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1 - Crimes Contra A FÉ Pública - Artigo 289 a 311-A do


Codigo Penal
Direito Penal III (Universidade Cruzeiro do Sul)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Eliseu Armando Botão (eliseuboston3012@gmail.com)
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TÍTULO X - DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Noção de fé pública:

Fé pública é a credibilidade, a confiança, que todas as pessoas depositam nas


moedas, documentos, emblemas, símbolos e sinais, aos quais o Estado atribui um valor
qualquer.
Caracteriza crime de falso a violação da fé pública.

Requisitos para caracterizar o crime de falso:

1) Imitação da verdade : Pode ocorrer através de duas maneiras:

a) imuttatio veri : mudança de verdadeiro ( ex: modificar o teor do documento)


b) imitatio veritatis: imitação da verdadeira ( ex : criar um documento falso)

2) Dano potencial. Relevância jurídica. Para configurar um crime contra a fé pública deve
haver dano potencial, ou seja, o documento falsificado deve ser capaz de iludir ou enganar
um número indeterminado de pessoas.

Não há documento sem:

a) Potencialidade lesiva;
b) Imitação da verdade.

Sem estes requisitos o fato será atípico, ou será outro crime. Se a falsificação for
grosseira, reconhecível a olho nú (“ictu oculi” ) não caracterizará crime de falso. Não tipifica,
não é fato típico.

3) Dolo. Todos os crimes contra a fé pública são dolosos. Nenhum admite culposa.

4) Autor determinado: a escrita anônima não configura documento)

Espécies de falso:

a) Falso Material: Diz respeito a forma do documento. = cria documento falso ou altera
documento verdadeiro. Ex.: confecção de diploma falso ou inclui uma cláusula falsa em
contrato verdadeiro;
Artigo 297 C.P. – Público
Artigo 298 C.P.- Particular

b) Falso Ideológico: Também chamada ideal ou expressional = documento formalmente


perfeito, porém materialmente inverídico (conteúdo falso). Falsidade de ideia,
substância, essência do documento
Ex.: oficial de justiça que certifica falsamente a citação do réu;

c) Falso pessoal: Não se relaciona com pessoa física, mas sim com a qualificação da
pessoa ( nacionalidade, idade, filiação, profissão e etc.)

CAPÍTULO I - DA MOEDA FALSA

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Art. 289 - MOEDA FALSA:


“Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso
legal no país ou no estrangeiro”:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a


restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

§ 3º - É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e multa, o funcionário


público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou
autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação
não estava ainda autorizada.

Objeto jurídico: O objeto jurídico tutelado é a fé pública, especificamente da moeda metálica


ou papel-moeda de curso legal no Brasil ou no estrangeiro

Sujeito ativo: qualquer pessoa

Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa (física ou jurídica) lesada em seu


patrimônio.

Tipo objetivo: ( ação linear, ação nuclear, núcleo do tipo, verbo do tipo). Sempre quando se
fala em tipo objetivo devemos lembrar a conduta que se pune, no delito a ser estudado. É o
verbo típico. No caso do artigo 289 a conduta que se pune é falsificar (apresentar como
verdadeiro algo que não é original, dar aparência enganosa a fim de passar por original).

São previstos dois meios de execução:

a) fabricação (criação de moeda falsa, é a hipótese da contrafação (o agente faz a moeda


totalmente) ou
b) alteração (modificação de seu valor para maior) . O valor menor pode caracterizar
estelionato ( acontece para enganar colecionadores).

A mera alteração de moeda já configura o crime, não é necessário que se fabrique nova
moeda.

Objeto Material: é tanto a moeda metálica quanto o papel moeda.

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Papel moeda: papel de crédito público que circula como moeda, emitido diretamente pelo
Estado ou por banco legalmente autorizado.

Moeda Metálica: é a moeda, em níquel, cunhada em liga metálica.

FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA:

Se a falsificação for grosseira não configura crime de falsificação de moeda.

Em alguns casos pode tipificar o delito de estelionato e não o artigo 289 do CP, isso se
houver comprovação de que a vítima foi ou poderia ser ludibriada. Exemplo: pessoa
estrangeira, não acostumada com a moeda nacional. ( conforme prevê a Súmula 73 do STJ).

Súmula n. 73 do STJ - “A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado


configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual”.

Nesse mesmo sentido, já se posicionou o Supremo Tribunal Federal:

O crime de moeda falsa exige, para sua configuração, que a falsificação não seja
grosseira. A moeda falsificada há de ser apta à circulação como se verdadeira fosse. 2. Se a
falsificação for grosseira a ponto de não ser hábil a ludibriar terceiros, não há crime de
estelionato. 3. A apreensão de nota falsa com valor de cinco reais, em meio a outras notas
verdadeiras, nas circunstâncias fáticas da presente impetração, não cria lesão considerável
ao bem jurídico tutelado, de maneira que a conduta do paciente é atípica” (STF, HC
83.526/CE, Rel. Min. Joaquim Barbosa).

Para tipificar o delito, a conduta pode recair sobre moeda nacional ou estrangeira,
desde que seja de curso legal ( moeda corrente). Falsificar por exemplo, cruzeiro real é
fato atípico.

É crime a falsificação tanto da moeda nacional, quanto estrangeira.

A mera alteração de moeda já configura o crime, não é necessário que se fabrique nova
moeda.

Ainda sobre o Art. 289, note que, MESMO se tratando de papel moeda de curso no
estrangeiro, a legislação brasileira as protege.

A falsificação de valor menor que o original não configura crime.

Classificação doutrinária: Crime comum, no que diz respeito aos sujeitos do crime e crime
próprio em seu § 3º; doloso (não há previsão para a modalidade de natureza culposa); de
forma livre; comissivo (podendo ser praticado também por omissão imprópria); instantâneo
de efeitos permanentes; unissubjetivo (pode ser cometido por uma só pessoa);
plurissubsistente (conduta pode ser fracionada, cabe tentativa); não transeunte (que deixa
vestígios).

Tipo subjetivo: dolo

Consumação: Com a efetiva falsificação, independente de outros resultados. É crime formal.


Não há necessidade que o objeto da falsificação seja colocado em circulação, e nem que
haja tenha danos a terceiros, basta a falsificação.

Tentativa: admite-se. A tentativa é possível, porque o crime é plurissubsistente.

Pena: reclusão de três a doze anos e multa.

Ação penal: pública incondicionada.

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Competência: A competência para julgar o crime do artigo 289 e seus parágrafos é da


JUSTIÇA FEDERAL.

Figura Equiparada: Artigo 289 - § 1º Circulação da Moeda falsa

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.

Objeto jurídico, sujeito ativo e passivo: mesmo do “caput”.

Tipo Objetivo: Este parágrafo prevê as mesmas penas para quem:

a) importa d) vende g) empresta


b) exporta e) troca h) guarda
c) adquire f) cede i) introduz em circulação

As condutas que se punem são as expostas acima: Na modalidade importa


( introduz em território nacional, por via terrestre, marítima ou aérea.

A seguir, foi prevista a conduta inversa, de “exportar”, que é retirar do País para o
estrangeiro.

Previu ainda o dispositivo a ação de “adquirir”, a moeda falsificada, equivalente à


aquisição, a título oneroso ou gratuito.

Vender pressupõe o recebimento de um preço.

Trocar é a permuta, a troca da moeda falsa por outro objeto, ou até mesmo por outra
moeda falsa.

Ceder equivale a transferir a terceiro a moeda, a qualquer título que não aqueles
anteriormente previstos (vender, trocar).

Emprestar significa entregar na condição de haver restituição.

Guardar é uma das modalidades de conduta permanente, significa ter o agente a


moeda consigo, em depósito, ou à sua disposição.

Introduzir na circulação é passar a moeda a terceiro de boa-fé, utilizando-se dela para


adquirir alguma coisa, saldar um compromisso ou um outro título qualquer.

O § 1º do art. 289 prevê, como crimes autônomos, ações posteriores à falsificação.

Para configurar este parágrafo 1º, o agente não falsificou as notas, mas apenas
cometeu uma destas condutas já descritas acima. É tipo misto alternativo.

Note-se que se as condutas deste parágrafo forem praticadas pelo mesmo agente
da falsificação, responderá ele por um único delito, do artigo 289, caput do CP. Neste caso o
parágrafo 1º será mero exaurimento.

Objeto material em todas as condutas é a moeda ou papel moeda que o agente sabe ser
falsa.

Consumação: Com a efetiva prática de uma das ações, sem dependência de outras
consequências. Na conduta “guardar” é crime permanente.

Tentativa: Admite-se

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Pena e Ação penal: mesma do “caput”

ART. 289 § 2º FIGURA PRIVILEGIADA

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a


restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de
seis meses a dois anos, e multa.

Objeto jurídico e passivo: mesmo do “caput”.

Sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha recebido a moeda de boa-fé.

Tipo objetivo: O agente recebeu o dinheiro como se fosse verdadeiro, ignorando sua
falsidade. Mas, embora recebendo a moeda de boa-fé, após estar com esta moeda o agente
restitui à circulação (passa a moeda a outro terceiro de boa-fé), depois de conhecer a
falsidade, ou seja, após ter certeza que é falsa. Se o agente restituir a moeda falsa à própria
pessoa de quem recebera a moeda falsa a conduta é atípica.

Ou seja, se alguém recebe uma moeda, percebe ser falsa e repassa a outro para não
“ficar no prejuízo”, estará cometendo um crime (com pena muito mais branda que o de
falsificação.

Tipo subjetivo: dolo


Consumação: Com a restituição à circulação.
Tentativa: Admite-se.
Pena: detenção de seis meses a dois anos e multa.
Ação Penal: pública incondicionada.

Art. 289 § 3º - Fabricação, emissão ou autorização irregular

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público


ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a
fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

Objeto jurídico e sujeito passivo: mesmo do “caput”.

Sujeito ativo: só o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco emissor da


moeda (é crime próprio).

Tipo objetivo: Nesta conduta pune-se o funcionário público, diretor, gerente, ou fiscal de
banco emissor da moeda que: a) fabrica; b) emite; c) autoriza a fabricação; d) autoriza a
emissão.

O objeto material é:
a) (I) Moeda com título e peso inferior ao determinado em lei
Titulo é considerado a relação entre o metal fino e total da liga empregada na moeda.
Somente tipifica se o título e o peso forem inferiores, pois se forem superiores será apenas
infração administrativa.

b) (II) papel-moeda em quantidade superior à determinada.


A quantidade inferior é penalmente atípica.

Tipo subjetivo: dolo

Tentativa: admite-se

Pena: reclusão de três a quinze anos e multa.

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Ação penal: pública incondicionada

Art. 289, § 4º - Desvio e Circulação indevida.


§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação
não estava ainda autorizada.

Objeto jurídico, sujeito ativo e passivo: mesmo do “caput”.

Tipo Objetivo: Pune a ação de quem desvia, e faz circular esta moeda, retira de onde estava
guardada e põe em circulação. Para a maioria dos autores não se exige o proveito do agente.
Objeto material: Neste parágrafo 4º não é a moeda falsa ou emitida em excesso, mas a
moeda legal, cuja circulação não estava, ainda autorizada.

Tipo Subjetivo: dolo


Consumação: com a entrada em circulação
Tentativa: é admissível
Pena: O parágrafo diz: “nas mesmas penas”, referindo –se às do “caput”. Reclusão de três a
doze anos e multa.
Ação Penal: pública incondicionada.

Competência : A Constituição Federal, no art. 164, diz que a competência para emitir
moeda é do Banco Central – é uma autarquia federal – há interesse da União no crime da
moeda falsa. Assim, a competência é da Justiça Federal.

Obs: Vide súmula 73 do STJ.

PARA RECORDAR:

SE JOSÉ FALSIFICOU = Enquadramento legal art 289, CAPUT


SE MARIA COMPROU O DINHEIRO FALSO DE JOSÉ= Art 289, § 1º
AUGUSTO RECEBEU SEM SABER A FALSIDADE E AO SABER REPASSOU
= art 289§ 2º
CARLOS RECEBEU SEM SABER A FALSIDADE E DA MESMA FORMA A
PASSOU = Fato Atípico ( Terceiro De Boa Fé)

Art. 291 – PETRECHOS PARA A FALSIFICAÇÃO DA


MOEDA
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou
guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente
destinado à falsificação de moeda:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Objeto jurídico: protege a fé pública


Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado

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Tipo objetivo: Sempre quando se fala em tipo objetivo devemos lembrar a conduta que se
pune, no delito a ser estudado. É o verbo típico.

No caso do artigo 291 são várias condutas puníveis: fabricar ( produzir); adquirir (obter
a propriedade; fornecer (ceder); possuir (ter a posse) ou guardar (dar abrigo) qualquer
maquinismo, instrumento ou objeto destinado à falsificação da moeda, como prensas,
matrizes, moldes etc.

Se adquirir o maquinário e fabricar a moeda, responderá somente pelo artigo 289 do CP


e o art. 291 será absorvido pelo art. 289 do CP - é o caso do fato anterior impunível.

Exame pericial: É necessário o exame pericial a propósito de ser inequívoco o destino dos
objetos. O art. 291 do CP é ato preparatório para o art. 289 do CP.

Tipo subjetivo: dolo


Consumação: Com a efetiva prática de uma das ações. Nas modalidades possuir e guardar é
crime permanente.
Tentativa: admite-se.
Pena: reclusão de dois a seis anos e multa.
Ação penal: pública incondicionada.
Competência: A competência para julgar o crime do artigo 291 é da JUSTIÇA FEDERAL.

TÍTULO X - DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

CAPÍTULO III - DA FALSIDADE DOCUMENTAL


O objeto jurídico deste capítulo é a fé pública que as pessoas têm nos documentos. Este
capítulo abrange a falsidade material e a falsidade ideológica. O objeto material é o
documento.

Documento: É toda a peça escrita elaborada por um autor determinado, contendo


exposição de fatos ou declaração de vontade, dotado de uma significação ou
relevância jurídica e que pode, por si só, causar um dano, por ter valor probatório.

Nem todo papel escrito é documento, como nem todo papel escrito tem força
probante.

Em resumo: Documento é qualquer objeto válido a provar uma verdade (um escrito, uma
pedra, um osso, um fragmento de metal). É qualquer manifestação escrita, de um
pensamento ou de uma vontade, juridicamente relevante.

Características:
a) Forma escrita: Sobre coisa móvel, transportável e transmissível (papel, pergaminho
etc.)

Objeto material: O objeto material, documento em sentido estrito é qualquer escrito com
valor probatório. Art. 232 do CPP.

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Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,


públicos ou particulares.
Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o
mesmo valor do original.

A doutrina classifica os documentos públicos em :

a) Documento formal e substancialmente público

O Documento, na hipótese, é formado, criado e emitido por funcionário público


no exercício de suas atribuições legais, além do que seu conteúdo é relativo a questões
de natureza pública. Consideram-se como tais, todos os documentos emanados de atos do
executivo, legislativo e judiciário, bem como qualquer outro expedido por funcionário público
e desde que represente interesse do Estado. Exemplo: R.G., C.N.H., Título de Eleitor,
Passaporte, etc.

b) Documento formalmente público, mas substancialmente privado.

Nesta hipótese, o documento é formado, criado e emitido por funcionário público, mas seu
conteúdo é relativo à interesses particulares. Ex: escritura pública de transferência de
propriedade imóvel. Responde por falsificação de documento público.

OBSERVAÇÃO: Não configuram documento:


- O escrito efetuado a lápis;
- A pichação efetuada em paredes.
-Escrito em porta de veículo
- Também as fotografias, os quadros, as pinturas não são considerados documentos.

A jurisprudência tem entendido que a troca de fotografia feita em documento de


identidade configura o crime de falsidade “documental’, uma vez que, nesse caso, a fotografia
é parte integrante de um documento que, no todo possui a forma escrita. Há, todavia,
entendimento minoritário de que seria apenas crime de falsa identidade”(art. 307 do CP).

- Lembre-se, a xerox SIMPLES ( não autenticada) não tem valor probatório, por isso não é
documento. Se for autenticada, sim. (art. 232, parágrafo único CPP).
Cópias autenticadas e certidões de servidores públicos são documentos públicos também.

c) Autor determinado: Deve estar identificado por assinatura ou nome. Quando a lei
não faz essa exigência, pelo próprio conteúdo.

A autoria certa a que se refere a lei é daquele de quem o documento deveria ter
emanado, e não o autor da falsidade. A autoria da falsidade é necessária para a condenação
do falsário, mas nada tem a ver com o conceito de documento.

d) O conteúdo deve expressar uma manifestação de vontade ou a exposição de


um fato.

A assinatura em um papel em branco não constitui documento, uma vez que não há
qualquer conteúdo. ( se for preenchida, configura falsificação). O mesmo se diga um relação,
um receita, um recado etc.

e) Relevância jurídica

Para que seja considerado documento, o escrito deve ter o potencial de gerar
consequências no plano jurídico, ou, em outras palavras, deve ter o valor probatório, por, si,
só. Assim, apresentado a alguém, deve ter o condão de fazer prova de seu conteúdo.

f) Dano potencial

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Conforme já mencionado, a falsificação não pode ser grosseira. Deve ser capaz de
iludir.

ART. 297 - FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar


documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de
entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações
de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja


destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a
qualidade de segurado obrigatório;
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa
ou diversa da que deveria ter sido escrita;
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com
as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
da que deveria ter constado.
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no
o
§ 3 , nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
contrato de trabalho ou de prestação de serviços

Objeto jurídico: a fé pública, especialmente a autenticidade dos documentos.


Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa (física ou jurídica) .

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Tipo objetivo: No caso do artigo 297, a falsidade é material, diz respeito à forma de
documento.
São duas as condutas previstas:

A) falsificar no todo ou em parte o documento público . (falsificação total ou parcial). A


falsificação total é a contrafação, formação do documento. No todo, é a contrafação integral;
a falsificação parcial é a conduta de quem falsifica parte do documento, ou seja, quando se
acrescenta mais dizeres ao documento verdadeiro.

B) ou alterar documento público verdadeiro. Aqui há alteração (modificação) do teor formal do


documento. A falsificação deve ser apta a enganar indeterminado número de pessoas, pois o
falso grosseiro não traz perigo à fé pública. Na alteração o agente modifica um documento
verdadeiro.

Objeto material; É o documento público, considerando-se como tal o elaborado, de acordo


com as formalidades legais, por funcionário público no desempenho de suas atribuições.

Conceito de documento público: É aquele elaborado por funcionário público, de acordo


com as formalidades legais no desempenho de suas funções. Ex: RG, CPF, CNH, Carteira
Funcional ( OAB, CREA, CRM, CRC), Certificado de Reservista, Título de Eleitor, escritura
pública etc.

Espécies de documento público

A) Formal e substancialmente público : É aquele elaborado por funcionário público, com


conteúdo e relevância jurídica de direito público ( atos legislativos, executivos e judiciários.

B) Formalmente público e substancialmente privado : É o elaborado por funcionário


público, mas com conteúdo de interesse privado. Ex: escritura pública de compra e venda de
bem particular, reconhecimento de firma pelo tabelião em uma escritura particular etc.

DIFERENÇA ENTRE FALSIFICAÇÃO TOTAL, PARCIAL OU ALTERAÇAO

Mas qual a diferença entre falsificar parte do documento público e alterar documento
público?

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Na falsidade material o falso diz respeito à forma do documento, não ao conteúdo.

No art. 299 do CP- falsidade ideológica - o falso diz respeito ao conteúdo.

Falsificação total: A falsificação total implica na criação de todo o material escrito que
representa o documento.

Falsificação parcial: A falsificação parcial significa que houve uma criação de uma parte
falsa do documento público verdadeiro ( ter o espelho e preencher com dados falsos), a qual
pode dele ser individualizada.

Alteração: Alterar documento público é inserir ou suprimir falsamente informações escritas


no próprio corpo do documento verdadeiro, após a sua criação.

Desta forma, a alteração difere da falsificação parcial porque: na alteração, a falsidade


diz respeito às informações falsamente já inseridas ou retiradas do papel, o que ocorre
posteriormente à criação do documento; já na falsificação parcial parte do documento (que
dele pode ser individualizada) é criada falsamente. O agente possui parte do documento
verdadeiro, por exemplo, o espelho e forma um documento com dados falsos.

Tipo subjetivo: dolo

Consumação: Com o “editio falsi.” Consuma-se com a efetiva falsificação ou alteração,


independentemente do uso ou de qualquer outra consequência posterior.

Tentativa: admite-se, pois, apesar de ser crime formal, é possível que o agente seja
surpreendido no momento em que está iniciando a falsificação.

Comprovação: Necessita de exame de corpo de delito. Exige prova pericial.

EXAME PERICIAL: No crime de falsidade material, que é infração que deixa vestígios, torna-se
indispensável o exame de corpo de delito para a prova de materialidade. Neste caso o juiz
instaura um incidente de falsidade e determina a realização de um exame pericial. Esse
exame pericial, feito com a finalidade de verificar a autenticidade do documento, chama-se
exame documentoscópico.

Sempre que possível deverá ser elaborado também exame grafotécnico, com a
finalidade de constatar a autoria da assinatura e dos dizeres do documento, mediante
comparação com o material fornecido durante o inquérito policial pelo indiciado.

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Pena: reclusão de dois a seis anos e multa.


Ação penal: pública incondicionada.

OBSERVAÇÃO : A falsificação ou o uso de diploma universitário são modalidades criminosas


previstas nos artigos 297 e 304 do Código Penal cujo bem jurídico tutelado é a fé pública.
Ambos são crimes formais, instantâneos, não exigem resultado naturalístico como, por
exemplo, prejuízo concreto para a fé pública para que sejam considerados consumados.

O STJ editou a Súmula 104, cujo texto literal se lê: “compete a justiça
estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento
falso relativo a estabelecimento particular de ensino”.

Art. 297 - parágrafo 1º - Figura Qualificada

§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do


cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

Se o agente é funcionário público (ver art. 327 do CP), e comete crime prevalecendo-
se (valendo-se) do cargo, a pena do “Caput” será aumentada da sexta parte.

Art. 297 - parágrafo 2º - Documentos públicos por equiparação

§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de


entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações
de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.

O artigo 297, em seu § 2º equipara alguns documentos particulares a documento


público, permitindo, assim, a punição de quem os falsifica como incurso em crime mais grave.
Os documentos públicos por equiparação são os seguintes:

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O artigo 297, em seu § 2º equipara alguns documentos particulares a documento


público, permitindo, assim, a punição de quem os falsifica como incurso em crime mais grave.
Os documentos públicos por equiparação são os seguintes:

a) o emanado de entidade paraestatal: São atividades do terceiro setor (autarquias,


empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações instituídas pelo Poder Público);
Exemplos: INSS, Receita Federal, SESC, SENAI, SESI, ONGs;

c) o título ao portador ou transmissível por endosso (cheque, nota promissória e


etc)
Observação : duplicata é documento transmissível por endosso, mas sua falsificação
não incide no artigo 297 do CP, mas nas penas do artigo 172 do CP, já que neste artigo
tem previsão específica para falsificação de duplicata ( lembre-se lex specialiis
derrogat generallis )

c) as ações de sociedade comercial ( sociedades mercantis – sociedades anônimas ou em


comandita por ações)

d) os livros mercantis: utilizados pelos comerciantes para registro dos atos do comércio. Ex
balancete; livro Diário, Livro Caixa; Livro Razão; Livro de Registro de Prestação de Serviços;
Livro de Registro de Inventário;

e) testamento particular (hológrafo): aquele escrito pessoalmente pelo testador.

A Súmula 17 soluciona o impasse sobre a prevalência do crime de estelionato, quando


o falso for meio para praticá-lo.

Também é pacífico que o crime de falso fica absorvido pelo de sonegação fiscal.

art. 297 cc o art. 171 do CP

SÚMULA nº 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais


potencialidade lesiva, é por este absorvido.

FALSIFICAÇÃO – PREVIDÊNCIA SOCIAL

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o
Art. 297 § 3 Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a


fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de
segurado obrigatório;

II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento


que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
da que deveria ter sido escrita;

III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as


obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da
que deveria ter constado.

§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no §


o
3 , nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Objeto Jurídico: A Seguridade Social . Protege a omissão nos documentos acima do nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de
prestação de serviços.

Note-se que o artigo 297 do Código Penal trata de falsidade material, mas no que tange
aos documentos previdenciários (que não são necessariamente públicos) está se falando de
falsidade ideológica, haja vista o nascedouro do documento.

A Seguridade Social é um amplo sistema de proteção social, de interesse maior da


comunidade.

Por esta razão, a sua proteção e tutela merecem uma atenção destacada, de tal forma
que seus recursos sejam distribuídos com justiça e igualdade.

- Omissão nos documentos acima do nome do segurado e seus dados pessoais, a


remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Exemplo, quem anota salário ou período de trabalho que não corresponde aos fatos
incorre no ilícito penal.

Do mesmo modo incide nas penas do crime aquele que insere informação em relação
de pagamento a autônomo, quando a hipótese é de vínculo de emprego, tendo em conta que
os reflexos previdenciários são distintos.

A ideia fundamental é todos os dados tutelados pela norma são relevantes, pois podem
provocar danos tanto à previdência como ao segurado. Não se vislumbra a forma culposa,
mas a tentativa é admissível.

Sujeito Ativo: é a pessoa responsável em inserir os dados relativos à previdência social

Sujeito Passivo: é o INSS e a pessoa prejudicada com a inserção de dados falsos ou omissão
de tais dados.

Ação penal: Crime material de ação penal pública incondicionada.

FIGURAS EQUIPARADAS §§3º e 4º no art. 297 do CP.

As condutas do § 3º estão todas ligadas a informações falsas que atinjam a


Previdência Social.

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Assim, o principal sujeito prejudicado pela conduta criminosa é a Previdência Social.


O inciso I do § 3º tem como objeto material do delito:

a) folha de pagamento (registra a remuneração paga aos empregados);


b) documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a Previdência Social.
Já o inciso II tem como objeto da conduta criminosa:

a) Carteira de Trabalho e Previdência Social;


b) qualquer outro documento que produza efeitos perante a Previdência Social.

Finalmente, o inciso III tem como objeto:


a) documento contábil;
b) qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a
Previdência Social.

Estes documentos, que servem para registrar as atividades econômicas da empresa,


atestam, por exemplo, fatos que geram a obrigação de a empresa pagar contribuições sociais
à Previdência Social.

Note que o § 3º trata das ações de inserir ou fazer inserir.

Os incisos I, II e III do §3º a declaração falsa é problema de conteúdo, não de forma. O


§3º diz respeito à falsidade ideológica, deveria estar no art. 299 do CP, e não no art. 297 do
CP.

Os efeitos indevidos que estes documentos podem produzir perante a Previdência


Social são, por exemplo, a falsa contagem de tempo de serviço para obtenção de
aposentadoria; a concessão de benefícios previdenciários (ex.: auxílio-doença) a quem não é
segurado da Previdência Social; a falsa qualidade de segurado de pessoa falecida para a
obtenção indevida de pensão por morte por seus dependentes etc.

§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3 o,


nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato
de trabalho ou de prestação de serviços.

O §4º do art. 297 do CP é crime omissivo próprio ou puro, e por tal razão, não admite a
tentativa.

Assim, o § 4º pune a omissão: incorre nas mesmas penas quem omite, nos documentos
mencionados nos incisos I, II e III:
a) nome do segurado e seus dados pessoais;
b) a remuneração;
c) a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

O §4º do art. 297 do CP é crime omissivo próprio ou puro, e por tal razão, não admite a
tentativa. Estas condutas omissivas podem resultar principalmente em exclusão dos direitos
dos segurados perante a Previdência Social.

Competência da falsificação:
A falsificação de documento público é de competência da Justiça estadual.

Porém compete à Justiça federal quando o crime for praticado em detrimento dos bens
da União Exemplo; falsificação de passaporte, autorização de porte de arma de fogo, pois são
emitidos pelo Exército e reservados à Policia Federal.

Falsificação de CNH compete a Justiça estadual, pois emitido pelo DETRAN

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No § 4º Compete a Justiça federal julgar os crimes de falsidade contra a Previdência


Social.

De acordo com a Súmula n. 62 do Superior Tribunal de Justiça “compete à Justiça


Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência
Social, atribuído à empresa privada”.

Caso, todavia, a finalidade da falsificação seja, de algum modo, fraudar a previdência


social, a competência será da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da Carta Magna.

A Súmula 73 STJ (já mencionada), e súmula 104 do STJ: as duas trazem competência
da Justiça Estadual.

“STJ Súmula nº 104


Competência - Falsificação e Uso de Documento Falso - Estabelecimento
Particular de Ensino - Processo e Julgamento: Compete à Justiça Estadual o
processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo
a estabelecimento particular de ensino.”

Falso x estelionato

É o caso do cidadão que falsifica documento qualquer, e com este objeto falsificado
pratica estelionato.

Para solucionar isso, há 04 posições:


1º) Concurso material: soma as penas.
2º) Concurso formal: pega pena mais grave e aumenta de 1/6 até a metade.
3º) só o falso (estelionato restará absorvido): aplica-se o princípio da consunção. Essa
posição justifica em face da gravidade em abstrato dos crimes.

4º) só o estelionato (absorve o falso): aplica-se o princípio da consunção .

É a posição que prevalece, mas não há unanimidade. Prevalece porque há


entendimento sumulado do STJ. Súmula 17 do STJ.
“STJ Súmula nº 17 - Estelionato - Potencialidade Lesiva. “Quando o falso se exaure no
estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.”

O fundamento é que o crime meio é absorvido pelo crime fim, ou seja, se há mais
potencialidade o falso não é absorvido pelo estelionato, e neste caso, trabalharemos com o
concurso de crimes.

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ART. 298 – FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO


PARTICULAR

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar


documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Falsificação de cartão
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento
particular o cartão de crédito ou débito.

Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei 9099/95)

Objeto jurídico: a fé pública, especialmente a autenticidade dos documentos


particulares.

Sujeito ativo: qualquer pessoa

Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa prejudicada pela falsidade.

Tipo objetivo: No caso do artigo 298, as condutas são iguais ao do artigo 297 do CP, à
exceção do objeto material que é o documento particular.

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Objeto material: É o documento particular. É aquele que não é público em si mesmo ou por
equiparação.

Os requisitos do documento particular são os mesmos do documento público, sendo


que, entretanto, não são elaborados por funcionário público no desempenho de suas funções.
Ex: contratos de compra e venda, de locação, nota fiscal, etc.

https://media.istockphoto.com/vectors/fake-contract-with-magnifying-glass-vector-illustration-vector-
id1198836114

O documento registrado em cartório continua sendo documento particular. O registro é


apenas para dar publicidade ao documento, mas não altera sua natureza.

Tipo subjetivo: dolo

Consumação: Com a efetiva falsificação ou alteração

Tentativa: admite-se.

Pena: reclusão de um a cinco anos e multa.

Ação penal: pública incondicionada.

EXAME PERICIAL: Necessita exame de corpo de delito.

COMPETÊNCIA: A competência é da Justiça Estadual, salvo se a falsificação tiver a finalidade


de prejudicar interesse da União, suas Autarquias ou empresas públicas.

FIGURA EQUIPARADA:

Falsificação de cartão
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a
documento particular o cartão de crédito ou débito.

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A Lei nº 12.737/2012 inseriu o parágrafo único ao art. 298 do Código Penal.

A alteração no art. 298, com o acréscimo do parágrafo único, teve como objetivo fazer
com que o cartão de crédito ou débito, para fins penais, seja considerado como “documento
particular”.

Se o agente faz a clonagem do cartão e, com ele, realiza saques na conta bancária do
titular, pratica apenas furto mediante fraude, ficando, em princípio, absorvida a falsidade.

De igual sorte, se o sujeito faz a clonagem do cartão e, com ele, realiza compras em
estabelecimentos comerciais incorre em estelionato, sendo absorvida a falsidade, se não
houver mais potencialidade lesiva (Súmula 17 do STJ).

Legislação especial:

A lei 8.137/90 – Crimes contra a ordem tributária, art. 1º, III e IV.

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou


contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964,
de 10.4.2000)
(...)
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso
ou inexato;

Estes acima são tipos especiais do art. 298 do CP.

Ação Penal: Ação penal é publica incondicionada.

ART. 299 – FALSIDADE IDEOLÓGICA

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele


devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que

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devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e
reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis,
se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de
registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

Diferença entre a falsidade material e ideológica.

a) Na falsidade material, o que se frauda é a própria forma do documento, que é alterada,


no todo ou em parte, ou é forjada pelo agente, que cria um documento novo.
b) Na falsidade ideológica, ao contrário, a forma do documento é verdadeira, mas o seu
conteúdo é falso, isto é, a ideia ou declaração que o documento contém não corresponde à
verdade.
c)
vvvvvvvvv
F
Somente os dados são falsos
Conteúdo falso
vvvvvvvvv
FFFFFFFFFFF vvvvvvvvvv
Material Ideológica

Efeitos da distinção:

1- Quanto à capitulação penal. Se a falsidade de documento público é material, incide no art.


297, mas se é ideológica, enquadra-se no art. 299. Se o falso em documento particular é
material, insere-se neste art. 298; e, se for ideológico, no art. 299 do CP.

2- Exame de corpo de delito – Só é indispensável nas falsidades materiais, nas ideológicas


não.

Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei 9099/95)

Objeto jurídico: a fé pública, especialmente a genuidade ou veracidade do documento.

Sujeito ativo: qualquer pessoa, não precisando ser necessariamente quem redige o
documento. Se o agente for funcionário público, vide ‘parágrafo único”

Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa prejudicada pela falsidade.

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Definição: Na falsidade ideológica, o documento é autêntico em seus requisitos extrínsecos e


emana realmente da pessoa que nele figura como seu autor, mas seu conteúdo é falso. É
também chamada falsidade intelectual, falso ideal ou falso moral.

Tipo objetivo: : As condutas puníveis são:

A) Omitir declaração que devia constar: Conduta omissiva. O agente elabora um documento
deixando de inserir informações que nele deveria constar.

B) Inserir declaração falsa ou diversa da que devia constar. Conduta comissiva.

-Declaração falsa é aquela inverídica


-Declaração diversa da que devia constar: é uma declaração verdadeira colocada no
local de outra que deveria efetivamente constar do documento.

C) Fazer inserir. O agente vale-se de terceira pessoa para incluir no documento a informação
falsa ou diversa da que deveria constar.

https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/falsidade-
ideologica/@@download/image/30-falsidade-ideologica.jpg

O art. 299 prevê, com o nome de “falsidade ideológica”, a conduta de “omitir, em


documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.

A falsidade ideológica pode ser de documento público ou particular.

Na falsidade ideológica o que é falsificado não é o corpo do documento, pois elaborados


por pessoa legítima para fazê-lo.

O que é falso são as informações que o documento público ou particular traz


desde o início de sua constituição.

Atenção que o crime também é cometido se há a inserção de declaração diversa da que


deveria ser escrita, mesmo que essa declaração seja verdadeira.

A conduta de fazer inserir é praticada por pessoa que não tem a atribuição de elaborar o
documento.

Neste caso, o autor do crime faz (conduz) a pessoa que elabora o documento inserir as
informações falsas ou diversas das que deveriam ter sido escritas.

Tipo subjetivo: dolo. A finalidade do agente deve ser de querer prejudicar direitos, criar
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Ausência destas
finalidades, o fato será atípico.

Consumação: Com a efetiva omissão ou inserção. É crime formal.

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Tentativa: admite-se., salvo na modalidade omitir declaração.

Só cabe tentativa nas formas comissivas, que fazem referência à ação, em inserir ou
fazer inserir, porque são condutas plurissubsistentes. O verbo omitir é unisubsistente e não
aceita tentativa.

Pena: Se o documento é público, reclusão de um a cinco anos e multa. Se o documento é


particular, reclusão de um a três anos, e multa.

Ação penal: pública incondicionada.

ART. 299 – FIGURAS QUALIFICADAS


Duas são as hipóteses:

a) se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se ( valendo-


se) do cargo.

b) Se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil . São assentamentos


os indicados na Lei 6015/73. Todavia, a inscrição de nascimento inexistente configura só o
crime do art. 241 do CP; e a falsidade posterior ao parto suposto ou à supressão ou alteração
de direito do estado de recém-nascido, o delito do art. 242 do CP.

Pena: A do “caput”, aumentada de sua sexta parte.

OBSERVAÇÕES NA FALSIDADE:

* Assinatura em papel em branco:

Para os casos de falsificação de folha em papel em branco já assinada, mas que foi
posteriormente preenchido deve ser verificado como foi obtida:

a) Se foi obtida licitamente e depois preenchida configura falsidade ideológica.

b) Mas para o caso que existe o preenchimento de maneira diversa sem a prévia
autorização, configura crime na sua modalidade material, ou seja será falsificação
de documento particular.

Aqui não se enquadra apenas o papel em branco que contém apenas a assinatura mas
também aquele que possui um espaço em branco possível de preenchimentos em falso.

* Princípio da especialidade

- Lei 8.137/90 (Crimes contra a ordem tributária), art. 1o, inciso II é um tipo especial de
falsidade ideológica. Incidência de Legislação especial quando a falsificação ou alteração for

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nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação
tributável.

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo,


ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide
Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
(...)
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer
outro
documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva
saber falso ou inexato;

* Lei 7.492/86 (Crimes contra o sistema financeiro nacional), art. 9º traz tipo especial de
falsidade ideológica.

“Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em


documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários,
declaração falsa ou diversa da que dele deveria constar:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.”

* - Art. 241 do CP - registro de nascimento inexistente. É tipo especial de falsidade


ideológica.

“Registro de nascimento inexistente

Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:


Pena - reclusão, de dois a seis anos.”

Falsidade ideológica x falsa identidade

É comum confundir e até mesmo pensar que os dois crimes são similares, mas existem
diferenças entre eles.

A falsidade ideológica, como falado anteriormente, acontece quando um indivíduo


adultera documentos, seja acrescentando ou retirando informações para benefício próprio ou
de terceiros.

Já a falsa identidade ocorre quando uma pessoa se passa por outra.

Exemplos de falsidade ideológica:


1. falsificação de documentos de Imposto de Renda (IR);
2. transferência de pontos de pontos da Carteira Nacional de Habilitação (CNH);
3. declaração de bem que não são registrados em nome;

Exemplos: Em maio de 2020 a Controladoria Geral da União (CGU) apontou que mais de 300
mil servidores públicos federais, municipais e distritais foram incluídos como beneficiários no
auxílio emergencial, uma das medidas do governo para enfretamento da crise da nova corona
vírus. Estes atos podem ser enquadrados em crimes de falsidade ideológica, ou mesmo
estelionato.
Alguns exemplos mais comuns de falsidade ideológica em documentos públicos:

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 Transferir os pontos da CNH sem que o terceiro estivesse de fato dirigindo;


 Declarar valor menor do que o real na Carteira de Trabalho;
 Alterar ou omitir informações no Imposto de Renda.
Exemplos de falsidade ideológica em documentos particulares:
 Adulteração de cheque ( preencher cheque com valor não autorizado);

FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA. Art.


300.
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou
letra que o não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de
um a três anos, e multa, se o documento é particular.

Objeto jurídico: protege a fé pública nas letras ou firma reconhecidas.

Sujeito ativo: É crime próprio e somente pode ser cometido pelo funcionário que tenha a
atribuição legal para reconhecimento da firma ou letra. Geralmente o tabelião, o oficial do
cartório de registro civil, o escrevente do tabelionato e etc.

Sujeito passivo: o Estado, secundariamente a pessoa prejudicada com o falso


reconhecimento.

Tipo objetivo: A conduta que se pune é “reconhecer” firma ou letra.

a) Firma é a assinatura.

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b) Letra é o manuscrito da pessoa (normalmente se reconhece em testamento escrito de


próprio punho).

O reconhecimento de firma é o ato pelo qual o tabelião, que tem fé pública, atesta que a
assinatura constante de um documento corresponde àquela da pessoa que a lançou. Ou seja,
é uma declaração pela qual o tabelião confirma a autenticidade ou semelhança da assinatura
de determinada pessoa em um documento.
Não se refere ao teor do documento, mas tão somente à autenticidade da assinatura.
As modalidades de reconhecimento de firma são: reconhecimento de firma por
autenticidade e reconhecimento de firma por semelhança. Em ambos os casos deverá ser
aberto um cartão de assinaturas/ficha de firma
Quanto ao reconhecimento de letra é mais raro, pois trata-se de reconhecer a letra de um
manuscrito de alguém. Normalmente testamento lavrado pelo “de cujus”.

A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “reconhecer”, como verdadeira,


firma (assinatura ou abreviação) ou letra (sinal representativo) de alguém, quando não o
seja.

Crime típico dos tabelionatos, essencial é a especificação de quem é o agente


responsabilizado.

Tipo subjetivo; o dolo.

Consumação: com o reconhecimento

Pena: se o documento reconhecido é público, reclusão de um a cinco anos; se o documento é


particular, reclusão de um a três anos.

Ação penal: pública incondicionada.

CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE


FALSO. Art. 301
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou
circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Objeto jurídico: a fé pública, em especial das certidões e atestados.

Sujeito ativo: somente o funcionário público em razão do seu ofício.

Sujeito passivo: o Estado.

Objeto Material: certidão ou atestado

Tipo objetivo: As condutas que se punem são: atestar ou “certificar”

Pune a conduta do funcionário público que atesta ou certifica falsamente, fato ou


circunstância que:

a) habilite alguém a obter cargo público,


b) isente de ônus de serviço de caráter público ou
c) Que leve à obtenção de qualquer outra vantagem.

Atestado: é um documento firmado por escrito, por servidor ou profissional em razão do


cargo que ocupa ou função que exerce, no qual ele declara um fato existente, do qual tem

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conhecimento. fornecer atestado de boa conduta carcerária; atestado de bons antecedentes;


médico de hospital público que fornece atestado falso;

Certidão é a afirmação feita por escrito por pessoa que tenha competência para declarar
conferida por lei, objetivando comprovar ato ou assentamento constante de processo, livro ou
documento que se encontre em repartições públicas. Costumeiramente, vê-se documentos
expedidos por empresas privadas intituladas de Certidão. Ex. fornecer certidão negativa de
débitos condominiais

Somente configura o crime quando o atestado ou certidão emanam originariamente do


funcionário público. A conduta daquele que que falsifica uma certidão já emanada ou mesmo
extrai cópia falsa de documento público comete crime de falsificação de documento público,
conduta mais grave.

Tipo subjetivo; o dolo.

Consumação: com a atestação ou certificação

Tentativa: é possível, mas difícil de ocorrer

Pena: detenção de dois meses a um ano.

Ação penal: pública incondicionada.

Falsidade Material de Atestado ou certidão (§ 1º). Neste caso a falsidade não é


ideológica, como no “caput” , mas sim falsidade material. Aqui o agente falsifica, no todo ou
em parte, ou altera o teor da certidão ou atestado verdadeiro.

Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Sujeito passivo: igual ao do caput.

Consumação: com a efetiva falsificação ou alteração.


Tentativa: admite-se.
Pena: detenção de três meses a dois anos.
Ação penal: pública incondicionada.

Figura qualificada. Fim de lucro. § 2º. Aplicada tanto no “caput ou mesmo o parágrafo 1º.
Se o agente atestou ou certificou com o fim de lucro, a pena será, além da pena privativa de
liberdade, aplicada a pena de multa.

Art. 302- FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO


Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também
multa.

Transação: Cabe no “caput” e na sua combinação com o parágrafo único (art. 76 da Lei
9099/95)

Suspensão condicional do processo: Idem (art. 89 da Lei 9099/95)

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Objeto jurídico: a fé pública, especialmente com relação aos atestados médicos.

Sujeito ativo: somente o médico (crime próprio quanto ao sujeito)

Sujeito passivo: o Estado, secundariamente quem sofre o dano.

Tipo objetivo: A conduta punível é dar (fornecer, entregar) atestado médico falso. Não só o
agente precisa ser médico, com ao conduta, deve ser praticada no exercício da sua profissão.

Ao analisar o tipo objetivo do crime de falsidade de atestado médico, observa-se que


o núcleo do tipo prevê o verbo dar, e que o objeto material do delito é o atestado falso, que
deve versar, sobre fato relevante (constatação de enfermidade, atendimento de pessoa em
consulta, período de convalescência e etc).

É necessária a realização da conduta no exercício da profissão médica, ou seja,


relativa aos atos que incumbem ao médico, em sua atividade.

Dessa forma, se o médico der um atestado de idoneidade a alguém, ainda que falso,
não se configura o delito do art 302 do CP.

Tipo subjetivo: dolo

Consumação: Com a efetiva entrega do atestado médico ao beneficiário ou a outrem.

Tentativa: admite-se.

Pena: Detenção de um mês a um ano.

Ação penal: pública incondicionada.

ART. 302 – PARÁGRAFO ÚNICO - Figura qualificada

Noção: Se o crime é cometido com o fim de lucro. Há especial finalidade de agir, que é
elemento subjetivo do tipo .

Pena: Além da pena privativa de liberdade (do caput”) aplica-se a pena pecuniária.

REPRODUÇÃO OU ADULTERAÇÃO DE SELO OU PEÇA FILATÉLICA. Art. 303.

Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção,
salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no
verso do selo ou peça:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso
do selo ou peça filatélica.

REVOGADO e substituído pelo artigo 39 da lei 6538/78.

ART. 304 – USO DE DOCUMENTO FALSO.


Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que
se referem os arts. 297 a 302:

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Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.


Transação e Suspensão condicional do processo: Idem (art. 89 da Lei 9099/95)

Transação e Suspensão condicional do processo: Idem (art. 89 da Lei 9099/95)

Objeto jurídico: a fé pública.

Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto o falsificador. Se o falsificador fizer o uso posterior do
documento falso responderá somente pela falsificação, pois o uso será considerado “ post
factum impunível”. Caracteriza crime quando alguém fizer uso do documento falsificado por
outra pessoa.

Sujeito passivo: o Estado, secundariamente a pessoa prejudicada com o uso.

Objeto material: São os papéis falsificados ou alterados constantes nos arts. 297 a 302 do
CP, sendo estes uso de documento público ou documento particular falsificados, o papel
onde constar firma ou letra falsamente reconhecida, o atestado ou certidão pública ou,
ainda, o uso de atestado médico falso.

Tipo objetivo: Trata-se de crime remetido ( pois remete a outros artigos) .

A conduta punível é “fazer uso”, que tem a significação de empregar utilizar.

Incrimina-se assim, quem faz uso do documento materialmente falsificado, como se


fora autêntico; ou emprega documento que é ideologicamente falso , como se verdadeiro
fora.

Exige-se o uso efetivo, e não o mero porte do documento.

Trata-se de crime remetido e seu objeto material é o documento falso ou alterado,


referidos pelos ar. 297 a 302. Requer que o agente conheça a falsidade do documento que ele
usa.

A utilização do documento falso deve ser feita como se este fosse autentico e a
situação envolvida deve ser juridicamente relevante. É indispensável a utilização efetiva do
documento falso, sendo insuficiente a simples alusão.

O mero porte de RG falso não configura o crime porque não foi apresentado pelo
agente. Exceção: Se o documento falso for a Carteira Nacional de Habilitação, o simples
porte caracteriza o crime. Nesse caso, portá-la é “fazer uso”.

Assim é a posição majoritária:

STJ: “Reiterada é a jurisprudência desta Corte e do STF no sentido de que há crime de


uso de documento falso ainda quando o agente o exibe para a sua identificação em virtude
de exigência por parte de autoridade policial. (REsp 193.210-DF, rel. José Arnaldo da
Fonseca, 5.ª T., v. U., Seção 1, p. 190)”.

Ressalte-se, no entanto, que o encontro casual do documento falso em poder de


alguém (como ocorre por ocasião de uma revista policial) não é suficiente para configurar o
tipo penal, pois o núcleo é claro: “fazer uso”.

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A apresentação de cópia simples do documento não caracteriza o crime, mas se for


cópia autentica configura.

Tipo subjetivo: dolo

Consumação: Com o efetivo uso.

Tentativa: considera-se inadmissível , pois ou o agente usa o documento falso, e está


consumado o delito, ou não o utiliza, hipótese em que o fato é atípico.

Pena: A pena é a mesma do falsário, ou seja, à cominada à falsificação ou alteração (vide


penas dos arts 297 a 302)

Ação penal: pública incondicionada.

Competência: A Justiça competente a julgar é determinada pela pessoa ou da entidade


perante a qual é apresentado o documento falso, quem efetivamente sofre os prejuízos em
seus bens ou serviços, sendo irrelevante, em princípio, a qualidade do órgão expedidor do
documento público, conforme súmula 546 do STJ.

Súmula 546 - STJ: "A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso
é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não
importando a qualificação do órgão expedidor."

CAP. IV – DE OUTRAS FALSIDADES

ART. 307 - FALSA IDENTIDADE


Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não
constitui elemento de crime mais grave.

Transação: Cabe (art. 76 da Lei 9099/95)


Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei 9099/95)

Objeto jurídico: a fé pública, especialmente em relação à identidade pessoal.

Sujeito ativo: qualquer pessoa

Sujeito passivo: o Estado, secundariamente, a pessoa prejudicada.

Tipo objetivo: A conduta punível é atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade,


incrimina-se assim, a ação de quem, verbalmente ou por escrito.

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O agente simplesmente se atribui ou atribui a terceiro uma falsa identidade, mentindo a


idade, o nome ou mentindo sobre profissão e etc. Ex: criar perfil falso em rede social, fazer
prova na faculdade para outra pessoa.

O artigo 307 o Código prevê uma forma de falsidade não mais documental, nem mesmo
material ou ideológica, mas pessoal: ilude alguém a respeito da própria identidade ou da
identidade de terceiro, para obter vantagem ou causar-lhe dano”.

Esta modalidade de falso prevista neste tipo penal não configura condutas constitutivas
de falsidade documental, pois a conduta é diversa da contrafação, adulteração ou inserção de
inverdades em documento verdadeiro, mas de mentir sobre suas próprias qualificações
pessoais ou de terceiro.

Parte expressiva da doutrina e da jurisprudência sustenta que a lei ao se referir à falsa


identidade o tipo penal descreve a conduta de modo genérico alcançando as mais variadas
característica da pessoa (nome, idade, estado civil, profissão, sexo, filiação, condição social e
etc).

O crime de Falsa Identidade é um crime formal, instantâneo, subsidiário, de forma livre,


comum e unissubjetivo e plurissubsistente, que consiste em imputar a si ou a terceiro falsa
identidade, podendo ser de pessoa real ou até mesmo fictícia, em relação por exemplo ao
nome, prenome, idade, filiação, matrimônio, nacionalidade e etc, ou seja, elementos de
identificação civil e social do indivíduo.

Falsa identidade para Autodefesa:

“A garantia constitucional da ampla defesa, na modalidade da autodefesa, não abrange


a conduta daquele que, ao ser preso, atribui-se falsa identidade perante autoridade policial
com o objetivo de se eximir da sua responsabilidade penal, que configura, portanto, o crime
de falsa identidade. Inteligência da Súmula n. 522 do e. STJ." Acórdão 1229517,
00194659720128070003, Relator: CRUZ MACEDO, 1ª Turma Criminal, data de julgamento:
6/2/2020, publicado no PJe: 17/2/2020”.

Súmula 522 do STJ – "A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade
policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa."

Recurso repetitivo
Tema 646 – "É típica a conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade
policial, ainda que em situação de alegada autodefesa (art. 307 do CP)." REsp
1.362.524/MG

Tipo subjetivo: dolo

Consumação: Com a efetiva atribuição da falsa identidade.

Tentativa: admite-se.

Pena: Detenção de um mês a um ano.

Ação penal: pública incondicionada.

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ART. 311 - ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO


AUTOMOTOR

Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal


identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em
razão dela, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui
para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado,
fornecendo indevidamente material ou informação oficial.

Alteração: Artigo introduzido pela Lei nº 9.426/96.


Objeto jurídico: A fé pública, especialmente em relação à propriedade e ao licenciamento ou
registro dos veículos automotores.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum quanto ao sujeito).


Sujeito passivo: Primeiramente, o estado; secundariamente, o terceiro prejudicado pela
adulteração ou remarcação.
Tipo objetivo: A conduta punida é adulterar (falsificar, contrafazer) ou remarcar (marcar de
novo) número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor (carro,
motocicleta, ônibus, caminhão, etc.), de seu componente (portas, motor, vidros, etc.) ou
equipamento (tudo aquilo que serve para equipar, prover). Obviamente, o sinal ou número
resultante da adulteração ou remarcação há de ser diverso do número original.

Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de adulterar ou remarcar,


sabendo da falsidade do novo número ou sinal. NA doutrina tradicional é o “dolo genérico”.
Não há modalidade culposa.

Consumação: Com a adulteração ou remarcação idônea a enganar.

Tentativa: Admite-se.

Pena: Reclusão, de três a seis anos, e multa

Ação penal: Pública incondicionada

Aumento de pena (ART. 311 §§ 1º e 2º)

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§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela,


a pena é aumentada de um terço.

§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o


licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo
indevidamente material ou informação oficial.

Duas são as hipóteses:


a) se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela (§ 1º).

b) Se o funcionário público contribui para o licenciamento ou registro do veículo


remarcado ou adulterado. Fornecendo indevidamente material ou informação oficial. A
primeira hipótese é de autoria; a segunda, de coautoria ou participação. Nesta última, o
fornecimento de material ou informação oficial deve ser indevido.

Pena: A do caput, aumentada de um terço.

Título X
Dos Crimes Contra a Fé Pública

Capítulo V

Das Fraudes em Certames de Interesse Público

Fraudes em Certames de Interesse Público


Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a
outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o
acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário
público.

Objeto jurídico Tutela a confiabilidade, boa-fé, transparência, legalidade, moralidade e


segurança dos certames de interesse público, ou seja, a confiabilidade dos certames públicos.
Sujeito ativo: Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa.

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Sujeito passivo: é o Estado e Instituições Públicas e Privadas de Ensino Superior,


secundariamente, também são vítimas:

a) o ente público ou privado que deflagrou o certame (exs: União, Estado, Município, a
entidade privada, como o Sebrae, Sesi, a universidade privada, entre outros);
b) os demais candidatos prejudicados pela conduta do agente.

Tipo Objetivo: Pune-se a conduta de quem utiliza (emprega, aplica) ou divulga (efeito de
tornar público, propagar), indevidamente (sem justo motivo), com o fim de beneficiar a si ou a
outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso (abrangendo não
apenas as perguntas e respostas, mas também outros dados secretos que, se utilizados
indevidamente, geram desigualdade na disputa) de:

I – concurso público (instrumento de acesso a cargos e empregos públicos);

II – avaliação ou exame públicos (abrangendo, por exemplo, os exames psicotécnicos);

III – processo seletivo para ingresso no ensino superior (englobando vestibulares e demais
formas de avaliação seletiva para ingresso no ensino superior, como, por exemplo, a prova do
ENEM);
IV – exame ou processo seletivo previstos em lei (compreendendo, por exemplo, o exame da
OAB, previsto na Lei 8.906/94).

Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. A


conduta do caput do artigo 311-A do Código Penal é comissiva.

O agente só será responsabilizado penalmente se sem justo motivo utilizou o divulgou


conteúdo sigiloso em benefício próprio ou de outrem.

Conteúdo sigiloso abrange não apenas as questões e os gabaritos, mas todo e qualquer
dado secreto que utilizado indevidamente gere desigualdade na disputa.

Pretendeu o legislador resguardar o princípio da impessoalidade, tendo por escopo


impedir que certos candidatos obtenham informações privilegiadas, inacessíveis à população
em geral.

Deste modo, configura também o delito do artigo 311-A do Código Penal a conduta de
divulgar, antes do edital do concurso, de forma não pública, vale dizer, apenas para uma ou
algumas pessoas, a bibliografia do concurso, os nomes dos examinadores, a quantidade de
questões que serão cobradas por disciplina, enfim, informações que beneficiem, ainda que em
tese e mesmo que de forma mínima beneficiem, determinados candidatos, por gerarem
tratamento diferenciado.

Certames abrangidos no delito: A fraude deve recair sobre:

I- Concurso público – é o instrumento capaz de dar acesso a cargos e instrumentos públicos;


II - Avaliação ou exames públicos – Aqui se enquadram, por exemplo:
a) exame público de qualificação de mestrados e doutorados;
b) concursos para obtenção de bolsas em mestrados e doutorados;

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c) psicotécnicos;
d) exames médicos; concursos para certificações, a exemplo da CNEN (Comissão Nacional de
Energia Nuclear);
e) exames para obtenção de CNH (Carteira Nacional de Habilitação);
f) processos seletivos públicos para contratação de profissionais para o Sebrae; g) as seleções
para ingresso nos colégios militares e nas escolas técnicas; h) o exame público de habilitação
na função de agente da propriedade industrial do INPI; i) seleção de candidatos à residência
médica ou odontológica. j) Processo seletivo para ingresso no ensino superior – Exemplo:
vestibulares e demais formas de avaliação seletiva para ingresso no ensino superior, como
ocorre com o Exame Nacional de Ensino Médio (famigerado ENEM) e nas avaliações seriadas
(que abrangem provas de todos os anos do ensino médio);
III - Exame ou processo seletivo previstos em lei - abrange exame da OAB, que tem sua
previsão na lei 8.906/94 ou o processo seletivo simplificado para contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 3º,
da Lei 8.745/93).

“Cola Eletrônica”“ É a utilização de aparelho transmissor e receptor, que fará a ligação


entre comunicador (denominado expert nas matérias das provas) e a pessoa que está
“realizando” a prova, com o fim deste último obter as respostas às perguntas de determinada
prova do expert que a resolve e repassa as informações. A cola eletrônica é, uma das formas
mais triviais de fraudar certames de interesse público.

Tipo subjetivo: Dolo específico, “com o fim de beneficiar a si ou a outrem” ou “de


comprometer a credibilidade do certame”.

Figura equiparada: “Artigo 311, § 1º -

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio,
o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.

Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de
pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.” Assim responde pelas
mesmas penas quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
autorizadas a informações mencionadas no caput . No que tange a esta modalidade basta o
dolo, vale dizer, dispensa-se a finalidade especial de beneficiar a si ou outrem ou então
comprometer a credibilidade do certame.

Conduta que gere danos à Administração : “Artigo 311-A, § 2º do CP

Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: Pena- reclusão,


de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa.”

Quando houver dano à Administração Pública não caberá suspensão do processo e será
possível preventiva para o agente primário, pois a pena mínima é de 2 (dois) anos e a máxima
é de 6 (seis) anos e multa.

Importante salientar que o dano à administração pública aludido no § 2º não é apenas o


dano patrimonial. Está abrangido no § 2º também o dano moral.

Causa de Aumento de pena . Art. 311 § 3ºdo CP:

§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por


funcionário público.
Se o crime for praticado por servidor público a pena é aumentada de 1/3 (um terço),
conforme prevê o § 3º do artigo 311-A, Código Penal.

Somente ocorrerá o aumento da pena se o funcionário público efetivamente utilizou-se


das facilidades que lhe proporciona o cargo, emprego ou função para a prática do delito.

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Consumação O crime se consuma com a prática dos núcleos, dispensando o agente de


conquistar benefício próprio ou de outrem, ou então comprometer a credibilidade do certame.
Estamos diante de crime formal ou de consumação antecipada.

Tentativa: A modalidade tentada em qualquer das modalidades é perfeitamente possível.

Aplicação do artigo 47, V do Código Penal: As penas do artigo 311-A do CP é de 1 a 4


anos (mesmo que majorada de 1/3 no caso de servidor público) ou de 2 a 6 anos (se resultar
dano a Administração).

Deste modo, em princípio, dificilmente essa pena no caso concreto ultrapassará 4 anos.
Assim, como no caso concreto a pena dificilmente ultrapassará 4 anos, e como se trata de
crime cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa, será cabível na maioria dos casos
penas restritivas de direitos.

BIBLIOGRAFIA

BITTENCOURT, C. R. Tratado de Direito Penal III 27. ed. São Paulo:


Saraiva, 2022
CAPEZ, Fernando , Curso de Direito Penal III, Editora Saraiva, São Paulo,
2022,( e-book)
MASSON, Cleber, Direito Penal: Parte Especial (Volume 3). 2022. ( e-book)

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