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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA … VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE COLATINA /ES

Processo nº ...
Natureza: Ação penal/Apelação
Apelante: Ministério Público do Estado do Espírito Santo
Apelado: Cainho
Classe : Ação penal

CAINHO, já qualificado nos autos da ação penal em epígrafe que lhe move o
Ministério Público do Estado do Espírito Santo , por meio de seu Advogado que a esta
subscreve, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, em atenção à
interposição de recurso de apelação e apresentação das respectivas razões por parte do
Ministério Público, constante nos autos às fls. ...., à abertura de vista dos autos à defesa
(......) e com fulcro no artigo 600, caput, do Código de Processo Penal (CPP), requerer a
juntada das
CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO

Assim, requesta-se pelo seu recebimento, autuação e devido processamento, para que,
ao final, esta Câmara Criminal, usando de seu poder jurisdicional, conheça e dê total
improvimento ao apelo ministerial, mantendo, in totum, a sentença proferida pelo juízo
a quo de fls. ..., que absolveu o apelado do crime a ele imputado, consoante as razões
fáticas e jurídicas expostas a seguir e seguem em anexo requerendo que após a juntada
aos autos sejam remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Colatina, (data).

Assinatura do Adv/OAB/UF
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO

CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO

Processo de Origem nº ...

Vara de Origem: Vara Criminal da Comarca de Colatina/ES

Apelante: Ministério Público do Estado do Espírito Santo

Apelado: Cainho

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Senhores Julgadores .

Em que pese o árduo e reconhecido trabalho do órgão


ministerial, merece o apelo por este interposto, ser julgado totalmente improcedente,
mantendo-se irretocável a sentença absolutória encartada nos autos digitais às fls. ...,
conclusão esta a que chegará esta colenda câmara após análise da argumentação
defensiva que está a seguir:

1. BREVE RELATÓRIO DO FATOS

O MINISTÉRIO PÚBLICO ofereceu denúncia em face de


CAINHO, qualificado à folha ..., atribuindo-lhe a autoria do crime previsto no artigo
121, §2º, combinado com o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, relatando, em
síntese, que “no dia 14 de junho de 2010, por volta das ... horas, no evento acadêmico
(ComeCEI), no Município de Colantina-ES, Termo Judiciário desta Comarca de ..., o
ora denunciado, fazendo uso de uma ....., deferiu ....., na vitima CHIARETTI,,
produzindo-lhe as lesões corporais graves descritas no laudo pericial de fls. ....”.

Recebida a denúncia (fl....), o que se deu em .. de ... de ..., o


acusado foi citado por hora certa (fl. ...), entretanto deixou fluir o prazo in albis no qual
não compareceu para a audiência de interrogatório, justificado por estar ausente do país
, o qual apresentou a defesa prévia de folha .....

Em seguida, procedeu-se a fase instrutória, ocasião em que


foram inquiridas a vítima sobrevivente (fls. ...) e três testemunhas de acusação arroladas
na inicial acusatória (fls. ....) e duas testemunhas da defesa (Edilson e Thin), embora não
estivessem arroladas na Resposta à acusação.

Apresentadas as derradeiras alegações pelas partes (fls. ...),


sobreveio a sentença de impronúncia (fls. ....), baseando no depoimentos das
testemunhas e do acusado ,e por falta de exame de corpo delito , presente somente
boletim médico nos autos .
Irresignado, o apelante Ministério Público …. interpôs
recurso de apelação (fl. ...).

2. DO MÉRITO.

Insurge-se as em suas razões recursais (fls. ....), da


Apelante, que pleiteia a reforma da sentença proferida pelo Nobre Julgador, alegando :

A)O não reconhecimento das testemunhas de defesas, alegando que as mesmas não
estavam arroladas na inicial ; No Art. 209 do CPP. “O juiz, quando julgar necessário,
poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.”

B)Que o interrogatório deve ser sempre realizado ao final da AIJ , sob pena de
preclusão; Por fim, a exigência generalizada de esclarecimento prévio do teor dos
testemunhos, exigência esta que não se faz à acusação

C)Que o art. 77 da Lei 9.099/95 permite a utilização do boletim médico na


comprovação da materialidade do delito ( Lei 9,099/95 ) Juizados Especiais não tem
competência para julgamentos os crimes contra a vida no intuito de estabelecer
que são eles os da competência do Tribunal do Júri para julgamento ;

D)Que o reconhecimento pessoal é fonte segura do processo penal , Como meio de


prova, na fase do I.P., é uma prova produzida sem a ampla defesa e nem o
contraditório; logo, tem valor probatório relativo de acordo com art 226 paragrafo
único , necessitando ser ratificado tal reconhecimento na fase de ação penal. O
reconhecimento realizado em juízo tem valor de prova direta.

E)Violação do principio da identidade física por conta da AIJ ter sido presidida por
Arnaldo. Ressalta-se apenas que, mesmo que o juiz substituto promova julgamento
de processo que não instruiu, inexiste violação ao princípio da identidade física do
juiz se a decisão proferida por ele, no exercício regular da jurisdição, baseou-se
exclusivamente em prova testemunhal. Assim, foi decidido pelo STJ no REsp nº
831.190 - MG (2006/0076994-1), Rel. Min. Castro Meira, DJDF. 27/06/2006.

F)Pede, outrossim, à juntada da intercepção telefônica na razoes recursais indicando


diálogos entre suposto desentendimento entre Cainho e A Vitima, interceptado por
agentes públicos . É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal (artigo 5º, XII, CF/88).” Da lei
9296/96 Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza,
para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o
disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob
segredo de justiça. Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer
natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial
ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e
transcrições respectivas.

Isto porque, a pretensão de reforma pela Apelante não


merece prosperar. Veja bem Excelência, a culpabilidade é elemento indissociável da
punibilidade, uma vez que a sua consideração é pressuposto insuperável da pena da
própria configuração do delito, como destaca a doutrina especializada sobre o tema:

Havendo, pois, dúvida sobre a autoria, incerteza quanto à


participação do apelado no delito, deve esta corte abraçar-se ao princípio do favor rei,
para garantir a absolvição do apelado. Sobre o tema, vide lição de Nestor Távora e
Rosmar Rodrigues Alencar, em sua obra Curso de Direito Processual Penal, 11ª Edição,
Editora Juspodivm, págs. 87 e 88, in verbis:

“A dúvida sempre milita em favor do acusado (in


dubio pro reo). Em verdade, na ponderação entre o
direito de punir do Estado e o status libertatis do
imputado, este último deve prevalecer. Como
mencionado, este princípio mitiga, em parte, o
princípio da isonomia processual, o que se justifica
em razão do direito à liberdade envolvido – e dos
riscos advindos de eventual condenação
equivocada.

O art. 414 do Código de Processo Penal dispõe que o juiz


impronunciará o réu quando não existirem indícios suficientes da autoria. O indício que
há acenando para o réu é um indício deveras tênue, calcado no depoimento de
testemunhas e sem conexão direta com o fato delituoso, não assumindo nenhuma
aptidão para respaldar a submissão do réu ao Tribunal do Júri .

Ante as razões serenamente expostas pelo juízo


sentenciante para absolver o apelado, fica fácil compreender que no presente processo,
fora dada correta aplicação ao princípio do favor rei, estando perfeitamente subsumida
na hipótese em voga a ordem do artigo 386, inciso VII, do CPP, que indica a
necessidade de absolvição de qualquer acusado quando não houver provas suficientes
para a condenação.

Assim, depois de todo a argumentação proposta pela defesa


do apelante, não há outra saída à esta colenda câmara criminal senão manter a
absolvição do apelado, tendo em vista o mandamento previsto no artigo 386, inciso VII,
do Código de Processo Penal, que talha a seguinte regra:

Artigo 386, CPP – O juiz absolverá o réu,


mencionando a causa na parte dispositiva, desde que
reconheça: (...) – Omissis Inciso VII – não existir
prova suficiente para a condenação;

Neste contexto, o inciso VII, do art. 386, CPP, prevê como hipótese de absolvição do
réu a ausência de provas suficientes a corroborar a imputação formulada pelo órgão
acusador típica positivação do favor rei (também conhecido como favor inocentiae e
favor libertatis).”

Neste sentido também caminha a jurisprudência, conforme se verifica dos julgados


abaixo, todos com grifo da defesa:

TJ-MG - Apelação Criminal APR


10145140035208001 MG (TJ-MG) Data de
publicação: 24/03/2017 Ementa: EMENTA
APELAÇÕES CRIMINAIS - RECURSO
DEFENSIVO: CRIME DE RESISTÊNCIA -
ABSOLVIÇÃO - NECESSIDADE - AUSÊNCIA DE
PROVA - PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO -
ROUBOS - REDUÇÃO DAS PENAS-BASE -
POSSIBILIDADE - APELO MINISTERIAL:
PREPONDERÂNCIA DA AGRAVANTE DA
REINCIDÊNCIA EM DETRIMENTO DA
ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA -
VIABILIDADE - FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA
CONFORME O ARTIGO 72 DO CÓDIGO PENAL -
INVIABILIDADE - RECONHECIMENTO DA
CAUSA DE AUMENTO DA PENA DO EMPREGO
DE ARMA - POSSIBILIDADE. Se não houver prova
segura e judicializada da prática do crime descrito no
artigo 329, caput, do Código Penal, é necessário
absolver o acusado, pois a dúvida o favorece,
conforme o princípio do in dubio pro reo. Se quase
todas as circunstâncias judiciais do artigo 59 do
Codex forem favoráveis ao réu, é necessário reduzir
as penas-base, mas não ao mínimo legal. É viável
preponderar a agravante da reincidência em
detrimento da atenuante da confissão espontânea se o
réu for reincidente específico. Conforme
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o
artigo 72 do Código Penal, que prevê a aplicação
distinta e integral da pena pecuniária, se aplica
somente nos casos de concursos material e formal,
afastada a incidência do referido artigo na hipótese de
crime continuado (HC 221.782/RJ, REsp 909327/PR,
REsp 858741/PR, HC 124398/SP, HC 120.522/MG,
HC 95641/DF). O emprego de arma de brinquedo
(réplica) no crime de roubo caracteriza a majorante
prevista no artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal,
uma vez que reduz substancialmente a capacidade de
resistência da vítima.

Assim, considerando os mandamentos constantes dos articulados acima, além do


entendimento doutrinário colacionado e da massiva jurisprudência que acolhe a
argumentação defensiva e proclamada pelo juízo sentenciante, a manutenção da
absolvição é medida que se impõe, sob pena de violação ao artigo 386, inciso VII, do
CPP, que já segue devidamente prequestionado, para fins de acesso às vias recursais
especiais, caso necessário.
DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer, respeitosamente à esta Colenda Câmara Criminal, seja juntada a
presente petição de contrarrazões de apelação, para que, seja conhecido e ao final,
improvido o apelo ministerial, mantendo inalterada a sentença absolutória prolatada
pelo juízo a quo, em favor do apelado CAINHO, sob pena de violação ao artigo 386,
inciso VII, do CPP.

Nestes termos, Espera deferimento

Local , data

Advogado /OAB/UF

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