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RÉU: CENTRAIS ELETRICAS DE RONDONIA S/A - CERON , AVENIDA DOS IMIGRANTES 4137, -
DE 3601 A 4635 - LADO ÍMPAR INDUSTRIAL - 76821-063 - PORTO VELHO - RONDÔNIA
Valor da causa:R$ 10.000,00
SENTENÇA
Vistos etc.
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O requerente foi surpreendido com tal restrição, uma vez que sempre zelou pelo seu nome e após
diligências, constatou que se tratava de uma conta de luz da empresa requerida e em contato com
a requerida, foi informado que o impasse seria solucionado, contudo, passado dias e a inscrição
ainda permanece na quantia de R$ 2.651,81 (dois mil seiscentos e cinquenta e um reais e oitenta
e um centavos),
Ressalta que mesmo estando a fatura devidamente paga, seu nome permaneceu
negativado, ficando o autor com seu nome inscrito no rol dos maus pagadores, apesar de não
possuir nenhum débito diante da concessionária, o que impediu o requerente em realizar negócio
jurídico junto ao Banco da Amazônia para aquisição e instalação de placas fotovoltaicas.
Diante dos atos ilícitos cometidos pela requerida, requer a condenação dela ao pagamento de
indenização por danos morais, bem como sua condenação ao pagamento de custas processuais
e honorários de sucumbência. Pugna pela concessão da antecipação de tutela para retirada do
seu nome dos cadastros de inadimplentes.
Em decisão lançada ao ID: 40042763 foi deferido o pedido de tutela antecipada para retirada do
nome do autor dos cadastros restritivos, sob pena de aplicação de multa diária, bem como,
determinada a citação da requerida.
Conclui que as alegações e pretensões do autor são infundadas, uma vez que o comprovante de
pagamento apresentado está em nome do atual titular e o valor pago foi devolvido para o mesmo.
Afirma que resta comprovado que a cobrança e negativação efetuada pela concessionário está
correta, uma vez que o débito corresponde a uma unidade da qual o Autor é titular .
É o relatório.
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DECIDO.
Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária negligência ou imprudência, violar direito ou
causar dano a outrem ainda que exclusivamente moral comete ato ilícito.
Em complementação a tal dispositivo, encontra-se o mandamento do art. 927 que fixa que aquele
que por ato ilícito causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo.
Nossa legislação que rege as relações de consumo estabelece com clareza com sendo um dos
direitos inafastáveis do consumidor a obtenção constante de informações adequadas e claras
sobre os serviços.
O art. 14, do CDC, especifica a responsabilidade objetiva do fornecedor de serviço por prejuízos
provocados por prestação de serviço inadequado.
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Inexiste dúvida alguma de que o autor mantinha uma relação de consumo de energia elétrica com
a requerida, e para viabilizar tal contrato, existia a unidade consumidora em seu nome.
Também não remanesce qualquer questionamento sobre haver sido o requerido que promoveu o
encaminhamento e inserção do nome do Autor no cadastro de maus pagadores em decorrência
de inadimplemento da fatura
Até este momento, não se verifica qualquer conduta ilegal da requerida, pois a fatura encontrava-
se pendente de pagamento, e foi encaminhada para os serviços de registro e restrição cadastral,
no intuito de compelir o devedor a uma regularização.
Como se extrai de mera análise dos documentos trazidos com a exordial, o pagamento somente
ocorreu após a efetivação do registro no cadastro de maus pagadores.
O fato de um terceiro, seja este quem quer que seja haver pago o débito, não tem qualquer
influência na análise do processo, pois o débito é pago mediante código de barras, não
interessando quem tenha promovido a quitação, até porque pode o devedor pedir a outro que
liquide sua obrigação, não tendo este fato qualquer implicação para o credor.
A obrigação foi paga após o encaminhamento da fatura para os órgãos de restrição, mas a partir
deste momento, incorreu inequivocamente a requerida em falha indesculpável pois ao acusar o
pagamento, deveria e tinha a obrigação de promover o pronto e imediato levantamento das
restrições, comunicando o órgão cadastral, mas nada fez neste sentido.
A requerida alega, sem trazer qualquer prova consistente neste sentido, que o autor teria solicitado a
devolução dos valores pagos, mas não trouxe solicitação firmada pelo autor, ou prova de que tivesse
promovido o desembolso anunciado. Ora, qual seria a vantagem de alguém pagar um débito que esta
registrado nos cadastros restritivos e, na sequência, pedir a restituição dos valores?
Como resta fácil identificar, até o momento da determinação judicial, o nome do autor persistia nos cadastros
de maus pagadores, tornando irrebatível o fato de que a manutenção indevida somente foi interrompida com
a intervenção deste juízo, o que agrava o comportamento reprovável e a extensão dos danos.
Nossa legislação especifica que as concessionárias de serviço público devem oferecer serviços seguros e
eficientes, e que caso venham a desconsiderar ou desatender a estes deveres, serão responsáveis pelas
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Nossa jurisprudência é pacífica e límpida quando a reconhecer que a simples inclusão indevida do nome de
alguém nos cadastros negativos de crédito, já acarreta o dever de indenizar pelos danos morais, sendo
dispensável, inclusive, a abordagem no tocante a extensão e efeitos provenientes da conduta reprovável e
ilegítima.
A requerida agiu de forma culposa e ineficiente, promoveu e acarretou danos que devem ser ressarcidos na
forma da lei e não conseguiu trazer aos autos, o que era seu mister, nenhuma prova que pudesse tisnar tais
evidências.
Dentro dos limites legais e atenta à teoria do desestímulo, reputo proporcional e razoável fixar os
danos morais em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), montante já atualizado até esta data e que deve
sofrer doravante incidência de correção monetária e juros legais de 12% ao ano até o integral
pagamento.
Isto posto e por tudo mais que dos autos consta, JULGO, com fundamento no art. 487, inc. I do
Código de Processo Civil e dispositivos do Código de Defesa do Consumidor, com resolução do
mérito, PROCEDENTE o pedido feito por PLINIO MARINHO DE CARVALHO JUNIOR em face de
CENTRAIS ELÉTRICAS DE RONDÔNIA - ENERGISA para declarar quitada e inexigível a fatura
de R$ 2.651,81 correspondente ao consumo de janeiro de 2020, assim como, CONDENO a
Requerida a pagar à Requerente o valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) a título de danos
morais, obedecendo ao binômio compensação/desestímulo, montante já atualizado e que deve
ser corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 12% ao ano desta data até o seu
efetivo pagamento.
Condeno a requerida ao pagamento de custas e honorários, os quais fixo em 20% (vinte por
cento) do valor total da condenação, o que faço nos termos do art. 85 do CPC.
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Apresentado recurso, intime-se a parte contrária para contrarrazoar no prazo legal e encaminhe-
se os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça para julgamento.
Juiz de Direito
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