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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE NUPORANGA, ESTADO DE SÃO


PAULO.

AUTORA, vem, respeitosamente, perante Vossa


Excelência, atuando em causa própria nos termos do artigo 106, do CPC,
propor a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA


ANTECIPADA C.C INDENIZAÇÃO CIVIL

Em face de a HURB TECHNOLOGIES S.A.


(DORAVANTE “HURB”), inscrita no CNPJ sob o n. 12.954.744/0001-24, com
sede na Avenida João Cabral de Melo Neto, n. 400, 7º Andar, Barra da Tijuca,
CEP 22.775-057, estado do Rio de Janeiro, pelos motivos e fatos que passa a
expor.

I – DOS FATOS

No dia 19 de setembro de 2022, a autora efetuou a


compra de 3 (três) pacotes de viagem para Jericoacoara – 2023 e 2024, que
contempla passagens aéreas de ida e volta e hospedagem com 4 diárias, no
valor total de R$ 2517,00:
Logo após ter realizado o pagamento dos pacotes, a
requerida enviou e-mail confirmando a compra e solicitando o preenchimento
do formulário de indicação de três datas de interesse para a viagem.

Conforme se nota no e-mail anexo, as datas sugeridas


pela autora foram: 08/09/2023, 18/09/2023 ou 27/09/2023.

A ré, por sua vez, comprometeu-se, em até 45


(quarenta e cinco) dias antes da primeira data indicada, a: (i) informar em qual
das três datas indicadas seria realizada a viagem; e (ii) fornecer todas as
informações referentes ao voo, embarque/desembarque e hotel contratado.

Ocorre, no entanto, que ao vencer esse prazo, a


empresa enviou um comunicado, solicitando a alteração das datas sugeridas,
tendo em vista a indisponibilidade do tarifário promocional:
No entanto, o que era um sonho, tornou-se um
pesadelo, eis que foram divulgadas na mídia várias notícias com reclamações
de consumidores que não tiveram o serviço contratado prestado pela empresa,
que estava há tempos adiando o cumprimento das viagens que vendia,
inclusive, a mesma está sendo investigada pelo Ministério Público do Rio de
Janeiro:

Não se tratava de mera expectativa, eis que o pacote


foi adquirido com antecedência de 1 (um) ano e tudo já estaria programado
para que a vigem fosse realizada, sendo que a parte e sua família
PROGRAMARAM suas férias para o período de setembro do presente ano.

Irresignada, a autora ainda tentou entrar em contato


com a Hurb, para entender eventuais problemáticas existentes na relação de
consumo, chegando a solicitar o cancelamento.

No entanto, a ré não respondeu às suas missivas, não


tendo, até a data da propositura da presente ação, cumprido com sua parte no
acordo: de cumprir com a oferta ou de devolver o valor integralmente pago.
Eis a síntese necessária.

2. DO DIREITO
2.1. DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do art. 300 do Código de Processo Civil, a


tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

Nesse sentido, e com base no caso em análise, é


evidente o direito da autora à concessão da tutela de urgência, uma vez que
preenchem os requisitos do perigo de dano, ou periculum in mora e a
probabilidade do direito, ou fumus boni iuris, como ficará provado.

A probabilidade do direito reside no fato de que as


datas para emissão dos bilhetes aéreos foi unilateralmente definido pela
requerida e ela não está cumprindo o prazo estipulado pela mesma!!!

Ou seja, a Autora comprou os 03 (três) pacotes de


viagens, pagou por eles, cumpriu sua parte no contrato e a ré deveria ter
emitido os bilhetes aéreos até 26/07/2023, NÃO O FEZ, descumprindo o
contrato.

Se não for compelida a fazê-lo Excelência, certamente


ela não fará, colocando o consumidor em extremo prejuízo.

O perigo na demora também é evidente, tendo em


vista as inúmeras ações judiciais pelos descumprimentos, bem como pela
crise da empresa, além da abertura de inquérito policial pelo Ministério
Público do Rio de Janeiro, para investigar a Requerida por conta de possíveis
crimes.
Dessa forma, comprovados o direito da autora e o
perigo da demora, haja vista que a primeira data do formulário é 08/09/2023,
o deferimento da liminar é medida necessária, posto que é direito do
consumidor o cumprimento da obrigação, o que desde já se requer.

2.2. DA APLICABILIDADE DO CDC

Não há dúvidas de que a relação jurídica formada entre


as partes é de consumo, sendo aplicável a esta demanda, para todos os
efeitos, o Código de Defesa do Consumidor, por se tratar de norma especial,
de ordem pública e interesse social, nos termos dos artigos 5º, XXXII, e 170, V,
da Constituição Federal.

A autora figura como consumidora, nos exatos termos


do artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor, ao passo que a empresa Ré
se enquadra no conceito de fornecedora, à luz do artigo 3º do diploma
consumerista.

Isso porque o artigo 101, I, do Código de Defesa do


Consumidor estabelece que a ação de responsabilidade civil do fornecedor de
produtos e serviços poderá ser proposta no foro do domicílio do autor.

Nesse sentido, salienta-se a aplicação do princípio do


pacta sunt servanda, o qual confere a natureza ao contrato de “lei entre as
partes”. Inegável, portanto, a força obrigatória do contrato, especialmente tendo
em vista a ausência de vício a macular a manifestação de vontade das partes
quando de sua celebração.

Os contratos são estabelecidos entre as partes,


buscando a satisfação de seus interesses. Geram, para cada um dos
contratantes, direitos e obrigações. Caso uma das partes que entabulou a
avença, ao passo que pode exigir a contraprestação respectiva, deve,
necessariamente, cumprir com seus deveres, segundo o pactuado.
Ora, a contratação entre as partes se deu de forma
regular e lícita, a autora cumpriu com suas obrigações e o inadimplemento
contratual por parte da Ré, traz riscos a autora que se encontra, não somente
frustrada com as expectativas criadas, mas ainda com prejuízo de sua família,
que agendou férias e as alterou na expectativa da viagem, bem como com toda
a logística necessária para que a viagem ocorresse e que precisava de
definição de datas para programação de férias junto ao empregador, além da
organização das atividades de advogada, entre outros, assim como a
organização da própria viagem.

2.3. DO PEDIDO ALTERNATIVO – DANO MATERIAL


E DANO MORAL

Caso a Requerida não cumpra com a OBRIGAÇÃO DE


FAZER, bem como com o não cumprimento da Ré com as datas oferecidas,
resta verificado o evento danoso, surgindo a necessidade de sua reparação,
nos termos do inciso X do artigo 5º da Constituição Federal, do artigo 927 do
Código Civil e do art. 84 do Código de Defesa do Consumidor.

O descumprimento da obrigação e o desrespeito por


parte da Ré estão comprovados e é evidente. Não há justificativa para esse
tipo de comportamento ABUSIVO e DESRESPEITOSO, que só tem solução
quando chega ao Poder Judiciário e não se trata de simples falha do
fornecedor do serviço. A responsabilidade civil é composta por pressupostos
indissociáveis, quais sejam o ato ilícito, o dano efetivo e o nexo de causalidade.

Demonstrada a prática de ato ilícito, resta a verificação


da existência de efetivo dano moral decorrente da conduta da parte
demandada.

É neste sentido, conforme restou demonstrado no


amparo legal colacionado, bem como na jurisprudência de nossos Tribunais,
que a autora e sua família sofreram abalo emocional, por ter a Requerida agido
de má-fé, quanto ao erro causado do não fornecimento da viagem nas três
datas sugeridas, que gerou expectativas frustradas a autora e sua família.

Cumpre esclarecer Excelência, que a viagem objeto


dessa ação está comprada desde setembro de 2022 e foi esperada e
programada não apenas pela autora, mas por toda sua família, que aguardou
ansiosamente e na hora de ter o sonho realizado, vem a ré e joga um balde de
água fria.

O consumidor não pode ser feito de bobo, pois no


momento em que a ré mais precisou de investimento, ou seja, de clientes que
acreditassem na sua oferta e comprassem seus pacotes de viagens, a autora o
fez, contudo, lamentavelmente ela age dessa forma ilegal e abusiva.

Desse modo, é evidente a caracterização do dano


moral sofrido pela Autora, pois o mesmo teve diversos prejuízos com a
consequência do atraso na confirmação da viagem por culpa da ré.

No caso em tela, conforme já narrado, a ré gerou um


grave dano ao Autor, e sendo assim, REQUER a condenação da mesma para
o reembolso do valor pago, bem como condenação em danos morais, no valor
de 10 (dez) salários mínimos a título de dano moral, totalizando R$1 .020, 00
(treze mil e vinte reais), que deverão ser pagos a Requerente.

3 - DOS PEDIDOS

Diante o exposto, REQUER:

a) A CONCESSÃO da antecipação de tutela pleiteada,


initio litis e inaudita altera pars, a fim de DETERMINAR que a RÉ CUMPRA a
OBRIGAÇÃO DE FAZER e EMITA os BILHETES AÉREOS e VOUCHER DO
HOTEL em favor da autora e nas datas propostas no formulário, forte à
disposição contida no artigo 35, inciso I, do CDC;

b) A citação da requerida, para contestar a presente


ação, no prazo legal, sob pena de revelia econfissão;

c) A inversão do ônus da prova em face da


demandada, com fulcro no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor.

d) Que seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a


presente ação, OBRIGANDO A RÉ cumprir o contrato, confirmando, inclusive,
a antecipação da tutela pleiteada.

e) Em pedido alternativo, caso não seja realizada a


obrigação de fazer, requer a RESCISÃO CONTRATUAL, com a condenação
da Requerida em danos materiais, que perfazem o valor de R$ 2.517,00, bem
como de indenização por dano moral, no importe de 10 salários mínimos, eis
que não cumpriu com sua promessa.

f) Que seja a Requerida condenada ao pagamento das


custas processuais e honorários advocatícios de sucumbência, que requer que
sejam fixados no percentual de 20% (vinte por cento) do valor dacondenação;

g) Requer a produção de todos os meios de prova em


direito admitidos, inclusive testemunhal, depoimento pessoal, documental, sem
prejuízo da produção de outras provas que se mostrem necessárias durante a
instruçãoprocessual.

Por fim, manifesta o interesse na audiência


conciliatória, nos termos do Art. 319, VII, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ 15.537,00 (quinze mil,


quinhentos e trinta e sete reais).
Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Nuporanga-SP, 27 de julho de 2023..

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