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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO REGIONAL DE CAMPO

GRANDE DA COMARCA DA CAPITAL / RJ

RICHARD DE OLIVEIRA, solteiro, secretário, portador da


cédula de identidade nº 67.060.678-9, inscrito no CPF sob o nº 146415717-08, usuário do e-
mail ro95337@gmail.com, tel:(13) 98805-4161 residente e domiciliado na Rua Rodrigues
Campelo, Nº 431, Campo Grande, Rio de Janeiro – RJ, CEP : 23017-210, com fundamento
no art. 6º, III e VI e art. 14, todos do CDC, vem propor:

AÇÃO INDENIZATÓRIA

pelo rito comum, em face de BUS SERVIÇOS DE AGENDAMENTO S.A.(CLICKBUS),


pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 17.289.475/0001-42, COM
SEDE NA AVENIDA DOUTOR CARDOSO DE MELO, 1608, CONJUNTOS 61 E 71,
VILA OLÍMPIA, SÃO PAULO/SP – CEP: 04.548-005. e também VIAÇÃO SAMPAIO
LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ: sob o nº 33.542.531/0001-65,
som sede R CEARA, 145,PCA DA BANDEIRA, Cidade Rio de Janeiro, CEP 20.270-160,
Pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

DOS FATOS

O autor efetuou a compra de um bilhete de viagem no dia


11/08/2023, através do aplicativo da CLICKBUS. Viagem para o dia 16/08/2023, de Santos,
SP – Rio de Janeiro, RJ,com horário de saída 23:30 e com chegada 07:30, no valor de R$
106,08.
No dia 15/08/2023, o autor entrou em contato através do
aplicativo CLICKBUS, solictando a troca da data. Sendo orientado pelo atendimento via
chat, que teria que realizar o cancelamento do bilhete. No qual, a ré(CLICKBUS) aceitou o
cancelamento sem custos para o autor, deixando em status: pendente. Após o cancelamento,
o autor foi informado que ocorreu um erro no sistema por parte da CLICKBUS. Indagando
o serviço de atendimento, o autor, questionou se poderia fazer a troca da data da viagem. E
lhe foi respondido que o mesmo poderia ir no guichê da companhia, no dia de sua viagem,
para adquirir o novo bilhete.
No dia 17/08/2023, o autor se dirigiu ao guichê da Viação
Sampaio, sendo encaminhado pela CLICKBUS. Chegando ao local, teve a desagrável
surpresa, foi informado ao autor que deveria efetuar um valor referente ao valor de uma
passagem nova. Sendo informado pelo atendente da Viação Sampaio, que seria estornado a
o valor(R$ 9,64) em questão. Foi feito a compra no guichê de uma nova passagem, pois, não
tinha outra escolha e precisava viajar na data referida, passagem com o valor de R$ 115,72.
Diante disso, o autor se sentiu lesado. Uma vez que entrou
em contato com CLICKBUS, solicitando a troca da data de viagem e lhe foi orientado que
seria possível viajar sem ter que pagar outros valores. Algo que não ocorreu no caso
concreto em questão.
Após a viagem, o autor entrou em contato com a
CLICKBUS, solicitando o estorno do valor(R$ 115,72) referente a passagem adquirida no
dia 17/08/2023. E foram feitas diversas tentativas para tentar solucionar o caso. E todas
tentativas foram negadas.

DOS FUNDAMENTOS

Da relação de consumo

De início, cumpre salientar que o Código de Defesa do


Consumidor consagrou a Teoria Finalista para caracterização da condição de consumidor.
Por tal teoria, todo aquele, pessoa física ou jurídica, que adquire ou utiliza produto ou
serviço como usuário final fático e econômico, deve ser considerado consumidor.
O Autor é o destinatário final, fática e economicamente, eis
que não há lucratividade para ele na utilização dos serviços contratados. Assim, a relação
jurídica travada entre Autor e Réu tem natureza consumerista, na qual aquela figura como
consumidor nos termos do art. 2º do CDC, enquanto este se apresenta como fornecedor nos
moldes do art. 3º do CDC.
Desta forma, atrai-se para a presente lide todo arcabouço
protetivo ao consumidor, em especial a inversão do ônus da prova ope legis (art. 14, § 3º,
CDC) em razão dos danos oriundos de falhas na prestação do serviço, sem prejuízo da
inversão ope judicis (art. 6º, VIII, CDC).

Do fato do serviço e do dano material

O art. 6º, IV, CDC garante ao consumidor a proteção contra


métodos e práticas desleais dos fornecedores, bem como condutas consideradas abusivas,
principalmente tendo em vista a posição de vulnerabilidade dos consumidores. Ademais, é
dever do fornecedor prestar informação clara, adequada, precisa e tempestiva, acerca do
serviço e de todas as circunstâncias que o envolvem, como preconiza o art. 6º, III, CDC.
Em disposição específica, o art. 39 elenca uma série de
práticas consideradas abusivas e expressamente as veda, sem, contudo, limitar a aplicação
da vedação a outras condutas, eis que rol descrito é meramente exemplificativo.
Além do exposto, outro direito básico do consumidor é a
efetiva prevenção e reparação de danos sofridos pelo consumidor, inclusive dos danos
morais (art. 6º, VI, CDC). Este direito concentra o cerne de todo o sentido da legislação
consumerista: positivar regras capazes de prevenir potenciais lesões ao consumidor e
garantir a escorreita reparação das que mesmo assim ocorrerem.
Discorrendo pormenorizadamente sobre tal direito básico, o
art. 14 do CDC expressa a necessidade de reparação dos danos sofridos quando o serviço
prestado pelo fornecedor for defeituoso ou falho, inclusive por deficiência de informação,
configurando fato do serviço. Neste ponto importa dizer que a responsabilidade do
fornecedor se dá de modo objetivo, cabendo a este provar não ter ocorrido defeito na
prestação do serviço ou o rompimento do nexo de causalidade, como se impõe no art. 14,
caput e § 3º, do CDC.
Quanto ao dano material, sua indenização deve englobar
aquilo que o lesado efetivamente perdeu, bem como o que razoavelmente deixou de lucrar,
como dispõe o art. 402 do CC. Por sua vez, o art. 944 do CC indica que o quantum
indenizatório deve ser medido pela extensão do dano.
No caso em tela, é notória a falha no serviço prestado. O Réu,
de última hora, impede a estadia do Autor, pela qual pagou integral e antecipadamente, sem
ao menos lhe apresentar justificativa plausível para tanto. Tal conduta configura flagrante
prática abusiva, violando o dever de informar imposto aos fornecedores.
Em decorrência direta de tal defeito, o Autor experimentou
flagrante dano material, consubstanciado no valor pago pela estadia, perfazendo um total de
R$ 320,00, representando o que o Autor efetivamente perdeu.
Ressalte-se que o Autor confiou na credibilidade e
competência do Réu, estabelecendo relação jurídica calcada no princípio da confiança, o
qual foi exterminado pela atitude do Réu. Ao se portar da maneira relatada, a conduta do
Réu ofende diretamente o princípio da boa-fé objetiva, faltando com o dever anexo de
lealdade para com o Autor, frustrando a estadia do Autor e negando-lhe a restituição devida.
Não se pode deixar de observar também que milita em favor
do Autor, consumidor, o princípio vulnerabilidade, perante o Réu, empresa sólida e com
anos de mercado. A vantagem econômica, técnica, informacional e operacional do Réu é
muito superior às forças do Autor.
Por estas e outras razões, andou bem o constituinte de
consagrar a proteção do consumidor como um direito fundamental (art. 5º, XXXII,
CRFB/88), ganhando status de norma de eficácia supralegal, conferindo assim maior
efetividade a um dos fundamentos primordiais da República, a dignidade da pessoa humana
(art. 1º, III, CFRB/88), visto que todos são consumidores!
Assim, considerando o direito à efetiva reparação do
consumidor e a extensão do dano demonstrado, o Réu deve ser condenado ao pagamento de
R$ 320,00 pelo dano material suportado pelo Autor.

Do dano moral

Além do dano material, a conduta do Réu acarretou danos


extrapatrimoniais. É cristalino dano moral sofrido pelo Autor, o qual pode ser descrito
sucintamente como a ofensa a qualquer direito da personalidade, dentre eles, o direito à
dignidade, à intimidade, à vida privada e à honra, dispostos exemplificativamente no art. 5º,
X, da CRFB/88.
É inegável o sentimento de impotência e de angústia
experimentados pelo Autor. O Réu frustrou a justa expectativa do Autor de realizar a viagem
meticulosamente planejada, exterminando com o objetivo da mesma, que era obter paz,
descanso e lazer. Salta aos olhos que o prejuízo do Autor ultrapassa a esfera material,
atingindo também aquilo que é imanente a sua personalidade.
Em que pese tal fato, a caracterização dessa espécie de dano
prescinde de demonstração/quantificação da angústia e do sofrimento suportado. Provado o
fato, presume-se o dano. Assim, situações como a presente são reconhecidas por este E.
Tribunal como merecedoras de reparação de dano moral in re ipsa.
A definição do quantum indenizatório é outro ponto que
merece atenção. O Réu é um fornecedor de atuação nacional, amplamente conhecido e que
registra vultuosa receita anual. Não ensejaria a pacificação social, fim último do direito, a
fixação de indenização em valor inexpressivo, por não atender nem ao caráter punitivo
tampouco ao pedagógico.
Pelo exposto, configura-se o dano moral indenizável
reconhecido por esta corte entendendo-se por compensação justa e razoável o valor de R$
5.000,00.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, pede e requer a V. Exa.:


a) A citação do Réu;
b) A condenação do Réu ao pagamento já constando a dobra
de acordo com o ART. 42, PARAGRAFO ÚNICO, CDC, de R$ 231,44( duzentos e trinta e
um reais e quarenta e quatro centavos), a título de danos materiais com os acréscimos legais;
c) A condenação do Réu ao pagamento de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais) a título de danos morais;
DAS PROVAS

Para provar o alegado, requer a utilização de todos os meios


admitidos em direito, na amplitude do art. 369 do CPC, especialmente a prova documental
superveniente e prova testemunhal, sem prejuízo da inversão do ônus da prova aplicável ao
caso.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à presente o valor de R$ 5.231,44 (cinco mil e duzentos


e trinta e um reais e quarenta e quatro centavos).

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2023.

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Termo de Responsabilidade
ESTOU CIENTE de que, antes de protocolar esta inicial, deverei anexar a este formulário
cópias de minha carteira de identidade, CPF, comprovante de residência (serviços
contínuos) atual, nota fiscal ou comprovante de pagamento, bem como dos protocolos
de reclamação ou comprovante de reclamações administrativas (PROCON, ALERJ,
etc), caso as tenha formulado, a fim de que o magistrado possa avaliar adequadamente a
existência e/ou extensão dos danos morais requeridos, sob pena de possível extinção ou
improcedência dos pedidos formulados.

ESTOU CIENTE de que deverei comparecer à primeira audiência, que será de conciliação,
na data e no horário que tomarei conhecimento no ato da distribuição da petição inicial, sob
pena de ser condenado a pagar custas judiciais e que qualquer mudança de endereço deverá
ser comunicada ao cartório para onde foi distribuída a ação, estando ciente de que, não
havendo acordo entre as partes, no mesmo dia o juiz poderá ouvir o autor, o réu, as
TESTEMUNHAS, sendo este o último momento que terei para apresentar TODAS as
provas que pretendo produzir;
ESTOU CIENTE de que o atendimento realizado no presente núcleo se destina aos
reclamantes que desejam ingressar com ação junto aos Juizados Especiais Cíveis, SEM A
ASSISTÊNCIA DE UM ADVOGADO, conforme prerrogativa conferida pela lei e que, se
julgar necessário, deverei me informar com antecedência junto ao cartório competente sobre
como devo proceder para obter assistência de um advogado dativo ou da Defensoria
Pública, na falta deste.

ESTOU CIENTE de que o dano material requerido não se presume ou se estima, sendo
necessário trazer todos os documentos que comprovem a perda, e que o dano moral é de
caráter subjetivo, sendo cada caso apreciado pelo juiz, que, por todas as provas anexadas ao
processo concederá aquilo que achar justo.

ESTOU CIENTE de que terei que acompanhar o processo no cartório para onde foi
distribuída a ação ou ainda pela internet no endereço WWW.TJ.RJ.JUS.BR, para me
informar sobre o andamento do processo.

ESTOU CIENTE de que fui atendido no Núcleo de Primeiro Atendimento, que os


advogados estagiários não se vincula a esse processo, e não mais poderão peticionar ou
orientar a respeito do mesmo devendo, caso necessite, procurar o defensor público ou
advogado dativo. Estou ciente de que posso o não receber o que foi pedido e que não há
garantia de êxito na ação.

DECLARO QUE LI A PETIÇÃO INICIAL, que se encontra de acordo com os fatos que
narrei, e que não tenho dúvidas quanto ao seu conteúdo estando o pedido de acordo com a
minha vontade, ficando ciente ainda de que é de minha inteira responsabilidade da presente
reclamação.

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RICHARD DE OLIVEIRA

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