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EXMO SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE


BOM JARDIM/RJ

ROCHA MEDEIROS, brasileiro, solteiro, agrônomo, portador da cédula de identidade


RG n. 15.524.565 e inscrito no CPF sob o n. nº115.765.457-68, usuário do endereço
eletrônico rochamedeiros@gmail.com, residente na Rua das flores, nº 58, Bairro Portal
do Cerrado, CEP: 38300-056 , nesta comarca de Bom Jardim/RJ , vem,
respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado que esta subscreve, com escritório
em Rua 34, nº 258, 5º andar, Bairro Centro, CEP: 38300-025, Bom Jardim/RG, com
base no art. 186 do Código Civil (CC) e demais dispositivos aplicáveis à espécie, propor
a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANO MATERIAL E MORAL EM
RAZÃO DE FALTA DE ATENDIMENTO PRESTADO em face da Empresa aérea
Mundo LTDA inscrita no CNPJ sob o nº 10. 856. 589/0001-02, localizada na Rua das
Hortênsias, número 252, Centro, CEP 38.3002-658, na cidade de Bom Jardim, pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos.

I – DOS FATOS

Na data de 02/02/2021, o Sr. Rocha Medeiros procurou a referida empresa para adquirir
as passagens aéreas de uma viagem importante com destino a Portugal em que iria
prestar um concurso, segue em anexo o comprovante de inscrição e de pagamento do
referido concurso público. O valor das passagens de ida e volta totalizou R$4000.00,
conforme segue em anexo a comprovação dos bilhetes aéreos. Ao chegar no Aeroporto do
Rio de Janeiro devidamente no horário para realizar o check-in da viagem que partiria às
08:00h do dia 02/02/2021, o autor de pronto se depara com o cancelamento de seu voo que
transformaria aquela viagem em um verdadeiro pesadelo. Ao se deslocar para o guichê da
Companhia Aérea a única solução cabível e ofertada pela empresa seria de embarcar no
dia seguinte, chegando ao seu destino final apenas 48 horas depois do contratado. Ora,
Douto Magistrado, os horários contratados pelo consumidor com intuito de usufruir dos
serviços de uma companhia aérea são previamente pactuados a fim de satisfazer os
horários e compromissos daquele que contrata. Pois bem, devida essa falha na prestação do
serviço, o autor não só perdeu um dia inteiro de uma viagem que já era curta, ficando
trancafiado dentro de um hotel, como perdeu a chance da realização de um concurso
público. Portanto, ao analisar o caso em tela, é clara a falha na prestação de serviço por
parte da requerida frente ao descaso com a consumidora, que não viu outra alternativa a
não ser ingressar com a presente demanda judicial.

II – DO DIREITO
Da aplicação do código de defesa do consumidor o art. 2º do Código de Defesa do
Consumidor estabelece que “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final” e o art. 3º complementa: “É fornecedor
toda pessoa física ou jurídica pública ou privada, nacional ou estrangeira, (.), montagem,
criação, construção, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviço
s.”

Da inversão do ônus da prova


Estabelece o art. 6º da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990, a inversão do ônus da
prova em favor do consumidor: “Art. 6º – São direitos básicos do consumidor:(…) VIII – a
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for
ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; ”

Da responsabilidade civil objetiva do transportador

Primeiramente, merece destaque a responsabilidade civil por parte da empresa Ré no


presente caso, uma vez que, pela atividade que exerce, esta deve arcar com os danos
sofridos pelos seus consumidores, independente de dolo ou culpa, quando forem situações
inerentes ao seu serviço. É o que se aduz da leitura do art. 734 do Código Civil, sem
prejuízo da regra estampada no Código de Defesa do Consumidor., vejamos: “Art. 734. O
transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens,
salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da
responsabilidade”. Fundamentando, ainda, o que fora supracitado, dispõe o Código de
Defesa do Consumidor: “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos”. Assim, verifica-se no presente caso, que o fato
está devidamente comprovado nos autos com os bilhetes eletrônicos do voo original, bem
como a configuração de defeitos relativos à prestação de serviços por parte da empresa
aérea, no que tange ao transporte dos passageiros. A partir do momento que a empresa
falha no transporte dos passageiros, cancelando o voo, gera danos diversos ao consumidor,
como estresse, preocupação, gastos extras que não estavam previstos, bem como o prejuízo
principal que é a não chegada em tempo hábil no local de interesse para a realização do
concurso público. Ou seja, a ré deve se responsabilizar pelo constrangimento
experimentado pelo consumidor. Isso se dá pelo fato de que o cliente, ao viajar pela
empresa, espera chegar e partir nos horários previstos, além de usufruir da empresa um
serviço que ela realmente tenha capacidade de ofertar e não se desgastar além do esperado
com a viagem, o que não ocorreu com o autor. Ressalta-se, por tanto, a Teoria Do Risco
Da Atividade, conforme disposição supracitada do CDC, em que o fornecedor responde
independentemente de culpa por qualquer dano causado ao consumidor, pois, por esta
teoria, este deve assumir o dano em razão da atividade que realiza, como ensina Cavalieri:
“Uma das teorias que procuram justificar a responsabilidade objetiva é a teoria do risco do
negócio. Para esta teoria, toda pessoa que exerce alguma atividade cria um risco de dano
para terceiros. E deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa”.
Por fim, o subjetivismo não é importante quando tratamos de questões sobre relação de
consumo, uma vez que não faz parte dos critérios determinantes no momento de se
condenar à reparação do dano, já que não interessa se houve ou não a pretensão de lesar,
sendo suficiente apenas a existência do prejuízo e, por isso, o causador é obrigado a repará-
lo.

DO DANO MORAL

A obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada na Constituição Federal,


precisamente em seu art.5°, onde a todo cidadão “assegurado o direito de resposta,
proporcionalmente ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou
imagem” (inciso V) e também pelo seu inciso X, onde “são invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação”. Como anteriormente disposto, pode-
se verificar a obrigação da Ré em reparar pelos danos sofridos pelo autor, uma vez que o
prejuízo moral sofrido por esta se deu em virtude da comprovada conduta ilícita praticada
pela requerida. Fundamentando o direito incontroverso objeto desta lide, cita-se o art. 186
e art. 187 do Código Civil: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular
de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. Em conjunto com as
disposições supracitadas, temos o art. 927 do mesmo código em que se verifica a
responsabilidade de indenizar, por parte da Ré, por estes atos ilícitos praticados, qual seja:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. De acordo
com as disposições normativas acima, a Ré, no presente caso, tem o dever de indenizar os
danos morais sofridos pelo autor, uma vez que, sem justificativa plausível (mediante
analise de outros casos) cancelou o voo inicial, e realocando o passageiro em outro voo
apenas 24 horas depois do pactuado. Portanto, falhou na prestação de serviços,
favorecendo o abalo íntimo sofrido pela parte requerente. Nesse sentido, em casos
semelhantes, tem se manifestado a jurisprudência pátria pelo cabimento dos danos morais:
TRANSPORTE AÉREO. CANCELAMENTO E ATRASO DE VOO. DANOS
MORAIS. JUROS MORATÓRIOS. Verificada falha na prestação do serviço e ausente
qualquer excludente de responsabilidade, deve ser mantida a sentença pela procedência do
pedido por danos morais. Tratando-se de responsabilidade contratual, a incidência dos
juros moratórios é desde a citação. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.
(Apelação Cível Nº 70049126691, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Bayard Ney de Freitas Barcellos, Julgado em 15/08/2012)
Desconstrói, então, a justificativa das empresas de se recusarem a pagar indenizações de
cunho moral, impondo, em seguida, a importância desse tipo de compensação, tanto como
forma de reparar danos de foro íntimo experimentados pelos que são lesados, como
também um meio de compelir os contraventores a não minimizar seus reiterados atos
ilícitos praticados.

III – DA OPÇÃO PELA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO


Em atenção ao art. 319, VII, do CPC, e demais dispositivos cabíveis, o autor manifesta
seu interesse na realização de sessão de conciliação, com objetivo de buscar uma
solução consensual para o litígio. Usando a faculdade indicada na lei processual, o autor
sugere que o conciliador seja o Sr. Rodolfo Guimarães, casado, engenheiro, portador da
cédula de identidade RG n 15.356.258 e inscrito no CPF sob o n.112.356.325.89,
endereço eletrônico rodolfoguimaraes@gmail.com, residente em (Rua das Rosas, n.358,
bairro Portal dos Ipês, CEP 38320.322, integrante do corpo de conciliadores do Tribunal
nos termos do art. 168, § 1º, do CPC/2015,22 em caso de concordância da ré.

IV – DO PEDIDO, DOS REQUERIMENTOS E DO VALOR DA CAUSA


Diante do exposto, requerer à V. Exc.:

a. A citação da Ré para que compareça à Audiência de Conciliação, sob pena de


revelia e consequente condenação;
b. Se inexistir acordo, seja designada Audiência de Instrução e Julgamento,
intimando-se a ré para se quiser, oferecer contestação;
c. Seja julgada pela TOTAL PROCEDÊNCIA do pedido aqui formulado,
ensejando o pagamento de indenização por danos morais e materiais pela falha na
prestação de serviços da Ré e o caráter PUNITIVO e PEDAGÓGICO quanto ao
arbitramento do valor da indenização, em importância pecuniária a ser arbitrada
por Vossa Excelência, devidamente atualizada com correção monetária e juros de
mora desde a data do evento danoso (Súmula 54 do STJ), ambos até a data do
efetivo pagamento.;
d. Requer a aplicação das regras esculpidas no Código de Defesa do Consumidor,
com a inversão do ônus da prova (art. 6º, VI) e a responsabilização objetiva da
Ré.
e. Condenação da requerida no pagamento de honorários advocatícios, sugerindo-se o
percentual de 20% e custas processuais com base no art. 20, §4º do CPC, em caso
de recurso.
A juntada de documentos novos a qualquer tempo, de acordo com o art. 397 do Código de
Processo Civil.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Nestes termos,


Pede e espera deferimento.
Bom Jardim, 26 de fevereiro de 2021.

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Dr. José Sombra – OAB Nº43.222

DOCUMENTOS QUE INSTRUEM NESTA INICIAL


1) Procuração;
2) Guias de recolhimento de custas (taxa mandato, taxa judiciária e despesas de
correio);
3) Cartões de embarque em anexo.
4) Comprovante de pagamento de inscrição em concurso público.

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