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UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO

NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA - NUPRAJUR


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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE


DIREITO DA 9ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL DO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.

Autos nº: 00011122-33.2023.8.12.0001

CARLOS ANTÔNIO DA SILVA, já qualificado no processo acima


citado, vem com o devido respeito perante Vossa Excelência, por meio da
Assistência Jurídica Dom Bosco, seu advogado infra-assinado, com fulcro no
artigo 403, §3, do Código de Processo Penal, apresentar:

MEMORIAIS

pelas razões de fato e de Direito a seguir expostas:

I – DOS FATOS

CARLOS ANTÔNIO DA SILVA foi denunciado pela prática do


crime previsto no artigo 157, caput, do Código Penal, sob a acusação de ter,
mediante violência, subtraído um celular da marca SAMSUNG da vítima José dos
Anjos, em um ponto de ônibus na região central desta capital, em tese, no dia 28 de
outubro de 2022, por volta das 21h20m.

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O processo penal teve seu curso regular, o réu foi citado para responder
à acusação, o que foi devidamente feito, e, durante todo o tempo, permaneceu em
liberdade.

Na audiência de instrução e julgamento, as testemunhas arroladas pela


defesa e pela acusação foram ouvidas. As testemunhas de acusação, José de Souza e
Roseli de Andrade, nada souberam afirmar sobre o fato, bem como não
reconheceram o réu como sendo o autor do delito. A vítima, por sua vez, não
reconheceu o acusado como sendo o autor do delito.

A única testemunha arrolada na resposta à acusação, Sra. Maria José da


Silva, esposa do réu, disse naquele dia que o acusado estava em casa, em momento
nenhum dela saindo, já que acometido de uma forte gripe.

Em seu interrogatório, o acusado preferiu usar do direito de ficar em


silêncio e nada respondeu.

É o breve resumo.

II – PRELIMINARMENTE

Antes de adentrar ao mérito, requer-se a análise da preliminar de


nulidade processual, com fulcro no art. 564, III, "e", do Código de Processo Penal,
em razão da ausência de elementos probatórios nos autos que possam corroborar a
acusação.

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Conforme ficou evidenciado durante a instrução, a acusação se baseia


apenas em meras conjecturas e presunções, sem qualquer prova material que possa
levar a uma condenação do acusado. A vítima não reconheceu o réu como autor do
delito e as testemunhas de acusação nada puderam afirmar, bem como não
reconheceram o acusado como sendo o autor do delito.

Nesse sentido, destaca-se que, segundo entendimento do Superior


Tribunal de Justiça, “a condenação não pode se fundar em elementos frágeis, tais
como meras conjecturas e presunções, de modo que a falta de provas materiais e a
fragilidade das provas testemunhais impõem a absolvição do réu” (STJ, HC nº
503.654/MG, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe
20/05/2019).

Dessa forma, requer-se a absolvição sumária do acusado, por falta de


provas, nos termos do art. 386, VII, do Código de Processo Penal.

II – DO MÉRITO

Caso não seja acolhida a preliminar de nulidade, passa-se a análise do


mérito.

Como visto, a acusação não logrou êxito em produzir qualquer prova


que possa levar a uma condenação do réu. A vítima não reconheceu o acusado

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como sendo o autor do delito e as testemunhas de acusação nada puderam


afirmar, bem como não reconheceram o acusado como sendo o autor do delito.

Importante destacar por fim que a defesa requer a absolvição do


acusado com fulcro no princípio do in dubio pro reo, que se configura diante da
ausência de prova suficiente da autoria do delito imputado ao réu. A dúvida deve
sempre beneficiar o acusado, não podendo haver condenação quando há dúvida
razoável quanto à autoria do delito.

Nesse sentido, destaca-se a lição de Guilherme de Souza Nucci, em sua


obra Código de Processo Penal Comentado (2021, p. 887):

'O princípio do in dubio pro reo significa que, na incerteza, decide-se


em favor do réu, não havendo certeza quanto à autoria e materialidade do crime. É
um preceito que visa proteger o acusado, em razão da possibilidade de erro
judiciário. A dúvida sempre beneficia o réu, evitando-se a condenação injusta.'"

III- DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a defesa a absolvição do acusado, com


fundamento no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, diante da
insuficiência de provas para a condenação.

Nestes termos, pede deferimento.


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Campo Grande, 15 de abril de 2023.

Pedro Paulo Sperb Wanderley


OAB/MS 13.034

Enrico Veiga Lisita


Estagiário do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Católica Dom Bosco.

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