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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

VARA CRIMINAL DA COMERCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE

Processo n° ....

JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, já devidamente qualificado nos autos da ação


penal em epígrafe, por meio de seu advogado que a esta subscreve, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, nos termos do artigo 593, I do
Código de Processo Penal, interpor o presente

RECURSO DE APELAÇÃO

Cumpre esclarecer que houve preenchimento dos pressupostos do presente


Recurso: a interposição é tempestiva. Além disso, o Recorrente tem
legitimidade e interesse.

Desta forma, requer que o Recurso seja conhecido, recebido no efeito


devolutivo e encaminhado à Superior Instância para o devido julgamento.

Termos em que,

Pede é espera deferimento

Conceição do Agreste/CE, 13 de novembro de 2017

ADVOGADO(A)

OAB
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

EGRÉGIO TRIBUNAL

EMINENTES DESEMBARGADORES

I – DOS FATOS
Segundo consta da Inicial acusatória, os denunciados, sobre a liderança
do Acusado José Percival da Silva (“Zé da Farmácia”, Presidente da Câmara
dos Vereadores de liderança política do Município), valendo-se da qualidade de
Vereadores do Município, se associaram em unidade de desígnios, com o fim
específico de cometer crimes.
E, dentro deste propósito, no dia 3 de fevereiro de 2018, na sede da
Câmara dos Vereadores desta Comarca, durante uma reunião da Comissão de
Finanças e Contratos da Câmara, teriam exigido do Sr. Paulo Matos,
empresário sócio de uma empresa interessada em participar das contratações
a serem realizadas pela Câmara de Vereadores, o pagamento de R$
100.000.00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar de um
procedimento licitatório que estava agendado para o dia seguinte.
Por este motivo, os réus foram denunciados pela suposta prática dos
delitos previstos nos artigos 288 e 317, na forma do artigo 69, do Código Penal.
Entretanto, a denúncia foi recebida apenas em relação ao crime do
artigo 317 do CP. Uma vez finalizada a instrução, que transcorreu dentro da
normalidade, o MM juiz a quo proferiu a sentença não acatando nenhuma das
teses defensivas e julgando procedente a denúncia, para condenar o
Recorrente, apenas de 02 (dois) anos e 06 (seis) meses de reclusão, expondo
um breve resumo dos fatos.
II – DO MÉRITO: DA ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA
DO RECORRENTE – ARTIGO 386, III DO CPP
Conforme se extrai dos Autos, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará,
de maneira unânime, concedeu ordem de Habeas Corpus em favor do
Apelante, relaxando sua prisão, por concordar com a tese que o flagrante foi
preparado.
Flagrante preparado que ocorre quando há uma indução, um estímulo,
uma participação fundamental das autoridades estatais para que a situação
fática causadora da prisão exista Isto é, quando a gente, por meio de uma
cilada, uma encenação teatral é impedido a prática de um delito por um agente
provocador, normalmente um policial ou alguém sob sua orientação.
Por estar inteiramente sobre o controle das autoridades que, inclusive
foram determinantes para a existência da situação fática, considera-se que o
agente não possui qualquer chance de êxito em sua empreitada criminosa, já
que em momento algum o bem jurídico tutelado e colocado em risco. Deste
modo, aplica-se a regra do crime impossível prevista no artigo 17 do Código
Penal.
Art.17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio
ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Prova disso é o comando existente na Súmula 145 do STF.

“Súmula 145 do STF - Não há crime, quando a


preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.”

Desta forma, não havendo crime em razão da preparação do flagrante,


não restam dúvidas de que a conduta do Apelante é atípica, devendo pois, ser
absolvido, nos termos do artigo 386, III do CPP. Requer-se, portanto, seja
reformada a decisão de primeira instância.
III – DO MÉRITO, ALTERNATIVAMENTE: DA ABSOLVIÇÃO POR
ESTAR PROVADO QUE O APELANTE NÃO CONCORREU PARA A
INFRAÇÃO PENAL – ARTIGO 386, IV DO CPP
Alternativamente, requer-se a absolvição do Recorrente, nos termos do
artigo 386, inciso IV do Código de Processo Penal, por estar provado que o
Apelante não concorreu para a infração penal uma vez que as provas dos
autos demonstram, de forma inequívoca, a absoluta ausência de autoria na
prática do delito em exame, o qual dispõe o artigo:

“Art. 386.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na


parte dispositiva, desde que reconheça:

IV –  estar provado que o réu não concorreu para a infração


penal;”.
Isso porque, a própria vítima, quando indagado pelo Juiz se o Apelante
havia participado do crime, não só negou, como afirmou que a primeira vez que
esteve com Recorrente foi na sessão em que ocorreram as prisões, mas que
jamais chegou a ter qualquer conversa com ele, em relação a este ou a
qualquer outro assunto. Respondendo a uma pergunta feita pela Defesa
respondeu não ter como afirmar que o Apelante estivesse envolvido no crime
de corrupção praticado pelos demais réus.
Assim, não havendo prova de autoria do crime de corrupção passiva por
parte do recorrente; exclui-se qualquer possibilidade de condenação neste
caso, pelo que o Sr. José Percival da Silva deve ser absolvido nos termos do
artigo 386, IV, CPP. Requer – se , portanto, seja reformada a decisão de
primeira instância.

IV – NO MÉRITO, ALTERNATIVAMENTE: ERRO NA APLICAÇÃO


DA PENA – APLICACAO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL
Em caso de Improvável manutenção da condenação do Recorrente a
dosimetria da pena deve ser reformulada. Isso porque, todas as circunstâncias
judiciais previstas no artigo 59 do Código Penal são absolutamente favoráveis
ao acusado, que é primário com bons antecedentes.
Desta forma, o ilustre Magistrado de primeira instância condenou o ora
Recorrente a uma pena de 02 (dois) anos e 06 (seis) meses de reclusão, ou
seja, acima do mínimo legal, sem haver fundamento fático e jurídico para
decretação de uma pena tão elevada.
Assim, comprovado que o Recorrente atende a todos os requisitos dos
artigos 59 do CP, a pena aplicada deve ser reformulada de modo a se fixar a
pena-base no mínimo legal, isto é, 02 (dois) anos de reclusão.

V – DOS PEDIDOS
Ante todo exposto, requer que seja o Réu absolvido em razão da
atipicidade da conduta, ou, ainda, tendo em vista não restar comprovado ter ele
concorrido para a infração penal, nos termos da súmula 145 do STF, bem
como conforme o artigo 386, inc. IV do CPP c/c os itens II e III destas
alegações.
Ainda no mérito, requer seja reformulada a pena aplicada ao Recorrente,
de modo a fixar a pena-base no mínimo legal, isto é, 02 (dois) anos de
reclusão. A fundamentação e a base legal para o pedido se encontram no item
4 desta peça.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Conceição do Agreste/CE, 12 de novembro de 2018.

ADVOGADO (A)
OAB

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