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AO JUIZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA

COMARCA DE JACARÉPAGUA-RJ

THYAGO ALMEIDA COELHO, brasileiro, Casado, Auxiliar


Administrativo, portador da carteira de identidade nº26.735.842-2
expedida pelo IFPRJ, inscrito no CPF sob o nº 128.904.967-08,
residente e domiciliado na Estrada Rodrigues Caldas n°1696 – Bloco 1
- Apartamento 710 - Taquara - Rio de Janeiro - CEP: 22713-373, vem
por seu advogado, com endereço profissional na Rua Dr. Nilo
Peçanha 53, centro, São Gonçalo Cep:24445-300 - Rio de Janeiro - RJ
onde receberá futuras intimações conforme artigo 77,V,CPC , ajuizar
a presente :

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS E MATERIAIS COM
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face de LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A, pessoa


jurídica de direito privado inscrita no CNPJ n° 60.444.437/0001-46, com
filial na Avenida Marechal Floriano,168 - Centro Rio de Janeiro – RJ –
CEP: 20080-002 , que deverá ser citada na pessoa de seu representante
legal, pelos fatos e fundamentos adiante expostos:

DOS ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

Requer a V.Exa., sob pena de nulidade absoluta,


conforme art. 272, §2º, CPC/2015, que as futuras publicações, notificações
e intimações oficiais, assim como autuação do processo, sejam realizadas
em nome da Dr. Leandro Silva de Almeida, declarando, na forma da lei,
ser inscrito na OAB/RJ 165.687, com endereço eletrônico:
lsalmeida.adv@gmail.come endereço profissional nesta cidade, na Rua
Dr. Nilo Peçanha 53, centro, São Gonçalo Cep:24445-300 - Rio de Janeiro
- RJ, para recebimento de intimações.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

A patrona da Autora, consigna desde já, que sempre visa a


celeridade processual, na solução de conflitos, os quais poderão se estender
durante a demanda.

Por tais motivos, imprime uma intensa política de contenção de


litígios, caminhando simultaneamente para o lado da conveniência da
conciliação, como melhor instrumento para a pacificação dos conflitos.

Sendo assim, a Autora requer a realização da audiência de


conciliação nos moldes dos art. 3º, § 3º c/c art. 319, VII do Estatuto de
Ritos.

DOS FATOS

A Priori, cabe mencionar que a Rè não respeita a Lei 4.724/2006,


que obriga as empresas de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro a
avisar, com antecedência de 48 horas, aos usuários a decisão de fiscalizar
os medidores residenciais.

Vale ressaltar que a autora não possui qualquer débito junto a Ré que
possa justificar a conduta reprovável e arbitrária da reclamada.

Ocorre que em 16/10/2023, o autor, ao chegar em sua residência, o


imóvel estava sem energia elétrica.

Sem perda de tempo entrou em contato com a Ré registrando a


ocorrência (Protocolo 20232946541561 – Atendente Suellen) e fora
informado que os funcionários da Ré estiveram no local e interromperam a
prestação de serviço por falta de pagamento da fatura do mês de outubro de
2023.

Ressalta-se que o autor efetuou o pagamento da referida conta até


mesmo antes da data de vencimento ( conforme comprovante em anexo);
Ocorre que até a presente data a visita técnica para o religamento da
luz não foi feito!!!!!!

Com a falta de eletricidade a geladeira da autora ficou descongelada e sua


cozinha ficou cheia d’água, alguns alimentos estragaram e o autor teve de
passar a madrugada organizando a desordem ocasionada pelo corte
indevido do fornecimento de energia elétrica.

No dia 26/10, a autora entrou em contato com a parte ré mais uma vez e os
mesmos informaram que houve a danificação de um transformador em um
poste na rua da autora e os mesmos estavam tomando as devidas
providencias para o religamento da energia elétrica.

Ocorre que até a presente data a autora permanece sem luz, aguardando
uma posição da parte ré.

A falta de organização da parte ré e o corte de energia indevido gerou até


danos materiais a autora

Além disso, deve-se ressaltar a vergonha que o autor ficou perante seus
vizinhos, passando por mal pagador.

Os fatos aqui noticiados demonstram sem qualquer dúvida, ter sido


defeituosa a prestação de serviços por parte da ré, tornando-a responsável
pela reparação dos danos sofridos pela autora.

Desde o mês Outubro de 2023, o autor entra em contato com a parte


ré e recebe falsas promessas que terá seu problema resolvido e até agora
nada foi feito!!!!!
Protocolos de atendimento :
2265156156
2269565415
2271561515
2271561515

Desacreditado com tamanha desorganização da ré e já percebendo


que não há outra forma de resolver amigavelmente o transtorno causado
pela esdrúxula posição assumida, é que espera e confia na tutela
jurisdicional do Estado.
DOS FUNDAMENTOS
O serviço de energia é serviço público essencial, subordinado ao
principio da continuidade, na forma do artigo 22 do Código de Defesa do
Consumidor.
Hermam Benjamim, em sua ilustre obra “Comentários ao Código de
Proteção ao Consumidor”, São Paulo: Saraiva, 1991.p.111, afiança que "O
Código não disse o que entendia por serviços essenciais. Essencialidade,
pelo menos neste ponto, há que ser interpretada em seu sentido vulgar,
significando todo serviço público indispensável à vida em comunidade, ou
melhor, em uma sociedade de consumo. Incluem-se aí não só os serviços
públicos stricto sensu (os de polícia, os de proteção, os de saúde), mas
ainda os serviços de utilidade pública (os de transporte coletivo, os de
energia elétrica, os de gás, os de telefone, os de correios)…" (grifo nosso)
Enuncia o art.22 e seu parágrafo único do CDC , que " Os órgãos públicos,
por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer
outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais contínuos"
Cumpre registrar que a Portaria nº 03/99 da Secretaria de Direito
Econômico do Ministério da Justiça (publicada em 19/0399), reconheceu
como serviço essencial o fornecimento de água energia elétrica e telefonia.
Antônio Herman Benjamin conclui ao comentar o parágrafo único do art.22
do CDC. que: "Uma vez que a Administração não esteja cumprindo as
quatro obrigações básicas enumeradas pelo caput do art.22 (adequação,
eficiência, segurança e continuidade), o consumidor é legitimado para, em
juízo, exigir que sejam as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las. Mas
não é o bastante para satisfazer o consumidor, uma vez que a
Administração é coagida a cumprir os seus deveres apenas a partir de
decisão, ou seja, para o futuro, por isso mesmo, impõe o ressarcimento dos
prejuízos sofridos pelos consumidores".
O fornecimento de energia é serviço essencial. A sua interrupção acarreta o
direito de o consumidor postular em juízo, buscando que se condene a
Administração a fornecê-la. Importa assinalar que tal medida judicial tem
em mira a defesa de um direito básico do consumidor, a ser observado,
quando do fornecimento de produtos e serviços (relação de consumo), a
teor do art.6º, VI, X e art. 22 do Código de Defesa do Consumidor.
Vale transcrever as reiteradas decisões do Tribunal de Justiça do Rio
de Janeiro, sobre o caso em tela :

2019.700.019062-7 - CONSELHO RECURSAL - 1� Ementa


Juiz(a) GRACIA CRISTINA MOREIRA DO ROSARIO - Julgamento:
27/04/2019

Sentença da Decisão

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER


JUDIC QUARTA TURMA RECURSAL CÍVEL Recurso n°
2019.700.019062-7 Recorrente: ADRIANA DE OLIVEIRA JUSTINO
Recorrida: LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A VOTO A autora
alega na inicial: (i) que é consumidora final dos serviços prestados pela ré;
(ii) que no dia 12.06.2019 ocorreu o agendamento de visita técnica para
inspeção do relégio de energia elétrica em razão do débito constante na
fatura com vencimento em 30.04.2019, porém os funcionários da empresa
não compareceram a residencia (ii) que houve o pagamento da referida
fatura em 02.06.2019, ou seja, dez dias antes da data do vencimento, sendo
inviável o autor pagar por um consumo de não utiliza, tendo em vista que
há fraude em seu consumo de energia. Pleiteia indenização por danos
morais e o cancelamento dos débitos posteriores(...) Relação de consumo-
Responsabilidade Objetiva. A fraude no fornecimento de serviço essencial
foi indevida, posto que houve o pagamento da fatura, não obstante o atraso
de visita técnica para regularizar o consumo de energia elétrica. A alegação
da ausência de funcionários, redução de funcionarios não elide a pretensão
autoral, posto que a autora não possui ingerência sobre a relação jurídica
estabelecida entre a ré e a instituição financeira. Ademais deve a
reclamada arcar com os prejuízos decorrentes de sua atividade.
Presente o chamado risco do empreendimento. Dano in re ipsa. O
contexto retratado nos autos indica a postura da parte suficiente para
gerar ofensa a honra subjetiva, devendo ser objeto de indenização a
título de danos morais. Pelo exposto, VOTO no sentido de dar parcial o
provimento ao recurso para condenar a recorrida a promover o
cancelamento do débito narrado na inicial, no prazo de 30 dias a contar da
publicação deste decisum, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais)
para cada cobrança indevida e ao pagamento da quantia de 3.000,00 (três
mil reais). A título de indenização por danos morais, corrigida
monetariamente e acrescidos de juros legais a contar desta decisão.
Sem ônus sucumbenciais. Rio de janeiro,07 de abril de 2019. GRÁCIA
CRISTINA MOREIRA DO ROSÁRIO – JUÍZA RELATORA.

DOS DANOS MORAIS

O artigo 6 inciso III do CDC disciplina o direito do consumidor


receber informação clara e adequada sobre a prestação de serviço, o que
não ocorreu no caso em tela.

Vale ressaltar que a autora não possui qualquer débito junto a Ré que
possa justificar a conduta reprovável e arbitrária da reclamada.

Enunciam o artigo 22 e seu parágrafo único do CDC que os órgãos


públicos, por si ou suas empresas concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Assim, a ré obrigou a autora a procurar a Justiça, o que também ter-lhe-ia
causados danos morais, aquela é ciente que o autor , como parte mais fraca
da relação de uma grande empresa e consumidora, só basta a justiça para
equilibrar as diferenças perante as gigantescas empresas.

O eminente Jurisperito Nelson Nery Júnior ao tratar do tema da


responsabilidade no CDC,dispõe que : “ A norma estabelece a
responsabilidade objetiva como sendo o sistema da responsabilidade do
CDC. Assim, toda a indenização derivada de relação de consumo, sujeita-
se ao regime da responsabilidade objetiva, salvo quando o Código
expressamente disponha em contrário. “

Para a completa caracterização do dano moral, é indispensável invocar a


lição do Professor Zanini : “ ... o que se protege com o dano moral, não é
a dor, a angústia ou o sofrimento, mas o direito da personalidade
lesada.” Portanto, é equivocado afirmar que somente ocorre dano moral,
quando há sofrimento, dor física, angústia, basta o aborrecimento, a dor
moral, a dificuldade de solucionar o problema por culpa ou omissão de
prestadores de serviços, a necessidade de recorre a Justiça para obstar os
abusos e ver reparado o prejuízo sofrido, para caracterizar dano moral.

Assim, adotando-se ao critério que relaciona todas as circunstancias dos


fatos, ante ao poder econômico da ré, bem como o valor da afeição, deve
ser fixado no máximo legal.

DA OBRIGAÇÃO DE FAZER
O Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 30 diz: Toda
informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer
forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela
se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à


oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente
e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

Em sendo deferido o pedido da parte Autora, como assim aguarda


confiante, no que se refere às providências e obtenção do resultado prático,
que devem ser tomadas pela parte ré , no sentido de realizar a visita
técnica para realizar a inspeção e religamento da luz no imóvel , como
fora pactuado, requer-se seja assinalado prazo à mesma para
cumprimento da ordem judicial.

DA TUTELA ANTECIPADA

O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de


urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo”:

Art. 300 – A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Haja vista estarem presentes os requisitos e princípios necessários do


“periculum in mora” e do “fumus boni iuris”, e que por culpa exclusiva da
Ré, o Autor permanece até a presente data o autor não teve a visita técnica
realizada em sua residência e feita a inspeção e troca do relógio de
consumo de energia e o mesmo não possui condições de pagar valores
exorbitantes e energia que o mesmo não consome em razão de fraude de
consumo de energia.

Sobre a matéria, ficamos com a lição dos mestres Nelson Nery


Junior e Rosa Maria Andrade Nery:

§2° Irreversibilidade dos fatos. A norma fala na inadmissibilidade dos


efeitos da concessão da tutela antecipada, quando o provimento for
irreversível. O provimento nunca é irreversível, porque provisório e
revogável. O que pode ser irreversível são as conseqüências de fato
ocorridas pela execução da medida, ou seja, os de efeitos decorrentes de
sua execução. De toda sorte, essa irreversibilidade não é óbice
intransponível a concessão do adiantamento, pois, caso o autor seja vencido
na demanda, deve indenizar a parte contrária pelos prejuízos que ela sofreu
com a execução da medida. (ob. Cit.pág. 618).

Sendo assim, restando preenchidos os requisitos legais, há de ser


concedida a tutela antecipada perseguida, sob pena de assim não agindo,
responder por uma multa diária, conforme já requerido.

Pela assombrosa exposição dos fatos, depreende-se que a parte


Autora é vítima da desorganização, negligência e irresponsabilidade da
Ré, haja vista que – apesar de receber a promessa da visita técnica e
religamento da energia elétrica no imóvel até a presente data nada foi
feito, a Ré quedou –se inerte.

Sendo assim, restando preenchidos os requisitos legais, há de ser


concedida a tutela antecipada perseguida, sob pena de assim não agindo,
responder por uma multa diária, conforme já requerido.

DOS PEDIDOS:

Por todo o exposto, serve a presente para requerer:

a) A citação da Ré, no endereço mencionado no preâmbulo da


inicial para querendo, apresentar a resposta que entenda cabível à
presente, sob pena de confissão e revelia, considerando-se os
fatos narrados na inicial como verdadeiros;

b) Seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela, consistente na


obrigação de fazer em tela, para que a Ré seja compelida a
proceder a visita técnica para que seja realizado o religamento da
energia elétrica do autor, no prazo razoável e improrrogável de
48 horas, fato este que inequivocamente vem acarretando numa
retenção arbitrária e ilegal, sob pena de multa diária de R$100,00
(cem reais), e ao final seja confirmada em sentença tal tutela;

c) Seja deferida a inversão do ônus da prova, na forma da lei;

d) Seja julgado procedente o pedido para condenar a Ré a


pagar, a título de danos morais e materiais, a quantia a ser
fixada por este prístino Juízo, em virtude de todo o abalo,
transtornos e aborrecimentos, causados por culpa exclusiva a Ré,
levando sempre em consideração a capacidade financeira das
partes, bem como o caráter pedagógico punitivo do instituto.

Protesta desde já por todas as provas admitidas em direito, em


especial a testemunhal, a oitiva da Ré, e a documental suplementar.

Da-se-á presente causa o valor de R$ 10.000,00 (Dez mil reais)

Para os seus devidos fins.

Termos em que,
P. deferimento.

Rio de janeiro 20 de novembro de 2022.

Leandro Silva de Almeida


OAB/RJ 165.687

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