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ETEC de Sapopemba

Apostila
de
Contabilidade
Tributária

Professora: Joyce Sanches


Lucro Real
A expressão lucro real significa o próprio lucro tributável, para fins da legislação do
imposto de renda, distinto do lucro líquido apurado contabilmente.

De acordo com o art. 247 do RIR/1999, lucro real é o lucro líquido do período de
apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas
pela legislação fiscal. A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro
líquido de cada período de apuração com observância das leis comerciais.

CONCEITO DE LUCRO REAL

O lucro real será determinado a partir do lucro líquido do período de apuração obtido na
escrituração comercial (antes da provisão para o imposto de renda) e demonstrado no Lalur,
observando-se que.

IRPJ - LUCRO REAL

A tributação Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) - Lucro Real, se dá mediante a


apuração contábil dos resultados, com os ajustes determinados pela legislação fiscal.

BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo do imposto, determinada segundo a lei vigente na data de ocorrência


do fato gerador, é o lucro real correspondente ao período de apuração.

Como regra geral, integram a base de cálculo todos os ganhos e rendimentos de capital,
qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza,
da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato
ou negócio que, pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos do previsto na norma
específica de incidência do imposto.

PERÍODO DE APURAÇÃO

Pode ser mensal, trimestral ou anual.

O imposto será determinado com base no lucro real por períodos de apuração
trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de
dezembro de cada ano-calendário.

No caso da apuração com base no lucro real, o contribuinte tem a opção de apurar
anualmente o imposto devido, devendo, entretanto, recolher mensalmente o imposto
por estimativa.

Nos casos de incorporação, fusão ou cisão, a apuração da base de cálculo e do imposto


devido será efetuada na data do evento.
Na extinção da pessoa jurídica, pelo encerramento da liquidação, a apuração da base de
cálculo e do imposto devido será efetuada na data desse evento.

ALÍQUOTAS E ADICIONAL

A pessoa jurídica, seja comercial ou civil o seu objeto, pagará o imposto à alíquota de
15% (quinze por cento) sobre o lucro real, apurado de conformidade com o
Regulamento.

O disposto neste item aplica-se, inclusive, à pessoa jurídica que explore atividade rural.

ADICIONAL

A parcela do lucro real que exceder ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00


(vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à
incidência de adicional de imposto à alíquota de 10% (dez por cento).

O adicional aplica-se, inclusive, nos casos de incorporação, fusão ou cisão e de extinção


da pessoa jurídica pelo encerramento da liquidação.

O disposto neste item aplica-se, igualmente, à pessoa jurídica que explore atividade
rural.

O adicional de que trata este item será pago juntamente com o imposto de renda
apurado pela aplicação da alíquota geral de 15%.

PESSOAS JURÍDICAS OBRIGADAS AO LUCRO REAL

A partir de 1999 estão obrigadas à apuração do Lucro Real as pessoas jurídicas


(Lei 9.718/1998, artigo 14):

I – cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, seja superior a R$


78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou a R$ 6.500.000,00 (seis
milhões e meio de reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do
ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses (limite fixado
pela Lei 12.814/2013);

II – cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de


desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos,
valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de
arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de
capitalização e entidades de previdência privada aberta;

III – que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;


1) Não confundir rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior com receitas
de exportação. As exportadoras podem optar pelo Lucro Presumido, desde que não
estejam nas hipóteses de vedação

IV – que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos


à isenção ou redução do imposto;

Nota: como exemplo de benefícios fiscais: o programa BEFIEX (isenção do lucro de


exportação), redução do IR pelo Programa de Alimentação do Trabalhador, projetos
incentivados pela SUDENE e SUDAM, etc.

V – que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo


regime de estimativa, na forma do artigo 2o da Lei 9.430/1996;

Nota: o regime de estimativa é a opção de pagamento mensal, estimado, do Imposto de


Renda, para fins de apuração do Lucro Real em Balanço Anual.

VI – que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de


assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração
de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas
mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

Também estão obrigadas ao Lucro Real as empresas imobiliárias, enquanto não


concluídas as operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orçado. O custo
orçado é a modalidade de tratamento contábil dos custos futuros de conclusão de obras.

LUCRO REAL – OPÇÃO – POSSIBILIDADE

As pessoas jurídicas, mesmo se não obrigadas a tal, poderão apurar seus resultados
tributáveis com base no Lucro Real.

Assim, por exemplo, uma empresa que esteja com pequeno lucro ou mesmo prejuízo,
não estando obrigada a apurar o Lucro Real, poderá fazê-lo, visando economia tributária
(planejamento fiscal).

LALUR - LIVRO DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL

O LALUR - Livro de Apuração do Lucro Real, é um livro fiscal, sendo obrigatório somente
para as empresas tributadas pelo Imposto de Renda na modalidade Lucro Real,
conforme previsão contida no Regulamento do Imposto de Renda.

Sua função é ajustar os demonstrativos contábeis à declaração do Imposto de Renda


com adições e exclusões ao lucro líquido do período-base, apurando-se a base de cálculo
do Imposto de Renda devido e controle de valores que devam influenciar a
determinação do Lucro Real

DISPENSA DO LALUR FÍSICO


As pessoas jurídicas ficam dispensadas, em relação aos fatos ocorridos a partir de 1º de
janeiro de 2014, da escrituração do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) em meio
físico e da entrega da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica
(DIPJ), tendo em vista a instituição da Escrituração Contábil Fiscal (ECF) pela Instrução
Normativa RFB 1.422/2013.

Entretanto, observe-se que continua a exigência da elaboração do LALUR, agora em


meio eletrônico, que corresponderá à ECF - Escrituração Contábil Fiscal.

COMO É COMPOSTO O LALUR?

O Lalur, cujas folhas são numeradas tipograficamente, é composto de duas partes, com
igual quantidade de folhas cada uma, reunidas em um só volume encadernado, a saber:
a) Parte A, destinada aos lançamentos de ajuste do lucro líquido do período
(adições, exclusões e compensações), tendo como fecho a transcrição da
demonstração do lucro real; e
b) Parte B, destinada exclusivamente ao controle dos valores que não constem da
escrituração comercial, mas que devam influenciar a determinação do lucro real
de períodos futuros, basicamente a compensação de prejuízos anteriores.

ADIÇÕES

1- Doações e Brindes;

2- Lucro Inflacionário apurado até 31/12/1995;

3- Recibos sem especificação da fonte recebedora;

4- Orçamentos, Pedidos e qualquer documento não idôneo;

5- Verbas Rescisórias em desacordo com a legislação trabalhista vigente, tais como:


Pagamento de verbas não autorizadas no caso de justa causa exemplo: férias, aviso
prévio, e descontos sobre salário e rescisão sem autorização do empregado, etc.

6- Multas Punitivas (Trânsito, Imetro, Ibama, Fátima, Multas sobre ação fiscal, porem
será considerado apenas o valor da multa, os juros são dedutíveis). Cabe acrescentar
que pagamento de impostos em atraso com multa espontânea é dedutível;

7- Despesas de Variação Cambial quando alocadas pelo regime de competência, antes


do fechamento do cambio;

8- Impostos Não pagos em Discussão Judicial;

9- Impostos Não pagos por Iniciativa da Empresa;

10- Provisões Indedutíveis tais como: perdas, frete, propaganda, etc., são consideradas
como dedutível, Provisão de Férias e 13 salários;
11- Ajustes devedores de qualquer natureza tais como: ajuste de contagens físicas de
estoques, ajuste de estoque a valor de mercado, ajustes de financiamentos a valor
presente;

12- Despesas Particulares dos Sócios e Dirigentes;

13- Multas contratuais que não tenham relação com o objeto social;

14- Valor residual das parcelas de leasing – antecipação de valor para a opção de compra
do bem, destinados à utilização de diretores e sócios e por terceiros, não são dedutíveis;

15- Receitas de deságios de investimentos avaliados por equivalência patrimonial


diferidos até a realização daqueles investimentos;

16- Resultado Negativo de Equivalência Patrimonial;

17- Festa de Confraternização não é dedutível quando não for comprovada a


participação de todos os funcionários;

FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO – DEDUTIBILIDADE

As despesas de relações públicas em geral, tais como almoços, recepções, festas de


congraçamento, etc., serão dedutíveis como operacionais, quando existir correlação
com as operações e transações exigidas pela atividade da empresa. No caso das festas
de natal para empregados, o entendimento legal é de que essas festas não seriam
estranhas à atividade da empresa, porém somente serão consideradas dedutíveis
quando alcançarem todos os empregados.

18- Comissões de Vendas, quando condicionadas ao recebimento da venda, é


considerada provisão sendo indedutível;

19- Previdência Privada de valor superior a 20% dos salários e retiradas dos dirigentes;

20- Perdas de Recebimentos de Crédito que superarem as previsões legais abaixo:

PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS - LIMITES E CONDIÇÕES


As perdas no recebimento de créditos serão dedutíveis na apuração do Lucro Real
mediante as seguintes condições:

I - em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em


sentença emanada do Poder Judiciário;

II - sem garantia, de valor:

a) até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses,
independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu
recebimento;
b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por
operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os
procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém mantida a cobrança
administrativa;
c) superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais),, vencidos há mais de um ano, desde
que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

III - com garantia, vencidos há mais de dois anos, desde que iniciados e mantidos os
procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias;

IV - contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica declarada concordatária,


relativamente à parcela que exceder o valor que esta se tenha comprometido a
pagar, observado o seguinte:

a) a dedução da perda será admitida a partir da data da decretação da falência ou


da concessão da concordata, desde que a credora tenha adotado os
procedimentos judiciais necessários para o recebimento do crédito;

b) a parcela do crédito cujo compromisso de pagar não houver sido honrado pela
empresa concordatária poderá também ser deduzida como perda.

21- Depreciação de Bens Locados com Terceiros;

22- Depreciação Acelerada Incentivada, porem somente o valor excedente a


Depreciação Normal;

23- Depreciação Proveniente de Reavaliações de bens antes de 2000;

24- Expedição das Vendas do Período Anterior, ou seja, vendas menos custo de
vendas, Quando não contabilizados.

EXCLUSÕES

1- Reversão de Provisões Indedutíveis;

2- Ajustes credores de qualquer natureza tais como: ajuste de contagens físicas de


estoques, ajuste de estoque a valor de mercado, ajustes de financiamentos a valor
presente;

3- Receita de Variação Cambial quando alocada pelo regime de competência antes do


fechamento de cambio;

4- Despesas de ágios amortizados de investimentos avaliados por equivalência


patrimonial diferidos até a realização daqueles investimentos;

5- Resultado Positivo de Equivalência Patrimonial;


6- Pagamento de Impostos em Atraso por iniciativa da Empresa;

7- Decisão favorável em discussão de processos judiciais tributários;

8- Pagamento de Impostos sobre discussão judicial;

9- Distribuição de Lucros e Dividendos;

10- Receitas que poderiam ser diferidas;

11- Receitas obtidas com tributação exclusiva ou isenta de imposto de Renda;

12- Vendas Não Expedidas do Período. Ou seja, vendas menos custo de vendas. Quando
não contabilizados;

13- Prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitado a 30% (trinta
por cento) do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões.

Então basicamente o cálculo a ser feito será:

Lucro antes do IRPJ e CSLL (LAIR)

( + ) ADIÇÕES

( - ) EXCLUSÕES

( = ) LUCRO AJUSTADO

( - ) Compensações (até 30% do lucro ajustado)

( = ) Lucro Real (Tributado)

Cálculo do IRPJ

Lucro Real X Alíquota 15% = IRPJ

Adicional 10% ((Lucro Real – 20.000) X 10%) quando o Lucro Real for superior ao valor
de 20.000,00

IRPJ a Recolher = IRPJ + Adicional 10%

Cálculo da CSLL

Lucro Real X Alíquota 9% = CSLL a Recolher


Quando optar

A opção pelo pagamento do IRPJ e da CSLL com base no Lucro Presumido ou no Lucro
Real é feita com o pagamento do DARF da 1ª parcela do IRPJ trimestral (Lucro
Presumido) ou mensal ou trimestral (Lucro Real) e é válida para todo o Ano Calendário,
não podendo, pois, ser alterada em qualquer mês do ano. Isso significa que o empresário
deve consultar sua “bola de cristal” no início do ano para poder planejar o resultado
(Lucro ou Prejuízo) do ano para seu negócio e fazer a melhor opção.

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