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Souza & Galvão

Advogados Associados e Consultoria Jurídica

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE GOIANA, ESTADO DE PERNAMBUCO

Ação Criminal nº 001840-98.2016.8.17.0660

ANDERSON URSULINO DO NASCIMENTO, já qualificado nos autos da ação


em epígrafe, por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, vem,
muito respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, no prazo legal, articular, as
presentes ALEGAÇÕES FINAIS por memoriais, aduzindo, o quanto segue:

DOS FATOS E DO DIREITO

Consoante sinalado pelo réu, no termo de interrogatório perante a Autoridade


Policial, o mesmo foi categórico e peremptório em negar toda e qualquer participação
nos fatos descritos pela peça portal coativa.

Por seu turno a prova judicializada, não é suficiente de per se, para macular a
tese da negativa da autoria suscitada pelo réu desde a natividade da lide.

Em verdade, perscrutando-se com acuidade a prova gerada com a instrução,


não trouxe qualquer elemento elucidativo sobre a autoria do crime.

Ademais, os depoimentos prestados no caminhar da instrução judicial,


declinados pelas testemunhas de acusação, pai e irmã da vítima, afirmam,
categoricamente, que o acusado não praticou o crime, inclusive, narram as
mesmas que nunca ouviram comentários sobre a participação do acusado
ANDERSON URSULINO no crime. Logo, seus informes, não detém a menor
serventia para respaldar a peça portal.

As provas produzidas única e exclusivamente na fase policial não possui a


legitimidade para corroborar com o pedido de pronuncia e posterior condenação do
réu.

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Donde, em sondando-se a prova reunida à demanda na fase judicial, com a


devida sobriedade e comedimento, tem-se que não existe uma única voz isenta e
incriminar o réu.

Outrossim, sinale-se, por relevantíssimo, que para referendar-se uma


condenação no orbe penal, mister que a autoria e a culpabilidade resultem
incontroversas, contrário senso, a impronúncia se impõe por critério de justiça, visto
que, o ônus da acusação recai sobre o artífice da peça acusatória. Não se
desincumbindo, a contento, de tal tarefa, marcha, de forma inexorável, o representante
do Ministério Público.

O fato é que o melhor caminho é a impronúncia do acusado.

No decorrer da instrução ficou patente o arranjo da prova, a acomodação


jeitosa dos testemunhos, que as testemunhas de acusação são imprestáveis para
gerar convicção e determinar a pronúncia do réu, por se tratarem de testemunhas
parciais, pai e irmã da vítima, bem como não presenciaram o crime, ambos atribuem a
conduta por simples “comentários”, estes oriundos da própria familiar da vítima.

Assim, a prova produzida nos autos, não agasalha de forma segura e


induvidosa a prática do crime de tentativa de homicídio qualificado contra a vítima.

Por sorte o réu não foi preso ilegalmente e daí então o processo deu-se de
maneira a evidenciar a ilegalidade da prática policial sem segurança da participação
do mesmo no crime a ele imputado. Não se pode perder de vista que a pronúncia deve
sempre resultar de prova tranquila, convincente e certa.

Na dúvida é preferível a IMPRONÚNCIA do acusado como ato de mais salutar


justiça, visto que tal posicionamento é manifestação de um imperativo da justiça.

Forçoso, portanto, admitir inexistir provas suficientes para a pronúncia do


denunciado na prática do crime supra mencionado, razão pela qual roga no ato por
sua impronúncia.

O magistrado, ao examinar essas questões, não pode, pura e simplesmente


remeter a quaestio ao Tribunal do Júri. O magistrado só deve pronunciar, se tiver
segurança mínima da idoneidade dos indícios de autoria.

O controle do magistrado sobre a admissibilidade da acusação necessita ser


firme e fundamentado, de modo que, se assim não for, torna-se inadequado remeter o

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julgamento do processo ao Tribunal do Júri, sem qualquer perspectiva de haver


condenação.

Douto Magistrado, sem qualquer respaldo na instrução processual, o ministério


público nas suas alegações finais pugnou pela PRONÚNCIA DO ACUSADO.

Contudo, se faz necessário informar que não se tratando de réu vadio, não há
que se falar também em necessidade do ergástulo cautelar para garantia da instrução
criminal e correta aplicação da lei penal, pois a medida constritiva só se justifica em
casos excepcionais, sobretudo por refletir uma antecipação de culpa, infringindo, pois,
o Princípio Constitucional da Inocência.

Assim, justificar a necessidade do ergástulo cautelar apenas na garantia da


ordem pública, na conveniência da instrução criminal e na correta aplicação da lei
penal, só por si, não corresponde razão suficiente, convincente e fundamentalmente
legal para sustentar a medida constritiva. Para tanto, faz-se extremamente necessário
provar-se a periculosidade do agente e a certeza de que, solto, o mesmo voltará a
delinquir, tirando a paz social e comprometendo, de fato, a ordem pública.

Atrelada à primariedade, aos bons antecedentes criminais, a ocupação lícita


efetiva e residência fixa, insta ressaltarmos que nos autos há também outros
elementos favoráveis ao réu, qual seja, erro de capitulação do tipo penal adequado ao
caso concreto, que tornam suficientes para concessão do referido benefício, se, por
acaso, seja o acusado pronunciado ao Tribunal do Júri.

DO PEDIDO.

Ex positis, e considerando o mais que dos autos consta, requer Vossa Excelência se
digne em IMPRONUNCIAR o réu ANDERSON URSULINO DO NASCIMENTO (art.
414 do CPP).

Por fim, requer a restituição da motocicleta do acusado, a qual fora apreendida


ilegalmente e sem necessidade pela polícia judiciária.

Recife, 29 de janeiro de 2018.

Denis Ricardo Rodrigues de Souza


OAB/PE 31.629

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