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Taxalert

A exclusão do ICMS da
base dos créditos de PIS
e COFINS
Janeiro de 2023

Para outros Como já relatado, o Governo Federal anunciou, na última semana, uma
esclarecimentos série de medidas que foram adotadas para viabilizar a recuperação das
relacionados ao contas públicas e que implicam no aumento da arrecadação tributária.
tema, nosso time de
Tax está à Dentre as medidas propostas, a Medida Provisória (“MP”) nº 1.159,
disposição. Entre em
publicada no dia 12 de janeiro de 2023, alterou a legislação que dispõe
contato conosco
pelo e-mail sobre a apuração e o recolhimento das contribuições ao PIS e à COFINS
ey@br.ey.com. no regime não-cumulativo, dispondo que o ICMS incidente sobre as
operações de venda ou prestação de serviços não integra a base de
cálculo dos débitos das referidas contribuições, conforme já reconhecido
pelo Supremo Tribunal Federal, quando da análise do tema 69.

Mais do que isso, a MP alterou a redação do artigo 3º, §2º das Leis nº
10.637/2002 e nº 10.833/2003, estabelecendo que o ICMS incidente
na aquisição de bens ou serviços não gera direito de crédito de PIS e
COFINS. Ou seja, com a edição da MP, os contribuintes ficam obrigados
também a excluir o ICMS do valor de aquisição, para fins do cálculo dos
créditos de PIS e COFINS a serem apurados no regime não-cumulativo.

Referida mudança vai de encontro ao posicionamento recém-divulgado


pela Receita Federal (“RFB”), pela Instrução Normativa (“IN”) nº
2.121/2022, na qual foi incluída previsão expressa no sentido de que o
ICMS pago na aquisição de bens e serviços deveria integrar a base de
cálculo dos créditos das contribuições a que faz jus a da pessoa jurídica
enquadrada no regime não-cumulativo.

Cabe notar que a MP prevê a observância da anterioridade nonagesimal


no tocante às alterações promovidas em relação aos créditos do PIS e da
COFINS, que passam a produzir efeitos a partir de 01 de maio de 2023.
Com a entrada em vigor dessa nova regra, estima-se um potencial

Taxalert aumento na arrecadação proporcional à redução dos créditos tomados


pelos contribuintes. De fato, quanto maior for a carga tributária do ICMS
incidente na operação de compra, menor será o valor líquido que
integrará a base de cálculo dos créditos de PIS e COFINS que poderão ser
utilizados, ou seja, os créditos diminuirão proporcionalmente ao valor do
ICMS incidente sobre cada aquisição:

Como é Como ficará

% de
Base de Base de % de créditos Impacto
Preço Alíquoa créditos
cálculo cálculo após sobre o preço Diferença nos
Bruto de ICMS sobre o
atual a MP bruto, conf. MP créditos
preço bruto

18% 100.00 9.25% 82.00 7.59% 1.67% -18.00%


100.00

12% 100.00 9.25% 88.00 8.14% 1.11% -12.00%


100.00

7% 100.00 9.25% 93.00 8.60% 0.65% -7.00%


100.00

4% 100.00 9.25% 96.00 8.88% 0.37% -4.00%


100.00

A mudança terá impactos diversos conforme as especificidades da


apuração de cada contribuinte, de modo que os diferentes setores da
economia poderão ser mais ou menos afetados, de acordo com a
dinâmica das operações de entradas e de saída que realizam. Vejam o
exemplo abaixo, em que um contribuinte adquire mercadorias para
revenda em operações internas tributadas pelo ICMS à alíquota de 18% e
em operações interestaduais tributadas à de 12%. O PIS e a COFINS
devidos nas duas situações acabam sendo majorados em relação ao
cenário atual, por conta da restrição trazida pela MP 1.159/2023:

Cenário Atual MP 1159/2023

Aquisição Interna Interestadual Interna Interestadual

Preço Bruto 100.00 100.00 100.00 100.00

ICMS 18% 12% 18% 12%

Base de Cál. Créditos 100.00 100.00 82.00 88.00

Créditos de PIS/COFINS 9.25 9.25 7.59 8.14

Preço de Venda 150.00 150.00 150.00 150.00

ICMS 18% 18% 18% 18%

BC PIS/COFINS 123.00 123.00 123.00 123.00

Débitos de PIS/COFINS 11.38 11.38 11.38 11.38

PIS/COFINS a pagar 2.13 2.13 3.79 3.24

Diferença (cen. atual x MP 1159) 1.67 1.11


Essas diferenças precisam ser bem analisadas pelos contribuintes, de modo

Taxalert a identificar o aumento de carga tributária e também de buscar formas de


atenuar tais efeitos (como por exemplo, reavaliando sua cadeia de compra
e distribuição).

Para além disso, caberá a cada contribuinte definir a forma de


operacionalização da exclusão do ICMS dos créditos, seja via ajuste em
seus sistemas para desconsiderar os créditos já na entrada da nota fiscal
ou por ajuste manual na operação, caso não sobrevenha regra específica
com o propósito de disciplinar o procedimento a ser seguido para este fim.

Vale ressaltar, por fim, que a medida provisória é uma espécie normativa
cuja edição compete, exclusivamente, ao chefe do Poder Executivo,
distinguindo-se das demais pela sua natureza essencialmente temporária.
Segundo o art. 62 da Constituição Federal (“CF/88”), uma vez publicada, a
medida provisória deve ser submetida à apreciação de cada casa do
Congresso Nacional, as quais dispõem, juntas, do prazo de 60 (sessenta)
dias, prorrogáveis por igual período, para deliberar sobre a conversão da
MP em lei. Caso isso não ocorra ou caso este prazo transcorra sem a
manifestação do Congresso, as normas veiculadas por meio de medida
provisória perdem a eficácia e não poderão ser editadas e publicadas
novamente, durante a mesma legislatura.

12/jan 13/mar 01/mai 12/mai


Publicação Prazo inicial Vigência Prazo final
da MP de 60 dias após após
anterioridade prorrogação

12 dias

Portanto, no caso da MP 1.159, não se pode descartar a possibilidade de


a norma passar a vigorar no dia 1º de maio de 2023 e, não sendo
convertida em lei pelo Congresso Nacional, tornar-se ineficaz em relação
aos fatos geradores ocorridos a partir do dia 11 do mesmo mês.
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