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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA

DA COMARCA DE ORLEANS - SANTA CATARINA

Ação Penal nº 5001993-17.2020.8.24.0044.

LUAN PERONE RIZZI, já qualificado nesta ação penal, por


intermédio de seu advogado dativo, vem, respeitosamente, a presença de
Vossa Excelência, com fulcro no art. 403, §3º, do Código de Processo
Penal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, nos seguintes
termos:

1. DA SÍNTESE PROCESSUAL.

Trata-se de ação penal movida pelo Ministério Público do


Estado de Santa Catarina em desfavor do Sr. Luan Perone Rizzi, pela
prática, em tese, dos crimes previstos no art. 14, caput, da Lei nº
10.826/03, bem como, nos artigos 331, e 163, parágrafo único, III, todos
do Código Penal, conforme narrou a denúncia.

A peça acusatória foi recebida em 26/10/2020 (evento 3).

Após citado (evento 21), o acusado apresentou resposta à


acusação (evento 40).

A audiência de instrução e julgamento foi realizada em


20/10/2021 (evento 68), na qual foram ouvidas duas testemunhas de
acusação, bem como realizado o interrogatório do acusado.

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Após a regular instrução do feito, vieram os autos conclusos
para apresentação das alegações finais por memorais em nome do
acusado, o que se fará na presente oportunidade.

É o relato do necessário.

2. DO DIREITO.

2.1. DA ABSOLVIÇÃO DO DELITO PREVISTO NO ART. 14,


CAPUT, DA LEI Nº 10.826/2003. DA NECESSIDADE DE APLICAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. DA ATIPICIDADE MATERIAL.

Excelência, em que pese tenham sido apreendidas em posse do


acusado 11 (onze) munições calibre .22 e 1 (um) estojo de munição calibre
.22, de uso permitido, apenas 6 (seis) das munições deflagraram,
conforme o Laudo Pericial nº 9113.19.00520.

Deste modo, a posse de ínfima quantidade de munição de uso


permitido, desacompanhada de arma de fogo, nas circunstâncias do caso
concreto, não se reveste da ofensividade necessária para reconhecimento
do delito tipificado no art. 14, caput, da Lei nº 10.826/03.

Assim, diante da inexpressividade da lesão jurídica, se faz


mister a absolvição do acusado, em observância ao princípio da
insignificância.

Neste sentido, colhe-se o entendimento jurisprudencial:

[...] RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME DE POSSE


IRREGULAR DE MUNIÇÃO (ART. 12 DA LEI N. 10.826/2003).

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REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA (ART. 395,
III, DO CPP). INSURGÊNCIA MINISTERIAL. ADUZIDA
INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS
CRIMES PREVISTOS NA LEI N. 10.826/2003. RECENTE
MODIFICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DAS CORTES SUPERIORES
SOBRE O TEMA. ATIPICIDADE MATERIAL RECONHECIDA NAS
HIPÓTESES EM QUE APREENDIDA PEQUENA QUANTIDADE DE
MUNIÇÃO DE USO PERMITIDO DESACOMPANHADA DE ARMA DE
FOGO. TESE APLICÁVEL AO CASO CONCRETO. ABSOLUTA
AUSÊNCIA DE PERIGO À INCOLUMIDADE PÚBLICA. REJEIÇÃO DA
DENÚNCIA MANTIDA. PRECEDENTES DO STF E DE AMBAS AS
TURMAS DO STJ. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJ-SC
- RSE: 00002862920168240242 Ipumirim 0000286-
29.2016.8.24.0242, Relator: Antônio Zoldan da Veiga, Data de
Julgamento: 21/02/2019, Quinta Câmara Criminal) (Grifou-se) [...]

Ainda:

[...] APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE TRÁFICO DE DROGAS (ART.


33, CAPUT, DA LEI N. 11.343/2006) E DE POSSE IRREGULAR DE
ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO (ART. 12 DA LEI N.
10.826/2003). SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA.
[...] POSSE ILEGAL DE DUAS MUNIÇÕES. APLICAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ATIPICIDADE MATERIAL
RECONHECIDA NA HIPÓTESE EM QUE APREENDIDA PEQUENA
QUANTIDADE DE MUNIÇÃO DE USO PERMITIDO
DESACOMPANHADA DE ARMA DE FOGO. FALTA DE PERIGO À
INCOLUMIDADE PÚBLICA. PRECEDENTES DO STF E STJ.
ABSOLVIÇÃO DECRETADA QUANTO A ESTE DELITO. [...]
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-SC - APR:
00012744220188240028 Içara 0001274-42.2018.8.24.0028, Relator:
Antônio Zoldan da Veiga, Data de Julgamento: 19/09/2019, Quinta
Câmara Criminal) (Grifou-se) [...]

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Ante ao exposto, diante da atipicidade material da conduta,
requer a absolvição do acusado do delito previsto no art. 14, caput, da
Lei nº 10.826/03, em observância ao princípio da insignificância.
Subsidiariamente, caso Vossa Excelência não entenda pela
absolvição, requer a desclassificação do delito previsto no art. 14, caput,
para o art. 12, caput, ambos da Lei nº 10.826/03, tendo em vista que o
acusado estava com as munições nas dependências de sua residência.

2.2 DA ABSOLVIÇÃO DOS DELITOS PREVISTOS NOS


ARTIGOS 163, PARÁGRAFO ÚNICO, III, E 331, TODOS DO CÓDIGO
PENAL.

Excelência, não há provas concretas nos autos de que o


acusado tenha desacatado os policiais militares durante a ocorrência,
havendo somente os depoimentos dos agentes.

O acusado em seu interrogatório alega que em nenhum


momento ofendeu os agentes públicos, tendo apenas pedido que
tratassem com respeito seus genitores.

Ademais, não se pode afirmar com absoluta certeza que foi o


acusado quem danificou as laterais da caixa da viatura.

Assim sendo, é necessária a absolvição do acusado, em razão


de que inexistem provas suficientes para sua condenação, nos termos do
art. 386, VII, do CPP, senão, vejamos:

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte


dispositiva, desde que reconheça: [...] VII – não existir prova suficiente
para a condenação.

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Desta forma, requer a absolvição do acusado dos delitos
previstos nos artigos 163, parágrafo único, III, e 331, todos do Código
Penal, conforme fatos e fundamentos já expostos.
3. PEDIDOS.

Ante ao exposto, requer:

a) A ABSOLVIÇÃO do acusado do delito previsto no art. 14,


caput, da Lei nº 10.826/03, em observância ao princípio da
insignificância, subsidiariamente, caso Vossa Excelência não entenda
pela absolvição, requer a desclassificação do delito previsto no art. 14,
caput, para o art. 12, caput, ambos da Lei nº 10.826/03, tendo em vista
que o acusado estava com as munições nas dependências de sua
residência.

b) A ABSOLVIÇÃO do acusado dos delitos previstos nos artigos


163, parágrafo único, III, e 331, todos do Código Penal, com fulcro no art.
386, VII, do CPP;

c) Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda pela


condenação do acusado, a fixação da pena-base no mínimo legal, bem
como, a fixação de regime inicial aberto para o cumprimento da pena,
nos termos do art. 33, § 2º, alínea “c”, do Código Penal;

d) Sejam arbitrados honorários dativos para o advogado que


subscreve, em conformidade com o art. 22, § 1º e 2º, da Lei nº 8.906/94,
requerendo desde já, que seja expedida e liberada a certidão de URH´s
convertida em espécie, a fim de percepção dos honorários a serem
fixados;

Nestes termos,

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Pede e espera deferimento.

Criciúma/SC, 05 de novembro de 2021.

MARCELO OLIVEIRA DA SILVA


OAB/SC 33.372

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