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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO,CIÊNCIAS
CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

PEDRO LUCAS CAMPOS GIROTO


LYSSANDRA FERREIRA BORGES

ESTUDOS DE CASO
DIREITO TRIBUTÁRIO

GOIÂNIA
2023
AVALIAÇÃO N2 – CASO 1 ( Valor: 5,0)

A Prestadora Ltda, empresa especializada em prestação de serviço de


limpeza e vigilância, foi autuada pelo Fisco Municipal para recolher tributo e
penalidades. Igualmente, a empresa foi autuada pelo Corpo de Bombeiros pelo
não recolhimento da respectiva taxa, prevista na legislação estadual. A
empresa precisa de certidão negativa para participar de uma licitação
objetivando prestar serviços à UEG - Universidade Estadual de Goiás. Como
gestor, você está numa reunião para analisar o caso e responder alguns
questionamentos dele surgidos. Antes, porém, vamos aos detalhes do caso.
A empresa, como prestadora de serviços, é contribuinte do ISS, imposto
de competência municipal. Numa fiscalização de rotina, a fiscalização
detectou que algumas prestações de serviços a consumidores particulares
foram feitas sem a correspondente nota fiscal. Além disso, não houve registro
de tais prestações nos livros contábeis da empresa.
Houve então o lançamento de ISS devido no valor de dez mil reais e uma
multa por descumprimento de obrigações acessórias de dois mil reais.
O Corpo de Bombeiros lançou contra a empresa uma taxa de
fiscalização de 2019, quando a empresa ainda era de outro grupo empresarial
e se chamava Presta Rápido. Essa empresa foi adquirida pela Prestadora no
ano de 2020 e a taxa está sendo cobrada por se entender que a atual empresa
é sucessora da que foi adquirida.
Caso vença a licitação, a Prestadora prestará serviço de vigilância e
limpeza para a UEG. Nesse caso, na nota já haverá o desconto do ISS, de
modo que se o imposto não for recolhido a autuação será contra a UEG,
autarquia estadual.
Na reunião semanal em que participam gestores que cursaram Tributário
na UFG, surgiram as seguintes questões:

a) Pela classificação dos parágrafos do artigo 113 do CTN qual é a


espécie de obrigação relativa ao pagamento do ISS e qual a espécie de
obrigação referente a não emissão de notas e preenchimento de livros
administrativos e contábeis que geram multas?
Segundo o Art 113 do CTN, a obrigação relativa ao pagamento do ISS é a
Obrigação Tributária Principal, pois ela surge de um fato gerador e se extingue com
o pagamento dela. Por outro lado, a não emissão de notas e preenchimento de
livros administrativos e contábeis que geram multas fazem parte da Obrigação
Acessória, pois essa obrigação tem por objeto as prestações previstas no interesse
da arrecadação ou da fiscalização dos tributos, ou seja, independentemente de ser
exigido ou não o cumprimento de obrigação principal, o contribuinte é sempre
obrigado a cumprir a obrigação acessória.
b) Poderia ser cobrado um tributo (a taxa) de 2019 em 2023? No caso
narrado, pode se considerar existente a ocorrência da sucessão?
Caso a taxa ultrapasse os cinco anos da sua emissão e o novo grupo não for
notificado durante esse tempo, ele entraria em processo de prescrição e não seria
necessário o seu pagamento, entretanto como foi mostrado no caso a taxa possui 4
anos de existência, ou seja, tecnicamente a empresa ainda pode ser cobrada.
Sobre a questão de considerar ou não a sucessão, no caso retratado por se
tratar de um novo grupo assumir essa empresa, as obrigações tributárias que não
foram cumpridas serão passadas para essa nova gestão, sendo assim quando a
empresa adquiriu a outra involuntariamente foi transferida a responsabilidade da
quitação desse tributo aos novos donos.

c) Sobre o sujeito passivo da obrigação tributária, no caso do ISS


quando da prestação de serviço para a UEG, quem será o contribuinte e quem
será o substituto tributário? O Município pode cobrar ISS da UEG nesse caso
ou fere a imunidade recíproca?
O contribuinte é a empresa Prestadora Ltda, enquanto que o substituto
tributário será a UEG.
O município deve cobrar o ISS da empresa prestadora do serviço, não da
contratante, ademais, a UEG por se tratar de um órgão estadual não pode ser
tributada pelo município, pois a imunidade recíproca no que diz respeito a lei, o
artigo 150 da constituição federal impede que a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios instituem, criem impostos sobre o patrimônio, a renda ou
serviços, uns dos outros, sendo assim o município estaria ferindo esta imunidade.

d) Quais os caminhos possíveis para suspender o crédito e obter uma


certidão positiva com efeito de negativa (art. 206, CTN) e então participar da
licitação? Sugira o que lhe parecer mais adequado, como gestor do negócio.
Há diversas formas de se conseguir um efeito suspensivo do crédito tributário,
como evidencia o Art. 151 do CTN que apresenta 5 hipóteses de suspensão, sendo
elas: a moratória, o parcelamento, as reclamações e recursos, o depósito do
montante integral e por fim a concessão de medida liminar.
Em minha concepção, o mais adequado a se fazer nesta situação seria a
análise do valor total do tributo, caso o mesmo apresente um valor baixo seria
interessante haver o depósito do montante integral, entretanto se o valor ser
considerado alto pela empresa o certo a se fazer seria o parcelamento da dívida.
Vale destacar que após o acordo, é de extrema importância a emissão da
certidão positiva com efeito de negativa feita por um órgão responsável, a fim de
demonstrar que a empresa está em processo de regulação, sendo assim a
pendência será considerada suspensa.
AVALIAÇÃO N2 - CASO 2 ( Valor: 5,0)
O posto de combustível Santa Bárbara, sediado na avenida principal de Goiás
Mirim, quase no entroncamento com a rodovia que passa na cidade, vem
adquirindo etanol e derivados de petróleo de uma distribuidora (Petrossim)
localizada na cidade de Goiás Açu. Daí o posto revende para os consumidores
finais. É um posto famoso, com ótima rentabilidade, devido a sua localização e
qualidade dos serviços. Tanto é assim que foi adquirido por uma grande rede
de postos de gasolina – DuGugu. . Como gestor, você está numa reunião para
analisar o caso e responder alguns questionamentos dele surgidos. Antes,
porém, vamos aos detalhes do caso.
O posto Santa Bárbara foi adquirido pela rede DuGugu em 2019. Na compra do
combustível, o ICMS é retido na Distribuidora. Para tanto, fixa-se um preço
(base de cálculo estimada) antecipadamente. Pois bem, foi fixado o preço de
3,19 por litro de etanol e sobre esse valor foi recolhido, pela Distribuidora
Petrossim, o ICMS. Acontece que o posto vendeu o etanol por 3.42 e o Estado
de Goiás Bom Demais está cobrando a diferença do posto Santa Bárbara.
Além disso, quando da transferência do fundo de comércio, foram demitidos
três empregados. Constatou-se, em 2021, que as contribuições de seguridade
social desses empregados, no período de 2013 a 2019, não foram recolhidas à
Receita Federal. A Receita está cobrando tais contribuições. Porém, há um
programa de parcelamento com remissão de parte da dívida e anistia das
multas que a empresa pode aderir.
O posto tem um contrato de fornecimento com o Município de Goiás Mirim.
Precisa então estar com regularidade fiscal para poder prosseguir na
execução do contrato administrativo.
Na reunião semanal em que participam gestores que cursaram Tributário na
UFG, surgiram as seguintes questões:

a) Na relação entre a distribuidora e o posto quem tem que recolher o ICMS?


Esse recolhimento é antecipado? Qual a modalidade de responsabilidade
tributária que existe? Explique.
Nessa relação o recolhimento deve ser feito pela distribuidora que, por substituição,
é a responsável. O recolhimento deve ser feito pela distribuidora de forma
antecipada e, posteriormente, repassado ao consumidor. A modalidade de
responsabilidade tributária é por substituição.

b) No caso, o posto tem que pagar a diferença do ICMS que já foi cobrado
antecipadamente com base num preço estipulado pelo próprio Estado? O fato
do etanol ter subido obriga o contribuinte posto de gasolina a recolher tal
diferença ao Estado?
Sim, a responsabilidade de recolhimento da diferença do ICMS é do posto quando a
venda é feita não contribuintes. Entretanto, o fato de o etanol ter subido não obriga o
contribuinte a recolher tal diferença ao Estado.

c) Com a venda do posto para a Rede DuGugu há a responsabilidade por


sucessão? A nova empresa responde pelas contribuições sociais devidas?
Pode responder pelo período todo ou ocorreu decadência?
Sim, a sucessão ocorre com a transferência da titularidade da empresa, sendo a
nova empresa responsável pelas obrigações trabalhistas contraídas pela empresa
sucedida, conforme os artigos 10 e 448 da CLT e as disposições contidas nos
artigos 129,131 e 132 do Código Tributário Nacional (CTN). No entanto, a cobrança
das contribuições devidas só pode ocorrer sobre os valores dos últimos 5 anos,
conforme o artigo 173 do CTN, ou seja, apenas os valores devidos com
competência entre 2016 e 2019 podem ser cobrados.

d) Detecte as formas de benefício fiscal que a Receita está oferecendo para


suspender, extinguir e excluir o crédito tributário. Aderindo ao programa de
refinanciamento da dívida tributária o posto Santa Bárbara pode prosseguir
com o contrato com o Município?
Há um programa de parcelamento com remissão de parte da dívida e anistia das
multas, concedendo à empresa a suspensão da exigibilidade do crédito tributário.
Aderindo ao programa, a empresa pode continuar seu contrato com o Município de
Goiás Mirim sem que conste crédito tributário junto à União.

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