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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE NILOPOLIS

ANA MARIA ELEUTERIO RAMOS DA SILA, brasileira, solteira,


estudante, portadoradacarteiradeidentidaden.012016511-3,
expedida pelo DETRAN-RJ, inscrita no CPF/MF sob o
n.0055424477-24 residente e domiciliado na Rua Eliseu de
Alvarenga n01256,centro,Nilopolis , Rio de Janeiro - CEP
26520-612 vem, com fulcro na Lei nO 9.099/95 e no Código de Defesa
do Consumidor, propor a presente:

Ação Indenizatória de Dano Moral


c/c DanoMaterial

emfacedeUBER., pessoa juridica de direito privado inscrita no


CNPJ sob o n° IGNORADO, com endereço Rua Uruguaiana nO 10, 24°
andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ-CEP: 20.050-090; comesteio
nos fundamentos de fatoededireitoa seguirexpostos:

PRELIMINARMENTE

I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:

Requer a Autora o beneficio da gratuidade de justiça, nos


termos da Legislação Pátria, inclusive para efei to de possi vel
recurso, tendo em vista ser a Autora impossibilitada de arcar
com as despesas processuais sem prejuizo próprio e de sua
familia, conforme afirmação de hipossuficiência em anexo e
artigo ~ e seguintes da lei 1.060/50 e artigo 5° LXXIV da
Consti tuição Federal de 1988.

o-Fatos
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A autora e uma usuária assídua do serviço da Uber, pelo qual


existem várias tipos de categorias, porém a que mais utiliza é o
Uber x.

No dia 08/04/2017 a autora contratou os serviços da empresa ré


,pra seguir o percurso de Sao Joao de Meriti, bairro Eden
ate ao Recreio, uma vez que a empresa ré trabalha com variação
de valores, conforme a oferta e demanda, denominado "preço
dinâmico"que por sinal é uma afronta ao Direito do Consumidor,
a autora contratou pelo aplicativo os serviços da re no
valor de R$81,99 e no final do percursso foi cobrado o
valor de R$ 105,75, conforme documento em anexo.

Emrazão do serviço da UBERnão possuir um"taxímetro" dentro dos


veículos automotores que lhe prestam serviços, o aplicativo da
empresa ré possui uma função denominada de "Multiplicador de
tarifa" que é rigorosamente cumprida pela empresa ré em razãoda
procura pelos usuários, conforme doc anexo.

Cabe ressaltar que o trajeto solicitado pela autora era de São


João de Meriti ate Recreio.

ASSIMSENDO,NAPIOR DASHIPÓTESES, NOPIOR DOSCENÂRIOS,OVALOR


MAxIMOQUE PODERIA A UBER COBRARDA AUTORAEM RAzAo DO
TRANSPORTEFORNECIDOSERIA O VALORDE R$ 81,99 POIS FOI O
ACORDADOATRAVESDO APLICATIVO.

Pasmem, no entanto, ao chegar ao local de destino, recebeu o


recibo da utilização do serviço por e-mail, COMO ABSURDOE
EXTRATOSFÉRICOVALORDE $ 105,78 (cento e cinco reais e
setenta e oito centavos).

Cabe ressaltar que em momento algum o motorista da empresa ré,


informou que o multiplicador estava ativado em 3.6 vezes,
causando um prejuízo enorme, além de um desgaste emocional
desnecessário, pois se o motorista estivesse informado qie o
multiplicador estava nesse valor, ela não contrataria o seu
serviço.

A autora, de boa fé, de maneira administrativa, procurou a


empresa ré e relatou o problema por e-mail, conforme anexo,
indicando que seria DESPROPORCIONAL a cobrança de R$ ~3, 79 (
VINTE E TRES REIS E SETENTAE NOVECENTAVOS).

A empresa ré, reconheceu seu erro, mais nao entrou em


contato com a autora, conforme documento anexo.
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II -DODlREITO

Aprimeira consideração a ser realizada é relati va à aplicação


da Lei Consumerista. Inegável que a relação jurídica incidente
àhip6teseregula-sepelaLei 8.078/90,microsistemajurídico
que prevê normas de ordem pública e interesse social.

A Autora, por adquirir e utilizar, comodestinatários finais,


os serviços oferecidos pelo réu, se enquadra na qualidade de
consumidora, nos termos do artigo 2°, da Lei 8.078/90 (C6digo
de Proteção e Defesa do Consumidor) .

o réu é prestador de serviços e como tal, enquadra-se na


qualidade de fornecedor, no termos do ~ 20 , do artigo 30 , do
mesmo comando legal. Configurada a relação de consumo, é
inquestionável a aplicação do C6digo de Defesa do Consumidor à
presentehip6tese.

o ci tado normati vo, emseu artigo 4 o , estipula comoobj eti vos da


Política Nacional das Relações de Consumo, dentre outros, o
atendimento às necessidades dos consumidores, o respei to à sua
dignidade, segurança, com base na boa fé, na lealdade, na
transparência e harmonia das relações de consumo.

Amens legemda Lei 8.078/90 é considerar consumidor aquele que,


ao utilizar produtos e serviços, não detém os mecanismos e
técnicas de produção, não podendo controlar a prestação
daqueles serviços que necessita, restando evidente sua
vulnerabilidade no mercado, tambémmencionada na doutrina como
hipossuficiência técnica e econômica, condição esta que deve
ser reconhecida, na forma do inciso I, do artigo 4 o •

Neste passo, não há comonegar que foi a autora foi vítima de um


acidente de consumo (fato de serviço), eis que o serviço
oferecido pelo réu conteve defei to que causou dano à sua honra e
dignidade, de modo que deve ela responder, nos termos do artigo
141, do C6digo de Proteção e Defesa do Consumidor.

A sistemática disposta na norma consumerista apregoa que a ré


deve responder, INDEPENDENTE DE CULPA, pela reparação dos
danos causados ao consumidor por defeitos relativos à
prestação dos serviços.

Tal responsabilidade está objetivada, isto é, concentrada na


ocorrência dodefeitoouvício do produto ou serviço.
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De igual modo, presume-se a boa fé da autora que, por suas


inaptidões técnicas (hipossuficiência) para aferirem a
adequação dos serviços prestados pela Ré, se apresentam no
mercadonumaposiçãodevulnerabilidade.

Ao agir de forma tão negligente em relação a autora, o réu violou


as determinações dispostas nos artigos 4°, caput, e 6°, do
Código de Defesa do Consumidor, que preconizam o respeito à
segurança contra riscos provocados por práticas no
fornecimento de serviços.

Neste diapasão, o ônus de garantir a segurança no serviço é


exclusivamente do réu, que os oferece ao mercado dizendo-se
capaz de prestá-los com profissionalismo e resultado. 1 Art.
14. O fornecedor de serviço responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidorespordefeitorelativoàprestaçãodosserviços,bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos .

• - DAREPETIÇÃO DO INDÉBITO

Como precei tua o nosso Código de Defesa do Consumidor, a oferta


obriga o ofertante (art. 30 do CDC) , não podendo a UBER, de forma
unilateral e abusiva, desvincular-se da oferta que promoveu.

Em verdade, o presente caso é ainda mais condenável do que o


pagamento indevido previsto no aludido dispositivo, tendo em
vista que tudo é realizado de forma unilateral pela ré - é ela
quem recebe o pagamento.

Evidente a má-fé da empresa demandada, vez que, mesmo com o


relato do problema, a empresa quedou-se inerte quando poderia
solucionar o caso da autora (e-mail solicitando o reembolso) .
Se àquela altura poderia se cogitar ter agido a ré com culpa,
evidenciou-se o dolo com a autora.

Cristalino, então, é o direito da autora à repetição do


indébito, devendo ser restituida pelo dobro dos valores
cobrados emexcesso, conforme pedido ao final formulado.

VI-DODANOMORALINDENIZÁVEL
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A conduta da empresa ré é um verdadeiro absurdo, e, por tal


tratamento desrespei toso ao consumidor, não à toa figura como
ré em aproximadamente 300 (trezentas) ações somente nos
juizados especiais cíveis.

Não bastasse a lesão à honra subjetiva dos autores, deve se


atentar ao caráter punitivo/pedagógico do dano moral, que deve
ser fixado tanto como uma forma de punir a conduta ilícita do
réu, bem como fazê-lo adequar a sua conduta e primar pelo bem-
estar e pelos direitos do seu cliente/consumidor, evitando
futuras lesões.

Neste sentido, há muito se pacificou a nossa jurisprudência,


pedindo vênia o autor para transcrever o seguinte trecho de
acórdão proferido pelo eg. Tribunal de Justiça do Estado do Rio
deJaneiro,atravésdesuadoutalS"CámaraCível, inverbis:

"O Judiciário Brasileiro, na esteira prática do que já vem


ocorrendo em boa parte dos Países desenvolvidos, tem imposto
condenações por danos morais em casos em que, na verdade, não
estãoemlidequestões relativas aos direitos da personalidade ,
mas, também, em diversas situações em que se verifica um
desacato à dignidade do consumidor ou mesmo do cidadão. Oque os
Tribunais têm condenado é a falta de respeito, o acinte, a
conduta daquele que causa injusta indignação ao lesado. ( ... ) A
TIMIDEZDOJUIZ AOARBITRARTAIS INDENIZAÇÕES EMALGUNSPOUCOS
SALÁRIOSMíNIMOS, RESULTAEMMALMUITOMAIORQUEO FANTASMA DO
ENRIQUECIMENTOSEM CAUSA DO LESADO, POIS RECRUDESCEO
SENTIMENTO DE IMPUNIDADE E INVESTE CONTRA A FORÇA
TRANSFORMADORADO DIREITO". (Apelação Cível nO
2004.00l.36940,Rel.
Des. Marco Antonio Ibrahim, Julgamento: 20/09/2005, Décima
Oi tava Cámara Cí vel do TJ /RJ)

Não se pode conceber que uma empresa do porte econômico da ré


ofereça tal tratamento desonroso a seus clientes. É um
verdadeiro disparate, que merece a respectiva reprimenda,
sobretudo por ter a ré, ao ser informada dos seus graves erros,
teremmantidoovilipêndioaodireitodaautora.

Ninguém em sã consclencia ousaria questionar o fato de ter a


autora suportado sérios danos morais.

Os aborrecimentos, o desgaste, o constrangimento, a


intranqüilidade na gestão de suas despesas domésticas e o
sentimento de impotência experimentado pelos autores, em
decorrência da negligência e má-fé da ré, tendo sido aquele
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enganado várias vezes por esta, fazendo com que os autores


tivessem que insistentemente contatar o réu para tentar
resolver os transtornos criados por esta, causando
aborrecimento e perturbando a tranqüilidade do autor, estes
inegáveisaborrecimentoscaracterizamdanosmorais.

Neste sentido, verificando que o réu é Empresas com poder


econômico gigantesco, uma indenização no patamar mínimo de R$
1.000,00 (Mil reais) é necessária para que se preencham todos
os requisitos acimacitados.

Assim, deve o réu ser compelido a ressarcir a autora pelos

danos morais experimentados, conforme pedido que se formulará.

VII - DAS PROVAS

Como se trata de evidente relação de consumo, plenamente


aplicável a inversão do ônus da prova em benefício do
consumidor, conforme previsão do art. 6°, VIII, do CDC, seja
pela existência de verossimilhança das alegaç6es aqui exposta s
(alicerçada na documentação juntada), seja pela
hipossuficiênciadaautora.

VIII - DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, vemrequerer a V. Exa. a ci tação da parte ré


para, querendo, responder à presente ação e sua intimação para
comparecer à audiência de conciliação, que poderá ser
imediatamente convolada emAIJ, caso não cheguem às partes a
umacordo, sob pena de revelia, requerendo ainda se digne V.
Exa. a:

• Deferir a inversão do ônus da prova, nos moldes dos itens 65/66


supra;

• condenar a ré a repetir o indébito, ou seja, restituir a


autora, em dobro, o importe de R$ 58.20 (cinquenta e oito
reais e vinte centavos), em até 24 horas após a intimação da
sentença, sob pena de multa diária prudentemente fixada por V.
Exa;
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'Condenar a empresa ré, por sentença, a indenizar a autora


pelos danos morais suportados, em quantia a ser arbitrada em
valor não inferior a R$1. 000,00 (Mil reais) , comincidência de
juros e correção monetária desde a data da ci tação;

Requer, ainda, a produção de todos os meios de prova em direi to


admi tidos, na amplitude do art. 332 do CPC, especialmente pela
juntada de provas documentais supervenientes, expedição de
ofícios, depoimento de testemunhas e depoimento pessoal dos
representantes legais da empresa ré, sob pena de confissão.

Atribui-seàcausaovalordeR$l.OOO,OO (Milreais).

Nestes Termos
Pede Deferimento.

Ana Maria Eleutério Ramos da Silva


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