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ZEVALDO CANDITO DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, inscrita no CPF sob o n. 052.332.944-00
e no RG sob o n. 3519112/2.000 SSP, domiciliado no Sítio Malhada Vermelha, n. 3573, Cep:
56.950-000, na cidade de São José do Belmonte, PE, vem, por intermédio de sua advogada abaixo
assinada, com endereço para fins de comunicação processual Avenida Primo Lopes, n. 93, Centro de São
José do Belmonte-PE, jayany-barbosa@outlook.com, vem a presença de Vossa Excelência propor
PRELIMINARMENTE
Com base na Legislação que tutela o Direito do Consumidor o promovente requer obenefício da
inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, CDC), eis que é parte manifestamente hipossuficiente na
relação consumidora com a reclamada.
Requer que sejam concedidos os Benefícios da Justiça Gratuita na Forma das Leis 1.060/50,
artigo 1º da Lei 7.115/83 e nos termos do artigo 98 e seguintes da Lei 13.105/2015, perante o estado de
necessidade que passa o Promovente, que se encontra impossibilitado de fazer o pagamento de custa
judicial e honorário advocatício sem comprometer seu sustento, uma vez que a parte autora se
encontra desempregado.
DO SUPORTE FÁTICO
DO SUBSTRATO JURÍDICO
Não houve participação do autor em nenhum ato da malsinada inspeção, pois não foi dado
direito de previamente indicar assistente técnico para formulação de quesitos, e, ademais, NÃO HOUVE
PARTICIPAÇÃO DE UM PERITO OFICIAL, IMPARCIAL, ALHEIO AOS INTERESSES
DAS PARTES, além disso, a ausência do termo de ocorência gera o cerceamento de defesa por parte da
ré, uma vez que resta comprovado que não houve partcipação do ato em que ensejou a multa, bem como
os motivos legais para tal situação.
Destarte, tal inspeção que gerou o corte de energia elétrica, é nula de pleno direito, por não
respeitar as garantias mínimas elencadas na Constituição Federal, bem como as normas de proteção do
Código de Defesa do Consumidor. Para que seja válido, devem ser realizadas as medidas cabíveis, bem
como a ausência do termo confugura-se o desrepeito ao consumidor nos princípios básicos.
Prescreve a resolução 456/2000 da Aneel em seu artigo 72, inciso II, qual seria o procedimento
correto para verificação do medidor. Vejamos:
Art. 72. Constatada a ocorrência de qualquer procedimento irregular cuja responsabilidade não
lhe seja atribuível e que tenha provocado faturamento inferior ao correto, ou no caso de não ter
havido qualquer faturamento, a concessionária adotará as seguintes providências:
II - solicitar os serviços de perícia técnica do órgão competente vinculado à segurança pública e/ou
do órgão metrológico oficial, este quando se fizer necessária a verificação do medidor e/ou demais
equipamentos de medição; (sublinhei)
Outrossim, o artigo acima, não faculta, mas sim obriga em seu inciso II a solicitação de
“serviços de perícia técnica do órgão competente vinculado à segurança pública”. Dessa forma, tal
perícia, não é uma faculdade do consumidor, mas sim, um instrumento obrigatório para que a ocorrência
da suposta fraude seja revestida de fé pública e, assim possa ser utilizada como prova hábil para
comprovar a efetiva ocorrência de fraude e, desta forma permitir a cobrança por consumo utilizado e não
medido.
Todavia, esse procedimento não foi respeitado pela concessionária, pois a suposta
irregularidade foi obtida de forma UNILATERAL por agente da empresa, o que não cumpriu o
mínimo que seria a entrega do termo da ocorrência, informando ao proprietário o que seria o
episódio do fato, ademais seria indispensável à presença de peritos técnicos de órgão oficial para
inspeção. Além disso, o único meio de prova que deveria ser forncedido foi omitido.
Ademais, cita-se que, tais argumentos estão em consonância com precedentes do SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Observe:
Como já afirmado, a inspeção que originou do ano de 2018 e 2020 o ônus de R$ 4.730 (quatro mil
e setecentos e trinta reais), foi realizada de forma UNILATERAL, efetuada, apenas por funcionários da
demandada, sem presença de testemunhas, bem como ao a ausência da lavração do TOI, não foi dado
ao demandante qualquer direito defesa.
Nossa pátria jurisprudência, elencada dos mais variados Estados da Federação, vem decidindo
sobre do tema da seguinte forma. Destacamos:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. CONSUMIDOR. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO
C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E ANTECIPAÇÃO PARCIAL DOS EFEITOS DA TUTELA. ALEGAÇÃO
DE FRAUDE NO MEDIDOR. SENTENÇA MONOCRÁTICA QUE JULGOU PROCEDENTE A
DEMANDA, DECLARANDO NULO O DÉBITO RELATIVO AO CONTRATO FIRMADO ENTRE AS
PARTES, ALÉM DE CONDENAR A CONCESSIONÁRIA APELANTE AO PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, COMO TAMBÉM NAS CUSTAS E HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. IRRESIGNAÇÃO. DESVIO NÃO COMPROVADO. PERÍCIA REALIZADA SEM
A PARTICIPAÇÃO DA CONSUMIDORA. VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL,
AO CONTRADITÓRIO E AO AMPLO DIREITO DE DEFESA. COBRANÇA INDEVIDA.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.
QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE SE MOSTRA RAZOÁVEL E PROPORCIONAL.
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. AC 136595 RN 2010.013659-5 Relator (a): Des. Vivaldo Pinheiro
Julgamento:14/06/2011 Órgão Julgador:3ª Câmara Cível(grifei)
DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
É de suma importância analisar os termos do artigo grifados, uma vez que a falta de informação no
caso em tela, ou seja, a insuficência das informações necessárias gerou um dano inquestionável ao autor,
não apenas ecônomico, mas principalmente moral. Pois, com base na sua vivência, sempre prezou pelo
seu nome, honrando com dignidade todos os seus compromissos. E tendo, seu principal meio de
sobrevivência violado lhe causou enorme dano. É inquestionável a importância desse recurso natural,
bem mais valioso e fonte de toda vida, á agua.
Conforme é sabido, para que haja a responsabilidade objetiva, necessário apenas que seja
constatado o dano e o nexo de causalidade entre o dano e a ação do responsável, no caso, a empresa ré.
Logo, caracterizada a responsabilidade objetiva da ré e estando presente a relação de consumo (arts 2º e
3º do CDC), esta somente se exime nos casos expressamente previstos no art. 14, § 3º do CDC, quais
sejam:
Art. 14…
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I – que, tendo prestado o
serviço, o defeito inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Uma vez que não se vislumbra, no caso concreto, quaisquer das hipóteses acima mencionadas,
perfeitamente aplicável a responsabilidade objetiva.
Quanto ao dano moral, resta claro que a situação ultrapassou, e muito, a esfera do mero
aborrecimento/dissabor.
Preceitua a norma insculpida nos arts. 186 e 927 do C.C:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
A simples cobrança indevida é capaz de gerar o dever de indenizar. Neste sentido jurisprudência se
posiciona em casos análogos:
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito,
quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
II - o réu for revel...
Na confecção da exordial, fica claramente demonstrada a FUMUS BONI JURIS, uma vez que a
relação contratual está sendo questionada, assim como a exsitencia da Dívida é fato inquestionavel,
bem como existe a presença do PERICULUM IN MORA, pois o autor encontra-se sem energia
desde Setembro de 2020, impossibilitando sua família de usufruir de um direito básico, ademais
não só sua familia foi violada, como também, mais quatro famílias que também usufruíam da
mesma água advinda do poço que fornecia agua não só para consumo próprio, como para serviços
domésticos, irrigação e para manutenção dos animais. O autor foi obrigado a vender os animais
que possuía, teve suas plantações destruídas, pois não pôde mais irrigar, da mesma forma que se
entende que á água é fonte indispensável para a manutenção da vida.
Não se justifica que para exercer o direito na sua efetividade, seja possível a violação de um direito
tão fundametal que é a dignidade da vida humana, sobretudo de pessoas que vivem exclusivamente
das atividades rurais, e da manutenção diária dos diversos labores.
Dessa forma, pelos fatos expostos, torna-se evidenciada a URGÊNCIA da restauração do
fornecimento de energia para o autor que já teve seus direitos violados com a cobrança de uma
dívida indevida, e ainda mais com a cessação de sua energia e a falta dela por todo esse período em
que não teve conhecimento dos seus direitos, afetando diretamente sua rotina e a das famílias que
dependiam do fornecimento dessa energia.
Ademais, em sendo deferido o pedido supracitado, que seja expedido o competente Ofício Judicial à
empresa ré, com a fixação de multa por diária por descumprimento das decisões tomadas por este juízo,
com base nos arts. 644, 497, 536 ambos do NCPC.
DO PEDIDO JURISDICIONAL
Que Vossa Excelência JULGUE TOTALMENTE PROCEDENTE o pedido autoral em todos seus
termos;
Pretende e requer provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, em especial pelo depoimento
pessoal do representante legal da parte promovida, oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos e
inversão do ônus da prova, dentre outras a serem requeridas oportunamente para uma perfeita instrução
processual;
Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00(Vinte mil reais) para efeitos meramente fiscais.
Nestes termos;
pede e espera deferimento.
SÃO JOSÉ DO BELMONTE – PE , em 09 de Abril de 2021.