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CURSO DE CONTABILIDADE E AUDITORIA

FISCALIDADE E FINANÇAS PÚBLICAS

Correcção do II Teste

Parte I

1. Comente de forma detalhada sobre Fiscalidade e Finanças Públicas (2.0V)

R: A Fiscalidade traduz a exigência de tributos com o objectivo de abastecer os cofres


públicos, sem que outros interesses interfiram no direccionamento da actividade tributaria.
Significa olhar para o tributo, simplesmente, como ferramenta de arrecadação, meio de
geração de receita. Cabe esclarecer ainda que, essa arrecadação pode ser de tributos
vinculados ou não vinculados, Enquanto que, Finanças Públicas designa a actividade
económica de um ente público tendente a afectar bens à satisfação de necessidades que lhe
estão confiadas.

O Termo Finanças Publicas Associa-se a toda actividade do Estado que envolve a realização
de despesas e a obtenção de receitas com vista à satisfação do interesse geral numa sociedade
política (embora a actividade financeira do Estado não se esgote nesta realização de despesas
e obtenção de receitas).

2. Fale do Orçamento do Estado e diga qual a relação que existe entre o Orçamento e os
Impostos. (2.0V)

R: Orçamento do Estado - Art.130 CRM

Orçamento é uma previsão de receitas (incertas) e despesas (concretas) a realizar num


determinado periodo e dos processos de as cobrir. Em Moçambique, o periodo da realizaçao
das receitas e despesas e de 1 ano, coincidindo com o ano civil. Ora esta realizacao (execucao)
obedece a uma autorizacao e aprovacao por parte da Assembleia da Republica.
A CRM contempla o Orçamento como instrumento do Estado, dai que sobre o ponto de vista
juridico o Orcamento tenha uma base constitucional

Os impostos são prestações coactivas, definitivas, unilaterais, estabelecidas pela lei, a favor de
uma entidade incumbida da prossecução de uma função pública, para a realização de fins
públicos, sem carácter de sanção.

Os impostos constituiem receitas públicas (do Estado), reguladas pelo direito fiscal e
tributário.
A relacao que existe com os impostos é que estes fazem parte da componente das receitas mais
importantes do Orçamento.

3. O Governo moçambicano na sua última sessão de Conselho de Ministros, como forma de


reduzir o deficit orçamental aprovou o agravamento da taxa do Imposto de Rendimento das
Pessoas Colectivas (IRPC) de 32% passando para 40% fazendo com que as empresas que tenham
maior lucro tributável no final do exercício paguem mais. Comente. (2.0V)

R: a aprovacao do agravamento da taxa do IRPC feita pelo Conselho de Ministros e


inconstitucional, porque e da competencia da Assembleia da Republica a aprovacao das taxas
dos impostos, nos termos do numero 2 do artigo 127 da Constituicao da Republica de
Mocambique, que refere que ”os impostos são criados ou alterados por lei, que determina a
incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.”

4. Fale das caracteristicas e do IVA e diga como se calcula. (2.0V)

R: O imposto sobre o valor acrescentado (IVA) apresenta as seguintes características:

 É um imposto geral sobre o consumo, pois incide sobre as transmissões de bens, as


prestações de serviços e as importações;
 É um imposto plurifásico porquanto liquidado em todas as fases do circuito económico,
desde o produtor ao retalhista;
 Sendo um imposto plurifásico não é cumulativo porquanto o pagamento do imposto devido
é fraccionado pelos vários intervenientes do circuito económico, através do método do
crédito do imposto.

Cálculo do IVA - Como ficou dito, o IVA sendo um imposto plurifásico não produz, em
princípio, quaisquer efeitos cumulativos graças ao método utilizado para o seu cálculo -
método do crédito do imposto.

Este método consiste no seguinte:

Todos os operadores ao longo de um circuito económico são obrigados a liquidar imposto nas
suas operações, isto é, a fazer incidir a taxa do imposto sobre os respectivos preços.

No entanto, para determinar o imposto a entregar nos cofres do Estado, cada operador deverá
deduzir ao montante do imposto liquidado nas suas operações (vendas e, ou prestações de
serviços) o montante do imposto que onerou as suas aquisições e que deverá constar das
facturas dos seus fornecedores.

Como se deduz, o operador é devedor do Estado pelo imposto que liquida aos seus clientes e,
ao mesmo tempo, credor do Estado pelo imposto suportado nas compras efectuadas aos seus
fornecedores.
O imposto a entregar ao Estado será o valor correspondente à diferença entre o imposto
liquidado e o imposto suportado, devendo a diferença ser positiva.

5. Fale, comparativamente, dos regimes de tributação do IRPS, IRPC e do IVA. (2.0V)

IRPS - Para os titulares dos Rendimentos da Segunda Categoria

Regime de Contabilidade Organizada

Nos termos do artigo 72 do CIRPS - Os titulares de rendimentos da Segunda Categoria, cujo


volume de negócios do ano anterior seja superior a 2 500 000,00MT são obrigados a dispor de
contabilidade organizada nos termos da lei comercial e fiscal, que permita o controlo do
rendimento apurado.

Regime Simplificado de Escrituração


Nos termos dos artigos 73 e 74 do CIRPS, ficam enquadrados neste regime os sujeitos passivos
com rendimentos da Segunda Categoria, cujo volume de negócios anual seja igual ou inferior a
2 500 000,00 MT

Regime Simplificado de Determinação do Rendimento Colectável


Nos termos do artigo 33 do CIPRS - Ficam abrangidos pelo regime simplificado de
determinação do rendimento colectável os sujeitos passivos enquadrados na Segunda Categoria,
que não tendo optado pelo regime de contabilidade organizada ou pelo regime simplificado de
escrituração, previstos nos artigos 72 e 73 respectivamente, e apresentem, no exercício anterior
ao da aplicação do regime, um volume total anual de negócios não superior a 2 500 000,00 MT:

IRPC

Regime de Contabilidade Organizada

ARTIGO 75 do CIRPC – (Obrigações contabilísticas das empresas)


As sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, as cooperativas, as empresas públicas e
as demais entidades que exerçam, a título principal, uma actividade comercial, industrial ou
agrícola, com sede ou direcção efectiva em território moçambicano, bem como as entidades que,
embora não tendo sede nem direcção efectiva naquele território, aí possuam estabelecimento
estável, são obrigadas a dispor de contabilidade organizada nos termos da lei comercial e fiscal
que, além dos requisitos indicados no nº 3 do artigo 17, permita o controlo do lucro tributável.
Assim como sujeitos passivos cujo volume de negócios anual seja igual ou superior a 2 500
000,00 MT

Regime Simplificado de Escrituração

ARTIGO 76 do CIRPC – (Regime simplificado de escrituração de entidades que exerçam


actividade comercial a título principal)
1. As entidades com sede ou direcção efectiva em território moçambicano que exerçam, a título
principal, uma actividade comercial, industrial ou agrícola, que não disponham de
contabilidade organizada nos termos do artigo anterior, devem possuir obrigatoriamente os
seguintes registos:
a) Livro de registo de compras de mercadorias e ou livros de registos de matérias-primas e de
consumo;
b) Livro de registo de vendas de mercadorias e ou livros de registos de produtos fabricados;
c) Livro de registo de serviços prestados;
d) Livro de registo de despesas e de operações ligadas a bens de investimento;
e) Livro de registo de mercadorias, matérias-primas e de consumo, de produtos fabricados e
outras existências à data de 31 de Dezembro de cada ano.

Regime Simplificado de Determinação do Lucro tributável

ARTIGO 47do CIRPC – (Regime simplificado de determinação do lucro tributável)


1. Ficam abrangidos pelo regime simplificado de determinação do lucro tributável os sujeitos
passivos residentes que exerçam a título principal, uma actividade de natureza comercial,
industrial ou agrícola, com a excepção dos que sejam obrigados a possuir contabilidade
devidamente organizada e que apresentem, um volume de negócios não superior a 2 500 000.00
MT e que não tenham optado pelo regime de escrituração simplificada, nem pela determinação
do lucro tributável previsto na Secção III do presente capítulo.
2. No exercício do início de actividade, o enquadramento no regime simplificado faz-se,
verificados os demais pressupostos, em conformidade com o valor total anual de proveitos
estimado, constante da declaração de início de actividade, caso não seja exercida a opção a que
se refere o número anterior.
3. O apuramento do lucro tributável resulta da aplicação dos seguintes coeficientes:
a) 0,20 ao valor das vendas de mercadorias e de produtos; e ao coeficiente;
b) 0,20 ao valor das vendas e prestações de serviços de alojamento, restauração e bebidas;
c) 0,30 nos restantes proveitos.

IVA
Regime Normal - Ficam sujeitos ao regime de tributação simplificada, os contribuintes com
volume anual de negócios superior 2 500 00,00MT, ou que sejam obrigados a possuir,
contabilidade regularmente organizada para efeitos de tributação sobre o rendimento, ou
efectuem operações de importação, exportação ou actividades conexas.

Os contribuintes referidos no número anterior apuram o imposto devido ao Estado através da


aplicação de percentagem de 17% ao valor das vendas realizadas ou serviços realizados.

Regime de Tributação Simplificada – nos termos do artigo 42 do CIVA - Ficam sujeitos ao


regime de tributação simplificada, previsto nesta subsecção, os contribuintes com volume anual
de negócios superior a 750 000,00MT e inferior a 2 500 00,00MT,que não possuindo, nem sendo
obrigados a possuir, contabilidade regularmente organizada para efeitos de tributação sobre o
rendimento, não efectuem operações de importação, exportação ou actividades conexas.
Os contribuintes referidos no número anterior apuram o imposto devido ao Estado através da
aplicação de percentagem de 5% ao valor das vendas realizadas ou serviços realizados; com
excepção das vendas de bens de investimento corpóreos que tenham sido utilizados na
actividade por eles exercida.
Regime de Isenção – nos termos do Artigo 35 do CIVA, Beneficiam de isenção do imposto os
sujeitos passivos que, não possuindo nem sendo obrigados a possuir contabilidade regularmente
organizada, para efeitos de tributação sobre o rendimento, nem praticando operações de
importação, exportação ou actividades conexas, tenham atingido, no ano civil anterior, um
volume de negócios igual ou inferior a 750 000,00 MT.

Parte II

Emídio é trabalhador independente e exerce a actividade de advocacia. Em 2007, facturou aos


seus clientes 2.700.000 MT, enquadrando-se obrigatoriamente no regime de contabilidade
organizada.

Em 2008, Emídio apresentou os seguintes proveitos e despesas:

Valores em MT
A Facturação 3.000.000

B Custos
- Renda do escritório 600.000 (Custo aceite)
- Despesas com: água, energia, telefones 65.000 (Custo aceite)
- Despesas de economato 48.000 (Custo aceite)
- Salários e contribuições para o INSS de empregada de limpeza, secretária e estafeta 310.000
(são aceites como custo fiscal até 10% dos proveitos, ou seja, 10% x 3.000.000 = 300.000
MT., sendo assim 10.000 deve acrescer - Cfr artigo 35 do CIRPS)
- Seguro, reparações com a referida viatura 1.800 (se for viatura ligeira - Custo não aceite em
50% = 900 - Cfr artigo 36 do CIRPC) ou (se for viatura de carga – Custo aceite)
- Combustível da viatura afecta à actividade 5.000 (se for viatura ligeira de passageiros -
Custo não aceite em 50% se for viatura ligeira = 2.500 - Cfr artigo 36 do CIRPC) ou (se for
viatura de Carga – Custo Aceite)
- Despesas de representação (almoços com clientes) 50.000 (Custo não aceite em 40.000 - Cfr
artigo 36 do CIRPC)
- Deslocações e estadas do Emídio 310.000 (Custo nao aceite em 10.000 Cfr artigo 35 do
CIRPS)
- Deslocações do estafeta 15.000 (Custo aceite)
- Multas 10.000 (Custo não aceite - Cfr artigo 36 do CIRPC)

Pretende-se:
1. Faca as correcções fiscais
2. Apure o IRPS

Proveitos = 3.000.000
Custos = 1.414.800
RLE = 1.585.200
Acrescer =10.000+900+2.500+40.000+10.000=63.400
RLE = 1.648.600
- 225.000 (MNT ) = 1.423.600 * 25% = 355.900 – 35.700(Parcela a abater) = 320.200 -1.800
(situacao pessoal e familiar) = 318.400 IRPS a pagar

Ou
Se for viatura de carga

RLE = 1.585.200 +10.000+40.000+10.000 = 1.645.200 – 225.000 = 1.420.000*25% = 355.050


– 35.700 = 319.350 IRPS a pagar

Parte III

A Sociedade Carla Hair Lda, tem salões de cabeleireiro e de estética e teve um volume de
negócios no ano 2016 de 1.800.000 MT. A Socieade não fez opção por algum dos regimes de
tributação.

Em 2017, obteve os seguintes proveitos:


􀂃 Serviços de cabeleireiro e de estética: 1.810.000 MT
􀂃 Venda de produtos de beleza: 490.000 MT

Pretende-se o cálculo do Rendimento Colectável

1.810.000 * 30% = 543.000


490.000 * 20% = 98.000
O rendimento colectavel = 641.000

Parte IV

Um fabricante de Máquinas(Viaturas), enquadrado no regime normal do IVA, num determinado


mês, efectou as seguintes operações:

Compras de matéria-prima – 50.000.000,00 Mt + IVA

Aquisição de uma máquina – 25.000.000,00Mt + IVA

Vendas de viatura – 500.000,00Mt + IVA

Qual sera o IVA a entregar ao Estado?

Compras de matéria-prima – 50.000.000,00 *1,17 = 58.500.000 IVA suportado = 8.500.000

Aquisição de uma máquina – 25.000.000,00 *1,17 = 29.250.000 IVA suportado = 4.250.000

Vendas de viatura – 500.000,00 *1,17 = 585.000 IVA Liquidado = 85.000


IVA a entregar ao Estado = Não há IVA a entregar porque o IVA liquidado (85.000 ) é
inferior ao IVA suportado (12.750.000) , sendo assim a empresa tem um Credito a receber do
Estado.

FIM

O Docente

Daniel Frederico Tivane

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