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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE DEMÓPOLIS/SP

MARIO ALBERTO DE BULHÕES MEDEIROS, brasileiro, solteiro, técnico em


informática, inscrito no CPF sob o nº 002.496.123-24, RG nº 101.235.47, residente
e domiciliado na rua do Prazer, nº 666, Demópolis, São Paulo, CEP: 011.153-441,
vem a presença de Vossa Excelência, por meio de sua advogada infra-
assinada, com escritório situado nesta cidade, onde recebe intimações e
avisos, ajuizar

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS

em face da empresa COMPRAS LIVRES E LIBERTAS PARA SEU PRAZER,


pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 01.234.632/0001-01, com
sede na Rua Subindo a Ladeira, nº 69, bairro Achados, São Paulo, CEP: 011.133-

212, pelos motivos abaixo aduzidos.

PRELIRMINARMENTE:

I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Requer o Autor os benefícios da gratuidade da justiça, nos termos da


Constituição Federal, artigo 5º LXXIV e pela Lei 13.105/2015 Código do
Processo Civil, artigo 98 e seguintes, tendo em vista que o Autor está
impossibilitado de arcar com as despesas processuais sem prejuízo próprio e
sua família, conforme declaração de hipossuficiência em anexo.

II - DOS FATOS

No dia 19/03/2022 o autor efetuou a compra de objetos eróticos, para


uso pessoal, através do endereço eletrônico da ré, pagando pelos produtos o
valor de R$5.000,00 (cinco mil reais), conforme nota fiscal e comprovante de
pagamento que segue em anexo.
No ato de realização da compra foi informado no site da ré que o prazo
de entrega dos produtos era de até 15 (quinze) dias, no entanto, para a
tristeza do autor, passou-se o prazo e os produtos não foram entregues.
O autor tentou incansavelmente contato com a parte ré, através do e-
mail e telefone constantes no site da compra, a fim de obter informações
acerca da entrega dos produtos, mas sem êxito, conforme comprovantes de
protocolo e de envio de e-mail em anexo, ficando o autor, esgotado
emocionalmente e com as expectativas frustradas, à mercê da empresa ré.
Ora M.M, a não entrega dos objetos comprados pelo requerente
demonstra um verdadeiro descaso por parte da ré, ultrapassando o mero
aborrecimento, tendo em vista que o autor tinha a expectativa e a
necessidade de utilizar os produtos comprados e pagos, gerando transtornos,
angústia, estresse e abalo de ordem moral, vez que sua espera tão desejada
não obteve o resultado esperado.
Desta forma, não restou alternativa ao autor, senão buscar a tutela
jurisdicional para solucionar a questão.

III – DO DIREITO

Insta salientar que a questão em debate aqui caracteriza uma relação


de consumo, haja vista o autor ser destinatário final, ficando, portanto, nos
termos do disposto nos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor –
CDC.
Assim de acordo com o CDC:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Portanto resta evidenciada a relação de consumo existente entre as


partes, sendo o autor o consumidor e a ré a fornecedora. Deste modo, deverá
ser aplicado o CDC, pois, ficou claro o descumprimento dos deveres das
práticas comerciais e contratuais de boa-fé, lealdade, de prestar corretas
informações e serviço adequado e eficiente ao consumidor, agindo a ré em
verdadeiro abuso de direito, caracterizando assim, a prática de ilícito civil.

IV – DANOS MORAIS

A partir do momento em que a demandada se eximiu de sua


responsabilidade de entregar os produtos adquiridos, ficou evidente o seu
dever de reparar os danos efetivos causados ao autor. Ademais, sua atitude
lesiva e total descomprometimento com o consumidor não deve ser tratada
como mero aborrecimento ou simples quebra contratual.
Apesar de todos os esforços eivados a fim de conseguir alguma
informação acerca da entrega dos produtos, a parte ré manteve-se inerte, e
este foi o fato mais agravante do abalo emocional e moral do autor,
deixando-o à mercê da própria sorte.
O Código Civil deixa claro em seu artigo 927:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Não podemos esquecer, Excelentíssimo, que a dignidade da pessoa


humana, um dos princípios fundamentais da nossa Carta Magna, é um dos
corolários mais importante a ser resguardado.
Vejamos:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;

Ocorre, V.Exª, que a ré negligenciou os direitos do autor, e permitir que


a demandada continue impune, diante de tal atitude lesiva, apenas servirá
como porta para que a mesma permaneça de forma desleixada, ferindo a
dignidade de outros consumidores. E a correta punição é a ferramenta
adequada para a empresa ré não venha lesar mais consumidores, tratando
com a devida dignidade que merece o ser humano, e evitando, desta forma,
a sobrecarga do judiciário com processos da mesma natureza.
Neste mesmo sentido, o Código de Defesa do Consumidor preceitua
que:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;

Portanto, o artigo 6º do CDC, deixa claro que o consumidor lesado


deverá ser reparado pelos danos que lhes forem causados, restando a V.Exª
que apure o grau da lesão sofrida, com base nas provas que constam nos
autos.
Corroborando, vejamos a seguinte jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. COMPRA PELA INTERNET DE


PRODUTO NÃO ENTREGUE. DANO MORAL. CABIMENTO. 1. Manifesta a
falha na prestação do serviço: compra, via internet, sem que o produto
adquirido viesse a ser entregue, embora realizado o respectivo
pagamento. 2. Dano moral. Cabimento. Dano que decorre de erro
operacional e da frustração da expectativa da parte autora. Quebra
do princípio da confiança. Precedentes. Quantum. Indenização que vai
fixada em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), montante que atende, de um
lado, ao critério pedagógico, evitando que igual fato se repita, e, de
outro, ao reparatório, atenuando o mal sofrido em virtude do episódio.
APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70055680722, Décima Segunda
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Aquino Flôres de
Camargo, Julgado em 12/09/2013)
(TJ-RS – AC: 70055680722 RS, Relator: José Aquino Flôres de Camargo,
Data de Julgamento: 12/09/2013, Décima Segunda Câmara Cível, Data
de Publicação: Diário da Justiça do dia 13/09/2013)

Diante de todo o exposto, V.Exª, ficou demonstrado o dano causado


pela Demandada, com sua total falta de respeito e toda angústia infligida ao
Autor, o qual pagou por um produto que tanto desejava e não pôde usufruir,
restando apenas o seu dever de dignamente indenizar o reclamante.

V – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Conforme demonstrado, é evidente a vulnerabilidade do autor


perante a ré, e a fim de facilitar a defesa do consumidor aqui lesado faz-se
necessário a inversão do ônus da prova a favor do autor, conforme o
disposto art. 6º, inciso VIII do CDC.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

VI- DOS PEDIDOS

Pelo todo o exposto, REQUER a V. Exª:


a) A CITAÇÃO da ré, na pessoa de seu representante legal, para oferecer a
contestação sob pena de revelia;
b) Reconhecimento da relação de consumo; bem como a Inversão do Ônus da
Prova, nos moldes do artigo 6º, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor;
c) Seja julgado PROCEDENTE o pedido para:
- Condenar a ré a entregar os objetos comprados, ou:
- Condenar a ré a devolver a quantia de R$5.000,00 (cinco mil reais), em dobro,
corrigido monetariamente;
- Condenar a ré ao pagamento de R$5.000,00 (cinco mil reais) a título de
indenização por danos morais;
d) A PROCEDENCIA TOTAL dos pedidos formulados pelo autor;
e) A CONDENAÇÃO da ré nas CUSTAS PROCESSUAIS e nos HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS no montante de 20%.

Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial a documental, testemunhal e depoimento pessoal.

Dá-se a causa o valor de R$15.000,00 (quinze mil reais).

Nestes termos

Pede deferimento.

Demópolis, 24 de abril de 2022

Advogado – OAB/SP 111.111

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