Você está na página 1de 9

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELÉM,

CAPITAL DO ESTADO DO PARÁ.

Processo nº 0056558-64.2015.8.14.0401

HELDER FÁBIO DA SILVA, já devidamente qualificado nos autos do processo em


epígrafe, por meio de seus advogados PAULO VICTOR SANTOS ROCHA, OAB/PA Nº 21.056 e
WALDIR RODRIGUES LOPES, OAB/PA 21.493, com escritório estabelecido nesta cidade, sito à
Avenida Gentil Bittencourt nº ---- 501, Bairro de São Braz, nos autos da referida Ação Penal que lhe
move o Ministério Público, em trâmite por este R. Juízo, vem muito respeitosamente a presença de Vossa
Excelência com fundamento nos artigos 403, § 3º, e 404, parágrafo único, ambos do Código de Processo
Penal. oferecer seus:

MEMORIAIS,

pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

1 – BREVE RESUMO DOS FATOS

Consta na denúncia oferecida pelo Ministério Público que no dia 05//10/2015 por volta
de 19H40, o réu invadiu a Escola Maestro Waldemar Henrique, localizada na Avenida Transmangueirão nesta
comarca e subtraiu para si, mediante grave ameaça, com emprego de um simulacro de arma de fogo, 01
APARELHO CELULAR MARCA MOTOROLA, MODELO MOTO G E 01 RELÓGIO DE PULSO da referida vítima,
enquanto este lecionava, além de pertences de alguns alunos presentes na sala de aula.
Que na data de 06/10/2015, a polícia em diligências adentrou na residência do denunciado, no
Bairro do Mangueirão, nesta cidade e efetuou a prisão em flagrante do mesmo, em razão do fato delitivo cometido
contra a vítima Sr.JOSÉ DE RIBAMAR BARACHO PEREIRA.

Recebida a denúncia, foi o Réu cientificado da acusação, apresentou Resposta à acusação,


durante a instrução criminal, ouviram-se as testemunhas de acusação e logo em seguida em seu interrogatório, o
Réu negou a autoria dos crimes a ele imputados.

Em seus memoriais, o ilustre Representante do Ministério Público pediu pela desclassificação do


crime de roubo simples previsto no artigo 157 “caput” para o crime de receptação previsto no artigo 180, ambos do
Código Penal Brasileiro, pugnando pela condenação do Réu, em virtude, principalmente, de a "res furtiva" ter sido
encontrada na residência do denunciado.

Contudo Excelência, esta tese não deve prevalecer. Senão, vejamos.

2-DA VERDADE DOS FATOS.

O Réu quando preso em flagrante, confessou a autoria do crime mediante coação efetuada
pelos policiais que adentraram em sua residência, dizendo-lhe que, caso este não confessasse, levariam sua
companheira algemada para a delegacia como co-autora do crime de roubo simples.

Ocorre que, o denunciado se encontrava em sua residência no dia 05/10/2015 quando por volta
de 21h00 um colega identificado pela alcunha de “Tom” o procurou pedindo que guardasse uma sacola sem
precisar o que continha na mesma, pois teria que sair e não queria estar segurando objetos, e que no outro dia
retornaria para apanhar a referida sacola.

No entanto, no dia seguinte o denunciado foi surpreendido quando da chegada de policiais em


sua residência, o acusando de ser o “Tom” e que este supostamente seria o autor do crime acima descrito.

Na revista feita em sua residência, fora encontrada a sacola e para sua surpresa nela continha
um celular, um relógio de pulso e um simulacro de arma de fogo.

Em seu interrogatório, o denunciado negou a autoria do delito a ele imputado, alegando que
quando da confissão na fase policial, fora coagido a admitir a prática do crime de roubo simples, e esclareceu os
fatos alegando que o nacional conhecido por “Tom”, havia pedido para o mesmo guardar a sacola que continha
objetos, o que fez de boa fé, só vindo a saber posteriormente que os pertences nela contidos eram o produto de
crime, quando da chegada de policiais em sua residência.

Durante a instrução criminal, não foram colhidas provas suficientes para se atestar de maneira
satisfatória a autoria delitiva do crime em tela, uma vez que a própria vítima não reconheceu o denunciado como
sendo o autor do crime em momento algum.

No mais, não existem testemunhas oculares da prática da infração, limitando-se as testemunhas


de fls. 02 a 04 e do depoimento da vítima a fl. 05, a relatar tanto na fase de inquérito quanto em juízo apenas fatos
posteriores, que em nada ajudam para a confirmação da autoria delitiva.

3 – DO DIREITO.

Nobre julgador, levando em consideração as provas colhidas na instrução processual, estas não
foram suficientes para confirmar a autoria delitiva por parte do denunciado no crime inicialmente imputado contra
este, uma vez que não houve o reconhecimento formal do mesmo, nem pela vítima, muito menos por parte das
testemunhas.

Neste ínterim, faz-se necessário para a declaração da existência da responsabilidade criminal e


futura imposição de sanção penal a uma determinada pessoa, que se verifique no caso concreto a certeza de que
fora cometido um ilícito penal e que seja esta a autora, o que de fato não ocorre no processo em baila.

Resta pacífico que a sentença condenatória somente poderá vir fundada em provas que
conduzem a concreta certeza, não sendo o bastante nem mesmo a alta probabilidade, onde esta servirá tão
somente como fundamento absolutório, pois reflete-se unicamente um juízo de incerteza que não representa nada
mais que a dúvida quanto à realidade.

Assim, ante a negativa de autoria por parte do réu em juízo e a fragilidade das provas
necessárias para lhe incriminar, deve prevalecer, em face de ausência de outros elementos de convicção, o
princípio do "in dubio pro reo". Assim é o entendimento de nossos Tribunais senão vejamos:

PROVA - Existência de indícios de autoria - Condenação - Impossibilidade: - Indícios de autoria são


insuficientes a embasar édito de condenação, mister que se produza prova inconcussa, não bastando
sequer alta probabilidade, sendo certo que estando o ânimo do Julgador visitado por dúvida razoável, outra
decisão, que não a absolutória, não há que ser emanada, posto que o Processo Penal lida com um dos bens
maiores do indivíduo: a liberdade. " (Apelação n° (.275.247/2 – São Paulo - 5a Câmara - Rei.
Desembargador MAPJANO SIQUEIRA - 12/12/2001 - M. V. TACrim - Ementário n° 30, JUNHO/2002, pág.
24).

"Prova-Insuficiência-Meros indícios que não bastam para a condenação criminal - Autoria que deve ser
concludente e estreme de dúvida-Absolvição decretada. Em matéria de condenação criminal, não bastam
meros indícios. A prova da autoria deve ser concludente e estreme de dúvida, pois só a certeza autoriza a
condenação no juízo criminal. Não havendo provas suficientes a absolvição do réu deve prevalecer" (TJMT -
2o C. - Rec. em AP - j . 12.5.93 - Rei. Inácio Dias Lessa - RT 708/339).

"Indício, suspeitas, ainda que veementes, não são suficientes para alicerçar um juízo condenatório. A prova
judiciária somente é bastante à incriminação do acusado quando formadora de uma cadeia concorrente de
indícios graves e sérios, unidos por um liame de causa e efeito, excludentes de qualquer hipótese favorável
ao acusado. Para a condenação é mister que o conjunto probatório não sofra o embate da dúvida(TAMG -
1o C. - AP - j . 27.2.96 - Rei. Audebert Delage - RT 732/701)

O conjunto probatório nebuloso, impreciso e confuso não autoriza decreto condenatório" (TACrimSP,
Julgados, 12/338). "Sem uma prova plena e eficaz, da culpabilidade do réu, não é possível reconhecer a sua
responsabilidade penal" (TACrimSP, Julgados, 4/31). "Prova - Dúvida - Absolvição.

Nosso tribunal de Justiça do Estado do Pará compartilha do mesmo entendimento, senão vejamos:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 157, § 2º, INCISOS I E II, DO CÓDIGO PENAL. SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA. RECURSO MINISTERIAL. PLEITO CONDENATÓRIO. ALEGADA EXISTÊNCIA DE
PROVAS SUFICIENTES PARA CORROBORAR UM DECRETO CONDENATÓRIO. ALEGAÇÃO
IMPROCEDENTE. DEPOIMENTOS DA VÍTIMA, PRESTADOS NA FASE INQUISITIVA E EM JUÍZO, QUE
DEMONSTRAM CERTA CONTRADIÇÃO, NÃO EXISTINDO A CERTEZA DE QUE O APELADO FOI
REALMENTE O AUTOR DO FATO DELITUOSO A ELE ATRIBUÍDO. EXISTÊNCIA DE DÚVIDA QUANTO À
AUTORIA DELITIVA. NECESSIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME.

(2015.04523057-74, 153.982, Rel. RAIMUNDO HOLANDA REIS, Órgão Julgador 3ª CÂMARA CRIMINAL
ISOLADA, Julgado em 2015-11-26, Publicado em 2015-11-27)

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO QUALIFICADO. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. INSURGÊNCIA


MINISTERIAL. AUTORIA, MATERIALIDADE E CULPABILIDADE COMPROVADAS ? AUSÊNCIA DE
PROVAS CABAIS A JUSTIFICAR A CONDENAÇÃO ? IN DUBIO PRO REO ? IMPROCEDÊNCIA DO
APELO. 1. Sabendo-se que em sede de condenação criminal é imprescindível a formação do juízo de
certeza sobre a ocorrência do crime e sua respectiva autoria, e não havendo, in casu, provas robustas,
comprobatórias da prática delitiva pelo apelado, a absolvição deve ser mantida, nada havendo a censurar ou
reparar na sentença absolutória. 2. Nessas circunstâncias, que embora se considere de grande relevância a
palavra firmada pela vítima em crimes patrimoniais, no caso em comento esta sequer foi arrolada como
testemunha pelo órgão denunciante, somente o fazendo na fase de diligências, a qual, todavia, não foi
ouvida perante o Juízo do feito para confirmar sua versão na polícia, em que pese ter sido devidamente
intimada. 3. Destarte, não há como julgar procedente a pretensão punitiva do Estado com base em pífios
elementos de prova, cujos depoimentos dos policiais, ainda que não possam ser sumariamente
desprezados, dada a presunção de legitimidade de que se revestem, não têm o condão de, isoladamente,
embasar uma condenação, a qual exige prova cabal e induvidosa, sendo melhor, segundo a máxima em
Direito, absolver um culpado do que condenar um inocente. 4. Apelação conhecida e improvida. Decisão
unânime.
(2015.04034230-12, 152.681, Rel. RAIMUNDO HOLANDA REIS, Órgão Julgador 3ª CÂMARA CRIMINAL
ISOLADA, Julgado em 2015-10-22, Publicado em 2015-10-28)

Como visto, não há o que se falar na condenação do ora denunciado pela suposta prática do
crime de roubo simples, uma vez que insuficientes as provas necessárias para lhe incriminar e sustentar uma
condenação no mundo jurídico.

DOS PEDIDOS:
Isto posto, é imperativo que o Réu seja absolvido, uma vez que em momento algum restou
comprovada a autoria do crime descrito no artigo 157 (roubo simples) como do artigo 180 (receptação), ambos do
Código Penal, imputados pelo represente do Ministério Público tanto em face da precariedade das provas,
aplicando-se, no caso, a regra do "in dubio pro reo", como pelo fato do Denunciado ter agido de boa fé ao atender
ao colega para guardar uma sacola sem saber o que nela continha.

Não entendendo Vossa Excelência pela absolvição do Réu, deve ser aplicada a regra contida no
artigo 29 § 1º, da nova Parte Geral do Código Penal, diminuindo-se a pena de um sexto a um terço, por ser medida
de inteira JUSTIÇA

A vista do exposto, aguarda a defesa seja o Réu absolvido por falta de provas quanto à sua
autoria nos delitos que lhe foram imputados, com fulcro no artigo 386, inciso II do nosso Código de Processo Penal,
pugnando-se subsidiariamente e em caso de condenação, que a pena seja fixada em seu mínimo legal.

Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.

Belém, 25 de janeiro de 2016.

___________________________________ ______________________________
PAULO VICTOR SANTOS ROCHA WALDIR RODRIGUES LOPES
ADVOGADO - OAB Nº 21.056 ADVOGADO - OAB Nº 21.493

FULANO DE SOUZA, brasileiro, solteiro, maior, motorista, residente e domiciliado na Rua Três, nͦ 000,
Bairro Miguel Badra, na cidade de Suzano, São Paulo, CEP 00000-000, por seu advogado e procurador
que esta subscrevem (instrumento de mandato incluso), com escritório profissional na Travessa Guaió n°

266 – Centro, na cidade de Suzano, São Paulo, CEP 08674-150, fones (11) 9734-7684 / 4742-
5889 / 4748-1919, onde recebe avisos e intimações, vem, respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, apresentar seus MEMORIAIS DEFENSORIOS, com respaldo no artigo 403 do Código de
Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a declinar.

               Consta dos autos Segundo Denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual, que dia 03 de
junho de 2009 o requerente foi reconhecido como autor de roubo ocorrido por volta das 08h15min, e
incurso no artigo 157, § 2º, incisos I, do Código Penal, pela autoridade responsável pelo Segundo  Distrito
Policial desta Comarca, sob a acusação de que, no dia dos fatos, teria participado de uma ação criminosa,
tendo como vítima Valter de Tal, com endereço na Rua São Gonçalo do Piauí, nº 000, Itaquera, na Capital
do Estado de São Paulo.

              Cumpre esclarecer primeiramente que o denunciado repudia veemente a acusação, e nega
qualquer envolvimento no crime ora em tela, enfatizando ser o réu inocente.

             Deve-se observar, que o acusado, não é marginal, não possuía arma nenhuma no dia do “suposto”
crime e jamais faria tal barbárie contra um comerciante ou cidadão qualquer que seja.       

              Importante frisar a este digno Magistrado que o acusado, sempre foi pessoa trabalhadora, não é, e
nunca foi bandido, conforme erroneamente lhe esta sendo imputado, também não é marginal de nefanda
escolas de crimes. Repita-se trabalha, sendo este um fato totalmente isolado em sua vida.

              No entendimento do Promotor de Justiça oficiante nestes autos, foi praticado o crime de roubo,
mas não há prova suficiente tendo em vista que o Delegado de Polícia sequer realizou o reconhecimento
pessoal do acusado, afim de cabal elucidação dos fatos.

              Outrossim, a arma não foi apreendida.

              De mencionar ainda conforme depoimento da vítima o réu não fez uso ostensivo da arma, ou
seja, não há exibiu para intimidá-la, apenas colocou a mão na cintura, simulando estar armado, mas não
fez uso da arma. 

              Destarte, não há provas suficientes para incriminar o denunciado.

              Outrossim, no reconhecimento não foi seguido o rito do artigo 226 do Código de Processo Penal,
o que acarreta a nulidade do ato.

EMENTA:  Apelação-crime. Roubo majorado. Palavra da vítima: embora tenha especial valor em
delitos da espécie, deve estar minimamente sustentada na prova. Absolvição: como condenação não
compactua com prova débil/atônica, o resultado absolutório era (e é) o único eticamente admissível.
Negaram provimento ao recurso acusatório (unânime). (Apelação Crime Nº 70035055706, Quinta
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Amilton Bueno de Carvalho, Julgado em
14/04/2010)

              As testemunhas arroladas pela acusação, de tão harmônicos seus depoimentos, parecem uma
orquestra sinfônica, dando a nítida impressão de querer, não cumprir com a verdade, mas prejudicar o
acusado.

              A vítima por sua vez, como era de se esperar, também reconheceu o réu, mas seu depoimento,
deve ser visto com reservas, pois tem interesse nítido na condenação do acusado.

              Portanto o conjunto probatório, é pífio para encerrar um decreto condenatório.

              Por derradeiro, em relação ao mérito, ficou comprovado nestes autos, o que admite-se
apenas por argumentação, estaria comprovado apenas e tão somente o roubo simples, posto que
não ficou demonstrado cabalmente o emprego de arma na ação, de forma que deve se afastada a
qualificadora do emprego de arma de fogo, até porque nenhuma arma foi apreendida.

              A jurisprudência ampara a tese defensória, senão vejamos: 


EMENTA:  APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO. PROVAS A prisão em flagrante e a palavra da
vítima tornam a prova suficiente para a condenação. MAJORANTES: CONCURSO: Para
configurar a majorante basta a ciente e voluntária participação dos agentes na mesma infração
penal. Importa a convergência de vontades - original ou aderida - para o fim delituoso colimado, no
caso a subtração mediante grave ameaça. Prescindível acordo prévio entre os agentes. EMPREGO
DE ARMA. Perícia. Necessidade. Expunção da majorante; APENAMENTO Vedação da pena
aquém do mínimo pelo reconhecimento de atenuante da menoridade, mesmo que ofenda aos mais
comezinhos princípios constitucionais relativos à individualização da pena, igualdade proporcional,
etc., está inviabilizada pela Súmula Vinculante nº 10, STF. Apenamento mantido. RECURSO
IMPROVIDO. (Apelação Crime Nº 70028923225, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Aramis Nassif, Julgado em 28/04/2010).

              É de salientar que na atualidade o crime de roubo é majorado e o regime prisional fixado o mais
severo em razão da gravidade abstrata do crime, o que vai contra a jurisprudência do STJ.

              Verifica-se, assim, que a grave ameaça é circunstância elementar do tipo, e o emprego de arma é
circunstância elementar da qualificadora. Assim, a fixação da pena ou aplicação da sanção depende
diretamente do reconhecimento do delito, e os limites da pena são fixados pelo legislador por ocasião da
elaboração da lei e, ao juiz cabe aplicar a lei, não a sobrepondo, sempre fundamentando sua decisão, “ex-
vi” do disposto no inciso IX do artigo 93, da Constituição da República Federativa do Brasil.        

              Assim, a gravidade do crime está implícita na própria pena cominada abstratamente a ele, de
forma que, se a pena imposta, dentro dos limites previstos na lei, admite um determinado regime
prisional, impossível é se conceber a fixação de regime prisional mais gravoso, tendo novamente como
fundamento a mesma gravidade do delito.

              Ora, diz o artigo 157 do Código Penal:

“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;”

              A jurisprudência, nesse sentido, é pacífica:

“Individualização da pena: regime de cumprimento de pena: critério legal – “A gravidade do


crime, para todos os efeitos legais, se traduz na escala penal cominada ao tipo. Se, nos limites dela, a
pena imposta comporta determinado regime de execução, não cabe, para impor outro, mais severo,
considerar novamente, e como única razão determinante, a gravidade em abstrato da infração
cometida: o regime de estrita legalidade que rege o Direito Penal não admite que, à categoria legal
dos crimes hediondos, o juiz acrescente outros, segundo a sua avaliação subjetiva de modo a negar
ao condenado o que lhe assegura a lei. Precedentes do Tribunal, de ambas as Turmas, e agora do
Plenário (HC 77.682, 22.10.1998)” (STF – 1ª T. – Rel. Sepúlveda Pertence – HC 78.376-9 – j.
23.02.1999, p.2)”.
“A gravidade do delito não pode ser utilizada para a determinação do regime prisional, tendo em
vista que o Legislador já a considerou na fixação do piso e do teto da pena privativa de liberdade,
devendo-se ressaltar, ainda, que não se deve confundi-la com a periculosidade do agente, vez que há
pessoas desprovidas de perigosidade que cometem crimes graves, como no caso dos homicídios
passionais, e outras perigosíssimas que praticam contravenções ou crimes apenados com detenção”
(TACRIM-SP – EI – Rel. Walter Swensson – RDJ 27/212)”.

              Ademais, nos termos do artigo 59 do Código Penal, o juiz, ao fixar a pena deve levar em conta o
sistema trifásico, e se, depois de levar em consideração todas as circunstâncias, judiciais e legais, concluiu
que deveria fixar a pena no mínimo legal, não há justificativa para fixar regime prisional inicial mais
grave do que o estabelecido pelo legislador, não podendo o juiz substituir o legislador, por força da
constitucional tripartição dos poderes.

              Diz o Código Penal:

“Art. 33, CP - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A
de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.

§ 1º. Considera-se:

a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;

b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento


similar;

c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

§ 2º. As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a
regime mais rigoroso:

a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;

b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;

c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.”

“HABEAS CORPUS. CRIMES DE ROUBOS TENTADOS. CONCURSO FORMAL. REGIME


INICIAL FECHADO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 440/STJ. SÚMULAS N.º
718 E N.º 719/STF. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. DUAS CIRCUNSTÂNCIAS. AUMENTO
DA PENA ACIMA DO PERCENTUAL MÍNIMO LEGAL. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO
CONCRETA. MERA UTILIZAÇÃO DE CRITÉRIO MATEMÁTICO (OBJETIVO). SÚMULA
N.º 443/STJ. IMPOSSIBILIDADE. 1. Súmula n.º 440/STJ: "fixada a pena-base no mínimo legal, é
vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito." 2. Súmula n.º 718/STF: "[a] opinião do
julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição
de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada." 3. Súmula n.º 719/STF: "[a]
imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação
idônea." 4. A presença de mais de uma majorante no crime de roubo não é causa obrigatória de
exasperação da punição em percentual acima do mínimo legal previsto, exceto quando constatada a
existência de circunstâncias que indiquem a necessidade da exasperação, o que não ocorrera na
espécie. 5. Súmula n.º 443/STJ: "[o] aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de
roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação
a mera indicação do número de majorantes." 6. Ordem concedida para reduzir a pena privativa de
liberdade para 5 anos e 1 mês de reclusão, em regime prisional inicial semiaberto.

(HC 162.866/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe
02/08/2010).”

              Isto Posto, requer-se pela IMPROCEDÊNCIA da acusação por insuficiência de provas. Em
tese subsidiária caso seja o réu condenado pelo roubo simples, afastada a qualificadora do emprego de
arma de fogo e o regime prisional fixado seja o aberto, pois a jurisprudência do STJ ampara esta tese.

              Finalmente, espera que Vossa Excelência norteie seu julgamento, levando em consideração o
princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 

              A defesa espera JUSTIÇA, NADA MAIS NADA MENOS. 

              Suzano, 11 de janeiro de 2011.

Leia mais: http://cgaadvocacia.webnode.com.br/products/memoriais%20defensorios%20em%20crime


%20de%20roubo%20(art-%20157,%20%C2%A7%202%C2%B0,%20inciso%20i,%20do%20cp)/

Você também pode gostar