Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 15º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA REGIONAL DE MADUREIRA - COMARCA DA CAPITAL - RJ.

PROCESSO Nº. 0814530-78.2022.8.19.0202

ANTONIO RAYA RODRIGUES CAMPOS, já devidamente qualificado nos autos do processo em


epígrafe, por sua advogada in fine assinado, vem mui respeitosamente a presença de V. Exa., inconformada
com a sentença proferida nas fls., vem interpor o presente RECURSO Inominado, conforme razões que
seguem em anexo, requerendo assim, após as formalidades legais, sua remessa para a Egrégia Turma do
Conselho Recursal.

Requer desde já o recebimento do presente recurso e sua retratação.


Assim não sendo, requer seja remetida à Turma Recursal competente.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São João de Meriti, 03 de dezembro de 2023.

Andréia Cavalcanti Dias.


OAB/RJ – 211.820

//
RECORRENTE: ANTONIO RAYA RODRIGUES CAMPOS
RECORRIDA: AZUL LINHAS AEREAS BRASILEIRAS S.A.
PROCESSO Nº.: 0814530-78.2022.8.19.0202
15º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL REGIONAL DE MADUREIRA - COMARCA DA CAPITAL - RJ

PRELIMINARMENTE

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Recorrente requer lhe sejam concedidos os benefícios da gratuidade de justiça, vez que não possui
condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo do próprio sustento e de sua família, conforme
documentação em anexo.

DOS FATOS DA DECISÃO RECORRIDA

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte Recorrente ante a decisão que julgou
parcialmente procedente a Ação com pedido de reembolso de valor pago em passagens aéreas c/c
indenizatória por danos morais, processados na 15º Juizado Especial Cível Regional de Madureira - Comarca
da Capital - RJ, nos seguintes termos:

Da ação movida, obteve-se a seguinte sentença:

(...) a) JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE, nos termos do artigo 487, I, CPC/15,


para condenar as Rés, solidariamente, a pagar ao Autor, a título de danos morais, o valor de
R$ 1.000,00 (mil reais), corrigidos monetariamente desde o arbitramento, conforme a súmula
362 do STJ e acrescidos de juros legais de 1% a.m. a partir da citação;
b) JULGO PROCEDENTE, nos termos do artigo 487, I, CPC/15, para condenar as Rés,
solidariamente, a pagar ao Autor, a título de danos materiais, R$ 1.393,32 (mil e trezentos e
noventa e três reais e trinta e dois centavos), corrigido monetariamente a partir da data do
efetivo prejuízo (Súmula 43 do STJ), acrescidos de juros legais de 1% a.m. a partir da
citação;
c) JULGO PROCEDENTE, nos termos do artigo 487, I, CPC/15, para condenar as Rés,
solidariamente, a pagar ao Autor, a título de danos materiais, R$ 2.189,99 (dois mil e cento e
oitenta e nove reais e noventa e nove centavos), corrigido monetariamente a partir da data do
efetivo prejuízo (Súmula 43 do STJ), acrescidos de juros legais de 1% a.m. a partir da
citação.

//
Com efeito, em que pese o inquestionável saber do eminente Julgador, não primou à decisão atacada
pela justa aplicação da lei e jurisprudência aos fatos, sendo sua reforma medida imperativa de justiça,
conforme será exposto adiante.

Em julho/2020 o autor comprou um pacote de viagem aéreo e terrestre junto a 2ª ré com destino a Foz
do Iguaçu com entrada no valor de R$ 138,72 (cento e trinta e oito reais e setenta e dois centavos) + 10
parcelas no valor de R$ 125,46 (cento e vinte e cinco reais e quarenta e seis centavos) totalizando o valor de
R$ 1.393,32 (hum mil trezentos e noventa e três reais e trinta e dois centavos), conforme discriminado nas
faturas do cartão de crédito do autor de final 7695, programada para o dia 22/10/2020 à 26/10/2020.

Contudo o autor teve um imprevisto e comunicou a 2ª Ré que teria que adiar sua viagem por motivo
de trabalho, o que em momento algum foi criada qualquer objeção por parte da 2ª Ré.

Passados alguns meses, em outubro/2020 o autor fez contato para agendar a nova
viagem, e para sua surpresa a 2ª Ré o informou que o mesmo deveria adquirir um novo pacote aéreo tendo em
vista que a acompanhante da viagem seria outra pessoa, e não poderia inclui-la no mesmo voo, sendo assim, o
autor fez a aquisição de um novo pacote aéreo junto a 1ª Ré pagando assim o valor de 10 parcelas no valor R$
218,99 (duzentos e dezoito reais e noventa e nove centavos) cada, totalizando assim o valor de R$ 2.189,99
(dois mil cento e oitenta e nove reais e noventa e nove centavos).

Fato é que, a 2ª Ré não conseguiu por um longo tempo conciliar o dia para que o autor junto com sua
companheira fizesse a tão esperada viagem, o que não restou outra opção para o autor, a não ser contratar o
pacote de viagem com outra empresa, e assim o fez, e mesmo após reiteradas reclamações e solicitações de
devolução de seus valores gastos, ambas as Rés se permaneceram inertes e ate a presente data passados quase
2 anos desde a data da contratação do pacote, o autor espera o reembolso do seu dinheiro.

Ressalta ainda o autor, que todos os fatos narrados acima estão devidamente comprovados em telas de
reclamações e faturas pagas o que não foi um valor baixo.

DOS DANOS MORAIS


No tocante aos danos morais, ao ver deste que recorre, o nobre julgador deixou de aplicar com
razoabilidade os danos morais pleiteados:

//
(...) A quantificação do dano moral a ser indenizado deve ser pautada nos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, em observância ao sistema bifásico, conforme
entendimento do STJ. O valor da indenização deve ser fixado considerando a jurisprudência
acerca de casos semelhantes, assim como as peculiaridades do caso concreto enfrentado.
[...] atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a
tarifação do dano, trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável
correspondência entre o valor da indenização e o interesse jurídico lesado, bem como
estabelecer montante que melhor corresponda às peculiaridades do caso. (STJ. Resp.
1.473.393/SP. Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
04/10/2016, DJe 23/11/2016).

Prima face, cumpre-se destacar a incompatibilidade do valor indenizatório fixado, com a gravidade
fática do caso vivenciada pelo recorrente.

Excelência, o recorrente em sua posição de consumidor, ao almejar e adquirir uma viagem a passeio,
esperava concluí-la nas condições e características fornecidas, perspectiva esta que foi inesperadamente
frustrada, em decorrência da má prestação de serviço da mesma.
A empresa fez de uma expectativa positiva de uma viagem se transformar em DESASTRE! Como se
sabe, as passagens aéreas nesse país são caríssimas. Uma viagem para o sul do país, numa cidade como Foz do
Iguaçu é imensurável. Não somente a volta para casa causou frustação, constrangimento e estresse ao autor,
mas também todas as cansativas tentativas de saneamento da situação, que acabaram sem êxito. Como
constado nos autos, esse insucesso se deu tanto pelas falhas nos meios de comunicação oferecidos ao cliente,
quanto pelo descaso, desleixo e má-fé da ré no tratamento dado aos consumidores. Frisa-se observar na
atribuição dos danos morais a TEORIA DO DESESTÍMULO, ou seja, o valor não deve enriquecer
ilicitamente o Recorrente, mas HÁ DE SER SUFICIENTEMENTE ELEVADO PARA DESENCORAJAR
NOVAS AGRESSÕES À HONRA ALHEIA. Nas palavras do ilustre doutrinador Carlos Alberto Bittar:

“Em consonância com essa diretriz, a indenização por danos morais deve traduzir-se em
montante que represente advertência ao lesante e à sociedade de que não se aceita o
comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se, portanto, em
importância compatível com o vulto dos interesses em conflito, refletindo-se de modo
expressivo, no patrimônio do lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem
jurídica aos efeitos do resultado lesivo produzido.”

//
Excelência, o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais) atribuído aos danos morais, frente às condições
financeiras da recorrida, apresenta-se como insignificante, funcionado como um potencial influenciador de
uma habitualidade dessa conduta para com o consumidor. Portanto considerando o porte da empresa que
integra o polo passivo, para que a reparação venha a atingir seus fins, requer-se a reforma da sentença com a
devida reformulação do pleiteio à título de danos morais.

Verbere-se que não se tratou de sofrimento pequeno ou mero aborrecimento, porquanto o autor, como
listado acima, foi prejudicando de forma imensurável.

Verifica-se, portanto, que em casos análogos Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro tem sido
bastantes rigorosos com a punição das empresas a título de indenização pelo cancelamento de voo, e, diga-se
de passagem, decisões bem atuais.

Assim, diante da evidência dos danos morais em que o Autor fora acometido, resta inequívoco o
direito à indenização.

E nesse sentido, a indenização por dano moral deve representar para a vítima uma satisfação capaz de
amenizar de alguma forma o abalo sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a repetir
o ato, uma vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos causados

CONCLUSÃO
Diante do exposto, requer-se:
a) A aplicação dos benefícios da assistência judiciária gratuita ao Recorrente;

b) A reforma da sentença, para fins de majorar o quantum indenizatório para R$ 15.000,00 (quinze mil
reais), com parâmetro na jurisprudência dos tribunais de todo o país, principalmente o respeitado Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro, levando em consideração ainda o justo fator indenizatório em meio a
forma em que a empresa embaraçou o seu consumidor, bem como o caráter pedagógico da condenação;

c) Inverter o ônus da prova em favor do recorrente, nos termos do art. 6º, inciso VIII do Código de
Defesa do Consumidor pelos fatos anteriormente postos neste recurso;

Nestes termos,
Pede deferimento.

//
São João de Meriti, 03 de dezembro de 2023.

Andréia Cavalcanti Dias.


OAB/RJ – 211.820

//

Você também pode gostar