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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ ª VARA DO TRABALHO DE TUPÃ

DA COMARCA DE SÃ O PAULO – SP.

XXXXXXXXXXXXXXXXX., pessoa jurídica de direito privado


devidamente inscrita no CNPJ sob o n.º XXXXXXXXXXXXXXXXX, com sede à Rua
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, propor a presente AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
em desfavor de XXXXXXXXXXXXX, brasileiro, inscrito no CPF sob o n. XXXXXXXXX, CTPS nº
XXXXXXXXXXXXXX, com endereço à XXXXXXXXXXXXXXXX, pelas razõ es de fato e de direito
que passa a expor:

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I - DAS SUCINTAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

1. No referido caso, aclara a Consignante que, o Consignatá rio foi


XXXXXXXXXXXXXXXX.

2. XXXXXXXXXXXXXXXXXX

3. Nesta senda, ante à impossibilidade de realizar o pagamento


das verbas rescisó rias devidas diretamente ao Consignatá rio, nã o restou outra alternativa ao
empregador, senã o aforar a presente açã o, com fundamento no art. 539 e seguintes do CPC,
para possibilitar ao Consignatá rio o recebimento dos haveres rescisó rios, de acordo com o
incluso TRCT, no valor total de R$ XXXXXXXXXXXXXXXX a fim de evitar o pagamento de
acréscimos decorrentes do atraso no pagamento das verbas rescisó rias, especialmente a
multa prevista no art. 477, da CLT, bem como, manter assegurado o direito dos legítimos
herdeiros do De Cujus.

II – DO DIREITO:

II. I - DO CABIMENTO DA PRESENTE AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO E PAGAMENTO – DA


AUSÊNCIA DE COMPARECIMENTO DOS HERDEIROS NA SEDE DA CONSIGNANTE PARA O
RECEBIMENTO DOS VALORES DE DIREITO DO DE CUJUS – DO PREENCHIMENTO DO
PRAZO PREVISTO NO ARTIGO 477 DA CLT PARA PAGAMENTO DOS HAVERES
TRABALHISTAS:

4. A açã o de consignaçã o em pagamento é procedimento especial


previsto nos arts. 539 a 549 do Có digo de Processo Civil de 2015 e nos arts. 334 a 345 do
Có digo Civil, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, nos termos do art. 769 da
CLT.

5. Neste sentido, a presente açã o de consignaçã o em pagamento é


aquela em que o devedor quer pagar para liberar-se de uma obrigaçã o e, a impossibilidade de
fazê-lo pelos meios normais ou pactuados, por culpa que nã o lhe pode ser atribuída, faz com
que ele deposite judicialmente o valor devido para o fim de receber uma declaraçã o de
extinçã o da obrigaçã o. Conforme declara Marinoni:
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É ação que visa à liberação do devedor de determinada obrigação. O
objetivo do demandante é a obtenção de declaração judicial no sentido de
que não se encontra mais obrigado-de que o depósito realizado satisfaz os

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MARINONI, Luiz Guilherme. Novo có digo de processo civil comentado

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requisitos legais do pagamento devido. O pedido e a sentença de procedência
possuem natureza declaratória.

6. No Processo do Trabalho, o objeto da açã o de consignaçã o em


pagamento restringe-se à quitaçã o dos valores ou à entrega de objetos/documentos que o
empregador entende devidos ao empregado, quando este se recusa ao recebimento ou nã o é
encontrado, ou quando nã o se sabe a quem pagar.

7. Neste sentido a jurisprudência:


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CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - CABIMENTO. Nos termos dos arts. 539 e
540 do CPC, subsidiariamente aplicáveis ao processo do trabalho (art. 769 da
CLT), a ação de consignação em pagamento, cujo objeto é restrito, tem a
finalidade de afastar a mora do empregador, para fins de incidência da
multa do art. 477 da CLT e demais encargos legais, no caso de recusa
injustificada do trabalhador em receber os documentos e verbas rescisórias
decorrentes da extinção do contrato de trabalho.

8. Assim, nã o restaram alternativas à Consignante que nã o a


propositura da presente demanda, para resguardar os direitos dos legítimos herdeiros do
Obreiro, uma vez que nã o sabe quem sã o os herdeiros do Obreiro.

9. Diante de tais dispositivos legais, ante ao falecimento do


empregado, e ausência de ciência do Consignante de quem deve receber os valores tidos
como de direito do De Cujus é patente a necessidade da açã o consignató ria, com previsã o
legal no art. 5393 e seguintes do CPC.

10. Conforme estabelece o artigo 5404 do CPC, a consignató ria


serve para fazer cessar para o devedor, à data do depó sito, os juros e os riscos inerentes à
inadimplência.

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TRT-3 - RO: 00106933920205030097 MG 0010693-39.2020.5.03.0097, Relator: Jaqueline Monteiro de Lima,
Data de Julgamento: 24/03/2021
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Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a
consignaçã o da quantia ou da coisa devida.
§ 1º Tratando-se de obrigaçã o em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancá rio, oficial
onde houver situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento,
assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestaçã o de recusa.
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestaçã o de recusa,
considerar-se-á o devedor liberado da obrigaçã o, ficando à disposiçã o do credor a quantia depositada.
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancá rio, poderá ser proposta, dentro de 1
(um) mês, a açã o de consignaçã o, instruindo-se a inicial com a prova do depó sito e da recusa.
§ 4º Nã o proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depó sito, podendo levantá -lo o depositante.
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Art. 540. Requerer-se-á a consignaçã o no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depó sito, os
juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.

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11. Com o impasse e ausência de habilitação dos legítimos
Herdeiros para recebimento do valor tido pelo Consignatário, a Consignante fica na
dúvida sobre quem deve legitimamente receber os valores de direito deste, utilizando-
se assim a presente açã o com base no artigo 547 do CPC, in verbis:

Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o


pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares
do crédito para provarem o seu direito.

12. Assim sendo, diante da mencionada dú vida sobre quem deva


legitimidade receber a quantia estipulada, a Consignante pretende salvaguardar os seus
direitos e realizar o pleno cumprimento de suas obrigações legais e contratuais,
evitando, desde logo, qualquer possibilidade de discussão em relação ao pagamento,
por terceiros.

II.II - DAS VERBAS REGISTRADAS NO TRCT:

13. Nesta perspectiva, em razã o da extinçã o do contrato de


trabalho sem justa causa, sã o devidas ao Consignatá rio as seguintes verbas trabalhistas no
importe de R$ XXXXXXXXXXXXXXXXXX, as quais o Consignante pretende depositar, com o
objetivo de que seja declarada extinta a obrigaçã o:

a) XXXXXX - 26 dias de salário


b) XXXXX - férias proporcionais a 1/12 avos
c) XXXXXXX - 13º salário proporcional
d) XXXXXXX – Multa do Art. 479/CLT
e) XXXXXXXX – Terço Constitucional de Férias
 Total Bruto: XXXXXXXXX
Com os descontos de:
a) XXXX – Previdência Social
b) XXXXXXX – Previdência Social – 13º Salário
 VALOR LIQUIDO: XXXXXXXXXXXXXXX.

III – DA INAPLICABILIDADE DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT – DA JURISPRUDÊNCIA


DOMINANTE QUE VERSA SOBRE A NÃO APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ARTIGO
477 DA CLT EM CASO DE MORTE DO EMPREGADO:

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14. O contrato de trabalho havido entre a Consignatá ria e a
Consignante foi rescindido, em decorrência ao falecimento do obreiro, no dia XXXXXXXXX.

15. Como é sabido, em caso de nã o observâ ncia do prazo


estipulado de 10 (dez) dias para a quitaçã o das verbas rescisó rias, a Consolidaçã o das Leis do
Trabalho, em seu art. 477, § 8º, prevê a aplicaçã o de multa ao empregador em caso de
transgressã o, ressalvados os casos em que o empregado der causa à mora ou que a culpa pelo
atraso nã o puder ser imputada ao empregador.

16. E é exatamente este o caso dos autos, onde nã o pode ser


imputado à Consignante o fato de o Consignado ter falecido e se desconhecer seus sucessores.

17. Assim, considerando a leitura atenta do § 8º do artigo 477


da Consolidação das Leis do Trabalho, denota-se de forma clara e inequívoca que a
multa não será aplicada quando a causa para a impossibilidade do pagamento se der
por culpa do trabalhador.

18. Os valores consignados estã o corretos conforme se denota do


TRCT que segue anexo.

19. Com efeito, em que pese o artigo 336 do CC/2002 determinar


que para que a consignaçã o tenha força extintiva da obrigaçã o deverã o ser observados, de
forma concomitante, os requisitos com relaçã o ao tempo, modo, pessoa e local do pagamento
é de se observar que os requisitos foram atendidos.

20. Inaplicá vel a multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT, pois


além de ter ocorrido o pagamento das verbas dentro do prazo legal, esta Consignante
desconhece os sucessores do empregado, sendo medida que se impõ e a procedência da
presente açã o consignató ria, extinguindo-se, por conseguinte, a obrigaçã o da Autora.

21. Neste sentido a jurisprudência dominante:


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MULTA § 8º DO ARTIGO 477 DA CLT. Conforme entendimento assente do C.
TST, não há previsão legal específica para aplicação da multa do art.
477 da CLT, em caso de ruptura do pacto laboral, devido ao falecimento
do empregado.
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RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT. FALECIMENTO DE
EMPREGADO. Nos moldes delineados pelo art. 477, § 8º, da CLT, o
empregador pagará multa pelo atraso injustificado no pagamento das
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TRT-15 - RORSum: 00103401420205150081 0010340-14.2020.5.15.0081, Relator: RENATO HENRY
SANTANNA, 9ª Câ mara, Data de Publicaçã o: 15/05/2021
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RR-12361-91.2015.5.15.0095, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 19/11/2018

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parcelas constantes do instrumento de rescisão do contrato. Entretanto, não
há previsão para pagamento da multa capitulada no § 8º do referido
comando consolidado nos casos em que ocorre a extinção do contrato
de trabalho pelo falecimento do empregado, não se podendo condenar a
consignante ao pagamento de multa por atraso no acerto rescisório. Recurso
de revista conhecido e provido"

IV – DO ENCERRAMENTO:

22. Diante do exposto, requer seja recebida a presente Açã o de


Consignaçã o em Pagamento, sendo processada na forma da lei, determinando-se a citaçã o do
Espó lio do Consignatá rio para que se manifeste a respeito do depó sito realizado, em
audiência a ser designada por Vossa Excelência, bem como, querendo, conteste a presente
açã o, sob pena de revelia e confissã o.

23. Caso necessá rio, o Autor se mantém a disposiçã o para


apresentaçã o de todo e qualquer documento relevante para o prosseguimento do feito.

24. Ao final, requer seja julgado totalmente procedente o pedido de


consignaçã o, declarando vá lido o pagamento e extinta a obrigaçã o do Consignante.

25. Protesta provar o alegado por todos os meios em direito


admitidos, requerendo desde já oitiva de testemunhas, juntada de documentos e
comprovantes de pagamentos já realizados, o que fica desde já expressamente requerido,
sem exclusã o de outros meios que se façam necessá rios para a comprovaçã o dos fatos
alegados.

26. Dá-se à causa o valor de R$ XXXXXXXXXXXXX.

27. Por derradeiro, requer que todas as publicaçõ es e intimaçõ es


sejam dirigidas exclusivamente ao advogado XXXXXXXXXXXXX, OAB/XX Nº
XXXXXXXXXXX, sob pena de nulidade.

Termos em que, pede deferimento.

XXXXXXXX, XXXXXX de XXXXXX de 20XX

P.P. XXXXXXXXXXXX
OAB/XX Nº XXXXXXX

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