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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES

ANA LARA VILAR DE ALMEIDA DE ABREU, brasileira, solteira,


psicóloga, portadora da identidade nº 21.208.388-5, Detran/RJ, e inscrita no CPF sob o nº
060.174.667-80, residente e domiciliada à Rua Almirante Greenhalgh, nº 18, Apto 202, Parque
Tamandaré, CEP 28035-025, Campos dos Goytacazes – RJ e ANA LARA VILAR DE
ALMEIDA DE ABREU, brasileira, solteira, psicóloga, portadora da identidade nº 21.208.388-5,
Detran/RJ, e inscrita no CPF sob o nº 060.174.667-80, residente e domiciliada à Rua Almirante
Greenhalgh, nº 18, Apto 202, Parque Tamandaré, CEP 28035-025, Campos dos Goytacazes –
RJ, por seu advogado, mandato incluso, com escritório profissional situado à Rua Baronesa da
Lagoa Dourada, nº 87, Centro, Campos dos Goytacazes, RJ, CEP: 28.035-200, e endereço
eletrônico sergio.r.oliveira.advogado@gmail.com, para onde requer sejam ainda enviadas
todas as futuras notificações e intimações relativas ao processo em epígrafe, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

em face de 123 VIAGENS E TURISMOS LTDA, empresa constituída pelo CNPJ sob o nº
26.669.170/0001-57, com endereço na Rua Paraíba, 330 – Funcionários, em Belo Horizonte,
Minas Gerais, CEP: 30130-140, aduzindo os motivos seguintes:
I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Requer preliminarmente a autora, com fulcro no artigo 5º, incisos


XXXV e LXXIV da C. F., combinados com os artigos 1º da Lei nº 1060/50, que seja apreciado
e acolhido o presente pedido do direito constitucional à Justiça Gratuita, isentando a parte
autora do pagamento e/ou adiantamento de custas processuais e dos honorários
advocatícios e/ou periciais caso existam, tendo em vista o fato de que atualmente passa por
muitas dificuldades financeiras, sendo que o pagamento de despesas processuais
prejudicará o seu sustento e o de sua família. Ressaltando-se que seu comprovante de
renda está em anexo.

Diante também do Novo Código de Processo Civil , o inteligente


artigo 99 assim deixou a sua previsão:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.

§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência


deduzida exclusivamente por pessoa natural.
§ 4o A assistência do requerente por advogado particular não
impede a concessão de gratuidade da justiça.

II - DOS FATOS

Em 20.08.2022, os autores adquiriram passagens aéreas (doc. anexo),


através do site 123Milhas.

As passagens adquiridas tinham como itinerários a ida, no dia 19/09/2023,


da cidade do Rio de Janeiro/RJ até Roma e o retorno, no dia 29/09/2023, da cidade de
Roma até Rio de Janeiro/RJ.

Ocorre que, de forma surpreendente, menos de 2 (dois) meses antes de sua


viagem, os autores tomaram ciência de que seu voo havia sido cancelado imotivadamente,
recebendo o seguinte comunicado através dos principais portais de notícias de televisão:
Sabe-se, portanto, que a Empresa suspendeu serviços da linha 'Promo', tais
quais comprados pelos autores, para viagens que ocorrerão entre setembro e dezembro de
2023. Dessa forma, os requerentes permaneceram irresignados e desamparados, sem
expectativa de realizar o passeio que planejaram.

Nesse sentido, a empresa ré informou que a reserva cancelada não teria a


possibilidade em ser reativada e ofereceram somente vouchers no valor das passagens (R$
1.349,00), sem escolha do cumprimento do contrato para efetuar a viagem.

Frente ao problema apresentado e da falha na prestação de serviços, os


autores não aceitaram os vouchers, desejando, em contrapartida, a remarcação da viagem, o
cumprimento do contrato firmado com a empresa e configuração de perdas e danos, visto
que os planejamentos foram totalmente desalinhados nas vésperas do passeio.

Ressalta-se que o uso de restituição por vouchers já se trata de medida em que


o consumidor é obrigado a recontratar serviço com a mesma empresa que cometeu
o ilícito. Nesse sentido, os

requerentes estão desobrigados a aceitar os mesmos termos, com o justo receio de ter suas
viagens adiadas ou canceladas novamente.

Até o presente momento, a menos de dez dias da viagem que estava marcada
há 1 ano, a ré não tomou nenhuma outra providência para sanar a falha na prestação de
serviços, restando os autores impossibilitados de realizar a viagem, pois mobilizaram os
recursos da passagem no pagamento dos voos cancelados indevidamente, não recebendo
nenhum tipo de restituição além do oferecimento de vouchers na própria empresa.

Dessa forma, levando-se em consideração que foram surpreendidos com a


notícia e com a proporção nacional, não resta outra saída aos autores senão ingressar com a
presente demanda para reaverem as perdas, serem indenizados pelos danos sofridos e ter a
chance de realizar a sua viagem.
DA TUTELA DE URGÊNCIA - OBRIGAÇÃO DE FAZER

Conforme se pode constatar, a aparência do direito, exigida pelo artigo 300


do Código de Processo Civil, e que corresponde ao requisito legal da probabilidade do
direito pugnado e o perigo de dano à parte autora, encontram-se presente nos fatos
alegados e nas provas juntadas na inicial, formando o conjunto probatório necessário para a
realização da cognição da sumária, indispensável a esta tutela de urgência.

Os autores estão com o seu itinerário de viagem todo montado e planejado


há mais de 1 ano, não podendo sofrer o ônus de aguardar pelo julgamento final desta
demanda, o que se revelaria grande desserviço da Justiça, postergando desnecessária
angústia pelo desejo de reparo, que quando concedida de maneira tardia se revela
claramente falha.

Nesta esteira, requer de plano, a concessão da tutela de urgência, inaudita altera pars, para
obrigar a ré a cumprir com a sua obrigação de fornecer as passagens dos autores, no prazo de 48
horas, sob pena de multa diária de R$8.020,00, valor do dobro da passagem, nos termos do
artigo 84 e seguintes do Código de Defesa do Consumidor, vejamos:

“Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da


obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação ou determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
(...)

§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo


justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao
juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia,
citado o réu.

§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor


multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se
for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo
razoável para o cumprimento do preceito.”

Para tanto, cabe demonstrar que já foi deferido liminar em caso


idêntico no Juizado Especial Cível e Criminal de Itapecerica da Serra/SP (1005112-
02.2023.8.26.0268), tal qual determinou que a 123 Milhas mantenha a viagem de cliente
programada para 1/9/23 a 15/9/23, cuja reportagem segue abaixo e em anexo:
Assim, ressalta-se a importância do deferimento da presente liminar nesta
demanda devido à programação providenciada há um ano e despesas já devidamente
quitadas.

– DO DIREITO

1. A Requerida é considerada a maior agência online de venda de passagens aéreas do


Brasil, se enquadrando como fornecedora, nos termos do art. 3º do CDC. Os Autores também se
amoldam perfeitamente no conceito de consumidores, à luz do art. 2º do aludido Diploma Legal.
2. Com efeito, o contrato firmado entre as partes é regido pelo Código de Defesa do
Consumidor, de maneira que as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira favorável ao

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Avenida Sete de Setembro nº 317, sala 1112, Icaraí, Niterói, RJ, Cep.: 24.230-
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consumidor (art. 47).
3. Nesse diapasão, é inequívoca a responsabilidade objetiva da Ré nos moldes estabelecidos
pelo CDC, no artigo 14. Destaque-se a redação conferida no texto legal:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

4. Logo, após detida análise dos fatos alhures apresentados e aplicação das normas impostas
pelo legislador pátrio, tornar-se-á impositiva a condenação da Ré ao cumprimento do contrato
ou ao resultado prático equivalente, nos termos no art. 30 do CDC c/c art. 497 do CPC, sem
exclusão da responsabilidade civil pelos prejuízos sofridos.
5. A presente ação deve ser interpretada da maneira mais favorável aos Autores, com
fundamento nos artigos 47 do CDC e 423 do CPC, atraindo a incidência do art. 51 IV do CDC, que
prevê a nulidade de cláusulas contratuais que estabeleçam obrigações iníquas, abusivas, e que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada incompatível com a boa fé e com equidade.

Em uma simples análise, torna-se evidente que estamos diante de uma relação
consumerista. Isso porque, de um lado, encontram-se a empresa fornecedora de serviço,
nos exatos termos do Art. 3º do Código de Defesa do Consumidor; e de outro,
figuram os consumidores, isto é, os destinatários finais do serviço, nos termos do Art. 2º
do referido diploma legal. Confira-se:

"Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire


ou utiliza produto ou serviço como destinatário final."

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"Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços."

Logo, cristalina a aplicação do Código de Defesa do Consumidor no caso em


tela. Mas, para não pairarem dúvidas acerca da legitimidade passiva, do dever de indenizar
e a incidência do Código de Defesa do Consumidor no tocante a ré, de suma importância
destacar que a 123Milhas integra a cadeia de fornecedores, respondendo, inclusive, de
forma solidária e objetiva, pelos danos causados aos consumidores.

Nesse sentido entende a jurisprudência:

"PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TURÍSTICOS. Ação de

indenização por danos materiais e morais. Autores que, utilizando-se


dos serviços oferecidos pela ré CVC BRASIL, adquiriram um pacote de
viagem para Punta Cana. Contrato firmado diretamente com a
agência de viagem ré. Legitimidade passiva. Empresa que integra a
cadeia produtiva de fornecedores. Código de Defesa do Consumidor
aplicável ao caso. Responsabilidade solidária que deve ser
reconhecida. Recurso improvido, com observação. (TJ-SP

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10001690420178260283 SP 1000169-04.2017.8.26.0283, Relator:
Carlos

Nunes, Data de Julgamento: 23/11/2017, 31a Câmara de Direito


Privado, Data de Publicação: 23/11/2017)" (g.n.)

“DES. GUARACI DE CAMPOS VIANNA - Julgamento:


13/03/2013 - DECIMA NONA CAMARA CIVEL APELAÇÃO
CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO.

No caso em tela, resta cristalino que os autores se encontravam em extrema


situação de vulnerabilidade técnica perante a empresa ré, pois não detinham conhecimentos
específicos do serviço adquirido, visto que não viajam com habitualidade, tampouco
utilizam portais anunciantes de viagens.

Nesse sentido, os autores adquiriram passagens aéreas com o intuito de


fazerem uma viagem cômoda e célere, mas o serviço não somente foi cancelado, como
também foram os requerentes pegos de surpresa através de notícias de televisão e e-mail.
Dessa maneira, a empresa ré não forneceu qualquer resposta positiva quanto à remarcação
das viagens planejadas há 1 ano, e/ou reembolso dos valores em moeda corrente nacional.

No caso em apreço, é evidente a disparidade econômica entre as partes


litigantes, pois, de um lado, encontram-se consumidores vulneráveis e; de outro, figuram
grandes empresas atuantes no mercado nacional e estrangeiro, cujo principal objetivo é
auferir lucros.

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Sérgio Oliveira e Associados
Advocacia e Consultoria Jurídica

Note-se, os autores compraram as passagens aéreas em agosto


de 2022. Todavia, faltando apenas 10 dias para realizar a tão esperada ida à
Roma, a requerida cancelou TODAS as viagens que estavam marcadas entre
setembro/2023 e dezembro/2023 imotivadamente. Assim, a ré demonstra
total falta de zelo e organização quanto a atividade que desenvolvem e os
riscos, e, com isso, deixaram de programar e elaborar um plano de ação para
adimplir com os serviços contratados.

Como se não bastassem os transtornos assistidos


nacionalmente, a empresa 123Milhas não passou quaisquer informações aos
autores acerca de eventuais cancelamentos das passagens aéreas e seus
respectivos reagendamentos e/ou reembolsos no momento da
contratação.

Inegável, portanto, que os autores se encontram em situação de


extrema vulnerabilidade informacional, ficando refém da prestação de
informações completas e condizentes pelas rés, a qual, em evidente má-fé,
deixou de esclarecer com antecedência sobre o reagendamento dos voos,
tampouco se comprometeram em restituir os valores pagos, somente
disponibilizando vouchers no site.

R: Rua Baronesa da Lagoa Dourada - nº 87 – Centro - Campos dos Goytacazes – RJ - Tel: (22) 99839-4219
Sérgio Oliveira e Associados
Advocacia e Consultoria Jurídica

IX - DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:

1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código


de Processo Civil;

2. A citação do Réu para responder, querendo;

3. A condenação do réu para que realize a obrigação de pagar no sentido


de devolver em dobro o valor indevido pago pela parte autora, qual
seja: R$ 96,00 (noventa e seis reais).

4. A condenação do réu ao pagamento de indenização por danos morais


e desvio produtivo em valor não inferior a R$ 10.000,00 (Dez mil reais);

5. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a


pericial;

6. A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos


parâmetros previstos no art. 85, §2º do CPC;

7. Por fim, manifesta o interesse na audiência conciliatória, nos termos


do Art. 319, inc. VII do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.096,00 (Dez mil e noventa e seis reais).

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Campos dos Goytacazes, RJ, 16 de Fevereiro de 2022.

Sérgio Ricardo de Souza Oliveira


OAB/RJ 121.384
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“Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois eles serão fartos”.
Bíblia Sagrada

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