza o tempo de serviço de aluno-aprendiz não é o recebimento de alimen-


tação, fardamento, material escolar ou mesmo de um auxílio financeiro, mas sim a exe-
cução de atividades com vistas a atender encomendas de terceiros.
(Acórdão 8679/2011-Primeira Câmara - Data da sessão 27/09/2011 – Relator VALMIR
CAMPELO)

Veja, nesse sentido, que o Acórdão 6714/15, julgado na Primeira Câmara do TCU, assina-
lou que

Para a contagem como tempo de serviço público, para todos os efeitos de período tra-
balhado na qualidade de aluno-aprendiz, além da comprovação de recebimento de retri-
buição pecuniária à conta do Orçamento da União, é essencial a prova do labor do então
estudante na execução de encomendas recebidas da escola7.

Portanto, para que seja considerado segurado empregado, o aluno aprendiz deve receber
remuneração, ainda que tal remuneração tenha se dado de maneira indireta, tal como por
meio de alimentação, material escolar, fardamento, parcela de renda auferida com a execução
de encomendas para terceiros, etc.
A súmula 18 da Turma Nacional de Uniformização foi alterada recentemente, no PEDILEF
n. 0525048-76.2017.4.05.8100, julgamento: 14/02/2020, passando a exigir a prova da exe-
cução de bens e serviços destinados a terceiros, na esteira da alteração da Súmula 96, TCU.

AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 293

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Vejamos:

Para fins previdenciários, o cômputo do tempo de serviço prestado como aluno-apren-


diz exige a comprovação de que, durante o período de aprendizado, houve simultanea-
mente:
(i) retribuição consubstanciada em prestação pecuniária ou em auxílios materiais;
(ii) à conta do Orçamento;
(iii) a título de contraprestação por labor;
(iv) na execução de bens e serviços destinados a terceiros.

Na condição de segurado empregado – também devemos lembrar –, figura ainda o em-


pregado rural.
O trabalho do empregado rural é regulado pela Lei n. 5889/73. O empregado rural é toda
pessoa física que, em propriedade rural ou em prédio rústico, presta serviços de natureza não
eventual, sobre a dependência deste e mediante salário. Cabe lembrar que, para o empregado
rural, também vige a presunção de recolhimentos previdenciários por parte de seu emprega-
dor.
Assim, mesmo que não haja o efetivo recolhimento das contribuições previdenciárias ao
INSS, o empregado rural não deixa de ser segurado obrigatório do Regime Geral da Previdên-
cia Social e, consequentemente, não deixa de estar coberto e, assim, poder gozar dos benefí-
cios previdenciários previstos.
Por fim, cabe lembrar que o empregado público, conforme a previsão dada pelo art. 40, pa-
rágrafo 13, da Constituição Federal, está abrangido pelo Regime Geral da Previdência Social,
eis que é regulado pela Consolidação das Leis do Trabalho.

O Empregado Temporário

O trabalhador temporário é regulado pelas normas da Lei n. 6019/74, a qual já foi modifi-
cada pela Lei n. 13.429/17. A definição de trabalho temporário dada pela norma é a seguinte:
o trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma pessoa
para uma empresa de trabalho temporário em que a coloca à disposição de uma empresa
tomadora de serviços, para atender a necessidade de substituição transitória de pessoal ou
para atender a demanda complementar de serviços.

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Qual é o prazo máximo de um contrato de trabalho temporário?


O prazo máximo é de 180 dias, consecutivos ou não. Esse prazo pode ser prorrogado por
até 90 dias, também consecutivos ou não, mas apenas quando comprovada a manutenção
das condições iniciais do contrato.
E o que é empresa de trabalho temporário?
De trabalho temporário é a pessoa física ou jurídica de natureza urbana, que possui ati-
vidade de colocar à disposição de outras empresas trabalhadores temporários. Note-se que
não há como se ter uma empresa de trabalho temporário e rural.

O Empregado Brasileiro ou Estrangeiro em Empresa Brasileira no Exterior

Agora vamos ver um caso de extraterritorialidade da Lei Previdenciária. Trata-se do em-


pregado brasileiro ou estrangeiro que trabalha em sucursal ou agência de uma empresa bra-
sileira no exterior. Veja, contudo, que esse brasileiro ou estrangeiro deve ter domicílio no Brasil
e deve ter sido contratado no Brasil para que a extraterritorialidade da lei previdenciária al-
cance a sua relação de emprego no exterior, por fim.
Assim, em suma, ambas as pontas desta história devem apresentar elementos nacionais
– ou seja, na formação do documento comprobatório de execução de serviços, o contrato
deve ser feito no Brasil, bem como as partes devem ter domicílio no Brasil, enquanto que, na
parte final da cadeia, a empresa deve ser brasileira também.
E qual é o conceito de empresa brasileira?
O conceito de empresa brasileira foi dado pelo constituinte originário no art. 171 da Cons-
tituição Federal, mas, posteriormente, esse conceito foi alterado pela Emenda Constitucional
06/95. Diante da alteração, desde então, basta que a pessoa jurídica, para ser brasileira, seja
constituída sob o império da lei brasileira, bem como conte com sede e administração no Bra-
sil, nada influindo para isso a nacionalidade de seu capital.

O Trabalhador de Missão Diplomática ou Repartição Consular no Brasil

A primeira questão que devemos observar nessa hipótese é que o trabalhador “não bra-
sileiro” que presta serviço a estes órgãos de carreira diplomática ou consular deve ter residência

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permanente no Brasil. Pois o artigo de lei é bem claro ao excluir o não brasileiro sem residên-
cia permanente no Brasil.
O brasileiro pode ser excluído também?
Pode, desde que a lei previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou reparti-
ção consular já lhe atenda no trato de sua previdência social. Em outros termos, o brasileiro
que já for coberto lá fora não estará coberto aqui dentro pelo Regime Geral da Previdência
Social nacional.
Perceba que a lei previdenciária, pela lógica, somente prevê a cobertura pelo Regime Geral
se o trabalhador tiver uma vida permanente, ou seja, uma residência permanente no Brasil,
constituindo e mantendo sua dinâmica ao longo dos anos por aqui, enquanto estiver frente a
frente, digamos, com as vulnerabilidades sociais cobertas pela previdência social brasileira.
O Regime Geral somente incide, somente entra em cena, diante da legislação previdenciária
brasileira, se não houver uma cobertura dada pela norma previdenciária do país no qual o tra-
balhador exerce suas atividades. E isso parece natural, na medida em que, se este trabalhador
já estiver coberto pelo regime previdenciário estrangeiro, possuindo cobertura equivalente na
norma previdenciária de outro país, não haverá a utilidade e a necessidade de cobertura pre-
videnciária feita pelos cofres do INSS.
Perceba, ainda, que a norma previdenciária que tratamos agora expande sua proteção não
apenas à missão diplomática ou à repartição consular de carreira estrangeira em si, mas tam-
bém a todos os órgãos a ela subordinados, bem como aos próprios membros dessas missões
e repartições.
À vista disso tudo, perceba, também, que o presente caso exemplifica uma hipótese de
exceção ao princípio da territorialidade da filiação ao regime geral de previdência social na-
cional. Isso por conta das exclusões acima noticiadas ao não brasileiro sem residência per-
manente, bem como ao brasileiro que já se encontra amparado pela legislação previdenciária
do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular. São exceções claras ao
princípio da territorialidade, pois embora a relação de trabalho tenha sido constituída e exe-
cutada em nosso país, em nosso território, não incidirá a norma previdenciária nacional em
tais casos de exclusão.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

A doutrina de Frederico Amado crítica a inexistência de uma opção facultativa ao brasilei-


ro que trabalhar nesses locais e já se encontrar amparado pela lei previdenciária do país da
respectiva missão diplomática ou repartição consular, conforme o seguinte8 :

Entende-se que esta previsão legal deveria ser alterada para melhor atender aos interesses do
brasileiro que presta serviços à missão diplomática e repartição consular estrangeira no Brasil, na
hipótese de cobertura pela previdência estrangeira.
Suponha-se hipoteticamente que José preste serviços a um consulado e que tenha cobertura da
previdência desse país, sendo, destarte, excluído do rol de segurados obrigatórios do RGPS.
Após 10 anos de serviço, José deixa de trabalhar para o consulado estrangeiro. Para tanto, tendo
em vista a inexistência de tratado internacional celebrado com o Brasil, esse período de serviço não
será comutado na previdência brasileira, o que irá prejudicar os interesses do segurado.
Assim sendo, entende-se que deverá haver uma alteração legislativa neste dispositivo para deixar
uma opção ao brasileiro para se filiar ao RGPS, o que excluiria a cobertura previdenciária estran-
geira.

Brasileiro Civil que Trabalha para União no Exterior em Organismos Oficiais


Brasileiros ou Internacionais

A primeira coisa que devemos observar aqui é que não é qualquer organismo oficial in-
ternacional, mas sim apenas aqueles dos quais o Brasil faz parte e é signatário. Além disso,
a outra hipótese normativa exige que o trabalho prestado se dê em um organismo brasileiro
que seja sediado no exterior e, bem assim seja oficial, de natureza pública, pois, e vinculado
à União.
Aqui não importa se o brasileiro é domiciliado e se o contrato foi no Brasil ou no exterior.
Nesses casos, tratando-se de brasileiro – e aí se considerando o princípio da nacionalidade
ativa, tal como se vê, inclusive, na doutrina de Direito Penal –, incide a Lei Previdenciária de
modo extraterritorial. Somente não incidirá de modo extraterritorial a lei previdenciária nacio-
nal se, tal como vimos, já houver a cobertura previdenciária no exterior, por meio de alguma lei
previdenciária vigente no país onde o brasileiro civil trabalhar, ou seja, onde o referido cidadão
brasileiro mantém o seu domicílio enquanto trabalha para o organismo oficial brasileiro ou
internacional do qual o Brasil é membro efetivo.
Fala-se, pois, diante disso, que se trata de uma norma previdenciária nacional de cunho
subsidiário, na medida em que somente incide a cobertura previdenciária do RGPS nacional,

AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 296.

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Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

na hipótese de não haver cobertura previdenciária estrangeira. Essa, aliás, é o que parece ser
a regra, notadamente pela leitura dos artigos 11 e 12, da IN INSS n. 77/15, que indica que as
missões diplomáticas e repartições consulares brasileiras no exterior

Deverão regularizar junto ao INSS a situação previdenciária dos auxiliares locais de


nacionalidade brasileira que, em razão de proibição da legislação local, não possam ser
filiados ao sistema previdenciário do país de domicílio.

Além disso, tenha muita atenção ao fato de que estou falando aqui de um trabalhador que
está abrangido por normas de direito privado e não de um servidor público. Eis que se assim
fosse, não estaríamos falando de Regime Geral de Previdência Social, mas sim do RPPS da
União.
Um caso bastante frequente da hipótese aqui tratada é a do chamado auxiliar local que
trabalha com frequência nas missões diplomáticas e repartições consulares do Ministério
das Relações Exteriores em outros países, bem como as representações internacionais das
Forças Armadas brasileiras – Aeronáutica, Marinha e Exército – no exterior. O auxiliar local
está previsto como segurado obrigatório do Regime Geral da Previdência Social, de maneira
clara, no art. 9º, inciso I, alínea “g”, do Decreto n. 3.048/99, bem como no art. 11, da Instrução
Normativa INSS n. 77/15.
Vejamos:

DECRETO N. 3.048/99
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: I – como
empregado:
g) o brasileiro civil que presta serviços à União no exterior, em repartições governamentais
brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de que tratam os arts. 56 e 57 da
Lei no
11.440, de 29 de dezembro de 2006, este desde que, em razão de proibição legal, não possa filiar-se
ao sistema previdenciário local; (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
.....................................................................................................
IN INSS 77/15
Do auxiliar local
Art. 11. Conforme definição dada pelo art. 56 da Lei n.11.440, de 29 de dezembro de 2006, auxiliar
local é o brasileiro ou o estrangeiro admitido para prestar serviços ou desempenhar atividades de
apoio que exijam familiaridade com as condições de vida, os usos e os costumes do país onde
esteja sediado o posto.

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Estudo das Normas e Regras Gerais do
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Art. 12. As Missões Diplomáticas e as Repartições Consulares do Ministério das Relações Exte-
riores, as Representações da Aeronáutica, as Representações da Marinha e as Representações
do Exército no exterior, deverão regularizar junto ao INSS a situação previdenciária dos auxiliares
locais de nacionalidade brasileira que, em razão de proibição da legislação local, não possam ser
filiados ao sistema previdenciário do país de domicílio.
§ 1º Salvo o disposto no caput, as relações previdenciárias relativas aos auxiliares locais contra-
tados a partir de 10 de dezembro de 1993, em conformidade com a Lei n. 8.745, de 1993, serão
regidas pela legislação vigente nos países em que estiverem sediados os postos das Missões
Diplomáticas e as Repartições Consulares do Ministério das Relações Exteriores, ou as Represen-
tações da Aeronáutica, Marinha ou Exército.

Brasileiro ou Estrangeiro que Trabalhar em Empresa no Exterior

O caso aqui é bastante semelhante ao do brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado


no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no
exterior. A diferença é que, nesse último caso, a empresa para a qual o brasileiro ou estran
geiro trabalha no exterior é uma empresa nacional, brasileira.
Caso a empresa para a qual o brasileiro ou estrangeiro trabalha no exterior seja uma
empresa estrangeira, mas com a maioria do capital votante pertencente a uma empresa
brasileira de capital nacional, estaremos falando da presente hipótese.
De todo modo, perceba que, em ambos os casos, para incidir a lei previdenciária brasileira,
o brasileiro ou o estrangeiro que trabalham no exterior devem ter sido contratados e devem
ser domiciliados no Brasil.
Mais uma vez, portanto, vemos nisso o princípio da territorialidade da filiação ao regime
geral de previdência social.
Vejamos os dispositivos pertinentes:

LEI N. 8.212/91
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I – como
empregado:
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira
de capital nacional;
......................................................................................................
DECRETO N. 3.048/99
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
d) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como
empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante pertencente a
empresa

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constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no País e cujo controle efetivo
esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas
e residentes no País ou de entidade de direito público interno9 ;

O Detentor de Mandato Eletivo Federal, Estadual ou Municipal

A inclusão dos detentores de cargo eletivo federal, estadual ou municipal como segurados
obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social, mais especificamente como segurados
empregados, começou com a Lei n. 9.506/97, norma essa que extinguiu o então chamado
Instituto de Previdência dos Congressistas. Essa lei, então, de cunho ordinário, vinculou os
congressistas ao RGPS.
Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, promovendo o controle de constitucionalidade
incidental, ou seja inter partes, ao julgar o recurso extraordinário n. 351.717, de 8 de outubro
de 2003, considerou inconstitucional a inclusão da alínea “h”, no art. 12, I, da Lei n. 8.212/91,
eis que isso se tratava, na prática, de uma criação de uma nova fonte de custeio não prevista
no artigo 195 da Constituição Federal, incisos I a IV. Até então, o referido artigo constitucional,
em seus incisos, não permitia, ainda que por extensão interpretativa, incluir os congressistas
como sujeitos passivos da obrigação de recolher contribuições previdenciárias.
E isso simplesmente porque a Lei n. 9.506/97, ao criar uma nova figura de segurado obri-
gatório, acabou instituindo, por via reflexa, uma nova fonte de custeio da seguridade social,
exigindo, a partir disso, o pagamento de uma nova contribuição social para a seguridade so-
cial, em desfavor daqueles detentores de cargos eletivos, hipótese essa que não havia sido
prevista, tampouco criada, por meio de lei complementar. Ou seja, tudo se deu em desacordo
com as regras constitucionais de exercício da competência residual da União prevista no
art. 195, §4º, CF:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distri-
to Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional
n. 20, de 1998)

Cabe lembrar que essa parte final do art. 9º, I, “d”, do Decreto n. 3.048/99 perdeu eficácia após a EC 06/95, que revogou o
art. 171 da CF, de modo que para o conceito de empresa brasileira não é mais relevante que o controle efetivo da pessoa
jurídica esteja ou não sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no país ou de enti-
dade de direito público interno.

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§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da segu-
ridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.

O Supremo Tribunal Federal entendeu que somente uma lei complementar poderia insti-
tuir contribuições previdenciárias ao regime geral de previdência social em relação aos deten-
tores de cargos eletivos e isso não se observou na criação da Lei n. 9.506/97.
Após isso, na medida em que esse julgamento foi incidental, o Senado suspendeu a eficá-
cia da norma impugnada, editando a Resolução Senado n. 26/0510 .
Vejamos a ementa do julgado:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONTRIBUIÇÃO


SOCIAL: PARLAMENTAR: EXERCENTE DE MANDATO ELETIVO FEDERAL, ESTADUAL ou
MUNICIPAL. Lei 9.506, de 30.10.97. Lei 8.212, de 24.7.91. C.F., art. 195, II, sem a EC 20/98;
art. 195, § 4º; art. 154, I.
I – A Lei 9.506/97, § 1º do art. 13, acrescentou a alínea h ao inc. I do art. 12 da Lei
8.212/91, tornando segurado obrigatório do regime geral de previdência social o exer-
cente de mandato eletivo, desde que não vinculado a regime próprio de previdência
social.
II – Todavia, não poderia a lei criar figura nova de segurado obrigatório da previdência
social, tendo em vista o disposto no art. 195, II, C.F.
Ademais, a Lei 9.506/97, § 1º do art. 13, ao criar figura nova de segurado obrigatório, ins-
tituiu fonte nova de custeio da seguridade social, instituindo contribuição social sobre o
subsídio de agente político.
A instituição dessa nova contribuição, que não estaria incidindo sobre “a folha de salá-
rios, o faturamento e os lucros” (C.F., art. 195, I, sem a EC 20/98), exigiria a técnica da
competência residual da União, art. 154, I, ex vi do disposto no art. 195, § 4º, ambos
da C.F.
É dizer, somente por lei complementar poderia ser instituída citada contribuição.
III – Inconstitucionalidade da alínea h do inc. I do art. 12 da Lei 8.212/91, introduzida
pela Lei 9.506/97, § 1º do art. 13. IV. - R.E. conhecido e provido.
(RE 351717, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 08/10/2003,
DJ 21-11-2003 PP-00030 EMENT VOL-02133-05 PP-00875)

AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 298.

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Esse julgamento, cabe frisar, ocorreu antes das alterações constitucionais dadas pela EC
20/98, norma essa que ampliou a hipótese de incidência das contribuições previdenciárias
previstas no art. 195, II, da Constituição Federal, passando a permitir que não apenas os
trabalhadores, mas qualquer outro segurado da previdência social poderia ser sujeito passivo
daquelas exações.
Dessa forma, após a vigência da EC 20/98, não haveria mais a necessidade de instituição
de uma contribuição previdenciária supostamente nova por meio de lei complementar, eis que
a própria norma constitucional, matriz-tributária das contribuições previdenciárias já existentes,
havia sido alterada para permitir o alargamento de sua incidência.
Nessa base, seis anos após a EC 20/98, foi editada a Lei n. 10.887/04, a qual simplesmente
repetiu a redação da alínea “h”, do art. 12, I, da Lei n. 8.212/91, anteriormente impugnada
perante o Supremo Tribunal Federal.
Dessa vez, contudo, não haveria mais o que se falar em inconstitucionalidades formais ou
materiais da norma infraconstitucional.
Nesse sentido, veja que o Supremo Tribunal Federal já enfrentou com repercussão geral
reconhecida a questão e afirmou a validade da Lei n. 10.887/04, afirmando, de modo tranquilo,
que incide contribuição previdenciária sobre os rendimentos pagos ao ocupante de cargo eletivo
também nos estados, no Distrito Federal e nos municípios, após a Lei n. 10.887/04, salvo se
aquele já for vinculado a regime próprio de previdência social. Vejamos:

EMENTA REPERCUSSÃO GERAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EXERCENTES DE MANDATO ELETIVO.
ARTIGO 195, I, CF. EC N. 20/98. LEI 10.887/04. SUBMISSÃO DOS AGENTES POLÍTICOS
AO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.
.....................................................................................................
EMENTA Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário. Contribuição
previdenciária. Imunidade recíproca. Inexistência. Artigo 195, I, a, e II, da CF, na
versão da EC
n. 20/98. Lei n. 10.887/04. Exercentes de mandato eletivo. Agentes políticos. Condição
de segurado do RGPS. Incidência das contribuições previdenciárias do segurado e do
patrão. Possibilidade.

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1. A imunidade recíproca do art. 150, VI, a, da Constituição alcança tão somente a espé-
cie tributária imposto. Na ADI n. 2.024/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, quando decidiu
sobre a incidência da contribuição previdenciária sobre a remuneração paga pelos entes
da Federação aos exercentes de cargo em comissão, a Corte assentou, mais uma vez,
que a imunidade encerrada no art. 150, VI, a, da Constituição não pode ser invocada na
hipótese de contribuição previdenciária.
2. No julgamento do RE n. 351.717/PR, a Corte entendeu que a Lei n. 9.506/97 teria
criado uma nova figura de segurado obrigatório da previdência, uma vez que, na dicção
do art. 195, II, da Constituição, em sua redação original, “trabalhador” seria todo aquele
que prestasse serviço a entidade de direito privado ou mesmo de direito público, desde
que abrangido pelo regime celetista.
3. A partir da nova redação dada ao art. 195, I, a, e II, da Constituição pela Emenda Cons-
titucional n. 20/1998, há previsão de incidência da contribuição previdenciária sobre
a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, a pessoa física que preste serviço à União, aos estados ou aos municípios, mesmo
sem vínculo empregatício. Não se verifica, ademais, a restrição de se considerar como
segurado obrigatório da Previdência Social somente o “trabalhador”, já que o texto cons-
titucional se refere também a “demais segurados da Previdência Social”.
4. A EC n. 20/98 passou a determinar a incidência da contribuição sobre qualquer segu-
rado obrigatório da Previdência Social e, especificamente no § 13 – introduzido no art. 40
da Constituição –, submeteu todos os ocupantes de cargos temporários ao regime geral
da Previdência, o que alcança os exercentes de mandato eletivo.
5. A Lei n. 10.887/04, editada após a EC n. 20/98, ao incluir expressamente o exercente
de mandado eletivo no rol dos segurados obrigatórios, desde que não vinculado a regime
próprio de previdência, tornou possível a incidência da contribuição previdenciária sobre
a remuneração paga ou creditada pelos entes da federação, a qualquer título, aos exer-
centes de mandato eletivo, os quais prestam serviço ao Estado.
Nega-se provimento ao recurso extraordinário.
Tese proposta para o tema 691:
“Incide contribuição previdenciária sobre os rendimentos pagos aos exercentes de man-
dato eletivo decorrentes da prestação de serviços à União, a estados e ao Distrito Fede-
ral ou a municípios após o advento da Lei n. 10.887/2004, desde que não vinculados a
regime próprio de previdência.”

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(RE 626837, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 25/05/2017,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-018 DIVULG 31-01-2018
PUBLIC 01-02-2018)

A partir disso, algumas ações foram ajuizadas requerendo a restituição das contribuições
pagas entre a Lei n. 9.506/97 e a Lei n. 10.887/04, computado o prazo de noventena desta
última lei, sendo que a jurisprudência, de modo geral, aceitou a tese.
Cabe lembrar que a restituição pode ser substituída pela manutenção da filiação ao RGPS
no período objeto de ressarcimento, mas na qualidade de segurado facultativo, conforme o
art. 79, da IN INSS n. 77/15. Senão, vejamos:

Art. 79. Aquele que exerceu mandato eletivo no período de 1º de fevereiro de 1998 a 18 de setem-
bro de 2004, poderá optar pela manutenção da filiação na qualidade de segurado facultativo, nos
termos da Portaria MPS n. 133, de 2 de maio de 2006 e Portaria Conjunta RFB/INSS n. 2.517, de 22
de dezembro de 2008, em razão da declaração de inconstitucionalidade da alínea “h”, inciso I do
art.12 da Lei n. 8.212, de 1991.

Sobre o tema, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Espe-


ciais Federais fixou a seguinte tese:

(...) fixada a tese no sentido de que o exercente de mandato eletivo estadual ou muni-
cipal em período anterior à publicação da Lei n. 10.887/2004, não vinculado a regime
próprio de previdência social, deve comprovar os recolhimentos de contribuições sociais
para o Regime Geral da Previdência Social (RGPS), ressalvada a hipótese de pagamen-
tos de contribuições efetuadas com fundamento na Lei n. 9.506/97 e não repetidas pelo
ente público.
(Informativo 32/2018 – PUIL n. 0005130-72.2011.4.03.6302/SP)11

Cabe frisar, por fim, que a inclusão dos detentores de mandato eletivo somente ocorrerá
no Regime Geral de Previdência Social, se eles não forem abrangidos por algum regime pró-
prio de previdência social. Destaco, por último, que a Lei n. 9.506/97 ainda existe e ainda se
mantêm o chamado Plano de Seguridade Social dos Congressistas. Fala-se, segundo a

AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 301.

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doutrina, em possível inconstitucionalidade material daquela lei, eis que ela criou uma espé-
cie de regime próprio de maneira disfarçada, contrariando o art. 40, da Constituição Federal
que trata e permite um regime próprio na União, mas apenas em favor de servidores titulares
de cargo público efetivo.

Outras Hipóteses de Segurados Empregados

Além das disposições da Lei n. 8212/91, há algumas especificações normativas de outras


hipóteses de segurados empregados dispostas no art. 9º, I, do Decreto n. 3.048/99 e art. 8º,
da IN INSS 77/15. Vou listar pra você abaixo as hipóteses então previstas, com a reprodução
das normas correspondentes constantes da IN INSS 77/15:
• o bolsista e o estagiário, quando o exercício de suas atividades estiver em desacordo
com as regras previstas na Lei n. 11.788/08, eis que, quando houver o válido cumpri-
mento das normas desta lei, o estagiário poderá se inscrever como segurado, ou seja,
em regra, ele é segurado facultativo (Art. 12. § 2º Poderá o educando inscrever-se e
contribuir como segurado facultativo do Regime Geral de Previdência Social).

Do empregado
Art. 8º É segurado na categoria de empregado, conforme o inciso I do art. 9º do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999:
XIII – o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei n. 11.788,
de 25 de setembro de2008;

• o servidor contratado pelos entes federativos para trabalhar por tempo determinado,
atendendo à necessidade temporária de excepcional interesse público, conforme o
art. 37, IX, CF (Art. 37. IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo deter-
minado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público);

Do empregado
Art. 8º É segurado na categoria de empregado, conforme o inciso I do art. 9º do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999:
XVII – o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas res-
pectivas Autarquias e Fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art.37 da Constituição Federal e da Lei
n. 8.745, de 9 de dezembro de1993;

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• o escrevente e o auxiliar contratados para trabalhar nos serviços cartorários extrajudi-

ciais, de acordo com a Lei n. 8.935/94;

Do empregado
Art. 8º É segurado na categoria de empregado, conforme o inciso I do art. 9º do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999:
XII – o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir
de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo RGPS, em conformidade com a Lei
n. 8.935, de 18 de novembro de 1994;

• o trabalhador rural que é contratado por um produtor rural pessoa física, conforme o
art. 14, da Lei n. 5889/73, trabalhador esse que atua em atividades rurais de natureza
temporária e com prazo limite de dois meses de contrato em cada período de um ano;

Do empregado
Art. 8º É segurado na categoria de empregado, conforme o inciso I do art. 9º do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999:
XXIII – o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, por pequeno prazo, para o
exercício de atividade de natureza temporária, na forma do art. 14-A da Lei n. 5.889, de 1973.

• o safrista (boias-frias) que atuam no campo, de acordo com a Lei n. 5.889/73.

Do empregado
Art. 8º É segurado na categoria de empregado, conforme o inciso I do art. 9º do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999:
V – o assalariado rural safrista, de acordo com os arts. 14, 19e 20 da Lei n. 5.889, de 8 de junho de
1973, observado que para aqueles segurados que prestam serviço a empresas agroindustriais e
agropecuárias, a caracterização, se urbana ou rural, dar-se-á pela natureza da atividade exercida,
conforme definido no Parecer CJ n.2.522, de 9 de agosto de 2001, caracterizando, desta forma,
a sua condição em relação aos benefícios previdenciários, observado o disposto nos incisos IV e
V do caput do art. 7º;

É possível a caracterização da qualidade segurado obrigatório no caso da contratação de


um cônjuge pelo outro?
SIM, desde que tenha sido comprovado o efetivo recolhimento das contribuições sociais
pertinentes ao período. Esse foi o entendimento da TNU. Senão, vejamos12 :

PUIL n. 5003697-34.2016.4.04.7210/SC


Extraído de: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/turma-nacional-de-uniformizacao/publica-
coes-1/boletim-tnu-1/boletim-tnu-30/@@download/arquivo> Acesso em: 24 mar. 2010, às 16:49.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

Fixada a tese no sentido de que o fato de se tratar de vínculo empregatício mantido entre
cônjuges casados sob regime de comunhão de bens (parcial ou universal) não impede
o reconhecimento da qualidade de segurado empregado, contanto que comprovado o
efetivo recolhimento das contribuições sociais pertinentes ao período (na época própria
ou ulteriormente) que se pretende aproveitar para fins de concessão de benefício previ-
denciário.

2.1.2. Segurados Empregados Domésticos

O segurado empregado doméstico tem a sua previsão normativa baseada nos elementos
de caracterização deste tipo de contrato de trabalho expostos na Lei Complementar 150/15.
Essa Lei Complementar revogou a antiga Lei n. 5.859/72.
Vejamos:

Art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua,
subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito resi-
dencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei.

Para se caracterizar um contrato de empregado doméstico, é necessário que a respectiva


prestação de serviços se dê de forma contínua a uma pessoa física ou a uma família no inte-
rior da correspondente residência e em atividades sem fins lucrativos.
Deve haver ainda, conforme a Lei Complementar 150/15, uma relação de trabalho com su-
bordinação, pessoalidade e, obviamente, deve ser onerosa, ou seja, deve haver remuneração
para isso.
Interessante observar que a partir da Lei Complementar 150/15 encerraram-se as discus-
sões doutrinárias e jurisprudenciais a respeito da quantidade de dias de prestação de serviço
necessários por semana para que se caracterize um contrato efetivo de emprego doméstico,
deixando de ser, então, mera prestação de diárias.
O segurado empregado doméstico tem sua previsão de cobertura previdenciária pelo
RGPS prevista no artigo 12, II, da Lei n. 8.212/91.
Vejamos:

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Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
II – como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou fa-
mília, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos;

Perceba que, se não houver a caracterização de um contrato de emprego doméstico, ou

seja, se não houver a prestação de serviços por mais de dois dias ao longo da semana, haverá,

como dito, apenas diárias, sendo que, nesse caso, a relação jurídica de filiação não será mais

de segurado empregado doméstico, mas sim contribuinte individual.

E fique atento, também, ao fato de que até a Emenda Constitucional n. 72/13, não havia

previsão expressa de idade mínima para o trabalhador doméstico no corpo da Constituição.

A referida Emenda alterou a redação do parágrafo único, do art. 7º, da CF/88, para estender

também ao trabalhador doméstico o inciso XXXIII, do art. 6º, CF (XXXIII - proibição de traba-

lho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de

dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos), bem como outros

direitos.

Essa previsão de idade mínima, aliás, é escorada na autorização dada pelo Decreto n.

6.481/08, decreto esse que regulamentou no plano interno a Convenção 182 da Organização

Internacional do Trabalho. Essa convenção trata da proibição Internacional de práticas que

traduzam as piores formas de trabalho infantil bem como as ações imediatas pelos signatá-

rios voltadas a eliminação de tais atos.

Veja que a Convenção explana que é proibido o trabalho do menor de 18 anos nas ativi-

dades listadas no anexo do instrumento normativo, encontrando-se na correspondente lis-

tagem o emprego doméstico. Mas a Convenção abre exceção se houver autorização dada

pelo Ministério do Trabalho e Emprego, após consulta às organizações de empregadores e

empregados interessados.

Vejamos:

Art. 2º Fica proibido o trabalho do menor de dezoito anos nas atividades descritas na Lista TIP,
salvo nas hipóteses previstas neste decreto.
§ 1º A proibição prevista no caput poderá ser elidida:

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I – na hipótese de ser o emprego ou trabalho, a partir da idade de dezesseis anos, autorizado pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, após consulta às organizações de empregadores e de trabalha-
dores interessadas, desde que fiquem plenamente garantidas a saúde, a segurança e a moral dos
adolescentes;

2.1.3. Segurado Trabalhador Avulso

De início, destaco que o grande traço caracterizador do trabalhador avulso é o fato dele
prestar suas atividades por intermédio de um órgão gestor de mão de obra ou do sindicato
da categoria. O órgão gestor de mão de obra é uma entidade civil de utilidade pública, sem
fins lucrativos, constituída pelos operadores portuários, em conformidade com a lei. Tem por
finalidade administrar o fornecimento de mão de obra do trabalhador avulso13 .
A cobertura previdenciária do segurado trabalhador avulso está prevista no art. 12, VI, da
Lei n. 8.212/91. Senão, vejamos:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VI – como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, servi-
ços de natureza urbana ou rural definidos no regulamento;

É aquele que presta serviços, portanto, por meio do órgão gestor, a diversas empresas,
não apresentando nenhum vínculo empregatício com essas empresas, sendo elas de nature-
za urbana ou rural. Como exemplos de trabalhadores avulsos, podemos citar os seguintes: os
trabalhadores que atuam na atividade portuária (capatazia, estiva, conferência, etc.), traba-
lhadores de estiva em geral (carvão, minério, etc.), o ensacador de café, cacau, sal e similares,
o trabalhador da indústria de extração de sal, o guindasteiro, etc14.
Por fim, com base no art. 264, da Instrução Normativa RFB 971/09, deverá o órgão gestor
da mão de obra arrecadar as contribuições sociais devidas pelos operadores portuários e a
contribuição social previdenciária devida pelo trabalhador avulso portuário, mediante des-
conto em sua remuneração, repassando à previdência social.
Finalmente, é muito interessante e importante você saber que o trabalhador avulso portu-
ário possui uma previsão normativa que lhe dá direito a um exclusivo benefício assistencial de
até um salário mínimo. É o que diz o art. 10-A, da Lei n. 9.719/98, conforme abaixo transcrevo:

AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 306.

Idem, pg. 307.

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Art. 10-A. É assegurado, na forma do regulamento, benefício assistencial mensal, de até 1 (um) sa-
lário mínimo, aos trabalhadores portuários avulsos, com mais de 60 (sessenta) anos, que não cum-
prirem os requisitos para a aquisição das modalidades de aposentadoria previstas nos arts. 42,
48, 52 e 57 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e que não possuam meios para prover a sua
subsistência. (Incluído pela Lei n. 12.815, de 2013)
Parágrafo único. O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com
qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica
e da pensão especial de natureza indenizatória. (Incluído pela Lei n. 12.815, de 2013)

A diferença, como se pode perceber, com o benefício assistencial ao idoso previsto na Lei
Orgânica da Assistência Social (art. 20, caput, da Lei n. 8.742/93), é que a idade mínima exi-
gida é menor. Enquanto no benefício assistencial previsto de modo geral na Lei n. 8.742/93
exige 65 anos, o benefício previsto para os trabalhadores portuários avulsos pede apenas 60
anos como requisito etário.

2.1.4. O Segurado Especial

Tratando-se de segurado especial, a sua qualidade de segurado deriva da comprovação


do desempenho efetivo de atividade rural em regime de economia familiar. Para essa compro-
vação, é necessário produzir prova documental e testemunhal no sentido de que o trabalha-
dor campesino tenha exercido labor eminentemente rural, de subsistência, durante o período
de carência para o benefício pleiteado.
A previsão normativa do segurado especial está no art. 12, VI, da Lei n. 8.212/91, bem
como no art. 11, VII, da Lei n. 8.213/01. As redações são praticamente idênticas quando com-
parados ambos os dispositivos.
Vejamos o art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros, na condição de: (Redação dada pela Lei n. 11.718, de 2008)
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados,
comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do
caput do art. 2º da Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de
vida; (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)

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b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal
meio de vida;
e (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equi-
parado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem
com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)
§ 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da
família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e
colaboração, sem a utilização de empregados.
§ 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros
da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de em-
pregados permanentes. (Redação dada pela Lei n. 11.718, de 2008)

Vejamos, agora, o que diz o art. 12, VII, da Lei n. 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: (Redação dada pela Lei
n. 11.718, de 2008).
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados,
comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;
ou (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do
caput do art. 2º da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio
de vida; (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).
b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou principal
meio de vida;
e (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equi-
parado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem
com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).
§ 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da
família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e
colaboração, sem a utilização de empregados.
§ 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros
da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de em-
pregados permanentes. (Redação dada pela Lei n. 11.718, de 2008).

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A Atividade Rurícola e o Regime de Economia Familiar

Portanto, vejamos algumas constatações relativas ao segurado especial, as quais deri-


vam da simples leitura das normas acima:
Constatação 1: para ser segurado especial, não precisa morar efetivamente no imóvel
rural que serve de produção, bastando que resida em aglomerado urbano ou rural próximo
àquele.
Isso está claro no trecho que diz que o segurado especial precisa residir no imóvel rural
ou “em aglomerado urbano ou rural próximo a ele”. Isso é bastante comum em cidades do in-
terior do Mato Grosso, ou Goiás, por exemplo, sobretudo quando o segurado vai ficando mais
velho e precisa, com mais frequência, dos serviços médicos prestados na cidade.
É comum ver pessoas que estão beirando a idade para se aposentar adquirem uma ca-
sinha modesta na cidade, após longos anos de pequenos acúmulos financeiros, para se mu-
darem do campo, mas sem abrirem mão do lote rural ou da chácara situada em área rural
para continuarem algum tipo de produção, seja produção hortifrutigranjeira ou meramente de
pecuária de baixa escala (em geral, os segurados especiais incontroversos mantêm produção
leiteira para sobreviverem, com algo em torno de 30 a 60 reses).
Constatação 2: para ser segurado especial, pode haver um grupo familiar ou um trabalho
individualmente exercido, por aqueles que não constituíram família ou que, de algum modo,
já as perderam.
Isso está previsto na norma quando ela diz que pode haver trabalho rural “individualmente
ou em regime de economia familiar”.
Constatação 3: para ser segurado especial, nada impede que haja a colaboração de ter-
ceiros, a título de mútua colaboração.
Isso é bastante comum no campo, por exemplo, por meio da prática corriqueira de “troca
de diárias”, quando os vizinhos e confrontantes se ajudam e em mútua colaboração laboram
na propriedade um do outro.
Constatação 3: para ser segurado especial componente do grupo familiar, a lei afirma
que o filho menor deve ter no mínimo 16 anos de idade, dicção legal essa dada pela Lei n.
11.718/08, que alterou a outrora idade mínima de 14 anos.

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Essa alteração objetivou a conformação da norma infraconstitucional à norma constitu-


cional advinda pela EC 20/98 no art. 7º, XXXIII, que passou a indicar a idade mínima de 16
anos para qualquer trabalho, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos.
Nessa toada, a jurisprudência tem interpretado essa norma de modo restritivo, para não
excluir da proteção previdenciária o direito de cônjuges menores de 16 anos, especialmente
mulheres, que se casam cedo no campo, ou que, tornam-se mães antes daquela idade. Dessa
forma, a idade mínima de 16 anos seria exigível apenas ao filho menor, para que, somente a
partir dessa faixa etária, ele passasse a compor o grupo familiar, não se aplicando essa limi-
tação ao cônjuge.
A questão é discutível do ponto de vista moral, já que a jurisprudência estaria incentivan-
do, de certo modo, o casamento de menores de idade ¬– muitas com 13 ou 14 anos. Mas,
para o seu estudo ficar completo, transcrevo o julgamento abaixo, relativo ao TEMA 54 dos
representativos de controvérsia da TNU, que ilustra a pacificação da questão em âmbito judi-
cial. Senão, vejamos:

Situação do DIREITO
Tema 54 Julgado Ramo do direito
tema PREVIDENCIÁRIO
Saber se a exigência etária de no mínimo 16 anos prevista no art. 11, VII, alínea “c”, da Lei
Questão submetida
n. 8.213/91 se aplica ao cônjuge ou companheiro, ou apenas ao filho de produtor rural ou
a julgamento
pescador artesanal.
A exigência etária de no mínimo 16 anos, para caracterização da qualidade de segurado
Tese firmada especial, só se aplica ao filho do produtor rural ou pescador artesanal, não se estendendo a
seu cônjuge ou companheiro que exerçam atividade rural em regime de economia familiar.
Acórdão publicado
Processo Relator (a) Julgado em Trânsito em julgado
em
PEDILEF Juiz Federal
2009.70.61.000792- Rogério Moreira 27/06/2012 27/06/2012 24/07/2012
5/ PR Alves

Constatação 4: para ser segurado especial, deve haver trabalho em regime de subsistên-
cia em um imóvel rural que corresponda a no máximo 4 módulos fiscais.
Vale anotar que o módulo fiscal é uma medida cuja agrimensura é variável em cada Muni-
cípio da Federação, de acordo com o INCRA. A lei escrita no art. 12, V, “a”, é taxativa e inflexível
ao afirmar que o trabalho rural em área superior a 4 módulos fiscais, ou ainda trabalho em

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área menor de 4 módulos fiscais com o auxílio de empregados ou prepostos, descaracteriza a


condição de segurado especial, ensejando a filiação à previdência social apenas na condição
de contribuinte individual.
Vejamos:

Art. 12, V – como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em ca-
ráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área
igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou
por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 10 e 11 deste artigo; (Redação dada
pela Lei n. 11.718, de 2008).

Mas a jurisprudência e a doutrina flexibilizam isso. Vejamos, nesse sentido, a doutrina de


Frederico AMADO15 :

Questão interessante que ocorre na Região Norte é a existência de lavradores em regime


de subsistência que possuem imóveis rurais com dimensão superior a 4 módulos fiscais
e que exercem atividades agropecuárias em pequenas áreas, mito inferiores a 4 módulos
fiscais.
Isso acontece, por exemplo, no Estado do Tocantins, através da expedição de títulos
pelo Governo de Goiás (antes da divisão do Estado de Goiás) gratuitamente em áreas de
médio porte, mas que os produtores rurais apenas exploram pequenas partes.
Outra situação que se verifica é quando o imóvel rural possui dimensão total acima de
4 módulos fiscais, mas a área agricultável é pequena, quer pelo tipo de vegetação, exis-
tência de morros, pedras ou mesmo pela seca em áreas não irrigáveis.
Há casos também em que são inúmeros lavradores do mesmo grupo familiar que apre-
sentam o mesmo documento de terra que ultrapassa a 4 módulos fiscais, mas que se
fosse dividida a terra pelo número de produtores rurais, cada quinhão será bem inferior
a 4 módulos fiscais.
A questão posta é a seguinte: o critério que limita o imóvel rural do segurado especial
a 4 módulos fiscais é totalmente inflexível, ou, em situação muito excepcionais, poderá
ser flexibilizado?

AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 313-314.

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Acredita-se que, muito excepcionalmente, em terras de baixo valor venal, que se enqua-
drem como médias propriedades (acima de 4 e até 15 módulos discais), em que fique
demonstrado pelo segurado que a área explorada não ultrapassa a 4 módulos fiscais e
que o regime realmente é de subsistência, não gerando significativa renda pela venda da
produção e não existindo trabalhadores permanentemente contratados, será possível
considerar a qualidade de segurado especial.
Isso porque a regra do artigo 11, inciso VII, “a”, da Lei n. 8.212/91, inserida pela Lei
n. 11.718/08, deve ser interpretada teleologicamente, não havendo apenas um critério
absoluto para a caracterização do segurado especial produtor rural.

Nesse sentido, embora a Súmula 30 da TNU, tenha sido editada em 2006 – portanto, antes
das alterações advindas com a Lei n. 11.718/08 –, na Lei n. 8.213/91 e na Lei n. 8.212/91,
continua ela sendo invocada, eis que o seu sentido é o de orientar justamente a interpretação
teleológica da norma caracterizadora do segurado especial, de modo que o mais importante
é saber se, de fato, há trabalho rural em regime de economia familiar.
Vejamos a referida Súmula:

SÚMULA 30
DJ DATA:13/02/2006
PG:01043
Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural
não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde
que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar.

Assim, entende-se por atividade rural aquela desenvolvida no imóvel rural ou em aglome-
rado urbano ou rural próximo a ele, na condição de:
• produtor que explore atividade agropecuária em área de até 4 módulos fiscais, serin-
gueiro ou extrativista vegetal;
• pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou
principal meio de vida.

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Friso: tais atividades devem ser prestadas pelo segurado especial em regime de economia
familiar (art. 11, VII e § 1º da Lei n. 8.213/91), ou seja, indispensável à própria subsistência do
núcleo familiar e exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utiliza-
ção de empregados permanentes.

A Comprovação do Trabalho Rural em Regime de Economia Familiar

No aspecto probatório destes enquadramentos como segurado especial, os meios, provas


só produzirão efeitos quando baseados em início de prova material, não se admitindo prova
exclusivamente testemunhal, nos termos do art. 55, § 3º da Lei n. 8.213/91.

Art. 55, § 3º A comprovação do tempo de serviço para os fins desta Lei, inclusive mediante justi-
ficativa administrativa ou judicial, observado o disposto no art. 108 desta Lei, só produzirá efeito
quando for baseada em início de prova material contemporânea dos fatos, não admitida a prova
exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na
forma prevista no regulamento. (Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019)

Como se vê, a lei admite a invocação de força maior ou caso fortuito para a comprovação
da condição de segurado especial apenas por meio de prova testemunhal.
Cabe lembrar que, de acordo com a Súmula 14 da TNU, o início de prova não precisa
preencher minuciosamente todos os anos e períodos do intervalo de tempo em que houve
trabalho rural.
Vejamos:

Súmula 14
DJ DATA:24.05.2004
PG:00459
Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova
material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.

A reverberação desse entendimento ocorreu com o julgamento pela TNU, em representa-


tivo de controvérsia (TEMA 3), no sentido de que a prova documental apresentada como início
de prova material pode ser estendida para outros períodos se houver idônea prova testemu-
nhal que preencha esses lapsos. Senão, vejamos:

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Situação do DIREITO
Tema 3 Julgado Ramo do direito
tema PREVIDENCIÁRIO
Questão submetida Saber se a prova material extemporânea, devidamente corroborada por prova oral idônea, é
a julgamento hábil à concessão do benefício de aposentadoria por idade rural.
No caso de aposentadoria por idade rural, é dispensável a existência de prova documental
Tese firmada contemporânea, podendo ser estendida a outros períodos através de robusta prova teste-
munhal.
Acórdão publicado
Processo Relator (a) Julgado em Trânsito em julgado
em
PEDILEF Juíza Federal
2005.81.10.001065- Simone dos Santos 06/09/2011 04/10/2011 20/10/2011
3/ CE Lemos Fernandes

Assim, não se exige que a prova documental abranja todo o período de carência que se
busca provar. Diante de tanta flexibilização, o mínimo de documentos exigidos judicialmente
de fato varia bastante de Juízo a Juízo.
Na pratica diária de julgamentos de processos previdenciários que envolvem segurados
especiais, a maior dificuldade é, de fato, a escassez de documentos, eis que prova testemu-
nhal, em geral, não falta na hora da audiência.
Como exemplo de um documento bastante frequente, têm-se as certidões e os contratos
de concessão de uso emitidos pelo INCRA, sendo que jurisprudência da TNU enfrentou essa
questão no TEMA 18 de seus representativos de controvérsia e apontou que se trata de um
documento válido como início de prova material.
Vejamos:

Situação do Julgado (Súmulas DIREITO


Tema 18 Ramo do direito
tema 5 e 14 da TNU) PREVIDENCIÁRIO
Questão submetida Saber se documentos em nome de terceiros integrantes do grupo familiar, relativos à pro-
a julgamento priedade da terra trabalhada, servem como início de prova material da atividade rural.
A certidão do INCRA ou outro documento que comprove propriedade de imóvel em nome de
integrantes do grupo familiar do segurado é razoável início de prova material da condição de
Tese firmada segurado especial para fins de aposentadoria rural por idade, inclusive dos períodos traba-
lhados a partir dos 12 anos de idade, antes da publicação da Lei n. 8.213/91. Desnecessi-
dade de comprovação de todo o período de carência.
Acórdão publicado
Processo Relator (a) Julgado em Trânsito em julgado
em

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

PEDILEF Juíza Federal


2009.71.95.000509- Simone dos Santos 11/10/2011 28/10/2011 18/11/2011
1/ RS Lemos Fernandes

Outro documento já pacificamente aceito pela TNU (TEMA 32) é a certidão de óbito, do-
cumento esse que, embora declaratório, ou seja, baseado em declarações dadas pelos inte-
ressados ao oficial de cartório do RCPN, é considerado para fins de início de prova material:

Situação do DIREITO
Tema 32 Julgado Ramo do direito
tema PREVIDENCIÁRIO
Questão submetida Saber se certidão de óbito pode servir como início de prova material de benefício de pensão
a julgamento por morte de segurado especial.
Certidão de óbito configura início de prova material para caracterização da atividade rural,
Tese firmada
para fins de pensão por morte.
Acórdão publicado
Processo Relator (a) Julgado em Trânsito em julgado
em
Juíza Federal
PEDILEF Vanessa Vieira de 24/11/2011 19/12/2011 24/01/2012
Mello

Particularmente, devo compartilhar com você minha experiência na judicatura federal,


para enriquecer seu estudo: tenho entendido que é necessário que se verifique ao menos três
marcos temporais de referência ao longo do intervalo rural indicado. Em outros termos, é im-
portante, para mim, como início de prova material a ser demonstrado, que haja a indicação de
documentos razoáveis (ao menos um, que seja, conforme o caso) em cada uma das “terças
partes” do período alegado como sendo de trabalho no campo.
De modo exemplificativo, pode-se citar o caso de uma pessoa que alega trabalho rural
entre 1970 e 2015: embora não necessite trazer documentos relativos a todos os anos, deve-
rá juntar aos autos, ao menos, alguns ou, pelo menos um documento que remonte à primeira
parte (1970 e 1985); um que remonte à segunda parte (1986 a 2000); e um documento que
remonte à terceira parte (2001 a 2015).
Nessa base, como visto no julgado representativo de controvérsia acima transcrito (PE-
DILEF 2005.81.10.001065-3/CE), importante destacar a possibilidade de reconhecimento de
tempo rural em período pretérito aos documentos juntados.

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Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

Seguindo essa linha de raciocínio, também a jurisprudência do Superior Tribunal de Jus-


tiça pacificou que a expressão “início de prova material”, contida no art. 55, § 3º, da Lei n.
8.213/1991, não impede o reconhecimento da atividade rurícola em período imediatamente
pretérito ao último documento juntado aos autos, desde que haja alegação de labor rural for-
talecida por testemunhos robustos e idôneos.
Com isso, tais testemunhos teriam o condão de, com base no livre convencimento moti-
vado do Juiz, ampliar a eficácia probatória do documento carreado aos autos pelo segurado.
Desta forma, o termo inicial ou final do período pode ser obtido por meio de prova teste-
munhal, que pode atribuir eficácia retrospectiva ou prospectiva à prova documental. Ou seja,
é possível o reconhecimento de tempo de serviço rural anterior ao documento mais antigo,
desde que amparado por convincente prova testemunhal, colhida sob o contraditório.
Em geral, o documento mais antigo costuma ser a certidão de casamento, sendo que o
TNU também já assinalou no julgamento do TEMA 2 de seus representativos de controvérsia
que, mesmo quando se veicular a certidão nos autos como sendo um documento extemporâ-
neo ao período de carência, ela valerá na análise do conjunto probatório global.
Vejamos:

Situação do DIREITO
Tema 2 Julgado Ramo do direito
tema PREVIDENCIÁRIO
Questão submetida Saber se certidão de casamento extemporânea serve como início de prova material para fins
a julgamento de concessão de aposentadoria por idade rural.
No caso de aposentadoria por idade rural, a certidão de casamento vale como início de prova
Tese firmada
material, ainda que extemporânea.
Acórdão publicado
Processo Relator (a) Julgado em Trânsito em julgado
em
PEDILEF
Juiz Federal Paulo
2006.82.01.505208- 06/09/2011 30/09/2011 18/10/2011
Ricardo Arena Filho
4/ PB

Sobre os documentos em nome de terceiros, é mister ressaltar que o fato de o segurado


não dispor de documentos da atividade agrícola em seu nome não afasta o seu direito, eis
que se admite como início de prova material documentos em nome de terceiros, integrantes
do grupo familiar, desde que a parte autora apresente um mínimo documental em seu nome.

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Outra questão corriqueira se refere à apresentação de documentos emitidos por sindica-


tos de trabalhadores rurais. Tem-se entendido no sentido da imprestabilidade de documen-
tos sindicais sem a homologação do Ministério Público ou do INSS. Conforme prescreve o
art. 106, parágrafo único, da Lei n. 8.213/91, o rol de documentos exigidos para os benefícios
rurais – embora de natureza não exaustiva – inclui que a declaração de sindicato rural so-
mente constitui início de prova material hábil a demonstrar o labor campesino se homologada
pelo INSS ou pelo Ministério Público, sendo esta a linha de orientação de precedentes conso-
lidados no âmbito do E. STJ. Senão, vejamos:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CÔMPUTO DE TEMPO
RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DECLARAÇÃO
DE SINDICATO RURAL. HOMOLOGAÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. NECESSIDADE.
REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. ALTERAÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULA 7/
STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. O reconhecimento de tempo de serviço rural é tema pacificado pela Súmula 149/STJ,
no sentido de que a prova testemunhal deve estar apoiada em um início razoável de
prova material.
2. O rol de documentos hábeis à comprovação do exercício de atividade rural, inscrito
no art. 106, parágrafo único da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, e não taxa-
tivo, sendo admissíveis, portanto, outros documentos além dos previstos no mencio-
nado dispositivo.
3. A declaração de sindicato rural somente constitui início de prova material hábil a
demonstrar o labor campesino se homologada pelo INSS ou pelo Ministério Público.
Precedentes.
4. A análise das questões trazidas pela agravante demandaria o reexame de matéria
fático-probatória, o que é obstado, em âmbito de recurso especial, pela Súmula 7/STJ.
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 550.391/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 02/10/2014, DJe 08/10/2014)

A jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região também segue tal norte, con-
forme ementa que segue abaixo colacionada:

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(...) 3. Na hipótese, a parte autora não logrou êxito em comprovar a sua condição de
segurada especial durante o período de carência (10 meses anteriores ao parto, ocorrido
em 28/01/2011), eis que a declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ita-
nhomi/MG (fls. 22-23) vem desacompanhada de homologação pelo INSS ou Ministério
Público, o que a torna inábil à comprovação da atividade campesina.
Não se presta, também, para esse fim, o contrato de comodato (fls. 20/21), assinado em
02/03/2011, momento posterior ao nascimento do filho.
Ademais, o simples fato de a autora residir em área rural se afigura inservível ao fim coli-
mado, tendo em conta sua natureza probatória demasiadamente frágil.
De igual modo, a mera juntada de documentos particulares, desprovidos de fé pública,
não se mostra hábil a demonstrar o exercício da atividade rurícola.
Em que pese as testemunhas, às fl. 104/105, afirmarem o labor rural da autora durante
o período de carência, é inadmissível a prova exclusivamente testemunhal (STJ, Súmula
149; TRF-1ª Região, Súmula 27).
4. Considerando o caráter social que permeia o Direito Previdenciário, a coisa julgada
opera secundum eventum litis ou secundum eventum probationais, permitindo a reno-
vação do pedido, ante novas circunstâncias ou novas provas.
Precedentes.
5. Apelação desprovida.
(APELAÇÃO 0071260-35.2014.4.01.9199, DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO LUIZ DE
SOUSA, TRF1 - SEGUNDA TURMA SUPLEMENTAR (INATIVA), e-DJF1 DATA:12/09/2016
PAGINA)

2.2. sEguradOs FacultativOs


E como ficam aqueles que não exercem nenhuma atividade na iniciativa privada ou no
serviço público ou ainda no âmbito militar?
Bom, para esses que não estão filiados em um regime de previdência social por conta da
sua atividade, existe a possibilidade de se filiarem como segurados facultativos, medida essa
que claramente se permite por conta do princípio da universalidade da cobertura e do atendi-
mento bem como do princípio da solidariedade ínsito ao RGPS.

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Um exemplo disso é o estagiário. Outro exemplo é o da dona de casa, que não exerce ne-
nhuma atividade laboral ativa, mas pode, mesmo assim, estar coberta pela previdência social,
bastando se inscrever como segurada facultativa.
Há, contudo, diversas outras hipóteses elencadas no Decreto n. 3.048/99. Senão, vejamos:

Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de
Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo
atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social.
§ 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros:
I – a dona de casa;
II – o síndico de condomínio, quando não remunerado;
III – o estudante;
IV – o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;
V – aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;
VI – o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990,
quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
VII – o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa de acordo com a Lei n. 6.494, de 1977;
VIII – o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-gradu-
ação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer
regime de previdência social;
IX – o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de
previdência social; (Redação dada pelo Decreto n. 7.054, de 2009)
X – o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de
país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional; e (Redação dada pelo Decreto n. 7.054,
de 2009)
XI – o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semi-aberto, que, nesta condição, preste
serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da
organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria. (In-
cluído pelo Decreto n. 7.054, de 2009)

Agora vamos tratar de especificar os dois vínculos jurídicos que observamos na dinâmica
normativa havida entre os segurados e a previdência social. Pois bem: existem duas formas
de ligação jurídica que consolida essa dinâmica, cada qual com a suas justificativas e pecu-
liaridades.
Temos, portanto, a filiação e a inscrição como os institutos que estabelecem o liame entre
uma parte e outra, fazendo nascer esse grande complexo de obrigações e direitos entre os
cidadãos incluídos no sistema de seguro social público e o instituto previdenciário.

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Podemos definir a filiação como “a relação jurídica que se estabelece entre uma pessoa
física e o INSS, no caso do regime geral de previdência social, bem como entre um servidor
público, ou melhor, um agente público, com um regime próprio de previdência social vinculado
ao ente federativo correspondente”.
Vejamos, nesse sentido, o que diz o art. 20, do Decreto n. 3.048/99:

Art. 20. Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para a previdência
social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações.

Com o mesmo texto, expressa-se o art. 3º, da IN INSS n. 77/15:

Art. 3º Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para a Previdência
Social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações.

É essa relação jurídica, esse liame causal e normativo, que promove e consolida a inclusão
da pessoa natural, e, de outro lado, o INSS, dentro de um feixe de direitos e deveres reclama-
dos no cotidiano do trato da proteção social previdenciária. Nasce, assim, o ato jurídico de
filiação ao RGPS, primeiramente por meio de uma relação jurídica de trabalho, se perfectibili-
zando e se completando, posteriormente, por ainda uma relação jurídica tributária, o que dá,
ao final, o contorno derradeiro da jurídica previdenciária.
Veja que não há consideração da relação jurídico-tributária: ela é mencionada pela pró-
pria norma ao tratar dos contornos jurídicos que se exigem na completude do conceito de
“filiação”.
É o que podemos extrair dos §§1º e 2º, do art. 3º, da IN INSS n. 77/15:

Art. 3º, § 1º A filiação à Previdência Social decorre automaticamente do exercício de atividade


remunerada para os segurados obrigatórios e da inscrição formalizada com o pagamento da pri-
meira contribuição sem atraso para o segurado facultativo.
§ 2º Filiado é aquele que se relaciona com a Previdência Social na qualidade de segurado obriga-
tório ou facultativo, mediante contribuição.

Veja que, embora o §1º, do art. 3º da Instrução expresse que a filiação, para os segura-
dos obrigatórios, decorrerá automaticamente do simples fato de existir atividade remunerada,

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o §2º, indo além, deixa claro que a condição de “filiado” somente se delineia “mediante con-
tribuição”.
A doutrina, na maioria das vezes, aponta, superficialmente, que basta a atividade remune-
rada para os segurados obrigatórios e que para os segurados facultativos deve haver, ainda,
o pagamento da primeira contribuição sem atraso.
Fique atento a esse tipo de afirmação!
Considere-a em uma prova objetiva, para o seu acerto, mas, em uma prova subjetiva, ou,
ainda, prova oral, discorra de modo mais aprofundado sobre esses dois momentos do pro-
cesso fático-jurídico de delineamento da filiação ao RGPS, ou, ainda, a algum regime próprio
de previdência social.
Desse modo, tenho que, para os segurados obrigatórios, também é necessário o paga-
mento das contribuições previdenciárias, embora, nesse caso, o sistema aceite-as em atraso
para alguns efeitos (não todos!). Perceba, quanto a isso, que o contribuinte individual, por
exemplo, pode recolher em atraso as contribuições previdenciárias não vertidas ao tempo
de suas atividades remuneradas, obtendo, junto ao INSS, nesse caso, a inclusão expressa no
CNIS de uma data de início de sua filiação, mesmo que pretérita.
Sobre os registros do CNIS, vale anotar o que diz o art. 19, do Decreto n. 3.048/99:

Art. 19. Os dados constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS relativos a vín-
culos, remunerações e contribuições valem como prova de filiação à previdência social, tempo de
contribuição e salários-de-contribuição. (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
§ 1º O segurado poderá solicitar, a qualquer momento, a inclusão, exclusão ou retificação das in-
formações constantes do CNIS, com a apresentação de documentos comprobatórios dos dados
divergentes, conforme critérios definidos pelo INSS, independentemente de requerimento de bene-
fício, exceto na hipótese do art. 142. (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
§ 2º Informações inseridas extemporaneamente no CNIS, independentemente de serem inéditas
ou retificadoras de dados anteriormente informados, somente serão aceitas se corroboradas por
documentos que comprovem a sua regularidade. (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).

Contudo, esse recolhimento em atraso do contribuinte individual não é relevante para


efeito de carência.
Isso está previsto no art. 27, II, da Lei n. 8.213/91:

Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições: (Redação dada
pela Lei Complementar n. 150, de 2015)

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I – referentes ao período a partir da data de filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS),
no caso dos segurados empregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores avulsos; (Reda-
ção dada pela Lei Complementar n. 150, de 2015)
II – realizadas a contar da data de efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não
sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a compe-
tências anteriores, no caso dos segurados contribuinte individual, especial e facultativo, referidos,
respectivamente, nos incisos V e VII do art. 11 e no art. 13. (Redação dada pela Lei Complementar
n. 150, de 2015)

Note que essa possibilidade de recolhimento em atraso vale também para o segurado fa-
cultativo e para o segurado especial, sendo que, nesse último caso, há pouca utilidade prática
nesse dispositivo legal, uma vez que, na imensa maioria das vezes, senão todas, os segura-
dos especiais não precisam recolher ao INSS (eis que somente recolhem se houver resultado
da comercialização de sua produção, mas isso raramente ocorre, pois o que se vê no coti-
diano previdenciário rural é que o segurado especial somente produz o suficiente para a sua
subsistência e de seu grupo familiar).
A IN INSS n. 77/15 explicita ainda mais e confirma essa possibilidade daqueles segurados
recolherem em atraso e conseguirem, com isso, administrativamente, a inclusão de uma data
de início de suas atividades no CNIS, valendo dizer, dessa forma, que podem delinear suas
filiações ao RGPS retroativamente para uma data específica, desde que haja algum tipo de
prova de efetiva atividade remunerada desempenhada.
Vejamos os dispositivos da referida Instrução:

Subseção IV
Da comprovação da atividade e contribuições do contribuinte individual para fins de inclusão, alte-
ração, ratificação e exclusão dos dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS
Art. 30. Para fins de inclusão, a data do início da atividade, corresponderá:
I – para o contribuinte individual e aqueles segurados anteriormente denominados “empresários”,
“trabalhador autônomo” e “equiparado a trabalhador autônomo”, já cadastrados no CNIS com NIT
Previdência/PIS/PASEP ou outro Número de Identificação Social- NIS administrado pela CEF, des-
de que inexista atividade cadastrada, ao primeiro dia da competência do primeiro recolhimento
sem atraso, sendo que, para os períodos anteriores ao primeiro recolhimento em dia, deverá ser
comprovado o exercício de atividade, nos termos do art. 32, ainda que concomitantemente possua
remuneração declarada em GFIP, a partir de abril de 2003, por serviços prestados à pessoa jurídica
no caso de prestador de serviço, excetuando-se os períodos anteriores a fevereiro de 1994, confor-
me art. 63, os quais serão considerados quitados em tempo hábil;

***

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II – para o contribuinte individual que encerre atividade cadastrada no CNIS e reinicie atividade por
conta própria sem o cadastramento, ao primeiro dia da competência do primeiro recolhimento sem
atraso, sendo que, para os períodos anteriores ao primeiro recolhimento em dia, deverá comprovar
o exercício de atividade, nos termos do art. 32, ainda que concomitantemente possua remuneração
declarada em GFIP, a partir de abril de 2003, por serviços prestados à pessoa jurídica.

Art. 31, Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput, deverá ser observado que:
II – não será considerado em débito o período sem contribuição a partir de 1º de abril de 2003, por
força da MP n. 83, de 12 de dezembro de 2002, convertida na Lei n. 10.666, de 8 de maio de 2003,
para o contribuinte individual empresário ou prestador de serviço, sendo presumido o recolhimento
das contribuições dele descontados, na forma do art. 216 do RPS.

Art. 33. Para comprovar o exercício da atividade remunerada, com vistas à concessão do benefí-
cio, será exigido do contribuinte individual, a qualquer tempo, o recolhimento das correspondentes
contribuições, observado o disposto no art. 167.

Diante das normas acima, seria possível cogitar da hipótese de um contribuinte individual
profissional liberal – um dentista, por exemplo – que nunca tenha recolhido para a previdência
social, mas que, após alguns anos de trabalho, contraiu doença incapacitante. Suponhamos
que na data de início da incapacidade ele ainda não estava recolhendo, somente iniciando o
pagamento das contribuições previdenciárias ao RGPS, como contribuinte individual, após 12
meses de sua incapacitação para o trabalho.
Nesse caso, se houver recolhimento em atraso das contribuições previdenciárias que en-
tão eram devidas, poderá o dentista citado no exemplo se afastar por auxílio-doença, ou, ain-
da, se aposentar por invalidez?
NÃO, já que, embora se permita o recolhimento em atraso para obter uma data de início
das atividades formalmente inserida no CNIS e, consequentemente, obter uma filiação re-
troativa, disso não resultará nenhum efeito prático para o computo da carência. É que, como
vimos nas primeiras linhas desse tópico, o art. 27, II, da Lei n. 8.213/91, somente considera o
computo da carência para o contribuinte individual (bem como para o segurado facultativo) a
partir do primeiro recolhimento SEM atraso.
Então, no exemplo, mesmo que o dentista citado recolha em atraso todas as 12 contribui-
ções previdenciárias dos meses que se passaram após a data de início de sua incapacitação,
não poderá ele obter auxílio-doença ou, em último caso, a aposentadoria por invalidez, já que
o recolhimento em atraso não satisfaz a carência necessária para a concessão do benefício.

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Professor, e se, no caso, fosse uma doença incapacitante cuja carência para o auxílio-
-doença ou aposentadoria por invalidez seja dispensada na forma do art. 151, da Lei n.
8.213/91? Nesse caso, poderia então o dentista recolher em atraso a competência na
qual ele ficou incapacitado e, consequentemente, ter direito ao benefício?

NÃO, mais uma vez. Isso porque incapacidade preexistente à filiação ao sistema previ-
denciário não dá direito ao benefício de auxílio-doença e, tampouco, de aposentadoria por
invalidez.
Ora, o vértice de todo o sistema é a contributividade contemporânea aos fatos geradores
que a ensejaram, ou seja, deve-se recolher sempre ao tempo da atividade remunerada para
que a filiação ao RGPS seja completa, perfeita e acabada (salvo no caso dos segurados em-
pregados e dos contribuintes individuais que prestam serviços para empresas, a partir da
competência abril/2003, pois nesses casos o recolhimento que deve ser feito pelos empre-
gadores e pelos tomadores de serviço, como já dissemos mais de uma vez, é presumido, não
podendo ser imputável qualquer prejuízo àqueles segurados eventual não recolhimento, sem
prejuízo, claro, da cobrança tributária posterior desses).
A jurisprudência, de outro lado, cabe lembrar, vem aceitando a interpretação de que o
art. 27, II da Lei n. 8.213/91, a contrário senso, permite o computo dos recolhimentos em atra-
so para efeito de carência também na hipótese de o período atrasado estar compreendido no
período de graça do segurado. Exemplo: aquele dentista recolher as suas contribuições previ-
denciárias entre as competências 01/2019 a 10/2019, deixando de recolher as competências
11 e 12/2019, bem como a competência 01/2020. Voltou a recolher em 02/2020 e, desde
então, vem recolhendo regularmente sem atraso. Supondo que ele tenha ficado incapacita-
do, conforme perícia médica, em 01/2020, se recolher em atraso as competências faltantes,
poderá computá-las para efeito de carência. Desse modo, somadas as competências 01 a
12/2019, já consideradas aquelas pagas em atraso, a carência de 12 meses para a obtenção
do benefício de auxílio-doença terá sido satisfeita.
É nesse sentido que a TNU decidiu no TEMA 192 de seus representativos de controvérsia.
Senão, vejamos:

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DIREITO
Tema 192 Situação do tema Julgado Ramo do direito
PREVIDENCIÁRIO
Questão submetida Saber se é possível computar, para fins de carência, as contribuições recolhidas com
a julgamento atraso após a perda da qualidade de segurado.
Contribuinte individual. Recolhimento com atraso das contribuições posteriores ao paga-
mento da primeira contribuição sem atraso. Perda da qualidade de segurado. Impossibi-
Tese firmada
lidade de cômputos das contribuições recolhidas com atraso relativas ao período entre a
perda da qualidade de segurado e a sua reaquisição para efeito de carência.
Decisão de Acórdão Trânsito em
Processo Relator (a) Julgado em
afetação publicado em julgado
Juiz Federal
PEDILEF André Carvalho 20/02/2013 08/03/2013 25/03/2013
Monteiro

A relação jurídica de trabalho delineia as responsabilidades trabalhistas e civis relacio-


nadas às partes que formam o contrato respectivo, seja ele, efetivamente, um contrato de
emprego ou um contrato de prestação de serviços, sem caracterização de emprego.
Nem sempre a relação formal de trabalho é desenhada no mundo jurídico, mas, material-
mente, ela sempre existe.
É por meio da relação de trabalho que se inicia esse primeiro estágio de formação do ato
jurídico complexo da filiação previdenciária. Por meio da constituição e da constatação dessa
relação jurídica de trabalho é que se pode aplicar, por exemplo, o disposto no art. 34, I da Lei
n. 8.213/91:

Art. 34. No cálculo do valor da renda mensal do benefício, inclusive o decorrente de acidente do
trabalho, serão computados: (Redação dada pela Lei Complementar n. 150, de 2015)
I – para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o trabalhador avulso, os salários de con-
tribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela empresa
ou pelo empregador doméstico, sem prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação das penali-
dades cabíveis, observado o disposto no § 5º do art. 29-A; (Redação dada pela Lei Complementar
n. 150, de 2015)

Já a relação jurídica em nível tributário é o momento consequente daquela primeira rela-


ção formada, eis que o fato gerador das contribuições sociais é a prestação do trabalho re-
munerado. Com isso, a obrigação tributária é titularizada pelo segurado e, na maior parte das
vezes, também pelo empregador ou tomador dos serviços.

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É nesse 2º momento que a filiação vai ganhando seus contornos mais completos, nota-
damente porque não podemos nos esquecer de que uma das características essenciais do
RGPS é que se trata de um sistema contributivo.
Logo, não há como dissociar a filiação perfeita e acabada, como ato jurídico complexo que
é, da exigência tributária de recolhimento previdenciário ao sistema de seguro social corres-
pondente.
Cabe registrar, novamente, que a falta de recolhimentos previdenciários, entretanto, para
os segurados empregado, empregado doméstico e contribuinte individual que preste servi-
ços à empresa a partir da competência abril/2003, não será considerada em desfavor desses
segurados, de modo que a filiação nesse caso será mantida pela simples prova da atividade
remunerada.
Veja, aliás, que a TNU já decidiu, no TEMA 29 de seus representativos de controvérsia, que
a presunção de recolhimentos previdenciários por parte do empregador também deve incidir
para os empregados domésticos.
Vejamos:

DIREITO
Tema 29 Situação do tema Julgado Ramo do direito
PREVIDENCIÁRIO
Saber se o atraso no recolhimento das contribuições previdenciárias a cargo do emprega-
Questão submetida
dor prejudica a contagem do período de carência e a manutenção da qualidade de segu-
a julgamento
rada empregada doméstica.
O recolhimento tardio de contribuições a cargo do empregador não implica prejuízo de
Tese firmada
ordem previdenciária à segurada empregada doméstica.
Decisão de Acórdão Trânsito em
Processo Relator (a) Julgado em
afetação publicado em julgado
PEDILEF Juíza Federal
2008.70.50.01.8498- 24/11/2011 Vanessa Vieira 24/11/2011 19/12/2011 24/01/2012
8/ PR de Mello

Quanto ao contribuinte individual que presta serviços à empresa a partir da competência


abril/2003, a TNU orienta até mesmo no sentido de recolhimentos previdenciários em atraso
post mortem:

Situação do DIREITO
Tema 26 Julgado Ramo do direito
tema PREVIDENCIÁRIO

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Questão submetida Saber se é possível regularizar contribuições previdenciárias em atraso, após a morte de
a julgamento segurado contribuinte individual exercente de atividade informal.
Descabida a pretensão de regularização "post mortem" do recolhimento das contribuições
previdenciárias devidas pelo segurado contribuinte individual exercente de atividade infor-
Tese firmada
mal, salvo quando devam ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços. Vide Súmula
52 da TNU.
Acórdão publicado
Processo Relator (a) Julgado em Trânsito em julgado
em
Juíza Federal
PEDILEF
Simone dos
2005.63.02.013290- 24/11/2011 09/12/2011 16/01/2012
Santos Lemos
9/ SP
Fernandes

Cabe anotar, por fim, que a filiação jurídica a um determinado sistema previdenciário con-
solida no patrimônio jurídico da pessoa um determinado reconhecimento do tempo de filia-
ção correspondente. Ou seja, para cada período de filiação haverá um correspondente tempo
de contribuição ou, no caso de filiação anterior a Emenda Constitucional 20/98, tempo de
serviço correspondente em alguns casos.

3.1.1. Filiação dos Segurados Obrigatórios

Visto o conceito de filiação, o mais importante agora é você identificar e conhecer qual
é o momento específico em que nasce essa relação jurídica para cada tipo de segurado da
Previdência Social.
Vejamos, primeiramente, com relação aos segurados obrigatórios do RGPS.

Segurados Empregados, Empregados Domésticos e Trabalhadores Avulsos

Para os segurados obrigatórios, a filiação nascerá, inicialmente, de modo coincidente com


a própria atividade laboral ativa do trabalhador, desde que esta seja remunerada.
Cabe lembrar, como já falamos anteriormente, que a idade mínima para o trabalho, confor-
me a Constituição Federal de 1988, no art. 7º, XXXIII, é de 16 anos de idade, salvo na condição
de aprendiz – a partir dos 14 anos de idade.
Essa norma, contudo, não poderá ser aplicada em desfavor do trabalhador, e, bem assim,
do menor de 16 anos, de modo que a proteção previdenciária, até certo ponto, deve ser feita
para os que trabalharam em algum momento abaixo da idade mínima.

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Como exemplo desse entendimento, podemos citar algumas orientações do Superior Tri-
bunal de Justiça, tal como o caso de reconhecimento de trabalho rural ao menor a partir dos
12 anos de idade, conforme o julgado abaixo:

(...) CÔMPUTO DO TRABALHO RURAL A PARTIR DOS 12 ANOS DE IDADE. DISPENSA DO


RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES REFERENTES AO TRABALHO REALIZADO ANTE-
RIORMENTE À LEI 8.213/91.
(...)
4. Comprovada a atividade rural do trabalhador menor, a partir dos seus 12 anos, em
regime de economia familiar, esse tempo deve ser computado para fins previdenciários.
Princípio da universalidade da cobertura da Seguridade Social. A proibição do trabalho
ao menor de 14 anos foi estabelecida em benefício do menor e não em seu prejuízo.
5. Para o trabalhador rural, o tempo de contribuição anterior à Lei 8.213/91 será compu-
tado sem o recolhimento das contribuições a ele correspondentes.
6. Ação rescisória procedente...EMEN:
(AR - AÇÃO RESCISÓRIA - 3629 2006.01.83880-5, MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE DATA:09/09/2008.DTPB:.)

Interessante observar que a TNU já considerou até mesmo válido para fins previdenciários
o trabalho do menor de 12 anos (PEDILEF 0001593-25.2008.4.03.6318)16. Anoto, contudo,
que, embora a TNU possua, certamente, a melhor das intenções hermenêuticas, ao proteger o
menor de 16 anos da realidade cruel de trabalho e, assim, garantir a correspondente presta-
ção previdenciária, pelo menos, do seu trabalho exercido, essa interpretação deve encontrar
limites.
É que se deve promover uma análise ampla do contexto social no qual se inserem essas
crianças, de certo que, ao meu viso, não estabelecer idades mínimas no reconhecimento do
trabalho prestado para fins de reconhecimento previdenciário pode implicar incentivo a essa
prática nefasta de trabalho infantil.

Segurados Especiais

Agora vamos ver a filiação dos segurados especiais. Os segurados especiais adquirem
essa qualidade por meio de suas atividades campesinas, as quais devem ser estabelecidas

Idem, pg. 351.

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por meio de um regime de economia familiar voltado à produção agropecuária de subsistên-


cia.
Portanto, a filiação ao sistema público de previdência social desses trabalhadores ocorre
na exata medida em que, no plano fático, desenham-se os elementos que caracterizam aque-
le tipo de trabalho. Havendo, então, um trabalho rural, ou atividade de pesca artesanal, ou
de extrativismo vegetal rudimentar, conforme as normas previdenciárias respectivas, haverá
então a filiação do segurado especial.

Contribuintes Individuais

A filiação dos contribuintes individuais difere dos segurados obrigatórios, pois, no caso
daqueles, não basta que haja simplesmente o início das atividades laborais, devendo haver,
obrigatoriamente, a contribuição previdenciária respectiva para que se estabeleça a completa
relação jurídico-previdenciária com o INSS.
Isso se deve ao fato de que o contribuinte individual é quem recolhe, via de regra, aos co-
fres do INSS, conforme o art. 3º, II, da Lei n. 8.212/91:

Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à


Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n. 8.620, de 5.1.93)
II – os segurados contribuinte individual e facultativo estão obrigados a recolher sua contribuição
por iniciativa própria, até o dia quinze do mês seguinte ao da competência; (Redação dada pela Lei
n. 9.876, de 1999).

Lembro, contudo, no caso do contribuinte individual, que há uma exceção da qual você
não pode se esquecer. Refiro-me ao fato de que o contribuinte individual que presta serviços
para uma pessoa jurídica, a partir da competência de abril/03, conforme o art. 4º, da Lei n.
10.666/03, não recolhe diretamente a suas contribuições previdenciárias, eis que a responsa-
bilidade é da empresa tomadora do serviço.

3.1.2. A Filiação do Segurado Facultativo

A filiação do segurado facultativo é ainda mais dependente de algum ato de sua própria
responsabilidade. Quero dizer com isso que, para o segurado facultativo se filiar ao regime
previdenciário público, deverá ele promover – por ato próprio e de maneira formal – essa

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filiação, bem como proceder ao pagamento da primeira contribuição previdenciária. Em ver-

dade, o segurado facultativo realiza o ato de inscrição para poder se filiar, daí que é comum a
afirmação de que o segurado facultativo faz a inscrição antes da filiação, diferentemente dos
segurados obrigatórios.
Trata-se, assim, de uma exigência dirigida unicamente ao segurado facultativo, o que se
trata de uma decorrência lógica da natureza de sua filiação.
O Decreto n. 3.048, no art. 11, prevê a idade mínima de 16 anos de idade para filiação do
segurado facultativo, mas deve prevalecer a melhor interpretação, a de que seria possível a
filiação a partir dos 14 anos de idade, notadamente porque, conquanto não seja possível o
trabalho do menor de 16 anos, isso é indiferente para o segurado facultativo, já que, salvo o
estagiário, ele não trabalha.
O servidor público pode se filiar como segurado facultativo do Regime Geral?
Não. Conforme o art. 201, §5º da Constituição Federal:

Art. 201, § 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado
facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 20, de 1998)

É possível que haja a cobertura previdenciária de trabalhadores, ou melhor de pessoas,


que atuam em atividades ilícitas?
Entendo que não, mas a doutrina entende ser possível, eis que se trata, em alguns casos,
de atividades meramente irregulares. Não concordamos, absolutamente, com essa posição,
uma vez que ninguém poderia se valer de sua própria torpeza, de sorte que tal máxima tam-
bém deve incidir para obstar um infrator de qualquer sorte obter benefícios ou lucros de sua
empreitada ilícita.

Sendo bem direto ao ponto, entenda, de maneira clara e simples, que inscrição é o ato
formal da filiação.
A filiação é o movimento material de ligação jurídica com a previdência social ou com
algum regime próprio de previdência. Já a inscrição é simplesmente o cadastro, anotação

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nos registros do INSS ou do regime próprio, dos elementos individuais do segurado, os quais
se caracterizam por meio de sua atividade laboral ativa remunerada ou por meio de sua ati-
vidade campesina ou, finalmente, por meio da sua filiação formal, no caso dos segurados
facultativos.
O Decreto n. 3.048/99, no art. 18, define a inscrição:

Art. 18. Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o
segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos dados
pessoais e de outros elementos necessários e úteis a sua caracterização, observado o disposto no
art. 330 e seu parágrafo único, na seguinte forma: (Redação dada pelo Decreto n. 3.265, de 1999)

A inscrição de todos os segurados e o seu tipo de filiação é feita no chamado Cadastro


Nacional de Informações Sociais – CNIS. E a inscrição da pessoa física nesse cadastro gera
um número correspondente de identificação. É o número de identificação do trabalhador –
NIT. Esse número de identificação do trabalhador pode ser um número originariamente dado
pelo INSS, ou derivar de outro número de identificação já existente da pessoa, tal como o
número NIT PIS/PASEP/SUS, ou, ainda, qualquer outro NIS – Número de Identificação Social,
gerado pela Caixa Econômica Federal17 .

Para falar sobre o tempo de contribuição, é necessário fazermos uma pequena lembrança
sobre o que já tratamos no capítulo I de nosso curso.
Na nossa primeira aula, estudamos a evolução das reformas previdenciárias no Brasil e
tratamos de todas as emendas constitucionais desde a promulgação da Constituição Federal
de 1988. Uma das Emendas Constitucionais estudada foi a EC 20/98.
Na ocasião, apontei pra você que ficou claro que o principal enfoque da EC 20 foi o de
mudar as regras de aposentadoria dos servidores públicos, especialmente no que toca a exi-
gência de idade mínima, para o gozo de tal benefício. Além disso, a essência daquela emenda
constitucional foi a de substituir, ou melhor, extinguir o modelo de previdência premial e as-
sistencialista que sempre vigorou nos regimes próprios de Previdência Social.


Idem, pg. 355.

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O grande vértice daquele sistema premial e anacrônico era o tempo de serviço e não o
tempo de contribuição, para efeito de cumprimento de carência na obtenção dos benefícios.
E foi isso, justamente, o grande fator atuarial, ao longo das últimas décadas, que desequili-
brou as contas públicas destinadas ao pagamento dos benefícios correspondentes nos regi-
mes próprios.
Em verdade, lembro também a você que esse sistema premial era tão absurdo em nosso
ordenamento jurídico que até a Emenda Constitucional 3/93 não havia qualquer cobrança
de contribuição previdenciária aos servidores públicos. O sistema simplesmente premiava o
servidor público pelo tempo de serviço na carreira e não pelo tempo de contribuição ao longo
desses anos.
É óbvio, portanto, como você já sabe e já aprendeu, que o pilar de um sistema de seguro
social é a contributividade, pelo menos do ponto de vista dos modelos previdenciários proe-
minentes no mundo, os quais estão atrelados ao Sistema de Bismarck.
Em artigo bastante elucidativo, publicado pelo Juiz Federal Roberto Lucchi Demo18, você
pode verificar que o sistema antigo foi superado pela EC 20. Senão, vejamos:

A aposentadoria no serviço público era vista como questão de política de servidor, questão funcio-
nal, não como questão de previdência (...). Esse novo paradigma tomou forma embrionária com a
EC n. 20/ 98, determinando, em linhas gerais, fosse o regime próprio de previdência social contri-
butivo e, para fins de aposentadoria, proibindo a contagem de tempo fictício [ex. licença-prêmio] e
aumentando idade mínima e a carência [para 10 anos no serviço público, mantendo a regra anterior
de 5 anos no cargo]. Posteriormente, ganhou corpo com a EC n. 41/ 03, impondo regras ainda mais
restritivas ao regime próprio de previdência social dos servidores.

Dessa forma, em síntese, tenha em mente o seguinte: sem contribuições e, consequente-

mente, sem a consideração do tempo de contribuição para que o segurado possa gozar dos

benefícios e serviços previdenciários, não há previdência, mas sim assistencialismo. A EC 20,

portanto, na época chamada de “reforma da aposentadoria por tempo de serviço”, foi o ponto

de virada das normas constitucionais previdenciárias estruturantes de nosso grande sistema

de proteção social público.



DEMO, Luis Luchi. Reforma da Previdência. Servidor Público que toma posse em novo cargo. Regime previdenciário apli-
cável. Direito intertemporal. Síntese Jornal, n.85, março/2004, pp.3-6.

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Com relação a essa grande mudança que ficou estampada pela consolidação do instituto
de tempo de contribuição na previdência do servidor público, temos tranquilidade em afir-
mar que a EC 20 foi, de fato, um divisor de águas na seara dos regimes próprios. Mas essa
afirmação não pode ser replicada com a mesma tranquilidade em relação ao regime geral de
previdência social.
Em outras palavras, poderíamos dizer que a tentativa de consolidação do tempo de con-
tribuição, no lugar do tempo de serviço, no âmbito da previdência social do RGPS, foi feita em
nosso ordenamento jurídico de modo capenga. É que as considerações legais e normativas
de tempo de serviço anteriores a vigência da EC 20 até hoje ainda são tratadas como tempo
de serviço.
Isso porque o art. 4º da EC 20 afirmou que o tempo de serviço considerado pela legis-
lação então vigente na época da publicação da Emenda continuaria valendo para efeito de
aposentadoria até que nova lei venha a disciplinar a matéria, tratando aqueles períodos sem
contribuição como se fossem tempo de contribuição.
O problema é: até hoje essa lei não foi editada e o tempo de serviço continua sendo con-
siderado como tempo de serviço. Isso foi tratado também no capítulo I de nosso curso.
Vamos relembrar esse tema complexo e nos aprofundar nele.
É que, sobre o tempo de serviço no RGPS, trata-se de uma questão que geralmente passa
despercebida ou não tão aprofundada nos livros de Direito Previdenciário. De fato, a maior
expressividade da mudança desse antigo regime baseado no “tempo de serviço” para o novo
regime baseado fortemente no “tempo de contribuição” se verificou com bem mais nitidez
no âmbito dos regimes próprios, justamente porque lá o problema era muito maior. Todavia,
no regime geral também houve essa mudança normativa, conquanto, como disse, um pouco
acanhada.
E a mudança mais forte era necessária. Não que as aposentadorias do regime geral fos-
sem premiais como eram as dos regimes próprios, mas havia também – e há ainda –, de certo
modo, uma benevolência normativa no trato da contagem das contribuições necessárias à
aposentadoria do RGPS.
É que o tempo de serviço no regime geral, por ausência da lei explicitada no art. 4º da EC
20, ainda é considerado em algumas hipóteses.

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Sobre isso, para reforçar seu entendimento, transcrevo a doutrina de MARISA SANTOS19 :

Dispõe o art. 4º da EC 20 que o tempo de serviço anterior à vigência da Emenda Consti-


tucional, que era considerado para efeitos de aposentadoria, é computado como tempo
de contribuição.
Na prática, para que o segurado possa fazer corretamente a contagem do tempo de
serviço como tempo de contribuição, deverá consultar a legislação vigente ao tempo do
exercício da atividade que pretende computar (tempus regit actum); se, naquele perí-
odo, era possível computá-la como tempo de serviço, então, agora, poderá considerá-la
como tempo de contribuição.

O que findou de modo absoluto, pela EC 20 no RGPS, foi a contagem de tempo fictício ou
tempo contado em dobro.
Acerca da contagem em dobro e da contagem de tempo fictício até a EC 20/98, a jurispru-
dência do Supremo Tribunal Federal já enfrentou a questão e assegurou que é direito adquiri-
do do segurado. Senão, vejamos:

EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Licença-prêmio não gozada. Con-


versão. Aposentadoria. Contagem em dobro. Requisitos preenchidos antes da vigência
da Emenda Constitucional n. 20/98. Possibilidade. Precedentes.
1. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o servidor público tem direito
à conversão em tempo de serviço, em dobro, da licença-prêmio não gozada correspon-
dente a serviço prestado até o advento da Emenda Constitucional n. 20/98.
2. Agravo regimental não provido.
(RE 364917 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 28/02/2012,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-065 DIVULG 29-03-2012 PUBLIC 30-03-2012)

O direito adquirido também se alonga para proteger a contagem do tempo de serviço até
a EC 20/98. Nesse tema, sobre o direito à contagem do tempo de serviço conforme legislação
da época, o constituinte derivado protegeu o direito adquirido dos então segurados. Assim,
malgrado a extinção do “tempo de serviço”, substituindo-se esse pelo “tempo de contribuição”,

SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado. 6ª ed. São Paulo: [s.n] 2016. pg. 289.

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todo o tempo de serviço existente até a edição da Emenda 20/98 continua válido, somente
exigindo-se a prova da contribuição a partir daquela Emenda.
O Supremo Tribunal Federal também já se pronunciou nesse sentido, garantindo que a lei
nova não pode desconstituir o tempo de serviço então adquirido na vigência da norma ante-
rior:

Tempo de serviço/ contribuição é disciplinado pela lei vigente à época em que efetiva-
mente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do
trabalhador20.

E a lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço/ contribui-
ção não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido.
Nesse sentido: STF, RE 783331/ RS, Min. Ricardo Lewandowski, DJe 1.8.2014” .

Professor, e a tal lei mencionada no art. 4º da EC 20? Foi editada? Quer dizer que até hoje,
então, o tempo de serviço continua válido e existente em nosso ordenamento jurídico?

SIM! Como disse, a lei não foi editada até hoje. Desse modo, até hoje continua válido o
tempo de serviço no sistema previdenciário público do RGPS, na medida em que não houve
nenhuma lei regulando o que seria o tempo de contribuição e como seriam transferidos para
os dias atuais os períodos de tempo de serviço anteriores a EC 20.
Vejamos o que diz o art. 4º da EC 20:

Art. 4º Observado o disposto no art. 40, § 10, da Constituição Federal, o tempo de serviço consi-
derado pela legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até que a lei discipline a
matéria, será contado como tempo de contribuição.

Como se vê, a Emenda condicionou que a lei ordinária é que vai disciplinar o que é tempo
de contribuição.
Vejamos o que diz a doutrina de IBRAHIM21 sobre isso:


CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. [S.l]: Forense. E-book.

IBRAHIM, Fábio Zambitte. op cit, pg. 682.

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Apesar da maior mudança constitucional ter sido justamente na aposentadoria por tempo de ser-
viço, a qual assumiu a condição de aposentação por tempo de contribuição, não há ainda lei de-
finindo o tempo de contribuição. Por isso, a EC 20/98 determina, provisoriamente, com exceção
de tempo fictício, que todo o tempo de serviço considerado pela legislação atual para efeito de
aposentadoria, cumprido até que nova lei discipline a matéria, seja contado como tempo de contri-
buição. Assim, o tempo de serviço existente hoje é considerado tempo de contribuição.

E, por conta da ausência de uma lei específica que defina essa transição de modo mais
preciso, até hoje a chamada Lei de Benefícios do RGPS – Lei n. 8.213/91 – ainda usa a ex-
pressão “aposentadoria por tempo de serviço” em seu art. 52.
O art. 18, inciso I, “c”, também da Lei n. 8.213/91, ao contrário, foi alterado para “aposen-
tadoria por tempo de contribuição”, por meio de uma singela modificação legal advinda com
a Lei Complementar n. 123/06 (lei essa que tratou de diversos assuntos e somente foi “Lei
Complementar” porque, dentre outros temas, tratou também de normas gerais sobre direito
tributário, tal como determina o art. 146, III, da CF).
Esse art. 18, inciso I, “c” da Lei n. 8.213/91 diz assim:

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclu-
sive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços:
I – quanto ao segurado:
c) aposentadoria por tempo de serviço;
c) aposentadoria por tempo de contribuição; (Redação dada pela Lei Complementar n. 123, de 2006)

Outro resquício de um período em que também no RGPS se tinha certa benevolência com
o “tempo de serviço” em detrimento do “tempo de contribuição” efetivo resiste ainda no art. 56
da Lei de Benefícios:

Art. 56. O professor, após 30 (trinta) anos, e a professora, após 25 (vinte e cinco) anos de efetivo
exercício em funções de magistério poderão aposentar-se por tempo de serviço, com renda mensal
correspondente a 100% (cem por cento) do salário de benefício, observado o disposto na Seção III
deste Capítulo.

Nesse panorama todo, e apesar da EC 20 ter asseverado que uma lei deveria disciplinar
essa transição do conceito de “tempo de serviço” para o conceito de “tempo de contribuição”,
friso: até hoje subsistem nas normas do RGPS dispositivos que mencionam “tempo de ser-
viço”, como se a contribuição fosse apenas um aspecto secundário em relação ao tempo de
trabalho.

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Trata-se de uma situação que demonstra clara ausência de coerência técnico-legislativa.


Clara dissonância da vontade do legislador com a vontade do Constituinte Derivado. De fato,
isso revela uma anomalia textual de nosso ordenamento jurídico previdenciário até hoje.
Tanto é anomalia que, embora aquela lei referida no art. 4º da EC 20/98 nunca tenha vindo,
um Decreto cuidou de abordar as situações de “tempo de serviço” que podem ser considera-
das como sendo “tempo de contribuição”. O Constituinte Derivado disse lei, mas o que temos
é um decreto. É o Decreto n. 3.048/99, que regulamenta a Lei de Benefícios e veio em substi-
tuição ao Decreto n. 2.172/97.
Nada obstante, veja que o Decreto n. 3.048 absolutamente não mudou a redação que se
usava antes no Decreto 2.172 para definir o que era “tempo de serviço”, mas tratou de elencar
as hipóteses admissíveis de “tempo de serviço”. Sobre isso, perceba que curioso é o compa-
rativo entre o que dispunha o Decreto 2.172 e o que dispõe hoje o Decreto 3.048, quando tra-
tam da aposentadoria por tempo de serviço (no regime anterior) e por tempo de contribuição
(no regime atual):

Decreto n. 2.172/97
Art. 57. Considera-se tempo de serviço o tempo, contado de data a data, desde o início até a data
do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela previdência social, descontados
os períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de contesto de trabalho, de interrupção
de exercício e de desligamento da atividade.

Decreto n. 3.048/99
Art. 59. Considera-se tempo de contribuição o tempo, contado de data a data, desde o início até
a data do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela previdência social, des-
contados os períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de contrato de trabalho, de
interrupção de exercício e de desligamento da atividade.

Perceba no comparativo que simplesmente não há nenhuma diferença a não ser a troca
da expressão “tempo de serviço” por “tempo de contribuição”, mantendo-se todos os ele-
mentos definidores do conceito. Ora, como o conceito de “tempo de contribuição” pode estar
dissociado de qualquer termo ou expressão que vincule o ato de contribuir? Parece meio iló-
gico considerar apenas o “tempo, contado de data a data” para dizer que se trata de tempo de
“contribuição”, não? Como disse, são as anomalias ainda vigentes.
Porque, a bem da verdade, ainda se vive uma fase de transição no trato da gestão atuarial
do sistema previdenciário do RGPS.

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Nesse sentido, o Decreto n. 3.048 até se propôs a amenizar o problema, com a indicação,
como já referi acima, de hipóteses de “tempo de serviço” que podem até hoje ser considera-
das “tempo de contribuição”. São as hipóteses de tempo de serviço elencadas no art. 60 do
Decreto n. 3.048, o qual diz que até

Que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre outros (...).

Sei que se trata de uma parte da lei extensa e detalhada, mas considero bastante im-
portante que você leia todo o seu conteúdo de modo atento. Por isso, vou transcrever para
você aqui:

Art. 60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre
outros:
I – o período de exercício de atividade remunerada abrangida pela previdência social urbana e rural,
ainda que anterior à sua instituição, respeitado o disposto no inciso XVII;
II – o período de contribuição efetuada por segurado depois de ter deixado de exercer atividade
remunerada que o enquadrava como segurado obrigatório da previdência social;
III – o período em que o segurado esteve recebendo auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez,
entre períodos de atividade;
IV – o tempo de serviço militar, salvo se já contado para inatividade remunerada nas Forças Arma-
das ou auxiliares, ou para aposentadoria no serviço público federal, estadual, do Distrito Federal
ou municipal, ainda que anterior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, nas seguintes
condições:
a) obrigatório ou voluntário;
e
b) alternativo, assim considerado o atribuído pelas Forças Armadas àqueles que, após alistamento,
alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de
convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter militar;
V – o período em que a segurada esteve recebendo salário-maternidade;
VI – o período de contribuição efetuada como segurado facultativo;
VII – o período de afastamento da atividade do segurado anistiado que, em virtude de motivação
exclusivamente política, foi atingido por atos de exceção, institucional ou complementar, ou abran-
gido pelo Decreto Legislativo n. 18, de 15 de dezembro de 1961, pelo Decreto-Lei n. 864, de 12 de
setembro de 1969, ou que, em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos,
tenha sido demitido ou compelido ao afastamento de atividade remunerada no período de 18 de
setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988;
VIII – o tempo de serviço público federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, inclusive o
prestado a autarquia ou a sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público,
regularmente certificado na forma da Lei n. 3.841, de 15 de dezembro de 1960, desde que a respec-
tiva certidão tenha sido requerida na entidade para a qual o serviço foi prestado até 30 de setembro
de 1975, véspera do início da vigência da Lei n. 6.226, de 14 de junho de 1975;

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IX – o período em que o segurado esteve recebendo benefício por incapacidade por acidente do
trabalho, intercalado ou não;
X – o tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior à competência novembro de 1991;
XI – o tempo de exercício de mandato classista junto a órgão de deliberação coletiva em que, nessa
qualidade, tenha havido contribuição para a previdência social;
XII – o tempo de serviço público prestado à administração federal direta e autarquias federais, bem
como às estaduais, do Distrito Federal e municipais, quando aplicada a legislação que autorizou a
contagem recíproca de tempo de contribuição;
XIII – o período de licença remunerada, desde que tenha havido desconto de contribuições;
XIV – o período em que o segurado tenha sido colocado pela empresa em disponibilidade remune-
rada, desde que tenha havido desconto de contribuições;
XV – o tempo de serviço prestado à Justiça dos Estados, às serventias extrajudiciais e às escri-
vanias judiciais, desde que não tenha havido remuneração pelos cofres públicos e que a atividade
não estivesse à época vinculada a regime próprio de previdência social;
XVI – o tempo de atividade patronal ou autônoma, exercida anteriormente à vigência da Lei n. 3.807,
de 26 de agosto de 1960, desde que indenizado conforme o disposto no art. 122;
XVII – o período de atividade na condição de empregador rural, desde que comprovado o recolhi-
mento de contribuições na forma da Lei n. 6.260, de 6 de novembro de 1975, com indenização do
período anterior, conforme o disposto no art. 122;
XVIII – o período de atividade dos auxiliares locais de nacionalidade brasileira no exterior, ampa-
rados pela Lei n. 8.745, de 1993, anteriormente a 1º de janeiro de 1994, desde que sua situação
previdenciária esteja regularizada junto ao Instituto Nacional do Seguro Social;
XIX – o tempo de exercício de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou municipal, desde que
tenha havido contribuição em época própria e não tenha sido contado para efeito de aposentadoria
por outro regime de previdência social;
XX – o tempo de trabalho em que o segurado esteve exposto a agentes nocivos químicos, físicos,
biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, observado o dis-
posto nos arts. 64 a 70; e
XXI – o tempo de contribuição efetuado pelo servidor público de que tratam as alíneas “i”, “j” e “l”
do inciso I do caput do art. 9º e o § 2º do art. 26, com base nos arts. 8º e 9º da Lei n. 8.162, de 8 de
janeiro de 1991, e no art. 2º da Lei n. 8.688, de 21 de julho de 1993.
XXII – o tempo exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado pro-
fissional realizado em escola técnica, desde que comprovada a remuneração, mesmo que indireta,
à conta do orçamento público e o vínculo empregatício. (Incluído pelo Decreto n. 6.722, de 2008).

Várias das hipóteses listadas no art. 60, do Decreto n. 3.048 mencionam – um pouco sem
sentido, mas mencionam – a necessidade de ter havido contribuição para que o tempo de
serviço seja então considerado tempo de contribuição. Todavia, há algumas hipóteses nas
quais não se exige essa prova, o que implica considerar realmente como tempo de contri-
buição a simples constatação de tempo de serviço, independentemente de ter havido ou não
contribuição no período correspondente.

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Portanto, diante disso, parece estranho dizer, mas anote aí:


NEM SEMPRE o tempo de contribuição vai exigir contribuição para que ele seja usado no
RGPS (isso, até que lei efetivamente discipline a matéria, sabe-se lá quando), pois algumas
hipóteses consideram tão somente o tempo de serviço.

Vamos fazer uma pequena lista das hipóteses importantes nas quais há tempo de serviço,
mas não há necessidade de indenização das respectivas contribuições previdenciárias, caso
elas não tenham ocorrido contemporaneamente à atividade:
• o tempo de serviço do ALUNO-APRENDIZ, que estudou em escola pública profissio-
nalizante quando realizado esse estudo às expensas do Poder Público (art. 58, XXI, do
Decreto n. 611/92);
• tempo de serviço do MENOR ABAIXO DE 14 ANOS, em qualquer condição, urbana ou
rural, eis que a norma proibitiva do trabalho abaixo dos 16 anos, salvo na condição de
aprendiz a partir dos 14 anos, não pode significar prejuízo previdenciário ao menor (a
norma veio para protegê-lo, não para prejudicá-lo, caso ocorra o trabalho dele abaixo
da idade mínima, sendo essa, inclusive, a posição já adotada pelo STF, no RE 600616
AgR/ RS, 1ª Turma, Min. Barroso, DJe 10.9.201422 );
• tempo de serviço do SÓCIO COTISTA quando a legislação da época dispensava seu
recolhimento direto e passava tal obrigação para a pessoa jurídica da qual era sócio.
Na legislação anterior à Lei n. 8.213/91, o sócio cotista por vezes era considerado se-
gurado obrigatório e, por vezes, não. Para quando era segurado obrigatório, o tempo de
serviço respectivo não precisará ser indenizado; para quando não era segurado obriga-
tório, o tempo de serviço precisará ser indenizado. Por outro lado, o SÓCIO ADMINIS-
TRADOR somente poderá reconhecer tempo de serviço junto ao INSS se recolher as
respectivas contribuições23, mesmo quando essa obrigação era da pessoa jurídica, na


CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. [S.l]: Forense. E-book.

Sobre isso, cito a seguinte jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (o tema ainda não foi enfrentado pelo
STJ): EMBARGOS INFRINGENTES. PREVIDENCIÁRIO. DIRETOR. RESPONSABILIDADE. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Ino-
bstante o recolhimento das contribuições previdenciárias do diretor de empresa ser responsabilidade da pessoa jurídica,
os atos de gestão são praticados pela pessoa física, que é pessoalmente responsável por atos contrários à lei. Hipótese
em que o segurado não pode computar tempo de serviço sem a indenização das contribuições previdenciárias que deixou

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medida em que, por uma óbvia interpretação da lei tributária, os sócios administradores
são responsáveis tributários quanto aos atos da sociedade empresária praticados com
infração da lei24.
Essas são algumas hipóteses específicas já enfrentadas pela jurisprudência de nossos Tri-
bunais. Porém, o que você deve guardar como essência é: se o segurado era obrigatório e os
recolhimentos não dependiam dele, o tempo de serviço poderá ser contado como tempo de
contribuição independentemente de indenização das contribuições previdenciárias.
Exatamente nesse sentido, e de modo bastante claro e sintético, LAZZARI assevera que25:

Para o segurado nas categorias de empregado, empregado doméstico e de trabalhador avulso,


é considerado tempo de contribuição todo aquele em que houve relação de trabalho, independen-
temente das contribuições terem sido ou não recolhidas, sem prejuízo da respectiva cobrança e
das sanções cabíveis ao responsável pelos recolhimentos não realizados na época devida (art. 34,
I, da Lei n. 8.213/ 1991, art. 33, § 5º, da Lei n. 8.212/ 1991 c/ c o art. 32, § 22, do Decreto n. 3.048/
1999).

Já com relação ao contribuinte individual, trata-se de segurado obrigatório para o qual a exi-
gência de recolhimentos é direta, ou seja, é ele mesmo quem deve recolher suas contribuições
previdenciárias. No caso dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador
avulso, como vimos e veremos bem ao longo deste curso, a responsabilidade de recolhimen-
tos é do empregador ou do órgão gestor da mão de obra (no caso do trabalhador avulso).
Noutro giro, o contribuinte individual, caso ele queira contar como tempo de contribuição

de recolher quando exercia o cargo de diretor de empresa. (EIAC n. 2000.04.01.103363-0, rel. Des. Federal Luís Alberto
D’Azevedo Aurvalle, unânime, D.E. de 30-08-2006)

Vale lembrar, contudo, que o mero inadimplemento de tributos pela pessoa jurídica não autoriza, por si só, a responsa-
bilidade dos sócios administradores, mas apenas no caso em que esse inadimplemento decorrer de excesso de poderes
na gestão da sociedade empresária ou quando houver prática de atos que caracterizem infração à lei. Assim, diante da
Sumula 430, do STJ, o “inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade soli-
dária do sócio-gerente”. No entanto, a exigência de recolhimento, ou pelo menos a simples negativa de reconhecimento do
tempo de serviço do sócio administrador, pode se basear até mesmo na teoria dos atos próprios, na medida em que nin-
guém pode se valer de sua própria torpeza (nemo potest venire contra factum proprium). Além disso, argumenta-se que o
recolhimento das contribuições previdenciárias objetivando o reconhecimento de tempo de serviço pregresso possui viés
indenizatório e não tributário, o que faz afastar a Sumula 430, do STJ. Nesse sentido: “O cumprimento dessa exigência não
detém natureza tributária, mas indenizatória do sistema previdenciário para fruição dos benefícios por ele mantidos, não
havendo que se falar em decadência ou prescrição” (v. g. AgRg no REsp 1129734/SP, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
T6/STJ, DJe 24/10/2011).

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. [S.l]: Forense. E-book.

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certo tempo de serviço, no qual não houve nenhum recolhimento ao INSS de sua parte, deverá
indenizar o respectivo período (art. 45-A, da Lei n. 8.212/91).

Sobre a forma de se comprovar o tempo de serviço, o Decreto n. 3.048/99 também elucida


que deverá haver a demonstração efetiva do:

Exercício da atividade nos períodos a serem contados, devendo esses documentos ser contempo-
râneos dos fatos a comprovar.

Perceba que basta comprovar o exercício da atividade, nada se exigindo em relação à


contributividade.
Vejamos:

Art. 62. A prova de tempo de serviço, considerado tempo de contribuição na forma do art. 60, ob-
servado o disposto no art. 19 e, no que couber, as peculiaridades do segurado de que tratam as
alíneas “j” e “l” do inciso V do caput do art. 9º e do art. 11, é feita mediante documentos que com-
provem o exercício de atividade nos períodos a serem contados, devendo esses documentos ser
contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término e, quando se
tratar de trabalhador avulso, a duração do trabalho e a condição em que foi prestado. (Redação
dada pelo Decreto n. 4.079, de 2002)
§ 3º Na falta de documento contemporâneo podem ser aceitos declaração do empregador ou seu
preposto, atestado de empresa ainda existente, certificado ou certidão de entidade oficial dos quais
constem os dados previstos no caput deste artigo, desde que extraídos de registros efetivamente
existentes e acessíveis à fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social. (Redação dada pelo
Decreto n. 4.729, de 2003)
§ 4º Se o documento apresentado pelo segurado não atender ao estabelecido neste artigo, a prova
exigida pode ser complementada por outros documentos que levem à convicção do fato a compro-
var, inclusive mediante justificação administrativa, na forma do Capítulo VI deste Título. (Redação
dada pelo Decreto n. 4.729, de 2003)
§ 5º A comprovação realizada mediante justificação administrativa ou judicial só produz efeito
perante a previdência social quando baseada em início de prova material. (Redação dada pelo De-
creto n. 4.729, de 2003)
Art. 63. Não será admitida prova exclusivamente testemunhal para efeito de comprovação de tem-
po de serviço ou de contribuição, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito,
observado o disposto no § 2º do art. 143.

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DIC

Há uma outra questão que se refere à indenização de certos períodos para que eles pas-
sem a contar como tempo de contribuição.
Vejamos.
Diz o art. 55 da Lei n. 8.213/91:

Art. 55, § 1º A averbação de tempo de serviço durante o qual o exercício da atividade não de-
terminava filiação obrigatória ao anterior Regime de Previdência Social Urbana só será admitida
mediante o recolhimento das contribuições correspondentes, conforme dispuser o Regulamento,
observado o disposto no § 2º.

A leitura do artigo acima nos diz que, se a atividade desempenhada exigisse filiação obri-
gatória, não haverá necessidade de indenização. De outro lado, se não exigisse filiação obri-
gatória, aí se exigirá a indenização correspondente.
Quando falamos em “filiação obrigatória”, estamos nos referindo às atividades nas quais
o trabalhador estaria inscrito e filiado ao sistema independentemente de sua vontade, bas-
tando a atividade remunerada. E, nessas atividades, antes da Lei n. 8.213/91, para boa parte
dos segurados obrigatórios, a obrigação de recolhimento das contribuições previdenciárias
sempre era do empregador ou do tomador de serviços, ou ainda do órgão gestor da mão de
obra avulsa. Logo, se não houve esse recolhimento, a norma previdenciária protege a parte
mais fraca (o segurado), dispensando-o de indenizar o respectivo tempo de serviço.
Mas, nas hipóteses nas quais, antes da Lei n. 8.213/91, as atividades não implicavam
filiação obrigatória, tal como, por exemplo, o exercício de mandato eletivo, o art. 55 da Lei n.
8.213/91 exige a respectiva indenização do tempo de serviço, a fim de que ele seja computa-
do como tempo de contribuição.
Em síntese:
• se a filiação era obrigatória: NÃO precisa indenizar para contar o tempo de serviço;
• se a filiação NÃO era obrigatória: precisa indenizar para contar o tempo de serviço.

Na esteira da lei, o Decreto n. 3.048/99 clarifica a necessidade de indenização para os


casos nos quais a atividade remunerada desempenhada não exigia filiação obrigatória à pre-
vidência social.

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Vejamos o art. 122 do Decreto:

Art. 122. O reconhecimento de filiação no período em que o exercício de atividade remunerada não
exigia filiação obrigatória à previdência social somente será feito mediante indenização das con-
tribuições relativas ao respectivo período, conforme o disposto nos §§ 7º a 14 do art. 216 e § 8º
do art. 239.

Indo mais além, para baixo de nossa pirâmide normativa previdenciária, você poderá ver
que a Instrução Normativa INSS n. 77/2015 chama essa indenização, relativa ao reconheci-
mento de tempo de serviço, de “retroação da DIC”, ou “retroação da data de início das contri-
buições”.
Veja:

Do reconhecimento do tempo de filiação


e da retroação da data do início das contribuições – DIC.
Art. 22. Reconhecimento de filiação é o direito do segurado de ter reconhecido, em qualquer época,
o tempo de exercício de atividade anteriormente abrangida pela Previdência Social.
Art. 23. Considera-se Retroação de Data do Início da Contribuição - DIC o reconhecimento de fi-
liação em período anterior a inscrição mediante comprovação de atividade e recolhimento das
contribuições.

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RESUMO
Características essenciais do RGPS:
• A obrigatoriedade da filiação e também a necessidade de contribuições previdenciárias
para o financiamento do sistema. O princípio da solidariedade social, como vimos, é o
maior valor de sustentação desse grande sistema de proteção social público, destina-
do à manutenção e a prevenção das contingências sociais eleitas pelo Constituinte no
art. 201, incisos I a V, CF;
• Quem trabalha, portanto, é obrigado a se filiar;
• Como vimos no capítulo anterior, o trabalhador rural se aposenta antes do trabalhador
urbano, bem como, quando se tratar de trabalhador em regime de economia familiar –
em especial, o segurado especial –, não há contributividade efetiva. Logo, essa pecu-
liaridade é determinante para se observar o quão importante é a manutenção do RGPS
para a economia de milhares e milhares de municípios do interior do Brasil, especial-
mente nos estados do Centro-Oeste e Norte do país;
• Nesse ponto, relacionado à grande demanda da previdência social no meio rural, tem-
-se uma grande discussão, relacionada ao enquadramento de alguns tipos de traba-
lhadores. Volto a dizer: como vimos em nosso capítulo relacionado ao custeio e fi-
nanciamento, os trabalhadores rurais que laboram em regime de economia familiar, na
prática, não contribuem para a previdência social, pois segundo a Constituição Federal
de 1988, esse tipo de trabalhador somente contribuirá se houver resultado da comer-
cialização de sua produção. E, não havendo o resultado ou, tampouco, comercialização
da produção, não há que se falar em pagamento efetivo de contribuição previdenciária.
Logo, não há dúvidas de que o grande déficit da previdência social deriva da previdên-
cia social no setor rural, especificamente para os trabalhadores rurais em regime de
economia familiar.

Quais são as contingências sociais que são cobertas pelo Regime Geral de previdência
social?

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• A resposta, como vimos, está na Constituição Federal de 1988 e, também, na Lei n.


8213/91. São as seguintes contingências sociais cobertas pelo nosso regime geral de
previdência social: a) doença; b) invalidez; c) morte; d) idade avançada; e) proteção à
maternidade, especialmente a gestante; f) proteção ao trabalhador em situação de de-
semprego involuntário; g) proteção à família de baixa renda, por meio do salário-famí-
lia; h) proteção à família de baixa renda em razão da reclusão do segurado instituidor;
• Sobre o funcionamento e a eficiência da estrutura administrativa do INSS, acho inte-
ressante lembrar você da situação estrutural em que hoje se encontra o atendimento
previdenciário à população. Veja: não dá pra separar o estudo do direito previdenciário
do cotidiano do que se vê no mundo real em relação ao atendimento dos segurados e
dependentes do RGPS;
• Nesse tópico, a grande celeuma recente se refere às intermináveis filas de atendimento
que se formam pelas agências da previdência social Brasil afora. Inúmeras ações judi-
ciais, especialmente mandados de segurança, foram ajuizadas para que os segurados
obtivessem o direito de serem atendidos no prazo de até 45 dias;
• Não há lei ou regulamento específico do processo administrativo previdenciário. Assim,
no âmbito da legislação infraconstitucional, o processo administrativo previdenciário
é regulado pela norma geral, Lei n. 9.784/99. Os artigos 48 e 49 deste diploma legal
tratam especificamente do fato de o administrador público, no prazo de 30 (trinta) dias
após a conclusão da instrução processual, ter o dever de decidir;
• Chamo a atenção ao fato de que o prazo de trinta dias disciplinado na legislação men-
cionada é para proferir decisão e não para o encerramento da instrução do processo
administrativo. Para a conclusão da instrução processual, não existe disciplina norma-
tiva previdenciária especifica que disponha sobre um prazo exato;
• O INSS tem atuado na adoção de medidas tecnológicas visando ao aperfeiçoamento e
à celeridade do atendimento aos segurados, mas a situação ainda se encontra longe
do ideal;
• Veja, aliás, que no final do ano de 2019 – precisamente em 11 de dezembro –, o presi-
dente do Instituto Nacional do Seguro Social editou a Portaria n. 3.213, a qual instituiu

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o Sistema de Governança do INSS, visando promover o aprimoramento do processo


decisório e a melhoria do desempenho institucional da autarquia. Dentre os objetivos,
tem-se a promoção da gestão estratégica do INSS, focada na melhoria contínua dos
serviços ofertados aos beneficiários e segurados da previdência social, além da simpli-
ficação administrativa e da modernização da gestão pública;
• Em nível jurisprudencial, o entendimento, ao que parece, tem sido tendente à flexibili-
zação do prazo de instrução e julgamento, não se adotando uma analogia cega e abso-
luta do prazo previsto nos artigos 48 e 49 da Lei n. 9.784/99. Veja, nesse sentido, que
o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em deliberação do Fórum Interinstitucional
Previdenciário, tem considerado razoável o prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar
da data do respectivo protocolo, para análise de requerimentos administrativos, tendo
em vista a implantação de novos sistemas de trabalho na Autarquia Previdenciária e o
empenho em aprimorá-los com recursos tecnológicos, para dar vazão ao número cres-
cente de demandas, evitando a judicialização de questões que podem ser resolvidas na
via administrativa. Entendimento esse que já vem sendo adotado nos julgados daquele
Tribunal;
• Mas destaco: o entendimento acima é variante, de modo que muitos julgados enten-
dem por bem aplicar, por analogia, o prazo de trinta dias para a análise e finalização do
processo administrativo.

Quais são as características gerais do regime geral de previdência social?


• Público, contributivo, escorado no equilíbrio financeiro e atuarial, de filiação obrigatória
para os trabalhadores em geral, de repartição e de fundo único, solidário, de gestão
quadripartite e custeio tripartite. A doutrina aponta que se trata de um pacto político e
social intra e intergeracional26;
• No Regime Geral de Previdência Social há dois grandes grupos de segurados: os segu-
rados obrigatórios e os segurados facultativos;
• Bom, agora que você já conhece todos os tipos de segurados do Regime Geral da Pre-
vidência Social, vamos adentrar no conhecimento de cada espécie;

Idem, pg. 237.

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• A regulamentação infraconstitucional dos segurados obrigatórios reside na leitura do


artigo 12 da Lei n. 8.212/91, bem como no art. 11 da Lei n. 8.213/91. No plano infralegal,
o Decreto n. 3.048/99, especificamente no seu artigo 9º, trata desta espécie de segura-
do. Indo mais a fundo, não podemos esquecer que, explicitando ainda mais os contor-
nos dos segurados obrigatórios, os artigos 2º até o art. 57 da Instrução Normativa INSS
n. 77/15 tratam, em minúcias, do assunto;
• Como disse anteriormente, a regra é que qualquer trabalhador que exerce a suas ati-
vidades no território nacional e não seja servidor público ou ainda militar já vinculado
ao regime próprio de previdência social, será coberto pelo Regime Geral da Previdência
Social. Estamos falando, pois, do princípio da territorialidade da filiação ao RGPS.

Com relação a distinção entre a categorização de um segurado obrigatório como sendo


rural ou urbano, como saberemos enquadrá-lo? A distinção reside no meio em que ele traba-
lha ou diante da natureza da atividade prestada?
• Reside na natureza da atividade ou do serviço efetivamente prestado pelo empregado
ou pelo contribuinte individual. Nada impede, portanto, que um trabalhador rural exerça
a sua atividade rural, portanto, dentro da cidade. Também não será impeditivo o enqua-
dramento de um trabalhador urbano que trabalhe no campo;
• Tudo dependerá do tipo de atividade realmente prestada por esse tipo de trabalhador.
• Há julgados que se alinham no sentido de que o administrador de fazenda é um traba-
lhador urbano, mesmo que trabalhe em meio rural. Mas há outros julgados que dizem
que o administrador de fazenda é naturalmente um trabalhador rural se trabalhar em
meio rural. De fato, não faria sentido um tratorista ser considerado rural se operasse
sua máquina no meio da cidade;
• No Superior Tribunal de Justiça tem prevalecido a linda que enquadra um administra-
dor da fazenda como trabalhador rural;
• Veja, contudo, que a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados
Especiais Federais, em pedido de uniformização de sua jurisprudência, já decidiu, re-
centemente, no sentido de que deve valer a literalidade do que consta na Instrução Nor-
mativa INSS 77/15, ou seja, de que o administrador da fazenda é considerado emprega-
do urbano ou contribuinte individual urbano, conforme a relação de trabalho formada;

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• Em outras atividades também há essa celeuma. Vejamos o caso do motosserrista,


conforme o seguinte julgado do TRF-1ª Região27, que considerou tal atividade como
sendo urbana.

Professor, existe alguma lei no Brasil que defina o que é trabalhador rural?

• SIM, existe a Lei n. 5.889/73, mas é importante observar que o rol lá presente não é
exaustivo, mas sim exemplificativo. Essa, pelo menos, e a interpretação que tem sido
extraída da leitura das normas daquela lei. Daí se permite concluir que casos como o
do administrador da fazenda sejam resolvidos mediante a conclusão de que a prepon-
derância de sua atividade vincula-se à finalidade de manutenção das lides rurais no
interior do imóvel da fazenda;
• Vamos tratar agora da primeira subespécie de segurado obrigatório. Vamos falar do
segurado empregado: são os artigos 12, inciso I da Lei n. 8.212/91, bem como o artigo
9º, inciso I do Decreto n. 3.048/99 que indicam quais são os casos de segurado empre-
gado;
• Quando falamos de segurado empregado não se trata de enquadramento que se encer-
ra pura e simplesmente na definição de contrato de trabalho da legislação trabalhista.
Ou seja, haverá casos de segurados obrigatórios que não se enquadram exatamente
dentro da caracterização firmada pelos elementos remuneração, pessoalidade, subor-
dinação e a habitualidade, mas que, mesmo assim, serão segurados obrigatórios na
condição de segurados empregados.

Quem é segurado empregado, então?

• No BRASIL é aquele que:


– presta serviço urbano à empresa, não eventual, com subordinação e remuneração;
– presta serviço rural à empresa, não eventual, com subordinação e remuneração;
– presta serviço à empresa de trabalho temporário (p/ atender à necessidade transitó-
ria de substituição de pessoal regular e permanente);


AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 289.

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– presta serviço à empresa de trabalho temporário (p/ atender ao acréscimo extraor-


dinário de serviços de outras empresas);
– presta serviço à missão diplomática (e a órgãos a ela subordinados);
– presta serviço à repartição consular de carreira estrangeira (e a órgãos a ela subor-
dinados);
– presta serviço a membros dessas missões diplomáticas e repartições consulares.

Excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela
legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular
(exceção ao princípio da territorialidade da lei previdenciária nacional).

– é servidor público ocupante de cargo em comissão na União, autarquias federais


(inclusive em regime especial) e fundações públicas federais;
– o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento
no Brasil (se for no exterior é CONTRIBUINTE INDIVIDUAL), salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social;
– o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vincu-
lado a regime próprio de previdência social.

No EXTERIOR, é o:
– brasileiro que trabalha como empregado em sucursal ou agencia de empresa nacio-
nal no exterior;
– estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil, mas que trabalha como empregado
em sucursal ou agencia de empresa nacional no exterior;
– brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior (mesmo que lá domiciliado e
contratado), em organismos oficiais brasileiros (salvo se segurado na forma da le-
gislação vigente do país do domicílio);
– brasileiro civil que trabalha para União, no exterior (mesmo que lá domiciliado e con-
tratado), em organismos internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo (sal-
vo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio);

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– brasileiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em


empresa domiciliado no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa
brasileira de capital nacional;
– estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em
empresa domiciliado no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa
brasileira de capital nacional.

Vamos ver agora as espécies de modo discriminado:


• Os empregados;
• Aqui o conceito é bastante próximo ao da Consolidação das Leis do Trabalho, em seu
art. 3º. Exige-se, com isso, a presença dos elementos da “remuneração”, “habituali-
dade”, “pessoalidade” e “subordinação” para que se tenha uma relação de emprego e,
sendo assim, ser segurado do RGPS.

E quanto ao menor aprendiz? Ele é considerado segurado empregado também?


• SIM. Isso porque a o art. 428 da CLT define o contrato de aprendizagem como sendo
um contrato de trabalho especial, escrito e com prazo determinado. Nesse contrato,
o empregador fica comprometido a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos uma
formação técnico profissional metódica;
• Portanto, o menor aprendiz é segurado obrigatório do RGPS, sendo segurado obrigató-
rio na condição de segurado empregado.

E quanto ao aluno-aprendiz? É segurado do RGPS?


DEPENDE. Primeiramente, cabe registrar que o aluno aprendiz não é a mesma coisa que
menor aprendiz. O menor aprendiz deriva de um contrato de aprendizagem. Já o aluno apren-
diz deriva de escolas técnicas federais que antigamente existiam no Brasil. O aluno-aprendiz
aprendia trabalhando em escola técnica federal, recebendo ou não pecúnia à conta do orça-
mento público, ou salário indireto, representado por alimento, fardamento, atendimento médi-
co-odontológico e pousada.
A norma infralegal, portanto, explicita que deve haver a comprovação da remuneração,
mesmo que indireta, ou seja, in natura, à conta do orçamento, bem como a demonstração do
vínculo de emprego.

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O Supremo Tribunal Federal, há muitos anos, nos idos de 1968, entendia que um dos
requisitos era o vínculo de emprego, conforme visto no julgamento do RMS n. 18.538/GB28 :
Contagem de tempo de serviço do funcionário autárquico (Lei n. 1.711/1952, art. 268).
Nele não se inclui o período em que o servidor cursou escola profissional da União, da qual
não recebia paga e com a qual não mantinha relação empregatícia. Resolução que determinou
essa contagem, posteriormente revogada, não gera direito adquirido em favor do servidor, por
ter sido expedida sem base legal. A Administração Pública pode declarar a nulidade dos
seus próprios atos (Súmula n. 346). Recurso desprovido.
Mais recentemente, a Corte Suprema reiteradamente proferiu julgados sem exigir, contudo,
o vínculo de emprego para que o tempo de serviço do aluno-aprendiz seja considerado
para aposentadoria:

Mandado de segurança. Aposentadoria. Contagem de tempo. Aluno aprendiz.


Decadência. Ato complexo. Súmula n. 96/TCU. Concessão do benefício. [...]
II – A questão encontra-se regulamentada pela Lei n. 3.442/1959, que não alterou a
natureza das atividades e a responsabilidade dos aprendizes estabelecidas pelo
Dec.--Lei n. 8.590/1946.
III – A Súmula n. 96/TCU prevê a possibilidade de contagem, para efeito de tempo de
serviço, do trabalho prestado por aluno aprendiz, desde que comprovada sua retribuição
pecuniária, para cálculo de concessão do benefício de aposentadoria. [...]
(STF – MS n. 28.576/DF – Rel. Min. Ricardo Lewandowski – 2ª Turma – DJe de 11.6.2014)
.....................................................................................................
Agravo regimental. Mandado de segurança. Aposentadoria. Contagem de tempo. Aluno
aprendiz. Mudança de orientação do TCU quanto aos requisitos exigidos, após a
concessão da aposentadoria. Impossibilidade. Agravo regimental a que se nega provimento.
I – A questão encontra-se regulamentada pela Lei n. 3.442/1959, que não alterou a
natureza das atividades e a responsabilidade dos aprendizes estabelecidas pelo
Dec.--Lei n. 8.590/1946.
II – A Súmula n. 96/TCU prevê a possibilidade de contagem, para efeito de tempo de
serviço, do trabalho prestado por aluno aprendiz, desde que comprovada sua retribuição
pecuniária, para cálculo de concessão do benefício de aposentadoria. [...]

CALAZANS, Fernando Ferreira. In: “Cômputo do tempo de serviço de aluno aprendiz de escola federal profissional para
fins de aposentadoria”. Extraído de: <http://amiprem.com.br/informativos/computo_do_tempo_de_servico_de_aluno_
aprendiz_de_escola_federal_bda_dez_2015.PDF>. Acesso em: 22 mar. 2020, às 18:30.

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(STF – MS n. 27.615 AgR/AL – Rel. Min. Ricardo Lewandowski – Pleno – DJe de


13.6.2014.)

Mas, atenção: o STF alterou novamente seu entendimento no julgamento do MS 31518/


DF, para abrandar a exigência de requisitos, asseverando não ser relevante se havia ou não re-
muneração direta, ou indireta, mas sim se houve a comprovação de efetiva execução do ofício
para o qual o aluno recebia as instruções, oficio esse que se materializava nas encomendas
de terceiros.
Assim destacou, portanto, o Supremo, no ano de 2017:

O elemento essencial à caracterização do tempo de serviço como aluno-aprendiz não é


a percepção de vantagem direta ou indireta, mas a efetiva execução do ofício para o qual
recebia instrução, mediante encomendas de terceiros.
STF. 1ª Turma. MS 31518/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2017 (Info 853).

Mas veja que esse entendimento já era dado pelo TCU, desde 2011, em seus julgados:

O que caracteriza o tempo de serviço de aluno-aprendiz não é o recebimento de alimen-


tação, fardamento, material escolar ou mesmo de um auxílio financeiro, mas sim a exe-
cução de atividades com vistas a atender encomendas de terceiros.
(Acórdão 8679/2011-Primeira Câmara - Data da sessão 27/09/2011 – Relator VALMIR
CAMPELO)

Veja, nesse sentido, que o Acórdão 6714/15, julgado na Primeira Câmara do TCU, assina-
lou que

Para a contagem como tempo de serviço público, para todos os efeitos de período tra-
balhado na qualidade de aluno-aprendiz, além da comprovação de recebimento de retri-
buição pecuniária à conta do Orçamento da União, é essencial a prova do labor do então
estudante na execução de encomendas recebidas da escola29.


AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 293.

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Portanto, para que seja considerado segurado empregado, o aluno aprendiz deve receber
remuneração, ainda que tal remuneração tenha se dado de maneira indireta, tal como por
meio de alimentação, material escolar, fardamento, parcela de renda auferida com a execução
de encomendas para terceiros etc.
A súmula 18 da Turma Nacional de Uniformização foi alterada recentemente, no PEDILEF
n. 0525048-76.2017.4.05.8100, julgamento: 14/02/2020, passando a exigir a prova da exe-
cução de bens e serviços destinados a terceiros, na esteira da alteração da Súmula 96, TCU.
Vejamos:

Para fins previdenciários, o cômputo do tempo de serviço prestado como aluno-apren-


diz exige a comprovação de que, durante o período de aprendizado, houve simultanea-
mente:
(i) retribuição consubstanciada em prestação pecuniária ou em auxílios materiais;
(ii) à conta do Orçamento;
(iii) a título de contraprestação por labor;
(iv) na execução de bens e serviços destinados a terceiros.

Na condição de segurado empregado, também devemos lembrar, figura ainda o emprega-


do rural.
O trabalho do empregado rural é regulado pela Lei n. 5889/73. O empregado rural é toda
pessoa física que, em propriedade rural ou em prédio rústico, presta serviços de natureza não
eventual, sobre a dependência deste e mediante salário. Cabe lembrar que para o empregado
rural, também vige a presunção de recolhimentos previdenciários por parte de seu emprega-
dor.
Assim, mesmo que não haja o efetivo recolhimento das contribuições previdenciárias ao
INSS, o empregado rural não deixa de ser segurado obrigatório do Regime Geral da Previdên-
cia Social e, consequentemente, não deixa de estar coberto, e, assim, poder gozar dos benefí-
cios previdenciários previstos.
Por fim, cabe lembrar que o empregado público, conforme a previsão dada pelo art. 40, pa-
rágrafo 13 da Constituição Federal, está abrangido pelo Regime Geral da Previdência Social,
eis que é regulado pela consolidação das Leis do Trabalho.

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O empregado temporário: o trabalhador temporário é regulado pelas normas da Lei n.


6019/74, a qual já foi modificada pela Lei n. 13.429/17. A definição de trabalho temporário
dada pela norma é a seguinte: o trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física
contratada por uma pessoa para uma empresa de trabalho temporário em que a coloca à dis-
posição de uma empresa tomadora de serviços, para atender a necessidade de substituição
transitória de pessoal ou para atender a demanda complementar de serviços.
Qual é o prazo máximo de um contrato de trabalho temporário? O prazo máximo é de 180
dias, consecutivos ou não. Esse prazo pode ser prorrogado por até 90 dias, também conse-
cutivos ou não, mas apenas quando comprovada a manutenção das condições iniciais do
contrato.
E o que é empresa de trabalho temporário? De trabalho temporário é a pessoa física ou
jurídica de natureza urbana, que possui atividade de colocar à disposição de outras empresas
trabalhadores temporários. Note-se que não há como se ter uma empresa de trabalho tem-
porário e rural.
O empregado brasileiro ou estrangeiro em empresa brasileira no exterior: caso de extra-
territorialidade da lei previdenciária. Trata-se do empregado brasileiro ou estrangeiro que tra-
balha em sucursal ou agência de uma empresa brasileira no exterior.
O trabalhador de missão diplomática ou repartição consular no Brasil: a primeira questão
que devemos observar nessa hipótese é que o trabalhador “não brasileiro” que presta serviço
a estes órgãos de carreira diplomática ou consular deve ter residência permanente no Brasil,
pois o artigo de lei é bem claro ao excluir o não brasileiro sem residência permanente no Bra-
sil.
O brasileiro pode ser excluído também? Pode, desde que a lei previdenciária do país da
respectiva missão diplomática ou repartição consular já lhe atenda no trato de sua previdên-
cia social. Em outros termos, o brasileiro que já for coberto lá fora não estará coberto aqui
dentro, pelo Regime Geral da Previdência Social nacional.
À vista disso tudo, perceba, também, que o presente caso exemplifica uma hipótese de
exceção ao princípio da territorialidade da filiação ao Regime Geral de Previdência Social na-
cional. Isso por conta das exclusões acima noticiadas ao não brasileiro sem residência per-
manente, bem como ao brasileiro que já se encontra amparado pela legislação previdenciária
do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular.

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Brasileiro civil que trabalha para união no exterior em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais.
A primeira coisa que devemos observar aqui é que não é qualquer organismo oficial in-
ternacional, mas sim apenas aqueles dos quais o Brasil faz parte e é signatário. Além disso,
a outra hipótese normativa exige que o trabalho prestado se dê em um organismo brasileiro
que seja sediado no exterior, e, bem assim, seja oficial, de natureza pública e vinculado à
União.
Aqui não importa se o brasileiro é domiciliado e se o contrato foi no Brasil ou no exterior.
Nesses casos, tratando-se de brasileiro – e aí se considerando o princípio da nacionalidade
ativa, tal como se vê, inclusive, na doutrina de Direito Penal –, incide a lei previdenciária de
modo extraterritorial. Somente não incidirá de modo extraterritorial a lei previdenciária nacio-
nal se, tal como vimos, já houver a cobertura previdenciária no exterior, por meio de alguma lei
previdenciária vigente no país onde o brasileiro civil trabalhar, ou seja, onde o referido cidadão
brasileiro mantém o seu domicílio enquanto trabalha para o organismo oficial brasileiro ou
internacional do qual o Brasil é membro efetivo.
Brasileiro ou estrangeiro que trabalhar em empresa no exterior:
O caso aqui é bastante semelhante ao do brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contra-
tado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional
no exterior. A diferença é que, nesse último caso, a empresa para a qual o brasileiro ou estran-
geiro trabalha no exterior é uma empresa nacional, brasileira.
Caso a empresa para a qual o brasileiro ou estrangeiro trabalha no exterior, seja uma em-
presa estrangeira, mas com a maioria do capital votante pertencente a uma empresa brasilei-
ra de capital nacional, estaremos falando da presente hipótese.
O detentor de mandato eletivo federal, estadual ou municipal:
A inclusão dos detentores de cargo eletivo federal, estadual ou municipal como segurados
obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social, mais especificamente como segurados
empregados, começou com a Lei n. 9.506/97, norma essa que extinguiu o então chamado
Instituto de Previdência dos Congressistas. Essa lei, então, de cunho ordinário, vinculou os
congressistas ao RGPS.

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Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, promovendo o controle de constitucionalidade


incidental, ou seja inter partes, ao julgar o recurso extraordinário n. 351.717, de 8 de outubro
de 2003, considerou inconstitucional a inclusão da alínea “h”, no art. 12, I da Lei n. 8.212/91,
eis que isso se tratava, na prática, de uma criação de uma nova fonte de custeio não prevista
no artigo 195 da Constituição Federal, incisos I a IV. Até então, o referido artigo constitucional,
em seus incisos, não permitia, ainda que por extensão interpretativa, incluir os congressistas
como sujeitos passivos da obrigação de recolher contribuições previdenciárias.
E isso simplesmente porque a Lei n. 9.506/97, ao criar uma nova figura de segurado obri-
gatório, acabou instituindo, por via reflexa, uma nova fonte de custeio da seguridade social,
exigindo, a partir disso, o pagamento de nova uma contribuição social para a seguridade so-
cial, em desfavor daqueles detentores de cargos eletivos, hipótese essa que não havia sido
prevista, tampouco criada, por meio de lei complementar. Ou seja, tudo se deu em desacordo
com as regras constitucionais de exercício da competência residual da União prevista no
art. 195, §4º, CF:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distri-
to Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional
n. 20, de 1998)
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da segu-
ridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.

O Supremo Tribunal Federal entendeu que somente uma lei complementar poderia ins-
tituir contribuições previdenciárias ao Regime Geral de Previdência Social em relação aos
detentores de cargos eletivos, e isso não se observou na criação da Lei n. 9.506/97.
Após isso, na medida em que esse julgamento foi incidental, o Senado suspendeu a eficá-
cia da norma impugnada, editando a Resolução Senado n. 26/0530 .
Vejamos a ementa do julgado:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONTRIBUIÇÃO


SOCIAL: PARLAMENTAR: EXERCENTE DE MANDATO ELETIVO FEDERAL, ESTADUAL ou
MUNICIPAL. Lei 9.506, de 30.10.97. Lei 8.212, de 24.7.91. C.F., art. 195, II, sem a EC 20/98;
art. 195, § 4º; art. 154, I.

AMADO, Frederico. In: Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2019. pg. 298.

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I – A Lei 9.506/97, § 1º do art. 13, acrescentou a alínea h ao inc. I do art. 12 da Lei


8.212/91, tornando segurado obrigatório do regime geral de previdência social o exer-
cente de mandato eletivo, desde que não vinculado a regime próprio de previdência
social.
II – Todavia, não poderia a lei criar figura nova de segurado obrigatório da previdência
social, tendo em vista o disposto no art. 195, II, C.F.
Ademais, a Lei 9.506/97, § 1º do art. 13, ao criar figura nova de segurado obrigatório, ins-
tituiu fonte nova de custeio da seguridade social, instituindo contribuição social sobre o
subsídio de agente político.
A instituição dessa nova contribuição, que não estaria incidindo sobre “a folha de salá-
rios, o faturamento e os lucros” (C.F., art. 195, I, sem a EC 20/98), exigiria a técnica da
competência residual da União, art. 154, I, ex vi do disposto no art. 195, § 4º, ambos
da C.F.
É dizer, somente por lei complementar poderia ser instituída citada contribuição.
III – Inconstitucionalidade da alínea h do inc. I do art. 12 da Lei 8.212/91, introduzida
pela Lei 9.506/97, § 1º do art. 13. IV. - R.E. conhecido e provido.
(RE 351717, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 08/10/2003,
DJ 21-11-2003 PP-00030 EMENT VOL-02133-05 PP-00875)

Esse julgamento, cabe frisar, ocorreu antes das alterações constitucionais dadas pela EC
20/98, norma essa que ampliou a hipótese de incidência das contribuições previdenciárias
previstas no art. 195, II da Constituição Federal, passando a permitir que não apenas os tra-
balhadores, mas qualquer outro segurado da previdência social poderia ser sujeito passivo
daquelas exações.
Dessa forma, após a vigência da EC 20/98, não haveria mais a necessidade de instituição
de uma contribuição previdenciária supostamente nova por meio de lei complementar, eis que
a própria norma constitucional, matriz-tributária das contribuições previdenciárias já existen-
tes, havia sido alterada para permitir o alargamento de sua incidência.
Nessa base, seis anos após a EC 20/98, foi editada a Lei n. 10.887/04, a qual simplesmen-
te repetiu a redação da alínea “h”, do art. 12, I da Lei n. 8.212/91, anteriormente impugnada
perante o Supremo Tribunal Federal.

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Dessa vez, contudo, não haveria mais o que se falar em inconstitucionalidades formais ou
materiais da norma infraconstitucional.
Nesse sentido, veja que o Supremo Tribunal Federal já enfrentou, com repercussão geral
reconhecida, a questão e afirmou a validade da Lei n. 10.887/04.
Outras hipóteses de segurados empregados:
• o bolsista e o estagiário, quando o exercício de suas atividades estiverem em desa-
cordo com as regras previstas na Lei n. 11.788/08, eis que, quando houver o válido
cumprimento das normas desta lei, o estagiário poderá se inscrever como segurado, ou
seja, em regra, ele é segurado facultativo (Art. 12. § 2º Poderá o educando inscrever-se
e contribuir como segurado facultativo do Regime Geral de Previdência Social).
• o servidor contratado pelos entes federativos para trabalhar por tempo determinado,
atendendo à necessidade temporária de excepcional interesse público, conforme o
art. 37, IX, CF (Art. 37. IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo deter-
minado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público);
• o escrevente e o auxiliar contratados para trabalhar nos serviços cartorário extrajudi-
ciais, de acordo com a Lei n. 8.935/94;
• o trabalhador rural que é contratado por um produtor rural pessoa física, conforme o
art. 14 da Lei n. 5889/73, trabalhador esse que atua em atividades rurais de natureza
temporária e com prazo limite de dois meses de contrato em cada período de um ano;
• o safrista (boia-fria) que atua no campo, de acordo com a Lei n. 5.889/73.

Segurados empregados domésticos:


• O segurado empregado doméstico tem a sua previsão normativa baseada nos elemen-
tos de caracterização deste tipo de contrato de trabalho expostos na Lei Complementar
150/15. Essa lei complementar revogou a antiga Lei n. 5.859/72;
• Para se caracterizar um contrato de empregado doméstico, é necessário que a res-
pectiva prestação de serviços se dê de forma contínua a uma pessoa física ou a uma
família no interior da correspondente residência e em atividades sem fins lucrativos;
• Deve haver ainda, conforme a Lei Complementar 150/15, uma relação de trabalho com
“subordinação”, “pessoalidade” e, obviamente, deve ser onerosa, ou seja, deve haver
remuneração para isso;

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Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
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• O segurado empregado doméstico tem sua previsão de cobertura previdenciária pelo


RGPS prevista no artigo 12, II da Lei n. 8.212/91.

Segurado trabalhador avulso: a cobertura previdenciária do segurado trabalhador avulso


está prevista no art. 12, VI da Lei n. 8.212/91. Senão, vejamos:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VI – como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, servi-
ços de natureza urbana ou rural definidos no regulamento;

É aquele que presta serviços, portanto, por meio do órgão gestor, a diversas empresas,
não apresentando nenhum vínculo empregatício com essas empresas, sendo elas de natu-
reza urbana ou rural. Como exemplos de trabalhadores avulsos, podemos citar os seguintes:
os trabalhadores que atuam na atividade portuária (capatazia, estiva, conferência, etc), traba-
lhadores de estiva em geral (carvão, minério, etc), o ensacador de café, cacau, sal e similares,
o trabalhador da indústria de extração de sal, o guindasteiro, etc31.
Finalmente, é muito interessante e importante você saber que o trabalhador avulso portu-
ário possui uma previsão normativa que lhe dá direito a um exclusivo benefício assistencial de
até um salário mínimo. É o que diz o art. 10-A da Lei n. 9.719/98, conforme abaixo transcrevo:

Art. 10-A. É assegurado, na forma do regulamento, benefício assistencial mensal, de até 1 (um) sa-
lário mínimo, aos trabalhadores portuários avulsos, com mais de 60 (sessenta) anos, que não cum-
prirem os requisitos para a aquisição das modalidades de aposentadoria previstas nos arts. 42,
48, 52 e 57 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e que não possuam meios para prover a sua
subsistência. (Incluído pela Lei n. 12.815, de 2013)
Parágrafo único. O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com
qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica
e da pensão especial de natureza indenizatória. (Incluído pela Lei n. 12.815, de 2013)

A diferença, como se pode perceber, com o benefício assistencial ao idoso previsto na Lei
Orgânica da Assistência Social (art. 20, caput, da Lei n. 8.742/93), é que a idade mínima exi-
gida é menor. Enquanto no benefício assistencial previsto, de modo geral, na Lei n. 8.742/93
exige-se 65 anos, o benefício previsto para os trabalhadores portuários avulsos pede apenas
60 anos como requisito etário.


Idem, pg. 307.

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O segurado especial: a previsão normativa do segurado especial está no art. 12, VI da Lei
n. 8.212/91, bem como no art. 11, VII, da Lei n. 8.213/01. As redações são praticamente idên-
ticas quando comparados ambos os dispositivos.
A atividade rurícola e o regime de economia familiar: portanto, vejamos algumas consta-
tações relativas ao segurado especial, as quais derivam da simples leitura das normas acima:
• Constatação 1: para ser segurado especial, não precisa morar efetivamente no imóvel
rural que serve de produção, bastando que resida em aglomerado urbano ou rural pró-
ximo àquele;
• Constatação 2: para ser segurado especial, pode haver um grupo familiar ou um tra-
balho individualmente exercido, por aqueles que não constituíram família ou que, de
algum modo, já as perderam;
• Constatação 3: para ser segurado especial, nada impede que haja a colaboração de
terceiros, a título de mútua colaboração;
• Constatação 3: para ser segurado especial componente do grupo familiar, a lei afirma
que o filho menor deve ter no mínimo 16 anos de idade, dicção legal essa dada pela Lei
n. 11.718/08, que alterou a outrora idade mínima de 14 anos.

Transcrevo o julgamento abaixo, relativo ao TEMA 54 dos representativos de controvérsia


da TNU, que ilustra a pacificação da questão em âmbito judicial. Senão, vejamos:

Situação do DIREITO
Tema 54 Julgado Ramo do direito
tema PREVIDENCIÁRIO
Saber se a exigência etária de no mínimo 16 anos prevista no art. 11, VII, alínea “c”, da Lei
Questão submetida
n. 8.213/91 se aplica ao cônjuge ou companheiro, ou apenas ao filho de produtor rural ou
a julgamento
pescador artesanal.
A exigência etária de no mínimo 16 anos, para caracterização da qualidade de segurado
Tese firmada especial, só se aplica ao filho do produtor rural ou pescador artesanal, não se estendendo a
seu cônjuge ou companheiro que exerçam atividade rural em regime de economia familiar.
Acórdão
Processo Relator (a) Julgado em p u b l i c a d o Trânsito em julgado
em
PEDILEF
Juiz Federal Rogério
2009.70.61.000792-5/ 27/06/2012 27/06/2012 24/07/2012
Moreira Alves
PR

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Constatação 4: para ser segurado especial, deve haver trabalho em regime de subsistên-
cia em um imóvel rural que corresponda a no máximo 4 módulos fiscais. Vejamos a referida
Súmula:

SÚMULA 30
DJ DATA:13/02/2006
PG:01043
Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural
não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde
que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar.

Assim, entende-se por atividade rural, aquela desenvolvida no imóvel rural ou em aglome-
rado urbano ou rural próximo a ele, na condição de:
• produtor que explore atividade agropecuária em área de até 4 módulos fiscais, serin-
gueiro ou extrativista vegetal;
• pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou
principal meio de vida.

Friso: tais atividades devem ser prestadas pelo segurado especial em regime de economia
familiar (art. 11, VII e § 1º da Lei n. 8.213/91), ou seja, indispensável à própria subsistência do
núcleo familiar e exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utiliza-
ção de empregados permanentes.
A comprovação do trabalho rural em regime de economia familiar. No aspecto probató-
rio destes enquadramentos como segurado especial, os meios provas só produzirão efeitos
quando baseados em início de prova material, não se admitindo prova exclusivamente teste-
munhal, nos termos do art. 55, § 3º da Lei n. 8.213/91.
Como se vê, a lei admite a invocação de força maior ou caso fortuito para a comprovação
da condição de segurado especial apenas por meio de prova testemunhal.
Cabe lembrar que, de acordo com a Súmula 14 da TNU, o início de prova não precisa
preencher minuciosamente todos os anos e períodos do intervalo de tempo em que houve
trabalho rural.

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Vejamos:

Súmula 14
DJ DATA:24.05.2004
PG:00459
Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova
material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou que a expressão “início de pro-


va material”, contida no art. 55, § 3º da Lei 8.213/1991, não impede o reconhecimento da ati-
vidade rurícola em período imediatamente pretérito ao último documento juntado aos autos,
desde que haja alegação de labor rural fortalecida por testemunhos robustos e idôneos.
Desta forma, o termo inicial ou final do período pode ser obtido por meio de prova teste-
munhal, que pode atribuir eficácia retrospectiva ou prospectiva à prova documental. Ou seja,
é possível o reconhecimento de tempo de serviço rural anterior ao documento mais antigo,
desde que amparado por convincente prova testemunhal, colhida sob o contraditório.
Outra questão corriqueira se refere à apresentação de documentos emitidos por sindica-
tos de trabalhadores rurais. Tem-se entendido no sentido da imprestabilidade de documentos
sindicais sem a homologação do Ministério Público ou do INSS.
Segurados facultativos:
São as hipóteses elencadas no Decreto n. 3.048/99. Senão, vejamos:

Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de
Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo
atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social.
§ 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros:
I – a dona de casa;
II – o síndico de condomínio, quando não remunerado;
III – o estudante;
IV – o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;
V – aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;
VI – o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990,
quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
VII – o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa de acordo com a Lei n. 6.494, de 1977;

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VIII – o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-gradu-
ação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer
regime de previdência social;
IX – o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de
previdência social; (Redação dada pelo Decreto n. 7.054, de 2009)
X – o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de
país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional; e (Redação dada pelo Decreto n. 7.054,
de 2009)
XI – o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto, que, nesta condição, preste
serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da
organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria. (In-
cluído pelo Decreto n. 7.054, de 2009)

Filiação: podemos definir a filiação como “a relação jurídica que se estabelece entre uma
pessoa física e o INSS, no caso do regime geral de previdência social, bem como entre um
servidor público, ou melhor, um agente público, com um regime próprio de previdência social
vinculado ao ente federativo correspondente”.
A doutrina, na maioria das vezes, aponta, superficialmente, que basta a atividade remune-
rada para os segurados obrigatórios e que, para os segurados facultativos, deve haver, ainda,
o pagamento da primeira contribuição sem atraso.
Fique atento a esse tipo de afirmação!
Considere-a em uma prova objetiva, para o seu acerto, mas em uma prova subjetiva ou,
ainda, prova oral, discorra de modo mais aprofundado sobre esses dois momentos do pro-
cesso fático-jurídico de delineamento da filiação ao RGPS, ou, ainda, a algum regime próprio
de previdência social.
Desse modo, tenho que para os segurados obrigatórios também é necessário o pagamen-
to das contribuições previdenciárias, embora, nesse caso, o sistema aceite-as em atraso para
alguns efeitos (não todos!). Perceba, quanto a isso, que o contribuinte individual, por exem-
plo, pode recolher em atraso as contribuições previdenciárias não vertidas ao tempo de suas
atividades remuneradas, obtendo, junto ao INSS, nesse caso, a inclusão expressa no CNIS de
uma data de início de sua filiação, mesmo que pretérita.
Contudo, esse recolhimento em atraso do contribuinte individual não é relevante para
efeito de carência.

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Note que essa possibilidade de recolhimento em atraso vale também para o segurado fa-
cultativo e para o segurado especial, sendo que, nesse último caso, há pouca utilidade prática
nesse dispositivo legal, uma vez que, na imensa maioria das vezes, senão todas, os segura-
dos especiais não precisam recolher ao INSS (eis que somente recolhem se houver resultado
da comercialização de sua produção, mas isso raramente ocorre, pois o que se vê no coti-
diano previdenciário rural é que o segurado especial somente produz o suficiente para a sua
subsistência e de seu grupo familiar).
A jurisprudência, de outro lado, cabe lembrar, vem aceitando a interpretação de que o
art. 27, II da Lei n. 8.213/91, a contrário senso, permite o computo dos recolhimentos em atra-
so para efeito de carência também na hipótese de o período atrasado estar compreendido no
período de graça do segurado. Exemplo: aquele dentista recolher as suas contribuições previ-
denciárias entre as competências 01/2019 a 10/2019, deixando de recolher as competências
11 e 12/2019, bem como a competência 01/2020. Voltou a recolher em 02/2020 e, desde
então, vem recolhendo regularmente sem atraso. Supondo que ele tenha ficado incapacita-
do, conforme perícia médica, em 01/2020, se recolher em atraso as competências faltantes,
poderá computá-las para efeito de carência. Desse modo, somadas as competências 01 a
12/2019, já consideradas aquelas pagas em atraso, a carência de 12 meses para a obtenção
do benefício de auxílio-doença terá sido satisfeita.
Filiação dos segurados obrigatórios: para os segurados obrigatórios, a filiação nascerá,
inicialmente, de modo coincidente com a própria atividade laboral ativa do trabalhador, desde
que esta seja remunerada.
Agora vamos ver a filiação dos segurados especiais. Os segurados especiais adquirem
essa qualidade por meio de suas atividades campesinas, as quais devem ser estabelecidas
por meio de um regime de economia familiar voltado à produção agropecuária de subsistên-
cia.
Portanto, a filiação ao sistema público de previdência social desses trabalhadores ocorre
na exata medida em que, no plano fático, desenham-se os elementos que caracterizam aque-
le tipo de trabalho. Havendo, então, um trabalho rural, ou atividade de pesca artesanal, ou
de extrativismo vegetal rudimentar, conforme as normas previdenciárias respectivas, haverá
então a filiação do segurado especial.

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A filiação dos contribuintes individuais difere dos segurados obrigatórios, pois, no caso
daqueles, não basta que haja simplesmente o início das atividades laborais, devendo haver,
obrigatoriamente, a contribuição previdenciária respectiva para que se estabeleça a completa
relação jurídico-previdenciária com o INSS.
Isso se deve ao fato de que o contribuinte individual é quem recolhe, via de regra, aos co-
fres do INSS.
A filiação do segurado facultativo é ainda mais dependente de algum ato de sua própria
responsabilidade. Quero dizer com isso que, para o segurado facultativo se filiar ao regime
previdenciário público, deverá ele promover, por ato próprio e de maneira formal, essa filiação,
bem como proceder ao pagamento da primeira contribuição previdenciária. Em verdade, o se-
gurado facultativo realiza o ato de inscrição para poder se filiar. Daí que é comum a afirmação
de que o segurado facultativo faz a inscrição antes da filiação, diferentemente dos segurados
obrigatórios.
Trata-se, assim, de uma exigência dirigida unicamente ao segurado facultativo, o que se
trata de uma decorrência lógica da natureza de sua filiação.
O Decreto n. 3.048, no art. 11, prevê a idade mínima de 16 anos de idade para filiação do
segurado facultativo, mas deve prevalecer a melhor interpretação, a de que seria possível a
filiação a partir dos 14 anos de idade, notadamente porque, conquanto não seja possível o
trabalho do menor de 16 anos, isso é indiferente para o segurado facultativo, já que, salvo o
estagiário, ele não trabalha.
Inscrição é o ato formal da filiação.
A filiação é o movimento material de ligação jurídica com a previdência social ou com al-
gum regime próprio de previdência. Já a inscrição é simplesmente o cadastro, anotação nos
registros do INSS ou do regime próprio, dos elementos individuais do segurado, os quais se
caracterizam por meio de sua atividade laboral ativa remunerada ou por meio de sua ativida-
de campesina ou, por fim, por meio da sua filiação formal, no caso dos segurados facultativos.
A inscrição de todos os segurados e o seu tipo de filiação é feita no chamado Cadastro
Nacional de Informações Sociais – CNIS. E a inscrição da pessoa física nesse cadastro gera
um número correspondente de identificação. É o número de identificação do trabalhador –
NIT. Esse número de identificação do trabalhador pode ser um número originariamente dado
pelo INSS, ou derivar de outro número de identificação já existente da pessoa, tal como o

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número NIT PIS/PASEP/SUS, ou, ainda, qualquer outro NIS – Número de Identificação Social
– gerado pela Caixa Econômica Federal32 .
O grande vértice daquele sistema premial e anacrônico era o tempo de serviço e não o
tempo de contribuição, para efeito de cumprimento de carência na obtenção dos benefícios.
E foi isso, justamente, o grande fator atuarial, ao longo das últimas décadas, que desequili-
brou as contas públicas destinadas ao pagamento dos benefícios correspondentes nos regi-
mes próprios.
Em verdade, lembro também a você que esse sistema premial era tão absurdo em nosso
ordenamento jurídico que, até a Emenda Constitucional 3/93, não havia qualquer cobrança
de contribuição previdenciária aos servidores públicos. O sistema simplesmente premiava o
servidor público pelo tempo de serviço na carreira e não pelo tempo de contribuição ao longo
desses anos.
É óbvio, portanto, como você já sabe e já aprendeu, que o pilar de um sistema de seguro
social é a contributividade, pelo menos do ponto de vista dos modelos previdenciários proe-
minentes no mundo, os quais estão atrelados ao Sistema de Bismarck.
Dessa forma, em síntese, tenha em mente o seguinte: sem contribuições e, consequente-
mente, sem a consideração do tempo de contribuição para que o segurado possa gozar dos
benefícios e serviços previdenciários, não há previdência, mas sim assistencialismo. A EC 20,
portanto, na época chamada de “Reforma da aposentadoria por tempo de serviço”, foi o ponto
de virada das normas constitucionais previdenciárias estruturantes de nosso grande sistema
de proteção social público.
Com relação a essa grande mudança que ficou estampada pela consolidação do instituto
de tempo de contribuição na previdência do servidor público, temos tranquilidade em afirmar
que a EC 20 foi, de fato, um divisor de águas na seara dos regimes próprios. Mas essa afir-
mação não pode ser replicada com a mesma tranquilidade em relação ao Regime Geral de
Previdência Social.
Em outras palavras, poderíamos dizer que a tentativa de consolidação do tempo de con-
tribuição, no lugar do tempo de serviço, no âmbito da previdência social do RGPS, foi feita em
nosso ordenamento jurídico de modo capenga. É que as considerações legais e normativas

Idem, pg. 355.

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de tempo de serviço anteriores a vigência da EC 20 até hoje ainda são tratadas como tempo
de serviço.
Isso porque o art. 4º da EC 20, afirmou que o tempo de serviço considerado pela legis-
lação então vigente ao tempo da publicação da Emenda continuaria valendo para efeito de
aposentadoria até que nova lei venha disciplinar a matéria, tratando aqueles períodos sem
contribuição como se fossem tempo de contribuição.
O problema é: até hoje essa lei não foi editada e o tempo de serviço continua sendo con-
siderado como tempo de serviço. O que findou, de modo absoluto, pela EC 20 no RGPS, foi a
contagem de tempo fictício ou tempo contado em dobro. Acerca da contagem em dobro e a
contagem de tempo fictício, até a EC 20/98, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já
enfrentou a questão e assegurou que é direito adquirido do segurado.
O direito adquirido também se alonga para proteger a contagem do tempo de serviço até
a EC 20/98. Nesse tema, sobre o direito à contagem do tempo de serviço conforme legislação
da época, o constituinte derivado protegeu o direito adquirido dos então segurados. Assim,
malgrado a extinção do “tempo de serviço”, substituindo-se esse pelo “tempo de contribui-
ção”, todo o tempo de serviço existente até a edição da Emenda 20/98 continua válido, so-
mente exigindo-se a prova da contribuição a partir daquela Emenda.
As hipóteses de tempo de serviço elencadas no art. 60 do Decreto n. 3.048, o qual diz
que até

que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre outros (...).

Várias das hipóteses listadas no art. 60 do Decreto n. 3.048 mencionam – um pouco sem
sentido, mas mencionam – a necessidade de ter havido contribuição para que o tempo de
serviço seja então considerado tempo de contribuição. Todavia, há algumas nas quais não se
exige essa prova, o que implica considerar realmente como tempo de contribuição a simples
constatação de tempo de serviço, independentemente de ter havido ou não contribuição no
período correspondente.
Portanto, diante disso, parece estranho dizer, mas anote aí: NEM SEMPRE o tempo de
contribuição vai exigir contribuição para que ele seja usado no RGPS (isso, até que lei efe-
tivamente discipline a matéria, sabe-se lá quando), pois algumas hipóteses consideram tão
somente o tempo de serviço.

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Vamos fazer uma pequena lista das hipóteses importantes nas quais há tempo de serviço,
mas não há necessidade de indenização das respectivas contribuições previdenciárias, caso
elas não tenham ocorrido contemporaneamente à atividade:
• o tempo de serviço do ALUNO-APRENDIZ, que estudou em escola pública profissio-
nalizante quando realizado esse estudo às expensas do Poder Público (art. 58, XXI, do
Decreto n. 611/92);
• tempo de serviço do MENOR ABAIXO DE 14 ANOS, em qualquer condição, urbana ou
rural, eis que a norma proibitiva do trabalho abaixo dos 16 anos, salvo na condição de
aprendiz a partir dos 14 anos, não pode significar prejuízo previdenciário ao menor (a
norma veio para protege-lo, não para prejudica-lo, caso ocorra o trabalho dele abaixo
da idade mínima, sendo essa, inclusive a posição já adotada pelo STF, no RE 600616
AgR/ RS, 1ª Turma, Min. Barroso, DJe 10.9.201433 );
• tempo de serviço do SÓCIO COTISTA quando a legislação da época dispensava seu
recolhimento direto e passava tal obrigação para a pessoa jurídica da qual era sócio.
Na legislação anterior à Lei n. 8.213/91, o sócio cotista por vezes era considerado se-
gurado obrigatório e, por vezes, não. Para quando era segurado obrigatório, o tempo de
serviço respectivo não precisará ser indenizado; para quando não era segurado obriga-
tório, o tempo de serviço precisará ser indenizado. Por outro lado, o SÓCIO ADMINIS-
TRADOR somente poderá reconhecer tempo de serviço junto ao INSS se recolher as
respectivas contribuições34, mesmo quando essa obrigação era da pessoa jurídica, na
medida em que, por uma óbvia interpretação da lei tributária, os sócios administradores
são responsáveis tributários quanto aos atos da sociedade empresária praticados com
infração da lei35.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. [S.l]: Forense. E-book.

Sobre isso, cito a seguinte jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (o tema ainda não foi enfrentado pelo
STJ): EMBARGOS INFRINGENTES. PREVIDENCIÁRIO. DIRETOR. RESPONSABILIDADE. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Ino-
bstante o recolhimento das contribuições previdenciárias do diretor de empresa ser responsabilidade da pessoa jurídica,
os atos de gestão são praticados pela pessoa física, que é pessoalmente responsável por atos contrários à lei. Hipótese
em que o segurado não pode computar tempo de serviço sem a indenização das contribuições previdenciárias que deixou
de recolher quando exercia o cargo de diretor de empresa. (EIAC n. 2000.04.01.103363-0, rel. Des. Federal Luís Alberto
D’Azevedo Aurvalle, unânime, D.E. de 30-08-2006)

Vale lembrar, contudo, que o mero inadimplemento de tributos pela pessoa jurídica não autoriza, por si só, a responsa-
bilidade dos sócios administradores, mas apenas no caso em que esse inadimplemento decorrer de excesso de poderes

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Essas são algumas hipóteses específicas já enfrentadas pela jurisprudência de nossos


Tribunais, mas o que você deve guardar como essência é: se o segurado era obrigatório e os
recolhimentos não dependiam dele, o tempo de serviço poderá ser contado como tempo de
contribuição independentemente de indenização das contribuições previdenciárias.
Exatamente nesse sentido, e de modo bastante claro e sintético, LAZZARI assevera que36:

Para o segurado nas categorias de empregado, empregado doméstico e de trabalhador avulso,


é considerado tempo de contribuição todo aquele em que houve relação de trabalho, independen-
temente das contribuições terem sido ou não recolhidas, sem prejuízo da respectiva cobrança e
das sanções cabíveis ao responsável pelos recolhimentos não realizados na época devida (art. 34,
I, da Lei n. 8.213/ 1991, art. 33, § 5º, da Lei n. 8.212/ 1991 c/ c o art. 32, § 22, do Decreto n. 3.048/
1999).

Já com relação ao contribuinte individual, trata-se de segurado obrigatório para o qual


a exigência de recolhimentos é direta, ou seja, é ele mesmo quem deve recolher suas con-
tribuições previdenciárias. No caso dos segurados empregado, empregado doméstico e tra-
balhador avulso, como vimos e veremos bem ao longo deste curso, a responsabilidade de
recolhimentos é do empregador ou do órgão gestor da mão de obra (no caso do trabalhador
avulso). Noutro giro, o contribuinte individual, caso ele queira contar como tempo de contri-
buição certo tempo de serviço, no qual não houve nenhum recolhimento ao INSS de sua parte,
deverá indenizar o respectivo período (art. 45-A, da Lei n. 8.212/91).
Sobre a forma de se comprovar o tempo de serviço, o Decreto n. 3.048/99 também elucida
que deverá haver a demonstração efetiva do exercício da atividade nos períodos a serem con-
tados, devendo esses documentos ser contemporâneos dos fatos a comprovar.

na gestão da sociedade empresária ou quando houver prática de atos que caracterizem infração à lei. Assim, diante da
Sumula 430, do STJ, o “inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade
solidária do sócio-gerente”. No entanto, a exigência de recolhimento, ou pelo menos a simples negativa de reconheci-
mento do tempo de serviço do sócio administrador, pode se basear até mesmo na teoria dos atos próprios, na medida em
que ninguém pode se valer de sua própria torpeza (nemo potest venire contra factum proprium). Além disso, argumenta-
-se que o recolhimento das contribuições previdenciárias objetivando o reconhecimento de tempo de serviço pregresso
possui viés indenizatório e não tributário, o que faz afastar a Sumula 430, do STJ. Nesse sentido: “O cumprimento dessa
exigência não detém natureza tributária, mas indenizatória do sistema previdenciário para fruição dos benefícios por ele
mantidos, não havendo que se falar em decadência ou prescrição” (v. g. AgRg no REsp 1129734/SP, Rel. Min. SEBASTIÃO
REIS JÚNIOR, T6/STJ, DJe 24/10/2011).

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. [S.l]: Forense. E-book.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

Perceba que basta comprovar o exercício da atividade, nada se exigindo em relação à


contributividade.
Há uma outra questão que se refere à indenização de certos períodos para que eles pas-
sem a contar como tempo de contribuição.
Quando falamos em “filiação obrigatória”, estamos nos referindo às atividades nas quais
o trabalhador estaria inscrito e filiado ao sistema independentemente de sua vontade, bas-
tando a atividade remunerada. E, nessas atividades, antes da Lei n. 8.213/91, para boa parte
dos segurados obrigatórios, a obrigação de recolhimento das contribuições previdenciárias
sempre era do empregador ou do tomador de serviços, ou ainda, do órgão gestor da mão de
obra avulsa. Logo, se não houve esse recolhimento, a norma previdenciária protege a parte
mais fraca (o segurado), dispensando-o de indenizar o respectivo tempo de serviço.
Mas, nas hipóteses nas quais, antes da Lei n. 8.213/91, as atividades não implicavam
filiação obrigatória, tal como, por exemplo, o exercício de mandato eletivo, o art. 55 da Lei n.
8.213/91 exige a respectiva indenização do tempo de serviço, a fim de que ele seja computa-
do como tempo de contribuição.
Em síntese:
• se a filiação era obrigatória: NÃO precisa indenizar para contar o tempo de serviço;
• se a filiação NÃO era obrigatória: precisa indenizar para contar o tempo de serviço.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

QUESTÕES DE CONCURSO
(CESPE/PGM-CAMPO GRANDE/PROCURADOR MUNICIPAL/2019) Os irmãos
Fátima e Ronaldo, plenamente capazes e sem nenhuma deficiência física, intelectual ou men-
tal, possuem as seguintes características: ambos se enquadram em famílias de baixa renda;
Fátima tem trinta anos de idade e Ronaldo, trinta e cinco anos de idade; Fátima não tem renda
própria, dedica-se exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência e con-
tribui para a previdência social na qualidade de segurada facultativa; Ronaldo contribui como
segurado trabalhador avulso.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Ronaldo poderá contribuir para a previdência social com a alíquota de 5% sobre o limite míni-
mo mensal do salário de contribuição.

(QUADRIX/CRM-PR/ADVOGADO/2008) São segurados obrigatórios da previ-


dência social como contribuintes individuais quem presta serviço de natureza urbana ou ru-
ral, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego, e a pessoa física
que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos
ou não.

(CESPE/STM/ANALISTA JUDICIÁRIO/CONTABILIDADE/2018) De acordo com a


legislação tributária básica e suas atualizações, julgue o próximo item.
O pescador artesanal que fizer da pesca profissão habitual e que residir em imóvel rural poderá
contribuir para a previdência social de forma facultativa, na qualidade de segurado especial.

(QUADRIX/CFO-DF/PROCURADOR JURÍDICO/2017) Considere-se que Maria


seja servidora pública ocupante de cargo efetivo, possua regime próprio de previdência social
e pretenda contar como tempo de serviço o período em que trabalhou como empregada em
uma empresa privada antes de ser servidora. Nesse caso, essa contagem de tempo será pos-
sível, sendo que o RGPS deverá indenizar o regime próprio de Maria.

(QUADRIX/CFO-DF/PROCURADOR JURÍDICO/2017) Considere-se que Pedro


seja brasileiro e trabalhe na embaixada de um país estrangeiro em Brasília. Nesse caso, Pedro
será segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
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(CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/PROVI-


MENTO/2019) Oficial de cartório tomou posse no cargo em 2010. Não é remunerado pelo
poder público, mas por taxas e emolumentos, e mantém em sua estrutura administrativa de
cartório funcionários escreventes que lhe prestam serviços.
Nessa situação hipotética, o oficial de cartório deve contribuir para o INSS como:
a) segurado facultativo, sendo equiparado a empresa em relação aos escreventes que lhe
prestam serviços.
b) segurado obrigatório na qualidade de contribuinte individual, sendo equiparado a empresa
em relação aos escreventes que lhe prestam serviços.
c) segurado obrigatório na qualidade de empregado, sendo equiparado a empresa em relação
aos escreventes que lhe prestam serviços.
d) segurado obrigatório na qualidade de trabalhador avulso, e não possui responsabilidade de
contribuir em favor dos escreventes que lhe prestam serviços.
e) segurado obrigatório na qualidade de contribuinte individual, e não possui responsabilida-
de de contribuir em benefício dos escreventes que lhe prestam serviços.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com referência a arrecada-


ção e recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social, julgue o item que se
segue.
As empresas são obrigadas a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a
seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) A respeito da inscrição e da


filiação dos segurados obrigatórios e facultativos na forma do Decreto n.º 3.048/1999, julgue
o item a seguir.
Os dados constantes dos cadastros informatizados da previdência social, como o Cadastro
Nacional de Informações Sociais (CNIS), valem como prova da filiação à previdência social,
do tempo de contribuição e dos salários de contribuição, desde que acompanhados de outras
provas documentais.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
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(INÉDITA) Julgue o item a seguir.


Diante do princípio da universalidade da cobertura, o Supremo Tribunal Federal entendeu que
o servidor público em situação excepcional poderá se filiar ao Regime Geral da Previdência
Social na condição de segurado facultativo.

(INÉDITA) Julgue o item a seguir.


Considera-se filiação do segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o
segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos
dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis a sua caracterização.

(INÉDITA) Julgue o item a seguir.


O contribuinte individual e o segurado facultativo podem recolher eventuais contribuições
previdenciárias em atraso, cujo pagamento valerá para efeito de carência também, mas desde
que eles não tenham perdido a qualidade de segurado entre o período atrasado e o momento
no qual se procede o pagamento em atraso.

(INÉDITA) Julgue o item a seguir.


É considerado como tempo de contribuição o tempo de serviço do aluno aprendiz a partir dos
12 anos de idade, desde que haja a comprovação da efetiva execução do ofício para o qual
recebia instrução, mediante encomenda de terceiros.

(TRT-2ª REGIÃO/SP/JUIZ DO TRABALHO/2013) É segurado obrigatório da Pre-


vidência Social:
a) Como empregado, o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para tra-
balhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior, desde que
não coberto por regime próprio de previdência social.
b) Como empregado, o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consa-
grada, de congregação ou de ordem religiosa.
c) Como contribuinte individual, o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo ofi-
cial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado,
salvo quando coberto por regime próprio de previdência social.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
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d) Como contribuinte individual, o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou munici-


pal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social.
e) Como segurado especial, quem presta serviço de natureza urbana ou rural a diversas em-
presas, sem vínculo empregatício.

(CESPE/TCE-PE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/AUDITORIA DE CONTAS


PÚBLICAS/2017) Com relação aos benefícios previdenciários em espécie, julgue o próxi-
mo item.
O estagiário maior de dezesseis anos de idade que receba bolsa de estudos da empresa con-
cedente do estágio será considerado segurado obrigatório do regime geral da previdência
social (RGPS).

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial o trabalhador não precisa morar efetivamente no imóvel rural que
serve de produção, bastando que resida em aglomerado urbano ou rural próximo aquele.

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial, isso somente se caracteriza por meio da constituição de um gru-
po familiar em regime de economia familiar, não sendo possível nos termos da lei que haja
esse tipo de filiação com o RPGS por meio de um trabalho rural individualmente exercido,
sendo que nessa hipótese somente poderá haver contribuinte individual rural.

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial, nada impede que haja a colaboração de terceiros na produção
agropecuária, a título de mútua colaboração.

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial componente do grupo familiar, a lei afirma que o filho menor deve
ter no mínimo 16 anos de idade, dicção legal essa dada pela Lei n. 11.718/08, que alterou a
outrora idade mínima de 14 anos.

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(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial, deve haver trabalho em regime de subsistência em um imóvel
rural que corresponda a no máximo o tamanho do módulo fiscal vigente nacionalmente.

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


O administrador de fazenda, conforme entendimento pacificado da Turma Nacional de Unifor-
mização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, pode ser segurado empregado
urbano ou segurado contribuinte individual urbano, mas jamais segurado rural, eis que de-
sempenha um cargo burocrático e, dessa forma, não exerce nenhuma lide campesina.

(INÉDITA) Com relação aos segurados empregados, assinale a alternativa incor-


reta:
a) São segurados obrigatórios na qualidade de empregados, o escrevente e o auxiliar con-
tratados para trabalhar nos serviços cartorário extrajudiciais, de acordo com a Lei 8.935/94.
b) É segurado especial o trabalhador rural que é contratado por um produtor rural pessoa físi-
ca, conforme o art. 14, da Lei 5889/73, trabalhador esse que atua em atividades rurais de na-
tureza temporária e com prazo limite de dois meses de contrato em cada período de um ano.
c) É segurado empregado o safrista que atuam no campo, de acordo com a Lei n. 5.889/73.
d) A TNU entende que é possível a caracterização da qualidade segurado obrigatório empre-
gado na casa da contratação de um cônjuge pelo outro.
e) Um caso de extraterritorialidade da lei previdenciária é o do empregado brasileiro ou es-
trangeiro que trabalha em sucursal ou agência de uma empresa brasileira no exterior.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto no


Decreto n.º 3.048/1999, que aprovou o regulamento da previdência social, julgue o item sub-
secutivo.
Aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família,
no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos, é considerado contribuinte in-
dividual, segurado obrigatório da previdência social.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto no


Decreto n.º 3.048/1999, que aprovou o regulamento da previdência social, julgue o item sub-
secutivo.

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Regime Geral de Previdência Social – Parte I
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A dona de casa e o estudante podem filiar-se facultativamente ao RGPS mediante contribui-


ção, desde que não estejam exercendo atividade remunerada que os enquadre como segura-
dos obrigatórios da previdência social.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Julgue o item seguinte à luz


do Decreto n.º 3.048/1999 e da CF.
Situação hipotética: João exerce atividade econômica com finalidade lucrativa na sua própria
residência. Recentemente, ele contratou Maria para fazer a limpeza de sua residência, de for-
ma habitual e remunerada, e, inclusive, atender clientes. Assertiva: Nessa situação, João será
considerado empregador doméstico com relação aos serviços prestados por Maria.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) A respeito da inscrição e da


filiação dos segurados obrigatórios e facultativos na forma do Decreto n.º 3.048/1999, julgue
o item a seguir.
A filiação ao RGPS na qualidade de segurado facultativo pode retroagir, permitindo-se o reco-
lhimento das contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) A respeito da inscrição e da


filiação dos segurados obrigatórios e facultativos na forma do Decreto n.º 3.048/1999, julgue
o item a seguir.
A filiação do segurado obrigatório ao RGPS decorre automaticamente do exercício da ativida-
de remunerada.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com relação ao segurado


especial e ao segurado facultativo, julgue o próximo item à luz do Decreto n.º 3.048/1999.
O recebimento de dinheiro decorrente de programa assistencial oficial do governo federal
descaracteriza a condição de segurado especial.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto na


Lei n.º 8.213/1991, julgue o item a seguir, acerca dos segurados do RGPS.
O pescador que exerça essa atividade como principal meio de vida é considerado segurado
especial mesmo que tenha empregados permanentes.

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(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto na


Lei n.º 8.213/1991, julgue o item a seguir, acerca dos segurados do RGPS.
Pastor evangélico que atue exclusivamente em sua atividade religiosa é considerado segura-
do facultativo do RGPS.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto na


Lei n.º 8.213/1991, julgue o item a seguir, acerca dos segurados do RGPS.
Brasileiro contratado pela Organização das Nações Unidas, da qual o Brasil faz parte como
membro efetivo, é considerado segurado obrigatório do RGPS, mesmo que domiciliado e con-
tratado no exterior, salvo se estiver coberto por regime próprio de previdência social.

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GABARITO
1. E 28. E
2. C 29. E
3. E 30. C
4. C
5. E
6. b
7. C
8. E
9. E
10. E
11. C
12. C
13. c
14. E
15. C
16. E
17. C
18. C
19. E
20. C
21. b
22. E
23. C
24. E
25. E
26. C
27. C

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GABARITO COMENTADO
(CESPE/PGM-CAMPO GRANDE/PROCURADOR MUNICIPAL/2019) Os irmãos
Fátima e Ronaldo, plenamente capazes e sem nenhuma deficiência física, intelectual ou men-
tal, possuem as seguintes características: ambos se enquadram em famílias de baixa renda;
Fátima tem trinta anos de idade e Ronaldo, trinta e cinco anos de idade; Fátima não tem renda
própria, dedica-se exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência e con-
tribui para a previdência social na qualidade de segurada facultativa; Ronaldo contribui como
segurado trabalhador avulso.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Ronaldo poderá contribuir para a previdência social com a alíquota de 5% sobre o limite míni-
mo mensal do salário de contribuição.

Errado
O trabalhador avulso não conta com a possibilidade de recolher para a previdência social com
base em alíquota de 5%. Isso está previsto apenas para os segurados facultativos e contri-
buintes individuais nas condições do art. 21, §2º, II, “b”, c/c §4º da Lei n. 8.212/91. Isso se
funda no fato de que há previsão especial na Constituição Federal de 1988, no §12 do art. 201,
que contempla, ainda, alíquotas ainda mais diferenciadas para trabalhadores de baixa renda.
Senão, vejamos:

Art. 201, § 12 Lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, com alíquotas diferencia-
das, para atender aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se encontram em situação de
informalidade, e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho domésti-
co no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda. (Redação dada
pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)

Nessa base, em regra, a alíquota dos segurados contribuinte individual e segurado facultativo
é de 20%, conforme o art. 21 da Lei n. 8.212/91:

Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte
por cento sobre o respectivo salário de contribuição. (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).

Mas há algumas hipóteses na quais a alíquota é menor. Senão, vejamos:

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• quando o contribuinte individual (inclusive o cooperado) prestar serviço a uma ou mais


empresas, oportunidade na qual a alíquota será de 11%, na medida em que a empresa
contratante efetivamente recolher ou declarar o restante, ou seja, 9% sobre o salário de
contribuição (art. 30, §§4º e 5º, da Lei n. 8.212/91);
• quando o contribuinte individual trabalhar por conta própria, ou seja, não ter nenhuma
relação de trabalho ou contrato com empresa ou entidade equiparada e, nessas condi-
ções, optar por não ter em sua cobertura do RGPS a possibilidade de se aposentar por
tempo de contribuição. Nesse caso, a alíquota também poderá ser de 11%, não havendo
o que se falar em contribuição de outra parte, eis que não há prestação de serviço para
empresa ou entidade a ela equiparada (art. 21, §2º, I da Lei n. 8.213/91);
• quando o contribuinte individual for microempreendedor individual e, nessas condi-
ções, optar por não ter em sua cobertura do RGPS a possibilidade de se aposentar por
tempo de contribuição. Nesse ca so, a alíquota poderá ser de apenas 11% (art. 21, §2º,
II, “a” da Lei n. 8.212/91);
• o segurado facultativo de baixa renda que se dedique exclusivamente ao trabalho do-
méstico no âmbito de sua residência também possui a possibilidade de contribuir ape-
nas com 5% sobre o salário de contribuição. A baixa renda é considerada como sendo
de até 2 salários mínimos, devendo a família estar cadastrada no CadÚnico (art. 21,
§2º, II, “b”, c/c §4º da Lei n. 8.212/91).

(QUADRIX/CRM-PR/ADVOGADO/2008) São segurados obrigatórios da previ-


dência social como contribuintes individuais quem presta serviço de natureza urbana ou ru-
ral, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego, e a pessoa física
que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos
ou não.

Certo
O enunciado replica a literalidade da Lei n. 8.213/91, em seu art. 11, V, alíneas “g” e “h”, que
assim dizem:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (Redação
dada pela Lei n. 8.647, de 1993)

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V – como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 26.11.99)


g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas,
sem relação de emprego; (Incluído pela Lei n. 9.876, de 26.11.99)
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins
lucrativos ou não; (Incluído pela Lei n. 9.876, de 26.11.99)

(CESPE/STM/ANALISTA JUDICIÁRIO/CONTABILIDADE/2018) De acordo com a


legislação tributária básica e suas atualizações, julgue o próximo item.
O pescador artesanal que fizer da pesca profissão habitual e que residir em imóvel rural poderá
contribuir para a previdência social de forma facultativa, na qualidade de segurado especial.

Errado.
O enunciado está, de fato, errado. O pescador artesanal já é segurado especial, não sendo
uma faculdade de sua parte se filiar ou não ao RGPS. A sua filiação decorre do simples exer-
cício de sua atividade de pesca artesanal, nos termos do art. 11, VII, “b” da Lei n. 8.213/91:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (Redação
dada pela Lei n. 8.647, de 1993)
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros, na condição de: (Redação dada pela Lei n. 11.718, de 2008)
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal
meio de vida; e (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)

Quanto à possibilidade de o segurado especial contribuir facultativamente para que tenha


direito a uma renda mensal inicial maior do que um salário mínimo, a dicção do art. 25, §1º da
Lei n. 8.212/91 é clara nesse sentido. Senão, vejamos:

Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que
tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a
do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada
pela Lei n. 10.256, de 2001)
I – 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita bruta proveniente da comercialização da
sua produção; (Redação dada pela Lei n. 13.606, de 2018) (Produção de efeito)
II – 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das
prestações por acidente do trabalho. (Redação dada pela Lei n. 9.528, de 10.12.97). (Vide decisão-
-STF Petição n. 8.140 - DF)
§ 1º O segurado especial de que trata este artigo, além da contribuição obrigatória referida no
caput, poderá contribuir, facultativamente, na forma do art. 21 desta Lei. (Redação dada pela Lei
n. 8.540, de 22.12.92)

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Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte
por cento sobre o respectivo salário de contribuição. (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).

(QUADRIX/CFO-DF/PROCURADOR JURÍDICO/2017) Considere-se que Maria


seja servidora pública ocupante de cargo efetivo, possua regime próprio de previdência social
e pretenda contar como tempo de serviço o período em que trabalhou como empregada em
uma empresa privada antes de ser servidora. Nesse caso, essa contagem de tempo será pos-
sível, sendo que o RGPS deverá indenizar o regime próprio de Maria.

Certo.
O enunciado está, de fato, certo. Trata-se da contagem recíproca de tempo de contribuição,
tal como previsto no art. 94 da Lei n. 8.213/91:

Art. 94. Para efeito dos benefícios previstos no Regime Geral de Previdência Social ou no serviço
público é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na atividade privada, rural
e urbana, e do tempo de contribuição ou de serviço na administração pública, hipótese em que os
diferentes sistemas de previdência social se compensarão financeiramente. (Redação dada pela
Lei n. 9.711, de 20.11.98)
§ 1º A compensação financeira será feita ao sistema a que o interessado estiver vinculado ao
requerer o benefício pelos demais sistemas, em relação aos respectivos tempos de contribuição
ou de serviço, conforme dispuser o Regulamento. (Renumerado pela Lei Complementar n. 123,
de 2006)

Essa compensação é feita nos termos das normas dispostas na Lei n. 9.796/99 e do Decreto
n. 3.112/99. Trata-se de um “acerto de contas” entre os regimes, quando houver migração de
um segurado para o serviço público e vice-versa. Lembre-se, por fim, que a contagem recípro-
ca é um direito de fundo constitucional, eis que previsto expressamente no art. 201, §9º da CF:

Art. 201, § 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem recíproca do tempo de con-
tribuição entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios de previdência social,
e destes entre si, observada a compensação financeira, de acordo com os critérios estabelecidos
em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)

(QUADRIX/CFO-DF/PROCURADOR JURÍDICO/2017) Considere-se que Pedro


seja brasileiro e trabalhe na embaixada de um país estrangeiro em Brasília. Nesse caso, Pedro
será segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
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Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

Errado.
O enunciado está errado, na medida em que o Pedro somente será segurado do RGPS, caso
ele já não conte com cobertura da legislação previdenciária do país correspondente da Em-
baixada. Trata-se de uma possível exceção ao princípio da territorialidade do regime geral de
previdência social, sendo que sua cobertura, nesse caso, é subsidiária, ou seja, somente ocor-
rerá se não houver vinculação do trabalhador ao regime previdenciário estrangeiro. Vejamos
o art. 12, I, “d” da Lei n. 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos
o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação pre-
videnciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;

Perceba que a lei previdenciária, pela lógica, somente prevê a cobertura pelo Regime Geral
se o trabalhador tiver uma vida permanente, ou seja, uma residência permanente no Brasil,
constituindo e mantendo sua dinâmica ao longo dos anos por aqui, enquanto estiver frente
a frente, digamos, com as vulnerabilidade sociais cobertas pela previdência social brasileira.
O Regime Geral somente incide, somente entra em cena, diante da legislação previdenciária
brasileira, se não houver uma cobertura dada pela norma previdenciária do país no qual o tra-
balhador exerce suas atividades. E isso parece natural, na medida em que, se este trabalhador
já estiver coberto pelo regime previdenciário estrangeiro, possuindo cobertura equivalente na
norma previdenciária de outro país, não haverá a utilidade e a necessidade de cobertura pre-
videnciária feita pelos cofres do INSS. A doutrina de Frederico Amado crítica a inexistência de
uma opção facultativa ao brasileiro que trabalhar nesses locais e já se encontrar amparado
pela lei previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular, con-
forme o seguinte (AMADO, 2019, pg. 296):

Entende-se que esta previsão legal deveria ser alterada para melhor atender aos interesses do
brasileiro que presta serviços à missão diplomática e repartição consular estrangeira no Brasil, na
hipótese de cobertura pela previdência estrangeira.
Suponha-se hipoteticamente que José preste serviços a um consulado e que tenha cobertura da
previdência desse país, sendo, destarte, excluído do rol de segurados obrigatórios do RGPS.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
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Após 10 anos de serviço, José deixa de trabalhar para o consulado estrangeiro. Para tanto, tendo
em vista a inexistência de tratado internacional celebrado com o Brasil, esse período de serviço não
será comutado na previdência brasileira, o que irá prejudicar os interesses do segurado.
Assim sendo, entende-se que deverá haver uma alteração legislativa neste dispositivo para deixar
uma opção ao brasileiro para se filiar ao RGPS, o que excluiria a cobertura previdenciária estran-
geira.

(CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/PROVI-


MENTO/2019) Oficial de cartório tomou posse no cargo em 2010. Não é remunerado pelo
poder público, mas por taxas e emolumentos, e mantém em sua estrutura administrativa de
cartório funcionários escreventes que lhe prestam serviços.
Nessa situação hipotética, o oficial de cartório deve contribuir para o INSS como:
a) segurado facultativo, sendo equiparado a empresa em relação aos escreventes que lhe
prestam serviços.
b) segurado obrigatório na qualidade de contribuinte individual, sendo equiparado a empresa
em relação aos escreventes que lhe prestam serviços.
c) segurado obrigatório na qualidade de empregado, sendo equiparado a empresa em relação
aos escreventes que lhe prestam serviços.
d) segurado obrigatório na qualidade de trabalhador avulso, e não possui responsabilidade de
contribuir em favor dos escreventes que lhe prestam serviços.
e) segurado obrigatório na qualidade de contribuinte individual, e não possui responsabilida-
de de contribuir em benefício dos escreventes que lhe prestam serviços.

Letra b.
 a) Errada. O oficial de cartório não é segurado facultativo.
 b) Certa. A alternativa vai ao encontro do disposto no art. 9º, V, “l” c/c §15 do Decreto n.
3.048/99, que assim diz:

Art. 9º, § 15 Enquadram-se nas situações previstas nas alíneas “j” e “l” do inciso V do caput, entre
outros: (Redação dada pelo Decreto n. 3.265, de 1999)
VII – o notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, titular de cartório, que detêm a
delegação do exercício da atividade notarial e de registro, não remunerados pelos cofres públicos,
admitidos a partir de 21 de novembro de 1994;
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas:
V – como contribuinte individual: (Redação dada pelo Decreto n. 3.265, de 1999))

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l) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins
lucrativos ou não; (Incluída pelo Decreto n. 3.265, de 1999)

Além disso, o oficial do cartório é equiparado à empresa, nos termos do art. 14, parágrafo
único da Lei n. 8.213/91:

Art. 14. Consideram-se:


I – empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana
ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública
direta, indireta ou fundacional;
II – empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa,
empregado doméstico.
Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual e a
pessoa física na condição de proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segura-
do que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza
ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada
pela Lei n. 13.202, de 2015)

Já os escreventes e auxiliares são segurados obrigatórios do RGPS na condição de segura-


dos empregados, conforme art. 9º, I, “o” do Decreto n. 3.048/99:

Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas:


I – como empregado:
o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21
de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em
conformidade com a Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994; e

c) Errada. Os oficiais de cartório não são segurados empregados.


 d) Errada.Os oficiais de cartório não são trabalhadores avulsos.
 e) Errada. Embora os oficiais de cartório sejam sim contribuintes individuais, está errada a
parte da alternativa que diz que eles não possuem responsabilidade pelo recolhimento das
contribuições dos escreventes que lhe prestam serviços. Isso está previsto no art. 14, pará-
grafo único da Lei n. 8.213/91, c/c art. 4º da Lei n. 10.666/03, que assim diz:

Art. 4º Fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a


seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente
com a contribuição a seu cargo até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência, ou até o dia
útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia. (Redação dada pela Lei
n. 11.933, de 2009). (Produção de efeitos).

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(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com referência a arrecada-


ção e recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social, julgue o item que se
segue.
As empresas são obrigadas a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a
seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração.

Certo.
O enunciado vai ao encontro da disposição literal do art. 30, I, “b” da Lei n. 8.213/91:

Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à


Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n. 8.620, de 5.1.93)
I – a empresa é obrigada a:
b) recolher os valores arrecadados na forma da alínea a deste inciso, a contribuição a que se refere
o inciso IV do art. 22 desta Lei, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remu-
nerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhado-
res avulsos e contribuintes individuais a seu serviço até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da
competência; (Redação dada pela Lei n. 11.933, de 2009). (Produção de efeitos).

(CESPE/INSS/ TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) A respeito da inscrição e da


filiação dos segurados obrigatórios e facultativos na forma do Decreto n.º 3.048/1999, julgue
o item a seguir.
Os dados constantes dos cadastros informatizados da previdência social, como o Cadastro
Nacional de Informações Sociais (CNIS), valem como prova da filiação à previdência social,
do tempo de contribuição e dos salários de contribuição, desde que acompanhados de outras
provas documentais.

Errado.
O enunciado peca na parte em que afirma ser necessário que haja a comprovação documen-
tal para corroborar os dados do CNIS. A presunção relativa do CNIS está disposta no art. 19,
caput do Decreto n. 3.048/99, de modo que, conforme o art. 29-A, §5º da Lei n. 8.213/91, so-
mente se exigirá outros documentos se houver dúvida sobre a regularidade do vínculo cons-
tante do CNIS:

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DECRETO N. 3.048/99
Art. 19. Os dados constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS relativos a vín-
culos, remunerações e contribuições valem como prova de filiação à previdência social, tempo de
contribuição e salários de contribuição. (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
LEI N. 8.213/91
Art. 29-A. O INSS utilizará as informações constantes no Cadastro Nacional de Informações So-
ciais – CNIS sobre os vínculos e as remunerações dos segurados, para fins de cálculo do salário de
benefício, comprovação de filiação ao Regime Geral de Previdência Social, tempo de contribuição e
relação de emprego. (Redação dada pela Lei Complementar n. 128, de 2008)
§ 5º Havendo dúvida sobre a regularidade do vínculo incluído no CNIS e inexistência de informa-
ções sobre remunerações e contribuições, o INSS exigirá a apresentação dos documentos que
serviram de base à anotação, sob pena de exclusão do período. (Incluído pela Lei Complementar
n. 128, de 2008)

(INÉDITA) Julgue o item a seguir.


Diante do princípio da universalidade da cobertura, o Supremo Tribunal Federal entendeu que
o servidor público em situação excepcional poderá se filiar ao Regime Geral da Previdência
Social na condição de segurado facultativo.

Errado.
O enunciado está errado, pois vai de encontro com o disposto no art. 201, §5º da CF, que as-
sim diz:

Art. 201, § 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado
facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 20, de 1998)

Somente poderá haver dupla cobertura de regimes, ou seja, no regime geral e em algum regi-
me próprio na hipótese de o cargo público não exigir dedicação exclusiva e, ainda, compati-
bilidade de horários. É certo que poderá haver cargos acumuláveis na Administração Pública,
dentro das hipóteses previstas na Constituição Federal de 1988, de modo que apenas nessas
é que um servidor público poderá estar filiado a regime(s) próprio(s) por conta de duas in-
vestiduras. Mas, cabe frisar, não há nada no texto constitucional que vede a existência de um
cargo público e um trabalho na iniciativa privada, salvo no caso de magistrados e membros
do ministério público, os quais somente poderá exercer a função de magistério na iniciativa
privada ao mesmo tempo em que desempenham seus ofícios públicos. Deve haver, como dito,
compatibilidade de horários.

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(INÉDITA) Julgue o item a seguir.


Considera-se filiação do segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o
segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos
dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis à sua caracterização.

Errado.
O enunciado está errado, eis que o que estar a tratar, na verdade, é da inscrição. O ato de ins-
crição no RGPS é definido no art. 18 do Decreto n. 3.048/99:
O Decreto n. 3.048/99, no art. 18, define a inscrição:

Art. 18. Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o
segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos dados
pessoais e de outros elementos necessários e úteis a sua caracterização, observado o disposto no
art. 330 e seu parágrafo único, na seguinte forma: (Redação dada pelo Decreto n. 3.265, de 1999)

A inscrição de todos os segurados e o seu tipo de filiação é feita no chamado Cadastro Na-
cional de Informações Sociais – CNIS. E a inscrição da pessoa física nesse cadastro gera um
número correspondente de identificação. É o Número de Identificação do Trabalhador – NIT.
Esse número de identificação do trabalhador pode ser um número originariamente dado pelo
INSS, ou derivar de outro número de identificação já existente da pessoa, tal como o número
NIT PIS/PASEP/SUS, ou, ainda, qualquer outro NIS – Número de Identificação Social, gerado
pela Caixa Econômica Federal (AMADO, 2019,pg. 355).

(INÉDITA) Julgue o item a seguir.


O contribuinte individual e o segurado facultativo podem recolher eventuais contribuições
previdenciárias em atraso, cujo pagamento valerá para efeito de carência também, mas desde
que eles não tenham perdido a qualidade de segurado entre o período atrasado e o momento
no qual se procede o pagamento em atraso.

Certo.
O enunciado está correto, de modo que o contribuinte individual pode recolher em atraso as
contribuições previdenciárias não vertidas ao tempo de suas atividades remuneradas, obtendo,

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junto ao INSS, nesse caso, a inclusão expressa no CNIS de uma data de início de sua filiação,
mesmo que pretérita. Contudo, esse recolhimento em atraso do contribuinte individual não
surtirá efeitos para efeito de carência. Isso está previsto no art. 27, II da Lei n. 8.213/91:

Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições: (Redação dada
pela Lei Complementar n. 150, de 2015)
I – referentes ao período a partir da data de filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS),
no caso dos segurados empregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores avulsos; (Reda-
ção dada pela Lei Complementar n. 150, de 2015)
II – realizadas a contar da data de efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não
sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a compe-
tências anteriores, no caso dos segurados contribuinte individual, especial e facultativo, referidos,
respectivamente, nos incisos V e VII do art. 11 e no art. 13. (Redação dada pela Lei Complementar
n. 150, de 2015)

Note que essa possibilidade de recolhimento em atraso vale também para o segurado facul-
tativo e para o segurado especial, sendo que, nesse último caso, há pouca utilidade prática
nesse dispositivo legal, uma vez que, na imensa maioria das vezes, senão todas, os segurados
especiais não precisam recolher ao INSS (eis que somente recolhem se houver resultado da
comercialização de sua produção, mas isso raramente ocorre, pois o que se vê no cotidiano
previdenciário rural é que o segurado especial somente produz o suficiente para a sua subsis-
tência e de seu grupo familiar). A jurisprudência, de outro lado, cabe lembrar, vem aceitando a
interpretação de que o art. 27, II da Lei n. 8.213/91, a contrário senso, permite o computo dos
recolhimentos em atraso para efeito de carência também na hipótese de o período atrasado
estar compreendido no período de graça do segurado. Exemplo: aquele dentista recolher as
suas contribuições previdenciárias entre as competências 01/2019 a 10/2019, deixando de
recolher as competências 11 e 12/2019, bem como a competência 01/2020. Voltou a reco-
lher em 02/2020 e, desde então, vem recolhendo regularmente sem atraso. Supondo que ele
tenha ficado incapacitado, conforme perícia médica, em 01/2020, se recolher em atraso as
competências faltantes, poderá computá-las para efeito de carência. Desse modo, somadas
as competências 01 a 12/2019, já consideradas aquelas pagas em atraso, a carência de 12
meses para a obtenção do benefício de auxílio-doença terá sido satisfeita. É nesse sentido
que a TNU decidiu no TEMA 192 de seus representativos de controvérsia. Senão, vejamos:

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Situação do DIREITO
Tema 192 Julgado Ramo do direito
tema PREVIDENCIÁRIO
Questão submetida Saber se é possível computar, para fins de carência, as contribuições recolhidas com atraso
a julgamento após a perda da qualidade de segurado.
Contribuinte individual. Recolhimento com atraso das contribuições posteriores ao paga-
mento da primeira contribuição sem atraso. Perda da qualidade de segurado. Impossibi-
Tese firmada
lidade de cômputos das contribuições recolhidas com atraso relativas ao período entre a
perda da qualidade de segurado e a sua reaquisição para efeito de carência.
Decisão de Acórdão publicado Trânsito em
Processo Relator (a) Julgado em
afetação em julgado
Juiz Federal
PEDILEF André Carvalho 20/02/2013 08/03/2013 25/03/2013
Monteiro

(INÉDITA) Julgue o item a seguir.


É considerado como tempo de contribuição o tempo de serviço do aluno aprendiz a partir dos
12 anos de idade, desde que haja a comprovação da efetiva execução do ofício para o qual
recebia instrução, mediante encomenda de terceiros.

Certo
O enunciado está correto, eis que o art. 60, XXII do Decreto n. 3.048/99 explicita que vale
como tempo de contribuição o tempo de serviço do aluno-aprendiz:

Art. 60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre
outros:
XXII – o tempo exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado pro-
fissional realizado em escola técnica, desde que comprovada a remuneração, mesmo que indireta,
à conta do orçamento público e o vínculo empregatício. (Incluído pelo Decreto n. 6.722, de 2008).

No mais, o STF firmou o entendimento no julgamento do MS 31518/DF, para abrandar a exi-


gência de requisitos da caracterização do aluno-aprendiz, asseverando não ser relevante se
havia ou não remuneração direta, ou indireta, mas sim se houve a comprovação de efetiva
execução do ofício para o qual o aluno recebia as instruções, oficio esse que se materializava
nas encomendas de terceiros. Assim destacou, portanto, o Supremo, no ano de 2017:

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O elemento essencial à caracterização do tempo de serviço como aluno-aprendiz não é a per-


cepção de vantagem direta ou indireta, mas a efetiva execução do ofício para o qual recebia
instrução, mediante encomendas de terceiros.
STF. 1ª Turma. MS 31518/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2017 (Info 853).

(TRT-2ª REGIÃO/SP/JUIZ DO TRABALHO/2013) É segurado obrigatório da Pre-


vidência Social:
a) Como empregado, o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para tra-
balhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior, desde que
não coberto por regime próprio de previdência social.
b) Como empregado, o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consa-
grada, de congregação ou de ordem religiosa.
c) Como contribuinte individual, o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo ofi-
cial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado,
salvo quando coberto por regime próprio de previdência social.
d) Como contribuinte individual, o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou munici-
pal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social.
e) Como segurado especial, quem presta serviço de natureza urbana ou rural a diversas em-
presas, sem vínculo empregatício.

Letra c.
a) Errada. A alternativa vai de encontro com o disposto no art. 12, I, “c” da Lei n. 8.212/91, eis
que não há na literalidade da lei o trecho “desde que não coberto por regime próprio”:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

b) Errada. O ministro de confissão religiosa e o membro de vida consagrada, de congregação


ou de ordem religiosa são segurados obrigatórios do RGPS na condição de contribuintes in-
dividuais, e não segurados empregados. Vejamos o art. 12, V, “c” da Lei n. 8.212/91:

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Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
V – como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação
ou de ordem religiosa; (Redação dada pela Lei n. 10.403, de 2002).

c) Certa. A alternativa vai ao encontro do disposto no art. 12, V, “e” da Lei n. 8.212/91 (fique
atento a hipótese do segurado empregado que trabalha em organismo oficial internacional ou
estrangeiro em funcionamento no Brasil):

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
V – como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social; (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, sal-
vo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei n. 9.876, de 1999).

d) Errada. Vejamos o art. 12, I, “j” da Lei n. 8.212/91, tratando-se de hipótese de segurado
empregado, e não de contribuinte individual:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime
próprio de previdência social; (Incluído pela Lei n. 10.887, de 2004).

e) Errada. Vejamos o art. 12, V, “g” da Lei n. 8.212/91, tratando-se de hipótese de contribuinte
individual, e não de segurado especial:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
V – como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas,
sem relação de emprego; (Incluído pela Lei n. 9.876, de 1999).

(CESPE/TCE-PE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/AUDITORIA DE CONTAS


PÚBLICAS/2017) Com relação aos benefícios previdenciários em espécie, julgue o próxi-
mo item.
O estagiário maior de dezesseis anos de idade que receba bolsa de estudos da empresa con-
cedente do estágio será considerado segurado obrigatório do regime geral da previdência
social (RGPS).

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Errado.
O enunciado está INCORRETO, de fato, eis que o estagiário é segurado facultativo do RGPS,
sendo considerado segurado obrigatório apenas na hipótese de prestarem serviços a em-
presa em desacordo com a Lei n. 11.788/05, conforme previsto no art. 9º, I, “h” do Decreto n.
3.048/99:

Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas:


I – como empregado:
h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei no 11.788, de
25 de setembro de 2008; (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).

A previsão de possibilidade de o estagiário se inscrever no RGPS como segurado facultativo


está prevista no art. 12, §2º da Lei n. 11.788/05, que trata, dentre outras coisas, da relação
jurídico-contratual do estagiário:

Art. 12. O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser
acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de
estágio não obrigatório.
§ 1º A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e saúde, entre
outros, não caracteriza vínculo empregatício.
§ 2º Poderá o educando inscrever-se e contribuir como segurado facultativo do Regime Geral de
Previdência Social.

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial o trabalhador não precisa morar efetivamente no imóvel rural que
serve de produção, bastando que resida em aglomerado urbano ou rural próximo aquele.

Certo.
O enunciado está CORRETO, pois, de fato, o segurado especial pode morar em aglomerado
urbano ou rural próximo de seu imóvel rural de produção. Senão, vejamos o que diz o art. 12,
VII da Lei n. 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: (Redação dada pela Lei
n. 11.718, de 2008).

Como se vê, o acerto da assertiva está claro no trecho que diz que o segurado especial preci-
sa residir no imóvel rural ou “em aglomerado urbano ou rural próximo a ele”. Isso é bastante

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comum em cidades do interior do Mato Grosso, ou Goiás, por exemplo, sobretudo quando
o segurado vai ficando mais velho e precisa, com mais frequência, dos serviços médicos
prestados na cidade. É comum ver pessoas que estão beirando a idade para se aposentar
adquirem uma casinha modesta na cidade, após longos anos de pequenos acúmulos finan-
ceiros, para se mudarem do campo, mas sem abrirem mão do lote rural ou da chácara situada
em área rural para continuarem algum tipo de produção, seja produção hortifrutigranjeira ou
meramente de pecuária de baixa escala (em geral, os segurados especiais incontroversos
mantêm produção leiteira para sobreviverem, com algo em torno de 30 a 60 reses).

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial, isso somente se caracteriza por meio da constituição de um gru-
po familiar em regime de economia familiar, não sendo possível nos termos da lei que haja
esse tipo de filiação com o RPGS por meio de um trabalho rural individualmente exercido,
sendo que, nessa hipótese, somente poderá haver contribuinte individual rural.

Errado
O enunciado está INCORRETO, pois, para ser segurado especial, pode haver, sim, um trabalho
individualmente exercido em regime de subsistência. Senão, vejamos o que diz o art. 12, VII
da Lei n. 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: (Redação dada pela Lei
n. 11.718, de 2008).

Já quanto aos contribuintes individuais rurais, eles estão previstos no art. 12, V, “g” da Lei n.
8.212/91. Veja que são trabalhadores que exercem trabalho rural sem relação de emprego
a uma ou mais empresas e não em regime de subsistência, individualmente, em sua própria
unidade imobiliária rural.

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
V – como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).

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g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas,
sem relação de emprego; (Incluído pela Lei n. 9.876, de 1999).

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial, nada impede que haja a colaboração de terceiros na produção
agropecuária, a título de mútua colaboração.

Certo.
O enunciado está CORRETO, pois, para ser segurado especial, pode haver, sim o auxílio even-
tual de terceiros a título de mútua colaboração, senão vejamos o que diz o art. 12, VII da Lei
n. 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: (Redação dada pela Lei
n. 11.718, de 2008).

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial componente do grupo familiar, a lei afirma que o filho menor deve
ter no mínimo 16 anos de idade, dicção legal essa dada pela Lei n. 11.718/08, que alterou a
outrora idade mínima de 14 anos.

Certo.
O enunciado está CORRETO. Senão, vejamos o que diz o art. 12, VII, “c” da Lei n. 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: (Redação dada pela Lei
n. 11.718, de 2008).
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados,
comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;
Ou (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do
caput do art. 2º da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio
de vida; (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).

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b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou principal
meio de vida;
e (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equi-
parado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem
com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).

Essa alteração objetivou a conformação da norma infraconstitucional à norma constitucio-


nal advinda pela EC 20/98 no art. 7º, XXXIII, que passou a indicar a idade mínima de 16 anos
para qualquer trabalho, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos. Nessa toada,
a jurisprudência tem interpretado de modo restritivo essa norma, para não excluir da prote-
ção previdenciária o direito de cônjuges menores de 16 anos, especialmente mulheres, que se
casam cedo no campo, ou que, tornam-se mães antes daquela idade. Dessa forma, a idade
mínima de 16 anos somente seria exigível ao filho menor, para que ele, somente a partir dessa
faixa etária, passasse a compor o grupo familiar, não se aplicando essa limitação ao cônjuge.
A questão é discutível do ponto de vista moral, já que a jurisprudência estaria incentivando, de
certo modo, o casamento de menores de idade, muitas com 13 ou 14 anos. Mas, para o seu
estudo ficar completo, transcrevo o julgamento abaixo, relativo ao TEMA 54 dos representa-
tivos de controvérsia da TNU, que ilustra a pacificação da questão em âmbito judicial. Senão,
vejamos:

Situação do DIREITO
Tema 54 Julgado Ramo do direito
tema PREVIDENCIÁRIO
Saber se a exigência etária de no mínimo 16 anos prevista no art. 11, VII, alínea “c”, da Lei n.
Questão submetida
8.213/91 se aplica ao cônjuge ou companheiro, ou apenas ao filho de produtor rural ou pes-
a julgamento
cador artesanal.
A exigência etária de no mínimo 16 anos, para caracterização da qualidade de segurado
Tese firmada especial, só se aplica ao filho do produtor rural ou pescador artesanal, não se estendendo a
seu cônjuge ou companheiro que exerçam atividade rural em regime de economia familiar.
Acórdão
Processo Relator (a) Julgado em Trânsito em julgado
publicado em
PEDILEF Juiz Federal
2009.70.61.000792- Rogério Moreira 27/06/2012 27/06/2012 24/07/2012
5/ PR Alves

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(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


Para ser segurado especial, deve haver trabalho em regime de subsistência em um imóvel
rural que corresponda a no máximo o tamanho do módulo fiscal vigente nacionalmente

Errado.
O enunciado está INCORRETO, pois não existe um módulo fiscal fixado nacionalmente, mas
sim em cada município, de acordo com a agrimensura feita pelo INCRA. No mais, o limite para
o trabalho do segurado especial é, em imóvel rural, de até 4 módulos fiscais e não apenas um.
Vejamos, nesse sentido, o art. 12, VII, “a”, “1” da Lei n. 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: (Redação dada pela Lei
n. 11.718, de 2008).
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados,
comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;

Vale anotar que o módulo fiscal é uma medida cuja agrimensura é variável em cada Município
da Federação, de acordo com o INCRA. A lei escrita no art. 12, V, “a” é taxativa e inflexível ao
afirmar que o trabalho rural em área superior a 4 módulos fiscais, ou ainda trabalho em área
menor de 4 módulos fiscais com o auxílio de empregados ou prepostos, descaracteriza a con-
dição de segurado especial, ensejando a filiação à previdência social apenas na condição de
contribuinte individual. Vejamos:

Art. 12, V – como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em ca-
ráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área
igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou
por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 10 e 11 deste artigo; (Redação dada
pela Lei n. 11.718, de 2008).

Mas a jurisprudência e a doutrina flexibilizam isso. Vejamos, nesse sentido, a doutrina de Fre-
derico AMADO (AMADO, 2019, pg. 313-314):
Questão interessante que ocorre na Região Norte é a existência de lavradores em regime de
subsistência que possuem imóveis rurais com dimensão superior a 4 módulos fiscais e que
exercem atividades agropecuárias em pequenas áreas, mito inferiores a 4 módulos fiscais.

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Isso acontece, por exemplo, no Estado do Tocantins, através da expedição de títulos pelo Go-
verno de Goiás (antes da divisão do Estado de Goiás) gratuitamente em áreas de médio porte,
mas que os produtores rurais apenas exploram pequenas partes.
Outra situação que se verifica é quando o imóvel rural possui dimensão total acima de 4 mó-
dulos fiscais, mas a área agricultável é pequena, quer pelo tipo de vegetação, existência de
morros, pedras ou mesmo pela seca em áreas não irrigáveis.
Há casos também em que são inúmeros lavradores do mesmo grupo familiar que apresentam
o mesmo documento de terra que ultrapassa a 4 módulos fiscais, mas que se fosse dividida
a terra pelo número de produtores rurais, cada quinhão será bem inferior a 4 módulos fiscais.
A questão posta é a seguinte: o critério que limita o imóvel rural do segurado especial a 4
módulos fiscais é totalmente inflexível, ou, em situação muito excepcionais, poderá ser flexi-
bilizado?
Acredita-se que, muito excepcionalmente, em terras de baixo valor venal, que se enquadrem
como médias propriedades (acima de 4 e até 15 módulos discais), em que fique demonstra-
do pelo segurado que a área explorada não ultrapassa a 4 módulos fiscais e que o regime
realmente é de subsistência, não gerando significativa renda pela venda da produção e não
existindo trabalhadores permanentemente contratados, será possível considerar a qualidade
de segurado especial.
Isso porque a regra do artigo 11, inciso VII, “a”, da Lei n. 8.212/91, inserida pela Lei n. 11.718/08,
deve ser interpretada teleologicamente, não havendo apenas um critério absoluto para a ca-
racterização do segurado especial produtor rural.
Nesse sentido, embora a Súmula 30 da TNU, tenha sido editada em 2006 – portanto, antes
das alterações advindas com a Lei n. 11.718/08, na Lei n. 8.213/91 e na Lei n. 8.212/91 –,
continua ela sendo invocada, eis que o seu sentido é o de orientar justamente a interpretação
teleológica da norma caracterizadora do segurado especial, de modo que o mais importante
é saber se, de fato, há trabalho rural em regime de economia familiar.
Vejamos a referida Súmula:

SÚMULA 30
DJ DATA:13/02/2006
PG:01043

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Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural


não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde
que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar.

(INÉDITA) Com relação aos segurados especiais, julgue o item a seguir.


O administrador de fazenda, conforme entendimento pacificado da Turma Nacional de Unifor-
mização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, pode ser segurado empregado
urbano ou segurado contribuinte individual urbano, mas jamais segurado rural, eis que de-
sempenha um cargo burocrático e, dessa forma, não exerce nenhuma lide campesina.

Certo.
A literalidade da norma infralegal aponta o administrador da fazenda como segurado empre-
gado ou contribuinte individual empregado, nunca como segurado rural.
Vejamos:

Art. 7º Observadas às formas de filiação dispostas nos arts.8º, 13, 17, 20 e 39 a 41, deverão ser
consideradas as situações abaixo:
V – o segurado, ainda que tenha trabalhado para empregador rural ou para empresa prestadora de
serviço rural, no período anterior ou posterior à vigência da Lei n. 8.213, de 1991, será considerado
como filiado ao regime urbano como empregado ou contribuinte individual, conforme o caso, quan-
do enquadrado, dentre outras, nas seguintes categorias:
h) administrador de fazenda, exceto se demonstrado que as anotações profissionais não corres-
pondem às atividades efetivamente exercidas.

De fato, a doutrina e a jurisprudência têm tido dificuldades em enquadrar como “rural” ou


“urbana” algumas atividades profissionais, tais como tratorista, operador de motosserra e ad-
ministrador de fazenda, os quais, em geral, são considerados trabalhadores urbanos quando
em análise de pedidos administrativos feitos perante a autarquia previdenciária. No caso da
questão, há julgados que se alinham no sentido de que o administrador de fazenda é um tra-
balhador urbano, mesmo que trabalhe em meio rural. Mas, há outros julgados que dizem que
o administrador de fazenda é naturalmente um trabalhador rural se trabalhar em meio rural.
Veja, contudo, que a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Espe-
ciais Federais, em pedido de uniformização de sua jurisprudência, já decidiu, recentemente,

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no sentido de que deve valer a literalidade do que consta na Instrução Normativa INSS 77/15,
ou seja, de que o administrador da fazenda é considerado empregado urbano ou contribuinte
individual urbano, conforme a relação de trabalho formada.
Vejamos:
De rigor anotar, nesse sentido, que a segunda testemunha ouvida, Aldoney Batista Siqueira,
ratificou o exercício da atividade de administrador de fazenda por parte do genitor do postu-
lante.
Insta destacar, contudo, que referida atividade vincula quem a desenvolve ao regime urbano
como empregado ou contribuinte individual, nos termos do que dispõe a Instrução Normativa
n. 77/2015 do Instituto Nacional do Seguro Social:

Art. 7º. (...) V - o segurado, ainda que tenha trabalhado para empregador rural ou para empresa
prestadora de serviço rural, no período anterior ou posterior à vigência da Lei n. 8.213, de 1991, será
considerado como filiado ao regime urbano como empregado ou contribuinte individual, conforme
o caso, quando enquadrado, dentre outras, nas seguintes categorias:
a) carpinteiro, pintor, datilógrafo, cozinheiro, doméstico e toda atividade que não se caracteriza
como rural;
b) motorista, com habilitação profissional, e tratorista;
c) empregado do setor agrário específico de empresas industriais ou comerciais, assim entendido
o trabalhador que presta serviços ao setor agrícola ou pecuário, desde que tal setor se destine,
conforme o caso, à produção de matéria-prima utilizada pelas empresas agroindustriais ou à pro-
dução de bens que constituíssem objeto de comércio por parte das empresas agrocomerciais, que,
pelo menos, desde 25 de maio de 1971, vigência da Lei Complementar - LC n. 11, de 25 de maio de
1971, vinha sofrendo desconto de contribuições para o ex-Instituto Nacional de Previdência Social
- INPS, ainda que a empresa não as tenha recolhido;
d) empregado de empresa agroindustrial ou agrocomercial que presta serviço, indistintamente,
ao setor agrário e ao setor industrial ou comercial;
e) motosserrista;
f) veterinário e administrador e todo empregado de nível universitário;
g) empregado que presta serviço em loja ou escritório; e
h) administrador de fazenda, exceto se demonstrado que as anotações profissionais não corres-
pondem às atividades efetivamente exercidas (grifei).

Dessa forma, resta evidenciado que a subsistência do grupo familiar a que pertencia o
autor não dependia de atividades típicas de segurados especiais, tampouco era prove-
niente do exercício de trabalho campesino em regime de economia familiar.

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Assim, nada obstante a relação do requerente com o meio rural tenha sido indicada
por início de prova material e corroborada pelas testemunhas, não merece trânsito o
pedido de reconhecimento da qualidade de segurado especial no período de 25/09/1970
a 31/12/1975, porque não integrava família típica de agricultores de subsistência em
regime de economia familiar.
(Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Presidência) 5001223-
08.2017.4.04.7032, MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO - TURMA NACIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO.)

(INÉDITA) Com relação aos segurados empregados, assinale a alternativa incor-


reta:
a) São segurados obrigatórios na qualidade de empregados, o escrevente e o auxiliar con-
tratados para trabalhar nos serviços cartorário extrajudiciais, de acordo com a Lei 8.935/94.
b) É segurado especial o trabalhador rural que é contratado por um produtor rural pessoa físi-
ca, conforme o art. 14, da Lei 5889/73, trabalhador esse que atua em atividades rurais de na-
tureza temporária e com prazo limite de dois meses de contrato em cada período de um ano.
c) É segurado empregado o safrista que atuam no campo, de acordo com a Lei n. 5.889/73.
d) A TNU entende que é possível a caracterização da qualidade segurado obrigatório empre-
gado na casa da contratação de um cônjuge pelo outro.
e) Um caso de extraterritorialidade da lei previdenciária é o do empregado brasileiro ou es-
trangeiro que trabalha em sucursal ou agência de uma empresa brasileira no exterior.

Letra b.
a) Certa. A alternativa vai ao encontro do disposto no art. 9º, I, “o” do Decreto n. 3.048/99:

Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas:


I – como empregado:
o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21
de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em
conformidade com a Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994; e

b) Errada. Não se trata de segurado especial, no caso, mas sim de segurado empregado, con-
forme art. 8º, XXIII da IN INSS n. 77/15:

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Do empregado
Art. 8º É segurado na categoria de empregado, conforme o inciso I do art. 9º do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999:
XXIII – o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, por pequeno prazo, para o
exercício de atividade de natureza temporária, na forma do art. 14-A da Lei n. 5.889, de 1973.

c) Certa. Trata-se de segurado empregado, conforme art. 8º, V da IN INSS n. 77/15:

Do empregado
Art. 8º É segurado na categoria de empregado, conforme o inciso I do art. 9º do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999:
V – o assalariado rural safrista, de acordo com os arts. 14, 19e 20 da Lei n. 5.889, de 8 de junho de
1973, observado que para aqueles segurados que prestam serviço a empresas agroindustriais e
agropecuárias, a caracterização, se urbana ou rural, dar-se-á pela natureza da atividade exercida,
conforme definido no Parecer CJ n.2.522, de 9 de agosto de 2001, caracterizando, desta forma,
a sua condição em relação aos benefícios previdenciários, observado o disposto nos incisos IV e
V do caput do art. 7º;

d) Certa. Sim, a TNU se orienta no sentido de ser possível a caracterização da qualidade segu-
rado obrigatório na casa da contratação de um cônjuge pelo outro, não podendo se interpre-
tar como má-fé, de maneira absoluta, tal ocorrência. Para isso, é necessário que tenha sido
comprovado o efetivo recolhimento das contribuições sociais pertinentes ao período. Esse foi
o entendimento da TNU. Senão, vejamos:

PUIL n. 5003697-34.2016.4.04.7210/SC
Fixada a tese no sentido de que o fato de se tratar de vínculo empregatício mantido entre
cônjuges casados sob regime de comunhão de bens (parcial ou universal) não impede
o reconhecimento da qualidade de segurado empregado, contanto que comprovado o
efetivo recolhimento das contribuições sociais pertinentes ao período (na época própria
ou ulteriormente) que se pretende aproveitar para fins de concessão de benefício previ-
denciário.

 e) Certa. De fato, trata-se de um caso de extraterritorialidade da lei previdenciária nacional,


que dá cobertura ao segurado empregado nessa situação. Senão, vejamos:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

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Veja, contudo, que esse brasileiro ou estrangeiro deve ter domicílio no Brasil e deve ter sido
contratado no Brasil para que a extraterritorialidade da lei previdenciária alcance a sua rela-
ção de emprego no exterior, por fim. Assim, em suma, ambas as pontas desta história devem
apresentar elementos nacionais, ou seja, na formação do documento comprobatório de exe-
cução de serviços, o contrato deve ser feito no Brasil, bem como as partes devem ter domicílio
no Brasil, enquanto que, na parte final da cadeia, a empresa deve ser brasileira também.
E qual é o conceito de empresa brasileira?
O conceito de empresa brasileira foi dado pelo constituinte originário no art. 171, da Consti-
tuição Federal, mas, posteriormente, esse conceito foi alterado pela Emenda Constitucional
06/95. Diante da alteração, desde então, basta que a pessoa jurídica, para ser brasileira, seja
constituída sob o império da lei brasileira, bem como conte com sede e administração no Bra-
sil, nada influindo, para isso, a nacionalidade de seu capital.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto no


Decreto n.º 3.048/1999, que aprovou o regulamento da previdência social, julgue o item sub-
secutivo.
Aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família,
no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos, é considerado contribuinte in-
dividual, segurado obrigatório da previdência social.

Errado.
O enunciado está, de fato, errado, eis que vai de encontro com o disposto no art. 11, II da Lei
n. 8.213/91, tratando-se de segurado empregado doméstico:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (Redação
dada pela Lei n. 8.647, de 1993)
II – como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou fa-
mília, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos;

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto no


Decreto n.º 3.048/1999, que aprovou o regulamento da previdência social, julgue o item sub-
secutivo.

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A dona de casa e o estudante podem filiar-se facultativamente ao RGPS mediante contribui-


ção, desde que não estejam exercendo atividade remunerada que os enquadre como segura-
dos obrigatórios da previdência social.

Certo
O enunciado está correto, na medida em que vai ao encontro do disposto no art. 11 e incisos
do Decreto n. 3.048/99:

Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de
Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo
atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social.
§ 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros:
I – a dona de casa;
II – o síndico de condomínio, quando não remunerado;
III – o estudante;
IV – o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;
V – aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;
VI – o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990,
quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
VII – o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa de acordo com a Lei n. 6.494, de 1977;
VIII – o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-gradu-
ação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer
regime de previdência social;
IX – o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de
previdência social; (Redação dada pelo Decreto n. 7.054, de 2009)
X – o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de
país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional; e (Redação dada pelo Decreto n. 7.054,
de 2009)
XI – o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semi-aberto, que, nesta condição, preste
serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da
organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria. (In-
cluído pelo Decreto n. 7.054, de 2009)

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Julgue o item seguinte à luz


do Decreto n.º 3.048/1999 e da CF.
Situação hipotética: João exerce atividade econômica com finalidade lucrativa na sua própria
residência. Recentemente, ele contratou Maria para fazer a limpeza de sua residência, de for-
ma habitual e remunerada, e, inclusive, atender clientes. Assertiva: Nessa situação, João será
considerado empregador doméstico com relação aos serviços prestados por Maria.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

Errado.
O enunciado está, realmente, errado, na medida em que a narrativa expõe um caso de segu-
rado empregado e não empregado doméstico, justamente por conta do fato de que a ativida-
de desempenhada visa ao lucro, o que vai de encontro com o disposto no art. 11, II da Lei n.
8.213/91:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (Redação
dada pela Lei n. 8.647, de 1993)
II – como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou fa-
mília, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos;

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) A respeito da inscrição e da


filiação dos segurados obrigatórios e facultativos na forma do Decreto n.º 3.048/1999, julgue
o item a seguir.
A filiação ao RGPS na qualidade de segurado facultativo pode retroagir, permitindo-se o reco-
lhimento das contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição.

Errado.
O enunciado está, de fato, errado, eis que o ato de inscrição do segurado facultativo precede
à filiação, sendo ato volitivo que gera efeito somente com a inscrição. Desse modo, é inca-
bível falar em pagamento de contribuições previdenciárias com efeito retroativo, pois vai de
encontro com a própria essência da relação jurídico-previdenciária daquele tipo de segurado
do RGPS. Nesse sentido, transcreve-se o art. 11, §3º do Decreto n. 3.048/99:

Art. 11, § 3º A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, gerando efeito
somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo
o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição, ressalvado
o § 3º do art. 28.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) A respeito da inscrição e da


filiação dos segurados obrigatórios e facultativos na forma do Decreto n.º 3.048/1999, julgue
o item a seguir.
A filiação do segurado obrigatório ao RGPS decorre automaticamente do exercício da ativida-
de remunerada.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

Certo.
O enunciado está correto, pois vai ao encontro do disposto no art. 20, §1º do Decreto n.
3/048/99:

Art. 20, § 1º A filiação à previdência social decorre automaticamente do exercício de atividade re-
munerada para os segurados obrigatórios, observado o disposto no § 2º, e da inscrição formaliza-
da com o pagamento da primeira contribuição para o segurado facultativo. (Incluído pelo Decreto
n. 6.722, de 2008).

Podemos extrair essa assertiva, ainda, dos §§1º e 2º do art. 3º da IN INSS n. 77/15:

Art. 3º, § 1º A filiação à Previdência Social decorre automaticamente do exercício de atividade


remunerada para os segurados obrigatórios e da inscrição formalizada com o pagamento da pri-
meira contribuição sem atraso para o segurado facultativo.
§ 2º Filiado é aquele que se relaciona com a Previdência Social na qualidade de segurado obriga-
tório ou facultativo, mediante contribuição.

Mas vamos aprofundar: veja que, embora o §1º, do art. 3º da Instrução expresse que a filiação,
para os segurados obrigatórios, decorrerá automaticamente do simples fato de existir ativi-
dade remunerada, o §2º, indo além, deixa claro que a condição de “filiado” somente se delineia
“mediante contribuição”. A doutrina, na maioria das vezes, aponta superficialmente que basta
a atividade remunerada para os segurados obrigatórios e que, para os segurados facultati-
vos, deve haver, ainda, o pagamento da primeira contribuição sem atraso. Fique atento a esse
tipo de afirmação! Considere-a em uma prova objetiva, para o seu acerto, mas, em uma prova
subjetiva ou, ainda, prova oral, discorra de modo mais aprofundado sobre esses dois mo-
mentos do processo fático-jurídico de delineamento da filiação ao RGPS, ou, ainda, a algum
regime próprio de previdência social. Desse modo, tenho que para os segurados obrigatórios
também é necessário o pagamento das contribuições previdenciárias, embora, nesse caso,
o sistema aceite-as em atraso para alguns efeitos (não todos!). Perceba, quanto a isso, que
o contribuinte individual, por exemplo, pode recolher em atraso as contribuições previdenci-
árias não vertidas ao tempo de suas atividades remuneradas, obtendo, junto ao INSS, nesse
caso, a inclusão expressa no CNIS de uma data de início de sua filiação, mesmo que pretérita.

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com relação ao segurado


especial e ao segurado facultativo, julgue o próximo item à luz do Decreto n.º 3.048/1999.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

O recebimento de dinheiro decorrente de programa assistencial oficial do governo federal


descaracteriza a condição de segurado especial.

Certo.
O enunciado está correto, pois, conforme o art. 9º, §18, IV do Decreto n. 3.048/99, realmente,
não haverá de se falar em descaracterização do segurado especial se houver o recebimento,
por algum membro da família, de benefício assistencial oficial do governo federal, tal como,
por exemplo, um benefício assistencial. Isso é bastante comum, inclusive. Vejamos o que diz
o referido dispositivo normativo:

§ 18 Não descaracteriza a condição de segurado especial: (Redação dada pelo Decreto n. 6.722,
de 2008).
IV – a participação como beneficiário ou integrante de grupo familiar que tem algum componente
que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo; (Incluído pelo Decreto n. 6.722,
de 2008).

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto na


Lei n.º 8.213/1991, julgue o item a seguir, acerca dos segurados do RGPS.
O pescador que exerça essa atividade como principal meio de vida é considerado segurado
especial mesmo que tenha empregados permanentes.

Errado.
O enunciado está errado, de fato, já que o pescador artesanal, como segurado especial que é,
não pode ter empregados permanentes, tal como prevê o art. 12, §1º da Lei n. 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
§ 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros
da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de em-
pregados permanentes. (Redação dada pela Lei n. 11.718, de 2008).

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto na


Lei n.º 8.213/1991, julgue o item a seguir, acerca dos segurados do RGPS.
Pastor evangélico que atue exclusivamente em sua atividade religiosa é considerado segura-
do facultativo do RGPS.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

Errado.
O enunciado está errado, realmente, pois, nesse caso, se trata de um contribuinte individual,
tal como prevê o disposto no art. 12, V, “c” da Lei n. 8.212/91:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
V – como contribuinte individual:(Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação
ou de ordem religiosa; (Redação dada pela Lei n. 10.403, de 2002).

(CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2016) Com base no disposto na


Lei n.º 8.213/1991, julgue o item a seguir, acerca dos segurados do RGPS.
Brasileiro contratado pela Organização das Nações Unidas, da qual o Brasil faz parte como
membro efetivo, é considerado segurado obrigatório do RGPS, mesmo que domiciliado e con-
tratado no exterior, salvo se estiver coberto por regime próprio de previdência social.

Certo.
O enunciado está correto, eis que, nesse caso, se trata de segurado contribuinte individual e
se trata de uma norma previdenciária que prevê cobertura subsidiária, ou seja, apenas se não
houver cobertura da norma previdenciária estrangeira. Vejamos o que diz o art. 11, V, “e” da
Lei n. 8.213/91:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
V – como contribuinte individual:
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social;

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social – Parte I
Frederico Martins

REFERÊNCIAS

AMADO, Frederico, in Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª ed. Salvador: Editora
JusPodvim, 2019.

CALAZANS, Fernando Ferreira, in “Cômputo do tempo de serviço de aluno aprendiz de esco-


la federal profissional para fins de aposentadoria”. [S.l: s.n] Disponível em: <http://amiprem.
com.br/informativos/computo_do_tempo_de_servico_de_aluno_aprendiz_de_escola_fede-
ral_bda_dez_2015.PDF> Acesso em: 22 mar. 2020, às 18:30.

DEMO, Luis Luchi. Reforma da Previdência. Servidor Público que toma posse em novo cargo.
Regime previdenciário aplicável. Direito intertemporal. Síntese Jornal, n.85, março/2004.

SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado. 6ª ed. São Paulo: [s.n],
2016. pg. 289.

IBRAHIM, Fábio Zambitte. op cit, pg. 682.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.
[S.l]: Forense. E-book.

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