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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

VALORES NEGATIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – 2° SEMESTRE – LABORAL – 4° GRUPO

CADEIRA: TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL II

Chimoio, 2023
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

VALORES NEGATIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Discentes:

Euripedes Josué

Herdinato Joaquim

Marta Elija Paulo

Paula Chin Nelson

Docente:

MS’c. Pedro Novela

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – 2° SEMESTRE – LABORAL – 4° GRUPO

CADEIRA: TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL II

Chimoio, 2023
Índice

I. Introdução...........................................................................................................................4

1. Objectivo geral................................................................................................................5

2. Objectivos específicos.....................................................................................................5

3. Metodologia....................................................................................................................6

II. Valores Negativos dos Negócios Jurídicos.....................................................................7

1. Quadro dos valores negativos.........................................................................................7

1.1. Autonomia da inexistência jurídica e seu regime jurídico.......................................7

1.2. Irregularidade...........................................................................................................9

III. O acto Jurídico Simples..................................................................................................9

1. Noção de Acto Jurídico Simples...................................................................................10

2. Modalidades do Acto Jurídico Simples.........................................................................10

2.1. Operações Jurídicas...............................................................................................11

2.2. Quase-negócios Jurídicos......................................................................................11

IV. Conclusão......................................................................................................................13

V. Referências........................................................................................................................14
I. Introdução

O presente trabalho tem como esboço valores negativos dos negócios jurídicos desta forma,
irá se tratar sobre o quadro dos valores negativos dos negócios jurídicos, autonomia da
inexistência jurídica e seu regime jurídico, irregularidade e actos jurídicos simples.

Deste modo, compreende-se que a ineficácia do negócio jurídico acompanha, em regra, os


casos em que, numa designação genérica, o negócio é inválido, isto significa que tem um
valor negativo. Sendo múltiplos e bem diversos os vícios que podem estar na origem desse
desvalor, não custa admitir que não seja unitário o seu regime.

Portanto, trata-se de um tema bastante complexo porem irá se compreender melhor na


contextualização do trabalho.

4
1. Objectivo geral

 Analisar os valores negativos dos negócios jurídicos;

2. Objectivos específicos

 Esboçar o quadro dos valores negativos;

 Autonomia da inexistência jurídica e seu regime jurídico;

 Irregularidade e actos jurídicos simples.

5
3. Metodologia
 Pesquisa bibliográfica – segundo Lakatos e Marconi (2003 p. 183), a pesquisa
bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto,
mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a
conclusões inovadoras.

6
II. Valores Negativos dos Negócios Jurídicos
1. Quadro dos valores negativos

A ineficácia do negócio jurídico acompanha, em regra, os casos em que, numa designação


genérica, o negócio é inválido, isto é, tem um valor negativo.

Sendo múltiplos e bem diversos os vícios que podem estar na origem desse desvalor, não
custa admitir que não seja unitário o seu regime. Interessa apurar se, nesta base, se podem
identificar categorias dogmáticas diferentes, a partir das quais deva ser exposto o regime da
invalidade.

Partindo da multiplicidade dos factores aqui relevantes, a ordenação dos valores negativos do
negócio jurídico pode fazer-se em função da maior ou menor gravidade dos vícios que o
afectam, quando projectada na sua função.

Assim, em certos casos, está em causa a possibilidade de o negócio subsistir na ordem


jurídica, enquanto noutros apenas se impõe a aplicação de determinadas sanções. Nesta base
contrapõem-se as categorias da invalidade e da irregularidade.

Para alguma doutrina, a categoria jurídica invalidade permite cobrir todos os valores
negativos do negócio para além da irregularidade. Segundo outros autores, nem todos os
casos em que o negócio tende a ser afastado da ordem jurídica podem ser reduzidos à
categoria genérica invalidade. Esta qualificação só quadra a certas situações de
desconformidade do negócio com o modelo legal, contrapondo-se-lhe a inexistência jurídica.

1.1. Autonomia da inexistência jurídica e seu regime jurídico

A autonomia da inexistência jurídica, como valor negativo destacado da invalidade, justifica-


se por corresponder a uma situação particular de desvalor do negócio, acompanhada de um
regime próprio, como se passa a expor.

A inexistência jurídica pode, fundamentalmente, respeitar a estes tipos de situações:

a. Falta de materialidade do negócio jurídico;


b. Desconformidade da realidade com o tipo de negócio considerado;

7
c. Desconformidade da realidade com o tipo de negócio considerado ou com qualquer
outro1.

É aos últimos dois casos que quadra o regime de inexistência jurídica, pois no primeiro
verifica-se uma situação de inexistência material do negócio pretendido 2.

Os autores que defendem uma posição negativista em relação à inexistência consideram que
as situações nela enquadráveis podem, afinal, reconduzir-se, ou a casos de inexistência
material do acto [hipótese da alínea a) acima referida], ou à nulidade [como aconteceria nas
alíneas b) e c)]3.

Por seu lado, os autores que admitem a inexistência como categoria a se, mas não a
delimitando da invalidade, tratam-na como uma das suas modalidades.

A solução, de plena autonomia da inexistência perante a invalidade, no plano dogmático,


facilmente se ajusta ao regime fixado pelo Direito positivo.

Assim, o Código Civil trata em conjunto, numa secção que começa no art. 285º, da nulidade e
da anulabilidade. Para além de algumas disposições específicas de cada uma dessas formas de
invalidade, a maior parte das normas da referida secção aplica-se indistintamente à nulidade e
à anulabilidade.

Deve entender-se que constitui afloração do mesmo instituto o regime estatuído nos arts. 245º
e 246º do CC para a declaração não séria, a coacção física e a falta de consciência da
declaração.

A análise conjunta das normas atrás citadas revela um regime comum que deve ser visto
como o tratamento típico da inexistência, mesmo de iure condito. Assim:

a. O negócio jurídico inexistente não produz qualquer efeito;


b. A inexistência pode ser invocada a todo o tempo;
c. A inexistência jurídica pode ser invocada por qualquer pessoa, não carecendo de
declaração judicial4.

1
Rui de Alarcão, A Confirmação, pág. 34.
2
I. Galvão Telles, Manual, (3.ª ed.), pág. 355.
3
Rui de Alarcão, A Confirmação, págs. 34.
4
I. Galvão Telles, Manual, pág. 357.

8
1.2. Irregularidade

A irregularidade, tal como a invalidade, é um valor negativo emergente de um vício interno,


que ocorre no momento da celebração do negócio.

A diferença entre estes dois institutos resulta do facto de, na irregularidade, tratando-se de
vício menos grave, o negócio poder subsistir na ordem jurídica. Dito por outras palavras, ele
é válido, mas a lei não pode também desconhecer o vício existente e comina sanções
especiais para as partes. Nelas se consubstancia o regime da irregularidade5.

Essas sanções assumem a mais diversa natureza, ultrapassando mesmo, em certos casos, o
próprio campo do Direito Civil, podendo revestir natureza administrativa e disciplinar 6.

Exemplo característico das sanções próprias de actos irregulares encontra-se em matéria de


casamento, nos arts. 1649º e 1650º do CC, quando celebrado com desrespeito de
impedimentos impedientes (cfr. arts. 1604º e seguintes do CC).

Basta analisar aqueles dois preceitos para se verificar como as sanções próprias da
irregularidade negocial podem ser de diversos tipos. Enquanto no primeiro se limitam alguns
efeitos do casamento que gera, em lugar da emancipação plena, uma emancipação restrita, no
segundo há sanções de carácter patrimonial (perda do direito a certos bens) e até uma
situação de incapacidade particular.

III. O acto Jurídico Simples

Ao delimitar a figura central dos actos jurídicos – o negócio jurídico –, houve oportunidade
de salientar que em certos actos voluntários a produção dos efeitos se verifica
independentemente de a vontade do seu autor se dirigir a eles. São os chamados actos
jurídicos simples, também denominados actos jurídicos stricto sensu7.

O Código Civil, depois de regular largamente o negócio jurídico, dirige aos actos não
negociais um único preceito (art. 295.º) e limita-se, nele, a mandar aplicar-lhe, até onde a
analogia o permita e justifique as disposições que regem o negócio.

5
I. Galvão Telles, Manual, págs. 369-370; vd. Oliveira Ascensão, Teoria Geral, vol. II, págs. 331, 375, 376 e
399; e Menezes Cordeiro, Tratado, vol. I, T. I, págs. 870-871.
6
Essa sanção pode ser uma multa, por exemplo.
7
Também se usa a terminologia simples acto jurídico (cfr., v.g., C. Mota Pinto, Teoria Geral, pág.
357).

9
1. Noção de Acto Jurídico Simples

O acto jurídico simples configura-se como o acto humano voluntário, em que a vontade
apenas é relevante para o Direito enquanto dirigida à conduta, em si mesma, não tendo,
portanto, de visar também os efeitos que a lei desse acto faz decorrer. Esta nota tem de ser
entendida em função do papel que é atribuído à vontade funcional no negócio jurídico.

A partir daí, é certo que no acto jurídico simples basta que o agente queira a conduta, à qual
são ligadas, pela lei, certas consequências de direito, independentemente de, quanto a elas, se
dirigir ou não a vontade do agente.

Nos actos jurídicos simples, a produção dos efeitos previstos na norma depende de actos de
estrutura mais simples do que o negócio. Para a sua verificação basta que ocorra um
comportamento voluntário do homem, prescindindo a lei, neste caso, do conteúdo dessa
vontade.

2. Modalidades do Acto Jurídico Simples

Considera-se, em primeiro lugar, uma classificação defendida por Mirabelli e que alguma
doutrina italiana adopta, a qual distingue, fundamentalmente, três categorias de actos
jurídicos simples: actos exteriores, actos com elemento interior e participações8.

São actos exteriores aqueles em que não tem qualquer relevo um elemento de carácter
psicológico. Os actos com elemento interior caracterizam-se por a lei não tomar apenas em
consideração o evento exterior, mas também um elemento interior, de ordem psíquica.
Segundo Mirabelli, a natureza desse elemento interior só pode ser fixada quanto a cada uma
das categorias de actos que integram este termo da classificação. Finalmente, as participações
são actos através dos quais o agente comunica, notifica, ou faz saber a outrem um certo
conteúdo de pensamento. Estes actos consistem, assim, numa declaração por via da qual o
seu autor torna conhecido o que pensa ter acontecido ou pode vir a acontecer.

Nesta classificação, são exemplos de:

 Actos exteriores a acessão, a especificação, a descoberta de coisas;

8
L’atto non negoziale nel diritto privato italiano, 1955, págs. 19 a 22. Esta classificação baseia-a
Mirabelli nos estudos dos tratadistas alemães Manigk e Klein.

10
 Actos com elemento interior a fixação do domicílio, a ocupação, a gestão de
negócios;
 Actos de participação compreendem uma multiplicidade de actuações que na lei e na
doutrina se referem sob designações diversas, como notificações, comunicações, etc.

Não é esta, porém, a doutrina dominante, tanto em Itália, como na Alemanha, mas a que
reparte os actos jurídicos simples em duas categorias:

a. Operações jurídicas, actos materiais, actos reais ou actos exteriores;


b. Quase-negócios jurídicos ou actos quase-negociais.

Esta é também a classificação que, com algumas variantes terminológicas, domina na


doutrina portuguesa e consequentemente na doutrina moçambicana, tendo sido adoptada,
nomeadamente, por Manuel de Andrade9, C. Mota Pinto10, Oliveira Ascensão11, Menezes
Cordeiro12, P. Pais de Vasconcelos 13 e Pires de Lima e Antunes Varela 14. Com base nela vai
ser ordenado o estudo subsequente.

2.1. Operações Jurídicas

As operações jurídicas são actos que se traduzem na realização de um comportamento


(resultado material ou factual) de que a ordem jurídica faz decorrer imediatamente certos
efeitos jurídicos. Cingindo a referência ao Código Civil, nesta categoria integra a doutrina
actos como a ocupação (arts. 1318.º e seguintes), a acessão industrial (art. 1333.º), a
especificação (art. 1336.º), a descoberta de tesouros (art. 1324.º), a criação literária ou
artística ou a invenção industrial (art. 1303.º e legislação especial), a fixação do domicílio
voluntário geral (art. 82.º).

2.2. Quase-negócios Jurídicos

Os quase-negócios envolvem já uma manifestação de vontade, uma declaração. De tais actos


são exemplos, também no Código Civil, a interpelação do devedor (art. 805º, nº 1), a
notificação, ao devedor, da cessão do crédito (art. 583º), a gestão de negócios (art. 464º), a

9
Teoria Geral, vol. II, págs. 9-10. 5.
10
Teoria Geral, pág. 358.
11
Teoria Geral, vol. II, págs. 493-494.
12
Tratado, vol. I, T. I, pág. 480.
13
Teoria Geral, pág. 406.
14
Código Civil, vol. I, pág. 270.

11
perfilhação (arts. 1849º e seguintes), a confissão (arts. 352º e seguintes), a notificação ao
preferente (art. 1410º).

Saliente-se, ainda, que, sobretudo na categoria dos quase-negócios jurídicos, se poderiam


ainda estabelecer subdistinções, consoante a modalidade que a declaração revista.

12
IV. Conclusão

Os negócios jurídicos podem ser desvalorizados quando os vícios assim o impulsionem.


Neste caso o negócio jurídico torna-se ineficaz, entre outras palavras dizemos que a ineficácia
do negócio jurídico acompanha, em regra, os casos em que, numa designação genérica, o
negócio é inválido, isto é, o negócio jurídico possui um valor negativo.

Notou-se que a irregularidade, tal como a invalidade, é um valor negativo emergente de um


vício interno, que ocorre no momento da celebração do negócio.

Quando ao acto jurídico simples compreendeu-se que é um acto humano voluntário, em que a
vontade apenas é relevante para o Direito enquanto dirigida à conduta, em si mesma, não
tendo, portanto, de visar também os efeitos que a lei desse acto faz decorrer.

13
V. Referências

Fernandes, Luís Alberto Carvalho. Teoria geral do direito civil. – 5. ed. – Lisboa:
Universidade Católica Editora, 2010.

Código Civil (Decreto-Lei n.° 47 344, de 25 de Novembro de 1966).

14

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