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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE CUIABÁ/MT

Autos nº. <DIGITE AQUI O NÚMERO DO PROCESSO>


Recorrente: <DIGITE AQUI O SEU NOME COMPLETO>
Recorrida: AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A

<DIGITE AQUI O SEU NOME COMPLETO>,


devidamente qualificado nos autos de AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS que promove contra a AZUL LINHAS
AÉREAS BRASILEIRAS S.A, pessoa jurídica de direito privado, também já
qualificada nos autos, vem perante a Ilustre Presença de Vossa Excelência
apresentar RECURSO INOMINADO, postulando que seja dado provimento ao
recurso para reformar a r. sentença de mérito, conforme fundamentos de fato
e de direito a seguir expostos.

Requer o processamento do feito independentemente de


preparo, requerendo os benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 do
CPC e Lei 1.060/50.

Cuiabá/MT, <DIGITE AQUI A DATA>.

ADVOGADO
OAB/UF

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RECURSO INOMINADO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Processo n°. <DIGITE AQUI O NÚMERO DO PROCESSO>
Juizado Especial Cível da Comarca de Cuiabá/MT
Ação de Indenização Por Danos Morais

<DIGITE AQUI O SEU NOME COMPLETO> (RECORRENTE)

AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S.A (RECORRIDA)

EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO ESTADO DE MATO GROSSO

EMINENTE JUIZ RELATOR

COLENDA TURMA

–I–
PREÂMBULO

Pese, embora, as distintas razões expendidas pelo MM.


Juiz de Primeira Instância, não merece prosperar a r. sentença de mérito que
julgou totalmente improcedentes os pedidos da inicial, merecendo reforma a
fim de que a Requerida seja condenada ao pagamento de indenização por
danos materiais e morais, conforme fundamentos a seguir expostos.

Com efeito, nada mais cristalino.

– II –
SÍNTESE DOS FATOS E DA SENTENÇA

Trata-se de Ação de Indenização Por Danos Morais onde a


Requerente postula indenização por danos morais no valor de R$ 15.000,00
(quinze mil reais) em razão de cancelamento de voo.

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A Requerente adquiriu um bilhete de viagem para o dia
08 de outubro de 2020, com a empresa Requerida, saindo de Cuiabá/MT às
17:10 horas, com destino a cidade de Campo Grande/MS e previsão de
chegada às 18:15 horas.

Ocorre que após uma espera de 2 (duas) horas para o


embarque em Cuiabá prevista para 17:10 horas, os passageiros foram
mantidos por aproximadamente 30 minutos em espera dentro da aeronave
sem nenhuma informação sobre o que estava acontecendo.

Ato contínuo, a Requerida AZUL LINHAS AÉREAS


BRASILEIRAS S/A solicitou o desembarque de todos os passageiros e
encaminhou-os para uma sala de espera, onde permaneceram sem poder
sair e sem serem informados dos motivos de não terem embarcado para a
cidade de Campo Grande/MS.

Então somente às 20:45 horas a empresa Requerida


informou a todos sobre a situação de atraso e do voo, tendo sido a
Requerente e os demais passageiros para um hotel, a fim de pernoitar na
cidade de Cuiabá/MT.

Antes de ser a Requente encaminhada para um hotel,


após a espera desde as 17:10 horas até as 20:45 horas, ou seja, após
quase 4 (quatro) horas de espera, foi informada que seu voo havia sido
remarcado para a manhã do dia seguinte, ou seja, dia 09 de outubro às
09:40 horas.

Em sede de contestação, a Requerida afirmou que a


Requerente não compareceu para embarque no dia seguinte (no-show) e que
tais fatores seriam suficientes para afastar o dever de indenizar.

A sentença de mérito julgou totalmente improcedentes os


pedidos da inicial sob alegação de que a conduta da Requerida não
configurou ato ilícito, não passando de mero aborrecimento para a
Requerente.

– III –
DAS RAZÕES DE RECURSO INOMINADO
01. DAS ALEGAÇÕES DE NÃO COMPARECIMENTO
PARA EMBARQUE (NO-SHOW)

Inicialmente cumpre-nos informar que as alegações de no-


show por parte da Requerente não são suficientes para afastar o dever de
indenizar.

Em verdade, a partir da informação de que o voo seria


remarcado somente para o dia seguinte de manhã a Requerente decidiu não

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embarcar pois não chegaria a tempo para compromisso que teria na cidade
de Campo Grande/MT.

Desta forma, a Requerente solicitou reembolso do valor


pago, ao passo que não havia sentido em viajar, tendo em vista que o
compromisso que teria na cidade de destino havia sido frustrado em razão da
alteração do voo para o dia seguinte.

Assim, não merecem prosperar as alegações da Requerida


no sentido de que o não comparecimento para embarque pela Requerente
afastaria o dever de indenização, uma vez que está configurado o dano,
sendo desnecessária a sua prova, tendo em vista a responsabilidade objetiva
das empresas prestadoras de serviços.

02. DA RESPONSABILIDADE CIVIL


OBJETIVA DO FORNECEDOR

A Constituição Federal consagrou o direito do consumidor


como norma de ordem pública, vejamos:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor”.

Neste caso, trata-se de nítida violação de relação de


consumo, trazida pelo Código de Defesa do Consumidor, considerando que a
Requerida é fornecedora de serviços, conforme art. 3°, § 2°, da Lei de
Proteção das Relações de Consumo:

“Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública


ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de


consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista”.

Veja Excelência, a Requerida AZUL LINHAS AÉREAS


BRASILEIRAS S/A não cumpriu suas obrigações como fornecedora de
serviços, qual era, transportar a Requerente, na qualidade de passageira, ao
seu destino contratado no horário previsto.

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Além disso, o caput do art. 14 do Código de Defesa do
Consumidor assegura que independente de culpa do fornecedor, o mesmo
tem a responsabilidade de arcar com os prejuízos causados com a falha na
prestação dos serviços, acolhendo desse modo também, os postulados da
responsabilidade civil objetiva:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança


que o consumidor dele pode esperar, levando-se em
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I – o modo de seu fornecimento”.

Portanto, é indiscutível que a empresa Requerida AZUL


LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS S/A agiu com total negligência e descaso,
configurando má prestação de serviços, causando assim danos materiais e
morais à Requerente, a ser indenizados conforme requeridos na presente
ação.

03. DA VERIFICAÇÃO DE DANOS MORAIS

No que consta sobre o direito da Requerente de reparação


dos danos morais, tal possibilidade está amplamente assegurada na
Constituição Federal de 1988:

“Art. 5º (..)
X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização
por dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Deste modo, não se pode deixar de mencionar as


consequências advindas do dano moral, qual sejam o aborrecimento,
desgosto e a insatisfação, vinculadas nesse caso com a frustração de
compromissos comerciais assumidos previamente pela Requerente, além da
negligência na prestação de assistência devida pela Requerida.

Neste sentido, pode-se observar o art. 186 do Código Civil:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

No mesmo sentido, o Código Civil traz expressamente nos


artigos 927 e 944, o dever de o lesante indenizar o lesado, e extensão da
indenização do dano, em consequência de seu ato ilícito, respectivamente:

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“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem”.

“Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização”.

Ademais, evidenciado o dever de indenizar a Requerente, é


importante enfatizar os objetivos do dano moral, quais sejam, primeiramente
a finalidade reparatória, onde através de um valor pecuniário, busca-se
amenizar os abalos psicológicos sofridos pelo lesado.

De acordo com a narração dos fatos Excelência, se


mostrou evidente os danos morais causados pela Requerida AZUL LINHAS
AÉREAS BRASILEIRAS S/A à Requerente.

Nesse sentido aduz o doutrinador tão respeitado, Carlos


Alberto Bittar:

"Havendo dano, produzido injustamente na esfera alheia,


surge à necessidade de reparação, como imposição
natural da vida em sociedade e, exatamente, para a sua
própria existência e o desenvolvimento normal das
potencialidades de cada ente personalizado. É que
investidas ilícitas ou antijurídicas ou circuito de bens ou de
valores alheios perturbam o fluxo tranquilo das relações
sociais, exigindo, em contraponto, as reações que o Direito
engendra e formula para a restauração do equilíbrio
rompido.” (Carlos Alberto Bittar).

Não pretende a Requerente obter lucro algum com esta


indenização, deseja somente a reparação moral pelo dano sofrido com o
descaso na prestação devida de serviço por parte da Requerida.

A existência do dano moral no caso em questão é clara,


considerando a frustração e o desprazer em que foi injustamente submetido a
Requerente durante a negligência da Requerida na prestação do serviço de
transporte aéreo.

E, ainda, como caráter sancionatório da indenização, onde


deve ser arbitrado valor suficiente para que o lesante seja punido pelo ato
ilícito praticado, e por fim a finalidade pedagógica, que visa coibir reiterações
de condutas ilícitas similares.

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Todos sabemos que é impossível definir o sofrimento,
constrangimento e a depreciação sofridas pela pessoa que tem seus direitos
violados e sem dispor de qualquer reparação pela parte da Requerida, porém,
não se pode deixar de fixar indenização contra quem violou a esfera moral da
Requerente.

Os danos morais devem servir para amenizar o sofrimento


e os aborrecimentos sofridos, oriundos da conduta daquele que perpetrou o
dano. Ainda como função social do dano moral, deve este servir de punição
para que o agressor reflita sobre sua conduta e não mais torne a repeti-la
perante a sociedade.

Diante de todo o exposto e os documentos que


acompanham esta ação de indenização, e levando-se em conta a função
reparatória, sancionatória e pedagógica dos danos morais, o valor justo para a
indenização pelo ocorrido é de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), visto que
prioriza o dano moral sofrido, a punição necessária e a esperança de não
voltar a praticá-lo.

– IV –
DOS REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, a Requerente <DIGITE AQUI O


SEU NOME COMPLETO> requer de Vossa Excelência:

a) que seja conhecido e provido o Recurso Inominado,


para reformar a r. sentença de mérito e condenar a Requerida AZUL LINHAS
AÉREAS BRASILEIRAS S.A ao pagamento de indenização por danos
morais no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), ou, sendo diverso o
entendimento, noutro valor a ser fixado segundo o sábio e descortino critério
deste(a) Emérito(a) Julgador(a), levando-se em conta os parâmetros
doutrinários e jurisprudências sobre o tema.

Requer, por fim, a concessão dos benefícios da justiça


gratuita, nos termos do art. 98 do CPC e Lei 1.060/50.

Termos em que pede deferimento.

Cuiabá/MT, <DIGITE AQUI A DATA>.

ADVOGADO
OAB/UF

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