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AO JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA - RJ

Autos nº 0007569-62.2021.8.19.0050

Requerente: JOSÉ FRANCISCO SANTOS DE JESUS

Requerido: AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S/A

JOSÉ FRANCISCO SANTOS DE JESUS, requerente nos autos em epígrafe, que move em face
de AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S/A, já qualificada nos autos, vem, por meio de seu
procurador, que está subscreve, vem através deste, interpor o presente

RECURSO DE APELAÇÃO

Com base nos artigos 1009 a 1014, ambos do CPC, requerendo, na oportunidade, que o
requerido seja intimado para, querendo, ofereça as contrarrazões e, ato contínuo, sejam
os autos, com as razões anexas, remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio
de Janeiro para os fins de mister.

Termos em que,

Pede o deferimento.

Santo Antônio de Pádua – RJ, 09 de maio de 2023.

PEDRO DOS SANTOS RODRIGUES

OAB/RJ 231.087
EXCELENTISSIMOS. SRS. DESEMBARGADORES DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

RAZÕES DE APELAÇÃO

PROCESSO Nº.: 0007569-62.2021.8.19.0050

ORIGEM: 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA - RJ

APELANTE: JOSÉ FRANCISCO SANTOS DE JESUS

APELADO: AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S/A

EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA.

Eméritos Desembargadores,

1. BREVE SÍNTESE DO PROCESSO

Trata-se de ação indenizatória movida pela apelante, uma vez que recebeu em sua
residência diversas cobranças no que resultou a interrupção de energia elétrica.

Desta feita, trata-se de cobranças indevidas, uma vez que a apelante comprova o
pagamento mensal das faturas em que a apelada realiza cobrança, uma vez que, a apelada
aplicou multa TOI junto a unidade consumidora de energia da apelante, sem nenhuma
notificação prévia, cerceando o direito da apelante, uma vez que foi aplicado a multa de
forma totalmente arbitrária e unilateral.

Contudo, a presente demanda fora julgada improcedente pelo juízo aquo, assim,
como será demonstrado a seguir, a sentença não merece prosperar, devendo ser
reformada.

2. DA SENTENÇA PROFERIDA PELO JUÍZO AQUO

Conforme demonstra em fls.251, o respeitável juízo aquo julgou a demanda da


seguinte forma, vejamos;
Sentença Trata-se de ação indenizatória proposta por JOSÉ
FRANCISCO SANTOS DE JESUS em face de ENEL BRASIL S/A,
aduzindo, em síntese, que no dia 07/10/2021 teve o fornecimento
de energia elétrica de sua residência interrompido apesar de estar
com todas as faturas pagas. Sustenta que realizou reclamações via
telefone, todavia a requerida não restabeleceu o fornecimento de
energia. Assim, requer a parte autora: a) em sede de tutela de
urgência, o restabelecimento e a manutenção do fornecimento de
energia elétrica de sua residência; b) a condenação da requerida ao
pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 500,00
(quinhentos reais) e de lucros cessantes no valor de R$ 1.000,00 (mil
reais); c) condenação da requerida ao pagamento de indenização
por danos morais no importe de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).
Petição inicial e documentos às págs. 03/36. Decisão do Agravo de
Instrumento às págs. 45/48. Mandado de citação positivo à pág. 56.
Contestação e documentos às págs. 58/133. À pág. 134 foi
certificada a tempestividade da contestação. Réplica às págs.
139/148. Despacho às págs. 150/151 determinando a manifestação
das partes em provas. Acórdão do Agravo de Instrumento às págs.
153/159, confirmando a tutela deferida em sede de agravo e
determinando o restabelecimento da energia elétrica da residência
do autor. À pág. 164 a parte autora informa que não possui outras
provas a produzir. À pág. 168 a parte ré informa que não possui
outras provas a produzir Despacho à pág. 173 determinando a
intimação da requerida para trazer aos autos o histórico de
consumo dos 24 meses anteriores ao TOI. À pág. 177 foi certificado
que não houve a manifestação da parte ré. Despacho à pág. 179
determinando a vinda aos autos de documentos pela requerida,
bem como a manifestação da parte autora quanto à data do corte
de energia. Manifestação da parte ré às págs. 189/241. À pág. 245
foi certificado pelo Cartório que não houve a manifestação da parte
autora. À pág. 249 a parte autora informa que a interrupção no
fornecimento de energia de sua residência se deu em 07/10/2021. É
o relatório. Decido. Presentes os pressupostos de constituição válida
e de desenvolvimento regular do processo e as condições para o
legítimo exercício do direito de ação. Não havendo vícios ou
irregularidades a serem supridas, declaro saneado o processo.
Considerando inexistir necessidade de produção de outras provas
além das já existentes, impõe- se o julgamento da lide no estado, na
forma do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil. O caso
concreto versa, indubitavelmente, sobre relação de consumo e ao
caso se aplica a Lei nº 8.078/90, diante da existência de relação
contratual entre as partes. O artigo 3º da referida lei estabelece que:
"Art.3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvam atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação ou comercialização
de produtos ou prestações de serviços. (...) § 2º - Serviço é qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista." A Lei nº 8.078/90 foi introduzida no Direito Positivo
Brasileiro em decorrência de mandamento constitucional, contido
nos artigos 5º, XXXll, 24, Vlll e 48 do ADCT. É inquestionável que a
autora, ao contratar os serviços prestados e produtos oferecidos
pela Ré, colocou-se em situação de consumidor. Conforme
entendimento pacífico da doutrina e jurisprudência a
responsabilidade é objetiva, consoante o estabelecido no artigo 14,
do Código de Defesa do Consumidor que assim dispõe: "Art.14. O
fornecedor de serviço responde, independentemente da existência
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição ou
risco. Assim sendo, a responsabilidade que se aplica ao caso é
objetiva, não necessitando que a parte autora faça prova da culpa
da Ré, necessitando, no entanto, que reste provado o dano e a
relação de causalidade. Como se sabe, o ônus da prova incumbe ao
autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, nos termos do art.
373, I, CPC, e o entendimento sumulado pelo TJERJ no verbete nº.
330 e de que: "Os princípios facilitadores da defesa do consumidor
em juízo, notadamente o da inversão do ônus da prova, não
exoneram o autor do ônus de fazer, a seu encargo, prova mínima do
fato constitutivo do alegado direito". Dessa forma, para análise do
feito, deve ser visto o compromisso da parte com a prova que lhe
cabe, eis que deve trazer mínimo respaldo probatório dos
argumentos por ela narrados. A parte requerente tem absoluto
compromisso em trazer aos autos prova mínima que assevere a sua
narrativa. Feitas tais considerações, passa-se à análise do mérito.
Informa a parte autora que é usuária dos serviços da parte ré, cliente
nº 2758850-5 utilizando os serviços prestados pela ré a título de
fornecimento de energia elétrica em sua residência situada em Lug
Salgueiro, casa 01, cx 01, Recreio do Mota, Santo Antônio de
Pádua/RJ. Informa que no dia 07/10/2021, apesar de estar em dia
com o pagamento das faturas referente ao serviço prestado pela ré,
teve o fornecimento de energia elétrica de sua residência
interrompido, sendo a interrupção totalmente indevida, sob o
argumento de que estava em dia com o pagamento de todas as
faturas. A parte ré, por sua vez, sustenta que a unidade consumidora
em questão estava em débito, razão pela qual emitiu-se a ordem de
corte. Do mesmo modo, aduz que a comprovação da alegação de
suspensão de fornecimento sem o prévio aviso de corte cabe tão
somente à parte autora, que deveria ter juntado aos autos a fatura
integral de cobrança original, que, com toda certeza, notificou a
parte autora dos débitos existentes, assim como dos riscos do
inadimplemento. Analisando os documentos acostados aos autos,
verifica-se que a parte autora estava em débito quanto às faturas:
R$ 2.387,84 referente ao mês 12/2020; 391,51 referente ao mês
12/2020; R$ 186,89 referente ao mês de 08/2021 e R$ 171,19
referente ao mês de 171,19, conforme constou na comunicação de
ordem de corte de pág. 19. Do mesmo modo, há nos autos somente
o comprovante de pagamento da fatura no valor de R$ 186,89, com
vencimento em 23/08/2021, a qual fora quitada somente em
05/10/2021 (id 25). Por fim, vê-se, ainda, dos autos que a parte
autora omitiu das cópias das faturas de págs. 22/23, 25/26, 29/30 as
notificações de contas vencidas. Outrossim, em que pese a parte
autora alegar em sede de réplica a ilegalidade do TOI emitido, não
há na inicial qualquer menção a ele ou mesmo pedido relativo a esta
situação. Assim, verifica-se que não houve falha na prestação dos
serviços pela parte ré, agindo esta no exercício regular de seu direito
de suspender o fornecimento de energia elétrica pelo não
pagamento, devendo todos os pedidos autorais serem julgados
improcedentes. Isso posto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos
autorais, extinguindo o feito, com resolução do mérito, na forma do
artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Condeno a parte
autora pagamento das despesas processuais e honorários
advocatícios, sendo estes fixados no importe de R$ 1.000,00 (mil
reais), nos termos dos artigos 82, § 2º, e 85, ambos do Código de
Processo Civil, suspensa a sua exigibilidade nos termos do artigo 98,
§3º, do CPC, considerando a gratuidade de Justiça deferida. Revogo
as decisões de págs. 48 e 155/159, que deferiu e confirmou o pedido
de tutela de urgência, considerando o julgamento de improcedência
da presente. Transitada em julgado e cumpridas as formalidades
legais, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Santo Antônio de Pádua,
25/04/2023. Cristina Sodré Chaves - Juiz em Exercício.

Contudo, a referida sentença merece ser reformada no que demonstra a seguir;

3. DAS RAZÕES DO RECURSO

Como constatado, e não poderia ser diferente, a presente hipótese se submete às


normas de ordem pública consagradas no CDC, haja vista que tanto o Recorrido como a
Recorrente se caracterizam, respectivamente, como consumidor e fornecedora de serviço.

Logo, a relação jurídica entre as partes é de consumo, já que estão presentes os


requisitos subjetivos (consumidor e fornecedor - artigos 2º e 3º da Lei 8078/90) e objetivos
(produto e serviço - §§ 1º e 2º do artigo 3º da mesma lei) de tal relação, in verbis:

“Estamos em evidente sede de direito do consumidor, no qual os


prestadores de serviço respondem pelos danos causados aos
consumidores objetivamente, só se isentando de sua
responsabilidade caso comprove uma das excludentes prevista no
art. 14, §3º I e II do Código de Defesa do Consumidor, ou seja, a
inexistência de defeito na prestação ou culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiros.” (Grifo nosso
4. DAS COBRANÇAS INDEVIDAS

Há de demonstrar como a ré realiza cobranças de maneira negligente, realizando o


faturamento de consumo de forma totalmente descabida, vejamos o aviso de corte, bem
como as cobranças que resultou a suspenção de energia elétrica a residência da apelante;

Nota-se que, conforme a comunicação de ordem de corte a apelada realiza a


cobrança das faturas relativas a;

MÊS REFERENTE ANO VALOR


DEZEMBRO 2020 R$ 2.387,84
DEZEMBRO 2020 R$ 391,51
AGOSTO 2021 R$ 186,89
SETEMBRO 2021 R$ 171,19

Em sequência, torna-se importante demonstrar as faturas pagas que a apelante


possui, conforme demonstra comprovantes em fls.21/31;

MÊS REFERENTE ANO VALOR


DEZEMBRO 2020 R$ 146,74
DEZEMBRO ----------------
AGOSTO 2021 R$ 186,89

SETEMBRO 2021
Nota-se excelência que a apelada realiza o faturamento em total descompasso
com a realidade, uma vez que os valores cobrados constantes sobre a comunicação
de ordem de corte não condizem com os valores cobrados pela fatura mensal da
apelante.

Salienta-se ainda que, a cobrança relativa ao mês de agosto de 2021 a apelada


apresenta tanto a fatura acompanhada com o comprovante de pagamento, conforme fls.
25 e 26, vejamos;

Vejamos agora a fatura recebida e paga pela apaleada, conforme apresenta-se em fls.24;

Observa-se que o valor da cobrança referente ao mês de dezembro de 2021


consiste no valor de R$ 146,74, ou seja, não condiz com o valor que a apelada cobra em
sua comunicação de corte, sendo que fora cobrado dois valores sobre o mesmo mês de
dezembro de 2020, totalizando o valor de R$2.779,35 ( dois mil e setecentos e setenta e
nove reais e trinta e cinco centavos), ou seja, a apelada cobra em total descompasso com
a realidade de consumo do consumidor, no que demonstra de forma inequívoco que a
apelada atua em total negligencia, onde é demonstrado a falha do serviço praticado pela
apelada.

5. DA INCONTESTÁVEL FALHA NO SERVIÇO PRATICADO PELA APELADA

Conforme evidências demonstradas anteriormente, fica estabelecido que a apelada


atribui cobranças a apelante em total desacordo.

Tais práticas demonstra de maneira inequívoca a incontestável falha no serviço


praticado pela apelada, que resultou em prejuízos significativos à minha cliente. Assim, há
elementos que configuram a responsabilidade civil da empresa apelada, fundamentados
na legislação vigente e em entendimentos jurisprudenciais que será debatido a seguir.

Inicialmente, é imprescindível ressaltar que a apelada agiu de forma negligente ao


cobrar valores completamente discrepantes daqueles devidamente acordados entre as
partes. Um exemplo contundente é a cobrança das faturas em questão, datadas de
dezembro de 2020. A apelante recebeu em sua residência uma fatura no valor de R$
146,74, enquanto a apelada registrou o montante de R$ 2.387,84 e R$ 391,51 em cobranças
adicionais para o mesmo mês. Essa disparidade evidencia, de maneira clara e
incontestável, a prestação de serviço deficiente por parte da apelada.

No âmbito da responsabilidade civil, há a necessidade de se comprovar a ocorrência


de três elementos essenciais: o dano, o nexo causal e a conduta ilícita do prestador de
serviço. No caso em tela, tais elementos se fazem presentes de forma cristalina.

O dano é visível quando consideramos que a apelante foi indevidamente cobrada


em valores que não correspondiam ao acordo estabelecido entre as partes. Essa cobrança
abusiva gerou prejuízos financeiros, causando um desequilíbrio injusto na relação
contratual. Tal dano pode ser facilmente quantificado pelos valores indevidamente
cobrados, bem como pelos transtornos e preocupações causados à apelante.

Quanto ao nexo causal, é incontestável que a conduta negligente da apelada foi a


causa direta dos danos sofridos pela apelante. Ao emitir faturas com valores exorbitantes
e totalmente divergentes do que fora acordado, a empresa apelada violou o princípio da
boa-fé contratual e da segurança jurídica, criando uma situação prejudicial à parte mais
frágil da relação, a apelante.

A conduta ilícita da apelada, por sua vez, configura-se pela clara violação de normas
legais e princípios que regem as relações de consumo. O Código de Defesa do Consumidor,
em seu artigo 14, estabelece a responsabilidade objetiva dos fornecedores de serviços,
independentemente da existência de culpa, quando causam danos aos consumidores.
Além disso, o artigo 6º do mesmo diploma legal enfatiza a necessidade de informação clara
e adequada sobre os produtos e serviços, o que não foi observado pela apelada.

Ademais, ressalto a importância de que sejam aplicadas as disposições do Código


Civil Brasileiro, em especial os artigos 186 e 927, que tratam da responsabilidade civil por
atos ilícitos. De acordo com tais dispositivos, aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Nesse
contexto, a apelada, ao cobrar valores discrepantes e em desacordo com o acordado, agiu
de forma negligente e imprudente, ocasionando danos à apelante.

6. DO DANO MORAL

No que tange aos danos morais decorrentes da prática abusiva perpetrada pela
apelada, urge destacar a relevância desse aspecto e os fundamentos legais e
jurisprudenciais que sustentam a busca por reparação nesse campo sensível do direito.

Primeiramente, cabe ressaltar que a violação aos direitos de personalidade, como


ocorreu no presente caso, é suscetível de causar abalos psicológicos, emocionais e até
mesmo sociais à parte prejudicada, resultando em danos morais passíveis de
compensação. Nesse contexto, os danos morais encontram respaldo no ordenamento
jurídico brasileiro, notadamente no artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, que
assegura a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das
pessoas.

No âmbito do Código Civil, especialmente em seu artigo 186, observamos a previsão


de que aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Essa norma guarda consonância com o princípio
da reparação integral, que norteia o instituto da responsabilidade civil, buscando restaurar,
na medida do possível, o equilíbrio e a dignidade daqueles que sofreram prejuízos injustos.

Nesse contexto, o dano moral se configura não apenas pela ofensa direta à esfera
subjetiva da parte prejudicada, mas também pelo reflexo na sua reputação, autoestima e
tranquilidade psíquica. A cobrança indevida e abusiva perpetrada pela apelada ocasionou
angústia, aflição e desconforto à apelante, que se viu lesada em seus direitos de
consumidora e submetida a uma situação desgastante e injusta.

Ademais, é crucial mencionar que os tribunais pátrios têm reconhecido amplamente


o direito à reparação por danos morais em casos semelhantes, demonstrando
sensibilidade à situação vivenciada pelas vítimas de práticas comerciais abusivas. A
jurisprudência consolidada, inclusive no Superior Tribunal de Justiça, tem adotado
entendimentos que corroboram a necessidade de compensação diante de lesões morais,
a fim de restabelecer a dignidade e a moralidade feridas.
Vejamos jurisprudência julgadas pelo Tribunal de Justiça do Rio de janeiro;

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. ENERGIA ELÉTRICA.


COBRANÇA INDEVIDA DE CONSUMO. NEGATIVAÇÃO. DANO MORAL.
1.Apelo da ré contra a sentença que a condenou ao refaturar a conta de
consumo para a média de consumo dos últimos 06 meses anteriores ao
faturamento questionado nos autos e ainda à devolução do valor
eventualmente pago, bem como lhe impôs a condenação em pagar
indenização por dano moral. 2.Falha na prestação do serviço evidente.
A parte ré não se desincumbiu de demonstrar a legalidade da
cobrança, deixando de produzir prova a esse respeito. Inteligência
do art. 373, II, do Código de Processo Civil. 3.Dano moral
caracterizado a partir do momento que houve a negativação do
nome do autor por cobrança indevida. A importância de R$8.000,00,
que foi fixada na sentença, observou os princípios da razoabilidade
e proporcionalidade. Enunciado n. 343 da súmula de Jurisprudência
deste Tribunal. 4. Desprovimento do apelo da ré.

(TJ-RJ - APL: 00017713120198190070, Relator: Des(a). HELDA LIMA


MEIRELES, Data de Julgamento: 15/03/2021, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL,
Data de Publicação: 19/03/2021).

APELAÇÃO CÍVEL. TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE. TOI.


RELAÇÃO DE CONSUMO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA
CONCESSIONÁRIA RÉ. ALEGAÇÃO AUTORAL DE TERMO LAVRADO
IRREGULARMENTE. RECUPERAÇÃO DE CONSUMO IMPOSTO NAS FATRAS
MENSAIS. DEFERIMENTO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA PARA EXCLUIR A
COBRANÇA DA RECUPERAÇÃO DE CONSUMO E ABSTER DE
INTERROMPER O FORNECIMENTO DE ENERGIA. SENTENÇA DECLARA
NULIDADE DO TOI E DA DÍVIDA DELE DECORRENTE. DETERMINA
DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS, DE FORMA SIMPLES, E CONDENA A
RÉ AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL EM R$
10.500,00. APELO DA CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA. AFIRMA
LEGALIDADE DO TOI E REGULARIDADE NA COBRANÇA DA RECUPERAÇÃO
DE CONSUMO. ADUZ AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ A AUTORIZAR A REPETIÇÃO DO
INDÉBITO, INEXISTÊNCIA DE DANO A ENSEJAR REPARAÇÃO, VALOR
INDENIZATÓRIO EXORBITANTE. TERMO DE IRREGULARIDADE QUE NÃO
OBSERVOU O ARTIGO 129, INCISO II, DA RESOLUÇÃO ANEEL Nº 414/2010.
NULIDADE RECONHECIDA. SÚMULA 256 DO TJRJ. DEVOLUÇÃO EM
DOBRO DOS VALORES INDEVIDAMENTE COBRADOS. INSERÇÃO DE
VALORES NA FATURA MENSAL. PRÁTICA ABUSIVA. INTELIGÊNCIA DA
SÚMULA 198 DESTA CORTE. TENTATIVA DE RESOLUÇÃO DO
PROBLEMA ADMINISTRATIVAMENTE SEM SUCESSO, SOBREVINDO
CORTE NO FORNECIMENTO, RESTABELECIDO SOMENTE APÓS A
CONSUMIDOR PAGAR PELA COBRANÇA IRREGULAR. PERDA DO
TEMPO ÚTIL DO CONSUMIDOR QUE TENTOU SOLUCIONAR A
QUESTÃO SEM ÊXITO. TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO. DANO MORAL
CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO SEM REDUÇÃO, EM
OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. DESPROVIMENTO DO RECURSO.

(TJ-RJ - APL: 00061433720208190054, Relator: Des(a). JUAREZ FERNANDES


FOLHES, Data de Julgamento: 22/06/2022, DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 24/06/2022).
Por conseguinte, ante os fatos expostos e alicerçado nos pilares legais e
jurisprudenciais, requeremos a este Juízo que sejam considerados os danos morais
suportados pela apelante em decorrência da conduta negligente e abusiva da apelada.
Pleiteamos uma compensação justa e proporcional, levando em consideração a
repercussão do evento danoso em sua esfera íntima, moral e emocional.

7. DA MULTA TOI (TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE)

Há de consignar que, os valores cobrados sobre o mês de dezembro de 2020, no que


totaliza o valor de R$ 2.779,35 é decorrente a uma multa TOI, multa esta estabelecida sem
nenhum prévio aviso a apelante, no que a apelada atuou em total desconformidade com as
normas vigentes no que será debatido a seguir.

Ressalte-se que este E. TJRJ já se pronunciou para casos semelhantes ao do


Recorrido, editando o Enunciado 256, segundo o qual” o termo de ocorrência de
irregularidade, emanado de concessionária, não ostenta o atributo da presunção de
legitimidade, ainda que subscrito pelo usuário”.

Não obstante, a apelada apenas vem aduzindo que a cobrança da suposta


irregularidade constatada estaria de acordo com os critérios estabelecidos pela Resolução
ANEEL nº 414, visto que a cobrança em questão visaria recuperar a suposta diferença
apurada entre a energia faturada X energia fornecida, e que ela, supostamente, havia
seguido todas as normas vigentes, não agindo em momento algum de forma ilícita.

Outrossim, como se vê nos autos, o apelante somente tomou conhecimento das


lavraturas dos TOI’s ao receber as faturas já com os parcelamentos indevidos, ou seja,
sem que tivesse qualquer oportunidade de acompanhar eventual inspeção.

Logo, como se vê nos autos, a Recorrente não observou tais requisitos.

Neste sentido segue o V. Aresto, in verbis: “0118050-


02.2019.8.19.0038 - RECURSO INOMINADO Juiz(a) LUCIANA SANTOS
TEIXEIRA - Julgamento: 30/06/2020 - CAPITAL 1a. TURMA RECURSAL
DOS JUI ESP CIVEIS VOTO Trata-se de ação em que a autora alega ter
recebido cobranças de parcelamentos decorrentes da lavratura de
dois TOI's (Termos de Ocorrências de Irregularidades). O Juízo de
origem julgou extinto o processo, sem resolução de mérito, por
entender necessária a realização de perícia técnica. A sentença, com
a devida vênia, merece reforma. A prova pericial é dispensável e a
preliminar de incompetência do Juízo merece ser superada.
Considerando que o feito se encontra maduro para julgamento,
passo a apreciar o mérito, nos termos do nos termos do art. 1.013,
p. 3º, do CPC. De acordo com a tese fixada pelo E. Superior
Tribunal de Justiça, quando do julgamento em sistema de
Recurso Repetitivo, do Recurso Especial nº 1.412.433, a
verificação da legitimidade do TOI passa, necessariamente, pela
reunião dos seguintes requisitos: 1) aviso prévio ao usuário
seguido de possibilidade de exercício dos princípios do
contraditório e da ampla defesa; 2) cobrança avulsa e não
cumulada com o consumo mensal; e 3) suspensão do
fornecimento de energia com base exclusiva nos últimos 3
meses de consumo. No presente caso não houve a observância
de tais requisitos. Logo, devem ser anulados os TOI's e as
dívidas. A parte autora faz jus à restituição da quantia de R$216,20,
valor comprovadamente pago, de forma simples. A dobra prevista
no art. 42, parágrafo único, do CDC não se aplica ao caso em tela,
ante a autorização expressa para a cobrança de recuperação de
consumo. Presente o dano moral ante a interrupção do serviço. O
montante indenizatório é fixado com razoabilidade. Face ao
exposto, VOTO para anular a sentença de extinção do processo sem
exame de mérito e, considerando a causa madura para julgamento,
julgar procedentes em parte os pedidos, condenando a ré a: (1)
cancelar os débitos decorrentes dos TOI's objeto da demanda,
abstendo-se de suspender o serviço em razão de tais débitos ou
restabelecendo o serviço, caso persista a suspensão noticiada nos
autos; (2) restituir à parte autora a quantia de R$216,20, com
correção monetária a partir do desembolso e juros de 1% ao mês a
partir da citação; (3) pagar à parte autora a quantia de R$5.000,00, a
título de indenização por danos morais, com correção monetária a
partir da presente data e juros de 1% ao mês a partir da citação. Sem
ônus sucumbenciais porque não verificada a hipótese prevista no
artigo 55, caput da Lei 9099/95. Rio de Janeiro, 29 de junho de 2020
LUCIANA SANTOS TEIXEIRA Juíza Relatora.” (Grifamos).

Outrossim, há entendimento já pacificado por este E. Tribunal que qualquer


cobrança de consumo de energia baseada tão somente em TOI, sem estar acompanhado
de Laudo Técnico Pericial, é considerada indevida e, portanto, nula de pleno direito, com
fulcro no que estabelece o artigo 51, X, do CDC, tendo em vista o disposto no artigo 72, II,
da resolução da ANEEL,in verbis:

Artigo 72 - Constatada a ocorrência de qualquer procedimento


irregular cuja responsabilidade não lhe seja atribuível e que tenha
provocado faturamento inferior ao correto, ou no caso de não ter
havido qualquer faturamento, a concessionária adotará as seguintes
providências: II - solicitar os serviços de perícia técnica do órgão
competente vinculado à segurança pública e/ou do órgão
metrológico oficial, este quando se fizer necessária a verificação do
medidor e/ou demais equipamentos de medição;” (Grifamos).
Não obstante, a Resolução Normativa nº 414/2010 da ANEEL estabelece as
condições gerais de fornecimento de energia elétrica de forma atualizada e consolidada,
prevendo, em seu art. 129, os procedimentos para a caracterização da irregularidade e
recuperação da receita, in verbis:

“Art. 129. Na ocorrência de indício de procedimento irregular, a


distribuidora deve adotar as providências necessárias para sua fiel
caracterização e apuração do consumo não faturado ou faturado a
menor.

§ 1º A distribuidora deve compor conjunto de evidências para a


caracterização de eventual irregularidade por meio dos seguintes
procedimentos:

I – emitir o Termo de Ocorrência e Inspeção – TOI, em formulário


próprio, elaborado conforme Anexo V desta Resolução;

II – solicitar perícia técnica, a seu critério, ou quando requerida pelo


consumidor ou por seu representante legal;

III – elaborar relatório de avaliação técnica, quando constatada a


violação do medidor ou demais equipamentos de medição, exceto
quando for solicitada a perícia técnica de que trata o inciso

II; (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012) IV – efetuar a


avaliação do histórico de consumo e grandezas elétricas; e

V – implementar, quando julgar necessário, os seguintes


procedimentos: a) medição fiscalizadora, com registros de
fornecimento em memória de massa de, no mínimo, 15 (quinze) dias
consecutivos; e

b) recursos visuais, tais como fotografias e vídeos.

§ 2o Uma cópia do TOI deve ser entregue ao consumidor ou àquele


que acompanhar a inspeção, no ato da sua emissão, mediante
recibo.

§ 3o Quando da recusa do consumidor em receber a cópia do TOI,


esta deve ser enviada em até 15 (quinze) dias por qualquer
modalidade que permita a comprovação do recebimento.

§ 4º O consumidor tem 15 (quinze) dias, a partir do recebimento do


TOI, para informar à distribuidora a opção pela perícia técnica no
medidor e demais equipamentos, quando for o caso, desde que não
se tenha manifestado expressamente no ato de sua emissão.
(Redação dada pela REN ANEEL 418, de 23.11.2010)

§ 5º Nos casos em que houver a necessidade de retirada do medidor


ou demais equipamentos de medição, a distribuidora deve
acondicioná-los em invólucro específico, a ser lacrado no ato da
retirada, mediante entrega de comprovante desse procedimento ao
consumidor ou àquele que acompanhar a inspeção, e encaminhá-
los por meio de transporte adequado para realização da avaliação
técnica.

§ 6º A avaliação técnica dos equipamentos de medição pode ser


realizada pela Rede de Laboratórios Acreditados ou pelo laboratório
da distribuidora, desde que com pessoal tecnicamente habilitado e
equipamentos calibrados conforme padrões do órgão metrológico,
devendo o processo ter certificação na norma ABNT NBR ISO 9001,
preservado o direito de o consumidor requerer a perícia técnica de
que trata o inciso II do § 1º. (Redação dada pela REN ANEEL 479, de
03.04.2012)

§ 7º Na hipótese do § 6º, a distribuidora deve comunicar ao


consumidor, por escrito, mediante comprovação, com pelo menos
10 (dez) dias de antecedência, o local, data e hora da realização da
avaliação técnica, para que ele possa, caso deseje, acompanhá-la
pessoalmente ou por meio de representante nomeado.

§ 8º O consumidor pode solicitar, antes da data previamente


informada pela distribuidora, uma única vez, novo agendamento
para realização da avaliação técnica do equipamento.

§ 9º Caso o consumidor não compareça à data previamente


informada, faculta-se à distribuidora seguir cronograma próprio
para realização da avaliação técnica do equipamento, desde que
observado o disposto no § 7º. § 10. Comprovada a irregularidade nos
equipamentos de medição, o consumidor será responsável pelos
custos de frete e da perícia técnica, caso tenha optado por ela,
devendo a distribuidora informá-lo previamente destes custos,
vedada a cobrança de demais custos.

§ 11. Os custos de frete de que trata o § 10 devem ser limitados ao


disposto no § 10 do art. 137.” (Grifo nosso)

Destarte, a lavratura do TOI de forma unilateral não ostenta presunção de


veracidade, conforme preceitua a Súmula nº 256, do TJRJ. O Termo de Ocorrência de
Irregularidade (TOI), quando realizado em relógio medidor de consumo de energia elétrica,
por suas próprias particularidades, não permite, no momento de sua lavratura, que o
consumidor realize a contraprova da irregularidade que lhe é imputada ou qualquer outra
providência relativa ao contraditório, à ampla defesa ou à transparência, inerentes às
relações de consumo.

Logo, é dever da empresa fornecedora de energia elétrica, em caso de indício de


irregularidade, adotar as providências necessárias para sua fiel caracterização e apuração
do consumo supostamente não faturado, ao passo que tem a obrigação de assegurar ao
consumidor amplo direito de defesa, consubstanciado nos §§ 4º, 5º e 6º do o art. 129 da
Resolução ANEEL nº 414/2010.
De acordo com os autos, constata-se que a recorrente, ao proceder à suposta
vistoria do medidor, não concretizou os serviços de perícia técnica por órgão imparcial,
bem como deixou de implementar qualquer outro procedimento que corroborasse a
suposta irregularidade apontada, desatendendo a referida norma legal.

Portanto, a recorrente não produziu qualquer prova capaz de afastar a alegação de


que o Termo de Ocorrência de Irregularidade (TOI) foi lavrado de forma irregular. Assim,
não se desincumbindo do ônus que lhe cabia como determinam os arts. 373, II, do CPC e
14, § 3º, do CDC, resta correta a r. sentença monocrática que determinou o cancelamento
do TOI, não merecendo, por tanto, ser ela reformada.

Nesta seara, in verbis: “0043263-24.2017.8.19.0021 - APELAÇÃO


Des(a). FRANCISCO DE ASSIS PESSANHA FILHO - Julgamento:
16/07/2020 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL.
DIREITO DO CONSUMIDOR. ENERGIA ELÉTRICA. PRETENSÃO DE
DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DO DÉBITO CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. LAVRATURA DE TERMO DE
OCORRÊNCIA E INSPEÇÃO - TOI. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA QUE DECLAROU A INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA.
RECURSOS DE AMBAS AS PARTES. TOI QUE NÃO OSTENTA
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N°
256 DESTE EGRÉGIO TRIBUNAL. PROVA PERICIAL NÃO
REALIZADA. INOBSERVÂNCIA DO ÔNUS PROBATÓRIO. RÉ QUE
NÃO COMPROVA ATUAÇÃO CONFORME O PROCEDIMENTO
PREVISTO NA RESOLUÇÃO DE REGÊNCIA. COBRANÇA INDEVIDA.
AUTORA ALEGA QUE, MALGRADO O REGULAR ADIMPLEMENTO DAS
FATURAS E O DEFERIMENTO DA TUTELA INIBITÓRIA, FOI EFETIVADA
A INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO, RESTABELECIDO 04 DIAS DEPOIS,
APÓS RECLAMAÇÕES ADMINISTRATIVAS. DANOS MORAIS IN RE IPSA.
INTELIGÊNCIA DO ENUNCIADO Nº. 192 DA SÚMULA DO TJRJ.
QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE DEVE SER FIXADO EM R$ 5.000,00.
PRECEDENTES. RECURSO DA RÉ DESPROVIDO. RECURSO DA
AUTORA PROVIDO.”

“0033017-68.2018.8.19.0203 - APELAÇÃO Des(a). ANA MARIA


PEREIRA DE OLIVEIRA - Julgamento: 16/07/2020 - VIGÉSIMA SEXTA
CÂMARA CÍVEL Ação de conhecimento objetivando o Autor que a Ré
se abstenha de efetuar qualquer cobrança referente ao débito
oriundo de TOI e de suspender o fornecimento de energia elétrica
em sua residência, bem como, a condenação da concessionária a
restituir, em dobro, os valores indevidamente cobrados, além de
indenização por dano moral no valor de R$ 10.000,00. Sentença que
julgou procedente o pedido inicial, para declarar a nulidade do
TOI nº 7731555 e do contrato de confissão de dívida emitido pela
Ré, condenando-a se abster de realizar a cobrança do consumo
recuperado, a restituir, em dobro, os valores pagos referentes
ao parcelamento do TOI, e ao pagamento de indenização por
dano moral, no valor de R$40.000,00. Apelação da Ré. Termo de
Ocorrência de Irregularidade que não goza de presunção de
legitimidade. Aplicação da Súmula nº 256 desta Corte Estadual.
Apelante que tenta comprovar a sua tese juntando aos autos telas
de computador, produzidas, unilateralmente, não podendo, assim,
ser consideradas. Apelante que não comprovou a existência de
irregularidade no relógio medidor e tampouco que esta pudesse
ser atribuída ao Apelado, o que poderia ter sido feito através de
prova técnica, por ela não requerida no curso da lide. Falha na
prestação do serviço, como acertadamente reconheceu a
sentença, declarando a nulidade do Termo de Ocorrência de
Irregularidade e, consequentemente, a inexistência dos débitos
dele decorrentes e determinando a devolução, em dobro, dos
valores pagos, indevidamente. Dano moral configurado.
Indenização por dano moral que comporta redução para R$
5.000,00, montante mais compatível com a repercussão dos fatos
narrados nos autos, observados critérios de razoabilidade e de
proporcionalidade, tanto mais se considerado que não houve corte
do serviço. Precedentes do TJRJ. Provimento parcial da apelação.”
(Grifamos) 0021348-60.2010.8.19.0021 – APELAÇÃO Des(a). SÉRGIO
NOGUEIRA DE AZEREDO - Julgamento: 26/06/2019 - DÉCIMA
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL Apelação Cível. Ação Declaratória c/c
Repetitória de Indébito e Reparatória por Danos Morais.
Concessionária de serviço público. Relação de Consumo. Verbete nº
254 da Súmula deste Egrégio Tribunal de Justiça. Narrativa autoral
de lavratura de TOI pela Demandada, com imposição unilateral
de cobrança e interrupção do fornecimento de energia elétrica.
Sentença de procedência para declarar a nulidade do Termo de
Ocorrência de Irregularidade e da dívida dele decorrente,
condenar a Ré à manutenção da prestação do serviço, à
restituição do indébito, em dobro, e à compensação a título de
reparação pela lesão imaterial. Irresignação da Demandada, sob
o argumento de ter agido no exercício regular do seu direito,
porquanto a dívida imputada pelo TOI consubstanciaria débitos
acumulados por divergência entre a aferição e o consumo real,
originada de irregularidade no medidor. Resolução da ANEEL no
456/2000. Requerida que não se desincumbiu de seu onus probandi,
deixando de acostar aos autos evidências mínimas acerca dos
alegados fatos modificativos ou impeditivos do direito autoral (art.
373, II, do CPC). Valor cobrado como consumo retroativo não
comprovado nos autos. Incidência do entendimento consagrado no
Verbete Sumular nº 256 da Jurisprudência Predominante desta
nobre Corte de Justiça, segundo o qual "[o] termo de ocorrência de
regularidade, emanado de concessionária, não ostenta o atributo da
presunção da legitimidade, ainda que subscrito pelo usuário".
Aplicação do disposto no art. 42, parágrafo único, do CDC.
Evidências de má-fé diante da conduta da concessionária, que não
configura engano justificável. Presente a falha na prestação de
serviço essencial, que deve ser adequado e contínuo, conforme
expresso no art. 22 da Lei nº 8.078/90. Ausência de demonstração
de que o equívoco constatado pudesse, ao menos, ser imputado à
consumidora ou a terceiro (art. 14, §3º, II, do CDC). Dever de
reparação pela lesão extrapatrimonial que se reconhece por ofensa
à honra objetiva. Inteligência do Verbete nº 227 da Súmula da
Colenda Corte Superior de Justiça, segundo o qual "[a] pessoa
jurídica pode sofrer dano moral", e do Verbete Sumular nº 373 deste
Nobre Sodalício que determina que "[p]ara a configuração da
responsabilidade por danos morais à pessoa jurídica é
imprescindível que a conduta do agente viole sua honra objetiva".
Imputação de fraude e inspeção policial aptas a acarretar abalo à
reputação da consumidora. Indevida interrupção na prestação de
serviços essenciais que gera danos morais, nos termos do Verbete
Sumular nº 192 deste Insigne Tribunal de Justiça. Precedentes desta
Egrégia Corte Estadual. Verba reparatória fixada em R$ 4.000,00
(quatro mil reais), com observância dos contornos do caso concreto
e em atenção aos Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade.
Previsão constante no Verbete nº 343 da Súmula de Jurisprudência
Predominante desta Corte Estadual. Majoração dos honorários
sucumbenciais em grau de recurso. Inteligência do disposto no art.
85, § 11, do CPC. Conhecimento e desprovimento do recurso.”
(Grifamos).

Desta feita, destaca-se que a apelada procedeu de forma desidiosa, uma vez que
aplicou a multa TOI de forma unilateral ensejando a cobrança indevida no que resultou ao
corte indevido de energia.

8. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

1. O recebimento ao presente recurso apelativo em seus efeitos DEVOLUTIVO E


SUSPENSIVO, uma vez que se trata de serviço essencial de fornecimento de
energia.

2. Conceda A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL, liminarmente e em caráter de


urgência, para o fim de restaurar, por conseguinte a liminar concedida no processo
originário pela continuidade de fornecimento de energia elétrica.

3. que se dê o justo provimento às razões do apelo, para o fim de reformar a decisão


do juízo a quo, no sentido de declarar a inexigibilidade das cobranças, bem como;
a. Que seja o apelado condenado ao pagamento de indenização devida pelos
danos morais e materiais suscitados pelo apelante.

b. condenar o apelado as custas processuais e honorários sucumbenciais que


achar devido;

Nestes termos,

Pede e aguarda deferimento.

Santo Antônio de Pádua – RJ, 09 de maio de 2023.

PEDRO DOS SANTOS RODRIGUES

OAB/RJ 231.087

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