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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA DA FAZENDA
PÚBLICA DA COMARCA DE ... ESTADO DE SÃO PAULO .

ZETA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº........., com sede
na Rua .... , n ..., Bairro .... Cidade ..., Estado .... CEP .... , endereço eletrônico .... ....,
vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado abaixo
assinado (procuração em anexo), com escritório na Rua .... n ..., Bairro ..., Cidade .... ,
Estado ...., CEP .... , onde recebe intimações, com fulcro no artigo 5º, LXIX, da CF/88 e
na Lei 12.016/2009, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA c/c PEDIDO DE LIMINAR

contra ato coator praticados pelo Inspetor Chefe do Posto Fiscal X da Secretaria da
Fazenda do Estado de São Paulo, vinculado a pessoa jurídica de direito público, com
sede na Rua ..., nº....., Bairro....., Cidade......, Estado....,pelos motivos de fato e de direito
expostos a seguir,

I - DOS FATOS.

A Impetrante é uma sociedade empresária que tem por objeto social a compra, a venda
e a montagem de peças metálicas utilizadas em estruturas de shows e demais eventos.
Usualmente, a Impetrante transfere bens entre seus estabelecimentos, que estão
localizados em Municípios diversos no estado de São Paulo. Essas transferências de
bens são apenas deslocamentos físicos, entre suas filiais, sem transferência de
titularidade. Ocorre que, o Fisco do estado de São Paulo compreendeu que haveria a
incidência do ICMS nessas transferências.
E, diante da ausência do recolhimento do referido tributo, o Fisco já reteve algumas
mercadorias transferidas entre as filiais da Impetrante, de forma a buscar o pagamento
forçado do ICMS pela Impetrante. Assim sendo, não restou alternativa ao autor, senão
buscar a tutela jurisdicional.
II – DO CABIMENTO

A Lei nº 12.016/2009, no seu Art. 1º, nos diz:


Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso
de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de
sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as
funções que exerça.
O presente Mandado de Segurança é cabível contra atos eivados de ilegalidade ou
praticados com abuso de poder. Por ilegalidade, entende-se a situação em que a
autoridade coatora não age em conformidade com a lei. Ilegalidade esta, ocorrida com
a apreensão de algumas mercadorias transferidas entre as filiais da Impetrante, de
forma a buscar o pagamento forçado do ICMS pela Impetrante.

III – DA TEMPESTIVIDADE.

O Art. 23 da Lei 12.016/2009 informa:


Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120
(cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Da data do fato, em que ocorreu a cobrança indevida do tributo, por parte do Fisco, ora
Impetrado, bem como a apreensão de mercadoria da impetrante, não se passaram os
120 dias previstos no Artigo 23 da Lei n° 12.016/2009. Portanto, faz-se tempestiva a
presente demanda.

IV – DO DIREITO

a) Da não incidência do ICMS nas transferências de estabelecimentos do mesmo


contribuinte.

Nos termos da Súmula n° 166 do STJ, o simples deslocamento de mercadoria de um


estabelecimento para outro, do mesmo contribuinte, não constitui fato gerador do ICMS.
Isso porque o artigo 155, II, da Constituição Federal estabelece que o ICMS deve incidir
sobre operações de circulação de mercadorias e não sobre a mera circulação de
mercadorias.
No presente caso, as mercadorias eram transferidas de uma filial a outra, sendo que
todos os estabelecimentos são pertencentes a Impetrante. Logo, não há transferência
de titularidade, mas somente transferência física entre estabelecimentos do mesmo
contribuinte, por isso não ocorre o fato gerador do ICMS, pois para se realizar, a
operação de circulação de mercadorias deve ser jurídica e com transferência de
titularidade. Desta forma, está demostrado o direito líquido e certo da Impetrante em
não ter de pagar ICMS por essas circulações de mercadorias. Fica evidente que a
cobrança do ICMS é indevida. Requer-se, assim, a declaração de que não há incidência
de ICMS no presente caso, e requer-se, ainda, a determinação de não incidência de
novas retenções e cobranças futuras.

b) Da Impossibilidade de Apreensão de Mercadoria como Meio Coercitivo para o


Pagamento de Tributo.

Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal na Súmula nº 323, é


inadmissível a apreensão de mercadorias com o propósito de coagir o contribuinte ao
pagamento de tributos.
No presente caso, a Impetrante teve suas mercadorias apreendidas pelo Impetrado, na
tentativa de forçar a Impetrante ao pagamento de tributo. Assim, resta demonstrado que
o Impetrado agiu incorretamente, e, por isso, requer-se a liberação da mercadoria da
Impetrante. Observa-se que toda a prova necessária à comprovação do que foi dito nos
autos segue em anexo, pois se trata de prova pré-constituída.

V – DA LIMINAR.

No presente caso, é possível identificar a presença dos requisitos do Artigo 7º, inciso III,
da Lei nº 12.016/2009, sendo os “fomus boni iuris” e o “periculum in mora”, para
concessão de medida liminar.
Foi demonstrada a presença da fumaça do bom direito, que é o fundamento relevante,
a plausibilidade do direito alegado pela Impetrante. Pois, é notório que não há incidência
do ICMS nos casos de transferências de bens entre estabelecimentos do mesmo titular.
Não se trata, aqui, de uma transferência jurídica, com mudança de titularidade dos bens,
mas tão somente de uma transferência física dos bens de uma filial para outra.
É este o entendimento do STJ firmado na Súmula n° 166. Além disso, a apreensão de
mercadorias como forma de coerção para que o contribuinte pague o tributo não é aceita
pelo nosso ordenamento jurídico, nos termos da Súmula n° 323 do STF.
Evidente, também, a presença do perigo da demora, o risco de demora na concessão
do provimento jurisdicionai pleiteado, tendo em vista que a liberação das mercadorias
apreendidas é essencial para a continuidade das atividades da Impetrante.
Sendo assim, requer-se a concessão de medida liminar, nos termos do Artigo 7º, III, da
Lei n° 12.016/2009, para a liberação da mercadoria apreendida indevidamente, bem
como suspender a exigibilidade do crédito tributário, à luz do Artigo 151, IV, do Código
Tributário Nacional.
VI – DOS PEDIDOS.

Diante do exposto, requer-se:


a) a concessão da medida liminar, uma vez que presentes os requisitos do artigo 7º, III,
da Lei n° 12.016/2009, fumus boni iuris e 0 periculum in mora, a fim de liberar a
mercadoria indevidamente apreendida, bem como suspender a exigibilidade do crédito
tributário, nos termos do artigo 151, IV, do CTN;
b) a notificação da autoridade coatora para apresentar suas informações na forma do
artigo 7°, I, da Lei nº 12.016/2009;
c) a ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada,
enviando-lhe cópia da inicial, sem documentos, para que, caso queira, ingresse no feito,
na forma do artigo 7º, II, da Lei n° 12.016/2009;
d) intimação do órgão do Ministério Público competente, nos termos do Artigo 12º da
Lei nº 12.016/2009;
e) a concessão da segurança ao efeito de confirmar a liminar para liberar as mercadorias
apreendidas e anular lançamento indevido, uma vez que as cobranças são indevidas,
conforme demonstrado na demanda. Requer-se a declaração de que não há incidência
de ICMS no caso e a determinação de abstenção de novas retenções e cobranças
futuras;

Nestes termos,
Pede Deferimento.

São Paulo, 17 de setembro de 2021.

Advogado {.........}
OAB/UF nº {.......}

ALUNA: Tamires Cordeiro de Assis/ RA 3658627

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