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Análise Sobre O Regime Jurídico Dos Crimes De Insolvência

(Uma Reflexão na perspectiva do art.º. 295º e 297 do CP)

Tehssin Mohamed Ikbal1

RESUMO
O presente artigo pretende fazer uma reflexão na perspectiva dos artigos 295 e 297 do Código Penal (CP),
tentando fazer uma análise sobre o regime jurídico dos crimes de insolvência , de modo a perceber qual o regime
jurídico aplicável aos crimes cometidos no âmbito insolvência . Nesta senda de ideia, a questão primordial é saber qual
é aplicabilidade dos arts. 295 e 297 do CP. Esta questão é acentuada pelo facto de que do ponto de vista local
(moçambicano), parece não existirem duvidas, que os crimes insolvências, são regulados tanto pelo código penal, bem
como por um regime específico que é o REJIREC (Regime Jurídico da Insolvência e da recuperação de Empresários
comerciais), onde por um lado, o REJIREC alterou a terminologia falência para insolvência, abandonando a
classificação culposa e fraudulenta, trazendo assim crimes insolvências em espécie, e por outro lado o CP volta a
trazer os crimes de insolvência e falência (culposa e fraudulenta), fazendo a destrinça destes em função da qualidade
subjectiva - onde a falência seria aplicável ao empresário comercial e a insolvência ao não empresário comercial,
suscitando assim dúvidas em saber com base em que regime jurídico os devedores poderão serão responsabilizados.
Como mecanismo conducente à concretização do presente artigo, adoptamos a pesquisa documental e os métodos:
indutivo e hermenêutico. Ilidimos assim, que o quadro instituído dificulta o chamamento dos devedores a responderem
pela prática dos crimes insolvências. Essa análise consumou-se graças a visão de alguns ordenamentos jurídicos que,
nessa matéria encontram-se num estágio mais avançados. Nisso somos defensores, da revisão do respectivo diploma
legal, de modo adequa-lo a realidade actual, uma vez que nem sempre a construção do tipo é clara, conduzindo
inclusivamente a interpretações díspares que em nada contribuem para a necessária c erteza e confiança exigida na
aplicação da lei penal - maxime para o princípio da legalidade.

Palavras - Chave: Regime Jurídico Da Insolvência; Crimes Insolvências; Insolvência, Falência.

Sumário:

INTRODUÇÃO; I. ANÁLISE SOBRE O REGIME JURÍDICO


DOS CRIMES DE INSOLVÊNCIA; II. EVOLUÇÃO
LEGISLATIVA DOS CRIMES DE INSOLVÊNCIA; III.
PRINCIPIOS SUBJACENTES AOS CRIMES DE
INSOLVÊNCIA; APRESENTAÇÃO DE DADOS E DISCUSSÃO
DE RESULTADOS; CONSIDERAÇÕES FINAIS E
BIBLIOGRAFIA.

Introdução

O presente artigo pretende fazer uma reflexão na perspectiva dos artigos 295 e 297 do
Código Penal (CP), tentando fazer uma análise sobre o regime jurídico dos crimes de
insolvência, de modo a perceber qual o regime jurídico aplicável no âmbito dos crimes
insolvências. Esta abordagem parte do pressuposto de, ao longo dos últimos tempos, o país ter

1 Licenciada
em Direito, e Mestranda em Direito Fiscal - Faculdade de Direito da Universidade Católica de
Moçambique. Email: tehssinmohamed@gmail.com
vindo a ser assolado por fenómenos de insolvência, sem se falar da pandemia (covid-19), que esta
afectando significativamente a economia mundial, culminando o Estado de emergência, podendo
assim levar a insolvência de várias empresas, chamando-se a colação, a necessidade de intervenção
do direito, mormente do direito penal, como forma de reprimir condutas desvaliosas no contexto
criminal. O código penal tendo algumas lacunas, impõe ao leitor um esforço acrescido de
interpretação e articulação com as normas hoje vigentes. Aqui a reflexão cinge-se nos arts 295º e
297 º do CP, na tentativa de perceber qual é aplicabilidade desta norma.
Esta questão é acentuada pelo facto de que do ponto de vista local (moçambicano), os crimes
insolvências, são regulados tanto pelo código penal, bem como por um regime específico que é o
REJIREC (Regime Jurídico da Insolvência e da recuperação de Empresários comerciais), onde por
um lado, o REJIREC alterou a terminologia falência para insolvência, aplicável quer aos
empresários comerciais quer a não empresários comerciais, abandonando a classificação culposa
e fraudulenta, e por outro lado o CP volta a trazer os crimes de insolvência e falência (culposa e
fraudulenta), fazendo a destrinça destes em função da qualidade subjectiva, suscitando assim
dúvidas em saber com base em que regime jurídico os devedores poderão ser responsabilizados.

A presente abordagem tem como objectivo geral, fazer uma análise sobre o regime jurídico
dos crimes de insolvência, com o intuito de perceber qual o regime jurídico aplicável no âmbito
dos crimes insolvências. Neste sentido, temos como objectivos específicos: Observar o
desenvolvimento do regime jurídico da insolvência no ordenamento jurídico moçambicano,
analisar os elementos do crime de insolvência, e perceber os princípios inerentes aos crimes
insolvências.

Como mecanismo conducente à concretização do presente artigo, adoptamos a pesquisa


documental tendo como acervos: a doutrina e a legislação inerente ao tema, e os métodos: indutivo-
onde partindo da análise dos artigos 295 e 297 do CP, analisaremos os aspectos gerais da
insolvência e o método hermenêutico, interpretando o respectivo diploma legal. A discussão do
problema teve como técnica a categorização, trazendo a correlação doutrinal e legal, para
posteriormente tirar ilações em relação ao fenómeno em reflexão. Para a presente abordagem
delineamos a seguinte estrutura: parte introdutória; marco teórico sobre a análise do regime
jurídico da insolvência; análise de dados e apresentação de resultados; discussão e as considerações
finais.
I. ANÁLISE DO REGIME JURÍDICO DOS CRIMES INSOLVÊNCIAS
1. Noção De Insolvência

O termo falência vem do latim fallere que significa falir.2 Conforme Ibraimo Abudo, a
falência é o estado de impotência económica do devedor comerciante, que se exterioriza
tipicamente pela impossibilidade em que ele se encontra de cumprir pontualmente as suas
obrigações mercantis ou não mercantis.3

Segundo Leitão, insolvência vem do latim solvere, que significa pagar, resolver.4 A
insolvência consiste na impossibilidade de cumprimento de obrigações vencidas, por parte de
empresários comerciais.5

II. Evolução dos crimes insolvências no ordenamento jurídico moçambicano

Os crimes de insolvência culposa e fraudulenta, conheceram uma significativa evolução ao


longo dos tempos, não só ao nível terminológico mas, também, ao nível do seu regime. Pelo que,
propomo-nos identificar os traços gerais dessa mesma evolução no ordenamento jurídico
moçambicano.

a) Código Comercial de 1833 (código Ferreira Borges)

O Código Comercial de 1833, é atribuída a primazia do tratamento do instituto da insolvência


em termos sistemáticos6 e globais7 . Os temas das quebras, da reabilitação do falido e das
moratórias são objecto dos títulos XI, XII e XIII do livro III da parte 1ª. A especialidade do regime
da falência foi estabelecida, sendo o mais evidente critério distintivo dos dois regimes, a natureza
subjectiva, conforme a condição de comerciante ou não comerciante.8

b) Código penal de 1886 (aprovado pelo Decreto de 16 de setembro de 1886)

2 NIARDI, George, Direito empresarial, editora: Pearson, Brasil, 2012, P.15


3 ABUDO, José Ibraimo, Direito Comercial, Maputo, 2009, P.111
4 LEITÃO, Luís Manuel Teles de Meneses, Direito das Obrigações, Vol. II, 8ªed., Editora: Almedina, Coimbra, 2011,

P.15
5 Art.º 1 do Decreto-lei nº 1/2013 de 4 de Julho.
6 LEITÃO, Luís Teles de Menezes, Direito da insolvência, 6º ed., Coimbra, Editora: Almedina, 2015, P.48.
7 FERNANDES, Luís Manuel Teles de Meneses, o código da insolvência e da Recuperação de empresas na evolução
do regime da falência no direito português, Quid juris, Lisboa, 2009, P.43.
8 KALIL, Marcus Vinícius Alcântara Kalil, A evolução das falências e insolvências no Direito Português, Revista

de Direito Comercial, obtido em: www.revistadedireitocomercial.com , acesso aos: 02.02.2020, pelas: 10:00, P.343.
No antigo código penal este crime era designado quebra (referindo-se a falência), constava
do titulo V: Dos crimes contra a propriedade, capitulo II, sob título: das quebras, burlas e
outras defraudações, na secção I – quebras, nos artºs 447 e 449 do CP (Código Penal). Sendo esta
classificada em culposa e fraudulenta (constava no art.º 447 do CP) e a insolvência (constava do
art.º 449). 9

c) Código comercial de 1888 (código comercial veiga beirão)

Segundo o art.º602 do código comercial de 188810 , presume-se em estado de quebra “o


comerciante que cessa o pagamento de suas obrigações comerciais”. Esta veio a ser classificada
pelo art.º 735 do mesmo diploma, em: causal, fraudulenta e culposa. 11

d) Código do processo civil

Nos termos do art.º 133512 do Código do processo civil, o comerciante impossibilitado de


cumprir com as suas as suas obrigações considera-se no estado de falência. No que concerne a
classificação da falência nos termos do art.º 1274, a falência é classificada como casual13 , culposa
ou fraudulenta.

e) Actual código comercial de 2005

Segundo o Prof. Abdul Carimo, o processo de falência deixou de ser referência no novo código
comercial. Portanto enquanto o antigo código comercial centrava as suas preocupações no acto de
comércio, o novo no novo código comercial centra-se na empresa comercial, tendo passado o acto
de comércio para segundo plano. 14

f) Regime Jurídico Da Insolvência E Da Recuperação Dos empresários Comerciais,


aprovado pelo DL nº 1/2013 De 4 De Julho

9 aprovado pelo Decreto de 16 de Setembro de 1886


10 Portugal, código comercial, Diário do governo, nº 203, Lisboa, 06.09.1888
11 KALIL, Marcus Vinicius Alcântara Kalil, A evolução das falências e insolvências no Direito Portugês, Op. cit. ,

P.348
12 Alterações do CPC (aprovadas pelo DL nº 1/2005 de 27 de Dezembro e pelo DL nº1/2009 de 24 de Abril)

13 A par destas duas categorias de insolvência o legislador criou uma outra categoria: a “insolvência causal” (art.
1275.º do CPC). Esta nova categoria não era, contudo, passível de uma sanção penal, dado a verificação de situação
de insolvência não depender de culpa do devedor.
14
ISSA, Abdul Carimo, Regime Jurídico Da Insolvência e Da Recuperação de empresários Comerciais, CTA,
Moçambique, 2013, P.20
Este diploma legal veio revogar os artigos 1122 a 1325 do Código do Processo Civil (art.º
3 do Decreto-Lei nº1/2013 de 4 de Julho), alterando a terminologia falência para insolvência,
pondo termo à dicotomia entre os ditos “comerciantes” e “não comerciantes”. Quer isto dizer, as
novas descrições típicas dos crimes deixam de contemplar a referência à qualidade de
“comerciante”, sendo este aplicado tanto a empresários comerciais quer a não empresários
comerciais, cfr art.º 1 do RGIREC. Os arts 167 e ss, a classificação dos crimes insolvências e as
respectivas molduras penais, designadamente os crimes de: fraude a credores, falsas informações
ou declarações; disposição, dissipação ou oneração ilícita de bens; apresentação ou reclamação
de créditos falsos ou simulados; falta de escrituração mercantil e desobediência.15

g) Actual Código Penal de 2014

O crime de insolvência encontra-se no livro segundo, Titulo II crimes contra o


património em geral, Capitulo II – Falência, burlas e outras defraudações, na Secção I-
Falências, encontrando-se previsto nos artºs 295 e 297 do CP. A terminologia “quebra”
desaparece, sendo denominado por crime de falência ou insolvência, todavia manteve-se a
distinção entre falência e insolvência em função da qualidade subjectiva.16

2.1 Direito Comparado


a. Comparação do RJIREC e Lei de Falência (LF) brasileira

Elaborou-se o seguinte quadro comparativo que visa fazer corresponder, os arts referentes
ao crime falimentar da LF brasileira aos crimes insolvências do RJIREC.

Moçambique Brasil
“Crimes insolvenciais” “Crimes Falimentares” Semelhanças
art.º 167 “Fraude a credores” art.º 168 “fraude a credores” Prática de acto fraudulento que
resulta prejuízo aos credores, em
benefício próprio ou de terceiros.
art.º 168 “Falsas informações art.º 171 “indução ao erro” Prestação informações falsas, com o
ou declarações” fim de induzir a erro o juiz, o
Ministério Público, os credores.

15 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto Lei nº1/2013 de 4 de Julho, aprova o Regime jurídico da


insolvência e recuperação de empresários comerciais, Moçambique.
16
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei de revisão do código penal (Lei nº 35/2014 de 31 de Dezembro), aprova
o Código Penal.
art.º 169 “Disposição, art.º 172 “crime de favorecimento de Disposição ou oneração patrimonial
dissipação ou oneração ilícita credores” destinado a favorecer um ou mais
de bens” credores em prejuízo dos demais.
art.º 170 “Apropriação, art.º 173 “desvio, ocultação ou Apropriação, desvio ou ocultação de
dissipação ou ocultação de apropriação de bens” bens pertencentes ao devedor
bens” por si ou por interposta pessoa
art.º 171 “Apresentação, art.º 175 “habilitação ilegal de crédito” Apresentação ou reclamação de
reclamação de créditos falsos crédito falso ou simulado
ou simulados”
art.º 172 “Falta de escrituração art.º 178 “omissão de documentos a omissão documentos de
mercantil” contábeis obrigatórios” documentos contábeis obrigatórios,
corresponde a falta de escrituração
mercantil.
art.º 173 “Desobediência” art.º 104, que dispõe sobre os deveres do Em ambos “a falta de cumprimento
falido. de obrigações que a lei impõe,
incorre ao crime de desobediência.”

Tabela 1 - Similaridade entre os Crimes Insolvências na lei brasileira e moçambicana.

i. Os crimes insolvências (CI) na legislação portuguesa

Quanto ao CP português17 , os CI constam do capítulo IV, art.º 227 “insolvência dolosa”; art.º
228 “insolvência negligente” e 229 “favorecimento de credores”, e quanto ao CP moçambicano,
estes crimes constam do capítulo II “falências, burlas e outras defraudações”, secção I - falências
nos seus arts 295 “falência ou insolvência fraudulenta e culposa” e 297 “insolvência” do CP
moçambicano18 .

Semelhanças Diferenças
Enquanto o CP português, apresenta de forma
Ambos versam sobre os mesmos crimes: no CP precisa a descrição do tipo legal de crime, o CP
português sob designação: dolosa e negligente, moçambicano não traz a descrição do tipo legal de
enquanto no CP moçambicano temos a insolvência crime, incorrendo assim a violação do princípio da
culposa – que corresponde a insolvência negligente legalidade.
e insolvência fraudulenta – que corresponde a O CP português versa sobre os crimes:
insolvência dolosa. “favorecimento de credores”19 no seu art.º 229, e
por sua vez o CP moçambicano não versa sobre
este crime.

17 Aprovado pela Lei nº 59/2007 de 4 de Setembro de 2007


18 Aprovado pela Lei nº 35/2014 de 31 de Dezembro
19 o crime de favorecimento de credores”, também é tratado na legislação moçambicana ao nível do art.º 169 do

RJIREC sob epígrafe “Disposição, dissipação ou oneração ilícita de bens”, sendo que em ambos temos como aspecto
comum: o facto do devedor visar favorecer certos credores em prejuízo de outros.
Moldura penal:
✓ Os crimes insolvências são aferidos com base CP português - Insolvência dolosa - Pena de
em dois elementos dolo e negligência. prisão até 3 anos ou com pena de multa - art.º 227;
✓ Nota -se em ambos o uso da expressão– e insolvência negligente- pena de prisão até 1 ano
“falência”. ou com pena de multa até 120 dias, art.º 228.
CP moçambicano – penaliza a insolvência
fraudulenta duas vezes: com pena de prisão maior
de dois a oito anos (art.º 295) e pena de prisão de
três meses a dois anos (art.º 297)

Tabela 2 - Análise comparativa dos CI no CP português e moçambicano.

III. ELEMENTOS DO CRIME DE INSOLVÊNCIA CULPOSA E


FRAUDULENTA
a. O Bem Jurídico Tutelado

Recorrendo aos ensinamentos de Figueiredo Dias o conceito de “bem jurídico” deve ser
entendido no sentido de conservação de um determinado estado, objecto ou bem que, por si só,
seja socialmente relevante e, como tal, carecido de tutela jurídica. 20 A Doutrina não é unânime
quanto ao bem jurídico protegido pelos crimes insolvências. Para o Prof. Pedro Caeiro, Saragoça
Da Matta, Sá Pereira/Alexandre Lafayette e Pinto De Albuquerque, consideram que o bem jurídico
tutelado pelos crimes insolvenciais é o património do credor, globalmente considerado. 21

Todavia, Fernanda Palma, Menezes Leitão e Nuno Silva Vieira defendem que a realidade tutelável
é a “economia de crédito” ou até a “economia em geral”. 22 Enquanto, Eduardo Correia, Leal
Henriques, Simas Santos e Maia Gonçalves defendem que o bem jurídico dos crimes insolvências
é o interesse público de “confiança nas relações comerciais”. 23

Face às orientações acima explanadas, consideramos que o bem jurídico tutelado é, em


primeira linha, o património do credor globalmente considerado. Contudo, deve-se articular a
tutela de outro, “ o bom funcionamento da economia creditícia” .24

20 COSTA, Ana Isabel Varela, A Responsabilidade Penal Dos administradores nos crimes insolvenciais: em
especial, na insolvência negligente, Dissertação de Mestrado Profissionalizante,obtido em:
www.fd.lisboa.ucp.pt/research, acesso aos: 28.02.2017, P.21
21 COSTA, Ana Isabel Varela, Opr. Cit, P.22
22 COSTA, Ana Isabel Varela, Opr. Cit, P.24
23 Ibidem, P.25
24 Como o próprio art.º1 do regime jurídico da insolvência e da recuperação de empresários comerciais, dispõe como

objectivo deste regime, viabilizar a superação da situação de impossibilidade de cumprimento de obrigações vencidas
por parte dos empresários comerciais de modo a permitir a manutenção da fonte de produtora de emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo assim o estímulo e a preservação da actividade económica e
asu função social.
b. O Agente do Crime

Deve-se determinar o devedor para que se possa delimitar o agente do crime. Por devedor
entende-se, por todo aquele que se encontre adstrito a um dever de prestar algo, a favor do seu
credor. 25

Tipo objectivo

No que concerne ao tipo objectivo, a descrição do tipo feita pelo código penal dita que
“aqueles casos previstos no código comercial forem considerados autores do crime de falência
ou insolência fraudulenta, serão punidos com pena de prisão maior de dois a oito anos ”, e nos
CP dispões que se a falência for culposa, a pena será de prisão, conforme o nº1 e 2 do art.º295.

c. Punibilidade

O crime de insolvência fraudulenta é punido com pena de prisão maior de dois a oito anos,
pelo que, se a insolvência for culposa, a pena será de prisão, não havendo disposição em contrário
e atenta a sua moldura penal abstracta, não é punível a título de tentativa.

IV. PRINCÍPIOS PENAIS SUBJACENTES AOS CRIMES INSOLVÊNCIAIS


a) A Lei Penal Em Branco E O Principio Da Legalidade

Segundo o Prof. José Augusto, a lei penal em branco é a lei que depende de outro acto
normativo para que tenha sentido, uma vez que seu conteúdo é incompleto. 26 Conforme a prof.
Teresa Pizaro, o principio da legalidade significa que a lei penal não pode ser aplicada
retroactivamente, e por outro lado que as leis incriminadoras não podem ser interpretadas
extensivamente e nem podem ser preenchidas suas lacunas por analogia.27

b) Princípio da máxima restrição das penas ou da mínima intervenção do Estado


em matéria penal

Este princípio também denominado por princípio da subsidiariedade do direito penal, dita
que o direito penal só deve aparecer e funcionar quando não chegarem outros ramos (por exemplo

25 COSTA, Ana Isabel Varela, Opr. Cit, P.30


26 SILVA, José Augusto de Paula Silva, o que se entende por lei penal em branco, obtido em: ifg.jusbrasil.com.br,
acesso aos: 01.03.2018, pelas: 09:33.
27 BELEZA, Teresa Pizaro, Direito Penal, Vol. I, 2ªed., Editora: aafdl, Lisboa, 1998, Pag. 48
direito civil, direito administrativo). Isto quer dizer que deverão em princípio, ser protegidos
apenas bens jurídicos fundamentais cuja definição está ligada a força dominante da própria
sociedade.28

• Princípio Ne bis in idem

Conforme a prof. Teresa Belesa, de acordo com este princípio, ninguém pode ser julgado
mais do que uma vez pela pratica do mesmo crime.29 Este princípio encontra consagração
constitucional nos termos do art.º59 da CRM.

V. APRESENTAÇAO DE DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Esta secção apresenta os dados e provenientes da pesquisa, a luz do marco teórico, recorrendo
a técnica de categorização com enfoque comparativo. Temos assim como categorias definidas:

1ª Categoria: Evolução legislativa dos crimes insolvências

Analisando a evolução dos crimes insolvências, observou-se por parte do legislador


moçambicano a tendência de acompanhar a evolução legislativa portuguesa - tal como podemos
depreender da “tabela 2”, e brasileira tal como podemos depreender da “tabela 1”, onde por um
lado temos o RJIREC é inspirado no sistema brasileiro e por outro o CP, inspirado no sistema
português. Como podemos observar tratam-se de sistemas de países diferentes, onde estes crimes
são tratados de forma diferente.

No sistema brasileiro, houve intenção por parte do legislador, de unificar o regime da


falência em apenas um dispositivo, isto é, trazer tanto o regime de falência, as disposições penais,
bem como os procedimentos penais, em apenas um diploma- a lei de falência brasileira30 , e ao
invés de descrever as condutas que poderiam consubstanciar-se num crime culposo ou doloso,
preferiu sancionar cada uma daquelas condutas de forma descriminada (crimes falimentares em
espécie) 31 , na medida da respectiva culpabilidade, isto é, A LF ao invés de punir um único crime

28 Idem, p.44
29
30Lei 11.101/2005
31Cfr. RAMON, Marcello Caio, FERREIRA, Barrod, Et al, os crimes falimentares na legislação actual e no projecto
do novo código penal: uma análise desde a perspectiva do direito penal mínimo, Brasil, P.2
de gestão empresarial, passa a reprimir actos específicos, ou seja, passa a punir os actos
individualmente32 , facto este que também pode-se observar na análise do RJIREC, que também
traz o regime da insolvência, disposições penais, e os respectivos procedimentos e quanto aos
crimes temos varias condutas incriminadas nos termos dos arts 167 e ss e respectivas molduras
penais. O prof. Oliveira citado por Bárbara, ressalta que as modalidades criminosas previstas na
LF são dolosas, diferentemente da divisão entre crimes falimentares dolosos e culposos, feitos pela
antiga Lei.33 Desta feita, sendo que os crimes dispostos no RJIREC inspirado na LF, também traz
crimes dolosos, tal como podemos confrontar com a descrição do tipo, nos arts 167ss do RJIREC.

Quanto ao sistema português, o regime da insolvência é regulado pelo CIRE, enquanto os


crimes de insolvência negligente e dolosa são regulados pelo CP, ora estes crimes são trazidos pelo
nosso CP sob designação insolvência culposa e fraudulenta, todavia, o legislador peca por não
trazer a descrição do crime- trazendo assim uma norma penal em branco, e não observar a evolução
legislativa destes crimes- na medida que não observou o Código comercial, e muito menos o
RJIREC. Nota-se ainda, que no sistema português a insolvência dolosa constitui um crime
regulado no CP, a insolvência culposa só tem consequências civis ou patrimoniais (e não penais) 34 .

Categoria 2: Princípios Subjacentes Aos Crimes Insolvências

• Princípio da legalidade

No que concerne aos crimes insolvências, tanto o CP bem como o Código comercial, para
o qual o legislador submete, não explicam em que termos, podemos considerar alguém, como autor
destes crimes, isto é, o legislador submeteu a descrição do tipo à um vazio jurídico, incorrendo
assim a violação grave do princípio da legalidade - “nullum crimen sine lege nulla poena sine
lege”, que segundo o prof. Américo Taipa, este princípio apela: a existência da lei formal “nullum
crime sine lege scripta”; a proibição de atribuir eficácia retroactiva “nullum crime sine lege
praevia”, a proibição de aplicação analógica “nullum crime sine lege stricta”, e exigência de
determinabilidade da conduta punível, “nullum crime sine lege certa” que consubstancia-se numa

32 Cfr. NETO, Luís Inácio Vigil, Opr. Cit., P.6


33 BUBLITZ, Bárbara Grigorieff, crimes falimentares, obtido em: jusbrasil.com.br, acesso aos: 12.02.18, pelas 15:00.
34 Cfr. Insolvência dolosa, obtido em: http://www.advogadosinsolvencia.pt/insolvencia/insolvencia -dolosa, acesso

aos: 15.02.17, pelas: 12:00.


exigência feita ao legislador penal, de que na criação da Lei penal descreva o facto punível de
forma mais precisa possível, constituindo assim a proibição de normas penais em branco.35 Este
princípio encontra consagração no art.º 60 da CRM, segundo o qual “ ninguém pode ser
condenado por acto não qualificado como crime no momento da sua prática”36 , e art.º7 do C.P
“Nenhum facto, consista em acção ou omissão, pode julgar-se criminoso, sem que uma lei anterior
o qualifique como tal, não podem ser aplicadas medidas criminais que não estejam previstas na
Lei”.37

• Principio de Ne bis in idem

O crime de insolvência é duplamente punido pelo CP, ou seja, no art.º 295 é punido a
insolvência fraudulenta, com uma pena de prisão maior de 2 a 8 anos. Por seu turno no art.º 297
do CP também é punido o devedor que, propositadamente constituir-se em insolvência, mas neste
caso a pena aplicar é a de prisão simples (que pelo conteúdo apresentado trata-se insolvência
fraudulenta). Conforme a prof. Teresa Beleza, ninguém pode ser julgado mais do que uma vez
pela pratica do mesmo crime. Este princípio encontra consagração constitucional nos termos do
art.º 59 da CRM. Logo este artigo é inconstitucional, pois viola o princípio de ne bis in idem.

• Princípio da mínima intervenção do Estado

Atendendo e considerando que a insolvência actualmente é regulada pelo RJIREC - que é


uma lei especial, que traz sanções de cariz penal e civil, procuramos perceber se haveria a
necessidade de regulamentação destes crimes por parte do CP, colocando assim em causa o
princípio da mínima intervenção do Estado, que d e acordo com o Prof. Elísio De Sousa, este
princípio significa que o direito penal só intervém se, se mostrar eficaz nas suas medidas. 38 Ora já
temos a intervenção do direito penal ao nível do RJIREC, que traz os CI nos arts 167 e ss, e se
observamos atentamente, foi abandonada a classificação culposa e fraudulenta, percebendo ter sido

35 CARVALHO, Américo Taipa De Opr. Cit, P.156


36 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República (2004), in Boletim da República, 1º série, nº51 de
22 de Dezembro
37
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei de revisão do código penal (Lei nº 35/2014 de 31 de Dezembro), aprova
o Código Penal.

38 SOUSA, Elísio de Direito Penal Moçambicano, Escolar Editora, Maputo, 2012, P.45
esse o intuito do legislador, não se entende então por quê o CP, vem regular novamente esta matéria
voltando a trazer a classificação anteriormente abandonada.

Categoria 3: Os Elementos Dos Crimes Insolvências

Quanto ao bem jurídico tutelado pelos crimes insolvências é, o património do credor


globalmente considerado e o “bom funcionamento da economia creditícia”.39 O facto de estes
crimes tutelarem um bem jurídico assente em interesses e necessidades vitais para a sociedade,
que depende estruturalmente do crédito - evidencia essa mesma necessidade de tutela penal.40
Quanto ao agente, à luz do actual CP seria autor do CI, o devedor não comerciante e o autor do
crime de falência o devedor comerciante, todavia como frisou-se anteriormente, a dicotomia
existente entre o devedor “comerciante “não comerciante” deixou de encontrar acolhimento com
entrada em vigor do DL nº1/2013, de 4 de Julho, que aboliu nos termos do seu art.º3, o instituto
da insolvência dos não comerciantes, passando estes a ficar sujeitos, tais como os comerciantes ao
instituto da insolvência.41 Cfr aos ensinamentos do Prof. Figueiredo Dias, se é inevitável que a
formulação dos tipos legais não consiga renunciar à utilização de elementos normativos, é
indispensável que a sua utilização não obste à determinabilidade objectiva das condutas proibidas
e demais elementos de punibilidade requeridos, sob pena de violação irremissível, neste plano, do
princípio da legalidade e sobretudo da sua teleologia garantística.42

No que concerne ao tipo objectivo, a descrição do tipo o art.º 295 do CP dispõe: “aqueles que
nos casos previstos no código comercial forem considerados autores do crime de falência ou
insolvência fraudulenta, serão punidos com pena de prisão maior de dois a oito anos”. Claramente
podemos perceber que o C.P não faz a descrição do tipo de forma mais precisa possível, faz tão-
somente uma remissão ao Ccom. Por fim, quanto a punibilidade- como vimos anteriormente,
temos uma dupla punição da insolvência fraudulenta, portanto a violação do princípio de ne bis in
idem, quanto a insolvência culposa, era suposto que estivesse descrito no artigo 297, todavia este
art.º apresenta o conteúdo ou a descrição do que seja o crime de insolvência fraudulenta.

39 Idem
40 COSTA, Ana Isabel Varela, Opr. Cit., P.14
41 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto Lei nº1/2013 de 4 de Julho, aprova o Regime jurídico da insolvência

e recuperação de empresários comerciais, Moçambique Idem


42 Cf. DIAS, FIGUEIREDO, Opr. Cit. p. 186
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do presente trabalho analisou-se vários princípios que se encontram violados, bem
como lacunas constatadas nos artigos 295 e 297 CP, colocando assim, em causa a aplicabilidade
destes artigos, carecendo assim duma análise minuciosa por parte do legislador no que concerne a
este aspecto. Notou-se uma vontade do legislador rever o CP de modo a atualiza-lo ao
desenvolvimento económico e social do país, tendo como o alicerce a Lei portuguesa. Mostra-se
plausível tal tendência de atualizar as legislações, todavia certos aspectos não foram tomados em
atenção, tornando-se relevante rever os respectivos aspectos, uma vez que nem sempre a
construção do tipo é clara, conduzindo inclusivamente a interpretações díspares que em nada
contribuem para a necessária certeza e confiança na aplicação da lei penal - maxime para o
princípio da legalidade.

Deparámo-nos com uma construção do crime de insolvência que, desd e logo, levanta dúvidas
sobre quando estaríamos diante do crime de insolvência fraudulenta e culposa, uma vez que o tipo
legal de crime não se encontra descrito de forma precisa possível, atendendo ainda que o CP,
remete a sua descrição à um vazio jurídico. Os crimes ora mencionados, ainda deixam dúvidas
pois trazem o grave problema de dupla punição do crime de insolvência fraudulenta, incorrendo
na grave violação do principio non bis in idem. O que, a entender-se como tal, conduz a resultados
inaceitáveis de uma perspectiva político-criminal, ou seja, o legislador estaria a “punir mais do
que devia”, atendendo que estes crimes já se encontram tutelados pelo RJIREC, ou seja tanto a
nível penal, bem como civil, não sendo necessária a regulamentação pelo CP- o direito penal deve
recuar e só intervir em último caso o que significa que o direito penal só intervém se, se mostrar
eficaz nas suas medidas.43 máxime para o principio da mínima intervenção do Estado.

RECOMENDAÇÕES
Em face do exposto resulta claro que, de uma perspectiva de jure condendo, os crimes
insolvências, exigem uma rápida intervenção do legislador, no sentido de preencher as lacunas
existentes. Por um lado, poder-se ia apelar a intervenção do legislador, para melhor descrever o
tipo legal de crime, evitando a violação dos princípios da legalidade, non bis in idem e o da mínima
intervenção do Estado, todavia dado que estes já se encontram regulados pelo RJIREC- que traz
os crimes de insolvência dolosa- apelar-se ia que o legislador deixa-se de regular estes crimes em

43 SOUSA, Elísio de Direito Penal Moçambicano, Escolar Editora, Maputo, 2012, P.45
face do CP, uma vez que estes já são regulados pelo RJIREC, ou então que seguir-se a tendência
da Lei portuguesa no sentido do CP trazer os crimes e o RJIREC trazer tão-somente sanções civis,
tal como atualmente também se pretende fazer ao nível da lei brasileira.

Sugere-se que o legislador elimine a dicotomia ora ultrapassada, ou seja distinção da


insolvência e falência, em função da qualidade do sujeito- apelando se assim a eliminação do termo
falência. Sugerimos a eliminação da remissão feita ao código comercial, bem como o crime de
insolvência fraudulenta, uma vez que já se encontram regulado os crimes dolosos, nos arts 167 e
ss do RJIREC, eliminando assim o problema de violação do princípio da legalidade. A eliminação
destes crimes também eliminaria a dupla punição, ora já estão tutelados os crimes dolosos ao nível
da REJIREC.

Quanto a insolvência negligente- será que não carece tutela penal? Atendendo que desta
também deriva a insolvência, a sua regulamentação abre desde logo uma margem de liberdade
para os comportamentos de incúria, podendo desta advir um sentimento de impunidade por parte
da população em geral, apelando se assim ao fim das penas de prevenção geral-procurando desde
logo evitar estas condutas.

Bibliografia

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1º série, nº51 de 22 de Dezembro
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