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Professor Orlando Luís de Arruda Barbato Direito Penal VI

Aluna: Andressa Soares dos Santos Turma 12361 RA 20190229

Trabalho Concurso de Crimes


Falsificação de documento público e uso de documento falso

Documento público é aquele escrito revestido de certa forma destinado a comprovar


um fato desde que emanado por funcionário público com competência para tanto.
O artigo 297 do Código Penal estabelece o delito de falsificação de documento público.
Falsificar quer dizer reproduzir, imitando ou contrafazer, alterar significa modificar ou
alterar, pena reclusão 2 a 6 anos e multa.
Para que exista a violação da fé pública é necessário:
a) O dolo do falsum é a consciência e a vontade da imitação da verdade inerente a
determinados objetos, sinais ou formas, criar a possibilidade de vilipendiar relações
jurídicas, com o consequente rompimento da confiança pública;
b) Imitação da verdade (ou imitação do verdadeiro)
c) Dano potencial: O prejuízo atinente ao crime de falso não precisa ser efetivo,
capacidade para iludir ou enganar um número indeterminado de pessoas de
inteligência e prudência medianas.
Espécies de Falsidade:
Falsidade material: Se dá mediante contrafação (exemplo: criação de um documento
falso, a exemplo de uma carteira de identidade falsa), alteração (exemplo: inserir
palavras em um documento já existente, modificando seu conteúdo)
ou supressão (exemplo: retirar uma determinada expressão de um contrato).
Falsidade ideológica: O documento é materialmente verdadeiro, mas seu conteúdo é
falso. Não há contrafação, alteração ou supressão de natureza material.
Ex: “A” declara perante o tabelião, durante a lavratura de escritura pública relativa à
aquisição de um imóvel, o estado civil de solteiro, quando na verdade era casado.
Falsidade pessoal: É a que se relaciona não à pessoa física, mas à sua qualificação
(idade, filiação, nacionalidade, profissão etc.), como no exemplo do sujeito que atribui
a si mesmo falsa identidade para obter vantagem em proveito próprio.
A diferença fundamental entre falsificar e alterar é que no primeiro caso o documento
inexiste, sendo criado pelo agente, enquanto na segunda hipótese há um documento
verdadeiro, atuando o agente para modificar-lhe o aspecto original. O objeto é
documento público. Este tipo penal preocupa-se com a forma do documento, por isso
cuida da falsidade material. Não há necessidade de resultado naturalismo, nem de
posterior uso do documento falsificado.

No Brasil, alguns crimes, quando praticados em concurso, são absorvidos pelo tipo
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Aluna: Andressa Soares dos Santos Turma 12361 RA 20190229

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Falsificação de documento público e uso de documento falso

penal mais grave. Isso sugere que a pena cominada ao agente será, apenas, aquele
referente ao de maior potencial lesivo.
Consoante posições mais recentes dos Tribunais Superiores, se o agente praticar o
estelionato mediante a utilização de documento falso, prevalece que haverá concurso
formal de crimes. Entretanto, posição minoritária, entende que o crime de falso
absorve o de estelionato, tendo em vista que a pena daquele é mais grave e, pelo
princípio da absorção o mais grave absorve o menos grave. Contudo, em que pese
prevalecer nos Tribunais que se trata de concurso formal de crimes, entendem ainda
que, com a aplicação da súmula 17 do STJ, se a pelo crime de estelionato
potencialidade lesiva do falso se exaure no estelionato, este absorve aquele, já que o
falso foi apenas um meio para a prática do estelionato, respondendo assim, apenas,
nesse caso.
Há divergência jurisprudencial, havendo entendimento de que há concurso material,
pois os bens jurídicos ofendidos são distintos. A falsificação de documento público
atenta contra a fé pública ao passo que o estelionato atenta contra o patrimônio. Por
outro lado, há várias decisões do STF considerando que há concurso formal entre a
falsificação e o estelionato. Há também entendimento de que o delito de falso absorve
o de estelionato, pois é mais grave, e por último, a posição mais atual, de que o crime
de estelionato absorve a falsificação. Dessa forma, o STJ tem entendido que, quando o
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido,
de acordo com o principio da consunção. Dessa forma, o autor responderá apenas pelo
estelionato. Situação diversa ocorre quando a falsidade tem potencialidade lesiva para
causar outros danos além do estelionato perpetrado, hipótese na qual responde por
falsidade de documento público e estelionato em concurso formal de crimes.
Defendo a tese da possibilidade do concurso formal entre o falso e o estelionato, na
hipótese em que o primeiro guarda potencialidade para a lesão de outro bem jurídico. É o caso,
por exemplo, da falsificação do documento público, utilizada para a prática de um
determinado estelionato, quando o documento falsificado continua lesando a fé pública,
com potencialidade para a prática de outros delitos.
Isto porque, em tal hipótese, a fé pública se mantém incólume, aperfeiçoando- se tão só a lesão
patrimonial.
Caso o estelionato (crime contra o patrimônio) seja obtido mediante o uso de documento
falso, há quatro correntes:

a) o estelionato absorve a falsidade quando esta foi o meio fraudulento empregado


para a prática do crime-fim que era o estelionato (STJ – Súmula 17);
b) há concurso formal (STF: RTJ 117/70; RT 636/381; 609/440; 606/405; 582/400;
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Falsificação de documento público e uso de documento falso

c) O crime de falso prevalece sobre o de estelionato (RT 561/324);


d) há concurso material (TJSP – RJTJ 85/366).
De início, convém esclarecer que os crimes de falsificação de documento público e de
estelionato são crimes que protegem bens jurídicos diferentes. O primeiro é crime que
tutela à fé pública, enquanto que o outro tutela o patrimônio. Em muitos casos os
crimes ocorrem no mesmo contexto fático. A citar há casos que o agente delituoso
falsifica determinado documento com o intuito de iludir ou enganar alguém o que
configura o crime de estelionato.

O Superior Tribunal de Jusitiça-STJ possui entendimento sumulado de que quando a


falsificação de documento é utilizada unicamente com a intensão de consumar o crime
de estelionato é por este absorvido, ou seja, o agente será punido tão somente pelo
crime contra o patrimônio. De outro lado caso o documento falso venha a ser utilizado
para outro fim além do estelionado haverá consumação e concurso de crimes. Convém
destacar que há diverência de entendimento entre o STJ e STF, sendo que para a
suprema corte há concurso de crimes ainda que o documento seja utilizado só para
facilitar o estelionato.

Por sua vez a doutrina discorda da possiblidade de absorção da falsificação de


documento público pelo crime de estelionato, pois este último possui uma penalidade
menos grave, e que tem pena mínima de um ano (pena de médio potencial ofensivo),
ou seja, propicia eventual suspensão condicional do processo. Enquanto que o crime
de falsificação possui pena mais grave, sendo de grave potencial ofensivo, não
possibilitando sursis processual. Assim, para a doutrina é incoerente a absorção de
crime mais grave por crime menos grave.

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