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EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) DR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE BRAGANÇA PAULISTA/SP

MARCOS RICARDO, brasileiro, divorciado, funileiro, portador da cédula de


identidade nº 43.099.678-SS, CPF nº 365.520.638-06, residente e domiciliado à
Avenida Dr. Coriolano Burgos, nº 930, Jardim São Lourenço, CEP 13904-150 em
Bragança Paulista, por seus procuradores que esta subscrevem, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência ajuizar a presente AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAS C.C DANO MORAL E LUCROS
CESSANTES em face CONDOMÍNIO na pessoa do síndico, representante, MIGUEL
ABRELL, residente e domiciliado à Avenida Europa, nº 1.028 (Serralheria Silmara),
Jardim Silmara, CEP 13905-100 em Bragança Paulista, pelos fatos e fundamentos
a seguir expostos.

I – DA SINTESE DOS FATOS

O AUTOR, em 3 de janeiro de 2022, por volta das 8


horas da manhã, estacionou seu carro em frente a um prédio na cidade de
Bragança Paulista, para poder ir até a farmácia que se encontrava no final da rua.

Por volta das 8:20 da manhã, o autor voltou para seu


carro, a fim de continuar com sua rotina diária, contudo, se surpreendeu ao ver
um vaso de flor em cima de seu para-brisa e um dano na lateral de seu carro, de
modo que soube que referido vaso caiu do prédio.

O automóvel era importado, de modo que seu reparo


foi custoso, e não pôde ser coberto pelo seguro, totalizando um dano de
R$10.000,00 dez mil reais, cujo valor foi pago pelo Autor e demorou cerca de 10
(dez) meses.
Como dependia do seu automóvel para trabalhar e
sustentar suas despesas, Marcos teve que alugar um carro, como substituição de
seu veículo, o que totalizou um prejuízo de R$ 30.000,00 trinta mil reais.

O Autor tentou diversas vezes resolver o conflito,


contudo, não obteve êxito, de modo que sua única alternativa é se socorrer ao
judiciário.

II) DO DIREITO

II. A DO DANO MATERIAL

Do ato ilícito

Primacialmente, cumpre anotar o disposto no art. 186


do Código Civil, no que tange à configuração do ato ilícito:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.”

Ora, fácil é perceber, que a conduta do RÉU se


enquadra perfeitamente nas disposições deste artigo, já que ao deixar seu vaso de
flor na janela sabendo que é proibido, agiu negligentemente, sendo inegável,
portanto, a existência do ato ilícito.

Da responsabilidade civil

Desta feita, restando plenamente configurado o ato


ilícito e sendo inderrogável a responsabilidade do RÉU, revela-se de suma
importância anotar as disposições do Código Civil, no que respeita à obrigação de
indenizar.

“Art. 927.Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.”

A partir do acidente sofrido pelo AUTOR, fica clara a


culpa do condomínio, ante a conduta de terem colocado um vaso onde poderia
cair, e inclusive, acertar algum pedestre que passasse pelo local, e por não ter lhe
dado um suporte para o ocorrido, o que gerou um dano que persiste, pois até
hoje não conseguiu se reestruturar financeiramente.

Ademais, cumpre analisar o art. 938 do Código Civil,


que dispõe acerca da responsabilidade em razão das coisas caídas de prédio.

“Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele,


responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.”

Não restam dúvidas de que o RÉU deve ser


responsabilizado pela conduta negligente, uma vez que não agiu com o devido
respaldo e por sua vez com suas obrigações de condomínio, acabou por causar
prejuízo de ordem material ao AUTOR.

Desta feita, patente é o descumprimento de referida


obrigação, eis que o RÉU não agiu com dever reparação a que está obrigado,
tendo o condomínio se negado a ajuda-lo quando aconteceu o ocorrido. Fato que
teve como resultado esse acidente que prejudicou o AUTOR.

II. B DO DANO MORAL

A moral é reconhecida como bem jurídico, abarcada


sua proteção por vários diplomas legais, inclusive na Constituição Federal em seu
artigo 5º, X, também o Código Civil em seus artigos 186 e 187:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito. ” (Grifei) ”
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.” (grifei)
O legislador brilhantemente previu, no texto
normativo, a situação descrita no presente caso, ou seja, a responsabilidade civil
oriunda do ato cometido pelo réu.

A aplicabilidade do dispositivo supracitado se dá


mediante ação do réu em dar causa ao prejuízo suportado pelo autor, e pela
negligência em reparar mencionado dano de maneira amigável.

Como evidenciado na síntese fática, o autor sofreu


danos morais pois ficou 10 meses sem seu veículo, além de ter que se desdobrar
para poder trabalhar, vez que, conforme já evidenciado, se utilizava de seu veiculo
para realizar suas atividades laborativas, e o condomínio nunca se prontificou a
cooperar com o ocorrido.

Não bastasse o prejuízo ante a falta de pagamento do


réu, o autor está sofrendo e enfrentando dificuldades, pois com o valor que
desembolsou está enfrentando prejuízos financeiros, sendo assim, prejudicando
na sua qualidade de vida.

O dano moral prescinde de prova, basta a observação


da ocorrência do fato danoso que ocasiona sofrimento.

A doutrina e a jurisprudência entendem que a


compensação pelo dano moral deve ter caráter dúplice, tanto punitivo do agente
quanto compensatório em relação à vítima.

Desse modo, configurado o ato ilícito haja vista a


violação à integridade física do autor, nada resta ao réu, senão, reparar os danos
de natureza moral como prevê a legislação:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. ” (grifei)

Por derradeiro não restam dúvidas quanto ao abalo à


esfera moral do autor que teve sua imagem e sua vida atingidas e quanto à
conduta ilícita do réu, requerendo portanto a condenação deste a indenização
pelo dano moral no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
III. C DO LUCROS CESSANTES

Como é sábio, ‘’as perdas e danos devidas ao credor


abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de
lucrar’’(art. 402 C.C.). O autor além de todo prejuízo suportado teve que perdeu
um valor altíssimo, pois teve que desembolsar para poder trabalhar R$
30.000,00 com aluguel de outro veículo, perdendo parte de seu patrimônio.

A propósito, em caso semelhante, tribunais de Justiça


entendem que esses valores devem ser reembolsados,veja:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR LUCROS CESSANTES-


ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO – RÉ –
LITISDENUNCIADA – PRELIMINAR – CERCEAMENTO
DE DEFESA - REJEITADA – MÉRITO – COMPROVAÇÃO
DOS LUCROS CESSANTES – VALOR A SER APURADO
EM LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM. [...]
3. O art. 402, do Código Civil/2022 prevê que ‘’salvo
as exceções expressamente prevista em lei, as perdas
e danos devidas ao credor abrangem, além do que
ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou
de lucrar’’. 4. Na espécie, estão demonstrados os
lucros cessantes, pois a autora-recorrida comprova
que é empresa no ramo de transporte rodoviário de
cargas, portanto, os danos no caminhão envolvidos
no acidente tiveram que ser reparados, e, durante o
período de conserto, o automóvel ficou
impossibilitado de ser utilizado nas atividades da
empresa, o que acarreta prejuízo financeiros. 5. Não
há como reduzir ou abater valores da indenização
será apurado através de liquidação pelo
procedimento comum. 6 Apelação conhecida e não
provida, com majoração dos honorários de
sucumbência’’. (TJ-MS – AC: XXXXX20168120002 MS
XXXXX-47.2016.8.12.0002, Relator: Dês. Paulo Alberto
de Oliveira, Data de Julgamento: 31/07/2019, 3º
Câmara Cível, Data de Publicação; 05/08/2019
(Destaque nosso).
Desse modo, ante todo o exposto e documentos que
seguem, resta configurado a perda material suportada pelo autor, o que requer, a
condenação do réu ao reembolso no importe de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

III – DOS PEDIDOS.

Ante o exposto, requer que a presente ação seja


recebida, tenha seu regular processamento e seja JULGADA PROCEDENTE para:

a) Condenar o Réu ao pagamento do valor de R$


10.000,00 (dez mil reais), referente a indenização pelo veículo danificado,
devidamente atualizado com juros e atualização monetária;

b) Condenar o Réu ao pagamento a título de reparação


pelo dano moral suportado pelo autor o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

c) Condenar o Réu ao pagamento a título de perdas e


danos o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), pelo tempo de uso do automóvel
alugado.

d) a citação do réu para que, querendo, apresente


contestação sob pena de revelia;

Protesta provar o alegado por todos os meios de


prova em direito admitidos

e) Condenação do réu ao pagamento das custas e


honorários advocatícios, nos termos do Art 20º do Código de Processo Civil.

Valor da causa: R$ 50.000,00 (Cinquenta mil reais).

Termos em que, pede deferimento.


Amparo, 16 de novembro de 2022

LETICIA APARECIDA MICHELINE OAB/SP 202202748


ANA BEATRIZ BARBOSA SANTOS OAB/SP 202223179
ANA CLARA DE SOUZA TOLEDO OAB/SP 202205450
LUIZA DE GODOY FRANCO OAB/SP 202205729

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