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O Código Penal (CP) se subdivide em duas partes: a parte geral do CP, que são as dis-
posições gerais aplicáveis a todos os crimes, e a parte especial, que vai trazer os crimes
em espécie e, dentro da parte especial, dentro desses crimes, há diferentes títulos: os crimes
contra a pessoa, crimes contra o patrimônio, crimes contra a incolumidade pública, crimes
contra Administração Pública.
No Título X, estão os crimes contra a fé pública.
CÓDIGO PENAL
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DIREITO PENAL
Código Penal – com as Alterações Vigentes até a Publicação do Edital – Artigos
293 a 305; 307; 308; 311-A; 312 a 317; 319 a 333; 335 a 337; 339 a 347; 350; 357
e 359
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Não existe um crime contra a fé pública na modalidade culposa. Todos os crimes contra a
fé pública só podem ser praticados com dolo, com a intenção de praticar o delito.
Todos os crimes são de Ação Penal Incondicionada. Não há qualquer crime de Ação
Penal de Iniciativa Privada, não há qualquer crime que dependa da representação do ofen-
dido. São crimes que, havendo a sua prática, o Ministério Público será o titular da Ação Penal
e haverá a persecução penal, independentemente da manifestação de vontade da vítima.
O sujeito passivo nos crimes contra a fé pública, as vítimas, vão se dividir:
• Estado – será sempre o sujeito passivo nos crimes contra a fé pública, até mesmo na fal-
sificação de documento particular (art. 298, do CP), a vítima primordial, a vítima imediata
é o Estado. A vítima da falsificação de documento particular até pode ter um prejuízo
considerável, a vítima será sempre o Estado (União, Estados, DF e Municípios).
• Pessoas físicas e pessoas jurídicas de direito privado poderão ser vítimas dos crimes
contra a fé pública, poderão ser sujeito passivo, mas serão o sujeito passivo MEDIATO,
5m o sujeito passivo secundário.
Nos crimes contra a fé pública, não se admite o princípio da insignificância.
O princípio da insignificância é aplicado em alguns crimes quando a lesão experimen-
tada pela vítima é uma lesão extremamente pequena, quando não gera uma efetiva lesão,
quando não gera um efetivo perigo de lesão. Como caso clássico, o crime de furto, quando é
subtraído um pacote de chicletes que custa R$ 2,00 de um supermercado que fatura milhões
ao longo de um mês: é uma subtração tão insignificante para o faturamento daquele super-
mercado que não há tipicidade material e o agente não responde por qualquer crime, em que
pese tenha incorrido na conduta de subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel – não
será responsabilizado por qualquer delito por não haver tipicidade material.
O princípio da insignificância será aplicável em alguns delitos, mas nos crimes contra a fé
pública, em regra, salvo raríssimas exceções, não se aplica.
Por mais que a falsificação seja pequena, por mais que a falsificação, por exemplo, de
papel-moeda seja a falsificação de uma nota de R$ 2,00, não é pelo valor, mas é pela con-
fiança depositada nas relações públicas e particulares.
Essa confiança, essa fé pública, jamais poderá ser considerada insignificante. Não se
leva em consideração o valor, mas o fato de afetar a confiança, a fé pública do Estado.
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Tacitamente revogado pelo art. 33 da Lei n. 6.538, que dispõe sobre os serviços postais.
IV – cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento
mantido por entidade de direito público;
15m
V – talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas pú-
blicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;
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VI – bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Esta-
do ou por Município:
Esse parágrafo traz figuras equiparadas aos crimes de falsificação de papéis públicos.
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo.
Uma coisa é a falsificação, outra coisa é o uso da falsificação, são coisas diversas. Pode
haver o falsificador do bilhete de transporte público, que entrega a alguém que faz uso desse
bilhete no transporte público. São condutas distintas. Nos crimes contra a fé pública, isso é
muito comum: um agente responde pela falsificação e, aquele que usou, apesar de não ter
falsificado, fabricado, alterado, o fato de ter usado um objeto, um documento que ele sabe
ser falsificado (ele tem que saber porque, se não souber, não há dolo e os crimes contra a fé
pública só são punidos na modalidade dolosa), também responde.
20m E se aquele que falsifica também faz uso? Responde somente pela conduta de falsificar? Res-
ponde somente pela conduta de usar ou responde por dois crimes de falsificação e posterior uso?
Essa é uma regra que vai se estender para todos os crimes contra a fé pública: o agente
que falsifica, se ele próprio vier a usar aquele documento, aquele papel público falsificado,
responde somente pela FALSIFICAÇÃO porque quem falsifica está falsificando para usar de
alguma forma. A lei entende que o falsificador, ao usar, nada mais está fazendo do que um
exaurimento do crime. O crime se consumou na falsificação. O uso posterior é um pós fato
impunível àquele que falsificou.
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Na hipótese de que alguém adquira um produto para uso pessoal que se encontra com
um selo destinado ao controle tributário falsificado, quem adquiriu não responde por qualquer
crime porque está adquirindo um produto que se encontra com o selo falsificado destinado ao
25m controle tributário para uso pessoal.
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comér-
cio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e
em residências.
O parágrafo 5º versa sobre os camelôs, as feiras ambulantes, mas também incluiu aquele
vendedor de sites como Mercado Livre, aquele que compra, vende e revende a partir da sua
residência: ainda assim, está obrigado a deter esse selo destinado ao controle tributário e,
obviamente, se pratica uma conduta dolosa, sabendo que aquele produto está com selo fal-
sificado, responde pelo crime do art. 293.
Art. 293 (...)
§ 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente
utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
parágrafo anterior.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsifica-
dos ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou
30m
alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
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PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO
Art. 294 – Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsifi-
cação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
Esse crime é o crime obstáculo, porque, dentro do iter criminis, o art. 294 pune atos pre-
paratórios. Os atos preparatórios, em regra, não são alcançados pelo Direito Penal, o Direito
Penal não pune atos preparatórios. O Direito Penal só pune quando o agente pratica atos
executórios.
Excepcionalmente, o Direito Penal vai criar os chamados Crimes Obstáculo, que são
crimes em que condutas preparatórias podem ser punidas, como é o caso do art. 294.
Pode-se punir petrechos para falsificação de papéis públicos?
Sim, porque está expressamente previsto no art. 294.
Se de posse desses petrechos (praticou o art. 294) consegue realizar a falsificação, con-
suma-se a falsificação de papéis públicos de acordo com o art. 293: essa conduta absorverá
o art. 294, o crime-fim absorve o crime-meio.
35m Aplica-se ao caso o princípio da consunção, o crime meio é absorvido pelo crime-fim e o
agente responde apenas pelo crime-fim, no caso, o art. 293 do CP.
Só pode ser imputado a uma pessoa o art. 294 se essa pessoa fabricar, adquirir, fornecer,
possuir, guardar o objeto especialmente destinado à falsificação dos papéis públicos, mas
desde que o agente não tenha ainda realizado a falsificação de um desses papéis públicos.
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Possuindo o objeto destinado para aquela falsificação, o agente já pode ser punido por
esse crime, mas, se utilizou para falsificar e alcançar a consumação da falsificação, o agente
responde apenas pela falsificação. Ele não pode ser punido pelo Crime Obstáculo do art. 294.
Art. 295 – Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumen-
ta-se a pena de sexta parte.
Essa pena de aumento de 1/6 para o funcionário público aplica-se nos artigos 293, 294,
296, 297, 298, 299 e vários outros que serão estudados a seguir.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
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