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EXCELENTISSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA DO JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE BELO HORIZONTE –


MINAS GERAIS

Autos de número: 1063365-57.2021.4.01.3800

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira constituída sob


a forma de Empresa Pública, criada pelo Decreto-Lei n.°759/69, regendo-se
atualmente pelo Estatuto aprovado pelo Decreto n.° 6.473, de 05.06.2008,
com Jurídico Regional na Rua dos Tupinambás, 486, 9.º andar, Centro,
nesta Capital, vem, à presença de Vossa Excelência, com o respeito e acato
devidos, por intermédio de seus procuradores, apresentar sua
CONTESTAÇÃO na ação proposta por DENIS RODRIGO DE FREITAS
OLIVEIRA e NEUSA REIS DE FREITAS, pelos fundamentos de fato e de
direito aduzidos abaixo.

Inicialmente, requer o cadastramento do advogado Bernardo


Ananias Junqueira Ferraz, inscrito a OAB/MG sob o n° 87.253,
com endereço profissional na Rua Manoel Couto, n° 269 – Cidade
Jardim, Belo Horizonte/MG, CEP: 30.380-080, Tel. 3245-0792,
sendo ao mesmo destinadas todas as intimações pertinentes a
este processo, sob pena de nulidade delas.

I
TEMPESTIVIDADE

No caso em tela, a citação eletrônica fora efetivada em 27/09/2021


(segunda-feira), iniciando-se o prazo no primeiro dia útil subsequente,
28/09/2021 (terça-feira).
Noutro giro, segundo legislação vigente, o prazo para apresentação de
defesa finda-se em 30 (quinze) dias úteis.
Sendo assim, o prazo para apresentação de defesa finda-se em
12/11/2021 (sexta-feira), tendo em vista os feriados nacionais.
Logo, tempestiva, a presente peça.

II
BREVE SÍNTESE

Trata-se AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALOR C/C POR DANO


MORAIS E MATERIAIS COM PEDIDO LIMINAR, ajuizada por DENIS
RODRIGO DE FREITAS OLIVEIRA e NEUSA REIS DE FREITAS em face
da Caixa Econômica Federal.
A parte autora alega que é cliente da instituição financeira ora ré.
Visando a oportunidade em realizar a compra de um lote, passou a realizar
transferências bancarias ao credor com finco de adimplir o negocio jurídico.
Alegou também que a genitora do autor realizou durante um fim de
semana duas transferências ao credor. Ocorre que a genitora do autor,
NEUSA REIS DE FREITAS, recebeu uma ligação da Caixa Econômica
Federal, onde o atendente relatou que a conta bancaria do autor estava
bloqueada, por motivos de segurança, uma vez que foram feitos quatro
saques sendo dois no dia 01/05/2021 (Sábado) e dois no dia 02/05/2021
(Domingo).
Prosseguiu alegando que a genitora do autor informou ao atendente
que os saques eram legítimos e foram realizados para quitar as prestações
do lote que o autor pretendia adquirir. O atendente informou que "por motivo
de segurança, a conta estava bloqueada” e solicitou que a genitora
procurasse uma agência da Caixa Econômica próxima para assim realizar o
desbloqueio.
Alegou ainda que a genitora do autor procurou uma agência da Caixa
Econômica, confirmando os saques feitos nas datas de 01/05/2021 (Sábado)

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e dois no dia 02/05/2021 (Domingo). Sendo assim, depois de realizado o
desbloqueio da conta, a procuradora do autor retornou a sua residência.
Aduziu que minutos após o desbloqueio da conta aconteceu uma
transferência via PIX no valor de R$ 29.999,71 (vinte e nove mil novecentos
e noventa e nova reais e setenta e um centavos) para uma conta no banco
Bradesco agência/conta 1993/33942-3, CPF XXX.896.518.XX chave PIX e-
mail: desifranzini@gmail.com em nome de Desirée Roberta Franzini.
Aduziu também que tal transação não fora realizada pelo autor ou sua
genitora/procuradora, ou seja, o autor fora vítima de furto qualificado,
especificadamente fraude bancária por falha na segurança da prestação de
serviços realizados pela ré, uma vez que houve a retirada do o valor de sua
conta por meio do PIX.
Posto isto, ajuizou a presente ação, pleiteando a restituição do valor,
bem como indenização por danos morais e materiais.
Esta é a síntese do processado.

III
DO MÉRITO

III.I. REALIDADE DOS FATOS – IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS


AUTORAIS

Inicialmente cumpre salientar que a movimentação financeira


contestada foi realizada no dia 03/05/2021, após a validação de dispositivo
(celular/tablet) em terminal de autoatendimento com uso do cartão e senha
cadastrada pelo titular da conta.

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Diante dos próprios fatos alegados na peça inaugural, verificada as
primeiras tentativas de transferências, a própria área de segurança da
CAIXA já havia feito o bloqueio da conta diante das transações, por indícios
de fraude.
Então a autora foi até a agência realizar o desbloqueio da Assinatura
Eletrônica (AES), mediante uso do cartão e senha do cliente, admitindo
que ela estaria fazendo os mesmos.
Em conformidade com o disposto nas cláusulas do Contrato de
Abertura, Manutenção e Encerramento de Contas de Depósitos na CAIXA
(MO 37.105), nos termos abaixo transcritos, é de responsabilidade do cliente
a guarda, integridade e segurança de seu cartão e sigilo de sua senha:

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - O código secreto (senha) a ser


escolhido pelo cliente e gravado no sistema é de uso pessoal e
intransferível e de seu exclusivo conhecimento.

Parágrafo Único - A CAIXA não se responsabiliza pela utilização


da senha, por terceiros.

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É importante frisar que as permissões para acesso e movimentação da
conta (dispositivo e Assinatura Eletrônica) foram dadas com uso do cartão
com chip e de senha pessoal do cliente.
Pode-se dizer, pois, que a realização da transação contestadas pela
cliente, somente foram possíveis após autenticação de Usuário e Senha
Internet (credenciais de acesso) e aposição de Assinatura Eletrônica
(AES), cadastrados pelo(a) cliente, de seu uso pessoal e intransferível e
destinada ao seu exclusivo conhecimento, quando da validação do
dispositivo e desbloqueio da Assinatura Eletrônica, sem os quais as
transações não seriam possíveis.
Diante disso, concluiu-se que:
NÃO HOUVE, portanto, FRAUDE ELETRÔNICA na transação
contestada, motivo pelo qual foi emitido, em 10/08/2021, parecer
DESFAVORÁVEL à recomposição da conta 1022.013.00301351-5.
Por conseguinte, o uso do cartão de débito e da senha pessoal e
intransferível, cadastrada pelo cliente, é de uso exclusivo do titular da conta,
devendo o cliente se responsabilizar pela sua guarda, integridade e
segurança, bem como, pelo uso do mesmo para toda e qualquer finalidade
que venha permitir acesso a sua conta.

III.II DA AUSÊNCIA DE DANOS MORAIS

Os supostos danos morais pleiteados em virtude dos fatos alegados


em inicial, necessitam ser comprovados pelos três requisitos: ato ilícito, dano
moral e nexo causal entre ambos.
Primeiramente, vejamos, não ocorreu ato ilícito por parte da ré.
O desagrado da autora quanto a situação, não autoriza a reparação
moral pelo fato de não ser possível atribuir a responsabilidade do ocorrido ao
agente financeiro.
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Ademais, informamos que o Superior Tribunal de Justiça (STJ), por
meio das turmas de direito privado (3ª e 4ª) têm mantido entendimento de
que o cliente deve adotar cautelas mínimas e ordinárias de segurança em
relação a utilização e guarda do cartão com chip e a senha, que é pessoal e
intransferível. Segundo a decisão o cartão magnético e a respectiva senha
são de uso exclusivo do cliente, que deve tomar as devidas cautelas para
impedir que terceiros tenham acesso a eles.
Há, ainda, clara disposição do contrato de cartão de crédito, que
informa:

CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - OBRIGAÇÕES DO TITULAR


14.1 São obrigações do Titular:
a) ter plena ciência e concordar com os termos deste contrato,
antes de aderir ao Sistema, na forma da Cláusula Terceira;
b) conferir os dados do Cartão e pôr sua assinatura no local
indicado, no ato de seu recebimento;
c) manter o Cartão em boa guarda, conservando-o em
segurança, na qualidade de fiel depositário;
d) assumir total responsabilidade pelo uso de sua senha
individual e privativa;
e) comunicar, imediatamente após o fato ou a ciência, o extravio,
furto, roubo, fraude ou falsificação do Cartão, obtendo o protocolo
dessa comunicação junto à Emissora.

Cabe também ressaltar o que dispõe o Código de Defesa do


Consumidor:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
(...)
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado
quando provar:
(...)
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Assim, já havendo sido comprovada a culpa exclusiva dos demais


envolvidos, seja a autora por sua negligência, seja o terceiro pela fraude,
impossível acatar o pedido indenizatório em face ao banco réu.
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Depreende-se, pois, sem maior esforço, que meras alegações de
dano não são suficientes para que se configure o ilícito e se proceda ao
ressarcimento.
A garantia constitucional de ressarcimento não pode ser desvirtuada,
pois, desta forma, estar-se-ia incentivando a multiplicação de ações
absolutamente improcedentes, como a presente.
Por fim, quanto a negativação realizada no nome da parte autora,
registra-se que o banco réu já procedeu com a sua baixa, bem como com a
paralisação de cobrança do contrato em comento. Todavia, deve ainda ser
feita análise se a autora não possui outras restrições em seu nome.
Posto isto, ausentes a conduta ilícita, o nexo causal e o dano,
nenhuma conduta apta a gerar dever de indenizar pode ser atribuída à
CAIXA, devendo os pedidos serem julgados improcedentes.

III.II.I EVENTUALMENTE – DO VALOR A SER ARBITRADO A TÍTULO DE


DANOS MORAIS

Conforme já demonstrado, inexiste nos autos fato que fundamente a


existência de dano a ser indenizado.
Todavia, ainda que se presumisse ter havido algum dano, o que se
admite apenas a título de argumentação, o mesmo deve ser arbitrado em
consonância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
É uníssono o entendimento no âmbito do Poder Judiciário de que as
condenações não devem configurar causa de enriquecimento, de modo que
as pessoas sejam incentivadas a litigar, criando inclusive a teratológica
situação de indivíduos que esperarão ansiosos por qualquer defeito nos
serviços prestados pelos fornecedores, como forma de se enriquecerem.
Veja-se entendimento do STJ reduzindo valor de indenização com o
fito de evitar o enriquecimento sem causa:

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Processo AgRg no Ag 1253740 / PE
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
2009/0229701-3
Relator(a) Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR (1110)
Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA
Data do Julgamento 02/12/2010
Data da Publicação/Fonte DJe 10/12/2010
Ementa
CIVIL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO
INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS. QUANTUM REDUZIDO
PARA PARÂMETRO RAZOÁVEL. DECISÃO MANTIDA.
RECURSO IMPROVIDO.
(...).
É cabível a redução da indenização por dano moral decorrente de
corte indevido de energia elétrica na hipótese em que o
tribunal a quo fixou um valor excessivo, pois é necessário
arbitrar um valor razoável, adequando a indenização ao
desconforto sofrido pela vítima, de modo a evitar o
enriquecimento sem causa do ofendido. (grifos inovados)

Por tudo isso, espera a contestante que inexista qualquer condenação


no presente caso, mas, na hipótese de haver (ad argumentandum), que seja
fixada em valores módicos.

III.III. DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO EM DOBRO – IMPOSSIBILIDADE –


EVENTUALIDADE: DEVOLUÇÃO DE FORMA SIMPLES

Ab initio, em que pese a fundamentação acerca da restituição de


supostos valores cobrados, não houvera no caso em epigrafe qualquer
cobrança por parte dessa ré para que pudesse justificar o pedido de
restituição em dobro.
Assim, descabida a pretensão da repetição de indébito, a uma porque,
conforme o artigo 42 do Código de defesa do consumidor, a cobrança
precisa ter sido feita de forma indevida, o que não ocorrera no caso em
comento, a duas porque, conforme artigo 940, do CC, a repetição do
indébito só é caracterizada se houver cobrança por dívida já paga, conforme
demonstrado abaixo, o que também não ocorrera.

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Art. 940: Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em
parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que
for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o
dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que
dele exigir, salvo se houver prescrição.

Ademais, conforme demonstrado, com o devido acato, a parte autora


não faz jus a restituição em dobro, já que de acordo com o ordenamento
jurídico vigente, está só é possível se constatada má-fé da empresa,
conforme entendimento abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL - NEGATIVAÇÃO INDEVIDA - ASSISTÊNCIA


JUDICIÁRIA GRATUITA - CONCESSÃO - PROVA DO
PAGAMENTO - DANOS MATERIAIS - NÃO OCORRÊNCIA -
DANOS MORAIS - IN RE IPSA - CONFIGURAÇÃO - FIXAÇÃO -
QUANTUM - RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE -
CORREÇÃO MONETÁRIA - INCIDÊNCIA - A PARTIR DO
ARBITRAMENTO - JUROS DE MORA - DANO MORAL
EXTRACONTRATUAL - TERMO INICIAL - DATA DA
NEGATIVAÇÃO - CONTRATAÇÃO ADVOGADO - HONORÁRIOS
CONTRATUAIS - RESTITUIÇÃO INDEVIDA - HONORÁRIOS
SUCUMBÊNCIA - REDUÇÃO - AUSÊNCIA JUSTIFICATIVA -
IMPOSSIBILIDADE.
- A parte autora logrou êxito em comprovar que não possui
condições de arcar com as custas e despesas processuais, sem
prejuízo a seu próprio sustento e de seus familiares.
- Deve ser afastada a condenação ao pagamento de danos
materiais em dobro, visto que o contrato realmente existia e a
cobrança consiste em exercício regular do direito. Ademais,
inexiste prova nos autos de que a parte tenha agido com má-fé.
[...](TJMG - Apelação Cível 1.0000.18.094688-1/001, Relator(a):
Des.(a) Pedro Aleixo , 16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
13/12/2018, publicação da súmula em 14/12/2018)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C


DANO MORAL - CANCELAMENTO DE PLANO - TELEFONIA -
COBRANÇA INDEVIDA - REPETIÇÃO EM DOBRO - ARTIGO 42,
PARAGRAFO ÚNICO, DO CDC - MÁ-FÉ - NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO - DANOS MORAIS - NÃO CONFIGURADOS -
MEROS ABORRECIMENTOS - INDENIZAÇÃO INDEVIDA -
HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA - IMPOSSIBILIDADE -
RAZOABILIDADE - CAUSA DE BAIXA COMPLEXIDADE.
- A jurisprudência tem se manifestado no sentido de que é
necessária a comprovação de má-fé do credor que cobra valor
indevidamente, para que se possa condená-lo à restituição em
dobro, nos termos do artigo 42, parágrafo único do CDC.
- O dano moral caracteriza-se, em regra, pela violação aos direitos
da personalidade, sendo a dor, humilhação, angústia ou
sofrimento em si do indivíduo meras consequências da violação a
um bem jurídico tutelado.
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- A mera cobrança indevida de dívida não é suficiente a ensejar a
ocorrência de danos morais, porquanto, não obstante tal situação
traga desconfortos e aborrecimentos ao consumidor, não é capaz
de atingir valores fundamentais do ser humano, tratando-se, em
verdade, de situação rotineira, a que se está sujeito na vida em
sociedade.
- Tratando-se de causa de baixa complexidade, que não
demandou a produção de provas ou o comparecimento em
audiência, mostra-se adequada a fixação de honorários no mínimo
legal. (TJMG - Apelação Cível 1.0153.16.008217-5/001,
Relator(a): Des.(a) Maurício Pinto Ferreira (JD Convocado) , 10ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 04/12/2018, publicação da
súmula em 14/12/2018)

Noutro giro, conforme já demonstrado, restam evidentemente


descaracterizados os pedidos da parte autora, uma vez que não houve
qualquer atitude ilícita por parte da Caixa, Muito pelo contrário, uma vez que
esta busca sempre resolver de forma assertiva os problemas que seus
clientes apresentam, no intuito de preservar a integridade de seus
relacionamentos dentro dos princípios da legalidade e do atendimento
eficiente.
Todavia, ainda que seja do entendimento do magistrado a condenação
desta ré ao pagamento dos valores, o que se admite apenas a título de
argumentação, que este seja feito de forma simples.
Dessa forma, há evidências contundentes de que a parte autora não
faz jus a restituição dos valores cobrados uma vez que não houve qualquer
ilicitude nos atos praticados pela Caixa Econômica Federal, muito menos
que eles sejam arbitrados em dobro, e, caso haja alguma condenação nesse
sentido que seja de a condenação de forma simples.

III.IV. DA INAPLICABILIDADE DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Por fim, quanto à inversão do ônus da prova, registra-se que os autores


apenas realizam requerimento genérico, sem fundamentar nem mencionar
com qual intuito deseja a inversão.

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Tem-se que a inversão de ônus da prova está condicionada à presença
dos requisitos previstos na lei, quais sejam, a verossimilhança das
alegações e a hipossuficiência probatória do consumidor, nos termos do
artigo 6º, VIII, CDC.
No caso em apreço, os autores não preencheram nenhum dos
requisitos supracitados, apenas se atendo a meras alegações. Logo, não
são verossímeis os dados apresentados pelos autores, impossibilitando o
deferimento do instituto da Inversão do Ônus da Prova.
Neste sentido, o ilustre Procurador-Geral de Justiça do Ministério
Público do Estado de São Paulo, Dr. Geraldo Brito Filomeno (1995, pag. 86),
assevera que:

É evidente, entretanto, que não será em qualquer caso que tal se


dará, advertindo o mencionado dispositivo, como se verifica de
seu teor, que isso dependerá, a critério do juiz, da verossimilhança
da alegação da vítima e segundo as regras ordinárias de
experiência.

Portanto, diante da inverossimilhança das alegações e da ausência da


hipossuficiência probante dos autores em face da ré, não merece
deferimento o requerimento de inversão do ônus da prova.

V
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ex positis, a ré requer:

1. Pede que sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais, eis que


carecem de veracidade e amparo legal;
2. Na eventualidade de não ser o entendimento de vossa excelência em
acolher o pedido retro, que o valor arbitrado a título de danos morais esteja
em consonância com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
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Requer ainda:

a) A juntada dos documentos de representação (procuração e


substabelecimentos);
b) A juntada dos documentos anexos que comprovam os fatos alegados
pela Caixa.
c) A produção de todos os meios de prova em direito admitidas,
protestando desde já, pela juntada de novos documentos;
d) O cadastramento do advogado Bernardo Ananias Junqueira Ferraz,
inscrito a OAB/MG sob o n° 87.253, com endereço profissional na Rua
Manoel Couto, n° 269 – Cidade Jardim, Belo Horizonte/MG, CEP: 30.380-
080, Tel. 3245-0792, sendo ao mesmo destinadas todas as intimações
pertinentes a este processo, sob pena de nulidade das mesmas.

Nestes termos, pede deferimento.


Belo Horizonte, 12 de novembro de 2021.

Bernardo Ananias Junqueira Ferraz Carolina Ananias Junqueira Ferraz


OAB/MG 87.253 OAB/MG 112.270

Najara Helena Hallais Câmara Carolina de Oliveira Saron


OAB/MG 165.074 OAB/MG 209.644

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