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TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO REAL e CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

Métodos indiretos de tributação na LGT


Tratam-se de métodos subsidiários de determinação da matéria tributável, a aplicar quando (87º
LGT):
 Não é possível determinar com fiabilidade o rendimento real;
 Quando o sujeito escolhe ser tributado com base no regime simplificado – são aplicados
coeficientes ao valor de vendas de mercadorias de produtos e aos restantes rendimentos
que significam tipos de lucro médio (31º/2 CIRS).
Os artigos 81º, 83º e 85º LGT consagram a subsidiariedade dos métodos indiretos.
A determinação da matéria coletável segundo os métodos indiretos é feita com base em critérios
fixados na lei e que correspondem (ou devem corresponder) ao tipo médio ou frequente de
rendimentos obtidos por sujeitos passivos que estão em situação comparável.
O método é subsidiário porque a administração só pode a ele recorrer se não puder ser aplicado o
método direto, i.e., a tributação do rendimento real com base nos deveres de contabilidade e
declarativos do sujeito passivo.
Para não serem inconstitucionais, quer os coeficientes escolhidos para o regime especificado, quer
os termos comparáveis escolhidos para aplicação dos restantes métodos indiretos devem
aproximar-se, tanto quanto possível, do que seria a situação individual, i.e., da situação tributada
segundo o rendimento real.
 São pressupostos (87º e ss LGT):
i. Violação de deveres formais ou dos deveres de cooperação por parte do contribuinte
(alínea b) e e))
ii. Discrepância não justificada entre o valor declarado e os valores de referência –
caso das manifestações de fortuna e dos acréscimos patrimoniais não justificados
(alínea d) e f)).
 A aplicação de métodos indiretos implica a diminuição da medida da prova por parte da
administração indireta (74º/3 LGT), e a limitação dos princípios do inquisitório e da verdade
material (art.58º e 99º/1 LGT e 13º/1 CPPT), princípios esses que regem o procedimento
administrativo e o processo judicial tributário.
 Caso das manifestações de fortuna:
i. Afastamento “significativamente, para menos, sem razão justificada, dos padrões de
rendimento que razoavelmente possam permitir as manifestações de fortuna
evidenciadas pelo sujeito passivo nos termos do art.89º-A” (87º/1 d) LGT)
ii. Acréscimos patrimoniais ou de despesa efetuada, incluindo liberdades, de valor
superior a 100 mil €, ocorrendo ao mesmo tempo a falta de declaração de
rendimentos ou a existência, no mesmo período de tributação, de uma divergência
não justificada de rendimentos declarados (87º/1 f)). Estas situações também remete
para as manifestações de fortuna tipificadas no 89º-A/4.

IRC
Características gerais:
 Uma base de incidência ampla e líquida: teoria do rendimento-acréscimo - O IRC
tem muito que ver com a base de tributação muito ampla que o define e em que o
cálculo da respetiva matéria coletável passa pela identificação do acréscimo
patrimonial verificado num dado período tributário.
SALDANHA SANCHES considera que se trata de um imposto “sem zonas de não
tributação”, e onde a pretensão de completude e neutralidade se revelam.
Por contraste com o que sucede com o IRS (onde a tributação dos rendimentos é
indissociável dos diferentes tratamentos associados às várias categorias), o IRC
tem uma base muito alargada e tendencialmente neutra: toda e qualquer forma de
rendimentos possui, em regra, relevância fiscal e encontra-se sujeita a um
tratamento fiscal que é tendencialmente uniforme.

RENDIMENTO: duas formas de olhar para o rendimento empresarial:


i. Numa aceção mais restrita e clássica, o Direito Fiscal adotava inicialmente a
teoria do rendimento-fonte enquanto alicerce para a tributação do
rendimento. Tal teoria assume como ponto de partida o resultado de
exploração, os resultados operacionais de uma empresa.
ii. Na aceção mais ampla temos a teoria do rendimento-acréscimo, que vem
definir a base tributável a partir de todas as oscilações patrimoniais incorrida
pelo sujeito passivo ao longo de um determinado período. Assim, qualquer
variação patrimonial, positiva ou negativa, incorrida pela empresa deve ser
revelada para efeitos fiscais, o que passa por englobar, nomeadamente, os
resultados dos derivados das alienações dos próprios ativos de onde o
rendimento flui para a sociedade.
Para esta teoria, tornou-se necessária uma formulação da base tributável,
assente na fixação de dois pontos cronológicos que delimitam o período de
tributação, como forma de delimitar temporalmente o acréscimo patrimonial
líquido verificado – 3º/2 CIRC

 IRC caracteriza-se pela tendencial indiferenciação na tributação dos


rendimentos e consequente menor importância da tarega de qualificação e
categorização dos rendimentos obtidos.
A regra em IRC é a do tratamento fiscal neutral concedido às várias
modalidades de rendimentos que formam o lucro tributável

A BASE DO IRC É LÍQUIDA: assenta na consideração fiscal – apenas quanto aos


residentes e não residentes com estabelecimento estável em Portugal – do
rendimento líquido, isto é, o rendimento bruto deduzido dos gastos e encargos
incorridos com o desenvolvimento da atividade e obtenção dos respetivos ganhos.
Este princípio pressupõe a aceitação fiscal da generalidade dos gastos suportados,
direta ou indiretamente, com a obtenção da generalidade dos rendimentos ou a
manutenção das fontes.
 Um regime de base contabilística: para efeitos de quantificação da base tributável
do IRC, o ponto de partida é o resultado líquido do exercício, o qual se apura por via
contabilística. Aqui revela referir o 17º/1 CIRC
 Preocupações anti-abusivas: Assenta na ideia de combate ao planeamento fiscal
abusivo, vulgo da elisão fiscal.
Os contribuintes tentam frequentemente obter soluções económicas que, sendo de
natureza equivalente àquelas sujeitas a previsão legal impositiva, escapam todavia
a tributação. Para tal, o sistema fiscal tem-se dotado de figuras gerais, setoriais e
especiais que visam assegurar a não utilização de figuras societárias e/ou
contratuais exclusivamente formais e desprovidas de substancia económica, para
além da motivação da simples poupança fiscal.
O IRC foi-se gradualmente dotando de mecanismos legais vários de denegação de
efeitos fiscais e estruturas elisivas pré-identificadas e de prevenção de estruturas
juridicamente desfuncionalizadas e fiscalmente motivadas.

Enquadramento constitucional da tributação do rendimento das empresas (104º/2


CRP):
INCIDÊNCIA OBJETIVA
 RENDIMENTO REAL: Quando o artigo 3º/1 a) CIRC estabelece que o IRC incide
sobre o lucro das sociedades, temos uma primeira aproximação ao rendimento real,
a qual vem depois densificada no 3º/2 CIRC, ao estipular que “o lucro consiste na
diferença entre os valores do património líquido no fim e no início do período de
tributação, com as correções estabelecidas neste código”.
Quanto a sociedades, o art.15º/1 a) CIRC entende que nas atividades de natureza
comercial, industrial ou agrícola a título principal, a matéria tributável obtém-se
através da dedução ao lucro tributável dos prejuízos fiscais e dos benefícios fiscais;
art.17º/1 CIRC explica o conceito de lucro tributável como “constituído pela soma
algébrica do resultado líquido do período e das variações patrimoniais positivas e
negativas verificadas no mesmo período e não refletidas naquele resultado”
 ASSIM, o 104º/2 CRP quer-nos dizer que toda a oscilação do resultado
patrimonial líquido de uma empresa deve ser relevado fiscalmente, salvo nos
casos em que existam desvios legais, expressos ou implícitos, a esta regra.
 MODELO DE TRIBUTAÇÃO: é o da dependência parcial do lucro fiscal face ao
lucro contabilístico, regra que transmite a validade do contributo da quantificação
contabilística, mas também a compreensão da especificidade do Direito Fiscal e da
necessidade de tutelas especiais para certos interesses, os quais a própria Lei
fundamental prossegue.
23º-A CIRC entende que valores não são dedutíveis para se tributar as sociedades.
23º CIRC estabelece quais são dedutíveis.
 TRIBUTAÇÕES AUTÓNOMAS:
i. As despesas não documentadas e despesas confidenciais: o rendimento
tributável resulta da diferença entre proveitos e gastos; e, para que os gastos
sejam dedutíveis (i.e. sejam tidos em conta para aferir o lucro), tem de haver
uma conexão entre os gastos e o interesse da empresa/atividade da
empresa. Se houverem despesas relativamente às quais não existe prova
documental, não sendo possível conhecer da sua natureza ou finalidade, não
é possível aferir da sua dedutibilidade, logo não pode ser considerado como
gasto para efeitos de calculo do rendimento real.
Ac. nº204/10 – as despesas não documentadas são suportadas pelo sujeito
passivo que em termos contabilísticos afetam o resultado líquido do
exercício, diminuindo-o. O que equivale a dizer que, para efeitos de
determinação do rendimento tributável, tal diminuição não é relevante.
ii. A tributação autónoma: no nosso regime, a ausência de prova documental
que é exigida para efeitos fiscais implica não só a sua indedutibilidade, mas
também a sua tributação autónoma. Art.88º CIRC determina as taxas de
tributação autónoma:
a) A despesas não documentadas;
b) Os encargos efetuados ou suportados por sujeitos passivos que não
beneficiem de isenções subjetivas e que exerçam, a titulo principal, (…).
Nos termos do 73º/1 a 7 CIRS, são submetidas a taxas de tributação
autónoma:
a) As despesas não documentadas, efetuadas por sujeitos passivos que
possuam ou devam possuir contabilidade organizada, no âmbito do
exercício de atividades empresariais e profissionais;
b) Os encargos relativos a despesas de representação e a viaturas ligeiras
de passageiros ou mistas, suportados por sujeitos passivos que possuam
ou devam possuir contabilidade organizada no âmbito do exercício de
atividades empresariais ou profissionais, excluindo os veículos movidos
exclusivamente a energia elétrica;
c) São ainda tributados autonomamente os encargos dedutíveis relativos a
despesas com ajudas de custo e a compensação pela deslocação em
viatura própria do trabalhador, ao serviço da entidade patronal.
 Caracterização da tributação autónoma: a tributação autonoma é um imposto
cedular, de taxas proporcionais ou agressivas, incidindo sobre despesas do sujeito
passivo. Estas despesas constituem rendimentos que presumivelmente não
conseguiram ser tributados na esfera do contribuinte:
a) Ou porque não se sabe quem é o contribuinte (despesas não documentadas,
despesas pagas a rendimentos em paraísos fiscais);´
b) Ou porque existe dificuldade em diferenciar a esfera empresarial ou profissional
da esfera privada do sujeito passivo (despesas de representação, encargos com
viaturas ligeiras de passageiros, motos e motociclos).
INCIDÊNCIA SUBJETIVA
 Esta formulação ampla de base tributável vale para todos os sujeitos passivos
residentes (ou não residentes que possuam em Portugal um estabelecimento
estável) que “exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial,
industrial ou agrícola” 3º/4 CIRC – correspondendo àqueles sujeitos que exerçam
quaisquer “atividades que consistam na realização de operações económicas de
carácter empresarial, incluindo as prestações de serviço”.
 Entidades residentes são tributadas nos termos do 4º/1 CIRC. O restante artigo
refere situações que são tributadas por possuírem elementos legais de conexão
com o território nacional.

DESVIOS AO 104º/2 CRP


 Própria ordenação contabilística, por comparação com o intento recaudatório que
subjaz ao IRC. Sendo o propósito o Direito Contabilístico o de transmitir a real
imagem da empresa, percebe-se que é desadequado para fixar a medida da
capacidade contributiva do sujeito passivo – o Direito Fiscal não pretende, com
efeito, prosseguir tais objetivos, já que em certos casos o resultado líquido do
exercício pode não ser sobreponível com o resultado relevante para efeitos fiscais.
Ou seja, o sujeito passivo, neste caso a empresa, pode adotar atuações que
demonstrem determinado lucro da empresa que na realidade não seja verídico. Só é
possível conhecer a verdadeira imagem da sociedade se todos os seus resultados,
internos ou externos, forem devidamente relevados.
 Prossecução do combate à evasão e elisão fiscais. De modo a impedir que as
empresas ocultem rendimentos, ficcionem custos ou manipulem legalmente as
situações jurídicas com vista a obter cargas fiscais efetivamente mais baixas, o
Direito Fiscal está hoje cravejado de normas que o impeçam, como o 23º-A CIRC.
 Incentivos e desincentivos fiscais. A tutela de certos interesses económicos por via
fiscal é, por natureza, excecional: provoca uma queda no princípio da igualdade em
favor de justificações económicas de alegado interesse superior àquele da despesa
fiscal associada.
Seja sob a forma de acréscimos patrimoniais não tributados, seja por via de
deduções acrescidas de certas despesas, ou por outras modalidades, os benefícios
fiscais vão provocar distorções do lucro tributável face ao resultado líquido do
período, assim como os desincentivos fiscais.

 MÉTODOS INDIRETOS: 87º/1 a) LGT e ss.


É exigido que se verifique uma lógica de subsidiariedade (85º/1 LGT), o que
implicará a excecionalidade dos mesmos e a taxatividade das situações patológicas
em que tal pode suceder.

RENDIMENTOS E GASTOS
O conceito de rendimentos encontra-se no 20º/1 CIRC.
Os gastos estão no artigo 23º e 23º-A para sabermos que despesas têm que ser
dedutíveis. Requisitos:
 Previa contabilização + 123º/2 CIRC;
 Licitude do gasto;
 Documentação do gasto
 Ligação entre os gastos e os ganhos

 Critério da indispensabilidade: deve ser adotado o requisito do business


purpose test – existência de uma relação entre o gasto e a atividade
societária. Propõe-se a impedir “a consideração fiscal de gastos que não se
inscrevem no âmbito da atividade das empresas sujeitas a IRC”.

NUM CASO DE IRC:


1. caracterizar IRC como imposto e suas devidas características (104º/2 CRP + 3º +
4º LGT + 103º CRP) – aqui refere-se a ideia de que se tributa o rendimento real e
não um presumido.
2. Incidência pessoal: identificar sujeitos passivos – 2º CIRC são as pessoas coletivas,
de direito público ou privado, com sede ou direção efetiva em território português
(sede estatutária). Também se inclui as entidades sem personalidade jurídica não
tributáveis em IRS e sem transparência fiscal.
- Residentes: para aqueles que desenvolvem atividades empresariais o objeto do
IRC é o lucro tributável; para aqueles que desenvolvem atividades não empresariais são
tributados pelo rendimento global
- Não residentes: tem estabelecimentos estáveis em PT – tributação incide sobre o
lucro (tributam-se os rendimentos que não sejam tributáveis em IRS); não têm
estabelecimento estável em PT – tributação é sobre rendimentos das diferentes categorias
pro remissão para o CIRS.
- Neste passo dizer: “a ideia-base é que a incidência pessoal em sede de IRC
assenta na determinação da residência e não residência- A questão da residência é
apurada através da direção efetiva (ou sede) Se há sede ou direção efetiva em Portugal, o
que acontece? Há tributação pela totalidade dos rendimentos (4º/1 CIRC). Porém, o facto
de uma empresa não ter direção efetiva não significa que não possa também ser aqui
tributada pelo rendimento obtido/lucro – os não residentes são também tributados pelos
rendimentos gerados se tiver a ideia de estabelecimento estável (5º CIRC).
3. Calcular a coleta/determinação da matéria tributável
- deve olhar-se ao art.15º, em que o seu nr1 diz que as pessoas coletivas que
desenvolvem a titulo principal que são residentes e cuja base de tributação seja o lucro,
tem-se que a matéria coletável é igual a: Lucro tributável – Prejuízos fiscais – Benefícios
fiscais. Junto a este artigo temos o artigo 17º que nos diz como apuramos o lucro tributável
– partimos do rendimento liquido do período e a ele acrescentamos ou retiramos
valorações patrimoniais positivas e negativas, e procedemos a correções fiscais. O
rendimento líquido do período é o lucro contabilístico.
- 3º CIRC – nr 2 + 17º CIRC lucro é por estes apurado, atendendo-se ao balanço
final: o 17º/1 consagra ainda a concretiza a exigência constitucional do 104º/2 CRP,
estabelecendo um conceito de rendimento real (lucro tributável) que parte do resultado
apurado pela contabilidade, mas que não depende totalmente desse resultado. Este
preceito determina que o lucro tributável é o lucro contabilístico adaptado aos princípios e
finalidades jurídico-fiscais.
- Tributa-se o rendimento real – conceito normativo que traduz métodos diretos na
tributação do rendimento líquido (17º). Ocorre quando há contabilidade organizada e cabe
ao sujeito passivo fazer a liquidação na declaração periódica de rendimentos
(autoliquidação), com base na matéria coletável aí apresentada.
- Após isto temos de analisar os artigos 20º, 23º e 23º-A para percebermos o que se
aceita como rendimento ou gasto fiscalmente relevante, do ponto de vista fiscal. Tem de
haver uma análise casuística para perceber se aquele fluxo positivo ou negativo é
fiscalmente aceite-
- 23º CIRC prevê a dedutibilidade de gastos e perdas incorridos ou suportados pelo
sujeito passivo para obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC – têm de ser
documentados e incluem várias situações.
- 23º-A consagra encargos não dedutíveis
- apurado o lucro tributável, temos de verificar se, nos anos anteriores, existiram
prejuízos fiscais – 52º. Dois aspetos a reter: i) se existirem prejuízos fiscais de anos
anteriores, eles vao poder ser considerados para dedução ao lucro tributável; ii) não
podemos deduzir indeterminadamente no tempo os nossos prejuízos fiscais, havendo um
limite temporal (nr1 fala em 5 anos; nr2 apresenta um limite quantitativo de dedução de
prejuízos; não podemos deduzir a totalidade do nosso prejuízo ao lucro tributável).
- limites à dedutibilidade de gastos de financiamento – limites podem ser justificados
de forma a orientar o comportamento das empresas no sentido de recorrerem ao mercado
de capitais – combate ao abuso fiscal (67º) – é exemplo o 52º que estabelece limite de
entrada de perdas de anos anteriores como retribuições a tributar.
- falta de apresentação da declaração – liquidação é feita com base no valor anual
da retribuição mínima mensal ou, quando superior, a totalidade da matéria coletável do
exercício mais próximo que se encontre determinada, ou na falta destes elementos, com
base nos elementos de que a administração fiscal disponha.
- Apurada a matéria coletável temos de fazer a determinação da coleta por
aplicação da taxa do imposto – assim, partimos de um lucro contabilístico, e vemos se
temos de fazer alguma correção. Na medida certa, apuramos o lucro tributável e ao lucro
tributável deduzimos os prejuízos fiscais dos anos anteriores e apuramos a matéria
coletável. Apurada a matéria coletável, aplicamos a taxa do imposto para que seja obtida a
coleta.
Para tal, há que olhar ao 87º e verificar se o que temos é uma taxa de IRC normal de 21%
(87º/1) ou se vamos olhar ao nr2 – que entende às empresas de pequena e media
empresa, aos primeiros 25 mil € aplica-se uma taxa de 17%.
- Métodos indiretos – 87º e ss LGT os sujeitos passivos de IRC podem ser ainda
tributados por métodos indiretos tendo em conta os elementos do artigo 90º - só pode
ocorrer em casos e condições previstos na lei, designadamente na impossibilidade de
apuramento do rendimento real, o que significa que ela só pode ocorrer quando o
contribuinte violou os seus deveres formais de modo a impossibilitar a tributação segundo
a contabilidade organizada, ou quando apresentou um acréscimo patrimonial não
justificado.
- Taxas a aplicar: 21% no caso do 87º CIRC; temos ainda as taxas autónomas 88º.
- para determinarmos o imposto a pagar/deduções à coleta: aplicada a taxa à
matéria coletável, obtemos a coleta e o que temos de fazer a esta são as deduções –
temos que olhar ao 90º/2 que nos indica como principais deduções à coleta a dupla
tributação jurídica internacional, a dupla tributação económica internacional nalguns casos,
os benefícios fiscais, pagamento especial por conta, retenções na fonte e pagamentos por
conta.
- retenção na fonte: 94º e ss

IRS

Características:
 Imposto sobre o rendimento 4º/1 LGT
 Imposto pessoal 104º/1 CRP + 6º/1 LGT – pode haver casos em que se assemelha
a um imposto real (71º e 72º CIRS)
 Imposto de base cedular – tributação com recurso a categorias
 Imposto periódico 1º/1 CIRS
 Imposto único, mas não unitário
INCIDÊNCIA PESSOAL
Sujeitos: 13º/1 CIRS:
 É sujeito passivo a pessoa singular que resida em território português – 16º CIRS
 É também sujeito passivo a pessoa singular que embora não resida em território
português, aí obtenha rendimentos – art.16º + 18º CIRS

Âmbito de sujeição: 15º/1 e nr2 CIRS:


 O sujeito passivo que resida em território português é tributado pelos rendimentos
que aufira em território português e no estrangeiro (principio da tributação do
rendimento mundial);
 Já o sujeito passivo que não resida em território português, mas aqui aufira
rendimentos, será tão-só tributado em Portugal pelos rendimentos que aufira em
território português (princípio da tributação do rendimento fonte).

 Determinação da residência do sujeito passivo : é imprescindível em sede de


IRS já que constitui elemento de conexão para a aplicação da lei fiscal e
porque determina o âmbito de sujeição do IRS. Art.16º CIRS acolhe noção de
residência baseada na presença física real ou presumida, conjugada, em
determinados casos, com a intenção de o sujeito passivo se tornar residente.

INCIDÊNCIA REAL
(Quais são os rendimentos tributados em IRS? Como se determina o rendimento líquido
por Categorias e o que é que são as deduções específicas?)
 Qualificação do rendimento e determinação do rendimento bruto de cada categoria.
Temos que identificar qual a categoria do rendimento presente no caso:
- Categoria A – rendimentos de trabalho dependente (2º, 25º a 27º CIRS);
- Categoria B – rendimentos empresariais e profissionais (3º, 28º a 39º CIRS);
- Categoria E – Rendimentos de capitais (5º, 40º a 40º-B CIRS);
- Categoria F – rendimentos prediais (8º e 41º CIRS);
- Categoria G – incrementos patrimoniais (9º, 10º, 42º a 52º CIRS);
- Categoria H – pensões (11º, 53º e 54º CIRS).
 Determinação do rendimento líquido por categoria. Subtração ao rendimento bruto
de cada categoria, das deduções específicas previstas nos art.25º e ss CIRS,
verificando o rendimento líquido tributável.
 Determinação dos rendimentos sujeitos a englobamento art.68º CIRS – o
englobamento representa a passagem da fase analítica para a fase sintética de
determinação do IRS e corresponde à determinação do rendimento global
líquido (ou rendimento coletável) do sujeito passivo, através da soma dos
rendimentos líquidos das diversas categorias, auferidos num determinado ano
(art.22º/1 CIRS). O englobamento dos rendimentos é obrigatório (22º/1 e 3 a
contrario CIRS)
 Cálculo da coleta – materializa-se na aplicação das taxas gerais do IRS ao
rendimento coletável, o qual é constituído pelo conjunto dos rendimentos
líquidos auferidos num determinado ano pelo sujeito passivo. Art.68º CIRS
 Retenção na fonte:
i. Retenção na fonte por conta do imposto devido a final (natureza de
pagamento por conta): mecanismo que opera pela dedução de uma
quantia aos rendimentos do trabalho dependente ou de pensões
aquando do respetivo pagamento (98º a 101º CIRS). Para o sujeito
passivo constitui um pagamento antecipado do imposto que é devido
no final de cada ano; para o substituto tributário constitui uma dívida
tributária.
Aqui temos as Categorias A e H, que operam mediante a aplicação das
taxas previstas nas tabelas de retenção na fonte 101º CIRS
ii. Natureza definitiva e liberatória: mecanismo de substituição integral que
opera, igualmente, pela dedução de uma quantia aos rendimentos
pagos e que, contrariamente à retenção na fonte com a natureza por
conta, satisfaz, só por si, a divida tributária.
Aqui decorre a substituição tributária 20º/2 LGT.

 Determinação das despesas dedutíveis à Coleta – 78º CIRS: a possibilidade


de efetuar tais deduções depende da existência de uma coleta suficiente,
sendo as mesmas realizada pela ordem indicada na referida norma. Quando
as deduções às coletas relativas a pagamentos por conta do imposto devido a
final e as retenções na fonte tenham aquela natureza (78º/2) sejam de valor
superior ao imposto liquidado, haverá direito a reembolso de IRS (78º/3).
 Apuramento do imposto e liquidação – compete à AT, sendo efetuada com
base na declaração dos sujeitos passivos (75º a 77º CIRS)

 Benefícios fiscais: são medidas de caracter excecional, instituídas para a


tutela de interesses públicos extrafiscais relevantes, que sejam superiores aos
da própria tributação (2º/1 EBF). 17º EBF estabelece que são dedutíveis à
coleta de IRS, nos termos do 78º CIRS.

NORMAS ANTI-ABUSO
 16º/6 CIRS – objetivo é o de evitar que uma pessoa transfira a sua residência para
um paraíso fiscal apenas com o intuito de obter vantagens fiscais, nomeadamente
ficar sujeito a uma tributação mais reduzida;
 71º/16 CIRS – estabelece uma alíquota de tributação agravada, pois a ideia
subjacente é a de que o rendimento quando chegar ao país de residência não será
sujeito a tributação ou sujeito a uma tributação muito reduzida;
 72º/17 CIRS – estabelece uma taxa de tributação agravada, pois a ideia subjacente
é a de que o rendimento quando for recebido em PT deve ficar sujeito a uma
alíquota de tributação mais elevada, porque não foi sujeito a tributação ou foi sujeito
a uma tributação muito reduzida;
 73º/6 CIRS – sede de tributação autónoma que se estabelece uma alíquota de
tributação mais agravada e uma presunção ilidível.

ART.104º/1 CRP
O IRS é antes de mais um imposto pessoal, na medida em que, para efeitos de tributação,
considera a situação específica dos sujeitos passivos, nomeadamente a sua situação
pessoal e familiar – releva para a forma como se tributam residentes e não residentes para
efeitos fiscais em PT, no caso do rendimento da Categoria A e H.
Apesar de o IRS ser um imposto pessoal tem características de imposto real em que as
alíquotas de tributação são estabelecidas sem ter qualquer consideração pela situação
pessoal e familiar do sujeito passivo – exemplo da Categoria E.
Quanto à progressividade, o IRS é um imposto progressivo, estabelecendo a aplicação de
alíquotas variáveis, que aumentam à medida que os rendimentos do sujeito passivo
também aumentam. A progressividade resulta ainda de outras características inerentes do
IRS, como as deduções à coleta. Contudo o IRS também tem características de
proporcionalidade, na medida em que estabelece alíquotas fixas, como o 72º CIRS, 71º
CIRS.
Por ultimo, o IRS é um imposto único, na medida em que tributa o rendimento global de
uma pessoa singular na respetiva categoria.

NUM CASO IRS


1. caracterizar o imposto (3º + 4º LGT + 104º/1 CRP): “Estamos perante o Imposto
sobre o Rendimento Pessoal, que por exigência da CRP, deve ser um imposto
pessoal, único, progressivo e com objetivos redistributivos, estes últimos satisfeitos
com a unidade e progressividade, bem como com as deduções à coleta de
despesas sociais. Deve recair sobre o rendimento líquido global porque este reflete
de forma mais rigorosa a capacidade contributiva do sujeito. A tributação global não
discrimina categorias de rendimentos, sendo então mais justa e mais neutra por não
interferir nas opções dos contribuintes. O IRS na realidade não é imposto único,
mas dual, porque temos rendimentos sujeitos a englobamento (22º CIRS –
progressividade), e uma tributação não sujeita a englobamento (taxas liberatórias e
especiais – 71º e 72º CIRS – proporcionalidade).”
2. Incidência pessoal: “x é sujeito passivo residente (13º/1 e 16º/1 CIRS) cuja matéria
coletável é determinada nos termos do 25º e ss, não sendo tributado às taxas dos
71º a 73º, sujeito a englobamento nos termos do 22º, com as deduções à coleta dos
78º e ss e aplicação da taxa final do 68º CIRS.”
- identificar os sujeitos passivos (13º):
- identificar questão de serem ou não residentes e implicância disso (15º + 16º)
- identificar se é questão de cônjuges (13º/2 + 4 sujeitos a tributação individual ou
conjunta se optarem por tal 69º)
- identificar se há dependentes (13º/4 a) + 5)
- se houverem ascendentes discutir que não integram no agregado, mas estão
previstas deduções à coleta 78º-A
3º Calcular a coleta:
- Identificar categoria:
CATEGORIA A:
i. Art.2º para determinarmos remunerações tributáveis e ver sempre 2º-A para
vermos se é alguma remuneração não tributável;
ii. Dedução pelo 25º e ss;
iii. Regime de tributação: Rendimento líquido do trabalho dependente apurado
por sujeitos passivos residentes é sujeito a englobamento obrigatório (22º/1
e 22º/3/b a contrario CIRS). Casos que não estão sujeitos a englobamento
obrigatório: gratificações auferidas pela prestação ou em razão da prestação
de trabalho, quando não atribuídas pela entidade patronal (ex: gorjetas dos
profissionais de banca nos casinos) – 72º/3 CIRS.
iv. Taxa aplicável: Ao rendimento global líquido aplicam-se as taxas gerais de
IRS (68º CIRS) – taxas de imposto progressivas, por escalões. Ao valor da
coleta calculada mediante a aplicação das taxas gerais de IRS são
efetuadas deduções à coleta (78º e ss. CIRS). Apura-se, assim, o valor do
imposto final devido.
Os residentes não habituais são sujeitos a taxa especial de tributação
autónoma de 25% (72º/6 CIRS).
Os não residentes têm tributação por retenção na fonte a título definitivo
(71º/4/a CIRS). Podem ser englobados por opção do sujeito passivo não
residente (71º/8 CIRS). Mas estão excluídos do regime de englobamento
(22º/3/a CIRS).
v. Retenção na fonte: O valor destas retenções, que têm natureza de
adiantamento por conta do imposto devido em termos finais, é dedutível à
coleta (78º/2 e 3 CIRS). As entidades devedoras de rendimentos do
trabalho dependente são obrigadas a reter o imposto no momento do seu
pagamento ou colocação à disposição dos respetivos titulares, mediante a
dedução das importâncias correspondentes à aplicação das taxas de
retenção (99º/1/a CIRS).

CATEGORIA B:
i. Rendimentos tributáveis: 3º Vai levar a que se pressuponha que o imóvel
gerador das rendas é objeto de afetação aos ativos de uma atividade
empresarial ou profissional, tributada no âmbito desta categoria (29º/1
CIRS). Caso o imóvel provenha do património particular do sujeito passivo,
a afetação aos ativos empresariais/profissionais gera mais-valia suspensa
(10º/1/a e 10º/3/b); a transferência do imóvel do património empresarial para
o particular constitui mais-valia, tributável na categoria B (3º/2/c).
ii. Momento relevante para tributação: 3º/6 CIRS
iii. Especificidades de rendimentos: A. Contabilidade Organizada – 32º e 33º B.
Regime Simplificado de Tributação – 31º C. Atos isolados – 30º D. Opção
de tributação segundo as regras da categoria A – 28º/8 E. Imputação
especial – 20º
RESULTA NO 28º regra geral é o regime simplificado.
iv. Regime tributável: O rendimento tributável obtido por sujeitos passivos
residentes, quer seja apurado através da Contabilidade Organizada ou
Regime Simplificado, é objeto de englobamento obrigatório – 22º/1 e 22º/3/b
a contrario CIRS.
v. Taxa aplicável: Ao rendimento global líquido aplicam-se as taxas gerais de
IRS (68º CIRS) – taxas de imposto progressivas, por escalões.
Ao valor da coleta calculada mediante a aplicação das taxas gerais de IRS
são efetuadas deduções à coleta (78º e ss. CIRS). Apura-se, assim, o valor
do imposto final devido.
vi. Retenção na fonte: O valor destas retenções, que têm natureza de
adiantamento por conta do imposto devido em termos finais, é dedutível à
coleta (78º/2 e 3 CIRS).

CATEGORIA E:
i. Rendimentos tributáveis: Rendimentos que correspondem a frutos e demais
vantagens económicas procedentes, direta ou indiretamente, de elementos
patrimoniais, bens, direitos, ou situações jurídicas, de natureza mobiliária –
5º/1 CIRS.
ii. Momento relevante para a tributação: Os factos geradores de rendimentos
de capitais são, em regra, factos continuados, verificando-se a necessidade
de os periodizar para efeitos de tributação (7º CIRS).
Vencimento – em virtude do decurso do prazo, o credor adquire o direito de
exigir do devedor o cumprimento da obrigação.
Colocação à disposição devedor procede ao cumprimento da sua obrigação
sem necessitar da colaboração do credor.
Apuramento do quantitativo: operações algébricas destinadas ao
apuramento de um montante de rendimento, ou a sua liquidação, que se
torna certo e exigível.
iii. Inexistência de deduções específicas e deduções de perdas: o rendimento
bruto corresponde ao rendimento tributável, visto não ser admissível para
efeitos fiscais a dedução de quaisquer gastos inerentes à obtenção dos
rendimentos. O titular não tem de incorrer em despesas para o efeito.
iv. Regime de tributação: aplicação de retenção na fonte a título liberatório – os
rendimentos de capitais obtidos em território português, tanto por ser
residentes como por não ser residentes, estão sujeitos a retenção na fonte a
titulo definitivo e a taxas liberatórias:
- taxa de 28% 71º/1 em caso de residente?
- taxa de 35% 72º/17 em caso de não residente?
Se não for possível fazer retenção na fonte por falta de uma entidade que
possa cumprir a função de substituto tributário em Portugal, a taxa é de 28%
72º/1 d).
Ao estarem sujeitos a taxas liberatórias do 71º estes rendimentos não são
englobados (22º/3 CIRS). Se forem residentes em Portugal podem optar
pelo englobamento, para efeitos de tributação (71º/8 – incluindo
rendimentos sujeitos a tributação autónoma a taxa especial).
 Essa opção é do sujeito passivo (22º/5), sendo que a retenção na fonte
assume a natureza do pagamento/adiantamento por conta do imposto
devido a final (71º/9).
 Se optarem pelo englobamento, há uma eliminação da dupla tributação
económica pelo art.40º-A: os lucros recebidos são apenas considerados
em 50% do seu valor, no caso de opção pelo englobamento; se noa
optar pelo englobamento são tributados pela taxa liberatória de 28% que
incide sobre os 100% do valor dos lucros.
 Se não optarem pelo englobamento, ficam dispensados de apresentar a
declaração anual destes rendimentos (58º/1 a)), não abrangendo isto
aqueles que optem pela tributação conjunta (58º/3 a))

CATEGORIA F
i. Rendimentos tributáveis: a fonte produtora de rendimento são os imóveis –
justifica a plena autonomização da categoria, no âmbito da estrutura cedular
adotada pelo CIRS
Art.8º - nr 3 e 4 definem a noção de prédio
- Renda: prestação pecuniária, periódica, através da qual o arrendatário
cumpre a obrigação de pagar ao senhorio um preço pelo direito temporário
de uso e fruição do imóvel arrendado (8º/2).
Só se tributa as rendas pagas ou colocadas à disposição. A dedutibilidade,
em sede de IRS, do IMI pago, contribui para atenuar a “sobretributação”,
mitigando o efeito da sobreposição entre a tributação dos rendimentos
prediais e a tributação patrimonial estática dos prédios arrendados.
ii. Deduções específicas: admite-se a dedução dos encargos inerentes à
obtenção do rendimento (41º CIRS). O direito à dedução dos gastos
relacionados com o imóvel objeto de arrendamento não depende do exercício
pelo sujeito passivo da opção pelo englobamento (sujeitando às taxas gerais
progressivas do 68º CIRS).
- sublocação não admite qualquer dedução (8º/2 c) + 41º/6)
- dedução de perdas: O resultado líquido negativo, apurado em determinado
ano, só pode ser deduzido aos rendimentos líquidos positivos desta mesma
categoria, apurados nos 6 anos seguintes àquele a que respeita a perda
(55º/1/b CIRS).
Não existe comunicabilidade horizontal de perdas entre as categorias de
rendimento do IRS. Impossibilidade de compensação entre ganhos e perdas
apurados pelo sujeito passivo num mesmo ano, mas em diferentes categorias
de rendimento.
Limitações ao reporte das perdas da Categoria F (55º/8).
iii. Taxa a aplicar: 72º/1 e) – rendimentos prediais não são somados aos
rendimentos de outras categorias – são tributação autónoma e não um
regime de englobamento.
Ao valor dos rendimentos prediais, já liquido das deduções de gastos do 41º
é aplicada a taxa especial do 72º/1 e) (28%). Seguindo este regime de
tributação autónoma não há deduções à coleta (78º e ss).
 Pode haver opção pelo englobamento (72º/8). Fica obrigado a englobar
a totalidade dos rendimentos dessa categoria (22º/5). Nesse caso fica
sujeito às taxas progressivas (68º) e todas as características do imposto
que se aplicam no contexto do regime de englobamento.
 No caso de haverem incentivos fiscais À reabilitação urbana há uma
previsão de taxa de tributação autónoma mais reduzida para casos de
reabilitação urbana 71º/7
iv. Regime de tributação: rendimentos prediais encontram-se sujeitos a retenção
na fonte apenas quando as rendas forem pagas por pessoa singular ou
coletiva que disponha ou deva dispor de contabilidade organizada (101º/1
CIRS). Aqui a retenção é de 25% (101º/1 e)), com natureza de adiantamento
por conta do imposto devido em termos finais.
 Obrigações acessórias (115º/5 CIRS) os titulares de rendimentos da
categoria F são obrigados a passar recibos de quitação, em modelo
oficial, de todas as importâncias recebidas dos seus inquilinos, pelo
pagamento de rendas (8º/2 a) a e))
 Afetação do imóvel ao património empresarial: Configura um facto
tributário (10º/1/a) mas o ganho só se considera obtido no momento da
posterior alienação onerosa dos bens em causa ou da ocorrência de
outro facto que determine o apuramento de resultados em condições
análogas – 10º/3/b CIRS.
Aquando da afetação do imóvel gerador de rendas aos ativos de uma
atividade empresarial por si exercida em nome individual (tributando-se
na Categoria B), o sujeito passivo é suscetível de apurar uma mais-
valia. Contudo, esta fica suspensa até que o imóvel em causa seja
alienado a terceiro ou reafectado ao património particular do seu titular
(sem ser para arrendamento de bem imóvel habitacional, onde nesse
caso a suspensão se manteria).
 Desafetação do imóvel ao património empresarial: Transferência do
património empresarial para o património particular do empresário
constitui uma mais-valia, tributável pela Categoria B – 3º/2/c CIRS.
 Se for um imóvel habitacional, não se considera que haja uma
transferência para o património particular do empresário e não se
preenche a norma do 3º/2/c (3º/9 CIRS).
 ASSIM: Enquadra-se o sujeito passivo pelo 28º CIRS. Há dedução de
perdas (55º CIRS). Integrado na Categoria B, a venda do imóvel vai
gerar uma mais-valia profissional que se apura pelo 46º CIRS. Não se
aplica o 43º/2 (só para a Categoria G) e são tributados em 100% do seu
valor.
Retenção na fonte: 101º/9 CIRS  101º/1 CIRS – os rendimentos
prediais auferidos no âmbito do exercício de uma atividade empresarial e
profissional sujeitos à taxa de 25% (alínea e)) desde que sejam pagos
por uma pessoa singular ou coletiva que disponha de contabilidade
organizada.
Alojamento Local: enquadra-se no 4º/1/h, pois inclui serviços
complementares como limpeza e receção.
CATEGORIA G
i. Rendimentos tributáveis: 9º CIRS.
 9º/1 a) + 10º - Mais valias: corresponde a uma autorização em bens ou
direitos – ganho de carater ocasional ou fortuito que se gera na esfera do
proprietário alienante, sem que tal se verifique no contexto do
desenvolvimento de uma atividade empresarial. Este ganho revela uma
capacidade contributiva, o que justifica a respetiva sujeição a imposto.
 Factos geradores de Mais-valias: podem corresponder a ganhos obtidos
que, não sendo considerados rendimentos empresariais e profissionais,
capitais ou prediais, resultem dos seguintes factos geradores
(imobiliárias 10º/1 a) e d); mobiliárias 10º/1 b), e), f), g), h); referentes a
propriedade intelectual/industrial 10º/1 c))
ii. Momento da obtenção do ganho – 10º/3 as mais-valias consideram-se
obtidas no momento da prática dos atos que dao origem aos ganhos.
iii. Especificidades das mais valias:
 Mais-valias imobiliárias: Os ganhos derivados da alienação a título
oneroso de prédios, mesmo que constituam mais-valias tributáveis pelo
10º CIRS, só ficam sujeitos a IRS se a aquisição dos bens ou direitos a
que dizem respeito tiver ocorrido já depois da entrada em vigor do CIRS
(1989). Constitui uma exclusão de incidência.
- Determinação do valor da mais-valia tributável: 43º CIRS – o ganho
sujeito a IRS a título de mais-valias corresponde ao saldo apurado entre
as mais-valias e as menos-valias realizadas no mesmo ano. A mais-valia
imobiliária resulta da diferença positiva entre o valor obtido com a
transmissão do imóvel (valor de realização) e o valor pago aquando da
aquisição do mesmo (valor de aquisição). Se a diferença for negativa,
temos menos-valia. Se for positiva, temos mais-valia.
O saldo entre mais-valias e menos-valias realizadas no mesmo ano, por
residentes, quer seja positivo ou negativo, é apenas considerado em
50% do seu valor (43º/2 CIRS)
- Dedução de perdas nas mais valias imobiliárias: as perdas apuradas
numa categoria devem ser reportadas para o futuro, pelo sujeito passivo
que as obteve (55º).
- Regime de tributação: residentes – englobamento obrigatório e fica
sujeito às taxas progressivas do 68º, sendo esse montante a englobar
apenas 50% do valor do saldo positivo (43º/2). Não residentes – art.18º
para apurar os rendimentos em Portugal sendo tributados pelo valor total
da mais-valia pelo 72º/1 a). Não residentes com estabelecimento estável
– tributa-se o valor total das mais valias pelo 72º/2 a).
- obrigações acessórias: sujeitos passivos residentes encontram-se
obrigados à apresentação da declaração anual de rendimentos modelo 3
do IRS (57º).
 Mais-valias mobiliárias: 43º valor tributável – resulta da diferença positiva
entre o valor obtido com a transmissão (valor da realização) e o valor
pago aquando da aquisição do mesmo (valor de aquisição). Se a
diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição for negativa,
temos menos-valia. Se for positiva, temos mais-valia.
O valor de realização é definido no 44º/1 e o de aquisição nos art. 45º e
48º + 43º/6.
- Regime de tributação: tributação a uma taxa especial de tributação
autónoma, tanto para residentes como para não residentes (72º/1 c)). É
pelo valor total, pois o 43º/2 não se aplica a estas mais-valias.
Os residentes podem optar pelo englobamento (72º/8), ficando obrigados
a englobar a totalidade dos rendimentos da mesma categoria (22º/5).
 Mais-valias referentes a propriedade intelectual/industrial: 10º/4 a) e
51º/b), sendo sujeita a uma taxa de tributação autónoma especial (72º/1
c)), sendo possível que os residentes englobem (72º/8). Apenas se
consideram 50% do valor 43º/2.
 A menos valia: não há rendimento a tributar (artigos 9.º, n.º 1, alínea a),
10.º, n.º 1, alínea b) e 43.º, n.º 1, todos do CIRS).

CATEGORIA H
i. Rendimentos tributáveis: pensões 11º/1 (APD considera que à partida não há
nenhuma diferença entre as pensões e os rendimentos de trabalho
dependente (Categoria A)).
ii. Coleta: 53º/1
iii. Regime de tributação: rendimento de englobamento obrigatório 22º/1 e 22º/3
b) a contrario. Exceto: 83º-A.
Ao englobamento aplicam-se as taxas gerais progressivas do IRS – 68º. Há
deduções à coleta 78º e ss.
Retenção na fonte – incide sobre o valor das pensões liquidas da dedução
prevista no 53º + 99º/1 b)
Pagamento por conta opcionais – 102º/8 regime opcional de pagamentos pro
conta, a efetuar pelos titulares de pensões, no caso de entidades devedoras
não se encontrarem abrangidas pela obrigação de efetuar as retenções previstas
no 99º.

DEDUÇÕES À COLETA (78º e ss)


i. Só podem haver deduções à coleta a determinado rendimento se o mesmo for
sujeito a englobamento e ainda à aplicação das taxas gerais do 68º.

TAXAS ESPECIAIS (art.72º CIRS)


i. 28%:
a) Alguns rendimentos de não residentes:
- As mais-valias previstas nas als. a) a d) do art. 10º/1, auferidas por não
residentes em território português que não sejam imputáveis a estabelecimento
estável nele situado;
- Outros rendimentos auferidos por não residentes em território português que
não sejam imputáveis a estabelecimento estável nele situado e que não sejam
sujeitos a retenção na fonte às taxas liberatórias.
b) O saldo positivo entre as mais-valias e menos-valias, resultante das operações
previstas nas als. b), c), e), f), g) e h) do art. 10º/1;
c) Os rendimentos de capitais, quando não sujeitos a retenção definitiva na fonte;
4. Os rendimentos prediais;
ii. 25%:
a) . Os rendimentos auferidos por não residentes em território português que sejam
imputáveis a estabelecimento estável aí situado;
b) Rendimentos de trabalho dependente e de pensões, obtidos em território
português por não residentes, quando não sujeitos a retenção na fonte.
iii. 20%:
a) As pensões de alimentos, quando enquadráveis no art. 83º-A CIRS;
b) Os rendimentos líquidos das categorias A e B auferidos em atividades de
elevado valor acrescentado, com caráter científico, artístico ou técnico, a definir
em portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças, por
residentes não habituais em território português.
iv. 10%:
a) As gratificações auferidas pela prestação ou em razão da prestação de trabalho,
quando não atribuídas pela entidade patronal nem por entidade que com esta
mantenha relações de grupo, domínio ou simples participação,
independentemente da respetiva localização geográfica.

LIQUIDAÇÃO:
i. A liquidação corresponde à aplicação da taxa ou taxas de imposto à matéria
coletável, assim tornando certa e líquida a obrigação de imposto. A liquidação do
IRS é realizada pela AT, dado tratar-se de um imposto heteroliquidável.
ii. Os art.75º a 77º CIRS determinam esta competência apara a liquidação, bem como
os procedimentos, as formas, os prazos e a fundamentação da liquidação.
iii. O direito da AT a liquidar os tributos caduca, nos termos do prazo geral de
caducidade, se a liquidação não for efetuada (e validamente notificada ao
contribuinte) no prazo de quatro anos (art. 45º/1 LGT). Em situações específicas, a
lei fixa outros prazos de caducidade do direito à liquidação, como sucede com o
prazo de doze anos previsto no art. 45º/7 LGT.
iv. A par da liquidação do IRS relativa ao rendimento coletável decorrente do
englobamento, mediante a aplicação das taxas gerais de imposto previstas no art.
68º CIRS, este imposto compreende um outro tipo de liquidação – a liquidação do
IRS devido às taxas especiais de tributação autónoma previstas no art. 72º CIRS,
para os rendimentos que se encontram sujeitos a este regime. Também esta
liquidação é feita pela AT.
Cabe, por fim, referir a liquidação relativa à aplicação das taxas de tributação
autónoma previstas no art. 73º CIRS: trata-se de uma tributação autónoma de
encargos (e não de rendimento), que apenas por razões de comodidade na
administração e liquidação de imposto se encontra integrada no IRS.

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