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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA

COMARCA DE SÃO JOSÉ DO BELMONTE-PE

ZEVALDO CANDITO DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, inscrita no CPF sob o n. 052.332.944-00
e no RG sob o n. 3519112/2.000 SSP, domiciliado no Sítio Malhada Vermelha, n. 3573, Cep:
56.950-000, na cidade de São José do Belmonte, PE, vem, por intermédio de sua advogada abaixo
assinada, com endereço para fins de comunicação processual Avenida Primo Lopes, n. 93, Centro de São
José do Belmonte-PE, jayany-barbosa@outlook.com, vem a presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO DE CANCELAMENTO DE ÔNUS C/C COM NULIDADE DE AUTO DE INFRAÇÃO


DANOS MORAIS E ANTECIPAÇÃO DE SUA TUTELA

em face da COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO - CELPE, concessionária de


serviço público de distribuição de energia elétrica, com sede na cidade de Recife, Estado de Pernambuco,
na Av. João de Barros no 111, inscrita no CNPJ/MF sob o no 10.835.932/0001-08,doravante designada
simplesmente CONCESSIONÁRIA pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

PRELIMINARMENTE

Com base na Legislação que tutela o Direito do Consumidor o promovente requer obenefício da
inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, CDC), eis que é parte manifestamente hipossuficiente na
relação consumidora com a reclamada.
Requer que sejam concedidos os Benefícios da Justiça Gratuita na Forma das Leis 1.060/50,
artigo 1º da Lei 7.115/83 e nos termos do artigo 98 e seguintes da Lei 13.105/2015, perante o estado de
necessidade que passa o Promovente, que se encontra impossibilitado de fazer o pagamento de custa
judicial e honorário advocatício sem comprometer seu sustento, uma vez que a parte autora se
encontra desempregado.
DO SUPORTE FÁTICO

Em meados de 2018 o autor foi surpreendido por funcionários da COMPANHIA


ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO – CELPE onde relataram que havia feito uma inspeção no imóvel
localizado na fatura em anexo, de número do contrato 7002292178, ademais dessa averiguação não foi
informado seu objetivo, como também não foi lavrado nenhum termo de ocorrência.
Recebeu no mês de março, o funcionário da CELPE, onde foi realiazada a espeção e logo em
seguida deixaram o local sem realizar nenhuma medida, da troca do relógio de energia ou corte da
mesma, todovia não foi explicado o motivo da visita. No entanto, o autor foi surpreendido ao se dirigir ao
centro de atendimento da Celpe da sua cidade, com um débito no valor de R$ 1.351,52 (Mil trezentos e
ciquenta e um reais e ciquenta e dois centavos), sem qualquer explicação ou discrionariedade sobre o
motivo daquele débito, sendo informada pela funcionária apenas que constavam irregularidades.
Normalmente suas faturas nunca ultrapassaram R$ 300, 00 (trezentos reais), fato que lhe causou
grande pertubação, já que no dia da visita do funcionário não foi lhe dado nenhum termo de
ocorrência, ou advertência, o que obviamente é um grande abuso, cometido pela Companhia Energética
de Pernamabuco.
Infelizmente o autor não encontrou justificativa plausível para tais disparidades, este que, por
ignorância ou falta de instrução mantê-ve inerte sobre tal cobrança de débito, uma vez que supôs que
tivesse sido algum erro.
Posteriormene, o autor se dirigiu ao local de atendimento da Celpe na sua cidade e foi
imformado de mais um débito no valor de R$ 2.581,20 reais (Dois mil quinhentos e oitenta e um reais e
20 centavos). Caracterizando desta forma, os abusos cometidos frenquentimente ao consumidor que teve
seus direitos violados, não restanndo dúvida que a parte autora é hipossuficiente nessa relação de
consumo, pois a empresa ré fornece energia elétrica para a realização das demais atividades, ligadas ao
consumo direto de energia. Uma vez que, não restou comprovado o pretexto da condição da multa.
É sabido que os concessionários de serviços públicos, da CELPE exerçam determinadas
garantias como a fé pública, entretanto na sua obrigatoriedade de respeitar os preceitos legais como: o
princípio de legalidade, impessoalidade, moralidade e eficência.
É um grande menosprezo da parte da equipe de funcionários da CELPE, não cumprir as
exigências mínimas para a realização de tais atos, como a realização da emissão do Termo de Ocorrência
e Inspeção – TOI, a explicação dos motivos da cessação e demais formalidades exigidas antes de
aplicação de multa
A multa foi arbitrada e calculada pela empresa ré, sem que o autor pudesse, sequer, apresentar
defesa quanto à inspeção realizada, ou questionar aqueles cálculos. São imensuráveis as demais violações
comentidas, uma vez que a PERÍCIA QUE FOI REALIZADA DE FORMA UNILATERAL, dias
mais tarde FEZ NOVA INSPEÇÃO PARA TROCA DO RELÓGIO E
POSTERIORMENTE INTERROMPERAM O FORNECIMENTO DE ENERGIA. NÃO
SENDO RESPEITADOS OS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA,
RAZÃO PELA QUAL É NULA DE PLENO DIREITO.
O corte de energia realiazado no mês de Setembro de 2020 se perdura até no presente momento,
completando sete meses . Atingindo a dignidade da pessoa humana, no caso em tela o autor que foi
acusado, sentenciado e punido, sem ao menos ter o direito de questionar ou se defender. Violações
cometidas reiteiradamente pela empresa ré, uma vez que não vivemos em estado de exeção ou de uma
justiça privada.
Demostrada a ilegalidade dos fatos, vem o autor buscar a tutela jurisdicional, para exercer
seu direito de defesa, frente aos abusos cometidos.

DO SUBSTRATO JURÍDICO

DA NULIDADE DOS ATOS - INSPEÇÃO E AUSÊNCIA DO FORNECIMENTO DA


LAVRATURA DO TERMO DE OCORRÊNCIA – EM DECORRÊNCIA DA AUSÊNCIA DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.

Não houve participação do autor em nenhum ato da malsinada inspeção, pois não foi dado
direito de previamente indicar assistente técnico para formulação de quesitos, e, ademais, NÃO HOUVE
PARTICIPAÇÃO DE UM PERITO OFICIAL, IMPARCIAL, ALHEIO AOS INTERESSES
DAS PARTES, além disso, a ausência do termo de ocorência gera o cerceamento de defesa por parte da
ré, uma vez que resta comprovado que não houve partcipação do ato em que ensejou a multa, bem como
os motivos legais para tal situação.
Destarte, tal inspeção que gerou o corte de energia elétrica, é nula de pleno direito, por não
respeitar as garantias mínimas elencadas na Constituição Federal, bem como as normas de proteção do
Código de Defesa do Consumidor. Para que seja válido, devem ser realizadas as medidas cabíveis, bem
como a ausência do termo confugura-se o desrepeito ao consumidor nos princípios básicos.
Prescreve a resolução 456/2000 da Aneel em seu artigo 72, inciso II, qual seria o procedimento
correto para verificação do medidor. Vejamos:

Art. 72. Constatada a ocorrência de qualquer procedimento irregular cuja responsabilidade não
lhe seja atribuível e que tenha provocado faturamento inferior ao correto, ou no caso de não ter
havido qualquer faturamento, a concessionária adotará as seguintes providências:
II - solicitar os serviços de perícia técnica do órgão competente vinculado à segurança pública e/ou
do órgão metrológico oficial, este quando se fizer necessária a verificação do medidor e/ou demais
equipamentos de medição; (sublinhei)
Outrossim, o artigo acima, não faculta, mas sim obriga em seu inciso II a solicitação de
“serviços de perícia técnica do órgão competente vinculado à segurança pública”. Dessa forma, tal
perícia, não é uma faculdade do consumidor, mas sim, um instrumento obrigatório para que a ocorrência
da suposta fraude seja revestida de fé pública e, assim possa ser utilizada como prova hábil para
comprovar a efetiva ocorrência de fraude e, desta forma permitir a cobrança por consumo utilizado e não
medido.
Todavia, esse procedimento não foi respeitado pela concessionária, pois a suposta
irregularidade foi obtida de forma UNILATERAL por agente da empresa, o que não cumpriu o
mínimo que seria a entrega do termo da ocorrência, informando ao proprietário o que seria o
episódio do fato, ademais seria indispensável à presença de peritos técnicos de órgão oficial para
inspeção. Além disso, o único meio de prova que deveria ser forncedido foi omitido.
Ademais, cita-se que, tais argumentos estão em consonância com precedentes do SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Observe:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE COBRANÇA. FORNECIMENTO DEENERGIA


ELÉTRICA. FRAUDE NO MEDIDOR. DIFERENÇA DE CONSUMO APURADO POR PERÍCIA
UNILATERAL COBRANÇA INDEVIDA. REEXAME. SÚMULA 7/STJ. 1. É ilegítimo o
corte no fornecimento de energia elétrica se o débito decorrer de suposta fraude no medidor de consumo
de energia, apurada unilateralmente pela concessionária.2. Hipótese em que o Tribunal de origem, após
análise da documentação trazida aos autos, consignou que o exame realizado unilateralmente pela
concessionária para apuração do débito é insuficiente para respaldar a legalidade da cobrança. Rever
tal aspecto é inviável em Recurso Especial (Súmula 7/STJ). 3. Agravo Regimental não provido. STJ -
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO: AgRg no Ag 1287425 RO 2010/0049309-7
(grifei)

Como já afirmado, a inspeção que originou do ano de 2018 e 2020 o ônus de R$ 4.730 (quatro mil
e setecentos e trinta reais), foi realizada de forma UNILATERAL, efetuada, apenas por funcionários da
demandada, sem presença de testemunhas, bem como ao a ausência da lavração do TOI, não foi dado
ao demandante qualquer direito defesa.
Nossa pátria jurisprudência, elencada dos mais variados Estados da Federação, vem decidindo
sobre do tema da seguinte forma. Destacamos:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. CONSUMIDOR. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO
C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E ANTECIPAÇÃO PARCIAL DOS EFEITOS DA TUTELA. ALEGAÇÃO
DE FRAUDE NO MEDIDOR. SENTENÇA MONOCRÁTICA QUE JULGOU PROCEDENTE A
DEMANDA, DECLARANDO NULO O DÉBITO RELATIVO AO CONTRATO FIRMADO ENTRE AS
PARTES, ALÉM DE CONDENAR A CONCESSIONÁRIA APELANTE AO PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, COMO TAMBÉM NAS CUSTAS E HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. IRRESIGNAÇÃO. DESVIO NÃO COMPROVADO. PERÍCIA REALIZADA SEM
A PARTICIPAÇÃO DA CONSUMIDORA. VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL,
AO CONTRADITÓRIO E AO AMPLO DIREITO DE DEFESA. COBRANÇA INDEVIDA.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.
QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE SE MOSTRA RAZOÁVEL E PROPORCIONAL.
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. AC 136595 RN 2010.013659-5 Relator (a): Des. Vivaldo Pinheiro
Julgamento:14/06/2011 Órgão Julgador:3ª Câmara Cível(grifei)

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO DE AGRAVO INTERPOSTO CONTRA


DECISÃO TERMINATIVA EM SEDE DE APELAÇÃO. ENERGIA ELÉTRICA.
IRREGULARIDADE. PERÍCIA REALIZADA UNILATERALMENTE PELA CONCESSIONÁRIA.
NÃO OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. DECISÃO

TERMINATIVA MANTIDA. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.1.


Havendo suspeita de irregularidade no consumo de energia, nos termos na Resolução 456/2000 da
ANEEL, a perícia técnica no medidor deve ser realizada por órgão competente vinculado à segurança
pública e/ou por órgão metrológico oficial, não se admitindo como lícito o procedimento administrativo
baseado em perícia realizada de modo unilateral por agentes da concessionária. AGV
26070220078171130 PE 0020516-47.2010.8.17.0000 Relator (a):
Francisco Manoel Tenorio dos Santos Julgamento: 06/01/2011 Órgão Julgador:4ª Câmara Cível(grifei)
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. IRREGULARIDADES
SUPOSTAMENTE CONSTATADAS, DE FORMA UNILATERAL, PELA CONCESSIONÁRIA NO
RELÓGIO MEDIDOR DE CONSUMO. LAVRATURA DE TERMO DE OCORRÊNCIA DE
IRREGULARIDADE (TOI). SUBSTITUIÇÃO DO RELÓGIO MEDIDOR, QUE NÃO FOI
PRESERVADO COM A FINALIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL. INUTILIDADE
DA PRODUÇÃO DE PROVA ORAL. PRELIMINAR REPELIDA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
IMPROVIDO. CONTRATO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA. IRREGULARIDADES SUPOSTAMENTE CONSTATADAS, DE FORMA
UNILATERAL, PELA CONCESSIONÁRIA NO RELÓGIO MEDIDOR DE CONSUMO.
LAVRATURA DE TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE (TOI). SUBSTITUIÇÃO
DO RELÓGIO MEDIDOR, QUE NÃO FOI PRESERVADO COM A FINALIDADE DE
REALIZAÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL. COBRANÇA DE DIFERENÇAS RETROATIVAS DE
CONSUMO. INCIDÊNCIA DO CDC. DETERMINAÇÃO DE INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO.
PROVA PRODUZIDA UNILATERALMENTE PELA CONCESSIONÁRIA DO SERVIÇO PÚBLICO
DE ENERGIA ELÉTRICA QUE NÃO SE PRESTA A EVIDENCIAR A EXISTÊNCIA DA FRAUDE
E DA LEGITIMIDADE DO DÉBITO CONSTITUÍDO A PARTIR DE BASE IRREAL.
INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA DECLARADA. CORTE DO FORNECIMENTO VEDADO. PEDIDO
INICIAL JULGADO PROCEDENTE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. APL
9109518252007826 SP 9109518-
25.2007.8.26.0000Relator (a): João Camillo de Almeida Prado Costa Julgamento: 30/08/2011 Órgão
Julgador: 19ª Câmara de Direito Privado Publicação: 22/09/2011 (grifei)
Indiscutivelmente, não se justifica douta magistrada, um consumidor ser compelido a pagar um débito
que não teve oportunidade de se defender, ou de saber como este cálculo foi elaborado, ou quais os
padrões utilizados para chegar a essa recuperação de consumo.
Neste trilhar, devem ser cancelados a inspeção e o suposto valor R$ 4.730 (quatro mil e setecentos e trinta
reais), encontrado pela empresa, por insuficiência de análise técnica competente prevista na Resolução
Da Aneel, ferindo o contraditório e ampla defesa, UMA VEZ QUE O AUTOR SEQUER SABE SE
ESSES DÉBITOS ADVÉM DE ALGUMA MULTA OU OUTRA ORIGEM, OU SEJA, TEM TOTAL
DESCONHECIMENTO DOS MOTIVOS DESSA COBRANÇA.

DOS DANOS MORAIS

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Com efeito, preceitua a norma do art. 14 do Código De Defesa do Consumidor, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de culpa, pela


reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. (grifo nosso)

É de suma importância analisar os termos do artigo grifados, uma vez que a falta de informação no
caso em tela, ou seja, a insuficência das informações necessárias gerou um dano inquestionável ao autor,
não apenas ecônomico, mas principalmente moral. Pois, com base na sua vivência, sempre prezou pelo
seu nome, honrando com dignidade todos os seus compromissos. E tendo, seu principal meio de
sobrevivência violado lhe causou enorme dano. É inquestionável a importância desse recurso natural,
bem mais valioso e fonte de toda vida, á agua.

Conforme é sabido, para que haja a responsabilidade objetiva, necessário apenas que seja

constatado o dano e o nexo de causalidade entre o dano e a ação do responsável, no caso, a empresa ré.
Logo, caracterizada a responsabilidade objetiva da ré e estando presente a relação de consumo (arts 2º e
3º do CDC), esta somente se exime nos casos expressamente previstos no art. 14, § 3º do CDC, quais
sejam:
Art. 14…
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I – que, tendo prestado o
serviço, o defeito inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Uma vez que não se vislumbra, no caso concreto, quaisquer das hipóteses acima mencionadas,
perfeitamente aplicável a responsabilidade objetiva.

. Do dano moral in re ipsa

Quanto ao dano moral, resta claro que a situação ultrapassou, e muito, a esfera do mero
aborrecimento/dissabor.
Preceitua a norma insculpida nos arts. 186 e 927 do C.C:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

No mesmo sentido, a art. 5º, inciso X da Carta Magna:

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

No caso em comento, deve ser aplicada a Teoria do Risco do Empreendimento, respondendo a ré


por eventuais vícios e/ou defeitos dos produtos ou serviços postos à disposição dos consumidores.
É evidente e inquestionavel o dano sofrido pelo Autor que já é um Senhor de idade que sempre
honrou com seus compromissos, nunca teve seu nome negativado, nem recebeu cobranças. De
repente teve sua energia cessada impossibilitando sua família de usufruir de um direito básico, não
só sua familia foi violada, como também, mais quatro famílias que também usufruiam da mesma
água advinda do poço que fornecia agua não só para consumo próprio, como para serviços
domésticos, irrigação e para manutenção dos animais.
A Concessionária ré é frequentemnete processada por tais violações de direitos efetivados
principalmente na Zona rural onde a maioria da população é idosa, pouco instruída, receosa em
procurar Justiça por falta de conhecimento, fato claramente demonstrado pelo tempo que o Autor
passou sem a energia, por não possuir a devida orientação sobre seus DIREITOS COMO
CONSUMIDOR.

A simples cobrança indevida é capaz de gerar o dever de indenizar. Neste sentido jurisprudência se
posiciona em casos análogos:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COBRANÇA INDEVIDA DE DÍVIDA. DANO


MORAL. INEXISTÊNCIA DE INSCRIÇÃO NOS SERVIÇOS DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO OU DE QUALQUER OUTRA PUBLICIDADE.
REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO, FIXADO
EM R$ 87.004,00 PARA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). 1.- Quem obtém o
encerramento de conta corrente bancária tem direito à tranquilidade ulterior, de
modo que o acréscimo de débitos a ela e o envio de missivas com ameaças de
cobrança constitui dano moral indenizável. 2.- Na fixação do valor da
indenização por dano moral por ameaça de cobrança tratando-se de débitos
inseridos em conta encerrada deve ser ponderado o fato da inexistência de
publicidade e de anotação no serviço de proteção ao crédito, circunstâncias que
vêm em desfavor de fixação de valor especialmente elevado, mormente se
considerados os valores que vêm sendo fixados por esta Corte. 3.- Recurso
Especial provido em parte, reduzindo-se a R$ 10.000,00, em moeda do dia deste
julgamento, o valor de R$ 87.004,00, fixado no caso de cobrança indevida de
débito de R$ 870,00 (STJ – REsp: 731244 AL 2005/0038841-9, Relator:
Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento:

10/11/2009, T3 – TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/11/2009).


Salientamos que o art. 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor diz ser direito básica a reparação
pelos danos materiais e morais sofridos.
Não é demais ressaltar que a indenização por dano moral possui duas vertentes, a saber: reparar o abalo
psicológico causado e servir como punição (natureza educativa), com o fito de evitar que o causador do
dano volte a cometer a infração.
Logo, deve ser a condenada a ré ao pagamento de indenização por dano moral no importe
de R$ 20.000.00 (vinte mil reais) ou outro a ser estipulado por este juízo, com aplicação de juros a partir
da interrupção do fornecimento de energia.

DA ANTECIPAÇÃO PARCIAL DOS EFEITOS DA TUTELA

Nos termos do art.355 do Código de Processo Civil:

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito,
quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
II - o réu for revel...

Encontra-se nitidamente demonstrada na documentação acostada aos autos a existência de prova


inequívoca e da verossimilhança das alegações da parte do requerente.
A EXISTÊNCIA DE UMA DÍVIDA DISCUTIDA EM JUÍZO, A REALIZAÇÃO DE PROVA
PERICIAL REALIZADA DE FORMA UNILATERAL, SEM O DEVIDO RESPEITO À RESOLUÇÃO
456/2000, A AUSÊNCIA DA LAVRATURA DO TERMO DE OCORRÊNCIA SEM DIREITO DE
DEFESA, BEM COMO A INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA DE FORMA
INDEVIDA.
O referido pedido vem sendo agraciado em nossa estima jurisprudência pátria. Elencamos algumas
decisões sobre a não suspensão da energia elétrica quando a dívida é discutida em juízo. Citamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO.
ENERGIA
ELÉTRICA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO.
CORTE DE FORNECIMENTO. DESCABIMENTO. CONCESSÃO DA
TUTELA ANTECIPADA. ART. 273
DO CPC. Havendo ação em tramitação, onde a parte autora discute os valores
cobrados a título de fornecimento de serviço de energia elétrica, inadmissível a
suspensão do fornecimento antes do término do processo. Preenchimento dos
requisitos para a concessão da tutela antecipada, no caso, nos termos do art. 273
do CPC. Precedentes do TJRGS e STJ. Agravo de instrumento a que se nega
seguimento. (Agravo de Instrumento nº 70035199561, Vigésima Segunda
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Eduardo Zietlow Duro,
Julgado em 17.03.2010) (grifei)

Na confecção da exordial, fica claramente demonstrada a FUMUS BONI JURIS, uma vez que a
relação contratual está sendo questionada, assim como a exsitencia da Dívida é fato inquestionavel,
bem como existe a presença do PERICULUM IN MORA, pois o autor encontra-se sem energia
desde Setembro de 2020, impossibilitando sua família de usufruir de um direito básico, ademais
não só sua familia foi violada, como também, mais quatro famílias que também usufruíam da
mesma água advinda do poço que fornecia agua não só para consumo próprio, como para serviços
domésticos, irrigação e para manutenção dos animais. O autor foi obrigado a vender os animais
que possuía, teve suas plantações destruídas, pois não pôde mais irrigar, da mesma forma que se
entende que á água é fonte indispensável para a manutenção da vida.
Não se justifica que para exercer o direito na sua efetividade, seja possível a violação de um direito
tão fundametal que é a dignidade da vida humana, sobretudo de pessoas que vivem exclusivamente
das atividades rurais, e da manutenção diária dos diversos labores.
Dessa forma, pelos fatos expostos, torna-se evidenciada a URGÊNCIA da restauração do
fornecimento de energia para o autor que já teve seus direitos violados com a cobrança de uma
dívida indevida, e ainda mais com a cessação de sua energia e a falta dela por todo esse período em
que não teve conhecimento dos seus direitos, afetando diretamente sua rotina e a das famílias que
dependiam do fornecimento dessa energia.
Ademais, em sendo deferido o pedido supracitado, que seja expedido o competente Ofício Judicial à
empresa ré, com a fixação de multa por diária por descumprimento das decisões tomadas por este juízo,
com base nos arts. 644, 497, 536 ambos do NCPC.

DO PEDIDO JURISDICIONAL

Na vertente das considerações narradas, vem o autor requerer a Vossa Excelência:

 Quando do despacho da inicial, seja concedida A TUTELA ANTECIPADA EM SEDE DE


LIMINAR inaudita altera pars, para que SEJA NOVAMENTE FORNECIDA A ENERGIA
ELÉTRICA no domicílio do promovente até ulterior deliberação deste juízo, sendo arbitrada multa
diária, em caso de seu descumprimento, consoante os art. 303 e seguintes do NCPC, bem como
determinar a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA EM FAVOR DA PARTE AUTORA, consoante
disposição do artigo 6°, inciso VIII, do CDC;

 A NULIDADE DOS ATOS PRÁTICADOS, BEM COMO A AUSÊNCIA DO TERMO


DE OCORRÊNCIA E O CANCELAMENTO DO ÔNUS NO VALOR DE R$ 4.730
REAIAS (quatro mil e setessentos e trinta reais),
 A INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DA INTERRUPÇÃO
DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA OCORRIDA DE FORMA
INDEVIDA.
 A CITAÇÃO da promovida na pessoa de seu representante legal no endereço indicado no
preâmbulo, para querendo, conteste a presente exordial, sob pena de revelia e de confissão
quanto à matéria de fato, além do julgamento antecipado da lide, de acordo com o artigo 355
do NCPC; devendo a demandada apresentar em juízo toda documentação que comprove que
os valores apresentados pela parte demandante não condizem com a realidade;
 Requer ainda, sejam à parte promovente concedido os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA
, tomando por base a Lei nº. 1.060/50, pois caso o presente pleito venha a ser apreciado em grau recursal,
não terá a promovente, condições de arcar com ás custas e demais despesas processuais, além dos
honorários advocatícios sucumbenciais da parte ex-adversa, sem prejuízo próprio e de sua família;
Pugna pela condenação da promovida em custas judicial e honorária advocatícia sucumbenciais à razão
habitual de 20% sobre o valor da condenação, devidamente corrigidos, caso venha a ser utilizado o
disposto no art. 42 da Lei nº. 9.099/95 com base no art. 55 da mesma legislação;

Que Vossa Excelência JULGUE TOTALMENTE PROCEDENTE o pedido autoral em todos seus
termos;
Pretende e requer provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, em especial pelo depoimento
pessoal do representante legal da parte promovida, oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos e
inversão do ônus da prova, dentre outras a serem requeridas oportunamente para uma perfeita instrução
processual;
Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00(Vinte mil reais) para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos;
pede e espera deferimento.
SÃO JOSÉ DO BELMONTE – PE , em 09 de Abril de 2021.

Jayany Kely da Silva Barbosa


Advogada
OAB/PE sob nº 49.827

Tayna dos Santos Oliveira


Advogada
OAB/PE
Sob nº 54.624

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