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AO JUIZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE NOVA

IGUAÇU – RJ

JOVACY MARTINS LOPES, brasileiro, casado, portador


da carteira de identidade nº 06538846-4, inscrito no CPF sob o nº
647.321.347-34, residente e domiciliado na Rua Anita, nº 20, Três
Corações, Nova Iguaçu – RJ, CEP: 26033-330, por seus advogados infra-
assinados com escritório na Travessa Irene, 48, 5º andar, Centro, Nova
Iguaçu, RJ, onde deverão receber intimações e todos os atos processuais,
endereço eletrônico contato@alvesebigler.com.br, com fulcro no art. 1.312,
do CC e 300, § 2º, do CPC, vem propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS E TUTELA DE URGÊNCIA

em face de LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE, inscrita no CNPJ Nº .


60.444.437/0001-46, com endereço a Av. Mal. Floriano, 168, Centro, Rio de
Janeiro, RJ, CEP 20080-002, pelos fatos e fundamentos de direito que
passa a expor:

I – DAS INTIMAÇÕES E PUBLICAÇÕES

Inicialmente, requer todas as intimações sejam feitas em


nome do advogado ROBERTO ANTONIO BIGLER TEODORO, inscrito na
OAB/RJ sob os nº 110.933, sob pena de nulidade.

II – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O Autor é pessoa idosa, encontrando-se, pois, isento do


pagamento das custas judiciais, conforme previsão legal expressa no art.
17, X, da Lei Estadual 3.350/99:

São isentos do pagamento de custas: (...) X – Os maiores


de 60 (sessenta) anos que recebam até 10 salários
mínimos. Assim, faz jus a parte agravante à isenção, tão-
somente, do pagamento das custas processuais, já que
maior de 60 (sessenta) anos de idade e percebendo
mensalmente renda inferior a 10 (dez) salários mínimos.
Neste sentido, conforme afirmação que acompanha a
presente, não possui condições financeiras para arcar com o pagamento
das custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de sua
própria mantença, visto que sua renda é utilizada para mantimento de seu
lar e de sua saúde, razão pela qual se justifica a concessão da gratuidade
de justiça, na forma da Lei n.º 1.060/1950 e da Lei 7.115/1986.

Desta forma, requer a concessão do benefício da


Gratuidade de Justiça, conforme preceito do art. 98, § 1ºdo CPC/2015.

III – DOS FATOS

O Autor é consumidor dos serviços prestados pela ré, além


de ser proprietário do imóvel situado na Rua Anita 20, casa 02, Três
Corações, Nova Iguaçu - RJ.

O imóvel é locado para que o Autor possa complementar sua


renda.

Cabe destacar que o Autor já possui uma ação de n°


0124053-41.2017.8.19.0038 em face da Ré em razão da negativa da
transferência de débito e de titularidade além do restabelecimento do
serviço, onde teve concedida a tutela antecipada e, ao final, sua pretensão
foi confirmada, tendo a lide sido julgada procedente.

Com a sentença do referido processo, foram deferidos os


seguintes itens:

A transferência da titularidade;
O cancelamento do débito em nome de Jovacy;
O restabelecimento do serviço de energia;

No decorrer do referido processo, o Autor locou o imóvel


para DIEGO ALVES TRUBAT, que apresentou contrato de locação e todos
os demais documentos tendo o cadastramento e a cobrança pelo consumo
da energia elétrica sido realizados através do contrato sob o nº: 32240411.

Conforme comprovantes acostados aos autos, o então


locatário encontrava-se como titular da conta de energia elétrica.
Após a r. sentença, ao que parece o setor jurídico da parte
Ré entendeu que deveria transferir novamente a titularidade das faturas
para o Sr. Jovacy, inobservando que, como foi deferida a tutela de
urgência, a pretensão já havia sido cumprida anteriormente de forma
antecipada, e ignorando a existência de um novo contrato de aluguel do
imóvel.

Em 08 de setembro de 2020 o Autor foi notificado pela Ré a


respeito do inadimplemento das faturas dos meses de junho, julho e agosto
de 2020, como se a dívida estivesse em seu nome, sendo certo que
durante este período o contrato de aluguel ainda estava em vigor.

O então locatário, Sr. Diego, somente entregou as chaves do


referido imóvel somente em 17 de novembro de 2020, conforme termo de
entrega de chaves em anexo, o que corrobora a veracidade do narrado.

Sendo assim, conclui-se que a parte Ré de forma indevida e


totalmente arbitrária alterou a titularidade da conta de energia elétrica,
ignorando completamente o aluguel e o registro da titularidade exercido
pelo Sr. Diego em seu banco de dados.

Não obstante, após o término da locação, ao tentar transferir


novamente a titularidade do imóvel para seu nome, o Autor foi surpreendido
com a alegação completamente equivocada da Ré de que o imóvel em
questão possui débitos referentes ao período de junho até novembro de
2020, além de haver sentença determinando que a titularidade permaneça
em nome do mesmo e, por conta disso, não poderia ser realizada a troca
de titularidade.

Ressalta-se V. Exa, que o Autor buscou resolver o conflito


“pré-processual” junto a empresa Ré, solicitando a troca da titularidade dos
débitos passados e demonstrando que os débitos não impedem a troca da
titularidade, contudo, não somente a solicitação da troca de titularidade,
está sendo negada até o presente momento, como também foi informado
pela Ré que seu nome poderá ser incluído no cadastro de devedores.

Importante frisar que a dívida de abastecimento de energia é


de cunho pessoal e não pode ser atribuído ao Autor débito por um consumo
que não foi o mesmo beneficiado.
Como se não bastasse a situação, o Autor descobriu que,
por conta da cobrança indevida, seu nome foi incluído no Cadastro de
Inadimplentes do SERASA.

A conduta da Ré é criminosa e quebra completamente a


boa-fé objetiva que deve nortear as relações consumeristas, ignorando
inclusive as tentativas de resolução do conflito de forma amigável por parte
do Autor, não restando alternativa senão o ajuizamento da presente ação
judicial.

IV – DO DIREITO

DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Da relação de consumo

Registre-se que a relação existente entre as partes litigantes é


de caráter consumerista, vez que presentes os requisitos objetivos e
subjetivos insertos dos artigos 2º e 3º, do Código de Defesa do
Consumidor, sendo, portanto, plenamente aplicáveis à espécie as normas
protetivas do aludido diploma legal.

Nesse sentido, dispõe o verbete sumular nº 254 da desta


Corte, in verbis:

“aplica-se o código de defesa do consumidor à relação


jurídica contraída entre usuário e concessionária.”

Com isso o Autor, segundo as regras do Código de Proteção e


Defesa do Consumidor, demonstra a presunção de defeito na prestação do
serviço.

É fato incontroverso que não se pode transferir dívidas ao novo


usuário do serviço em razão de débitos pretéritos.

Portanto, mesmo que não houvesse expressa determinação


legal da responsabilidade civil objetiva da empresa Ré, esta, diante da
forma ilegal e injusta com que demora em restabelecer a energia elétrica. A
responsabilidade civil está prevista no art. 186 do novo Código Civil, que
prescreve:
“Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência,
imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.”

A lei nº 8.078/90, em seu artigo 22, fundado na teoria do risco,


preceitua, in verbis:

“Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,


concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as
pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os
danos causados, na forma prevista neste código.” (grifo
nosso)

Isto importa dizer que a relação de causalidade dispensa


qualquer juízo de valor sobre a existência ou não de culpa lato sensu, pois,
aquele que exerce uma atividade que traz risco, deve assumi-los e reparar
os danos dela decorrentes.

Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. SENTENÇA SOB A ÉGIDE DO CPC


DE 1973. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS.
RELAÇÃO DE CONSUMO. LIGHT. CORTE NO
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA A
RESIDÊNCIA DO AUTOR. DÉBITO PRETÉRITO DA
GENITORA FALECIDA DO AUTOR. INEXISTÊNCIA DE
OBRIGAÇÃO PROPTER REM. PREÇO PÚBLICO.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA QUE SE MANTÉM.
Restou incontroverso que a concessionária de serviço
público ré impôs ao autor a cobrança de débitos anteriores
ao seu ingresso no imóvel, sendo que não se pode
interromper o fornecimento de energia elétrica em razão de
débitos pretéritos nem se pode transferir dívidas ao novo
usuário do serviço. Aplicação dos Enunciados nº 19 e 21
deste Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Inconteste que a situação descrita nos autos enseja dano
moral indenizável, uma vez que a empresa ré efetuou o
corte no fornecimento de energia elétrica para residência do
autor por dívida Poder Judiciário do Estado do Rio de
Janeiro 26ª Câmara Cível do Consumidor 26ª Câmara Cível
do Consumidor Fls. 8 G pretérita. Dano moral configurado in
re ipsa. Verba indenizatória fixada na quantia de R$5.000,00
(cinco mil reais) para o autor que atendeu aos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, bem como observou o
viés preventivopedagógicopunitivo do instituto do dano
moral, razão pela qual merece ser mantida. Incidência da
Súmula nº 343 do TJRJ. Precedentes jurisprudenciais do
TJRJ. Recurso ao qual se nega provimento. (Proc. 0013211-
56.2014.8.19.0213 – APELAÇÃO – Des. WILSON DO
NASCIMENTO REIS - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL
CONSUMIDOR - Data de julgamento: 20/04/2017).

DA INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO

Alinhando a isso tudo, a Lei n.º 8.078/90, Código de Defesa do


Consumidor, contra os abusos do poder econômico e visando a profilaxia
social, prevê em seus Artigos 42 e 71, dentre outros, a proteção do
consumidor, estabelecendo inclusive, sanções penais. Seguindo esta
ordem de ideia, ressaltando-se a questão da alegação verossímil, acrescida
a hipossuficiência da Autora, requerer nos termos do artigo 6º, VIII, do
Código de Defesa do Consumidor, a inversão do ônus da prova.

DA NATUREZA JURÍDICA DA OBRIGAÇÃO “PROPTER PERSONAM”

A dívida decorrente dos serviços de energia elétrica


configura-se como obrigação ‘propter personam’, de caráter pessoal, e não
propter rem, ou seja, não acompanha o imóvel, sendo de
responsabilidade do real consumidor do serviço prestado, em nome do
qual está – ou ao menos deveria estar – cadastrado o fornecimento do
serviço, não apenas derivado de contrato de locação, mas também de
venda da propriedade.

Com efeito, o débito deve ser cobrado da pessoa titular da


conta à época da ocorrência da irregularidade, tendo em vista ser
obrigação de pagamento de débito não aderente à coisa (propter rem), mas
decorrente da responsabilidade de quem efetivamente utilizou os serviços
(propter personam).

Tal entendimento encontra-se pacificado pelo STJ, vejamos:

“ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. INADIMPLEMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA. RESPONSABILIDADE DO USUÁRIO.
INTERRUPÇÃO. DÍVIDA PRETÉRITA.
IMPOSSIBILIDADE. REVISÃO DO VALOR DA
INDENIZAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça consolidou o entendimento de que,
independentemente da natureza da obrigação (se pessoal
ou propter rem), o inadimplemento é do usuário, ou seja,
de quem efetivamente obteve a prestação do serviço,
de modo que o atual usuário ou proprietário não pode
ser responsabilizado por débito pretérito relativo ao
consumo de energia de usuário anterior. Nesse sentido:
AgRg no Ag 1.107.257/RJ, Rel. Min. MAURO CAMPBELL
MARQUES, Segunda Turma, DJe 1º/7/09. 2. Não é lícito à
concessionária interromper o serviços de
fornecimento de energia elétrica por dívida pretérita, a
título de recuperação de consumo, em face da existência
de outros meios legítimos de cobrança de débitos antigos
não pagos. 3. Apenas em situações excepcionais, em que
a parte demonstra de forma contundente que o valor fixado
para o pagamento de indenização por danos morais é
exorbitante ou irrisório, o que não ocorreu no caso, a
jurisprudência deste Superior Tribunal permite o
afastamento do óbice previsto na Súmula 7/STJ para que
seja possível a sua revisão. 4. Agravo regimental não
provido.”
(AgRg no REsp 1381468/RN, Rel. Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
06/08/2013, DJe 14/08/2013)
(Grifo nosso)

Esse tipo de cobrança infelizmente é um procedimento


comum das concessionárias em geral, seja de energia elétrica ou de água.
Sempre que o locatário anterior deixa débitos cria-se embaraços para o
novo inquilino. Trata-se de procedimento ilegal, conforme entendimento
sumulado deste Tribunal, senão vejamos:

SUMULA TJ Nº 192 A INDEVIDA INTERRUPÇÃO NA


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ESSENCIAIS DE ÁGUA,
ENERGIA ELÉTRICA, TELEFONE E GÁS CONFIGURA
DANO MORAL. Nesse sentido, é merecedor de
indenização por danos morais.

SUMULA TJ Nº 194 INCABÍVEL A INTERRUPÇÃO DE


SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL EM RAZÃO DE DÉBITO
PRETÉRITO, AINDA QUE O USUÁRIO SEJA
PREVIAMENTE NOTIFICADO.

SUMULA TJ Nº 196 O DÉBITO TARIFÁRIO NÃO PODE


SER TRANSFERIDO AO NOVO USUÁRIO DO SERVIÇO
ESSENCIAL.
DA RESOLUÇÃO DE N° 456/200 E 414/2010 DA ANEEL

Cumpre ainda consignar que, conforme normatização da ANEEL,


a concessionária de serviço NÃO pode condicionar o fornecimento do serviço
ao pagamento de débito pretérito, conforme dispõe o art. 4º, § 2º.

Logo, é indevida a recusa da Ré, tanto quanto à alteração da


titularidade das contas, quanto no que concerne ao restabelecimento do
serviço, convindo ressaltar que tal conduta ignora o disposto no art. 128,
parágrafo único, da Resolução Normativa ANEEL n.º 414/2010, não
incidindo, no caso, a ressalva contida no referido dispositivo, senão vejamos:

Art. 128. Quando houver débitos decorrentes da prestação


do serviço público de energia elétrica, a distribuidora pode
condicionar à quitação dos referidos débitos:

I – a ligação ou alteração da titularidade solicitadas por


quem tenha débitos no mesmo ou em outro local de sua
área de concessão; e

II – a religação, aumento de carga, a contratação de


fornecimentos especiais ou de serviços, quando solicitados
por consumidor que possua débito com a distribuidora na
unidade consumidora para a qual está sendo solicitado o
serviço. Parágrafo Único. (Revogado pela REN ANEEL 479,
de 03.04.2012)

§ 1o A distribuidora não pode condicionar os atendimentos


previstos nos incisos I e II ao pagamento de débito não
autorizado pelo consumidor ou de débito pendente em nome
de terceiros, exceto quando ocorrerem, cumulativamente, as
seguintes situações: (Incluído pela REN ANEEL 479, de
03.04.2012)

Neste caso, eventual exigência de pagamento de débito


pretérito em aberto deveria ter sido direcionada à ex-moradora do imóvel
(locatária), de modo que a falta de prestação de serviço público essencial,
sem que para tanto exista motivo legal ou razoável, configura dano
extrapatrimonial pelo desnecessário e injusto transtorno que gera
para o consumidor.

DO DANO MORAL
Lamentavelmente o Autor da ação sofreu grande desgosto,
humilhação, sentiu-se desamparado, foi extremamente prejudicado,
conforme já demonstrado. Nesse sentido, é merecedor de indenização por
danos morais.

O dano moral foi inserido no ordenamento jurídico brasileiro


em diversos diplomas, objetivando a inequívoca reparação em caso de
violação. Na Carta Magna têm-se o Art. 5º, X.

O mesmo direito está inserido no Código de Defesa do


Consumidor, Art. 6º, VI, comunicado com art. 14, bem como o Código
Civil nos artigos 186 e seguintes, respectivamente.

Assim, é inegável a responsabilidade do fornecedor, pois os


danos morais são também aplicados como forma coercitiva, ou seja,
de modo a reprimir a conduta praticada pela parte ré, que de fato
prejudicou o Autor da ação.

Ao alterar a titularidade da conta, ignorando completamente


decisão em ação anterior que versava sobre a mesma matéria, e incluir o
nome do Autor no Cadastro de Inadimplentes, mesmo este tendo
comparecido à agência e esclarecendo a situação, a Ré praticou ato
ilícito cobrando e acusando o Autor de inadimplente de obrigações
que não eram suas e/ou inexistem.

V – DA TUTELA DE URGÊNCIA

De acordo com o artigo 300 do Novo Código de Processo


Civil, a tutela provisória de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo.

A probabilidade do direito está configurada na presente


demanda, pois não foi o Autor quem consumiu a energia, portanto não
há óbice para a exclusão do nome do Autor do Cadastro Nacional de
Inadimplentes do SERASA.

Já o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do


processo correspondem ao periculum in mora, pois a demora da resposta
jurisdicional gera uma situação de risco. Há urgência quando a demora
pode comprometer a realização imediata ou futura do direito.
A espera pelo fim do trâmite processual pode lhe trazer
diversos prejuízos tanto na esfera moral quanto na vida cotidiana do
mesmo. Cumpre ressaltar que estão presentes todos os requisitos legais
para o deferimento do pedido de tutela provisória de urgência em caráter
antecedente.

Por oportuno, o Autor informa que inexiste qualquer perigo


de irreversibilidade dos efeitos da decisão, pois, caso a presente demanda
seja julgada improcedente, a Ré poderá se valer dos meios legais para
cobrar a dívida que porventura exista no período posterior ao contrato de
locação, sem qualquer tipo de óbice.

Destarte, estando presentes os requisitos legais, inexistindo


qualquer risco de irreversibilidade do provimento, requer o Autor,
antecipadamente, nos termos do artigo 294 e seguintes do Novo Código de
Processo Civil, o deferimento do presente pedido de tutela provisória de
urgência em caráter antecipado, de acordo com o pedido a seguir
deduzido.

VI – DOS PEDIDOS

Ex positis, requer a V. Exa se digne a:

a) Deferir o pedido de GRATUIDADE DA JUSTIÇA, haja vista o


requerente estar nos exatos moldes da Lei Estadual 3.350/99 e da
Lei 1060/50 e suas posteriores modificações, inclusive para efeito de
possível recurso;

b) Citar a empresa Ré através do seu representante legal, para,


querendo comparecer a audiência de conciliação a ser marcada,
podendo esta ser convolada em audiência de instrução e julgamento.

c) Conceder a tutela de urgência, "inaudita altera pars", conforme


disposto no art. 300, do CPC, para determinar que a Ré – LIGHT S.A:

1. Exclua o nome do Autor do Cadastro de Inadimplentes do


SERASA, sob pena de multa diária de R$500,00 (quinhentos
reais), tendo em vista que a dívida cobrada pertence a outra
pessoa;
2. Se abstenha de realizar a suspenção do
fornecimento do serviço de energia elétrica no
imóvel situado na Rua Anita, 20, casa 02, Três Corações –
Nova Iguaçu-RJ, CEP: 26.033-330;

3. Proceda com a emissão das faturas de consumo em


nome do Autor sem que haja qualquer alusão ou
menção à débito anterior, pelos motivos já
explicitados.

d) Deferir o pedido de INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, com base


com o art. 6º inciso VIII da lei 8078/90;

e) Requer ainda se digne V. Exa. Ao final a julgar totalmente procedente


o pedido para condenar a Ré:

1. A emissão de faturas de consumo mensal em nome do Autor sem


qualquer alusão a débito pretérito, sob pena de multa a ser
fixada por este juízo;

4. A exclusão do nome do Autor do Cadastro de


Inadimplentes do SERASA, sob pena de multa diária de
R$500,00 (quinhentos reais) tendo em vista que a dívida
cobrada pertence a outra pessoa;

2. A declaração de inexistência de débitos anteriores à troca da


titularidade em relação ao Autor;

3. A desvinculação de eventual parcelamento embutido na


fatura de consumo mensal, mediante condição para
restabelecimento do serviço;

4. A condenação da Ré ao pagamento dos danos morais em


conformidade com o caráter punitivo-pedagógico, no montante
justo de 20 (vinte) salários mínimos;

f) Por fim, seja a Ré condenada ao pagamento de custas processuais e


honorários advocatícios no importe de 20%.

Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito,


especialmente prova oral, consistente no depoimento pessoal do Autor e do
representante legal da Ré, bem como oitiva de testemunhas e, ainda, prova
documental, fotos, em especial complementar com a ulterior juntada de
documentos.

Dá-se o valor da causa de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil


reais).

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Nova Iguaçu, 02 de julho de 2021

ROBERTO ANTONIO BIGLER TEODORO


OAB/RJ 110.933

ALINE CARVALHO DE OLIVEIRA ARAUJO


OAB/RJ 148.442

ARTHUR SIQUEIRA MIRANDA


OAB/RJ 203.970

RAFAEL MARQUES BICCHIERI


OAB/RJ 219.182-E

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