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Souza & Galvão

Advogados Associados e Consultoria Jurídica

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE GOIANA, ESTADO DE PERNAMBUCO

Processo nº (CNJ) : 000230-32.2021.8.17.0980

ALEX SANDRO ROZENDO DA SILVA, devidamente qualificado nos autos do


processo epigrafado, que lhe move o Ministério Público Estadual, por seu Advogado
devidamente habilitado nos referidos autos e que esta subscreve, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, tempestivamente, apresentar suas
ALEGAÇÕES FINAIS NA FORMA DE MEMORIAIS, nos termos do
artigo 403, § 3º do Código de Processo Penal, pelos relevantes motivos de fato e de
direito a seguir aduzidos:

DOS FATOS

O Ministério Público Estadual, em sua peça acusatória, imputou ao acusado à


prática do crime previsto no art. 147 do CP, com as aplicações com a Lei nº
11.340/2006.

Dado e passado, a instrução processual deu-se de forma satisfatória, vez que


NÃO sobreveio qualquer manifestação, tanto por parte dos agentes de polícia, estes
testemunhas de acusação, quanto do MPE a imputarem ao acusado qualquer prova
capaz de comprovar a autoria do crime.

Alegações finais do Ministério Público pugnando pela condenação.

Intimada a Defesa para apresentar as alegações finais na forma de memoriais,


o que ora é feito.

Pois bem.

Rua Ribeiro de Brito, nº 901, sala 701


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DO DIREITO

b) Da Absolvição do acusado (art. 386, V e VII, CPP). Da aplicação da


regra in dubio pro reo/favor rei.

Após estudo acurado do processo, verifica-se que o acusado merece ser


absolvido, com base nas disposições constantes do artigo 386, incisos V e VII, do
Código de Processo Penal, tendo em vista que não há provas suficientes aptas a
demonstrar que este teria participado da empreitada criminosa.

A versão produzida em juízo não traz certeza absoluta acerca da autoria.


Durante os depoimentos colhidos em juízo, não há, em momento algum, declaração
precisa e indubitável que comprometa o acusado.

Nota-se, portanto, que não se pode extrair dos autos evidência certa e segura
da participação do acusado no delito em voga.

Resumindo. Não há provas suficientes que indiquem ser o acusado autor do


delito ora sob julgamento.

Assim, o Parquet Estadual não se atentou para as disposições de Nosso


Código de Processo Penal, especialmente aos comandos constantes do artigo 386,
inciso IV, que determina seja decretada a absolvição do réu, desde que o Juiz
reconheça (V) não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal.

Afastou-se a Insigne Promotora de Justiça da certeza imanente ao julgamento


penal, ou seja, a verdade real, já que na justiça penal tudo deve ser claro e preciso,
como uma equação algébrica, de onde, na falta de, via de consequência, impõe-se a
absolvição do réu.

Sobre a incerteza do fato e sua autoria, o Professor Feu Rosa, em sua obra
Processo Penal, vol. 2, pág. 252, Editora Nova Letra, registrou em oportuna síntese:

"Nunca se deve esquecer que não é o acusado que deve provar sua inocência,
mas, sim, cabe ao Estado provar sua culpabilidade. E, no caso de dúvida sobre o fato
e a sua autoria, ou mesmo quanto a questões de direito e sua interpretação, O JUIZ
DEVE DECIDIR A FAVOR DO ACUSADO, segundo o princípio secular: in dúbio pro
reo". (grifei)

Além disso, exemplifica-se a aplicação da máxima favor rei, com breve julgado
abaixo:

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Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – VIAS DE FATO


– FALTA DE PROVAS PARA CONDENAÇÃO – APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO
FAVOR REI – ABSOLVIÇÃO MANTIDA – NÃO PROVIDO. Não há elementos
suficientes para comprovar a ocorrência da contravenção penal de vias de fato, uma
vez que ao ser interrogado judicialmente o réu negou as acusações, afirmando que
apenas discutiu com a vítima e foi agredido pelo filho de sua ex-esposa. A palavra da
vítima está isolada nos autos e defronta-se com a credibilidade da versão do réu e da
testemunha presencial. A dúvida sabidamente é sempre levada pela direção mais
benéfica ao réu pelo princípio do favor rei. CONTRA O PARECER – RECURSO
DESPROVIDO. TJ-MS - Apelação APL/MS 0015826-05.2013.8.12.0001 (TJ-MS)

Assim, a absolvição é medida que se impõe, nos termos do artigo 386, incisos
V e VII, do CPP, por ser medida mais adequada ao caso concreto.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer, no mérito, seja improvida a pretensão Ministerial, em


sede de alegações finais, e desta forma seja decretada a ABSOLVIÇÃO do acusado,
eis que não há prova nos autos de ter o mesmo concorrido para a infração penal
(artigo 386, incisos V e VII, CPP).

Subsidiariamente, requesta-se pela fixação de pena no mínimo legal, bem


como pela fixação de regime inicial de cumprimento de pena na modalidade “aberto”,
além de concessão do sursis da pena ou substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos. Quanto ao valor mínimo para reparação de danos, pugna-se
pela sua não fixação, em razão de ausência de pedido ministerial neste sentido.

Recife, 02 de março de 2022.

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