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Das principais
falsidades como
crimes contra a fé
pública
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Góes, Luciano
SST Das principais falsidades como crimes contra a fé pública /
Luciano Góes
Ano: 2020
nº de p.: 12

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Das principais falsidades
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como crimes contra


a fé pública

APRESENTAÇÃO
Nessa unidade, apresentaremos os art. 293 e 294, que tratam da falsificação de títulos e outros
papéis públicos e elencam os crimes, estabelecidos pelo Código Penal e praticados contra a fé
pública, visto que ferem o sentimento coletivo dede determinados atos e informações que são
presumidos verdadeiros. Veremos que esses tipos penais são aqueles cujo sujeito passivo
é a coletividade, não havendo uma vítima identificável, quais são as práticas que lesam
diretamente o Estado. Ainda verificaremos os tipos criminais específicos que são
caracterizados como falsidade documental, crimes que precisarão da configuração de
dolo quando da alteração ou imitação da verdade.

FALSIFICAÇÃO DE PAPEIS PÚBLICOS


A fé pública está ligada ao sentimento de confiança na legitimidade de
determinados atos, objetos e ações que são elementares para o cotidiano Assim, a
figura a seguir traz os tipos de crimes contra ela:

Crimes contra a fé pública

Moeda falsa

Crimes contra
Documentos falsos
a fé pública

Fraudes de certames de
interesse público
Fonte: Elaborada pela autora (2020).

Art. 293 – Falsificação de papéis públicos


O tipo objetivo deste crime se refere a falsificar, fabricando (criação) ou alterando
(modificando original) quaisquer dos papéis públicos elencados (caput); usar, guardar,
possuir ou deter quaisquer daqueles papéis falsificados (§ 1º, I); importar, exportar,
adquirir, vender, trocar, ceder, emprestar, guardar, fornecer ou restituir à circulação selo

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falsificado destinado ao controle tributário (§ 1º, II); importar, exportar, adquirir, vender,
expor à venda, manter em depósito, guardar, trocar, ceder, emprestar, fornecer, portar
ou, de qualquer forma, utilizar em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, produto ou mercadoria com selo tributário falsificado (§ 1º,
III, a), ou sem selo oficial (§ 1º, III, b); suprimir, em quaisquer desses papéis, quando
legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de
sua inutilização (§ 2º); usar, depois de alterado, esses papéis. O tipo subjetivo é o dolo
e a consumação do crime dá-se com a realização de quaisquer das ações previstas,
admitindo-se também a tentativa.

O tipo privilegiado consiste em restituir, à circulação, papéis falsificados ou


alterados, desde que, recibos de boa-fé (§ 4º). Quanto à responsabilidade penal dos
camelôs e ambulantes, haverá equiparação à atividade comercial, para os fins do
inciso III do § 1º (§ 5º).

Saiba mais
No § 1º, II e III, há um acréscimo no bem jurídico tutelado: a
Fazenda Pública.

Art. 294 –Petrechos de falsificação


O tipo objetivo referente a este crime é fabricar (criação), adquirir, fornecer, possuir
ou guardar objeto, especialmente destinado à falsificação de quaisquer dos papéis
referidos no artigo anterior. O tipo subjetivo é o dolo, o polo passivo, no art. 295,
poderá ser o funcionário público (crime próprio) e a consumação do crime dá-se
com a realização de qualquer uma das ações.

Saiba mais
Os elementos normativos “possuir ou guardar objetos destinados à
falsificação” são atos preparatórios. (BITENCOURT, 2015, p. 1293)

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DA FALSIDADE DOCUMENTAL
Neste tópico, apresentaremos do art. 296 ao art. 305, que tratam da falsificação de
documentos públicos ou particulares.

Art. 296 – Falsificação do selo ou sinal público


O tipo objetivo é falsificar, fabricando (criação) ou alterando (modificando original)
selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, Estado ou Município (inc.
I); selo ou sinal atribuído por lei à entidade de direito público, ou à autoridade, ou sinal
público de tabelião (inc. II); usar selo ou sinal falsificado (§ 1º, I); utilizar, indevidamente,
selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem, em proveito próprio ou alheio (§ 1º,
II), ou, alterar, falsificar ou usar, indevidamente, marcas, logotipos, siglas ou quaisquer
outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração
Pública (§ 1º, III). O tipo subjetivo é o dolo e a consumação do crime opera-se com
a realização de qualquer uma das ações elencadas. Sua tentativa é admitida e o tipo
qualificado é o funcionário público (§ 2 - crime próprio).

Saiba mais
Para a configuração do tipo utilização indevida de selo ou sinal
verdadeiro (§ 1º, II) “é indispensável que sobrevenha efetivo prejuízo
alheio ou real proveito do próprio agente ou de terceiro, sendo,
contudo, desnecessário que ao prejuízo de outrem corresponda o
proveito de alguém, ou vice-versa”. (BITENCOURT, 2015, p. 1300)

Art. 297 – Falsificação de documento público


O tipo objetivo é falsificar ou alterar (modificando o original), qualquer documento
público ou equiparado (§ 2º), mesmo que parcialmente. O tipo subjetivo é o dolo e a
consumação do crime perfaz-se com a realização de qualquer uma dessas ações,
sendo a tentativa admitida. Uma situação especial que pode implicar aumento de
pena é o agente ser funcionário público (§ 1º).

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Saiba mais
O § 3º antecipa uma modalidade de falsificação ideológica.

Art. 298 – Falsificação de documento particular


O tipo objetivo é falsificar, no todo ou em parte, documento particular, alterar
documento particular verdadeiro. O tipo subjetivo é o dolo e sua consumação
ocorre diante da falsificação ou alteração do documento.

Art. 299 – Falsidade ideológica


O tipo objetivo deste crime consiste em omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar. Também se refere a inserir ou fazer inserir
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
Segundo Bitencourt, a falsidade ideológica recai sobre o conteúdo do documento,
distinguindo-se da falsidade material que altera a forma. Além do mais, para a
configuração da falsidade ideológica (falsa ideia) “a declaração deve recair sobre
fato juridicamente relevante” (BITENCOURT, 2015, p. 1309).

O tipo subjetivo é o dolo genérico e específico em “prejudicar direito, produzir


obrigação ou modificar a verdade sobre fato juridicamente relevante”
(BITENCOURT, 2015, p. 1310).

Saiba mais
A consumação do crime decorre da omissão ou inserção do
conteúdo, sendo a tentativa impossível nos crimes omissivos.

As penas majoradas (parágrafo único) se referem a funcionário público (crime


próprio) ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil.

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Art. 300 – Falso reconhecimento de firma ou letra


O tipo objetivo é reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública,
firma (assinatura) ou letra que o não seja. O tipo subjetivo é o dolo, o sujeito
passivo será o funcionário público responsável pelo reconhecimento (crime
próprio) e sua consumação configura-se com o reconhecimento de firma ou
letra falsa. A tentativa é admitida.

Art. 301 – Certidão ou atestado ideologicamente falso


O tipo objetivo é atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato
ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem (caput); falsificar, no todo
ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
vantagem (§ 1º).

O tipo subjetivo é o dolo genérico e especial na obtenção de fim específico, o sujeito


passivo será o funcionário público (crime próprio – caput) e sua consumação
opera-se com a realização de qualquer uma das ações, sendo a tentativa admitida.

Art. 302 – Falsidade de atestado médico


O tipo objetivo deste crime consiste em fornecer atestado médico falso. O tipo
subjetivo é o dolo, o sujeito passivo poderá ser o(a) médico(a) (crime próprio) e sua
consumação revela-se com a efetiva entrega do atestado falso. A forma majorada é
a finalidade de lucro (parágrafo único).

Saiba mais
Se o(a) profissional for funcionário(a) público(a), incorrerá no
crime do art. 301 do CP. Se nesta condição, houver a finalidade de
lucro, incorrerá no crime de corrupção passiva (art. 317 do CP).
(BITENCOURT, 2015, p. 1317)

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Art. 303 – Reprodução ou adulteração de selo ou


peça filatélica
O tipo objetivo é reproduzir (copiar), alterar selo postal ou qualquer outra peça
filatélica, com valor de coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está
visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça (caput), ou usar selo ou
peça filatélica reproduzida ou alterada (parágrafo único). O tipo subjetivo é o dolo e
sua consumação dá-se com a reprodução, alteração ou uso.

Art. 304 – Uso de documento falso


O tipo objetivo é usar qualquer um dos papéis falsificados ou alterados, a que se
referem os arts. de 297 a 302. O tipo subjetivo é o dolo e sua consumação realiza-
se com o uso efetivo.

Art. 305 – Supressão de documento


O tipo objetivo é destruir, suprimir (fazer desaparecer) ou ocultar, em benefício
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular
verdadeiro, do qual não podia dispor. O tipo subjetivo é o dolo específico em “agir
em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo de terceiro” e sua consumação
dá-se com a destruição, a supressão ou a ocultação, sendo a tentativa admitida.
(BITENCOURT, 2015, p. 1322)

OUTRAS FALSIDADES
Neste tópico, apresentaremos os artigos de 306 a 311, que tratam sobre outros
tipos de falsidades.

Art. 306 – Falsificação do sinal empregado no


contraste de metal precioso ou na fiscalização
alfandegária, ou para outros fins
Adequação típica. O tipo objetivo deste crime é falsificar, fabricando (criação),
alterando (modificando original), marca ou sinal empregado pelo poder público no

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contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal


dessa natureza, falsificado por outrem. O tipo subjetivo é o dolo e a consumação
decorre da falsificação, fabricação ou uso, sendo a tentativa admitida, salvo na
modalidade de uso.

Art. 307 –Falsa identidade


O tipo objetivo é atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade (estado civil,
profissão etc.), por escrito ou verbalmente, para obter vantagem em proveito próprio ou
alheio, ou para causar dano a outrem. O tipo subjetivo é o dolo genérico e específico em
obter vantagem ou causar dano e sua consumação opera-se com a falsidade.

Saiba mais
A falsidade deve ser apta à obtenção dos objetivos tipificados, sob
pena de estarmos diante de um crime impossível.

Art. 308 – Uso de documento alheio como próprio


O tipo objetivo é usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de
reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder, de modo oneroso
ou gratuito, a outrem, para que dele se utilize. Sua consumação ocorre com o uso
ou entrega, sendo a tentativa possível na modalidade ceder.

Saiba mais
Trata-se de espécie de falsa identidade, porém, o documento é
original, apenas alheio.

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Art. 309 – Fraude de lei sobre estrangeiro


O tipo objetivo é usar o estrangeiro para entrar ou permanecer no território nacional,
em seu caráter multidimensional, nome que não é o seu; atribuir a estrangeiro falsa
qualidade para promover-lhe a entrada no país. O tipo subjetivo é o dolo genérico
e específico em entrar ou permanecer. O sujeito passivo é o estrangeiro (primeira
parte - crime próprio) e a consumação decorre da utilização de nome.

Art. 310 – Falsidade em prejuízo da nacionalização


de sociedade
O tipo objetivo é prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título
ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a
propriedade ou a posse de tais bens. O tipo subjetivo é o dolo e a consumação dá-
se com a apresentação como proprietário ou como possuidor.

Saiba mais
A doutrina penalista considera as chamadas normas penais em
branco como aquelas que possuem um preceito genérico e que,
portanto, precisam da complementação de outras normas.

Art. 311 – Adulteração de sinal identificador de


veículo automotor
O tipo objetivo consiste em adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer
sinal identificador de veículo automotor, desde que elementar para a autenticidade
do veículo, de seu componente ou equipamento. O tipo subjetivo é o dolo, o sujeito
ativo será qualquer pessoa (crime comum – caput) e funcionário público (§§ 1º e 2º -
crimes próprios). A consumação opera-se com a adulteração ou remarcação e a forma
majorada aplica-se quando o crime for praticado por funcionário público (§§ 1º e 2º).

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FECHAMENTO
Nesta unidade, verificamos alguns dos tipos penais que lesam a chamada fé
pública e violam o sentimento de coletividade, de credibilidade sobre a veracidade
de determinados atos ou informações. No exame desses dispositivos normativos,
destacamos as características como o tipo objetivo, subjetivo e a consumação,
além de identificarmos quando o legislador optou pela configuração como
elemento do tipo penal.Também apontamos as definições e características, gerais
e específicas, dos crimes que afetam a legitimidade e a autenticidade dos títulos e
dos papéis públicos emitidos pelo Estado, vimos os crimes de falsidade documental
e objetos, identificando os requisitos (objetivos e subjetivos) para a ocorrência dos
crimes previstos nos artigos 293 a 305 do Código Penal, assim como outros tipos
de falsidades previstas no Código.

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REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940.Código Penal.In: VADE
Mecum. São Paulo: Saraiva, 2020.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Código penal comentado. 9 ed. São Paulo: Saraiva,
2015.

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