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ENQUADRAMENTO TRIBUTÁRIO DAS PESSOAS

JURÍDICAS NO BRASIL1
Ilsiliane Brito da Silva2

INTRODUÇÃO
A soberania do Estado o fez instituir os tributos, através dos quais, exige que
o povo lhe forneça os recursos financeiros para cumprir com seu papel, sendo
assim, desenvolve modos de fiscalizações visando combater a evasão fiscal. Nesta
produção o foco está mantido nas pessoas jurídicas (PJ), pois a Receita Federal do
Brasil assegurou que, o índice de sonegação aumenta inversamente proporcional ao
porte das empresas.
Houve referência ao embasamento jurídico, no qual foi destacado as leis e os
decretos que normatizaram o Imposto de Renda no Brasil, foi sintetizado o conceito
de alguns elementos como os contribuintes e os responsáveis, o domicílio fiscal e a
base de cálculo para o Imposto de Renda, envolvendo os seguintes tipos: lucro real,
lucro presumido, lucro arbitrado ou simples nacional.
Ao final, comentou-se a importância do governo rever suas práticas
tributárias, como também da comunidade empresária levar com mais seriedade o
planejamento tributário, pois mesmo com um regime tributário confuso, se houver
um planejamento estratégico eficaz, eles conseguirão desenvolver suas empresas e
as tornarão competitivas no mercado.

A TRIBUTAÇÃO
O Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR), foi
instituído pela Lei n.° 4.625 em 31 de dezembro de 1922 e regulamentado pelo
Decreto n.° 16.581 de 04 de setembro de 1924, sua normatização está lastreada
pelo Decreto n.° 3.000 de 26 de março de 1999. Este tributo, mais a Contribuição
Social sobre o Lucro são usados pela União para a determinação de como as
empresas deverão ser enquadradas, no âmbito de sua competência.

1 Trabalho apresentado à UNEB referente avaliação parcial da disciplina Auditoria Fiscal orientado pelo docente Carlos Henrique de Macedo.
2 Discentes do Bacharelado em Ciências Contábeis, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB I, 8º sem. noturno Salvador, janeiro 2013.

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São considerados como contribuintes: as PJ de direito privado que sejam
domiciliadas no país; as filiais, sucursais, agências ou representações no país de
pessoas com sede no exterior; os comitentes domiciliados no exterior, quando os
resultados das operações realizadas por seus mandatários ou comissários no país e
as sociedades em Conta de Participação. As empresas individuais também são
contribuintes e compreendem: as firmas individuais; as pessoas físicas que tenham
habitualidade de práticas comerciais e aquelas que promovem a incorporação de
prédios em condomínio ou loteamento de terrenos.
Os responsáveis pelo recolhimento do tributo são: PJ resultante da
transformação de outra; PJ constituída pela fusão de outras, ou em decorrência de
cisão de sociedade; PJ que houver incorporado outra ou parte do patrimônio de
sociedade cindida; pessoa física (PF) sócia da PJ extinta mediante liquidação, ou
seu espólio, que continuar a exploração da atividade social, sob a mesma ou outra
razão social, ou sob firma individual; e os sócios, com poderes de administração, da
PJ que deixar de funcionar sem proceder à liquidação, ou sem apresentar a
declaração de rendimentos no encerramento da liquidação.
A PF ou PJ que adquirir de outra o fundo de comércio, ou suas instalações,
ao prosseguir na exploração da atividade do mesmo ramo, ainda que mude a razão
social, haverá de responder pelo pagamento do imposto devido até a data da
transação, que será de modo integral ou subsidiário, dependerá da maneira como
ele tratará a aquisição realizada.
Quanto ao domicílio fiscal será no lugar onde estiver estabelecido a matriz ou
a sede do contribuinte no país, inclusive quando este estiver no exterior e houver
um de seus procuradores no Brasil. Quando a realidade não coincidir com o que foi
descrito aqui, será considerado como domicílio fiscal o lugar onde ocorreu o fato
gerador do referido imposto.
As Lei n.° 5.172 de 1966, Lei n.° 8.981 de 1995 e a Lei n.° 9.430 de 1996,
juntamente com o Decreto-Lei de 1999, informam que o fato gerador do tributo é o
recebimento de rendimentos, ganhos e lucros, porém a base de cálculo não é obtida
de uma única forma, antes, dependerá do enquadramento tributário ao qual as
empresas foram inseridas: lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado ou simples
nacional.

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LUCRO REAL
O lucro real é uma abordagem fiscal, pois o resultado da Demonstração do
Resultado do Exercício para as empresas, são consideradas pelo fisco como
contábil. Para atender aos interesses do Estado, qualquer que seja o resultado
contábil, terá que ser adicionado ou excluído parcelas consideradas não dedutíveis
para chegar a uma base de cálculo, distante da realidade econômica.
Após os ajustes efetuados, mediante escrituração do Livro de Apuração do
Lucro Real – LALUR, sobre a nova base de cálculo incidirão 15%, caso a base de
cálculo apurada mensalmente ultrapasse R$ 20.000,00 será sujeita à incidência do
adicional do imposto à alíquota de 10%, assim é obtido o valor do IRPJ à pagar.
O cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro (CSSL) é obtido a partir do
resultado contábil, sobre ele incidirá alíquota de 12%, cujo valor obtido constituirá a
base de cálculo para CSSL, nesta incidirá alíquota de 9%, o resultado é a CSSL.
No lucro real a apuração do IRPJ e da CSSL podem ocorrer por estimativa
mensal ou trimestral. Devido a possibilidade de compensações de prejuízos fiscais
de um exercício para o outro, a maioria das empresas optam pelo recolhimento por
estimativa mensal, através de balancete de suspensão e redução, finalizando com
apuração anual.

LUCRO PRESUMIDO
É encontrado mediante uso de percentuais sobre o faturamento e outras
receitas. As alíquotas aplicadas são de: 1,6% - revenda para consumo de
combustíveis derivados do petróleo, álcool etílico carburante e gás; 8% - vendas de
mercadorias ou produtos, exceto combustíveis para consumo, transporte de cargas,
serviços hospitalares, atividade rural, industrialização entre outras; 16% - Serviços
de transporte, exceto cargas, serviços prestados com exclusividade por empresa
com faturamento bruto anual até R$ 120.000,00; e 32% - para demais serviços cujos
percentuais não foram discriminados.
Sobre esta base de cálculo obtida, incidirão 15%, caso ultrapasse,
mensalmente, R$ 20.000,00 será sujeita à incidência do adicional do imposto à
alíquota de 10%, assim é obtido o valor do IRPJ à pagar. O cálculo da CSSL é obtido
a partir do faturamento, sobre ele incidirá alíquota de 12%, cujo valor obtido

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constituirá a base de cálculo para CSSL, nesta incidirá alíquota de 9% o resultado é
a CSSL a pagar do exercício apurado.

LUCRO ARBITRADO
É uma forma de apuração utilizada, sempre que a empresa não mantenha
escrituração de acordo com as formalidades normatizadas, exemplos: não elabora
as demonstrações contábeis, quando suas escriturações são desclassificadas pelos
entes tributantes e quando opta pelo lucro presumido indevidamente. O pagamento
dos impostos são cobrados em valores maiores que pelos métodos tradicionais.

SIMPLES NACIONAL
É um processo simplificado, regulamentado pela Lei Complementar
n.°123/2006, contempla o pagamento de oito impostos federais, para os
Empreendedores Individuais, os Micro empreendedores Individuais, as Micro e
Pequenas Empresas. A apuração é feita por meio de uma sistemática especial, no
qual os impostos e as contribuições dependem de procedimentos integrados em
cascata, com utilização de tabelas específicas de todos os setores do mercado.

CONCLUSÃO
O Sistema Tributário Brasileiro é conhecido como o mais complexo. Vários
empresários reclamam da carga tributária e da forma como ela inviabiliza o bom
funcionamento do negócio, inclusive a ampliação dos investimentos e
conseqüentemente sua capacidade produtiva.
Uma reforma tributária é extremamente desejada pelo contribuinte, porém
ainda não é possível perceber os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário se
articulando para a promoção deste ínterim, para impulsionar o desenvolvimento das
empresas nacionais, principalmente as pequenas e médias que representam mais
de 90% das entidades comerciais do país.
Portanto, compete ao empresariado brasileiro desenvolver competências
gerenciais, para que, de acordo com seu ramo de atuação, possa criar
planejamentos estratégicos que contemplem com eficácia, os aspectos tributários e
financeiros, visando sofrer menos os impactos do risco país e poder escolher todas
as possibilidades de incentivos do governo que lhe beneficie.
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REFERÊNCIAS

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GRANZZOTO, Alexandre José. Resumo: Direito Tributário. Salvador: 2002. 66 p.

SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES DA RECEITA FEDERAL – SINDFISCO


NACIONAL (Brasil). Tributação no Brasil: em busca da justiça fiscal. Brasília:
2010.

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