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Depreciação Contábil x Depreciação

Tributária (Lei nº 12.973/2014)


Ativo Imobilizado
Antes da IFRS, não havia distinção para cálculo da depreciação. Com o advento da IFRS se tornou possível
separar o controle de depreciação entre societário e tributário.

Por exemplo, um veículo deprecia fiscalmente em 5 anos, conforme regra do Fisco.

Porém, uma empresa pode indicar que este veículo deprecia em 8 anos conforme laudo de uma consultoria
independente.

Baseado no que foi escrito acima, o cliente tem direito de incentivo de um bem que tem distinção no cálculo
Questão: da depreciação.

Fiscalmente cliente deprecia um determinado valor e societariamente deprecia um valor diferente.

O entendimento do cliente é que deve ser na depreciação tributária. O nosso sistema, conforme dito acima,
baseia-se na depreciação societária.

Pela lei, em qual das depreciações deveria se basear?

Tributária, Societária ou o cliente tem direito de escolha mediante alguma lei?


A lei 11.638/2008 trouxe o padrão internacional de contabilidade. Dentro destas novas normas, está o ativo
imobilizado. O conceito é trazido pelo CPC 27 e aprovado pela CVM 583/09, na qual a depreciação deve
utilizar a vida útil econômica estimada dos bens. Portanto, para fins de depreciação, o valor do bem precisa
ser atualizado a valor presente para ser depreciado. O intuito desta norma é demonstrar o real valor e
situação da empresa no que refere-se a ativo imobilizado, trazendo transparência e realidade para os
usuários das demonstrações contábeis.

Para fins tributários, as empresas precisam seguir o que trata o artigo 309 do decreto 3.000/99 “A quota de
depreciação registrável na escrituração como custo, ou despesa operacional, será determinada mediante a
aplicação da taxa anual de depreciação sobre o custo de aquisição dos bens depreciáveis”.

Antes da entrada da Lei nº 12.973/2014, dentro desta situação, tínhamos "o valor da depreciação contábil
um" e, "o valor fiscal é outro", onde surgiu o RTT pela Lei nº 11.941/2009, fazendo com que esta diferença
contábil fosse anulada para fins fiscais.

Atualmente com o advento da lei 12.973/2014 o RTT foi instinto a partir de janeiro 2015 para os não
optantes, sendo que as diferenças deverão ser demonstradas através da ECF- escrituração contábil fiscal e
Sped Contábil, onde o fisco conseguirá observar o padrão contábil utilizado pela empresa e a forma de
cálculo utilizado para o IRPJ e CSLL através do bloco M e-LALUR e e-LACS dentro da escrituração ECF -
Escrituração Contábil Fiscal.

A lei 12.973/2014 atualizou o valor mínimo de depreciação, que antes era de 326,61 para 1.200,00.
Lembrando que esta mudança é só para fins fiscais, apuração do IRPJ e CSLL. Para fins de contabilidade
devemos observar a duração do bem e se o mesmo trará benefícios futuros para empresa.

Exemplo prático: Regime lucro real


Resposta:
 Depreciação Fiscal:

Valor do bem: 200.000,00

Valor Residual: não há valor residual

Vida útil: 10 anos

Depreciação mensal: 1.666,67 (200.000,00/10 anos = 20.000,00/12 meses = 1.666,67)

Credito Pis (1,65%): 27,50 (1.666,67 * 1,65%= 27,50)

Credito Cofins (7,60%): 126,67 (1.666,67 * 7,60%= 126,67)

Despesa Depreciação: 1.512,50 (1.666,67 – 27,50 – 126,67= 1.512,50)

Veja que para fins fiscais devemos utilizar a taxa de depreciação de acordo com RIR/1999, artigo
310.

 Depreciação Contábil:

Valor do bem: 200.000,00

Valor Residual: 25.000,00


Vida útil: 6

Depreciação mensal: 2.430,56 (200.000,00 – 20.000,00= 175.000,00 175.000,00/6


anos=29.166,67/12 meses=2.430,56

Credito Pis (1,65%): 27,50 (1.666,67 * 1,65%= 27,50)

Credito Cofins (7,60%): 126,67 (1.666,67 * 7,60%= 126,67)

Despesa Depreciação: 2.276,39 (2.430,56 – 27,50 – 126,67= 2.276,39)

Observamos que para credito de Pis e Cofins devemos utilizar as taxas depreciação fiscal.

Vejamos também que para depreciação contábil, devemos através de laudo estimar a vida útil do bem e o
valor residual esperado na alienação do mesmo.

Vida útil: período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo

Valor residual: valor estimado que a entidade obteria com venda do ativo após deduzir as
despesas estimadas de venda.

Contabilmente devemos fazer o lançamento de acordo com os princípios contábeis, respeitando e seguindo
as normas trazidas pelo CPCs, aprovados pela CVM.

Lançamento Contábil:

D- Despesa de depreciação R$ 2.276,39 (CR)

D- Pis a recuperar R$ 27,50 (AC)

D- Cofins a recuperar R$ 126,67 (AC)

C- Depreciação acumulada R$ 2.430,56 (AP)

Consideramos portanto a seguinte diferença:

Depreciação Fiscal: R$ 1.512,502

Depreciação Contábil: R$ 2.276,39

Diferença: R$ 763,89

OBS: A demonstração abaixo é somente ilustrativa:


A diferença entre a depreciação Fiscal e Contábil deverá ser adicionado no Lalur e Lacs.

O lucro contábil é de R$ 3.026,61, será somado a adição da diferença entre as depreciações no valor de R$
763,89, portanto, a base de cálculo do IRPJ e CSLL será de R$ 4.987,50.

Assim, vimos que para fins fiscais devemos utilizar a depreciação fiscal, sendo que o valor será
despesa/custo dedutível para IRPJ e CSLL. Para fins contábeis devemos utilizar a depreciação
contábil, que representa a realidade do bem para empresa no que se refere a vida útil e valor residual,
observadas as normas da IN 1515/2014 dos arts 65 a 67, devendo ambos serem respeitados e seguidos de
acordo com as leis que os regem.

Para fins de demonstrações contábeis deve ser apresentada a Contabilidade Societária com os ajustes
tributários na ECF.

Recomendamos a leitura da FAQ no TDN: Apresentação da Contabilidade Societária com ajustes na ECF.
Em relação o que deve ser utilizado como base para o cálculo da depreciação incentivada (a contábil
ou fiscal)?

O art. 40 da Lei nº 12.973/2014 deu nova redação ao § 1º do art. 57 da Lei nº 4.506/1964 com o objetivo de
eliminar da legislação tributária regras sobre contabilização dos encargos de depreciação.

O § 1º do art. 57 da Lei nº 4.506/1964 passou a ter a seguinte redação:

[...]

§ 1º A quota de depreciação dedutível na apuração do imposto será determinada mediante a


aplicação da taxa anual de depreciação sobre o custo de aquisição do ativo.

[...]

Anteriormente, o dispositivo legal referia-se à quota de depreciação registrável. Hoje, refere-se à quota de
depreciação dedutível. Portanto, percebe-se claramente que o Fisco, no tocante aos encargos de
depreciação, não mais interfere no processo contábil, limitando-se apenas a estabelecer regras de
dedutibilidade da despesa.

Para fins contábeis, a empresa deverá reconhecer, a título de encargos de depreciação, o valor do desgaste
efetivo do bem. Na prática, isso significa dizer que a empresa não deve observar ou aceitar as taxas de
depreciação fixadas pelo Fisco.

A taxa de depreciação a ser utilizada pela empresa terá como base uma criteriosa análise dos bens que form
o imobilizado, estimando-se sua vida útil econômica e seu valor residual.

Deste modo, na prática, os bens da empresa normalmente terão vida útil diferente daqueles fixados pelo
Fisco. Essa diferença, para mais ou para menos, deverá ser ajustada via Lalur.

Resumidamente, se a depreciação registrada pela contabilidade for menor do que aquela imposta pelo Fisco
a empresa poderá excluir a diferença (entre a contábil e a fiscal) no Lalur. Deste modo, ela estará atendendo
às novas normas contábeis e não será prejudicada do ponto de vista fiscal, pois o aproveitamento da
depreciação se dará parte via contabilidade, parte via Lalur.

Portanto a Lei nº 12.973/2014 veio disciplinar a forma como a empresa deverá agir caso a depreciação a ser
reconhecida contabilmente seja menor do que aquela aceita pelo Fisco.

Ticket: 129283
Fonte: Fonte: Lei 12.973/2014 e IN 1515/2014.

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