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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE RIO BRANCO, ESTADO DO ACRE


Processo nº: 0000000-00.2010.8.01.0001
Origem: Cidade/__ª Vara Criminal
Classe: Açã o Penal
Apelante: Ministério Pú blico do Estado do Acre – MPE/AC
Apelado: Nome do Apelado
NOME DO APELADO, já qualificado nos autos da açã o penal em epígrafe que lhe move o
Ministério Pú blico do Estado do Acre, por meio de seu Advogado que a esta subscreve,
vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, em atençã o à interposiçã o de
recurso de apelaçã o e apresentaçã o das respectivas razõ es por parte do Ministério Pú blico,
constante nos autos à s fls. 97 e 103/112, à abertura de vista dos autos à defesa (fls. 114) e
com espeque no artigo 600, caput, do Có digo de Processo Penal ( CPP), requerer a juntada
das
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO
Assim, requesta-se pelo seu recebimento, autuaçã o e devido processamento, para que, ao
final, esta Câ mara Criminal, usando de seu poder jurisdicional, conheça e dê total
improvimento ao apelo ministerial, mantendo, in totum, a sentença proferida pelo juízo a
quo de fls. 89/91, que absolveu o apelado do crime a ele imputado, consoante as razõ es
fá ticas e jurídicas esposadas a seguir.
Nestes termos,
Espera deferimento.
Rio Branco - AC, 06 de junho de 2017.
Fernando Henrique Schicovski
Advogado OAB/AC nº 4.780
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO
Processo nº: 0000000-00.0000.8.01.0001
Origem: Cidade__ª Vara Criminal
Classe: Açã o Penal
Apelante: Ministério Pú blico do Estado do Acre – MPE/AC
Apelado: Nome do Apelado
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara Criminal,
Douta Procuradoria de Justiça,
Senhores Desembargadores.
Em que pese o á rduo e reconhecido trabalho do ó rgã o ministerial, merece o apelo por este
interposto, ser julgado totalmente improcedente, mantendo-se irretocá vel a sentença
absolutó ria encartada nos autos digitais à s fls. 89/91, conclusã o esta a que chegará esta
colenda câ mara criminal apó s aná lise da argumentaçã o defensiva que está a seguir:
I – DOS FATOS
1 – Conforme consta dos autos, o apelado foi processado e absolvido pela prá tica do delito
de roubo duplamente circunstanciado, previsto no artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Có digo
Penal ( CP).
2 - A acusaçã o, entretanto, findou por discordar do r. Juízo sentenciante, interpondo
recurso de apelaçã o (fls. 97) e apresentando, por conseguinte, suas respectivas razõ es (fls.
103/112), oportunidade em que propugnou pela reforma da sentença absolutó ria, para ver
condenado o apelado, nas penas do delito ao qual fora processado (artigo 157, § 2º, incisos
I e II, do CP).
3 – Ocorre que andou muitíssimo bem o juiz sentenciante, eis que, a míngua de elementos
certeiros e incontestes aptos à desmistificaçã o da autoria, decidiu julgar improcedente a
pretensã o ministerial e absolver o apelado.
II – DO MÉRITO
a) Da absolvição por ausência de provas para a condenação – aplicação do princípio
do favor rei.
4 – Antes de qualquer coisa, cabe-nos transcrever, com o intuito de substanciar os
argumentos defensivos, a fundamentaçã o e dispositivo que repousam no decisum
absolutó rio prolatado pelo magistrado, in verbis:
(...)
Autoria: A autoria, contudo, nã o restou confirmada na pessoa do acusado, como se verá .
Ouvida em juízo, a vítima Nome da Vítima afirmou o seguinte:
Que entraram no comércio do depoente, armados, e permaneceram dentro da casa por uns
10 a 15 minutos, procurando o dinheiro; Que estavam armados, e chegara a retirar o capuz;
Que por isso conseguiu reconhecer o Evanir, com certeza, como sendo um dos assaltantes;
Que já conhecia o acusado de vista, pois ele mora pró ximo do depoente; Que apelado foi o
ú nico que retirou o capuz, sendo que ele quem apontava a arma para a cabeça do depoente;
Que o depoente foi espancado; Que levaram cerca de R$ 8.000,00 (oito mil reais), além de
televisã o, reló gio e perfumes; Que nada foi recuperado; Que a arma que ele usava
aparentava ser uma pistola.
O acusado nã o confessou o delito em juízo:
Que nega o crime; Que nã o conhece a vítima, mas apenas o mercado dele, pois é pró ximo da
casa do depoente; Que um trabalhador dele é vizinho do depoente e com ele tinha
problemas, e por isso pode estar tentando prejudicar o depoente; Que no horá rio desse
crime o depoente costuma estar em casa.
Pois bem. Como se vê, aparentemente o réu é o autor do delito. No entanto, tenho que o
conjunto probató rio constante dos autos nã o se mostrou forte o suficiente para embasar
uma condenaçã o contra ele.
Explico.
Em sede policial, a vítima foi omissa quanto á informaçã o de que teria visto algum rosto
durante a açã o delituosa. Insta ressaltar que a mesma foi ouvida horas apó s o fato, o que
nos faz crer que estava apta a recordar-se do má ximo de detalhes possível. Na ocasiã o, ela
afirmou que apenas um funcioná rio do seu estabelecimento teria alertado que estavam
planejando roubar seu estabelecimento e que um dos suspeitos seria Evanir.
Em juízo, a vítima afirmou reconhecer o acusado de vista, o que tornaria a identificaçã o
ainda mais fá cil. Se a vítima o conhecia de vista, nã o se compreende o motivo de nã o ter
constado isso em seu depoimento prestado na Delegacia, horas apó s o crime.
O que pode ter acontecido é que, com a suspeita mencionada por Frank, a vítima tenha feito
a ligaçã o de certas características ao acusado e ter se convencido de que se tratava do
responsá vel pelo roubo. Ou seja, tenha sido induzido, ainda que involuntariamente, pela
afirmaçã o de Frank.
Destaco que a vítima nã o apontou nenhum traço característico do acusado, como tatuagem,
marca ou cicatriz, que pudesse corroborar sua afirmaçã o. Ademais, nã o foi realizada sequer
uma busca e apreensã o na tentativa de encontrar um dos vá rios objetos que foram
subtraídos, a fim de que colaborar com a elucidaçã o do caso.
Portanto, vê-se que o conjunto probató rio nã o restou inabalá vel pois nã o há como
condenar o acusado com base exclusivamente nas informaçõ es trazidas pela vítima,
baseadas nos comentá rios de uma terceira pessoa.
Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTE a pretensã o punitiva estatal, razã o pela qual
ABSOLVO o acusado NOME DO APELADO, qualificado nos autos, da prá tica do delito
previsto no artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Có digo Penal, o que faço com fundamento no
artigo 386, inciso VII, do Có digo de Processo Penal.
Em decorrência disso, revogo a prisão preventiva do acusado, devendo o mesmo ser
colocado em liberdade, salvo se por outro motivo estiver preso.
(...) – fls. 89/91, dos autos
4 – Pois bem. Conforme se verifica da sentença, o sapiente juízo sentenciante optou pela
absolviçã o do apelado porquanto, em apertada síntese, a ú nica prova constante dos autos
era a claudicante e controversa palavra da vítima, a qual, inicialmente, em seu depoimento
em sede administrativa, mesmo conhecendo o apelado, nã o o indicou como autor do fato,
tampouco levantou características físicas ou detalhes comportamentais do apelado que o
individualizassem.
5 – Tã o somente apó s sofrer relevante induçã o, voluntá ria ou nã o, por parte da testemunha
Francisco, conhecida por “Frank”, foi que passou a “fantasiar” que possivelmente o apelado
seria um dos autores.
6 – Menciona também o magistrado que nã o fora realizada nenhuma diligência
investigativa aprofundada no sentido de localizar o objeto material da infraçã o penal.
Poder-se-ia, com demasiada facilidade, se proceder à busca e apreensã o na casa do apelado
para verificar se este teria em sua posse algum dos objetos do roubo sub judice.
7 – Diante dos só lidos fundamentos do juízo sentenciante (e apoiados pela defesa), jamais
se poderia retirar, do processo, elementos aptos a permitir a segura afirmaçã o de que o
apelado foi o autor do delito sub judice, eis que, sinteticamente falando, a vítima tão
somente trouxe suspeitas relativas à autoria, baseando-se na palavra de terceiro,
restando tã o somente estas sobre o apelante.
8 – Referida suspeita, como o pró prio nome o é, nã o é prova, havendo no ponto, diferenças
tanto ontoló gicas, quanto axioló gicas entre esta e aquela, razã o porque esta câ mara
criminal deve se acautelar para nã o fazer passar uma pela outra, sob pena de condenar um
inocente.
9 – Fica claro, portanto, o pecado interpretativo cometido pela promotoria de justiça
quando recorreu, pretendendo a condenaçã o do apelado, repousando referido equívoco na
confusã o entre a definiçã o de prova e de suspeita, eis que visa, com suspeitas, dobrar esta
câ mara criminal, inclinando-vos à condenaçã o do apelado.
10 – Repise-se queo apelado, tanto em sede policial (fls. 35) quanto em sede judicial
(interrogató rio – fls. 86), negou, com firmeza, a prá tica do delito de roubo.
11 – Ante as razõ es serenamente expostas pelo juízo sentenciante para absolver o apelado,
fica fá cil compreender que no presente processo, fora dada correta aplicaçã o ao princípio
do favor rei, estando perfeitamente subsumida na hipó tese em voga a ordem do artigo 386,
inciso VII, do CPP, que indica a necessidade de absolviçã o de qualquer acusado quando não
houver provas suficientes para a condenação.
12 – Assim, depois de todo a argumentaçã o proposta pela defesa do apelante, nã o há outra
saída à esta colenda câ mara criminal senã o manter a absolviçã o do apelado, tendo em vista
o mandamento previsto no artigo 386, inciso VII, do Có digo de Processo Penal, que talha a
seguinte regra:
Artigo 386, CPP – O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde
que reconheça:
(...) – Omissis
Inciso VII – nã o existir prova suficiente para a condenaçã o;
13 – Havendo, pois, dú vida sobre a autoria, incerteza quanto à participaçã o do apelado no
delito, deve esta corte abraçar-se ao princípio do favor rei, para garantir a absolviçã o do
apelado. Sobre o tema, vide liçã o de Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, em sua obra
Curso de Direito Processual Penal, 11ª Ediçã o, Editora Juspodivm, pá gs. 87 e 88, in verbis:
“A dú vida sempre milita em favor do acusado (in dubio pro reo). Em verdade, na
ponderaçã o entre o direito de punir do Estado e o status libertatis do imputado, este ú ltimo
deve prevalecer. Como mencionado, este princípio mitiga, em parte, o princípio da
isonomia processual, o que se justifica em razã o do direito à liberdade envolvido – e dos
riscos advindos de eventual condenaçã o equivocada. Neste contexto, o inciso VII, do art.
386, CPP, prevê como hipó tese de absolviçã o do réu a ausência de provas suficientes a
corroborar a imputaçã o formulada pelo ó rgã o acusador típica positivaçã o do favor rei
(também conhecido como favor inocentiae e favor libertatis).”
14 – Neste sentido também caminha a jurisprudência, conforme se verifica dos julgados
abaixo, todos com grifo da defesa:
TJ-AC - Apelação: APL Nº 0001088-42.2009.8.01.0006
PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃ O CRIMINAL. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL.
ESTUPRO DE VULNERÁ VEL. RETRATAÇÃ O DA VÍTIMA EM JUÍZO. DEMAIS ELEMENTOS DE
PROVA QUE NÃ O DÃ O CERTEZA DA MATERIALIDADE DELITIVA. DÚ VIDA INSTAURADA.
APLICAÇÃ O DO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃ O QUE SE IMPÕ E. RECURSO PROVIDO.
1. No processo penal, a dúvida não pode militar em desfavor do réu, haja vista que a
condenação, como medida rigorosa e privativa de uma liberdade pública
constitucionalmente assegurada (Art. 5º, XV, LIV, LV, LVII e LXI, da CF), requer a
demonstraçã o cabal da autoria e materialidade, pressupostos autorizadores da
condenaçã o.
2. Na hipó tese de constarem nos autos elementos de prova que conduzam à dú vida acerca
da ocorrência do crime, a absolviçã o é medida que se impõ e, em observâ ncia ao princípio
do in dubio pro reo.
3. Recurso provido.
TJ-MG - Apelação Criminal APR 10145140035208001 MG (TJ-MG)
Data de publicaçã o: 24/03/2017
Ementa: EMENTA APELAÇÕ ES CRIMINAIS - RECURSO DEFENSIVO: CRIME DE
RESISTÊ NCIA - ABSOLVIÇÃO - NECESSIDADE - AUSÊNCIA DE PROVA - PRINCÍPIO DO IN
DUBIO PRO REO - ROUBOS - REDUÇÃ O DAS PENAS-BASE - POSSIBILIDADE - APELO
MINISTERIAL: PREPONDERÂ NCIA DA AGRAVANTE DA REINCIDÊ NCIA EM DETRIMENTO
DA ATENUANTE DA CONFISSÃ O ESPONTÂ NEA - VIABILIDADE - FIXAÇÃ O DA PENA DE
MULTA CONFORME O ARTIGO 72 DO CÓ DIGO PENAL - INVIABILIDADE -
RECONHECIMENTO DA CAUSA DE AUMENTO DA PENA DO EMPREGO DE ARMA -
POSSIBILIDADE. Se não houver prova segura e judicializada da prática do crime
descrito no artigo 329, caput, do Código Penal, é necessário absolver o acusado, pois
a dúvida o favorece, conforme o princípio do in dubio pro reo. Se quase todas as
circunstâ ncias judiciais do artigo 59 do Codex forem favorá veis ao réu, é necessá rio reduzir
as penas-base, mas nã o ao mínimo legal. É viá vel preponderar a agravante da reincidência
em detrimento da atenuante da confissã o espontâ nea se o réu for reincidente específico.
Conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o artigo 72 do Có digo Penal, que
prevê a aplicaçã o distinta e integral da pena pecuniá ria, se aplica somente nos casos de
concursos material e formal, afastada a incidência do referido artigo na hipó tese de crime
continuado (HC 221.782/RJ, REsp 909327/PR, REsp 858741/PR, HC 124398/SP, HC
120.522/MG, HC 95641/DF). O emprego de arma de brinquedo (réplica) no crime de roubo
caracteriza a majorante prevista no artigo 157, § 2º, inciso I, do Có digo Penal, uma vez que
reduz substancialmente a capacidade de resistência da vítima.
TJ-MT - Apelação APL 00079053020128110042 134331/2015 (TJ-MT)
Data de publicaçã o: 21/03/2017
Ementa: APELAÇÃ O CRIMINAL – TRÁ FICO DE ENTORPECENTES – CONDENAÇÃ O –
INCONFORMISMO DA DEFESA – ANELA A ABSOLVIÇÃ O OU A DESCLASSIFICAÇÃ O DA
IMPUTAÇÃ O PELO DELITO DE TRÁ FICO DE DROGAS PARA A DE PORTE DE
ENTORPECENTES PARA USO – PARCIAL POSSIBILIDADE – DESTINAÇÃ O MERCANTIL NÃ O
CABALMENTE CARACTERIZADA – INSUFICIÊ NCIA DE PROVAS ACERCA DA TRAFICÂ NCIA
– PRINCÍPIO DO “IN DUBIO PRO REO” – APELO PARCIALMENTE PROVIDO. Imperiosa a
desclassificaçã o da imputaçã o pelo delito de trá fico de drogas para o de porte de
entorpecentes para uso quando – a despeito do afastamento da instâ ncia por absolviçã o –
presentes dú vidas objetivas a respeito da destinaçã o mercantil da substâ ncia ilícita,
mormente diante de meras conjecturas, despidas de substrato probató rio e, pois, inidô neas
à comprovaçã o cristalina da traficâ ncia [in dubio pro reo!]. (Ap 134331/2015, DES.
ALBERTO FERREIRA DE SOUZA, SEGUNDA CÂ MARA CRIMINAL, Julgado em 15/03/2017,
Publicado no DJE 21/03/2017)
15 - Assim, considerando os mandamentos constantes dos articulados acima, além do
entendimento doutriná rio colacionado e da massiva jurisprudência que acolhe a
argumentaçã o defensiva e proclamada pelo juízo sentenciante, a manutençã o da absolviçã o
é medida que se impõ e, sob pena de violaçã o ao artigo 386, inciso VII, do CPP, que já segue
devidamente prequestionado, para fins de acesso à s vias recursais especiais, caso
necessá rio.
III – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer, respeitosamente à esta Colenda Câ mara Criminal, seja juntada a
presente petiçã o de contrarrazõ es de apelaçã o, para que, seja conhecido e ao final,
improvido o apelo ministerial, mantendo inalterada a sentença absolutó ria prolatada pelo
juízo a quo, em favor do apelado NOME DO APELADO, sob pena de violaçã o ao artigo 386,
inciso VII, do CPP.
Nestes termos,
Espera deferimento.
Rio Branco - AC, 06 de junho de 2017.
Fernando Henrique Schicovski
Advogado OAB/AC nº 4.780

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