Você está na página 1de 3

EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA ____________________ DA


COMARCA DE (CIDADE/ESTADO)
(Se o crime for da competência da Justiça Estadual)

Autos nº XXXXXXXXXXXXXXXX

(NOME), já qualificado nos autos, por seu(sua) procurador(a) infra-assinado, com


procuração em anexo vem respeitosamente, à presença de vossa excelência apresentar
MEMORIAIS OU ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, com base no art.403, do
código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I. DOS FATOS

Na data de (XXXX), por volta de (XXXX), o réu (NOME), supostamente com a


intenção de agredir sua companheira, desferiu golpes em sua face, causando lesões de
natureza grave, impedindo-a de exercer suas atividades laborais por 30 dias, além do abalo e
dano psicológico.
O réu foi denunciado pela prática de lesão corporal circunstanciada pela violência
doméstica, de acordo com o Boletim de Ocorrência anexado aos autos. Durante a audiência
de instrução, foi ouvida a vítima, a qual confirmou a agressão. Ao passo que o réu não nega a
ocorrência de discussão na data do fato, porém, diferente do exposto pela vítima em momento
algum ocorreu qualquer tipo de agressão física perpetrada.
O Ministério Público requereu a condenação do réu nos termos da denúncia pela
suposta prática prevista nos artigos 129 do Código Penal c/c, art.7º, I da Lei 11.340/2006, sob
os auspícios da violência doméstica.
A defesa foi intimada no dia XX de janeiro de 20XX.

II. PRELIMINARES

II.1 - Da ausência do exame de corpo de delito


De acordo com o artigo 158 do Código de Processo Penal, todo delito que deixar
vestígios dependerá de exame de corpo de delito para que consiga constatar a materialidade,
isto é, constatar que de fato aquele crime foi cometido. Então, a falta de comprovação, leva a
nulidade do processo ou a absolvição em razão da presunção de inocência, conforme artigo
386,VII, do CPP.
Assim, nos termos do artigo 564, III, b, do CPP, a falta de corpo de delito constitui
nulidade:
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no Art. 167;

Se o exame de corpo de delito não é realizado, há nítido prejuízo à defesa, porque


ocorre uma desconsideração do meio legalmente exigido para demonstrar a materialidade do
crime. Dessa maneira, inexiste a possibilidade legal de condenar-se o Réu, pois na dúvida,
inocenta-se.

III. DO DIREITO

III.1 - Da Legítima Defesa

Conforme já alegado, o Réu não nega a ocorrência de discussão na data do fato,


porém, diferente do exposto pela vítima em momento algum ocorreu qualquer tipo de
agressão física com a intenção de feri-la.
Contudo, caso seja verificado qualquer tipo de lesão corporal causada pelo Réu contra
a suposta vítima é porque se deram em legítima defesa, nos termos do artigo 25 do Código
Penal, o que afasta a ilicitude do ato imputado ao Réu.

Legítima defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem

Conforme o interrogatório, o Réu somente empurrou a vítima para fazer cessar as


agressões que estava recebendo e não parariam se não tentasse impedir. Nesse sentido, requer
a absolvição do Réu, por não existirem provas suficientes para a condenação, nos termos do
art. 386, IV, do Código de Processo Penal, em homenagem ao princípio norteador do Direito
Penal, in dubio pro reo, bem como da possibilidade do réu ter agido em legítima defesa,
excluindo a sua ilicitude.

IV. SUBSIDIARIEDADE

IV. 1 - No eventual entendimento pela condenação

Por fim, não sendo o caso de absolvição, o que – repita-se – é admitido apenas ad
argumentandum, requer-se seja a pena aplicada em seu mínimo legal, na primeira fase da
dosimetria da pena, uma vez que o Acusado é primário.
Além disso, na segunda fase da dosimetria da pena, as circunstâncias do artigo 59 do
Código Penal são-lhe favoráveis. Por isso, requer-se a suspensão condicional da pena, nos
termos do artigo 77, do Código Penal, vez que presentes todos os requisitos do benefício.
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código;

Nesse sentido, tendo o Réu preenchido esses requisitos, que seja concedido o
benefício do sursis, caso entenda que ele deve ser condenado.

V. DOS PEDIDOS

Diante do exposto e do que dos autos consta, vem requerer :

1. O recebimento das Alegações Finais;


2. A absolvição por não existir prova suficiente para a condenação, com fundamento no
artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal,
3. No mérito, que seja o Réu absolvido, por ter agido em legítima defesa;
4. Caso haja condenação, requer-se seja a pena aplicada em seu mínimo legal,
concedendo-se ao Réu o benefício do sursis;

(Cidade/Estado), (XX) de (mês) de 20(XX).


________________________________________________________
(NOME)
OAB/XX (XXXX)

Você também pode gostar