Faculdade de Direito – Campus Alphaville

NOME: FERNANDA BONATTO

TIA: 32095771

CRIMES CONTRA A ADMINISTRACAO PUBLICA E FE PUBLICA [Turma 06P]

QUESTÕES:

1) Antonio, 36 anos, Marcos, 27 anos e Pedro, 16 anos, durante 4 meses,

reuniram-se, na casa da mãe do adolescente, para discutirem a prática de crimes
considerados de menor potencial ofensivo. Ao descobrir o objetivo das
reuniões, a mãe de Pedro informou os fatos à autoridade policial, que instaurou
procedimento investigatório. Concluídas as investigações e confirmados os
fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia, em face de Antonio e Marcos, pelo
crime de organização criminosa com causa de aumento pelo envolvimento do
adolescente.
Considerando apenas as informações narradas, responda,
fundamentadamente: está correta a tipificação apresentada pela acusação? Em
caso positivo, indique a presença das elementares do respectivo crime; em caso
negativo, aponte qual seria a tipificação correta.

A tipificação está incorreta visto que o crime correto é o de associação

criminosa conforme disposto no Artigo 288 do Código Penal, no que tange ao aumento
de pena, a mesma é aumentada até metade visto que houve participação do
adolescente Pedro.

Associação Criminosa

Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim

específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº
12.850, de 2013) (Vigência)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada

pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)

Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a

associação é armada ou se houver a participação de criança
ou adolescente.

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A Organização Criminosa exige a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas,

ao contrário da Associação Criminosa que pressupõe a presença de 3 (três), sendo
assim, a conduta deles não poderia ser considerada como organização criminosa visto
que apenas 3 (três) pessoas estão sendo denunciadas por cometerem a infração.

Ainda, no caso em tela, Antonio, Marcos e Pedro realizavam reuniões estáveis

visto que se encontraram 4 (quadro) meses conforme dito pela mãe de Pedro.

No crime de associação criminosa, consuma-se o crime previsto no art. 288

com a simples associação de três ou mais pessoas para a prática de crimes, com o
que se apresenta já um perigo suficientemente.

2) Vários cidadãos, sem combinação prévia de qualquer tipo, revoltados com os

sucessivos escândalos e as notícias de corrupção envolvendo as autoridades
locais, vestiram-se de preto e foram para as escadarias da Câmara Municipal. Lá
chegando, alguns manifestantes, também sem qualquer combinação ou liame
subjetivo, começaram a atirar pedras em direção ao referido prédio público e,
com isso, três vidraças foram quebradas. A polícia, com o auxílio das imagens
gravadas e transmitidas pela imprensa, conseguiu identificar todas as pessoas
que atiraram pedras e danificaram o patrimônio público. Finalizadas as
investigações, foram denunciados pela prática do crime de dano, em concurso
material com o crime de associação criminosa.
Considerando apenas as informações narradas, responda,
fundamentadamente: está correta a imputação da prática do crime de
associação criminosa?

Está incorreta a imputação da prática do crime de associação criminosa visto

que o mesmo não se enquadra na tipificação do Art. 288 do CP, tendo em vista que a
reunião dos manifestantes aconteceu de forma eventual, sem que houvesse qualquer
combinação ou liame subjetivo. Desta forma, por se tratar apenas de coincidência não
pode ser enquadrado no crime de associação criminosa pois não houve organização
bem como reuniões prévias de forma estável ou recorrente.

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3) Rogério pretende adquirir um automóvel por meio de sistema de

financiamento junto a uma instituição bancária. Para tanto, dirige-se ao
estabelecimento comercial para verificar as condições de financiamento e é
informado que, quanto maior a renda bruta familiar, maior a dilação do prazo
para pagamento e menores os juros. Decide, então, fazer falsa declaração de
parentesco ao preencher a ficha cadastral, a fim de aumentar a renda familiar
informada.
Considerando apenas as informações narradas, responda,
fundamentadamente: qual foi o crime cometido por Rogério ao lançar a
informação falsa na ficha cadastral?

O crime praticado por Rogério foi o crime previsto no Artigo 299 do Código
Penal, denominado como falsidade ideológica, tendo em vista que o mesmo inseriu
uma declaração falsa de parentesco ao preencher a ficha cadastral visando aumentar
a renda familiar informada.

Falsidade ideológica
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração
que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração
falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é
público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil
réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. (Vide
Lei nº 7.209, de 1984)
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o
crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou
alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a
pena de sexta parte.

4) Sérgio, enquanto se dirigia para o trabalho, foi parado em uma blitz realizada
pela Polícia Militar. O policial pediu, então, ao motorista que se identificasse e
apresentasse a documentação do veículo. Sérgio apresentou os documentos do
automóvel e sua carteira de motorista. Ocorre que, em consulta ao sistema
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próprio, o agente da lei verificou que o documento de identificação apresentado

era falsificado. Durante as investigações, descobriu-se que a falsificação tinha
sido feita pelo próprio Sérgio, que alterou o documento para fazer constar
informações falsas sobre a sua identidade.
Considerando apenas as informações narradas, responda,
fundamentadamente: qual foi o crime cometido por Sérgio? Caso ele tivesse
apresentado o documento falsificado como forma de autodefesa, para evitar a
sua prisão, diante da existência de mandado de prisão em aberto em seu
desfavor, ele poderia alegar a atipicidade da conduta?

O crime cometido por Sergio foi apenas o de falsificação de documento público

conforme previsto no Artigo 297 do Código Penal visto que, foi ele mesmo quem
fabricou o documento falso. Neste caso, prevalece o entendimento de que o agente
responde apenas pela falsificação do documento, sendo o uso post factum impunível
(sempre que o fato posterior se referir ao mesmo bem jurídico e à mesma vítima, ficará
absorvido pelo primeiro, uma vez que já houve a lesividade ao bem jurídico).

Falsificação de documento público

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público,

ou alterar documento público verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa

Caso Sergio tivesse apresentado o documento como forma de autodefesa para

evitar a sua prisão, o mesmo não poderia alegar atipicidade na conduta conforme
súmula 522 do STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade
policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.

5) Anitta recebeu, inadvertidamente, algumas notas falsas de R$200,00 e não se

recorda mais de quem as obteve. As notas em questão foram recusadas em
diversas oportunidades em estabelecimentos comerciais que dispunham de
equipamento apropriado à verificação da autenticidade de papel-moeda. Mesmo
assim, e sentindo-se injustiçada por ter recebido as notas falsas em questão de

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boa-fé, como se verdadeiras fossem, continuou a repassá-las em outros

estabelecimentos.
Considerando apenas as informações narradas, responda,
fundamentadamente: qual foi o crime cometido por Anitta?

O crime cometido por Anitta está previsto artigo 289 do Código Penal, em seu
§ 2º (forma privilegiada), visto que a mesma recebeu as notas falsas de boa-fé, como
verdadeiras, porém restituiu a circulação depois de saber que as notas eram falsas.

Moeda Falsa

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica

ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda

falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a
falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.

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