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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

CONDOMÍNIO SHOPPING CENTER D, inscrito no CNPJ sob o nº.


00.087.900/0001-18, com sede na Avenida Cruzeiro do Sul, nº. 1.100, Canindé, na
cidade de São Paulo, estado de São Paulo, CEP 03033-020, por seus advogados
regularmente constituídos, endereço eletrônico contencioso@ksalaw.com.br, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 1.015,
parágrafo único, do Código de Processo Civil, interpor o presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO

em face da r. decisão de fl. 538, proferida pelo MM. Juízo da 33ª Vara Cível do Foro
Central da Comarca de São Paulo/SP, nos autos da Ação de Execução de Título
Extrajudicial nº. 0154932-93.2007.8.26.0100 proposta em face de BALLASHARK MODAS
LTDA., MARCO ANTONIO DA SILVA e MARIA ELIANA BESSA DA SILVA, pelas razões a
seguir expostas.

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O AGRAVANTE informa que realizou o pagamento da taxa judiciária
referente ao preparo recursal, conforme comprovante anexo (documento 1).

Desde já, requer que todas as intimações relativas ao presente recurso


sejam publicadas exclusivamente em nome de Matheus Garrido de O. Kabbach, inscrito
na OAB/SP sob o nº. 274.361, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 23 de novembro de 2023.

MATHEUS GARRIDO DE O. KABBACH


OAB/SP Nº. 274.361

MARIANA MORAES GARCIA


OAB/SP Nº. 401.370

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PEÇAS QUE INSTRUEM O PRESENTE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Este recurso é instruído com cópia integral da ação de execução de título extrajudicial
nº. 0154932-93.2007.8.26.0100, em trâmite perante a 33ª Vara Cível do Foro Central da
Comarca de São Paulo/SP (“Ação de Execução”) (documento 2), e daquelas obrigatórias
previstas no art. 1.017, I, do Código de Processo Civil, abaixo discriminadas:

- Procuração outorgada aos patronos do AGRAVANTE (fls. 452/477 do documento 2);

- Procuração outorgada ao patrono dos AGRAVADOS (sem advogado constituído nos


autos, razão pela qual requer sejam intimados pessoalmente, por carta, no seguinte
endereço: Avenida Guilherme Giorgi, nº. 928, apto 94 B, Vila Carrão, na cidade de São
Paulo/SP, CEP 03422-000 (guia de custas devidamente quitada anexa);

- Decisão agravada (fl. 538 do documento 2); e

- Certidão de publicação da r. decisão agravada (fl. 542 do documento 2).

ART. 1.016, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

PELO AGRAVANTE: Matheus Garrido de O. Kabbach, inscrito na OAB/SP sob o nº.


274.361, com escritório na Av. das Nações Unidas, nº. 14.401, Torre C2, 29º andar,
Chácara Santo Antonio, na cidade de São Paulo/SP, CEP 04794-000.

PELOS AGRAVADOS: sem procurador constituído nos autos.

ART. 425, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Atesta o ora signatário que as cópias juntadas ao presente recurso são autênticas e
correspondem aos originais, nos termos do art. 425, inciso IV, do Código de Processo
Civil.

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RAZÕES RECURSAIS

AGRAVANTE: CONDOMÍNIO SHOPPING CENTER D


AGRAVADOS: BALLASHARK MODAS LTDA., MARCO ANTONIO DA SILVA e MARIA ELIANA
BESSA DA SILVA
D. JUÍZO A QUO: 33ª Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo/SP
Nº. DO PROCESSO DE ORIGEM: 0154932-93.2007.8.26.0100

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Ínclitos Desembargadores

I. SÍNTESE DA DEMANDA

A r. decisão agravada foi tirada da Ação de Execução proposta pelo


AGRAVANTE em face dos AGRAVADOS, em razão do inadimplemento voluntário da
obrigação de pagar a quantia de R$ 342.586,91 (trezentos e quarenta e dois mil,
quinhentos e oitenta e seis reais e noventa e um centavos – cf. planilha de fls. 348/355
do documento 2), oriunda do “Instrumento Particular Atípico de Contrato de Comodato
de Local de Uso Comercial (LUC) Shopping Center D” firmado entre as partes (fls. 92/94
do documento 2).

O AGRAVANTE vem sendo diligente na condução do feito executivo desde


a sua distribuição, porém, até o momento, não foi possível satisfazer o seu crédito por
meio de medidas restritivas típicas de constrição de bens dos AGRAVADOS.

Recentemente, o AGRAVANTE logrou êxito em verificar que a AGRAVADA


MARIA ELIANA BESSA DA SILVA possui meios de satisfazer a execução, motivo pelo qual
requereu a penhora de 15% (quinze por cento) dos seus recebimentos mensais.

Na análise do pedido do AGRAVANTE, o MM. Juízo a quo indeferiu o


pleito por ele deduzido, nos seguintes termos (cf. fl. 538 do documento 2):

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“A REGRA GERAL É A IMPENHORABILIDADE DO SALÁRIO,
CONSOANTE ART. 833, IV,DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (...) EM
CASOS ABSOLUTAMENTE EXCEPCIONAIS, EM QUE O RENDIMENTO
É DE ELEVADA SOMA, A JURISPRUDÊNCIA ADMITE A PENHORA DE
UM PERCENTUAL DO SALÁRIO, A PERMITIR OS GASTOS COM
SUBSISTÊNCIA E AINDA SER DESTINADA A GASTOS SUPÉRFLUOS.
INEXISTINDO EVIDÊNCIA NOS AUTOS DE QUE A RENDA BRUTA DO
EXECUTADO ULTRAPASSA OS VALORES QUE SE ENCONTRAM
DENTRO DO LIMITE ABRANGIDO PELO MANTO DA
IMPENHORABILIDADE, INDEFIRO O PEDIDO DE PENHORA DE
PERCENTUAL DO SALÁRIO/APOSENTADORIA/PREVIDÊNCIA”

É essa a matéria devolvida a esse E. Tribunal de Justiça.

II. DAS RAZÕES RECURSAIS

Com o devido respeito ao entendimento do D. Juízo singular, é cabível a


constrição do importe correspondente a 15% (quinze por cento) dos rendimentos
obtidos pela AGRAVADA MARIA ELIANA BESSA DA SILVA.

Conforme ensina Cândido Rangel Dinamarco: “Em casos concretos, não


havendo um modo de tratar o devedor de modo mais ameno, deve prevalecer o
interesse daquele que tem um crédito a receber e não pode contar senão com as
providências do Poder Judiciário” (DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito
Processual Civil. 4ª ed. São Paulo: Malheiros, 2019, p. 51).

Observado o princípio da menor onerosidade, mas, sempre levando-se


em consideração que a execução deve acontecer de maneira efetiva e de acordo com os
interesses do credor, tal como preconiza o art. 797 do Código de Processo Civil, o
devedor também responde pela dívida contraída com parte de seus recebíveis mensais.

A disposição prevista no art. 833, IV, do Código de Processo Civil deve ser
relativizada. Deve impedir a penhora de vencimentos, contudo, apenas em relação às

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práticas excessivas e desarrazoadas, que possam comprometer a própria subsistência e
dignidade do devedor, o que definitivamente não se verifica na espécie.

Ao longo desses mais de 15 (quinze) anos de tramitação do feito, a


despeito das diversas tentativas envidadas pelo AGRAVANTE, não foram encontrados
outros bens das devedoras que pudessem satisfazer a execução, salvo a irrisória quantia
de R$ 38,17 (trinta e oito reais e dezessete centavos - cf. fl. 439 do documento 2).

Por tal razão, tem-se que é cabível o desconto razoável e proporcional de


parte dos salários e benefícios percebidos pela AGRAVADA.

Sobre a possibilidade de constrição da receita fixa mensal, já decidiu o C.


Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o desconto de tal percentual, em certas
ocasiões, como no caso concreto, é razoável ao sustento do devedor e respeita o
preceito da menor onerosidade. Confira-se:

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


PENHORA. RENDIMENTOS. POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 83 DO
STJ. REEXAME DE CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1.
Segundo a jurisprudência desta Corte, a regra geral da
impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc.
(art. 649, IV, do CPC/73; art. 833, IV, do CPC/2015), pode ser
excepcionada quando for preservado percentual de tais verbas
capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família
(EREsp n. 1.582.475/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
CORTE ESPECIAL, julgado em 03/10/2018, DJe 16/10/2018). 2.
Inadmissível o recurso especial quando o entendimento adotado
pelo Tribunal de origem coincide com a jurisprudência do STJ
(Súmula n. 83/STJ). 3. O recurso especial não comporta exame de
questões que impliquem revolvimento do contexto fático-
probatório dos autos (Súmula n. 7 do STJ). 4. No caso concreto, o
Tribunal de origem analisou as provas contidas no processo para

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concluir que a penhora é necessária à satisfação do crédito da
execução e não afeta a dignidade do devedor. Alterar esse
entendimento demandaria reexame do conjunto probatório do
feito, vedado em recurso especial. 5. Agravo interno a que se
nega provimento.” (AgInt no REsp n. 1.916.216/DF, relator
Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em
16/5/2022, DJe de 19/5/2022) (grifamos)

Da mesma forma, esse E. Tribunal de Justiça de São Paulo assim já


decidiu:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – LOCAÇÃO DE VEÍCULO


AUTOMOTOR – AÇÃO DE COBRANÇA – APÓS DEFERIDA A
PENHORA DE CONTA BANCÁRIA, FOI DETERMINADO O SEU
DESBLOQUEIO – QUANTIA INFERIOR A 40 SALÁRIOS-MÍNIMOS –
DESCABIMENTO – INTELECÇÃO DO ART. 833, INC. IV, DO CPC –
MITIGAÇÃO - POSSIBILIDADE. A jurisprudência do STJ tem
admitido a mitigação do regramento insculpido no art. 833, inc.
IV, do CPC. Os precedentes desta Corte de Justiça enveredam no
mesmo sentido. Ademais, tendo o valor entrado na esfera de
disponibilidade da executada, sem que fosse consumido
integralmente para suas necessidades básicas, perde seu
caráter alimentar, tornando-se penhorável respeitada a alçada
legal. Possibilidade de penhora sobre 30% dos rendimentos
líquidos da executada. Justiça gratuita. Manutenção.
PREJUDICADO O AGRAVO INTERNO. PARCIALMENTE PROVIDO O
AGRAVO DE INSTRUMENTO.” (TJSP; Agravo Interno Cível
2282491-17.2021.8.26.0000; Relator (a): Antonio Nascimento;
Órgão Julgador: 26ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Americana - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 12/07/2022;
Data de Registro: 12/07/2022) (grifamos)

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De outro lado, permitir a absoluta impenhorabilidade da verba salarial da
AGRAVADA, mesmo diante da inexistência de outros meios para a satisfação do crédito
do AGRAVANTE, vai de encontro ao princípio da efetividade da execução, além de
representar verdadeiro enriquecimento ilícito da AGRAVADA.

Assim, a penhora no percentual de 3015% (quinze por cento) dos


rendimentos da AGRAVADA definitivamente não implica onerosidade excessiva, muito
menos afronta o art. 833, inciso IV, do Código de Processo Civil, motivo pelo qual revela-
se plenamente possível na espécie.

III. CONCLUSÃO E PEDIDOS

Por todo o exposto, requer seja o presente agravo de instrumento


admitido e, ao final, integralmente provido, reformando-se a r. decisão agravada, para o
fim de autorizar a penhora de rendimentos da AGRAVADA MARIA ELIANA BESSA DA
SILVA no montante equivalente a 15% (quinze por cento) de seus recebíveis mensais.

Outrossim, reitera o pedido para que todas as intimações relativas ao


presente recurso sejam publicadas exclusivamente em nome de Matheus Garrido de O.
Kabbach, inscrito na OAB/SP sob o nº. 274.361, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 23 de novembro de 2023.

MATHEUS GARRIDO DE O. KABBACH


OAB/SP Nº. 274.361

MARIANA MORAES GARCIA


OAB/SP Nº. 401.370

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