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EXMO. SR.

JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA ESPECIAL DE BRASÍLIA/DF

ANA CAROLINA DE FREITAS TAPETY,


brasileira, solteira, CPF sob n° 717.155.331-00 e RG sob n° 2.005.339 SSP-DF,
residente e domiciliada na SHIS QI 11, conjunto 04, casa 12, Brasília-DF, por
seu advogado (Doc. 1), vem, com o devido respeito, perante V.Exª, com
fundamento nos Arts. 5° II, V e X da Constituição Federal/88 e 159 do
Código Civil, c/c os Arts. 6°, IV, VI, 14, e 83 da Lei n° 8.078, de 11.09.90
(Código de Defesa do Consumidor) e demais dispositivos legais atinentes à
espécie, para exercer a presente

AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

contra TCS Suport Consultoria Treinamento e Sistemas Ltda., pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 01.801.443/0001-44, com
sede na SGAS 915, Lote 74, Anexo do Parlamundi – LBV, Asa Sul, Brasília–
DF, CEP 70.390-150, em cujo endereço deverá ser citada na pessoa de seu
representante legal (CPC Art. 12, VI), e IELF PRO OMNIS (Rede de ensino
Telepresencial)Coord. Pedag. Luiz Flávio Gomes, inscrito no CNPJ
07.159.521/0001-35, com sede na Rua Bela Cintra, n.º 1.149, 6º Andar,
Consolação, São Paulo–SP, CEP 01.415-001, em cujo endereço deverá ser citada
na pessoa de seu representante legal (CPC Art. 12, VI), pelos motivos jure et
facto, a seguir expendidos:

I. DOS FATOS

2. A autora compareceu em 01 de agosto de 2005 à


sede da TCS Suport Consultoria Treinamento e Sistemas LTDA com o intuito de
celebrar contrato para freqüentar as aulas do curso preparatório para carreiras
jurídicas – INTENSIVO REGULAR 2º SEMESTRE 2005. Tendo sido
informada na ocasião que deveria apresentar seis cheques no valor de R$ 330,00,
relativos ao pagamento parcelado do curso, sendo que todos os cheques
deveriam ser pré-datados para todo dia 12 de cada mês, que o primeiro cheque
seria para o dia 12 de agosto, conforme a cópia do contrato em anexo. (Doc. 2)

3. Desconhecendo o fato de que os seis cheques


deveriam ser apresentados naquele momento, a autora entregou os quatro
cheques que tinha em mãos, o primeiro para o dia 12 de agosto, e voltou alguns
dias depois para entregar os dois cheques que faltavam, conforme combinado
com a funcionária da TCS Suport Consultoria Treinamento e Sistemas LTDA,
Sra. Cássia.

4. Entretanto, a autora só veio a receber a sua cópia


do contrato no dia 09 de agosto de 2005, conforme consta da cópia em anexo
(Doc. 2), apesar das inúmeras cobranças por parte da autora e da informação por
parte dos funcionários de que o responsável pela assinatura do contrato estava
viajando.

5. Ocorre que no dia 04 de agosto de 2005 foi


descontado o primeiro cheque, ou seja, antes da formalização do contrato por
parte da empresa contratada, conforme cópia do extrato da conta bancária da
autora em anexo (Doc. 3), não obstante constasse do contrato que o primeiro
cheque só seria descontado no dia 12 de agosto de 2005.

6. Felizmente havia saldo suficiente na conta


bancária da autora à época do desconto do primeiro cheque, de forma que a
mesma apenas alertou a funcionária da TCS Suport Consultoria Treinamento e
Sistemas LTDA para que o mesmo não acontecesse no mês seguinte.

7. A funcionária responsável, Sra. Cássia, garantiu à


autora que o erro não se repetiria no mês seguinte, e que o cheque seguinte só
seria descontado no dia 12 de setembro, conforme constava do contrato. A autora
explicou à funcionária que não mais receberia a bolsa auxílio de estagiária, no
valor de R$ 436,00, e que contaria apenas com a ajuda de seus pais para o
pagamento das mensalidades do curso, por isso não haveria mais fundos
suficientes para cobrir o cheque em sua conta corrente antes da data combinada
para o desconto dos cheques.

8. Mencionada funcionária ficou com a cópia do


extrato da conta bancária da autora, que comprovava o desconto do primeiro
cheque oito dias antes do acertado, e garantiu que o mesmo não aconteceria com
o próximo cheque, referente ao mês de setembro.A autora pensou ter restado
resolvido o mal entendido. Ledo engano!
9. Em 02 de setembro de 2005, a autora tentou
realizar uma compra com seu cartão de débito em sua conta corrente na papelaria
Manzke, situada no Comércio Local da QI 11, bloco R, loja 21, no Lago Sul, no
valor total de R$ 5,80 (cinco reais e oitenta centavos), e foi informada pela
funcionária que a operação não poderia ser realizada.

10. Confiante de que ainda tinha saldo suficiente em


sua conta para realizar uma compra tão pequena, a autora pediu que a
funcionária tentasse novamente, porque deveria estar ocorrendo algum erro. O
pedido foi atendido e novamente se confirmou que a operação não poderia ser
realizada, de acordo com a máquina operadora do cartão VISA ELECTRON.
Desconcertada, a autora pediu que a funcionária realizasse a compra a crédito.

11. Somente assim, a autora pode efetivar o


pagamento de sua simples compra no valor de R$ 5, 80 (cinco reais e oitenta
centavos). O comprovante da compra se encontra em anexo (Doc. 4).

12. Sem saber o que havia acontecido, e


extremamente envergonhada por não ter conseguido efetuar o pagamento de uma
conta com valor tão pequeno diante da funcionária da papelaria e de várias outras
pessoas que lá se encontravam no momento, a autora se encaminhou à agência
do Banco do Brasil mais próxima para tirar um extrato de sua conta corrente.
Qual foi a sua surpresa, quando verificou que o segundo cheque emitido pela
autora à ré, para o pagamento do curso preparatório para carreiras jurídicas –
INTENSIVO REGULAR 2º SEMESTRE 2005, de número 850602, o qual só
deveria ser descontado no dia 12 de setembro de 2005, conforme constava do
contrato, havia sido descontado no dia anterior, dia 01 de setembro de 2005.
13. Desprovida de fundos suficientes para o
pagamento do cheque, que só deveria ter sido descontado 11 dias depois, a
autora teve seu limite do cheque especial ultrapassado mais em R$ 137,42 (cento
e trinta e sete reais e quarenta e dois centavos), conforme consta das cópias dos
extratos em anexo. (Doc. 3)

14. Imediatamente, no mesmo dia 02 de setembro de


2005, a autora ligou para a TCS Suport Consultoria Treinamento e Sistemas
LTDA, comunicando a funcionária responsável, Sra. Cássia, o que havia
acontecido.

15. Aparentemente assustada com o mesmo erro que


se repetia pelo segundo mês consecutivo, a referida funcionária disse que
entraria em contato com o setor financeiro da franqueadora – IELF PRO OMNIS
(Rede de Ensino Telepresencial) para saber o que havia acontecido e retornaria a
ligação em alguns instantes. Infelizmente, não houve retorno algum.

16. Na noite do mesmo dia 02 de setembro, a autora se


dirigiu à sede da TCS Suport Consultoria Treinamento e Sistemas LTDA e
conversou pessoalmente com a funcionária responsável, Sra. Cássia, que afirmou
estar ainda esperando o posicionamento do setor financeiro da franqueadora.

17. Naquela ocasião, a Sra. Cássia tirou cópia do


extrato da conta corrente da autora e disse que seriam tomadas as providências
cabíveis, incluindo o ressarcimento das despesas bancárias relativas à devolução
do cheque e do limite do cheque especial ultrapassado.

18. Em extrato retirado no dia 02 de setembro, a


autora verificou que seu cheque indevidamente descontado 11 dias antes do
contratado havia sido devolvido por falta de fundos, conforme o extrato em
anexo. (doc. 3)

19. Importantíssimo ressaltar que o cheque


somente não foi reapresentado, com a conseqüente inclusão do nome da
requerente no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), por
causa da imediata e diligente reclamação da requerente junto à empresa, e a
sua exigência de que fossem tomadas as providências para que esse ainda
mais danoso fato não ocorresse, uma vez que constava do contrato a
numeração dos cheques e a data em que cada um deveria ser descontado.

20. A partir desse dia, a autora começou a cobrar


diariamente da empresa ré as despesas bancárias decorrentes do desconto do
cheque 11 dias antes do acordado. Todos os dias a autora era informada por
algum funcionário que os valores seriam depositados em sua conta corrente, o
que não ocorreu.

21. Somente no dia 09 de setembro de 2005, após uma


semana de desconcertantes e frustradas tentativas, foi entregue à autora a quantia
em dinheiro de R$ 36,75, conforme o recibo em anexo, referente ao pagamento
das tarifas bancárias. (Doc. 5)

22. A requerente, entretanto, antes de receber o


ressarcimento das tarifas bancárias, foi informada que o cheque devolvido havia
sido remetido de São Paulo, sede da franqueadora IELF PRO OMNIS, para
Brasília, e que a autora deveria entregar um novo cheque, também no valor de
R$ 330,00, para substituir aquele que havia sido devolvido. Foi informada
também que, assim que o cheque devolvido por falta de fundos chegasse a
Brasília, seria entregue à autora. A autora prontamente preencheu um novo
cheque no referido valor e entregou à funcionária da TCS Suport Consultoria
Treinamento e Sistemas LTDA, mediante um recibo assinado pela empresa, que
se encontra em anexo (Doc. 06).

23. Ocorre que até a data de 15 de setembro de 2005 o


cheque ainda não havia sido devolvido à requerente, mesmo com as insistentes e
frustradas cobranças.

24. Diante do ato irresponsável, leviano e infundado


da empresa TCS Suport Consultoria Treinamento e Sistemas LTDA, que pelo
segundo mês consecutivo descontou o cheque da requerente muitos dias antes do
que constava do contrato, fato que decorreu em todos os problemas acima
narrados, há que se reparar o explícito dano moral que sofreu e continua
sofrendo a autora.

II. DO DIREITO

25. O direito da autora de pleitear indenização por


danos morais em decorrência da apresentação dos cheques pré-datados antes da
data avençada é reconhecido pela doutrina e jurisprudência, sendo certo que,
embora o dano moral não precise ser provado, resta evidente o constrangimento
da requerente em razão de ter tido sua compra, de tão pequeno valor, obstada por
falta de fundos, devido à atitude irresponsável da requerida.

26. Segundo lição de Maria Helena Diniz,


responsabilidade civil “é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a
reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por
ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela
pertencente ou de simples imposição legal”.1

27. De fato, o Código Civil Brasileiro prevê em seu


artigo 186:

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.” (girfos nossos)

28. O artigo 927 do mesmo diploma legal, por sua


vez, complementa:

“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),


causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o
dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.”

29. Sérgio Cavalieri ensina que:

“enquanto o dano material (...) repercute sobre o


patrimônio, o moral, também chamado de dano
imaterial, ideal ou extrapatrimonial, atinge os
bens da personalidade, tais como a honra, a
liberdade, a saúde, a integridade psicológica,
causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação à vítima. Nessa categoria incluem-se
também os chamados novos direitos da
personalidade: intimidade, imagem, bom nome,
1
Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1998, v. 7, p. 34.
privacidade, a integridade da esfera íntima.
Tutela-se, aí, o interesse da pessoa humana de
guardar só para si, ou para estrito círculo de
pessoas, os variadíssimos aspectos da sua vida
privada: convicções religiosas, filosóficas,
políticas, sentimentos, relações afetivas,
aspirações, hábitos, gostos, estado de saúde,
situação econômica, financeira, etc.”2

30. O Supremo Tribunal Federal ampliou o conceito


de dano moral quando do julgamento do RE 172.720, cujo acórdão foi publicado
no DJ de 21/02/2000. O Ministro Francisco Resek, ao proferir seu voto, ensinou
o seguinte:

“(...) o que o legislador constituinte brasileiro


qualifica como dano moral é aquele dano que se
pode neutralizar com uma indenização de índole
civil, traduzida em dinheiro, embora a sua própria
configuração não seja material. Não é como
incendiar-se um objeto ou tomar-se um bem da
pessoa. É causar a ela um mal evidente, como faz
o transportador ao cidadão que planeja uma
viagem, paga o seu preço e a empreende, mas
para ter a surpresa de, no primeiro dia, ver que
lhe falta a bagagem; e dia após dia ver que as
promessas da empresa, no sentido de que a mala
chegará, não são cumpridas; até que toma o avião
de volta depois de um período em que a tensão e a
frustração – não o prazer, o repouso ou o
divertimento – foram as tônicas maiores.

(...) Não me parece abonável o conceito restritivo


de dano moral, que só nos levaria a admitir sua
ocorrência em circunstâncias como aquelas que
insinua o tribunal de origem quando reclama uma
agressão à personalidade moral do ser humano.”

2
Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Malheiros Editores, 2001, p. 74/75
31. A ausência de prejuízo material, uma vez que o
mesmo foi ressarcido pela empresa, não constitui exceção, sabido que o dano se
reflete muito mais uma situação de dor moral do que física, tornando realmente
difícil o arbitramento de indenização, sabido que a moral, a honra, a dignidade
não podem ter um preço correspondente a mera avaliação material. E, muitas
vezes, a reparação maior do dano moral não se reflete no preço indenizatório.

32. E bem por isso, não se encontra disposição legal


expressa que possa estabelecer parâmetros ou dados específicos para o
arbitramento, pois, sobretudo, nesses casos, não se pode deixar de considerar
vários elementos objetivos quando da valoração do dano e da fixação do
quantum indenizatório, quais sejam, a situação econômica, financeira,
cultural e social, entre outros, das partes envolvidas.

33. É direito da autora, por tudo que padeceu, a


indenização do dano. O direito antes assegurado apenas em leis especiais e, para
alguns, no próprio art. 159 do Código Civil, hoje é estabelecido em sede
constitucional, haja vista o que prescrevem os incisos V e X, do art. 5º da Lei
Fundamental de 1988:

“ Art. 159 - Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, viola o
direito ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado
a reparar o dano”.

.....

“ Art. 5º. - (omissis)

V - é assegurado o direito de resposta proporcional ao


agravo, além, da indenização por dano material, moral ou
à imagem.
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”

34. O Código de Defesa do Consumidor, da mesma


forma, assegura a reparação do dano, patrimonial e moral, sofrido pelo
consumidor de bens ou serviços (art.6º., inciso VI), agasalhando a teoria
objetiva da responsabilidade da fornecedora de bens ou serviços (art. 14),
“independentemente da existência de culpa”. In Verbis:

Art. 6º - São Direitos básicos do consumidor:

........................

VI – A efetiva prevenção e reparação de danos


patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;

Art. 14 – O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e risco.

35. A requerente é amparada também pela


jurisprudência, conforme se pode observar nos seguintes julgados das colendas
Turma Recursais dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Distrito Federal:

CIVIL. CDC. INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. ESTABELECIMENTO DE ENSINO
QUE RECEBE CHEQUE 'PRÉ- DATADO' DE
ALUNO, PARA TRINTA DIAS, E O DEPOSITA
DE IMEDIATO. DEMORA INJUSTIFICADA
DO ESTABELECIMENTO EM REPARAR A
FALHA COMETIDA. CLIENTE QUE, EM
RAZÃO DO DEPÓSITO INESPERADO E
INDEVIDO, FICOU COM SUA CONTA A
DESCOBERTO POR MAIS DE DEZ DIAS, O
QUE MOTIVOU A DEVOLUÇÃO DE UM
OUTRO CHEQUE, DE SUA EMISSÃO, POR
INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS. FATO QUE
ULTRAPASSA O MERO ABORRECIMENTO
OU CONTRATEMPO DO DIA A DIA. DANO
MORAL CARACTERIZADO. SENTENÇA
REFORMADA. DAR PROVIMENTO AO
RECURSO. UNÂNIME.

(ACJ 20040110968679, Segunda Turma Recursal dos


Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F., Relator:
JESUÍNO APARECIDO RISSATO, DJU: 25/08/2005)

RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO.


DANOS MORAIS.

APRESENTAÇÃO DE CHEQUE PRÉ-


DATADO ANTES DO DIA
CONVENCIONADO. COMERCIANTE QUE
NÃO CUMPRE O PRAZO CONVENCIONADO
CAUSA TRANSTORNOS E
CONSTRANGIMENTO AO CONSUMIDOR,
DIANTE DA DEVOLUÇÃO DA CÁRTULA E
DE SUAS CONSEQUÊNCIAS EM RAZÃO DA
FALTA DE PROVISÃO DE FUNDOS. DEVE
RESPONDER PELOS DANOS CAUSADOS AO
EMITENTE. NO ENTANTO NA FIXAÇÃO DO
MONTANTE DA INDENIZAÇÃO IMPÕE-SE AO
JULGADOR PAUTAR-SE DENTRO DOS
LIMITES DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE,
EM FACE DA SUA NATUREZA
COMPENSATÓRIA E SATISFATIVA. DOU
PROVIMENTO AO RECURSO APENAS PARA
DIMINUIR O QUANTUM INDENIZATÓRIO.
(ACJ 20000110398645, Primeira Turma Recursal dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F., Relator :
JOÃO TIMÓTEO, DJU: 03/04/2001)

PROCESSO CIVIL – REVELIA – AUSÊNCIA DE


CONTRATO SOCIAL NA AUDIÊNCIA –
IRREGULARIDADE QUE PODE SER SANADA -
DECRETO DE REVELIA AFASTADO – DANOS
MORAIS - COMPRA DESFEITA - CHEQUES
DEPOSITADOS, MAS DEVOLVIDOS POR
INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS. REPARAÇÃO
DEVIDA.

1. A REVELIA É A CONTUMÁCIA DO RÉU


QUE, CHAMADO A JUÍZO PARA DEFENDER-
SE, QUEDA-SE INERTE. 1.1 IMPROCEDE O
DECRETO DE REVELIA IMPOSTO À
RECORRIDA PELO SIMPLES FATO DE NÃO
DISPOR, NO MOMENTO DA AUDIÊNCIA, DO
CONTRATO SOCIAL DA EMPRESA. 1.2
RAZOÁVEL E MAIS JUSTO, NESTES CASOS,
QUE SE CONFIRA À PARTE UM PRAZO,
QUIÇÁ DE 48 (QUARENTA E OITO HORAS),
PARA SANAR A IRREGULARIDADE,
POSSIBILITANDO-LHE O EXERCÍCIO DA
AMPLA DEFESA.

2. DESFEITA A COMPRA EFETUADA COM


CHEQUES PRÉ-DATADOS, COMPARECE
DEVIDA A DEVOLUÇÃO DAS CÁRTULAS OU,
SE NÃO MAIS FOSSE POSSÍVEL, A
RESTITUIÇÃO AO CONSUMIDOR, EM
ESPÉCIE, DOS VALORES DE CADA UMA, OU,
AINDA, O DEPÓSITO NA CONTA BANCÁRIA
DO CONSUMIDOR, DO VALOR
CORRESPONDENTE AO TÍTULO. 2.1 AO
DEPOSITAR OS CHEQUES,
INDEVIDAMENTE, OU PERMITIR QUE
TERCEIRO O FIZESSE, ASSUMIU, A
FORNECEDORA DE PRODUTOS, RISCOS
DE CAUSAR DANO AO TITULAR DA CONTA,
QUE TEVE DEVOLVIDOS CHEQUES. 2.2 A
DEVOLUÇÃO DE CHEQUES, CAUSADA POR
DEPÓSITO INDEVIDO, IMPORTA EM DANO
MORAL, POR TRAZER
CONSTRANGIMENTO E VEXAME AO SEU
TITULAR, ALÉM DE POSSIBILITAR A
INCLUSÃO DE SEU NOME EM CADASTRO
DE INADIMPLENTES. 3. DEVE O JUIZ, NA
FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS, ARBITRÁ-LO COM MODERAÇÃO,
ATENTO AO GRAU DE CULPA, AO NÍVEL
SÓCIO-ECONÔMICO DA VÍTIMA E DO
CAUSADOR DOS DANOS, ORIENTANDO-SE
O JULGADOR PELOS CRITÉRIOS
SUGERIDOS PELA DOUTRINA E PELA
JURISPRUDÊNCIA, COM RAZOABILIDADE,
VALENDO-SE DE SUA EXPERIÊNCIA E DO
BOM SENSO, ATENTO À REALIDADE DA
VIDA E ÀS PARTICULARIDADES DE CADA
CASO, OBJETIVANDO-SE NÃO DEIXAR
IMPUNE A CONDUTA DO OFENSOR E
SERVE DE CARÁTER PEDAGÓGICO,
FAZENDO COM QUE AQUELE TENHA MAIS
CUIDADO, EVITANDO QUE SITUAÇÕES
COMO A DOS AUTOS SE REPITAM. 4.
SENTENÇA REFORMADA PARA JULGAR-SE
PROCEDENTE O PEDIDO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.

(ACJ 20010710098100, Segunda Turma Recursal


dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F.,
Relator : JOÃO EGMONT LEÔNCIO LOPES,
DJU: 09/05/2002)

36. Portanto, diante de todos os fatos esposados,


percebe-se que a requerente sofreu, da mesma forma que continua a sofrer,
incômodos e transtornos incomensuráveis, bem como prejuízos morais
incalculáveis. Saliente-se ainda que a postulada é uma empresa bem sucedida,
enquanto a suplicante é apenas uma estudante, dependente de seus pais, cuja
situação econômica encontra-se ainda mais agravada em conseqüência da ação
da ré.

37. Por fim, deve-se atentar para a atitude


manifestamente anti-jurídica da demandada que, reincidentemente, descontou
antes da data contratada o cheque da requerente, descontrolando totalmente a sua
situação financeira. Ressalte-se que o cheque devolvido por falta de fundos
ainda não foi entregue à requerente até a data de 15 de setembro de 2005, 13
dias após a sua devolução pelo Banco do Brasil à franqueadora, mesmo
depois da requerente ter entregue um novo cheque para substitui-lo, e
mesmo após as diárias e constrangedoras cobranças no balcão da sede da
empresa franqueada, diante de várias testemunhas. Infelizmente, MM.
Julgador, verifica-se grande falta de respeito e descaso com a cliente, devendo o
Poder Judiciário considerar tal fato para a liquidação do dano, desestimulando
para sempre atitudes semelhantes a que se verifica no caso vertente.

III. DO PEDIDO

38. Diante do relato da infeliz experiência vivida pela


autora, pelo abuso cometido pelas rés na violação de bens morais que compõem
sua personalidade, da comprovação documental de todos os fatos narrados, da
responsabilidade da demandada pelos atos praticados, dos riscos que deve
assumir em razão da rentabilíssima atividade que explora, do corretivo que está a
merecer para não molestar mais as pessoas com práticas desse jaez, é direito
inquestionável da autora o ressarcimento do dano moral experimentado.
39. Ante ao exposto, demonstrado à saciedade a
excelência do direito em que está solidamente amparada, e evidenciados o
interesse e a legitimidade da autora para o ajuizamento da presente ação, bem
assim a possibilidade jurídica do pedido e preenchidos todos os requisitos da
petição inicial, a autora vem perante Vossa Excelência, REQUERER:

1. Seja determinada a citação da Rés, nos endereços constantes


do preâmbulo, na pessoa de seus representantes legais, para
contestar, querendo, e em prazo legal, os termos da presente
ação, sob pena de revelia e seus efeitos processuais, por
fundamento nos prejuízos morais trazidos à autora;

2. Seja julgada totalmente procedente a presente AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, para, condenar as
rés ao pagamento de indenização por danos morais
injustamente sofridos, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), formando-se título executivo judicial em favor da
Autora de modo a concretizar-se sua pretensão aqui exposta;

3. Requer também seja aplicado sobre o valor da indenização


correção monetária e juros compensatórios de 12% a.a(doze
por cento ao ano), calculados a partir do ATO LESIVO, de
acordo com o precedente das Súmulas 43 e 54 do STJ,
segundo as quais “43 - Incide correção monetária sobre
dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo” e
“54 - Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso,
em caso de responsabilidade extracontratual”.;

4. Requer, por fim, seja condenada a promovida no


ressarcimento das custas e em honorários advocatícios, à base
de 20% (vinte por cento) sobre o valor total da condenação
que vier a ser arbitrada.

40. Protesta por todos os meios de prova permitidos


no direito, depoimento pessoal, oitiva de testemunhas, perícia, entre outras, pela
produção das provas necessárias para elidir prova em contrário, se for o caso,
bem assim pela juntada de novos documentos se necessário para esclarecer
algum fato, em face da resposta da promovida.

41. Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00(dez mil


reais)

Termos em que

Pede Deferimento.

Brasília, 15 de setembro de 2005.

Rafael Fernandes Machado de Oliveira


OAB/DF n.o 21.265
RELAÇÃO DE DOCUMENTOS

1. PROCURAÇÃO

2. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

3. EXTRATOS DA CONTA CORRENTE COMPROVANDO O DEPÓSITO INDEVIDO

DO CHEQUE – OCASIONANDO A UTRAPASSAGEM DO LIMITE DO CHEQUE

ESPECIAL

4. COMPROVANTE DA COMPRA POR CARTÃO DE CRÉDITO

5. RECIBO DA TCS CURSOS

6. RECIBO COM A APRESENTAÇÃO DO NOVO CHEQUE.

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