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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA


COMARCA DE ALAGOINHAS
VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS - PROJUDI
Rua Cel. Filadelfo Neves, ao lado do Fórum Des. Ezequiel Pondé,
Juracy Magalhães, CEP 48005-670- e-mail: alagoinhas-jec@tjba.jus.br - Tel.: (75) 3423-8982

Processo nº: 0002170-49.2022.8.05.0004

Autor:
JOSE EDILSON PORFIRO FERREIRA

Réu:
COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA

SENTENÇA

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei n. 9.099/95.

1 - JOSE EDILSON PORFIRO FERREIRA ajuizou esta ação contra COELBA


COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA, requerendo o
restabelecimento e/ou manutenção do fornecimento de energia e indenização por danos
morais.

Alega, em síntese, que está sendo cobrada no importe de R$ 7.575,43, com


vencimento em 05.12.2019, embora sempre tivesse o histórico de consumo baixo.

Liminar indeferida.

Audiência de conciliação, sem acordo.

A parte ré ofereceu contestação.

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Fizeram-se conclusos.

É o breve resumo. Decido.

2 - Nos Juizados Especiais, o processo orientar-se-á pelos critérios da


oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando,
sempre que possível, a conciliação ou a transação. Não obtidas estas, o feito está pronto
para julgamento.

3 - Rejeito a preliminar de inépcia da inicial, pois o fato constitutivo está


satisfatoriamente narrado. A prova em si é reservada ao mérito.

4 - Rejeito a preliminar de inépcia da inicial por falta de documento, pois o


fato constitutivo está satisfatoriamente narrado e acompanhado de comprovante da fatura.

5 - No mérito, resta incontroverso que o Autor é usuário do serviço fornecido


pela Requerida por meio do contrato n. 0219797753 e foi cobrada no valor de R$
7.575,43, com vencimento em 05/12/2019.

6 - No caso em tela, a despeito do termo de ocorrência e inspeção TOI n.


4402824800, inspeção realizada em 27.08.2019, não foi ao consumidor oportunizado
uma defesa no procedimento administrativo, o que viola os princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa. Nesse sentido:

“JUIZADO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO INOMINADO.


FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. ALEGAÇÃO DE MEDIDOR COM
PERDA NA INICIALIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO UNILATERAL PELA COELBA DE
PARCELAMENTO. TERMO DE OCORRÊNCIA E INSPEÇÃO ACOSTADO AOS
AUTOS. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO QUE VIOLA OS PRINCÍPIOS
DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. INFRINGÊNCIA AO DEVER DE
INFORMAÇÃO. PRINCIPIO FUNDAMENTAL DO CDC, COROLÁRIO DO PRINCIPIO
DA TRANSPARÊNCIA, FORMATAÇÃO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS OFERECIDOS
NO MERCADO. DESATENDIMENTO AOS ARTIGOS 6º, III E 22 DO CDC.
INEXIGIBILIDADE DO PARCELAMENTO IMPOSTO. RESTITUIÇÃO, NA
FORMA DOBRADA, DOS VALORES PAGOS. INTELIGÊNCIA DO PARÁGRAFO

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ÚNICO DO ART. 42 DO CDC. INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS A SEREM


INDENIZADOS. NÃO OCORRÊNCIA DE SUSPENSÃO DO SERVIÇO OU INSCRIÇÃO
DO NOME DO CONSUMIDOR EM ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO.”
(Primeira Turma Recursal da Bahia. Recurso n. 0027381-67.2020.8.05.0001,
Juíza relatora Nicia Olga Andrade de Souza Dantas, publicado em: 10/05/2021).

“CONSUMIDOR. SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.


IMPUTAÇÃO DE DÉBITO. DESVIO ANTES DE MEDIDOR. DEFESA DA RÉ
(EVENTO 67), AFIRMATIVA DA LEGALIDADE DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DECLARANDO NULIDADE DA
COBRANÇA. INADEQUAÇÃO DO MÉTODO UTILIZADO, UNILATERALMENTE,
PELA ACIONADA, PARA COMPELIR CONSUMIDOR AO PAGAMENTO DE
SUSPOSTO DÉBITO. AUSENCIA DE PROVA DE CUMPRIMENTO DO ART. 72, II, DA
RESOLUÇÃO 425/2000 DA ANEEL. INEXISTÊNCIA DE SOLICITAÇÃO DE PERÍCIA
TÉCNICA DE ÓRGÃO COMPETENTE PARA VERIFICAÇÃO DO MEDIDOR.
ASSINATURA DE TOI (TERMO DE OCORRÊNCIA E INSPEÇÃO) NÃO
CONDUZ À OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.
IMPUTAÇÃO DE IRREGULARIDADE PASSÍVEL DE TIPIFICAÇÃO PENAL.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. PRELIMINAR REJEITADA. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.” (Terceira Turma Recursal
da Bahia, Recurso n. 0023892-22.2020.8.05.0001, Juiz Relator Justino de Farias
Filho, publicado em: 30/03/2021).

7 - Assim sendo, o trinômio evento danoso - dano - nexo de causalidade está


bem fixado, implicando a responsabilidade civil da empresa ré, independente de culpa
(responsabilidade objetiva), o que viabiliza a reparação dos danos materiais e morais,
nos termos do art. 5º, X e XXXII, da Constituição Federal, arts. 186 e 927 do Código Civil, e
arts. 6º, VI, 12, 14, 18, 19 e 20 do CDC, restando fixar o valor da indenização.

8 - O ato ilícito não expôs a parte autora à desonra, vexame ou ridículo, nem
causou intenso sofrimento, dor ou abalo psíquico. Não houve negativação ou protesto do
nome/CPF da parte autora, nem há prova de prejuízo maior. No entanto, deve ser
considerado o enquadramento na tese do desvio produtivo, consubstanciado no tempo
perdido em resolver a pendência, ultrapassando levemente o mero aborrecimento. Assim
raciocinando, utilizando os critérios acima descritos, bem como a razoabilidade e
proporcionalidade, e inexistindo prova de outros prejuízo, entendo necessário e suficiente o
RESSARCIMENTO moral por desvio produtivo no valor de R$ 800,00 (oitocentos
reais), não se justificando faticamente outro valor, superior ou inferior.

9 - Reconhecida a incorreção do débito ou da cobrança, esta decisão implica

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como resultado lógico o cancelamento da dívida, a proibição de cobrança e a exclusão


definitiva do nome da parte autora de eventual cadastro de proteção ao crédito (SPC,
SERASA e similares), relativamente à cobrança (indevida ou excedente) destes autos,
caso inserido, e a abstenção do réu em incluí-lo, e afasta eventual inadimplemento ou
mora.

10 - Haja vista a decisão favorável ao Autor, resta inversamente desprovido o


pedido contraposto.

11 - Enfim, vale ressaltar que a Lei n. 8.078/90 serve justamente para amenizar a
inferioridade e vulnerabilidade do consumidor em relação ao fornecedor, constituindo
garantia fundamental, devendo o julgador apreciar as provas para dar especial valor às
regras de experiência comum ou técnica, a fim de adotar a solução que reputar mais justa
e equânime, atendendo às exigências do bem comum e aos fins sociais da lei, como as
necessidades do consumidor, a dignidade, a saúde e a segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transparência e
a harmonia na relação de consumo (art. 5º, XXXII, da Constituição Federal; arts. 5º e 6º, da
Lei n. 9.099/95; art. 4º do CDC).

12 - Posto isso, nos termos dos artigos 5º, X e XXXII, da CF, arts.
186 e 927 do Código Civil, e arts. 6º, VI, 12, 14, 18, 19 e 20 do CDC, JULGO
PROCEDENTE o pedido inicial, resolvendo-se o mérito da causa (art. 487, I,
CPC), para:

(a) DECLARAR indevida a fatura, contrato n. 0219797753 e foi


cobrada no valor de R$ 7.575,43, com vencimento em 05/12/2019.

(b) DECLARAR a nulidade da cobrança.

(c) CONDENAR A RÉ cancelar a dívida e abster-se de cobrar o


valor de R$ 7.575,43, direta ou indiretamente, sob pena de multa de R$
500,00 (quinhentos reais) a cada cobrança indevida e restituição em dobro
do valor eventualmente pago.

(d) CONDENAR A RÉ a pagar à parte Autora a quantia de R$


800,00 (oitocentos reais), a título de compensação pelos danos
morais, devendo incidir correção monetária (INPC) a partir desta decisão
(Súmula 362 do STJ) e juros moratórios de 1% ao mês a partir da citação
(STJ, AgInt no REsp 1426478) (art. 322, § 1º, do CPC). Saliente-se que
continua vigendo a Súmula 326 do STJ, enquanto não houver superação por
aquele tribunal.

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(e) Julgo improcedente o pedido contraposto.

13 - Sem custas e honorários advocatícios de sucumbência em primeiro grau dos


Juizados Especiais Cíveis (art. 55 da Lei n. 9.099/95).

14 - Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Eventual recurso deverá ser


apresentado por Advogado de forma eletrônica no PROJUDI.

15 - Fica o vencido ADVERTIDO de que terá de cumprir a obrigação de pagar


no prazo de 15 dias contado do trânsito em julgado da sentença, independente de nova
intimação (art. 52, III, da Lei n. 9.099/95). Não cumprida voluntariamente a sentença
transitada em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que poderá ser verbal,
proceder-se-á desde logo à execução e penhora, inclusive eletrônica (Enunciado 147 do
FONAJE), dispensada nova citação/intimação (art. 52, IV, da Lei n. 9.099/95). A multa de
10% incidirá se o devedor não pagar após ser intimado na fase executiva, sendo indevido
o acréscimo de honorários advocatícios (art. 523, § 1º, CPC e Enunciado 97 do FONAJE).

15.1 - Havendo depósito espontâneo, sem embargos, recurso ou outro meio de


impugnação, expeça-se alvará em favor do credor e arquivem-se.

15.2 - Não havendo pagamento nem bens penhoráveis, poderá haver inscrição
da dívida no SERASAJUD.

16 - Em caso de obrigação de entregar, de fazer, ou de não fazer, fica o


vencido ADVERTIDO a cumprir a sentença no prazo fixado no dispositivo, contado do
trânsito em julgado se outro termo inicial não for estabelecido (inclusive em eventual
decisão liminar), dispensada nova citação ou intimação, sob pena de multa acima
arbitrada, sem prejuízo de o credor requerer sua elevação ou a transformação da
condenação em perdas e danos (art. 52, III, IV e V, da Lei n. 9.099/95), podendo Juiz
determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial (art. 139, IV, do CPC).

17 - Saliente-se que basta a intimação do devedor na pessoa de seu

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advogado, quando houver, para imposição de multa por descumprimento da obrigação de


fazer ou não fazer, numa releitura da Súmula 410 do STJ, conforme STJ (Embargos de
Divergência em Agravo 857.758, relatora Min. Nancy Andrighi, julg. 23/02/2011; AgInt nos
EDcl no AREsp 1251850, Min. Francisco Falcão, julg. 06/06/2019; AgInt no REsp 1541626,
Min. Nancy Andrighi, julg. 15/05/2018; AgInt no AREsp 901025, Min. Og Fernandes, julg.
02/05/2017) e cinco Turmas Recursais da Bahia (Primeira Turma: Recurso Inominado
0003899-92.2014.8.05.0230, relator Albênio Lima da Silva Honório, julg. 13/04/2021, publ.
01/11/2021); (Segunda Turma: Recurso Inominado 0143625-50.2018.8.05.0001, relatora
Maria Lucia Coelho Matos, publ. 14/02/2022); Terceira Turma: Recurso Inominado
0000416-49.2017.8.05.0230, relatora Tâmara Libório Dias Teixeira de Freitas Silva, julg.
13/04/2021, publ. 09/11/2021); (Quarta Turma: Recurso Inominado
0001452-50.2017.8.05.0223, relatora Mary Angelica Santos Coelho, publ. 08/11/2019) e
(Quinta Turma: Recurso Inominado 0041811-97.2015.8.05.0001, relatora Juíza Ana
Conceição Barbuda Sanches Guimarães Ferreira, publ. 24/10/2019), sendo suficiente, no
Sistema dos Juizados Especiais, a intimação da decisão/sentença(art. 52 da Lei n.
9.099/1995).

18 - Como forma de desestimular o recurso e incentivar o cumprimento voluntário


imediato, na execução não serão contadas custas, salvo se tratar de sentença que tenha
sido objeto de recurso improvido do devedor (art. 55, parágrafo único, III, da Lei n.
9.099/1995).

19 - Após o trânsito em julgado, arquivem-se. Sem prejuízo do pedido de


cumprimento de sentença.

Alagoinhas, data da assinatura no sistema.

Augusto Yuzo Jouti

Juiz de Direito

(assinado eletronicamente)

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Assinado eletronicamente por: AUGUSTO YUZO JOUTI


Código de validação do documento: 87d1fd44 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.

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