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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR DO JUÍZO DO ___ JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ....................


........................., nacionalidade, estado civil, portadora da Carteira de
Identidade nº........, expedida pelo DETRAN e inscrita no CPF nº ...........,
residente e domiciliada ..........., CEP ......., vem, por sua advogada, à presença
do Juízo apresentar e pedir:

DECLARAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO DEVIDO A


FRAUDE BANCÁRIA C/C INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS

Em face do BANCO DO BRASIL S.A, Sociedade de Economia mista, CNPJ


00.000.000/7379-25, situado na Av. Automóvel Club, SN, LT 201-B, LOJA
E, SL J, QD A, LT 26-B, Bairro Vila Santa Cruz, Cidade Duque de Caxias/RJ,
CEP 25.255-030, e-mail age8016@bb.com.br e VISA DO BRASIL
EMPREENDIMENTOS LTDA, Sociedade Empresária Limitada, CNPJ
31.551.765/0001-43, situado na Av. Presidente Juscelino Kubitschek, nº 1909,
3º andar, conj. 31, pavimento 02 da torre norte, Bairro Vila Nova Conceição,
São Paulo/SP, CEP 04.543-907, e-mail ADMBRASIL@VISA.COM, pelos
motivos de fato e de direito que doravante passa a expor.
DOS FATOS
A Autora na data 30/06/2022 junto ao 1º Réu, fez a solicitação do cartão de
crédito OUROCARD FÁCIL VISA com limite de R$ 906,00 (Documento
anexo).
A Autora ficou acompanhando pelo aplicativo tendo em vista, que até o
código de rastreio foi informado sendo ele: AR: ............................ mas nunca
foi atualizado no site dos Correios. A Autora esperou para ver se chegava, mas
na data ......... verificou no aplicativo para acompanhar a entrega do cartão e
apareceu que o cartão já tinha sido entregue na sua residência, sendo que
nunca chegou.
Ainda foi constado pela Autora que foi realizada uma compra no valor de R$
905,99, na data ........ no Estado de São Paulo, sendo assim, entrou em
contato com o 1º Réu através do número 08007290722, sendo orientada a
comparecer a uma agência. (Documentos anexo).
Na data ........... a Autora se dirigiu à agência localizada em .......... e foi
atendida pelo atendente .................., o qual a orientou a fazer um Registro de
Ocorrência e solicitar uma contestação por e-mail.
Logo, na data .......... a Autora realizou todo o procedimento (documentos
anexo), mas recebeu pelo aplicativo a resposta que a contestação havia sido
negada.
A Autora na data ........, novamente entrou em contato com o 1º Réu através
do 08007290722 e gerou o protocolo nº ....... e obteve a informação, que o seu
cartão havia sido desbloqueado em um caixa eletrônico, com o código de
segurança, e que a Autora deveria pagar.
Na data ........ a Autora entrou em contato novamente com o 1º Réu pelo
telefone 08007290722 e gerou o protocolo nº ........... e a atendente Jéssica
falou que o cartão foi desbloqueado em um caixa eletrônico e a contestação
havia sido negada, pois foi utilizado o código de segurança que vem por SMS
ou carta, sendo que o SMS nunca chegou no celular da consumidora e a
CARTA nunca chegou em sua residência. (Documentos anexo).
A Autora foi informada através da atendente jessica, que o valor de R$ 905,99
será cobrado na data ....... e não tem como contestar, visto que o cartão foi
desbloqueado em caixa eletrônico.
A Autora ligou para o 2º Réu pelo telefone 0800 891 3679, falou com a
atendente Miralva, protocolo ........ e foi informada que a 2º Ré é somente a
tecnologia do cartão e o problema é o banco que decide, que nada poderia ser
feito.
A Autora sem saber a quem mais recorrer, se encontra apreensiva em ter que
pagar por uma dívida que não contraiu, e pior, está preocupada com as
possíveis consequências, pois foi vítima de fraude bancária.
Sendo assim, devido as infrutíferas tentativas de resolver o problema
extrajudicialmente, busca se o judiciário para resolver o problema ocasionado
pela ausência de proteção ao consumidor pelas Rés.
PRELIRMINARMENTE
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Requer a Autora o benefício da gratuidade de justiça, nos termos da
Legislação Pátria, inclusive para efeito de possível recurso, tendo em vista ser
a Autora impossibilitada de arcar com as despesas processuais sem prejuízo
próprio e de sua família, conforme afirmação de hipossuficiência em anexo e
artigo 4º e seguintes da lei 1.060/50 e artigo 5º LXXIV da Constituição
Federal/98.
DA TUTELA DE EVIDÊNCIA
Nos termos do art. 311, “a tutela da evidência será concedida,
independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao
resultado útil do processo”.
A tutela de evidência tem a finalidade de efetivar o direito da Autora face à
possível morosidade do processo, uma vez que demonstra forma inequívoca o
seu direito.
Luiz Guilherme Marioni ao lecionar sobre a matéria destaca:
“Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em obrigar o
autor a esperar o tempo necessário à produção da prova dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se desincumbiu do ônus da
prova e a demora inerente à prova dos fatos cuja prova incumbe ao réu
certamente o beneficia. ” (In Tutela de Urgência e Tutela de Evidência.
Editora RT. 2017.p.284)
A Consumidora foi vítima de fraude devido a irresponsabilidade dos Réus em
fornecer uma prestação de serviço segura aos seus clientes.
Assim, considerando o preenchimento dos requisites legais, têm-se por
necessária a concessão da tutela de evidência para que parem com a cobrança
imediatamente.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Inicialmente verificamos que o presente caso trata-se de relação de consumo,
sendo amparada pela lei 8.078/90, que trata especificamente das questões em
que fornecedores e consumidores integram a relação jurídica, principalmente
no que concerne a matéria probatória.
Tal legislação, faculta ao magistrado determinar a inversão do ônus da prova
em favor do consumidor conforme seu artigo 06º, VIII:
"Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...] VIII- A facilitação da defesa
de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência"
(grifamos).
Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior esforço, ter o
legislador conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência de,
presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o
consumidor for hipossuficiente, poder inverter o ônus da prova.
Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a hipossuficiência da
parte autora para o deferimento da inversão do ônus da prova no presente
caso, dá-se como certo seu deferimento.
DA RESPONSABILIDADE DOS RÉUS
Os Réus possuem responsabilidade objetiva, independentemente de culpa,
pela reparação dos danos causados a Autora por defeitos relativos aos
serviços/produtos oferecidos, entendendo-se como tal, em face da abrangência
do conceito legal, toda a atividade por ele realizada no propósito de tornar o
seu negócio viável e atraente, conforme preceitua o Art. 14 do Código de
Defesa do Consumidor.
Com efeito, ao exercer sua atividade empresarial, é dever das instituições Rés
ter um sistema que trabalhe sem erros, bem como funcionários qualificados
para gerir seu sistema, não permitindo que ocorra fraude e defeito do seu
sistema de gerenciamento de cartão de crédito, o que prejudica os
consumidores.
Dispõe a SÚMULA 479/STJ que "as instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e
delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias".
DO DANDO MORAL
Logo de início, vale salientar, que não trata a hipótese presente “mero
aborrecimento”, conforme defesa padrão das empresas de telefonia, eméritas
causadoras de danos morais.
De acordo com o nosso Código Civil brasileiro de 2002:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
O DANO MORAL RESTA COMPROVADO, na medida em que as
empresas Rés, com sua conduta negligente e irresponsável, deixaram de
fornecer a segurança necessária na sua prestação de serviço.
A Contestação realizada pela Autora ocorreu dentro do prazo, mas mesmo
assim está ocorrendo cobrança indevida. Trata-se do direito da inviolabilidade
à intimidade e à vida privada. (DOCUMENTOS DAS COBRANÇAS
ANEXO).
A INDENIZAÇÃO DOS DANOS PURAMENTE MORAIS DEVE
REPRESENTAR PUNIÇÃO FORTE E EFETIVA, BEM COMO, REMÉDIO
PARA DESESTIMULAR A PRÁTICA DE ATOS ILÍCITOS.
Imperativo, portanto, que a requerente seja indenizada pelo abalo moral em
decorrência do ato ilícito, em razão de ter sido vítima de fraude e que mesmo
contestando continua a ser cobrada indevidamente. É notável a negligência e
má-fé dos Réus.
A situação acima narrada ultrapassa o mero dissabor, sendo causa danos
morais puros que dispensam a comprovação do efetivo prejuízo.
PERDA DE TEMPO ÚTIL
É incontestável que a sociedade caminha numa direção em que as pessoas
estão cada dia mais atarefadas, buscando sempre a priorização do tempo,
valendo-se da utilização de meios que facilitam a comunicação e o acesso à
informação para a resolução de determinados problemas, especialmente
consumeristas, bastando que haja reciprocidade entre fornecedor e consumidor
no interesse de solucionar cada caso, em respeito ao princípio da boa-fé
objetiva, positivado no art. 4º, inciso III e art. 51, inciso IV, do CDC, e
princípio da harmonia nas relações de consumo, também disposto no art. 4º,
inciso III, do CDC.
Diante desta realidade de facilitação dos meios de comunicação e priorização
do tempo propriamente dito, numa relação de consumo, o fato de haver
resistência e/ou obstáculos excessivos e até mesmo desnecessários impostos
pelo fornecedor ao consumidor que busca solucionar questão relativa à
atividade consumerista, desviando-o de seus afazeres habituais, levando o
consumidor a ter um desgaste temporal que poderia ser evitado, favorece o
chamado “Desvio Produtivo do Consumidor”, também conhecido como
“Perda do Tempo Útil do Consumidor”.
PARA TANTO, O DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR IMPLICA
NA AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE DANO MORAL, ENGLOBANDO
SITUAÇÕES QUE ANTERIORMENTE ERAM ENTENDIDAS COMO
MEROS DISSABORES/ABORRECIMENTOS COTIDIANOS, que seriam
apenas decorrência normal de uma sociedade moderna em constante
crescimento, passando a valorizar o tempo do consumidor, considerando
indenizável o tempo perdido em decorrência de condutas lesivas praticadas
pelo fornecedor.
Nesse sentido, a Autora teve de alterar a sua rotina normal para buscar a
resolução do seu problema junto as Empresas Rés, não tendo êxito em
obter solução satisfatória. A ré não forneceu ao consumidor meios eficazes
para a solução das suas reivindicações, obrigando ao ajuizamento da presente
Ação, após Perda do Tempo Útil.
A REPARAÇÃO POR DESVIO PRODUTIVO SE CARACTERIZA PELA
FALTA DE PRONTA SOLUÇÃO AO ALCANCE DO FORNECEDOR
RELACIONADA AO VÍCIO/FATO DO SERVIÇO/PRODUTO, FAZENDO
COM QUE O CONSUMIDOR SAIA DE SUA SEARA DE AFAZERES
PARA TRATAR DO ASSUNTO QUE DEVERIA TER SIDO
SOLUCIONADO DE PRONTO PELO FORNECEDOR, E ACABOU
POR OBRIGAR O AJUIZAMENTO DE DEMANDA JUDICIAL.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, a Autora requer:
a) A citação das Rés para que, querendo, apresentarem suas defesas sob pena
de revelia;
b) A concessão da tutela de evidência para que as Rés cessem cobranças
oriundas de saques e compras fraudulentas até que seja proferida sentença
nestes autos;
c) que seja declarada a inexistência do débito no valor de R$ 905,99
(novecentos e cinco reais e noventa e nove centavos);
d) o cancelamento do cartão de crédito, tendo em vista que foi fraudado e
nunca foi entregue a Autora;
e) O deferimento da inversão do ônus da prova garantida pelo Código de
Defesa do Consumidor, conforme art. 6º, VIII do CDC e artigos 373 § 1º; 2º e
3, II do CPC; protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas,
nos termos do Código de Proteçâo e Defesa do Consumidor, Código de
Processo Civil e do Código Civil;
f) A procedência da ação para a condenação das rés ao pagamento de
indenização por danos morais, no importe de R$ 7.000,00 (sete mil reais);
Atribui-se à causa, para efeitos legais, o valor de R$ 7.905,99 (sete mil
novecentos e cinco reais e noventa e nove centavos).
Nestes termos, aguarda deferimento.
Local e data
Advogado
OAB

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