Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
697, de 23.7.1969, cUjo art. 4? precei- de modo a assegurar opção aos to-
tua: madores para converter seus cré-
«Art. 4? - Os títulos não regis- ditos em ações ou cotas de capital
trados na forma do Decreto-Lei n? da .empresa devedora, opção váli-
286, de 28.2.1967, não poderão ser da até a data do vencimento dos
objeto de transação ou cobrança respectivos títulos.»
judicial sem o prévio pagamento E o que se lê, às fls. 20:
da multa prevista no § 4? do art. 17 «Em face da faculdade concedi-
da Lei n? 4.728, acrescida de corre- da pelo Decreto-Lei n? 286, a Com-
ção monetária, segundo os índices panhia Siderúrgica Mannesmann
fixados para a cobrança da dívida apresentou uma proposta de liqui-
ativa da Fazenda Nacional, calcu- dação dos títulos, que foi aprovada
lada a partir do vencimento do pelo Banco Central, o qual, para is-
prazo facultado para ~ registrope- so autorizou uma emissão específi-
lo art. I? do Decreto-Lei n? 286, de ca de debêntures a serem utiliza-
28.2.67.» das no resgate das promissórias,
Releva observar, de outra parte, desde que os títulos estivessem re-
no caso concreto da Cia. Siderúrgica gistrados naquele Banco de acordo
Mannesmann, haver esta, no povo com a aludida Resolução n? 24, de
prazo do art. I?, do Decreto-Lei n? 12.6.1966.
286, de 28.2.1967, aludido ao disposto Desse modo, a Companhia Side-
no art. 17, § 2?, da Lei n? 4.728, de rúrgica Mannesmann ficou isenta
14.7.1965, verbis: do pagamento de multas, desde a
«As empresas que, na data da data da aprovação de sua proposta
pUblicação desta lei, tiverem em pelo Banco Central.
circulação títulos cambiais com Também ficaram isentos de mul-
sua responsabilidade em condições ta os portadores que se haviam uti-
proibidas por esta Lei, poderão ser lizado da faculdade de registro de
autorizadas pelo Banco Central a títulos concedida pela Resolução n?
continuar a colocação com a redu- 24 e ratificada pelo Decreto-Lei
ção gradativa do total dos papéis 286/67.»
em circulação, desde que dentro de Dessa sorte, in hoc casu, a multa
60 (sessenta) dias o requeiram, prevista no art. 17, § 4? da Lei n?
com a indicação do valor total dos 4.728, de 14.7.1965, verbls:
títulos em circulação e apresenta-
ção da proposta de sua liquidação «§ 4? - A infração ao disposto
no prazo de até doze (12) meses, neste artigo sujeitará os emiten-
prorrogável, pelo Banco Central, tes, cóobrigados e tomadores de
no caso de comprovada necessida- títulos de créditos a multa de até
de, no máximo, por mais 6 (seis) 50% (cinquenta por cento) do valor
meses,» do título,
sendo admitida a proceder consoante foi cobrada regularmente pelo Banco
o § 3? do mesmo artigo, que reza: Central do Brasil, ao ensejo em que
«§ 3? - As empresas que utiliza- a ré pretendeu ainda cobrar os titu~
rem a faculdade indicada no pará- los, pois, a tanto, autorizada a exi-
grafo anterior poderão realizar as- gência, a teor do suso transcrito art.
sembléia geral ou alterar seus con- 4? do Decreto-Lei n? 697, de 23.7.1969,
tratos sociais, no prazo de 60 (ses- dado que a ré 'não provou estivessem
senta) dias da vigência desta Lei, os mesmos registrados para ser dela
32 TFR - 71
EMENTA
sas operacionais, como tal de- quele diploma legal, pois que não
dutíveis do lucro bruto, para apura· se trata de remuneração de direto-
ção do lucro real tributável, de acor- res;» (fls. 91)
do com o preceito, já lido, do arL 37, Quanto aos honorários de advoga-
do Decreto n? 47.373, de 1959. do, fixados em 20%, não são excessi-
Por outro lado, inadmissível é a vos, sobretudo incidindo sobre o va-
equiparação dos referidos «procura- lor da causa - Cr$ 14.000,00 - e se
dores», às pessoas referidas, no art. atendermos à circunstância de
5?, §§ 2? a 6?, do Regulamento citado, prolongar-se o feito por mais de 10
para incidência das normas que li- anos.
mitam a dedução das quantias àque- Nessas condições, nego provimen-
las pagas .a título de remuneração, to à apelação, e ao recurso de ofício,
não havendo como ampliar o aludido para confirmar a sentença.
preceito, para alcançar outras situa-
ções. EXTRATO DA ATA
Bem decidiu, pois, a sentença ape- AC n? 25.919-RJ - Rel.: Sr. Min.
lada, quando afirmou que Moacir Catunda. Rev.: Sr. Min. Jor-
«Os honorários pagos àqueles ge Lafayette Guimarães. Recte. Ex
profissionais - não importa a sua Officio: Juiz Federal Substituto da 1~
modalidade - constituem parcela Vara. Apte.: União Federal. Apda.:
dedutível do lucro real para o efei- Fábrica de Rendas ARP SI A.
to de tributação, conforme o dis- Decisão: A unanimidade, negou-se
posto no art. 43, § 2?, letra a, do provimento à apelação. (Em 11-11-77
Regulamento então vigente (De- -1~ Turma).
creto n? 47.373/59);» (fls. 91)
Os Srs. Mins. Jorge Lafayette Gui-
e ainda, que marães e Oscar Corrêa Pina vota-
«em conseqüência, que não se jus- ram de acordo com o Relator. Presi-
tifica, na hipótese, aplicar-se o dis- diu o julgamento o Exmo. Sr. Min.
posto no art. 43, § 1?, letra c, da- Márcio Ribeiro.
ACORDÃO VOTO
Vistos e relQ.tados os autos em que O Sr. Ministro Armando
são partes as acima indicadas: Rolemberg (Relator): A Lei 3.807, de
Decide o Tribunal Federal de Re- 1960, no seu art. 5?, diSpôs que se-
cursos, em Sessão Plena, por maio- riam obrigatoriamente segurados da
ria, rejeitar os embargos, na forma previdência social os que trabalhas-
do relatório e notas taquigráficas sem, como empregados, no território
constantes dos autos que ficam fa- nacional (inciso I) e os trabalhado-
zendo parte integrafite do presente res autônomos (inciso IV), acrescen-
julgado. tando no art. 6? que o ingresso em
emprego ou exercício de atividade
Custas como, de lei. compreendida no seu regime obriga-
Brasília, 2 de agosto de 1979. (Data va a filiação à previdência.
do julgamento). - Ministro José Né- Atendendo a tal norma, o embar-
ri da Silveira, Presidente - Ministro gado, que desde 1958 era filiado, co-
Armando Rolemberg, Relator mo empregado, ao IAPI; em 1960
filiou-se ao IAPC na condição de au-
RELATORIO tônomo, contribuindo ao mesmo tem-
O Sr. Ministro Armando Rolem- po para as duas instituições.
berg: Demóstherres Ferreira de Al- Nessa situação veio encontrá-lo o
meida; engenheiro de minas e civil, Dec.-Lei 72, de 1966, que unificou os
que desde 1958 recolhia contribui- diversos institutos, o qual, no seu
ções, como empregado, para o IAPI, art. 39, estabeleceu.
a partir de 1960 Passou a fazê-lo para «A unificação de que trata este
o IAPC. Em 1967"'foi aposentado por decreto-lei não alterará a situação
velhice, como empregado, conti- dos atuais segurados que sejam fi-
nuando, entretanto, até 1968, a reco- liados a mais de um Instituto de
lher contribuições como autônomo, Aposentadoria e Pensões, quanto
condição em que no último ano refe- ao regime de contribuições e às
rido pleiteou nova aposentadoria, no prestações a que ora tenha direi-
que não logrou êxito, e daí propor to».
ação contra o INPS, julgada impro-
cedente na primeira instância por Dissentiram no julgamento embar-
sentença reformada, por maioria, gado os Srs. Ministros componentes
pela Terceira Turma desta Corte, da Turma quanto ao alcance da res-
em julgamento no qual predominou salva feita na dispOSição lida. Enten-
o voto seguinte do Sr. Ministro José deram os Srs. Ministros José Néri da
Néri da Silveira, ao qual emprestou Silveira e Sebastião Reis que o segu-
adesão o Sr. Ministro Sebastião Reis: rado que viesse recolhendo contri-
(lê fls. 118-121). buições para mais de uma institui-
Ficou vencido o Sr. Ministro Aldir ção, continuaria a poder contribuir
G. Passarinho que assim se mani- pelas duas atividades e teria assegu-
festou: (lê fls. 122-123). rados os direitos e benefícios, como
se não tivesse havido unificação, à
Para fazer prevalecer o voto que medida em que fossem completando
acabo de ler, o INPS opôs embargos os requisitos para auferi-los, enquan-
infringentes que, admitidos, não fo- to o Sr. Ministro Aldir Passarinho
ram contrariados, e em favor dos sustentou ser a garantia ali prevista
quais se manifestou, como assisten- à situação na data do Dec.-Lei 72/66,
te, a União. isto é, que os segurados por mais de
E o relatório. um Instituto fariam jus aos direitos
TFR - 71 45
EMENTA
Tributário - Taxa de Renovação da Marinha
Mercante - Repetição de indébito - Empresa mi-
neradora - Exportação - Código de Minas - art.
68 - Para fazer jus à limitação consignada no art.
68 do Código de Minas, então vigente, à autora cum-
pria provar que «eram de suas próprias jazidas ou
minas ou minérios exportados,» como resulta claro
do dispositvio retro copiado, posto que se refere ele
«ao valor da produção efetiva da jazida ou mina». E
porque nada provou, a ação não tinha condições de
prosperar.
EMENTA
Desapropriação.
Só são de domínio públicü - Uniãü, Estadü üu
Município, confürme a titularidade do direitü sübre lO
rio üu lago navegável - lOS terrenüs reservados que
não pertencerém ao particular pIOr titulü legitimo de
aquisiçãü anteriür à vigência da Cünstituiçãü de
1934.
Admitir lO contráriü, generalizandü ou supündü
que lO Püder Públicü se haja arvüradü senhür de
bens já incürpüradüs aIO patrimôniü privadü, seria
consagrar übra manifestamente adver~a aIO nüssü
sistema jurídico, vistü que lOS Estatutos Pülíticos bra-
sileirüs, desde os primórdios, têm garantidü o respei-
to aIO direitü de prüpriedade em tüda a sua plenitude.
Levantamento do preçü cürrespündente a essas
áreas subordinadü à prova dü dümínio pIOr parte düs
expropriadüs, sübre cuja legitimidade decidirá lO
juizü da execução.
Estimativa dü peritü oficial que atende, cüm jus-
tiça, aos interesses em cünflitü, uma vez que toma .
pIOr base lO preço pIOr alqueire em transações efetua-
das à épüca na regiãü.
A verba hünürária é devida apenas aIO exprüpria-
dü que cüntratüu advügadü, püis se destina a ressar-
cir despesas a este titulü.
Recursü da exprüpriante prüvidü em parte.
ACORDA0 nistração Ltda. e outros e, dar
provimento, em parte, áo apelo da
Vistos, relatados e discutidos estes Centrais Elétricas de São Paulo SI A,
autos em que são partes as acima in- nos termos dü voto médiü dü Sr. Mi-
dicadas: nistro Paulü Távora, na forma do re-
Acordam os Ministros que com- latório e notas taquigráficas que pas-
põem a Segunda Turma do Tribunal sam a integrar o presente julgado.
Federal de Recursos, por unanimi- Custas como de lei.
dade, negar provimento à apelação
da União Federal, aIO recurso da Brasília, 16 de marçü de 1979 (Da-
Agro-Pastoril Santü Antônio Admi- ta dü jUlgamento) - Ministro
60 TFR - 71
Moacir Catunda, Presidente - Mi- zeiros) por alqueire, (fls. 542), en-
nistro Antônio Torreão Braz, Rela- contrado pelo perito' nomeado por
tor. este Juízo - Evaristo José Gar-
cia Ribeiro - em cujo laudo con-
RELATORIO clui, às fls. 543/544, que as áreas
de Zulmira de Sduza, Conrado
o Sr. Ministro Antônio Torreão Heitor de Queiros, Onuar Heitor
Braz: Centrais Elétricas de São Pau- Mendonça, Maria Nunes Soares e
lo S/A moveu ação expropriatória uma parte de 62 alqueires de
contra Augusto de Oliveira Costa e propriedade da expropriada Agro-
outros, alegando que, pelo Decreto Pastoril São Francisco Sociedade
Civil Ltda., não se encontram
Federal n? 63.037, de 25 de julho de dentro da discriminatória.
1968, foi declarada de utilidade públi- ...
ca, para a formação da bacia de Assim, consoante o laudo do sr.
acumulação de águas que irão ali- perito de confiança deste Juízo e
mentar a Usina Hidroelétrica de Ju- costumeiramente nomeado perito
piá, uma área de 1.011,47 hectares de judicial, condeno a expropriante
terras, constituída de glebas locali- a pagar aos expropriados:
zadas no Município \ de Pereira Bar- 1 - Augusto de Oliveira Costa,
reto, Estado de São Paulo. 4,055 alqs., Cr$ 16.260,00: 2 - Joa-
Pediu a imissão provisória na pos- quim Coca, 1.656 alqs., Cr$
se e ofereceu, a título de indeniza- 6.632,00: 3 - José Guimarães de
ção, a quantia de Cr.$ 26.298,22. Souza, 36,917 alqs., Cr$ 147.668,00;
4 - José Dourado, '; ...f-l3 alqs., Cr$
Requereu, por fim, a citação da 17.772,00; 5 - Jacintho Dourado,
União Federal, que estaria movendo 5,473 alqs., Cr$ 21.892,00; 6 ..:.:... Ni-
ação discriminatória, objetivando o colau Antônio da Silva, 7,045
domínio sobre terras da Fa:z;enda Mi- alqs., Cr$ 28.180,00; 7 - Moisés
litar de Itapura, abrangidas pelo de- Triburtino, 5,674 alqs., Cr$
creto de expropriação. 22.696,00; 8 - Agro-Pastoril Sto.
Contestaram a ação Maria Nunes Antônio e Administração Ltda. e
Soares (fls. 364/366), os sucessores outro, 157,000 alqs., Cr$ 628.000,00;
de Delfino de Carvalho (fls. 63/64 e 9 - Conrado H. de Queiroz e
323/324) e de Antônio Lunardelli (fls. Onuar H. de Mendonça, 86,82
330/332 e 336), deixando de fazê-lo os alqs., Cr$ 347.380,00; 10 - Zulmira
demais expropriados. de Souza, 76,114 alqs., Cr$
304,456,00; 11 - Maria Nunes Soa-
Manifestou-se a União Federal às res, 74,69 alqs., Cr$ 298.760,00, e,
fls. 414/418, aduzindo que a área re- julgo procedente a ação para in-
ferida na inicial estava sendo objeto corporar ao patrimônio da Cen-
de ação discriminatória, em tramita- trais Elétricas de São Paulo SI A
ção na 7~ Vara Federal da mesma - CESP, as áreas objeto da pre-
Seção Judiciária. sente ação, mediante o pagamen-
San~ador a fls. 433 e laudos peri- to das parcelas a que é condenada
ciais às fls. 196/301, 446/462, 493/501 e aos expropriados, com os acrésci-
526/540.
mos legais, sendo os juros mora-
tórios contados a partir da data
O Dr. Juiz julgou a ação proceden- da imissão de posse, sobre a dife-
te nestes termos (fls. 554/560): rença entre a oferta e a indeniza-
«Para a fixação do jU9to valor ção, honorários advocatícios cal-
das terras expropriadas, acolho o culados em 10% (dez por cento)
de Cr$ 4.000,00 (guatro'mil cru- sobre a diferença, entre a oferta e
TFR - 71 61
H. Recurso provido.
ACORDA0 RELATORIO
A r. sentença recorrida, às fls.
Vistos, relatados e discutidos estes 36/38 lavrada pelo MM. Juiz Fran-
autos, em que são partes as acima ciSCO' Trindade, assim relata a espé-
indicadas. cie:
Decide a Terceira Turma do Tri- «Alcino Biancardi promove esta
bunal Federal de Recursos, por una- ação, de procedimento ordinário,
nimidade, dar provimento ao recur- com o objetivo de fazer com que a
so para reformar a sentença e julgar União o registre no Ministério do
a ação procedente, na forma do rela- Trabalho como Redator do Serviço
tório e notas taquigráficas preceden- Público, para que possa gozar das
tes que ficam fazendo parte inte- vantagens da Lei que dispõe sobre
grante do presente julgado. o exercício da profissão de jorna-
Custas, como de lei. lista.
Brasília, 24 de maio de 1978. - Mi- Alega que, nos termos do
nistro Armando Rollemberg, Presi- Decreto-Lei 972/69, requereu o re-
dente - Ministro Carlos MáriO gistro como Redator do Serviço
Velloso, Relator. Público, mas o seu pedido foi inde-
TFR - 71 67
ferido, não obstante junta-se decla- que pOdem ser registrados profis-
ração esclarecendo que exercia sionalmente. E o Autor não escon-
atividades equivalentes, sob a ale- de a sua condição de servidor, vin-
gação de que não se aplicava a le- culado à Consolidação das Leis do
gislação invocada aos servidores Trabalho, por uma relação de di-
regidos pela Consolidação das Leis reito privado, qual a resultante do
do Trabalho. contrato de emprego.» (Fls. 37).
A Ré contestou, alegando que o Apelou o vencido, às fls. 41/42. Diz
Regulamento baixado com o decre- que é redator no serviço púbLico. É
to 65.912/69 esclarece que o Minis- celetista. Deve se inscrever, não
tério do Trabalho registrará ape- tante, no órgão de classe, na forma
nas os funcionários públicos titula- do Dec.-Lei 972/69 e seu regulamento,
res de cargo cujas atribuições o Decreto n? 65.912/69. A Lei 6.183/74
coincidam com as definidas no art. estabeleceu o regime da CLT para
2? do Decreto-Lei 972/69, condição os redatores do serviço público. A
a que não atende o Autor, que é inscrição pretendida é Obrigatória e
empregado celetista do INCRA. há, apenas, imperfeição técnica no
O Autor replicou, juntando docu-
Dec.-Lei 972/69, quando se referiu a
mentos em que se acha o seu nome funcionário.
figurando como Redator do IN- Resposta à fI. 44.
CRA. Conferidas fotocópias, O parecer da douta Subprocurado-
vieram-me conclusos os autos, com ria-Geral da República, às fls. 49/50,
mais algumas centenas de outros, é no sentido do desprovimento do
para julgamento antecipado». (fls. apelo.
36/37). É o relatório.
A r. sentença julgou improcedente VOTO
a ação, condenado o Autor ao paga-
mento das custas e honorários advo- O Sr. Ministro Carlos Mário Venoso
catícios, arbitrados em 20% sobre o (Relator): O autor exerce, no IN-
valor da causa. CRA, contrato pelo regime da CLT,
Argumentou: funções equivalentes a redator (fls.
«O autor invoca o art. 3? do 10). Quer, então, registrar-se no Mi-
Decreto-Lei n? 972, de 17 de outu- nistério do Trabalho, como tal, na
bro de 1969 como fundamento do forma do Decreto-Lei n? 972, de 17-
seu direito. Mas o que estabelece o 10-69, artigos 2? e 3?, e Decreto n?
§ 2? do referido artigo não aprovei- 65.912, de 19-12-69, artigos 1? e 5?, §
ta à sua pretensão. único.
O Orgão da administração pú- Vejamos as disposições legais per-
blica direta ou autárquica que tinentes à espécie:
mantiver jornalista sob vínculo Dispõe o Decreto-Lei n? 972, de 17-
de direito público prestará, para 10-69, § 2? do art. 3?
fim de registro, a declaração de
exercício profissional ou de cum- Art.3? ........................ .
primento de estágio.» § 1? ........................... .
Em consequência, não poderia o § 2? - O orgão da administração
Regulamento dispor de modo dife- pública direta ou autárquica que
rente daquele porque o faz a lei, a mantiver jornalista sob vínculo de
que serve. Somente aqueles funcio- direito públiCO prestará, para fim
nários públicos, titulares de car- de registro, a deélaração de
gos, em virtude de relação estatu- exercício profissional ou de cum-
tária, de direito público, pois, é primento de estágio.». (fls. 37).
68 TFR - 71
ACORDA0 VOTO
Vistos, relatados e discutidos estes O Sr. Ministro Jarbas Nobre: No
autos, em que são partes as acima conceito adotado pelo artigo 3?· do
indicadas: Código Tributário Nacional, «tribu-
Decide a Segunda Turma do Tribu- to» é «toda prestação pecuniária
nal Federal de Recursos, por unani- compulsória, em moeda ou cujo va-
midade de votos, negar provimento lor nela se possa exprimir, que não
à apelação, na forma do relatório e constitua sanção de ato ilícito, insti-
notas taquigráfiças procedentes que tuída em lei e cobrada mediante ati-
ficam fazendo parte integrante do vidade administrativa plenamente
presente julgado. vinculada» .
Custas como de lei. Mesmo Código indicava como es-
Brasília, 20 de abril de 1977 (data pécies do gênero tributo, o «impos-
do julgamento) - Décio Miranda, to», a «taxa» e a «contribuição de
Presidente - Jarbas Nobre, Relator. melhoria» .
Rubens Gomes de Souza sempre se
RELATORIO rebelou contra essa divisão. Assim é
que já em 1953, ao redigir, como re-
O Sr. Ministro Jarbas Nobre. O lator, anteprojeto que mais tarde vi-
INPS ajuizou executivo fiscal para ria a servir de base ao Código vigen-
haver quantias de que é credor. te, propunha que os tributos fossem
Porque o exeqüente não conseguiu impostos, taxas e contribuições, en-
fornecer o endereço do devedor, tendidas estas como aquelas que não
após diversos pedidos de suspensão fossem especificamente impostos ou
do feito, o Dr. Juiz proferiU o seguin- taxas.
te despacho (fls. 15): Apesar desta fundada repulsa ini-
«Vistos, etc. cialmente exposta pelo pranteado
tributarista em 1951 (RDA - 26/363,
Apesar de já ter recorrido e RF - 155/21), não foi ela acolhida,
mais de cinco anos desde o ajui- de pronto.
zamento da presente execução,
até a presente data o exeqüente Tal situação, entretanto, em 14-11-
não conseguiu sequer citar o exe- 66, com o advento do Decreto-Lei n?
cutado. 27, foi devidamente esclarecida, poiS
que ao acrescentar um novo artigo
Não tendo conseguido a citação 218 ao Código, confirmou a incidên-
até agora, por <terto, não o conse- cia e a exigibilidade daquelas contri-
guirá mais e,se o conseguir, o buições que já vigoravam à data da
executado irá alegar a prescri- sua edição.
ção.
Leio o dispOSitivo, para melhor
Assim sendo, compreensão:
Julgo extinto o presente pro- «As dispOSições desta Lei ...
cesso, com fulcro no art. 267, in- não excluem a incidência e a exi-
ciso IV, do CPC. Arquivem-se, gibilidade: I - da contribuição
dando-se baixa na distribuição. sindical ... II - das denominadas
P.R.I.» quotas de previdência de que tra-
Apela o Instituto. tam os artigos 71 e 74 da LOPS;
1I1 - de contribuição destinada a
A Sulaprocuradoria-Geral da Repú- constituir o "Fundo de Assistên-
blica pede a reforma do decisório. cia e Previdência do Trabalhador
É o relatório. Rural ... »; IV - da contribuição
72 TFR - 71
EMENTA
Previdência Social.
Descabimento da remessa ex officio.
Auxílio-doença. Reajustes anuais cabíveis. Rea-
bílitação profissional insuscetível de cumprimento
sob forma de complementação salarial.
ACORDA0
Vistos, relatados e discutidos estes
autos em que são partes as acima in- O Sr. Ministro José Dantas. Trata-
dicadas: se de ação para assegurar a perma-
Acordam os Ministros que com- nência do Autor em auxílio-doença,
põem a Quarta Turma do Tribunal devidamente reajustado, desde a sua
Federal de Recursos, preliminar- incapacitação para a profissão de
mente, por unanimidade, não conhe- pedreiro, sob forma de diferença
cer da remessa e, no mérito, igual- desse auxílio e o parco salário de ge-
mente por unanimidade, negar provi- rente de hotel que passou a exercer,
mento às apelações, na forma do re- também como contribuinte da Previ-
latório e notas taquigráficas que pas- dência.
sam a integrar o presente julgado.
A sentença, apesar da períCia me-
dica afirmativa da total incapacida-
Custas como de lei. de laborativa para a primitiva pro-
BrasíiÍ.a, 29 de agosto de 1979. (Da- fissão do Autor, cingiu-se, porém, a
ta do Julgamento) .•- Ministro José mandar reajustar o auxílio-doença
Fernandes Dantas, Presidente e Re- no período de sua concessão, isto é,
lator. de 27.3.71 a 20.3.73 (fls. 81).
78 TFR 71
EMENTA
ACORDA0 RELATORIO
Vistos, relatados e discutidos estes O Sr. Ministro William Patterson:
autos em que são partes as acima in- A parte expositiva da r. sentença de
dicadas: fls:123v., 131, dá notícia dos.fatos que
originaram a propositura desta ação,
verbis:
Decide a 2~ Turma do Tribunal Fe-
deral de Recursos, por unanimidade, «Romão Andrade e Souza brasi-
negar provimento, na forma do rela- leiro, casado, ex-funcionário públi-
tório e notas taquigráficas retro, que co federal, classe b, nível 18, do qua-
ficam fazendo parte integrante do dro do Departamento de Polícia Fe-
presente julgado. deral, residente e domiciliado em
Barracão/PR, propõe a presente
Ação de Reintegração ao Cargo Pú-
Custas como de lei. blico com base no art. 125 da CF,
combinado com os arts. 150 e 153 do
Brasília, 19 de setembro de 1979. Decreto 59.310, de 23.9.66, nos se-
(Data do Julgamento) - Ministro guintes termos:
Moacir Catunda - Presidente - Mi- Em decorrência do processo ad-
nistro Wllliam Patterson, Relator. ministrativo 1/74, o qual considerou
80 TFR - 71
EMENTA
EMENTA
Previdenciário - Esposa Desquitada - Pensão
- Assistência Judiciária - Prova de Miserabílidade
e Presunção de Necessidade de Pensão Social - De-
pendência Econômica - Perda e Rec~.t>eração da
Qualidade de Dependente.
1) A perda da dependência econômica da esposa
desquitada, em conseqüênCia da dispensa dos ali-
mentos provisionais, que se deveu, no desquite, à
partilha do único bem do casal, há de ser entendida
em sua exata motivação e levando-se em considera-
ção a finalidade do instituto previdenciário, bem as-
sim a unidade do sistema jurídico.
2) A perda da qualidade de dependente, na hipó-
tese referida no art. 23, inciso lI, do Decreto n?
72.771/.73, não implica a impoSsibilidade de recupera-
ção daquela qualidade, consideFando-se a irrenun-
ciabilidade do direito a alimentos, prevista na lei ci-
vil, pois nada impede que, na omissão do regulamen-
to ou da própria lei regulamentada, tal venha a ocor-
rer, supervenientemente.
TFR - 71 87
por isso que em todos os povos menos conservar a poslçao que lo-
cultos o governo vai pela aposen- grou alcançar? Em outras palavras,
tadoria em auxílio dos funcioná- que sentido teria a estabilidade, com
rios que lhe deram o melhor de vencimentos proporcionais ao tempo
seu tempo, de sua atividade e de serviço em caso de extinção do
sacrificaram-lhe sua saúde, no cargo, ou a aposentadoria com pro-
momento em que eles se hão tor- ventos integrais, ou mesmo propor-
nado imprestáveis para a conti- cionais ao tempo de serviço, de que
nuação no serviço, nem mais po- tratam os arts. 100 e 102 da Consti-
dendo, fora dele, ganhar por ou- tuição, se não existisse a regra do §
tro modo a vida" (João Barba- 1~ do mesmo art. 102? Ou se a este
lho: «Comentátios à Constituição se pudesse dar interpretação tal que
Federal Brasileira», Rio, 1902, ao legislador ordinário (ou consti-
pág. 342. Apud José Cretella Ju- tuído), no seu poder soberano de
nior: «Direito Administrativo do criar, extinguir e reestruturar (ou
Brasil», 2~ Ed., Vol. lI, pág. 413). reclassificar) cargos, sem qualquer
E Carlos Maximiliano, outro hu- limite prévio quanto à qualidade e
manista do direito, disse que a apo- quantidade das atribuições dos mes-
sentadoria mos, não se opusessem um padrão,
um ponto de referência pelo qual o
«... é um instituto de previdên- servidor inativo pudesse aferir e fa-
cia social para evitar que a misé- zer respeitar seu direito?
ria surpreenda os velhos servido-
res do Estado, quando impossibi- Por certo não faço objeção a que o
litados de trabalhar.» Estado, no uso desse poder soberano
Apud autor, obra e local cita- de que acabo de falar, modifique e
dos). aperfeiçoe segundo os dados da ciên-
cia e da técnica, a estrutura dos ser-
Não há demagogia nesses concei- viços. E tenho na melhor conta e
tos, que destas coisas da má política respeito, como também adoto, o en-
não precisaram os dois autores cita- tendimento da Súmula n~ 38 da Ex-
dos para se tornarem venerandas fi- celsa Corte, segundo a qual não
guras de nossa história. Ao contrá- aproveita ao aposentado a reclassifi-
rio, o que vejo nos trechos citados é cação posterior do cargo.
uma serena e culta advertência, que .I.'
o legislador constituinte vem seguin-
do até nossos dias: a de dar ao servi-
Contudo, não posso aceita~-o:~~ ... e,
sem manifesto desrespeito ou pre-
dor público a necessária tranqüilida-posteração ao citado preceito consti-
de, para que não tema a miséria tucional, situações coro o as que são
quando surpreendido pela invalidez amparadas pela LeI n~ 1.050/50, ou
ou quando chegar à velhice que to- as pOSições rel;>ctvas dos funcioná-
dos esperam mas, sem o mínimo pa- rios perante ..eus quadros e carrei-
ra a cozinha e a farmácia, poucos ras ao se áposentarem, possam de
suportam. uma bl" a para outra reduzir-se a
uma .•.mica classe ou referência de
Com efeito, como poderia o Estado s~..tno, como qUis o Decreto-Lei nO
esperar de seus servidores dedica- -.j25, _de 26-4-74, agravado pela su~
ção, esforço de aperfeiçoamen~!:, p;-essao, determinada pelo art. 27, §
lealdade e tudo mais que faz 0Ym~ 6: '. do I?ecreto-Lei n~ 1.445/76, de gra-
veria fazer do serviço públic'aesse tIflcaçoes, parcelas de proventos
empresa diferente, se lhe 'h-ora de (art. 184 da Lei 1.711/52) e outras di-
a _gara~tia de, chegad~mpetir, ao f~renç~s de estipêndio indicativas de
nao maIS pOder lutar r sltuaçoes alcançadas em atividade.
TFR - 71 95
Salienta O' cO'nsagradO' civilista Or- que tem (nemO' plus ius ad aUum
landO' GO'mes: transferre quam ipse habet) cO'm O'
«A teO'ria da aparência aplica-se, de que O' errO' cO'mum faz direitO'? CO'-
também, aO' direitO' de prO'prieda- mO' negar O' princípiO' da perpetuida-
de. Razões sO'ciais e ecO'nômicas de dO' dO'míniO', ressalvadO's O'S casO's
justificam O' recO'nhecimentO' da efi- de desaprO'priaçãO', tudO' cO'nfO'rme
cácia de atO's praticados pO'r pes- garantia cO'nstituciO'nal? (C.F., art.
sO'a que se apresenta cO'mO' prO'- 153, § 22).
prietária de um bem, sem O' ser em NO' casO' da prO'priedade imóvel,
verdade, mas passandO' aO's O'lhO's exige-se, ainda, que a alienaçãO' seja
de tO'dO's cO'mO' tal. Esta situaçãO' feita a títulO' O'nerO'sO' aO' adquirente
pO'de prO'vir de circunstâncias que de bO'a-fé.
mduzam tO'da a gente a supô-la Os efeitO's da prO'priedade aparente
verdadeira e real. Perdura, às ve- sãO' desdO'bráveis em duas O'rdens:
zes,IO'ngO' tempO', só se descO'brindO'
quandO' O' prO'prietáriO' aparente já «L relações entre O' prO'prietá-
exerceu tranqüilamente seu direitO' riO' aparente e O' prO'prietário ver-
e até praticO'u atO's de dispO'siçãO'. dadeirO';
Cumpre verificar, pO'is, se esses 2.rel;:tções entre O' prO'prietáriO'
atO's sãO' válidO's. O interesse de verdadeirO' e O' terceirO' adquiren-
terceirO's, que travaram rel:;lções te» (OrlandO' GO'mes, O'br. cit.,
jurídicas cO'm O' prO'priptãriO' apa- pág.328).
rente deve ser levaa.O' em cO'nta.
NO' c~nflitO' ephe a rejllidade e a A dO'utrina e a jurisprudência têm
aparência, O' DireitO' .preO'cupadO' prO'clamadO' que O' terceirO' adquiren-
cO'm ao:S suas cO'nseqüências, dita te, na segunda O'rdem de efeitO's, ad-
"",rmas que resguardam O'S inte- quire, em caráter definitivO' a prO'-
resses em jO'gO', eliminandO' a cO'n- priedade dO' bem transferidO' pelO'
tradiçãO' que se manifesta. É irre- prO'prietáriO' aparente, se hO'uver
cusável a existência de uma prO'- cO'njugaçãO' dO's requisitO's de bO'a-fe,
priedade aparente. Impõe-se, pO'r errO' invencível e alienaçãO' a títulO'
cO'nseguinte, o- exame de sua cO'nfi- O'nerO'sO'.
guraçãO' e de sua eficácia.»
Ora, O' registrO' públicO' faz prO'va
CO'ntinua aquele Mestre: plena de bO'a-fé, pO'is faz presumir
_«P~ra ter valO'r jurídicO', a apa- «pertencer O' 'direitO' real. à pessO'a,
renCla deve estar apO'iada em dO'is em cUjO' nO'me se inscreveu, O'U
princípiO's: O' da bO'a fé e O' que se transcreveu» (C.C., art. 859).
traduz na regra error comunis fa- EmbO'ra se trate de -presunçãO' jurls
cit jus. (DireitO's Reais, 1~ ed., FO'- tantum nO' sistema temperadO' adO'ta-
rense, Capo 23, pags. 323-324). dO' em nO'ssa legislaçãO', aO' permitir,
em certO's casO's, a retificaçãO' (C. C.,
É certO' que O' errO' nãO' sO'mente de- art. 860; Lei n? 6.015/73, cO'm as alte-
ve ser cO'mum, mas ainda in- rações determinadas pelas Leis n?s
vencível, segundO' Mazeaud e Ma- 6.140/74 e 6 ?HiI75. art. 212) é sufi-
zeaud. ciente para a demO'nstraçãO' da bO'a-fé
Indaga-se: pO'de O' verdadeirO' prO'- dO' terceiro adquirente.
prietáriO' reivindicar de terceirO' O' AO' versar sO'bre as «razões lógicas
bem que este adquiriu dO' prO'prieta- e práticas da fé pública dO' registrO'
riO' aparente? imO'biliáriO' e da aquisiçãO' a nO'n
CO'mO' cO'nciliar O'S princípiO'S de dO'mino do direitO' real», Serpa Lo-
que ninguém pO'de transferir mais dO' pes, citandO' Carnelutti, leciona que
100 TFR - 71
Econõmlca Estadual (fi. 86, 3? vol), fluir contrà os sucessores, nos preci-
bem assim, nesta qssentada de jul- sos termos do art. 166 do Código
gamento, pela Caixa Econômica Fe- Cívil.
deral, na sustentação oral do seu Nem se diga que ação para decla-
douto patrono. A sustentação oral in- rar nulidade absoluta de ato jurídico
tegra o julgamento e a prescrição é não está sujeita à prescrição,pois o
alegável, por quem a aproveita, em contrário, de há muito, vem procla-
qualquer instância, motivo pelo qual mando. o Egrégio Supremo Tribunal
também conheço desse pedido. Federal (R.E. 58.524, 2~ Turma, ReI.
Embora não apreciada pela r. sen- Min. Victor Nunes Leal, RTJ 34/104;
tença, não pode ser ignorada pelo RE 66.673, 2':'- Turma, ReI. Min.
julgador, em se tratando de direitos Thompson Flores, RTJ 53/600; RE
patrimoniais, se expressamente in- 53.173, 1~ Turma, ReI. Min. Qsvaldo
vocada pela parte a quem aproveita, Trigueiro, RTJ 41/273; RE 73.070,1':'-
como aqui ocorreu (Código Civil, Turma, ReI. Min. Aliomar Baleeiro,
art. 162), pelas pessoas jurídicas in «Jurisprudência Brasileira .. , v. 4
(C.C. art. 163), réus e apeladas. - «Prescrição», pág 82 e segs., ed.
Juruá, dentre muitos outros). Enten-
Com efeito, quer se tenha por nu- de o Pretório Excelso que o prazo,
los os atos jurídicos da primitiva es- em tais casos, é o do art. 177 do
critura atacada e da que se lhe se- Código Civil.
guiu, em 1936, por ilicitude do objeto O protesto somente foi ajuizado
(Código Civil, art. 145, II, c.c. art. 82 em 1975, e, assim mesmo, apenas
do mesmo diploma), hipótese em contra a Firma Azevedo, Farias &
que incidiria o prazo de vinte anos, Cia. Ltda. referindo-se, é claro, so-
prescrição das ações pessoais (C.C., mente às transações por esta efetua-
art. 177); quer se tenha por simples- das. Mas não interrompeu a prescri-
mente anuláveis, por vício resultante çâo, que se deve contar da lavratura
de dolo ou fraude, segundo descrição das escrituras primitivas, a última
da inicial (C.C. art. 147, II), quando das quais data de I'? de junho de
a prescrição seria de quatro anos, de 1936, segundO a própria inicial (fi. 4,
conformidade com disposto no art. item 4?). Assim, desde 1956 j á incidi-
178, § 9? V. letra b, não há negar a ra a prescrição extintiva da preten-
incidência do instituto da prescrição são de anular a escritura, ou retifi-
das ações de r_etificar registro. imobi- car a respectiva transcrição imobi-
liário ou reivindicar o imóvel. liária.
Pois não se poderia apreciar a nu- Ora, «o registro, enquanto não
lidade das transcrições, sem exami- cancelado, produz todos os seus efei-
nar o título causal - a chamada nu- tos legais ainda que, por outra ma-
lidade oblíqua; nem se pOderia anu- neira, se prove que o título está des-
lar transcrição derivada, sem, antes, feito, anulado, extinto ou rescindido»
decretar-se a nulidade da transcrição (Lei n? 6.015/73, art. 252; Direito an-
originária. terior: Dec. n? 4.857/39, art. 293).
E os títulos causais, cuja não- Salienta Walter Ceneviva:
correspondência com a realidade é «667. Eficácia plena do registro
aqui apontada, sem sombra de dúvi- enquanto não cancelado. E de
da, descansam no tempo: o primeiro, longa tradição no direito brasilei-
em priscas eras e o segundo, em ro o prinCípio segundo o qual
1936. subsiste o registro enquanto não
A prescrição, que se iniciou desde for cancelado. Há mais dê cem
aqueles indigitados atos, continuou a anos integra o ordenamento
102 TFR - 71
EMENTA
Conselho Regional de Farmácia - Responsabili-
dade Técnica - Acumulação.
114 TFR - 71
materiais sofridos por seu veículo lização 1:raseira e laterais, com car-
bem como da despesa que teve ga excedente fora das dimensões re-
com atendimento médico. Instruiu gulamentares, sem licença, fora de
o pedido com os documentos de fls. horário e sem batedor, vindo o v. 2
6/18. Na audiência de fls. 47, a bater na sua traseira».
União Federal contestou o pedido,
alegando que o acidente ocorreu O v. 2 é o veículo do autor, que, ro-
por imprudência e negligência do dando, à noite, pela estrada, bateu
autor, porquanto, trafegando em de frente, violentamente, na traseira
alta velocidade, não teve tempo su- do v. 1, o caminhão do Exército que
ficiente para frear diante de um seguia à sua frente, sem luz e sem li-
veículo que trafegava em velocida- cença para trafegar além do horário
de moderada. A proposta de conci- regulamentar.
liação não foi aceita. Na instrução
foram ouvidas as testemunhas ar- Dou provimento ao recurso para
roladas pela ré, bem como julgar a ação procedente na forma
determinou-se a juntada dos docu- do pedido. E que a prova do aciden-
mentos de fls. 51/111. Na audiência te, no caso, é bastante para o reco-
de fls. \158, prosseguindo-se com a nhecimento da responsabilidade do
instrução, tomou-se o depOimento seu causador, que só poderia eximir-
de uma testemunha arrolada pelo se caso provasse, por meios idôneos,
autor. A seguir, as partes produzi- caso fortuito, força maior, culpa de
ram suas alegações finais. terceiro ou mesmo da própria víti-
ma. E nada disto os autos positivam,
não sendo possível considerar-se pro-
o ilustre Juiz, Dr. EU Goraieb, jul- va contrária, como a considerou a
gou a ação improcedente, condenou sentença, o depOimento do Guarda
o autor ao pagamento das custas e Rodoviário Jarbas dos Santos, que
dos honorários, 'estes no percentual disse não saber dizer se no momento
de dez por cento sobre o valor da do acidente o veículo da ré se encon-
causa e determinou a remessa dos trava com as lanternas apagadas».
autos. O depOimento vale pelo que está dito
de fls. 161:
o autor apelOU e a União contra-
arrazoou.
«quando chegou ao local do aci-
Neste Tribunal a douta dente, verificou que as lanternas
Subprocuradoria-Geral da República dianteiras do veículo da ré
ofereceu parecer opinando pela con- encontravam-se acesas, enquanto
firmação do decidido. que as lanternas traseiras se en-
contravam apagadas; que, no lo-
E o relatório. cal, j á se encontrava uma outra
viatura do exército, com um ofi-
VOTO cial, a fim de prestar socorro ao
veículo sinistrado; que o depoente
O Sr. Ministro Peçanha Martins verificou que essa outra viatura
(Relator): O doc. de fls. 9 e seguin- também não apresentava condi-
tes emanado da Polícia Rodov.iária, ções de tráfego noturno, porquan-
precisamente em o final de fls. 10, to, de igual porte as lanternas tra-
descrevendo o acontecido diz, com seiras não funcionavam»).
referência ao caminhão sinistrante
que este «trafegava sentido S. Ga~ Viaturas, pois, em pandarecos, ro-
briel X P. Alegre sem nenhuma sina- dando com infração de leis e regula-
TFR - 71 119
EXTRATO DA ATA
Os Srs. Mins. Washington Bolívar
AC n? 58.091-RS - ReI.: Sr. Min. e Otto Rocha votaram com o Rela-
Peçanha Martins. Apte.: Danil Csas- tor. Presidiu o julgamento o Exm?
zar. Apda.: Uniâo Federal. Sr. Min. Peçanha Martins.
EMENTA
Propriedade Industrial. Patente de Invenção. Sua
nulidade por ausência do requisito de novidade.
sucessão.
I - Evidenciado que a invenção patenteada já
fora divulgada amplamente, quer em obras de cará-
ter científico e técnico, quer em comunicações de
empresas industriais interessadas no produto, preju-
dicado ficou o requisito de novidade, nos termos do
art. 7. o, § 1. o, alínea "b" in fine, do Código de Pro-
priedade Industrial aprovado pelo Decreto-Lei n. o
7.903, de 1945.
II - Consagrando o direito brasileiro o princípio
da invenção ao inventor, só este pode requerer o pri-
vilégiO, ou quem alegar e provar que é seu sucessor
ou cessionário.
III - Embora já expirado o prazo de vigência
da patente, pode a sentença declarar a sua nulidade,
negandO efeito às pretensões dela irradiadas.
IV - O exercício regular da pretensão legitima-
da pela patente concedida não imPorta em abuso de
direito, não dando margem a perdas e danos em fa-
vor da ré.
ACORDA0 das e danos, na forma do relatório e
notas taquigráficas constantes dos
Vistos e relatados os autos em que autos que ficam fazendo parte inte-
são partes as acima indicadas: grante do presente julgado.
Decide a 4~·Turma do Tribunal Fe- Custas como de lei.
deral de Recursos, à unanimidade, Brasílla, 28 de maiO de 1980 (Data
dar parcial provimento à apelação, do Julgamento). - Ministro José
para reformar a sentença na parte Dantas, Presidente - Ministro
que condenou as apelantes em per- Carlos Madeira, Relator.
120 TFR - 71
EMENTA
Aposentadoria invalidez de empregada domésti-
ca. Beneficio concedido com a obrigação de
submeter-se a exames médicos periódicos, tratamen-
to e reabilitação (art. 35, parágrafo 6~ clc art. 31, pa-
rágrafo 5~ da ConsoUdação das Leis da Previdência).
ACORDA0 Decide a E' Turma do Tribunal
Federal de Recursos, por unanimi-
dade, negar provimento ao recurso,
Vistos, relatados e discutidos estes na forma do relatório e notas taqui-
autos, que são partes as acima indi- gráficas retro que ficam fazendo
cadas: parte integrante do presente julgado.
126 TFR - 71
Custas como de lei. nhas por ela arroladas (fls. ',:J :''21),
Brasília, 16 de novembro de 1979. nomeando-se perito para exame da
- Ministro Peçanha Martins, Pre- incapacidade.
sidente e Relator. Laudo do perito às fls. 33/36 e do
assistente-técnico às fls. 26/28,
RELATORIO manifestando-se as partes às fls 37
ev.
o Sr. Ministro Peçanha Martins: Sobre a prova produzida,
A sentença recorrida assim expõe o manifestou-se a A., às fls. 38v./40,
caso destes autos: pleiteando a procedência, o réu
Izabel Ferreira, qualificada na às fls. 40v./41, aduzindo que o Judi-
inicial, move a presente Ação Or- ciário não é balcão do INPS, pois
dinária de Aposentadoria por Inva- sequer deu entrada no requerimen-
lidez contra o Instituto Nacional to pela via administrativa, o que a
de Previdência Social (INPS), torna carecedora de ação, que, por
atual SINPAS, e Luiza Bella, tam- sua vez, seria improcedente, dian-
bém na inicial qualificada, alegan- te das conclusões dos expertos.
do a A. que foi eIl).pregada domés- Convertido o julgamento em dili-
tica da segunda ré nos períodos de gência, informou a A. que o
8.5.73 e 11.5.73, ~ 19.2.74 a "24.5.74, Instituto-Réu também não forneceu
01.01.65 a 16.1.76, tendo trabalhado o comprovante de recusa previsto
também para Roberto de Lima La- no artigo 117 da LOPS (fls. 41v./45)
ra, por 15 dias, sendo certo que, juntando o documento de fls. 46, so-
quando trabalhava para a segunda bre o qual se manifestou o r. de fls.
R. adoeceu e, por isso, foi despedi- 47v.
da procurando a agência do
Instituto-Réu, recebeu um impres- Nova conversão do julgamento
so de atestado de afastamento e em diligência, desta vez que os ex-
salários e um de requerimento de pertos respondessem a um quesito,
benefício por incapacidade, deven- do Juizo (fls. 48), vindo as respos-
do obter a assinatura da tas às fls. 49 e 50, tendo as partes
empregadora-ré no primeiro im- oportunidades para manifestarem-
presso, o que não logrou obter, por se (fls. 51 e 56»).
recusa da ré. O ilustre Juiz de Itapetininga, em
Recorre ao Judiciário, perse- São Paulo, julgou Luiza Bella parte
guindo a aposentadoria-invalidez, ilegítima e procedente o feito relati-
dando à causa o valor de Cr$ vamente a Izabel Ferreira, conde-
3.600,00 e juntando à inicial os do- nando o Instituto Nacional de Previ-
cumentos de fls. 5/12. dência Social ao pagamento à A. de
Os RR. foram citados às fls. aposentadoria invalidez tomando por
18v., sendo a R. Luiza declarada base a contribuição sobre o salário-
revel na audiência de fls. 18, oca- mínimo, a partir de 20-9-77, acresci-
sião em que o Instituto contestou, da de juros de mora e honorários de
alegando nada constar em seu ar- advogado no percentual de quinze
quivo quer quanto à A., quer quan- por cento sobre «os atrasados», «sa-
to à empregadora, pedindo a ca- lários dos expertos, arbitrados em
rência, e, se isso não ocorrer, quer Cr$ 1.000,00 para cada Wll».
ver reconhecido seu direito de re- O INPS apelou e a autora Izabel
ceber as contribuições respectivas. contra-arrazoou.
Tomou-se o depoimento pessoal Neste Tribunal a douta
de A., sendo ouvidas duas testemu- Subprocuradoria-Geral da Repúbli-
TFR - 71 127
Disse ele que o autor faz jus à anu- Tratava-se, na espeCle, de cargo
lação do ato demissório, sendo-lhe de Professor de Ensino Âgrícola-
reconhecido o direito, não ao cargo Técnico, para o qual era necessária
de professor que ocupava, mas tão- habilitação profissional, requisito de
só aos proventos decorrentes da sua que não dispunha o autor, por não
aposentadoria pro labore facto, isto ser portador de título de Técnico-
é, pelos serviços prestados nas fun- AgríCOla, Engenheiro-Agrônomo ou
ções exercidas. Acrescentou o que Médico-Veterinário, conforme lhe foi
foi pedido, quanto às custas e os ho- exigido depois, em 1970 (fls. 132), o
norárijils advocatícios, que arbitrou que deu lugar ao ato anulatório, de
em 10% dos atrasados, a partir do 1973 (fls. 59).
desligamento (fls. 165).
EMENTA
Ação penal.
Código Penal, arts. 297, § 1~, e 171, § 3?, combina-
dos com o § 2? do art. 5I.
Falsificação documental comprovada nos autos.
A falsidade foi, entretanto, meio para a prática do
estelionato, crjIDe-fim. Por este é que cumpre, as-
sim, apenar o denunciado, segundo a jurisprudência
do TFR.
Condena-se o réu como incurso no art. 171, § 3?,
do Código Penal, se comprovado haver obtido, para
sI, vantagem ilícita, em prejuízo do INPS, induzindo
e mantendo em erro, mediante a utilização de docu-
mento falso, o estabelecimento pagador do benefício.
Imposta a pena de 20 (vinte) meses de reclusão,
concede-se, todavia, «sursis», em face dos bons ante-
cedentes do acusado.
ACORDA0 rio e notas taquigráficas constantes
dos autos· que ficam fazendo parte
Vistos e relatados os autos em que integrante do presente julgado.
são partes as acima indicadas: Custas como de lei.
Decide a 4~ Turma do Tribunal Fe- Brasília, 30 de abril de 1979. (Data
deral de Recursos, por unanimidade, do julgamento). - Ministro José Né-
dar provimento à apelação, pa- ri da Silveira, Presidente e Relator.
ra reformar a sentença e condenar O
denunciado como incurso no art. 171, RELATORIO
§ 3?, do Código Penal, à pena de 20
(vinte) meses de reclusão e multa de O Sr. Ministro José Néri da
Cr$l,OO (um cruzeiro); também, por Silveira: O ilustre Dr. Juiz Federal a
unanimidade, __çonceder, desde lo- quo sumariou a matéria destes au-
go, ao réu, o beneficio da suspensão tos, às fls. 165/166, nestes termos:
condiciônal da pená pelo prazo de 3
(três) anos, mediante as seguintes «O Representante do Ministério
condições: a) exercer atividade líci- Público Federai denunciou Itamar
ta; b comparecer semestralmente à Hermógenes de Bulhões, qualifica-
presença do Dr. Juiz Federal; c) pa- do na inicial, como incurso nas pe-
gar, desde logo, a multa imposta; nas dos arts. 51, § 2?, tudo do Códi-
por último, deliberou ::1 Turmá go Penal, pelo fato delituoso se-
atribuir ao Dr. Juiz Federal a quo a guinte:
competência para presidir a audiên- Em 2-10-72, o indiciado, que é
cia admonitória, na forma do relató- servidor do INPS, lotado na Supe-
132 TFR - 71
ato contínuo o caixa do banco Bene- após ser interrogado pelo Cel. Bento
dito Tomaz de Sena, fez sinal ao poli- de Medeiros, o declarante foi enca-
cial que estava em serviço na Segu- minhado à Divisão de Polícia Fede-
rança Bàncária e que o mencionado ral/Rl')J.»
policial deu voz de prisão imediata- Certo está que o Cartão de Paga-
mente ao declarante; que a seguir o mento de BenefíCio 41 - 200-212,
declarante foi conduzido preso para emitido em 12-12-1961, em nome de
a Secretaria de Segurança, onde foi José de Carvalho (fls. 20), foi
apresentado ao Cel. Bento de Medei- apreendido em poder do acusado
ros, Diretor da Polícia Civil da Se- (fls. 19). Este não só afirmou que
cretaria de Interior e Segurança do não conhece José de Carvalho, como
Estado do Rio Grande do Norte; que não é procurador do mesmo para
na presença do Cel. Bento Medeiros, qualquer fim.
do Dr. Valério Marinho, Chefe de De outra parte, pelos documentos
Gabinete do Secretário de Interior e oficiais de fls. 34-37, verifica-se que o
Segurança, e de outras pessoas o de- carnê n? 42-200.212 pertence ao segu-
claranteafirmou que realmente há rado Antônio de Araújo Melo, que
mais de dois anos vinha recebendo percebe 6 benefício por intermédio
os pagarr; entos do mencionado carnê de Maria Maura de Melo, cujo Car-
do INPS, cujo beneficiário é um ci- tão de Pagamento de Benefício está
dadão de nome José de Carvalho; às fls. 35, sendo os valores bem infe-
que o declarante na presença das riores aos recebidos pelO réu. Ade-
mencionadas autoridades também mais, o pagamento do carnê 42-
afirmou que os benefícios recebidos 200.212 é feito no Banco Industrial de
irregularmente eram depositados no Campina Grande.
Banco Nacional do Norte, filial de Não resta, pois, qualquer dúvida, a
NataI e que os mesmos eram remeti- meu ver, quanto a se tratar de docu-
dos para o beneficiário que reside mentos falsificados, os de fls. 20 e 21,
em Jaboatão, no Es(ado de Pernam- (a que corresponde a numeração da
buco; que o declarante ainda decla- Polícia Federal - fls. 15 e 16).
rou" desmentindo sua primeira ver-
são,:' que o beneficiário José de Car- Ora, o laudo pericial, de fls. 39-40,
valho vinha mensalmente até Natal afirma que foi o mesmo punhO que
a fim de receber o dinheiro corres- grafou esses documentos, asseveran-
pondente ao carnê mencionado; que do terem sido escritos pelo denuncia-
o declarante não sofreu qualquer do.
coação psíquica ou física ao ser in-
terrogado pelo Cel. Bento de Medei- Dessa sorte, as declarações na fa-
ros, Diretor da Polícia Civil do Esta- se policial estão corroboradas pelas
do; que o declarante é funcionario conclusões da perícia grafotécnica.
autárquico da Previdência Social há Não valem, no particular, as alega-
cerca de 25 anos e que anteriormen- ções do recorrido de ser imprestável
te era servidor do extintQ lAPETEC; dita prova" porque, ao que se obser-
que após a fusão dos Institutos de va de fls. 39-40, foram as conclusões
Previdência Social, o declarante pas- dos técnicos precedidas das necessá-
sou para os quadros funcionais do rias análises, do confronto dos ele-
Instituto NacionaI de Previdência mentos em exame com os padrões
Social, onde, ocupa o cargo de Escri- previamente colhidos.
turário - nível 10, matrícUla n?
14.907; que o declarante atualmente De outra parte, contra o apeladO,
está lotado no Serviço Médico da re- muito _pesam, a meu entender,
ferida autarquia previdênciária; que as declarações na Polícia e no inter-
TFR - 71 135
rogatório, em Juízo, quando aos ven- nada: que referido «carnê» não es-
cimentos percebidos, à época. As- tava no nome do denunciado; que, a
sim, às fls. 47, na 'Polícía, afirmou fotografia existente no mesmo tam-
receber, mensalmente, pouco mais bém não era do çlenunciado; que, no
de Cr$ 800,00. como Escriturário, dia 2 de outubro, qundo o caixa do
nível 10-B; em Juízo, confirmou tal, Banco Nacional do Norte já tinha si-
esclarecendo que, de maio de 1971 a do previamente avisado da irregula-
agosto de 1972, percebeu, em média, ridade do referido carnê,
«vencimentos de pouco mais de 700 apresentou-se o denunciado na Agên-
cruzeiros, mensalmente», explicitan- cia do Banco para, mais uma vez re-
do que «não teve quaisquer outras ceber a importância consignada no
fontes de renda». Ora, não se justifi- carnê, tendo o caixa se recusado a
ca, dessa maneira, pudesse manter o efetuar o pagamento, sendo que na
réu, no Banco Nacional do Norte oportunidade, efetuada a prisão em
S/A., em igual período, movimento, flagrante do denunciado; que o de-
em sua conta corrente, de forma a, nunciado chegou a receber cerca de
mensalmente, e~istirem depósitos de Cr$ 28.000,00.».
valores bem superiores, sendo de Cr$ O fato da prisão do réu, nas cir-
903,75, em setembro de 1971; de Cr$ cunstâncias e pelo motivo antes refe-
1.000,00 no mês seguinte; de Cr$ ridos, está, por igual, comprovado
1.250,00, em· novembro de 1971; de nas declarações, em Juízo, do solda-
Cr$ 2.740,00, em dezembro de 1971; do Palmério Barbosa da Silva (fls.
de Cr$ 1.380,00, em janeiro, feverei- 120 e v.).
ro, março, abril e maio de 1972; de
Cr$ 1.656,00, em junho, julho, agosto, Dessa maneira, a confissão do réu,
setembro, outubro e novembro do na Polícia, não se pode ter, desde lo-
mesmo ano. No documento de fls. 16, go, como retratada, pela só negativa
afirma-se que o montante recebido em Juízo. A confissão, ao contrário,
pelo réu atinge a Cr$ 28.320,00, resul- encontra correspondência nas de-
tando daí fonte suficiente para os de- mais provas trazidas aos autos, in-
pósitos aludidos, máxime, se o de- clusive, na perícia grafotécnica.
nunciado outras fontes de recursos A falsificação documental, toda-
não possuía, como confessou. via, foi, no caso, meio para a prática
do estelionato, crime-fim. Por este é
Quanto à circunstância de o réu que cumpre, assim, apenar o acusa-
ter efetivamente apresentado o Car- do. E da jurisprudência desta Corte
nê de Recebimento de Benefício, no Federal que, se a falsificação de do-
dia do fato descrito na denúncia, ao cumento, público ou particular, se
Caixa do Banco Nacional do Norte destinava a instrumentar outro deli-
S/A., em Natal, está comprovada, to, pelo crime-fim é que responde o
não só pelas declarações do contador réu.
do estabelecimento bancário, iJosé
Sales de Santana, às fls. 8/9, 'e de Dou assim pela procedência da de-
Caixa, Benedito Tomaz de Sena (fls. núncia para condenar o réu como in-
10). As fls. 142 e v., em Juízo, o pri- curso no art. 171, § 3?, do Código Ce-
meiro declarou: «Que na Agên(':a de nal, eis que comprovado haver obti-
Natal o depoente era contador; que, do, para si, vantagem ilícita, em
no mês de outubro de 1972, o denun- prejuízo do INPS, induzindo e man-
ciado apresentou-se ao Banco Nacio- tendo em erro, mediante a utilIzação
nal do Norte, Agência de Natal, com de documento falso, o estabeleci-
o '«carnê» de autorização, com o qual mento pagador do benefício.
já vinha recebendo há 15 ou 16 me- Tendo em conta os antecedentes
ses a importância no mesmo consig- bons do réu, .que era antigo funcioná-
136 TFR - 71
Com efeito, não obstante a reite- tagem, sendo certo que o tipo físico
rada negativa do acusado, a prova por ela descrito desse servidor cor-
carreada pára os autos não o favo- responde perfeitamente ao do acu-
rece. sado (fls. 55 e 158).
Eis o que, em juízo, disse a res- Bastante incriminador é também
peito o emitente Elcio lVlartins o depoimento do balconista Jair
Fontana, textualmente: «que em Henrique Chrisostomo, que depôs,
princípios de 1974 o depoente pos- textualmente, em Juízo: «que vá-
tou na Agência Centro da ECT rias reclamações foram feitas na
desta Car>ital um vale postal na época dos fatos da denúncia refe-
importância de quinhentos cruzei- rentes a vales postais; que os re-
ros e destinado a Agostinho Sierro, clamantes diziam que os destinatá-
na cidade de Belém do Pará; que o rios do vale postado não haviam
depoente foi atendido pelo acusado recebido a importância remetida;
aqui presente; que o depqente co- que ps usuários exibiam o recibo;
municou nesse mesmo dia, por tele- que, verificou que esses recibos
grama ao destinatário, o· fato de não possuiam segunda via, daí
que havia já encarrÍinhaao ao mes- originando-se.ps susp~itas coptra o
mo aquela importância, em paga- acusado; que se notou tambem aI·
mento de uma dívida; que dois ou gumas rasuras no '1fvro protocolo;
três meses depois o depoente rece- que reconhece como sendo do acu-
beu uma comunicação do referido sado os dizeres manuscritos cons-
destinatário, que lhe dizia não ter tantes dos recibos fotocopiados às
recebido até aquela data a impor- fls. 9, 47 e 48 dos auto::> _e que ora
tância de quinhentos cruzeiros, re- lhes são exibidos; que às vezes o
ferente ao vale postal; que o de- acusado permanecia nà agência
poente dirigiu-se à agência Centro após o expediente; que nessa opor-
e reclamou o fato, sendo que nessa tunidade era procurado por alguns
oportunidade o funcionário disse, usuários; que o depoente viu de
após anotar sua reclamação, que o certa feita o acusado receber algo
fato iria ser apurado; que algum de determinado usuário fora do ex-
tempo depois o depoente foi cha- pediente» (fls. 218 E! 220).
mado à agência dos Correios, onde
o depoente foi reembolsado daque- De resto, o exame grafotécnico
la importância pelos Correios; que de fls. 129 e 131 é conclusivo, no
na época informaram ao depoente sentido de que os lançamentos ma-
que estavam tentando localiza.r o nuscritos dos recibos de emissão e
acusado ,aqui presente» e «que nos certificados de registros de fls. 87,
Correios, um funcionário informou 88 e 90 partiram do punho do acu-
ao depoe'nte que o número do vale sado, documentos estes que se des-
postal de fls. 39 correspondia ao de tinavam a encobrir e a garantir a
uma remessa feita a Brasília» 'fls. apropriação.
224-a 226), Pretende a defesa que o réu nun-
Por outro lado, a emitente Maria ca substituía o caixa, motivo pelo
Helena da Conceição disse que qual não poderia ter recebido qual-
compareceu aos Correios para efe- quer importância e dela se apro-
tuar a remessa de dinheiro através priado.
de vale postal e: como o horário de Entretanto, não foi na condição
atendimento se encontrava encer- de caixa que o réu recebeu as im-
rado, um servidor se prontificou a portâncias apropriadas. Conforme
atendê-la, pedindo-lhe que no dia esclareceram os emitentes, Elcio
seguinte retirasse o recibo de pos- Martins Fontana (fls. 224 e 226} e
TFR - 71 139
EMENTA
Previdência Social. Contribuições. Reajustamen-
to. Critérios a observar. Inteligência do artigo 5? da
Lei n? 6.332/76. Retroatividade da Portaria Ministe-
rial n? 414, de 31-5-76. Segurança concedida. Senten-
ça que se confirma. Apelação desprovida.
dia 21-6-76, que determina sej a corri- tituído. Resta, apenas, considerar-
gido o teto de Cr$ 10.400,00, que aca- se como e quando. Vejamos:
bava de ser instituído em 43%, ele- 4.2. - O modo adotado para o
vando o teto das contribuições previ- reajustamento, conforme a Lei.
denciárias a Cr$ 14.872,00, a partir 6.332
de I? de junho daquele exercício,
conforme item 4 da referida Porta- O reajustamento será feito «de
ria n? 414, nestes termos: acordo com o disposto nos artigos
I? e 2? da Lei n? 6.147, de 29 de no-
«4. A partir de 1~ de junho de vembro de 1974,)} confÇlrme o caput
1976, tendo em vista o disposto nos do art. 5? da Lei retro mencionada.
artigos 5? e 6? da Lei n? 6.332, de Eis o primeiro indício de descarac-
18-5-76, e no Decreto n? 77.562, de 7- terização do «Valor de Referência)}
5-1976, o limite máxim? .r'le salário- como base de cálculo das contri-
de-contribuição será de Cr$ buições previdenciárias, ou man-
14.872,00 (quatorze mil, oitocentos damentos dos artigos I? e 2? da Lei
e setenta e dois cruzeiros»} n? 6.147 referem-se, exclusivamen-
Desta forma - alega o ora apela- te, aos reajustamentos salariais
do o teto do salário-de- efetuados pelo Conselho de Política
contribuição, a partir de I? de junho Salarial, pela Secretaria de Em-
de 1976, passaria a Cr$ 14.872,00, sen- prego e Trabalho, ambos do Minis-
do este teto, todavia, inconstitucio- tério do Trabalho, bem como pela
nal, pelos motivos a seguir expostos: Justiça do Trabalho, nos processos
de dissí.dio coletivo. O art. 2? da
O Direito Lei supracitada define .quais os fa-
tores parciais que comporão o fa-
4. Da Retroatividade da Portaria tot final de reajustamento. Tendo-
Ministerial se presente que as correções do te-
4.1 - A Lei n? 6.332, de 18-5-76, ob- to máximo das contribuições previ-
viamente, descaracterizou o «valor denciárias, após o advento da Lei
da referência)} como base de cálculo 6.332, serão feitas na mesma base
para as contribuições previdenciá- que os dissídios coletivos a serem
rias, instituindo o que se poderia firmados no mês em que entrarem
chamar de «Valor de Referência em vigor os novos níveis do salário
Previdenciária», cujo limite máximo mínimo, não mais está admitida a
foi de Cr$ 10.400,00 (§ 2? do art. 5?, correção do teto previdenciário pe-
da Lei n? 6.332). la correção do «Valor de Referên-
Evidentemente, graças à atual cia», o que comprova a descaracte-
conjuntura econômica do País, todo rização do «Valor de Referência»,
e qurJquer limite deve sofrer corre- como base de cálculo das contri-
ções, com o intuito único de serem buições previdenciári.as.
evitadas grandes distorções de valo- 4.3 - Da época dos reajusta-
res. Assim, o § I? do artigo 5?, da Lei mentos, conforme a Lei 6.332
em referência, determina: O impetrante aborda agora o as-
«I? - O reajustamento previsto pecto temporal da medida, ou sej a,
neste artigo será feito anualmente, quandO serão procedidos os reajus-
com base no fator de reajustamen- tamentos do novo teto recém insti-
to salarial fixado para o mês em tuído.
que entrarem em vigor os novos A Lei n? 6.332 preceitua no § I?,
níveis do salário mínimo.)} do artigo 5?, acima transcrito, que
Assim, não há dúvidas quanb? às os reajustamentos serão feitos,
futuras correções do teto recém i.ns- anualmente, no mesmo mês em
164 TFR - 71
que entrarem em vIgor os novos que, aliás, não poderia ser outro, vis-
níveis do salário mínimo. Todavia, to estar expresso na Lei em apreço
tenhamos presente o art. 12 da Lei que os reajustamentos far-se-ão com
6.332: a aplicação dos mesmos fatores da-
«Art. 12 - Esta Lei entrará em dos para a correção dos níveis sala-
vigor no primeiro dia do mês se- riais.
guinte ao de sua publicação.» Quanto à época do reajustamento,
Este dispositivo, aliás, alinha-se ou melhor, quandO os reajustamen-
com o mandamento do art. I?, da Lei tos terão lugar, o mesmo «comunica-
de Introdução ao Código Civil: do» explica:
«Art. I? - Salvo disposição em «4. ... de forma a permitir a re-
contrário, a Lei começa a vigorar visâô com a simples aplicação do
em todo o país quarenta e cinco reajustamento salarial, fixado pa-
dias depois de oficialmente publi- ra o mês em que entrarem em vi-
cada.» gor os novos índices de salário
Sendo expressa a disposição conti- mínimo.
da no artigo 12, acima reproduzido, 5. Desse modo, diante do reajusta-
a data em que passou a vigorar a mento salarial para o mês de maio,
Lei 6.332 foi o dia I? de junho de mês de vigência dos novos índices de
1976, ou seja, a Lei não vigia antes salário mínimo, fixado pelo Decreto
daquela data, por impOSição expres- n? 77.562, em 1,43, a ser aplicadO so-
sa da própria Lei, caracterizando a bre o limite máximo estipulado na
vacatio legis de 19-5-76 a 31-5-76. As- citada Lei (Cr$ 10.400,00), elevou-se
sim, o mês em que entrarão em vi- o teto de contribuição para Cr$
gor os novos índices do salário míni- 14.872,00».
mo, partindo-se da data de vigência
da Lei, será, presumivelmente o mês Tais conclusôes, evidentemente,
de maio de 1977. são fruto das instruçôes baixadas
4.4. Da Retroatividade da Portaria com a Portaria n? 414, de 31-5-76, do
n? 414, de 31-5-76 Sr. Ministro da Previdência e Assis-
tência SOCial:
Após as ponderações do item pre-
cedente, o impetrante reverte à Por- « ... 4. A partir de I? de junho de
taria Ministerial baixada à guisa de 1976, tendo em vista o disposto nos
«esclarecimento», bem como a ou- artigos 5? e 6?, da Lei n? 6.332, de
tros atos das autoridades previden- 18-5-76, e no Decreto n? 77.562, de 7-
ciárias competentes. 5-75, o limite máximo do salário-
de-contribuição será de Cr$
Quanto à forma de reajustamentos 14.872,00.»
futuros, o INPS, através de «comuni-
cado», explica: Ora já havia ficado esclarecido que
a Leil n? 6.332 passou a ter vigência
«4. Com a promulgação da Lei n? legal a partir de I? de junho de 1976,
6.332/76, foi alterado o critério de- sendo que está expresso no texto que
terminante da atualização monetá- o «reajustamento ... será feito anual-
ria dos salários de contribuição, de mente, com base no fator de reajus-
forma a permitir a revisão com a tamento salarial fixado para o mês
simples aplicação do fator de rea- em que entrarem em vigor os novos
justamento salarial. (Conforme pu- níveis do salário mínimo», o que não
blicação da Gazeta Mercantil, edi- autoriza uma correção do teto das
ção de 8-6-76, pág. 5 - Doc. n? 3).» contribuições previdenciárias com
Esta explicação do INPS corrobo- base no fator de reajustamento sala-
ra o entendimento do impetrante, rial fixado para o mês de maio de
TFR - 71 165
1976, quando ainda não vigia a Lei, Assim, apesar de que o comando
caracterizando, destarte, a retroati- da Lei n? 6.332 seja no sentido de que
vidade da Portària Ministerial e dos o novo teto de Cr$ 10.400,00 será cor-
atos normativos que se lhe segui- rigido no próximo exercício, a Porta-
ram. ria Ministerial quer que se aplique o
4.5. - Cronologia dos fatos retro- índice corretivo de 1,43 àquele novo
mencionados teto a partir de I? de junho de 1976,
que vem a ser inconstitucional.
A título ilustrativo, o impetrante
formula a seguinte tabela: Eis o ensinamento do mestre Pon-
tes de Miranda:
A - 7-5-76 - Decreto n?· 77.562,
que fixou o índice de 1,43 para os «... princípio da legalidade: -
reajustamentos salariais de maio de qualquer regra jurídica que cria
1976; dever de ação positiva (fazer) ...
tem de ser regra de lei, com as
B - 19-5-76 - PUblicação da Lei formalidades que a Constituição
n?6.332; exige ... Pensar-se que a Justiça po-
C -- 1-6-76 - Vigência da Lei n? de atribuir à portaria o que só à
6.332; Lei é dado editar é pensar-se que
D - 11-6-76 - Publicação da Por- os juízes se possam esquecer de
taria n? 414 que mandou aplicar o textos claríssimos da Constituição
índice de 1,43 ao teto de Cr$ de 1967: «Ninguém pode ser obriga-
10.400,00, instituído pela Lei 6.332. do a fazer ou deixar de fazer algu-
ma coisa senão em virtude de lei».
Não se alegue que pelos métodos (Do autor citado-Comentário à
clássicos de interpretação de uma lei Constituição de 1967 - Ed. Revista
chegar-se-ia ao entendimento de que dos Tribunais - 2~ edição - Tomo
a norma legal almej ava o teto de V, pags. 1 e 3).
Cr$ 14.872,00, pois, se assim fosse, § 3? - A Lei não prejudicará o
bastaria ao legislador estipular que direito adquiridO, o ato jurídiCO
o limite máximo no corrente perfeito e a coisa julgada.»
exercício seria de Cr$ 14.872,00 e não
Cr$ 10.400,00, como expressamente O impetrante j á fartamente de-
consta do texto legal (§ 2?, do art. monstrou que a Portaria 414, de 31-5-
5?). De fato, não se pode chegar a 76, manda aplicar um índice de cor-
outra conclusão, pois, à época da reção aplicável somente aos
promulgaç~o da Lei 6.332, de 18 de dissídios de maio de 1976, mês em
maio de 1976, os índices de correção que a Lei 6.332 ainda não vigia, o
salarial já eram fartamente conheci- que vem a ser inconstitucional.
dos, visto terem sido fixados em 7 de
maio de 1976 (Decreto n? 77.562, pu- Ainda o mesmo Pontes de Miran-
blicado noD.O. de 7-5-76). da:
Do que acima foi exposto, resume- «Em sistemas jurídicos, que têm
se a inconstitucionalidade da Porta- o princípio da legalidade, da Írre-
ria 414, do Sr. Ministro do Estado da troatividade das leis e da origem
Previdência e Assistência Social, ao democrática da regra jurídica, não
se confrontar seus mandamentos se pOde pensar em regra jurídica
com os §§ 2? e 3?, do artigo 153 da interpretativa, que, a pretexto de
Constituição Federal: autenticidade de interpretação, re-
«§ 2? - Ninguém será obrigado a troaja.» CObro <:!itada pág. 103),
fazer ou deixar de fazer alguma A Portaria Ministerial como regu-
coisa senão em virtude de lei.» lamentadora da Lei 6.332.
166 TFR - 71
«Art. 12. Esta lei entrará em vi- Assim, para o exercício de 1976, o
gor no primeiro dia do mês seguin- fator de reajustamento salarial inci-
te ao de sua publicação.» diu sobre o limite máximo de Cr$
10.400,00.
Assim tendo sido publicada no dia
19-5-1976, a Lei n? 6.332/76 entrou em
vigor no dia 1? de junho de 1976.
E, dizendo-se com base nas dispo-
sições legais citadas, foi baixada a
Preceitua o seu artigo 5?: Portaria n? 414, de 31-5-76, que deter-
minou a correção do teto então vi-
«Art. 5? O limite máximo do sa- gente, isto é, de Cr$ 10.400,00, para
lário de contribuição para o cálcu- Cr$ 14.872,00, a partir de I? de ju-
lo das contribuições destinadas ao nho do mesmo ano.
INPS a que corresponde também a
última classe da esclara de
salário-base de que trata o artigo
13 da Lei número 5.890, de 8 de ju- Todavia, tendo o artigo 5? da refe-
nho de 1973, será reajustado de rida Lei detrminado que o reajusta-
acordo com o disposto nos artigos mento é anual, tomando-se por base
1? e 2? da Lei n? 6.147, de 29 de no- os novos níveis do salário mínimo fi-
vembro de 1974. xado para o mês em que estes entra-
rem em vigor, conclui-se, lógica e
iniludivelmente, que a referida por-
§ 1? O reajustamento previsto taria extrapolou os limites da Lei,
neste artigo será feito anualmente, quando mandou reajustar o teto, pa-
com base no fator de reajustamen- ra vigorar naquele exercício, em Cr$
to salarial fixado para o mês em 14.872.00.
que entrarem em vigor os novos
níveis do salário-mínimo.
Destarte, legalmente, o aludi.do
§ 2? O fator de reajustamento reajustamento somente teve vigên-
salarial de que trata o § 1? deste cia, quando fixado o novo salário
artigo incidirá no corrente mínimo, isto é, a partir do exercício
exercício, sobre o limite máximo de 1977.
de Cr$ 10.400.00 (dez mil e quatro-
centos cruzeiros).
Em face de todo o exposto, nego
provimento à apelação, para confir-
A referida Lei, em seu artigo 5?, mar a r. sentença de 1? grau, por
como se vê, fixa o limite máximo a suas conclusões.
ser considerado, para efeito de rea-
justamento das contribuições desti-
nadas ao INPS. E o meu voto.
178 TFR - 71
EMENTA
FUNRURAL - Incidência sobre o ICM - Fri-
gorífico.
Incidindo o ICM sobre o preço relativo à opera-
ção mercantil de que resultou a saída do gado do· es-
tabelecimento produtor, fica incorporado ao valor co-
mercial dessa operação e, conseqüentemente, integra
a base do cálculo das contribuições para o FUNRU-
RAL.
Precedente deste Tribunal.
Apelo provido para cassar a segurança.
este artigo, constituindo o respec- te (artigo 6?), tem como fato gera-
tivo destaque mera indicação pa- dor a saída da mercadoria do res-
ra fins de controle. pectivo estabelecimento (art. I?,
Embora, a meu ver, a redação inciso 1) e é calculado sobre o va-
do dispositivo em foco não seja das lor da operação de que decorrer di-
'mais felizes, pois o valor do lCM ta saída (art. 2?, 1).
não pode integrar a própria base de Ao alienar gado bovino, portanto,
cálculo sobre o qual ele incide, ~o o pecuarista se torna devedor do
subsistem dúvidas de qti~ integra lCM, cujo pagamento, no Estado
ele o «valor comercial», pela expli- de São Paulo, é cometido ao abate-
citação formulada na parte final dor, na forma prevista no Decreto
do artigo, segundo o qual constitui 5.410/74, mas nem por isso, deixa
o seu destaque mera indicação dito quantitativo de ser acrescido
para fins de controle. E é óbvio que ao preço do produto propriamente.
assim seja em face do que expres- Ora, se assim é, não há porque
samente dispõe o art. 6? do mesmo deixar de considerar o montante
decreto-lei, segundo o qual respectivo como integrando o valOr""
«Contribuinte do imposto é o comercial da mercadoria, e, conse-
comerciante, industrial ou produ- qüentemente, a base de cálculo da
tor que promove a saída da mer- contribuição para o FUNRURAL,
cadoria». tal como definida nos diversos di-
plomas legais que regularam a
Deste modo, de fato, não é o ad- matéria, e, mais recentemente, na
quirente o contribuinte de direito, Lei Complementar 11/71.
tendo sido eliminado,. no tocante ao
lCM, o problema que tantas vezes De outro lado, assentada ser es-
surgia no referente ao antigo im- sa a base de cálculo sobre a qual a
posto de consumo (hoje sobre pro- impetrante deveria haver recolhi-
dutos industrializados), quando ha- do as contribuições para o FUN-
via isenção a beneficiar o adqui- RURAL, não há como ter-se por
rente. E não tem significação ilegal procedimento adotado pela
maior, como já ficou dito, que a le- fiscalização do mesmo
gislação complementar paulista te- considerando-a devedora de dife~
nha fixado momento outro, qual, renças de contribuições e
no caso, o do abate, para o recolhi- aplicandO-lhe a penalidade,
mento do ICM sobre o gado. E cla- cabível».
ro que tal circunstância não pode
afetar a contribuição para o FUN- Também entendo que o montante
RURAL, como pretende o ora ape- do lCM incide sobre o preço relativo
lado». à operação mercantil de que resul-
tou a saída do gado do estabeleci-
Pediu vista dos autos o eminente mento produtor e, por esta razão, e
Ministro Armando Rolemberg, con- em virtude de lei, integra a base do
cordando com o relator, em voto as- cálculo, incorporando-se ao valor co-
sim fundamentado: mercial dessa operação.
A sentença recorrida, como se vê,
«Pedi vista e trago agora o meu não se afina com o precedente cita-
voto. do, da E. Terceira Turma, o' que me
1?e acordo com o Dec.-~eil406/69, leva a dar provimento à apelação,
o unposto sobre operações relati- para o fim de reformar a sentença e
vas à circulação de mercadorias, cassar a segurança.
quanto ao produtor, seu contribuin- E o meu voto.
182 TFR - 71
CEX, seja pelo C.P.A., haverá ilega- importação, não podiam ser inferio-
lidade no ato administrativo. res ao aludido valor (CIF), com a
Afirma que, em conseqüência, sen- única ressalva de que aos apon,tados
do o preço real da mercadoria o pela CACEX deviam acrescer-se as
constante da Lista de Preços que despesas de seguro e frete. Faz vá-
veio com a inicial fornecido pela rias outras considerações a respeito
«Dow», não poderia a CACE X fixar da matéria, mencionando, inclusive,
outro que não ele, que é o preço nor- que a Portaria GB-355-69, assim co-
mal. Acrescenta, ainda, a postulan- mo a Resolução n? 60-70 do CON-
te, que a CACEX declarou que o va- CEX, (que pelo art. 60 delegou atri-
lor era fixado para fins da Portaria pUição à CACEX para indicar à re-
n? 355-69, mas esta apenas repetia o partição aduaneira, na guia de im-
que dispunha o art. 5? da Lei n? portação, o valor que deverá preva-
3.244-57, não podendo, portanto, ter lecer para efeito fiscal, quando o de-
qUalquer valor, de vez que o mencio- clarado pelo importador for inferior
nado artigo fora revogado expressa- ao normal e corrente ) são normas
mente pelo Decreto-Lei n? 730-69 complementares legais, conforme o
(art. 9?). Não poderia, em face dis- inciso I, do art. 100, do CTN.
so, a portaria ministerial convales- O MM. Juiz, após parecer do M.P.
cer dispositivo legal revogado. A res- contrário à concessao da segurança,
peito, invoca o acórdão deste Tribu- veio a concedê-Ia arrimado em acór-
nal na AMS n? 70.940, relator o emi- dão deste Tribunal na AMS n? 70.940-
J;lente Ministro A. Benjamin e junta SP, relator o Sr. Ministro Amarílio
sentença, do ilustre Juiz Federal de Benj amin, e segundo o qual não po-
São Paulo, Dr. Sebastião de Oliveira deria a CACEX substituir o valor
Lima. constante da fatura de importação
Nas suas informações, sustenta a para substituí-lo por estimativa pró-
autoridade fazendária a legalidade pria, anotando, ainda - e aí com in-
do ato impugnado. Esclarece, ini- vocação de sentença do MM. Juiz
cialmente, que os preços fornecidos Federal,'Sebastião de Oliveira Lima
por «Dow Química S.A.», represen- - que após o advento do Dec.-Lei n?
tante da exportadora, são por libra 1.111/70 falecia competência àquele
peso, FAS (free alongside ship), isto órgão para fixar o valor externo com
é, livre ao costado do navio, e não base na Portaria Ministerial n? 355,
FOB (free on board), pelo que não não podendo a autoridade fazendá-
foram nele computadas as despesas ria utilizar-se do valor atribuído por
com estivagem da carga a bordo do aquela repartição do Banco do Bra-
veículo transportador. Assim, consi- sil para sobre ela calcular o imposto
derando -se o que a respeito dispõe o de importação.
art. 20, lI, do CTN, tais preços não Inconformada, apela a União Fe-
eram completos. E não só os preços deral para esta Corte, insistindo nos
de referência estabelecidos pelo argumentos já anteriormente expen-
CPA, as «pautas de valores míni- didos, com menção, inclusive, a
mos» fixados pela Comissão Executi- acórdão do S.T.F. e a outro d~sta
va do mesmo Conselho, como os va- Turma, de que fui relator, e pedindo
lores indicados pela CACEX, nas especialmente a atenção para a cir-
guias de importação, não colidiam cunstância de que o preço das fatu-
com a definição de «preço normal», ras, por eqqivaler simplesmente ao
citada no mencionado dispositivo do valor F AS, não correspondia ao pre-
CTN. :É que todos eles referem-se ao ço normal eis que expurgado de ele-
valor CIF, ou melhor, constituindo- mentos que deviam ser levados em
se em base de cálculo do impol)to de conta.
TFR - 71 185
EMENTA
Administrativo. Prazo Administrativo.
Ultimando-se o prazo administrativo em um sá-
bado, prorroga-se ele para o primeiro dia útil se-
guinte, não havendo norma expressa que determine
o contrário.
190 TFR - 71
Ainda como outro subsídio, mas mo recaindo em dia em que não haj a
adequado, encontrâmo-Io no Decreto expediente, pois cabe observªr que
Lei n? 3.602-41 que «dispõe sobre a quando da edição do Decreto-Lei n?
contagem dos prazos em processos 3.602, ou seja, em 1941, ainda' havia,
ou causas de natureza fiscal ou ad- normalmente, expediente aos sába-
ministrativa», e cujo art. 1? e seu pa- dos.
rágrafo único estabelecem, in verbis
«Art. 1? - Na..contagem dospra- A douta sentença, assim, como o
parecer da douta Subprocuradoria-
zos em processos e causas de Geral da República alicerçam suas
natureza fiscal' ou administrativa, argumentações com ensinamentos
excluir-se-á o dia do começo e doutrinários que, por brevidade, dei-
incluir-se-á o do vencimento». xo de reproduzir, por entender não
Parágrafo único - Se o dia do haver necessidade de fazê-lo.
vencimento cair em dia feriado, o
prazo considerar-se-á prorrogado Pelo exposto, conhecendo da segu-
até o primeiro dia útil seguinte». rança por encontrar-se ela sujeito ao
A referência aí, a feriado, como é duplo grau de jurisdição, confirmo-a.
fácil de ver, há de considerar-se co- E o meu voto.
o Sr. Min. Otto Rocha é Juiz Fede- minação do preço pelos seus efeitos
ral convocado em substituição ao Sr. sobre laudêmio e foro.
Min. Jorge Lafayette Guimarães, Postas, assim as questões, a com-
que se encontra licenciado. Presidiu petência do Tribunal para o processo
o julgamento o Sr. Min. Peçanha é manifesta, pois a segurança visa
Martins. ato de juiz federal. As condições da
ação mandamental são a existência
VOTO (VISTA) de interesse de agir em face da re-
corribilidade da decisão e a certeza
O Sr. Ministro Paulo Távora: Co- de liquidez dos fatos.
proprietário no domínio útil de imó- O Autor não foi citado para a ação
vel, objeto de desapropriação pelo expropriatória, nem há nos autos
Município de São Paulo, impetra se- evidência de ter tomada conheci-
gurança contra ato do Dr. Juiz Fede- mento da imissão liminar antes dos
ral da 1~ Vara do Estado, que. defe- 120 dias da impetração.» A quem ale-
riu imissão liminar na posse. ga a intempestividade, cabe o onus
O autor argúi: de demonstrar que a ciência se deu
A) a incompetência absoluta da em data que exauriu o prazo de de-
Justiça Federal em razão de a ex- cadência. Rejeito a preliminar.
propriante ter retificado a inicial pa- Quanto à possibilidade jurídica de
ra limitar seu alcance ao domínio segurança contra ato judicial, o art.
útiL sendo a União a titular do 5?, item lI, da Lei 1.533 de 1951, ad-
domínio direto. Em conseqüência, mite no caso de não haver recurso
cessou o interesse da entidade fede- nas leis processuais, nem comportar
ral a determinar o retorno dos autos' correição.
à Justiça Estadual onde se iniciara a Tenho entendido que a recorribili-
ação: dade não constitui razão decisiva pa-
B) impossibilidade de o Município ra a carência da ação mandamental.
desapropriar bem da Uniª-o, ex vi do se ao conjugam dois requisitos: a au-
art. 2?, § 2? do Decreto-Lei n? 3.365, sência de efeito suspehsivo e a
de 1941; ameaça de lesão irreparável pela
C) - caducidade do ato expropria- execução imediata do ato judicial.
tório, expedido há mais de cinco A ação de segurança é uma garan-
anos, consoante art. 10 do Decreto- tia constitucional contra ilegalidade
Lei 3.365/41. passível de ferir direito individual,
As informações da autorifl:ifie iudi- praticado por qualquer autoridade,
dária confirmam que o postulante inclusive a judiciária. Se há risco de
não chegou a ser citado para a ação consumar-se a lesão e o interessado
expropriatõria, sem embargos, diz não dispõe de meio ordinário suspen-
que a impetração revela ter seu au- sivo, o mandamus é legítimo. A pró-
tor conhecimento do processo, inicia- pria lei reguladora de segurança exi-
do em 1976 na Justiça Estadual com ge a suspenSividade em condição
a citação de outros condôminos. A de cabimento aa ação. Não há . por
circunstãncia de tratar-se de imóvel que distinguir entre os efeitos do ato
foreiro à União, determinou o envio administrativo e do ato judicial se
do feito à Justiça Federal. Conclui ambos são susceptíveiS de causar
que as alegações constituem matéria prejuízo ao direito de outrem. Cum-
de contestação, não cabendo a apre- pre pois entender-se a cláusula da
ciação na fase da imissão liminar. suspensão da eficácia enunciada no
A SubprocuradQria-Geral da Repú- art. 5?, item I, da Lei 1.533, aplicável
blica suscita intempestividade do também a hipótese do recurso judi-
mandamus que ataca ato judicial, de cial no item II do mesmo artigo.
1976. Descabida a competência da O mandado de segurança visa pre-
Justiça Federal para a ação expro- servar o direito na sua integridade
priatória em que a União figura co- original. Se o bem lesado não pode
mo assistente, interessada na deter- ser restituído,. materialmente, ao
198 TFR - 71
statu quo ante, pelo provimento de entre a União e a Prefeitura que pos-
recurso sem caráter suspensivo, diz- sa ser efetuada pela desapropriação.
se que a lesão é irreparável. O obje- O art. 102, do Decreto-Lei 9.760, de
to do direito, suscetível de destrui- 1946, que dispõe sobre o patrimônio
ção ou modificação substancial, só imobiliário federal, assegura ao se-
pode ser súbstituído pelo seu equiva- nhorio do domínio direto e preferên-
lente em dinheiro, isto é, em bem di- cia para aquisição dos domínio útil
verso do original. e, se não o exercer, o direito de co-
No caso, a imissão liminar na bra.r o laudêmio de 5%. A disposição
posse para fins de urbanização de apllca-se a todas as transmissões
área, implica demolição do pré- onerosas e não há por que excluir de
dio de que o Autor é condômino. O seu âmbito a desapropriação.
efeito do ato judicial não poderia ser A nua propriedade da União não é
remediado de pronto mesmo se o Au- atingida, nem seu direito de prefe-
tor tivesse interposto agravo e viesse rência ou de cobrança de laudêmio e
a ser provido. do foro.
Concluo, pois, que a ação manda- A presença da entidade central na
mental tem viabilidade jundica e há ação expropriatõria não configura,
interesse de agir contra lesão irrepa- assim, nenhuma das posições men-
rável pelos meios ordinários de im- cionadas no art. 125, item I, da Cons-
pugnação. tituição para sujeitar à competência
Exa~il:!0 o n:térito, c0!lleçando pe- da Justiça Federal.
la argmçao de Incompetencia absolu- O Autor cita, aliás, precedente
ta da Justiça Federal. A Prefeitura nesse sentido em que a 8~ Vara Fe-
de São Paulo limitou a expropriação deral de São Paulo declinou o conhe-
ao domínij) útil dos condôminós pri- cimento de ação expropriatória de
vados. O domínio direto da União prédiO situado na mesma rua.
não é, assim, atingido.
As informações do Juízo não iden- No MS n? 82.546, impetrado por
tificam a posição ,processual da enti- proprietário de imóvel nas mesmas
dade federal na ação expropríatõria. condições, o Tribunal não conheceu
Sem embargo, a Subprocuradoria- do mandamus. por intempestiv_Q. O
.Geral . da República. ao falar como Relator, o Sr. Ministro Carlos MiÍrio
órgão do Ministério Público nesta ins- Vefloso, ressalvou em seu voto que
tãhcia, diz que a União é assistente. não cabia, na hipótese, examinar a
A pr~velecer essa qualificação, questão de, incompetência da Justiça
conclm-se que a Procuradoria da Re- Federal, ,pois a Procuradoria da Re-
públic.a assiste aos desapropriados, pública, na instância originária, arn-
InCIUSlVe ao Impetrante pelo interes- da não se manifestara sobre a alega-
se na fixação do preço e conseqüente ção de falta de interesse da União
reflexo sobre o laudêmio e foro. para a desapropriação do domínio
útil.
Todavia, a assistência ca~az de Concedo a segurança pelo funda-
deslocar a competência, é o lltiscon-
sorcial. A intervenção ad mento da incompetência da Justiça
adjuvandum, prevista no art. 50 do Federal, para cassar a imissão limi-
Código de Processo Civil, não altera nar na posse e determinar a restitui-
o foro, de acordo com a jl,lrlSpmdên- ção dos autos da ação expropriatória
cia do Supremo Tribunal (RTJ - à Justiça Estadual.
51/238; 58/705; 66/517).
A assistência litisconsorcial VOTO
verifica-se quando a sentença houver
de influir na relação jundica entre o O Sr. Ministro Aldir G.
assistente e o adversário do assistido Passarinho: Sr. Presidente, não vejo
segundo o art. 541,. da lei processual. com a mesma liberalidade do Sr. Mi-
No caso, o adver_sário dos desapro- nistro Paulo Távora a possibilidade
priados assistidos é o Município de de impetração de mandado de segu-
São Paulo. Não há relação jurídica rança contra ato judicial. S'. Exa: pa-
TFR - 71 199
EMENTA:
Ensino Superior - Transferência. - As normas
do Decreto n? 77.455, de 19.4.1976, têm aplicação res-
trita à hipótese de transferência de alunos de um pa-
ra outro estabelecimento de ensino superior.
Cabe às Universidades e Escolas isoladas decidi-
rem discricionariamente sobre a dispensa de maté-
rias já cursadas em outros estabelecimentos ou cur-
sos.
Segurança cassada.
Pelo sub item 1.3, do edital, seria seria fator preponderante a ser con-
indispensável ao bom atendimento siderado.
dos encargos licitados junto aos ór- Assim foi feito de acordo com o su-
gãos regionais da autarquia, um bitem 6.2, do Edital de Licitação. E a
maior número de filiais, aspecto ne- comissão procedeu em conformidade
gativo em relação à impetrante e com o art. 133, do Decreto-Lei n?
que muito a distanciou das demais 200/67, ao solicitar parecer do De-
concorrentes. partamento de Administração do
O Ministério Público opinou con- IM sobre a capacidade técnica das
trariamente à concessão da seguran- concorrentes.
ça por ausência de direito líquido e Pelo que foi verificado às fls.
certo a proteger. E foi ass~m que jul- 52/54, a impetrante não se teria de-
gou o Dr. Carlos Augusto ThibauGui- sincumbido satisfatoriamente de ser-
marães, ilustre Juiz da 6~ Vara Fe- viços que antes lhe haviam sido ad-
deral. judicados, ao contrário da empresa
A impetrada apelou (fls. 75/84). O vencedora, contra a qual, nesse pon-
IM apresentou contra-razões (fls. to, nada foi encontrado de desabona-
88/92). E, após falar o Ministério PÚ- dor.
blico ao lado dÇi autarquia a.ssistida O julgamento das propostas aten-
(promoção do Dr. Sylvio Fiorênciol, deu às prescrições do edital, onde fo-
subiram os autos ao Tribunal para ram enfatizados, acima do fator pre-
julgamento. ço, outros preponderantes, como a
A douta Subprocuradoria-Geral da existência de filiais e o conceito da
República (Dr. Geraldo Andrade Administração sobre a qualidade dos
Fonteles) opin6u pela confirmação serviços anteriormente prestados pe-
da sentença, que a decisão impugna- los concorrentes.
da inseriu-se nos critérios adminis- Além dos termos editalícios, que
trativos, embora com c~rta margem se ajustam à flexibilidade desse pro-
de atuação livre, mas em obediência cedimento administrativo, na espé-
ao art. 133 do Decreto-Lei n~ 200/67. cie foram observados os princípios
É o relatório. que presidem a licitação prévia, os
da igualdade e da publicidade, estra-
VOTO tificados na justificação escrita da
autoridade competente, exatamente
O Sr. Ministro Evandro Gueiros porque não foi escolhida a proposta
Leite (Relator): A respeitável sen- de menor preço.
tença apelada apreciou precisamen- Nestes termos, nego provimento
te os pontos fulcrais da controvérsia ao recurso da impetrante e confirmo
e os decidiu com acerto, salientando a respeitável sentença.
que o menor preço, entre outros, não É o meu voto.
EMENTA
Importação sujeita ao regime de «drawback».
Conjunto de normas distintas das que regulam a cb-
brança de encarg9s relativos aos serviços industriais
e comerciais d~ órgãos vinculados ao Ministério dos
Transportes. Sistemas legais distintos, não havendo
incompatibilidade entre suas normas.
Taxa de Melhoramento dos Portos. Sujeita-se ao
regime de beneficios e incentivos do regime de
«drawback» (art. 55 da Lei n? 5.025/66 e 78 do
Decreto-Lei n? 37/66).
ACORDÃO a) restituição, total ou parcial,
de tributos que haj am incidido
Vistos, relatados e discutidos es- sobre a fabricação de mercado-
tes autos, em que são partes as aci- ria exportada após beneficiamen-
ma indicadas: to, ou utilizada na fabricação,
Decide a Segunda Turma do Tri- complementação ou acondiciona-
bunal Federal de Recursos, por una- mento de outra exportada;
nimidade, negar provimento à re- b) suspensão do pagamento
messa oficial e ao recurso voluntá- de tributos sobre a importação
rio, na forma do relatório e notas ta- de mercadoria a ser exportada
quigráficas precedentes, que ficam após benefic:!iamento, ou destina-
fazendo parte integrante dO presente da à fabricação, complementa-
julgado. ção ou acondicionamento de ou-
Brasília, 23 de maio de 1979. - tra a ser exportada; e
Ministro Moacir Catunda, Presidente c) isenção dos tributos que in-
- Ministro Justino Ribeiro, Relator. .cidirem sobre importação de
mercadoria, em quantidade equi-
valente à utilizada no beneficia-
RELATORIO mento, fabricação, complementa-
ção ou acondicionamento de pro-
o Sr. Ministro Justino Ribeiro:, duto exportado.
Trata-se da questão, já conhecida Como se vê, há um Objetivo básico
deste Tribunal, de saber se estão su- de favorecer a exportação. E o meio
jeitas à Taxa de Melhoramento dos utilizado é aliviar os encargos inci-
Portos (TMP) as mercadorias im- dentes sobre a importação de merca-
portadas ~ob o regime chamado de dorias que para isto funcionem como
«drawback» inicialmente regido pelo uma espécie de matéria-prima ou
art. 55 dá Lei n.5.025/66 e, depois, pe- mesmo simples embalagem. E o
lo art. 78 do Decreto-Lei n? 37/66. Daí alívio de encargos se faz .por isen-
os interessados ora pretenderem ção, suspensão ou restituição deles,
isenção, ora suspensão dessa Taxa, conforme a hipótese. Mas rio tocante
conforme se baseiam numa ou nou- ao Adicional ao Frete para Renova-
tra dessas leis. ção de Marinha Mercante (outrora
Em ve:rdade, a Lei 5.025/66 falou Taxa de Renovação da Marinha
em isenção. Já o art. 78 do Decreto Mercante) e à Tax<;i de Melhoramen-
Lei n? 37/66 permitiu que fosse conce- to dos Portos, as autoridades admi-
dida, conforme dispusesse o regula- nistrativas têm recusado atendimen-
mento: to aos pedidos dos importadores. Ar-
216 TFR - 71
produzida mas depois volta ao exte- concreto por lhe ser posterior, o
rior, parece não haver dúvida de que Decreto-Lei n? 1.626, de 1.6.78, parece
a palavra final, na esfera adminis- ter vindo para pôr fim a essa inter-
trativa, cabe.,nesse regime ao conse- minável discussão, dizendo clara-
lho de política Aduaneira, que é o mente isentas do Adicional ao' Ftete
órgão incufnbido da matéria pelo Para Renovação da Marinha Mer-
Decreto n? 68.904, de 1971. Se esse ór- cante e da Taxa de Melhoramento
gão concede a determinada operação dos Portos as operações regidas pelo
os benefícios de tal regime, tudo art. 78 dp Decreto-Lei n? 37/66
mais virá como conseqüência, nos (<<drawback». Verdade que ainda con-
termos da Lei n? 5.025/66, não interfe- fiou ao Miflistério dos Transportes o
rindo com isto às normas e decisões controle de sua aplicação.
de interesse dos serviços afetos ao Pelo exposto, confirmo a douta
Ministério dos Transportes. sentença apelada, que deu sOlução
No caso presente, as objeções da adequada à espécie.
autoridade administrativa buscam
amparo exclusivamente em normas EXTRATO DA ATA
e decisões vindas desse lado e, por AMS 86.750 - SP. - ReI.: Sr.
isto, não me parece que essa autori- Min. Justino Ribeiro. Remte.: Juiz
dade tenha razão. Federal da 9~ Vara. Apte.: Cia. Do-
Quanto ao parecer da douta cas de Santos. Apda.: Carbocloro
Subprocuradoria-Geral, inspirado SI A Indústrias Quimicas.
basicamente em decisões a respeito Decisão: Em decisão uJ;lãnime,
do Adicional ao Frete Para Renova- negou-se provimento à remessa ofi-
ção da Marinha Mercante, devo assi- cial e ao recurso voluntárib. (Em
nalar que essas decisões se baseiam 23.05.79 - 2~ Turma).
em argumento específico, tirado do Os Srs. Mins. Moacir Catunda e
entendimento de que esse adicional Sebastião Reis votaram com o Rela-
não seria tributo mas, sim, uma tor. O Sr. Min. Sebastião Reis é Juiz
contribuição parafiscal, o que não Federal convocado em substituição
ocorre com a taxa aqui considerada. ao Sr. Min. Paulo Távora, que se en-
Finalmente, cumpre assinalar contra licenciado. Presidiu o julga-
que, embora não abrangendo o caso mento o Sr. Min. Moacir Catunda.
EMENTA
Edital de Concorrência. Publicação. Eficácia.
Com a publicação do Edital, inicia-se o procedi-
mento da concorrência, como o estabelecimento de
suas regras, e de seus prazos e de suas condições.
Qualquer alteração normativa superveniente não
tem eficácia para a concorrência já aberta, pois a
regra Que a preside j á está contida no Edital.
TFR - 71 223
EMENTA
Conflito de Competência. Integrante da Polícia
Militar do Estado de Minas Gerais que se acha pro-
ce:S;:,a':o, pelo mesmo fato delituoso, perante o Juiz
de Direito da Comarca de Mar de Espanha e Audito-
ria da' Justiça Militar Estadual. Competência do Tri-
bunal Federal de Recursos para decidir o conflito,
face à nova orientação do Supremo Tribunal Fede-
ral, em decorrência da Emenda Constitucional n? 7,
que deu nova redação ao art. 122, I, e, da Carta
Magna.
Conhecimento do conflito para declarar-se com-
petente, para apreCiação do feito, o Dr. Juiz da 3~
Auditoria da Justiça Militar Estadual, em obediên-
cia ao disposto no art. 144, § I?, d da Constituição
Federal (nova redação). combinado com o art. 9? do
Código Penal Militar (Dec.-Lei n? 1.001, de 21-10-69).
Nos termos do art. 144, § 1~, d, (9), para incluir os crimes cometidos
da Constituiçao Federal, com a· por policial-militar. mesmo em mis-
redação dada pela Emenda Cons- são de policiamento civil.
titucional n~ 7, de 13 de abril de Atenta a matéria de fato, não há
1977, a Justiça Militar estadual é dúvida de que a competência aqui é
competente para processar e jul- da Justiça Militar do Estado.
gar os integrantes das polícias
militares, nos crimes militares A douta Subprocuradoria-Geral da
definidos em lei. República opinou no mesmo sentido.
Crime cometido por policiais Diante dessas considerações, co-
militares no policiamento osten- nheço do conflito e o julgo proceden-
sivo do trânsito. Competência da te, para reconhecer a competência
Justiça Militar. do Juiz da 3~ Auditoria da Justiça
Militar Estadual.
Proposta de reformulação da
Súmula 297 acolhida. Recurso de É o meu voto.
habeas corpus não provido» (D.J.
de 30-6-78).
EXTRATO DA ATA
Merecem destaque dois tópicos de CC 3.469 - MG. - Rel.: Sr. Min.
parecer da Procuradoria Geral da Wilson Gonçalves. Suscte.: Aristóte-
República oferecida no processo aci- les Pereira. Suscdos.: Juiz de Direito
ma referido: da Comarca de Mar de Espanha e
Juiz de Direito da 3~ Auditoria Judi-
«A segunda conclusão apresenta- ciária Militar Estadual.
se, todavia, inteiramente suplanta-
da pela norma superveniente, visto
como nesta (o art. 144, § 1~, d) Decisão: Por unanimidade, o Tri-
estabeleceu-se um critério de fixa- bunal conheceu do Conflito e decla-
ção de competência inteiramente rou a competência do Dr. Juiz de Di-
novo, isto é, não mais a função de reito da 3~ Auditoria Judiciária Mili-
natureza militar, mas o ser inte- tar Estadual. (Em 3-5-79. - T. Ple-
grante das polícias militares.» no).
«Pelo exposto, sem necessidade Os Srs. Ministros Armando Rolem-
de pôr em contestação a jurispru- berg, Márcio Ribeiro, Moacir Catun-
dência anterior, pois se está diante da, Miguel Jeronymo Ferrante, El-
de fato novo, afigura-se-nos que o mar Campos, José Dantas, Carlos
enunciado da Súmula 297 não mais Madeira, Evandro Gueiros Leite,
subsiste diante da nova regra de Washington Bolívar, Torreão Braz,
competência introduzida no art. Carlos Mário Venoso, e Otto Rocha
144, § 1?, d, da Constituição, visto votaram com o Relator. Impedido o
como aquele exige exercício de Sr. Min. Justino Ribeiro (RI art. 3?).
função militar ao passo que esta se Os Srs. Ministros Miguel Jeronymo
contenta com o ser integrante das Ferrante e Elmar Campos são juízes
polícias militares». Federais convocados em virtude de
os Srs. Ministros Jarbas Nobre e AI-
Em síntese, deu-se o alargamento dir G. Passarinho estarem licencia-
do conceito de crime militar, resul- dos. Não participaram do julgamen-
tante da combinação do art. 144, § to os Srs. Ministros' Amarílio Benja-
1?, d, da Constituição, (nova reda- min, Paulo Távora e Lauro Leitão.
ção) com o art. 9? do Código Penal Presidiu o julgamento o Sr. Min. Jo-
Militar (Dec.-Lei n? 1.001, de 21-10- sé Néri da Silveira.
230 TFR - 71
ministrativo, algum tempo de- coisas, que não era de seu conhe-
pois da expedição daquela or- cimento fosse o Senhor Antenor
dem, requer ao Juízo um ofício Braga Farias, o gerente aponta-
ao Banco Central para se saber do como Autor de uma quebra
de seu anda~ento, o que lhe foi de sigilo bancário, gerente do
deferido e feito. Surge, então, a banco onde o fato terá ocorrido.
resposta do Banco Central, pelo Só aí, trazendo o Almanaque do
todo surpreendente, no sentido Pessoal - Banco do Brasil - re-
de que nada havia sido feito, in- ferente aos anos de 1972 a 1975,
°
clusive pelo fato de que geren-
te, apontado como responsável
onde aquele funcionário figura,
já comprovada a filiação do ora
pela quebra de sigilo bancário, paCiente Araken, é que este
sequer era seu funcionário. O di- Juízo determinou a instauração
ligente representante do M.P.F., de inquérito policial, ainda a re-
cientificado da resposta, traz à querimento do M.P.F.
colocação o Almanaque do Ban- Registre-se, de logo, que se de-
co do Brasil, referente aos anos terminou o inquérito em segredo
de 1972, 1973 e 1974, onde figura o da justiça, máxime para não
nome daquele funcionário, inclu- prejudicar aquela entidade ban-
sive pai do Chefe-Adjunto do cária.
Banco Central em São Paulo,
Antenor Araken Caldas Farias, Do evidente equívoco estampa-
ora paciente, chamando-o de «fi- do no petitório.
gurão da.entidade» (does. n?s 1 e Do exposto, não há como
2, em anexo, ora submetidos à al- aceitar-se o pedido inicial, refe-
ta apreciação de V. Exa.). rentemente ao objeto do inquéri-
Verificou-se, ainda, que a Che- to anulando. Não se trata, pelo
fia do Departamento Jurídico do todo, de inquérito destinado a
Banco Central, fugindo à rotina apurar quebra de sigilo bancá-
administrativa, ao receber a or- rio, mas eventual desobediência
dem para instauração de proces- a uma ordem judicial, legal e
so administrativo, ao invés de perfeita formalmente, ou uma
fazê-lo, encaminhou o expediente prevaricação, em tese.
à Capital Federal, insinuando a Acreditamos que os fatos, já
impunidade daquele funcionário. demonstrados, autorizam a exis-
Peticiona, mais uma vez, o digno tência do presente procedimento
representante do M.P.F. pedindo investigatório, máxime diante do
informações ao Banco Central, inusitado comportamento dos
para se estabelecer aquele pa- ora pacientes, diverso daqueles
rentesco, bem como requisição praticados rotineiramente,
do expediente administrativo. tolere-se.
Ali, diz textualmente: V. Exa. melhor dirá o direito.
«Os fatos, se confirmada a São as informações.»
versão que chegou a nosso co- A douta Subprocuradoria-Geral da
nhecimento, são graves pois República, oficiando nestes autos de
revelam um enfeudamento de Habeas Corpus. assim opina:
filhotismo incompatível com a «O Bel. Geraldo José Guima-
natureza fiscal imparcial do rães da Silva impetra uma or-
órgão» (doc. n? 2, em anexo). dem de habeas corpus em favor
O BancQ Central responde a de Alexandre Russo e Antenor
esse novo ofício (doc. n? 1, em Araken Caldas Farias, os quais,
anexo), afirmando, dentre outras segundo alega estão ameaçados
238 TFR - 71
tou as informações que lhes cumpria Mas, data venta, a prova docu-
prestar. mental existente nos autos não de-
A douta Subprocuradoria da Repú- monstra, em tese, a existência
blica, oficiando neste feito, em seu quer de prevaricação, quer de de-
lúcido parecer, além do mais, frisa:' sobediência.
O que mostram os autos é ter
«Ao ver! do signatário, a hipótese é chegado o ofício, pedindO providên-
de deferfinento do pedido. cias ao Banco Central datado de
Com efeito, afigura-se ao subscri- 2.2.78, - em 6.3.78.
tor que inquérito contra os pacien- Em 18.4.78, O Dr. Procurador da
tes é procedimento que os cons- República oficia ao MN-L Magistra-
trange ilegalmente, dada a falta de do, ressaltando que tivera conheci-
justa causa, no caso. mento do andamento tortuoso do
Ora, como se vê das peças relata- ofício e que o
das e da documentação constante «Chefe do Departamento
do presente habeas corpus preten- Jurídico do Banco Central inter-
de o MM. Magistrado que teriam rompeu suas férias e compare-
os pacientes, em tese, perpetrado ceu à entidade, fugindo à rotina,
os delitos de desobediência ou normal de casos que tais, (ou se-
prevaricação. ja distribuição do feito a um advo-
A base para requisição do' inqué- gado do Departamento para exa-
rito policial foi a alegação do Dr. me e encaminhando o caso a
Procurador da República de haver Brasília insinuando ou asseveran-
tomado conhecimento de que ofício do pela impunidade do apanigua-
encaminhado pelo Magistrado. do» (autos fls. 38). ~
«teria tido (ou teve?) andamen- Ora, no fato de haver sido remetido
to tortuoso. O Gerente do Banco o expediente à autoridade superior -
do Brasil, segundo informações dado p inusitado do ,assunto - não se
colhidas, é pai de Antenor Araken pode vislumbrar a prevaricação ou de-
Caldas Frias, Chefe-Adjunto do sobediência.
Banco Central em São PaUlo, E çle se salientar inclusive, que o
portanto «figurão» na entidade. O ofício judicial tem o sentido ou o
Sr. Chefe do Departamento conteúdo de uma comunicação de ir-
Jurídico do Banco Central inter- regularidades, sendo, po.rtanto, pra-
rompeu pressurosamente suas fé-
rias e compareceu à entidade, fu- ticamente impossível enxergar-se. no
gindo à rotina, normal de casos caso, uma desobediência.
que tais (ou s~ja distribuição do Dir-se-ia que, no inquérito, outras
feito a um advogado do Departa- provas pOderiam comprovar a ocor-
mento para exame e encaminha- rência delituosa, na hipótese, e como
mento) promoveu expediente en- tal seria temerário conceder-se a or-
caminhando o caso a Brasília in- dem por falta de justa causa.
sinuando ou asseverando pela Ocorre, porém, que, no caso, o de-
impunidade do apaniguado. Os lito de desobediência, a toda evidên-
fatos, se confirmada a versão cia inocorre. E o de prevaricação é
que chegou a nosso conhecimen- repelido pela prova documental. Mas
to, são graves pois revelam um não se contra-argumente que o im-
enfeudamento de filhotismo in- quérito pOderia revelar os indícios
compatível com a natureza fis- da prática de prevaricação. Ora, é
cal imparcial do órgão (autos, preciso convir em que o inquérito
fls. 38), tem como base a própria documen-
246 TFR - 71
É o parecer, s.m.j.
Em face do exposto, concedo a or-
Brasília, 7 de dezembro de 1978. - dem de habeas corpus, em favor dos
Haroldo Ferraz da Nóbrega, Procu- ora pacientes, Alexandre Russo e
rador da República Antenor Araken Caldas Farias, para
Aprovou: determinar o trancamento do inqué-
A. G. Valim Teixeira, 4? Subpro- rito policial, que fora requisitado pe-
curador-Geral da República. lo MM. Dr. Juiz Federal da 3? Vara
da Seção Judiciária do Estado de
Destarte, não tendo os ora pacien- São Paulo.
tes praticado qualquer crime, falta É o meu voto.
justa causa para a ação penal, e,
pois, para instauração de inquérito
policial contra, os mesmos.
EXTRATO DA ATA
O habeas corpus é o remédio juris
para fazer cessar a coação ilegal. HC n? 4.437 - SP - ReI.: Sr. Min.
Com efeito, preceitua a Constitui- Lauro Leitão. Impte.: Geraldo J.osé
ção Federal, em seu art. 153, § 20, Guimarães !1a Silva. Pactes:: Ale-
verbis: xandre Russo e outro.
TFR - 71 247
EMENTA
tes dos autos, que ficam fazendo Não merece reparos, data venia,
parte integrante do presente julgado. a sentença recorrida, que se colo-
Custas como de lei. cou em harmonia com a jurispru-
dência do Colendo Supremo Tribu-
Brasília, 14 de dezembro de 1979 nal Federal.
(data do julgamento). Ministro
Peçanha Martins, Presidente. Mi- Considerando, além disso, o tra-
nistro 'Washington Bolfvar de Brito, ço comum existente entre expulsão
Relator. e deportação, não há motivo para
que se aplique a esta última a nor-
RELATORIO ma que proíbe se expulse o estran-
geiro que tenha filho brasileiro de-
o Senhor Ministro Washington pendente da economia paterna.
Bolfvar de Brito: Jacoub Elias El Por essa prescrição legal se prote-
Fahl, libanês, casado, comerciante, ge não o interesse do estrangeiro,
impetrou ordem de habeas corpus, mas o interesse dos filhos brasilei-
em favor de Rebecca Jawad Ibra- ros por ele gerados, filhos- aos
him Chebel, sua esposa, porque in- quais deve ele alimentos e assis-
gressaram ambos no território na- tência. Dir-se-á que a lei silencia
cional, vindos do Paraguai, no Posto quanto à matéria, não erguendo,
da Polícia Federal de Foz do Iguaçu no tocante à deportação, o obstácu-
e, por um lapso, o funcionário deixara lo que opôs à expulsão. Penso, no
de anotar o visto de entrada no pas- entanto, que se trata de lacuna
~uprível mediante analogia legis,
saporte da paciente que, algum tem-
po depois, terminou sendo presa, porquanto o princípio jurídico que
com vistas à deportação, porquanto proíbe a expulsão do estrangeiro
seria irregular sua entrada no País. que possua filho brasileiro depen-
dente da economia paterna, deve
O Dr. José de Castro Meira, conce- aplicar-se à deportação, visto co-
deu o habeas corpus, por verificar mo esta denota semelhança com a
que a paciente dera à luz a uma expulsão, uma e outra formas de
criança em território brasileiro, a afastamento do País, impostas ao
Qual fora registrada em Feira de estrangeiro, por ato unilateral e
f.:iantana, na forma regular. compulsório da autoridade brasi-
É o relatório. leira". (HC n? 54.718-DF, Relator o
Exmo. Sr. Ministro Leitão de
Abreu, in RTJ 82/375).
VOTO
«Somos, pelo exposto, pelo não
O Sr. Ministro Washington Bolfvar provimento do presente recurso de
de Brito (Relator): - A ilustrada ofício.»
SubprocuradoriajGeral da República,
em seu parecer de fls. 45/46, bem po- Estou de acordo com esse parecer.
siciona a controvérsia e, por isso, o Nego provimento ao recurso.
reproduzo:
«Trata-se recurso de ofício da
decisãD que concedeu habeas EXTRATO DA ATA
corpus à alienígena Rebecca Ja-
wad Ibrahim Chebel, para que não RHC n? 4.673-BA - ReI.: Sr. Min.
fosse deportada do Brasil, eis que Washington Bolívar de Brito. Recte,:
mãe de filho brasileiro, dependente Juiz Federal da 2~ Vara. Recda.:. Re-
da economia paterna. becca Jawad Ibrahim Chebel.
TFR - 71 249
EMENTA:
Habeas Corpus - Prisão Preventiva - Funda-
mentação - Princípio da indivisibilidade da ação
penal.
«O despacho que decretou a prisão preventiva
fundamentou-se como se nele transcrito», na promo-
ção do MPF, o que atende à exigência do art. 315, do
CPP, conforme admitido pela jurisprudência.
O principio da indivisibilidade da ação penal não
I se quebra com a prisão preventiva de apenas alguns
dos indiciados em um mesmo processo, em respeito
aos motivos de conveniência e oportunidade que re-
gem a instrução criminal.
Pedido indeferido.
ACORDA0 miro Itaparica, advogados, regula-
mente inscritos na OAB, Seção da
Vistos e relatados os autos em que Bahia, impetram a presente ordem
são partes as acima indicadas: de Habeas Corpus em favor de Otto
Decide a 1~ Turma do Tribunal Fe- da Silva Oliva, Gerson Rodrigues de
deral de Recursos, à unanimidade, Oliveira, Raimundo Pereira Filho e
indeferir a ordem, na forma do rela- Edson Moraes dos Santos, presos na
tório e notas taquigráficas constan- Casa de Detenção de Salvador - Ba-
tes dos autos, que ficam fazendo par- hia, em decorrência de despacho de
te integrante do presente julgado. prisão preventiva exarado pelo MM.
Juiz Federal da 1~ Vara da .Justiça
Custas como de lei. Federal, Seção Judiciária daquele
Brasília, 16 de maio de 1980 (Data Estado.
do julgamento). - Ministro Peçanha Alegam os impetrantes que o des-
Martins - Presidente - Ministro pacho de custódia não vem funda-
atto Rocha, Relator. mentado e é injusto.
Infundamentado, «porquanto não
RELATORIO indica não só os indícios veementes
da autoria e da materialidade do de-
O Sr. Ministro Otto Rocha - Os lito, mas também os motivos que
bacharéis Aristides d~ Souza Olivei- justifiquem a conveniência da medi-
ra. Antônio Fernandes Pinto e Alde- da excepcional, qual a custódia cau-
250 TFR - 71
EMENTA