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EXMO.(O) SR (A) DR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA _____ VARA CIVIL DA COMARCA DE ().

(Nome da autora e qualificação), por meio de seu advogado (nome do advogado e


qualificação) vem respeitosamente à presença de V. Exa. Com fundamento nos artigos 282
e seguintes do CPC, propor a presente;
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS C/C TUTELA ANTECIPADA
Em face do BANCO (nome do Banco e qualificação), pelos motivos de fato e de direito a
seguir aduzidos.
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente requer, os benefícios da Assistência Judiciá ria Gratuita nos termos da Lei nº
1060/50, devido nã o poder arcar com à s custas processuais, em detrimento de seu pró prio
sustento e de sua família.
DOS FATOS
A Requerente é possuidora de um cartã o de crédito do Requerido sob o nº (), anexo có pia
do cartã o e, quando do uso para realizar compras com o referido Cartã o é obrigatória à
apresentação da Carteira de Identidade e assinatura da Requerente, tendo em vista
que o mesmo nã o é de senha.
Pois bem, no dia () por volta das 15h45m11s se dirigiu ao Supermercado (), na (), efetuou
uma compra no valor de R$ 85,14 (oitenta e cinco reais e quatorze centavos), anexo
comprovante fiscal.
Em () por volta das 20h00m a Requerente recebeu uma ligaçã o da central de cartõ es do
Requerido dizendo que seu cartã o foi CLONADO em () e informando que o mesmo tinha
sido cancelado, a Requerente achando que era trote nã o deu importâ ncia.
Em () através do protocolo nº () a Requerente ligou para confirmar se realmente seu
cartã o havia sido CLONADO e teve a informaçã o que realmente seu cartão tinha sido
clonado, e automaticamente fora cancelado.
A Requerente desesperada e nã o concordando com as compras, em 06/06/2015 através
dos protocolos nº (), () sendo atendida pelas atendentes () e () a Requerente obteve o
nome das lojas, os valores gastos, horá rio e a data das compras e solicitou o ESTORNO DAS
COMPRAS, todavia foi informada que nã o poderiam fornecer endereço e telefone das lojas,
abaixo discriminados.
· () (Data) – SP: 10x199, 90 – ás 17h15min;
· () (Data) – () SP: R$1.000,00 – ás 17h33min;
· () (Data) – () SP: 10x 170,53 – às 17h34min;
· () (Data) – () SP – R$1.699,00: às 18h11min, anexo cópia da fatura.
E quanto ao pedido de ESTORNO DAS COMPRAS, este seria repassado para o setor de
segurança do Requerido, devido o mesmo ter as informaçõ es dos perfis das compras e
teria que aguardar (05) cinco dias ú teis.
Apó s esses contatos a Requerente para resguardar seus direitosse dirigiu ao posto policial
de seu bairro e registrou um Boletim de Ocorrência, anexo có pia.
Novamente a Requerente, em () através do protocolo de nº () com a atendente () solicitou
novamente os endereços das lojas onde foram efetuadas as compras e tendo a negativa de
que nã o poderiam fornecer os endereços, e através do protocolo de nº () com a atendente
() contestou novamente as compras e foi informada que iria repassar para o setor interno
do Requerido para aná lise e iria abrir uma solicitaçã o de ESTORNO DAS COMPRAS e, que
a Requerente aguardasse pelo retorno do Requerido.
Vale lembrar Exa., que para realizar compras com o CARTÃO é necessá ria apresentaçã o de
Carteira de Identidade e exige a assinatura da Requerente, sendo que o mesmo não é de
senha.
Além disso, considerando a vulnerabilidade do cartã o da Requerente e com a finalidade de
evitar novamente esse tipo de fraude o Requerido enviou um novo cartão que é
necessário o uso de senha sob o nº () para a Requerida, documento anexo.
Importante ressaltar, mesmo que a Requerente fosse de Avião a São Paulo, nã o daria
para fazer as compras no horá rio em que CLONARAM o seu cartã o.
Ocorre Exa., até a presente data nã o houve o retorno do Requerido no que diz respeito ao
ESTORNO DAS COMPRAS, e para surpresa da Requerida, o Requerido enviou a fatura de
cobrança com as compras realizadas, anexo fatura.
Pois bem, em () a Requerente recebeu uma nova fatura no valor R$.1.041,48 (hum mil e
quarenta e um reais e quarenta e oito centavos) com os devidos estornos das compras,
no entanto, a Requerente reconhece como dívida o valor de R$.664,30 (seiscentos e
sessenta e quatro reais e trinta centavos), já incluso as anuidades, anexo detalhamento
do débito.
Por fim, confirma a concordância tácita do Requerido que realmente seu sistema
financeiro foi invadido por terceiros e demonstra claramente a má prestação de seus
serviços, e age de má fé em nã o acertar corretamente o débito da Requerente.
Nã o obstante isso, além de nã o ter estornado os valores corretos, o Requerido está
cobrando juros rotativos, multa e juros de mora e ainda ameaça a Requerente dizendo
que se nã o providenciar o pagamento irá enviar o seu nome para o registro de restrições
nos órgãos de proteção de crédito.
Dessa forma como ficou demonstrado acima, nã o restou alternativa a Requerente senã o a
de procurar o JUDICIÁRIO para fazer valer seus direitos.
DO DIREITO E DO DANO MORAL
O art. 927 do Có digo Civil estabelece que aquele que causar dano a outrem em razã o de um
ato ilícito deve ressarcir o prejuízo causado. Esse mesmo diploma legal define o que é ato
ilícito em seu art. 186.
A conduta do Requerido, sem qualquer sombra de dú vidas, enquadra-se perfeitamente
nos moldes dos dispositivos acima mencionados, vez que gerou danos à Requerente em
saber QUE SEU CARTÃO FOI CLONADO E NÃO TEVE OS VALORES ESTORNADOS.
Ainda que a Requerente nã o tivesse sido negligente em sua conduta, o que se admite
somente por amor ao debate, mas sem qualquer transigência, a relaçã o estabelecida entre a
Requerente e o Requerido apresenta-se como uma relaçã o de consumo, uma vez que
ambos, respectivamente, se encaixam nas descriçõ es contidas nos artigos 2º e 3º e 14º do
Código Consumerista.
Dessa forma, a legislaçã o a ser aplicada no caso em questã o deve ser aquela constante do
Có digo de Defesa do Consumidor.
O diploma legal apontado acima, em seu artigo 6º, incisos VI e VII garante o direito do
consumidor de ser reparado por qualquer dano moral e/ou material que vier a sofrer.
O mesmo diploma legal, em seu artigo 6º, VIII, estabelece a inversão do ônus da prova
em caso de relaçã o de consumo, quando as alegaçõ es sã o verossímeis ou a parte seja
hipossuficiente, que é o caso em questã o.
E, com o intuito de garantir de forma plena e eficaz a reparaçã o do dano sofrido pelo
consumidor, que na relaçã o apresenta-se como parte hipossuficiente além das alegaçõ es
serem verossímeis, o Có digo de Defesa do Consumidor dispõ e que nas relaçõ es de consumo
a responsabilidade é objetiva, pouco importando se agiu ou nã o com culpa o fornecedor,
devendo ao certo reparar o dano.
Vale frisar, por relevante, que o fato da Requerente sofrer o constrangimento de ter seu
CARTÃO CLONADO por FRAUDE DE TERCEIROS, por si só , já configura o dano moral.
A propó sito, tal entendimento se consolidou no Enunciado da Súmula nº 479, do Superior
Tribunal de Justiça:
"As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de
operações bancárias."
Nesse sentido vejamos o entendimento do Superior Tribunal de Justiça;
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. COMPRA DE MERCADORIA.
DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO. FRAUDE PRATICADA POR TERCEIROS.
RESPONSABILIDADE. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
1. "As instituiçõ es bancá rias respondem objetivamente pelos danos causados por fraudes
ou delitos praticados por terceiros" (REsp 1.199.782/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃ O, 2ª SEÇÃ O, DJe 12/09/2011, submetido ao rito dos repetitivos).
2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 585.727/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 18/12/2014, DJe 06/02/2015)
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL. RESPONSABILIDADE
CIVIL. OBJETIVA. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. FALHA NA PRESTAÇÃ O DE SERVIÇOS.
GRAVAME INDEVIDO. DANO MATERIAL. NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA DA
PARTE RÉ E OS DANOS SOFRIDOS PELA AUTORA. REVOLVIMENTO FÁ TICO-PROBATÓ RIO.
VEDAÇÃ O. SÚ MULA 7/STJ.
FUNDAMENTOS DO NOVO RECURSO INSUFICIENTES PARA REFORMAR A DECISÃ O
AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
(AgRg no AREsp 574.109/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 20/08/2015, DJe 27/08/2015)
Vejamos também o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais;
Apelaçã o Cível 1.0116.13.001404-0/001 0014040-39.2013.8.13.0116 (1) Ó rgã o Julgador /
Câ mara Câ maras Cíveis / 18ª CÂ MARA CÍVEL Sú mula DERAM PROVIMENTO AO PRIMEIRO
RECURSO E NEGARAM PROVIMENTO AO SEGUNDO RECURSO Data de Julgamento
03/02/2015 Data da publicaçã o da sumula 09/02/2015 Ementa
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - RESPONSABILIDADE CIVIL - REPARAÇÃ O DE DANOS -
INSTITUIÇÃ O FINANCEIRA - LANÇAMENTOS IRREGULARES DE DÉ BITOS EM CONTA
BANCÁ RIA - CARTÃ O DE CRÉ DITO - DESPESAS NÃ O EFETUADAS - AGRAVO MORAL
CONFIGURADO - VALOR DA INDENIZAÇÃ O - CRITÉ RIOS DE ARBITRAMENTO.
- As instituiçõ es bancá rias respondem objetivamente pelos danos causados aos seus
clientes, mesmo quando relacionados a fraudes ou delitos atribuídos a terceiros, por
se tratar de responsabilidade oriunda do risco do empreendimento.
- Os descontos indevidos realizados pela Instituiçã o Financeira em conta de titularidade do
cliente, sem que tenha realizado as despesas apontadas em faturas de cartão de crédito,
caracterizam atos ilícitos deflagradores de dano moral.
- No arbitramento do valor da indenizaçã o por dano moral devem ser observados os
critérios de moderaçã o, proporcionalidade e razoabilidade em sintonia com o ato ilícito e
suas repercussõ es, como, também, com as condiçõ es pessoais das partes.
- A indenizaçã o por dano moral nã o pode servir como fonte de enriquecimento do
indenizado, nem consubstanciar incentivo à permanente reincidência do responsá vel pelo
ilícito.
-Primeiro Recurso provido e Segundo Recurso nã o provido.
Portanto, trata-se, de dano moral puro, nã o precisando sequer provar o efetivo prejuízo
ocasionado, sendo este em verdade presumido, conforme entendimento assente nos
tribunais pá trios.
Neste diapasã o leciona Calos Alberto Bittar:
"Para que haja ato ilícito, necessá rio se faz a conjugaçã o dos seguintes fatores: a existência
de uma açã o; a violaçã o da ordem jurídica; a imutabilidade; a penetraçã o na esfera de
outrem. Desse modo deve haver um comportamento do agente positivo (açã o) ou negativo
(omissã o), que desrespeitando a ordem jurídica, cause prejuízo a outrem, pela ofensa a
bem ou a direito deste. Esse comportamento (comissivo ou omissivo) deve ser imputá vel à
consciência do agente, por dolo (intençã o) ou por culpa (negligência, imprudência,
imperícia), contrariando seja um dever geral do ordenamento jurídico (delito civil), seja
uma obrigaçã o em concreto (Inexecuçã o da obrigaçã o ou de contrato)."
No mesmo sentido preleciona Rui Stoco:
"Desse modo, deve haver um comportamento do agente, positivo (açã o) ou negativo
(omissã o), que desrespeitando a ordem jurídica, cause prejuízo a outrem, pela ofensa a
bem ou a direito deste. Esse comportamento (comissivo ou omissivo) deve ser imputá vel à
consciência do agente, por dolo (intençã o) ou por culpa (negligência, imprudência, ou
imperícia), contrariando, seja um dever geral do ordenamento jurídico (delito civil), seja
uma obrigaçã o em concreto (inexecuçã o da obrigaçã o ou de contrato).
Desse comportamento gera, para o autor, a responsabilidade civil, que traz, como
conseqü ência, a imputaçã o do resultado à sua consciência, traduzindo-se, na prá tica, pela
reparaçã o do dano ocasionado, conseguida, normalmente, pela sujeiçã o do patrimô nio do
agente, salvo quando possível a execuçã o específica. Por outras palavras, é o ilícito
figurando como fonte geradora de responsabilidade." ("Responsabilidade Civil e sua
Interpretaçã o Jurisprudencial", 4ª ed., 1999, p.63).
No caso em tela, cuida-se de direito creditício da Requerente, abalada face ao descaso do
Requerido, em nã o fiscalizar a infiltração de terceiros em seu sistema FINANCEIRO.
DO DEVER DE INDENIZAR
A clonagem de cartã o de crédito causa danos morais ao verdadeiro portador do cartã o
indevidamente debitado, passível de indenizaçã o por parte do agente causador do ato
ilícito, no caso o Requerido.
O direito a reparaçã o por dano moral é personalíssimo, fundamental, esculpido na Carta
Magna em seu Art. 5º, inciso V e X:
Art. 5º Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenizaçã o por
dano material, moral ou à imagem;
X - sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenizaçã o pelo dano material ou moral decorrente de sua violaçã o.
A Carta Magna preconiza, portanto, como direito fundamental a indenizaçã o pelo abalo da
moral, da honra, da imagem, ou seja, do dano imaterial, além do dano material.
Todavia, a Requerente encontra-se com sua imagem abalada por conta da atitude ilícita do
Requerido. Ilícita porque debitou indevidamente uma dívida que a Requerente nã o
contraiu, e ainda ameaça inserir o nome da Requerente nos órgãos de proteção ao
crédito.
No caso em tela, o ato ilícito do Requerido consubstanciou-se nas cobranças indevida de
uma dívida que a Requerente nã o contraiu e na ameaça em inserir seu nome junto aos
ó rgã os de proteçã o ao crédito por inadimplemento de uma obrigaçã o inexistente,
refletindo em agressã o à honra, à moral e à imagem da Requerente.
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Frise-se, por oportuno, que a condenaçã o da indenizaçã o moral deve ter duplo cará ter, qual
seja compensató rio e punitivo, respeitando os critérios de proporcionalidade e
razoabilidade, sem implicar em enriquecimento sem causa.
Compensató rio pelas perdas e abalos imensurá veis sofridos pela Requerente; e de cará ter
pedagó gico, por ser exemplar, como forma de desestimular o Requerido da prá tica de atos
semelhantes.
Importante ressaltar, a necessidade de medidas e imposiçõ es de penalidades pelo
JUDICIÁRIO, com a finalidade de coibir a reiteraçã o costumeira desses atos.
Portanto, a indenizaçã o correspondente deve proporcionar à Requerente satisfaçã o na
justa medida do abalo sofrido, produzindo, em contrapartida no causador, impacto
bastante para dissuadi-lo de igual e novo atentado.
Segundo Carlos Alberto Bittar:
(...) a indenizaçã o por danos morais deve traduzir-se em montante que represente
advertência ao lesante e à sociedade de que se nã o se aceita o comportamento assumido,
ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se, portanto, em importâ ncia compatível com o
vulto dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo expresso, no patrimô nio do lesante,
a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos efeitos do resultado
lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia economicamente significativa, em razã o das
potencialidades do patrimô nio do lesante. (pá g. 220). (grifo nosso).
DA TUTELA ANTECIPADA
Pretende a parte autora, de conformidade com o § 3º do artigo 461 do CPC, que lhe seja
deferida a tutela antecipada, pelos relevantes fundamentos que apresenta, devendo o
demandado ser proibido de inscrever o nome da autora nos ó rgã os que divulgam a
inadimplência (SPC, SERASA e similares), e ainda, pelo justo receio de que seja executado
pela empresa prestadora de Serviços, requer a antecipaçã o dos efeitos da tutela, sob pena
de dano irrepará vel, conforme recomenda a jurisprudência de nosso Egrégio Tribunal.
Senã o, vejamos:
“CENTRAL DE RESTRIÇÕ ES - NEGATIVAÇÃ O JUNTO AS INSTITUIÇÕ ES FINANCEIRAS -
COAÇÃ O INDEVIDA - LIMINAR MANTIDA. Estando em discussã o a legitimidade do credito,
correta a decisã o que manda sustar a negativaçã o do devedor junto a Central de Restriçõ es
e que o impede, na pratica, a qualquer operaçã o bancá ria. Precedentes da Câ mara a
respeito do CADlN. Aplicaçã o do art. 42 do Có digo de Defesa do Consumidor."(Agravo de
instrumento n. 195155551, 4ª Câ mara Cível, em 14.12.95).
“TUTELA JURISDICIONAL ANTECIPADA - ART. 273 DO CPC COM A NOVA REDAÇÃ O DA LEI
N. 8952/94 - NEGATIVAÇÃ O DO NOME DO DEVEDOR CADIN – SUSPENSÃ O LIMINAR -
CABIMENTO - ART. 42 DO CÓ DIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. E abusivo o registro do
nome do devedor rio Cadastro de inadimplentes e em outros registros negativos,
submetendo-o a constrangimentos, estando em discussã o a legitimidade do crédito. Cabe a
tutela jurisdicional antecipada (art. 273 do CPC, com a redaçã o da Lei ri. 8952/94) dentro
do poder cautelar geral do juiz. Aplicaçã o do art. 42 do Có digo de Defesa do Consumidor.
Agravo improvido.”
Em Có digo de Processo Civil e Legislaçã o Processual Civil em vigor de Nelson Nery Junior e
Rosa Maria Andrade Nery, 2g ediçã o, as p 830 e 832, assim diz:
“ADIANTAMENTO DE TUTELA. A tutela especifica pode ser adiantada, por força do CPC, art.
461, § 3º, desde que seja relevante o fundamento da demanda (fumus boni juris) e haja
justificado receio de ineficá cia do provimento final (periculum in mora). E interessante
notar que para o adiantamento da tutela de mérito, na açã o condenató ria em obrigaçã o de
fazer, a Lei exige menos do que para a mesma providencia na açã o de conhecimento tout
court (CPC 273), E suficiente à mera probabilidade, isto e, a relevâ ncia do fundamento da
demanda, para a concessã o da tutela antecipató ria da obrigaçã o de fazer ou nã o fazer, ao
passo que o CPC 273 exige, para as demais antecipaçõ es de mérito: a) a prova inequívoca;
b) o convencimento do juiz acerca da verossimilhança da alegaçã o; c) ou o periculum in
mora (CPC 273 I) ou o abuso do direito de defesa do réu (CPC 273 1 1). FORMAS DE
ADIANTAMENTO DA TUTELA. A antecipaçã o pode ser dada inaudita altera pars ou depois
de justificaçã o prévia, caso o juiz a entenda necessá ria. A liminar dada sem a ouvida da
parte contraria deve ser concedida quando a citaçã o do réu puder tomar ineficaz a medida
ou quando a urgência for de tal ordem que nã o pode esperar a citaçã o e resposta do réu. A
concessã o da medida, sem a ouvida do réu, nã o constitui ofensa, mas limitaçã o inerente ao
contrario, que fica postergado para momento futuro”. TUTELA ANTECIPADA E MEDIDA
CAUTELAR. Na condenaçã o em execuçã o especifica, a antecipaçã o da tutela de mérito se
assemelha a tutela cautelar.
A tutela antecipató ria de mérito continua, porém, a ser ontologicamente diferente da tutela
cautelar, pois enquanto o objetivo da tutela antecipató ria é adiantar o bem da vida
pretendido pelo autor (pretensã o de mérito), a finalidade precípua e primordial da medida
cautelar e assegurar o resultado ú til do processo de conhecimento ou de execuçã o. Ha
coincidência’ apenas concessã o de uma e de outra medida rr.
Recentemente, conforme publicaçã o n. 81 da Revista de Processo, em conferência
prolatada por José Carlos Barbosa Moreira, no texto A ANTECIPAÇÃ O DA TUTELA
JURISDICIONAL NA REFORMA DO CPC assim:
“(...) A tutela antecipada nã o pode ser mais ampla que a tutela suscetível de ser concedida a
final. O que se pode fazer, a titulo de tutela antecipada ou de antecipaçã o da tutela, e, no
má ximo, conceder ao autor, provisoriamente, aquilo que, por hipó tese, se lhe poderia
conceder a final: ou uma providência de igual conteú do ou de menor conteú do.
A lei diz: Antecipar total ou parcialmente. Portanto, o juiz pode a titulo de antecipaçã o da
tutela, decretar, em favor do autor, uma providencia menos ampla, menos abrangente, ou
de eficá cia menor do aquela que foi objeto do pedido. Por exemplo: se alguém pleiteia na
inicial a anulaçã o de determinado ato, pode o juiz, desde logo, a titulo de antecipaçã o da
tutela, em vez de anular o ato, suspender-lhe a eficá cia, decretar que nã o produzira efeitos
enquanto dure o processo. Estará antecipando, parcialmente, a tutela pretendida, já que a
suspensã o é uma providencia menos intensa, menos grave, menos completa que a
anulaçã o, embora conduza a efeitos semelhantes, enquanto vigore.”
Em caso de ser incluído o nome da autora no cadastro negativo, conforme entendimento de
nosso Tribunal, sob pena de caracterizar a desobediência, requer, por consequência, a
incidência de multa diá ria a ser fixada pelo bel arbítrio de V. Exa.
“EMBARGOS DO DEVEDOR”.
44447 - Takeo de Souza Carvalho x Banco Itaú S/A
O Tribunal de Alçada do Rio Grande do Sul decidiu, reiteradas vezes, no sentido de
determinar-se as instituiçõ es financeiras que retirem o nome dos devedores destas
enquanto houver discussã o judicial a respeito da existência ou montante do debito. A
Terceira Câ mara Cível, ao julgar a AC, 197252202, acordou que:
“Agravo de Instrumento. Arquivos de Consumo. Bancos de Dados. Cancelamentos dos
efeitos da negativaçã o perante os cadastros de inadimplentes ante a interposiçã o de
Embargos do Devedor. Abuso de Direito. Nã o se mostra oportuno e representa verdadeiro
abuso de direito o registro do nome do consumidor como devedor junto aos cadastros de
inadimplentes, tendo esta a se discutir o débito em juízo, inclusive com a penhora de bens e
posterior interposiçã o de Embargos, onde visa o devedor discutir o seu quantum e
extensã o. Face ao exposto, defiro o pedido formulado para determinar ao Banco Itaú que
retire o Home de Takeo da Souza Carvalho e Lucio de Souza Carvalho de qualquer cadastro
de devedores em que os tenha inserido. Pena de pagar multa diá ria de 1 salá rio
mínimo/dia, a contar da intimaçã o desta. Intimem-se. O banco devera ser intimado
pessoalmente. O embargante deve depositar o valor da conduçã o do meirinho Em
29.07.98." (Dr. Jose Antô nio Coitinho, MM. Juiz de Direito Substituto da 1ª Vara Cível da
Comarca de Bagé, RS.)
E de direito, por tal justo, que seja proibida, mediante tutela antecipató ria, a inscriçã o da
autora no SPC, Cadin e no Serasa, sob pena de produzir-lhe, injustamente, dano de natureza
irrepará vel.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, Requer:
a) a citaçã o do Requerido no endereço constante na inicial, para que compareça na
audiência de conciliaçã o a ser designada por Vossa Excelência, e, querendo, apresente sua
defesa sob pena de confissã o e revelia;
b) a aplicaçã o do Có digo de Defesa do Consumidor - CDC com a consequente inversão do
ônus da prova, nos termos do Art. 6º inciso VIII do mesmo diploma legal, determinando-
se a apresentaçã o por parte do Requerido de todos os documentos inerentes ao caso que
estejam em seu poder, inclusive os recibos das compras realizadas em SÃO PAULO;
c) REQUER o deferimento do pedido constante no titulo Tutela Antecipatória,
proibindo a inscrição do nome do requerente em Cadastro de Devedores (SPC, Cadin
e Serasa), sob pena de dano irreparável, ex vi do art. 273 do CPC e conforme
recomenda a jurisprudência pátria, e, em caso de descumprimento, seja
determinada multa diária pela desobediência;
d) seja julgada procedente a presente demanda, reconhecendo e declarando a
inexistência do débito, declarando-se a ilicitude do ato do Requerido;
e) seja condenado o Requerido ao pagamento no valor de R$64.033,00(sessenta e
quatro mil e trinta e três reais) a título de indenização por danos morais em favor da
Requerente;
f) a condenaçã o do Requerido em honorá rios advocatícios de acordo com o disposto no
artigo 20, § 3º e § 4º do Código de Processo Civil.
g) a concessã o à Requerente, do benefício da assistência judiciá ria gratuita, nos termos da
Lei nº 1.060/50;
h) requer ainda, a produçã o de todos os meios de prova em direito admitidas, notadamente
a documental e testemunhal;
Dá -se à presente causa, o valor de R$64.033,00(sessenta e quatro mil e trinta e três
reais).
Termos em que pede e espera deferimento.
Local. Data.
______________________________________
Nome do Advogado
OAB – Estado e Nú mero

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