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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA

DE RANCHO QUEIMADO – SC.

LIVINA MARIA ANDRADE, brasileira, viúva, agricultora, portadora do RG


nº..., e CPF nº..., residente e domiciliada na Rua Peneira, nº 234, bairro Costa Vieira,
Rancho Queimado/SC, vem por seu advogado infra-assinado, com endereço
profissional na Rua do Divino, nº 38, Centro, Rancho Queimado/SC

, para os fins do artigo 39º, inciso I do CPC, vem ajuizar:

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL

Em face, do MUNICÍPIO DE RANCHO QUEIMADO, qualificado na


Execução Fiscal em epígrafe, com fundamento no artigo 16, da Lei nº 6.830/80 (LEF),
pelos seguintes fundamentos:

DOS FATOS

Livina arrematou judicialmente o imóvel no dia 10/05/2005, no valor de R$


350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), recolhendo o valor do ITBI referente ao
valor arrematado, contudo, em 10/05/2008 recebeu uma notificação fiscal exigindo
diferenças no valor do ITBI pago por ocasião da aquisição judicial do imóvel, visto que
o fisco municipal entendeu que o valor, deveria ser pago sobre a avaliação judicial
realizado no processo de execução no valor de R$ 380.000,00 (trezentos e oitenta mil
reais). A requerente permaneceu inerte sendo inscrita em divida ativa em 10/08/2008,
posterior em 10/06/2010, foi citada em execução fiscal proposta por esse município para
a cobrança do ITBI e do IPTU, dos anos de 2007,2008 e 2009, aos quais nunca foram
pagos, sendo que em 10/07/2010, foi intimada sobre a penhora dos seus bens.
A execução, no entanto, não deve avantajar-se, pelas razões a seguir
demonstradas, motivo pelo qual são ajuizados tempestivamente, os presentes embargos,
tendo em vista a intimação da penhora ocorrida em 10/07/2010, a partir de quando se
iniciou o prazo de 30 dias do artigo 16º, III, da LEF.

DO DIREITO

A) Não incidência do IPTU

A incidência do IPTU requer a caracterização do imóvel como urbano


(artigo 156, I, da CF). Embora o imóvel gerador do débito se enquadre nos
requisitos do artigo 32, do CTN, fato é que o DL 57/66, enquanto norma
posterior e de mesmo status que o CTN, determina que o imóvel seja rural
caso destinado ao desenvolvimento das atividades previstas em seu artigo 15,
dentre elas a atividade agropecuária.
Portanto, sendo a natureza rural do imóvel caracterizada em função de
sua destinação, e estando ele destinado à atividade rural, afasta-se a
incidência do IPTU cobrado na execução fiscal ora embargada.

B) Do correto pagamento do ITBI sobre a arrematação do imóvel

O artigo 38 do CTN diz que a base de cálculo do ITBI, é o valor venal do


bem imóvel transmitido. Sendo que o valor venal é o valor de venda, ou seja,
o valor que representa o conteúdo econômico da sua transmissão, em
respeito à necessária relação de pertinência e coerência entre a base de
cálculo e o fato gerador do imposto.
O valor da avaliação judicial tem efeitos apenas para fins de verificação
dos valores iniciais, dos lances na hasta pública e impedir a alienação por
preço vil, não representando o valor venal do imóvel. Sendo assim, é de se
afastar a pretensão de se cobrar o ITBI, com base no valor da avaliação
judicial, reconhecendo por correto o pagamento do imposto com base no
valor efetivamente pago na arrematação, conforme guias em anexo.
C) Da suspensão da execução

O Artigo 739-A do CPC é inaplicável à execução fiscal, pois a LEF é lei


específica, não sofrendo a interferência das alterações na lei geral, ainda que
posteriores. A LEF é clara ao dizer que a execução só poderá prosseguir com
a alienação dos bens penhorados após a rejeição dos embargos ou quando
estes não forem ajuizados (LEF, artigos 18, 19, 24 e 32).
O título executivo da divida tributária é formado unilateralmente pelo
credor, sem a aquiescência do devedor. Logo, possibilitar o prosseguimento
da execução embargada é retirar do contribuinte a possibilidade de contrastar
a pretensão unilateral do Poder Executivo perante o Poder Judiciário,
implicando privação de seus bens antes do devido processo legal.
No entanto, caso se considere aplicado o artigo 739-A, do CPC, fato que
o prosseguimento da execução fiscal implicará prejuízo à embargante, que
será expropriada de seus bens penhorados, situação que será irreversível caso
ao final venha sair vencedora nesses embargos. E essa possibilidade existe
na medida em que é relevante sua fundamentação, que se apoia
explicitamente nas normas gerais de direito tributário que, já em cognição
sumária, apontam para o seu bom direito por simples interpretação literal.
Logo, a suspensão da execução é medida que se impões.

DO PEDIDO

Requer a embargante:

A) A distribuição desses embargos por dependência à execução fiscal nº


045/000.00-00, cuja cópia segue em anexo, nos termos do artigo 736,
parágrafo único do CPC;
B) O recebimento dos embargos com efeito suspensivo paralisando a
execução;
C) A intimação do embargado para, querendo, impugnar os embargos nos
termos e prazo do artigo 17 da LEF;
D) Sejam os embargos julgados procedentes para declarar a inexistência da
obrigação tributária em que se funda o crédito tributário executado, com
a anulação dos respectivos lançamentos e desconstituição das CDA’s que
instruem a execução, extinguindo-a e desconstituindo a penhora
realizada;
E) A condenação do Embargado no ônus da sucumbência e honorários do
advogado;
F) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá-se o valor da causa de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos


reais), corresponde ao valor da execução embargada.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Rancho Queimado, 31 de março de 2021.

ADVOGADO

OAB xxx.xxx

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