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Direito Civil

Estruturação de Peça - Prof. Amanda Nunes


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA
CÍVEL DA COMARCA DE __________ - PE

Endereçamento (Art. 319, I) - Para definir qual o juízo


competente para endereçar a Petição Inicial, o aluno deve
observar os arts. 42 e ss do CPC.

ROBERTA, estado civil...., profissão......, inscrita no CPF de nº......, residente e


domiciliada na Rua...., endereço eletrônico ....., vem por intermédio de sua
procuradora, devidamente estabelecida por meio de instrumento procuratório
em anexo, perante Vossa Excelência com fulcro nos artigos 300 do Código de
Processo Civil, 2º, 3º, 6º, 14, 35, 84 do Código de Defesa do Consumidor, 186, 187,
927, e 5, X da Constituição Federal, propor:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM DANOS


MORAIS E MATERIAIS E TUTELA DE URGÊNCIA

em face de 123 MILHAS, pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o CNPJ
nº ...., com sede na rua...,, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

Qualificação das Partes (Art. 319, II) - deve ser observado


TODOS as informações elencadas no inciso II do art. 319
do CPC. Ainda é importante informar e quais
ARTIGOS FUNDA-SE peça apresentada, indicando, em
destaque de que peça trata-se.
DOS FATOS
A autora adquiriu pacote de viagem da linha promocional, contendo 02 (duas)
passagens para a cidade de Paris, na França, adquiridas através do site 123milhas,
com datas de partida e retorno previstas para xx/xx/xx a xx/xx/xxx e no valor
total de R$ xx.xxx,xx, , ou seja dentro de 15 (quinze) dias. A viagem foi adquirida
para a autora passar sua Lua de Mel com seu noivo.
Em virtude da viagem, entre elas: contratação de hospedagem, passeis turísticos e
aluguel de veículo, somando um desembolso de R$ xx.xxx,xx, conforme
comprovantes acostados aos autos.
Ocorre que na última sexta-feira (xx/xx/xxxx) foi surpreendida com a
comunicação enviada pela Ré informando o cancelamento repentino do referido
serviço contratado, de forma unilateral e abrupta.
No documento mencionado, a parte demandada também comunica que seus
clientes têm a opção de solicitar um cupom para ser utilizado em outros serviços
que ela ainda disponibiliza. Isso significa que não apenas decepciona as
expectativas legítimas da requerente, mas também o obriga a gastar o cupom na
mesma empresa (que já demonstrou ser pouco confiável).
Sem alcançar uma solução amigável pela a via administrativa, socorre-se a autora
da tutela do poder judiciário, de modo a reduzir os danos e alcançar a tutela de
urgência, sendo ainda notável que o abalo emocional e financeiro causado
ultrapassaram o mero aborrecimento cotidiano.

Dos Fatos (Art. 319, III, CPC)- A narrativa fática é requisito


obrigatório, neste ponto o advogado explorar de forma
didática e clara os fatos para que o juiz vislumbre melhor o
caso.

DOS FUNDAMENTOS
Da Tutela de Urgência
Verifica-se no caso ser medida cabível a aplicação do disposto no art. 300 do CPC
e 84 do CDC, no que tange a necessidade de concessão de tutela de urgência. uma
vez que, trata-se a presente demanda de obrigação de fazer, cujo resultado prático
deve ser assegurado pelo judiciário para alcance do pleno adimplemento.
Presentes também estão os requisitos para concessão da tutela de urgência, quais
sejam: a probabilidade do direito e o perigo de dano.
No que tange a probabilidade do direito cabe observar documento que atesta o
pagamento feito pela Autora à parte Ré pelo pacote promocional; o e-mail que
confirma o pedido com o número de registro xxxx; a mensagem enviada pela Ré
informando que não emitirá os bilhetes de passagem aérea; e a extensa cobertura
na mídia nacional de que a Ré não pretende cumprir seus compromissos, mesmo
continuando a oferecer pacotes de viagem em seu site.
Quanto ao perigo de dano funda-se não apenas na circunstância de a empresa Ré
ter cancelado unilateralmente os serviços contratados pela Autora, o que implica
no risco iminente da mesma perder a viagem, que ocorrerá dentro de 15 (quinze)
dias, e todos os outros serviços relacionados que já foram contratados em função
disso, mas também na iminente ameaça de insolvência da Ré.
Também não há que se falar em prejuízo à parte Ré, posto que a antecipação dos
efeitos da tutela representa apenas a manutenção do contrato e devida execução,
negócio jurídico, que inclusive está adimplido. Ou seja, o agir no caso em tela
demonstra-se essencial para fazer a Ré cumprir com as obrigações assumidas, do
contrário, a autora suportará além dos danos morais já experimentados, danos
emergentes.
Desta feita, pugna pela concessão da tutela de urgência, nos moldes dos artigos
300 do CPC e 84 do CDC, para que seja a ré compelida a emitir no prazo de 48h
as passagens em favor da autora, sob pena de multa diária.
Alternativamente, em não sendo cumprida a mencionada tutela, que seja
bloqueados valores das contas da ré na importância de R$ xxx, para a autora
compre novas passagens, tudo conforma orçamentos que segue.

Dos Fundamentos (Art. 319, IV) - Na fundamentação deve


está contida a justificativa jurídica e a indicação dos artigos
que servem de fundamento para o que está sendo requerido.
É importante que os pedidos sejam fundamentados. É
indispensável que o advogado selecione os tópicos que deseja
demonstrar para fundamentar a ação e alcançar o resultado
esperado. No caso selecionado estamos falando em
OBRIGAÇÃO DE FAZER COM DANOS MORAIS E
MATERIAIS E TUTELA DE URGÊNCIA portanto, cada
um desses pontos devem ser demonstrados a partir da
fundamentação.
Da Relação de Consumo: Da Inversão do Ônus da Prova
Por se tratar de Relação de Consumo, a controvérsia em tela deve ser analisada
sob o prisma de proteção jurídica do código de defesa do consumidor, estando a
autora e a ré enquadradas no disposto do art. 2º e 3º do CDC, respectivamente,
razão pela qual pugna pela aplicação da inversão do ônus da prova, nos moldes
do art. 6º, VIII do CDC, ante a patente vulnerabilidade da autora, a
verossimilhança das suas alegações e a hipossuficiência quanto ao acesso de
informações e meios necessários para a produção de prova.
Portanto, pugna pela aplicação da inversão do ônus da prova como mecanismo
indispensável e perfeitamente cabível à situação em questão.
Da Responsabilidade Objetiva
Uma vez demonstrada que a Ré figura na qualidade de fornecedora e a Autora na
qualidade de consumidora, destinatária final do serviço ofertado, a referida causa
deverá ser analisada sob o aspecto da responsabilidade objetiva esboçada no art.
14 do CDC, respondendo a demandada pelos danos causados a Autora,
independentemente de culpa.
Na situação fática verifica-se vícios na prestação dos serviços, restando também
evidenciado o dano e dos demais elementos que culminam na responsabilidade
civil, fazendo surgir o dever de indenizar, nos moldes do art. 6º, VI do CDC, 186
do CC e art. 5º, X da CF.
Dos Danos Materiais
Não há margem para dúvidas de que resta configurada a responsabilidade da Ré
pelos danos, sobretudo os de natureza material, que se referem aos prejuízos
financeiros e patrimoniais sofridos pela Autora.
É relevante destacar que a relação entre as partes envolvidas no contrato (ou seja,
o fornecedor e o consumidor) deve ser norteada pelo princípio da boa-fé objetiva,
que requer que ambas as partes ajam com sinceridade, cooperação e
transparência.
A interrupção arbitrária dos pacotes de passagens aéreas desequilibra a relação
contratual em detrimento dos consumidores.
Até receber o aviso mencionado, a Autor não tinha motivos para suspeitar que a
Ré descumpriria o contrato. Portanto, se planejou com antecedência e
financeiramente para a viagem, que agora enfrenta sérios riscos de não se
concretizar.
Nesse contexto, a vítima de um dano tem o direito de ser colocada na situação em
que estaria caso o evento prejudicial não tivesse ocorrido. Ou seja, não se deve
compensar a vítima com menos do que o prejuízo real sofrido, e sempre partindo
da premissa de que o dano deve ser integralmente reparado, preferencialmente
restaurando a situação jurídica anterior.
Dessa forma, visando à reparação completa, solicita-se que, caso a viagem não se
realize, seja efetuado o pagamento dos montantes despendidos com as reservas de
hotéis, passeios, atrações turísticas e demais despesas relacionadas à viagem
cancelada, no montante de R$ xxx.xxxx,xx, conforme detalhado no documento
anexo, devidamente corrigido e atualizado.
Além disso, requer-se o reembolso em dinheiro do valor investido no pacote
promocional contratado, devidamente corrigido e atualizado.
Dos Danos Morais
Inicialmente, é importante destacar que a responsabilidade da parte ré é de
natureza objetiva, e a evidente falha na prestação dos serviços é clara. Além disso,
os danos causados são notórios. A autora experimentou uma sensação de
insegurança considerável e um evidente abalo em sua tranquilidade, elementos
que têm a capacidade de provocar um sofrimento psicológico que merece ser
compensado. Esses sentimentos não podem ser considerados simples
aborrecimentos do cotidiano e, portanto, devem ser objeto de indenização.
Ressalta-se que não trata-se de uma viagem cotidiana apenas, mas sim, da
realização de um sonho de menina, da celebração de um rito de passagem na vida
da autora, posto que a mesma tem como simbolismo a sua lua de mel, momento
único na vida de cada casal, o objetivo da viagem é facilmente demonstrado,
posto as provas carreadas ao autos entre elas convites de casamento, contratos
com fornecedores para a festa.
A negativa da empresa traz para a autora sensação de incerteza e angústia em um
dos momentos mais importantes da sua vida, revelando-se ato ilícito trazendo
assim a incidência do disposto nos art. 927, 186 do CC e 5º, X da CF.
Portanto, a expectativa é que haja uma compensação adequada pelo dano sofrido,
em um montante justo e significativo, de forma a dissuadir tais práticas no
mercado de consumo.
Ademais, é importante ressaltar que o dano moral, devido à sua natureza
imaterial, não requer provas diretas do sofrimento em si. O que precisa ser
demonstrado são as ações e eventos que resultaram na violação do direito de
personalidade. Conforme claramente descrito e comprovado, as ações da Ré,
neste caso, demonstram um completo desrespeito e negligência em relação ao que
foi acordado com a Autora.
Isto tudo posto, deve ser a requerida ser condenada ao pagamento de indenização
por danos morais no valor de R$ xx.xxx,xx considerando o tamanho do dano e as
partes envolvidas na discussão, para não configurar enriquecimento ilícito e ao
mesmo tempo, não se afigurar valor ínfimo, ante a capacidade econômica das
partes envolvidas – ou, não sendo este o entendimento deste juízo, outro valor
que entenda pertinente e cabível.

DOS PEDIDOS
Diante o exposto, passa a requerer:
a) A concessão da tutela de urgência para que a ré seja compelida a emitir no
prazo de 24h as passagens de ida e volta para a Cidade de Paris, nos dias xx/xx/xx
e xx/xx/xx, respectivamente, sob pena de multa.
b) Alternativamente, em não sendo cumprida em tempo hábil a decisão liminar,
que seja bloqueados valores das contas da Ré, no valor de R$xx.xxx,00.
c) A juntada dos comprovantes de recolhimento das custas processuais.
d) A citação da ré para, querendo, apresentar contestação nos moldes do artigo
335 do Código de Processo Civil, sob pena de revelia;
e) Informa a autora que opta pela realização de audiência de conciliação ou de
mediação, nos moldes do artigo 319, VII do Código de Processo Civil;
f) Subsidiariamente, caso a viagem não se concretize, requer:
O reembolso dos gastos relacionados à viagem que não ocorreu, como
despesas com reservas de hotéis, passeios, atrações turísticas e outros custos
associados, no montante de R$ xx.xxx,xx, conforme indicado no anexo,
devidamente ajustado e atualizado, como compensação por danos materiais.
Além disso, a restituição em dinheiro dos valores pagos pelo pacote de
viagem contratado com a parte Ré, no valor de R$ xx.xxx,xx, devidamente
corrigidos e atualizados, ou a alternativa de receber uma viagem nas mesmas
condições contratadas, em uma data mais conveniente para a Autora, como
forma de compensação por danos materiais.
g) A condenação da Ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor
de R$ xx.xxx,xx.
h) Ao final, seja confirmada em definitivo a Tutela de Urgência.
i) A inversão do ônus da prova, conforme disposição do artigo 6°, inciso VIII do
CDC
h) Que seja a ré condenado ao pagamento de custas processuais, despesas e
honorários advocatícios à base de 20% (vinte por cento) sobre o valor da
condenação, nos moldes do artigo 85, §1º e 2º do Código de Processo Civil.
Dos Pedidos (Art. 319, IV) - Tudo o que for fundamentado
deverá ser constar no rol de pedidos. Atenção o pedido
deverá ter suas especificações e sempre que possível a
indicação dos artigos que o justificam.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial com o depoimento das partes, provas testemunhais e documentais.

Protesto por Provas(Art. 319, VI) - Obrigatório, devendo o


avaliado deixar claro que pretende comprovar as alegações
pela via dos depoimentos, testemunhas, documentos, perícia
(se for o caso) e outros meios de prova admitidos.

Dá-se a causa valor de R$xx.xxx,xx (por extenso ).

Valor da Causa(Art. 319, V) - verificar o art 292, CPC

Nestes termos, pede deferimento.

Local, Data, mês, ano

ADVOGADO
OAB/XX - XXXX

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